poder público em juizo

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FAZENDA PÚBLICA É expressão utilizada pela legislação para designar a presença em juízo do ente público interno. Em suma, abrange os entes políticos e as entidades da Administração Indireta cuja personalidade jurídica seja de direito público: autarquias e fundações de direito público. Exceção: Empresa brasileira de correios e telégrafos. Representação Judicial Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. § 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. § 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos. § 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei. Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. 1

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Page 1: Poder Público em Juizo

FAZENDA PÚBLICA

É expressão utilizada pela legislação para designar a presença em juízo do ente público interno.

Em suma, abrange os entes políticos e as entidades da Administração Indireta cuja personalidade jurídica seja de direito público: autarquias e fundações de direito público.

Exceção: Empresa brasileira de correios e telégrafos.

Representação Judicial

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.

§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. 

Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.

Os poderes de representação do ente público são estipulados em lei para aquele que exerce o cargo de procurador não há necessidade de juntar procuração.

Na esfera municipal não há previsão constitucional para criação obrigatória de procuradorias-gerais.

Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;

II - o Município, por seu Prefeito ou procurador o prefeito não goza de capacidade postulatória.

Advocacia Geral da União

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Embora seja papel institucional da PGFN a cobrança da dívida ativa, nada impede que sua lei regulamentadora preveja hipóteses de delegação de cobrança.

LC 73/93 possui algumas matérias de lei ordinária, logo, pode ser alterada por lei ordinária.

10.480/02 Procuradoria geral federal: autarquias e fundações públicas. Sua relação é de vinculação e não subordinação á AGU.

Bacen embora seja autarquia, possui legislação própria e carreira de procuradores.

9.469/97 disciplina realização de acordos e transações do poder público, bem como a intervenção dos entes públicos em demandas particulares.

Parecer

Parecer facultativo não há vinculação entre a opinião manifestada pelo parecerista e a conduta do administrador.

Parecer obrigatório há vinculação, sendo necessário que o administrador submeta a questão a novo parecer quando pretender atuar de modo distinto da primeira orientação.

Quando a lei prever a vinculação da conduta administrativa ao parecer tem que acatar ou não atuar.

O parecer possui natureza jurídica de opinião sem caráter decisório. A decisão acerca da oportunidade e conveniência é do administrador, que, após examinar o parecer, pratica o ato administrativo.

A responsabilização do parecerista somente é possível em caso de dolo ou culpa grave, decorrente de erro inescusável.

Os pareceres normativos da AGU vinculam toda a administração pública federal (LC, arts. 39 a 43) STJ entende que caracteriza falta funcional dar parecer contrário.

Advocacia privada

É vedado ao membro da AGU o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (art. 28, I), salvo em causa própria e pro bono (orientação administrativa da AGU).

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PRAZOS

Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte  for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

Alcança a todos os entes que compõe a fazenda pública. Embora se refira somente a “parte” o benefício se aplica quando ela atua como assistente, ou terceiro prejudicado.

O prazo em quádruplo não é apenas para contestar, mas para qualquer ato de defesa: contestação, exceção e reconvenção.

É aplicável em todos os procedimentos.

Em relação aos recursos, a aplicação do dispositivo também é ampla.

STJ – 116 - A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para interpor agravo regimental no Superior Tribunal de Justiça.

Recurso adesivo há divergência. Tem doutrina que diz que deve ser interposto no prazo para resposta (que para o ente é simples). Mas o STJ entende que também é em dobro, sendo exceção á simultaneidade da resposta e do recurso adesivo.

--- Litisconsórcio com ente público

Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

O benefício não é cumulativo. Proposta a ação contra o poder público e particular, o ente dispõe de 60 dias para responder e o particular 30 dias.

Hipóteses de não aplicação do artigo 188

-- Prazos judiciais a prerrogativa de prazo se aplica aos prazos legais e não aos fixados pelo juiz para realização de ato judicial.

-- Procedimento Sumário não se aplica o artigo 188 pois há disposição específica sobre a matéria.

Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro. 

A contagem em dobro se refere aos dois prazos.

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Prazo inicial:

- Designação de audiência data do despacho liminar positivo.

- Citação juntada do mandado citatório.

-- Fax

Após o decurso do prazo legal (especial do ente público), tendo sido o ato processual encaminhado por fax, o ente público tem 5 dias para encaminhar os originais.

-- Juntada de cópia de AI

3 dias pois o prazo não tem natureza recursal.

-- Embargos de devedor opostos pela fazenda pública

Embora os embargos tenham característica de defesa, sua natureza jurídica é de ação, assim não se aplica o prazo especial, utilizando o prazo específico do artigo 730, na forma do art. 1-B da lei n. 9.494/97: 30 dias.

-- Prazos em ações de controle de constitucionalidade

A jurisprudência do STF diz que não se aplica.

-- Estado estrangeiro

-- Resposta a recursos (contrarrazões)

-- Contestação em rescisória

Há divergência, pois o prazo é de 15 a 30 dias, fixado pelo juiz. Como é ele quem fixa parte da doutrina diz que não se aplica. Contudo, o STJ entende aplicável.

-- Mandado de Segurança

Não é aplicado para informações 10 dias.

Para o recurso é aplicado.

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PRESCRIÇÃO

Entes Políticos decreto 20.910/32: 5 anos.

Administração Indireta decreto-lei 4.597/42: 5 anos.

Art. 1º - As Dividas Passivas Da União, Dos Estados E Dos Municípios, Bem Assim Todo E Qualquer Direito Ou Ação Contra A Fazenda Federal, Estadual Ou Municipal, Seja Qual For A Sua Natureza, Prescrevem Em Cinco Anos Contados Da Data Do Ato Ou Fato Do Qual Se Originarem.

Art. 2º O Decreto nº 20.910, de 6 de janeiro de 1932, que regula a prescrição qüinqüenal, abrange as dívidas passivas das autarquias, ou entidades e órgãos paraestatais, criados por lei e mantidos mediante impostos, taxas ou quaisquer contribuições, exigidas em virtude de lei federal, estadual ou municipal, bem como a todo e qualquer direito e ação contra os mesmos.

Abrangem direitos potestativos (ações constitutivas ou anulatórias) e prescricionais.

Em relação as demandas meramente declaratórias não há prazo.

O marco interruptivo da prescrição é o despacho liminar positivo (art. 202, I, CC). Interrompida a prescrição o prazo novo começa a correr pela metade.

Art. 9º. - A Prescrição Interrompida Recomeça A Correr, Pela Metade Do Prazo, Da Data Do Ato Que A Interrompeu Ou Do Ultimo Ato Ou Termo Do Respectivo Processo.

Entretanto o prazo prescricional total não pode ser inferior a 5 anos.

STF – 383 - A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.

Prescrição em reparação civil de dano

O CC fixou em 3 anos e deve prevalecer, primeiro porque há norma no decreto que ressalva prazo prescricional menor:

Art. 10º. - O Disposto Nos Artigos Anteriores Não Altera As Prescrições De Menor Prazo, Constantes, Das Leis E Regulamentos, As Quais Ficam Subordinadas As Mesmas Regras.

Segundo, porque a essência do decreto era dar um prazo favorecido á fazenda.

É o atual entendimento do STJ.

Prescrição em relação de trato sucessivo

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Em relação a ações judiciais que discutam pagamento de contraprestação financeira devida pelo Estado, a prescrição qüinqüenal é alcançada progressivamente, na forma do art. 3:

Art. 3º - Quando O Pagamento Se Dividir Por Dias, Meses Ou Anos A Prescrição Atingira Progressivamente As Prestações, A Medida Que Completarem Os Prazos Estabelecidos Pelo Presente Decreto.

Dessa forma, se o servidor deixa de receber determinada vantagem que entende devida mensalmente, a propositura da ação poderá alcançar os valores que deixaram de ser pagos nos últimos 5 anos – os demais são alcançados pela prescrição.

STJ – 85 - Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação

É preciso distinguir a omissão do Estado com a negação do próprio direito reclamado. Se o servidor deixa de receber determinada vantagem que entende devida mensalmente, a propositura da ação poderá alcançar os valores que deixaram de ser pagos nos últimos 5 anos – os demais são alcançados pela prescrição

Já se o servidor entende devida uma vantagem, efetua pedido administrativo, mas recebe resposta negativa do ente público, a lesão não se renova a cada mês, ela é única e específica, incide sobre o próprio fundo de direito. O servidor tem prazo de 5 anos para modificar aquela decisão administrativa.

Situação semelhante ocorre em relação a lei de efeitos concretos que, por si só, gera a lesão a suposto direito do particular. A supressão legal de um benefício que era percebido pelo servidor, por exemplo, não se caracteriza como situação jurídica de trato sucessivo, com a renovação do prazo mensalmente. Há, especificamente, a suposta lesão ao direito do particular. A partir da edição da lei, inicia-se o prazo prescricional de 5 anos para exercício da pretensão.

Ações reparatórias em face da ditadura

A pretensão movida em face do Estado, cuja causa de pedir seja dano decorrente do período militar – como tortura e perseguição política -, não estão sujeitas a prazo prescricional. O decreto não é aplicável. As lesões aos direitos da personalidade do período são imprescritíveis.

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VALORES EXIGIDOS DO PODER PÚBLICO NO CURSO DO PROCESSO

Como regra geral, cada parte é responsável por adiantar o pagamento do ato processual que lhe incumba, no momento de sua prática.

O custo do ato processual determinado pelo juiz ou a requerimento pelo MP é adiantado pelo autor. Ao final, o vencedor é ressarcido das despesas que houver antecipado.

Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença.

§ 1o O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato processual.

§ 2o Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público.

Pagamento das despesas pelo ente público

Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido.

Em linha semelhante, o art. 39 da LEF:

  Art. 39 - A Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos. A prática dos atos judiciais de seu interesse independerá de preparo ou de prévio depósito.

Parágrafo Único - Se vencida, a Fazenda Pública ressarcirá o valor das despesas feitas pela parte contrária.

O conceito de despesas processuais abrange:

i. Custas remuneração pela prestação da atividade jurisdicionalii. Emolumentos remuneração pelos serviços cartorários e das serventias

não oficializadosiii. Despesas em sentido estrito remuneração de terceiros acionados para

auxiliar a atividade jurisdicional

O STF entende que as custas e emolumentos tem natureza de taxa.

A isenção de despesas alcança, inclusive, valores referentes á postagem das cartas de citação.

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As despesas em sentido estrito não estão abrangidas pelo artigo 27, de modo que devem ser adiantadas pelo ente público. V.g. despesas com oficial de justiça.

STJ – 190 - Na execução fiscal, processada perante a Justiça Estadual, cumpre à Fazenda Pública antecipar o numerário destinado ao custeio das despesas com o transporte dos oficiais de justiça.

STJ – 232 -    A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos honorários do perito.

Essas despesas são devidas em razão de recaírem sobre pessoas estranhas ao corpo de servidores do judiciário.

Pode-se concluir que nada é devido se o Estado prove o serviço, v.g. se o Estado disponibiliza carro oficial par o oficial de justiça.

Em relação as custas e emolumentos, o Estado somente pagará se for o vencido, pois o vencedor adiantou os valores. A rigor, ao praticar atos processuais o Estado não paga custas processuais por haver confusão entre credor-devedor.

Diferente é a situação onde o ente estadual litiga na justiça federal ou vice-versa. Em regra, o pagamento é devido. Entre os entes públicos a imunidade recíproca só abrange os impostos.

Art. 1.212. A cobrança da dívida ativa da União incumbe aos seus procuradores e, quando a ação for proposta em foro diferente do Distrito Federal ou das Capitais dos Estados ou Territórios, também aos membros do Ministério Público Estadual e dos Territórios, dentro dos limites territoriais fixados pela organização judiciária local.

Parágrafo único. As petições, arrazoados ou atos processuais praticados pelos representantes da União perante as justiças dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, não estão sujeitos a selos, emolumentos, taxas ou contribuições de qualquer natureza não foi recepcionado. Isenção Heterônoma.

Lei 9.028/95, Art. 24-A.  A União, suas autarquias e fundações, são isentas de custas e emolumentos e demais taxas judiciárias, bem como de depósito prévio e multa em ação rescisória, em quaisquer foros e instâncias. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001) a parte final deve ser vista com ressalvas, pois é inconstitucional em relação aos estados.

Obrigada a pessoa jurídica de direito público ao pagamento de despesas em justiça diversa, a dispensa somente pode decorrer de convenio entre os entes políticos ou de lei concessiva da isenção, editada por aquele que tem competência para instituir o tributo.

É o que ocorre na justiça federal. O art. 4 da lei 9.289/96 prevê a isenção do pagamento de custas da justiça federal para todas as pessoas jurídicas afetas ao regime de direito público.

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No âmbito da justiça estadual, quando em exercício da jurisdição federal, o pagamento de custas e emolumentos é regido pela lei estadual, conforme art. 1, 1 da lei 9.289/96.

STJ -178 -   O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas ações acidentárias e de benefícios propostas na Justiça Estadual.

Em suma, na ausência de lei específica ou convenio, é devido o pagamento de custas e emolumentos pela pessoa jurídica de direito público que litigue em justiça diversa.

Honorários Advocatícios

Os honorários visam remunerar o advogado da parte vencedora, não é ato punitivo.

Eles podem ser modificados em sede de Resp quando excessivos ou irrisórios.

§ 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

a) o grau de zelo do profissional; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

b) o lugar de prestação do serviço; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

§ 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

A norma induz a conclusão de que o valor da fixação não deve ser alto para não onerar demais os cofres públicos.

A condenação não fica adstrito ao percentual de 10% a 20% sobre o valor da causa. Pode-se usar o valor da causa para o seu cálculo embora não conste do CPC.

Diferentemente do STJ, o autor entende inconstitucional o dispositivo, pois não há razão para tratamento diferenciado.

-- Honorários em execuções não embargadas

§ 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

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Art. 1o-D.  Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas.  (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

O STF disse que o dispositivo é constitucional, limitando a aplicação da norma ao pagamento pelo regime de precatórios, excluindo sua incidência das RPV.

Há, então, 3 situações possíveis:

i. Execução cujo valor se dá pelo regime de precatório não há incidência de honorários porque ainda que o Estado fique inerte é necessária a execução do título judicial, porque o Estado não pode pagar espontaneamente.

ii. Execução de pequeno valor em demanda não processada pela lei dos juizados especiais federais se a demanda foi na justiça comum e a condenação ficou dentro do patamar do RPV, não há expedição de precatório. Nesse caso, haverá condenação de honorários para a fase de cumprimento, isso porque o Estado pode pagar sua dívida espontaneamente tão logo transite em julgado a sentença. Se não paga, e o particular precisa instaurar o processo de execução, devem ser fixados honorários.

iii. Execução de pequeno valor processada pela LJEF não há instauração de fase de cumprimento, logo, não são devidos honorários. Transitada em julgado a sentença, o pagamento é feito mediante RPV.

-- Honorários em execução de ações coletivas

Em demandas de coletivas, o processo de conhecimento é movido por um legitimado ativo e posteriormente as execuções individuais são propostas por advogados particulares ou defensores públicos.

STJ – 345 - São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas.

O entendimento do STJ aplica o art. 20, 4, em detrimento do art. 1-D da lei 9.494/97.A posição do STJ é criticada doutrinariamente, por ser contrária a do STF.

Somente são cabíveis os honorários advocatícios na liquidação da sentença coletiva e na hipótese de processo de execução de pequeno valor fora dos juizados. Proposta a execução individual de sentença coletiva, caso haja a fixação de honorários pelo juiz, é cabível a reclamação constitucional ao STF.

-- Honorários em ações previdenciárias

STJ – 111 - Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre prestações vincendas após a sentença.

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Page 11: Poder Público em Juizo

-- Honorários e custas processuais nas ações sobre FGTS

Art. 29-C.  Nas ações entre o FGTS e os titulares de contas vinculadas, bem como naquelas em que figurem os respectivos representantes ou substitutos processuais, não haverá condenação em honorários advocatícios. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Não há razão para a existência da norma, contudo, o STJ aplica.

Em relação ás custas, o STJ editou a súmula 462:

Nas ações em que representa o FGTS, a CEF, quando sucumbente, não está isenta de reembolsar as custas antecipadas pela parte vencedora.

O entendimento está baseado no art. 28-A da lei 9.028/95 que trata da isenção de custas e emolumentos da pessoa jurídica que representar o FGTS. Embora haja essa previsão a Caixa não pode deixar de reembolsar os valores gastos pela parte vencedora.

-- Honorários em transação

Lei 9.469/97, art. 6, § 2o  O acordo ou a transação celebrada diretamente pela parte ou por intermédio de procurador para extinguir ou encerrar processo judicial, inclusive nos casos de extensão administrativa de pagamentos postulados em juízo, implicará sempre a responsabilidade de cada uma das partes pelo pagamento dos honorários de seus respectivos advogados, mesmo que tenham sido objeto de condenação transitada em julgado. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.226, de 4.9.2001)

O particular pode celebrar a transação sem a presença do advogado, mas, se já houver sentença transitada em julgado, é preciso que haja concordância do advogado do particular ou que este não seja atingido na parte que lhe toca, os honorários.

O dispositivo, contudo, está suspenso por decisão cautelar proferida na ADI 2.527-9.

Recurso

Art. 511, § 1o São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.(Parágra único renumerado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

Ação Rescisória

Art. 488. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 282, devendo o autor:

I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;

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Page 12: Poder Público em Juizo

II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no no II à União, ao Estado, ao Município e ao Ministério Público.

O dispositivo não menciona ás autarquias e fundações públicas, mas o STJ já sedimentou entendimento pela aplicação a todas as pessoas jurídicas de direito público.

Ademais, o art. 24-A da lei 9.028/95 prevê a dispensa para a União e seus entes.

O INSS, por seu turno, possui regramento próprio, pois o art. 8 da lei 8.620/93 estabelece que a entidade gozará das mesmas prerrogativas e privilégios atinentes á fazenda pública.

STJ – 175 -    Descabe o depósito prévio nas ações rescisórias propostas pelo INSS.

Em suma, todos os entes públicos estão dispensados do depósito prévio e da multa.

Multas

-- ED protelatórios e agravo interno inadmissível

O CPC traz duas imposições de multas por recursos protelatórios ou inadmissíveis:

Art. 538, Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.(Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Art. 557, § 2o Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

Elas funcionam como requisito de admissibilidade de qualquer outro recurso.

