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Especialização em “Polícia e Segurança Pública” Estudos Sociais de Polícia

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Page 1: “Polícia e Segurança Pública” · Definindo o Policiamento Orientado para a solução de Problemas e o Policiamento Comunitário Além disto, eles parecem envolver algumas mudanças

Especialização em

“Polícia e Segurança Pública”

Estudos Sociais de Polícia

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Corpo Docente:

Leon Denis da Costa

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Policiamento Comunitário e

Policiamento Orientado para o Problema

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Pós-graduação em “Polícia e Segurança Pública”

Objetivos:

Apresentar a teoria e estudos sobre o policiamento comunitário e policiamento orientado por problemas;

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POLICIAMENTO COMUNITÁRIO E POLICIAMENTO ORIENTADO PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS[...] tais tipos de policiamento como novos conceitos importantes,propostos para substituir “a aplicação profissional da lei” comoparadigma dominante no policiamento moderno (Kelling, 1988).Os críticos são mais céticos (Greene e Mastrofski, 1988). Paraalguns, as ideias não passam de chavões vazios - o mais recentepalavreado de relações públicas em policiamento, sem conteúdoou substância, e sem nenhuma utilidade operacional (Klockars,1988). Outros consideram as ideias atrativas, mas julgam nasutópicas – sua popularidade teria raízes na nostalgia. Outros aindaveem estes novos conceitos como algo que distrai a atenção dosdesafios mais urgentes que o policiamento tem de enfrentaragora: devido à necessidade urgente de controlar a onda deviolência, o interesse em solução de problemas e relações com acomunidade parece uma fuga do problema real (Bayley, 1988).(MOORE, 2003, p. 115-116).

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Este artigo examina o que se conhece – ou que seriarazoável supor – acerca do valor do policiamento paraa solução de problemas e do policiamentocomunitário... Tais conceitos são melhores entendidosnão como novas ideias programáticas ou novosarranjos administrativos, mas como ideias queprocuram redefinir o policiamento na sua totalidade,nos seus objetivos e métodos. Na literatura sobreadministração de negócios, estes conceitos seriamcaracterizados como “estratégias organizacionais”(Andrews, 1971). (MOORE, 2003, p. 116).

Pós Graduação em “Polícia e Segurança Pública”

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Mais importante, tais ideias enfatizam a utilidade deampliar a percepção da polícia para metas que vãoalém dos objetivos de prevenção de crimes, reduçãodo medo, e de melhoria nas respostas às maisvariadas emergências humanas, que marcam a vidaurbana. Estas ideias – do policiamento para a soluçãode problemas e do policiamento comunitário –também sugerem a importância da análise cuidadosa ecriativa, dos problemas que os cidadãos trazem, e dabusca de soluções para tais problemas, não apenasatravés de capturas iniciadas pela polícia, mas aocontrário, com respostas variadas, tanto da políciacomo da comunidade e de outros órgãos municipais.(MOORE, 2003, p. 116).

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Definindo o Policiamento Orientado para a solução deProblemas e o Policiamento Comunitário

Além disto, eles parecem envolver algumas mudançasorganizacionais e administrativas importantes dos departamentosde polícia. Por exemplo, o policiamento comunitário parece estarassociado a mudanças, nas organizações policiais, das estruturasorganizacionais funcionais centralizadas para estruturasdescentralizadas geograficamente, que encorajam ligações maispróximas com as comunidades locais (Moore e Stephens, 1991).O policiamento para a solução de problemas está associado coma descentralização da responsabilidade até o nível mais baixopossível da organização, encorajando comunicações laterais – aoinvés de verticais – não só dentro do departamento, mastambém fora dele, junto a outros órgãos de governo (Eck eSpelman, 1987). (MOORE, 2003, p. 119).

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Policiamento Comunitário e Policiamento paraSolução de Problemas como “Estratégiasorganizacionais”

Se os conceitos de policiamento comunitário e depoliciamento para a solução de problemas não sãorelatos da ação da polícia nem testam os programasoperacionais ou as recomendações administrativas paraos executivos da polícia, o que eles são? A resposta éque podem ser considerados mais como novasestratégias organizacionais dos departamentos depolícia, procurando redefinir sua missão, seus principaismétodos de operação e seus arranjos administrativosmais importantes. (MOORE, 2003, p. 120).

