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1 Poder Políco

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Este livro busca tratar dos aspectos da conquista, consolidação e ampliação do Poder Político.

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Paulo Corrêa

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DEDICATÓRIA

Esta obra é uma singela homenagem aos dias de superação e demonstração de força da minha mãe Lucidete Pena da Silva no final de 2013 e ao gigan-tismo do meu pai Paulo Sérgio diante dos desafios

cotidiano. À minha serelepe avó Maria Dias Corrêa, septuagenária e dedicada aluna do EJA em Macapá

(AP). Agradecimento especial à professora Lourdes Giraldello e ao grupo de professores do Cotil-Uni-

camp por terem me impulsionado na graduação no início dos anos 2000. Dedico também à memória

do meu irmão José Vitorino Magalhães Pena.

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Paulo Corrêa

Paulo Corrêa é graduado em Comunicação Social, com ênfase em Jornalismo. Pós-graduado na ABJL (Associação Brasileira de Jornalismo Literário) e com MBA em Marketing pela Unimep. Atuou como repórter político na RMC (Região Metropolitana de Campinas) e na RMVALE (Região Metropolitana do Vale do Paraíba). Foi editor de publicações semanais em Limeira e assessor de imprensa no setor sindical e privado. Integrou o núcleo de comunicação das campanhas eleitorais de Hortolândia (Executivo), Iracemápolis (Executivo) e Limeira (Legislativo) em 2012. Também foi redator publicitário em 12 campanhas eleitorais no interior de São Paulo.

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SUMÁRIO

Fuja da indústria do palpite | pag.Pior do que perder a eleição, é perder votos | pag.

Reposicionamento no mercado eleitoral: um desafio| pag.Hora de investir em argumentos | pag.

Eleitores mimados, candidatos neuróticos| pag.Desamor pela política| pag.

Estatística da degradação | pag.O político: um ator| pag.

Em busca de uma voz política| pag.Insista num só tema | pag.

A política está longe da justiça| pag.Maquiavel mesmo era Mazarin| pag.

Não irrite o eleitor na web| pag.Insista num só tema| pag.

Família como trunfo eleitoral| pag.Construa sua opinião pública| pag.

Manejo da opinião pública| pag.Seja prudente com suas opiniões inteligentes| pag.

Cilada para o emergente político|pag.“Ou o candidato produz eletricidade no ar, ou perde a

eleição”|pag.O novo sujeito político|pag.

O fazer político é uma virtude| pag.Os partidos perderam o poder|pag.

A política é útil|pag.

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Este esforço literário quer tratar dos aspectos utilitaristas do processo de conquista, consolida-ção e ampliação do poder político. Não, não há um caco de idealismo aqui. A obra pretende ser útil como uma lanterna em meio ao breu. Principal-mente para quem detêm mandato no Legislativo, no Executivo ou para quem ambiciona chegar lá.

Não encare estas páginas como um guia. Elas buscam ser um bate-papo informal sobre nuances da comunicação política. Busco fazer leituras sobre modelos de posicionamento dentro de uma cor-rida eleitoral. Trato também sobre a construção de uma marca para um mandato e aproveito para chamar atenção das matizes do novo sujeito político – o que busca a glória sem infringir a ética.

O poder é o eixo central desse diálogo. Ele é o elixir do ecos- sistema político. A ambição política é a nossa matéria orgânica. O e- xercício do poder político produz vítimas. Porque política é domi-nação. Dominar politicamente também significa exercer pressão, coagir, reprimir e impor obediência. Assim como também o poder político pode revelar generosidade, caridade e idealização da hu-manidade na construção de sociedades mais justas. Porém, a história ensina que na política um ato de virtude não necessariamente irá pro-duzir um benefício na vida das pessoas. O contrário também é real. Em suma, a política não é o palco da justiça.

Nesta proposta literária não há assertividades sobre o poder. É obra crua. Sou um entusiasta do estudo e da prática da comuni-

Apresentação

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cação política. Minha formação acadêmica em marketing e em jornal-ismo me ajuda nesta tarefa. Mas meu maior mérito foi sentar e escre-ver, afinal as ideias estão dentro da gente. Estes assuntos e reflexões ficaram perambulando na minha memória um bom tempo antes de tomarem corpo nestas páginas. Nasceram a partir conversas com espe-cialistas em comunicação, consultores políticos, jornalistas, prefeitos, ex-prefeitos, políticos, professores, anônimos e pessoas que adoram e destratam a política ao mesmo tempo.

Aliás, desabonar a política é uma tarefa simples e a simplifi-cação é uma doença poderosa e cada vez mais potente no nosso cotidiano. Ir de encontro a esse quadro é um atrevimento, sei bem disso. Mas nasci ali na borda do Rio Jarí, fronteira do Pará com o Amapá. Quem é daqueles torrões, não nasce, se atreve. Encaramos restrições de toda sorte. Vencê-las é uma praxe. Portanto, o atrevi-mento deste esforço literário é natural.

Conquista, Consolidação e Ampliação do Poder Político reúne referências de mais de 50 obras citadas nas páginas finais. As reflexões aqui descritas foram talhadas com maior grau de legitimi-dade possível. Boa parte delas ao som de Tom Jobim (álbuns Matita Pereira, Stone Power, Antônio Brasileiro), Milton Nascimento (álbuns Minas 1975, Clube da Esquina 1972, Pietá), Maria Betânia (álbum Amor, Festa e Devoção), Billie Holiday (Summertime), Dave Brubeck (Take Five), Jonh Coltrane (coletânea). A trilha sonora foi fundamen-tal para o desenvolvimento deste projeto, mas sentar e escrever foi o meu maior mérito.

Este atrevimento literário é também uma homenagem aos amigos afastados do meu convívio em 2012. Fomos imantados pelo exercício do jornalismo. Contudo, tivemos a amizade desnutrida pela convicção política distintas de um momento eleitoral qualquer. Uso a saudade dos ausentes e da confiança dos novos e presentes amigos como matéria-prima para confeccionar estas reflexões que te convi-do a conhecer agora.

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José Serra, 71, meteu uma calça jeans, vestiu um cardigã azul e foi para o viaduto do Chá. Sessão de fotos. Click, click, click. Uma das mãos no bolso, outra tentativa de sorriso. Click, click, click. O look buscava transmitir alguma jovialidade do candida-to veterano. Esta imagem era uma tentativa de con-tra-ataque aos sentidos do slogan “Um homem novo” criado para Fernando Haddad, 51 anos.

O ex-ministro de

Lula ostentava um penteado meticulosa-mente bem cuidado e com raros cabelos brancos nas fotos. Era o embate entre o novo (um homem novo, um político novo, novas ideias)contra o velho (velho homem, velho político, velhas propostas) na eleição municipal da capital paulista em 2012. Uma campanha eleitoral centrada em pessoas, não em temas.

O resultado da disputa já sabemos. E o resultado do pleito, aqui, não é exatamente aquilo que queremos analisar. O que interes-sa na acessão ou na preservação do poder é o manuseio dos instru-mentos que garantem a construção de uma imagem adequada para quem tem intenção de manter-se no cargo ou conquistá-lo.

A primeira lição para sedimentar o acesso ao poder ou permanecer dentro dele é a seguinte: fuja da indústria do palpite.

Fuja da indústria do palpite

A primeira lição para sedimentar o acesso ao poder ou permanecer dentro dele é a seguinte: fuja da

indústria do palpite

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Existe ciência dentro e fora das campanhas eleitorais. Há conheci-mento também. A experiência é valida. Juntar estas qualidades não é garantia de eleição, quem disser o contrário é estelionatário. Contratar profissionais de comunicação política é um caminho ótimo para conseguir um resultado positivo. Certamente, você não fracassará de modo retumbante ou cometerá erros grosseiros dentro de um mandato, ou na condução da sua campanha eleitoral, trabalhando com especialistas.

Nunca tente fazer uma campanha com palpiteiros. Os pal-piteiros mais perigosos são aqueles com algum laço de parentesco. Os palpiteiros de ocasião são os amigos do clube, da igreja e os vizinhos de muro. Ah, existem os palpiteiros de militância política que sabem tudo. Como bom político ouça todos e esboce interesse pelas suas opiniões. Mas, no geral, adote a postura dos Pinguins de Madagascar: acene e sorria. Não se comprometa. A sugestão parece ser banal, mas reúna bons conselheiros e delegue para que eles façam essa interface com os palpiteiros de plantão. As pessoas gostam de ser ouvidas.

Na capital paulista, a tentativa de construir uma aparência mais jovem ao candidato partiu de uma decisão estratégica. Não perderia a eleição caso não fizesse, não ganhou fazendo. Mas apon-tar o momento de se fazer e medir a queima roupa o impacto de uma ação dessa magnitude é o papel de um profissional de comuni-cação política. Se o candidato errar a mão na hora de montar seu time, ele certamente sairá do embate eleitoral mais fraco do que entrou. Este erro é perigoso. Falo disso no capitulo a seguir.

