polÍtica econÔmica internacional e comÉrcio exterior no brasil entre 1994-2014

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1 Gustavo de Souza Bruschi POLÍTICA ECONÔMICA INTERNACIONAL E COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL ENTRE 1994-2014 Projeto apresentado à disciplina de Metodologia de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Relações Internacionais. Orientador: Professor Doutor Paris Yeros São Bernardo do Campo SP 2015

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O trabalho analisa a trajetória do comércio exterior brasileiro no período de 1994-2014. O período é marcado pela abertura comercial brasileira aos mercados financeiros dos grandes centros capitalistas. A “financeirização” fortalece as relações de dependência com os grandes centros capitalistas de forma que nossas forças produtivas ainda mantenham a “superexploração do trabalho”. Através da análise de dados de variáveis como trabalho e produto é possível notar o processo de “desindustrialização” e “reprimarização” da economia nacional fruto decorrente das relações de dependência.

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1 Gustavo de Souza Bruschi POLTICA ECONMICA INTERNACIONAL E COMRCIO EXTERIOR NO BRASIL ENTRE 1994-2014 Projeto apresentado disciplinade Metodologia de Pesquisa em Relaes Internacionais daUniversidade Federal do ABC, como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Relaes Internacionais. Orientador: Professor Doutor Paris Yeros So Bernardo do Campo SP 2015 2 RESUMO Otrabalhoanalisaatrajetriadocomrcioexteriorbrasileironoperodode 1994-2014.Operodomarcadopelaaberturacomercialbrasileiraaosmercados financeiros dos grandes centros capitalistas. A financeirizao fortalece as relaes dedependnciacomosgrandescentroscapitalistasdeformaquenossasforas produtivas ainda mantenham a superexplorao do trabalho. Atravs da anlise de dadosdevariveiscomotrabalhoeprodutopossvelnotaroprocessode desindustrializaoereprimarizaodaeconomianacionalfrutodecorrentedas relaes de dependncia. 3 SUMRIO 1.INTRODUO4 2.PROBLEMAS DE PESQUISA E CONSTRUO DO QUADRO TERICO5 2.1. Teoria da Dependncia: Aspectos Tericos5 3.HIPTESE DO TRABALHO7 3.1. Polticas Neoliberais e a Insero Econmica Brasileira8 3.2. Financeirizao na Economia Brasileira 11 3.3. Desindustrializao e Reprimarizao no Brasil 12 4.OBJETIVOS16 5.JUSTIFICATIVA17 6.METODOLOGIA17 7.CRONOGRAMA 18 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS18 4 1.INTRODUO O papel dos pases na Economia Mundial muito marcado por suas atividades econmicas,umadessasatividadesocomrcioexterior.Comrcioexterior a atividade responsvel pelas compras e vendas de bens e servios feitos entre pases. A operao de venda de um bem ou servio a outro chamada de exportao. Enquanto que o inverso, a compra de um bem ou servio de outro pas a importao. Este projeto visa analisar como o desempenho do setor de comrcio exterior no Brasil de 1994 at 2014. O perodo marcado pela adoo de polticas neoliberais noBrasilenosdemaispasesdaAmricaLatina.Arbix(2002)afirmaqueessas reformas em sua grande maioria, eram voltadas para o estmulo ao crescimento dos meiosdeproduoprivadosedocapitalhumanoindividual,viaprivatizaesou abertura as empresas multinacionais. No quadro normativo veremos os governos da periferialatino-americanaaderiressasreformasnoConsensodeWashingtonem meados de 1989. Porm,onosucessoporpartedessequadrodemedidasdereformano gerouodesenvolvimentoqueseesperava noBrasil. Analisando odesempenho do setor de comrcio exterior no Brasil e no Mundo, vemos que o setor representou em 2013,amdiadecercade50%doPIBdaseconomiasemgeral,enquantoque nossa economia beirou os 20%, segundo dados do IBGE. 2.PROBLEMASDEPESQUISAECONSTRUODOQUADRO TERICO Comoquefoiexpostonaintroduoelaboramosaseguinteperguntade partida: em que medida a insero do Brasil nas relaes econmicas internacionais