política de educação profissional para mato grosso do sul

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Política de Educação Profissional Foto: Brino Peres/Photo Agência Elizabeth Fadel Política de Educação Profissional para Mato Grosso do Sul

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Page 1: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

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Elizabeth Fadel

Política de Educação Profissional para Mato Grosso do Sul

Page 2: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 1

Política de Educação Profissional

Elizabeth Fadel

Page 3: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

©2005 UNESCO. Todos os direitos reservados.

Publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Esta publicação é fruto de uma parceria entre a Representação da UNESCO no Brasil e a SecretariaEstadual de Educação de Mato Grosso do Sul

Esta publicação tem a cooperação da UNESCO no âmbito do Projeto 31- 412504BR, o qual tem oobjetivo de capacitar e promover o desenvolvimento das equipes locais responsáveis pela educaçãoprofissional nos estados do Brasil. Os autores são responsáveis pela escolha e pela apresentação dosfatos contidos nesta publicação, bem como pelas opiniões nela expressas, que não sãonecessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organização. As indicações de nomes e aapresentação do material ao longo desta publicação não implicam a manifestação de qualquer opiniãopor parte da UNESCO a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região oude suas autoridades, tampouco a delimitação de suas fronteiras ou limites.

BR/2005/PI/H/38

Educação Profissional :: Pontos de partida2

Page 4: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida4

Secretaria de Estado de Educação

Secretário de Estado de EducaçãoHélio de Lima

Superintendente de Políticas de EducaçãoOnilda Ouriveis

Superintendente de Planejamento de Apoio à EducaçãoLeda Regina Taborda Angeli

Superintendente de Apoio Administrativo e OperacionalRui Carlos Reiter

Coordenadora de Serviços de Apoio ao GabineteArlete Alves Hodgson

Coordenador de Programas de Apoio EducacionalEzerral Bueno de Souza

Coordenadora de Tecnologias EducacionaisTerezinha Mesquita Granja

Coordenador de Rede FísicaHorácio Almeida Liberato

Coordenadora de Ed. Básica e de Ed. ProfissionalIrene de Souza Diniz Pereira

Coordenadora de Políticas Específicas em EducaçãoTerezinha Zandavalli de Figueiredo

Coordenadora de Normatização das Políticas EducacionaisIlza Mateus de Souza

Coordenador de Gestão EscolarRonaldo Larrúbia

Coordenadora de Educação EspecialVilma Judite Vitoratto

Coordenador de FinançasNicola Ernesto Canale Villas Boas

Coordenador de Administração Marcelo de Almeida Sant’Agostinho

Coordenadora de Recursos HumanosLucimar Popovits da Silva

Assessor de ComunicaçãoAnderson Carvalho

Assessora JurídicaJaci Lúcia de Abreu

Assessores de GabineteElza Maria Villas BoasRômulo da Luz Silva

Assessor de Apoio Administrativo ao GabineteFausto Pereira de Carvalho

Gestora da Educação ProfissionalRose Lene Arakaki Damasceno

Equipe TécnicaAlvara Susi Peixoto SimeiClaudeci Pereira de LimaEvanize de Barros LimaFernando Caetano EntrudoMarilza Chamorro Moraes

ConsultoriaElizabeth Fadel

Responsável pela revisãoMaria Solange de Carvalho e Carvalho

Fotos gentilmente cedidas:

• Agência Popular de Notícias do Estado deMato Grosso do Sul

• Centro de Educação Profissional Ezequiel Ferreira Lima

• Centro Tecnológico do Couro

• Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul

• Fundação de Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul

• Secretaria de Produção e Turismo do Estado de MatoGrosso do Sul

• Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial/MS

Page 5: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 5

Prefácio

O documento inicia-se com um capítulo que trata da “Base Conceitual e de Princípios, em

Perspectiva Histórica, da Política de Educação Profissional para Mato Grosso do Sul”, oferecendo

os embasamentos legais (federais e estaduais) para a oferta de educação profissional, seguidos

da análise dos fundamentos das relações entre educação e trabalho contidos no Parecer CNE/CEB

nº16/99, terminando com as características que devem orientar a oferta de educação profissional

no estado.

O segundo capítulo, denominado “Diagnóstico – Perfil Produtivo, Socioeconômico, do Trabalho

e da Oferta de Educação Profissional no Estado de Mato Grosso do Sul como Referencial Básico

para a sua Política de Educação Profissional”, foi dividido em subcapítulos, nos quais são tratados,

separadamente, vários dados e informações que subsidiam a definição da política em pauta.

O primeiro deles, “Perfil socioeconômico do estado”, caracteriza o Mato Grosso do Sul do ponto

de vista geográfico e econômico. O segundo, “Caracterização da população economicamente ativa,”

oferece dados demográficos relacionados à força de trabalho, que incluem sua situação de trabalho

e distribuição por gênero, faixa etária, etnia, escolaridade, localização geográfica e rendimento médio

mensal. O terceiro, “Perfil da atual oferta de educação profissional”, apresenta dados e faz a análise

dos cursos disponibilizados no estado, tendo como base as informações relativamente defasadas

contidas no Censo da Educação Profissional, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, em 1999; analisa, ainda, dados relacionados ao

perfil de escolaridade do corpo docente que se dedica à educação profissional no estado. O quarto,

“Perfil da demanda e prioridades de educação profissional”, examina as opções mais adequadas

para a definição das áreas prioritárias a serem alvo dos investimentos em educação profissional e

enfatiza a importância da oferta gratuita dessa modalidade de educação, considerando a situação

econômica da maior parte de sua clientela potencial. O último subcapítulo, , “Ferramentas para a

identificação, a localização, o dimensionamento e a caracterização qualitativa da demanda de

educação profissional”, faz sugestões de como avaliar a demanda por trabalhadores qualificados,

com base em bancos de empregos e outras iniciativas semelhantes.

O terceiro capítulo, intitulado “Diretrizes para a Educação Profissional no Estado de Mato Grosso

do Sul, também foi dividido em subcapítulos, nos quais são abordadas cada uma das estratégias

preconizadas pelo documento, que, juntas, caracterizam o conjunto de diretrizes para a educação

profissional no estado. O primeiro, “Promover a expansão da oferta de educação profissional de

forma compatível com as demandas do estado e com seu projeto de desenvolvimento”, propõe

sugestões concretas, como a implantação de um Observatório do Trabalho e de um Fórum Estadual

de Educação Profissional, entre outras. O segundo, “Promover / ampliar a acessibilidade e buscar

opções de permanência da clientela em programas de educação profissional”, propõe, entre outras

medidas, o monitoramento contínuo dos requisitos de acesso aos cursos a serem ofertados, a

articulação da educação profissional com a educação básica, a oferta de condições ambientais

e pedagógicas diferenciadas, que possibilitem o acesso e a permanência de portadores de

Page 6: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida6

necessidades especiais nos cursos oferecidos, a divulgação ampla da oferta de educação

profissional por diferentes veículos e meios de comunicação, a monitoração e o mapeamento

permanente da relação entre a oferta e a demanda de educação profissional, e o estudo e a

implantação de medidas que possibilitem maiores taxas de participação e permanência da clientela

potencial nos cursos de educação profissional.

Já o terceiro subcapítulo, “Promover o aprimoramento significativo e contínuo da qualidade

dos programas de educação profissional”, sugere a implantação de um sistema de avaliação

institucional da educação profissional no estado de Mato Grosso do Sul, a difusão de concepções e

modelos pedagógicos adequados aos perfis profissionais requeridos pelo mundo do trabalho moderno,

a busca de opções para manter atualizados os recursos tecnológicos necessários à educação

profissional, a elaboração e a implantação de programas de formação inicial e continuada para todos

os membros das equipes de educação profissional, e o estímulo ao registro e à difusão, sob

diferentes formas, de experiências que envolvam currículos voltados para o desenvolvimento de

competências profissionais, organizados como sistemas abertos de formação ou como itinerários

formativos, e que utilizem metodologias focadas na ação. O quarto, “Promover a melhoria da gestão

da educação profissional, em todos os seus níveis, com a adoção e a difusão de princípios de

gestão participativa”, sugere a implantação de sistema integrado de dados, a criação de organismos

com representatividade para participar na elaboração e na implementação de políticas de educação

profissional, a necessidade de assegurar recursos financeiros e tecnológicos para a expansão da oferta

e o aprimoramento da qualidade da educação profissional, e a implementação de modelo de gestão

participativa e de excelência técnico-administrativa no sistema estadual de educação profissional.