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Candidatos desenganados e sofrendo com quadro de anorexia eleitoral tem de monte por aí. Não integre esse time. Faça melhor: estabeleça uma aliança com candidatos desenganados que não se deram conta do seu crepúsculo político.

Não há fronteira entre teimosia e perseverança. Tentativas inúteis de recuperar uma votação boa do passado se enquadram mais como autismo político. Um comportamento muito comum em políticos experimentados e que já tiveram prestígio um dia. São como autistas, se negam decretar sua falên-cia eleitoral e vivem ainda num tempo glorioso.

Esse político pode ser útil para você que tem interesse de ascender ao poder. Convença o moribundo a apoiá-lo. Comprove sua decadência política com números, desenhe o tabu-leiro político e diga claramente que é hora de construir um sucessor. Ele ficará orgulhoso e mesmo sendo esta relação utilitarista, a aliança é estratégica e boa para ambos os lados. Não hesite em queimar até a última instância a gordura eleitoral do veterano.

Pior do que perder uma eleição é perder votos. Logo, esse conselho vale para você também que, mesmo numa situação de

Pior do que perder a eleição, é perder votos

Tentativas inúteis de recuperar uma votação boa do passado

se enquadram mais como autismo político.

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ascensão, pode ter atingido o limite do seu prestígio local. Se você é um candidato sem grana, não poderá comprar uma pesquisa para aferir essa condição. A contagem da urna eletrônica decretará esse estado de coisas. Vai por mim, é preferível não se sujeitar a crueza da votação para descobrir.

Em caso de declínio nas urnas, seu patrimônio eleitoral não servirá nem para apoiar daquele candidato viçoso. A decisão de encarar um pleito é intima. É uma escolha. Base de uma estratégia.

Dizer não para a vaidade de sê-lo é um comporta-mento inteligente e tático em muitos casos.

E quando a derrota é inevitável? Um partido

com uma longa hegemonia política tende a ter uma derrota do tipo arrasa quarteirão no declínio dos seus dias. A queda dantesca arrebenta com o brio da militância e dos simpatizantes do partido. Se reverter o quadro eleitoral é uma tarefa inviável, é preciso in- vestir na estética da queda. Uma saída honrosa facilita a aglutinação de forças para a próxima disputa. Conviver com o vexame da perda cavalar de votos num pleito é conviver anos com uma ressaca eleitoral quase incurável. Só muita terapia para mobilizar o pessoal novamente. E dá um trabalhão.

No caso de candidatos em busca de um poder, dizer não para a vaidade é um corte na carne necessário. Você pode até me pergun-tar: Ah, mas vou ficar relegado ao ostracismo político durante todo este tempo? Bom, eu destrincho este tema em “Reposicionamento no mercado eleitoral: um desafio”.

Se reverter o quadro eleitoral é uma tarefa inviável, é preciso investir na estética da queda

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Reposicionamento no mercado eleitoral: um desafio

Lançar-se numa empreitada em busca de uma vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal é uma estratégia recorrente de candidatos que saíram bem posicionados nas eleições muni- cipais. O objetivo é garantir reposicionamento no mercado eleitoral. Mas nem sempre esta é uma boa escolha.

Expor seu reduto eleitoral a uma candidatura sabidamente postiça pode criar um estresse desnecessário em seu nicho. Em primeiro, lugar você precisa proteger o seu eleito-rado. Em segundo, defender seu patrimônio político. Uma saída é se colocar como um

apoiador de peso da campanha do deputado escolhido pelo partido. Alegações para isso não faltam: risco para negócios, falta de apoio da família e falta de recursos financeiros em razão das dívidas da campanha passada.

Expor seu reduto eleitoral a uma candidatura sabida-

mente postiça pode criar um estresse desnecessário em

seu nicho. Em primeiro lugar, você precisa proteger

o seu eleitorado.

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Se você tiver prestígio dentro do partido, a sigla pode pres-sioná-lo a assumir uma candidatura. Se não o fizer, criará desconfi-ança e obstáculos para suas intenções políticas no futuro. É preciso costurar uma saída de cena de um modo que o partido considere estratégico e que você demonstre que está empenhado em engordar votos da legenda no pleito daquele ano.

Ser utilizado como escada numa eleição faz parte do fazer político. Apenas enquanto você não dita regras. Portanto, se não houver como contornar esta situação você precisa agir para tornar esse momento menos traumático para o seu eleitor. É uma tarefa essencial. Um estudo feito pelo consultor político Ronaldo Kuntz, publicado em seu livro Marketing Político, aponta que por ano cada candidato perde em torno de 10% dos votos .

Portanto, mais do que ganhar votos, o especialista alerta para a necessidade de se criar mecanismos para conter a perda de eleitores. Uma das principais causas da evasão é o estresse do eleitorado com a política do cotidiano. Ninguém está imune à estafa com o candidato, nem mesmo um fenômeno de votos ou um ídolo. Lançar-se numa campanha eleitoral não significa estar bem postado na corrida. Embora a vaidade diga o contrário. Proteger seu patrimônio pode ser uma saída mais inteligente do que expor seu capital político.

Agora se você está realmente decidido a encarar uma eleição, faça o seguinte: invista em argumentos. O eleitor contem-porâneo precisa justificar seu voto. “Mas por que você vai votar neste cara?”. É uma pergunta simples e geralmente seu eleitor não sabe respondê-la. Veja como fazer isso no capítulo “Hora de investir em argumentos”.

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Hora de investir em argumentos

Seja na Internet, no rádio de pilha, na TV ou num folheto impresso o candidato não pode perder de vista o essencial: o argu-mento. A função de uma campanha eleitoral hoje é dar argumentos. Independentemente do meio no qual será transmitida a mensagem, seja digital ou não, a campanha precisa subsidiar o eleitorado de informações para que ele possa defender sua opção eleitoral em qualquer ambiente.

A figura clássica do formador de opinião (artistas, jornalis-tas, políticos veteranos, religiosos, escritores, juízes, médicos) perdeu espaço em razão da nova configuração da comunidade. A ampliação do acesso aos meios de produção de informação e o novo modelo de consumo aumentou a independência das pessoas no processo de escolha eleitoral.

A conversa entre iguais sobre o político mais confiável do pleito do momento influi decisivamente na audiência atenta ao diálogo. Um bate-papo na porta da escola dos filhos, nos clubes, na fila do supermercado, nas associações e até mesmo no barzinho é imantado de credibilidade.

Quem ouve esse diálogo legitima o conteúdo da conversa por ocorrer em um ambiente comum, em tese, isento da teatralidade e cacoetes políticos. Motivo: a troca de ideia em espaços do cotidiano é considerada mais franca por não haver vantagem financeira entre os interlocutores. Já os formadores de opinião profissionais são re-munerados, um comportamento reprovável dentro do seu complexo processo de decisão de voto.

A conversa entre iguais ganhou músculos sobre outros

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mecanismos de influência de votos e agora tem um poder singular de conquis-tar o eleitorado disper-sivo. É hora de investir em argumentos. Um eleitor ou um simpatizante muni-do de informações sobre fraquezas e virtudes do seu candidato tem mais credib-ilidade para defender sua escolha do que cabo eleitoral ou formador de opinião pago para fazê-lo.

É, são tempos duros para ganhar um voto. Na realidade, conquistar um voto sempre foi uma tarefa difícil. Contudo, nos dias atuais, os eleitores estão muito mais mimados e os candidatos estão cada dia mais neuróticos. Eu explico no capítulo seguinte.

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A conversa entre iguais ganhou músculos sobre outros mecanismos de influência de votos e agora tem um poder

singular de conquistar o eleitorado dispersivo

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Eleitores mimados, candidatos neuróticos

Eleitores são mimados e candidatos são neuróticos. A neurose dos candidatos advém do comportamento volúvel do eleitorado. Num piscar de olhos, sem nenhum constrangimento, o eleitor migra sua opção de voto. O candidato esquece que eleitores têm comportamento de consumidores. Consumidores não são leais a marcas.

A maioria dos candi-

datos não tem dinheiro e nem tempo suficiente para desen-volver estratégias nas quais o eleitorado vivencie boas experiências. Mas, então, o que fazer? Conhecer como se comporta o eleitorado já é um começo para criar uma estratégia eleitoral.

Os estágios do proces-so de decisão de voto guardam semelhanças com as etapas de decisão de compra de um produto. Ao reconhecer a obrigatoriedade da sua participação no pleito (voto obrigatório), o eleitorado passa para a próxima fase: a complexa escolha de voto. Nesta etapa o

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eleitor vai a campo em busca de informações. Quer se identificar com algum candidato.