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A Estratégia atual do policiamento: PoliciamentoprofissionalO estilo administrativo da organização é formalmentehierárquico, e quase militar (Bittner, 1970). Cada policialtem uma patente e é obrigado a obedecer a ordensdaqueles que estão em patentes superiores à dele. Comoparte do regulamento, são codificados procedimentos enormas cuidadosos que regem a conduta dos policiais.Uma das tarefas mais importantes dos oficiais superiores éverificar que a conduta dos policiais mais novos esteja deacordo com o regulamento. As políticas como seriaprevisível vem de cima para baixo e espera-se obediência.A pessoa que está no comando é responsável pela atuaçãoda unidade. (MOORE, 2003, p. 124).

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Em muitos departamentos, acredita-se que a responsabilidademais importante da polícia é a de controlar o crime, e que o maispoderoso instrumento para se obter esse objetivo é fazer prisõescom o apoio da lei criminal. (MOORE, 2003, p. 125).

Suas principais capacitações operacionais para isso são opatrulhamento, a resposta rápida e a investigação retrospectiva.(MOORE, 2003, p. 125).

[...] o policiamento profissional foi adotado e desenvolvido comouma estratégia coerente de policiamento. Quase sempre é difícilpara alguém, dentro ou fora da profissão, imaginar qualqueroutro estilo de policiamento. Se alguém olhar por trás destaestratégia dominante de policiamento, verá, porém, importanteslimitações – mesmo se compará-la com os objetivos anunciadosde controle de crimes graves. (MOORE, 2003, p. 127).

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As limitações do policiamento profissional

Uma avaliação do policiamento profissional comoestratégia de policiamento deveria começarobservando que, até agora, ele não tem obtido umgrande resultado no controle do crime. Essaobservação tem sido feita várias vezes e, para a polícia(apropriadamente), parece um insulto. A políciaargumenta que tem feito bem a sua parte, mas quetem sido deixada de lado pelo resto do sistema dejustiça criminal, que é incapaz – ou não deseja – deprocessar, condenar e prender aqueles que a políciaconvicentemente acusou de terem cometido crimes.(MOORE, 2003, p. 127).

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Essas observações bem podem ser apropriadas ecorretas. Mas, se a polícia é só um dos fatores (e,aparentemente, não muito importante) no controle docrime, isso deveria diminuir suas reivindicações de quesua verba e sua autoridade devam crescer quando ocrime cresce... A polícia gostaria de ter as duas coisas:ser vista como importante, até mesmo fundamental,no combate nacional ao crime, e não ser responsávelpelo crescimento das taxas de crime. (MOORE, 2003,p. 128).

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1. Fraqueza nos métodos operacionais. ...Duas décadas depesquisas lançaram dúvidas sobre a eficácia operacional dasprincipais táticas em que a polícia atualmente se baseia. Nãopodemos mais estar confiantes de que o patrulhamento detenha ocrime...de que os detetives, trabalhando apenas com evidencias dacena do crime, possam resolver os crimes...ou de que a respostarápida resulte na prisão dos criminosos.... Nem podemos ter certezade que detenções – mesmo quando seguidas por acusação bem-sucedida, culpabilidade e reclusão – produzam intimidaçãogeneralizada ou especifica, ou sequer reabilitação. (MOORE, 2003, p.128).

2. Os limites da forma reativa. Agora os estrategistasreconhecem que a natureza reativa da atual estratégia da polícialimita, nitidamente, seu potencial de controle do crime.... Se elaespera para ser chamada, está, por definição, esperando até que umcrime seja cometido. (MOORE, 2003, p. 128).

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Mas há dois argumentos que dizem respeito às fraquezasda abordagem reativa que são melhores do que dizer queela não é suficientemente preventiva.

Primeiro, a estratégia reativa é, sistematicamente, incapazde lidar com crimes que não produzem vítimas outestemunhas... Algumas vezes, pessoas foram vitimadas esabem disto, mas ficaram relutantes em se apresentarporque estão com medo, ou porque estão intimamenterelacionados com o criminoso para vê-lo (a) preso (a), oupor uma combinação dos dois fatores.... Também é difícilpara a estratégia reativa chegar aos crimes que produzemvítimas que não sabem que foram vitimadas.

