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POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL DEPARTAMENTO DE POLÍCIA _______ DELEGACIA DE _______ 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO ESPECIAL JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA – DF Ref.: Ocorrência Policial ____/DP IP____-DP Representação ____/DP Processo nº____ Vara Criminal de Brasília - DF FULANO DE TAL Delegado de Polícia com atribuições junto à Delegacia de _______, do Departamento de Polícia ______, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no com fulcro no Art. 5 º , inciso XII da Constituição Federal, Artigo 3º, inciso I da Lei 9.296/96, e Art. 2 º , caput, da Lei 7960/89, representar pela decretação de: 1 - INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS realizadas pelos prefixos nº (Descrever os números de telefones celulares e fixos com as respectivas operadoras de telefonia); utilizados por ANTÔNIO DE TAL, e FRANCISCO de TAL; 2 - QUEBRA DE SIGILO DE DADOS DE ASSINANTES E FORNECIMENTO DE EXTRATOS das ligações originadas e recebidas no período de (indicar o período de interesse), nos prefixos: (indicar os números de telefones de interesse) 3 - PRISÃO TEMPORÁRIA , pelo prazo de 05 (cinco) dias, em desfavor de FRANCISCO de TAL e ÁNTÔNIO de TAL. Pelos fundamentos de fato e de direito a que passa a aduzir: I – DOS FATOS No dia 17.12.02 compareceram a esta a esta especializada DILSON de TAL e MILTON de TAL, respectivamente tesoureiro e vigilante da agência do Banco _____ situada na Quadra --- -- Setor de Industrias Gráficas – SIG, a fim de registrar a Ocorrência Policial ____, que narra WWW.CONTEUDOJURIDICO.COM.BR

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POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL DEPARTAMENTO DE POLÍCIA _______

DELEGACIA DE _______

1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____VARA

CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO ESPECIAL JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA – DF

Ref.: Ocorrência Policial ____/DP IP____-DP Representação ____/DP Processo nº____ Vara Criminal de Brasília - DF

FULANO DE TAL Delegado de Polícia com atribuições junto à Delegacia de _______, do Departamento de Polícia ______, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no com fulcro no Art. 5º, inciso XII da Constituição Federal, Artigo 3º, inciso I da Lei 9.296/96, e Art. 2º, caput, da Lei 7960/89, representar pela decretação de:

1 - INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS realizadas pelos

prefixos nº (Descrever os números de telefones celulares e fixos com as respectivas

operadoras de telefonia); utilizados por ANTÔNIO DE TAL, e FRANCISCO de TAL;

2 - QUEBRA DE SIGILO DE DADOS DE ASSINANTES E FORNECIMENTO DE

EXTRATOS das ligações originadas e recebidas no período de (indicar o período de interesse),

nos prefixos: (indicar os números de telefones de interesse)

3 - PRISÃO TEMPORÁRIA, pelo prazo de 05 (cinco) dias, em desfavor de

FRANCISCO de TAL e ÁNTÔNIO de TAL.

Pelos fundamentos de fato e de direito a que passa a aduzir: I – DOS FATOS No dia 17.12.02 compareceram a esta a esta especializada DILSON de TAL e MILTON

de TAL, respectivamente tesoureiro e vigilante da agência do Banco _____ situada na Quadra ---

-- Setor de Industrias Gráficas – SIG, a fim de registrar a Ocorrência Policial ____, que narra

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crime, em tese, de extorsão mediante seqüestro, do qual figuram como vítimas, além das pessoas

já citadas WELLINGTON de TAL, RODRIGO de TAL, CATHARINE de TAL, SIRLENE de

TAL, LUCIANO de TAL, SÉRGIO de TAL, SUZY de TAL, ABIGAIL de TAL, MARCO de

TAL, RODRIGO de TAL e o BANCO ____.

Consta daquele registro policial que ontem por volta das 19:40hs dois indivíduos armados

renderam o enteado do tesoureiro da agência bancária em tela , WELLINGTON de TAL,

enquanto o rapaz encontrava-se transitando pelo corredor do edifício em que têm sua

residência, situada na Quadra 1207, bloco A, apto 203, Cruzeiro Novo – DF, e para lá o

conduziram, sendo que naquele local, ao encontraram o tesoureiro DILSON e seus familiares –

RODRIGO, CATHARINE e SIRLENE - renderam todos anunciando que se tratava de um

roubo a ser perpetrado contra a agência bancária em que DILSON trabalhava, razão pela qual

manteriam todos em cativeiro até o dia seguinte, quando a subtração seria perpetrada, o que de

fato ocorreu.