A escolha do candidato é influenciada por uma série de fatores (família, amigos, publicidade) em que estão embutidos desejos (de mudança, experiência, juventude, honestidade, con-tinuidade) do eleitorado. Ter especialistas que meçam de um modo científico (pesquisas) o perfil esperado do candidato pela população é crucial para o posicionamento (candidato novo) e reposiciona-mento (candidato experimentado) no mercado eleitoral.

É aí que o candidato deve lançar mensagens específicas para determi-nados nichos inexplorados, consolidar eleitorado

simpáticos a ele e criar táticas de relacionamento com novos públi-cos. Mas só estas ferramentas não garantem êxito eleitoral. O candi-dato precisa suplantar limitações e abandonar sua neurose.

O marketing não cria necessidade de compra. As ferramentas de marketing despertam o desejo do consumidor por uma determi-nada marca de jeans – mas a necessidade primária dele é estar vestido. Este conceito também pode ser válido para o eleitor médio. A partir do momento que ele reconhece que, mesmo contra a vonta-de, terá que exercer seu direito ao voto, o eleitor passa de modo inconsciente a querer vivenciar uma boa experiência neste proces-so. Cabe ao candidato mimá-lo. Mas para isso é preciso entender bem o seu comportamento. E o ponto de partida para compreender o eleitorado é básico: eles não gostam de política. Escolher um canal de comunicação eficaz para interagir com o eleitor é fundamental para atrair atenção deles. Principalmente daqueles que não des-grudam o olhar da tela brilhante do smartphone. Explico melhor esse tema na página seguinte.

A escolha do candidato é influenciada por uma série de fatores (família, amigos,

publicidade) em que estão embutidos desejos (de mudança, experiência,

juventude, honestidade, continuidade) do eleitorado.

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Facebook ou twitter? Vá de WhatsApp

Pare de lotar sua timeline no Facebook. Você só será mais um. Há um mau humor generalizado nesta rede social que não te trará resultados que você imagina. Pouco resultado você terá também com Twitter. Há uma impressão recorrente entre os twitteiros que quem utiliza esta ferramenta social não gosta de nada. Não é exagero. Lógico que a recomendação é usar ambas as redes soci-ais, mas quem souber utilizar toda versatilidade do WhatsApp conseguirá melhores resultados. Ela é a rede social mais promissora do momento.

Não é preciso nenhuma pesquisa para perceber o quanto o WhatsApp tem crescido na preferência do público. Motivo: O serviço não é tarifado como o SMS das operadoras de telefonia, não há publicidade como no Twitter ou convite para joguinhos como no Facebook.

Mas como fazer uso dessa rede social para fins eleitorais? A questão é que não existe uma plataforma oficial de publicidade no WhatsApp. Contudo, isso não significa um empecilho para uso como uma ferramenta de comunicação política. Sequer há barreiras legais (março de2014). Tanto é que a Prefeitura de Vitória (ES) inovou ao lançar no Whatsap a campanha #Vitória Alfabetizada. Uma ação de comunicação governamental reforçando o trabalho da adminis-

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tração contra o analfabetismo. A campanha foi compartilhada pelos usuários da ferramenta e teria aumentado, segundo seus criadores, em 10% o número de acesso ao portal do projeto num período de 15 dias.

Quando for criar uma ação de marketing no Whatsap não esqueça uma regra fundamental: criar necessidade. Foi isso que o chocolate Sonho de Valsa fez. Uma equipe ficou a postos para responder, em tempo real, às pessoas que pedirem dicas pelo WhatsApp para comemorar o dia 12 de junho. A equipe sugeriu restaurantes, frases românticas, presentes, criou cards exclusivos. O resultado? Segundo os criadores houve 9 mil interações durante um dia de trabalho.

A ação de marketing chamada de Barman Chivas estabelece uma boa interação com os bebedores. Trocar ideia com bebedor sobre dicas de drinks e futebol são pautas constantes por meio do WhatsApp . Quem usa WhatsApp gosta de compartilhar vídeos e imagens bem humoradas. Você que busca chamar atenção do eleitorado deve apostar muitas fichas nesta ferra-menta. Mas reforço: não abra mão de outras redes sociais. É importante se posicionar em outras plataformas também. Uma pesquisa divulgada no primeiro semestre de 2014 apontava que 27% dos congressistas não fazem uso das redes sociais. Um erro grave. Leia mais no capítulo seguinte.

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A questão é que não existe uma plataforma oficial de publicidade

no WhatsApp. Contudo, isso não é um empecilho para uso desta rede

social como uma ferramenta de comunicação política

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Parlamentares bons de web

Anote aí: Anthony Garotinho, Romero Juca e Jean Wyllys. Ah, não se esqueça de dar uma bela espiada em como o Romário se relaciona com o seu eleitor nas redes sociais. Na minha avaliação, esses parlamentares são referências de sucesso na arte de se relacionar com o eleitorado na web.

Mas qual o caminho para ser um parlamentar bom de web? Bem, o primeiro passo é criar um espaço para cadastrar o eleitor em seu site e, a partir daí, municiá-lo de informações sobre o anda-mento do mandato. Responder aos e-mails enviados pelo eleitor deve ser uma obsessão. Nunca deixe o eleitorado sem resposta. Mesmo que o canal de atendimento seja o Twitter ou Facebook.

Algo pouco usual, mas que amplia o relacionamento com o eleitor é fazer comentários positivos na timeline do seu seguidor. Mesmo que seja uma curtida no Facebook ou uma simples men-sagem positiva no Twitter. Vai melhorar também a sua imagem de parlamentar transparente a publicidade dos gastos do seu gabinete. Defendo o uso de ferramentas multimídia como vídeo e áudio com o máximo de profissionalismo. Gravações improvisadas transmitem pouca confiabilidade.

O deputado Romário (PSB) tem mais de 2,1 milhões de visualizações no YouTube em sua página oficial de parlamentar. É o campeão de visualização entre os parlamentares. A linguagem utilizada pela equipe do deputado nos comunicados direcionados aos eleitores é em tom informal, direto e desburocratizada. Não à

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toa ele tem 559 mil seguidores no Facebook.É verdade que Romário não é um político tradicional. Mas

cada vez mais estamos vendo nascer uma geração de políticos que têm carreira associada à internet. Mas o senador Eduardo Suplicy mantém vários mecanismos de interação com o eleitor que lhe

conferem o título de um dos políticos mais influentes na Internet.

Uma pesquisa publicada pela Media-logue entrevistou 594 congressistas e desco-briu que 163 deles não utilizam a Internet para se comunicar com o eleitorado. É um núme-

ro expressivo. A pesquisa detectou que os políticos deixaram de usar o Twitter para investir mais no Facebook. Em 2011, 77% dos congressistas tinham páginas ativas no Facebook –hoje são 92%. Já o percentual de políticos que atualizam perfis no Twitter caiu de 70% para 62%, mostra a pesquisa.

Não é fácil investir nas plataformas digitais. O cuidado com a padronização da linguagem é um dos pontos principais. O verbete no Wikipédia do político deve ser o mesmo que ele usará no Insta-gram. O status no WhatsApp também deve ser idêntico ao que for usado no Twitter e por aí vem. São detalhes como esse que vão ajudar a solidificar a identidade e a marca do mandato. Mas atenção na dose da mensagem para não irritar os eleitores na web.

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Algo pouco usual, mas que amplia o relacionamento com o eleitor é fazer comentários positivos na timeline do seu seguidor. Mesmo que seja uma curtida no Facebook

ou uma simples mensagem positiva no Twitter

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Não irrite o eleitor na web

Muitos especialistas temem o clima de tensão nas redes sociais por parte de militantes mais exaltados e despreparados. Por isso, antes de botar a militância no ambiente virtual, é pre-ciso qualificá-las e unificar o discurso (Relembre o que escrevi em Hora de Investir em Argumen-tos na página 3) .

Perfis positivos associados à campanha devem demonstrar determinação, convicção, ânimo e adotar uma postura alegre. No ambiente virtual se assemelham aos antigos cabos eleitorais que utilizam com gosto camisas, bonés e outros adereços antigos do candidato. Esse comportamento desperta a atenção do eleitor e ajuda no processo de decisão do voto. O desafio do candidato será domar os militantes virtuais mais exaltados, mais agressivos e desprovidos de bons argumentos. São eles, que, apesar de bem intencionados, podem gerar repulsa do eleitorado ao candidato.

Muitos estrategistas eleitorais apostam na proliferação de embates mais duros nas redes sociais. Cresce, portanto, a per-cepção dos coordenadores de campanha da necessidade de qua- lificar apoiadores do candidato tanto para posicioná-lo estrategi-camente no ambiente virtual quanto também para defendê-lo de ataques dos adversários.

Embora seja um novo campo de batalha por conquista de votos, a rede social é só mais uma. Para vencer este vale-tudo na web o candidato não pode perder de visto o essencial: oferecer

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argumentos para o eleitorado e repassar infor-mações valiosas para que seus apoiadores multipliquem. O grupo precisa saber detalhes da plataforma da campanha assim como estar preparado para abordar temas delicados da trajetória do candidato. São precauções fundamentais para tonificar a musculatura e criar confiança em todas as células da campanha.

