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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ARTIGO CIENTÍFICO 1 Política Pública de segurança ou insegurança? Uma reflexão sobre as UPPs do estado do Rio de Janeiro Genciara Maria Dias Marinho [email protected] Katia Maninho Nosrala [email protected] Marcilene de Medeiros [email protected] 1 Introdução O presente trabalho visa discutir o processo de implementação dos programas de políticas públicas Brasileiras a exemplo da atual política de segurança pública através das Unidades de Polícia Pacificadora UPP. Elaborada a partir da premissa da necessidade de diminuição dos índices de violência em comunidades dominadas pelo tráfico. A História do Brasil nos mostra que a construção de um país cidadão é um processo longo. Fomos Colônia e Império à custa da exploração de mão-de-obra escrava, e mesmo os trabalhadores livres e pobres não possuíam cidadania plena, uma vez que o voto era censitário e para poder exercê-lo era obrigatório provar a posse de uma determinada quantidade de bens ( FAUSTO,2012). Mesmo com o advento dos ares republicanos, essa realidade pouco se modificou, e muitos direitos adquiridos foram sonegados ao longo do século XX. Com tal herança, a lógica dominante, apregoada pelos meios de comunicação, e aceita com facilidade, é a de levar vantagem em tudo. Assim, temos uma cultura individualista, corporativa e corrupta, o que dificulta a construção de um Estado democrático. Resumo Partindo de ações governamentais que interferem na vida das populações marginalizadas, este artigo trata sobre políticas públicas de segurança, em particular o caso das UPPs no estado do Rio de Janeiro e que sensação tal ação desperta na sociedade. Assim tem como objetivo refletir sobre o processo de implementação dos programas de políticas públicas Brasileiras, a exemplo as Unidades de Polícia Pacificadora UPPs e trazer uma reflexão sobre sua atuação. Para isso, o trabalho valeu-se de uma discussão sobre o Estado liberal e seus efeitos e as relações de poder e como estas são exercidas pela polícia. Como resultado de pesquisas bibliográficas, documentais e notícias, observa-se que a construção de Políticas Públicas, deve ser democrática, ou seja, não deve ser para a Sociedade, mas com a Sociedade Civil Organizada. Palavras-Chave: Segurança, Exclusão, Inclusão, Políticas Públicas.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

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Política Pública de segurança ou insegurança?

Uma reflexão sobre as UPPs do estado do Rio de Janeiro

Genciara Maria Dias Marinho – [email protected]

Katia Maninho Nosrala – [email protected]

Marcilene de Medeiros – [email protected]

1 Introdução

O presente trabalho visa discutir o processo de implementação dos programas de

políticas públicas Brasileiras a exemplo da atual política de segurança pública através das

Unidades de Polícia Pacificadora – UPP. Elaborada a partir da premissa da necessidade de

diminuição dos índices de violência em comunidades dominadas pelo tráfico.

A História do Brasil nos mostra que a construção de um país cidadão é um processo

longo. Fomos Colônia e Império à custa da exploração de mão-de-obra escrava, e mesmo os

trabalhadores livres e pobres não possuíam cidadania plena, uma vez que o voto era censitário

e para poder exercê-lo era obrigatório provar a posse de uma determinada quantidade de bens

( FAUSTO,2012).

Mesmo com o advento dos ares republicanos, essa realidade pouco se modificou, e

muitos direitos adquiridos foram sonegados ao longo do século XX. Com tal herança, a lógica

dominante, apregoada pelos meios de comunicação, e aceita com facilidade, é a de levar

vantagem em tudo. Assim, temos uma cultura individualista, corporativa e corrupta, o que

dificulta a construção de um Estado democrático.

Resumo

Partindo de ações governamentais que interferem na vida das populações

marginalizadas, este artigo trata sobre políticas públicas de segurança, em particular o caso

das UPPs no estado do Rio de Janeiro e que sensação tal ação desperta na sociedade.

Assim tem como objetivo refletir sobre o processo de implementação dos programas de

políticas públicas Brasileiras, a exemplo as Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs e

trazer uma reflexão sobre sua atuação. Para isso, o trabalho valeu-se de uma discussão

sobre o Estado liberal e seus efeitos e as relações de poder e como estas são exercidas pela

polícia. Como resultado de pesquisas bibliográficas, documentais e notícias, observa-se

que a construção de Políticas Públicas, deve ser democrática, ou seja, não deve ser para a

Sociedade, mas com a Sociedade Civil Organizada.

Palavras-Chave: Segurança, Exclusão, Inclusão, Políticas Públicas.

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Um Estado precisa estabelecer seus objetivos, desenvolver procedimentos, e

normatizar determinados assuntos, ou seja, precisa construir políticas. Se esse mesmo Estado

é democrático, além de construir políticas em conjunto com os movimentos sociais vivos do

país, dará prioridade às políticas públicas, até mesmo por uma questão de coerência.

Aspectos como educação, saúde, moradia e segurança, por exemplo, devem ser

preocupações constantes do poder público e tais compromissos deveriam estar voltados

prioritariamente para os grupos que se encontram mais expostos a situações de degradação

pessoal. São as situações de risco social.

No Brasil, dentre a população que se encontra mais distante dos ideais de vida cidadã,

vislumbra-se grupos diversos, dentre os quais destacamos os jovens, os idosos, os

afrodescendentes, os camponeses, os homossexuais, as crianças, os desempregados, os sem-

terra, os sem-teto e as mulheres.

Partindo da preocupação com a efetividade das políticas públicas de inclusão

implementadas pelo poder público, este artigo busca fazer uma reflexão acerca das iniciativas

diversas da administração pública brasileira. Para tal, procura-se resgatar um referencial que

traga a reflexão sobre como o cidadão está posicionado perante a ideia de Estado Liberal e aos

críticos do mesmo, trazendo uma análise e questionando: as Unidades de Polícia Pacificadoras

(UPPs) trazem segurança ou inseguranças? Para responder tal pergunta serão analisados

Locke e Hobbes; e as que críticas eles receberam de Marx, Foucault e Gramsci, lembrando

que, como bem diz o último, muitas vezes o Poder se mantêm através da disputa de

hegemonia e da construção do consenso (GRAMSCI, 1977).