Elizabeth Fadel

Consultora

Page 7: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 7

Sumário

Apresentação .............................................................................................................................9

INTRODUÇÃO .........................................................................................................................11

1. BASE CONCEITUAL E DE PRINCÍPIOS, EM PERSPECTIVA HISTÓRICA,

DA POLÍTICADE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

PARA MATO GROSSO DO SUL .........................................................................................12

2. DIAGNÓSTICO - PERFIL PRODUTIVO, SOCIOECONÔMICO, DO

TRABALHO E DA OFERTA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO

ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, COMO REFERENCIAL BÁSICO

PARA A SUA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ................................................16

2.1 Perfil socioeconômico do Estado ..................................................................................16

2.2. Caracterização da população economicamente ativa (PEA) .......................................17

2.3. Perfil da atual oferta de educação profissional ............................................................19

2.4. Perfil da demanda e prioridades de educação profissional .........................................25

2.5. Ferramentas para a identificação, a localização, o

Dimensionamento e a caracterização qualitativa da demanda

de educação profissional ..............................................................................................26

3. DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO ESTADO DE

MATO GROSSO DO SUL ...................................................................................................27

3.1. Promover a expansão da oferta de educação profissional de

forma compatível com as demandas do estado e com seu

projeto de desenvolvimento ..........................................................................................27

3.2. Promover/ampliar a acessibilidade e buscar opções de

permanência da clientela em programas

de educação profissional ..............................................................................................28

3.3. Promover o aprimoramento significativo e contínuo

da qualidade dos programas de educação profissional ...............................................29

3.4. Promover a melhoria da gestão da educação profissional,

em todos os seus níveis, com a adoção e a difusão de

princípios de gestão participativa .................................................................................31

Page 8: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 9

Apresentação

É compromisso do Governo Popular de Mato Grosso do Sul garantir a educação como direito de

todos e oportunizar ao cidadão sul-mato-grossense o acesso à formação, à qualificação e à

requalificação profissional como instrumento de inclusão, possibilitando sua inserção no mundo do

trabalho.

Nessa ótica, a Secretaria de Estado de Educação desencadeou ampla discussão com os diversos

segmentos da sociedade civil para elaboração da Política Estadual de Educação Profissional, tendo

como princípios norteadores: a educação, o trabalho, a ciência e a tecnologia.

Para a sistematização deste documento, foram consideradas experiências e propostas

desenvolvidas pelas instituições que promovem a educação profissional no estado, o que possibilitou

conhecer as dificuldades, os avanços e a qualidade dos programas oferecidos.

Diante do quadro real de atendimento e dos problemas apontados, é necessário unir forças e

somar parcerias, para que a educação profissional em Mato Grosso do Sul possa assumir a natureza

e os fins a que se propõe e integrar-se às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à

tecnologia, fortalecendo, assim, a cidadania do povo sul-mato-grossense.

Hélio de Lima

Secretário de Estado de Educação

Page 9: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 11

INTRODUÇÃO

Este documento tem por finalidade propor uma política de educação profissional para Mato

Grosso do Sul, concebida por um grupo de trabalho que, em sua composição, procurou representar

as instituições governamentais e não governamentais ligadas a essa modalidade de educação.

Trata-se de um documento que requer apresentação e discussão em fóruns, para que seu

conteúdo seja devidamente conhecido pelos representantes dos diversos segmentos da sociedade

sul-mato-grossense ligados, seja como agentes, seja como atuais e futuros beneficiários, à educação

profissional.

É importante destacar que não se está apresentando um documento de caráter acadêmico,

dedicado ao aprofundamento de questões conceituais, de natureza filosófica, política ou pedagógica.

Tampouco é um documento que explicita tecnologias e procedimentos técnicos ligados à construção

e à gestão de programas de educação profissional. Trata-se, aqui, de um documento que vem

propor:

[...] um conjunto de direcionamentos e objetivos de natureza estratégica e sistêmica, para as

ações governamentais e não-governamentais de interesse público no âmbito da educação

profissional no Estado de Mato Grosso do Sul, em consonância com sua política de

desenvolvimento, definida em diálogo com a sociedade e que promova a construção do futuro

por ela escolhido. 1

Portanto, ele destina-se a convergir, sintonizar e fortalecer intenções, vontades e esforços de

diferentes instâncias e instituições, governamentais e não governamentais, dedicadas à educação

profissional, de forma a potencializar investimentos financeiros, recursos materiais e humanos, no

sentido de oferecer à população sul-mato-grossense significativa ampliação do acesso a programas

de educação profissional de boa qualidade.

É importante explicitar que a educação profissional proposta neste documento é de caráter

humanista, porque privilegia a contínua formação do ser humano integral, cidadão incluído, pelo

trabalho, na sociedade em que vive e na qual interage, participando das decisões que envolvem os

rumos de seu desenvolvimento.

A compreensão que esteve presente na construção deste documento é a de que a educação

profissional é uma das dimensões do enfrentamento da complexa problemática do trabalho e da

exclusão social no estado de Mato Grosso do Sul. Assim, ela precisa estar articulada às demais

políticas públicas. Nesse sentido, as estratégias de desenvolvimento já discutidas pela sociedade

sul-mato-grossense e expressas nos documentos Plano Plurianual 2004-20072, Cenários eEstratégias de longo prazo para Mato Grosso do Sul3 e Perfil Competitivo do Estado de Mato Grossodo Sul / Mercoeste4 foram referências fundamentais para a definição das diretrizes político-

1.Conceito de Política de Educação Profissional formulado e adotado pelo Grupo de Trabalho responsável pela produçãodo presente documento.

2.MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Planejamento e de Ciência e Tecnologia. Plano Plurianual 2004-2007. Campo Grande: Seplanct, 2003.

3.MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Planejamento e de Ciência e Tecnologia. Cenários e estratégias delongo prazo para Mato Grosso do Sul. Campo Grande: Seplanct, 2000.

4 SERVIÇO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Projeto Alavancagem do Mercoeste. Perfil competitivo do Estado de Mato Grossodo Sul. Brasília: Senai, 2002.

Page 10: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

estratégicas para a educação profissional que compõem, essencialmente, este documento. A

educação e, particularmente, a educação profissional é destacada, em todos os documentos citados,

como importantes ferramentas viabilizadoras do desenvolvimento econômico e social do estado.

1. BASE CONCEITUAL E DE PRINCÍPIOS, EM PERSPECTIVA HISTÓRICA,DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL PARA MATO GROSSO DO SUL

Há inúmeros documentos que explicitam conceitos e princípios que devem orientar a concepção

e a gestão de seus programas educacionais. Em relação à educação profissional, conceitos e

princípios de base integram os textos dos seguintes documentos legais:

Âmbito Federal:

Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as Diretrizes e Bases da

Educação Nacional” (Capítulo III da Educação Profissional, artigos 39 a 42);

Decreto Federal nº 5.154, de 23 de julho de 2004, que “regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts.

39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da

Educação Nacional e dá outras providências”, decreto este que revogou o Decreto nº 2.208, de 17

de abril de 1997;

Resolução CNE/CEB nº 04/99, que “institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Profissional de Nível Técnico”;

Resolução CNE/CP nº 03/2002, que “institui as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a

Organização e o Funcionamento dos Cursos Superiores de Tecnologia”.

Âmbito Estadual:

Lei nº 2.787, de 24 de dezembro de 2003, que “dispõe sobre o Sistema Estadual de Ensino de

Mato Grosso do Sul e dá outras providências” (Seção IV – Da Educação Profissional);

Lei nº 2.791, de 30 de dezembro de 2003, que “aprova o Plano Estadual de Educação de Mato

Grosso do Sul e dá outras providências” (Item 3 – Educação Profissional);

Deliberação do Conselho Estadual de Educação nº 6.321, de 17 de agosto de 2001, que “fixa

normas para a educação profissional para o Sistema Estadual de Ensino e dá outras providências”.Além desses dispositivos legais, os pareceres que inspiraram as resoluções citadas, que instituem

as diretrizes curriculares da educação profissional de nível técnico e de nível tecnológico5,

apresentam e desenvolvem, de forma bastante consistente, conceitos e princípios que,

historicamente, vêm sendo consolidados, em diferentes abordagens, mas de forma convergente,

pela produção científico-acadêmica na área de educação, particularmente no que se refere à sua

relação com o trabalho. Pode-se afirmar, assim, que os pareceres, em especial o Parecer CNE/CEB

nº16/99, que “Trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível

Técnico”, reúnem valores e indicações de natureza político-pedagógica que, há muito tempo, vêm

sendo difundidos e defendidos pelos que almejam uma educação criticamente mais sintonizada com

a contemporaneidade.