impactouosetordecomrcioexterior,emespecialnoperodorecente(recorte 1994-2014) ? SegundoAlmeida(2007)oBrasilirseinserirnasrelaeseconmicas internacionais de forma tmida, adotando uma estratgia com base nos reflexos das 5 economiascentrais,acompanhandoseusmomentosdecriseseexpanses.Com crescentefinanceirizaonoscentroscapitalistasposteriormentenaseconomias perifricasnotaremosqueissonoalavancarasforasprodutivasnaAmrica Latina,cocorrendoaconsolidaodeumaformaespecficadeacumulaode capital,baseadaemgirardinheironaesferafinanceira.Comissohumaumento dasoperaes financeirastantoem termosabsolutos erelativos,secomparado as atividades produtivas geradoras de emprego, como a indstria. O trabalho busca analisar a problemtica do setor de comrcio exterior mesmo em um contexto de globalizao no resultou em melhoras na produo nacional, no que diz respeito progresso tcnico e ganhos salariais. A Teoria da Dependncia prope relao de dependncia que existe entre centro e a periferia latino-americana aps a criao da CEPAL e ns utilizaremos os recursos dessa teoria para analisar o perodo recente de neoliberalizao da economia brasileira. 2.1.Teoria da Dependncia: Aspectos Tericos O ponto de vista da produo elaborado por Marini (1990), a sua abordagem marxistadadivisointernacionaldotrabalhocolocaaAmricaLatina(e consequentemente o Brasil) em uma situao de troca desigual com as economias centrais desde a poca mercantilista at o desenvolvimento das primeiras indstrias noinciodosculoXX.Ouseja,aintegraoaomercadomundialjpossuum sentidodedependnciaequeoestgiodecapitalismodesenvolvidovisadoaqui no ocorreu como nas economias centrais. Essetrabalhopropeumaanlisedasrelaesdedependnciaqueexistem nosetordecomrcioexteriorbrasileiroapsaondadepolticasneoliberalizantes. Duartee Graciolli (2007) expe que o capitalismo na Amrica Latina diferente do europeu,umcapitalismosuigeneris,quespodesercompreendidosesuas peculiaridades ( nvel internacional e nacional) forem analisadas. Segundoessacorrente,anoodedependnciadeMarini(1990)podeser entendidacomoumarelaodesubordinaoentrenaesformalmente 6 independentes,naqualaeconomiadecertospasesestcondicionadaao desenvolvimento e expanso de outras economias, de forma que os pases centrais podem se sustentar, enquanto que os pases perifricos s poderiam expandir suas economiasemreflexodaexpansodosprimeiros.Oobjetodeestudodessaviso tericapassaaseraAmricaLatina,queobterumcrescimentosuficientepara manejar alguns graus de liberdade na poltica econmica, porm no escapando de suacondiodedependncia.AsuperexploraodotrabalhodefinidaporMarini (1990)argumentochavequedefineasrelaesdedependncianombitodas foras produtivas: 1)Maiorexploraodotrabalhadorenodoincrementodesuacapacidade produtiva, aumentando a intensidade do trabalho e aumento da mais-valia; 2)Prolongaodajornadadetrabalhoviaaumentodamais-valiaabsoluta aumentando-seotempodetrabalhoexcedente(operriocontinuaproduzindo depoisdecriarumvalorqueequivaleaosmeiosdesubsistnciadoprprio consumo); 3)Reduziroconsumodooperrioalmdoseulimitenormal,peloqual"ofundo necessrio de consumo do operrio se converte de fato, dentro de certos limites, em um fundo de acumulao de capital", o que implica em uma prtica de aumento do tempo de trabalho excedente; 3.HIPTESE DO TRABALHO Buscandosolucionarosproblemasdepesquisa,otrabalhoadotaaideiade queodesenvolvimentoeconmicodoBrasildependentedadinmicaeconmica dos grandes centros capitalistas. ATeoriadaDependnciaquesurgenofracassodomodelo desenvolvimentistaporpartedoaparelhoestatal(meadosdosanos60)analisaas inter-relaes entre determinantes internos e externos da integrao internacional do Brasil e como a diviso internacional do trabalho limita o desenvolvimento das foras produtivas de modo malfico ao desempenho do setor de comrcio exterior. Apesar deatualmenteBrasilseinserirnaondadeglobalizaoveremosquea 7 superexplorao do trabalho proposta