No desenrolar da ação, e já por volta das 22:00hs, um terceiro assaltante juntou-se a dupla

inicial, trazendo lanches e um equipamento de rádio do tipo HT, o qual ficou durante toda a

madrugada conectado nas faixas da PCDF e PMDF, a fim de rastrear toda a movimentação

policial do Distrito Federal. Por volta das 07:40hs de hoje, um quinto assaltante chegou a

residência do tesoureiro DILSON e lá permaneceu enquanto outros dois que lá já se encontravam

conduziram o tesoureiro e seu enteado ao térreo do edifício local em que um sexto assaltante já

esperava o grupo. Ato contínuo, DILSON foi levado por três assaltantes à agência bancária onde

trabalhava, enquanto seu enteado foi colocado em um veículo GM/Corsa, de cor branca, duas

portas, modelo antigo, e, em companhia de outros dois assaltantes, levado para local para

trafegar pelas ruas da cidade por poucos minutos, apenas para dar a entender a DILSON que ele

permaneceria em poder dos assaltantes e separado da família, quando em verdade, foi levado

após cerca de cinco minutos de volta para sua residência.

Após adentrarem com DILSON na agência bancária, três dos assaltantes renderam os

funcionários que lá adentravam, e sob forte ameaça exercida com emprego de armas de fogo do

tipo pistola e uma granada, subtraíram o dinheiro do cofre da agência bancária e o distribuído

por um carro-forte que compareceu na agência por volta das 08:40hs – cerca de R$ 170.000,00

(cento e setenta mil reais) – além dos dois revólveres calibre 38 dos vigilantes da empresa

PROSSEGUR que faziam a segurança do local, e evadiram-se em seguida, deixando todas as

vítimas no interior da tesouraria.

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Os assaltantes que se encontravam na residência de DILSON, por sua vez, trancaram

todos no interior de um dos banheiros e evadiram-se do local.

Durante o tempo em que estiveram sob cativeiro, todas as vítimas puderam perceber que

os autores faziam uso freqüente de aparelhos de telefonia celular, mantendo comunicação com

seus parceiros em intervalos de aproximadamente trinta minutos, consoante o registro policial

do fato, bem como, apresentaram-se para elas sem vestir qualquer indumentária que ocultasse

suas características fisionômicas.

II – DAS INVESTIGAÇÕES

Diante dos fatos, no dia 18.12.02, esta Delegacia representou perante o juízo plantonista

da Circunscrição Judiciária do DF - o qual detinha competência para atuar no plantão cível e

criminal na manhã daquele dia - pela decretação da quebra de sigilo das comunicações

telefônicas realizadas através das Estações de Rádio Base – ERBs - 240 e 89 da empresa OI-

SA; 12 da CLARO SA; e CZRO 02 e 03 da empresa TIM SA, a fim de identificar os prefixos

de telefonia móvel utilizados pelos autores do injusto em tela no período compreendido entre as

01:00h e 04:00h do dia 17.12.02, medida esta que se mostrou infrutífera para se alcançar aquele

desiderato.

Após a oitiva do tesoureiro DILSON de TAL - fato que só ocorreu em 23.01.03, em

razão do mesmo ter se afastado desta capital juntamente com sua família logo após o fato

retornando apenas há poucos dias – restou evidenciado que os assaltantes após renderem as

vítimas no interior do imóvel em que residiam, fizeram uso de telefones celulares com mais

freqüência no horário compreendido entre as 19:40hs do dia 16.12.02 e 01:00h - justamente os

horários negligenciados em uma primeira fase de investigação pois se temia obter um número

excessivo de telefones com acesso às ERBs e CZROs, o que dificultaria as análises a serem

feitas naquela fase inicial.