Prevalece que esses valores não são devidos imediatamente. Primeiro em razão da previsão do art. 1-A da lei 9.494/97:

  Art. 1o-A.  Estão dispensadas de depósito prévio, para interposição de recurso, as pessoas jurídicas de direito público federais, estaduais, distritais e municipais. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

Além disso, é preciso lembrar o art. 35 do CPC:

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Page 13: Poder Público em Juizo

Art. 35. As sanções impostas às partes em conseqüência de má-fé serão contadas como custas e reverterão em benefício da parte contrária; as impostas aos serventuários pertencerão ao Estado.

E, é sabido, o Estado somente paga as custas ao final (art. 27).

Por fim, tem-se o argumento de que o pagamento de quaisquer valores pelo Estado se dá por meio de precatório ou RPV, que depende de transito em julgado da decisão.

O STJ tem entendimento de que tais multas não funcionam como pressuposto recursal e não devem ser exigidas imediatamente.

-- Multas por litigância de má-fé e responsabilidade por perdas e danos

Podem ser cobradas do ente público porque não se trata de hipótese de irresponsabilidade processual. Assim, ocorrendo uma das hipóteses do art. 17 deve o ente ser condenado por litigância de má-fé. Tais valores devem ser cobrados ao final do processo (art. 27).

-- Multa coercitiva

Art. 461, § 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

A multa pode ser aplicada ao Estado. A questão é saber se ela atinge seu fim compelir o devedor a cumprir.

Contra o ente, essa realidade é distante. O funcionário que não cumpre, ainda que ameaçado por uma ação de regresso, não muda sua atitude.

O melhor seria impor a multa diretamente ao agente público. O STJ tem decisões que admitem (tem que garantir o contraditório e ampla defesa) e que não admitem (não há regra material que autorize).

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Page 14: Poder Público em Juizo

PODER PÚBLICO COMO RÉU

-- Comunicação dos atos processuais

--- Citação

Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;

II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;

O chefe do executivo não tem legitimidade para representar o ente político em juízo. Por isso, a citação do Estado para integrar a relação processual deve ser feita, via de regra, na pessoa do chefe da advocacia pública ou de acordo com previsão legislativa específica.

No âmbito federal o regramento está nos arts. 35 e 36 da LC 73/93:

    Art. 35. A União é citada nas causas em que seja interessada, na condição de autora, ré, assistente, oponente, recorrente ou recorrida, na pessoa:

        I - do Advogado-Geral da União, privativamente, nas hipóteses de competência do Supremo Tribunal Federal;

        II - do Procurador-Geral da União, nas hipóteses de competência dos tribunais superiores;

        III - do Procurador-Regional da União, nas hipóteses de competência dos demais tribunais;

        IV - do Procurador-Chefe ou do Procurador-Seccional da União, nas hipóteses de competência dos juízos de primeiro grau.

        Art. 36. Nas causas de que trata o art. 12, a União será citada na pessoa:

        I - (Vetado);

        II - do Procurador-Regional da Fazenda Nacional, nas hipóteses de competência dos demais tribunais;

        III - do Procurador-Chefe ou do Procurador-Seccional da Fazenda Nacional nas hipóteses de competência dos juízos de primeiro grau.

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Na esfera estadual, a regra geral é a de que a citação deve ser feita na pessoa do Procurador-Geral do Estado.

Em relação aos municípios, a CF não previu expressamente a prestação de serviços jurídicos por procuradoria organizada em carreiras. No CPC a previsão é de que a representação em juízo desse ente pode ser realizada por prefeito ou procurador o prefeito pode receber citação, mas não tem capacidade postulatória. Citado, o prefeito deve constituir advogado, mediante mandato, para defender os interesses públicos. Onde há procuradoria organizada, a citação é feita na pessoa do procurador-geral do município.

De acordo com o artigo 28, I da EOAB a atividade de chefe do poder executivo é incompatível com a advocacia, assim, mesmo que o prefeito seja advogado, não pode.

A citação da pessoa jurídica de direito público não pode ser feita pelo correio com AR, exige-se a realização por oficial de justiça.

Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

a) nas ações de estado; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

b) quando for ré pessoa incapaz; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

c) quando for ré pessoa de direito público;   (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

d) nos processos de execução; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

f) quando o autor a requerer de outra forma. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

--- Intimação

Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

No direito processual comum, via de regra, é feita por publicação no DO compete ao advogado acompanhar. No direito processual público é diferente.

Âmbito federal sempre pessoais. Alcança todos os tipos de processo e todos os graus de jurisdição (art. 38, LC 73/93). Tal extensão não alcança, contudo, as procuradorias gerais dos estados.

Âmbito estadual é preciso que haja lei própria a tratar do tema. V.g. lei orgânica da procuradoria da Bahia. O estado, nesse caso, legisla sobre matéria procedimental.

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Execução fiscal sempre pessoalmente, nos termos do art. 25.

Embargos á execução fiscal sempre pessoalmente, embora não haja lei específica, a construção jurisprudencial é bastante antiga.

TFR – 240 -    A intimação do representante judicial da Fazenda Pública, nos embargos a execução fiscal, será feita pessoalmente.

Resposta do ente público e revelia

Os princípios da concentração e da eventualidade são plenamente aplicáveis.

Quanto a regra da impugnação especificada há divergência. Na dúvida deve impugnar especificadamente tudo (autor fala que direito indisponível não precisa).

Revelia é a não apresentação (ou intempestiva) da contestação. Se o ente público não apresentar (ou intempestivo) será revel.

Diversa é a produção dos efeitos da revelia, notadamente na presunção de veracidade dos fatos alegados. Quando versar sobre direitos indisponíveis não terá esse efeito deverá provar.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:

I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.

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INTERVENÇÃO DO PODER PÚBLICO

Lei 9.469/97, Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.

Embora se refira á União é aplicado a todos os entes políticos e seus entes.

É uma forma de intervenção que não se assemelha ás previstas no CPC. O que marca a diferença é a questão do interesse jurídico.

O parágrafo único expressamente permite a intervenção independentemente do interesse jurídico. Basta a presença do interesse econômico conseqüências patrimoniais que atinjam o interesse público (o que não deixa de ser um interesse jurídico).

O STJ entende se tratar de assistência simples (recebe o processo como está – só conhecimento e cautelar). Há quem entende ser nova intervenção de terceiros ou amicus curiae.

Embora, dispense interesse jurídico, a jurisprudência tem obstado quando a causa não apresenta qualquer contorno relevante á participação do ente público.

-- Admissibilidade

Em qualquer procedimento – conhecimento pelo rito ordinário ou sumário – cautelares e especiais, embargos á execução.

Juizado não pode intervenção.

Execução há posição que não seria cabível. O autor discorda, pode apresentar exceção de pré-executividade.

MS há entendimento que entende não ser cabível. Há entendimento que diz que tem que analisar o caso concreto.

-- Modo de ingresso

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A lei não disciplina. Há entendimento que diz ser necessário instaurar um procedimento, um incidente próprio, e há dizendo que é informal, com apresentação de documentos e provas.

-- Modo de atuação em juízo

O ente pode contribuir para esclarecer questão de fato ou de direito com a juntada de documentos e memoriais

-- Recurso

O artigo prevê que pode recorrer, hipótese em que são considerados partes (muda competência). A participação da União, em primeiro grau, não desloca a competência.

A sentença de 1 grau é válida, uma vez que a justiça estadual era competente. O STJ entende que excepcionalmente, há situações em que a justiça federal julga, em grau de recurso, processos sentenciados pela justiça estadual, é o que ocorre na hipótese.

Se a União pode recorrer, ela pode ajuizar pedido de suspensão.

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TUTELA DE URGÊNCIA CONTRA O PODER PÚBLICO

Legislação:

1. Lei 8.437/92 medidas cautelares contra o poder público.

Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal.

§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de tribunal.

§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública.

§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação.

§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o respectivo representante judicial dela será imediatamente intimado.(Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

2. Lei 9.494/97 tutela antecipada contra o poder público

 Art. 1º Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil o disposto nos arts. 5º e seu parágrafo único e 7º da Lei nº 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei nº 5.021, de 9 de junho de 1966, e nos arts. 1º, 3º e 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992.

 Art. 2o-B.  A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

A lei 4.348/64 foi revogada pela lei 12.016, de modo que a referencia do art. 1 acima deve ser o art. 7, 2 da nova lei de MS

3. Lei 12.016 MS individual e coletivo

Art. 7, § 2o  Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a

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reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 

§ 5o  As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei n o   5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.  

É possível verificar que as vedações legais pertinentes a tutela liminar contra o Estado são aplicáveis indistintamente á tutela antecipada também. Tem-se um tratamento uniforme para toda tutela de urgência.

Não há incompatibilidade com o reexame, pois este impede a formação da coisa julgada e é eficácia da sentença, assim, lei pode permitir a eficácia do julgamento liminar que não está sujeito ao reexame.

Quanto ao obstáculo do precatório, o óbice decorre de texto constitucional. O pagamento de quantia certo é feito por precatório. O impedimento atinge apenas condenações pecuniárias.

Essas medidas são constitucionais, contudo, in concreto, podem ser afastadas.

Análise das vedações legais á tutela de urgência contra o poder público

-- Ato de autoridade com prerrogativa de foro

O art. 1, 1 da lei 8.437/92 veda a concessão de “medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de tribunal”.

Com base no sistema unificado de tratamento das tutelas de urgência, a vedação se aplica á tutela antecipada.

O objetivo da norma é combater a burla ás regras de competência por prerrogativa de foro previsto na CF. A regra da prerrogativa de função não se aplica ao processo cautelar nem aos pedidos de AT.

Se não for possível o writ, é possível a cautelar e a concessão de liminar. Além disso, a própria lei excepciona a vedação ao permitir liminar em ação popular e ação civil pública nessas ações o provimento liminar pode ser concedido ainda que o ato impugnado tenha sido praticado por autoridade com foro, cuja competência para MS seria de tribunal.

-- Irreversibilidade da medida

Trata-se de limitação comum a todo regime de tutela antecipara: art. 273, 3, CPC; art. 1, 3 da lei 8.437/92.

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A não concessão pode ser irreversível para o autor pode ser afastada.

-- Compensação de créditos tributários e previdenciários

§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

A norma protege o Estado de situações possivelmente irreversíveis. Além disso, a compensação demanda lei específica (art. 170-A, CTN), não é auto-aplicável.

STJ 212 -    A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida liminar.

-- Ações Possessórias

Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.

Como não prevê prazo, cabe ao juiz fixar de acordo com a complexidade do caso. Se não intimar é error in procedendo anula.

Meios de Impugnação

Há três meios de impugnação da decisão que concede indevidamente tutela de urgência:

1. AI2. Pedido de suspensão dirigido a presidência do tribunal. Visa sustar a eficácia

do provimento urgente.3. Reclamação constitucional violação de decisão anterior do STF

É possível a utilização concomitante de todos esses meios.

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PEDIDO DE SUSPENSÃO

É voltado á proteção do interesse público quando ameaçado por uma decisão judicial. Tem por objetivo somente a suspensão da eficácia da decisão judicial.

É previsto para qualquer tipo de ação, sejam decisões interlocutórias ou sentenças.

Além das pessoas jurídicas de direito público, o MP tem legitimidade para efetuar o pedido.

A jurisprudência tem admitido também o pedido feito por concessionária de serviço público, desde que para tutelar interesse público primário.

Prevalece que se trata de um incidente processual.

-- Legislação pertinente

1. Lei 7.347/85

   Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

        § 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato

2. Lei 8.437/92 o instituto é aplicável também, em relação á sentença em ação cautelar; ação popular e ação civil pública. Além disso, diante do sistema unificado de vedações á tutela de urgência (art. 1 da lei 9.494/97) o pedido de suspensão pode ser feito também em sede de antecipação de tutela.

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de ação cautelar inominada, no processo de ação popular e na ação civil pública, enquanto não transitada em julgado.

§ 2o  O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério Público, em setenta e duas horas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

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§ 3o  Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua interposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

        § 4o  Se do julgamento do agravo de que trata o § 3o resultar a manutenção ou o restabelecimento da decisão que se pretende suspender, caberá novo pedido de suspensão ao Presidente do Tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 5o  É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 4o, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 6o  A interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o Poder Público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 7o  O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.  (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 8o  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 9o  A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

3. Lei 9.507/97 (Habeas data)

Art. 16. Quando o habeas data for concedido e o Presidente do Tribunal ao qual competir o conhecimento do recurso ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato caberá agravo para o Tribunal a que presida

4. Lei 12.016/09

Art. 15.  Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. 

§ 1o  Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. 

§ 2o  É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo. 

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§ 3o  A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. 

§ 4o  O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida. 

§ 5o  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. 

A disciplina dada pela lei 8.437/92 é a mais extensa e pormenorizada. Ela se aplica a qualquer pedido de suspensão, inclusive MS é o diploma geral

Sistemática de Aplicação

Petição escrita, devidamente fundamentada, em que se demonstre a ameaça a um dos interesses públicos primários a serem tutelados:

1. Ordem2. Saúde3. Segurança4. Economia Pública

A petição vem instruída com cópias do processo aptas a demonstrar a procedência da medida suspensiva.

É dirigido ao presidente do tribunal competente para conhecer o recurso:

- Decisão de órgão fracionário de tribunal (monocrática ou colegiada) pedido de suspensão ao STJ ou STF a depender da matéria. Contra decisão monocrática, obviamente cabe agravo interno. No entanto, cabe, também pedido de suspensão ao STF ou STJ. Esse pedido de suspensão deve ser apresentado na presidência do STJ ou STF.

Qualquer que seja a decisão do presidente do tribunal a parte pode interpor agravo interno para levar a decisão para julgamento pelo tribunal pleno ou órgão especial do tribunal (LMS, art. 4, 3).

Sendo a decisão do pleno ou órgão especial desfavorável ao ente público, caberá novo pedido de suspensão.

O pedido não tem prazo, desde que antes do transito em julgado da decisão.

Não se busca demonstrar o acerto ou desacerto da decisão, quanto ao direito aplicado ao caso concreto, o que se analisa é a ameaça a interesse público primário.

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Antes de decidir o mérito, é possível a concessão de efeito suspensivo liminar (LMS art. 4, 7 e art. 15, 4). Ou seja, atribui efeito suspensivo antes de julgar o mérito do pedido de suspensão.

Os efeitos da decisão do pedido de suspensão vigoram até o transito em julgado da decisão.

    STF – 626 - A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração

Pode-se suspender várias liminares dentro do mesmo processo.

Contra a decisão da suspensão não cabe RE ou Resp.

REEXAME NECESSÁRIO

Funda-se no interesse público.

É condição de eficácia da sentença. A sentença não transita em julgado.

STF – 423 - Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso "ex-oficio", que se considera interposto "ex-lege"

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: 

I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público;

II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI).

§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. 

§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. 

§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. 

Hipóteses:

1- Sentenças proferidas contra os entes públicos;2- Procedência dos embargos á execução da dívida ativa

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Há decisões, que ainda que proferidas no curso do processo, analisam o mérito e devem ser submetidas ao reexame.

“Sentenças proferidas contra” embora a doutrina divirja aduzindo que cabem contra decisões de mérito e terminativas, o STJ disse que somente cabe contra decisão de mérito.

Sentenças de mérito homologatórias que envolvem o Estado não se sujeitam ao reexame. V.g. reconhecimento do pedido pelo ente, transação.

STJ diz que somente sofrem reexame os embargos procedentes de dívida ativa. Os embargos de natureza distintas não sofrem reexame. Exceção analisa restritivamente.

Ação Civil Pública a lei 7.347 é omissa. STJ entende que cabe quando busca reparação do erário. Aplica-se a lei de ação popular (microssistema). Caberá ainda quando proposta pelo MP ou associação.

Se o juiz não mandar para o reexame não ocorre preclusão. É condição de eficácia da sentença.

Não cabe recurso adesivo e contrarrazões.

Tem relator e revisor (que pode ser dispensado, nos termos do parágrafo 3)

O relator pode aplicar o artigo 557.

STJ – 253 - O art. 557 do CPC, que autoriza o relator a decidir o recurso, alcança o reexame necessário.

Extensão do reexame

Por se tratar de condição de eficácia da sentença, o reexame é dotado de efeito suspensivo, de modo que não se passa á fase de cumprimento da sentença, enquanto não houver a confirmação pelo tribunal.

Incidem os efeitos devolutivo (extensão horizontal) e translativo (extensão vertical).

Por não se tratar de verificação apenas do objeto litigioso o tribunal pode conhecer, inclusive, de aspectos periféricos, como juros de mora, correção monetária, condenação em honorários, etc.

STJ – 325 - A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado.

O provimento integral da apelação não prejudica a análise dos demais pontos da sentença pelo reexame necessário, salvo se a apelação abarcar tudo.

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Reformatio in pejus: o reexame não pode agravar a situação da fazenda (proibição de reformatio in pejus) majoritária.

STJ – 45 - No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública.

Embargos Infringentes: embora a doutrina majoritária entenda perfeitamente cabível o uso de embargos infringentes, o STJ entende incabível.

STJ – 390 - Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargos infringentes

Recurso Especial: mesmo que a fazenda não tenha apresentado recurso de apelação pode interpor recurso especial. O comportamento da fazenda ao não apelar não configura preclusão lógica (informativo 441).

Dispensa do Reexame:

1- Condenação não excedente a 60 salários mínimos: não prevalece o valor atribuído a causa e sim o da condenação. Se for igual ou inferior não há reexame.

2- Sentença fundamentada em jurisprudência do pleno do STF ou súmula do STF ou de tribunal superior: é um pouco diversa daquela do artigo 557,que confere poderes ao relator para julgamento monocrático.

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior

Juizados Especiais: não há reexame por expressa vedação legal. Art. 13, lei n.10.259/01.

Juizados Especiais da Fazenda Pública: não há reexame por expressa vedação legal. Art. 11, lei n.12.153/09.

Súmulas da AGU: fora do CPC, há ainda a dispensa do reexame em demandas que envolvam as pessoas jurídicas de direito público federais e já exista determinação administrativa de dispensa de recurso voluntário. Art. 12 da MP 2.180-35/01

 Art. 12.  Não estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório as sentenças proferidas contra a União, suas autarquias e fundações públicas, quando a respeito da controvérsia o Advogado-Geral da União ou outro órgão administrativo competente houver editado súmula ou instrução normativa determinando a não-interposição de recurso voluntário.