O trabalho iniciará com um referencial que abordará como a sociedade está

posicionada entre o liberalismo e seus críticos, e a forma que se configurou as UPPs no estado

do Rio de janeiro, em seguida será feita uma análise entre esses conceitos e o que se tem de

referencias desses anos sobre a política, assim como notícias colocadas na mídia sobre as

leituras que os cidadãos alvo de tais políticas, no que diz respeito a sensação das pessoas,

retirando assim as conclusões do grupo.

2 Referencial Teórico

2.1 ABORDAGENS SOBRE O PAPEL DO ESTADO

Dentre os Pensadores Liberais que refletiram acerca do Papel do Estado destacamos

aqui Locke e Hobbes.

Chauí (2000), em sua obra Convite à Filosofia, nos remete à lógica do Estado da

Natureza, que segundo Hobbes, representa um período em que os indivíduos viviam isolados

e em luta permanente, vigorando a lógica que diz que “Homo Hominio Lupus, ou seja, homem

é o lobo do homem” (HOBBES APUD CHAUÍ, 2000, p. 517). Nessa realidade, o mais forte

sempre dominará o mais fraco, não existindo lei, direito à propriedade, nem justiça. De modo

distinto, Locke (1689 APUD CHAUÍ, 2000) afirma que no Estado da Natureza não existe

governo exercendo poder sobre os indivíduos, visto que não há lei escrita conhecida por todos

que sirva como referencial para o que pode ou não ser justo.

Ocorre que, assim como Hobbes, Locke acaba por evidenciar as dificuldades para

exercer a justiça, que são inerentes a esse Estado, e, assim, ambos acabam por propor a

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superação do Estado da Natureza para o Estado de Sociedade, ou Estado Civil, com a

instituição de um governo e de leis. Destaca-se que, enquanto para Hobbes os indivíduos

deveriam abrir mão de sua liberdade natural e da posse de bens (que poderia ser garantida no

contrato social), em Locke isso não ocorre, ao contrário, ele afirma que o direito à

propriedade e à liberdade, assim como o direito à vida, são inerentes ao ser humano, visto

que, segundo ele, têm origem divina. De qualquer forma, tanto Hobbes quanto Locke

procuravam defender o direito à propriedade, que seria resultado do trabalho, além de ambos

transferirem para o aparelho do Estado o direito do uso da força e da coerção para prevenir os

crimes, em especial, aqueles praticados contra a vida e contra a propriedade privada.

Ora, diante de tal quadro Chauí (2000) conclui que esse arcabouço teórico contempla

os interesses da burguesia, visto que a coloca em situação de superioridade em relação à

nobreza, que não conquistou riqueza às custas do próprio trabalho; e em relação aos pobres,

que, são considerados perdulários, pois gastariam os salários; ou preguiçosos, não trabalhando

o suficiente para conseguir uma propriedade.

Em contraponto a esse ideário liberal, temos proposições diversas, dentre as quais

destacamos o pensamento de Marx e Gramsci.

O alemão Marx, em seu livro “O Manifesto Comunista” (2015), procura justamente

desconstruir a lógica contratualista presente nos Pensadores Liberais. Para ele, seria preciso

fazer a reconstrução histórica do Estado, visto que tal concepção não seria inerente ao ser

humano, mas construída historicamente.

Nesse sentido, Marx (2015) nos lembra de que o Estado Burguês fundamenta-se nas

relações de produção e na defesa intransigente do Capital em detrimento do Trabalho, vai

além da crítica ao Estado Burguês ao afirmar que as classes dominantes sempre fizeram uso

das estruturas de governo para proteger seus interesses, e garantir a sua perpetuação enquanto

grupo opressor. Nesse sentido, Marx propõe a superação do Estado Burguês através da

organização do proletariado e do fim da propriedade privada dos meios de produção, que

levaria à abundância, ao fim da divisão do trabalho em material e intelectual, e à superação

das dicotomias existentes entre cidade e campo.

Pode-se então perceber que a teoria marxista não encara o Estado sob a ótica de

natureza e sociedade, mas sob a lógica de Sociedade Civil e Estado, afirmando, inclusive, que

a luta que se trava não é a do homem contra o homem, mas de classe dominante e classe

dominada, opressores e oprimidos.

Já Gramsci (1977) nos apresenta outra representação do Estado e da questão da luta de

classes. Para ele, o espaço da sociedade civil é o local das relações econômicas, ideológicas,

políticas e culturais. Assim, o que ocorre não é apenas a luta de classes, mas a disputa por

hegemonia, e o Estado acaba por exercer o seu papel coercitivo através da criação do que

chamamos de consenso, muitas vezes estabelecido através da coerção. Assim, a força do

Estado é diretamente influenciada pela ação dos meios de comunicação social e por uma certa

ditadura da maioria.

2.1.1 Políticas Públicas

Para se entender a ideia de políticas públicas faz-se necessário conceituarmos Política,

Sociedade, Estado e Governo. A política está intimamente ligada ao poder nas relações

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sociais, que muitas vezes é legitimado pela coerção, constituindo-se na autoridade do poder

político. A Sociedade constitui-se de indivíduos, grupos ou agregados sociais, que interferem

de formas, cooperativa, competitiva ou conflitiva na disputa por interesses ou valores (Santos,

2012). O Estado é uma estrutura de poder com o objetivo de dar plena garantia da vida em

sociedade. O Governo é a forma que é conduzido o Estado por aqueles grupos que são

capacitados e legitimados a exercer o poder político. A origem das instituições sociais remete

a disputas pelo controle de recursos sociais, importantes para a coesão e reprodução de uma

dada sociedade (NORTH, 1991).

As políticas públicas são o resultado de uma caminhada histórica, da análise da

necessidade de uma sociedade, resposta a carência de uma sociedade específica. As políticas

públicas devem ser feitas com a sociedade civil, essa população deve ter possibilidade de

auxiliar no processo decisório, para que as estratégias estejam de acordo com as necessidades

da população, ou seja, democratizar as políticas públicas (SANTOS, 2012).

O ciclo das políticas públicas é uma ferramenta que possibilita a análise da produção

das políticas e suas etapas, num consenso entre os autores, podemos classifica-las em:

Formação da agenda de Políticas Públicas, Formulação das políticas públicas, Implementação

e Controle (ou Avaliação) (SANTOS, 2012).