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Segundo, a estratégia reativa enfraquece a sensaçãoda presença da polícia na comunidade e torna oscidadãos inseguros de que eles possam confiar em quea polícia virá quando chamarem, ou que vai lidar com asituação que os incomoda, tendo algum tipo deatenção para com seus objetivos e preocupações.Quando a polícia opera reativamente, raramente elatem tempo para visitar vítimas e testemunhas nos diasque se seguem ao seu envolvimento com um fatocriminoso. (MOORE, 2003, p. 129-130)

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Prevenção insuficiente... A crítica enfatiza que devem existirmuitos outros fatores, além das más intenções dos criminosos,que ocasionam os crimes (Moore, 1983, a). Algumas situações(tais como brigas domésticas ou as saídas escuras das estaçõesde metrô, ou as ruas lotadas com caixas eletrônicos) podemfacilitar atos criminosos (Clarke, 1983). Talvez a polícia pudessecontrolar o crime com mais eficiência, reduzindo a facilidade emse obter substancias que facilitem o crime ou melhorando assituações que podem conduzir a ele, do que ficar esperando paracapturar criminosos quando os crimes acontecem. [...], mas oscríticos argumentam que a polícia não pensa o suficiente, ou comcuidado suficiente, na maneira de mobiliza os esforços individuaise coletivos dos cidadãos ou em como usar as facilidades de outrosórgãos governamentais, como escolas... para agir eliminandoalgumas das condições que originam os crimes. (MOORE, 2003, p.131).

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As solicitações de chamada por serviços da Polícia. Observem queestas críticas ao policiamento profissional são feitas dentro deuma concepção de policiamento que estabelece o controle docrime como o mais importante, e talvez, o único objetivo dopoliciamento. [...] Muitos dos chamados por serviços da polícianão comunicam crimes sérios e um número menor aindacomunica crimes em andamento (Wycoff, 1982). Ao contrário, oschamados em geral pedem vários serviços. Uma grande maioriadesses chamados envolve emergências que podem deteriorarrapidamente e chegar a péssimas consequências, a não ser quealguém socorra rapidamente. Mas tais emergências raramentesão criminosas. São, quase sempre, emergenciais sociais, do tipobrigas domésticas que ainda não se tornaram briga de faca... ouuma senhora de idade que ouviu ruídos e ficou com medo....(MOORE, 2003, p. 131).

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Profissionalização incompleta.... Uma ideia central, nopoliciamento profissional, é a de que a polícia deve serindependente das influências políticas e deve orientar-se estritamente pela lei pelos padrões de suaprofissão. Como já observado, o compromisso com alei, como base de sua legitimidade, tem seenfraquecido, de alguma forma, por sua críticaconstante às restrições constitucionais e pelasconstantes evidencias (embora em declínio) decorrupção e brutalidade.

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A ausência de uma responsabilização externacontinua parecia ser uma vantagem para a polícia,pois ela se poupava das pressões diárias de ter queresponder à supervisão e às críticas externas.... Semavaliações contínuas, totais de atuação, a polícia setornou extremamente vulnerável aos efeitos dosestragos feitos por incidentes individuais, que setornaram o centro de intensa cobertura pelonoticiário. (MOORE, 2003, p. 134).

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O Crescimento da segurança particular. Uma últimacrítica à estratégia de policiamento profissional... estáocorrendo um enorme crescimento em segurançaprivada... cada vez mais, os cidadãos americanosconfiam mais em outros mecanismos do que opoliciamento público para protegê-los e acalmar seusmedos de serem vítimas de crime... [...] Assim odeclínio do policiamento público é um problema paraa sociedade em geral e não apenas para aqueles quenele fazem carreira. (MOORE, 2003, p. 135-136).

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Policiamento para a Solução de problemas e PoliciamentoComunitário como Estratégias Organizacionais alternativas.

Para perceber os policiamentos para a solução de problemas ecomunitário como alternativas à estratégia de policiamento atual,é necessário que eles sejam vistos mais como programasabstratos do que como programas específicos ou como séries dearranjos organizacionais. (MOORE, 2003, p. 136).