por Marini (1990) ainda ocorre e limita o pas uma situao de dependncia com relao aos pases centrais. ParasustentarashiptesespropostaspelaTeoriadaDependncianosetor decomrcioexterior,foifeitaumaanlisedaconjunturabrasileiranoperodo referente1994-2014marcadopelaintensaprticadepolticasqueseguiama cartilhaneoliberal,refernciasbibliogrficascomestudossobreotemaaliadosao uso de dados constituem a hiptese desse trabalho. OsdadosrespeitodaentradadeIEDs(InvestimentoEstrangeiroDireto) mostramquehumdirecionamentodosinvestimentosemsetoresqueno contribuemparaocomrcioexterior.Ocomrcioexteriorumsetorqueseque segundoKaldor(1967)aproveitaostransbordamentoscausadospelasforas produtivas,emespecialdaindstriaeportantofoianalisadoonveldeprodutoe empregonessesetorenaeconomiaemgeral,deformaqueaquedade participaodessessetoresrevelaumadesindustrializao.Essesdadosaliados aos dados da balana comercial indicam um processo de reprimarizao da pauta exportadora,marcadapelaexportaodeprodutosdebaixa-elasticidaderendae baixo progresso tecnolgico. AdamanipulaodedadosfoipossvelcomoacessoassriesdaCEPAL (Comisso Econmica para a Amrica Latina e Caribe), IBGE (Instituto Brasileiro de GeografiaeEstatstica),BACEN(BancoCentral),MDIC(Ministriodo Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior) e do MTE (Ministrio do Trabalho e Emprego). 3.1.Polticas Neoliberais e Insero Econmica Brasileira SegundoNegro(1998)omarcoquesustentaaadoodepolticas neoliberaisporpartedoBrasiledosdemaispasesdaAmricaLatinafoio ConsensodeWashington.UmareunioqueocorreunoInstituteforInternational Economics(IEE)comaparticipaoderepresentantesdoFMI,doBancoMundial, doBancoInteramericanodeDesenvolvimento(BIRD)ederepresentantes 8 latinoamericanosenorte-americanos.Apautadareuniofoiemcimada reorganizaoeconmicadaAmricaLatinaondeodiretordoIEE,oeconomista JohnWilliamson(1990)formuladezregrascombaseemumconsensoentreos pontos dos participantes do encontro, essas regras so: 1) Disciplina fiscal, atravs da qual o Estado deve limitar seus gastos arrecadao, para eliminar o dficit pblico; 2) Focalizao dos gastos pblicos em educao, sade e infra-estrutura; 3)Reformatributria queampliea basesobreaqualincideacargatributrio,com maior peso nos impostos indiretos e menor progressividade nos impostos diretos; 4)Liberalizaofinanceira,comofimderestriesqueimpeaminstituies financeiras internacionais de atuar em igualdade com as nacionais e o afastamento do Estado do setor; 5) Taxa de cmbio competitiva; 6)Liberalizaodocomrcioexterior,comreduodealquotasdeimportaoe estmulos exportao, visando a impulsionar a globalizao da economia; 7)Eliminaoderestriesaocapitalexterno,permitindoInvestimentoEstrangeiro Direto (IED); 8) Privatizao, com a venda de empresas estatais; 9)Desregulao,comreduodalegislaodecontroledoprocessoeconmicoe das relaes trabalhistas; 10) Propriedade intelectual. Um estudo realizado por pesquisadores influentes do Banco Mundial, Collier e Dollar(2001)consideraqueareformapolticanospasesemdesenvolvimentoir aceleraroseucrescimentoecortarpelametadeastaxasdepobrezamundial. SegundoRodrik(2006)smedidasdoConsensonaAmricaLatina,e consequentementenoBrasiltrouxeramosresultadosdecepcionantes.Comisso surgemmuitascrticasasmedidaspadresdoConsenso.OtrabalhodeEasterly (2005) que mostra atravs de dados que efeitos previsveis, robustos, e sistemticas sobreastaxasdecrescimentonacionaissofracosapsaadoode polticas macroeconmicas,asdistoresdepreos,polticasfinanceiraseaberturado comrcioproduzem e (excetoemcasosextremos).PaulKrugman (1995) observou 9 que"odesempenhoeconmicorealdospasesquerecentementeadotaram polticasdoconsensodeWashingtoneraclaramentedecepcionanteesegundo Foster(2011)acrescentefinanceirizaonofoicapazdealteraroproblema subjacente de estagnao na produo, e, em alguns aspectos, at mesmo agravou. SegundoAlmeida(2007)oBrasilumgrandereceptordeinvestimentos