“A Formação da Agenda é quando os problemas são identificados, buscamos as

soluções, negociamos com os atores políticos e grupos sociais, discutimos as várias

interpretações. Schattschneider (1960, p. 80)”, argumenta-se que, mesmo nas democracias

liberais “[...] os mais necessitados não são os que mais participam do jogo político, porque

quem decide quem participará no jogo é exatamente quem decide o que é o próprio jogo.”

(Dye, 1992 APUD SANTOS 2012), o poder reside tanto na capacidade de comandar uma

ação, quanto de comandar a inação. Segundo Souza (2006 p.26), “A formulação de políticas públicas constitui-se no

estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais

em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real”. Constitui a

fase da tomada de decisão, ou seja, a escolha dentre as alternativas que devem ser avaliadas

de forma objetiva, é colocadas para analise as variáveis políticas, legais e financeiras assim

como os riscos.

A Implementação pode ser definida como “O que acontece entre as expectativas da

política e seus resultados percebidos” (Hill e Hupe, 200 p.2). Fase em que os planos são

colocados em ação. É a fase em que o poder público é acionado assim como os grupos sociais

envolvidos, são comprados equipamentos, contratados serviços. Momento de muito trabalho e

onde a população começa a ver um resultado.

A avaliação, no entender de Weiss (1998 p.4) é a análise dos resultados, comparados

aos padrões, objetivando a melhoria dos programas e políticas, tendo como finalidade o

aprimoramento das políticas e programas. Thedoulou (1995) e Menicucci (2007) ressaltam

que a avaliação não precisa ser feita após à implementação, ela pode ocorrer, e ocorre, durante

todo o ciclo das políticas públicas.

2.2 O CONSENSO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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Quando se pensa em exemplo de políticas que levaram à exclusão de algum grupo

social e de suas raízes históricas na sociedade brasileira, precisa-se remeter a um passado

distante, que remonta à chegada dos portugueses no Brasil. Naquele momento, o consenso

estabelecido dizia que era preciso estabelecer nessas terras tupiniquins uma realidade

diferente da que foi encontrada. Para tanto, era preciso educar e catequizar os indígenas,

pouco importando se esses possuíam sua cultura e crenças religiosas próprias, como se não

bastasse ocupar as suas terras e, essa lógica dominante, como é cediço, ocasionou um

verdadeiro genocídio no País. (FAUSTO, 2012)

Ao estudar a ocupação das terras e a colonização propriamente dita, o mesmo

consenso afirmava que era natural escravizar negros e seus descendentes.

Em todos esses casos percebe-se a necessidade de transformar a lógica da exclusão em

senso comum. Assim, a maioria dos cidadãos, ou mesmo os que assim eram considerados,

acreditavam que aquele estado de coisas era natural, justo e necessário e, o mais grave é que,

nem mesmo com a chegada do século XX, essa postura se alterou e o que verificamos é que a

mobilidade social continuou sendo uma raridade.

Um exemplo da continuidade da política de exclusão foi a Reforma Urbana promovida

por Pereira Passos no Rio de Janeiro na primeira década do século XX. A Zona Portuária foi

modernizada e o Centro da Cidade foi reformado radicalmente. A partir dessa intervenção, na

chamada política do Bota Abaixo do Governador Pereira Passos, os cortiços que se

espalhavam pela região central do Rio de Janeiro foram derrubados para a construção da atual

Avenida Rio Branco, alargamento de outras vias e construção de novos prédios

(SCARABELLO, 2016).

Se por um lado não há como negar que a reforma urbana de Pereira Passos foi exitosa,

em outro giro, deve-se reconhecer que esse êxito foi construído à custa do sofrimento dos

habitantes mais humildes da cidade que, realmente, foram prejudicados e colocados em

segundo plano, nesse processo.

Sem moradia, não restou a essa camada da população nenhuma alternativa, senão

ocupar os morros do entorno da Cidade. Também nesse período era evidente o processo

discriminatório em relação às populações empobrecidas do país, formada, majoritariamente,

por escravos libertados e seus descendentes. Não é por acaso que algumas manifestações

culturais eram criminalizadas, como é o caso da capoeira, dos primeiros sambistas e dos

adeptos dos cultos e religiões de origem africana (SCARABELLO, 2016)

Em todo esse processo, a resistência - política e cultural - dos grupos marginalizados

se fez presente de diversas formas, como nos quilombos, nas favelas, nos sindicatos, nos

grupos de mulheres, nas escolas de samba e entre boêmios, malandros e capoeiras. Esses

estereótipos e essas organizações representam a vontade daqueles que historicamente se

encontravam à margem do processo social de reconhecimento e valorização próprios. É nessa época que pela primeira vez foi possível a segmentos das classes subalternas

viver sem trabalho, diante da oportunidade de ingresso no sistema previdenciário. Tudo isso

resultou de uma longa jornada de luta, como, por exemplo, a previdência social que teve

início em 1923, apenas para o segmento ferroviário paulista, passando pelo avanço da

incorporação de categorias profissionais urbanas desde a década de 1930, até o acesso

limitado do homem do campo, com o estatuto do trabalhador rural, em 1963, e o FUN-

RURAL, quase cinco anos depois. (POCHMANN, 2016).

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A homogeneização dos benefícios do setor privado entre trabalhador urbano e rural só

é definitiva e plenamente implantada com o advento da Constituição Federal / 1988, ou seja,

quase sete décadas após a primeira experiência de previdência social.

O dinamismo da vida social requer dos sujeitos uma constante

tomada de posição frente ao cotidiano, é o preço que se paga

por estar inserido em um grupo social. Trata-se de construir,

consolidar e transmitir visões de mundo, e, para dar cabo

dessa tarefa, sujeitos e grupos sociais utilizam-se das

representações. (SANTANA, 2015, P.37)

2.2.1 O poder de polícia e a constituição das UPPs

Um dos conceitos que devemos analisar, quando falamos de políticas públicas, é a

visão do Poder. O poder constituído de ações e relações humanas. Segundo Foucault:

Em si mesmo o poder não é violência nem consentimento [...]

Ele é uma estrutura de ações; Ele induz, incita, seduz, facilita

ou dificulta; ao extremo, ele constrange ou, entretanto, é

sempre capaz de ações. Um conjunto de ações sobre outras

ações. (Foucault, 1982, p 202).