A melhor resposta sempre vai depender das circunstancias locais.[...] não será o sucesso obtido na implementação do mais recentee bem-sucedido modelo de programa nacional, mas sim com quecuidado e habilidade ele encontrou uma solução local para umproblema local, levando em consideração o caráter local doproblema e os meios locais para lidar com ele. (MOORE, 2003, p.137).

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Policiamento para Solução de Problemas. A ideiafundamental do policiamento para a solução de problemas,por exemplo, é a atividade de pensamento e análisenecessários para entender o problema que está por trás dosincidentes para os quais a polícia é convocada.

Essa abordagem leva a sério a noção de que situaçõespodem dar origem ao crime e que esse pode ser evitadopela mudança nas situações que parecem estar originandoos chamados de serviço (Clarke, 1983). O desafio daestratégia do policiamento para solução de problemas éimaginar e criar uma resposta efetiva e aplicável pararesolver os problemas que não estão aparentes. (MOORE,2003, p. 138).

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Policiamento Comunitário. A ideia fundamental por trás dopoliciamento comunitário, ao contrário, é a de que o trabalhoconjunto efetivo entre a polícia e a comunidade pode ter umpapel importante na redução do crime e na produção dasegurança... O policiamento comunitário enfatiza que ospróprios cidadãos são a primeira linha de defesa na luta contrao crime. (MOORE, 2003, p. 139).

Abri o departamento para problemas nomeados pelascomunidades sempre afetam o que a polícia entende como suafinalidade, e também afeta os seus objetivos, pois nem sempreas comunidades identificam problemas de crimes sérios comosendo sua principal preocupação. Quando os cidadãosexpressam suas preocupações, seus medos se tornam tãoimportantes quanto sua vitimização atual. (MOORE, 2003, p.139)

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O conceito de policiamento comunitário também muda oraciocínio acerca das bases da legitimidade da polícia. Nopoliciamento comunitário, a justificativa para opoliciamento não é só sua capacidade de, com custo baixo,reduzir o crime e a violência enquanto preserva os direitosconstitucionais básicos, mas também sua habilidade emrelação às necessidades e desejos da comunidade. Asatisfação e a harmonia da comunidade se tornam basesimportantes da legitimidade, junto com a competência naluta contra o crime e a conformidade com a lei. A política,no sentido de sensibilidade e responsabilização por parteda comunidade, reaparece como virtude, e como umabase explicita da legitimidade da polícia. (MOORE, 2003, p.140).

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Comparação das estratégias policiais. [...] enquanto a solução deproblemas sempre começa com problemas nomeados pela polícia,muitos departamentos que se comprometeram com a solução deproblemas têm desenvolvido mecanismos para consultar ascomunidades locais, para descobrir quais são os problemas do pontode vista das comunidades. Se isto ocorrer como uma coisa de rotina,o policiamento para a solução de problemas, virtualmente, seconfunde com policiamento comunitário. (MOORE, 2003, p. 142).

A solução de problemas enfatiza a reflexão e a análise, acima dacooperação comunitária. O policiamento comunitário procura fixar aatenção da organização não só nas suas operações internas, mas, depreferência, em como está desenvolvendo sua cooperação com acomunidade.... Um departamento orientado para a comunidade podese tornar excessivamente concentrado em manter seu relacionamentocom a comunidade, esquecendo que deveria montar operações parareduzir o crime, a vitimização e o medo. (MOORE, 2003, p. 143).

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A Justificativa teórica para o policiamento orientado para soluçãode problemas foi detalhada por Herman Goldstein, num artigopioneiro em 1979. A noção fundamental era que, na verdade,muito do que se conhece sobre o que funciona no policiamentobaseia-se na experiência de trabalho dos policiais. Goldsteinenfatizou a importância de descrever os problemas em termosmais específicos, consequentemente, em termos locais. (MOORE,2003, p. 145).

Em muitos aspectos, o conceito de policiamento comunitário é tãovelho quanto a polícia. De fato, muitos acham que é redundanteadicionar a palavra comunitário ao policiamento, pois policiamento,por definição, assume a existência de uma comunidade política,com normas comuns, codificadas em leis e aplicadas com o apoio,dia a dia, dos cidadãos (Cain, 1973, pp.21-25) (MOORE, 2003, p.148).

