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Cursos e seminários fazem parte da rotina da ASPEC-GO Assassino em série Perícia criminal goiana em ação Um paliativo frente à demanda da SPTC Concurso Público Qualificação Ano VIII - número 16 - 2015 CIRCULAÇÃO NACIONAL

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  • Cursos e seminrios fazem parte da rotina da ASPEC-GO

    Assassinoem sriePercia criminal goiana em ao

    Um paliativo frente demanda da SPTC

    Concurso Pblico

    Qualificao

    Ano VIII - nmero 16 - 2015

    CIRCULAONACIONAL

  • Policientfica 3

    Dia do Perito CriminalPara celebrar esta importante data, a ASPEC-GO realizou diversos

    eventos, entre eles a 1 Semana do Perito Criminal e o 1 Encontro Estadual da Polcia Tcnico-Cientfica. O evento, alm de promover a integrao da classe, teve o propsito do conhecimento especfico dos policiais da corporao goiana.

    InovaoPor meio de um convnio com o governo federal e um investi-

    mento de R$ 825 mil, a SPTC-GO recebeu no ms de janeiro o software e o hardware que completaram os equipamentos necessrios para a criao de um banco de perfis genticos em Gois.

    AutonomiaAps admisso em comisso especial da Cmara dos Deputados

    aguardado por todos os peritos criminais brasileiros a aprovao da PEC 325/09, que versa sobre a desvinculao da Percia Criminal da Polcia Civil, garantindo autonomia para os rgos periciais. ASPEC-GO participa de maneira contundente deste movimento em prol da categoria.

    Assassinatos em srie A existncia de um assassino em srie provocou pnico em

    Goinia, aparentemente Tiago Henrique matava mulheres de maneira aleatria sem nenhuma motivao. Com um trabalho meticuloso, equipe de peritos da SPTC conseguiu materializar os crimes cometidos pelo serial killer.

    SeminrioPeritos criminais de Gois e de outras partes do pas, mdicos

    legistas e odonto-legistas, magistrados, promotores, delegados, defensores pblicos, advogados e estudantes participaram do 9 Seminrio Nacional de Balstica Forense, 8 Seminrio Nacional de Percias de Crimes contra a Vida e 6 Seminrio Nacional de Pericias de Revelao de Impresses Papilares, realizado em outubro passado, em Caldas Novas.

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    Nesta edio

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    Editorial

    Sem sombra de dvidas, nos voltando para as recentes conquistas e sucessos da percia criminal, podemos afirmar que o ano de 2014 foi um perodo mpar para a Crimina-lstica brasileira, bem como para a do nosso Estado de Gois.

    Culminando com a aprovao em comisso da PEC 325 da autono-mia, estivemos reunidos no Congresso Nacional com colegas de outros estados juntamente com a ABC com um objetivo nico e claro: a incluso da percia criminal na Constituio Federal, alternativa que trar reconhe-cimento, valor e fora viva para esta atividade to inquestionavelmente importante e necessria para a apli-cao da justia. Surpreendemos-nos com a recepo e o apoio de diversos parlamentares que se diziam simp-ticos ao pleito da categoria. Tambm temos acompanhado as conquistas re-ferentes autonomia em outros esta-dos da federao, demonstrando um levante nacional de uma instituio

    cientfica oficial que no mais deseja ficar sobre o jugo de outros rgos que possam tolher seu crescimento e ameaar a idoneidade de seu produto final: a prova pericial.

    Em particular, no nosso Estado de Gois foram confirmados os reajus-tes acordados com o Governo Estadu-al. Tambm foi dado encaminhamento estruturao e criao da Diretoria de Polcia Tcnico-Cientfica, nossa maior luta atualmente, buscando o nivelamento organizacional com os demais rgos da Secretaria de Segurana Pblica.

    Tambm a rea de eventos foi bastante movimentada neste ano, sendo promovido em especial o Se-minrio Nacional na cidade de Caldas Novas GO e a Semana do Perito Criminal no final do ano.

    Este ano de 2015 tambm se mostra bastante promissor para a classe, com o anncio de promoes e progresses ainda para o primeiro semestre, alm do empreendimento de uma obra que adequar nossa atual

    Sede s necessidades administrativas, abrigando a grande quantidade de profissionais que ora esto sendo se-lecionados em concurso pblico, com o maior nmero de vagas de todos os tempos da nossa Polcia.

    Por fim, agradecemos aos cole-gas pelo apoio e colaborao neste primeiro ano de gesto. Temos a certe-za de que avanamos muito e tambm de que temos muito mais a conquistar atravs de muita resignao, trabalho e vontade prpria.

    Um grande abrao para todos.

    Antnio Carlos de Macedo ChavesEngenheiro Civil, Perito Criminal e

    Presidente da Associao dos Peritos Criminais e Mdicos Legistas do

    Estado de Gois

    2014: um ano de muitas conquistas

    Acessem o Portal da Polcia Cientfica de Gois: www.policiacientifica.go.gov.br

    [email protected] www.ASPECGO.com.brPROJETO GRFICOPawllyn 62 9916-6363 | [email protected]

    Revista PolicientficaCNPJ: 17.927.737/0001-57A Revista no se responsabiliza por artigos assinados

    EMPRESA RESPONSVELDesainer Publicidade & ComunicaoRua 6-A, Qd. 17, Lt. 47, Setor GaraveloAparecida de Goinia - Gois - Fone: 62 9509-6008

    DIRETORESRosngela Florambel RodriguesVanderci Jos da [email protected]

    JORNALISTAS RESPONSVEISRafael XavierRafaella TadoThiago Fernando Vaz

    Antnio Carlos de Macedo Chaves PresidenteRodrigo Naves Pinto Vice PresidenteThatianne Teodoro Vieira 1 SecretriaBrbara Dumas Santos Silva 2 SecretriaRicardo de Moura Alves 1 TesoureiroLuiz Carlos Tavares 2 Tesoureiro

    Ivomar Zancanaro Departamento de ComunicaoFernando Fortes Picoli Departamento JurdicoMarclio Batista Costa Departamento de Desporto e LazerRoberto Pedrosa Departamento Social e BeneficenteAlexandre Pascoal Vncio Departamento de Ncles de Interior

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    durante o IV Congresso Nacional de Criminalstica, e passou a fazer parte do Estatuto da organizao.

    Assim, celebrando a data destes valorosos profissionais, a ASPEC-GO, juntamente com o Sindipercias-GO e a SPTC-GO realizou no ms de dezem-bro a 1 Semana do Perito Criminal e o 1 Encontro Estadual da Polcia Tcnico-Cientfica. O evento, alm de permitir a integrao da classe, teve o propsito de promover o conheci-mento cientfico.

    Homenagem

    Dia do Perito CriminalASPEC-GO realiza eventos em celebrao a esta importante data

    Alm destes eventos outras ati-vidades sociais tambm fizeram parte da celebrao do Dia dos Peritos. Em destaque, o ensaio fotogrfico coor-denado pelo Fotgrafo Criminalistico Washington de Mello Rocha com membros da SPTC, aos moldes das imagens que so mundialmente co-nhecidas pela srie norte-americana CSI - Crime Scene Investigation, que retrata a rotina destes profissionais.

    Vale ressaltar que os peritos desempenham uma grande atividade social, uma vez que so responsveis pela materializao das provas de um crime, o estudo do corpo de delito, incluindo a realizao de exames labo-ratoriais forenses, a anlise de todas as informaes disponveis a reconstituir a cena do crime na tentativa de des-vendar os autores, as armas utilizadas, o modo como foi realizado e identificar as vtimas. As provas tcnicas possuem tamanha importncia em um processo, que no so descartadas nem mesmo quando o ru confesso.

