polÍtica e gestÃo da educaÇÃo bÁsica, pÓs … · escolares no rio de janeiro: qual gestÃo...

596
POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA, PÓS-OBRIGATÓRIA E DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

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  • POLTICA E GESTO DA EDUCAO BSICA,

    PS-OBRIGATRIA E DA EDUCAO SUPERIOR

  • Joo Ferreira de Oliveira

    (Organizador)

    POLTICA E GESTO DA EDUCAO BSICA,

    PS-OBRIGATRIA E DA EDUCAO SUPERIOR

    Srie Anais do VI Congresso Ibero-Americano de Poltica e Administrao da Educao

    e IX Congresso Luso-Brasileiro de Poltica e Administrao da Educao

    ANPAE

  • A ANPAE

    Presidente

    Joo Ferreira de Oliveira

    Vice-presidentes

    Sudeste Marcelo Soares Pereira da Silva

    Nordeste Luciana Rosa Marques

    Centro-Oeste Regina Tereza Cestari de Oliveira

    Sul Elton Luiz Nardi

    Norte Terezinha Ftima Andrade Monteiro dos Santos

    Diretores

    Diretor Executivo Erasto Fortes Mendona

    Diretor Secretrio Pedro Ganzeli

    Diretor de Projetos Especiais Leda Scheibe

    Diretora de Publicaes Maria Dilnia Espndola Fernandes

    Diretor de Pesquisa ngelo Ricardo de Souza

    Diretora de Intercmbio Institucional Aida Maria Monteiro Silva

    Diretora de Cooperao Internacional Mrcia ngela Aguiar

    Diretora de Formao e Desenvolvimento Maria Vieira da Silva

    Diretora Financeira Catarina de Almeida Santos

    Editoras

    Editora Lcia Maria de Assis

    Editora Associada Daniela da Costa Britto Pereira Lima

    Conselho fiscal

    Janete Maria Lins de Azevedo

    Miriam Fbia Alves

    Romualdo Luiz Portela de Oliveira

    Seo de estado diretores e vice-diretores

    Bahia

    Diretora: Emlia Peixoto Vieira

    Vice-diretora: Antnia Almeida Silva

  • Distrito Federal

    Diretora: Adriana Almeida Sales de Melo

    Vice-diretora: Natalia de Souza Duarte

    Esprito Santo

    Diretora: Caroline Falco Fernandes Valpassos

    Vice-diretor: Itamar Mendes da Silva

    Gois

    Diretora: Karine Nunes de Moraes

    Vice-diretora: Cllia Brando Alvarenga Craveiro

    Mato Grosso do Sul

    Diretora: Carina Elisabeth Maciel

    Vice-diretora: Vilma Miranda de Brito

    Minas Gerais

    Diretora: Lcia de Ftima Valente

    Vice-diretora: Maria Simone Ferraz Pereira Moreira Costa

    Par

    Diretora: Ney Cristina Monteiro de Oliveira

    Vice-diretora: Maria Auxiliadora Maus de Lima Arajo

    Paraba

    Diretor: Luiz de Sousa Junior

    Vice-diretora: Andreia Ferreira da Silva

    Paran

    Diretora: Adriana Dragone Silveira

    Vice-diretora: Simone de Ftima Flash

    Pernambuco

    Diretor: Edson Francisco de Andrade

    Vice-diretor: Jos Amaro Barbosa da Silva

    Rio de Janeiro

    Diretor: Jorge Nassim Vieira Najjar

    Vice-diretora: Maria Celi Chaves Vasconcelos

    Rio Grande do Norte

    Diretora: Rute Regis de Oliveira da Silva

    Vice-diretora: Luciane Terra dos Santos Garcia

    Rio Grande do Sul

    Diretor: Juca Gil - [email protected]

    Vice-diretora: Elena Maria Billig Mello

    Santa Catarina

    Diretora: Marilda Pasqual Schneider

    Vice-diretor: Marcos Edgar Bassi

    So Paulo

    Diretora: Graziela Zambo Abdian

    Vice-diretora: Teise de Oliveira Guaranha Garcia

    Tocantins

    Diretora: Rosilene Lagares

    Vice-diretora: Mnica Aparecida da Rocha

  • Conselho deliberativo

    Presidente, Vice-Presidentes e Diretores das Sesses Estaduais mais ex-Presidente da gesto anterior.

    ORGANIZAO DO EVENTO

    Comisso organizadora nacional

    Joo Ferreira de Oliveira (UFG)

    Daniela da Costa Britto Pereira Lima (UFG)

    Lcia Maria de Assis (UFG)

    Christiane Fagundes Guimares Pereira (UFG) Secretria

    Leila Cristina Borges (UFG) Secretria

    Samra Assuno Valles Jorge (UFG) Secretria

    Comit cientfico

    Brasil

    Daniela da Costa Britto Pereira Lima (UFG)

    Elton Luiz Nardi (UNOESC)

    Joo Ferreira de Oliveira (UFG)

    Lcia Maria de Assis (UFG)

    Luciana Rosa Marques (UFPE)

    Mrcia ngela Aguiar (UFPE)

    Marcelo Soares Pereira da Silva (UFU)

    Regina Tereza Cestari de Oliveira (UCDB)

    Terezinha Ftima Andrade M. dos Santos Lima (UFPA)

    Espanha

    Alfonso Fernndez Martnez (Inspeccin de Educacin. Pas Vasco)

    Carmen Romero Urea (Universidad de Valladolid)

    Daniel Rodrguez Arenas (Universidad de Castilla-La Mancha, Facultad de educacin de Toledo)

    Jos Manuel Cabada lvarez (Presidente de laAsociacinEspaola para laEducacin Especial)

    Jos Ramn Blas Pastor (Doctor em Biologa y Profesor de Enseanza Secundaria).

    Josep Serentill Rubio (Inspeccin de Educacin. Catalunya)

    Juan Salam Sala (UNED, Universidad Nacional de Educacin a Distancia)

    Maradel Pilar Alonso Duarte (Psicopedagoga enel EOEP especfico de deficiencia auditiva de

    Cceres)

    Pedro NavareoPinadero (Responsable de implementacindel sistema escalae)

    Santiago EstanVanacloig (Consejera de Educacin. Gobierno de Valencia)

    Santiago Esteban Frades (Universidad de Valladolid)

  • Portugal

    Ana Maria Seixas (Universidade de Coimbra)

    Antnio Neto Mendes (Universidade de Aveiro)

    Elisabete Ferreira (Universidade do Porto)

    Joo Barroso (Universidade de Lisboa)

    Jorge Adelino Costa (Universidade de Aveiro)

    Licnio Lima (Universidade do Minho)

    Maria de Ftima Choro Cavaleiro Sanches (Universidade de Lisboa)

    Mariana Dias (Instituto Politcnico de Lisboa)

    Lus Miguel Carvalho (Universidade de Lisboa)

    Sofia Viseu (Universidade de Lisboa)

    Virgnio S (Universidade do Minho)

    Pareceristas ad hoc

    Adriana Bauer (FCC)

    Ana Maria De Albuquerque Moreira

    Carina Elisabeth Maciel (UFMS)

    Catarina de Almeida Santos (UnB)

    Cleiton de Oliveira (UNIMEP)

    Daniela da Costa Britto Pereira Lima (UFG)

    Edilene da Rocha Guimares (IFPE)

    Elisngela Alves da Silva Scaff (UFGD)

    Elton Luiz Nardi (UNOESC)

    Erasto Fortes Mendona (UnB)

    Giselle Cristina Martins Real

    Jefferson Mainardes (UEPG)

    Joo Ferreira de Oliveira (UFG)

    Joo Roberto Resende Ferreira (UEG)

    Karine Nunes de Moraes (UFG)

    Lisete Regina Gomes Arelaro (USP)

    Lcia Maria de Assis (UFG)

    Maria da Salete Barboza de Farias (UFPB)

    Maria de Ftima Cssio (UFPEL)

    Maria Jos Pires Barros Cardozo (UFMA)

    Marlia Fonseca (UNB)

    Marlene Barbosa de Freitas Reis (UEG)

    Miguel Henrique Russo (UNICID)

    Raimundo Luiz Silva Arajo (UNB)

    Sandra Maria Zkia Lian de Souza (USP)

  • Selma Borghi Venco (UNICAMP)

    Simone de Ftima Flach (UFSCar)

    Suelaynne Lima da Paz (UEG)

    FICHA CATALOGRFICA

    OL48p

    Poltica e gesto da educao bsica, ps-obrigatria e da educao

    superior. - Srie Anais do VI Congresso Ibero-Americano de Poltica

    e Administrao da Educao e IX Congresso Luso-Brasileiro de

    Poltica e Administrao da Educao, Organizao: Joo Ferreira

    de Oliveira [Livro Eletrnico]. Recife: ANPAE, 2018.

    ISBN: 978-85-87987-10-5

    Formato: PDF, 594 pginas

    1. Educao. 2. Poltica Educacional. 3. Gesto. 4. Anais I.

    Oliveira, Joo Ferreira. II. Ttulo. III. Srie

    CDU 37.01/49(06)

    CDD 378

    Organizador

    Joo Ferreira de Oliveira

    Servios Editoriais

    Carlos Alexandre da Lapa Aguiar

    Christiane Fagundes Guimares Pereira

    Capa: Fragmentos de azulejos de obras de Antoni Gaud em Barcelona, Catalunha.

    Endereo da Anpae

    Campus UnB, S/N, Faculdade de Educao, Asa Norte, CEP: 70.310-500, Brasilia-DF/Brasil

    Sede da Presidncia

    Faculdade de Educao/UFG, Espao do Nedesc

    Rua 235, Setor Universitrio, CEP: 74605-050, Goinia-GO/Brasil

    Telefone da sede

    +55 62 3209-6220

    E-mail da Anpae

    [email protected]

    Site da Anpae

    www.anpae.org.br

    http://www.anpae.org.br/

  • SUMRIO

    APRESENTAO

    Joo Ferreira de Oliveira

    23

    POLTICA E GESTO DA EDUCAO BSICA E

    PS-OBRIGATRIA

    I - MOVIMENTO TERICO DA ADMINISTRAO ESCOLAR NO BRASIL:

    ALGUMAS CONSIDERAES

    Alda Junqueira Marin e Sandra Maria Sanches

    25

    II - PRINCPIOS DE GESTO DEMOCRTICA: DEMARCAES EM

    NORMAS DE SISTEMAS MUNICIPAIS DE ENSINO DE SANTA CATARINA

    BRASIL

    Aline Bettiolo dos Santos e Elton Luiz Nardi

    29

    III - ESCOLA EXPERIMENTAL, PBLICA E BILNGUE NO MUNICPIO

    DO RIO DE JANEIRO E O CONTEXTO DA PRTICA DA GESTO

    ESCOLAR

    Aline Miranda Fonseca e Daniela Patti do Amaral

    33

    IV - A PARTICIPAO DO CONSELHO ESCOLAR NA AMPLIAO DO

    TEMPO DISCENTE: O PROGRAMA MAIS EDUCAO EM FOCO

    Amanda Moreira Borde

    37

    V - POLTICAS EDUCACIONAIS: NUANCES DA PROPOSTA DO NOVO

    ENSINO MDIO

    Ana Lara Casagrande, Silvia Maria dos Santos Stering e Joyce Mary Adam

    41

    VI - OPES POLTICOINSTITUCIONAIS DE GESTO DEMOCRTICA

    EM SISTEMAS MUNICIPAIS DE ENSINO

    Ana Paula da Motta e Marilda Pasqual Schneider

    45

  • VII - PLANOS MUNICIPAIS DE EDUCAO: IMPASSES NA GESTO

    DEMOCRTICA DA EDUCAO BSICA

    Angela Maria Martins

    49

    VIII - POLTICAS E GESTO DA EDUCAO NO BRASIL:

    APROXIMAES COM VISTAS AO ESTADO DO CONHECIMENTO (1998

    A 2015)

    ngelo Ricardo de Souza

    53

    IX - A EDUCAO INTEGRAL EM ANISIO TEIXEIRA E DARCY RIBEIRO:

    APROXIMAES E DISTANCIAMENTOS COM A PEDAGOGIA

    HISTRICO CRTICA DE DERMEVAL SAVIANI

    Anselmo Alencar Colares

    57

    X - PESQUISA NA PS-GRADUAO NO BRASIL: TENDNCIAS E

    CARACTERSTICAS

    Antonia Almeida Silva e Mrcia Aparecida Jacomini

    61

    XI - GESTO ESCOLAR E SUBJETIVIDADE: APREENSES

    HABERMASIANAS

    Arilene Maria Soares de Medeiros

    65

    XII - EFICCIA DA INSTRUO AMBIENTAL EM INSTITUIES DE

    EDUCAO PROFISSIONAL

    Aurlio Ferreira Borges Maria dos Anjos Cunha Silva Borges

    69

    XIII - ORIENTAO PEDAGGICA NO MUNICPIO DE QUEIMADOS (RJ):

    DEMOCRATIZAO DA GESTO ESCOLAR

    Bethania Bittencourt Costa e Silva

    76

    XIV - OFERTA DE EDUCAO INFANTIL NO BRASIL NAS LTIMAS

    DUAS DCADAS

    Bianca Correa e Jos Marcelino de Rezende Pinto

    80

    XV - COMITS DE EDUCAO INTEGRAL: A CONSTRUO DE REDES

    COLABORATIVAS PARA A EDUCAO (EM TEMPO) INTEGRAL

    Carlos Antnio Diniz Jnior e Janana Specht da Silva Menezes

    85

  • XVI - PANORAMA DA EDUCAO OBRIGATRIA PARA AS CRIANAS

    DE QUATRO E CINCO ANOS ENTRE 2009 E 2014 EM 16 MUNICPIOS DA

    MICRORREGIO DE RIBEIRO PRETO

    Caroline Barreto Brunelli Barbosa

    89

    XVII - A ESCOLA CONFESSIONAL NO BRASIL E EM PORTUGAL: O

    DESAFIO DE PRESERVAR A MISSO E O DESENVOLVIMENTO DE

    VALORES NA MODERNIDADE UM ESTUDO NA REDE MARISTA DE

    EDUCAO

    Ceciliany Alves Feitosa

    94

    XVIII - A TRAJETRIA DE EXPANSO DE UMA POLTICA PBLICA:

    REDE FEDERAL DE EDUCAO PROFISSIONAL NO BRASIL

    Cintia Tavares do Carmo

    98

    XIX - GESTO DEMOCRTICA PARA UMA ESCOLA APRENDENTE

    Claudia Gomes Coelho Campos e Adriana Valria Santos Diniz

    102

    XX - A (NO) GARANTIA DO DIREITO EDUCAO NO BRASIL: O QUE

    REVELAM OS DADOS DE 2016?

    Cristiane Machado, Pedro Ganzeli e Andria Silva Abbiati

    106

    XXI - GESTO ESCOLAR PBLICA: A VISO DE DIRETORES

    ESCOLARES SOBRE CARACTERSTICAS IMPORTANTES PARA O

    CARGO

    Cristiane Regina Dourado Vasconcelos e Ione Oliveira Jatob Leal

    110

    XXII - A CONSTRUO NORMATIVA DO TERCEIRO SETOR NO BRASIL:

    A PARCERIA PBLICO-PRIVADA E A DEMOCRATIZAO DA

    EDUCAO

    Daniela de Oliveira Pires

    116

    XXIII - MRITO E DESEMPENHO NA SELEO DOS DIRETORES

    ESCOLARES NO RIO DE JANEIRO: QUAL GESTO DEMOCRTICA?

    Daniela Patti do Amaral

    120

    XXIV - GESTO DE SISTEMAS E A EDUCAO NO ESTADO DO PAR:

    DESAFIOS EM PAUTA

    Dinair Leal da Hora

    124

  • XXV - A UNIVERSALIZAO DO VOTO DOS ESTUDANTES NA ELEIO

    DE DIRETORES NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE

    MUNICIPAL DE EDUCAO DE VITRIA-ES

    Eduardo Augusto Moscon Oliveira e Charla Barbosa de Oliveira Macedo de

    Campos

    129

    XXVI -A COORDENAO PEDAGGICA E A GESTO DEMOCRTICA

    NA ESCOLA

    Elenise Pinto de Arruda e Maria Llia Imbiriba Sousa Colares

    132

    XXVII - GESTO E EDUCAO EM TEMPO INTEGRAL NO BRASIL:

    APROXIMAES E DISTANCIAMENTOS DO PROGRAMA MAIS

    EDUCAO E A GESTO DEMOCRTICA

    Elisangela da Silva Bernado

    136

    XXVIII - ACCOUNTABILITY NA EDUCAO BSICA BRASILEIRA:

    PERCEPES DE GESTORES ESCOLARES SOBRE PRESTAO DE

    CONTAS E RESPONSABILIZAO

    Elton Luiz Nardi e Marilda Pasqual Schneider

    140

    XXIX - EDUCAO INFANTIL NOS MUNICPIOS DO TERRITRIO

    LITORAL SUL DA BAHIA: ORGANIZAO E DESAFIOS

    Emilia Peixoto Vieira e Andria Ferreira da Silva

    145

    XXX - O PAPEL DO DIRETOR ESCOLAR NA GESTO DEMOCRTICA E

    PARTICIPATIVA

    Everton Henrique de Souza e Rafael Gila Gomes

    149

    XXXI - HOMESCHOOLING NO BRASIL E NA ESPANHA: ENSINO

    MARGEM DO SISTEMA OU ALTERNATIVA ESCOLARIZAO

    OBRIGATRIA?

    Fabiana Ferreira Pimentel Kloh

    153

    XXXII - AMPLIAO DA JORNADA ESCOLAR: A VISO DAS

    DIRETORAS

    Fabio Brandolin, Antonio Jorge Gonalves Soares e Daniela Patti do Amaral

    157

  • XXXIII - A GESTO DEMOCRTICA NOS PLANOS MUNICIPAIS DE

    EDUCAO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    Felipe de Souza Arajo, Simone do Valle Galvo e Bethania Bittencourt Costa e

    Silva

    161

    XXXIV - GESTO ESCOLAR: TENDNCIAS DA PRODUO COM VISTAS

    A UM ESTADO DO CONHECIMENTO (1998 A 2015)

    Gabriele Ferreira Barbosa

    165

    XXXV - ENSINO FUNDAMENTAL: O QUE NELE FUNDAMENTAL?

    Graziela Zambo Abdian

    170

    XXXVI - A EDUCAO INTEGRAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS:

    ANLISE DA POLTICA

    Jacqueline de Sousa Batista Figueiredo

    174

    XXXVII - O PROCESSO DE ESCOLHA DOS DIRETORES ESCOLARES

    RUMO AO ALCANCE DA META 19 DO PLANO NACIONAL DE

    EDUCAO

    Janete Palazzo e Gabriela Sousa Rgo Pimentel

    178

    XXXVIII - O TRABALHO DOCENTE EM MEIO A GRANDE

    TRANSFORMAO DO CAPITALISMO CONTEMPORNEO

    Joo Batista Silva dos Santos

    183

    XXXIX - OS EMPRESRIOS E A EDUCAO E(M) TEMPO INTEGRAL

    Jorge Najjar, Karine Morgan e Marcelo Mocarzel

    187

    XL - EDUCAO INTEGRAL DE TEMPO INTEGRAL: O PROGRAMA

    MAIS EDUCAO

    Jos Nildo Oliveira Soares

    191

    XLI - INSTITUCIONALIZAO DA EaD NO INSTITUTO FEDERAL

    GOIANO

    Joseany Rodrigues Cruz e Daniela da Costa Britto Pereira Lima

    195

    XLII - PLANO NACIONAL DE EDUCAO (PNE) E A VALORIZAO DOS

    (AS) PROFISSIONAIS DA EDUCAO: DESAFIOS PARA AVALIAO E

    MONITORAMENTO

    Ktia Augusta Curado Pinheiro Cordeiro da Silva

    199

  • XLIII - UM ESTUDO SOBRE A EDUCAO AMBIENTAL INSERIDA NO

    PROGRAMA MAIS EDUCAO, A PARTIR DO RELATO DE UMA

    EXPERINCIA DE EDUCADORES

    Leandro Sales Esteves

    206

    XLIV - O PAPEL DE RGOS COLEGIADOS NA DEFINIO DAS

    PARCERIAS ENTRE A EDUCAO PBLICA E O SETOR PRIVADO EM

    MUNICPIOS DO OESTE DE SANTA CATARINA (BRASIL)

    Liane Vizzotto e Berenice Corsetti

    210

    XLV - A PRESENA DE ATORES PRIVADOS REDEFININDO O ESTADO:

    ESTUDO SOBRE A EDUCAO EM MINAS GERAIS/BRASIL

    Liege Coutinho Goulart Dornellas

    214

    XLVI - AES E RELAES SOCIAIS NA REGULAO E

    IMPLEMENTAO DO SISTEMA NACIONAL DE EDUCAO

    Lilian Marques Freguete, Rosenery Pimentel do Nascimento e Rodrigo Ferreira

    Rodrigues

    217

    XLVII - DIREITO EDUCAO BSICA NO BRASIL: O PERMANENTE

    PROCESSO DE AFIRMAO COMO UM DIREITO DE ESTUDAR E DE

    APRENDER

    Luciana Cordeiro Limeira e Clio da Cunha

    221

    XLVIII - FEDERALISMO BRASILEIRA E AS INFLUNCIAS NO

    CONTEXTO DA EDUCAO

    Luciana P. S. Lopes e Roberta C. Gobi

    230

    XLIX - POLTICAS PBLICAS DE EDUCAO: RETROCESSOS EM

    TEMPO DE CRISE

    Luclia Augusta Lino e Maria da Conceio Calmon Arruda

    230

    L - O ENSINO TCNICO NO CONTEXTO DO ESTADO CAPITALISTA:

    (NEO)TECNICISMO DESVELADO NA POLTICA E NA GESTO DA

    EDUCAO PROFISSIONAL

    Lus Carlos Ferreira, Andr Machado Barbosa e Leonardo Santana da Silva

    234

  • LI - HORIZONTALIDADE NA CENA POLTICA: A GESTO

    DEMOCRTICA E O MOVIMENTO DE OCUPAO DOS JOVENS NAS

    ESCOLAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO EM 2016

    Marcela Castro

    239

    LII - SISTEMA NACIONAL DE EDUCAO E RELAES

    INTERFEDERATIVAS NO CONTEXTO BRASILEIRO: UMA ANLISE A

    PARTIR DE MARCOS LEGAIS NACIONAIS

    Marcelo Soares Pereira da Silva

    243

    LIII - A REFORMA DO ENSINO MDIO INSTITUDA PELA LEI

    13.415/2017: DILEMAS E EVIDNCIAS

    Marcilene Pelegrine Gomes

    246

    LIV - DIRETOR ESCOLAR: CONCEPO DE GESTO E NOVAS

    ATRIBUIES

    Maria Abdia da Silva

    250

    LV - A POLTICA DE EDUCAO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA

    EDUCAO INCLUSIVA: DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS GESTORES

    DO MUNICPIO DE TUCANO BAHIA

    Maria Conceio Pimentel dos Santos

    254

    LVII - REDES POLTICAS E AS PARCERIAS PBLICO-PRIVADAS NO

    ESTADO DO RS

    Maria de Ftima Cssio

    262

    LVIII - PROJETOS DE CORREO DE FLUXO E COMPLEXIDADE DA

    GESTO ESCOLAR: DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAO DA

    POLTICA

    Maria de Ftima Magalhes de Lima

    266

    LIX - O PLANO NACIONAL DE FORMAO DOCENTE: O DESAFIO PARA

    UMA UNIVERSIDADE NOVA

    Maria de Ftima Sousa Lima

    270

    LX - AS REFORMAS EDUCATIVAS NO BRASIL DOS ANOS 1990:

    REPERCUSSO HISTRICA PARA O MODELO DE GESTO ESCOLAR

    DEMOCRTICA

    Maria Eliana Alves Lima e Antnio Neves Duarte Teodoro

    274

  • LXI - BUROCRACIA DE NVEL DE RUA NO CAMPO DA EDUCAO

    Maria Elizabete Ramos

    278

    LXII - PLANEJAMENTO PEDAGGICO NO BRASIL: CONSENSOS E

    CONTRADIES

    Maria Juliana Chaves de Sousa e Maria Santana de Araujo

    282

    LXIII - CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAO: O ENFRENTAMENTO