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EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

O regime jurídico é especial em se tratando de execução por quantia certa, pois os bens públicos são inalienáveis (material), e impenhoráveis (processual). Assim, não é possível aplicar o regramento comum da execução por quantia certa (seja como processo autônomo seja como fase do processo sincrético).

Em relação ás obrigações de fazer, não-fazer e dar, a disciplina é a comum do CPC.

A execução de título judicial para pagamento de quantia (arts. 475, I ao R) não se aplica ao ente público. A disciplina base está no artigo 100 da CF e no artigo 730 do CPC, tem como base o pagamento através do precatório. O ente tem que ser citado para opor embargos á execução em 30 dias. Não opostos, ou após rejeitados, segue o art. 100 da CF.

No que tange á liquidação de sentença, é aplicável os arts. 475, A ao H, uma vez que trata-se, na verdade, de uma fase do processo cuja atividade é cognitiva, em que se busca apurar o quantum debeatur.

Em relação ao título extrajudicial é pacífica a possibilidade de execução do ente público.

STJ – 279 - É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública.

A previsão constitucional de sentença do judiciário deve ser entendida de modo mais amplo, a abranger tanto a sentença condenatória como a que recebe a execução de título extrajudicial.

A necessidade de transito em julgado veda a execução provisória, pode-se, contudo, quando não haja efeito suspensivo proceder á liquidação de sentença.

O ente exerce sua defesa, seja na execução por título judicial ou extrajudicial, por meio dos embargos.

--- Embargos á Execução

Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras: (Vide Lei nº 9.494, de 10.9.1997)

I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;

II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.

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Embora diga 10, o prazo é de 30 dias (art. 1-B da lei 9.494/97).

Atualmente, os embargos á execução de título extrajudicial não possuem efeito suspensivo automático (art. 739-A). Contudo, isso não se aplica á fazenda pública, pois a expedição do precatório ou do RPV somente se dá com transito em julgado. Essa exigência de transito em julgado não é do processo de conhecimento, mas sim dos embargos á execução.

Rejeição liminar

§ 5o  Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Esse artigo é aplicado aos embargos opostos pelo poder público (STJ).

-- Sistema de Pagamento de débitos: precatório e requisição de pequeno valor

Antes, o artigo 100 da CF estabelecia que o pagamento de débitos oriundos de condenações judiciárias era feito exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios, á exceção dos créditos de natureza alimentar.

STJ - 144- Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa.

STF – 655 - A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza.

A EC/62 estabeleceu uma nova ordem de pagamento. Atual ordem:

1. Créditos de natureza alimentar de idosos e portadores de doença grave até o triplo do valor da requisição de pequeno valor.

2. Créditos alimentares.3. Créditos ordinários.

Crédito de natureza alimentícia

Art. 100, § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

O STF disse que o rol é meramente exemplificativo, no que foi seguido pelo STJ.

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Honorários são créditos de natureza alimentar. O conceito de honorários engloba tanto os sucumbenciais quanto os contratuais.

Embora os titulares da verba principal e dos honorários sejam distintos não há expedição de duas requisições de precatórios (representaria fracionamento de valores)

Em relação aos honorários contratuais é possível que haja o destaque desse valor na expedição do precatório. Não há o fracionamento de valores, mas somente distinção de legitimidade para o seu levantamento.

Fracionamento de Precatórios

§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Se os embargos da fazenda pública forem parciais, o valor do montante não questionado torna-se definitivo, sendo possível a expedição do precatório para essa parcela. O valor incontroverso permite, inclusive, a requisição de pequeno valor. STJ.

Processamento do Precatório: o pagamento do débito é realizado por meio de um procedimento administrativo próprio, que se inicia com a expedição da requisição de pagamento, o precatório, e se encerra com o efetivo pagamento.

Diante do requerimento do credor, o juiz sentenciante expede ofício ao presidente do tribunal para inclusão do crédito na classe de pagamento respectiva (alimentar de idoso, portador de deficiência, comum, etc.).

§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

A data limite decorre da necessidade de elaboração e aprovação da lei orçamentária ao longo do segundo semestre.

Os valores devidos não são pagos diretamente pelo poder público ao credor. As dotações orçamentárias são consignadas ao poder judiciário, e cabe ao presidente do tribunal determinar o pagamento.

 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação

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orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

A atividade do presidente do tribunal possui natureza administrativa e não jurisdicional.

STJ – 311 – Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional

STF – 733 - Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios.

Questões incidentais são decididas pelo juízo da execução como juros, correção monetária. Se o presidente do tribunal decide questões jurídicas é caso de MS por usurpação da competência do juízo da execução.

Lei n. 9.494/97 Art. 1o-E.  São passíveis de revisão, pelo Presidente do Tribunal, de ofício ou a requerimento das partes, as contas elaboradas para aferir o valor dos precatórios antes de seu pagamento ao credor. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

O STJ elastece o entendimento sobre esse artigo admitindo que o PRT excluir incidência de juros moratórios e compensatórios indevidamente incluídos no cálculo, sem que isso caracterize atividade jurisdicional.

Juros de Mora e correção monetária

Correção monetária é sempre devida.

§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

A atualização monetária evita a expedição de precatório complementar, que é vedado.

Juros de mora devidos em decorrência do atraso no pagamento da obrigação. Dentro do período dado ao Estado para efetuar o pagamento não incidem juros (final do exercício seguinte).

SV 17 - Durante o período previsto no parágrafo 1o do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

O pagamento de juros moratórios é feito através da expedição de precatório complementar, que deve ser requerido perante o juiz da execução da sentença, dentro do mesmo processo, sendo desnecessária a propositura de nova demanda e a

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realização de nova citação. Isso não é burla ao parágrafo 8, pois ainda há valores devidos após o pagamento do principal.

A mora do poder público apenas acarreta a incidência de juros moratórios, jamais de compensatórios (para cálculo de precatório complementar)

§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Por fim, a atualização monetária e a incidência de juros moratórios são feitos com base no índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança incide a partir de 9 de dezembro de 2009 (EC 62). Isso guarda relação com o novo artigo 1-F da lei 9.494:

Art. 1o-F.  Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.960, de 2009)

A redação anterior previa juros moratórios de 6% ao ano.

Compensação dos precatórios

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

A compensação deve ser feita no momento da expedição do precatório.

A compensação é feita junto á presidência do tribunal, no momento da elaboração da listagem da ordem de pagamentos. Antes de inserir o valor a ser pago ao vencedor da demanda, intima-se o ente público para indicar os créditos que possui para compensação. Após, a inscrição do precatório é feita pelo valor remanescente.

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É importante o credor se manifestar sobre os créditos apresentados pelo poder público, embora isso não esteja expresso na CF.

--- Compensação do art. 78, 2 do ADCT

O art. 78 foi inserido pela EC 30/00 para permitir o parcelamento de precatórios em até 10 anos.

§ 2º As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo terão, se não liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)

Nesse caso, o credor possui direito subjetivo a compensação do seu crédito com tributos do ente público.

Já na compensação da EC 62 é o ente público que possui a prerrogativa de compensar o crédito.

Contudo, em razão da criação do regime especial de pagamentos de precatórios restou esvaziada a compensação prevista no artigo 78 do ADCT por absoluta incompatibilidade entre esses mecanismos.

Cessão de crédito de precatório

§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Trata-se de NJ realizado entre particulares que não depende de aquiescência do poder público.

Realizada a cessão deve-se comunicar o ato ao tribunal e ao ente público devedor. A comunicação deve ser feita ao juiz da origem bem como ao presidente do tribunal, aponta a doutrina.

Após a cessão, perde o crédito a qualificação de alimentício ou de RPV.

Sequestro

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação

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orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Hipóteses:

1. Preterição do direito de preferência;2. Falta de alocação orçamentária suficiente para satisfação do débito já existia

na redação anterior, mas se limitava aos precatórios parcelados do art. 78 do ADCT.

Embora o seqüestro tenha natureza acautelatória, nesse caso, é nitidamente satisfativo, pois ele receberá o que lhe é devido.

O interesse de agir é do credor preterido. Os que estão mais atrás na lista não têm interesse de agir. Os que estão entre o credor preterido o que foi pago possuem legitimidade, atuam como substitutos.

Quanto a legitimidade passiva há três entendimentos:

i) Contra o ente público;ii) Contra o credor satisfeito;iii) Contra ambos em litisconsórcio facultativo doutrina diz ser melhor

Intervenção Federal e princípio da reserva do possível

O inadimplemento do ente também dá azo a intervenção federal e estadual.

Contudo, a jurisprudência do STF é pacífica ao dizer que o descumprimento de decisão que obriga o pagamento somente enseja intervenção se possuir dolo específico. O Estado, também tem outras obrigações a cumprir (reserva do possível).

Violação da ordem cronológica em razão de doença grave

O STF possui decisão, excepcional, em que houve sequestro de verba pública para pagamento de precatório, sem observância da ordem cronológica, diante de caso grave de doença do credor.

2. Por ocasião do julgamento da ADI 1.662 (rel. min. Maurício Corrêa), a Corte decidiu que a ausência de previsão orçamentária ou o pagamento irregular de crédito que devesse ser solvido por precatório não se equiparam à quebra de ordem cronológica ou à preterição do direito do credor (art. 100, § 2º, da Constituição).3. Naquela assentada, a Corte não ponderou acerca da influência do direito fundamental à saúde e à vida na formação das normas que regem a sistemática de pagamentos de precatório. Portanto, ordem de bloqueio de verbas públicas, para pagamento de precatório, fundada no quadro de saúde do interessado, não viola a autoridade do acórdão prolatado durante o julgamento da ADI 1.662.

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4. Ressalva do ministro-relator, quanto à possibilidade do exame da ponderação, cálculo ou hierarquização entre o direito fundamental à saúde e a sistemática que rege os precatórios em outra oportunidade.5. Reclamação conhecida parcialmente e, na parte conhecida, julgada improcedente.

Contudo, prevalece entendimento de que a ordem cronológica deve ser respeitada.

Requisição de pequeno valor

Essa forma diferenciada de pagamento não constava da redação original da CF, sendo introduzida e alterada pela CF (EC 20/98).

Pequeno valor varia conforme o ente público.

União Até 60 salários mínimos (conforme lei dos juizados especiais federais). O valor dos honorários advocatícios deve ser incluído.

Estados, DF e municípios valor deve ser fixado em lei própria, tendo como patamar mínimo o valor do maior benefício do regime geral da previdência social.

§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Caso os entes não editem a norma específica são aplicáveis os valores fixados pelo art. 87 do ADCT:

Estados e DF 40 salários mínimos

Municípios 30 salários mínimos

Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo

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sem o precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

A parte vencedora da demanda pode optar por renunciar ao valor excedente do teto para RPV.

O processamento é muito mais simples porque não demanda inclusão no orçamento para pagamento posterior. O pagamento é imediato. No âmbito federal está disciplinada na resolução 55/09 do CNJ, nos âmbitos estaduais e distrital deve-se observar disciplina própria.

Em caso de litisconsórcio, há divergência doutrinária sobre o valor a ser considerado. Para uma primeira corrente deve ser considerado o valor recebido individualmente, podendo a soma superar o teto (Leonardo Cunha). Para outra, a regra 3 do artigo 100 está afastada em caso de litisconsórcio ativo em razão do 11 do artigo 97 do ADCT:

§ 11. No caso de precatórios relativos a diversos credores, em litisconsórcio, admite-se o desmembramento do valor, realizado pelo Tribunal de origem do precatório, por credor, e, por este, a habilitação do valor total a que tem direito, não se aplicando, neste caso, a regra do § 3º do art. 100 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Art. 100, § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

O autor entende que essa regra se refere ao regime especial somente.

--- REGIME ESPECIAL

Desde o advento da CF houve tentativas de equacionar as dívidas dos precatórios. Inicialmente o ADCT previu a possibilidade de ser realizado parcelamento dos débitos pendentes em 8 anos (art. 33).

A regra não surtiu efeito. A EC 30/00 inseriu o art. 78 no ADCT possibilitando o pagamento em 10 anos. Não foi suficiente.

Assim, a EC 62/09 criou um regime especial para pagamento de precatórios (muito criticado).

§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

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Estados/ DF/ Municípios por LC cria regime especial de precatórios que vincule o pagamento á receita corrente líquida e disponha sobre a forma e o prazo para quitação do débito.

Enquanto esse regime especial não é criado pelos entes, inseriu-se o art. 97 no ADCT, que cria um regime especial a ser utilizado pelos entes de forma suplementar.

Art. 97. Até que seja editada a lei complementar de que trata o § 15 do art. 100 da Constituição Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de precatórios vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, inclusive os emitidos durante o período de vigência do regime especial instituído por este artigo, farão esses pagamentos de acordo com as normas a seguir estabelecidas, sendo inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo dos acordos de juízos conciliatórios já formalizados na data de promulgação desta Emenda Constitucional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Esse regime abrange todos os débitos do poder públicos (vencido, vincendos ou que forem inscritos).

Não se incluem as RPV.

O ente não precisa necessariamente quitar os precatórios comuns em ordem cronológica. Subsistem as 3 listas de credores:

1. Créditos de natureza alimentícia de idosos e portadores de doença grave até o triplo da RPV;

2. Créditos de natureza alimentícia;3. Créditos de natureza comum.

As duas primeiras devem ser quitadas regularmente em ordem cronológica, já a terceira pode ser quitada de forma distinta (visa evitar que a fila pare com pagamento de um grande credor).

O regime especial comporta dois sistemas de pagamentos: (ADCT, art. 97, 1, I e II).

1- Depósito mensal de parcela fixa da receita corrente líquida por prazo indeterminado;

2- Pagamento em prazo fixo de 15 anos com percentual variado

O primeiro sistema exige depósito em conta especial constituída para essa finalidade. Tal regime não possui prazo determinado vigendo até a normalização da ordem de pagamento na forma do art. 100 da CF.

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O percentual a ser depositado mensalmente varia de 1% a 2% da receita líquida de acordo com o ente político e seu grau de endividamento. O conceito de receita corrente líquida e o grau de endividamento estão previstos nos parágrafos 2 e 3 do art. 97.

A segunda opção diz que o depósito deve ser feito anualmente e o valor a ser depositado corresponde ao saldo total dos precatórios devidos dividido pelo número de anos restantes no regime especial.

Como se vê, o regime especial substitui o sistema de inclusão orçamentária de precatórios apresentados até 1 de julho, mas estabelece a obrigação de depósito mensal ou anual dos percentuais com os quais se comprometeu.

Processamento

Em ambos os modelos o pagamento incube ao tribunal de justiça local, que administrará conta especial criada para tal fim. Os recursos não poderão retornar ao ente público devedor.

Do valor depositado, metade tem destinação obrigatória, deve ser utilizada para pagamento na ordem cronológica de apresentação, respeitadas as preferências constitucionais.

O restante pode ser aplicado por decisão do ente público, em três opções de quitações de débito:

1. Leilão,2. Pagamento em ordem crescente,3. Acordo direto com credores.

Tais medidas podem ser aplicadas isoladas ou cumulativamente.

§ 4º As contas especiais de que tratam os §§ 1º e 2º serão administradas pelo Tribunal de Justiça local, para pagamento de precatórios expedidos pelos tribunais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 5º Os recursos depositados nas contas especiais de que tratam os §§ 1º e 2º deste artigo não poderão retornar para Estados, Distrito Federal e Municípios devedores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 6º Pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos de que tratam os §§ 1º e 2º deste artigo serão utilizados para pagamento de precatórios em ordem cronológica de apresentação, respeitadas as preferências definidas no § 1º, para os requisitórios do mesmo ano e no § 2º do art. 100, para requisitórios de todos os anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 7º Nos casos em que não se possa estabelecer a precedência cronológica entre 2 (dois) precatórios, pagar-se-á primeiramente o precatório de menor valor. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

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§ 8º A aplicação dos recursos restantes dependerá de opção a ser exercida por Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, por ato do Poder Executivo, obedecendo à seguinte forma, que poderá ser aplicada isoladamente ou simultaneamente: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

I - destinados ao pagamento dos precatórios por meio do leilão; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

II - destinados a pagamento a vista de precatórios não quitados na forma do § 6° e do inciso I, em ordem única e crescente de valor por precatório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

III - destinados a pagamento por acordo direto com os credores, na forma estabelecida por lei própria da entidade devedora, que poderá prever criação e forma de funcionamento de câmara de conciliação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Leilão

É uma das três modalidades de quitação em que não há observância da ordem cronológica.

§ 9º Os leilões de que trata o inciso I do § 8º deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

I - serão realizados por meio de sistema eletrônico administrado por entidade autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários ou pelo Banco Central do Brasil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

II - admitirão a habilitação de precatórios, ou parcela de cada precatório indicada pelo seu detentor, em relação aos quais não esteja pendente, no âmbito do Poder Judiciário, recurso ou impugnação de qualquer natureza, permitida por iniciativa do Poder Executivo a compensação com débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra devedor originário pela Fazenda Pública devedora até a data da expedição do precatório, ressalvados aqueles cuja exigibilidade esteja suspensa nos termos da legislação, ou que já tenham sido objeto de abatimento nos termos do § 9º do art. 100 da Constituição Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

III - ocorrerão por meio de oferta pública a todos os credores habilitados pelo respectivo ente federativo devedor; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

IV - considerarão automaticamente habilitado o credor que satisfaça o que consta no inciso II; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

V - serão realizados tantas vezes quanto necessário em função do valor disponível; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

VI - a competição por parcela do valor total ocorrerá a critério do credor, com deságio sobre o valor desta; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

VII - ocorrerão na modalidade deságio, associado ao maior volume ofertado cumulado ou não com o maior percentual de deságio, pelo maior percentual de deságio, podendo ser

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fixado valor máximo por credor, ou por outro critério a ser definido em edital; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

VIII - o mecanismo de formação de preço constará nos editais publicados para cada leilão; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

IX - a quitação parcial dos precatórios será homologada pelo respectivo Tribunal que o expediu. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Vence a concorrência quem aceitar receber seu crédito com maior valor de deságio ou maior desconto. Além do maior deságio o ente público pode estabelecer outras formas.

É possível a realização de compensação com créditos que o ente público possua com particular (inciso II). O encontro de contas constitui prerrogativa do ente público e deve ser realizado apenas com o devedor que seja credor originário do precatório.