O caráter participativo e democrático de elaboração do Parecer nº 16/99 e a consistência de seu

conteúdo fazem que conceitos e princípios nele contidos sejam aqui recolocados e enfatizados como

Educação Profissional :: Pontos de partida12

5.A partir do Decreto nº 5.154, recentemente publicado, são denominadas educação profissional técnica de nível médioe educação profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação.

Page 11: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

componentes da base conceitual e de princípios da política de educação profissional para Mato

Grosso do Sul.

Faz-se necessário retomar, pelo menos, a identificação e a caracterização, em uma visão sintética

e objetiva, de três ciclos do trabalho e da educação a eles correspondente:

• o ciclo da produção limitada, da integralidade artesanal, e do trabalho como desígnio identificador

de classe social;

• o ciclo da produção em série e da acentuada divisão do trabalho, caracterizado pela dualidade e

pela segregação produtiva, humana e social;

• o emergente ciclo do trabalho inteligente e caracterizado por crescente consciência da

responsabilidade social, entendido como direito de todos.

Embora esses ciclos possam ser colocados em uma linha do tempo e comumente sejam vistos

como evolutivos, a diversidade e o desequilíbrio brasileiros incluem sua coexistência.

De forma claramente identificada com o ciclo do trabalho inteligente e caracterizado pela

consciência da responsabilidade social, os conceitos e os princípios que estão postos como

direcionadores da educação profissional brasileira, hoje:

• reconhecem-na como direito de todo cidadão e como importante ferramenta de inclusão social e

de desenvolvimento econômico;

• colocam-na a serviço do trabalho inteligente e comprometido com valores relacionados à

preservação da saúde humana, do meio ambiente e do estabelecimento de relações ética e

politicamente corretas entre produção e consumo;

• consolidam a concepção de que o pensar e o realizar estão sempre e necessariamente presentes

em todo trabalho humano, não sendo possível (nem desejável) a identificação ou o estabele-

cimento de uma cronologia entre essas duas dimensões, tanto no trabalho como nos processos

educativos;

• reconhecem e fortalecem a estreita relação e a necessária integração entre a educação

profissional e as outras modalidades de educação, o trabalho, a ciência e a tecnologia.

Duas transcrições do texto do Parecer nº 16/99 são aqui oportunas e importantes. A primeira

delas ressalta a relação ou a já mencionada integração da educação profissional às demais formas

de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, bem como a superação do caráter segre-

gacionista e preconceituoso que, historicamente, foi dado à educação profissional e que permanece

em alguns segmentos da sociedade, mesmo no meio acadêmico e entre alguns profissionais da

educação, de maneira não explícita, é verdade, mas perceptível em nuances de discursos que se

propõem contestadores e revolucionários.

A Lei Federal nº 9.394, atual LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –,

configura a identidade do ensino médio como uma etapa de consolidação da educação básica,

de aprimoramento do educando como pessoa humana, de aprofundamento dos conheci-

mentos adquiridos no ensino fundamental para continuar aprendendo e de preparação básica

para o trabalho e a cidadania. A LDB dispõe, ainda, que “a educação profissional integrada às

diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia conduz ao permanente

desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva”.

Esta concepção representa a superação dos enfoques assistencialista e economicista da

educação profissional, bem como do preconceito que a desvalorizava.6

Política de Educação Profissional 13

6.BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educaçãoprofissional de nível técnico. Brasília: Proep, 2000. p.17.

Page 12: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

A segunda transcrição diz respeito à necessária superação da concepção dual do trabalho e de

sua reprodução na educação:

Não se concebe, atualmente, a educação profissional como simples instrumento de política

assistencialista ou linear ajustamento às demandas do mercado de trabalho, mas, sim, como

importante estratégia para que os cidadãos tenham efetivo acesso às conquistas científicas e

tecnológicas da sociedade. Impõe-se a superação do enfoque tradicional da formação

profissional baseado apenas na preparação para a execução de um determinado conjunto de

tarefas. A educação profissional requer, além do domínio operacional de um determinado fazer,

a compreensão global do processo produtivo, com a apreensão do saber tecnológico, a

valorização da cultura do trabalho e a mobilização dos valores necessários à tomada de

decisões.7

Tomando o Parecer nº 16/99 como referência básica para a educação profissional brasileira,

portanto, para a educação profissional desenvolvida no estado de Mato Grosso do Sul, reitera-se,

aqui, a importância:

• da articulação da educação profissional técnica de nível médio com o ensino médio, seja de forma

integrada, concomitante, seja subsequente;

• da incorporação da estética da sensibilidade, da política da igualdade e da ética da identidade

em todas as ações e programas de educação profissional, o que envolve, necessariamente, o

compromisso com o desenvolvimento de valores identificados com:

• o respeito ao outro, refletido no gosto e na permanente preocupação com a qualidade do trabalho,

na valorização da diversidade, da criatividade, da beleza e da ousadia;

• a superação de discriminações, a substituição do trabalho hierarquizado pela equipe de produção,

caracterizada pelo companheirismo e pela solidariedade;

• a autonomia e o sentimento de autoria no trabalho e nas realizações nele envolvidas (sentimento

de responsabilidade e de corresponsabilidade pelos resultados sociais gerados);

• da implementação de processos educacionais comprometidos com o desenvolvimento de

competências para a laborabilidade, baseados em perfis profissionais continuamente atualizados,

da mesma forma que os currículos, caracterizados estes pela flexibilidade, pela interdisci-

plinaridade e pela contextualização;

• da autonomia das escolas e das instituições que oferecem educação profissional no que se refere

à definição de seus projetos educacionais, seus projetos político-pedagógicos, o que não as libera

da prestação de contas dos resultados, verificados por meio de sistema de avaliação da educação

profissional a ser, necessariamente, criado e implementado.

O compromisso com o desenvolvimento de competências para a laborabilidade, já identificado

acima como um dos princípios norteadores da educação profissional, requer, neste momento, o

esclarecimento de dois conceitos importantes:

• o de laborabilidade, que se refere às condições de inserção na vida produtiva e social, não

necessariamente por intermédio do emprego, mas, também, na condição de autônomo, pequeno

empreendedor ou como integrante de cooperativas;

• o de competência profissional, ainda tão polêmico, talvez pelo desconhecimento ou pela

incompreensão efetiva do conceito adotado pelo Brasil, após ampla discussão, “Entende-se por

competência profissional a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores,

Educação Profissional :: Pontos de partida14

7. Idem, p. 10.

Page 13: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades

requeridas pela natureza do trabalho”.8

Na perspectiva do desenvolvimento da laborabilidade, a educação profissional com foco restrito,

centrada na formação dirigida a uma ocupação ou a uma profissão específica, cede espaço à

educação profissional com foco mais amplo, voltado ao desenvolvimento de competências

profissionais gerais da área profissional à qual se refere. Dessa forma, na perspectiva da

laborabilidade e em sintonia com o perfil contemporâneo e com as tendências do trabalho, a

educação profissional passa a ter caráter “transprofissional”, o que significa que ela deve:

• contemplar a consolidação, o desenvolvimento das competências básicas para viver e trabalhar

no mundo contemporâneo e futuro;

• privilegiar o desenvolvimento das competências profissionais gerais da área à qual se refere e

sua transposição para áreas profissionais afins.

Finalmente, é fundamental destacar que o princípio da autonomia das escolas, no que se refere

à construção de seus projetos político-pedagógicos, está relacionado à evolução do conceito de

currículo.

O currículo deve ser entendido como um conjunto integrado e articulado de situações-meio,

pedagogicamente concebidas e organizadas para promover aprendizagens significativas. Isso

envolve uma mudança de compreensão no que se refere à natureza do objetivo ou da meta essencial

de programas educacionais, que evolui do acúmulo de saberes (concepção “estoquista”) para a

capacidade de realização, de forma consciente e socialmente relevante e significativa. Nesse

sentido, o controle social, mediado pelas instituições governamentais de supervisão, não está mais

proposto sobre o currículo, sobre o “meio”, mas, sim, sobre os resultados de aprendizagem que por

ele devem ser gerados.

Em síntese e em consonância com os conceitos e os princípios aqui destacados, a educação

profissional no estado de Mato Grosso do Sul, comprometida com a inclusão e a superação das

desigualdades sociais, assegurando a todo cidadão sul-mato-grossense o direito ao permanente

desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social, deverá reunir as seguintes

características 9:

• oferta baseada em demandas regionais/locais reais, atuais ou potenciais, já indicadas nos projetos

de desenvolvimento do estado e continuamente detectadas com base na coleta e na análise de

dados e informações referentes à atividade econômica regional/local;

• oferta definida de acordo com a programação oferecida pelo conjunto das instituições de

educação profissional, com o objetivo de propor atividades integradas e complementares, e não

concorrenciais;

• oferta periodicamente revista ou recomposta, com base na monitoração da evolução das

demandas regionais/locais e de pesquisas, quantitativas e qualitativas, referentes à situação

profissional dos egressos;

• programas desenhados com base em perfis profissionais continuamente atualizados, traduzidos

em competências profissionais a serem desenvolvidas e definidas com ampla participação de

todos os segmentos interessados em sua oferta;

• estruturas curriculares comprometidas com resultados de aprendizagem expressos em compe-

tências profissionais, conforme conceito de competência apresentado na Resolução nº 04/99;

Política de Educação Profissional 15

8. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Art.6º da Resolução CNE/CEB nº 04/99. Brasília:CNE, 1999.