diretosestrangeiroseumobservadorsatisfatriodosprincpiosdeproteo tecnologia proprietria, com poucas excluses eaos interesses multinacionais onde o pas faz apelos frequentes a fontes externas de financiamento internacional: pelos esquemasbilateraisdecredoresoficiais,peloabrigodeesquemasmultilateraisde financiamento ao desenvolvimento e recorrendo aos financiamentos pelos mercados privados.Antesde1994ocorremaberturaseconmicasdopasparaosIEDs, visandooimpulsoindustrialeaopacotedemedidasquesegundoTavares(1975) proporcionaram a internacionalizao da economia brasileira. AinseroreformaspropostaspeloConsensodeWashington,foram elaboradaspolticascomafinalidadedereformaraconjunturabrasileira.Segundo Arbix (2002) eram sua grande maioriavoltadas para o estmulo ao crescimento dos meiosdeproduoprivadosedocapitalhumanoindividual,viaprivatizaesou aberturaasempresasmultinacionais.Aocorrnciadoaumentodetransaes financeiras nos ltimos anos, e para o melhor entendimento nas mudanas ocorridas noBrasildetotalimportnciacompreenderquehouveumamudanacrucialno mododefuncionamentodocapitalismocontemporneo,quefavoreceuaatividade rentista. Aspolticasdeliberalizao,dedesregulamentaoedeprivatizao implicaram nos setores da economia de pases perifricos como o Brasil. O aumento progressivodastransaesfinanceirasemtermosabsolutoseemrelaoas demaisatividadesprodutivascomoporexemploaindstriaumexemplodesse acontecimento. Desde1998,temosmaisde100pasesqueofereceramcondiesespeciais paraatraircorporaesestrangeirassegundooWorldInvestimentReportde2000 realizadopelaUNCTAD(ConfernciadasNaesUnidassobreComrcioe 10 Desenvolvimento). Algumas dessas medidas so quebra de barreiras alfandegrias, diminuio de taxas e impostos de importao, at insenes fiscais e emprstimos subsidiados e outros subsdios indiretos. Dunning (1993) caracteriza os IEDs na Amrica Latina como um investimento reativo,desegundoouterceironvel,oriundodecorporaestransnacionaisque procuramincrementaraeficinciadeseussistemasprodutivosregionais,eno aquele tipo de investimento, o de primeiro nvel, capaz de conquistar os mercados. SegundoMortimore(2000)osIEDsnaAmricaLatinanoperodo1980-1998 aumentaram sua participao o PIB de 1% par 4%. Aoanalisarmosocasobrasileironotamosqueformulou-sepolticaspblicas baseadasnarpidadesregulamentaoeaberturadesuaseconomias,como sugeridospelosestudosdeSachseWarner(1995).Essaspolticasbuscavamaa recuperaodaeficinciaeconmicaviamelhoralocaodosrecursosdeixando para os mercados atingirem o crescimento sustentado. ATabela1.abaixoelaboradapartirdedadosdoBACENmostraoaumento massivo em IEDs, e em quais setores da economia (agricultura, indstria e servios) esse aumento ocorreu com maior intensidade ao olharmos aos estoques de 1995 e 2000: Tabela 1: Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil Estoques de 1995 e 2000 Fonte: elaborado pelo autor partir de dados do BACEN Osdadosapontamparaumaenormeconcentraodeinvestimentonosetor de servios, em segundo lugar na indstria e em terceiro na agricultura. No decorrer Estoque Acumulado (Milhes de US$) Taxa de Participao (%) Estoque Acumulado (Milhes de US$) Taxa de Participao (%)Estoque de IEDs Agricultura 924,99 2,22 2401,08 2,33Estoque de IEDs Indstria 27907,09 66,93 34725,62 33,71Estoque de IEDs Servios12864,54 30,85 65887,81 63,96Estoque de IEDs no Brasil (Total)41.695,62 100,00 103.014,51 100,001995 2000DiscriminaoInvestimentos Estrangeiros Diretos no Brasil - Estoques de 1995 e 200011 dosanoshouveumadinamizaodosetordeservios,principalmenteaqueles voltados para o mercado consumidor interno. 