Pagamento em ordem crescente

§ 8º A aplicação dos recursos restantes dependerá de opção a ser exercida por Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, por ato do Poder Executivo, obedecendo à seguinte forma, que poderá ser aplicada isoladamente ou simultaneamente: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

II - destinados a pagamento a vista de precatórios não quitados na forma do § 6° e do inciso I, em ordem única e crescente de valor por precatório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

O pagamento é feito pelo valor integral do precatório.

São pagos em primeiro lugar aqueles cujos créditos sejam menores (objetiva saldar o maior número possível de precatório). Evita o travamento da fila.

Acordo direto com credor

§ 8º A aplicação dos recursos restantes dependerá de opção a ser exercida por Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, por ato do Poder Executivo, obedecendo à seguinte forma, que poderá ser aplicada isoladamente ou simultaneamente: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

III - destinados a pagamento por acordo direto com os credores, na forma estabelecida por lei própria da entidade devedora, que poderá prever criação e forma de funcionamento de câmara de conciliação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

É uma forma de conciliação. Pode ser realizado através das câmaras de conciliação.

O poder público pode transigir com o credor quanto á forma de pagamento da dívida.

Sequestro no regime especial

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É cabível exclusivamente no caso de não liberação tempestiva dos recursos pelo ente público. Se o ente estiver depositando na conta do tribunal não será possível o sequestro.

Compensação do precatório no regime especial

Uma vez efetuada a opção pelo regime especial, o modelo de precatórios vencidos passa a ser regido exclusivamente pelo art. 97 do ADCT. Além disso, o art. 6 da EC 62 estabelece a convalidação das compensações realizadas na forma no 2, do art. 78 do ADCT.

Os precatórios pendentes de pagamento parcelado (ADCT, arts. 33 e 79) ingressam no regime especial pelo seu saldo remanescente.

§ 15. Os precatórios parcelados na forma do art. 33 ou do art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e ainda pendentes de pagamento ingressarão no regime especial com o valor atualizado das parcelas não pagas relativas a cada precatório, bem como o saldo dos acordos judiciais e extrajudiciais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Conclui-se que, somente o ato jurídico perfeito de compensação com efeito liberatório de tributos já realizado está ressalvado pela EC 62/09. Todos os demais parcelamentos pendentes são inseridos no regime especial, sem a possibilidade de se utilizar o poder liberatório de recolhimento de tributos.

Não obstante ser incabível a compensação com base no art. 78, 2 do ADCT, existem atualmente três situações em que se admite a compensação de débitos tributários com precatórios requisitórios:

1. Compensação realizada no momento da expedição do precatório (art. 100, 9 e 10) trata-se de prerrogativa do ente público, cabível no momento anterior á expedição do precatório.

2. Compensação mediante leilão do precatório (ADCT, art. 97, 9) também recai sobre o poder público a opção por efetuar o abatimento do valor do precatório com créditos que possuem frente ao particular. Nesta modalidade, o valor devido já está inscrito como precatório, e o encontre de contas se dá antes do pagamento. Inclusive não é possível a dupla compensação pelo poder público, ou seja, realizada a compensação antes da expedição do precatório, não é possível realizar também a compensação do mesmo crédito no momento do leilão. (97, 9, II).

3. Compensação como sanção (ADCT, 97, 10, II) decorre da falta de liberação tempestiva (mensal ou anual) dos recursos vinculados pelo regime especial de pagamento dos precatórios. A compensação só se torna exigível se o Estado descumprir as regras do art. 97. Ainda assim, não é automática, pois depende de ordem do presidente do tribunal, que pode optar pelo sequestro das verbas públicas em atraso.

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§ 10. No caso de não liberação tempestiva dos recursos de que tratam o inciso II do § 1º e os §§ 2º e 6º deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

I - haverá o sequestro de quantia nas contas de Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, por ordem do Presidente do Tribunal referido no § 4º, até o limite do valor não liberado;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

II - constituir-se-á, alternativamente, por ordem do Presidente do Tribunal requerido, em favor dos credores de precatórios, contra Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, direito líquido e certo, autoaplicável e independentemente de regulamentação, à compensação automática com débitos líquidos lançados por esta contra aqueles, e, havendo saldo em favor do credor, o valor terá automaticamente poder liberatório do pagamento de tributos de Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, até onde se compensarem; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Assunção de dívida pela União

Art. 100, § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

A doutrina já aponta vício na impessoalidade.

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Execução Fiscal

A execução fiscal é uma espécie do gênero processo de execução. No caso, tem-se um processo de execução de título extrajudicial para pagamento de quantia certa contra devedor solvente, cuja legitimidade ativa é específica, voltada para a fazenda pública.

O título que ampara a ação executiva é a certidão de dívida ativa – CDA, documento produzido pelo próprio ente público que contém os dados básicos sobre o débito. O conceito de dívida ativa é legal: (art. 39, lei n. 4.320/64)

Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias.  (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

O crédito tributário goza de privilégio de cobrança, pois não está sujeito a concurso de credores, habilitação em falência ou em recuperação judicial (CTN, art. 87).

Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.

Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do crédito.

Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:

I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;

II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;

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III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;

IV - a data em que foi inscrita;

V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.

Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.

Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.

Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída.

Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.

Diante do inadimplemento do devedor da obrigação (tributária ou não), o ente público efetua a inscrição do valor em sua dívida ativa.

LEF, Art. 3º - A Dívida Ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez.

Parágrafo Único - A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a quem aproveite

Erros na CDA após propositura da execução fiscal.

LEF, art. 2, § 8º - Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos.

STJ - 392 - A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução

O STJ diz que não pode modificar o sujeito passivo, pois isso não decorre de simples vício, mas de imputação de responsabilidade pela dívida a pessoa diversa.

Legitimidade Ativa

Entes que compõe a fazenda pública: União, estados, DF, municípios, autarquias e fundações de direito público.

Além disso, ECT (empresa pública), Caixa Econômica Federal para cobrança do FGTS com base na lei n. 8.844/94 e Conselhos de fiscalização profissional.

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Legitimidade Passiva

      Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:

       I - o devedor;

       II - o fiador;

       III - o espólio;

       IV - a massa;

       V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado; e

        VI - os sucessores a qualquer título.

Pode ser deduzida em face do devedor e em face dos responsáveis, tributários ou não.

A execução fiscal proposta em face do devedor pode posteriormente ser redirecionada para o responsável tributário, ainda que seu nome não conste da CDA.

A responsabilização do sócio-gerente está prevista no art. 135 do CTN para os casos de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto. O simples inadimplemento não autoriza o redirecionamento.

STJ – 435 - A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco

O sócio-gerente a ser incluído na execução fiscal é o do momento da dissolução irregular.

A execução fiscal proposta em face de um ente público não segue o rito da lei n. 6.830/80, pois o bem público não é penhorável.

Competência

Art. 578, CPC:

Art. 578. A execução fiscal (art. 585, Vl) será proposta no foro do domicílio do réu; se não o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.

Parágrafo único. Na execução fiscal, a Fazenda Pública poderá escolher o foro de qualquer um dos devedores, quando houver mais de um, ou o foro de qualquer dos domicílios do réu; a ação poderá ainda ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida, embora nele não mais resida o réu, ou, ainda, no foro da situação dos bens, quando a dívida deles se originar.

i. Foro de domicílio de qualquer um dos devedores;

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ii. Foro de qualquer dos domicílios dos devedores;

iii. Local onde ocorreu o fato ou ato que originou a dívida;

iv. Situação dos bens

A regra do art. 87 se aplica ao procedimento executivo fiscal.

STJ – 58 - Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a competência já fixada.

Em relação aos entes federais, a execução fiscal é proposta na justiça federal. Caso o domicílio do devedor não seja sede de vara federal a execução fiscal será proposta na justiça estadual que exercerá jurisdição federal recurso ao TRF.

Conselhos de fiscalização justiça federal.

STJ 349 - Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o julgamento das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS.

A cobrança do FGTS continua a ser feita na justiça federal, essa cobrança decorre de lei, não da relação trabalhista.

A execução fiscal não se submete ao juízo universal da falência.

Petição Inicial

Art. 6º - A petição inicial indicará apenas:

I - o Juiz a quem é dirigida;

II - o pedido; e

III - o requerimento para a citação.

§ 1º - A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita.

§ 2º - A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único documento, preparado inclusive por processo eletrônico.

§ 3º - A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial.

§ 4º - O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais.

Uma demanda executiva pode cumular a cobrança de diversas certidões de dívida ativa.

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De fato, é possível a reunião de execuções fiscais após a propositura da ação, mas não se deve perder de vista que essa reunião somente ocorre depois de já realizados diversos atos processuais. Art. 28:

Art. 28 - 0 Juiz, a requerimento das partes, poderá, por conveniência da unidade da garantia da execução, ordenar a reunião de processos contra o mesmo devedor.

Parágrafo Único - Na hipótese deste artigo, os processos serão redistribuídos ao Juízo da primeira distribuição.

Em relação ás execuções fiscais movidas pelos entes federais, o art. 53 da lei n. 8.212/91, permite ao ente federal a indicação de bens penhoráveis na petição inicial, a fim de que, no momento da citação, já sejam penhorados e tornados indisponíveis. É criticado pois o executado sequer é ouvido.

Despacho liminar positivo e fixação de honorários advocatícios

 Art. 7º - O despacho do Juiz que deferir a inicial importa em ordem para:

I - citação, pelas sucessivas modalidades previstas no artigo 8º;

II - penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito ou fiança;

III - arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar;

IV - registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas ou outras despesas, observado o disposto no artigo 14; e

 V - avaliação dos bens penhorados ou arrestados.

Citação Penhora Arresto Registro de Penhora ou arresto avaliação.

Ademais, é possível a fixação de honorários advocatícios liminarmente, no recebimento da demanda. Não se trata de valor definitivo. Tal fixação tem por base o art. 20, 4 do CPC que prevê apreciação equitativa, e não os valores percentuais do regramento do 3 do art. 20 (entre 10% e 20%).

Em relação a execução fiscal movida pela União, os honorários tem valor fixo de 20%, por força do artigo 1 do decreto-lei 1.025/69.

TFR – 168 - O encargo de 20%, do Decreto-Lei 1.025, de 1969, e sempre devido nas execuções fiscais da União e substitui, nos embargos, a condenação do devedor em honorários advocatícios.

Esse valor é fixo e já vem incluído no débito consolidado da dívida ativa. Engloba inclusive os honorários referentes aos embargos á execução.

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Se o devedor quitar o débito antes do ajuizamento da ação a incidência desse encargo é de 10% do montante devido (art. 3 do decreto-lei).

Ainda que ocorra a falência esse encargo é devido: (recente)

STJ – 400 - O encargo de 20% previsto no DL n. 1.025/1969 é exigível na execução fiscal proposta contra a massa falida.

O valor da condenação do executado em honorários advocatícios não pode ser inscrito em dívida ativa. Sua cobrança é feita sem a propositura de nova demanda.

A fixação de honorários deve ser estabelecida de forma clara, tanto no despacho liminar positivo, quanto na sentença.

STJ – 453 - Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.

Deve-se sempre observar se a sentença menciona os honorários advocatícios.

Despacho liminar positivo e interrupção da prescrição

CTN, Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I - pela citação pessoal feita ao devedor;

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)

II - pelo protesto judicial;

III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

STJ – 409 - Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser decretada de ofício (art. 219, § 5º, do CPC)

Essa regra do inciso I é ex nunc. Em relação ás execuções anteriores a 09.09.2005 o marco interruptivo continua a citação válida do devedor.

Custeio de atos processuais no curso da execução fiscal

CPC, Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido.

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LEF, Art. 39 - A Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos. A prática dos atos judiciais de seu interesse independerá de preparo ou de prévio depósito.

Parágrafo Único - Se vencida, a Fazenda Pública ressarcirá o valor das despesas feitas pela parte contrária.

Abalizada doutrina entende que as regras são diferentes. A da LEF não condiciona a isenção ao resultado do processo.

A isenção legal não abrange despesas extraordinárias como v.g. o transporte do oficial de justiça e a remoção de bens penhorados.

Quanto aos embargos á execução fiscal, o dever de ressarcimento da fazenda pública toca aos valores pagos pela embargante, sem que haja qualquer ressarcimento ao serviço cartorário.

O STJ, contudo, condena a fazenda pública no processo executivo em despesas processuais – não só a parte contrária, como também para os cartórios privados.

Citação

Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

I - a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;

II - a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;

III - se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital;

IV - o edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exeqüente, o nome do devedor e dos co-responsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do Juízo.

Não é necessário que a assinatura do AR seja do próprio executado (ou do representante legal da pessoa jurídica executada). Basta a entrega no endereço do devedor.

Frustrada a citação postal, deve ser tentada por oficial de justiça e, só então, por edital.

STJ – 414 - A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades.

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Se for pessoa jurídica basta que o OJ diligencia á sua sede, estabelecimento. Não precisa ir no domicílio de seus representantes.

Compete a sociedade empresária manter atualizados seus cadastros juntos aos órgãos públicos. Assim, se o OJ certificar que encontra-se em local incerto e não sabido, fica autorizado a citação editalícia ou o redirecionamento da execução para o gestor da pessoa jurídica, diante de indício de dissolução irregular.

Realizada a citação por edital, há a necessidade de nomeação de curador especial, nos termos do art. 9, II do CPC.

STJ – 196 - Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.

Além dos embargos, o curador pode apresentar exceção de pré-executividade.

Intimação da fazenda pública

Em execução fiscal, a fazenda goza de benefício de intimação pessoal.

  Art. 25 - Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente.

Parágrafo Único - A intimação de que trata este artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com imediata remessa ao representante judicial da Fazenda Pública, pelo cartório ou secretaria.

Essa previsão alcança também, os embargos á execução fiscal.

Participação do MP

STJ – 189 - É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais.

Penhora

Ao ser citado, o executado tem 5 dias para efetuar o pagamento ou garantir a execução.

Caso não pague a dívida, o executado pode garantir a execução através do depósito judicial de dinheiro, bem como oferecer fiança bancária ou nomear bens a penhora, observada a ordem do art. 11. Outrossim, é possível o seguro garantia judicial, previsto no CPC.

 Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:

I – dinheiro pode ser por penhora on line (art. 655-A, CPC)

II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;

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III - pedras e metais preciosos;

IV - imóveis;

V - navios e aeronaves;

VI - veículos;

VII - móveis ou semoventes; e

VIII - direitos e ações.

§ 1º - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção.

§ 2º - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9º.

§ 3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exeqüente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo.

Conquanto não seja obrigatória a ordem legal, é legítimo ao ente público recusar a penhora de determinado bem ofertado pelo executado, se houver outro em melhor posição na ordem.

A penhora de precatório é possível, contudo:

1. O precatório é direito de crédito, logo, está no final da lista. Somente aceito se não possuir outro em melhor posição.

2. Não é possível a nomeação com vistas a forçar o ente público a efetuar compensação, nos termos do art. 78, 2, ADCT. Assim, é legítima a opção do ente público não se subrogar nos direitos daquele crédito (CPC, art. 673, 1), hipótese em que o precatório irá a leilão.

Realizada a penhora, é possível a substituição. O executado pode substituir por depósito em dinheiro ou fiança bancária, ao passo que a fazenda pode substituir bens penhorados por outros em melhor posição na ordem legal e requerer o reforço da penhora (art. 15).

Art. 15 - Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz:

I - ao executado, a substituição da penhora por depósito em dinheiro ou fiança bancária; e

II - à Fazenda Pública, a substituição dos bens penhorados por outros, independentemente da ordem enumerada no artigo 11, bem como o reforço da penhora insuficiente.

Realizada a penhora de dinheiro nas contas bancárias do executado – com sua transferência para judicial – para garantia da execução, não pode o executado

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pretender sua substituição por outro bem, pois o dinheiro está em primeiro lugar. Há um choque entre a máxima efetividade da jurisdição e a menor onerosidade para o devedor, resolvido em favor do credor.

STJ – 406 - A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório.

O bem de família é impenhorável.

A sede comercial pode ser penhorada. STJ - 451 - É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.

O ente público pode requerer a remoção do bem penhorado. A regra, então, é que fique com o devedor, ao contrário da sistemática do CPC.

 Art. 11, § 3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exeqüente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo.

Efetivada a penhora do bem, é preciso intimar o executado para efeito de contagem de prazo para defesa (embargos á execução). A sistemática é diferente do CPC:

Art. 12 - Na execução fiscal, far-se-á a intimação da penhora ao executado, mediante publicação, no órgão oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora.

§ 1º - Nas Comarcas do interior dos Estados, a intimação poderá ser feita pela remessa de cópia do termo ou do auto de penhora, pelo correio, na forma estabelecida no artigo 8º, incisos I e II, para a citação.

§ 2º - Se a penhora recair sobre imóvel, far-se-á a intimação ao cônjuge, observadas as normas previstas para a citação.

§ 3º - Far-se-á a intimação da penhora pessoalmente ao executado se, na citação feita pelo correio, o aviso de recepção não contiver a assinatura do próprio executado, ou de seu representante legal.

Se a penhora tiver sido feita á vista do devedor com a imediata intimação do representante legal, dispensa-se a publicação.

TRF – 190 - A intimação pessoal da penhora ao executado torna dispensável a publicação de que trata o Art. 12 da Lei das execuções fiscais.

Quanto a contagem do prazo de embargos o temo inicial é a intimação da penhora, e não da juntada aos autos do mandado como o é no CPC.

Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:

III - da intimação da penhora.

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Embargos á Execução Fiscal

Possui natureza jurídica de ação, embora o objetivo seja o exercício do direito de defesa.

Prazo para oferecimento

30 dias. Contagem:

Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:

I - do depósito;

II - da juntada da prova da fiança bancária;

III - da intimação da penhora.

§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução.

§ 2º - No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos, serão argüidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Em relação ao depósito em dinheiro, o STJ entende que se conta não da data do depósito, mas sim da intimação do executado após formalização da garantia da execução.

No caso de penhora de bens da intimação e não da juntada do mandado.

Necessidade de garantia do juízo e concessão de efeito suspensivo

No CPC, a garantia do juízo não é mais pressuposto para o oferecimento dos embargos, que podem ser apresentados após a citação, e o efeito suspensivo não opera mais ope legis, mas sim ope judicis, ou seja, é concedido pelo juízo nos casos de grave dano de difícil ou incerta reparação e quando haja garantia da dívida.

§ 1o  O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Diante da alteração do CPC, há divergência em doutrina e jurisprudência sobre os reflexos na execução fiscal.

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O STJ exige garantia da execução fiscal como pressuposto para o oferecimento dos embargos e não concede o efeito suspensivo automático, uma vez que a LEF tem regramento próprio a respeito.