Os aplicativos terão um papel inovador. Além de serem um ancoradouro para uma geração habi- tuada a buscar informações no smartphone, eles podem ajudar o candidato a produzir discursos segmentados de acordo com cada fatia do eleitorado.

Mas cuidado, não confunda a mente do eleitor. O ideal é investir num só tema para não saturá-lo com várias ideias. Falo sobre isso no capítulo seguinte.

Embora seja um novo campo de batalha por conquista de votos, a rede social é só mais um. Para vencer este vale-tudo na web o candidato não pode perder

de visto o essencial: oferecer argu-mentos para o eleitorado e repassar informações valiosas para que seus

apoiadores multipliquem

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Em busca de uma voz política

Antes de ser eleita ao senado americano pelo estado de Nova York em 2000, a primeira-dama Hillary Clinton lidava com obstáculo particular: a busca da sua voz política. Embora tivesse um brilho próprio, perceptível desde sua aparição no cenário político norte-americano ao lado do marido, um então desconhecido jovem democra-ta na década de 90, Hillary nunca havia enfrenta-do uma empreitada eleitoral. Foi no cotidiano conflituoso da campanha que a voz política de Hillary se descortinou.

O embate é da natureza da política. É nesse ambiente de luta, nessa câmara que amplifica e viabiliza a disputa pelo controle dos mecanismos de comando e opressão, ao ponto de muitas vezes levar os interesses à hostilidade, ao choque aberto ou à guerra, é que a voz política nasce .

No caso da senadora norte-americana, não foi de outro jeito. Numa igreja do Harlem, antes mesmo de ser formalmente indicada como candidata ao Senado dos Estados Unidos, Hillary emergiu. “Nova York tem um problema sério e todos nós sabemos qual é”,

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falou. “Todos nós, menos o prefeito, ao que parece”. O templo irrom-peu em aplausos. A primeira-dama havia partido para o ataque contra o prefeito Giuliani. A política de segurança dele vitimou um homem negro chamado Patrick Dorismon. Era mal vista pela comu-nidade negra. Ao invés de adotar um discurso de união da cidade, o então prefeito decidiu divulgar a lista corrida do homem morto – a tal da capivara.

Hillary observou bem um problema regional e aglutinou apo-io por toda sorte de cidades do estado de Nova York. “Eu me sentia como se estivesse pegando o jeito e descobrindo a minha voz políti-ca”, escreveu em seu livro de memórias “Vivendo a História” (2003). A descoberta dessa fala interna precisa enfrentar o desgosto do político com a política. A reeducação política é um caminho necessário para que os atores contemporâneos se conheçam. Daí advém a urgência de haver uma evolução do fazer político em substituição do jogo político.

Barack Obama relata o seu momento mágico de descoberta da voz interna: “Algo em mim mudou depois disso. Era o tipo de mudança importante não porque altera as circunstâncias concretas (saúde, segurança, fama), mas porque mostra o que é possível e, portanto, nos motiva, além de todo o entusiasmo imediato, a ultrapassar as decepções subsequentes, a buscar aquilo que já tivemos em nossas mãos, mesmo que por um breve momento. Aquela viagem de ônibus me manteve estimulado. Acho que ainda estimula”, escreveu em sua obra “A Origem dos Meus Sonhos”. No livro, ele descreve como conseguiu injetar ânimo por cidadania em moradores de um conjunto habitacional de Chicago. Era a voz política de Obama surgindo e desdobrando para o fazer político. Uma reeducação que o ajudou, certamente, a até chegar ao poder em Washington.

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Insista num só temaO ensaio oferece o passaporte para a especu-

lação. Aproveito esse salvo-conduto para fazer uma reflexão pontual e relatar percepções da cam-panha de reeleição da chanceler Angela Merkel, no segundo semestre de 2013, na Alemanha.

A análise será feita a partir do material disponível nos canais oficiais de comunicação da candidata. Todas capturadas na Internet. Angela Merkel postulava o cargo de primeira-ministra e foi recon-duzida pela terceira vez ao posto com o slogan Gemeinsm Erfolgre-ich - em tradução livre “Uma time de sucesso”.

O triunfo eleitoral de Angela Merkel foi cimentado, segundo George Soros (Valor Econômico, 08 de Outubro 2013), ao “garantir a sobrevivência do Euro, e o fez ao menor custo possível para a Alemanha – um feito que lhe valeu o apoio dos alemães pró-euro-peus, bem como daqueles que nela confiam para proteger os interes -ses alemães” . A saúde da economia, portanto, pautou a campanha alemã em virtude do desdobramento da crise cambial na comuni-dade europeia.

O eleitorado alemão viveu uma campanha centrada num tema. A vitória da CDU, a União Democrática Cristã, foi avassaladora pela fabricação do consenso, por meio das estratégias eleitorais, sobre a capacidade da chanceler em domar os mercados e criar condições de empregabilidade para as pessoas.

O adversário social-democrata, Peer Steinbruek, atirou pesado contra os baixos salários, a densa evasão escolar existente no país, a viabilidade da indústria 4.0 (tecnológica), a constituição de novas matrizes energéticas e outros temas (No total foram nove

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bandeiras: Bom Trabalho, Bom Salário, Avanço pela Educação, Família, Controle dos Mercados Financeiros, Igualdade, Evasão Fiscal, Economia e Crescimento, Posições e Papeis, Cidade Suste-ntável) como igualdade e regulação dos mercados financeiros .

Embora pertinente, a agenda Steinbruek não foi páreo para a loquacidade do governo alemão. O governo Merkel se apoderou de uma marca de austeridade. Esculpida em carrara no rosto da líder

da União Democrática (No cartaz: A chanceler da Alemanhã). A ideia foi exitosa. Legitima ou não, essa identidade também foi refletida nas peças de propaganda política da chanceler. Na homep-age da candidata existem dois campos: o político e o pessoal. No primeiro nada de propostas mirabolantes. São oito tópicos (Liber-dade, Segurança, Trabalho, Família, Sonhos, Experiência, Alemanha, Resultados) com mensagens comedidas.

Plataforma eleitoralNo item Trabalho, cinco linhas, numa tradução livre, busca

reforçar a imagem da condução correta da economia pelo governo e como isso pode beneficiar a comunidade alemã: “É importante que todas as pessoas do nosso país tenham a possibilidade de melhorar a vida de suas famílias. Ampliar a oferta de trabalho é a nossa principal meta: vamos lutar por trabalhos seguros e com boa remuneração. Nós avançamos muito nesse sentido e quere-mos alcançar mais. Eu quero que a economia continue forte e que sirva às pessoas”.

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O canal do You Tube e o perfil do Facebook da chanceler foram utilizados ostensivamente para atingir o eleitorado por meio de mensagens poderosas. “O Euro assegura a prosperidade da Alemanha e nossos empregos”, publicou a chanceler no dia 01 de Setembro de 2013.

O tom emocional nas peças é escasso, para não dizer nulo. A imagem sóbria da líder é explorada em conjunção com sua sólida e destacada trajetória política. Uma mulher hábil e disciplinada. Com a capacidade de pensar que “um país de sucesso precisa de duas coisas: a curiosidade do jovem e da experiência das pessoas mais velhas. A experiência das pessoas mais velhas é boa para nós no trabalho, na família e no voluntariado”.

Angela Markel caminha na direção daquilo que pontua-mos neste ensaio como novo sujeito político. A matriz dela nasce na comunidade pela qual ela é li- derada. Mas a política é dominação. O novo sujeito político tam-bém usa o encantam-ento para seduzir a massa. Usa o seu po- der para con-tagiá-la e sua matéria-prima é a esperança. Na seção “Sonhos” da sua homepage Angela instiga o eleitorado: “Eu quero que as pessoas usem todas as

Peer Steinbruck, do SPD, mostra o dedo do meio numa entrevista à Revista Süddeutsche Zeitung. Uma resposta agressiva ao gesto-assinatura de Angela Merkel chamado de

Diamante de Merkel, na qual ela junta polegares e os indicadores e que se tornou uma marca registrada.

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oportunidades oferecidas pelo seu país para realizarem seus sonhos e seguirem seus próprios caminhos”, cita a candidata, em mais uma vez uma tradução livre. E completa numa espécie de chamamento ao povo: “Cada pessoa é importante e precisamos de todos os talentos. Assim, os sonhos de hoje serão a realidade de amanhã”.

A disputa pelo poder revelou uma chanceler austera na administração da máquina pública e uma candidata perdulária dentro do governo. O site português Esquerda.Net lembrou que antes de se lançar na campanha de reeleição, a primeira-ministra trabalhou forte para aprovar no Parlamento Alemão um aumento da despesa de quase 5 mil milhões de euros no orçamento, aumentan-do as pensões dos idosos ameaçados pela pobreza, atribuindo um subsídio mensal de 100 euros às donas de casa que são mães, abolindo taxas moderadoras e aumentando os gastos com trans-portes.