Concomitante à análise das informações obtidas judicialmente, os agentes da Seção de

Roubos a Comércio desta especializada passaram a empreender criteriosas diligências visando

identificar os autores de tão audacioso crime, trabalhando sempre com a hipótese de tratarem-se,

os assaltantes, de indivíduos desconhecidos nesta capital, seja pelo sotaque que ostentavam, seja

por terem praticado o crime sem esconderem o rosto, sendo que tal modus operandi é empregado

quando os executores diretos da empreitada criminosa possuem contatos junto a ex-presidiários

de outras unidades da federação que não aquelas em atuam com maior freqüência.

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Foi justamente nesta linha de investigação, que obtiveram informações junto a indivíduos

ligados à subcultura do crime, que os indivíduos alcunhados por MEME e JANUÁRIO

estariam envolvidos no levantamento dos dados do ilícito em tela, ou seja, na fase de

planejamento do crime, tratando-se o primeiro de um indivíduo nascido em Brasília, mas que

teria estado preso em São Paulo, onde conheceu os demais autores do roubo, tendo então

planejado toda a atuação dos mesmos nesta capital. Com base nestas informações MEME foi

identificado como sendo FRANCISCO de TAL, o qual esteve preso na cidade de São José do

Rio Preto – SP pela prática de crime tipificado no Art. 334 do CPB, e aparece nesta capital

esporadicamente, quando então ocupa a residência situada na QUADRA 02, CONJ. C, casa 50 –

Candangolândia – DF,

Os agentes da SRC ainda lograram êxito em obter, ainda, os telefones utilizados por

FRANCISCO de TAL e JANUÁRIO de TAL, o qual não foi de pronto identificado, tratando-

se eles de prefixos de telefonia de telefonia celular pré-pagos de números XXXX-2627 e 9633-

XXXX, bem como do prefixo de telefonia fixa 301-7294, instalado na residência que estaria

sendo utilizada por FRANCISCO de TAL, JANUÁRIO e os demais integrantes do grupo

criminoso, o que motivou a representação pela interceptação das comunicações telefônicas

destes números, decretada pelo juízo do plantão cível e criminal do TJDFT em 24.01.03

Conforme o narrado no relatório 029/03 – DP, a diligência iniciou-se em dia 31/01/2003

na sede da Divisão de Inteligência Policial da PCDF – DIPO, e durante o monitoramento, restou

evidenciado que o telefone 61-9633-XXXX, não mais estava em poder de JANUÁRIO DE

TAL, e sim sob a posse de outro indivíduo, sendo que, durante o monitoramento não foi

constatado conversas que pudessem ser relacionadas com atividades criminosas. Ressalta-se que

tal expediente - o de troca constante de números de telefonia celular pré-pagos - é comum entre

indivíduos que fazem da criminalidade seu modus vivendi.-

No que se refere ao prefixos 61-XXX-2627 e 61-XXX-7294, o primeiro foi confirmado

como sendo de FRANCISCO de TAL, contudo, no dia 31/01/2003 as comunicações foram

interrompidas e após alguns dias foi informado pela prestadora que o referido número estava

cancelado; e o segundo instalado na QR XXXX – Candangolândia/DF, estava sendo utilizado

por familiares de FRANCISCO de TAL, tendo restado evidenciado que ele de fato não mais

reside naquele endereço, freqüentando-o esporadicamente. Em que pese tal fato, no dia

09/02/2003 às 10h57min. FRANCISCO de TAL recebeu naquele local uma chamada telefônica

do prefixo telefone de nº 61-XXXX-0655 na qual questionou a um indivíduo que se identificou

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apenas como ¨JANU DE TAL¨, “se o negócio estava guardado?”, tendo seu interlocutor

respondido afirmativamente.

Tal fato em si não representaria maiores indícios da participação de FRANCISCO de

TAL e JANU no roubo ora investigado se não fosse pelo fato de que, na análise de extrato de

acessos telefônicos a Estações de Rádio Base – ERBs relacionadas com uma tentativa de roubo

perpetrada contra a empresa CONFEDERAL VIGILÂNCIA E TRANSPORTES DE VALORES

LTDA, ocorrida entre os dias 11.02.03 e 12.02.03 – quando, da mesma forma que no injusto

ora investigado, cerca de quinze indivíduos mantiveram funcionários da referida empresa e seus

familiares como refém durante várias horas, não tendo a empreitada criminosa sido concretizada

devido à ação de policiais militares que suspeitaram da atitude de alguns indivíduos que se

encontravam em dois veículos em alta velocidade na rodovia BR 070 - fato este ocorrido por

volta de 02h do dia 12/02/2003 – os quais ao serem abordados pelos policiais reagiram atirando

com fuzis tipo AK 47, e evadirem-se do local abandonando a execução da empreitada e

liberando as vítimas que se encontravam cativas em uma chácara localizada no INCRA 07,

consoante o relatado na ocorrência policial de nº 012/2003/DRR - restou evidenciado que o

telefone de prefixo 61-XXX-0655, o mesmo utilizado por JANU para manter contato com