3.2.Financeirizao na Economia Brasileira A financeirizao a consolidao de uma forma especfica de acumulao de capital baseada por girar dinheiro na esfera financeira. Segundo Hilferding (1985) oatualestgiodedesenvolvimentodasforasprodutivasquedecorredaetapa monopolista do modo de produo capitalista, em especial a mudana do papel dos bancos, que incorporam novas atribuies, devido a ampliao de seu potencial de competitividade.OsbancossegundoHilferding(1985)passamaestarligados indstriaconcedendo crdito, tanto para o capital comercial quanto para o industrial, aomesmotempoqueestabelecemvnculosmuitomaisestreitoscomosetor industrial.Essajunodocapitalbancrioaocapitalindustrial adefiniode capital financeiro, segundo a viso marxista de Hilferding (1985). Segundo Hilferding (1985) h duas situaes decorrentes: por um lado, porque ampliam-seaspossibilidadesdeinvestimento,ouseja,decrescimentoe aprimoramento da capacidade produtiva e por outro lado, porque a fragmentao da propriedade empresarial aumenta o poder de mando do grande acionista. Segundo Brunhoff(1991)esseestgiodedesenvolvimentoocapitalfinanceiroomaior responsvel por impulsionar a produo. AintegraodoBrasiledosdemaispasesperifricoslgicafinanceira ocorre em primeira instncia quando a ideologia neoliberal dita as regras da reforma econmica que ocorrer nesses pases, o Brasil adota esse conjunto de medidas de cunhoideolgiconeoliberalnochamadoConsensodeWashingtonque abordaremos mais frente. Aatribuiodeparanovasinstituiesafimdeestabelecerregraseuma postura dos Estados em fazer reformas polticas que favoream as fontes de renda 12 financeira,comoporexemplo:manterumnveldedvidapblica,formularsuas polticas de emprego, de redistribuio e de renda.Foster(2011)argumentaquepodereconmicoestavamudandodesalasde reuniescorporativasparainstituiesemercadosfinanceiros,afetandotodaa economiamundialcapitalistademaneirascomplexas,atravsdeumprocessode globalizaofinanceira.Algicaacumulativadaglobalizaofinanceirasegundo Foster (2011) tambm atinge as corporaes no financeiras. 3.3. Desindustrializao e Reprimarizao no Brasil AdesindustrializaofoiumtermodefinidoporRowtornyeRamaswany (1999) paradefiniroprocesso dereduodaparticipaodo empregonaindustria noempregototaldeumaregiooupas.Tregenna(2009)redefiniudeformamais amplaoconceitodedesindustrializao,noqualtantooempregoindustrialeo valoradicionadodaindstriasereduzemproporcionalmenteaoempregototaleo PIB.Emoutraspalavras,umaeconomianosedesindustrializaemquadrosde quedaouestagnaodaproduo,masquandoaindstriaperdeimportnciado ponto de vista da gerao de empregos em uma determinada economia. Portanto a expanso da produo industrial no comprova a inexistncia do processo. Bresser-Pereira(2008)dizqueoprocessoinstauradonopareceserfrutoda docenrioemqueaindstriaperdeespaonaturalmenteparao setordeservios (comoocorridonospasesdesenvolvidos),comooocorridoempasesde maturidadeeconmicamas deumcontextodesobreapreciaocambialede reprimarizaodapautadeexportaes.Bresser-Pereira(2008)classificaessa comoumadesindustrializaonegativa,frutodeumafalhademercadoque decorredadescobertaderecursosnaturaisescassosquepossuemumpreode mercadosuperioraocustomarginaldeproduo,deformaqueocmbioreal aprecie de forma a gerar externalidades negativas no setor de manufaturas.O grfico 1 apresenta a participao do produto da indstria de transformao sobre o produto interno bruto nacional: 13 Grfico 1: Participao daProduto da Indstria de Transformao no Produto Interno Bruto 1994 2009 Fonte: elaborado pelo autor partir de dados do IBGE A perspectiva de Kaldor (1964) indicauma perda de dinamismo econmico no BrasileSonaglio(2011)apontaaaberturacomercialdoniciodadcadade90 como uma possvel causa para o fato evidenciado. Bresser-Pereira(2007)destacaquenospasesemdesenvolvimento,comoo Brasilsobreapreciamataxadecmbiodevidofatorescomoadependncia financeira(altarentabilidadefinanceiranospasesemdesenvolvimento)dadoo diferencial entre juro domstico e internacional afetando o cmbio (usado como anti-inflacionria)somadosaocrescimentodapoupanaexternanospases desenvolvidos implicar em dficts no Balano de Pagamentos. Essecenriodeoscilaesdastaxascambiaisnegativoparaa competitividadedopasfrenteindstriaexterna,oefeitodeapreciaocambial afetaaseconomiasabertasdeformaareduzirasimportaessegundoDavidson (2002apudArajo,2009).Nocasobrasileiroissoprovocouaespecializaoem atividades de baixo valor agregado e exportaes de baixa elasticidade-renda, como mostraoestudodeCarvalhoeLima(2009)ondeasimportaesapresentaram maiorelasticidade-rendaqueasexportaes,oqueocasionouemperdade dinamismo do crescimento brasileiro. 