    Tradicionalmente a Associa-o dos Peritos Criminais de Gois (ASPEC-GO) reali-za eventos em celebrao ao Dia do Perito, data que comemorada no dia 04 de dezem-bro em homenagem ao patrono dos peritos criminais brasileiros, Otaclio de Souza Filho, que nasceu nesse dia e morreu tragicamente, em 1976, aps sofrer uma queda de um precipcio, quando periciava duas mortes ocor-ridas em local de difcil acesso, no interior do Estado de Minas Gerais. A data foi aprovada pelos membros da Associao Brasileira de Criminalstica

  • Policientfica6

    Homenagem

  • Policientfica 7

    Entrevista

    Revista Policientfica - O Senhor est em seu segundo mandato como presidente da Cmara Munici-pal de Aparecida de Goinia, demonstrando fora poltica e credibilidade. Quais sero os pr-ximos passos na carreira poltica?

    Gustavo Mendanha - Acreditamos que o desejo de todo homem p-blico sempre galgar patamares mais elevados se realmente ele quer trabalhar mais pela cole-

    O presidente da Cmara Municipal de Aparecida de Goinia, Gustavo Mendanha, em entrevista exclusiva Revista Policientfica fala sobre Segurana Pblica e a expectativa para a inaugurao do Ncleo Regional no municpio

    Gustavo Mendanha

    Queremos Segurana Pblica de Qualidade

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    tividade. Mas neste momento estamos focados em fazer uma boa administrao a frente da presidncia da Cmara e nosso maior objetivo construir uma sede digna e a altura do que o povo de Aparecida merece. Por outro lado, procuro deixar bem claro que sou um soldado do meu partido e estou preparado para qualquer desafio.

    RP - Aparecida de Goinia superou o ostracismo e o estigma de cidade dormitrio para se transformar na 5 maior economia do Centro--Oeste brasileiro. Como conse-guiu chegar a esse patamar?

    GM - Acho que isso foi a soma de esforos das foras poltica de Aparecida e a chegada do prefei-to Maguito Vilela a nossa cidade permitiu que nosso municpio chegasse a importantes ndices de desenvolvimento urbano deixando realmente para trs um passado de apelidos pejorativos como baixada fluminense

    RP - Quais sero suas principais ban-deiras neste novo mandato fren-te do legislativo aparecidense?

    GM -Nossa bandeira sempre foi os interesses do povo. Sempre defendemos projetos que ve-nham de encontro aos anseios da coletividade, mas o esporte, a educao, a sade e o social sem dvida tero maior ateno de nossa parte.

    RP - A ausncia de investimento em Segurana Pblica algo que as-sola todo o pas. Mesmo sabendo que se trata de uma atividade do governo estadual, como a Cma-ra Aparecidense pode colaborar com a reduo dos ndices de violncia no municpio?

    GM - A Cmara sempre foi uma par-ceira dos atores que fazem parte da segurana pblica, inclusive temos em nosso quadro de ve-readores, a delegada Dr Cybelle Tristo, o vereador Arnaldo Leitte que militar e temos tambm advogados. Por entendermos que a segurana mesmo sendo de responsabilidade do Estado procuramos tambm colaborar com aes e sugestes que pos-sam colaborar com a segurana. Tambm procuramos valorizar nossa Guarda Civil Municipal para que os agentes possam colaborar com as Policias Civil e Militar.

    RP - Aparecida de Goinia, a se-gunda maior cidade de Gois, foi agraciada com a notcia de um Ncleo Regional da Polcia Tcnico Cientfica. Entretanto, apesar de anos de espera, a obra no foi entregue. Como o senhor pode auxiliar neste processo, uma vez que esta unidade imprescindvel para a populao aparecidense?

    EntrevistaGM -Aguardamos ansiosos por este

    ncleo, porque acreditamos que ele vai trazer mais dignidade ao morador de Aparecida, que no momento difcil de maior precisam recorrer a Goinia. Temos feito vi-sitas constantes ao local das obras e acreditamos que ainda este semestre o Governador Marconi Perillo vai entregar esta impor-tante obra ao povo aparecidense.

    RP - A violncia no pas um mal que aflige todas as camadas da sociedade. Para o senhor, quais so os seus motivos e como combate-los?

    GM -Acho que a educao a melhor sada. Precisamos investir mais em educao, no esporte tam-bm para manter nossos jovens longe da criminalidade e ainda desenvolver uma melhor poltica de distribuio de renda, gerar mais emprego e oportunidades iguais. O que gera a violncia justamente a falta deste tipo de poltica pblica.

    RP - Qual mensagem o senhor passa para os peritos criminais e mdicos legistas goianos?

    GM -Gostaramos primeiro de parabe-niz-los pelo excelente servio prestado a sociedade. O trabalho realizado por estes profissionais de suma importncia para todos ns, portanto queremos agradec-los pela atuao e ainda dizer que sabemos que eles merecem melhores salrios, melhores condies de trabalho e acima de tudo melhor reconheci-mento. Porm mesmo diante das dificuldades eles no podem se deixar abater preciso confiar na suas capacidades e no poder de realizao de cada um. Que Deus ilumine todos eles.

    Sempre defendemos projetos que venham de encontro aos anseios da coletividade

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    Entre as celebraes de final de ano, um grupo de peritos promoveu uma missa espe-cial no auditrio do Instituto de Criminalstica Leonardo Rodrigues. Um momento de f, agradecimento e reflexo. Na ocasio tambm foram distribudos brindes e re-alizado a tradicional brincadeira do amigo secreto, uma excelente oportunidade de interao entre esses profissionais, que tanto se dedicam sociedade goiana.

    Apoio dos Peritos Criminais e Mdicos Legistas

    Dr. Marcos Martins fica na suplncia da Assembleia Legislativa

    Rpidas

    Confraternizao

    Nas eleies de 2014, os peritos goianos apoia-ram a candidatura reeleio do deputado estadual Marcos Mar-tins Machado do PSDB. Esta aliana se deu graas ao empenho incessante do poltico visando a garantia dos direitos e benefcios para a categoria. Sua in-

    termediao foi fundamental para que alguns pontos relativos valorizao dos peritos goianos fossem aprecia-dos pelo governador Marconi Perillo.

    Segundo o presidente da ASPEC--GO, Eng Antnio Carlos de Macedo Chaves, a gratido uma palavra com um grande significado, principalmen-te para as pessoas de carter: Infeliz-mente no foi possvel a vitria nas urnas, mas ns peritos reconhecemos o belssimo trabalho desempenhado pelo Dr. Marcos Martins durante sua passagem pela Assembleia Legislativa do Estado de Gois (Alego), sendo um grande parceiro de nossa categoria, destaca o presidente. No total Marcos Martins recebeu 23.900 votos.

    O ex-deputado foi convidado para assumir a Secretaria de Articula-o Poltica da Alego e tomou posse no dia 06 de fevereiro.

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    DNA

    A tecnologia tem sido uma grande aliada na busca de resultados mais pre-cisos para a resoluo de crimes, cada vez mais complexos. A utilizao de tcnicas mais sofisticadas requer agentes da segurana pblica cada vez mais qualificados e preparados em nvel de ps-graduao.

    O uso da informtica com a finalidade de conectar mais rapida-mente as informaes para solucionar crimes, seja por meio de vestgios de casos antigos ou na identificao de

    vtimas desaparecidas, restos mortais no identificados, na soluo de casos de homicdios ou de violncia sexual, passa pela utilizao das tcnicas de identificao fundamentadas na anli-se de DNA (cido desoxirribonucleico, em ingls, Deoxyribonucleic Acid) de amostras coletadas em cenas de crime e em corpos de vtimas.

    Por meio de um convnio com o governo federal e um investimento de R$ 825 mil, o Instituto de Criminalstica Leonardo Rodrigues recebeu no ms de janeiro o software e o hardware que completaram os equipamentos

    Gois far parte de Banco Nacional de Perfis Genticos

    SPTC-GO recebe equipamentos que completam a cadeia de vestgios para implementao do CODIS

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    necessrios para a criao de um banco de perfis genticos em Gois. O banco goiano estar conectado Rede Integrada de Bancos de Perfis Genticos (RIBPG) por meio do Banco Nacional de Perfis Genticos, ou seja, o DNA coletado em Gois poder ser comparado com perfis genticos de todo o territrio nacional e vice-versa.