FRANCISCO de TAL recebeu uma ligação do prefixo 61-XXXX-3083 no dia 16/12/2003 às

21h54m (data do seqüestro), sendo que o referido celular, naquele momento, encontrava-se

provavelmente na residência do tesoureiro do BANCO – SIG e operando na ( ERB DF 12 da

CLARO).

Face a este fato e a coincidência entre o modus operandi empregado, passou-se a

trabalhar com a possibilidade de um mesmo grupo criminoso ter perpetrado ambos os crimes,

tendo os agentes da SRC passado a investigá-los conjuntamente.

De fato, durante a fuga do cativeiro no dia 12.02.03, os autores da tentativa de roubo

contra a empresa CONFEDERAL abandonaram naquele local o veículo VW/Santana GL 2000,

de placas HUK-XXXX/GO, cor cinza, ano 94/94, e como não era ele produto de furto/roubo,

passaram a rastrear sua propriedade, logrando êxito em identificar e localizar a pessoa que teria

vendido o ágio do VW/Santana, como sendo ALBERTO de TAL (qualificado no relatório em

anexo) tendo ele informado que o indivíduo que comprou o ágio identificou-se como sendo a

pessoa de SOUZA DE TAL e ficou de retornar para passar a procuração relativo a venda do ágio

do veículo, acrescentando ainda que havia mantido contato com SOUZA através do telefone

celular 061-XXXX-9113, tendo sido tal prefixo telefônico localizado nos extratos da estação

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ERB DF 12 da prestadora CLARO (local onde o tesoureiro do BANCO ficou mantido como

refém) no período de 18h do dia 16/12/2002 às 09h30min. do dia 17/12/2002 (data do roubo ao

Banco– SIG), durante o qual recebeu 03 (três) ligações de um telefone que se encontrava

operando naquela ERB, conforme abaixo discriminado:

Dia/hora - nº originador – nº discado – duração (seg) 16/12/2002 –21h32 - 61-XXX-2256 - 61-9623-XXXX - 45s 17/12/2002 – 07h45 - 61-XXX-2256 - 61-9623-XXXX - 30s 17/12/2002 – 07h46 - 61-XXX-2256 - 61-9623-XXXX - 10s

Continuando as investigações os agentes da SRC passaram a analisar os extratos em

busca do telefone 61-XXX-2256, relacionando-o também com o evento criminoso ora em

apuração, a fim de identificar outros telefones que tivessem relação com o evento, tendo os

policiais logrado sucesso neste intento, como bem ressalta o relatório 029/03-SRC, que dispõe,

in verbis:

“Passamos então a analisar o nº 61-XXXX-2256, sendo que este

telefone realizou e recebeu 95 (noventa e cinco) ligações no período já

citado acima, também na estação rádio ERB DF12 (local do cativeiro), e

em decorrência destas ligações, identificamos outros telefones celulares

que realizaram ligações entre si. Segue em anexo cópia da relação de

telefones suspeitos que operaram na referida estação ERB DF 12 da

prestadora CLARO (local do cativeiro).

Conforme a relação citada acima, os telefones celulares são: 61-

XXXX-8849; 61-XXXX-3083; 61-XXXX-3346; 61-XXX-8733; 61-XXXX-

0311; 61-XXXX-2086 e os telefones fixos 61-XXXX-8200 e 61-XXXX-

0655.

Ainda durante a análise dos extratos da ERB DF12, constatamos

que o telefone de nº 61-XXXX-0655, recebeu uma ligação do nº 61-XXXX-

3083 no dia 16/12/2003 às 21h54m (data do seqüestro), sendo que o

referido celular encontrava-se provavelmente na residência do tesoureiro

do BANCO – SIG ( ERB DF 12 da CLARO).