9. FADEL, E.; HAMMOUD, D. K. Cenários da educação profissional no Brasil Hoje. São Paulo: [s.n.], 2003. p.14. (mimeo.Texto editado pelos autores, difusão restrita).

Page 14: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

• estruturas curriculares flexíveis, que possam acolher alunos em diferentes estágios de desen-

volvimento profissional e que possam, também, ser continuamente ajustadas à luz dos resultados

de aprendizagem observados durante o desenvolvimento dos cursos;

• adoção de métodos ativos de aprendizagem-ensino, que façam uso preferencial da pedagogia

de projetos e de solução de problemas, sempre relacionados ao perfil profissional a ser

desenvolvido;

• uso de instrumentos de avaliação concebidos como ferramentas de diagnóstico das

aprendizagens e de regulação do ensino, que tenham como referência as competências profis-

sionais previstas nos perfis profissionais a serem desenvolvidos;

• docentes ligados ao mundo de trabalho e com atuação pedagógica articulada e comprometida

com o desenvolvimento de competências;

• ambientes e recursos adequados à aprendizagem, ao desenvolvimento de competências

profissionais, portanto, tecnologicamente atualizados;

• processo educacional associado, sempre que possível, com opções empreendedoras e de

produção cooperada.

2.DIAGNÓSTICO – PERFIL PRODUTIVO, SOCIOECONÔMICO, DO TRABALHO E DA OFERTA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL COMO REFERENCIAL BÁSICO PARA A SUA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

2.1. Perfil socioeconômico-produtivo do estado

O estado de Mato Grosso do Sul foi instalado em 1979, em consequência do desmembramento

do estado de Mato Grosso, ocorrido em 197710.

Está localizado na região Centro-Oeste, o que lhe confere uma situação privilegiada para o seu

desenvolvimento, pois se limita, ao norte, com os estados de Mato Grosso e Goiás, a leste, com os

estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, ao sul, com a República do Paraguai e, a oeste, com

a República da Bolívia.

Mato Grosso do Sul possui 78 municípios e sua população total estimada é de 2.118.642

habitantes (IBGE/2001). Distribuído tal contingente por seu território de 358.158,7 km2, resulta em

densidade demográfica de 5,91 hab/km2. Mato Grosso do Sul caracteriza-se como um estado

urbano, uma vez que 84,66% da sua população estão radicados em cidades, sendo as principais

Campo Grande, Dourados, Corumbá, Três Lagoas, Ponta Porã e Aquidauana, que, juntas, abrigam

53,6% da população total do estado.

A extensão territorial representa 4,19% do território brasileiro, sendo 1/4 da sua área constituído

de Pantanal. Levantamentos biológicos realizados dão conta de que existem mais de 80 espécies

de mamíferos, 650 de aves, 53 de répteis e 235 de peixes. Esse ecossistema é, ainda, riquíssimo

em plantas, insetos, microelementos. Sua cobertura vegetal é bastante rica e diversificada, produto

do regime das águas e da pluralidade de solos e do clima. Seus rios, incluídos entre os mais piscosos

do continente, são permanentemente visitados e frequentados por pescadores amadores e

profissionais, de várias partes do Brasil e do mundo.

Educação Profissional :: Pontos de partida16

10.AGÊNCIA DE INTEGRAÇÃO DE TRANSPORTES. Estudos econômicos, 2003. Campo Grande: Agitrans, 2003.

Page 15: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 17

Patrimônio da humanidade, esse cenário de belezas e de vida revela-se como um campo

promissor para as atividades econômicas não poluentes e não agressivas ao meio ambiente. Dentro

dessa perspectiva, o ecoturismo, o turismo rural, a pesquisa científica, o criatório de animais,

entre outras atividades, compõem o leque de opções para o aproveitamento econômico da região

pantaneira.

Em meio a essa rica biodiversidade, vivem cerca de 7 milhões de cabeças de gado, introduzidos

há mais de duzentos anos no ambiente pantaneiro. Esse significativo rebanho integrou-se harmo-

niosamente com o meio, convivendo em perfeito equilíbrio com o homem e os animais silvestres.

Na economia do estado, destaca-se a agropecuária, que detém forte presença no contexto

nacional. No ano de 1999, a produção de milho esteve em 7º lugar no ranking nacional; em 2000, o

estado foi o 4º colocado em trigo, o 5º em produção de soja, o 7º em algodão, o 9º em arroz, o 10º

em mandioca e o 11º em cana-de-açúcar. Quanto à pecuária, os destaques foram para o rebanho

bovino, com 21,6 milhões de cabeças para o abate, com 3,4 milhões de cabeças/ano (1º no rankingnacional). No mesmo ano, destacou-se, ainda, pelo abate de aves, com 98 milhões de cabeças, e

pelo abate de suínos, com 704 mil cabeças.

Outro grande destaque econômico são os recursos minerais existentes, com ênfase para as

regiões oeste e sudoeste, especialmente os municípios de Corumbá e de Bodoquena. Segundo

dados do Anuário Mineral de 1999, a reserva estadual de ferro constitui-se na 3ª maior do país (cerca

de 621 milhões de toneladas). A de manganês é apontada como a 2ª maior do país (medida em 7

milhões de toneladas, embora sua quantidade indicada seja, aproximadamente, de 53 milhões de

toneladas). Existem, também, ocorrências de calcário agrícola (medidas em torno de 15,8 bilhões

de toneladas), utilizado na correção de solos, e de mármore de alta qualidade (cerca de 48 milhões,

com indicação de 85 milhões de m3), explorado na indústria da construção.

2.2. Caracterização da população economicamente ativa

Em Mato Grosso do Sul, a População Economicamente Ativa – PEA – está assim representada11:

11. IBGE. Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar – PNAD, 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2001.

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Educação Profissional :: Pontos de partida18

As cinco tabelas a seguir permitem que se caracterize o perfil da PEA do estado 12.

12.MATO GROSSO DO SUL. Secretaria do Planejamento. Gerência de planejamento. Campo Grande: SEPLAN-MS,2001.

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Política de Educação Profissional 19

Com base nos dados das tabelas acima, pode-se concluir que a PEA do estado de Mato Grossodo Sul é majoritariamente masculina, jovem (maior concentração na faixa de 25 a 39 anos),predominantemente branca e parda. Significativa parte dela não tem o ensino fundamental completo(quase 10%, até mesmo, sem nenhuma escolaridade) e sua grande maioria vive no meio urbano.

Em termos do rendimento médio mensal, a tabela a seguir permite que se caracterize a PEA doestado como de baixo a limitado poder aquisitivo. Segundo a estimativa para 2001, a populaçãoeconomicamente ativa com rendimento médio mensal até dois salários mínimos e a sem rendimentocorresponderiam aos índices de 40,04% e de 20,26%, respectivamente. Juntas, portanto, essasduas classes somam 60,31% do total da população economicamente ativa sul-mato-grossense.

2.3. Perfil da atual oferta de educação profissional

A Secretaria de Estado de Cidadania e Justiça e Trabalho do Mato Grosso do Sul, em parceriacom a Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura – Fapec, desenvolveu o Cadastro deEntidades de Educação Profissional/MS-97, com o objetivo de mapear o universo dessas instituiçõese estruturar um banco de dados sobre executores efetivos ou potenciais de cursos, programas eprojetos de educação profissional, o que possibilitou verificar a evolução e a oferta de educaçãoprofissional no estado. A partir dessa pesquisa, foi publicado, em 1998, o Catálogo de Entidades deEducação Profissional MS/97, com um total de 694 entidades cadastradas, enfocando o tipo deprogramas e projetos que a entidade estava executando naquele momento, desde formação básicae técnica14.

13.MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Planejamento e de Ciência e Tecnologia. Indicadores Básicos deMS. Indicadores Sociais, 2002. Campo Grande: Secplanct, 2002.

14.MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Cidadania, Justiça e Trabalho. Catálogo de entidades de educaçãoprofissional MS-97. Campo Grande: Secretaria de Estado de Cidadania, Justiça e Trabalho do MS, Fundação de Apoioà Pesquisa, ao Ensino e à Cultura – FAPEC, 1997.