Conteúdo dos embargos

Deve aplicar toda a matéria de defesa que dispor, sendo aplicado o princípio da eventualidade.

§ 2º - No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos, serão argüidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Apenas é de se ressalvar a possibilidade de compensação em sede de embargos.

STJ – 394 – É admissível, em embargos à execução fiscal, compensar valores de imposto de renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual.”

Contudo, a reconvenção não é possível. Aplica-se, ainda, o disposto no 5, do art. 739:

§ 5o  Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Procedimento dos embargos á execução

Oferecidos, os autos não são apensados aos da execução fiscal. Segue-se o CPC. São distribuídos por dependência, no mesmo juízo, mas autuados em apartado (736, PU). No ato do recebimento, o juiz diz se recebe com efeito suspensivo ou não (739-A, 1)

Parágrafo único.  Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal.  (Redação dada pela Lei nº 12.322, de 2010)

Execução por carta os embargos serão oferecidos no juízo deprecado e remetidos ao juízo deprecante, a quem compete o julgamento. É diferente do CPC onde podem ser oferecidos tanto no deprecado como no deprecante.

STJ – 46 - Na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens.

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Recebidos os embargos, o ente público é intimado (pessoalmente) para impugnar em 30 dias.

Há previsão de audiência de instrução e julgamento, mas raramente ocorre.

Encerrada instrução o juiz profere sentença de julgamento dos embargos apelação sem efeito suspensivo (520, V, CPC).

Exceção de Pré-Executividade

STJ – 393 - “A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”.

Doutrina entende que cabe, também, quando a matéria não seja conhecida de ofício, mas não haja necessidade de dilação probatória.

Se extinguir o processo, é cabível a condenação em honorários advocatícios.

Defesa Heterotópica na execução fiscal

 Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos.

Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.

Além dessas cabe a exceção de pré-executividade.

Essas defesas do executado do artigo 38 são ações autônomas, defesas heterotópicas. Esse rol é exemplificativo, o contribuinte pode se valer da ação que considerar mais adequada.

O depósito anterior é somente para suspender a exigibilidade.

STJ – 112 - O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.

Caso a parte ingresse com uma ação autônoma cujo objeto seja idêntico ao dos embargos á execução ocorrerá litispendência, e, a ação proposta posteriormente deve ser extinta (267, I).

De acordo com o STJ é possível o ajuizamento da ação anulatória no prazo para apresentação dos embargos á execução, mas a possibilidade de suspensão da execução fica condicionada ao depósito integral do valor da dívida. No caso dos

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embargos a possibilidade de efeito suspensivo depende da plausibilidade das alegações e do risco de dano.

Expropriação de bens

Depois de efetivada a penhora, abre-se prazo para o executado se defender por embargos. Caso não haja oposição ou após sua rejeição, passa-se a fase de satisfação da dívida.

Se a penhora for em dinheiro, basta o levantamento. Se for em bens há 2 possibilidades: 1. Adjudicação; 2. Venda.

  Art. 23 - A alienação de quaisquer bens penhorados será feita em leilão público, no lugar designado pelo Juiz.

§ 1º - A Fazenda Pública e o executado poderão requerer que os bens sejam leiloados englobadamente ou em lotes que indicarem.

§ 2º - Cabe ao arrematante o pagamento da comissão do leiloeiro e demais despesas indicadas no edital.

Art. 24 - A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados:

I - antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os embargos;

II - findo o leilão:

a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação;

b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de 30 (trinta) dias.

Parágrafo Único - Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da Fazenda Pública, a adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exeqüente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias.

O leilão pode ser realizado eletronicamente, nos termos do art. 639-A do CPC.

STJ 121 - Na execução fiscal o devedor deverá ser intimado, pessoalmente, do dia e hora da realização do leilão.

O leilão na EF segue o mesmo regramento do CPC também no que diz respeito á realização do segundo leilão, caso não haja lanço superior ao da avaliação no primeiro.

STJ – 128 - Na execução fiscal haverá segundo leilão, se no primeiro não houver lanço superior à avaliação.

Suspensão do processo

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  Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.

§ 1º - Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública.

§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos início do prazo prescricional de 5 anos.

§ 3º - Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução.

§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) a FP pode demonstrar algum fato impeditivo da prescrição.

§ 5o  A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído pela Lei nº 11.960, de 2009)

STJ – 314 - Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente.

Embora diga a respeito da não localização do devedor, o que norteia é não encontrar bens. Se não encontrar o devedor cita por edital e nomeia curador especial.

O arquivo dos autos após 1 ano é feito sem baixa na distribuição, ou seja, não há extinção do processo.

Cancelamento da Dívida Ativa

Art. 26 - Se, antes da decisão de primeira instância, a inscrição de Divida Ativa for, a qualquer título, cancelada, a execução fiscal será extinta, sem qualquer ônus para as partes.

Se o cancelamento da dívida ocorreu após o oferecimento dos embargos á execução fiscal, o exeqüente arca com o ônus da sucumbência.

STJ – 153 - A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, não exime o exeqüente dos encargos da sucumbência.

O STJ entende que os valores já pagos pela embargante devem ser ressarcidos. Contudo, esse entendimento não deve ser seguindo quando o cancelamento da CDA decorra da conduta do próprio contribuinte não há que se falar em ônus de sucumbência contra o Estado nesse caso.

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Modificação do valor da dívida e sucumbência

No curso da execução fiscal podem sobrevir leis que levem á extinção ou redução da dívida cobrada. Tais normas beneficiam o executado, mas não tem o condão de levar á condenação do Poder Público em ônus sucumbenciais. De acordo com o STJ, o princípio da causalidade deve ser aferido no momento da propositura da demanda.

Cobrança de valores baixos e desistência

Há situações em que o baixo valor do crédito não justifica a propositura da ação ou o seu prosseguimento.

Lei 9.469/97, Art. 1o-A.  O Advogado-Geral da União poderá dispensar a inscrição de crédito, autorizar o não ajuizamento de ações e a não-interposição de recursos, assim como o requerimento de extinção das ações em curso ou de desistência dos respectivos recursos judiciais, para cobrança de créditos da União e das autarquias e fundações públicas federais, observados os critérios de custos de administração e cobrança. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica à Dívida Ativa da União e aos processos em que a União seja autora, ré, assistente ou opoente cuja representação judicial seja atribuída à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

A fixação de critérios e valores de cobrança e renúncia compete a cada ente público.

Não cabe ao judiciário declarar de ofício que a dívida é de pequeno valor e não deve ser cobrada. É atuação discricionária da Administração.

STJ – 452 - A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração Federal, vedada a atuação judicial de ofício.

Sentenças e Recursos

A LEF não traz previsão específica sobre sentença, aplica-se, pois, o art. 794, CPC.

Art. 794. Extingue-se a execução quando:

I - o devedor satisfaz a obrigação;

II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida;

III - o credor renunciar ao crédito.

No que se refere aos recursos a LEF traz algumas especificidades:

Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.

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§ 1º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-á o valor da dívida monetariamente atualizado e acrescido de multa e juros de mora e de mais encargos legais, na data da distribuição.

§ 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada.

§ 3º - Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos conclusos ao Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou reformará a sentença.

EI 10 dias ao próprio juiz da causa.

O índice ORTN não existe mais. O STJ fixou a correção a partir da substituição desse índice por outro que mantivesse a mesma referencia. Atualiza-se o valor de R$ 328, 27 pelo IPCA-E.

Sentença que julga embargos á execução fiscal apelação, só no devolutivo.

Ação Cautelar Fiscal (lei 8.397/92)

A competência para julgar é do juízo da execução fiscal. Se for preparatória, sua distribuição tornará prevento o juízo.

Se a execução estiver em tramite no tribunal a cautelar será requerida nele.

 Art. 5° A medida cautelar fiscal será requerida ao Juiz competente para a execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública.

Parágrafo único. Se a execução judicial estiver em Tribunal, será competente o relator do recurso.

Em regra, a demanda deve ser proposta após a constituição do crédito, contudo, se o devedor pratica atos tendentes a esvaziar seu patrimônio, a medida pode ser prévia.

 Art. 1° O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

Parágrafo único. O requerimento da medida cautelar, na hipótese dos incisos V, alínea "b", e VII, do art. 2º, independe da prévia constituição do crédito tributário.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; (Incluída pela Lei nº 9.532, de 1997)

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VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

Hipóteses de cabimento:

Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar a obrigação no prazo fixado;

II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da obrigação;

III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade; (Incluída pela Lei nº 9.532, de 1997)

b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; (Incluída pela Lei nº 9.532, de 1997)

VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

IX - pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

Petição Inicial deve conter:

Art. 3° Para a concessão da medida cautelar fiscal é essencial:

I - prova literal da constituição do crédito fiscal;

II - prova documental de algum dos casos mencionados no artigo antecedente.

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O provimento cautelar tem por objetivo a indisponibilidade dos bens do requerido (art. 4), mas pode ir além do patrimônio do devedor e alcançar também o dos controladores e gerentes da pessoa jurídica.

 Art. 4° A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação.

§ 1° Na hipótese de pessoa jurídica, a indisponibilidade recairá somente sobre os bens do ativo permanente, podendo, ainda, ser estendida aos bens do acionista controlador e aos dos que em razão do contrato social ou estatuto tenham poderes para fazer a empresa cumprir suas obrigações fiscais, ao tempo:

a) do fato gerador, nos casos de lançamento de ofício;

b) do inadimplemento da obrigação fiscal, nos demais casos.

§ 2° A indisponibilidade patrimonial poderá ser estendida em relação aos bens adquiridos a qualquer título do requerido ou daqueles que estejam ou tenham estado na função de administrador (§ 1°), desde que seja capaz de frustrar a pretensão da Fazenda Pública.

§ 3° Decretada a medida cautelar fiscal, será comunicada imediatamente ao registro público de imóveis, ao Banco Central do Brasil, à Comissão de Valores Mobiliários e às demais repartições que processem registros de transferência de bens, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a constrição judicial.

A concessão de cautelar em favor do ente público não exige justificação prévia ou caução (art. 7).

Recebida a cautelar (com ou sem liminar), o requerido é citado para contestar em 15 dias (contado da forma tradicional do CPC).

A indisponibilidade dos bens pode ser substituída por depósito prévio em dinheiro, fiança bancária ou nomeação de bens á penhora, sendo imprescindível a nomeação da fazenda antes da substituição.

Preparatória execução fiscal em 60 dias contados da data em que a dívida se tornar irrecorrível administrativamente (art. 11).

A eficácia da indisponibilidade perdura enquanto durar o processo executivo, salvo (arts. 12 e 13):

1. Se a execução não for proposta tempestivamente,2. Se a medida não for executada em 30 dias

3. Extinta a execução fiscal, seja pelo cancelamento da dívida, seja por quitação.

A frustração da cautelar não traz conseqüências para execução fiscal, salvo se for acolhida alegação de pagamento, compensação, prescrição, decadência ou qualquer outra forma extintiva do crédito (art. 15).

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Não é possível repetir a cautelar pelo mesmo fundamento caso cesse a eficácia.

Apelação sem efeito suspensivo (art. 17)

Ação de repetição de indébito tributário: compensação ou precatório

Âmbito da União lei 8.383/91.

É direito do contribuinte optar pela compensação desses valores em operações futuras ou pela restituição (art. 66, caput, e 2).

STJ – 461 –  O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.

Nos estados e municípios é preciso verificar se a lei de regência prevê a possibilidade de compensação, caso contrário, a repetição do valor de vê ser feita por precatório ou requisição de pequeno valor.

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Reclamação Constitucional

- Usurpação das competências do STF e STJ

- Garantir a autoridade de suas decisões.

Não está prevista no CPC, está na CF e nos diplomas normativos que tratam dos procedimentos nos tribunais superiores.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

Art. 103-A, § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso."

Lei 11.417, Art. 7o  Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

Lei 8.038/90 Art. 13 - Para preservar a competência do Tribunal ou garantir a autoridade das suas decisões, caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público.

Parágrafo único - A reclamação, dirigida ao Presidente do Tribunal, instruída com prova documental, será autuada e distribuída ao relator da causa principal, sempre que possível.

        Art. 14 - Ao despachar a reclamação, o relator:

        I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de dez dias;

        II - ordenará, se necessário, para evitar dano irreparável, a suspensão do processo ou do ato impugnado.

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        Art. 15 - Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante.

        Art. 16 - O Ministério Público, nas reclamações que não houver formulado, terá vista do processo, por cinco dias, após o decurso do prazo para informações.

        Art. 17 - Julgando procedente a reclamação, o Tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à preservação de sua competência.

        Art. 18 - O Presidente determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.

Regimento interno STF e STJ

A CF não dispõe sobre a possibilidade de previsão de reclamação estadual, contudo, o STF, em razão do princípio da simetria e da efetividade das decisões judiciais, disse que os estados membros podem prever o instituto em suas esferas de competência.

Natureza Jurídica

STF direito de petição.

Doutrina ação, uma vez que tutela direito violado através da instauração de uma relação jurídica processual nova perante um tribunal superior. Ela não necessariamente decorre de um processo já existente, pode ser proposta a partir do descumprimento de uma decisão pela Administração Pública – não é tampouco recurso, nem incidente processual.

Preservação de competência

Visa preservar as do STF e STJ que são competências constitucionais. É cabível diante do ato:

i. Comissivo que usurpa a competência v.g. deixar de encaminhas AI da decisão que não admite RE. O órgão a quo não tem competência para analisar o AI.

STF 727 – Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao STF o AI interposto da decisão que não admite recurso extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados especiais.

ii. Omissivo que impede o desempenho de suas funções órgão deixa de praticar ato que lhe compete e do qual dependa STF e STJ para desempenhar suas funções. V.g presidência que não exerce o juízo de admissibilidade na origem. Cabe RCL no tribunal competente.

Garantia da autoridade de suas decisões

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Em processos subjetivo, é cabível em face da não observância da decisão do Tribunal Superior pelo juízo a quo, isto é, não cumprimento da decisão desses tribunais.

Quando o descumprimento da decisão ocorre na esfera da administração pública, basta a parte prejudicada apresentar o fato ao tribunal através de simples petição, pois se trata do desdobramento da ordem para cumprimento do julgado.

Em suma, a RCL é cabível em face da desobediência da decisão por autoridade judiciária, e não em relação á autoridade administrativa.

É possível ao relator ordenar a suspensão do processo ou do ato impugnado (art. 14, II, 8.038/90).

Quanto ao controle concentrado de constitucionalidade, a sistemática é diferente. A prática de ato administrativo ou judicial em descompasso com a decisão do STF tomada em controle concentrado permite a utilização da RCL.

Reclamação e súmula vinculante

Lei 11.417, Art. 7o  Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação

Pode ser em razão da inobservância ou má aplicação da súmula.

Em relação a decisão judicial o STF apenas cassa e determina a prolação de outra. Ele não substitui.

Quanto ao ato administrativo é preciso que se esgote a via administrativa.

Cumulação da reclamação com outros meios de impugnação

Lei 11.417, Art. 7o  ..., sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação

A previsão não se refere exclusivamente á RCL para observância de súmula, serve á violação da autoridade e usurpação de competência. Nestes casos podem cumular.

Hipóteses de não-cabimento

Decisão judicial: não pode ter transito em julgado da decisão a ser atacada na hora da propositura da reclamação STF 734

Ato administrativo: é preciso esgotar a via administrativa.

Lei: não é cabível contra lei elaborada em sentido contrário á decisão.

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Recursos e ônus sucumbenciais

Não cabem embargos infringentes STF 368

Cabem: ED, agravo interno, Resp e RE (julgamento da reclamação no TJ)

STJ e STF entendem não haver condenação em honorários advocatícios e custas. Diferentemente, os autores que entendem ser ação acham devidas as custas.

Reclamação com base na resolução n. 12/ 2009 STJ

Dispõe sobre o processamento para dirimir divergências entre o entendimento daquela corte e das turmas recursais dos juizados especiais cíveis.

Não está prevista de forma expressa na CF, mas decorre de interpretação sistemática da ordem jurídica. Isso porque cabe ao STJ uniformizar a jurisprudência, e, nesse sentido não cabe Resp das decisões das turmas recursais, somente, RE, devendo, nesses casos invocar contrariedade á CF.

Ocorre que há entendimentos de turmas em contraposição ao entendimento pacífico do STJ. Esse descompasso é extremamente maléfico, na medida em que há tratamentos desiguais entre iguais.

Na esfera federal esse problema não é grave, pois a lei 10.259/01 prevê o pedido de uniformização de jurisprudência de interpretação de lei federal no âmbito dos juizados especiais federais (art. 14). Ocorre que a lei 9.099/95 não prevê tal solução.

Nesse contexto foi editada a referida resolução. A RCL nesse caso possui certa feição recursal.

15 dias a partir da ciência sendo dispensado o preparo.

O relator pode rejeitar monocraticamente, sendo possível condenar em má-fé.

É possível concessão de efeito suspensivo de ofício ou a requerimento, para suspender a tramitação de todos os processos em que esteja instalada a mesma controvérsia, salvo os já julgados.

A notícia da instauração da RCL deve ser divulgada no portal do STJ e no DO para propiciar a manifestação de interessados em 30 dias.

O MP pode ser instado a se manifestar.

O acórdão de julgamento conterá súmula sobre a questão controvertida.

Conterá pauta de julgamento e pode sustentação oral.

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Ação Monitória

Está prevista nos artigos 1.102 A e C do CPC.

Trata-se de procedimento próprio a tutelar o credor de relação obrigacional (pecuniária ou de dar coisa), cujo vínculo está demonstrado por prova escrito sem eficácia de título executivo.

Embora possa se valer da formação da certidão de DA e da cobrança por executivo fiscal, há relações de crédito do Estado que não se enquadram no conceito de dívida ativa, sendo então cabível a propositura da ação monitória.

Ação monitória em face do poder público

STJ – 339 - É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública

Os embargos monitórios têm natureza de defesa, sendo então aplicado o prazo em quádruplo.

Esses EM não representam direito de ação, não instauram nova relação jurídica.

Além disso, o STJ disse que cabe reconvenção nos embargos (natureza de defesa).

Isenção de custas e honorários para pagamento espontâneo

Em relação ao ente público, não basta o reconhecimento da dívida para eximi-lo do pagamento de custas e honorários advocatícios.