Prosseguindo com as diligências, verificamos que o telefone 61-

XXXX-0655 está instalado na CSE 02, lote 06, apartamento 101 –

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Taguatinga Sul, e que o indivíduo conhecido como JANUÁRIO DE TAL

reside naquele endereço.”

Já com a certeza do envolvimento de JANU ou JANUÁRIO no roubo perpetrado contra

a agência do BRB os policiais o identificaram como sendo ANTONIO de TAL, brasileiro,

casado, (qualificação completa com Endereço) – Taguatinga Sul/DF, obtendo ainda como

informação que ele atualmente faz uso do telefone celular 61-xxxx-2671 e encontra-se indiciado

nos inquéritos policiais XXX/93 – DPF/Foz do Iguaçu, art. 334 cc 29; XXX/95 – DPF/Brasília

art. 334 par. 1 alinea C do CPB. e XXX/2003 – 21ª DP art. 147, caput.

Durante as diligências, e após a análise dos extratos do telefone 61-XXXX-2627

pertencente a FRANCISCO de TAL, restaram comprovadas várias ligações originadas e

recebidas do telefone de nº 61-XXXX-0655 pertencente a ANTÔNIO de TAL, confirmando,

portanto a ligação entre ambos .

Por fim, os agentes encarregados das investigações obtiveram informações de pessoas

com envolvimento na subcultura do crime, que FRANCISCO de TAL utiliza atualmente o

telefone celular de nº 61-9632-8434 e encontra-se atualmente residindo em local incerto e não

sabido.

III – DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA e QUEBRA DE SIGILO DE DADOS

E EXTRATOS DOS PREFIXOS: 61-XXXX-3346, 61-XXXX-8733, XXXX-0311; 61-942-

2256, 61-XXXX-8849, 61-XXXX-3083, 61-XXXX-2086 (AMERICEL); 61-XXXX-9113

(TCO) e 061-XXXX-0655 (BRASIL TELECOM), utilizados por ANTÔNIO de TAL, e 61-

XXXX-8434 (TCO) utilizado por FRANCISCO de TAL .

A Constituição Federal no inciso XII do Art. 5o previu como direito fundamental do

cidadão o sigilo de suas comunicações telefônicas, mas, enfatize-se, não de forma absoluta,

pois em verdade o mandamento constitucional relativizou sua própria aplicação visando que

aquela liberdade pública não fosse utilizada como instrumento de salvaguarda de práticas

ilícitas, conforme bem leciona ADA PELLEGRINI GRINOVER, “as garantias individuais

previstas na Carta Magna têm sempre feitio e finalidades éticas, não podendo proteger abusos

nem acobertar violações”.

De fato, ao utilizarem equipamentos de telefonia celular para comunicarem-se entre si

durante a empreitada criminosa, os cerca de oito autores do presente fato criminoso visavam

subtrair-se da repressão policial amparados não só na inviolabilidade de suas comunicações

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telefônicas, bem como, no sigilo dos demais dados relativos ao uso de linhas de telefonia – como

identificação do usuário e extratos de chamadas realizadas e recebidas - erigidos a dados não

acessíveis às autoridades policiais por interpretações esdrúxulas que visam somente contribuir

para a manutenção da impunidade face a condutas criminosas que demonstram alto grau de

organização empresarial por parte de sus autores, o que se observa no ilícito sub examinem.

A identificação dos autores do fato em análise só será possível neste momento caso se

identifique os demais aparelhos celulares que utilizaram para comunicarem-se entre si

durante a realização da empreitada, medida esta possíveis se as concessionárias de serviço de

telefonia móvel celular TCO SA, AMERICEL SA E TIM SA informarem tais dados a esta

especializada mediante determinação deste juízo como ao final se pede.

IV- DAS HIPÓTESES LEGAIS DE CABIMENTO DA MEDIDA PRETENDIDA

OU DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

Com o advento da Lei n.º 9.296, de 24 de julho de 1996, um importante dispositivo

constitucional foi regulamentado, qual seja o do Artigo 5º, inciso XII, in fine, permitindo assim,

por meio de controle judicial, a interceptação telefônica como meio de prova em investigação

criminal e em instrução processual penal.