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Educação Profissional :: Pontos de partida20

Os dados apresentados a seguir baseiam-se no Censo da Educação Profissional, realizado pelo

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, em 1999. Com

certeza, depois de cinco anos, esses dados não correspondem à realidade, até porque as instituições

“S”, responsáveis pelos maiores índices da oferta, têm um dinamismo que permite presumir o

aumento dos números de forma significativa. A implementação das ações de educação profissional

mantidas pelo Programa de Formação de Auxiliares de Enfermagem – Profae, e pelo Fundo de

Amparo ao Trabalhador – FAT, depois de 1999, permite afirmar que a realidade da oferta se alterou

de forma positiva.

Ainda assim, os dados oficiais disponíveis, referentes ao sistema de ensino como um todo, que

incluem até os cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, estão defasados.

Necessitam uma base de dados atualizada, o que garantiria o diagnóstico mais preciso, tanto das

instituições que fazem educação profissional no estado quanto dos cursos por elas ofertados.

Mesmo com as mudanças quantitativas empiricamente deduzidas, não se altera a conclusão de

que a oferta de educação profissional no estado de Mato Grosso do Sul ainda é incipiente e pouco

adequada às suas demandas reais e potenciais. Para sustentá-la, de forma convincente, os dados

oficiais disponíveis, embora não estejam completamente atualizados, serão aqui registrados, pois

as análises que eles permitem não se alteraram.

Os números que constam na tabela 3.1, a seguir, indicam que 67,4% da oferta de educação

profissional, em Mato Grosso do Sul, pertencem às instituições privadas, sendo:

• 100% da educação profissional tecnológica oferecidos por instituições privadas;

• 42,1% da educação profissional técnica de nível médio oferecidos por instituições privadas e

• 57,9% oferecidos por instituições públicas;

• 79,3% dos cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores oferecidos por instituições

privadas e somente 20,1% oferecidos por instituições públicas.

Considerando os índices que caracterizam a PEA, em termos de rendimento médio mensal, e o

princípio de que a educação profissional é um direito social, estes índices precisam ser revertidos.

A tabela 3.2, abaixo, demonstra que, do total de 191 cursos oferecidos, 83,7% são de nível básico

(atualmente, formação inicial e continuada de trabalhadores), 14,7% são de nível técnico (educação

profissional técnica de nível médio, conforme designação atual) e 1,6% são de nível tecnológico

(educação profissional tecnológica), o que configura um perfil de oferta, em termos de nível de

15.BRASIL. Ministério da Educação. Censo da educação profissional: dados gerais.1999. Brasília: MEC/Inep/Seec, 1999.

Page 19: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 21

educação profissional, muito ajustado ao perfil de escolaridade da população economicamente ativa.

Considerando as relações possíveis, entre o perfil da PEA e as matrículas em cursos de educação

profissional, pode-se concluir que:

• o número de matriculados em cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores

corresponde a apenas 1,41% da população economicamente ativa, com nenhuma escolaridade

formal, 1º grau incompleto e 1º grau completo (751.702 pessoas);

• o número que reúne os matriculados em cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores

e de educação profissional técnica de nível médio (14.098 matriculados) corresponde, apenas, a

12,9% da PEA na faixa etária de 15 a 19 anos;

• o número de matriculados em cursos de educação profissional tecnológica (578) corresponde ao

insignificante índice de 0,38% da PEA na faixa etária de 20 a 24 anos.

16.BRASIL. Ministério da Educação. Censo da educação profissional: tecnológicos,1999. Brasília: MEC/Inep/Seec, 1999.17.BRASIL. Ministério da Educação. Censo da educação profissional: técnico,1999. Brasília: MEC/Inep/Seec, 1999.18.BRASIL. Ministério da Educação.. Censo da educação profissional: básico,1999. Brasília: MEC/Inep/Seec, 1999.

Page 20: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida22

A tabela 3.3, a seguir, permite uma análise adicional da relação entre o número de matrículas em

cursos de educação profissional técnica de nível médio e o perfil de faixa etária da PEA. Mais uma

vez, os índices demonstram o limitado alcance da educação profissional sul-mato-grossense. A

matrícula em cursos de educação profissional técnica de nível médio corresponde a:

• 2,14 % da PEA na faixa de 15 a 19 anos;

• 0,46% da PEA na faixa etária de 20 a 24 anos;

• 0,07% da PEA na faixa etária de 25 a 39 anos.

Quanto ao perfil da oferta de educação profissional no estado, o período investigado pelo Censo

de 1999 (1º semestre de 1999) apurou os dados constantes nas tabelas 3.4 e 3.5, a seguir, que

permitem as seguintes constatações:

• toda a oferta de educação profissional tecnológica está na área de informática;

• a oferta de educação profissional técnica de nível médio contempla, predominantemente, áreas

profissionais do setor de serviços (57,2% dos cursos ofertados); gestão (com predominância de

cursos de contabilidade); saúde, turismo e hospitalidade e informática; e, em seguida, as áreas

de agropecuária e de recursos pesqueiros (32,1% da oferta de cursos, no período); e, de forma

mais tímida, a área da indústria (10,7% da oferta de cursos, no período).

Mantidas essas proporções, na atualidade, pode-se afirmar que ainda é muito incipiente a oferta

de educação profissional nas áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento

socioeconômico do estado (na área profissional de indústria, por exemplo).

19.BRASIL. Ministério da Educação. Censo da educação profissional: tecnológico,1999. Brasília: MEC/Inep/Seec, 1999.

Page 21: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 23

A tabela 3.6, a seguir, permite o mesmo tipo de análise em relação ao perfil da oferta de cursos

de formação inicial e continuada de trabalhadores, no estado, contudo é importante salientar que a

tabela não utiliza as áreas profissionais da forma como elas estão organizadas e identificadas nas

Diretrizes Curriculares para a Educação Profissional de Nível Técnico. Os cursos mantidos com os

recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, por sua vez, vêm adotando outra classificação.

Isso, certamente, deverá ser discutido e compatibilizado, para que os dados e as informações de

diferentes instituições e órgãos possam compor um banco de dados comum.

20.BRASIL. Ministério da Educação. Censo da educação profissional: técnico,1999. Brasília: MEC/Inep/Seec, 1999.

Page 22: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida24

Informática (15,5%), agropecuária (16,1%) e indústria (11,2%) são as áreas profissionais com

maior presença na oferta de cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores. Chama a

atenção a área denominada “Atividades Culturais, Artesanais e Desportivas”, contemplada por 10,7%

da oferta. Isso pode significar que parte relevante dos cursos incluídos na oferta de educação

profissional não se identifique com sua natureza e seus propósitos essenciais.

Finalmente, a tabela 3.7, a seguir, permite que se caracterize o perfil de escolaridade dos docentes

de educação profissional, no estado de Mato Grosso do Sul. Considerando que 83,7% dos cursos

são de formação inicial e continuada de trabalhadores, 14,7% são cursos de educação profissional

técnica de nível médio e que 1,6% são cursos de educação profissional tecnológica, os índices de

docentes com nível superior de escolaridade, especialmente nas redes estadual e escolas privada,

podem indicar o potencial de desenvolvimento deles e de aprimoramento da qualidade da educação

profissional oferecida no estado.

21.BRASIL. Ministério da Educação. Censo da educação profissional: básico,1999. Brasília: MEC/Inep/Seec, 1999.

Page 23: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 25

2.4. Perfil da demanda e prioridades de educação profissional

O momento histórico vivido por Mato Grosso do Sul caracteriza-se por um impasse. Há neces-

sidade de se avançar no processo de industrialização, o que proporcionaria movimentação mais

intensa de cargas e a ocupação mais efetiva de seu território. Por outro lado, a baixa densidade

populacional dificulta o avanço no processo de industrialização, pois restringe os produtos oriundos

da indústria de transformação ao mercado consumidor local.

A saída que se vislumbra, e que já começa a ser desenhada, é a atração de indústrias interes-

sadas na farta matéria-prima proveniente da agropecuária – as agroindústrias. Estas, especialmente,

as embasadas na chamada agricultura familiar, contribuirão para maior adensamento populacional

no campo, ocupação mais consequente das áreas disponíveis e revigoramento da economia das

cidades onde se instalarem. A consequência desse processo de agroindustrialização será o

adensamento populacional, tanto no campo como nas cidades, especialmente no planalto,

proporcionando a expansão do mercado interno, o que estimulará ainda mais o processo de

industrialização. Além disso, a agroindustrialização contribuirá para o aperfeiçoamento tecnológico

da pecuária, a agregação de novas áreas agrícolas, a diversificação da produção agropecuária e a

alteração do perfil fundiário do estado.