    A RIBPG uma parceria feita entre o Ministrio da Justia com as secretarias de segurana pblicas es-taduais e do Distrito Federal, por meio da Secretaria Nacional de Segurana Pblica e do Departamento de Polcia

    Federal. A parceria foi firmada atravs dos acordos de cooperao tcnica e tem como objetivo coordenar as aes gerenciadores de banco de dados de perfis genticos e integrar os laboratrios para comparao dos perfis obtidos dos vestgios criminais em mbito nacional, possibilitando assim, relacionar casos que ocorreram em diferentes partes da federao para a soluo de crimes (Decreto Presidencial n 7.950/2013).

    Gois far parte de Banco Nacional de Perfis Genticos

    Os novos equipamentos adqui-ridos pela SPTC foram configurados por tcnicos do FBI (Federal Bureau Investigation) e sero operados pelas peritas criminais Neide Godinho e Mariana Flavia da Mota da Superin-tendncia da Polcia Tcnico-Cientfica (SPTC-GO), sendo as administradoras do Sistema Codis (Combined DNA Index System) no Estado.

    De acordo com a administradora do banco estadual, Neide Godinho a expectativa que o bando de perfis genticos esteja em pleno funciona-mento ainda esse ano.

    Centralizao de informaes

    Os rgos da segurana pblica brasileiros possuem, em suas mais diversas esferas, grande quantidade de informaes oriundas das ocorrn-cias policiais, dos inquritos e laudos tcnicos. Contudo, no Brasil apesar de existir uma necessidade cada vez

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    mais crescente das instituies em compartilhar informaes, h uma fragmentao muito grande e no se conseguiu criar uma gesto unificada desses dados, nem um mecanismo eficiente de transmisso e integrao do conhecimento.

    Em Gois, por exemplo, a anlise de DNA, realizada pela SPTC atualmen-te, oferece muitos resultados, contudo no h um banco de dados para que se possa fazer a comparao. Este entrave ser transposto com o pleno funcionamento da cadeia de vestgios, sendo possvel comparar o DNA cole-tado com perfis genticos cadastrados no sistema. O banco de dados ser abastecido com o cadastramento de material gentico coletado em locais de crime, restos mortais, de criminosos condenados por crimes hediondos, alm de amostras de familiares de pessoas desaparecidas.

    No caso do cadastro de cri-minosos por crimes hediondos h uma lei especfica (Lei n12.654 que alterou a Lei de Execues Penais e a Lei de identificao criminal) que permite a coleta do perfil gentico na identificao criminal, obrigando-os fornecerem o seu DNA para armazena-mento. Em casos em que a pessoa est na condio de investigado, a coleta precisa ser considerada essencial para a investigao e deve ser autorizada judicialmente. A lei determina ainda que as informaes contidas nos bancos no podem revelar traos somticos ou comportamentais e de-vem ser gerenciados por uma unidade oficial de percia criminal.

    O objetivo da criao do Banco de Dados de Perfis Gentico em Gois dar mais celeridade na busca pela soluo dos crimes analisados pela SPTC. Neide Godinho salienta que a resolubilidade dos crimes em Gois aumentar muito com a implemen-tao do Banco de Perfis Genticos,

    Identificao de agressores em casos de violncia sexual Identificao de cadveres carbonizados ou em decomposio Identificao de corpos mutilados, peas sseas e rgos humanos Identificao de pessoas desaparecidas Investigao criminal de paternidade Realizao de exame de DNA a partir de evidncias de natureza biolgica

    coletadas em locais de crimes (sangue, esperma, saliva, plos e outros)

    Fonte: SPTC-GO

    fazendo com que haja a diminuio dos custos da investigao. Com o banco ser possvel realizar o con-fronto com o material recolhido em diferentes locais de crime, podendo assim, conhecer a autoria de vrios crimes em um tempo menor. Alm disso, caso haja a suspeita de que uma pessoa tenha cometido vrios crimes a investigao poder ser focada naquele indivduo, se o criminoso j tiver sido cadastrado anteriormente pode-se evitar, com a sua priso, que ele cometa novos crimes. As estatsti-cas mostram que nos Estados Unidos, aps a implantao do Codis os crimes contra o patrimnio foram reduzidos drasticamente, ressaltou.

    Social Alm da parte criminal, os ban-

    cos de perfis genticos tambm so utilizados para identificao de pessoas desaparecidas e vtimas de desastres.

    No caso de tragdias o DNA utilizado para agilizar a liberao dos

    corpos, principalmente se as vtimas esto carbonizadas, fragmentadas ou em estado de decomposio.

    A perita explica que os familiares de pessoas desaparecidas devem fornecer material gentico para o Cadastro Nacional de Pessoas Desa-parecidas, e tm a garantia por lei de que seus perfis jamais sero utilizados com outra finalidade. Muitas pessoas desaparecidas podem estar entre as ossadas nos Institutos Mdicos Legais a espera de identificao, em muitos casos so enterradas como indigentes. H ainda os casos em que as pessoas esto vivas e por algum motivo no conseguem voltar pra casa, pelos mais variados motivos: como nos casos tr-fico de pessoas, sequestro de bebs, crianas pequenas, pessoas com defi-cincia, senil, que por ventura sofrem acidentes, ficam em casas de apoio, sem documentao. Se essas pessoas forem cadastradas e os familiares tambm tiverem fornecido material para os bancos de perfis genticos e assim ser possvel o confronto e a obteno da identificao, concluiu.

    DNA

    Importncia do uso do DNA na atividade pericial forense

  • Policientfica 13

    Conhecimento

    A S u p e r i n t e n d n c i a da Pol c ia Tcnico --Cientfica (SPTC) e a Associao dos Peri-tos Criminais de Gois (ASPEC-GO) realizaram em dezem-bro a 1 Semana do Perito Criminal e o 1 Encontro Estadual da Polcia Tcnico-Cientfica. O evento, alm de promover a integrao da classe, teve o propsito de incrementar o conhecimento especfico dos poli-ciais da corporao goiana e teve a coordenao da Gerncia de Ensino da Polcia Tcnico-Cientfica e con-tou com o apoio tcnico e financeiro da prpria associao juntamente com o Sindipercias-GO.

    O coordenador do evento, o perito criminal Rodrigo Irani Medeiros,

    Em busca de aperfeioamento

    SPTC e ASPEC realizam 1 Semana

    do Perito Criminal do Estado de Gois

    e 1 Encontro Estadual da Polcia Tcnico-Cientfica

  • Policientfica14

    ressalta como foi viabilizada a propos-ta. O projeto nasceu quando concorri com projetos de instituies de ensino superior e instituies de cincia e tecnologia. Em 2012 conseguimos classificar e cadastrar a SPTC como Instituio de Cincia e Tecnologia na Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Gois (Fapeg), em um edital para as instituies, que tivessem pro-fissionais com doutorado, solicitarem recursos FAPEG para realizao de eventos cientficos.

    Entre 1 e 5 de dezembro foram promovidas palestras motivacionais e sobre crimes em srie, que culmi-nou em uma mesa redonda sobre o

    tema. Foi um sucesso, pois envolveu todos os personagens oficiais desde a investigao at o processo criminal, comentou Rodrigo.

    Os cursos de aperfeioamento tambm levaram em conta casos de repercusso nacional nos lti-mos anos. Em um deles, a chefe da Diviso de Percias de Incndio do Instituto Geral de Percias (IGP/RS), Eng Sheila Cristina Wendt, falou sobre sua experincia na rea, sobre-tudo no caso da Boate Kiss, em Santa Maria/RS, que h dois anos matou 242 pessoas e feriu outras 680.

    J o perito criminal Fis. Lino Leite de Almeida, da Polcia Tcnico Cien-

    tfica do Mato Grosso (POLITEC/MT) relatou sobre acidentes de trnsito. Os dois minicursos eram antigas de-mandas da Polcia Tcnico-Cientfica de Gois e que no conseguimos realizar por falta de recursos, mas com o apoio financeiro da FAPEG, da ASPEC e SINDIPERCIAS foi possvel realizar, ressalta Rodrigo.

    Ambos os cursos foram bastan-te elogiados pelos peritos criminais goianos, devido o alto nvel do conhecimento tcnico repassado e pela aplicabilidade das tcnicas aprendidas nas percias especficas de incndio e trnsito, avaliou o coordenador do evento.