A expressão “investigação criminal” empregada pelo legislador constituinte deixa

inequívoco que a medida servirá como meio de prova a ser realizado e utilizado sob

responsabilidade da Polícia Judiciária, que detém a atribuição constitucional insculpida no art.

144, parágrafo 4º, de apurar a autoria e materialidade das infrações penais comuns, em uma fase

pré-processual, inquisitorial e voltada para formação tanto da opinio delicti do órgão acusador,

como para a livre convicção da autoridade judiciária, com ou sem a instauração prévia de

inquérito policial, uma vez que o termo “investigações criminais” abrange tanto o sentido das

investigações levadas a cabo em ocorrências policiais, quanto no bojo do inquérito policial,

ressaltando-se apenas que na Segunda hipótese, observar-se-á o disposto no Art. 8º e parágrafo

único da Lei em tela.

Quanto às hipóteses legais de cabimento da medida, estas são apuradas por uma

interpretação a contrario sensu do disposto no Artigo 2º da lei em tela, que estabelece, in verbis:

“Art. 2º Não será admitida a interceptação de

comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes

hipóteses:

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I – não houver indícios razoáveis da autoria ou

participação em infração penal;

II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida,

no máximo, com pena de detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita

com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a

indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade

manifesta devidamente justificada”.

Assim, conforme prevê o Artigo 4º do citado diploma legal, cumpre-se demonstrar a

necessidade da medida, com indicação, ao final dos meios a serem empregados.

a) do fumus boni iuris ou dos indícios razoáveis da autoria ou participação em

infração penal:

A primeira hipótese não carece de muita dificuldade, seja no que pertine aos prefixos

61-XXXX-5580 (TCO) e 061-XXXX0655 (BRASIL TELECOM), utilizados por de TAL, e

61-XXXX-8434 (TCO) utilizado por FRANCISCO de TAL - tendo em vista que a Seção de

Roubos a Comércio desta Especializada, com o fito de ser ver apurado as práticas delitivas em

apreço, elaborou relatório concluindo no sentido dos fortes indícios de autoria e participação na

empreitada criminosa em tela que recaem sobre os investigados FRANCISCO de TAL e

ANTÔNIO JANUÁRIO de TAL, conforme acima já transcrevemos e acreditamos serem mais

do que suficientes para a almejada medida, seja no que diz respeito aos prefixos 61-XXXX-

3346, 61-XXXX-8733, XXXX-0311 pois, por se tratarem de prefixos de telefonia móvel

celular habilitados com sistema pré-pago, é impossível se identificar previamente seu

titular por ausência de cadastro junto a operador, o que por certo não pode constituir óbice

a decretação da medida pleiteada, principalmente quando recaem sobre tais linhas as

fundadas suspeitas de emprego no injusto ora apurado.

b) do periculum in mora ou da indispensabilidade da prova:

A prova que se pretende, ou seja, a demonstração irrefutável da autoria, ainda não está

formada. Com a interceptação telefônica pretende-se de maneira imediata a produção de prova

documental com a elaboração do auto de qualificação e interrogatório dos autores, mostrando-se

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a presente medida também apta a permitir a localização da res furtiva e a individualização dos

demais autores do ilícito, provas estas que, uma vez documentadas e juntadas aos autos terão o

condão de determinar inequivocamente a autoria e as circunstâncias em que se deu o injusto.

O perigo na demora da realização da medida encontra-se também presente não só no fato

de que com o passar dos dias a já mencionada localização da res furtiva e sua conseqüente

apreensão se torna mais dificultosa, como também, em razão de que com o decurso do tempo as

comunicações acerca dos fatos em tela ficam cada vez mais escassas e menos proveitosas sob a

ótica da produção da prova, motivo pelo qual deverá ser realizada a interceptação com a urgência

necessária ao caso.

Assim, nesta vertente, trata-se de medida imprescindível, não nos restando outra forma de

apuração da autoria, a não ser com o auxílio de informações obtidas por meio da versada

interceptação das comunicações telefônicas, medida idealizada justamente para dar ao trabalho

policial maiores recursos e agilidade na elucidação da autoria de crimes e eficácia na coleta de

provas contra aqueles que, por fundados indícios, recaiam suspeitas de autoria de crimes.