Foucault (1982) nega a noção de propriedade em relação ao poder, estendendo-o além

dos limites do Estado, atravessando as instituições, distribuindo-se de forma desigual pela

sociedade.

O poder seria, então, resultante das relações sociais estabelecidas, e construído

historicamente, e associado a práticas de dominação presentes nas relações humanas. O poder,

como algo absoluto e natural simplesmente não existe. Estudar o poder, em Foucault é

analisar que atitudes e práticas são utilizadas para alcança-lo, e que estruturas a própria

sociedade constrói a fim de legitimá-lo, seja através de um permanente processo de vigilância,

seja através do estabelecimento de punições.

Tratando de forma mais objetiva, uma das atribuições da Administração Pública é o

poder de polícia, que decorre da competência do Estado em limitar ou disciplinar o exercício

do direito individual em prol do coletivo, tendo como base o princípio da predominância do

interesse público. (ALEXANDRINO, 2009).

Visando preparar a Cidade para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de

2016, as UPPs começaram a ser instaladas em 2008, com o objetivo de garantir a segurança e

combater o crime organizado. As UPPs são um programa de segurança pública, implantado

pela Secretaria do Estado de Segurança do Rio de Janeiro, planejado pelo Subsecretaria de

Planejamento e Integração Operacional, são 38 UPPs, com um efetivo de 9.543 policiais,

abrangendo aproximadamente 264 territórios (PORTAL UPP, 2016). Segundo Cunha e Mello

(2011) orienta-se pelos princípios de polícia comunitária, que se utiliza da estratégia de

instituir parcerias entre a população e a área de segurança. A primeira experiência das UPPs

foi no morro Santa Marta em Botafogo com implementação do que chamamos polícia de

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proximidade, que visa integrar a polícia e o cidadão, com o objetivo de diminuir os índices de

criminalidade. (PORTAL UPP, 2016). De acordo com o Secretário de Estado de segurança,

José Mariano Beltrame (PUFF, 2016). o policial precisa ter o preparo de buscar diálogo com a

população e demonstrar que a presença da polícia, além de permanente, é a garantia de paz e

de dias melhores nas comunidades.

Polícia de proximidade é uma parceria com a população, no seu dia a dia, nas

proximidades das escolas, nos entornos da favela, no comércio, dando apoio a toda

comunidade, com um papel fundamental no desenvolvimento social, garantido a chegada ao

morro de serviços públicos e muitas outras oportunidades, para que esse objetivo seja

alcançado há uma grande necessidade de mudança da polícia.( CANO, 2012). O histórico de

muita violência, confrontos e conflitos trouxeram para essas populações muitos traumas, com

o crescimento do tráfico, essas comunidades eram disputadas por facções diferentes, que

lutam entre si, surpreendendo a polícia nas apreensões de armamentos pesados como granadas

e fuzis, esse problema se torna o foco da polícia, ou seja, o combate ao crime organizado,

guerra às drogas e se distancia da sua essência que é o cidadão, hoje a polícia é uma polícia de

repressão. Por isso a necessidade de um modelo de diálogo como os conselhos comunitários.

Já Burgos (2011) destaca o fato de, no próprio sítio da Secretaria de Segurança Pública, estar

divulgado que o conceito que norteia a UPP é o de “constituir uma ‘polícia da paz’, como

uma importante ‘arma’ do Governo do Estado e da Secretaria de Segurança para recuperar

territórios perdidos para o tráfico e levar inclusão social à parcela mais carente da população”.

Ora, está clara, segundo o autor a contradição presente (mais uma vez) na fala do Estado.

Afinal, é possível construir uma polícia da paz, quando falamos em guerras e armas? O

próprio Autor nos lembra que a UPP não é a primeira alternativa utilizada pelo Estado para

‘pacificar’ comunidades carentes, em que pese os aspectos positivos que tais iniciativas

possam apresentar.

E, para melhor exemplificar como se dá esse processo, Papastawridis (2015) nos dá

conta que onde não há presença do Estado, “a ação de grupos à margem da lei prevalece”,

visto que, se alguém não atua onde e como deve atuar, abre espaço para outro, e que nas

favelas cariocas há a evidente ausência de serviços públicos de saúde, lazer, transporte e

saneamento, abrindo espaço para que grupos criminosos ocupem o espaço e criem leis

próprias, e espaços próprios de julgamento e condenação.

.

3- Metodologia

A pesquisa é abordada de forma qualitativa, visando maior familiaridade com o

problema, usando procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica e documental. Para

Beuren (2004, p.80), a pesquisa exploratória tem algumas finalidades específicas, como: “[...]

proporcionar maiores informações sobre o assunto que se vai investigar; facilitar a

delimitação do tema de pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das

hipóteses; ou descobrir um novo tipo de enfoque sobre o assunto”. O estudo tem objetivos

descritivos e explicativos, aprofundando o conhecimento da realidade a partir das

características da população e dos fatores causadores de um determinado fenômeno.

O critério usado para coleta de dados foi o processo de comparação entre os dados

provenientes de fontes diversas, ou seja, olhar o objeto sob diferentes formas, comparando

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literaturas similares e conflitantes, também foi usado a análise dos conteúdos, organização e

avaliação de dados através da captura das ideias principais dos autores, com a ajuda de

citações e conceitos assim como leituras midiáticas para colher os relatos da população sobre

suas sensações sobre a política.

4 – Resultados e Discussões

È notório que entre o período de 1960 a 2000 percebem-se combinações contraditórias

na Administração Pública Brasileira, visto que, por um lado o rápido crescimento econômico

num período de grande autoritarismo (1964/80); por outro, o baixo dinamismo da economia

com regime político democrático (1985/2000). Já no que condiz o avanço econômico, com

taxas médias de variação do Produto Interno Bruto ao ano de quase 7,5% (POCHMANN,

2016), percebe-se que durante o período de 1960/1980 o progresso material não foi

democratizado, uma vez que, a população empobrecida não teve acesso satisfatório nos

resultados do progresso material do capitalismo brasileiro.