Há que se mencionar o potencial minero-siderúrgico do estado e a perspectiva de instalação do

polo petroquímico em Corumbá, em virtude da oferta de energia proveniente do gás boliviano.

Apesar de todas essas riquezas, efetivas e potenciais, os sul-mato-grossenses convivem, hoje,

com profundas desigualdades sociais. A expansão da economia, ocorrida entre 1980 e 2000, foi

maior do que a média nacional (2,5% ao ano). O Produto Interno Bruto do estado – PIB – cresceu,

em média, 4% ao ano, mas a economia não se diversificou e o crescimento acumulado não se refletiu

nos índices de desenvolvimento humano e na qualidade de vida dos cidadãos.

Conforme os dados, 79,8% vivem com uma renda de até cinco salários mínimos; destes, 56,5%

recebem até dois salários mínimos.

Para enfrentar os grandes desafios no campo social, a estratégia do atual governo está regida

pelos princípios da garantia dos direitos fundamentais de cidadania e do acesso universal aos

serviços públicos, orientando-se pelo eixo central de promover a distribuição das riquezas geradas

pelo crescimento econômico.

Assim, além das políticas de caráter emergencial (bolsa-escola, segurança alimentar e outros),

o governo vem cuidando de implementar políticas públicas estruturantes e sinalizadoras da

22.BRASIL. Ministério da Educação. Censo da educação profissional: dados gerais, 1999. Brasília: MEC/Inep/Seec, 1999.

Page 24: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida26

construção do futuro. A educação representa investimento estratégico para o desenvolvimento do

estado, sendo, seguramente, a propulsora indispensável do acesso à cidadania.

Ao lado de esforços como a erradicação do analfabetismo e a instrumentalização das escolas

estaduais com recursos tecnológicos e humanos, o governo precisa e pretende proporcionar à

população melhor educação profissional e trabalhar para a inclusão social dos trabalhadores sul-

mato-grossenses.

As fontes de recursos financeiros para a educação profissional existentes no estado são provindas

do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT – e do próprio governo do estado, por meio da Fonte 00

(Tesouro do Estado) e do Fundo de Investimento Social – FIS.

Para atender a essa demanda reprimida e crescente, há necessidade de significativa expansão

dos cursos de educação profissional e da consolidação de uma diretriz político-estratégica que

privilegie a oferta gratuita desses cursos, para suprir o hiato existente entre a formação necessária

e a almejada pelos trabalhadores sul-mato-grossenses, e as estratégias de desenvolvimento que

estão postas pela sociedade do estado e que se apresentam como possibilidades concretas de

inclusão social pelo trabalho.

2.5. Ferramentas para a identificação, a localização, odimensionamento e a caracterização qualitativa da demandade educação profissional

Para o adequado planejamento da educação profissional, é necessário que se obtenha respostas

a três questões composta de três elementos fundamentais: onde? quando? e em que setores, áreas

profissionais e ocupações há ou haverá demanda de educação profissional?

Para a composição das respostas a essas questões, a monitoração da oferta de vagas, com o

acompanhamento de dados de diferentes fontes, como o Sistema de Gerenciamento de Emprego

(tabela ilustrativa, a seguir), é fundamental, particularmente no que se refere à identificação, à

localização e ao dimensionamento demanda, de forma mais geral ou ampla.

O estudo de cadeias produtivas, culminando em análises prospectivas, constitui ferramenta

privilegiada para a identificação e a caracterização mais específica da demanda de educação

profissional no estado de Mato Grosso do Sul.

23.BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Sistema de Gerenciamento de emprego – Sigae. Brasília: Ministério doTrabalho e Emprego, 2003.

Page 25: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 27

3.DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NOESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

Com base nas concepções e princípios e no diagnóstico apresentados, a Política de Educação

Profissional para Mato Grosso do Sul compõe-se de quatro grandes eixos de diretrizes ou de quatro

grandes objetivos político-estratégicos:

• a expansão significativa e direcionada da oferta de educação profissional, de forma compatível,

em quantidade e natureza, com as demandas do estado e com seu projeto de desenvolvimento;

• a promoção da acessibilidade e a busca de opções de permanência da clientela em programas

de educação profissional;

• o aprimoramento significativo e contínuo da qualidade dos programas de educação profissional

oferecidos no estado;

• a melhoria da gestão da educação profissional, em todos os níveis, com a adoção e a difusão de

princípios da gestão participativa e socialmente multirrepresentativa das instituições e do sistema

de educação profissional do estado.

3.1. Promover a expansão da oferta de educação profissional deforma compatível com as demandas do estado e com seu projetode desenvolvimento

Ampliar significativamente a oferta gratuita de educação profissional no estado, atualmente

bastante restrita e concentrada na iniciativa privada, por meio do Fórum Estadual de Educação

Profissional, considerando:

• as demandas produtivas efetivas, continuamente detectadas e atualizadas por um Observatório

do Trabalho;

• as estratégias que compõem o projeto de desenvolvimento já configurado pela sociedade sul-

mato-grossense.

Desdobramentos concretos / Ações:• dar continuidade aos encaminhamentos necessários à construção e à implantação, com recursos

federais, dos centros de educação profissional, conforme previsto no Plano Estadual de Educação

Profissional;

• priorizar, em curto prazo, a expansão da oferta de cursos de formação inicial e continuada de

trabalhadores, com base no atual perfil de escolaridade da população sul-mato-grossense,

articulando-a, sempre que possível, a programas de elevação da escolaridade ou de educação

de jovens e adultos;

• priorizar, na expansão da oferta, as áreas profissionais identificadas com as principais demandas

produtivas, efetivas e potenciais do estado, em consonância com as estratégias de desenvol-

vimento definidas pela sociedade sul-mato-grossense24, a saber:

• áreas profissionais relacionadas às estratégias de desenvolvimento sustentável – agropecuária

(agricultura familiar e agronegócio), indústria (de transformação de matérias-primas

agrícolas e minerais), construção civil e transportes (infraestrutura – obras e logística),

turismo e hospitalidade, meio ambiente;

24.MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Educação do Estado do Mato Grosso do Sul. Plano plurianual 2004-2007 ecenários e estratégias de longo prazo para Mato Grosso do Sul. Campo Grande: SED, 2004.

Page 26: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida28

• áreas profissionais relacionadas ao desenvolvimento da cidadania – saúde, lazer e

desenvolvimento social, imagem pessoal e outras áreas profissionais percebidas como opções

mais imediatamente viáveis de geração de renda;

• rever, bienalmente, com base em dados levantados pelo Observatório do Trabalho, em processo

de discussão desenvolvido no âmbito do Fórum Estadual de Educação Profissional, as áreas

profissionais, os níveis e as regiões que serão alvos de expansão prioritária da oferta de educação

profissional, a curto, médio e longo prazos;

• expandir a oferta de educação profissional mediante parcerias ou contratos com entidades de

reconhecida experiência nas áreas e nos níveis definidos como prioritários, com base em planilhas

de custos e em estudos demonstrativos da relação custo-benefício, submetidas à aprovação da

instância de gestão multirrepresentativa competente.

3.2. Promover/ampliar a acessibilidade e buscar opções depermanência da clientela em programas de educação profissional

Assegurar amplo acesso da população a oportunidades de educação profissional de boa

qualidade, especialmente aos segmentos de menor renda, respeitando restrições impostas pela

natureza do trabalho e/ou pela lei, mas eliminando barreiras decorrentes de discriminações,

preconceitos e estereótipos socioculturais e profissionais.

Desdobramentos concretos / Ações:

• monitorar e rever, continuamente, requisitos de acesso a programas de educação profissional,

buscando fazer que os processos seletivos privilegiem o real interesse e a efetiva identidade dos

candidatos em relação à qualificação ou à habilitação almejada;

• promover a articulação entre a educação profissional e a educação básica não apenas no plano

formal, mas, também e necessariamente, na inclusão, nos programas de educação profissional,

de componentes curriculares voltados para o desenvolvimento de competências básicas;

• difundir o entendimento de que os processos de aprendizagem focados em competências

profissionais incluem e requisitam, necessariamente, a consolidação de competências básicas

ou prévias ainda não desenvolvidas, pela precariedade do sistema educacional;

• assegurar, nos programas de educação profissional oferecidos, condições ambientais e

pedagógicas que possibilitem o acesso de cidadãos com necessidades educacionais especiais;

• divulgar amplamente, na mídia, especialmente nos canais que mais atinjam as comunidades

carentes, as oportunidades de educação profissional disponíveis no estado;

• incluir, no Sistema Integrado de Dados da Educação Profissional, informações sobre

oportunidades de qualificação e de habilitação profissional oferecidas no estado, disponibilizadas

ao público por um portal eletrônico e outros meios de divulgação mantidos pelo Observatório do

Trabalho;

• mapear e monitorar, permanentemente, a relação entre a oferta e a demanda de educação

profissional, priorizando, em curto e médio prazos, a destinação dos recursos aos programas de

formação inicial e continuada de trabalhadores, sobremaneira, e de educação profissional técnica

de nível médio;

• estudar e implantar opções que possibilitem condições de participação e permanência dos alunos

em programas de educação profissional, considerando os motivos de evasão já conhecidos ou

mais comumente constatados.