A manutenção do poder exige um esforço monumental. Chegar lá também. Isso também significa até mesmo utilizar a família como trunfo. Veja no próximo capítulo como o prefeito de Nova Iorque Bill Di Blasio fez isso.

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Família como trunfo eleitoral

Pessoas elegem pessoas. Elas não elegem questões. Elas gostam de pessoas. O que elas que-rem fazer é olhar alguém nos olhos e dizer: gosto dele . Pessoas elegem também histórias redentoras, querem reconhecer no protagonista um pouco de si e dar a ele superpoderes (votos) para completar sua jornada heroica.

A eleição de Bill Di Blasio para prefeito de Nova Iorque resvalou no simbolismo em que o herói busca ocupar um lugar desejado, como ensina Joseph Campbell em “Poder do Mito” . No caso de Di Blasio, o lugar foi a cadeira de prefeito da cidade mais poderosa do mundo. Para chegar lá, Di Blasio atiçou o conflito racial usando a própria família, mudou de nome três vezes , virou por-ta-voz da classe média e ameaçou os milionários com mais impos-

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tos. Mas o que levou o eleitorado nova-iorquino a eleger um defen-sor público rotulado de progressista para prefeito, após ter eleito um promotor linha dura (Rudolph Giuliani) e, em seguida, um milionário excêntrico para o cargo (Michael Bloomber)? O editorial do The New York Times do dia 26 de Outubro de 2013 dá uma pista: “O Sr. de Blasio já uniu Nova Iorque. Os eleitores de todos os bairros apoiam sua campanha esmagadoramente. (...) Se ele combinar seu carisma, com uma liderança corajosa, ele vai ganhar o apoio da ci-dade, ele já tem o nosso” , relata o texto.

Di Blasio conquistou essa façanha expondo a família, vítima da intolerância racial da Polícia de Nova Iorque. Uma afronta viven-ciada regularmente pelo eleitorado negro, hispânico e imigrante da cidade. A estratégia foi avassaladora. Criou uma identificação com o eleitorado que foi a chave para a ascensão eleitoral de um candidato considerado progressista por empunhar bandeiras sociais (habitação a preços acessíveis, ampliar acesso à educação pré-escolar, investir numa rede mais inteligentes de transportes), temas alheios aos 12 anos de mandato do prefeito Michael Bloomberg acusado de governar apenas para Wall Street (a elite).

O democrata branco, casado há 19 anos com a poeta negra Chirlane McCray (que era gay antes de se casar), é pai de Chiara, uma jovem universitária, e de Dante, um estudante do colegial com cabelo estilo black power. O filho adolescente de Di Blasio foi a estrela da campanha, após gravar um depoimento garantindo que o pai seria o único capaz de acabar com a política Stop-and-Frisk (abordagem aleatória) – uma tática impopular na comunidade latino-americana, negros e pessoas pobres da NY . O instrumento era uma marca da política de segurança da era Bloomberg. A es-tratégia eleitoral do candidato também empurrou para o holofote a esposa Chirlane. A ativista cativou a comunidade negra nova-iorqui-na. Di Blasio tem sido considerado um político carismático, de esquerda, com uma voluptuosa capacidade de se conectar com a classe média, jovens, negros e eleitores latinos-americanos. Foi esse eleitorado que se identificou com a jornada de Di Blasio e com slogan: Nova Iorque, onde todos crescem juntos.

Além dos desafios administrativos, quem assume um gover-no precisa criar uma opinião pública. Entenda no capítulo a seguir.

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Construa sua opinião pública

Um dos principais desafios de um governo novo é construir uma nova opinião pública. Mag-netizar a sociedade em torno de temas de interes-se do governo é essencial nos primeiros meses do mandato. Este será papel da nova opinião pública. Ela contribui de modo expressivo no manejo do pensamento das massas. O governo ganha agili-dade e fluidez em suas respostas para públicos heterogêneos.

A construção dessa nova opinião pública não é feita de modo pacífico. O enfrentamento com a antiga classe dominante é inev-itável. Afinal, o que está em jogo é a hegemonia política. A nova opinião pública dará sustentáculo para a lógica que preside as ações do governo. Os argumentos para esta nova opinião pública devem aparecer nas estratégias de comunicação habituais:

1) Investimento no marketing governamental, com peças publicitárias e matérias pagas 2) Assessoria de Imprensa ocupando espaço na mídia com matérias e artigos 3) Interação maciça em redes sociais 4) Agendas positivas conectadas com o tempo político de uma realização (campanhas eleitorais)

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5) Comemorações/festas que visem aproximação do chefe do Executivo com servidores/população

Esse pacote vai oferecer o subsídio para que a nova opinião pública invista seu posicionamento sobre setores populares, além de se infiltrar em segmentos que não se sentem representados pela administração recém empossada. Se ignorar a necessidade de construção desse novo pensamento local o governo corre um sério risco de se inviabilizar.

Você vai encontrar esses formadores de opinião na sua rede de apoiadores da campanha. São eles que o governo deve subsidiar com informações privilegiadas. Eles vão ajudar a difundir a marca do governo e oferecer argumentos importantes contra quem buscar retomar o poder. Fique de olho também em membros de alto es-calão que gostam de palpitar sobre tudo. Uma frase mal construída pode colocar em risco a imagem governamental. Falo sobre isso no capítulo a seguir.

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Manejo da opinião públicaA opinião pública fundamenta um governo.

“Os governantes nada têm para respaldá-los senão a opinião pública”, argumenta Noam Chomsky em “Contendo a Democracia” (Record, 2003). Logo, o fortalecimento de uma hegemonia política de-pende do controle da opinião pública. Não à toa os grupos dominantes investem pesado para constru-ir uma doutrina. Para ser mais claro: uma verdade. O manejo da opinião pública viabiliza a defesa e o fortalecimento das ações governamentais. A finali-dade desse jogo é fabricar consensos – lembre-se, a política não é palco da justiça.

No cenário eleitoral a construção dessa unicidade se dá por meio dos argumentos. Num ambiente de alta fertilidade e veloci- dade de informações, o formador de opinião (o jornalista, a atriz, o professor, o líder religioso, o médico, o pastor, o chefe da maçona- ria) perdeu parte do seu poder de indução. Os iguais têm agora acesso a um volume de dados (verdades) que os encorajaram a moldar “sua própria opinião”. Portanto, o papel do candidato é construir verdades, ou melhor, argumentos para serem utilizados pelos iguais. Vai vencer uma campanha quem produzir os me- lhores argumentos.

No âmbito governamental a estratégia se repete. O desafio é arquitetar consensos por meio de verdades em cada célula social (no conselho do transporte coletivo, na associação de moradores, na

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diretoria do clube, no campeonato de futebol amador, no cineclube, no encontro ecumênico) para atingir ou fortalecer sua hegemonia. O objetivo é instruir cada segmento sobre aquilo em que se deve acreditar.

A indução do pensamento é vital para viabilizar ou fortalecer uma hegemonia. A matéria-prima para manter essa devoção é a ignorância, constata Chomsky. Quem custeia, por óbvias vantagens, esse panorama é o tônus financeiro e político. A arquitetura do

consenso por meio do sistema financeiro se dá pelo manejo do conhecimento. Vários “especia- listas” verbalizam o consenso dos poderosos, como já escre-veu o diplomata norte-america-no Henry Kissinger.

Esse conhecimento se projeta hoje nas redes sociais, em sites de celebridades, em canais de entretenimento, no You Tube e nas superproduções do cinema. Assim como no passado por meio dos antigos meios de comunicação: livros, peças de teatro, anúncios e crônicas. Os iguais bebem dessa fonte para construir sua verdade. Essa fonte é abastecida pelo tônus financeiro e político. Repito o que escreveu Russel Jacoby em “O Fim da Utopia”: A verdade nunca se encontra fora do poder.

A indução do pensamento é vital para viabilizar ou fortalecer uma hegemonia

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O político: um ator

O político é um ator em tempo integral. O olhar compreensivo é um arremedo do real. A caminhada matinal faz parte da sua esquete. O abraço no executivo daquela grande corpo-ração é um simulacro. O riso estampado na face quando o flash e os holofotes miram o acordo selado com outro político é uma fraude. O seu traje é um figurino. A relação do político com o público é cênica.

Ao desprezar a atividade cênica o políti-co permite a exposição de suas fragilidades. Debilidades que devem ficar ocultas dos seus adversários e do público. “O príncipe não precisa ter de fato todas as qualidades imaginadas pelas pessoas, mas deve se esforçar ao máximo para convencer parecer tê-las”, ensinou Maquiavel em seu tratado político “O Príncipe”, datado de 1513. Tão importante quanto não menosprezar a performance teatral é somar um rico repertório para o exercício da sedução. A sedução é inerente à política. A conquista do apoio da comunidade ou o ato de governar passam necessariamente pelo encantamento proporcionado pelo político.