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Para outros, adicionar a palavra “comunitário” ao policiamento,serve para lembrar à polícia que a comunidade é um importanterecurso a se atingir, para chegar aos objetivos de reduzir o crime;e que cultivar o apoio da comunidade precisa ser um objetivooperacional do policiamento, influenciando decisões a respeito nãosó da prioridade dada a certos tipos de atividades e, mas tambémda estrutura geral da organização. (MOORE, 2003, p. 148).

Para outros, ainda, adicionar a palavra “comunitário” aopoliciamento redefine tanto os fins quanto os meios dopoliciamento. Por esse ponto de vista, o objetivo do policiamentonão é reduzir apenas o crime, mas também reduzir o medo,restaurar a civilidade nos espaços públicos e garantir os direitosdemocráticos dos cidadãos, em resumo, é criar comunidadesdemocráticas, seguras e tolerantes. (MOORE, 2003, p. 148).

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Assim que o medo foi reconhecido como um problema específico osexperimentos com patrulhas a pé se tornaram muito maisimportantes, porque sugeriam que, potencialmente, importavamuito o efeito de redução do medo pela patrulha a pé. Essa linhade pensamento foi encorajada quando Wilson e Kelling (1982)publicaram “Broken Windows” [janelas quebradas] no AtlanticMonthly, com o argumento de que o medo não só é um problemaespecífico, mas também a causa tanto do crime como dadegradação dos bairros. Eles argumentavam que os pequenosacontecimentos e incivilidades que amedrontam as pessoas, longede ser uma distração para os departamentos de polícia, deveriamser identificados como alvos-chave da ação policial. A desordemconstante, se deixada sem atenção, pode levar a mais desordem,crime e degradação dos bairros. (MOORE, 2003, p. 155).

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POLICIAMENTO SOB-MEDIDA: UM ESTUDO CONCEITUAL

Goldstein (1987, p. 8-10) identifica como características comuns dopoliciamento comunitário usar uma visibilidade maior para deter ocrime e reduzir o medo de crime, praticando a prevenção do crimeatravés do envolvimento da comunidade pela informação eorganização das iniciativas de vigiar o crime, e atendendo aoespectro total dos problemas que o público espera que a políciacuide. O policiamento comunitário implica que os oficiais tenhamuma liberdade maior para contactar os cidadãos; os programasmais ambiciosos têm como objetivo desenvolver uma provisão derespeito e de apoio, que possa aumentar a capacidade dos policiaisde resolver problemas sem recorrer ao processo de justiça criminal.(BRODEUR, 2012, p. 65).

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Portanto, Goldstein (1987, p. 10) enumera os requisitosbásicos que o policiamento comunitário deve apresentarpara ser capaz de enfrentar os atuais desafios. O últimoe principal deles é precisamente que a polícia seja capazde se concentrar em problemas substantivos, o que, defato, é apenas outra maneira de dizer que opoliciamento comunitário deve se tornar umpoliciamento orientado para a solução de problemas.(BRODEUR, 2012, p. 65).

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É bom lembrar que Egon Bittner, que desvendou a variedade

de problemas que a polícia é solicitada a resolver, reconhece

seu débito a Herman Goldstein “em todos os assuntos de

polícia” (Bittner, 1990b, p. 264). O segundo tema de Goldstein

é o poder discricionário, do oficial de polícia, de prender

alguém como um meio de resolver um problema que não é de

natureza criminal.... Neste contexto, o policiamento é apenas

um meio de resolver um problema substancial que não tem

relação com a perpetração de um crime. Esta ideia – de que o

policiamento é um meio de resolver a grande variedade de

problemas com que a polícia se defronta – é recorrente nos

trabalhos de Goldstein. (BRODEUR, 2012, p. 65).

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É bom lembrar que Egon Bittner, que desvendou avariedade de problemas que a polícia é solicitada aresolver, reconhece seu débito a Herman Goldstein “emtodos os assuntos de polícia” (Bittner, 1990b, p. 264).O segundo tema de Goldstein é o poder discricionário,do oficial de polícia, de prender alguém como um meiode resolver um problema que não é de naturezacriminal.... Neste contexto, o policiamento é apenas ummeio de resolver um problema substancial que não temrelação com a perpetração de um crime. Esta ideia – deque o policiamento é um meio de resolver a grandevariedade de problemas com que a polícia se defronta –é recorrente nos trabalhos de Goldstein. (BRODEUR,2012, p. 65).