    Conhecimento

  • Policientfica 15

    A percia cr iminal em todo o pas finalizou o ano de 2014 com uma grande vitria. A Comis-so Especial da Cmara dos Deputados em Braslia analisou o Projeto de Emenda Constitucional, PEC 325/09, que versa sobre a auto-nomia da percia criminal. Com uma aprovao unnime por parte dos deputados, foi seguido o relatrio final do relator deputado Alessandro Molon (PT-RJ). A proposta agora segue para Plenrio.

    Independncia pericial

    Comisso Especial aprova PEC 325/09

    A luta da categoria para a aprova-o desta PEC tem por intuito afastar insegurana jurdica e contribuir para a investigao cientfica dos crimes. Desta forma, colher provas materiais de forma isenta e totalmente desliga-da de interesses parciais, polticos ou policiais, considerando que a prova material possa, por vezes, apontar des-vantajosamente para a equipe policial.

    O presidente da ASPEC-GO, Eng Antnio Carlos de Macedo Chaves, compareceu s audincias pblicas no DF e compartilhou a experincia

    Conquista

  • Policientfica16

    goiana e os benefcios gerados pela independncia da categoria, algo que reflete significantemente em ganhos para a sociedade, que recebe um atendimento diferenciado e com foco exclusivo nas concluses dos fatos, principalmente pelo fato dos resultados independerem de influ-ncias externas. A autonomia dos peritos criminais em Gois resultou em significativa transformao com a conquista de materiais e de recursos humanos para o desempenho de suas atividades, destaca o presidente, que ainda refora, que a constituciona-lizao da percia representaria um

    avano para as instituies demo-crticas do Pas, pois cercar os rgos periciais de autonomia garantia da produo de prova cientfica, de forma justa e equnime. A previso da percia criminal oficial na Consti-tuio Federal dar-lhe-ia um corpo que fundamental para a garantia democrtica e para a segurana jurdica do Pas, finaliza.

    Diversos representantes de categorias que envolvem a percia forense tambm participaram das discusses e expuseram seus ar-gumentos. Entre eles o presidente da Associao Brasileira de Crimi-

    nalstica (ABC), Bruno Telles, que ressaltou a importncia de que as discusses no sejam transmitidas como de cunho corporativista, pois a demanda pela autonomia da percia uma bandeira de aperfeioamento da segurana pblica no pas que, diferentemente de outros em que a percia autnoma, mantm em seu sistema de investigao a conduo das atividades de percia centradas no delegado policial. Lembrando que a autonomia da percia j fato na Europa h cerca de quarenta anos e tem sido implementada nos Estados Unidos gradualmente.

    Por tudo isso, o deputado Ales-sandro Molon, relator da PEC, em seu parecer que atribui a legitimidade da independncia da Pericia Criminal, afirma que a constitucionalizao da percia criminal brasileira medida urgente e polivalente: representa, simultaneamente, a modernizao do sistema de segurana pblica do Pas, o fortalecimento de suas instituies democrticas e a consolidao irrefu-tvel de direitos humanos fundamen-tais eventualmente ameaados na persecuo penal, em atendimento s demandas de diversas organizaes, nacionais e internacionais.

    Conquista

  • Policientfica 17

    A Superintendncia da Polcia Tcnico-Cient-fica de Gois (SPTC/GO) disponibilizou os edi-tais 002/2014 - SPTC e 002-ML/2014 - SPTC, que promovem concurso pblico para provimento de vagas para os cargos de Auxiliar de Autpsia (nvel fundamental), Mdico Legista e Perito Criminal (superior completo).

    No total, sero preenchidas 460 vagas, assim distribudas: 250 vagas para Perito Criminal de 3 Classe, 150 para Mdico Legista de 3 Classe e 60 para Auxiliar de Autpsia de 3 Classe. O salrio inicial dos dois primeiros cargos R$ 7.648,67, enquanto que o ltimo cargo proporciona remunera-o de R$ 3.978,19.

    Esta ser uma oportunidade para suprir uma grande demanda da SPTC e que reflete na prestao de servio sociedade. Atualmente a Superintendncia se desdobra para atender os casos em que acionada, principalmente pelo profissionalismo, tica e competncia dos membros que a compe. Entretanto, mesmo diante tanto comprometimento dos peritos criminais e mdicos legistas, a ausncia

    de mo de obra dificulta a execuo de um atendimento qualificado e gil.

    Para o presidente da ASPEC--GO, Eng Antnio Carlos de Macedo Chaves, a realizao deste concurso extremamente necessria, contudo no o ideal, para que os gabarita-dos profissionais goianos possam exercer com excelncia suas funes: Estamos cientes dos esforos do secretrio de Segurana Pblica, Jo-aquim Mesquita, e tambm de nossa superintendente, Dra. Rejane Barcelos, que se empenharam na realizao deste certame, pois somos uma das nicas categorias agraciadas com essa possibilidade. Todavia, no atende s nossas expectativas, muito menos

    Concurso PblicoSPTC abre 460 novas vagas

    a verdadeira necessidade da SPTC, principalmente se observarmos, que se trata praticamente de reposio e no aumento, uma vez que profissio-nais se aposentam ou buscam outras oportunidades, ressalta o presidente, lembrando que alm das adversidades inerentes a todas unidades por falta de efetivo, os ncleos regionais do interior so os que mais padecem com a ausncia de profissionais: Nosso intuito atender com excelncia em todos os nossos centros. Peritos crimi-nais e mdicos legistas de qualidade ns temos, porm so poucos face crescente demanda, impulsionada pela onda de violncia, que vivencia-mos em Gois, finaliza.

    Carreira

  • Policientfica18

    Os goianos, em espe-cial as goianienses, viveram momentos de terror no ltimo ano. Alm da escalada da violncia, crimes com um mesmo padro de ao revelavam o aumen-to dos homicdios de mulheres em Goinia. Assassinatos, que pareciam apenas engrossar as estatsticas da criminalidade na capital goiana.

    Entretanto, aps uma mensagem amplamente divulgada pelas redes sociais, na qual anunciava de maneira

    desesperada a existncia de um assas-sino em srie, o medo tomou conta da sociedade, principalmente, ao se cons-tatar que o nmero de homicdios de mulheres, que em princpio pareciam aleatrios, s crescia.

    Em sete meses, quinze mulheres foram mortas em Goinia. A primeira vtima foi a adolescente Brbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, assassinada no dia 18 de janeiro do ano passado. A ltima vtima desta srie de crimes foi outra adolescente, Ana Ldia de Souza, tambm com 14 anos, baleada em um

    Assassinatos em srie

    Provas colhidas pela SPTC indicaram a existncia de um matador em srie

    Capa

  • Policientfica 19

    ponto de nibus no dia 2 de agosto. Todas essas vtimas, que tinham idades entre 14 e 29 anos e foram atacadas da mesma forma: um motoqueiro se aproximava, atirava e fugia sem levar nada. A partir desses assassinatos, uma fora-tarefa foi criada pela Secretaria de Segurana Pblica.

    Durante meses o grupo seguiu pistas do suspeito e investigava tam-bm outros crimes. No incio, a polcia dizia no acreditar que os homicdios tivessem sido cometidos por uma

    nica pessoa. Contudo, no dia 15 de outubro, o segurana Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, foi preso e confessou 39 assassinatos. Coube ento Polcia Tcnico Cientfica, por meio de percias, materializar as pro-vas da confisso, para que o suspeito fosse levado Justia.

    Ao todo, dezessete laudos de ba-lstica j foram concludos pela Polcia Cientfica. Em 16 deles, a anlise peri-cial comprovou que os projteis reco-lhidos no corpo das vtimas saram do

    revlver Taurus calibre 38 apreendido na casa de Tiago Henrique.

    A perita criminal Itatiana Pires, que participou da fora-tarefa do caso, explicou que os projteis encontrados em alguns corpos so de materiais diferentes, o que tornou as anlises mais complexas. Outro complicador, segundo ela, que alguns estavam mais danificados. Quando temos a arma, procuramos padres, acrescenta. Con-fira na ntegra uma entrevista exclusiva com a perita responsvel pelo caso.