Vale ressaltar que o avanço da urbanização da pobreza transcorreu acompanhado de

um forte êxodo rural, capaz de gerar um enorme excedente de mão de obra pouco qualificada

e de baixa escolaridade nas cidades mais industrializadas. Não obstante, o importante

aumento médio anual no emprego assalariado formal, que permitiu o acesso imediato aos

direitos sociais e trabalhistas, verificou-se que a grande repressão sindical, bem como o

autoritarismo político, terminou por resultar no arrocho salarial. Assim, a maior taxa de

assalariamento, que passou de 19,6%, em 1960, para 45,4% da População Economicamente

Ativa em 1980, mostrou ser apenas suficiente para compensar a queda no poder de compra do

salário mínimo, que, segundo cálculo do DIEE-SE, foi de 38,4% acumulado no período. Por

conta disso, observou-se que o trabalhador, mesmo estando empregado com contrato formal

em uma grande firma, não tinha condições necessárias para residir dignamente, tendo que

recorrer à favela numa grande cidade ( POCHMANN, 2016).

Porquanto o período de 1980 a 2000 foi permeado por contradições, ao qual,

predominou a combinação de baixa expansão das atividades econômicas com avanço no

regime político democrático. Ainda convém lembrar que após o fim da ditadura, houve a

redemocratização com a reorganização da vida partidária e eleitoral contrapondo a essa

redemocratização, houve uma crise econômica, por conseguinte com fortalecimento do

sindicalismo e das organizações sociais, terminou sendo fortemente constrangida pela

ausência do crescimento econômico sustentado. Bem como, a renda per capita nacional, por

exemplo, cresceu tão somente 0,36% durante o período de 1980/2000, como média anual,

bem abaixo do que se verificou no período anterior (1960/80), quando a renda per capita

aumentava em média 4,58% anualmente. Além de certa estagnação na evolução da renda per

capita nacional, assistiu-se ao predomínio de uma forte oscilação nas atividades econômicas,

acompanhada da manifestação de um longo regime hiper-inflacionário (1979/1994).

(POCHMANN, 2016).

Nesse contexto econômico desfavorável, o fenômeno da mobilidade social foi

enfraquecido, mesmo com o avanço da escolaridade da população e a maior cobertura social

de cursos de capacitação profissional (POCHMANN, 2016). Da mesma forma, a obstrução do

crédito e do financiamento da casa própria em consequência da alta taxa de juros. De certo,

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por conta disso, o processo de exclusão apresentou transformações significativas, uma vez

que, o país demonstrou incapacidade de superar a chamada velha exclusão. Vale ressaltar o

fato de o Brasil ter passado por situações tão distintas sem que terminasse realizando as

reconhecidas reformas clássicas do capitalismo contemporâneo. Outro fator a ser considerado

é a ausência de uma verdadeira reforma social, capaz de possibilitar a distribuição justa da

renda nacional, o que acarreta, não apenas a maior desigualdade de distribuição de renda,

como uma pressão adicional no interior do mercado de trabalho.

Esta, aliás, tornou-se cada vez mais efetiva nas

grandes metrópoles brasileiras. Ou seja, o movimento de

metropolização da pobreza fez com que as grandes

cidades, que até o final dos anos 70 eram fonte de

imigração por conta das oportunidades de emprego e

vida melhor, assumissem o papel mais recente de centros

de desemprego, poluição, enchentes e violência. Em

certo sentido, a explosão da violência urbana revelou, de

maneira combinada com a desigualdade, o desemprego e

a escassez de perspectiva mobilidade social ascensional,

as condições de produção e reprodução da nova exclusão

social. Mesmo sem ter vencido plenamente a velha

exclusão (pobreza, analfabetismo e baixa escolaridade),

o Brasil passou a se destacar pelo avanço mais recente da

nova exclusão social (desemprego, desigualdade de

renda e violência).(POCHMANN, 2006,p.01).

O processo de exclusão, por conta disso, apresentou transformações significativas,

uma vez que o país demonstrou incapacidade de superar a chamada velha exclusão, quanto

mais combater o avanço da nova exclusão.

Essas diferenças e contradições muitas vezes acarretam situações de violência

sistêmica, cabendo então ao Poder Público, como detentor do monopólio do poder de polícia,

tomar providências para minimizar o status quo, e cumprir o papel tão criticado por

intelectuais de esquerda: garantir a manutenção da ‘ordem estabelecida’.

Essa ditadura da maioria, aliás, vem servindo de ensejo para a implementação de mais

um Programa que, ao menos aparentemente, visa ordenar o funcionamento da cidade de São

Sebastião do Rio de Janeiro, a implantação das UPPs – Unidades de Polícia Pacificadora.

Após várias tentativas de modelos de policiamento alternativos como da Cidade de

Deus nas décadas de 80 e 90, os PPCs (Postos de Policiamento Comunitários) que também

não deram certo, e o GPAE (Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais), que foi a que

mais se aproximou do modelo que temos hoje das UPPs, nenhum desses tiveram sucesso. As

UPPs vieram como Programa que busca integrar o policial e a população da favela,

implantando o policiamento de comunidade.

Observações sobre vários relatórios e estudos sobre o programa das UPPs:

“A avaliação exploratória do impacto das UPPs no Rio de Janeiro” relatório do

Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

(UERJ), sob a orientação do Prof. Ignácio Cano (2012), conclui que na primeira fase de

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implantação, numa análise de impacto, as UPPs foram exitosas, pois pode-se observar a

diminuição da violência letal, as taxas de homicídios caíram em 55% dentro das áreas das

UPPs e mortes por intervenção policial caíram ainda mais, caíram também os roubos. Em

contrapartida, aumentaram todos os crimes não letais e não armados, como estrupo, furtos e

lesões dolosas, entende-se como diminuição dos sub-registros, ou seja, as pessoas não

denunciavam, porque não queriam ou não podiam devido a ameaças, e agora os policiais

encaminham às delegacias para registro. A avaliação registra a impressão dos moradores

sobre as UPPs: - Diminuição dos tiroteios - Liberdade de locomoção dos moradores. -

Diminuição do estigma - Aumento da insegurança devido a pequenos crimes - Impacto

econômico, houve em alguns locais, como Cidade de Deus - Impacto social, não houve

investimento por parte do poder público em praticamente nenhum local (CANO, 2012).