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Em primeiro lugar, Goldstein (1977) descobre como é significativaa quantidade de tempo gasta pela polícia em assuntos nãocriminais, e percebe esta ameaça ao estereótipo da função policialcomo tendo uma “tremenda importância”. O que leva a desenvolveruma estrutura conceitual para observar a polícia, na qual a polícia évista como uma agencia do governo municipal que abriga umavariedade de funções. (BRODEUR, 2012, p. 66).

A primeira implicação é que tal agencia, por definição, estáengajada em uma grande variedade de objetivos, que devem serdistinguidos dos métodos disponíveis para a polícia atender essesobjetivos. Desta distinção segue uma das descobertas-chave deGoldstein, que o policiamento não é um fim em si, mas um métodopara se chegar ao objetivo policial (Goldstein, 1977, 32).

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A Segunda implicação é que é necessário que a polícia recorra aalternativas do processo de justiça criminal a fim de cumprir osseus múltiplos objetivos...A terceira implicação é uma consequênciadireta da segunda. Não apenas a polícia necessita desenvolveralternativas para cumprir seus vários objetivos, mas essas medidasdevem ser adaptadas às suas necessidades. (BRODEUR, 2012, p.67)

Como um todo, Goldstein (1977) está preocupado em encontrarrespostas para os problemas com os quais a polícia se defronta;isto é, em encontrar alternativas que não o sistema criminal dejustiça. Goldstein (1979, 1980, 1990) dedica um esforçoconsiderável desvendando o processo pelo qual os problemas sãoidentificados, analisados e respondidos de maneira adequada.

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Segue se essas observações que os problemas devem ser“desagragados” e que o uso de categorias de criminosos como sãodefinidas nos códigos penais pode não ser o melhor modo deidentificar problemas específicos. Eck e Spelman (1987) fazem aesse respeito, uma distinção importante entre o policiamento decontrole do crime, que utiliza unidades de análise do crime, e opoliciamento orientado para a solução de problemas. (BRODEUR,2012, p. 68).

Em primeiro lugar, o policiamento orientado para a solução deproblemas parece enfatizar o papel da polícia mais do que o papelda comunidade. Quer concedendo liberdade à comunidade paraselecionar as alternativas dos problemas a serem resolvidos, querdeterminando o papel da polícia nas tomadas de decisões, querbaseando-se nas informações da polícia para definir os problemasou selecionando o que deve ter prioridade, em geral Goldsteinparece reservar um papel maior para a polícia do que deve ser acomunidade. (BRODEUR, 2012, p. 68).

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Nós já vimos que Goldstein (1990, p. 26) faz uma distinção entredois modelos de engajamento entre a polícia e comunidade. Numcaso, a polícia tenta engajar toda a comunidade numa basepermanente, enquanto no outro, apenas parte relevante dacomunidade é provisoriamente mobilizada para ajudar na soluçãode m problema específico. Goldstein critica o esforço maisabrangente de engajar a comunidade toda, não apenas porconsidera-o amorfo. Ele suspeita que este esforço abrangente sejaapenas um esforço para reduzir as tensões entre a polícia e acomunidade e gerar atitudes mais positivas da comunidade emrelação a polícia. A medida do sucesso da polícia pode assim servista como um número de encontros com a comunidade e naparticipação dos membros da comunidade nesses encontros. Oprincipal risco desta estratégia mais abrangente do policiamentocomunitário é o de cair na armadilha da síndrome dos meios sobreos fins. (BRODEUR, 2012, p. 69).

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Entretanto, se queremos permanecer fiéis de que ofoco do policiamento orientado para a solução deproblemas é o produto externo do policiamento, o quedeve ser medido acima de qualquer outra coisa é osucesso das respostas aos problemas previamenteidentificados e analisados. (BRODEUR, 2012, p. 72).