    Dedicao e responsabilidadePerita Criminal

    Itatiana Pires relata como foi o processo de

    investigao do caso do assassino

    em srie

    Revista Policientfica - Sabemos que este foi um dos principais casos investigados pela Polcia Cientfica de Gois. Como foi lidar com um caso de repercusso internacional?

    Perita Itatiana Pires - Para ns to-dos os casos so importantes porque afirmar um resultado sempre um momento de muita responsabilidade, j que a prova material tem imenso valor no processo. Os casos de repercus-so se diferem pela cobrana na agilidade dos resultados, pela comoo gerada pela mdia e

  • Policientfica20

    pela exposio do nosso trabalho, mas quanto ao trabalho tcnico como qualquer caso, muito tempo ao microscpio e muito empenho de toda equipe.

    RP - O clamor popular e a luta para en-

    contrar um autor eram grandes. Contudo, antes da priso de Tiago Henrique Gomes e sua confisso, a PTC j indicava os caminhos para um nico suspeito?

    IP - Desde que a polcia civil solici-tou os primeiros exames, onde vtimas estavam relacionadas devido s circunstncias das mortes, tnhamos o cuidado de examinarmos todos os projteis relacionados s vtimas questio-nadas e quando verificvamos semelhanas isso era passado para as autoridades policiais. De-vido ao alto grau de deformao dos projteis, muitas vezes, as caractersticas eram insuficientes para resultados conclusivos, at que a arma suspeita fosse encon-trada. Antes da chegada da arma apreendida com Thiago Rocha, havamos antecipado resultado de confronto positivo entre duas das vtimas da fora tarefa e ci-tamos uma lista das vtimas que apresentavam coincidncias.

    RP - Ao confessar seus crimes, Thiago

    Henrique Gomes da Rocha apon-tou detalhes. Eles estavam de acordo com o que foi encontrado pela percia?

    IP - Os detalhes relacionados din-mica dos fatos foram analisados pelos peritos de local. Quanto balstica, todos crimes relaciona-dos fora tarefa foram positivos para arma, com exceo da vtima Bruna Greyciele, pelo fato de que o projtil relacionado ao fato no apresentava caracteres suficien-

    tes para realizao de confronto microbalstico.

    RP - Aps a priso foi necessrio rever

    alguns procedimentos da percia, visando a comprovao dos crimes?

    IP - Aps a priso o que mais ficou evidente que temos que tra-balhar para melhorar o reduzido nmero de profissionais nas nossas equipes e as dificuldades de comunicao. De repente, estamos numa situao de ur-gncia, onde se aumenta consi-deravelmente as solicitaes de exames, j que as investigaes so incrementadas e o nmero de material questionado aumenta muito, temos que gerar resul-tados com prazos mais curtos e ainda manter o fluxo de trabalho da seo, j que inmeros casos continuam sendo atendidos.

    RP - A percia j concluiu todos os

    procedimentos visando apre-sentar as provas que incriminam Thiago? Se ainda falta, qual o prazo estimado?

    IP - Todos as vtimas relacionadas fora tarefa j foram examinadas, com emisso de laudos para as autoridades requisitantes. Ainda estamos trabalhando com outras

    vtimas confessadas por Thiago Rocha, que esto sendo aten-didas conforme solicitao das autoridades. No existe definio de prazo, devido ao acmulo de percias a serem atendidas e complexidade dos exames.

    RP - Qual foi o grau de dificuldade da

    materializao dos casos em que o ru confessou a autoria?

    IP - Nossas maiores dificuldades foram as avarias presentes nos projteis incriminados, o fato de ser, na maioria das vezes, apenas um projtil por vtima e o tipo de revestimento dos projteis. Nem sempre as reas preservadas nos projteis, eram reas correspon-dentes, o que dificultava estabe-lecer coincidncias at que uma arma suspeita fosse encontrada.

    RP - Qual foi a prova cabal para a

    elucidao dos casos?IP - Para balstica o elemento fun-

    damental foi a arma encontrada com o suspeito. Quando temos a arma, procedemos coleta de padres para serem comparados individualmente com as vtimas. Com os projteis padres conse-guimos explorar todas as reas preservadas nos projteis ques-tionados, a vamos montando o quebra cabea.

    RP - Quantos profissionais se debru-

    aram sobre estes crimes?IP - Sete peritos criminais formam

    nossa equipe. Todos de alguma forma contriburam no processo.

    RP - H algo mais que voc queira

    acrescentar sobre o assunto?IP - Esse caso nos acrescentou muito.

    Hoje estamos mais cansados, mas estamos bem melhores como tcnicos e como equipe.

    Quando temos a arma, procedemos

    coleta de padres para

    serem comparados individualmente com

    as vtimas

    Entrevista

  • Policientfica 21

    Dia do Perito CriminalArtigos

    Antnio Carlos de Macedo ChavesEngenheiro Civil, Perito Criminal e

    Presidente da Associao dos Peritos Criminais e Mdicos Legistas do

    Estado de Gois

    So eles os responsveis pela produo da prova mate-rial e cientfica dos crimes. Seres pensantes que orbi-tam os cadveres, as cenas de crime e todos os vestgios relacio-nados, extraindo-lhes toda a essncia elucidativa e acusatria. Aquela antiga frase ecoada nos distritos policiais: o cadver fala, ganha sentido, visto que sim, ele sussurra atravs dos vestgios abandonados no local, produzidos pe-los partcipes do evento delituoso. So os peritos criminais e mdicos legistas os profissionais incumbidos desta funo tpica de Estado: a investigao cientfica dos crimes, que abarca tanto o levantamento dos vestgios do local e exames dos corpos de delito, como a realizao de exames laboratoriais especficos, que culminam com a an-lise e processamento das informaes, reconstituindo a cena do crime, apon-tando a autoria e as circunstncias em que ocorreu.

    No dia 4 de dezembro, come-moramos o dia deste agente pblico,

    em homenagem ao colega mineiro Otaclio de Souza Filho que, enquanto executava o seu mister, periciando duas mortes ocorridas em um local de difcil acesso, morre tragicamente aps sofrer queda em um precipcio. Este ano em especial, brindamos neste nos-so dia a mais um degrau alado rumo to sonhada autonomia: a aprovao na semana passada da Proposta de Emenda Constitucional em Comisso Mista da Cmara Federal, a qual confere a esta atividade um item a parte no artigo 144 da nossa Carta Magna.

    Particularmente em nosso Esta-do, fomos agraciados recentemente

    com a publicao do edital de con-curso pblico para provimento dos cargos de perito criminal e mdico legista, alm de auxiliares de autp-sia. Jubilosamente, um momento especial bastante esperado pela categoria, a qual tem contado com o apoio de outras entidades para o aparelhamento e reciclagem de seus profissionais, em especial FAPEG - Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Gois, que tm fomentado e contribudo com a realizao de even-tos criminalsticos no nosso Estado.

    Por fim, temos notado a cada ano, o crescimento e desenvolvimento desta atividade essencial em todo o pas. Notoriamente, a sociedade e suas instituies vm reconhecendo a importncia da Percia Criminal, conferindo-lhe investimentos cada vez mais robustos, tanto materiais quanto em pessoal, reconhecendo o valor e eficcia da prova tcnica tanto para as investigaes policiais quanto para a segurana jurdica das sentenas judiciais. Destarte, nossa autonomia vem como uma forma de blindagem das prova tcnicas dos crimes, conferindo-lhe imparcialidade e iseno para que atue e cumpra seu papel social de desvelar a verdade pura dos fatos.

  • Policientfica22

    Sem sombra de dvidas, a ansiedade um dos maiores males da sociedade moder-na. Aquela antiga mxima de que o tempo o senhor das respostas parece ser desconhecida por todos ns na atualidade. A informao viaja de forma extre-mamente rpida e minutos aps um evento ou acidente trgico, os celulares e computadores salpicam de mensagens e imagens sobre o ocorrido, multiplicando-se de forma avassaladora, tal qual uma cultura de bactrias numa placa de gar-gar. Em questo de poucos instantes aps a queda do jato com o presidencivel Eduardo Campos, as redes sociais j estavam abarrotadas de informaes, imagens do local e das vtimas numa velocidade impressionante.