Em uma pesquisa da CESeC (Centro de Estudo de Segurança e Cidadania) (2011), em

um questionário, de uma amostra representativa de policiais, revelou que o comando da UPP

está alinhada com o projeto, mas, a tropa não, as pesquisas mostram que a grande maioria dos

policiais não querem trabalhar nas UPPs, o que resulta de uma grande falta de legitimidade

interna. Alguns capitães e tenentes possuem uma visão ainda mais

avançada no sentido de compreenderem a oportunidade que as

UPPs representam para desconstruir a lógica da guerra dentro

da própria instituição e assim reformar a própria polícia.

A ideia é transformar a Polícia, até hoje a gente tem UPP e a

UPP vai transformar a polícia, o modelo que a gente faz de

proximidade, vai ser o modelo que a Polícia vai fazer.

(Subcomandante, Comunidade 4). Eu acho que o objetivo

principal é resgatar a cidadania, trazer umas perspectivas

diferentes para essas crianças, esse que é o combustível da

gente de ver a criançada daí que fica ociosa e até reclusa em

casa, uma veio me perguntar qual é a palavra chave da UPP,

para eu resumir com um palavra, eu fiquei pensando e falei

liberdade, as pessoas tem liberdade para ir e vir, até pra se

expressar, pra brigar, antigamente não tinha isso. Então,

desconstruir aquela lógica de guerra, aquilo que eu sempre

atribuo quando eu falo, que eu faço as minhas apresentações

também para ponte, mas é aquilo, desconstruir lógica de

guerra, resgatar território, é muito abrangente. (Comandante,

Comunidade 3),(CANO, 2012, p.136).

Muitos praças manifestam uma posição crítica no sentido negativo, reclamações e queixas são constantes, até mesmo em relação ao uniforme, como inadequado ao trabalho.

[Entrevistador: Teve uma pesquisa há um tempo atrás... O

resultado foi que 70% dos policiais da UPP na verdade

preferiam trabalhar no batalhão, com é que é a situação aqui?]

— Acho que é uns 99%.. (Soldado, Comunidade 7).

Devido a isso, devido a todas essas circunstancias aí os

moradores aí tanto eles como a gente ninguém está satisfeito,

eles não queriam que a gente estivesse aqui e a gente não

queria estar aqui. (Soldado, Comunidade 3).

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

11

O uniforme é totalmente inviável pra trabalhar num morro,

porque a gente sobe, desce escada, pula, vai numa laje.

(soldado 1)(CANO, 2012,p.138).

O conceito de policiamento de proximidade avançou muito pouco, a UPP continua

sendo um projeto de fora para dento e de cima para baixo, onde a comunidade não é

consultada sobre segurança pública, nas reuniões entre policiais e a comunidade fala-se de

tudo, lixo, light, mas, muito pouco se discute sobre segurança. A ideia do policial como

mediador ainda é muito incipiente. O projeto avançou enquanto diminuiu a violência armada,

mas avançou pouco nas áreas estratégicas que são a melhora na relação com a comunidade e o

avanço de um outro modelo de policiamento. Estamos presos a um projeto que até agora não

avançou além da 1° fase.( CANO, 2012).

Prof. Silva Ramos do CESeC da Universidade Candido Mendes fala sobre as UPPs (

2016), segundo Ramos (2016) o importante é mudar a polícia para diminuir os índices de

criminalidade onde aponta três conjunto de questões para a continuidade das UPPs: - diálogo

entre moradores e polícia, o único modelo que existe atualmente é o conselho comunitário da

Mangueira - maior entrosamento entre as polícias militar, civil e federal com a convergência

de funções - Projeto para os jovens antes envolvidos com o tráfico, quando voltam à favela

não há nenhum projeto para que esse jovem não volte ao tráfico, a exemplo da Colômbia. Os

índices de violência caem quando a Polícia e a Segurança Pública são melhores.

Rumba Gabriel, do Quilombo Urbano Jacaré, fundador do Movimento Popular de

Favelas, Jornalista, para Rumba muita coisa tem que mudar na polícia, como a corrupção

policial, na favela do Jacaré, onde mora, não tem um único projeto social. “Só as siglas

mudam, mas, o sistema continua o mesmo”. (GABRIEL, 2012, APUD CANO, 2012).

Major Leonardo Nogueira, Comandante da UPP da Rocinha, para Nogueira a polícia

acaba esquecendo que o seu foco é o cidadão e não a repressão. As UPPs não são um

experimento homogêneo, há vários tipos de UPPs, como UPPs em situação de calma já a

bastante tempo, UPPs em situações de tensões e UPPs , como no Alemão, onde se vê a

mesma situação que se via antes. Lugares onde há o confronto armado o policial está

preocupado em se defender e não tem condição de fazer policiamento de proximidade.

(NOGUEIRA, 2012, APUD CANO, 2012).

Gustavo Clayton Alves Santana, Mestre em Psicologia Social da UERJ, constata a

existência de uma compatibilidade entre a expectativa de futuro dos moradores em relação a

UPP e a preocupação desta ação do governo estar sendo constituída apenas para manutenção

da cidade para os grandes eventos de 2014 e 2016. (SANTANA, 2014).

Algumas observações de moradores, entrevistas do relatório do Laboratório de Análise

da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ):

Alguns moradores parecem compreender o sentido do programa das UPPs:

Entrevistador: O que você identifica como mudança em

Cidade de Deus? A paz, né? É a maior mudança. Porque

antigamente você não tinha liberdade dentro da comunidade.

Você não tinha (...) o direito de ir e vir. Porque era violência

constante, e o perigo. E agora não, agora que teve a ocupação

da UPP ficou mais tranqüilo, você pode sair, voltar, transitar

pela comunidade sem ter medo. (I, 22 anos, estudante do

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

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ensino superior e participante de projetos sociais, morador de

Cidade de Deus)(CANO, 2012 p.114).

Fica evidenciado que o medo ainda permanece na fala e na vida dos moradores,

oprimidos e coagidos ao longo da história. Para entendermos esse medo podemos falar do

conceito de poder estudado por Foucault (1982), como sendo uma estrutura de ações que vai

além dos limites do Estado e distribui-se de forma desigual pela sociedade.

Olha, se eu falar pra você que o tráfico acabou é mentira. Tem

tráfico em todos os lugares. (…) No entanto, assim, a

violência, sabe? A maneira como... A violência também

visual, porque crianças vendo, sabe, a galera andar armada.