    AO RACISMO NO BRASIL

    Maria Santana de Araujo

    286

    LXIV - PROJETO POLTICO-PEDAGGICO: IDEOLOGIA E UTOPIA

    Maria Zlia Borba Rocha e Shayane Cristina Moraes

    289

    LXV - A REFORMA DO ENSINO MDIO: UM DEBATE QUE ESCONDE A

    VOLTA PARA UM ELITISMO EDUCACIONAL

    Maringela Bairros e Patrcia Marchand

    293

    LXVI - GESTO EDUCACIONAL E EDUCAO INFANTIL: UM BALANO

    DA PRODUO ACADMICA - 2008/2016

    Mariclia de Souza Pereira Moreira, Emilia Peixoto Vieira e Sarah Santana

    Nascimento

    397

    LXVII - O PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA E A GESTO DA

    ESCOLA MUNICIPAL

    Mary Sylvia Miguel Falco e Camille Aparecida de Miranda Cordeiro Bizzon

    301

    LXVIII - REFORMA DO ENSINO MDIO NO BRASIL: LEGITIMAO DA

    PRECARIZAO EM NOME DA FLEXIBLIDADE

    Mateus Saraiva, Angela Chagas e Maria Beatriz Luce

    305

    LXIX - PLANO MUNICIPAL DE EDUCAO DE MIRACEMA DO

    TOCANTINS-BRASIL: FRAGILIDADES NA IMPLEMENTAO DA

    EDUCAO INFANTIL (2015 2016)

    Meire Lcia Andrade da Silva, Rosilene Lagares e Adaires Rodrigues de Sousa

    309

    LXX - VALORIZAO DOCE NTE EM MUNICPIOS PARANAENSES

    BRASIL

    Michelle Fernandes Lima, Simone de Ftima Flach e Gisele Masson

    313

  • LXXI - EDUCAO, IDEOLOGIA E POLTICA: POSSVEL UMA

    EDUCAO NEUTRA?

    Miguel Henrique Russo

    317

    LXXII - EDUCAO DO CAMPO E NUCLEAO DE ESCOLAS RURAIS

    EM FEIRA DE SANTANA BA

    Milena de Lima Mascarenhas e Antonia Almeida Silva

    321

    LXXIII - PROJETO DE EDUCAO PARA AS JUVENTUDES OU

    DESMONTE DO ENSINO MDIO? A REFORMA DO ENSINO MDIO NO

    BRASIL

    Miriam Fbia Alves

    325

    LXXIV - CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAO DE MATO GROSSO SUL

    NA DEFINIO DE POLTICAS PARA A EDUCAO BSICA: ANLISE

    DOCUMENTAL

    Nadia Bigarella e Regina Tereza Cestari de Oliveira

    328

    LXXV - JUSTIA NA EDUCAO: A POLTICA DE COTAS NO IFRJ

    Naira Muylaert

    332

    LXXVI - INTERDEPENDNCIA COMPETITIVA ENTRE ESCOLAS E

    GESTO ESCOLAR NUM TERRITRIO VULNERVEL

    Natlia Tripoloni Tangerino Silva, Vanda Mendes Ribeiro e Srgio Santos Silva

    Filho

    337

    LXXVII - REFORMAS NA EDUCAO BSICA NO ESTADO DO

    TOCANTINS: O ENSINO MDIO EM FOCO

    Neila Nunes de Souza e Mauricio Alves da Silva

    341

    LXXVIII - POR UMA GESTO DEMOCRTICA: A PARTICIPAO DO

    CONSELHO ESCOLA-COMUNIDADE NA REDE MUNICIPAL DO RIO DE

    JANEIRO SOB O PRISMA DA ESCOLA COMO ORGANIZAO

    EDUCATIVA

    Pamela Maria do Rosrio Mota

    345

    LXXIX - GESTO DEMOCRTICA DA EDUCAO BSICA: PERFIL DAS

    PUBLICAES EM PERIDICOS BRASILEIROS DA REA DA

    EDUCAO (1996-2015)

    Paula Fernanda Silveira Boiago e Elton Luiz Nardi

    349

  • LXXX - EDUCAO INTEGRAL NA REDE MUNICIPAL DE CAMPINAS/SP

    E O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO

    Pedro Ganzeli e Rosane Garcia Dorazio Nogueira

    354

    LXXXI - DEMOCRATIZAO DA GESTO PBLICA DA EDUCAO:

    CONTRIBUIO AO DEBATE A PARTIR DA LEGISLAO DE

    MUNICPIO PARAENSE

    Raimundo Sousa e Terezinha F. A. M. dos Santos

    358

    LXXXII - O PROGRAMA CRIANA FELIZ: SUPERAO DAS

    DESIGUALDADES?

    Roberta C. Gobi e Luciana P. S. Lopes

    362

    LXXXIII - BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: CONSEQUNCIAS

    DA SUA ADOO PARA A ORGANIZAO E ADMINISTRAO

    ESCOLAR

    Roberta Gurgel Azzi e Miguel Henrique Russo

    366

    LXXXIV - ARENA DE DISPUTA PELO REGIME DE COLABORAO, A

    ATUAO DE AGENTES DE INTERESSE PRIVADO

    Rodrigo Ferreira Rodrigues

    370

    LXXXV - O FEDERALISMO E A POLTICA PBLICA PARA A EDUCAO

    PROFISSIONAL E TECNOLGICA A DISTNCIA: O MAPA DE

    PROCESSOS E RESULTADOS DA REDE E-TEC BRASIL

    Rodrigo Lima de Oliveira

    374

    LXXXVI - A COMPETNCIA SOCIAL NAS VOZES DAS CRIANAS E O

    DIREITO EDUCAO INTEGRAL E INTEGRADA

    Romilson Martins Siqueira

    379

    LXXXVII - EFEITOS DA POLTICA EDUCACIONAL PORTUGUESA SOBRE

    O TRABALHO DOCENTE

    Rosngela Cely Branco Lindoso e Ana Lcia Felix dos Santos

    383

    LXXXVIII - SISTEMAS MUNICIPAIS DE ENSINO E GESTO

    DEMOCRTICA NO ESTADO DO TOCANTINS-BRASIL: NORMAS E

    OPES POLTICO-INSTITUCIONAIS

    Rosilene Lagares, Meire Lcia A. da Silva e Adaires Rodrigues de Sousa

    386

  • LXXXIX - ADMINISTRAO DA EDUCAO ESCOLAR: UMA

    CONTRIBUIO CRTICA AOS PROCESSOS DE DOMINAO DO

    CAPITAL NO CONTEXTO DA REESTRUTURAO PRODUTIVA

    Rubens Luiz Rodrigues

    390

    XC - O NEOINSTITUCIONALISMO NA ANLISE DE POLTICAS

    EDUCATIVAS: A GESTO DAS ESCOLAS NO MUNICPIO DE MESQUITA

    (RJ)

    Sabrina Moehlecke

    394

    XCI - GESTO DA EDUCAO INFANTIL EM CANAVIEIRAS/BA E

    COARACI/BA

    Sarah Santana Nascimento, Mariclia de Souza Pereira Moreira e Emilia Peixoto

    Vieira

    398

    XCII- PARTICIPAO E REPRESENTATIVIDADE NO CME DE FEIRA DE

    SANTANA: A (DES)CONSTRUO DA MOBILIZAO SOCIAL ENTRE

    1991 E 1998

    Selma Barros Daltro de Castro e Solange Mary Moreira Santos

    402

    XCIII - A GESTO INTEGRADA DA ESCOLA E O TRABALHO DO

    GESTOR

    Sheila Santos de Oliveira

    406

    XCIV - POSSIBILIDADES E LIMITES PARA A GESTO DEMOCRTICA

    DA EDUCAO NOS SISTEMAS MUNICIPAIS DE ENSINO DO PARAN

    BRASIL

    Simone de Ftima Flach

    410

    XCV -TEXTOS EM CONTEXTOS NO PACTO FEDERATIVO BRASILEIRO:

    EFEITOS DA MUNICIPALIZAO DOS ANOS FINAIS DO ENSINO

    FUNDAMENTAL EM DUQUE DE CAXIAS (RJ)

    Simone do Valle Galvo e Marcela Castro

    414

    XCVI - AS CARACTERSTICAS PRESENTES NOS DOCUMENTOS

    OFICIAIS REFERENTES AOS PROCESSOS DE ELEIO DE GESTORES

    ESCOLARES NOS MUNICPIOS DO TERRITRIO DO PORTAL DO

    SERTO

    Solange Mary Moreira Santos e Selma Barros Daltro de Castro

    418

  • XCVII - O PERCURSO DA EDUCAO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL

    NO ESTADO DO PAR, BRASIL

    Tnia Castro Gomes e Maria Llia Imbiriba Sousa Colares

    422

    XCVIII - PRIVATIZAO DA GESTO EDUCACIONAL E ESCOLAR NA

    EDUCAO BSICA: ESTUDO EM REDES ESTADUAIS DE ENSINO

    BRASILEIRAS

    Teise Garcia, Theresa Adrio, Sabrina Moehlecke e Regiane Bertagna

    425

    XCIX - POR QUE CONSTRUIR CANAIS DE PARTICIPAO POPULAR

    PARA O CONTROLE SOCIAL DAS INSTITUIES DE EDUCAO

    BSICA NO BRASIL?

    Terezinha Ftima Andrade Monteiro dos Santos

    430

    C - SUBSDIO PBLICO OFERTA EDUCACIONAL PRIVADA:

    REFLEXES A PARTIR DO MODELO IRLANDS

    Theresa Adrio

    434

    CI - AS DISPUTAS NO ENSINO MDIO BRASILEIRO: DA REVOGAO

    AO LEGADO DO DECRETO N 2.208/1997

    Valdirene Alves de Oliveira e Joo Ferreira de Oliveira

    440

    CII - REFLEXES SOBRE AS POLTICAS PBLICAS DE EDUCAO DE

    JOVENS E ADULTOS (EJA) NO BRASIL NOS LTIMOS 10 (DEZ) ANOS

    Valria Ap.Vieira Velis

    444

    CIII - MLTIPLAS FORMAS DE MERCADIFICAO DA EDUCAO

    BSICA NO BRASIL

    Vera Maria Vidal Peroni

    448

    CIV - TENDNCIAS E DESAFIOS DA GESTO DO PROCESSO

    ALFABETIZADOR NA CONTEMPORANEIDADE

    Vilma Miranda de Brito

    452

    CV- SOCIALIZAO ESCOLAR: JOVENS ESTUDANTES DO ENSINO

    MDIO NO MUNICPIO DE GUANAMBI (BA)

    Zizelda Lima Fernandes

    456

  • POLTICA E GESTO DA EDUCAO SUPERIOR

    CVI - TRAJETRIAS DA AVALIAO DA PS-GRADUAO EM

    EDUCAO NO BRASIL, PORTUGAL E ESPANHA: AUTONOMIA E

    DILOGO EM REDE PARA O SCULO XXI

    Adriana Almeida Sales de Melo

    461

    CVII - DIMENSES E PERSPECTIVAS DE QUALIDADE DA EDUCAO

    SUPERIOR BRASILEIRA SEGUNDO A META 13 DO PLANO NACIONAL

    DE EDUCAO (2014-2024)

    Alexandre Ramos de Azevedo

    465

    CVIII - O TRABALHO DOCENTE NA EDUCAO SUPERIOR: RELATOS

    DE PROFISSIONAIS DO MAGISTRIO

    Alisson Moura Chagas e Valdivina Alves Ferreira

    469

    CIX - TIPOS DE EVASO E PERFIS DE ESTUDANTES: DIFERENTES

    EXPERINCIAS ACADMICAS

    Ana Amlia Chaves Teixeira Adachi

    473

    CX - GOBERNANZA UNIVERSITARIA Y EQUIDAD EN LATINOAMERICA

    Ana Maria de Albuquerque Moreira e Joaqun Gairn Salln

    477

    CXI - MOTIVAO PARA O TRABALHO: REPRESENTAO DE

    SERVIDORES TCNICOS ADMINISTRATIVOS EM UMA INSTITUIO DE

    ENSINO SUPERIOR

    Ane Geildes Lobo Vieira Nunes

    482

    CXII - PS-GRADUAO E PRODUO DO CONHECIMENTO: CENRIO

    E DESAFIOS

    Antnio Cabral Neto

    486

    CXIII - OS ESTGIOS NA GRADUAO: ASPECTOS LEGAIS E

    INSTITUCIONAIS PARA IMPLANTAO DE UMA POLTICA

    Bianca Caroline Souza de Lima

    490

    CXIV - A INSTITUCIONALIZAO DA EDUCAO A DISTNCIA NA

    UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    Catarina de Almeida Santos

    495

  • CXV - EXPANSO DA EDUCAO SUPERIOR: INDICADORES DE

    QUALIDADE NA MODALIDADE A DISTNCIA

    Caterine Vila Fagundes, Diana Almeida Magaldi Richter e Katia Cristian Puente

    Muniz

    499

    CXVI - AS COMISSES PRPRIAS DE AVALIAO (CPAS) NAS

    UNIVERSIDADES DA GRANDE SO PAULO: PROPOSTAS,

    ACOLHIMENTO E USO DOS RESULTADOS DAS AUTOAVALIAES

    Celia Maria Haas

    503

    CXVII - POLTICAS DE AES AFIRMATIVAS: UMA POSSIBILIDADE DE

    ROMPIMENTO DA CAUSALIDADE DO PROVVEL PARA JOVENS DE

    CAMADAS POPULARES EM CURSOS DE ALTA SELETIVIDADE?