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Eck et al (1987, p.41) definem um problema de policiamento como um grupode incidentes que ocorrem em uma comunidade, que são similares de umaou mais maneiras e que são uma preocupação da polícia e do público.... Hános problemas algumas características já identificadas que merecemconsiderações adicionais. A primeira e mais fundamental é que um problemaé externo à organização policial (Goldstein,1979, p. 242). Esta característicaé relativamente pouco problemática, pois é descritiva. A segunda maisimportante – sua especificidade – é essencialmente normativa. Essaespecificidade de um problema não é algo imediatamente aparente para apolícia e deve ser descoberta através de um processo de identificação,análise, e depuramento que, como vimos, deve livrar o problema dascategorias operacionais e legais que mascaram sua especificidade. Porém, nosentido mais descritivo inicial, os problemas que afrontam a polícia sãocaracterizados precisamente pelo fato de que, como uma categoria, eles nãosão específicos e representam um grupo muito diversificado de situaçõesproblemáticas. Na realidade, o policiamento orientado para a solução deproblemas se opõe ao policiamento tradicional como uma nova estratégiaprecisamente porque vai além do combate ao crime e da repressão aoenfrentar uma variedade de problemas que são tão heterogêneos que não foiencontrado em nenhum adjetivo comum que se aplicasse a todos eles.(BRODEUR, 2012, p. 72-73).

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Porém Eck et al (1987) refere-se a circunstancias subjacentes deum problema em sua definição de policiamento orientado para asolução de problemas. Parece, pois, que há um elemento deespecificidade em um problema que atende a limitar seu escopo etornar sua solução mais fácil, e um elemento de multiplicidade quetorna o escopo do problema maior, mais complexo e muito maisdifícil de ser resolvido. (BRODEUR, 2012, p. 73).

Como o trabalho dos que propuseram o policiamento orientadopara a solução de problemas pode nos ajudar a visualizar respostaspara estes problemas? Tais respostas são determinadas pelospróprios problemas, e pela capacidade da polícia de resolvê-los,assim como pelas características divergentes dos problemas.

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Em primeiro lugar, a polícia deve intervir de modo que cessem osincidentes que causam problemas. Este tipo de problema que admiteuma solução definitiva, é caracterizado pelo que chamei de elementocondensado e é resolvido por uma resposta “sob medida”.Entretanto, em todos os casos que envolvem o elemento“disseminado”, os problemas não serão resolvidos suficientemente.Os incidentes ou vão decrescer em número e/ou seriedade ou apolícia deverá encontrar respostas mais adequadas. Na pior dashipóteses, a polícia vai submeter o problema a alguma outra agenciatambém. (BRODEUR, 2012, p. 74).[...] fica sempre claro que as medidas de padrões de desempenhopolicial, tais como o índice de soluções de crimes, números deprisões e condenações, e feitos heroicos no combate ao crime, nãosão satisfatórias. Essas medidas padrões medem apenas odesempenho da polícia repressiva, que é só um dos meios depoliciamento e não seu objetivo principal, além do mais a prevençãodo crime não pode ser avaliada a partir da reação da políciaregistrada em estatísticas.

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[...] o policiamento comunitário enfatiza uma grandenecessidade do policiamento – engajar a comunidade; opoliciamento orientado para a solução de problemas enfatiza anecessidade de conceitualizar novamente a função geral dapolícia. A segunda diferença pode ser até mais importante para ofuturo do policiamento. Na sua ênfase sobre um enfoqueanalítico dos problemas que a polícia enfrenta, Herman Goldsteinchama nossa atenção para o fato de que o policiamentoorientado para a solução de problemas depende de informação,conhecimento e especialização. Que a coleta, processamento,análise e disseminação de informação estarão no centro dopoliciamento no futuro, isso tem sido reconhecido pelos policiaisprecursores em sua estratégia de Compstat e por pesquisadorescomo Albert Reiss (1992) e Peter Manning (1992ª). A políciaespecializada pode apontar o caminho para o futuro.

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Bibliografia

BRODEUR, J. P. Como reconhecer um bom policiamento. São Paulo: Editora

da Universidade de São Paulo, 2004.

TONRY, Michael; MORRIS, Norval. Policiamento moderno. Trad. Trad. Jacy

Cardia Ghirotti. 1. ed. São Paulo: EDUSP, 2003.

Especialização em “Polícia e Segurança Pública”