    Talvez esteja na hora de nos perguntar at que ponto esta veloci-dade de informao sobre estes fatos trgicos traz benefcios para a socie-

    Artigos

    dade. inerente ao esprito humano esta curiosidade em descobrir o que causou ou motivou um determinado evento, a identidade das vtimas e ou-tros elementos, mas esta curiosidade no necessariamente deveria gerar a ansiedade, raiz de toda esta loucura de informaes em to curto espao de tempo. Ser realmente funda-mental que a populao obtenha as respostas de maneira assim to rpida a ponto de obstruir os trabalhos de quem cuida destes locais?

    Verificamos nestas ocorrncias os peritos oficiais se desdobrarem em levantamentos pormenorizados dos locais (cenas muitas vezes violadas por essa sede de informao), a fim de conclurem a respeito das causas e circunstncias do evento. Tambm nos casos de crimes brbaros, como o caso das sucessivas mortes de mulheres na nossa capital, verificamos o trabalho incessante destes profissionais em montar o quebra-cabea, buscando

    a autoria, motivao e outros dados. Em contrapartida observamos uma populao vida pela soluo, o que natural, mas a cada passo e detalhe apurado pela percia verificamos a imprensa no calcanhar dos policiais, na busca por informaes cuja reve-lao to somente auxilia o autor ou os autores a ficarem no anonimato, quando no os preparam ou motivam para novas investidas.

    Precisamos ter a resignao de esperar, de confiar mais nos nossos policiais, estes sim treinados e pre-parados para o solucionamento dos mistrios destes crimes e acidentes, dando a eles o tempo devido para que os indcios e as convices ama-duream. No podemos deixar que esta ansiedade social prevalea ante os objetivos essenciais de elucidao destes eventos terrveis, cuidando para que ela no ofusque a realidade dos fatos, proporcionando que a verdade sempre venha tona. Re-cordando as palavras de uma antiga professora do primrio, que usava o trocadilho: pacincia a cincia da paz, preciso saber esperar.

    preciso saber esperar

  • Policientfica 23

    Desprendam-se algemas do passadoViva-se o presente.No te preocupes com o futuroO passado deixou-te saudadesDeixou-te lembranasBoas lembranasNo to boas lembranasBoas saudades...Que o presente no te sejaS lembranas.Vivas o presente,Sintas o presente,Respiras o presente,Bebas o presenteGota a gotaAproveitas o presente...No desperdices o presentePensando no passado,Almejando o futuro...Precioso presenteSejas presente!

    Presente Presente

    Mariana Flavia da Mota Perita Criminal e atua no Laboratrio de DNA Forense. graduada em Cincias Biolgicas, Especialista em Docncia Universitria,

    Mestre em Cincias Farmacuticas e Doutora em Cincias da Sade

    Poema do Livro Devaneios adolescentes de Autoria da Perita Criminal Mariana Flavia da Mota, Editora Kelps/PUC Gois, 2012

    Poesia

  • Policientfica24

    Seminrios

    Percia criminal se rene em Caldas Novas

    Em busca de aprimoramento

    peritos criminais de todo pas participam

    de palestras e minicursos

  • Policientfica 25

    Peritos Criminais de Gois e de todas as partes do Pas, alm de mdicos e odon-tolegistas, magistrados, promotores, delegados, defensores pblicos, advogados e estudantes participaram do IX Semi-nrio Nacional de Balstica Forense, VIII Seminrio Nacional de Percias de Crimes contra a Vida e VI Seminrio Nacional de Pericias de Revelao de Impresses Papilares, realizado em outubro de 2014, no Ville Resort & Spa, em Caldas Novas-GO.

    atuantes na rea de Pericia Criminal. No mais, o participante teve a opor-tunidade de comprovar as belezas da cidade turstica de Caldas Novas, famosa por ser a maior estncia hidrotermal do mundo.

    Alm de palestras, os participan-tes tiveram a opo de presenciar mi-nicursos ministrados no Instituto de Criminalstica Leonardo Rodrigues, em Goinia, considerado um dos mais modernos centros de percias crimi-nalsticas no pas, e que ficou aberto para visitao dos participantes.

    O evento foi realizado pela Asso-ciao dos Peritos em Criminalstica de Gois (ASPEC-GO) e promovido pela a Associao Brasileira de Crimi-nalstica (ABC). Alm da programao cientfica, que mostrou os avanos da Percia Criminal nos crimes contra a vida, nas diversas modalidades de percias balsticas e nas percias de revelaes de impresses papilares. Na ocasio houve a discusso do trabalho realizado em casos de re-percusso nacional e proporcionar interatividade e convvio dentre os

  • Policientfica26

    Seminrios

    A utilizao da tecnologia de bancos de perfis genticos tem trazido inmeras inova-es teis para o combate crimina-lidade e revelaes para a melhoria do sistema de justia criminal. A palestra O Banco Nacional de Perfis Genticos abordou o avano da tecnologia de desenvolvimento das tcnicas de identificao humana por meio do DNA, no Brasil e no mundo. A implan-

    O Banco Nacional de Perfis GenticosPalestrante: Guilherme Silveira Jacques (Instituto Nacional de Criminalstica/DPF)

    tao dos bancos de perfis genticos no Brasil (por meio da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genticos - RIBPG), os primeiros resultados obtidos com essa tecnologia e as implicaes da Lei 12.654/2012 que, pela primeira vez em nosso pas, estabelece as condies para a identificao criminal gentica obrigatria. Tambm foram divulga-das as ltimas decises do Comit Gestor da RIBPG.

    Caso de repercusso nacional e internacional refere-se ao desaparecimento e morte da modelo Eliza Silva Samdio. Durante as investigaes, uma das testemunhas relatou aos investigadores do caso que a moa teria sido morta por estrangulamento. Em seguida, o cadver teria sido esquartejado e enterrado sob uma camada de concreto. O julgamento ocorreu no Tribunal do Jri de Contagem em maro de 2013.

    A tema da exposio do Perito Criminal da Policia Federal Antonio Augusto Canelas Neto foi a cincia de perfis de mancha de sangue comeando com a importncia de algumas das propriedades fsicas do fluido sangue e, pos-teriormente, apresentando a taxonomia que deve ser utili-zada na literatura mundial. Em paralelo mostrou o uso desta cincia em estudos de casos reais com a verificao de din-micas criminosas de um crime, bem como pelo levantamento de indcios e/ou provas impor-tantes para a investigao.

    Caso Elisa SamdioPalestrantes: Peritas Criminais Flvia Armani e ngela Romano (IC/MG ACADEPOL/APM/MG)

    Perfis de mancha de sangue

    Palestrante: Antonio Augusto Canelas Neto (Departamento de Polcia Federal)

    propriedades, taxonomia e interpretao no local de crime

  • Policientfica 27

    Poroscopia aplicada; importncia da micropapiloscopiaPalestrante: Samuel Alfonso Delgado Caballero (Defensoria Del Pueplo, Colombia)

    Entretanto, os fragmentos que no possuam um nmero mnimo de pontos caractersticos so excludos. Contudo, desde 2008 tem sido pos-svel a identificao com um nmero reduzido de mincias, desde que exista informao microscpia de nvel III, ficando demonstrado assim, a importncia deste tema na aplicao dos casos de polcia forense. A Ridge-

    ology a investigao que tem como fonte a micropapiloscopia, na qual se fortalece a identificao atravs da po-roscopia. O Brasil foi o primeiro pas a acolher as teorias do autor e utiliz-las em seus laboratrios em diferentes estados do pas. Por isso, desde o ano de 2009 temos trazido esta srie de artigos para fortalecer as perguntas que surgem durante a prtica pericial.

    A identificao humana sempre foi um desafio, at o comeo da papiloscopia. As impres-ses digitais sempre foram muito utilizadas na soluo de um conflito.