Page 27: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 29

No que se refere aos cidadãos com necessidades educacionais especiais, a Política de Educação

Profissional para Mato Grosso do Sul identifica e propõe romper, ainda, nas políticas educacionais,

a permanência de elementos da educação homogênea, em contraposição à educação que respeita

as diferenças e que se pauta e se caracteriza por pedagogia diferenciada.

A Política de Educação Profissional para Mato Grosso do Sul entende, assim, que a inclusão no

mercado de trabalho da pessoa com necessidades educacionais especiais – PNEE, em especial,

as pessoas com deficiência, é um direito constitucional, independentemente do tipo da deficiência,

desde que ela não seja incompatível com a atividade produtiva a ser exercida. Entende, também,

que é um dever do Estado e de toda a sociedade civil organizada promover as condições de

autonomia funcional de pessoas com necessidades educacionais especiais – PNEE, no que tange

à sua inserção produtiva, de forma competitiva e de qualidade, garantindo a adequabilidade do

deficiente à função, resguardadas as adaptações necessárias ao desempenho desta. É dever,

também, promover a geração de renda de forma autônoma, garantindo a acessibilidade aos recursos

e às condições necessárias à sua emancipação econômica e pessoal.

3.3. Promover o aprimoramento significativo e contínuo daqualidade dos programas de educação profissional

3.3.1 Implantar e implementar sistema de avaliação da educação profissional no estado de

Mato Grosso do Sul, de caráter institucional, como instrumento de diagnóstico e de contínuo

aprimoramento quantitativo e qualitativo da sua oferta.

Promover avaliações da educação profissional no estado de Mato Grosso do Sul, é forma de

assegurar seu contínuo aperfeiçoamento no que se refere ao volume e à natureza da oferta de

programas, à promoção efetiva de aprendizagens que possibilitem aos cidadãos inserção

competente e digna na vida produtiva, à sua contribuição para a implementação do plano de

desenvolvimento traçado pela sociedade sul-mato-grossense e para a superação das desigualdades

sociais. Desdobra-se esta diretriz político-estratégica em duas dimensões: avaliação educacional e

avaliação institucional.

Desdobramentos concretos / Metas / Ações

• assegurar que a avaliação educacional, em uma microperspectiva ou no âmbito específico das

instituições de educação profissional:

• seja entendida como avaliação sistêmica e continuada dos educandos e dos agentes

educacionais, ou seja, tenha caráter de avaliação institucional;

• tenha função diagnóstica, constituindo-se, predominantemente, em instrumento de coleta e

análise de dados e informações que orientem intervenções redirecionadoras dos processos

educacionais ou de aprendizagem e da dinâmica institucional;

• inclua a dimensão conceitual e tenha caráter participativo e dialógico, de forma que os alunos,

como sujeitos, e os professores, coordenadores de cursos e/ou coordenadores pedagógicos,

como agentes, emitam parecer sobre os processos, instrumentos utilizados e resultados

avaliativos;

• objetive qualificar e quantificar o grau de proficiência da aprendizagem, da construção

das competências gerais das áreas profissionais e das competências específicas das

qualificações ou das habilitações envolvidas, com base em padrões definidos por instâncias

multirrepresentativas;

Page 28: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida30

• inclua a perspectiva externa e seja realizada não somente no âmbito interno da instituição de

ensino, mas, também, no contexto social e produtivo (avaliação de egressos, na perspectiva

deles mesmos e de seus empregadores);

• atualizar e divulgar, continuamente, padrões de avaliação educacional ou da aprendizagem,

organizando, sempre que necessário, comitês setoriais (por área profissional) multirrepre-

sentativos, incluindo, necessariamente, representantes da educação, do trabalho – empregadores

e trabalhadores, da ciência e da tecnologia, representantes dos órgãos governamentais

relacionados com as áreas profissionais em avaliação, dos conselhos regionais profissionais e,

quando for o caso, das empresas conveniadas com as instituições ofertantes de educação

profissional;

• promover avaliações externas de instituições e programas de educação profissional, destinadas

à verificação do cumprimento da legislação, da Política Estadual de Educação Profissional e da

função pública dessas instituições, quando for o caso, pautando-se pelo que está determinado

pela Lei nº 2.787/2003, art. 114, incisos de I a VII;

• promover, de forma sistemática, avaliações da educação profissional no estado de Mato Grosso

do Sul, em uma macroperspectiva, oferecendo elementos que possibilitem o redirecionamento

de sua política e de sua gestão, bem como o controle social das ações / dos programas e das

instituições voltadas para essa modalidade de educação, implicando:

• na avaliação externa dos resultados educacionais, de aprendizagem, de inclusão e de

promoção social obtidos por esses programas e instituições, com base em padrões definidos

por instâncias multirrepresentativas;

• na obtenção e na análise, cientificamente conduzidas, de dados, informações e julgamentos

de valor, referentes a tais programas e instituições, junto a usuários – alunos e ex-alunos – de

serviços de instituições de educação profissional e a representantes dos setores produtivo,

científico e tecnológico da sociedade;

• na criação de um sistema de acompanhamento de egressos da educação profissional;

• na divulgação transparente dos resultados dessas avaliações.

3.3.2 Difundir concepções e modelos pedagógicos que privilegiem o desenvolvimento de

capacidades como a de resolver problemas novos, comunicar ideias, tomar decisões, ter

iniciativa, ser criativo, ter autonomia intelectual, trabalhar em equipe e respeitar regras de

convivência democrática.

3.3.3 Buscar opções para a manutenção da atualidade dos recursos tecnológicos dos

programas de educação profissional, em compatibilidade com os arranjos produtivos.

Implantar e implementar programas de formação inicial e continuada de docentes, gestores

e coordenadores de educação profissional.

3.3.4 Implantar e implementar programas de formação inicial e continuada de docentes,

gestores e coordenadores de educação profissional.

3.3.5 Estimular, acompanhar, registrar e difundir, de diferentes formas (publicações

impressas, vídeodocumentários, seminários etc.), experiências que envolvam currículos

efetivamente voltados ao desenvolvimento de competências profissionais, organizados como

sistemas abertos de formação ou como itinerários formativos, e que utilizem metodologias

focadas na ação.

Page 29: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 31

3.4. Promover a melhoria da gestão da educação profissional, emtodos os seus níveis, com a adoção e a difusão de princípios degestão participativa

3.4.1. Implantar e implementar sistema integrado de dados e informações relevantes

para o direcionamento e o redirecionamento das ações de educação profissional.

A necessária racionalização de recursos e esforços voltados para a oferta de oportunidades de

educação profissional à população sul-mato-grossense requer a manutenção e a constante

atualização de dados e informações relativos a programas existentes, entidades ofertantes, locais

da oferta, número e perfil dos alunos atendidos, entre outras informações de base.

A integração de ações da educação profissional, desenvolvidas por diferentes instituições

governamentais e não governamentais, requisita, portanto, a implantação de um sistema de dados,

implementado por meio da criação de um cadastro estadual de cursos de formação inicial e

continuada e de educação profissional técnica de nível médio 25.

Os recursos necessários à implementação do cadastro e do sistema de dados e informações da

educação profissional serão disponibilizados pelo Fundo Estadual para a Educação Profissional, a

ser criado até 200526, e de recursos provenientes do Programa de Expansão da Educação

Profissional – Proep.

A criação e a gestão do sistema deverão ser de responsabilidade do Órgão Gestor da Educação

Profissional da Secretaria de Estado de Educação. As instituições governamentais e não

governamentais que fazem educação profissional fornecerão as informações que alimentarão o

sistema de dados, conforme normas e instruções que comporão a configuração do mesmo. No ato

da solicitação da necessária inclusão da instituição no sistema, a mesma estará comprometendo-

se com a inserção e a constante atualização dos seus dados.

3.4.2. Criar organismos com representatividade social e/ou institucional multifacetada ou

plural, para a efetivação e a implementação da política de educação profissional, em sintonia

com o projeto de desenvolvimento definido pela sociedade sul-mato-grossense.

Mato Grosso do Sul é um estado novo e tem apresentado um alto índice de desenvolvimento.