32,50% 35,00% 37,50% 40,00% 42,50% 45,00% 47,50% 50,00% 52,50% 55,00% 57,50% 60,00% 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 14 Kaldor(1967)analisaoprogressotecnolgico,ondeolearningbydoing propostoporArrow(1962)maisconstantenosetorindustrial,doqueemoutros, comonocasodaagricultura.SegundoSonaglio(2011)aumenta-searelao capital-produto no sentido de reduzir o emprego, apesar de que o produto no est sereduzindo.Sonaglio(2011)sugerequecresceaparticipaodemanufaturas menos intensivo em trabalho e em inovao tecnolgica. Combasenocenriodeperdaderepresentatividadedosetorde transformaoapresentamososdadosreferentesaoemprego.Ogrfico2abaixo apresentaaparticipaodoempregodaindstriadetransformaonoemprego total: Grfico 2: Participao do Emprego Industrial no Emprego Total 1994 2013 Fonte: elaborado pelo autor partir de dados do RAIS (Registro Anual de Informaes Sociais) do MTE Cruzetal.(2007)evidenciaqueodinamismodosetorexportadorrefleteos setoresmaiscompetitivosdecadaeconomiaeasmudanasnapautaexportador refletem na dinmica econmica. Esse quadro de mudanas acarretou na perda de representatividadeemempregosdesegmentosmaisdinmicosedemaior intensidade tecnolgica. Verdoorn(1949)expeumarelaodiretaepositiva,quedizrespeitoao crescimentodaprodutividadeindustrialeaocrescimentodoPIB,demodoque quanto maior for a produtividade industrial, tambm maior ser o PIB.A exportao 15 desses bens manufaturados e o crescimento do PIB tambm possuem uma relao direta, quanto maior a taxa de crescimento da exportao desse tipo de bem, maior ser o crescimento do PIB. Esse modelo chamado de export-led growth. O processo de reprimarizao o processo onde a pauta exportadora passa porumainversoquevainadireodaexportaodecommodities,produtos primriosebensmanufaturadosdebaixovaloradicionadoebaixocontedo tcnolgico,ouseja,h umareversodapautaexportadoracomodestacam OreiroeFeij(2010)decorrentedeumaexternalidadenegativanosprodutos manufaturados. O grfico abaixo expe a trajetria da participao industrial nas exportaes e importaes. Grfico 3: Participao das Exportaes e Importaes Industriais e No Industriais 1996 2013 Fonte:elaboradopeloautorpartirdedadosdoDEAX(DepartamentodeEstatsticaeApoio Exportao) do MDIC A trajetria crescente registrada na exportao de bens no industriais em com conjuntocomatrajetriadecrescentedeexportaodosbensindustriaisaponta paraareprimarizaodapautaexportadora.Sonaglio(2011)destacaaperdade dinamismodosetorexternoeaespecializaoembensdebaixaintensidade tecnolgicaeintensivosemrecursosnaturais.OestudodeOreiroeFeij(2010) 0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0% EXPORTAO BENS INDUSTRIAISIMPORTAO BENS INDUSTRIAIS EXPORTAO BENS NO INDUSTRIAISIMPORTAO BENS NO INDUSTRIAIS 16 indicaqueosetordebaixaintensidadetecnolgicasemantevecompetitivo enquanto que os de alta e mdia intensidade se tornaram menos expressivos. 4.OBJETIVOS Oobjetivoprincipaldoprojetomostrarcomoemumcontextode globalizao o Brasil ainda perpetua as relaes de dependncia com as economias centrais. O setor de comrcio exterior proporciona integrao com as outras naes epasesqueorientarampolticasparafortalecerosetorpormeiodeexportaes obtiveram maior crescimento. O trabalho evidencia a superexplorao do trabalho de modo que as foras produtivasnacionaisforamorientadasealienadasparaatividadesdebaixo progressotcnicoefechadaparaaseconomiasestrangeirasemsetoresdebaixa competitividade.Aaberturadaeconomiabrasileiraocorreuemsetorespouco produtivos,comoocomrcio,osfinanceiros,eosrelacionadosasatividades primrias.