    Caso de repercusso nacional refere-se morte da advo-gada brasileira Mrcia Mikie Nakashima de 28 anos, que foi afoga-da dentro do carro trancada na represa de Nazar Paulista interior de So Paulo, perto das margens da rodovia Dom Pedro em maio de 2010.

    Nesse universo de peas tcni-cas, teramos o laudo pericial - oficial ou no, o parecer tcnico - com fins de atendimento

    Justia ou no, e o relatrio tcnico. Alm das dvidas existentes quanto titulao dessas peas tcnicas, maior a confuso sobre o contedo de cada uma delas. Tanto as primeiras, quanto s de contedo, procuraremos discorrer individualmente, no sentido de trazer discusso um assunto que tem gerado algumas discusses no mbito verbal, porm, muito pouco de interpretao formal existe respeito. Outro aspecto que pretendemos abordar, quanto aos profissionais habilitados para a execuo dessas tarefas tcnicas, tanto sob a tica da competncia legal, como aquelas de natureza tcnico-especializada que devam ser observadas ou que melhor se recomenda para esse mister.

    Caso Mrcia NakashimaPalestrante: Renato Domingos Pattoli (SPTC-SP)

    Contestabilidade do Laudo Pericial, Assistncia tcnica

    Palestrante: Alberi Espindula (PCDF)

    aspectos jurdicos e tcnicos

  • Policientfica28

    Seminrios

    Caso de repercusso nacional e internacional refere-se ao assassino em srie Tiago Hen-rique Gomes da Rocha, de 26 anos, o suposto serial killer que atuava nas ruas de Goinia e vitimou ao menos 39 pessoas, entre mulheres e pessoas em situao de rua. O confronto

    O Perito Criminalstico Do-mingos Tocchetto, expla-nou sobre a identificao indireta de uma arma de fogo dotada de cano raiado, envolvida em alguma infrao penal. Esta pode ser feita atravs da micro-comparao do(s) projetil(is) questionado(s) com projetis ob-tidos atravs de tiros produzidos com a mesma. comum, em corporaes policiais, existirem armas com o nmero de srie sequenciado. O fato de armas de mesma marca, mesmo modelo e mesmo calibre possurem o nmero de srie sequenciado no significa que o raiamento do seu cano foi produzido de forma sequenciada, isto , um aps o outro e na mesma sequencia dos nmeros de srie. So conside-

    Perito Criminal d e s d e 1 9 9 8 a t u a n d o n a Seo de Balstica Fo-rense do IC Leonardo Rodrigues - Goinia/GO. Consultor do Mi-nistrio da Justia em Microcomparao Au-tomatizada, e partici-pou da elaborao do POP (Procedimento Operacional Padro) da Pericia Criminal na rea de confronto microbalistico.

    radas armas com canos seriados, aquelas dotadas de canos cujo raiamento foi confeccionado um aps o outro, de forma sucessiva e com a mesma ferramenta. Atravs de um exame microcomparativo cuidadoso possvel identificar as armas dotadas de canos seriados.

    A contribuio da Balstica Forense no caso do assassino em srie de Goinia/GOPalestrante: Itatiana Pires (SPTC-GO)

    balstico dos projteis encontrados nas cenas dos crimes confirmou os nomes de seis jovens que foram assassinadas por essa arma: Ana Ldia Gomes, 14 anos; Isadora Cndido, 15; Juliana Dias, 22; Rosirene Alberto, 29; Thaynara da Cruz, 13; Thamara Conceio, de 17.

    Procedimento Operacional Padro da Percia Criminal

    Palestrante: Andr Montanini Alves (SPTC-GO)

    Balstica Forense/ SENASP

    Armas com canos seriados: possvel sua Identificao?Palestrante: Domingos Tocchetto (IGP/RS)

  • Policientfica 29

  • Policientfica30

    Seminrios

  • Policientfica 31

    Por Dcio Ernesto de Azevedo Marinho

    Perito Mdico Legista

    Conforme dispe o ar-tigo 26 do Cdigo Pe-nal Brasileiro: isento de pena o agente que, por doena mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ao ou omisso, inteira-mente incapaz de entender o car-

    ter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

    O pargrafo nico do mesmo artigo dispe: a pena pode ser redu-zida de um a dois teros, se o agente, em virtude de perturbao da sade mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, no era inteiramente capaz de entender o carter ilcito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento.

    O caput do artigo 26 trata da excluso da imputabilidade, nos casos

    de doenas mentais e de desenvol-vimento incompleto ou retardado. O pargrafo nico coloca uma situ-ao nova perturbao da sade mental e implicitamente sugere gradaes no desenvolvimento mental incompleto ou retardado, pois a redao do texto est volta-da para a culpabilidade diminuda.

    Conforme lembra o professor Mirabete no seu magistrio: no basta, porm, a presena de uma dessas situaes (doena mental ou desenvolvimento mental in-completo ou retardado) para que fique excluda a imputabilidade. H que ser feita uma aferio no aspecto intelectivo e volitivo. Nos termos da lei, s inimputvel aquele que, ao tempo da conduta (ao ou omisso), era inteiramen-te incapaz de entender o carter ilcito do fato.... a prova de inim-putabilidade do acusado forne-cida pelo exame pericial. Quando houver dvida sobre a integridade mental do ru, o juiz ordenar de ofcio ou a requerimento do Ministrio Pblico, do defensor, do curador, do ascendente, do descendente, irmo ou cnjuge do acusado, seja este submetido a exame mdico-legal, determina do artigo 149 do CPP.

    Pela leitura dos textos legais, o significado do termo Doena Mental compreende como sinni-mos Psicose e tambm Alienao Mental, devendo ser excluda a expresso loucura, louco, j pros-crita na terminologia psiquitrica.

    Psiquiatria ForenseArtigo

  • Policientfica32

    A expresso Perturbao da Sade Mental utilizada para os portadores de neuroses e psico-patas (personalidade psicoptica ou sociopatas). Tambm o termo psicopata tem sido combatido pelos psiquiatras.

    O Desenvolvimento Mental Incompleto diz respeito queles que ainda esto em processo de matu-rao intelectiva, caso das crianas e adolescentes, caso previsto no artigo 27 do Cdigo Penal. Tambm existem situaes seja por doena surdo-mudez inata ou adquirida precocemente, alguns casos de cegueira; seja por condies scio--ambientais apedeutas e silvcolas no aculturados. O tratamento legal nesses casos depender de exame pericial para constatao e delimi-tao do problema.

    No Desenvolvimento Mental Retardado ocorre uma deficincia de inteligncia, trata-se da Oli-gofrenia e seus portadores so oligofrenicos.

    Lembramos, j comentado em pargrafo anterior, que o de-senvolvimento mental retardado admite gradaes de acordo com a intensidade do dficit de inte-ligncia: enquanto um indivduo normal tem um QI (coeficiente de inteligncia) situado entre 90 e 110, um indivduo com QI abaixo de 90 at 50 considerado dbil mental ; um QI abaixo de 50 at 25 caracteriza o imbecil; QI abaixo de 25 o encontrado nos idiotas, correspondendo a uma idade mental abaixo de 3 anos de idade,

    portanto, os adultos com idiotia so incapazes de prover a prpria existn-cia e at mesmo dos atos mais simples do cotidiano, dos cuidados de higiene e outros. Os idiotas so a forma mais grave do retardo mental.

    Os imbecis j mostram alguma capacidade de entendimento e comu-nicao, porm os mais desenvolvidos no ultrapassam a idade mental de sete anos.

    Tanto os idiotas quanto os imbe-cis esto plenamente enquadrados no caput do artigo 26, so inimputveis e no oferecem dificuldades para a constatao do retardo mental. Lembramos que se os mesmos fo-rem vtimas de um crime sexual por exemplo, podemos falar em violncia presumida (atualmente estupro de vulnervel), pois a doena mental de inegvel evidncia para que o agente alegue o desconhecimento da mesma.

    Os dbeis mentais podem ser classificados em fronteirios, leves e profundos, sendo que os fronteirios (QI entre 89 e 75) j apresentam maior capacidade de entendimento que os demais oligofrenicos e se enquadra-riam com mais conforto no pargrafo nico do artigo 26. Os fronteirios podem, inclusive, alcanar um nvel razovel de escolaridade, porm com desempenho fraco nas tarefas que exi-jam certa criatividade. So facilmente adaptveis nas atividades repetitivas, montonas.