Entende-se que o ente público deve efetuar o pagamento integral da dívida, através de dotação orçamentária já existente no momento da formação do título.

§ 1o Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios. (Incluído pela Lei nº 9.079, de 14.7.1995)

Forma de pagamento

Precatório ou RPV.

Após a constituição do título o adimplemento da obrigação pecuniária segue o rito do artigo 730.

Quem é contrário ao procedimento monitório contra fazenda aduz:

1. Falta de interesse de agir uma vez que o ente não pode atender voluntariamente;

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2. Diante da não produção dos efeitos da revelia, a ausência de EM não poderia levar a imediata formação do título.

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Mandado de Segurança

Conceito e natureza jurídica

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

É um direito fundamental a um procedimento especial.

Formas de tutela

Preventivo ou repressivo. Individual ou coletivo.

Direito líquido e certo

Aquela situação jurídica cuja demonstração e comprovação pode ser feita de plano, mediante prova documental.

É uma condição da ação verificada no interesse de agir.

Qualquer matéria pode ser levada, independentemente de sua complexidade STF 625.

Há situação excepcional em que a demanda é proposta através de petição inicial que não vem acompanhada de documentos comprobatórios do direito alegado, e, ainda assim, é admissível a via do mandado de segurança. Trata-se do caso em que os documentos estão em poder da administração.

Art. 6o  A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. 

§ 1o  No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. 

§ 2o  Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. 

Residual em relação ao HC e HD

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HC liberdade de locomoção

HD obtenção e retificação de dados

Ilegalidade ou abuso de poder

Qualquer ato administrativo, discricionário ou vinculado, que não obedeça á CF ou á legislação infraconstitucional pode ser objeto.

Autoridade Pública

Por meio de sua identificação é que se fixa a competência.

Art. 1o  Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. 

§ 1o  Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. 

§ 2o  Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. 

Art. 6, § 3o  Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. 

O conceito chave é o exercício da função pública, seja em toda sua atividade seja em apenas parte dela. Engloba agentes da administração direta e indireta, bem como particulares, pessoas naturais e jurídicas.

A autoridade coatora não é o mero executor da ordem, mas sim aquele que pratica o ato ou dá ordem para sua prática. Aquele que tem poder de decisão.

O ato que enseja MS é o ato ilegal ou abusivo, e não o mero executório.

Ato administrativo complexo vontades de mais de um órgão administrativo. A autoridade coatora é aquela que deve produzir a última manifestação de vontade.

Omissão aquela que possui competência para a prática do ato.

Prazo de impetração

120 dias, contados da ciência do ato ilegal ou abusivo pelo interessado. É decadencial (majoritário).

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Seu decurso não é suspenso ou interrompido.

O início da contagem se dá a partir do momento em que o ato se tornou capaz de produzir efeitos e afetar a esfera patrimonial do impetrante.

Se houver recurso administrativo com efeito suspensivo não é permitido o MS pois seu direito ainda não está lesado ou ameaçado. Decidida a questão administrativamente, notificado o interessado, inicia-se o prazo.

Atos de trato sucessivo onde há a prática de atos que violam sucessivamente o direito, o prazo para impetração também se renova sucessivamente. V.g mensalmente a AP faz um desconto no pagamento do servidor. A cada nova lesão há novo prazo.

Diversa é a situação em que há declaração expressa da AP contrária ao direito pleiteado pelo servidor. No exemplo acima, se o servidor faz pedido á AP e esta rejeita sua pretensão, o prazo para impetração se inicia com essa decisão e não se renova sucessivamente. Nesse caso, a violação é única.

Em relação a omissão não há prazo para impetração.

Algumas hipóteses:

Ato legislativo

Lei em tese, não é atacável uma vez que não se caracteriza como ato ilegal ou abusivo.

Diversa é a situação do ato administrativo baseado na lei, este pode ser acatado. A contagem é a partir da prática do ato, e não da edição da lei.

É de se dizer que há lei e atos normativos de efeitos concretos destinatários certos. Nesse casos funcionam como verdadeiros atos administrativos que atingem diretamente o particular. Em relação a eles é possível o MS. 120 dias a partir da data em que o ato normativo passou a produzir efeitos.

É de se lembrar, ainda, o MS impetrado por parlamentares para garantir higidez do processo legislativo.

Ato que caiba recurso administrativo

Art. 5o  Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: 

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; 

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Transcorrido o prazo sem interposição de recurso administrativo, ou havendo renúncia o titular do direito pode impetrar MS. O que não se admite é a concomitância do recurso com efeito suspensivo e o MS.

Ato judicial

Art. 5o  Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: 

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 

Não é cabível quando ao recurso puder ser atribuído efeito suspensivo.

Excepcionalmente, o MS é cabível contra decisão judicial diante da inexistência de recurso apto a tutelar o direito do interessado. É o caso de terceiro prejudicado, cujo prazo recursal já se tenha esgotado.

STJ – 202 - A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona à interposição de recurso.

Doutrinariamente (com ecos no STJ) se admite o uso do MS da decisão do relator que:

1. Converte o AI em retido;2. Concede efeito suspensivo

3. Defere antecipação da tutela recursal

Para o STJ o cabimento do MS contra ato judicial depende de 2 requisitos, além dos pressupostos:

1. Inexistência de recurso adequado á impugnação da decisão judicial;2. Demonstração de que a decisão é teratológica, por abuso de poder ou

ilegalidade.

Juizados Especiais tem sido utilizado com freqüência ante a ausência de recurso próprio.

STJ - 376 - Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.

Não é cabível contra decisão com transito em julgado (STF 268, art. 5, III, 12.016/09).

Não há necessidade de notificação da pessoa jurídica de direito público a que pertence o juízo que praticou o ato impugnado (falta interesse processual na participação do ente público). Há, apenas, o litisconsórcio passivo entre a autoridade coatora e o beneficiário do ato impugnado.

Ato Disciplinar

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A antiga lei previa a possibilidade somente quanto aos aspectos da forma ou competência. É dizer, não admitia em relação ao mérito. A atual lei, em silêncio eloqüente nada previu.

Compensação Tributária

STJ – 213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária.

A súmula se limita a declarar o direito á compensação. Se o contribuinte espontaneamente efetuar a compensação, por sua conta e risco, não se pode impedir que haja a fiscalização da fazenda pública.

STJ - 460 - É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte.

O objeto do MS pode ser a declaração do direito a compensar, mas não pode limitar o direito do poder público de verificar a acuidade da operação realizada pelo contribuinte.

Partes

Em regra, os atores são: impetrante, autoridade coatora, pessoa jurídica de direito público e o MP.

Legitimidade Ativa

Pode ser impetrado por qualquer sujeito de direitos, independentemente de personalidade jurídica. Além de legitimados ordinários, há os extraordinários.

A jurisprudência já consagrou o cabimento do MS por órgãos públicos para a tutela de competências e prerrogativas decorrentes do exercício de sua função pública. A eles é conferida personalidade judiciária, embora não possuam personalidade jurídica própria.

De igual modo o MS pode ser impetrado por pessoa jurídica de direito público para defesa de prerrogativa institucional.

O mesmo raciocínio pode ser utilizado em relação aos tradicionais entes despersonalizados: espólio, massa falida, condomínio, etc.

O litisconsórcio ativo, só é possível até o despacho liminar positivo:

Art. 10, § 2o  O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. 

Legitimidade Passiva

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No passado entendia-se que o réu era a autoridade coatora que praticava o ato, hoje, majoritariamente, entende-se que é a pessoa jurídica á qual a autoridade coatora pertence, isso porque o agente não atua em nome próprio, mas no nome da entidade (é a pessoa jurídica que responde ao comando judicial emanado, outrossim, as conseqüências jurídicas e financeiras são suportadas pela pessoa jurídica, a coisa julgada se forma entre o impetrante e a pessoa jurídica, a autoridade coatora é apenas notificada para prestar informações. Para esse ato não precisa de advogado, é que as informações não devem ser vistas como meio de defesa, mas meio de prova para exame do juízo (há que defende ser meio de defesa). Não se faz qualquer pleito nas informações).

Há doutrina que entende ser hipótese de litisconsórcio necessário. Eles justificam que a autoridade coatora pode recorrer. Ocorre que isso apenas reforça que não é réu, pois não precisaria ser estendido a ela o poder de recorrer caso fosse réu.

É tormentosa a questão da indicação correta da autoridade coatora visto as inúmeras ramificações da AP. O STJ sedimentou a aplicação da teoria da encampação, cujo objetivo é evitar a extinção de inúmeros MS por inadequação da indicação da autoridade coatora. Requisitos:

1. Existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as informações e a que ordenou a prática do ato impugnado;

2. Ausência de competência estabelecida na Constituição

3. Defesa do mérito do litígio nas informações prestadas.

Na visão do STJ a indicação errada da autoridade coatora, em regra, leva á extinção do processo sem resolução do mérito. A exceção para que não ocorra a extinção está relacionada justamente aos requisitos da teoria da encampação.

Diferentemente do que pensa o STJ, a doutrina diz que deve prevalecer a indicação correta da pessoa jurídica a qual pertence a autoridade coatora, ainda que esta (autoridade coatora) tenha sido equivocadamente indicada.

-- Litisconsórcio passivo

Art. 24.  Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei n o   5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.  

STF – 631 - Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.

Compete ao impetrante promover a citação do litisconsorte passivo necessário. Por promover a citação entenda: efetuar o requerimento ao juízo, indicar o endereço, recolher as custas para a prática do ato, juntar contra-fé.

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Ministério Público

Atual como custus legis.

Art. 12.  Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias. (após o prazo para prestar informações)

Parágrafo único.  Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias. 

É suficiente a intimação do MP para se manifestar.

Competência

É fixada a partir da autoridade apontada como coatora. É em razão da função exercida pela autoridade coatora.

A verificação é feita a partir da constatação de qual pessoa jurídica de direito público deverá suportar as conseqüências da ordem judicial.

É precisão observar ainda se a autoridade coatora possui prerrogativa de foro, á luz da CF ou constituição estadual, de modo a se aferir se a competência originária.

Há duas exceções á aplicação do critério funcional adotado para fixação de competência no MS: impetração em matéria eleitoral e trabalhista.

A indicação errônea da autoridade coatora não deve levar á extinção do processo, mas sim á remessa dos autos ao juízo competente.

Petição Inicial

Segue os mesmo parâmetros do CPC.

Caso os documentos necessários á prova do direito estejam em poder de terceiros (particular ou ente público), a impetrante deve informar ao juízo para que seja expedido ofício ordenando a exibição do documento. Se o documento estiver em poder da própria autoridade apontada como coatora, a ordem de exibição será feita na própria notificação.

§ 1o  No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. 

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§ 2o  Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. 

A PI deve ser apresentada em duas vias, ambas com a prova documental objetiva dar celeridade ao procedimento. Uma será autuada e a outra irá para a autoridade coatora.

Além disso, uma terceira via é enviada ao órgão de representação da pessoa jurídica interessada, sem os documentos, para que se manifeste no feito.

Na prática o advogado irá imprimir 4 vias (autos, autoridade, pessoa jurídica, uso próprio) e possuir três vias da documentação (autos, autoridade coatora, próprio).

PI pode ser por meio eletrônico.

Art. 7o  Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 

I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; 

II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; 

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. 

Informações e defesa

A notificação equivale a citação do réu no MS.

A natureza jurídica é de meio de prova, embora, majoritariamente seja reconhecido como meio de defesa.

O que causa grande confusão é que na maioria das vezes, a autoridade coatora efetua a defesa jurídica do ato em suas informações, inclusive as informações vão subscritas por advogados.

Na verdade, ambas não se confundem. No âmbito das informações, a autoridade coatora presta esclarecimentos sobre os fatos narrados na petição inicial. Suas informações não precisam ser subscritas por advogado; ao contrário, devem ser subscritas pela própria autoridade e conter a descrição dos fatos narrados á luz da visão do órgão apontado como coator.

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Por sua vez, a defesa do ato jurídico propriamente dito, deve ser feita pelo órgão de representação judicial em peça própria, sua contestação. Nessa peça de defesa é que devem ser alegadas questões jurídicas, como inépcia, incompetência, coisa julgada, etc.

O prazo para informações é de 10 dias. Contados como no CPC.

Em relação á apresentação da defesa pelo pessoa jurídica não há prazo na lei.

De qualquer forma a não apresentação das informações ou da defesa não gera a presunção de veracidade em favor do impetrante.

Medida Liminar

Art. 7o  Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. 

Requisitos:

1. Fundamento relevante2. Possibilidade de o ato impugnado resultar ineficácia da medida, caso finalmente

deferida.

Pode ter natureza de TA ou cautelar.

A caução é apenas uma medida assecuratória, não um terceiro requisito.

Quanto aos requisitos para concessão são os mesmo para as medidas urgentes: fumus e periculum.

A concessão da liminar acarreta prioridade na tramitação do julgamento (art. 7, 4).

Art. 8o  Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem. 

Concedida a liminar, após a notificação da autoridade coatora, esta dispõe de 48h para remeter cópia da notificação e de informações que auxiliem a suspensão da medida e a defesa do ato impugnado ao órgão a que se acha subordinada e ao órgão de representação judicial.

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Art. 7, § 3o  Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença. Exceto se revogada ou cassada. Outrossim, a liminar perde sua eficácia diante da prolação da sentença.

STF – 405 -  Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária

Sentença

Mandamental contém uma ordem do juízo para a pessoa jurídica.

Art. 13.  Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada. 

Parágrafo único.  Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei. 

Art. 4o  Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada. 

§ 1o  Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade. 

Não há condenação em honorários advocatícios, mas nada impede eventual condenação em litigância de má-fé. (STF 512, STJ 105).

Coisa Julgada

Art. 6, § 6o  O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito. 

Art. 19.  A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. 

Ausência de direito líquido e certo é tema de condições da ação (interesse de agir). A sentença assim proferida permite ao interessado ingressar novamente em juízo.

Reexame Necessário

Art. 14.  Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. 

§ 1o  Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição

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Concedida reexame. Ainda que se trate de ato de SEM ou EP, pessoa jurídica de direito privado, quando no exercício de função pública.

As hipóteses de dispensa do reexame não se aplicam ao MS (475, 2 e 3). Isso é muito criticado pela doutrina, que fala que é o próprio legislador quem definiu.

Recursos

-- Decisão interlocutória

Art. 16.  Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. 

Parágrafo único.  Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre. 

O PU revogou a súmula 622 do STF.

-- Sistemática recursal da sentença

Sentença apelação só no devolutivo quando deferida a segurança, exceto quando vedada a liminar (onde terá duplo efeito).

Art. 14.  Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. 

§ 1o  Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. 

§ 2o  Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. 

§ 3o  A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. 

§ 4o  O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial. 

Art. 7, § 2o  Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 

Art. 7, § 5o  As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei n o   5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.  

Quanto a sentença for desfavorável ao impetrante há boa doutrina dizendo que deve ser recebida no duplo efeito, mas o STJ diz que é só no devolutivo, somente podendo ser concedido o efeito suspensivo de forma excepcional onde haja fumus e periculum.

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Art. 20, § 1o  Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator dispensa relator.

--- Sistemática recursal no MS originário

Julgado improcedente o pedido recurso ordinário (CPC, art. 535)

Para STJ decisões de tribunais estaduais e regionais federais

Para STF decisão do STJ.

Quando o acórdão é favorável ao impetrante, o impetrado não dispõe do ROC, mas tão somente dos recurso especial e extraordinário. Onde não haverá reexame de provas e as hipóteses de admissibilidade são menores.

--- Embargos Infringentes

Art. 25.  Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé. 

--- Extensão da legitimidade recursal á autoridade coatora

Visa modificar para preservar eventual responsabilidade pela prática do ato declarado ilegal ou abusivo. Assim, é necessário demonstrar interesse recursal diverso do ente público.

--- Contagem do prazo recursal

O início da contagem do prazo para recurso é distinto para impetrante e impetrado.

Impetrante Intimado por DO.

Impetrado 5 turma: DO

2 turma: intimação pessoal

Em relação a decisão denegatória o prazo varia de acordo com a pessoa que ocupa o pólo passivo da ação. União possui prerrogativa de intimação pessoal sempre. Estados e municípios tem que ver a legislação própria, do contrário a contagem do prazo da sentença denegatória se inicia com a publicação do DO.

As pessoas jurídicas de direito privado não gozam de intimação pessoal DO

A previsão da intimação pessoal da sentença concessiva, contudo, é aplicado a todos indistintamente.

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Pedido de suspensão

Art. 15.  Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. 

Execução

É preciso verificar a pretensão:

Ordem art. 461, 4 a 6.

Desconstitutiva a sentença basta

Condenatório a tutela somente pode abranger prestações que se vencerem a partir do ajuizamento.

Art. 14, § 4o  O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial. 

STF – 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

STF – 271 - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria.

Os valores englobados pela sentença são pagos por precatórios ou RPV.

Mandado de Segurança Coletivo

Voltado a tutela dos direito coletivos lato sensu.

Legitimidade ativa:

1. Partido político com representante no CN2. Organização sindical

3. Entidade de classe

4. Associação legalmente constituída e em funcionamento há 1 ano.

5. MP doutrina e jurisprudência

6. Defensoria doutrina e jurisprudência

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Art. 21.  O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. 

Parágrafo único.  Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: 

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; 

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. 

Art. 22.  No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. 

§ 1o  O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. 

§ 2o  No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. 

Ainda que não diga direito difuso este faz parte do objeto do MS coletivo.

O MS coletivo não provoca litispendência em relação ao MS individual. O individual é intimado em 30 dais, para optar se prossegue ou desiste. Se prosseguir, a coisa julgada coletiva não o atingirá.

A coisa julgada opera secundum eventum litis e sempre in utilibus, ou seja, apenas em benefícios dos substituídos.

Ultra partes substituídos.

Como a doutrina entende cabível em relação aos direito difusos a sentença produzirá efeitos erga omnes.

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JUIZADOS ESPECIAIS

Juizados Especiais Federais

Competência

O critério valor e complexidade são utilizados simultaneamente pelas leis do juizado para delimitar sua competência.

Causas até 60 salários mínimos, exceto se envolver:

- Causas que envolvam Estado estrangeiro ou OI e município ou pessoa domiciliada ou residente no país.

- Causas relativas a tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou OI

- Ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos;

- sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;

- para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal;

- que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.

A competência do juizado é absoluta nos locais em que estiver instalado (art. 3, 3).