    Cludia Valente Cavalcante

    506

    CXVIII - INSTITUCIONALIZAO DA EDUCAO A DISTNCIA

    SUPERIOR NO BRASIL: SUBSDIOS E PERSPECTIVAS DE ANLISE

    Daniela da Costa Britto Pereira Lima

    509

    CXIX - ASSISTNCIA ESTUDANTIL E PERMANNCIA DE ESTUDANTES

    EM SITUAO DE VULNERABILIDADE SOCIAL EM CURSOS DE

    EDUCAO SUPERIOR

    Edineide Jezine

    514

    CXX - POLTICA E GESTO DA EDUCAO SUPERIOR A

    EXPERIENCIA DO ENSINO SUPERIOR EM SO PAULO

    Fbio Santos e Edivaldo Boaventura

    522

    CXXI - ENSEANZA SUPERIOR, PRIVATIZACIN ENDGENA Y LAS

    EXIGENCIAS DEL TRABAJO ACADMICO

    Fabrcia Sousa Montenegro

    522

    CXXII - INSTITUCIONALIZAO DA EDUCAO SUPERIOR A

    DISTNCIA EM MATO GROSSO DO SUL: PROCESSOS E PRTICAS EM

    UNIVERSIDADES FEDERAIS

    Giselle Cristina Martins Real, Carina Elisabeth Maciel e Ana Maria Ribas

    527

    CXXIII - NOVAS REGULAES NA EDUCAO SUPERIOR? DE

    ACREDITAES, RANKINGS INTERNACIONAIS E PROVAS GLOBAIS

    Gladys Beatriz Barreyro

    531

  • CXXIV - A EDUCAO SUPERIOR NO PLANO NACIONAL DE

    EDUCAO (2014-2024): EXPANSO E QUALIDADE EM PERSPECTIVA

    Joo Ferreira de Oliveira

    534

    CXXV - A EXPERIENCIA DA UFPA NA UTILIZAO DO MDULO

    GRADUAO DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTO ACADMICA

    SIGAA

    Joelma Morbach

    537

    CXXVI - CONCEPO E AVALIAO DAS POLTICAS PBLICAS:

    NOTAS SOBRE O CAMPO DA EDUCAO SUPERIOR BRASILEIRA

    Jusciney Carvalho Santana

    542

    CXXVII - A EXPANSO DA EDUCAO SUPERIOR NA PRODUO

    ACADMICA NO PERODO DE 1990 A 2010

    Karine Nunes de Moraes

    546

    CXXVIII - INTERNACIONALIZAO DA EDUCAO SUPERIOR: UM

    ESTUDO SOBRE O PROGRAMA DOUTORADO SANDUCHE NO

    EXTERIOR (PDSE)

    Lindalva Regina da Nbrega Vale e Maria da Salete Barboza de Farias

    550

    CXXIX - PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS: TENDNCIAS E

    PERSPECTIVAS

    Maria Lucia Morone e Marina Ranieri Cesana

    554

    CXXX - GESTO E AVALIAO DOS CURSOS DE LICENCIATURA

    PRESENCIAIS DA UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS:

    OLHARES SOBRE O NOVO FORMATO DE ORGANIZAO

    Mariangela Camba e Ivana Correa de Souza Faour

    558

    CXXXI - O DISCURSO DA POLTICA DE COTAS NO PDI DE

    UNIVERSIDADES FEDERAIS DA REGIO NORDESTE

    Natlia Jimena da Silva Aguiar

    563

    CXXXII - FORMATO MULTICAMPI EM UNIVERSIDADES PBLICAS:

    ALGUNS DESDOBRAMENTOS PARA A GESTO

    Nelson de Abreu Jnior

    567

  • CXXXIII - O PAPEL DO GESTOR NAS UNIVERSIDADES ABERTAS PARA

    A TERCEIRA IDADE NO ESTADO DO PARAN/BRASIL

    Paola Andressa Scortegagna e Rita de Cssia da Silva Oliveira

    571

    CXXXIV - AO DE APOIO PEDAGGICO PARA PERMANNCIA E

    XITO DO ESTUDANTE DE GRADUAO

    Rose Mary Almas de Carvalho, Elda Jane de Almeida Gontijo e Vanda Domingos

    Vieira

    575

    CXXXV - O ENRAIZAMENTO COMO CATEGORIA DE ANLISE NA

    PESQUISA EM POLTICA EDUCACIONAL

    Swamy de Paula Lima Soares e Flvia Paloma Cabral Borba

    579

    CXXXVI - PLANO NACIONAL DE EDUCAO (2014-2024): ANLISE DAS

    METAS PARA A EDUCAO SUPERIOR BRASILEIRA

    Talita Zanferari e Maria de Lourdes Pinto de Almeida

    583

    CXXXVII - AS RECONFIGURAES DO SETOR PRIVADO NA EDUCAO

    SUPERIOR NO BRASIL

    Tarcsio Luiz Pereira e Silvia Helena Andrade de Brito

    587

    CXXXVIII - FINANCEIRIZAO DA EDUCAO SUPERIOR PRIVADO-

    MERCANTIL NO BRASIL

    Vera Lcia Jacob Chaves

    591

  • 23

    APRESENTAO

    Esta publicao contm os resumos expandidos submetidos ao VI Congresso Ibero-

    Americano e IX Congresso Luso-Brasileiro de Poltica e Administrao da Educao, avaliados

    e aprovados pelo Comit Cientfico do evento e distribudos em trs volumes.

    O VI Congresso Ibero-Americano e IX Congresso Luso-Brasileiro de Poltica e

    Administrao da Educao ocorreu nos dias 28 de maio a 01 de junho de 2018, em

    Lleida/Catalunha e Barcelona/Catalunha, Espanha. Foi promovido, em regime de coparticipao, pela

    Associao Nacional de Poltica e Administrao da Educao (Anpae), pelo Frum Europeu de

    Administradores da Educao na Espanha (FEAE) e pelo Frum Portugus de Administrao

    Educacional (FPAE). O evento, que rene os dois Congressos, teve como tema central: Poltica e

    Gesto da Educao Ibero-Americano: tendncias e desafios.

    O evento contou com programao cientfica agrupada em 6 (seis) eixos temticos, referentes

    a todas as atividades do Congresso: Conferncias, mesas redondas plenrias e comunicaes

    orais/painis de discusses:

    1. Poltica e gesto da educao bsica e ps-obrigatria.

    2. Poltica e gesto da educao superior.

    3. Polticas e prticas de formao dos docentes e dirigentes escolares.

    4. Polticas e prticas de planejamento, financiamento e avaliao da educao.

    5. Gesto pedaggica, organizao curricular e qualidade da educao.

    6. Educao e direitos humanos, diversidade cultural e incluso social.

    As atividades realizadas certamente contriburam para o crescimento quantitativo e qualitativo

    da rea de Poltica e Gesto da Educao e para a divulgao dos estudos realizados, bem como para

    o intercmbio entre comunidade cientfica nacional e internacional, com efetiva afirmao da

    pesquisa e da ps-graduao em educao nos locais e instituies envolvidas.

    A Anpae esclarece que os contedos e concepes apresentados nos trabalhos so de inteira

    responsabilidade de seus autores.

    Desejamos a todos e todas uma excelente leitura!

    Joo Ferreira de Oliveira

  • 24

    Poltica e gesto da educao bsica e

    ps-obrigatria

  • 25

    - I -

    MOVIMENTO TERICO DA ADMINISTRAO ESCOLAR NO BRASIL:

    ALGUMAS CONSIDERAES

    Alda Junqueira Marin

    PUC/SP, Brasil

    [email protected]

    Sandra Maria Sanches

    PUC/SP, Brasil

    [email protected]

    Introduo

    O presente texto apresenta um breve histrico da constituio das bases do desenvolvimento

    da rea de conhecimento em Administrao Escolar no Brasil, com a inteno de colaborar no

    desvelamento da tendncia pragmtica, sem reflexo que est presente no campo educacional e se

    verifica na prtica educacional que hoje se configura por uma gesto de e para resultados, aos moldes

    empresariais. Entender o movimento terico desta rea de conhecimento fundamental para a

    problematizao do paradigma vigente na prtica diretiva e docente, bem como o impacto deste nas

    polticas de formao tanto dos profissionais quanto do alunado.

    O reconhecimento da administrao escolar enquanto rea de conhecimento decorreu de sua

    incluso nos currculos de todos os cursos de Pedagogia e tambm da criao do Instituto Nacional

    de Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP), em 1937. Em 1941, Loureno Filho, criador e

    primeiro diretor desse instituto, publica um pioneiro e preliminar estudo da administrao escolar no

    Brasil.

    Em 1969, uma nova regulamentao do curso de Pedagogia reorganiza a estrutura curricular

    do curso com a criao da parte diversificada para habilitaes especficas visando formao de

    especialistas para atuar na administrao escolar, na superviso ou na orientao educacional no

    mbito das escolas e sistemas escolares.

    Trata-se de uma rea de conhecimento reconhecida, tanto pela poltica educacional quanto

    pelo senso comum, como atividade determinante no alcance, ou no, dos objetivos educacionais e,

    portanto, de grande impacto na prtica docente. Ela no se contrape docncia, tampouco se limita

    docncia, observao que elimina a tendncia em manter a dicotomia entre administrativo e

    pedaggico.

  • 26

    A despeito de sua importncia, essa rea de conhecimento sofre, ainda, da necessidade de

    avanos desde sua sistematizao. Resgatar esse debate e a face poltica desta rea de suma

    importncia para uma anlise crtica das polticas educacionais e das determinaes da burocracia

    estatal.

    Estudos Tericos

    Os princpios da Administrao Escolar, no Brasil, foram desenvolvidos com base nos

    fundamentos da rea da administrao geral, do incio do sculo XX, a partir do americano Frederick

    Taylor, o precursor da eficincia industrial que visava o aumento de produtividade e eficincia do

    trabalho por meio da diviso entre o trabalho de execuo e trabalho de planejamento e, tambm, do

    francs Henri Fayol que, assumindo a lgica sistmica de base biolgica, estabeleceu os princpios

    gerais da administrao cientfica classificada como universais e que, portanto, poderiam ser

    utilizados em qualquer tipo de organizao (STERCHELE, 2016).

    Um dos precursores dos estudos em administrao escolar, no Brasil, foi Carneiro Leo que

    desenvolveu estudos visando sistematizao da rea. Define a administrao escolar como

    indispensvel formao profissional do diretor de escola. Para o autor, esta uma atividade to

    importante quanto complexa que exige uma preparao, uma cultura, uma habilidade, uma viso de

    conjunto e uma capacidade de comando deveras notveis (LEO, 1953, p. 99). Identifica como

    determinante histrico para a administrao da educao o fato de que os sistemas nacionais de

    educao so organizados sob o imperativo poltico. O autor afirma que a eficincia e o sucesso de

    uma poltica educacional, na administrao escolar, requer capacidade tcnica, cultura geral e

    cientfica, habilidade profissional possibilitada por uma formao especfica e slida para o diretor

    de escola reconhecendo que este deve ser um professor com o conhecimento da poltica educacional

    e da administrao. Assevera a necessidade de cursos capazes de atenderem a necessidade social.