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O político tal como o poeta é um fingidor. Os poetas descor-tinam suas dores fictícias enquanto os políticos lutam para manejar sensações. O cardeal Jules Mazarin em sua obra “Breviário dos Políticos”, datada de 1684, não pode ser mais claro: “Não mostres para ninguém teus sentimentos reais. Disfarça em teu coração como se disfarça um rosto. Que as palavras que pronuncias, as próprias inflexões de tua voz participem do mesmo disfarce. Jamais esqueças que a maior parte das emoções se leem no rosto. Assim, se sentes temor, reprime-o repetindo-te que és o único a ter consciência disso. Faz o mesmo em relação a todos os outros sentimentos”.

A encenação é utilizada para atiçar paixões, para estimular o sonho, para apa-ziguar ou mobilizar a socie-dade a despeito de supostas vantagem. Ela deixa um legado. A habilidade teatral do venezu-elano Hugo Chavez cooptou boa parte da população e está viva até hoje no imaginário do país. A figura de Luiz XIV é lembrada pela sua magnitude e como cada ato do seu reinado tinha um es-forço grandioso para brilhar. Luiz XIV era própria personificação do astro. Não à toa se portava com o rei-sol e assim passou para a história da humanidade. A performance do político, independente-mente do palco em que estiver, é fundamental para atingir sua ambição. Dentro do contexto da arte cênica a qual todo político está mergulhado e do objetivo prático dela que é aparentar aquilo que não é ou reforçar uma imagem, a opinião do histo- riador Laurence Rees em seu livro “Vende-se Político” deve ser pensada: “Pessoas elegem pessoas. Elas não elegem questões. Elas gostam de pessoas. O que elas querem fazer é olhar alguém nos olhos – pela televisão, é claro – e dizer: gosto dele.”. Todo político sonha com esse magnetismo. Compreender o poder da interpretação é primordial para a conquista do poder. Mas é preciso estar atento às armadilhas do poder.

O príncipe não precisa ter de fato todas as qualidades imaginadas pelas pessoas,

mas deve se esforçar ao máximo para convencer

parecer tê-las

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Cilada para o emergente político

O emergente político é um boçal que pingou Viagra no nariz. Você já topou com ele por aí. Se antes ele andava com os ombros caídos, hoje ele dá até parecer em documentos governamentais. Mais que isso: agora ele opina também. O emer-gente político escreve diletantemente. Vê-se como um formidável dialético. Crê que ser dialético é ser diletante e vice-versa.

O emergente político muda de penteado para que as pes-soas possam respeitá-lo. Fala mais palavrões, já que agora transita no establishment institucional. Versa com presteza sobre frivoli-dades. Acha-se inteligente. Usa crachá depois do expediente. Você já topou com um emergente político. Antes era miúdo e prestativo. Hoje é esnobe e ostensivo.

O emergente político é uma espécie que abomina ser con-frontado. Assimila um discurso vitimista para justificar ações injustificáveis. Dispensa autocriticas e não mede esforços para fingir-se ocupado no smarthphone mais caro do mercado.

Os emergentes políticos estão lotados no segundo escalão, no terceiro e até no primeiro escalão. São truculentos com os emer-gentes de um escalação abaixo e com servidores concursados. Você já topou com um emergente político. Eles carregam uma coragem de plástico dentro de si. Sentem pavor de voltar a pedir licença e

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por favor algum dia. Você conhece o emergente político. Ele acha que se conhece – e guarda em silêncio o seu medo de lidar com o personagem estranho que está em frente ao espelho todos os dias que acorda. Fuja dessas armadilhas que afeta os novatos que detêm algum tipo de poder político. Seja prudente inclusive com suas opiniões.

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Seja prudente com suas opiniões inteligentes

“E quando você for trepar sem camisinha/ E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba/Pense no Haiti, reze pelo Haiti”. Os versos finais da canção “Haiti”, do cantor Caetano Veloso, são sarcásticos e servem de alerta para quem se projeta em direção a qualquer vitrine política.

Arbitrar sobre temas de alta complexidade é autosabotagem e opinar à queima roupa sobre temas arquitetados para serem relevantes por 10 minutos é imprudência. Portanto, é preciso ser prudente ao emitir falsas opiniões inteligentes.

A abundância de informação não é conhecimento. Delete a ideia de utilizar redes sociais (Orkut, Instagram,Tumblr, Facebook, Askme, Twitter) como fonte de informação. Simplesmente o que se diz lá não é confiável. Elas são um termômetro. As redes sociais revelam em tempo real qual é o interesse de uma parcela da comu-nidade sobre um determinado tema. Um tema multiplicado mi-lhares de vezes demonstra o quanto o assunto é atrativo. Isso não quer dizer que ele é crível.

É mais prudente checar os dados em jornais, revistas e veículos de comunicações sólidos (o negócio deles é vender infor-mação confiável, não achismo). Ao constatar algo procedente, é preciso ter em mente que estar a par do assunto não significa tê-lo

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dominado. Novamente o remédio é a prudência. Ser prudente é ser honesto. Ser prudente é ser justo. Com o tempo a prudência foi associada erroneamente ao sujeito inseguro demais ou excessiva-mente incerto. É um equívoco. Ao opinar é preciso ser prudente para não cometer injustiças.

Apresentar ‘sua participação inteligente no bloqueio a Cuba’ pode leva-lo à ruína se feita de modo equivocado ou expressa de um modo desastrado. Rapidamente emagrecerá seu prestígio, reduzirá sua autoridade ou pior: causará constrangimento ao seu reduto político. Um grupo de apoiadores pode ser desmoralizado a partir de uma informação mal apurada e emitida numa reunião ou por uma postagem infeliz na rede social.

Antes de emitir uma opinião é preciso ter argumentos vivos. Na falta deles, é mais seguro ancorar seus pensamentos a uma entidade, uma instituição ou livro com notoriedade. Para quem busca projeção na comunidade é essencial escutar como rever-beram as vozes brotadas aqui e ali na opinião pública. Valorizá-las e destacá-la é uma tática mais rentável. No meio da comunidade circulam vários tipos de lideranças. “Formadores de opinião verti- cais teriam a capacidade de incutir nas massas ideias, valores e informações que o conjunto da população absorveria sem maiores críticas ou decodificações”, analisa Rubens Figueiredo em seu ensaio “O Marketing Político: entre a Ciência e a Falta de Razão” (Fundação Konrad. 2000).

Ao conseguir extrato desses pensamentos é possível apre-sentar ‘sua participação inteligente no bloqueio à Cuba’ de um modo muito mais poderoso e convencer a opinião pública daquilo sobre a qual ela já está convencida. Como bem lembra Laurecen Rees (Vende-se Política. Revan, 1995) neste caso quem busca pro-jeção não lidera, mas é liderado pela opinião pública.

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Maquiavel mesmo era Mazarin

Os conselhos do cardeal e primeiro-ministro de Luiz XIV da França, Jules Mazarin, em sua obra “Breviário dos Políticos” são inescrupulosos. O francês escreveu um guia para cativar poderosos, aumentar poder dentro do organismo público e atingir a hegemonia muito mais maquiavélico do que se comparado ao celebradoo “O Princípe”, de Nicolau Maquiavel.

Para Mazarin, o candidato ao poder ou aquele que exerce algum tipo de poder jamais pode deixar transparecer aquilo que sente ou pensa. “Arranja-te para que teu rosto jamais exprima nenhum sentimento particular, mas apenas uma espécie de per-pétua amenidade”, ensina o cardeal. Mazarin é descrito por Umber-to Eco como uma figura extremamente desprezível e avalia sua obra como instrumento “esplêndido” sobre como “obter poder pela manipulação do consenso”.

A sofisticação da manipulação política sugerida em “Bre-viário dos Políticos” pode ser medida pela orientação de Mazarin para quem pretende dar uma guinada em sua trajetória. “Se cogitas uma mudança de orientação política, procura preliminarmente – e em segredo – um teólogo ou uma pessoa entendida e obtém sua aprovação plena e cabal. Depois dá um jeito para que seja ele quem te faça essa sugestão diante de testemunhas, ele que te incite a isso

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e – melhor ainda – que pareça abertamente fazer pressão sobre ti”, escreveu. Cínico, não?

A doutrina do italiano não para por ai. É dotada de outras recomendações. “Ter informações sobre todo o mundo, não confiar teus próprios segredos a ninguém, mas colocar toda a tua persever-ança em descobrir os dos outros”, redigiu o Cardeal como instru-mento essencial para atingir ou manter o poder.