Porque... Tráfico sempre teve aqui. Só que no finalzinho,

antes de entrar a UPP, eles tavam escrachando demais, eles

tavam perdendo a linha, eles tavam começando a perturbar. Tá

gravando isso gente? Pelo amor de Deus, vocês não vão falar

isso! Eu não vou ser identificada, né? [sons de concordância]

Eles estavam começando a incomodar moradores, entendeu?

Então assim, a entrada da UPP mudou bastante. Mudou

bastante! Nossa! (A, 26 anos, estudante, trabalha em ONG,

moradora de Cidade de Deus)(CANO, 2012 p.114).

A necessidade na quebra do estigma da favela em oposição ao asfalto, estabelecendo

dois mundos distintos, o estigma do lugar perigoso e violento, território dominado pelo medo,

perpetuado pela omissão do Estado, tem diminuído com a presença das UPPs, assim como a

sensação de insegurança. Essa política de segurança vem sendo vista como um 1° passo para a

eliminação das fronteiras que separam esses dois mundos.

Tem tráfico, tem bandido, mas não tem arma. O pior de tudo é

ter tráfico, bandido, e armas, armas de fogo. Agora pode ter

tráfico, tem o bandido, mas não tem arma, então acho que

diminui em setenta por cento o medo das pessoas de estar

entrando na comunidade, né?(I, 22 anos, estudante do ensino

superior e participante de projetos sociais, morador de Cidade

de Deus).(CANO, 2012 p.114).

As ameaças agora são os crimes contra a pessoa e contra a propriedade, crimes esses

não letais e sem uso de armas, devido à ausência das sanções do “dono do morro”.

Todo dia eu desço e eu olho aqui pra ver se está tudo no lugar.

Eu durmo, e de manhã cedo ―ai, meu Deus, será que alguém

invadiu {a loja que tem dentro da favela}?‖ [Entrevistador:

Você tem medo?] Sério, tenho. Essa semana já entraram no

bar do senhor ali da frente, já levaram as coisas dele. Ele deixa

sempre um trocado para o sobrinho dele abrir de manhã. E

depois que vieram pra cá, a Unidade de Polícia Pacificadora, o

que mais acontece é isso, assalto nas casas, nos comércios. O

que mais tá tendo é isso. (F, 30 anos, dona de loja dentro da

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

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favela, moradora do Morro dos Macacos). (CANO, 2012,

p.115).

Muitos ainda têm várias críticas ao proceder da polícia, reclamam de abusos, das

abordagens agressivas.

É isso que eu te falei, na UPP tem bom e ruim. O bom

é que tem a paz, o ruim é que são policiais despreparados que

vem com um pensamento completamente errado sobre quem

mora em comunidade e continua agindo como os policiais de

antigamente que entravam. Eles são novos, são novinhos. (…)

[Entrevistador: Mas existe todo um discurso de que esses

policiais são novos policiais, com outra formação.] Mas com

as velhas safadezas. (I., 22 anos, estudante do ensino superior,

morador de Cidade de Deus) (CANO, 2012 p.120).

Podemos observar na fala dos moradores a necessidade de um melhor preparo da

polícia, com uma tropa bem treinada, principalmente capacitada para o policiamento de

proximidade, onde os direitos humanos sejam respeitados. Fica o questionamento, a polícia é

para garantir a ordem pública e a paz ou somente está a serviço de um grupo dominante, como

na teoria de Gramsci (1977), na ditadura da maioria para se manter o “status quo”?

(Papastawridis, 2014).

Porque eles chegam pra revistar as pessoas, já

chegam batendo. Já presenciei isso perto da minha casa, já

chegam batendo. Já falam, falam direito... ―Encosta

aí,acabou.‖ E, ficam aí catucando, eles pegam a identidade e

ficam... Olham e reolham até achar. Eles querem é achar

alguma coisa, não conseguem... (I., 22 anos, desempregada,

moradora do Morro dos Macacos).(CANO, 2012 p.120).

Continua o temor ao controle autoritário e arbitrário, que só troca de mãos. A lógica da

exclusão vira senso comum.

A impressão que eu tenho é que a gente muda de

dono. Acho que muda a mão que segura o chicote. (R,

liderança e morador de Manguinhos) (CANO, 2012 p.115).

Fica evidenciado que as UPPs fizeram mudanças positivas, como podemos observar

nas falas dos moradores, como a própria liberdade de expressão, que antes tinham medo de

falar e sofrer com represarias, fim dos confrontos armados, dos tiroteios, liberdade de

locomoção, fim das mortes violentas, uma percepção de segurança. As grandes críticas são o

controle social autoritário e arbitrário, outros crimes que se propagaram como o crime contra

a propriedade e crime contra a pessoa, que eram brutalmente reprimidos pelo tráfico, a grande

dificuldade de mudanças, como a ideia de lugar aberto para todos demora a ser assimilada e o

medo da represaria por parte do tráfico caso as UPPs acabem, consequência da grande dúvida

quanto ao futuro do projeto das UPPs.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

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Nesse sentido, críticos da política de segurança implementada pelos últimos governos

do Estado do Rio de Janeiro apontam contradições e problemas diversos na lógica de

implementação das Unidades de Polícia Pacificadora.

Mesmo em países desenvolvidos há iniciativas de policiamento comunitário,

objetivando a aproximação das comunidades com o trabalho da polícia, mas há que se

destacar que tais iniciativas somente podem ser consideradas exitosas onde a relação das

comunidades com a polícia é de confiança. Ora, como construir relação de confiança e

parceria com o outro se a relação historicamente estabelecida é de medo? Fica evidente que

tal resultado somente pode ser alcançado em sociedades onde princípios relativos aos Direito

Humanos são, de fato, respeitados. Quando se trata de uma sociedade hierarquizada,

preconceituosa e conservadora como a brasileira, acredita-se que o processo seja muito mais

complicado. Principalmente se levar em conta a estrutura autoritária da Polícia Militar. A política de segurança implantada, UPP, tem como objetivo principal a retirada das

armas e a repressão ao tráfico de drogas, mas o processo de ocupação trouxe em sua estratégia

o controle dos espaços e relações sociais, onde a polícia influencia de forma decisiva a vida

social da favela, atribuindo qualidades morais a comportamentos, eventos, músicas, festas,

usando esse controle como moeda de troca, podendo tudo ser proibido, dependendo da

aplicação da lei, caracterizando estados de emergência ou de exceção.

