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Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 Varginha, MG CEP: 37026-400 35 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br PULVERIZAÇÃO NA FLORADA DO CAFEEIRO - PODE-SE OU NÃO FAZER J.B. Matiello e S.R de Almeida Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé O titulo desta matéria coincide com uma pergunta muito frequente que recebemos e, continuadamente, respondemos afirmativamente a ela. Sim, podemos pulverizar na época da florada, pois a pulverização não vai atrapalhar em nada o pegamento dos frutos da floração. Nossa afirmação se baseia no conhecimento da estrutura dos botões e flores e nos experimentos efetuados. A formação dos botões e flores do cafeeiro ocorre nos nós, nas axilas das folhas. Ali eles são bem protegidos e possuem seu tecido coberto por camada cerosa, capaz de resistir a possíveis queimas por produtos, especialmente por sais aplicados. São tão resistentes quanto o tecido foliar. Portanto, a calda de pulverização adequada, aquela que não causa problema nas folhas, igualmente não causa distúrbios sobre os botões e flores. Outra hipótese de danos seria no ato da abertura das flores, pois a calda poderia atrapalhar a sua fecundação. No entanto, sabe-se que os órgãos, masculino e feminino, das flores estão aptos e a fecundação do cafeeiro arábica ocorre com o botão ainda fechado, assim, sem problemas de interferência de fatores externos. Além disso, nosso lema é procurar, sempre, testar aquilo que poderíamos ter dúvidas. Pois é, assim foi feito com a avaliação do efeito de pulverizações no período de florada. Foram testados 4 tratamentos, sendo o primeiro com a pulverização na pré-florada, sobre os botões. O segundo, com a pulverização no dia da abertura da florada, o terceiro uma semana após à floração e um quarto este sem pulverização(testemunha). Na calda foram colocados os produtos mais comuns empregados, sendo os sais de zinco e do ácido bórico, o fungicida cúprico e um inseticida. Os resultados foram aferidos através da produção das plantas do ensaio, dos 4 diferentes tratamentos, chegando-se a produtividades semelhantes, sem diferenças significativas entre eles, mostrando que as pulverizações na época da florada não interferem no seu pegamento, ou seja, não causam problemas na frutificação. Falamos sobre o que ocorre nos cafeeiros arábica. Com relação ao robusta-conillon valem as mesmas considerações feitas nas aplicações na pré e pós florada. Varia ligeiramente quanto à oportunidade de pulverizar no dia da abertura da florada, pois nesse tipo de cafeeiro, a fecundação é cruzada, ocorrendo depois da abertura das flores. Aí, então, deve-se evitar essa aplicação no dia da florada, pois alguns produtos poderiam espantar insetos polinizadores, se bem que grande parte da fecundação ocorre pelo vento. Neste aspecto, uma pequena molhação do pólen tornaria os grãos mais pesados, e com mais dificuldade no seu deslocamento pelos ventos, embora por curtíssimo período, pois logo secariam, sendo muito diferente de uma chuva, ou, mesmo irrigação, estas sim muito prejudiciais ao pegamento da frutificação, quando ocorrem durante a abertura das flores. Fica, então, clara a nossa resposta inicial. Podemos, quando necessário, aplicar produtos via pulverização sem causar problema à floração. Ainda mais, nas regiões mais frias e úmidas, onde ocorrem fungos que atacam botões, flores e chumbinhos, onde as aplicações, de fungicidas adequados, podem é aumentar a produção, não diminuí-la.

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Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

PULVERIZAÇÃO NA FLORADA DO CAFEEIRO - PODE-SE OU NÃO FAZER

J.B. Matiello e S.R de Almeida Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé

O titulo desta matéria coincide com uma pergunta muito frequente que recebemos e,

continuadamente, respondemos afirmativamente a ela. Sim, podemos pulverizar na época da

florada, pois a pulverização não vai atrapalhar em nada o pegamento dos frutos da floração.

Nossa afirmação se baseia no conhecimento da estrutura dos botões e flores e nos

experimentos efetuados.

A formação dos botões e flores do cafeeiro ocorre nos nós, nas axilas das folhas. Ali eles

são bem protegidos e possuem seu tecido coberto por camada cerosa, capaz de resistir a possíveis

queimas por produtos, especialmente por sais aplicados. São tão resistentes quanto o tecido foliar.

Portanto, a calda de pulverização adequada, aquela que não causa problema nas folhas,

igualmente não causa distúrbios sobre os botões e flores.

Outra hipótese de danos seria no ato da abertura das flores, pois a calda poderia atrapalhar

a sua fecundação. No entanto, sabe-se que os órgãos, masculino e feminino, das flores estão aptos

e a fecundação do cafeeiro arábica ocorre com o botão ainda fechado, assim, sem problemas de

interferência de fatores externos.

Além disso, nosso lema é procurar, sempre, testar aquilo que poderíamos ter dúvidas. Pois

é, assim foi feito com a avaliação do efeito de pulverizações no período de florada. Foram

testados 4 tratamentos, sendo o primeiro com a pulverização na pré-florada, sobre os botões. O

segundo, com a pulverização no dia da abertura da florada, o terceiro uma semana após à floração

e um quarto este sem pulverização(testemunha). Na calda foram colocados os produtos mais

comuns empregados, sendo os sais de zinco e do ácido bórico, o fungicida cúprico e um

inseticida.

Os resultados foram aferidos através da produção das plantas do ensaio, dos 4 diferentes

tratamentos, chegando-se a produtividades semelhantes, sem diferenças significativas entre eles,

mostrando que as pulverizações na época da florada não interferem no seu pegamento, ou seja,

não causam problemas na frutificação.

Falamos sobre o que ocorre nos cafeeiros arábica. Com relação ao robusta-conillon valem

as mesmas considerações feitas nas aplicações na pré e pós florada. Varia ligeiramente quanto à

oportunidade de pulverizar no dia da abertura da florada, pois nesse tipo de cafeeiro, a fecundação

é cruzada, ocorrendo depois da abertura das flores. Aí, então, deve-se evitar essa aplicação no dia

da florada, pois alguns produtos poderiam espantar insetos polinizadores, se bem que grande parte

da fecundação ocorre pelo vento. Neste aspecto, uma pequena molhação do pólen tornaria os

grãos mais pesados, e com mais dificuldade no seu deslocamento pelos ventos, embora por

curtíssimo período, pois logo secariam, sendo muito diferente de uma chuva, ou, mesmo irrigação,

estas sim muito prejudiciais ao pegamento da frutificação, quando ocorrem durante a abertura das

flores.

Fica, então, clara a nossa resposta inicial. Podemos, quando necessário, aplicar produtos

via pulverização sem causar problema à floração. Ainda mais, nas regiões mais frias e úmidas,

onde ocorrem fungos que atacam botões, flores e chumbinhos, onde as aplicações, de fungicidas

adequados, podem é aumentar a produção, não diminuí-la.

Page 2: PODE-SE OU NÃO FAZER - fundacaoprocafe.com.br · flores. Fica, então, clara a nossa resposta inicial. Podemos, quando necessário, aplicar produtos via pulverização sem causar

Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

Sobre os botões a pulverização pode ser feita, pois eles são bem protegidos. Sobre as flores abertas,

também, pois elas já foram fecundaram antes de abrir.