STJ – 428 - Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

A lei n. 10.259 permite ao jurisdicionado optar pela propositura da demanda no juizado especial federal mais próximo ou perante o juízo estadual, mas neste último caso o procedimento a ser aplicado não é o previsto na lei especial (art. 20).

Em caso de declaração de incompetência do juízo, não há remessa dos autos ao juízo competente, mas sim a extinção do feito sem resolução do mérito. A previsão do art.51 da lei 9.099/95 se aplica a todos os juizados.

Legitimidade

Ativa pessoa física, microempresa e das empresas de pequeno porte.

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Em doutrina, entende-se que também possuem legitimidade ativa as OSCIP e as sociedades de crédito ao micro empreendedor, com base no microssistema dos juizados, pois esses entes integram os legitimados da 9.099/95.

Em relação á legitimidade ativo do incapaz há divergência. Embora parte da doutrina entenda incabível, outra parte, bem como a jurisprudência entende perfeitamente possível. É o enunciado n. 10 do FONAJEF:

O incapaz pode ser parte autora nos Juizados Especiais Federais, dando-se-lhe curador especial, se ele não tiver representante constituído.

Passiva União, autarquias, fundações e empresas públicas.

O ente federal não pode propor demanda em face de um particular nos juizados especiais federais.

O litisconsórcio ativo é plenamente admitido. O valor da causa deve ser fixado por autor (FONAJEF 18).

O litisconsórcio passivo também é possível e pode contemplar tanto a presença de entes públicos como a de ente público ao lado de ente privado.

Não é cabível qualquer forma de assistência e de intervenção de terceiros.

Procedimento

A PI pode ser escrita, eletrônica ou oral (art. 14, 3, 9.099/95).

Dispensa de advogado nos juizados especiais:

Federal todos os procedimentos de 1 grau.

Estaduais até 20 salários mínimos

Em ambos precisa de advogado em grau recursal.

Citação

Recebida a PI designa-se audiência de conciliação, devendo o ente público ser citado com antecedência de 30 dias (art. 9). Esse é o único prazo diferenciado para o ente público.

Pode ser por meio eletrônico.

Audiência e produção probatória

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A 1 audiência tem escopo de conciliar as partes. Se não houver, o ente apresenta sua defesa, sendo designada data para audiência de instrução e julgamento.

Se houver necessidade de prova pericial o juiz designará profissional habilitado, cujos honorários serão pagos antecipadamente pelo próprio tribunal. Caso o ente seja sucumbente, o valor antecipado será ressarcido ao tribunal.

Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, independentemente de intimação das partes.

§ 1o Os honorários do técnico serão antecipados à conta de verba orçamentária do respectivo Tribunal e, quando vencida na causa a entidade pública, seu valor será incluído na ordem de pagamento a ser feita em favor do Tribunal.

§ 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social, havendo designação de exame, serão as partes intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes.

Caso haja documentos em poder do ente público que sejam importantes para a resolução do litígio, estes deverão ser fornecidos ao juízo (art. 11).

Concessão de medidas urgentes

Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação.

Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido recurso de sentença definitiva.

Embora diga a respeito das cautelares é pacífico que atende as urgentes.

Contra decisão cabe AI em 10 dias.

Sentenças e recursos

Sem reexame (art. 13). Dispensa relatório e a fundamentação é concisa (art. 38, 9.099).

Recurso Inominado em 10 dias. Será dirigido a turma recursal.

ED suspende (não interrompe) contra sentença.

Cabe pedido de uniformização de jurisprudência, quando houver divergência de entendimento entre turmas recursais sobre o direito material em exame (art. 14). A competência para julgar o pedido de uniformização é:

- Se a divergência for entre julgados de turmas da mesma região reunião conjunta das turmas em conflito.

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- Se a divergência for entre turmas de regiões diferentes ou entre acórdão recorrido e entendimento do STJ Turma Nacional de Uniformização

- Quando o julgamento da turma contrariar súmula ou entendimento dominante do STJ o julgamento é no STJ

- Não cabem embargos infringentes construção doutrinária. Celeridade.

- Cabe RE o difícil é demonstrar repercussão geral.

Execução

Deve observar o conteúdo da condenação imposta:

- Fazer, não-fazer e entregar coisa o juízo expede ofício a autoridade com cópia da sentença ou acordo (art. 16)

- Pagamento de quantia RPV, precatório, ou pode renuncias ao excedente.

JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA PÚBLICA

Competência

É fixada a partir de dois critérios: econômicos (pequeno valor) e material (direito afirmado em juízo).

60 salários mínimos, exceto (art. 2, 1):

I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos;

II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;

III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.

A competência onde houver a vara é absoluta (art. 3, 4).

Os juizados devem ser instalados em 2 anos, mas, durante os primeiros 5 anos de vigência da lei (junho de 2010 a junho de 2015), os tribunais de justiça poderão limitar a competência dos juizados. (arts. 22 e 23). A lei veda a remessa de processo já em tramite ao juizado (art. 24).

Composição

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Art. 15.  Serão designados, na forma da legislação dos Estados e do Distrito Federal, conciliadores e juízes leigos dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, observadas as atribuições previstas nos arts. 22, 37 e 40 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

§ 1o  Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 2 (dois) anos de experiência.

§ 2o  Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante todos os Juizados Especiais da Fazenda Pública instalados em território nacional, enquanto no desempenho de suas funções.

Legitimidade

Ativa pessoa física, microempresa e empresa de pequeno porte.

Passiva Estados, DF, municípios, suas autarquias e fundações e empresas públicas.

O ente público não pode propor demanda em face do particular.

Litisconsórcio Ativo divergência. O dispositivo que falava que o teto era individual foi vetado. Assim, alguns falam que é o valor global outros dizem que é o individual.

Não cabe assistência ou intervenção de terceiros.

Procedimento

Como não traz regra específica a respeito dos advogados aplica-se o art. 10 da lei 10.259/01, que permite postular sem advogado no primeiro grau.

Recebida a PI, designa-se audiência de conciliação, devendo o ente público ser intimado com antecedência de 30 dias é o único prazo específico concedido ao ente público (não há prazos diferenciados para atos processuais nem recursos).

A concessão de medidas urgente segue o regime do juizado federal.

Execução

Fazer, não-fazer e entregar coisa ofício á autoridade com cópia da sentença ou acordo.

Pagar precatório ou RPV. O Juizado é competente para julgar até 60 salários mínimos. Ocorre que cada ente tem competência para editar o valor das RPV. Não editando: 40 salários mínimos para os estados e 30 para os municípios.

A parte pode renunciar ao excedente.

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DESAPROPRIAÇÃO

Art. 5, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.

§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.

§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.

§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

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I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;

II - a propriedade produtiva.

Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.

Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei

Doutrinariamente se dividem em:

1. Ordinária realizadas por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, com prévia indenização em dinheiro (5, XXIV).

2. Extraordinária decorrentes do inadequado aproveitamento do solo urbano (182) e da improdutividade do imóvel rural (184).

O art. 243 trata de expropriação, pois não há indenização.

Modalidade Constituição Legislação infraconstitucional

Observações

Necessidade ou utilidade pública

Art. 5, XXIV Dec-lei n. 3.365/41

Interesse Social Art. 5, XXIV Lei n. 4.132/62 Segue o procedimento do dec-lei n. 3.365/41

Urbanística Art. 182, 4, III Lei n. 10.257/01 Segue o procedimento do dec-lei n. 3.365/41

Reforma Agrária Art. 184 LC 76/93 Matéria regulada por LC

Expropriação Art. 243 Lei n. 8.257/91

Utilidade pública ou interesse social

O procedimento para desapropriação é dividido em 2 fase: administrativa e judicial.

A administrativa consiste em processo administrativo para verificação de um dos requisitos necessários á desapropriação: necessidade ou utilidade pública ou interesse social.

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A declaração de utilidade ou interesse social é feita por decreto do poder executivo (art. 8). A efetivação da desapropriação é ato discricionário da Administração. Assim, nada é devido pela simples edição do decreto.

Querendo a transferência do bem, o poder público pode celebrar acordo com o particular para pagamento em dinheiro.

Encerrada a fase administrativa com a declaração expropriatória, sem acordo quanto ao valor, passa-se a fase judicial.

-- Caracterização da utilidade pública e do interesse social

Tem objetivo de atender o interesse público em determinada situação de fato. Os diplomas legais que regem tais situações trazem um elenco que caracterizam utilidade pública ou interesse social.

No dec-lei 3.365, o art. 5 delimita hipóteses em que se caracteriza a utilidade pública:

        a) a segurança nacional;

        b) a defesa do Estado;

        c) o socorro público em caso de calamidade;

        d) a salubridade pública;

        e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência;

        f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica;

        g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;

        h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;

        i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o loteamento de terrenos edificados ou não para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética;

        i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o loteamento de terreno, edificados ou não, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais. (Redação dada pela Lei nº 6.602, de 1978)

        i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais; (Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)

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        j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;

        k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza;

        l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;

        m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios;

        n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves;

        o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária;

        p) os demais casos previstos por leis especiais.

Por sua vez, o rol de casos que caracterizam interesse social consta do art. 3 da lei 4.132/62:

I - o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico;

II - a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola, VETADO;

III - o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola:

IV - a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias;

V - a construção de casa populares;

VI - as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela conclusão de obras e serviços públicos, notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação armazenamento de água e irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas socialmente aproveitadas;

VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais.

VIII - a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas. (Incluído pela Lei nº 6.513, de 20.12.77)

O processo administrativo verifica uma dessas hipóteses, a fim de expedir o decreto expropriatório.

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É comum o poder público dar ao imóvel outra destinação. Desde que essa destinação seja para atender ao interesse público, o particular não tem direito de retrocessão.

-- Prazo da propositura da demanda judicial

Necessidade ou utilidade Pública 5 anos da expedição do decreto (DL, art. 10)

Interesse Social 2 anos

Caso não seja efetivada, nova declaração de necessidade ou utilidade somente pode ser efetivada após decorrido 1 ano da data em que o decreto caducou (art. 10, DL). A natureza desse prazo é decadencial.

--- Legitimidade das partes

Ativo ente público, concessionária no exercício da função delegada, mediante autorização expressa em lei ou contrato (art. 3, DL).

Passivo proprietário do bem.

A União pode desapropriar bens dos estados e DF, ao passo que estes podem desapropriar dos municípios. A recíproca, contudo, não é verdadeira.

--- Competência

Inicialmente é verificada pelo ente expropriante.

União ou outro ente federal justiça federal

Estado, DF ou município justiça estadual

Delegação do poder público, ainda que da União, para o concessionário justiça estadual.

O juízo é aferido com base no critério de localização do bem (CPC, art. 95). Em relação a desapropriação não há competência delegada da justiça federal para a estadual. Assim, se o bem não estiver situado em cidade sede de justiça federal, a ação de desapropriação deve ser proposta na seção judiciária da justiça federal com competência para aquela região.

Ente público x ente público

Expropriante Expropriado Competência Base legal

União Estado ou DF STF CF, art. 102, I, f

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União Município Justiça Federal CF, art. 109, I

Estado ou DF Município Justiça Comum Competência residual

Na prática, será preciso observar a divisão judiciária do local em que a demanda vai ser proposta, a fim de verificar se há vara de fazenda pública, matéria, etc.

Procedimento

Segue o rito ordinário do CPC (art. 19). O que se quer saber é qual valor deverá ser efetivamente pago pelo ente público, em vistas do princípio da justa indenização.

--- Petição Inicial

Segue CPC. Deve-se juntar cópia do decreto expropriatório e a planta dos bens com suas confrontações. Além disso, a PI deve conter a oferta de preço que o ente público pretende pagar pelo bem (art. 13).

--- Citação

Deve ser feita ao proprietário do bem. A mulher, bem como demais co-proprietários, devem ser citados (apesar do art. 16 dizer que não precisa).

--- Contestação

Embora seja ordinário, a amplitude da cognição do procedimento não é a do regime comum. No plano horizontal, a cognição é limitada á discussão sobre o valor da indenização.

O réu tem 15 dias para contestar. Pode alegar qualquer preliminar, mas no mérito somente pode ser o valor (art. 20, DL). Quaisquer outras matérias devem ser levadas ao judiciário por ação própria.

Diante dessa limitação cognitiva é incabível a reconvenção.

A jurisprudência, contudo, consagrou que é possível a alegação do direito de extensão (na via administrativa ou na contestação) hipóteses em que o ente público pretende a desapropriação parcial do bem, mas a parte remanescente é imprestável ao particular, de modo que este pode pretender que a expropriação alcance todo o imóvel.

A ausência de contestação induz á revelia do réu. Não se verifica, porém, o efeito material da revelia o valor ofertado não é tido como correto. A perícia é imprescindível, somente é dispensada em caso de aceitação expressa do réu.

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--- Participação do MP

Não há consenso sobre a necessidade de intervenção do MP.

Utilidade Pública ou interesse social a lei não exige

Fins de reforma agrária a lei exige

Em doutrina, exige-se a participação do MP, seja pelo artigo 82, III, CPC, seja porque a LC 76 (que exige) é a que mais está afinada com a CF.

Para o STJ, o conflito de interesses presente do processo de desapropriação é eminentemente econômico não há necessidade de MP

--- Imissão provisória na posse

A desapropriação comporta tutela antecipada para que o ente público seja imitido na posse provisoriamente.

A imissão provisória na posse recebe tratamento distinto em razão do tipo de imóvel:

- Prédio residencial urbano decreto-lei n. 1.075/70

- Imóvel residencial em zona rural art. 15 do dec-lei n. 3.365/41

O procedimento comum de imissão provisória na posse é regulado pelo artigo 15 do dec-lei 3.365/41:

Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na posse dos bens;

§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito: (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)

a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, caso o imóvel esteja sujeito ao impôsto predial; (Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)

b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, estando o imóvel sujeito ao impôsto predial e sendo menor o preço oferecido; (Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)

c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do impôsto territorial, urbano ou rural, caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior; (Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)

d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado originàlmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel. (Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)

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STJ – 652 - Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º,do Dl. 3.365/41 (Lei da Desapropriação por utilidade pública).

Em caso de imissão provisória, o réu faz jus ao recebimento de juros compensatórios, que objetivam recompor seu prejuízo pela perda antecipada da posse (art. 15-A).

Efetivada a imissão provisória, é necessário registrá-la no cartório de imóveis competentes (art. 15, 4).

Em relação ao imóvel residencial urbano, a imissão provisória tem a sistemática um pouco diversa.

Art 1º Na desapropriação por utilidade pública de prédio urbano residencial, o expropriante, baseado urgência, poderá imitir-se provisóriamente na posse do bem, mediante o depósito do preço oferecido, se êste não fôr impugnado pelo expropriado em cinco dias da intimação da oferta.

Art 2º Impugnada a oferta pelo expropriado, o juiz, servindo-se, caso necessário, de perito avaliador, fixará em quarenta e oito horas o valor provisório do imóvel.

Parágrafo único. O perito, quando designado, deverá apresentar o laudo no prazo máximo de cinco dias.

Art 3º Quando o valor arbitrado fôr superior à oferta, o juiz só autorizará a imissão provisória na posse do imóvel, se o expropriante complementar o depósito para que êste atinja a metade do valor arbitrado.

Art 4º No caso do artigo anterior, fica, porém, fixado em 2.300 (dois mil e trezentos) salários-mínimos vigentes na região, e máximo do depósito a que será obrigado o expropriante.

Art 5º O expropriado observadas as cautelas previstas no artigo 34 do Decreto-lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941, poderá levantar tôda a importância depositada e complementada nos têrmos do artigo 3º.

Parágrafo único. Quando o valor arbitrado fôr inferior ou igual ao dôbro do preço oferecido, é lícito ao expropriado optar entre o levantamento de 80% (oitenta por cento) do preço oferecido ou da metade do valor arbitrado.

Exige o pedido de urgência e o depósito do preço ofertado. Antes da concessão da liminar o juízo intima o réu para se manifestar no prazo de 5 dias. Se o réu impugnar o valor ofertado, o juízo determina a realização de avaliação prévia, que pode implicar na necessidade de o ente público complementar o depósito realizado inicialmente (art. 3).

--- Levantamento parcial do depósito

Realizado o depósito para a imissão na posse, o réu tem direito ao levantamento de parte desse montante. Mais uma vez a sistemática é um pouco diversa entre a lei geral de desapropriações e a desapropriação do imóvel residencial urbano.

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DL, art. 33, § 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15, observado o processo estabelecido no art. 34. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)

 Art. 34.  O levantamento do preço será deferido mediante prova de propriedade, de quitação de dívidas fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publicação de editais, com o prazo de 10 dias, para conhecimento de terceiros.

 Parágrafo único.  Se o juiz verificar que há dúvida fundada sobre o domínio, o preço ficará em depósito, ressalvada aos interessados a ação própria para disputá-lo.

--- Perícia

O objeto do processo é a aferição do valor justo a ser pago pelo ente público ao particular em razão da perda de propriedade. Por isso, a perícia é elemento essencial no curso do processo.

Os honorários devem ser custeados pelo expropriante e pagamento ocorre antes do início dos trabalhos.

STJ – 232 - A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos honorários do perito.

Nesse caso, não se aplica a prerrogativa do poder público de pagamento de custas ao final do processo (art. 27, CPC).

As regras gerais do CPC sobre produção probatória são aplicadas ao caso (420 a 439)

Sentença (aspectos da condenação)

Estabelece o valor da justa indenização. Na parte dispositiva o juiz deve fixa o valor da indenização, juros e correção monetária, condenação em honorários e custas.

-- Juros Compensatórios

Os juros compensatórios são devidos em razão da perda da posse pelo particular em virtude de imissão provisória (momento em que começam a incidir). Eles incidem até a data da expedição do precatório.

O valor, atualmente, é de:

12% a.a. exceto o período de 11/06/97 a13/09/01, onde será de 6% a.a.

- Eles incidem ainda que a propriedade seja improdutiva, salvo se a propriedade for impassível de qualquer atividade econômica.

-- Juros Moratórios

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Sua decorrência decorre do atraso do pagamento da indenização.

Seu valor é de 6% (art. 15-B) e são devidos a partir de 1 de janeiro do exercício seguinte onde deveria ter sido pago.

SV 17 - Durante o período previsto no parágrafo primeiro do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos

--- Correção Monetária

Objetiva recompor o valor real da dívida.

STF – 651- Em  desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez.

STJ - Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da indenização.

Os juros compensatórios e moratórios incidem conjuntamente, sendo cumuláveis, uma vez que suas naturezas são distintas.