A respeito, o então Min. NELSON JOBIM, na Exposição de Motivos do Projeto de Lei

04/96, bem salientou tratar-se de “medida indispensável à investigação de certos crimes que

vêm intranqüilizando os habitantes das grandes cidades”.

Por fim, vale salientar que o modus operandi utilizado pelos suspeitos visa sobretudo

subtrair provas de que seriam eles os autores do delito, uma vez que, planejaram a empreitada e

colocaram a execução sob a responsabilidade de pessoas desconhecidas dos meios policiais desta

capital, permanecendo impunes e inalcançavéis aos braços da lei.

c) do âmbito da admissibilidade das interceptações telefônicas: crimes punidos com reclusão:

A hipótese de cabimento encontra guarida na descrição típica da conduta realizada pelos

investigados, uma vez que a conduta dos autores comporta os crimes de cárcere privado, roubo e

quadrilha ou bando armado, consumado, caracterizando o crime investigado como subsumidos

aos tipos insculpidos nos Artigos 157, § 2º , incisos I e II, 148 e 288, parágrafo único, todos

do CPB e c/c Art. 69 do mesmo diploma legal, cujas penas são sempre de reclusão.

d) da indicação e qualificação dos investigados: Os sujeitos passivos da medida ora pleiteada, restaram individualizados como sendo as

pessoas de FRANCISCO XXXX e ANTÔNIO XXXX, o que por certo, perfaz o requisito

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elencado pela lei em comento e comentado com muita propriedade na doutrina do eminente

jurista LUIZ FLÁVIO GOMES, que estatuí, ipsis literis :

“A lei, preocupada com a correta individualização do sujeito passivo,

para além de requerer a indicação dos investigados (nomes), prevê ainda a

necessidade da ‘qualificação’ deles (filiação, endereço, profissão, etc.).

Mas no que concerne a essa última exigência o texto legal foi flexível:

‘salvo impossibilidade manifesta devidamente justificada’. Não contando

os órgãos da persecução penal com a qualificação ou qualificação

completa do investigado, nada impede a medida cautelar, desde que seja

individualizado corretamente o ‘sujeito passivo’ (nome ou pelo menos

apelido” (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, ED. RT, EDIÇÃO 1997,

PÁG. 190).

O que se pretende, em parte, nesta representação – em que pese o fato da lei falar em

requerimento (Art. 3º) – são as interceptações das comunicações telefônicas realizadas pelos

telefones móveis celulares de prefixos 61-XXXX-3346, 61-XXXX-8733, XXXX-0311

(AMERICEL); 61-XXXX-5580 (TCO) e 061-XXXX-0655 (BRASIL TELECOM),

utilizados por ANTÔNIO de TAL, e 61-XXXX-8434 (TCO) utilizado por FRANCISCO de

TAL, na modalidade de escuta. A referida medida será realizada pela DIP – Divisão de

Inteligência da Polícia Civil do Distrito Federal, em monitoramento constante e ininterrupto das

chamadas originadas e recebidas nos números interceptados, o que facilitará a elucidação do

crime e a identificação localização dos autores, ressaltando-se que as diligências serão

procedidas nos estritos termos do Artigo 6º, §§ 1º e 2º da Lei n.º 9.296/96.

V- DA PRISÃO TEMPORÁRIA

Emérito julgador, ante ao exposto, restam inequívocos indícios que, os representados

FRANCISCO de TAL e ATÔNIO de TAL, reuniram-se com pelo menos outros seis

indivíduos, com o firme propósito de praticar o crime em tela, no qual foi empregada grave

ameaça contra as vítimas mediante o uso de armas de fogo, e explosivos, o que indica a

gravidade do delito e suas personalidades voltadas para o mundo do crime.

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Ademais, a materialidade do delito está sobejamente comprovada, fato que, aliado aos

fortes indícios de autoria fornecidos pelo conjunto probatório produzido durante as

investigações e já amplamente demonstrados e às informações de que os representados são

sujeitos dados à prática de crimes, caracterizam sobremaneira o fummus boni iuris e o periculum

libertatis, estes requisitos ensejadores da prisão temporária elencados pela lei 7960/89, em seu

Art. 1º inciso III, a qual disciplina a concessão desta medida cautelar.