“Este modelo tem sido criticado pela estratégia explícita violenta,

assim como por uma estratégia implícita de controle social,

priorizando a construção de um modelo de “cidade-commodity”, onde

a comercialização adequada para o público internacional requer a

embalagem da pacificação, potencializando o controle da vida local.

Neste sentido, para alguns setores, como o turismo e o setor

imobiliário, as UPPs estão dando certo, pois servem para apresentar

uma mensagem positiva ao mundo em uma época de turismo em

ascensão devido aos grandes eventos, visando reduzir a insegurança

no cinto nobre da cidade e nas áreas olímpicas.” (BAYARRI, 2015,

p.01).

Segundo Da Silva (2003), há mais questionamentos sobre o tema do policiamento

comunitário no Brasil do que consensos, visto que, segundo ele, há a dificuldade real de

estabelecimento de qual deve ser o foco da ação da Polícia Comunitária. Para o autor, a ação

policial centrada na atuação do indivíduo para a promoção da segurança pode, nesse caso,

representar um sério empecilho para que se alcance êxito nas ações de segurança comunitária,

que, como diz o próprio nome, deveria adotar um modelo diferenciado, cujo objetivo seria

propiciar tranquilidade para as comunidades atendidas, a partir de bases realmente

democráticas. Assim, o Autor segue afirmando que é mais fácil explicar o que não é

policiamento comunitário, a lembrando que: “não é panaceia; não é tática, técnica ou

programa; não é relações públicas; não é espalhafato; não é elitismo; não é algo concebido

para favorecer aos que têm poder; não é instrumento de captação de recursos da comunidade;

não é concentração de efetivo policial numa determinada área; não é proteção e áreas

turísticas; e não é massificação de efetivos em áreas comerciais. (DA SILVA, 2003, APUD

SANTANA,2015).

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

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“Sob a égide cultural do modelo brasileiro de sociedade hierárquica e

relacional, a dinâmica das políticas públicas de natureza assistencial e

clientelista ajudou a reproduzir constantes práticas governamentais

eleitoreiras, casuisticamente elaboradas, calcadas em uma série de conjuntos

de omissões e permissividades por parte do próprio Poder Público. Eis o

cenário da cidade partida retratada pelo escritor Zuenir Ventura: O “asfalto”

e a favela, dois espaços geográficos distintos, porém inseridos num mesmo

contexto geopolítico.” (Revista da Escola Superior da Polícia Militar, 2010,

p.5).

5- Conclusão

Ao buscar uma temática para a construção do presente Artigo, ficou evidente a

tendência de abordar temas voltados às políticas públicas, que apesar de, ao menos em tese,

objetivar benefícios para a população, acabam por desmascarar a lógica excludente ainda

presente em nossa sociedade.

Assim, soa como rotina o relato de práticas abusivas, levadas adiante pelo poder

público sobre as populações que foram marginalizadas e excluídas ao longo da nossa História,

que acaba por fazer com que a população dê apoio ao combate violento, às diferenças

representadas por negros, gays, jovens, migrantes, e outros grupos sociais, em especial os

moradores de comunidades carentes, muitas vezes dominadas pelo tráfico e/ou pelas milícias.

De qualquer forma, percebe-se, mais uma vez, que o modelo apresentado pelo Estado,

sem discussão prévia com os organismos vivos da sociedade, passa a ser questionado pela

opinião pública. Vale ressaltar que os movimentos sociais organizados, ao longo do tempo,

garantiram conquistas que representaram melhorias nas condições de vida da população em

geral, e que, portanto, o diálogo e a negociação com eles podem representar a solução das

questões apresentadas, ou no mínimo, a partilha de responsabilidades.

Embora a politica de segurança implementada pelo Estado através das UPPs possa ser

considerada positiva sob vários aspectos, inclusive na diminuição da sensação de insegurança

em relação à violência, parte da população ainda se sente vulnerável pela falta de policiais nas

ruas, pois o efetivo de policiais, nas UPPs deixaram as ruas sem policiamento ostensivo.

Além disso, moradores das favelas por um lado temem a descontinuidade do programa, e

parte considera os policiais agentes hostis, sendo constantes as denúncias de abusos por parte

dos policiais ( CANO, 2012).

Apesar do sucesso na implementação, as UPPs passam por grandes dificuldades, com

crises em diversos setores, como falta de recursos e de efetivo. As UPPs entraram em estado

de estagnação devido a falta de monitoramento dos problemas, o projeto não passou por

melhorias e se expandiu além das expectativas, faltou políticas de Estado (PUFF, 2016).

Comparando-se situações vivenciadas pelas comunidades atendidas pelas UPPs com

as premissas da Silva (2003), conclui-se que há fortes indícios de que o principal Programa da

Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro não é, como se apregoa, inovadora no

sentido de garantir melhor relação entre as forças policiais e a população diretamente atingida,

através de policiamento comunitário. Ao contrário, a sensação das Comunidades de que a

brutalidade de criminosos foi simplesmente trocada pela brutalidade de agentes públicos

demonstra que essa é apenas mais uma forma de manter os mais pobres restritos ao seu

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

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território, cabendo-lhes o acesso aos demais bens que a Cidade oferece apenas quando é de

interesse daqueles que detêm a hegemonia. Afinal, casos como o do Ajudante de Pedreiro

Amarildo, assassinado por policiais que atuavam justamente em uma UPP demonstram que a

atuação da polícia na favela continua tendo como base a lógica da repressão.

Surgem então alguns questionamentos. Como combater a violência com policiais mal

remunerados, com salários atrasados, e treinados na lógica da guerra e do extermínio? Como

garantir inclusão de populações historicamente marginalizadas, sem políticas públicas

construídas em conjunto com essa população? Como falar em democracia se o jovem viciado

da favela é tratado como bandido, enquanto o jovem viciado da classe média é tratado como

doente?

Vê-se então, que há espaço para acreditar nos críticos às políticas de segurança

implementadas, quando eles afirmam que o objetivo central das UPPs é simplesmente reduzir

a sensação de insegurança nas áreas nobres e acabando por criar dentro de nossa analise a

mesma ou maior percepção de insegurança, criando novos guetos, numa cidade onde pobres

e ricos acabam por usufruir de ao menos uma área de lazer comum: a praia.

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