Ele prega ainda que a moderação é um remédio para não ser esquecido dentro do exercício da política. “Jamais esqueças que a prudência exige não atacar vários inimigos ao mesmo tempo. Assim, enquanto trabalhas para a ruína deste, reconcilia-te com todos os outros – provisoriamente”, orienta.

Em sua obra Mazarin elenca uma série de comportamentos apreendidos por ele durante seu esplendor político na França. Vão desde como se portar diante de bajuladores, instruções sobre como corrigir o modo de olhar, dissuadir ordens para que você cometa crimes, como abater um concorrente ao mesmo posto e criar rela-cionamentos utilitários. Assim, reza a cartilha para o político ine-scrupuloso. Em parte é ele o responsável pelo desamor da política.

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Desamor pela política

Ser contra a política é um clichê, um mantra e um lugar-comum. Essa verdade universal (de que a política é imprestável) é alimentada, inclu-sive, por atores do ambiente político. Aliás, estes são seus piores algozes. Rasuram a reputação da política para não serem acossados por amigos e parentes numa roda de conversa, no clube de cam-po ou na fila do banco.

Contraditoriamente, aqueles que sonham em conquistar um cargo eletivo também contribuem para a marginalização da política. Contudo, mantêm firme seu propósito eleitoral. A discrepância é grande. É a mesma coisa que pensar num operador do direito às raias com a justiça, num romancista descrente com a literatura ou num jogador de futebol que despreza o gol. Não faz sentido. Como explicar esse paradoxo? Sobra oportunismo de um lado e covardia por outro? Sim. Mas não é só isso.

A tendência de simplificar temas complexos é uma praga do nosso cotidiano. Pior, produz preconceitos. Advogar em favor da política é abraçar suas qualidades, não sua vilania. Contudo, é muito mais simples tê-la como vilã. Cai bem para uma sociedade adorado-ra de rótulos e fã da simplificação: isso é bom, isso mau, aquilo é descolado ou aquilo é antiquado. Não somos dados a pensar além da superfície. É uma espécie de anorexia cognitiva.

Acontece que os políticos ainda são idealizados na atuali-dade como guias. Não à toa são citados em metáforas como pas-tores, médicos, ou em outras posições, onde são associados à sabe-

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doria, experiência e uma boa capacidade de fazer a coletividade sonhar com o bem. Daí advém a vigília monumental sobre o político. Ao capitular moralmente o político alimenta a indústria do escânda-lo que por sua vez nutre o nosso ceticismo, faz agonizar a política e escoa o poder aos detratores da política.

A estafa gene- ralizada com os efeitos contraproducentes da política chega às raias da beligerância. Nasce daí um desejo incan-descente das pessoas pela erradicação da política do nosso cotidi-ano. E há quem patro-cine esse sentimento para atingir a hegemonia ou tonificar seu domínio político. De fato no seio da política não reside justiça. A política não é boa, a política não é má. A política sequer é romântica, mas inspira a aventura humana a engendrar ideais.

Mas a política é útil e cheia de virtudes. Você aí interessado em ter acesso ao poder ou permanecer não destrate a política. Pelo contrário, ressalte suas qualidades. Por meio da política conseguim-os fabricar o consenso, em contrário viveríamos em ambientes totalitários. Mas não devemos idealizar demais a política. A política não se basta em si. O efeito dessa frustração aparece em estatísticas assustadoras. Veja a seguir.

A tendência de simplificar temas complexos é uma praga do nosso

cotidiano. Pior, produz preconceitos. Advogar em favor

da política é abraçar suas qualidades, não sua vilania.

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Estatísticas da decadência

Campinas se destaca pela sua liderança na RMC (Região Metropolitana de Campinas). É uma cidade rica, polo tecnológico e também cultural. Apesar de ter uma população atenta e participa-tiva, em 2010, a imagem da cidade foi jogada na lama pelos inúmeros casos de corrupção que vi-eram à tona na administração pública.

Frustrado com a classe política, o eleitorado sumiu das urnas em 2012 no pleito municipal. Subiu de 5% em 2008 para 12% em 2012 o número de votos nulos. As abstenções também foram ex-pressivas: em 2008 representavam 15% e em 2012 chegou a 19,5%. Os votos em branco saltaram de 4% no pleito de 2008 para 5,8% em 2012. Esses números do processo eleitoral representam o de-salento das pessoas com a classe política.

O desapreço pelo processo eleitoral é idêntico em cidades que passaram pelo mesmo trauma político. Limeira, por exemplo, é um município que integra o Aglomerado Urbano de Piracicaba e en-frentou um processo idêntico ao período de instabilidade na políti-ca campineira. O comportamento de desânimo nas urnas também se repetiu (veja os gráficos).

O estresse das cidades vítimas de escândalo político, muitas delas arremessadas de supetão no cenário nacional, em razão do mau comportamento dos seus políticos profissionais, provocam sequelas irreversíveis. O sentimento de declínio e de vergonha também se soma ao instinto de reação. Uma busca pelo novo sujeito

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político. Alguém que seja liderado, não um líder. Afinal de contas, o fazer político é uma virtude e devemos lembrar das qualidades proporcionadas pela política.

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O fazer político é uma virtude

Em uma entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto, no livro “Os Segredos dos Presi-dentes” (Editora Globo, 2005), o ex-presidente Fernando Collor de Mello, considera como um dos seus principais erros a postura intolerante do seu governo com o Congresso Nacional. Desde que tomou posse até sua derrocada na Presidência, o hoje senador da República manteve, inadvertida-mente, um relacionamento ruim com o poder Le- gislativo. Motivo? No ápice da sua trajetória como político, Collor não apreciava o fazer político.

Talvez o ex-presidente seja o exemplo mais popular de um crescente agrupamento de políticos em rota de colisão com a políti-ca. Sim, políticos às turras com a política vêm se proliferando nas cidades. Não é raro ouvir desabafos inusitados de ocupantes de cargos eletivos em assembleias legislativas ou mesmo em prefeitu-ras do interior de São Paulo, queixas sobre a necessidade de fazer política para atingir um resultado desejado. Frases desalentadoras como “Tudo é política, né?” são comuns.

Esta incongruência é fabricada pelo reducionismo cara- cterístico da nossa época de farto conhecimento e pouca reflexão. O vazio de conhecimento sobre a essência da política é latente. Política

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é uma ciência e uma arte. Política também gesto, como escreveu certa vez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O fazer político é o campo onde se apaziguam as diferenças. É uma aven-tura em que há embates, há participação popular e se constitui o instrumento conhecido pelo homem no qual se inicia a organi-zação social. A política é repleta de virtudes.

O grande desafio da política é criar as condições para que se passe da defesa dos interesses particulares para a construção e a defesa do interesse geral, escreveu o Marco Aurélio Nogueira em sua obra “Em Defesa da Política” (Unesp, 2001). É ela, ainda segundo o professor, que nos ajuda a integrar desejos, vontades e interesses numa con-vivência coletiva.

Cabe lembrar que esta tese contestada pela postura opor-tunista de estrategistas interessados em fazer ruir a política apenas para privilegiar a classe política vigente. Esse oportunis-mo deliberado tem como ambição beneficiar os velhos políticos. Cabe ao novo sujeito político denunciar esta prática e não ceder a frases feitas que associem política ao horror.

É preciso preservar a notabilidade da política a fim de protegê-la dos seus detratores. A crença na política é com-preender seu poder da sua comunhão com as pessoas. Mas é notório que o poder político vem diminuindo ao longo do tempo. Mas, afinal, o que vem acontecendo?

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É preciso preservar a notabilidade da política a fim de protegê-la dos seus detratores. A crença na políti-

ca é compreender seu poder da sua comunhão com as pessoas.

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Os partidos perderam o poder

Diferente dos anos 80, na segunda década dos anos 2000, a maioria dos políticos brasileiros fracassaram em desempenhar o papel crucial de ser conector entre os interesses das pessoas e ações de governo. Os partidos também perderam conexão e novos concorrentes surgiram no hori-zonte da arena política.

O diagnóstico do escritor venezuelano Moisés Naim, em sua obra “O Fim do Poder” ( Editora Leya, 2013), descortina o fim da hegemonia dos partidos políticos. “Os canais que ligam as pessoas ao governo são agora muito mais curtos e mais diretos do que antes e surgem cada vez mais atores capazes de intervir nesse processo e competir com os partidos no desempenho desse papel (de conexão). Cada vez mais as pessoas podem fazer sentir seus desejo e defender seus interesses sem necessidade da interme-diação dos partidos políticos”.

A resignação frente à consolidação desse quadro é uma pequena amostra de como a classe política e os partidos políticos vêm perdendo poder, analisa o venezuelano e prestigiado colunista do El Pais. As novas formas de participação política e de organi-zação minaram o poder de partidos políticos tradicionais. Isso significa maior interferência e, por sua vez, autonomia de pequenos grupos, seja de ativistas religiosos, executivos de novas tecnologias, celebridades engajadas ou blogueiros. Vale citar o enriquecedor

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depoimento do ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, sobre essa nova forma de participação política.