Acrescente-se a esses fatos a circunstância de que, pelo fato dos representados fazerem

da criminalidade seu modus vivendi, procuram de todas as formas não fornecer a qualquer pessoa

elementos necessários ao esclarecimento de seu paradeiro, razão pela qual devem ser segregados

do convívio social temporariamente a fim de seja possível a realização dos atos de instrução do

presente feito, tais como suas inquirições, a fim de que indiquem as circunstâncias do crime, a

localização das armas utilizadas bem como o destino dado a res furtiva, coleta de suas

impressões papiloscópicas dactilares e palmares para posterior confronto com os fragmentos

obtidos durante perícia no palco do evento criminoso, e ainda, a submissão dos mesmos a

reconhecimentos pessoal pelas vítimas e testemunhas do evento; fatos estes que, por certo,

adequam-se ao inciso I do Art. 1º da Lei 7960/89, bem como ao Art. 2º do mesmo diploma legal

autorizando a prorrogação ca medida acautelatória ora pleiteada.

Vê-se claramente, excelência, que os requisitos elencados pela doutrina e jurisprudência

para a decretação da medida acautelatória, quais sejam a coexistência dos incisos I ou II do Art.

1º da Lei 7960/89, com um dos crimes elencados no inciso III, fazem-se presentes no caso sub

examinem, tendo em vista estarem os crimes de roubo e quadrilha ou bando- Art. 157, e seus

parágrafos, e Art. 288 - previstos nas alíneas “c” e “l” do citado inciso III do Art. 1º do diploma

legal em tela, justificando, portanto, a concessão da medida contra o indiciado FRANCISCO de

TAL e ANTÔNIO de TAL a fim de que todas as diligências pertinentes às investigações sejam

concluídas.

VI – DO PEDIDO

Por todo o exposto, com fulcro, com fulcro no Art. 5º, inciso XII da Constituição

Federal, Artigo 3º, inciso I da Lei n.º 9.296/96 e Art. 1ºinciso I,II e III e Art.2ºda Lei

7960/89, REPRESENTO pela decretação da:

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1 - INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS realizadas pelos

prefixos 61-XXXX-3346, 61-XXXX-8733, XXXX-0311 (AMERICEL); 61-XXXX-5580

(TCO) e 061-XXXX-0655 (BRASIL TELECOM), utilizados por ANTÔNIO de TAL, e 61-

XXXX-8434 (TCO) utilizado por FRANCISCO de TAL, todas na modalidade de escuta com

gravação, a serem realizadas nas instalações da DIPO – Divisão de Inteligência da Polícia

Civil/DF, pelo período de 15 (quinze) dias, levada a cabo por policiais lotados nesta

Especializada, sob o acompanhamento da autoridade policial, determinando ainda, na

respectiva área de competência técnica das aludidas concessionárias de serviços, relativamente

aos prefixos citados, (a) a emissão dos extratos telefônicos das ligações geradas e recebidas a

partir da data de 01.11.02 até o término da interceptação neles fazendo constar os horários

e durações das respectivas ligações geradas e recebidas; (b) a informação esta

especializada, em tempo real, das ERBs utilizadas pelos prefixos interceptados durante a

realização da diligência , (c) informações sobre os dados cadastrais dos assinantes dos

respectivos prefixos, visando sejam colhidos elementos de prova da autoria e localização dos

suspeitos FRANCISCO de TAL, vulgo MEME, e ANTÔNIO de TAL, objetivando elucidar

por completo os delitos sub examinem, apreendendo as armas utilizadas na execução delitiva,

haja vista esgotadas todas as maneiras possíveis de elucidação, só nos restando a adoção da

imprescindível medida de interceptação das comunicações telefônicas.

2 - QUEBRA DE SIGILO DE DADOS DE ASSINANTES E FORNECIMENTO DE

EXTRATOS das ligações originadas e recebidas no período de novembro de 2002 a fevereiro

de 2003, nos prefixos: 61-XXX-2256, 61-XXXX-8849, 61-XXXX-3083, 61-XXXX-2086

(AMERICEL); 61-XXXX-9113 (TCO).

3 - PRISÃO TEMPORÁRIA, pelo prazo de 05 (cinco) dias, em desfavor de

FRANCISCO de TAL e ÁNTÔNIO de TAL.

Brasília/DF, Data.

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