    Contemporneo de Carneiro Leo, Jos Querino Ribeiro, esboa uma teoria da administrao

    escolar. Ambos esto envolvidos e influenciados pelo paradigma norte americano em seus estudos

    acerca da Pedagogia e da administrao da educao bem como com o desenvolvimento de uma

    poltica educacional diante de um contexto de complexidade, apresentado pela escolarizao, o qual

    marcado pela imensidade e variedade na atividade escolar. A presso das novas influncias

    filosficas, polticas e cientficas impulsiona tambm a didtica a ensaiar novos mtodos e tcnicas

    de abordagem dos educandos.

    Querino Ribeiro, sob influncia maior de Fayol, define a Administrao Escolar como rea

    cientfica que abrange complexo conjunto de processos em relao filosofia e poltica na vida

    escolar (RIBEIRO, 1988, p. 179). Para esse autor, a administrao escolar est intrinsicamente

    relacionada poltica educacional, que ele define como o estilo de ao, o modus faciendi, por meio

  • 27

    de um sistema educacional, os objetivos propostos pela filosofia de educao. Conclui que a filosofia

    estabelece os ideais, a administrao os meios de ao e a poltica determina de que maneira os meios

    sero estabelecidos e usados.

    O final dos anos 1970 e incio dos anos 1980 foi um perodo de crtica ao pensamento clssico

    que defendia convergncias entre a administrao cientfica e a administrao escolar. Vrios

    estudiosos do tema como Maurcio Tragtemberg, Miguel Arroyo e Maria de Ftima Felix foram os

    principais crticos cujos estudos, no Brasil, desvelam o papel ideolgico da teoria da administrao.

    Vtor Paro realiza estudo responsvel pela difuso de uma concepo de gesto escolar que

    tensiona as bases tericas e conceituais at ento desenvolvidas. Sua proposio era examinar as

    condies de possibilidade de uma administrao escolar voltada para a transformao social. O autor

    define administrao como a utilizao racional de recursos para a realizao de fins determinados

    (PARO, 2009, p. 45).

    O embate acerca dos fundamentos da administrao escolar a partir do modelo da

    administrao cientfica e o movimento histrico, poltico e econmico vivido, no Brasil, a partir dos

    anos 1980, momento reivindicatrio de redemocratizao, favoreceu e at justificou a mudana

    terminolgica de administrao escolar para gesto escolar. Para Souza (2006), essa alterao

    imprimiu, a esta rea de conhecimento, o reconhecimento de que se trata de um processo poltico

    pedaggico e acrescenta a estes estudos a preocupao com a democratizao da gesto escolar.

    Porm, como conclui Sterchele (2016), esta mudana no representou inovao de seu significado no

    mbito da prtica educacional real.

    Consideraes finais

    A tentativa de alteraes em face da substituio do termo Administrao Escolar por Gesto

    Escolar no viabilizou o desenvolvimento de paradigmas de enfrentamento lgica empresarial na

    organizao escolar.

    A aplicabilidade da administrao como meio para atingir fins na realidade escolar no pode

    perder de vista o objetivo do processo educacional que envolve a escola, instituio social responsvel

    pelo ensino e pela aprendizagem com vistas formao ou humanizao das pessoas, fim este que

    antagnico aos fins perseguidos pelas empresas privadas.

    O grande desafio desta rea de conhecimento, como em outras reas da educao, parece ser

    o da necessidade de dedicar-se ao estudo das prticas como fonte de informao e anlise. O fato de

    ter se desenvolvido sempre atrelada a cursos parece levar o desenvolvimento e sistematizao de

    conhecimentos apenas em relao a princpios tericos vindo de outras reas ainda que se considere

  • 28

    a relao indissocivel da tcnica e a macro-poltica, esta, sim, presa lgica empresarial que envolve

    o processo educacional.

    Referncias

    LEO, Antonio Carneiro. Introduo Administrao Escolar. So Paulo: Cia Editora Nacional,

    1953, 3 edio.

    RIBEIRO, Jos Querino. Ensaio de uma teoria da Administrao Escolar. So Paulo: Saraiva,

    1988, 2 edio.

    PARO, Vtor H. Formao de Gestores Escolares: a atualidade de Jos Querino Ribeiro. Educ. Soc.

    Campinas, vol. 30, n. 107, p. 453-467, maio/agosto, 2009.

    SOUZA, Angelo Ricardo de. Perfil da Gesto Escolar no Brasil. Tese de Doutorado. PUC/SP:

    PEPG em Educao: Histria, Poltica, Sociedade. 2007.

    STERCHELE, Camila Santos. Administrao e gesto escolar: h razes para alteraes?

    Dissertao de Mestrado. PUC/SP: PEPG em Educao: Histria, Poltica, Sociedade. 2016.

  • 29

    - II -

    PRINCPIOS DE GESTO DEMOCRTICA: DEMARCAES EM

    NORMAS DE SISTEMAS MUNICIPAIS DE ENSINO DE SANTA

    CATARINA BRASIL

    Aline Bettiolo dos Santos

    Universidade do Oeste de Santa Catarina Brasil

    [email protected]

    Elton Luiz Nardi

    Universidade do Oeste de Santa Catarina Brasil

    [email protected]

    Introduo

    A realizao de estudos sobre a democratizao da gesto educacional requer que

    consideremos, entre outros fatores, a forte influncia do projeto neoliberal despontado no contexto de

    crise do liberalismo e como reao terica e poltica ao keynesianismo.

    Importa destacar que essa reao se consolidou em meio a um processo histrico que to bem

    atendeu ideologia capitalista, qual seja: o esvaziamento, no capitalismo, do contedo poltico e

    social, mediante uma separao conceitual entre o econmico e o poltico, de modo que a expresso

    mais acabada da diferenciao entre um e outro seja a diferenciao das funes polticas e sua

    alocao separada para a esfera econmica privada e para a esfera pblica do Estado (WOOD, 2003,

    p. 36).

    Segundo Wood (2003), ao longo desse processo at mesmo a cidadania foi reconfigurada,

    posto que, com a [...] desvalorizao da esfera poltica, a nova relao entre econmico e poltico

    [...] reduziu a importncia da cidadania e transferiu alguns de seus poderes exclusivos para o domnio

    totalmente econmico da propriedade privada e do mercado [...] (p. 183, grifo da autora).

    Alm disso, essa nova razo (DARDOT; LAVAL, 2016) no s alterou o papel do Estado,

    mas tambm provocou mudanas na educao, na forma de gesto e sem dvida, no modo de ser dos

    sujeitos, at porque a lgica que eles vivam e ajam cada vez mais guiados pela ideia de concorrncia.

    No caso do Brasil, sobre antes de a nova razo despontar no pas, importa lembrarmos que no

    final da dcada de 1970 demarcava-se entre ns um contexto de aposta nas ideias crticas e de

    denncia ao centralismo do regime militar. Foi na dcada de 1980 que essas ideias amadureceram e

    tornaram-se bandeiras de um movimento crtico em cujos ideais figurava a democratizao da

  • 30

    sociedade, um projeto nacional de educao e, como parte deste, a gesto democrtica (NARDI,

    2016).

    Em vista do influxo neoliberal que reconfigurou o Estado brasileiro, assim como a oferta e a

    gesto da educao, partimos do pressuposto de que tal inflexo, no contexto de limites impostos pelo

    regime do capital, tambm vem repercutindo no delineamento de regras para a democratizao da

    gesto do ensino pblico.

    Assim, tendo em vista o panorama brevemente discorrido, o objetivo do trabalho analisar

    princpios endereados democratizao da gesto do ensino pblico na educao bsica,

    identificados em bases normativas dos sistemas municipais de ensino do estado de Santa Catarina.

    Resultante da primeira etapa de uma pesquisa em rede nacional1, que visa mapear princpios,

    espaos e mecanismos de participao em sistemas municipais de ensino de oito estados brasileiros,

    o processo metodolgico compreendeu o exame de documentos normativos relacionados gesto

    educacional de 285 sistemas municipais2 cobertos pelo subprojeto de Santa Catarina3.

    Desenvolvimento

    Considerando princpio uma ideia-chave que orienta prticas e condutas, entendemos que os

    princpios conformados nas bases normativas dos sistemas municipais catarinenses constituem

    referenciais de democratizao da gesto do ensino pblico, pois a opo por um ou outro conjunto

    pode oferecer indcios do perfil do projeto de democratizao formalizado no mbito dos referidos

    sistemas.

    Vale destacar que, na legislao brasileira, o princpio da gesto democrtica do ensino

    pblico encontra-se conformado na Constituio Federal de 1988 (inciso VI, art. 206), assim como

    na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, art.

    14, incisos I e II) e no Plano Nacional de Educao 2014-2024 (Lei n 13.005, de 25 de junho de

    2014, art. 9). luz do referido princpio, devem os estados e municpios, no mbito dos respectivos

    sistemas de ensino, definirem normas para a gesto democrtica na educao bsica, sendo devido o

    delineamento dos princpios orientadores locais.

    O Grfico 1 ilustra os princpios de gesto democrtica mais frequentes nas bases normativas

    do universo de sistemas de ensino pesquisado, segundo agrupamento por mesorregio geogrfica de

    Santa Catarina.

    1 Projeto Gesto democrtica do ensino pblico: mapeamento das bases normativas e das condies poltico-

    institucionais dos sistemas municipais de ensino Rede Mapa. 2 Santa Catarina possui 295 municpios. 3 A pesquisa conta com apoio financeiro do CNPq.

  • 31

    Grfico 1 Percentual dos princpios de gesto democrtica mais frequente nas bases normativas

    dos sistemas municipais de ensino de Santa Catarina 2017

    Fonte: Legislao de municpios de Santa Catarina Base de dados Rede Mapa (2017).

    Os dados evidenciam a presena de trs enfoques principais participao, autonomia e

    transparncia e diferenas acentuadas na frequncia de um mesmo princpio entre as mesorregies.

    Em termos de perfil do conjunto de princpios, face variao de frequncia entre eles em uma mesma

    mesorregio, h uma maior aproximao entre os panoramas do Oeste Catarinense e da Grande

    Florianpolis, com o primeiro demarcando maior aproximao com o perfil geral no estado, sendo

    verificado que dois dos princpios alcanam os maiores percentuais de incidncia.

    Concluses

    Os resultados do estudo evidenciam que trs dos princpios mais recorrentes (excetuado o da

    transparncia), endereados democratizao da gesto do ensino pblico da educao bsica,

    coincidem com aqueles contidos na base legal nacional, porm sua incidncia nas normas do conjunto

    de sistemas muito varivel, o que se verifica tanto na comparao entre eles, como entre as

    mesorregies do estado.

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    Oeste Catarinense Vale do Itaja Sul Catarinense Serrana Norte Catarinense Grande Florianpolis GERAL

    Participao da comunidade escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentes

    Participao dos profissionais da educao na elaborao do Projeto Poltico-Pedaggico (PPP) da escola

    Progressivos graus de autonomia pedaggica, administrativa e financeira

    Transparncia dos mecanismos pedaggicos, administrativos e financeiros.

  • 32

    Alm do princpio da transparncia, presente em quase um quarto do universo de sistemas de

    ensino pesquisado, importa registrar que outros princpios mapeados, cujos enfoques poderiam

    representar um desejvel alargamento de disposies fundamentais com vistas democratizao da

    gesto, segundo peculiaridades dos sistemas, figuram entre 2 e 19%.

    Admitindo-se que os princpios conformados nas bases normativas dos sistemas municipais

    de ensino das mesorregies catarinenses sinalizem aspectos de projetos locais de gesto democrtica,

    temos que esses dispositivos nucleares, embora versando sobre dimenses importantes para uma

    dinmica de democratizao participao, autonomia e transparncia tendem configurao de

    um panorama de base mnima.

    Assim, uma indisposio pelo reforo do repertrio de princpios pode sugerir a vantagem de

    posies polticas no necessariamente empenhadas na gerao de condies de democratizao da

    gesto educacional. Em alinhamento com o conservadorismo caracterstico da cultura poltica

    brasileira, entendemos que essas posies tornam-se funcionais s relaes sociais no capitalismo e,

    portanto afirmao da democracia que lhe compatvel. Afinal, ante a racionalidade do

    neoliberalismo razo do capitalismo contemporneo (DARDOT; LAVAL, 2016), entendemos

    que essa funcionalidade tambm passa pelo perfil das regras do jogo democrtico, porquanto opera

    na ao dos governantes e na conduta dos governados.