STJ -12- Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios.

STF – 416 - Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização complementar além dos juros.

--- Honorários Advocatícios

§ 1o  A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil reais). (Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)

O teto do dispositivo está com a eficácia suspensa não há limitação de honorários.

A base de cálculo é a diferença entre a oferta e a indenização, além dos valores devidos a título de juros compensatórios e moratórios, tudo corrigido monetariamente. Sobre esse valor incide percentual de 0,5% a 5%.

--- Custas

Será ônus do réu caso aceite o preço, do contrário, aplica-se o princípio da sucumbência.

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- Não há julgamento ultra petita quando a fixação da indenização fica abaixo do que fora proposto inicialmente pelo poder público.

- O pagamento da indenização não está sujeito a tributação do IR.

- A verificação da propriedade do bem não faz coisa julgada, pois é examinada pelo juiz apenas na fundamentação pode ser discutida em outra demanda.

- Cabe apelação só devolutivo se o recorrente é particular e no duplo efeito se for o poder público (art. 28).

- O reexame necessário é exigido quando o valor fixado na sentença for o dobro do ofertado inicialmente pelo ente público (art. 28, 1).

--- Desistência da desapropriação

A desistência do poder público é possível até mesmo após o transito em julgado pode ser manifestada enquanto não tiver pagamento.

Desapropriação para fins de reforma agrária

Essa modalidade é baseada no interesse social (tal qual a do artigo 5, regulada pela lei 4.132), mas possui uma finalidade específica, que é a reforma agrária.

É regulada pela LC 73/93 e difere em vários aspectos das outras desapropriações.

--- Requisitos

É realizada em imóveis rurais que não estejam cumprindo sua função social (CF, 184). Ela possui dois requisitos específicos:

1. Imóveis de área rural o objetivo é fazer assentamento de família da zona rural2. Não cumprimento da função social

--- Legitimidade

União expedir o decreto

Incra propositura da ação judicial

Procedimento

O prazo para propositura é de 2 anos.

Competência da justiça federal. Qualquer outra ação relativa ao bem desapropriando deve ser distribuída por dependência.

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PI segue o CPC, além disso, deve haver o depósito do preço ofertado.

Art. 5º A petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de Processo Civil, conterá a oferta do preço e será instruída com os seguintes documentos:

I - texto do decreto declaratório de interesse social para fins de reforma agrária, publicado no Diário Oficial da União;

II - certidões atualizadas de domínio e de ônus real do imóvel;

III - documento cadastral do imóvel;

IV - laudo de vistoria e avaliação administrativa, que conterá, necessariamente:

a) descrição do imóvel, por meio de suas plantas geral e de situação, e memorial descritivo da área objeto da ação;

b) relação das benfeitorias úteis, necessárias e voluptuárias, das culturas e pastos naturais e artificiais, da cobertura florestal, seja natural ou decorrente de florestamento ou reflorestamento, e dos semoventes;

c) discriminadamente, os valores de avaliação da terra nua e das benfeitorias indenizáveis.

V - comprovante de lançamento dos Títulos da Dívida Agrária correspondente ao valor ofertado para pagamento de terra nua; (Incluído pela Lei Complementar nº 88, de 1996).

VI - comprovante de depósito em banco oficial, ou outro estabelecimento no caso de inexistência de agência na localidade, à disposição do juízo, correspondente ao valor ofertado para pagamento das benfeitorias úteis e necessárias. (Incluído pela Lei Complementar nº 88, de 1996).

A cognição no plano horizontal da contestação é mais ampla do que nas outras ações de desapropriação, pois o réu pode alegar qualquer matéria de defesa, exceto relativa a existência do interesse social declarado no ato expropriatório (art. 9).

O direito de extensão está expressamente previsto.

A intervenção do MP é obrigatória.

Lei 8.629/93, art. 2, § 6o  O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

STJ – 354 -    A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária.

Sentença

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O processo também gira em torno da justa indenização a ser paga pela perda da propriedade. O sistema de pagamento, contudo, é diferente:

O valor da terra nua é pago em títulos da dívida agrária.

As benfeitorias úteis e necessárias são pagas em dinheiro.

Os demais aspectos da condenação são os mesmos (juros, correção).

A recorribilidade da sentença e seus efeitos são os mesmo da desapropriação.

O reexame tem incidência mais rigorosa deve ocorrer se a indenização for 50% superior ao ofertado (art. 13, 1) (na desapropriação do DL somente se fosse o dobro).

Honorários em até 20% do valor da diferença (art. 19, 1).

Desapropriação para fins urbanísticos

§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

Requisitos:

1. Imóvel em área urbana2. Não edificado, subutilizado ou não utilizado.

Legitimidade ativa exclusiva do município.

Para se chegar á desapropriação é necessário utilizar outras formas para compelir o uso do solo: parcelamento ou edificação provisória e IPTU progressivo no tempo.

Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.

§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.

Expropriação de glebas com plantação ilegal

Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio

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de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.

Se o assentamento não for constituído em 120 dias do transito em julgado, o bem fica incorporado ao patrimônio da União para posterior utilização em sua finalidade social.

Desapropriação indireta

Trata-se de um fato administrativo, consistente na apropriação indevida pelo Estado de um bem particular, o que caracteriza um verdadeiro esbulho possessório.

Art. 35.  Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.

O STJ entende que a proteção possessória do particular somente está afastada quando o bem já se encontra afetado á finalidade pública e a medida é irreversível, hipóteses em que o particular faz jus a perdas e danos.

A conduta ilegal do Estado ocasiona a sua responsabilidade civil.

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AÇÃO POPULAR

Art. 5, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Objeto

1. Patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe;

2. Moralidade administrativa

3. Meio-ambiente

4. Patrimônio histórico e cultural

A ação popular não se confunde com a ação civil de improbidade nem com o MS coletivo, embora todas permitam o controle dos atos administrativo.

O MS tutela direito líquido e certo de qualquer pessoa frente á ocorrência de ilegalidade ou abuso de poder pela autoridade pública. No MS coletivo, tutelam-se direitos coletivos lato sensu, desde que líquidos e certos. Requisitos não exigidos na AP AIA que possuem ampla instrução probatória. Além disso, o rol dos legitimados é distinto.

STF – 101 - O mandado de segurança não substitui a ação popular.

AP x AIA possuem procedimentos e rol de legitimados distintos, a AP tem como legitimado o cidadão e o AIA tem o MP e a própria pessoa jurídica de direito público. Por fim, a AP busca a anulação do ato lesivo e o ressarcimento do desfalque patrimonial sofrido, ao passo que a AIA alcança a punição do agente por meio da suspensão dos direitos políticos, da perda da função e proibição de contratar com o ente público.

Competência

Não comporta distinções acerca de foro por prerrogativa de função, ou seja, não importa se a origem do ato questionado nos remete a agente público que goza de foro por prerrogativa de função. A competência originária será o juízo monocrático de primeiro grau (federal ou estadual).

STF competência excepcional. Nas hipóteses das alíneas n e f (interesse ou impedimento dos membros da magistratura local e conflito entre a União e entes federados).

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        § 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.

A simples propositura da ação prevenirá o juízo = AIA

LegitimidadeAtiva:

Cidadão título de eleitor ou documento equivalente. Não precisa estar assistido.

STF – 365 - Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

A ação popular visa à tutela de interesses difusos, assim, o cidadão é legitimado extraordinário, atuando como substituto processual.

É possível o litisconsórcio ativo facultativo.

Ao MP compete acompanhar como custus legis, de modo a zelar pela produção probatória e a buscar a responsabilização civil e criminal dos que praticarem atos lesivos.

Embora não seja legitimado a propositura o MP pode assumir a condução do processo, caso o autor desista ou o feito seja extinto sem resolução de mérito é o caso de legitimação ativa extraordinária subsidiária.

        Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.

Passiva:

Todos aqueles que tomaram participação no ato lesivo ou dele se beneficiaram litisconsórcio necessário e simples.

Pessoa Jurídica Interessada

A PJ de direito público ou privado pode optar:

1. Atuar no pólo passivo, em defesa do ato impugnado;2. Abster-se de contestar o pedido;3. Atuar ao lado do demandante, contra os réus.

O que baliza a opção de cada entidade é o interesse público mesma regra da AIA.

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Adotada uma posição, é ainda possível a entidade trocar de pólo é exceção ao princípio da estabilização da demanda.

Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda que hajam contestado a ação, promover, em qualquer tempo, e no que as beneficiar a execução da sentença contra os demais réus.

Procedimento

A PI deve apresentar como causa de pedir uma lesão ou ameaça de lesão a um dos direito difusos protegidos na AP. A AP busca uma sentença cujo conteúdo pode ser declaratório, desconstitutivo (constitutivo negativo) e ou condenatório (art. 11).

-- Documentação pertinente

Segue CPC. O autor deve anexar a documentação pertinente ao ato lesivo. Se não estiver de posse, pode requerer ás autoridades públicas certidões e informações sobre os atos que pretende impugnar. As informações somente poderão ser negadas se o interesse público impuser o sigilo, hipótese em que a ação pode ser proposta desacompanhada dos documentos, sendo possível ao magistrado, no despacho positivo liminar, requisitar tais informações.

-- Citação

Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas:

II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital com o prazo de 30 (trinta) dias, afixado na sede do juízo e publicado três vezes no jornal oficial do Distrito Federal, ou da Capital do Estado ou Território em que seja ajuizada a ação. A publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 (três) dias após a entrega, na repartição competente, sob protocolo, de uma via autenticada do mandado.

A citação por edital somente ocorrerá se os beneficiários forem desconhecidos ou estiverem em local incerto.

-- Prazo para defesa

Contestação em 20 dias, prorrogáveis por mais 20, a critério do juízo, em razão da dificuldade da produção de prova documental. O prazo é comum a todos os interessados, de modo que não são aplicáveis os artigos 188 e 191.

-- Medidas Urgentes

É sempre possível a concessão para preservar o direito material objeto da demanda ou a preservação da efetividade do processo.

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Art. 5, § 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. (Incluído pela Lei nº 6.513, de 1977)

Além disso, é possível o art. 273 e 798 do CPC.

-- Alegações Finais

V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a produção de prova testemunhal ou pericial, o juiz ordenará vista às partes por 10 (dez) dias, para alegações, sendo-lhe os autos conclusos, para sentença, 48 (quarenta e oito) horas após a expiração desse prazo; havendo requerimento de prova, o processo tomará o rito ordinário.

-- Sentença

A procedência do pedido leva a invalidação do ato impugnado e á condenação dos réus á reparação dos danos.

A AP se processa sem necessidade de adiantamento das custas processuais e do preparo. Se o autor for vitorioso, a sentença condenará os vencidos nos ônus sucumbenciais (honorários advocatícios + despesas judiciais e extrajudiciais).

Se perder, não haverá condenação em custas e honorários, exceto má-fé ou lide temerária, hipótese em que será condenado ao décuplo das custas.

-- Coisa julgada

Improcedente por falta de provas não há formação de coisa julgada material. Não precisa constar de forma expressa.

-- Reexame Necessário

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.  (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)

-- Recursos

A legitimidade não é apenas do cidadão e do réu. Qualquer outro cidadão e o MP podem recorrer.

-- Execução

Deve ser feito de acordo com o conteúdo.

Se anular o ato, a expedição de mandado ao órgão competente é suficiente para efetivar a prestação jurisdicional no plano material.

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Se houver condenação fase de cumprimento de sentença.

Resp 8970/SP – 1991

AÇÃO POPULAR - LITISCONSORTES PASSIVOS NECESSARIOS - DONATARIOS - INTEGRANTES DE TRIBUNAL DE CONTAS - ATO APROVADO PELO TRIBUNAL DE CONTAS - POSSIBILIDADE DE DESCONSTITUIÇÃO - DESVIO DE FINALIDADE - RESTRIÇÃO CONTIDA EM NORMA POSTERIOR AO ATO IMPUGNADO - INDENIZAÇÃO FEITA SEM O DEVIDO PROCEDIMENTO - NULIDADE PROCESSUAL.OS DONATARIOS DEVEM INTEGRAR A LIDE, COMO LITISCONSORTES NECESSARIOS, NO PROCESSO DE AÇÃO POPULAR EM QUE SE PRETENDE DESCONSTITUIR DOAÇÕES FEITAS PELO ESTADO.TAMBEM SE INSCREVEM NO ROL DE LITISCONSORTES PASSIVOS NECESSARIOSOS INTEGRANTES DO TRIBUNAL DE CONTAS QUE PARTICIPARAM DO ACORDÃO QUE APROVOU ATO SUJEITO A AÇÃO POPULAR.E LOGICAMENTE IMPOSSIVEL DESCONSTITUIR ATO ADMINISTRATIVO APROVADO PELO TRIBUNAL DE CONTAS, SEM RESCINDIR A DECISÃO DO COLEGIADO QUEO APROVOU; E PARA RESCINDI-LA, E NECESSARIO QUE NELA SE CONSTATEM IRREGULARIDADES FORMAIS OU ILEGALIDADES MANIFESTAS.

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AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Competência

São os estabelecidos pela CF e CPC. Não há foro por prerrogativa de função. Se o patrimônio lesado for federal a demanda deve ser na justiça federal, se estadual ou municipal.

Fixada a justiça apta a conhecer, a demanda deve ser proposta com base no local do dano, ou seja, na secção judiciária ou comarca onde ocorreu a lesão ao patrimônio público. Embora não haja previsão expressa na lei, a jurisprudência se utiliza do comando da ação civil pública em razão do princípio da celeridade, economia e efetividade processual.

O juízo se torna prevento com a simples propositura da demanda.

Legitimidade

Ativa:

MP ou pessoa jurídica prejudicada legitimidade extraordinária, concorrente e disjuntiva (podem ingressar em juízo de modo independente).

A legitimidade do MP alcança atos anteriores á CF/88.

A AIA possui causa de pedir própria, o ato de improbidade administrativa.

Passiva:

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Se o particular concorre com o servidor, ambos devem ser processados em litisconsórcio passivo, necessário e simples.

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Em relação aos agentes políticos há divergência entre doutrina e jurisprudência. Em campo doutrinário é amplamente majoritário o entendimento de que os agentes políticos devem ser processados com base na lei de improbidade.

O STF, em sua composição antiga, entende que os agentes políticos não estão submetidos á ação de improbidade, mas sim a lei n. 1.079/50 (crime de responsabilidade).

O STJ dá interpretação restritiva ao precedente, pois entende que não se aplica aos vereadores ou prefeitos, mas somente aos ministros de estado.

O agente público é demandado em nome próprio a defesa técnica do agente não pode ser realizada pela advocacia pública.

Participação do ente público no processo

Como na ação popular, pode assumir três posições:

1. Ingresso no pólo ativo há divergência quanto a forma de participação. Litisconsórcio facultativo ou assistente, amicus curiae, assistência litisconsorcial.

2. Omissão quanto á participação 3. Ingresso no pólo passivo e contestar a demanda é preciso que o ente público

justifique sua conduta com base em interesse legítimo, sob pena de descaracterizar seu papel constitucional.

Procedimento

Segue o procedimento ordinário. Contudo, possui algumas peculiaridades.

-- Representação do particular

Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.

§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.

§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.

§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.

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O dispositivo qualifica o direito de petição. A representação pode ser dirigida á autoridade administrativa competente ou ao MP (art. 22).

 Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.

Pena: detenção de seis a dez meses e multa.

Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

-- Petição Inicial

Tem como causa de pedir uma das condutas elencadas nos artigos 9, 10 e 11.

O pedido pode ser dirigido a diferentes cominações, a serem aplicadas isolada ou cumulativamente, conforme previsão do artigo 12.

A conduta administrativa que se pretende punir é aquela eivada de má-fé, voltada deliberadamente para o desrespeito á coisa pública e ao erário. Não é toda e qualquer conduta contrária a lei que deve ser punida, pois são recorrentes os casos em que o administrador está de boa-fé, mas é inábil na utilização dos mecanismos administrativos e jurídicos.

Além das cominações previstas na lei, é possível haver a cumulação com pedidos não constantes desse rol, v.g. anulação do ato administrativo viciado.

-- Juízo de admissibilidade

§ 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 10.  Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

A rejeição da ação leva á extinção do processo, de modo que o recurso cabível é a apelação. Essa sistemática se aproxima do processo penal movido em face do funcionário público.

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A ausência de notificação para manifestação prévia, antes do recebimento da ação, não causa a nulidade por si só, é necessário demonstrar prejuízo (atual entendimento do STJ antes entendia nulidade absoluta).

-- Medidas Urgentes

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

 Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.

§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.

O objetivo dessa medida é garantir a efetividade da prestação jurisdicional posterior, que terá o condão de repor ao patrimônio público o desfalque sofrido pela conduta ilícita do agente público e de terceiros.

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

A medida urgente pode ser requerida e efetivada de modo antecedente ou incidental. Sendo preparatória, o prazo para a propositura da ação principal começa a correr a partir da efetivação do primeiro ato constritivo.

A legitimação é a mesma da ação de improbidade.

-- Instrução probatória

As provas admitidas são as mesmas do CPC. No âmbito da colheita da prova testemunhal é que é peculiar, pois é seguido o rito do art. 221 do CPP.

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 § 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

As autoridades serão inquiridas em local e hora previamente ajustados.

-- Transação

Não se admite transação, acordo ou conciliação.

A doutrina diz que a norma deve ser interpretada com temperamentos, v.g. pode haver acordo para reparar o dano, parcelar o pagamento.

Sentença

É preciso observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade na fixação das cominações. O juiz deve atentar para a extensão do dano e para o proveito patrimonial.

Execução

Varia de acordo com seu conteúdo. Não há regras específicas nesse sentido, assim, o capítulo da sentença referente á condenação pecuniária será cumprido com base nos artigos 475-I e seguintes do CPC.

A legitimidade para a persecução da reparação do dano é a mesma da fase de conhecimento, ou seja, tanto MP quanto pessoa jurídica interessada.

Os capítulos que falam da suspensão dos direitos políticos, da perda da função pública e da proibição de contratar serão cumpridos mediante a expedição de mandado judicial ao órgão público competente (execução imprópria).

A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos somente se efetivam com o transito em julgado da sentença.

Prescrição

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:

I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;

II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

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Diante da lesão ao erário, as lesões penais, administrativas e civis, prescrevem pelo decurso do tempo, mas o ressarcimento do prejuízo causado ao ente público pode ser cobrado a qualquer tempo.

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