5.JUSTIFICATIVA Aimportnciadocomrcioexteriorquejfoievidenciadaporumagamade autoresdaeconomiaeocasodospasescentraismostracomooprogressodas forasprodutivasfoipositivoparaoempregoeoprodutodeles.Aoanalisaras relaesdedependnciadanossaeconomiacomaseconomiasestrangeiras centrais fica evidente que a forma que o Brasil decidiu inserir-se na economia global no contexto da globalizao foi equivocada em muitos aspectos. OreferencialtericoutilizadopelaTeoriadaDependnciaemconjuntocom as novas teorias econmicas desenvolvidas e a possibilidade deutilizar a busca de dadospossibilitaanalisarosdemaissetoreseconmicos,noapenasocomrcio exterior como proposto no trabalho. 17 6. METODOLOGIA Ametodologiadotrabalhobuscasustentarashipteseseatenderoobjetivo doprojetoqueconsisteemanalisardesempenhodosetorcomercialnoBrasil.O setor comercial depende do desenvolvimento das foras produtivas e admitimos sua dependnciadadinmicacapitalistadosgrandescentros.Foramutilizadosdados sobre os IEDs no Brasil retirados das bases do BACEN. AdivisosocialdotrabalhosegundoMarx(1974)desenvolverasforas produtivasmateriaisdedeterminadaorganizaosocial,eodesenvolvimentodo nvel de produtividade resultar em apropriao e acumulao.As foras produtivas so definidas segundo Marx (1974) como a relao entre fora de trabalho humana comosmeiosdeproduo.Assimescolhemosanalisarosdadosdotrabalhoedo produto extrados do MTE e do IBGE respectivamente. E os transbordamentos das forasprodutivas(destacandoaindstria)sobocomrcioexteriorpodemser observados atravs dos dados do MDIC. 7.CRONOGRAMA O perodo proposta para o projeto de 1 ano comeando partir de janeiro de 2015 e encerrando-se em Dezembro de mesmo ano. Tabela 2: Cronograma do Projeto Fonte: elaborado pelo autor REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ALMEIDA,Paulo Roberto.As Relaes Econmicas Internacionais doBrasil dos anos 1950 aos 80. Revista Brasileira Poltica Internacional, 2007, pg. 60-79. Ms Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubro NovembroDezembroReviso BibliogrficaAnlise de Dados18 ARAJO, E. Volatilidade cambial e crescimento econmico em economias emergentes. In: Anais do II Encontro Internacional da Associao Keynesiana Brasileira Porto Alegre, RS, set/2009. ARBIX,Glauco.Daliberalizaocegadosanos90construoestratgicadodesenvolvimento. Tempo Social; Rev. Sociologia USP, So Paulo, Maio de 2002. ARROW,Kenneth.TheEconomicImplicationsofLearningByDoing,ReviewofEconomicStudies 29(3), 1962. BRESSER-PEREIRA, Lus Carlos.The Dutch Disease and Its Neutralization: a Ricardian Approach, Revista de Economia Poltica, Vol. 28, N.1, 2008. BRUNHOFF, Suzane de. A hora do mercado: crtica do liberalismo . 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