    Referncias

    BRASIL. Constituio: Repblica Federativa do Brasil de 1988. Braslia, DF: Senado Federal,

    1988.

    ______. Lei das Diretrizes e Bases da Educao Nacional n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

    Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 23 dez. 1996.

    ______. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educao (PNE) e

    d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 26 jun. 2014.

    DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razo do mundo: ensaio sobre a sociedade

    neoliberal. Traduo Mariana Echalar. 1. ed. So Paulo: Boitempo, 2016.

    NARDI, Elton Luiz. Gesto democrtica no contexto dos 20 anos da LDBEN: entre bandeiras,

    tensionamentos e possibilidades. In: BATISTA, Neusa Chaves; FLORES, Maria Luiza Rodrigues

    (Org.). Formao de gestores escolares para a educao bsica: avanos, retrocessos e desafios

    frente aos 20 anos de normatizao da gesto democrtica na LDBEN. Porto Alegre: Evangraf,

    2016. p. 19-44.

    WOOD, Ellen Meiksins. Democracia contra o Capitalismo: a renovao do materialismo

    histrico. So Paulo: Boitempo, 2003.

  • 33

    - III -

    ESCOLA EXPERIMENTAL, PBLICA E BILNGUE NO MUNICPIO DO

    RIO DE JANEIRO E O CONTEXTO DA PRTICA DA GESTO ESCOLAR

    Aline Miranda Fonseca

    Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Brasil

    [email protected]

    Daniela Patti do Amaral

    Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Brasil

    [email protected]

    Introduo

    Em 2009, aps a posse de Eduardo Paes como prefeito do municpio do Rio de Janeiro, o

    sistema educacional da cidade foi reconfigurado e introduziu-se um modelo de alcance de metas,

    controle de desempenho, premiaes e penalidades. Esse modelo busca enfatizar o discurso de

    ineficincia da forma vigente de gerir o Estado, seguindo as recomendaes dos organismos

    multilaterais e, consequentemente, da Nova Gesto Pblica ou (Neo)gerencialismo. A agenda da

    poltica da gesto Paes esteve amparada pelo documento denominado Plano Estratgico 2009-2012

    (Ps 2016 Um Rio mais Integrado e Competitivo), segundo o qual, para haver uma melhor definio

    das necessidades e metas para o futuro da cidade, o primeiro passo seria diagnosticar as caractersticas

    do carioca e do Rio de Janeiro a fim de transform-la em uma cidade mais competitiva, sustentada

    por quatro pilares de aspiraes: sociais, econmicas, ambientais e polticas. (Plano Estratgico da

    Prefeitura do Rio de Janeiro 2009-2012, p.11). Dentre os pilares, se destaca as metas para a questo

    social, na qual a educao se insere. nesse contexto que surgiu o Programa Rio Criana Global

    (PRCG), uma poltica pblica de educao ainda recente que difunde a prtica do ensino bilngue em

    escolas pblicas da Secretaria Municipal de Educao do Rio de Janeiro (SME-RJ) nos Anos Iniciais

    e Anos Finais do Ensino Fundamental. O PRCG teve incio tambm em 2009, e desde sua

    implementao realizado conjuntamente a uma parceria com a Learning Factory (LF), empresa

    privada fornecedora de material didtico e servios educacionais. O PRCG abarca diferentes tipos de

    escolas experimentais; todas voltadas aos Anos Finais do Ensino Fundamental, exceto as escolas

    experimentais bilngues (EB). Considerando uma poltica resolvida no contexto da prtica por

    aqueles que atuam no cho da escola, onde o texto da poltica traduzido, imprescindvel, portanto,

    considerar os atores da atuao dessa poltica. Dentre eles, se destaca a figura do gestor escolar, cuja

    atuao tida como singular dentro dessas EB.

  • 34

    Metodologia

    Este trabalho aborda o contexto da prtica gestora em duas EB portugus-ingls buscando

    explicitar se ela seria considerada democrtica ou se enquadraria no perfil gerencialista, semelhante

    a um gestor de uma empresa capitalista. O termo gestor, no cenrio estudado, abarca diretores e os

    professores articuladores (PA), figura que atua como docente de lngua estrangeira, mas que o

    intermedirio entre as aes da LF, direo e professores. Com base na abordagem do ciclo de

    polticas (policy cycle approach) desenvolvido por Stephen Ball e Richard Bowe (1992), priorizando

    o contexto da prtica. O contexto da prtica foi escolhido dentre os demais contextos existentes no

    ciclo de polticas pois para Ball uma poltica resolvida no contexto da prtica por aqueles que atuam

    no cho da escola, onde o texto da poltica ser traduzido. Considerando que o ciclo de polticas um

    referencial terico-metodolgico, imprescindvel que ele se ancore na compreenso de gesto de

    outros autores. Sendo assim, Vitor Paro (2010a, 2010b, 2015) e Angelo Sousa (2009, 2012) e suas

    concepes sobre gesto educacional sero imprescindveis a fim de um melhor entendimento do

    cenrio contemporneo sobre o perfil do gestor escolar e a perspectiva de uma gesto educacional

    que se espera pautada na democracia, em especial em um contexto cercado por especificidades como

    o de uma escola experimental, pblica e bilngue. Trata-se de uma pesquisa qualitativa na qual

    foram entrevistados diretores e PA de duas EB portugus-ingls, selecionadas por estarem localizadas

    em regies com realidades sociais bastante distintas (zona norte e zona sul da cidade) pois assim seria

    possvel perceber se a fala dos gestores influenciada pelo contexto local ou seguem algum padro.

    Resultados

    Na anlise das entrevistas realizadas percebemos a presena de fatores gerencialistas e de

    performatividade que se evidenciam na relao com os PA, diretores e professores nas EB, em

    especial os docentes de lngua inglesa. Ao ficarem em evidncia no cho das EB, reforam a

    afirmao de Ball acerca da performatividade: Os desempenhos de sujeitos individuais ou de

    organizaes servem de parmetros de produtividade ou de resultado, ou servem ainda como

    demonstraes de qualidade ou momentos de promoo ou inspeo. Eles significam ou

    representam merecimento, qualidade ou valor de um indivduo ou organizao dentro de uma rea de

    julgamento (2005, p.453). O gerencialismo se mostra presente:

    1. na parceria com a LF, notadamente uma parceria pblico-privada, atravs da qual

    colaboradores da empresa participam do cotidiano escolar ativamente, seja por meio de capacitaes

    para uso do material didtico (tambm comprado da editora LF), seja por meio do suporte e

    fornecimento do exame de Cambridge para os alunos, exame internacional de proficincia que gera

  • 35

    mais um dado estatstico que mensura o desempenho de alunos e professores, seja por sugerir

    campeonatos como o Spelling Bee, que torna pblico o desempenho de alunos e dos profissionais

    envolvidos;

    2. por intermdio de observaes de aula realizadas pelos consultores da LF que chegam ao

    conhecimento do diretor em forma de relatrio, confirmando o que Ball diz acerca do trabalho do

    diretor: ...envolve incutir uma atitude e uma cultura nas quais os trabalhadores se sentem

    responsveis e, ao mesmo tempo, de certa forma pessoalmente investidos da responsabilidade pelo

    bem-estar da organizao (2005, p.545) .

    Concluses

    A gesto escolar feita de caractersticas objetivas e subjetivas, consideradas

    interdependentes em mbito escolar, pois os recursos objetivos so operados por seres carregados de

    subjetividade, que trazem consigo experincias, vontades e opinies acerca daquilo que os cerca.

    Como muitos so os sujeitos integrantes de uma poltica/programa educacional como no caso das EB

    (professores, alunos, funcionrios da parceria com empresa privada e gestores diretores e

    coordenadores) parece ntido que os interesses do gestor escolar no estaro sempre em consonncia

    com os demais envolvidos. Assim sendo, o trabalho do diretor escolar, em especial, passa a ser mais

    poltico e, consequentemente, menos democrtico, ou seja, de convivncia menos pacfica e livre

    entre pessoas e grupos que se afirmam como sujeitos (PARO, 2010b, p.27), sobretudo em um cenrio

    que se mostra empresarial capitalista que conta, inclusive, com uma parceria pblico-privada que

    interfere no cotidiano escolar. Ademais, a prpria transformao das escolas estudadas em EB se

    mostra carregado de dvidas e pautado em uma deciso poltica, tomada fora do ambiente escolar,

    desconsiderando a voz da comunidade se seria de seu interesse que ali houvesse uma EB. As relaes

    de poder no espao escolar se mostram evidentes. Atravs de Paro (2015, p.86) possvel concluir

    que A adoo de mecanismos de mercado no recrutamento, contratao e gesto do trabalho de

    professores e demais educadores escolares um dos aspectos mais inslitos das atuais polticas

    empresariais baseadas na gesto empresarial, da qual a performatividade docente mensurada pelo

    gestor escolar e, a partir da sero tomadas as providncias necessrias para que o resultado seja

    alcanado. Desenvolve-se uma verdadeira fria gestionria (2015, p. 88) que procura aplicar na

    escola e em sua gesto, cada vez mais estritamente, os mtodos e tcnicas da empresa tipicamente

    capitalista.

  • 36

    Referncias

    Plano Estratgico da Prefeitura do Rio de Janeiro 2009-2012. Disponvel em:

    . Acesso: ago. 2017.

    BALL, Stephen J. Profissionalismo, gerencialismo e performatividade. Cad. Pesqui. 2005, vol.35,

    n.126, pp.539-564

    BOWE, R.; BALL, S.; GOLD, A. Reforming education & changing schools: case studies in policy

    sociology. London: Routledge, 1992

    PARO, Vitor. A educao, a poltica e a administrao: reflexes sobre a prtica do diretor de

    escola. Educao e Pesquisa, So Paulo, v. 36, n.3, p. 763-778, set./dez. 2010a.

    PARO, Vitor. Educao como exerccio do poder: crtica ao senso comum em educao. 2. ed. So

    Paulo: Cortez, 2010b, p. 27.

    PARO, Vitor. Diretor escolar: Educador ou gerente? So Paulo, Cortez, 2015.

    SOUZA, ngelo R. Explorando e construindo um conceito de gesto escolar democrtica. Educ.

    rev. 2009, vol.25, n.3, p.123-140

    SOUZA, ngelo R. A natureza poltica da gesto escolar e as disputas pelo poder na escola. Rev.

    Bras. Educ. 2012, vol.17, n.49, p.159-174.

  • 37

    - IV -

    A PARTICIPAO DO CONSELHO ESCOLAR NA AMPLIAO DO

    TEMPO DISCENTE: O PROGRAMA MAIS EDUCAO EM FOCO

    Amanda Moreira Borde

    UNIRIO/BRASIL

    [email protected]

    Introduo

    Este artigo traz alguns resultados da pesquisa da dissertao intitulada Conselhos Escolares

    em duas escolas pblicas de tempo integral do Municpio de Itabora/RJ: a participao em discusso,

    tendo como objetivo geral analisar a atuao e a composio dos Conselhos Escolares em duas escolas

    pblicas de tempo integral do Municpio de Itabora, na perspectiva da participao, sendo a

    investigao de cunho qualitativo, tendo como base a pesquisa documental e bibliogrfica, alm da

    entrevista semiestruturada, levando em considerao que a pesquisa qualitativa uma pesquisa

    interpretativa, com o investigador tipicamente envolvido em uma experincia sustentada e intensiva

    com os participantes. (CRESWELL, 2010, p. 211).

    A dissertao um subprojeto da pesquisa Escolas Pblicas no Estado do Rio de Janeiro e

    o Programa Mais Educao: uma anlise das aes dos gestores escolares em busca de uma educao

    de qualidade, financiada pelo edital Jovem Cientista do Nosso Estado, de 2014, coordenado pela

    Profa. Dra. Elisangela da Silva Bernado.