“Quanto mais as Ongs têm o poder de perse-guir seus objetivos unidimensionais, menor é o po- der do governo para governar. Muitas Ongs são gru-pos de interesses com um só objetivo, com maior agilidade-política, melhor domínio da mídia e maior flexibilidade no plano internacional do que a maio-ria dos governos. Sua proliferação deixa de mãos e pés atados a máquina governamental e limita muito seu leque de opções. Tive uma experiência pessoal disso quando fui presidente e vejo-o agora em minhas viagens quando falo com outros chefes de Estado e ministros. No geral, as Ongs são benéficas à sociedade, mas sua visão bitolada e as pressões que têm de exercer para mostrar resultados às suas ba-ses e doadores podem torná-las muito rígidas”

O enfraquecimento da classe política tradicional abre camin-ho para o fortalecimento dos políticos antiquados. Eles se misturam aos novos atores da arena política. Muitos aportam no embate com uma força devastadora. São carismáticos, bem financiados, símbolos de sucesso capitalista e falam diretamente às pessoas. São os políti-cos messiânicos, que adoram liderar ao invés de serem liderados.

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A política está longe de ser o palco da justiça

Neste texto volto num tema que delinea toda esta obra: a associação da política com a justiça. Bem, primeiro é preciso entender que a engrena-gem da política é movida por forças ambíguas. O embate é o seu oxigênio. Quem exerce o poder impõe obstáculos à igualdade de condições neste enfrentamento.

Outra coisa: a construção de uma hegemonia é uma batalha contínua e impõe tanto ao aspirante ao poder como a quem o exerce a arte da sedução, a necessidade de domesticar sentimentos, manter segredos, ser invisível, simular e ser dissimulado. De novo: a política nunca foi o palco da justiça.

É um exercício de dominação e dominar necessariamente exige seduzir, controlar, persuadir e dissimular. O fazer político que eu acredito não tem interseção entre a persuasão e a manipulação. Ponto. E você aí que tem tesão pelo ambiente político precisa fugir dessas armadilhas do senso comum.

A política busca a construção do consenso e nunca o sabor amargo da intolerância. “A política não está errada ao procurar tecer coesão. Não pode, entretanto, eliminar as fontes de divergências”, escreveu o estudioso Christian Ruby em seu livro “Introdução à Filosofia Política” (Unesp, 1998). Particularmente confio bastante nesta ideia. A idealização da justiça dentro da política não me inco-moda. A ação política carrega essa mensagem embutida em seu

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DNA. Um recado salpicado de uma espécie de verdade do grupo que se articula em favor da manutenção do governo ou que planeja sua derrocada. A beleza da política é a disputa.

Não faço apologia nestas páginas ao vale-tudo e ao extermí-nio da ética. Nem me preocupo com o chilique da turma politica-mente correto e sua visão maniqueísta do universo. Quando digo que a política não é palco da justiça é porque historicamente a construção da verdade foi tecida por quem está no poder, ou seja, pela classe dominante. Rotular quem está na hegemonia um grupo cândido é uma ingenuidade.

Como ensina José Nivaldo Júnior em “Ma-quiavel, o poder” (1999), nem mesmo o autor de “O Príncipe” propôs um governante distante da ética. “Não julgamos correto afirmar que ele exterminou a ética no seu pensamento político. Acreditamos expressar melhor o sentido da ética em sua obra quando considerarmos que ele transfere a ética dos meios para os fins. O fim visado por ele, em última análise, é forta-lecimento do Estado. Considera que os homens, por si mesmos, são maus. (...) Se os homens são maus por natureza, a única salvação para a sociedade é um Estado centralizador, simbolizado por um governo forte, capaz de tudo pela glória, pela vitória. Esse é o senti-do mais abrangente do trabalho de Maquiavel”, analisa Nivaldo Júnior. Mas, como reforço em todo este trabalho, é preciso cuidado para não simplificarmos temas complexos como a política.

A política nunca foi o palco da justiça. A política é um exer-

cício de dominação e dominar necessariamente exige seduzir,

controlar, persuadir e dissimular. O fazer político que eu acredito não tem interseção entre a per-

suasão e a manipulação.

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A política é útilO fazer político é tenaz em fabricar con-

vergências. Eis aí uma virtude única da política e uma habilidade singular dos políticos: construir o consenso. Um oásis numa era de abundante he- terogeneidade, de veloz transformação e com gos-to atroz pela simplificação.

O desuso do fazer político fortalece a intolerância. Nutre um sistema empenhado em tecer apatia e estrangula os mecanismos de participação popular. Reavivar as essências do fazer político é a vocação do novo sujeito político. Para alguns, advogar em favor da política é marchar contracorrente. A estafa generalizada com os efeitos contraproducentes da política chega às raias da beligerância. Nasce daí um desejo incandescente das pessoas pela erradicação da política do nosso cotidiano. E como venho alertando ao longo desse livro, há quem patrocine esse sentimento para atingir a hegemonia ou tonificar seu domínio político.

O patrocínio dessa tese dissemina a associação entre im-pureza e política. É uma equação coerente pelo volume de maland-ragens atribuídas ao ponto de chegada da política: o poder. Notada-mente a política já foi possuída por tudo que é nêgo torto, do mangue ao cais do porto, como diz os versos da canção “Geni”, do Chico Buarque.

Mesmo injustiçada e vítima de lixamento público, a política

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carrega em sua gênese o pendor da redenção. O mesmo acontece com a personagem da canção. Ambas carregam glórias em sua jornada. De fato, no seio da política não reside justiça. A política não é boa, a política não é má. A política sequer é romântica, mas inspira a aventura humana a engendrar ideais. A loucura, o amor, a espe rança, a ilusão, a perversidade, a bondade são nuances da política. Juntos, eles constituem um filme. Ao ser projetado no presente reve-la-se a psiquê de uma civilização.

A política é a paisagem construída a partir destes movimen-tos. Não à toa é untada em contradições e configurada por forças distintas. Por esta razão nela reside o conflito, afinal, ela é feita por homens e não por softwares.

O historiador e critico social Russel Jacoby acha que não há nada a fazer para restaurar a utopia. Porém isso não significa que nada deverá ser pensado, imaginado ou sonhado daqui para adiante. “O empenho em vislumbrar outras possibilidades de vida e sociedade continuam sendo urgentes”. O recado também vale para a política, principalmente quando incitamos aqui seu valor num momento de veloz transformação e com gosto atroz pela simplificação. O fazer político fabrica consenso e espanta o fantasma do messianismo.

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Em busca de uma voz política• Nogueira, Marco Aurélio. Em Defesa da Política – São Paulo. Senac São Paulo. 2001.

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Insista num só tema, não confunda a mente do eleitor• Soros, George. “A Vitória de Pirro de Angela Merkel”. Disponível www.portaldoeconomista.org.br/comunicacao/noticias_detalhes.php?notId=1783. Data de acesso 29 de novembro de 2013• Peer Steinbrueck. Disponível em www.peer-steinbrueck.de. Acessado em 29 de novembro de 2013

|Referências

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Verdade e manejo da opinião pública• Noam Chomsky recorrer ao filósofo David Hume em Princípios Básicos de um Governo para referendar seu pensamento• “O poder e a política saturam tudo o que existe. A própria verdade é uma função do poder”, escreveu Russel Jacoby em “O Fim da Utopia” em alusão a con-cepção do poder total de Foucault

Seja prudente com suas opiniões inteligentes• Figueiredo, Rubens. “O Marketing Político: entre a Ciência e a Falta de Razão”. Fundação Konrad, São Paulo. 2000.

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Obras consultadas para compreensão do contexto político brasileiro

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denava Geni agora se aproxima da prostituta. Usando argumentos persuasivos e explorando a boa índole anti-heroína, convencem-na a se deitar com o comandante. Ela salva a todos e depois volta a ser desprezada pela elite. 13. Jacoby, Russel. O Fim da Utopia / tradução Clóvis Marques – Rio de Janeiro: Record, 2001. Salomão, Waly. Armarinho de Miudezas. São Paulo. Editora Rocco. 1993.14. Nogueira, Marco Aurélio. Em Defesa da Política – São Paulo. Senac São Paulo. 2001.15. Giddems, Anthony. Mundo em Descontrole. Editora Record: 2013. Rio de Janeiro.16. Disponível em www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ribeirao-preto/2013/08/1329409-tre-de-sao-paulo-cassou-13-prefeitos-e-absolveu-4.shtml. Acessado em 08/12/2013.17. Cardoso, Henrique Fernando. A Arte da Política – Editora Record. 2006.18. Disponível www. jmjcampinas.org.br/discursos-e-homili-as-do-papa-francisco-no-brasil-por-ocasiao-da-jmj

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