    Os doentes mentais tambm chamados psicticos ou alienados mentais so portadores de graves transtornos mentais que afetam gravemente a personalidade, preju-

    dicando o relacionamento com o mundo, tornando-o at impos-svel. O doente mental no tem conscincia da sua doena, resiste ao tratamento por ach-lo desne-cessrio. As psicoses podem ser classificadas de acordo com a sua origem em PSICOSES ORGNICAS, quando provocadas por doena, como arteriosclerose, tumor cere-bral, traumatismos cranianos; um segundo grupo so as PSICOSES ENDGENAS, em que no existe leso nervosa prvia, muitas vezes associadas a fatores genticos, como exemplo nas psicoses esqui-zofrnicas e no transtorno bi-polar do humor, antiga psicose manaco--depressiva.

    A psicose esquizofrnica caracterizada por alterao do pensamento (dissociao, incoe-rncia, neologismos, aglutinao) acompanhados ou no por delrios ou alucinaes, alterao da afeti-vidade (embotamento e ambiva-lncia), da vontade e da relao com o mundo exterior (autismo), segundo alguns autores, a nica psicose em que o paciente refere roubo do pensamento.

    Na psicose manaco-depres-siva ou transtorno bi-polar do humor, ocorre alternncia de perodos de excitao (mania) e de depresso (melancolia), podendo ocorrer entre estas fases um per-odo varivel de acalmia, chamado intervalo lcido.

    A psicose orgnica por sua vez pode ser classificada de acordo com a sua evoluo em aguda e

    Artigo

  • Policientfica 33

    crnica: a psicose aguda, tambm chamada psicose sintomtica, secundria a uma causa anterior txica (lcool, drogas) ou infecciosa (estados febris) que cessada, costu-ma regredir sem seqelas.

    A psicose orgnica crnica tem o prognstico mais grave e irre-versvel, pois resulta da degradao do sistema nervoso central, com-prometendo a atividade psquica. A DEMENCIA nas suas vrias formas clnicas o significado desta psico-se. A perda da capacidade de julgar uma caracterstica da Demncia, causando ao seu portador graves problemas na esfera penal, cvel e no relacionamento social.

    A Epilepsia uma sndro-me manifestada tpicamente por crises convulsivas com perda da conscincia. O doente quando passa a crise no se recorda do que aconteceu. Por vezes, as crises so precedidas por manifestaes sensoriais denominadas auras; a forma clnica chamada pequeno mal caracteriza-se por crises de ausncia, com durao de poucos segundos e no so acompanha-das de convulso. A epilepsia pode tambm ter origem endgena ou essencial quando por herana e exgena ou adquirida quando produzida por fator externo (TCE, Doenas do SNC). Eventualmente os epilpticos apresentam trans-tornos mentais, as chamadas psicoses epilptica e alguns ainda chegam demncia epilptica.

    A perturbao da sade men-tal pode ser exemplificada pela

    personalidade neurtica e pela per-sonalidade psicoptica. Em ambos os casos os indivduos no apresentam alienao mental, ainda mantm a capacidade de entender e se deter-minar, embora tal capacidade possa ser vulnerada por distrbios ticos e morais.

    O neurtico no costuma de-linqir, o seu desequilbrio resul-tado de um desajuste entre as ne-cessidades internas e regras morais rgidas que as reprime. O neurtico sabe que doente e at sofre por isso. Raras vezes cometem crimes.

    A personalidade psicoptica, ao contrrio, age desprovida de qualquer senso moral, sua motivao egostica, no se importando com o prximo, so insinceros e costumam atribuir o seu comportamento s mazelas sociais. O psicopata tambm chamado de socio-pata ou condutopata, no tem recupe-rao, no so produtos do meio, so disposicionalmente psicopatas. Aps cometer crimes no mostram sinais de arrependimento nem de sentimento de pena com o prximo.

    A Epilepsia uma sndrome neurolgica, caracterizada tipica-mente por crises onde o enfermo aps sofrer queda precedida por um grito e perda da conscincia; segue-se uma fase tnica em que os msculos se contraem e em seguida por uma fase de convulso clnica onde os msculos se contraem e distendem, o paciente sacode, estremece, pode morder a lngua e ter incontinncia urinria e fecal.

    A cianose est presente e a saliva-o abundante. Aps alguns minutos

    sobrevm um perodo de acalmia e o indivduo dorme e ao recobrar a conscincia no se recorda do que ocorreu. Este tipo de Epilepsia chamado de Grande Mal. A denominao de Pequeno Mal reservada para os casos com crises de ausncia em que a pessoa perde a conscincia, fica com olhar vago por alguns segundos antes de vol-tar s atividades interrompidas, sem que se lembre do ocorrido; outro tipo de interesse mdico-legal a EPILEPSIA PSICOMOTORA, na qual o indivduo realiza atos automticos, coordenados, dos quais no se lembra depois, podendo inclusive cometer crimes; Alguns apresentam manifestaes que antecedem as crises, com por exemplo, sentir odo-res estranhos, sensaes orgnicas tpicas etc. tais manifestaes so denominadas auras. Pouco antes das crises e logo aps o paciente pode se mostrar torporoso, obnu-bilado, com dficit de conscincia, num estado chamado de crepus-cular. A epilepsia chamada de idioptica ou essencial quando a origem determinada por he-rana ou desconhecida; quando conseqente a um fator exgeno (TCE, Tumores, Doenas do SNC) denominada epilepsia sintomtica.

    Bibliografia:1- Posterli, R. Aspectos da psicopa-

    tologia forense aplicada. Goinia. Ed. Santa Ins.1979.

    2- Hrcules, H.C. Medicina Legal, texto e atlas. S. Paulo. Ed. Athe-neu.2005.

  • Policientfica34

    A c r e d i b i l i d a -d e e t r a n s -parncia da A s s o c i a o d o s Pe r i t o s Criminalistas do Estado de Gois (ASPEC-GO) so referenciais que podem ser observados por todos os seus associados, que podem acompanhar diaria-mente suas aes visando promoo entre seus mem-bros, o convvio cientfico, cultural, social e esportivo. Atravs desta comunho podemos destacar diversas vantagens, entre as quais esto o crescimento do desempenho profissional e melhoria da qualidade de vida. Assim, para de-senvolver esta interao e oferecer um ambiente cada vez mais propcio para receber os peritos goianos. A instituio, juntamente com o Sindicato dos Peritos Criminalistas de Gois (Sin-

    ASPEC-GO se prepara para reforma e ampliao de sua sede

    A casa dos peritos goianosdpercias), executar em breve o projeto de reforma e ampliao da entidade, gerando conforto aos visitantes e um espao favo-rvel a eventos sociais.

    Aps reunio conjunta da di-retoria da ASPEC-GO e do Sindipe-rcias ficou deliberado a elaborao de um projeto de readequao da sede da Associao. Preparando--se para a nomeao de pelo menos 250 peritos e 150 mdicos legistas, em um curto prazo, as entidades sentiram a necessidade de ampliar e reformar a sede da ASPEC-GO, com a finalidade da instalao definitiva do Sindicato, no mesmo local, porm em espao diferenciado.

    A reforma prev tambm uma nova instalao eltrica: A rede eltrica existente, concebida h muitos anos na construo da atual sede, encontra-se em estado precrio e subdimensionado, afirma o presidente da ASPEC-GO, Eng Antnio Carlos de Macedo Chaves, que completa, a instalao de novos equipamentos de ar con-dicionado e de informtica, alm das novas construes, sobrecarre-garam demais a rede existente que muito antiga, comprometendo o funcionamento eltrico e com risco de sobrecarga.

    O novo projeto contempla a modernizao dos ambientes, a revitalizao e ampliao dos es-paos, um melhor aproveitamento do galpo aberto, alm da me-lhoria esttica da fachada frontal e recepo. O incio das obras est prevista para o ms de abril.

    Melhorias