    O Programa Mais Educao (PME), foi base do estudo da ampliao do tempo discente, que

    considerado por Menezes (2012) e Cavaliere (2014), como uma estratgia indutora da educao em

    tempo integral, que prev atender o disposto no inciso I, do artigo 24, da LDBEN n 9394/96, na qual

    a carga horria mnima anual ser de oitocentas horas, distribudas por um mnimo de duzentos dias

    de efetivo trabalho escolar, excludo o tempo reservado aos exames finais, quando houver (BRASIL,

    1996). Destarte, Menezes (2012, p. 141) nos informa que foi somente com o Decreto n 6.253/2007

    que se regulamentou a educao bsica em tempo integral como sendo a jornada com durao igual

    ou superior a sete horas dirias, durante todo o perodo letivo.

    O PME foi institudo pela Portaria Normativa Interministerial n 17/2007 e regulamentado

    pelo Decreto n 7.083/2010. Vale destacar que no ano seguinte da concluso da pesquisa, foi institudo

    o Programa Novo Mais Educao, pela Portaria n 1.144, de 10 de outubro de 2016.

  • 38

    A participao do Conselho Escolar em escolas de tempo integral o objeto de estudo desta

    pesquisa, uma vez que a gesto democrtica est inserida no contexto escolar, considerando esse

    colegiado com um dos pilares, conforme nos explicam Bernado; Borde (2016, p. 256), quando citam

    que o C.E. o segundo pilar da democracia da escola, pela participao dos atores sociais da escola,

    aqui compreendida como a comunidade escolar e local, na perspectiva da autonomia e

    descentralizao das aes administrativa, financeira e pedaggica com a transparncia que lhe

    devida.

    Desenvolvimento

    Nossa investigao visava saber como se d a participao dos Conselhos Escolares no

    Programa Mais Educao em duas escolas no municpio de Itabora, no estado do Rio de Janeiro,

    considerando a ideia de que a democracia e participao fazem parte da cidadania [...], uma vez que

    democracia garante a construo de direitos, a participao possibilita a sua legitimidade a cidadania

    assegura a sua efetivao. (SANTO; BERNADO, 2017, p. 73).

    Inicialmente perguntamos como eles participaram da escolha dos Macrocampos do Programa

    Mais Educao e todos responderam que no participaram. Na sequncia, perguntamos sobre como

    eles participaram da escolha das atividades do Programa Mais Educao. As respostam apresentaram

    a no participao dos conselheiros escolares, embora as diretoras tenham dito que foi decidido no

    coletivo.

    Perguntamos tambm se eles tinham participado da escolha do oficineiro4 do Programa

    Mais Educao e a resposta de todos os conselheiros, com exceo do membro nato, foi negativa, ou

    seja, nenhum deles participou da escolha dos monitores. A resposta a essa pergunta foi encontrada na

    fala dos gestores escolares, quando perguntamos como foi realizada a seleo dos monitores.

    . Isso a um outro dilema tambm. A gente encontra muita barreira, , para a escolha do

    professor, do monitor. , a gente geralmente aproveitou, , estudante de educao fsica, para

    trabalhar com recreao. Professores que estavam ainda em formao, fazendo faculdade. E a gente

    conseguiu, cadastrar esse pessoal. S que h uma rotatividade muito grande. Porque o valor oferecido

    no uma quantia, uma ajuda, que a gente coloca como uma ajuda. Mas, as pessoas precisam se

    locomover, pegar o nibus para chegar escola e acaba ficando assim, uma coisa bem complicada.

    Ento, h uma rotatividade. Vem um, fica dois meses, no quero mais. A a escola tem que correr

    atrs de um outro monitor para estar suprindo. [...]. (Diretora da Escola A).

    4 Os oficineiros so os monitores ou educadores sociais do Programa Mais Educao.

  • 39

    A Diretora da Escola B explicou tambm que:

    Tinha opes vindas da SEMEC. Tnhamos uma lista de pessoas, s que a gente no conhece,

    mas tnhamos a possibilidade de indicar e a a gente selecionou pessoas da comunidade.

    Diante das repostas, notamos a pouca participao dos Conselhos Escolares nas escolas da

    pesquisa, que tm o Programa Mais Educao, como poltica indutora, que possui no seu bojo

    questes importantes que precisam ser dialogadas, como a adequao de espaos e tempos escolares,

    para atender uma parcela dos educandos e no a sua totalidade.

    Concluso

    Apesar deste artigo apresentar uma pequena parte da pesquisa, possvel observar que

    propiciar aos educandos uma educao (em tempo) integral tem sido um grande desafio para os

    gestores, seja na adaptao dos horrios, no entrosamento e o envolvimento dos professores com o

    programa e a pouca participao do Conselho Escolar na maioria das aes do PME.

    Nesse sentido, destacamos a importncia da participao de pais, professores, funcionrios,

    alunos, comunidade local, como essencial para o desenvolvimento dos programas que adentram

    escola, pois quando envolvemos esses atores, possibilitamos a democratizao da unidade de ensino,

    no seu fazer dirio, com a deciso de cidados que vivenciam a escola e a observam por diferentes

    pontos de vista.

    Diante do estudo realizado, percebemos que o pas ainda est se organizando para atender a

    uma demanda histrica, no que tange democratizao do ensino pblico, principalmente em escolas

    de tempo integral, embora possamos detectar avanos, como leis prprias e investimento pblico por

    meio de programas indutores da ampliao do tempo escolar.

    Referncias

    BERNADO, Elisangela da Silva. Escolas Pblicas no Estado do Rio de Janeiro e o Programa Mais

    Educao: uma anlise das aes dos gestores escolares em busca de uma educao de qualidade.

    UNIRIO, Projeto de Pesquisa, 2015.

    BERNADO, Elisangela da Silva; BORDE, Amanda Moreira. PNE 2014-2024: uma reflexo sobre a

    meta 19 e os desafios da gesto democrtica. Revista Educao e Cultura Contempornea, v. 13, n.

    33. 2016.

    BRASIL. Lei Federal N 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional. Braslia, 1996.

  • 40

    _____. Decreto n 6.253, de 13 de novembro de 2007. Decreto 6253/2017. Dispe sobre o Fundo

    de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da

    Educao - FUNDEB, regulamenta a Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007. Braslia, 2007.

    _____. Portaria Normativa Interministerial n 17, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa Mais

    Educao. Braslia, 2007.

    _____. Decreto n 7.083, de 27 de janeiro de 2010. Dispe sobre o Programa Mais Educao.

    Braslia, 2010.

    CAVALIERE, Ana Maria. Escola pblica de tempo integral no Brasil: filantropia ou poltica de

    estado? Educ. Soc., Campinas, v. 35, n. 129, p. 1205-1222, out/dez., 2014.

    CRESWELL, John W. Projeto de Pesquisa: mtodos qualitativos, quantitativos e misto. Porto

    Alegre: Artmed, 2010.

    MARQUES, Amanda Moreira Borde da Costa. Conselhos Escolares em duas escolas pblicas de

    tempo integral do Municpio de Itabora/RJ: a participao em discusso. 2016. 156 f. Dissertao

    (Mestrado em Educao). Centro de cincias humanas e sociais, UNIRIO, Rio de Janeiro. 2016.

    MAURCIO, Lcia Velloso. Jornada escolar ampliada. IN: MAURCIO. Lcia Velloso (org.).

    Tempos e espaos escolares: experincias, polticas e debate no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro:

    Ponteio: FAPERJ. 2014.

    MENEZES, Janaina S. S. Educao em tempo integral: direito e financiamento. Educar em Revista,

    Curitiba, Brasil, n. 45, p. 137-152, jul./set. 2012. Editora UFPR.

    SANTO, Nathalia Cortes do Esprito; BERNADO, Elisangela da Silva. Conselhos Escolares no

    municpio de Seropdica (RJ): desafios e perspectivas. IN: OLIVEIRA. Lia Maria Teixeira; LINO,

    Luclia Augusta; CAVALCANTE, Jos Airton Chaves (orgs). Conselhos Escolares: Desafio

    Cotidianos da Gesto Democrtica. Seropdica: UFRRJ, 2017.

  • 41

    - V -

    POLTICAS EDUCACIONAIS: NUANCES DA PROPOSTA DO NOVO

    ENSINO MDIO

    Ana Lara Casagrande

    UNESP/Rio Claro, Brasil

    [email protected]

    Silvia Maria dos Santos Stering

    UNESP/Rio Claro, Brasil

    [email protected]

    Joyce Mary Adam

    UNESP/Rio Claro, Brasil

    [email protected]

    Introduo

    O Ensino Mdio corresponde ltima etapa da educao bsica no Brasil (BRASIL, 1996,

    art. 4) e est estabelecido como um direito de todo cidado.

    Mediante a Lei n 13.415/2017, sinaliza-se a necessidade de problematizar a formao que se

    pretende para o jovem no Brasil, considerando o risco de consolidar-se uma educao dual via poltica

    pblica, com a insero da especializao no Ensino Mdio.

    Cumpre lembrar que h boas experincias nos Institutos Federais, em que 50% das vagas

    devem ser destinadas aos cursos tcnicos integrados (BRASIL, 2008, art. 8). Tais experincias

    divergem da proposta de educao profissional em nvel mdio desenvolvida pelo Regime Civil-

    Militar, j que sinalizam ir alm da educao profissional e tecnolgica em si. Sua base terica

    (BRASIL, 2008) indica o desenvolvimento de uma formao ampla, capaz de estimular o estudante

    a compreender as vrias formas do fazer alienado.

    Os exemplos citados evidenciam que o Ensino Mdio alvo de uma disputa de projetos

    sociais antagnicos da existncia humana (FRIGOTTO, 2006, p.244).

    Ensino em Tempo Integral e mundo do trabalho

    O Plano Nacional de Educao PNE (2014-2024) prev como meta de n 6: Oferecer

    educao em tempo integral em, no mnimo, cinquenta por cento das escolas pblicas, de forma a

  • 42

    atender, pelo menos, vinte e cinco por cento dos(as) alunos(as) da Educao Bsica (BRASIL,

    2014).

    A Lei n 11.494/2007, que institui o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao Bsica

    e de Valorizao dos Profissionais da Educao FUNDEB, deixa claro que haja diferenciao das

    ponderaes para distribuio proporcional de recursos das matrculas em tempo integral. O que,

    inclusive, pode ser um dos fatores envolvidos no interesse dos estados, de modo geral, em estimular

    o ensino integral na etapa do Ensino Mdio: valor de ponderao maior, que implica mais recursos.

    Nota-se que a expanso do Ensino em Tempo Integral faz parte das polticas educacionais.

    Nesse contexto, a Lei n 13.415 sancionada em fevereiro de 2017 institui a Poltica de Fomento

    implementao de Escolas de Ensino Mdio em Tempo Integral em todo o pas.

    Nela, estabelece-se uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com 1.800 horas, em que

    so estabelecidos direitos e objetivos de aprendizagem comuns, e uma parte diversificada, composta

    por distintos itinerrios formativos, a serem organizados conforme a relevncia para o contexto local

    e a possibilidade dos sistemas de ensino (BRASIL, 2017, art. 36). O tempo restante ao dedicado

    BNCC corresponde a reas eletivas, dentre linguagens, matemtica, cincias da natureza e cincias

    humanas e sociais aplicadas ou formao tcnica e profissional, por meio de cursos tcnicos.

    Levantamos a possibilidade de que tal proposio gere uma limitao na formao1 do jovem

    pobre desde a etapa obrigatria de estudos, dessa maneira, negando a oferta educativa capaz de

    possibilitar uma formao comprometida com a continuidade dos estudos em nvel universitrio, por

    exemplo.

    Vale retomar que o processo formativo proposto pode remeter perspectiva de Gramsci

    (1998), para quem a Escola Unitria ofereceria a possibilidade da construo da revoluo cultural e

    formao do intelectual orgnico. Referindo-se ao contexto italiano do incio do sculo XX, em que

    se desenvolveu o debate sobre a escola profissional e da cultura geral, o autor afirma a necessidade

    de abolir a escola desinteressada e formativa, que estaria destinada pequena elite de senhores e

    de mulheres que no devem pensar em se preparar para um futuro profissional (GRAMSCI, 1991,

    p. 118), ou manter poucas delas.

    A sada vislumbrada pelo autor perpassaria a Escola Unitria, definida como uma escola que

    vincularia o ensino tcnico-cientfico ao saber humanista, assim, o caminho a ser trilhado deveria ser

    o da escola que equilibrasse o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente

    (tecnicamente, industrialmente) e o desenvolvimento das capacidades de trabalho intelectual

    (GRAMSCI, 1991, p. 118).