Nesta perspectiva, o levantamento de impacto econômico realizado pela Secretaria de Estado de

Planejamento e de Ciência e Tecnologia – Seplanct, apontou a necessidade de cidadãos qualificados

para inserção no mundo do trabalho.

A educação profissional deve articular-se com as diferentes modalidades de educação, com o

trabalho, com a ciência e com a tecnologia, caminhando, hoje, para a formação de pessoas para o

exercício do trabalho de forma crítica, dinâmica e flexível, tendo em vista as demandas do mundo

do trabalho.

Assim, há necessidade de política pública que venha ao encontro desses anseios e que esteja

articulada com toda a sociedade, transformando o trabalhador em ator e sujeito dos processos

produtivos. As instituições governamentais e não governamentais necessitam articular, compatibilizar,

racionalizar ações, converter investimentos, recursos e esforços que atendam às necessidades reais.

25.BRASIL. Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004. Revoga o Decreto nº 2208, de 17 de abril de 1997. Coletânea deleis da Presidência da República. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 2004.

26.Conforme já previsto na Lei nº 2791/2003 do Plano Estadual de Educação.

Page 30: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida32

Portanto, deverão ser criados dois organismos para implementar as ações realizadas por todos

aqueles que fazem a educação profissional:

• instituir Comitê Intersecretarial de Cooperação e Intercâmbio27, tendo por objetivo articular

políticas, medidas, programas, ações e recursos dos diferentes órgãos e instituições

governamentais que digam respeito à educação profissional. A Secretaria de Estado de Educação

responsabilizar-se-á pela estrutura funcional do Comitê, através de seu órgão gestor;

• instituir Fórum Estadual de Educação Profissional, organismo autônomo e com personalidade

jurídica, com o objetivo de integrar iniciativas e articular esforços governamentais e não

governamentais voltados para a melhor integração e articulação dos parceiros.

Uma das discussões pertinentes ao Fórum será a construção de instrumentos de identificação

de entidades e de obtenção e atualização de dados e informações relativas à oferta de cursos e

programas de formação inicial e continuada de trabalhadores, assim como a definição de condições

e critérios específicos e a indicação ou negociação de possibilidades concretas de parcerias no

âmbito da educação profissional.

Nesse Fórum, haverá a participação, sempre que necessário, dos representantes dos diferentes

segmentos envolvidos nas deliberações em curso, com o objetivo de promover a permanente

articulação e a aproximação crítica da educação profissional com os setores produtivos, científicos

e tecnológicos, garantindo, assim, a contínua reconstrução de suas bases curriculares.

Sugere-se que, para manter assento no Fórum, seja estabelecida a condição de que a instituição

que ofereça cursos ou programas de formação inicial e continuada de trabalhadores, assim como

as que ofereçam cursos de educação profissional técnica de nível médio, esteja cadastrada e que

mantenha seus dados sempre atualizados no Sistema Integrado de Dados a ser criado.

3.4.3. Implantar e implementar instrumento de monitoração da demanda/de mapeamento

da oferta de trabalho no estado, com o objetivo de apontar áreas/necessidades descobertas

pela educação profissional.

Monitorar a demanda é acompanhar, mapear a oferta de trabalho nas diversas áreas profissionais

e regiões do estado, sendo um importante instrumento para a orientação e a reorientação

programática da educação profissional, nos aspectos quantitativo (número de cursos/programas

oferecidos) e qualitativo (perfis profissionais de conclusão e elementos curriculares).

Para essa monitoração, deverá ser criado e implementado um observatório do trabalho, com

objetivo de subsidiar a ação governamental, em tempo eficaz, com informações, análises e propostas

em relação às questões do trabalho (entre elas, as de base para a educação profissional), com

suporte de um conselho formado por membros do Comitê Intersecretarial de Cooperação e

Intercâmbio, por representantes de sindicatos de trabalhadores e empregadores e por institutos de

pesquisa. Comitês por áreas profissionais, devidamente representativos, deverão compor o

observatório, para possibilitar a construção e a constante atualização de referenciais curriculares,

especialmente para as áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento do estado.

27.AUR, B. A. Estrutura de gestão para a educação profissional de Mato Grosso do Sul. Campo Grande: SED, 2004.

Page 31: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 33

3.4.4. Assegurar recursos financeiros e tecnológicos para a expansão e o aprimoramento

da qualidade da educação profissional.

Utilizar, de forma ampla, adequada e racional, todos os recursos federais para a educação

profissional e criar/manter o Fundo Estadual de Educação Profissional.28

No âmbito nacional, o documento Proposta de Políticas Públicas para Educação Profissional e

Tecnológica já prevê alguns mecanismos que assegurarão recursos federais para a educação

profissional.

Para assegurar recursos a serem investidos na educação profissional do estado de Mato Grosso

do Sul, necessário se faz entender e rastrear os recursos já existentes e condensá-los em uma única

fonte.

• Definir condições/critérios e implementar programa de parcerias.

O atendimento a demandas de educação profissional não pode ficar limitado às possibilidades,

muitas vezes restritas, da oferta de programas por instituições da administração pública direta. Além

da indisponibilidade imediata ou em curto prazo de espaços e de recursos tecnológicos e humanos,

há que se considerar que, em algumas áreas, existem instituições não governamentais que

acumulam experiência significativa e de qualidade reconhecida de educação profissional.

A viabilidade financeira, tecnológica e operacional da educação profissional de boa qualidade

requisita e envolve a implementação de programas de parcerias entre instituições públicas,

instituições privadas de interesse público, organizações não governamentais, universidades,

instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e produtores de tecnologia.

3.4.5. Implementar modelo de gestão participativa e de excelência técnico-administrativa

em todas as instâncias do Sistema Estadual de Educação Profissional.

A adoção de um modelo de gestão participativa atende ao compromisso do governo do estado

de implantar uma política baseada na promoção da cidadania, no fortalecimento da democracia e

da inclusão que contemple a todos, por intermédio da implementação de uma administração pública

ética, transparente, participativa, descentralizada, com controle social e voltada para o cidadão.

Desdobramentos concretos/Ações:

• articular as ações da rede pública e instituições privadas e das diferentes esferas da educação

profissional;

• atentar, por meio do Observatório do Trabalho, para as diferentes demandas do processo

produtivo e do progresso tecnológico;

• integrar-se com as políticas de geração de trabalho e renda e de educação de jovens e adultos;

• articular-se com o Ministério do Trabalho e Emprego, no que tange à harmonização das políticas

e das ações em benefício da educação profissional, em especial com o Plano Nacional de

Qualificação – PNQ;

28 Conforme previsto na Lei nº 2791/2003, que “Aprova o Plano Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul e dá outrasprovidências”.

Page 32: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Educação Profissional :: Pontos de partida34

• implantar e implementar, efetivamente, o modelo de gestão já proposto para a gestão pública da

educação profissional;

• contribuir para a difusão do modelo de gestão participativa nas diferentes instâncias da educação

profissional.

Instituições que participaram da elaboração da Política deEducação Profissional do Estado de Mato Grosso do Sul

CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EZEQUIEL FERREIRA LIMA

Elcio Bispo dos Santos

Heloisa Fitz Cabral

Lucia Aparecida Delmondes

Maria Marlene L. Almeida

Rosemeire Ribeiro Ferreira

Tânia Márcia Pereira Barbosa

CENTRO FORMADOR DE RECURSOS HUMANOS PARA A SAÚDE

Ewângela Aparecida Pereira da Cunha

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL

Maria Cristina Possari Lemos

FUNDAÇÃO DO TRABALHO

Ana Cristina Rabelo Rosa

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO

AVALIAÇÃO

João Salvador Cazelli dos Santos

Nelice Pereira de Sales

Roque Nunes da Cunha

Sonia Maria de Oliveira Longen

COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Alvara Susi Peixoto Simei

Claudeci Pereira de Lima

Evanize de Barros Lima

Rose Lene Arakaki Damasceno

COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

Claunice Maria Dorneles

Ednir Danilo Vilhalba (Unidade de Inclusão)

Page 33: Política de educação profissional para Mato Grosso do Sul

Política de Educação Profissional 35

COORDENADORIA DE NORMATIZAÇÃO EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Carmem Lúcia Esteves do Nascimento

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL/MS

Eusa Maria de Freitas

Hélio Max Felix de Barros

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL/MS

Gilka Cristina Trevisan

SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Guilherme Aparecido da Silva Maia

SECRETARIA DE ESTADO DE PRODUÇÃO E TURISMO

Miguel Ângelo Quevedo

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

Manfredo Luiz Lins e Silva

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Maura Ferreira Alves

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

Telma Bazzano da S. Carvalho