    1 Ainda que se estabelea a BNCC, alertamos para a realidade de uma formao que divide a ateno com uma

    especializao precoce.

  • 43

    No se pode afirmar que a reforma empreendida recentemente, assemelhe-se proposta

    gramsciana de formao, pois h um componente diferencial e importante: preocupao com a

    formao do intelectual orgnico, na mesma medida, com um saber erudito e tecnoprofissional,

    comprometido com sua classe. Ou seja, uma formao articulada participao efetiva e consciente

    da classe trabalhadora, via superao de concepes fragmentrias e desarticuladas, tanto no campo

    econmico como no plano poltico-social.

    Pretendemos evidenciar que o aparato ideolgico mobilizado na proposta educacional

    importante e dimensiona os fins preteridos.

    Na discusso sobre qual Ensino Mdio se quer, em se tratando de poltica educacional, importa

    lembrar que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) estabelece que tal etapa dever vincular-se ao mundo

    do trabalho e prtica social (BRASIL, 1996, art.1 2). Os Parmetros Curriculares Nacionais

    acompanham tal premissa ao inserir como objetivo a insero do jovem no mundo produtivo e a

    dimenso de preparao para o trabalho, de maneira que se percebe o trabalho como categoria

    estruturante do ser social (PACHECO, 2018 [on line]).

    No desprezando a importncia do trabalho para a constituio do humano, lembra-se que o

    jovem oriundo da elite tem na continuidade dos estudos (Ensino Superior) um caminho bvio, por

    isso, concatenar as consequncias de uma educao tcnica/especializada inserida no Ensino Mdio

    diz respeito preocupao com a formao pretendida aos demais jovens: pobres.

    No se deve considerar como similares, ainda, o Ensino Mdio integrado com o que se prope

    na Reforma do Ensino Mdio, uma vez que a ltima determina que todos os estudantes percorram

    itinerrios formativos idnticos nos trs primeiros semestres do processo ensino-aprendizagem e,

    posteriormente, escolheram uma rea de predileo. Assim, impossibilitar ao estudante que opte

    pela formao tcnica e profissional, o estabelecimento de dilogos abertos com as demais disciplinas

    do ncleo comum, de modo que se dificulta a integrao de uma formao geral slida aliada a uma

    formao profissional qualificada, pois ficam circunscritas a momentos estanques.

    Faz-se necessrio questionar o destino dos cursos tcnicos integrados dos Institutos Federais

    com a implementao dessa reforma.

    preciso considerar, ainda, a questo dos recursos necessrios para a operacionalizao da

    expanso do Ensino Mdio em tempo integral, em um contexto de teto para os gastos pblicos, a

    conhecida PEC 241, que no Senado tramitou como PEC 55. Uma implicao central para o campo

    educacional a de que os recursos que financiam servios pblicos sejam limitados pelo prazo de 20

    anos.

  • 44

    Concluses

    Ao longo do tempo, o Ensino Mdio tem sido um campo de disputas no cenrio brasileiro,

    devido s suas finalidades estarem ligadas ao devir da juventude, que passa necessariamente pelo

    processo formativo humano, cujo fruto redundar no preenchimento dos postos de comando na

    sociedade.

    A reforma curricular no est alheia s questes de ordem pragmtica, como a adequao s

    demandas econmicas e de mercado ou a limitao do acesso educao superior por meio da

    profissionalizao, entre outras questes. Isso marca as disputas por hegemonia em torno de um

    projeto de sociedade.

    Aqui bradamos por uma educao comprometida com a emancipao humana, sobretudo do

    jovem pobre.

    Referncias

    BRASIL. Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 1996.

    BRASIL. Lei n 11.494, de 20 de junho de 2007. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 2007.

    BRASIL. Lei n. 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 2008.

    BRASIL. Lei n 13.005, de 25 de junho de 2014. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 2014.

    BRASIL. Lei n 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 2017.

    FRIGOTTO, G. Fundamentos cientficos e tecnolgicos da relao trabalho e educao no Brasil de

    hoje. In: LIMA, Jlio C. F.; NEVES, Lcia M. W. (Org.). Fundamentos da educao escolar do Brasil

    contemporneo. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

    GRAMSCI, A. Maquiavel, a poltica e o Estado moderno. Traduo de C. N. Coutinho. 3. ed. Rio de

    Janeiro: Civilizao Brasileira, 1978.

    ________. Os intelectuais e a organizao da cultura. 8 ed. So Paulo: Circulo do livro, 1991.

    PACHECO, E. Os institutos federais: uma revoluo na educao profissional e tecnolgica.

    Disponvel em http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/insti_evolucao.pdf. Acesso em 02 de fev.

    2018.

  • 45

    - VI -

    OPES POLTICO-INSTITUCIONAIS DE GESTO DEMOCRTICA EM

    SISTEMAS MUNICIPAIS DE ENSINO

    Ana Paula da Motta

    Unoesc/Brasil

    [email protected]

    Marilda Pasqual Schneider

    Unoesc/Brasil

    [email protected]

    Introduo

    Em ateno ao que determina a Constituio Federal acerca da educao brasileira, a Lei de

    Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB n 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996,

    determinou que a organizao dos sistemas de ensino fosse orientada pelo princpio de gesto

    democrtica, de modo a engendrar espaos e mecanismos de participao da comunidade local na

    conduo das atividades educacionais, tendo em vista uma formao cidad. No especificou, no

    entanto, como os respectivos sistemas deveriam proceder para regulamentar esses espaos e

    mecanismos de participao de modo a atender o disposto na referida Lei.

    Como consequncia, os sistemas de ensino passaram a compreender e interpretar essa

    determinao legal de forma bastante diversa e, por vezes, contraditria do ponto de vista da relao

    entre dispositivos, mecanismos e espaos de participao. Resultado disso um quadro pouco

    auspicioso em termos de oportunidades de participao da comunidade local no delineamento das

    polticas e aes educacionais.

    Atentos a esse contexto, bem como aos resultados parciais de uma pesquisa de abrangncia

    nacional, cuja proposta consiste em mapear a gesto educacional nos sistemas municipais de ensino

    do estado de Santa Catarina, o presente trabalho tem por objetivo examinar opes poltico-

    institucionais de gesto democrtica do ensino pblico em municpios do estado de Santa Catarina.

    Em termos metodolgicos, o estudo compreende captura e anlise dos documentos que informam os

    princpios, espaos e mecanismos de gesto democrtica do ensino pblico na educao bsica,

  • 46

    conformados na legislao dos sistemas municipais de ensino de uma das seis mesorregies

    geogrficas2 em que se encontra subdividido o estado de Santa Catarina.

    Normatizao das polticas de gesto democrtica nos sistemas municipais de ensino

    A mesorregio da Grande Florianpolis compreende a regio litoral central do estado de Santa

    Catarina. composta por 21 (vinte e um) municpios agrupados em trs microrregies: Tijucas,

    Florianpolis e Tabuleiro.

    Em levantamento realizado junto ao conjunto de municpios dessa mesorregio, constatamos

    que trs deles (14%) no dispem de sistema prprios de ensino. De modo geral, a cronologia de

    implantao dos sistemas demonstra que o processo de normatizao dos sistemas municipais de

    ensino foi lento na mesorregio da Grande Florianpolis, tendo se estendido durante todo o perodo,

    de 1999 a 2015.

    Apesar de apenas uma parcela ter seus sistemas de ensino institucionalizados, de modo geral,

    o levantamento demonstrou que h uma preocupao com a criao de espaos legtimos de gesto

    democrtica, demonstrada principalmente pela criao de conselhos municipal e escolares e pela

    implantao de programas de descentralizao financeira e do frum municipal de educao. A

    criao de programas e aes e de espaos e mecanismos de participao esto orientados por doze

    princpios de gesto democrtica, sendo mais frequentes, dentre eles, os referidos participao da

    comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

    Embora menos frequentes, os princpios que transcendem os regulamentados na LDB esto

    assim delimitados (em escala descendente): a) processo de escolha de diretores; b) participao

    efetiva da comunidade escolar na tomada de decisses no mbito das respectivas unidades escolares

    e do sistema municipal de ensino; c) transparncia dos mecanismos pedaggicos, administrativos e

    financeiros; d) participao dos profissionais de educao e da comunidade escolar na elaborao do

    projeto poltico-pedaggico da escola; e) respeito autonomia de organizao de pais, professores,

    servidores e estudantes; f) descentralizao do processo de gesto educacional e do oramento; g)

    adoo de planejamento participativo; e h) apoio ao funcionamento de grmios estudantis.

    Quanto aos espaos e mecanismos de participao, que representam mecanismos de

    empoderamento3 da comunidade local, os mais frequentes so o Conselho Municipal de Educao

    (CME) e o Plano Municipal de Educao (PME), contemplados em 100% dos municpios. Na

    sequncia aparecem o PPP, contemplado em 94,4% dos municpos, e o Conselho Escolar, presente

    2 O estado de Santa Catarina conta com as seguintes mesorregies: Grande Florianpolis, formada por 21 municpios;

    Norte Catarinense, com 26 municpios; Oeste Catarinense, com 118 municpios; Serrana, com 30 municpios; Sul

    Catarinense, com 46 municpios; e Vale do Itaja, com 46 municpios. 3 Neste trabalho, o termo empoderamento remete aos movimentos sociais que defendem maior participao social e

    poltica na tomada de decises e de oportunidades s minorias.

  • 47

    em documentos de 83,3% dos municpios.

    Sobre a efetividade desses espaos e mecanismos de participao recaem algumas reservas

    posto que as leis municipais, que deveriam regulamentar tanto o CME como o PME, foram

    disponibilizadas apenas por uma parte dos municpios. Sobre o PME, apenas dois municpios So

    Bonifcio e Tijucas apresentaram a Lei de regulamantao do Plano. A ausncia de regulamentao

    pe em risco o cumprimento das metas do PME e a prpria ideia de plano posto dificulta o

    monitoramento e inibe a possibilidade de exigncia prestao de contas por parte dos governos dos

    municpios.

    Quanto ao PPP, esperava-se que a totalidade de municpios da messorregio dispusesse desse

    mecanismo uma vez que ele representa [...] a oportunidade para a direo, a coordenao

    pedaggica, os (as) professores (as) e a comunidade tomarem sua escola nas mos, definirem seu

    papel estratgico na educao das crianas e jovens, organizarem suas aes, visando a atingir os

    objetivos a que se propem (LIBNEO, 2010, p. 96).

    Posto que a incumbncia de elaborao est a cargo das escolas, havia expectativa de que a

    prtica do planejamento viabilizada pelo PPP estivesse amplamente disseminada nas escolas,

    mormente as da rede municipal. Entretanto, o fato de trs municpios, incluindo os que no possuem

    Sistema Municipal, no informarem sua regulamentao, sugere que ainda h um longo caminho a

    se percorrer na mesorregio para a disseminao de prticas gestionrias focalizadas em mecanismos

    de planejamento participativo.

    Quanto aos Conselhos Escolares, 15 municpios referem sua criao. Apesar de implantado

    na expressiva maioria dos municpios da mesorregio, verificou-se ausncia de mecanismos de

    transparncia sobre seu funcionamento, tais como suas competncias e atribuies, regras de

    organizao, composio e autonomia.

    Localizamos os que criaram seus Conselhos Escolares, mas que no preveem estratgias de

    participao desse rgo na democratizao do ensino pblico da educao bsica.

    Concluses

    Os dados colhidos permitem-nos constatar que a regulamentao da gesto democrtica,

    apesar de constituir preocupao das instncias municipais, ainda no uma prtica comum nos

    municpios da mesorregio da Grande Florianpolis. Acreditamos que, com a consecuo do Plano

    Nacional de Educao e dos Planos Estadual e Municipais, esse cenrio possa, em breve, ser

    ampliado, uma vez que a gesto democrtica constitui uma das 20 metas da educao para os

    prximos dez anos.

  • 48

    Os resultados alcanados nos levam a questionar a ao governamental em relao

    regulamentao da gesto democrtica do ensino pblico e as possibilidades concretas de

    transformaes sociais. Observa-se que, em parte dos municpios, predomina a inteno de apenas

    cumprir com a obrigatoriedade de institucionalizao de espaos e mecanismos de participao dos

    sujeitos na democratizao do ensino pbl