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XX Congresso Brasileiro de Fruticultura 54th Annual Meeting of the Interamerican Society for Tropical Horticulture 12 a 17 de Outubro de 2008 - Centro de Convenções – Vitória/ES ______________________________________________________________________________ PODA RADICULAR NA QUALIDADE DE FRUTO DA PEREIRA ABBÉ FETEL Rafael Daboit Arruda 1 ; Leo Rufato 2 ; Aike Anneliese Kretzschmar 2 ; Caroline Schlemper 3 ; José Luiz Marcon Filho 4 ; Gilmar A. Marodin 5 . 1 Acadêmico Mestrado em Produção Vegetal CAV/UDESC. [email protected] 2 Dr. Fruticultura, Professor CAV/UDESC. 3 Acadêmico Mestrado em Produção Vegetal CAV/UDESC. 4 Acadêmico do Curso de Agronomia – CAV/UDESC. 5 Dr. Fruticultura, Professor UFRGS. INTRODUÇÃO A cultura da pereira na região sul no Brasil é uma alternativa para aumentar a eficiência do sistema produtivo, além de reduzir a importação. Entretanto, a expansão da cultura depende do desenvolvimento de tecnologias que viabilizem o sistema. Uma característica da região sul do Brasil é a sua potencialidade para produção de frutas de clima temperado, e a existência de um grande número de pequenos e médios produtores, de modo que a diversificação da produção é uma necessidade para aumentar a eficiência das propriedades. A cultura da pereira tem tido pouco desenvolvimento no Brasil devido à baixa produtividade das plantas, principalmente de cultivares européias (CAMELATTO et al., 1997). As principais causas limitantes para a expansão da cultura são: falta de cultivares produtoras de frutas de boa qualidade adaptadas às condições climáticas; indefinição de porta- enxertos; e o abortamento de gemas florais, que em alguns anos, dependendo do cultivar, atinge de 30 a 100% das gemas florais (NAKASU e LEITE, 1992). A produção de pêras no Brasil não tem expressão em nível mundial. A pereira no Brasil é, dentre as frutíferas de clima temperado, aquela em que não ocorreu o desenvolvimento de grandes áreas de produção, ficando restrita a plantios inexpressivos do ponto de vista comercial (MAIA et al., 1996). Segundo Nakasu e Leite (1990), dentre as frutas de clima temperado, a pêra é a terceira mais consumida no Brasil, sendo superada pela maçã e o pêssego. Isso evidencia o potencial de mercado na Região Sul do Brasil, onde, dadas as condições climáticas, tem possibilitado o cultivo da pereira. A poda de raiz pode ser uma alternativa para a economia de água e a maximização da absorção de nutrientes para culturas perenes, podendo reduzir o crescimento vegetativo, conseqüentemente, melhorar a participação de carboidratos para as gemas floríferas,

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Page 1: PODA RADICULAR NA QUALIDADE DE FRUTO DA …€¦ · poda radicular na qualidade de fruto da pereira abbÉ fetel rafael daboit arruda1; ... congresso brasileiro de fisiologia vegetal

XX Congresso Brasileiro de Fruticultura 54th Annual Meeting of the Interamerican Society for Tropical Horticulture 12 a 17 de Outubro de 2008 - Centro de Convenções – Vitória/ES

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PODA RADICULAR NA QUALIDADE DE FRUTO DA PEREIRA ABBÉ FETEL

Rafael Daboit Arruda1; Leo Rufato2; Aike Anneliese Kretzschmar2; Caroline Schlemper3; José

Luiz Marcon Filho4; Gilmar A. Marodin5.

1 Acadêmico Mestrado em Produção Vegetal CAV/UDESC. [email protected]

2 Dr. Fruticultura, Professor CAV/UDESC. 3 Acadêmico Mestrado em Produção Vegetal CAV/UDESC.

4 Acadêmico do Curso de Agronomia – CAV/UDESC. 5 Dr. Fruticultura, Professor UFRGS.

INTRODUÇÃO

A cultura da pereira na região sul no Brasil é uma alternativa para aumentar a eficiência do

sistema produtivo, além de reduzir a importação. Entretanto, a expansão da cultura depende

do desenvolvimento de tecnologias que viabilizem o sistema. Uma característica da região

sul do Brasil é a sua potencialidade para produção de frutas de clima temperado, e a

existência de um grande número de pequenos e médios produtores, de modo que a

diversificação da produção é uma necessidade para aumentar a eficiência das propriedades.

A cultura da pereira tem tido pouco desenvolvimento no Brasil devido à baixa produtividade

das plantas, principalmente de cultivares européias (CAMELATTO et al., 1997). As

principais causas limitantes para a expansão da cultura são: falta de cultivares produtoras

de frutas de boa qualidade adaptadas às condições climáticas; indefinição de porta-

enxertos; e o abortamento de gemas florais, que em alguns anos, dependendo do cultivar,

atinge de 30 a 100% das gemas florais (NAKASU e LEITE, 1992).

A produção de pêras no Brasil não tem expressão em nível mundial. A pereira no Brasil é,

dentre as frutíferas de clima temperado, aquela em que não ocorreu o desenvolvimento de

grandes áreas de produção, ficando restrita a plantios inexpressivos do ponto de vista

comercial (MAIA et al., 1996). Segundo Nakasu e Leite (1990), dentre as frutas de clima

temperado, a pêra é a terceira mais consumida no Brasil, sendo superada pela maçã e o

pêssego. Isso evidencia o potencial de mercado na Região Sul do Brasil, onde, dadas as

condições climáticas, tem possibilitado o cultivo da pereira.

A poda de raiz pode ser uma alternativa para a economia de água e a maximização da

absorção de nutrientes para culturas perenes, podendo reduzir o crescimento vegetativo,

conseqüentemente, melhorar a participação de carboidratos para as gemas floríferas,

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ocasionando uma melhor distribuição dos fotoassimilados para os frutos, gerando frutos de

melhor qualidade.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na empresa Frutirol Agrícola Ltda em Vacaria - RS, Brasil, em

um pomar localizado a 980 m de altitude. Utilizou-se a cultivar Abbé Fetel enxertada sobre o

porta-enxerto Adams em espaçamento de 0,70 x 3,0m.

A poda das raízes, foi efetuada nas entrelinhas do pomar no mês de agosto de 2006, com o

uso de uma lâmina de corte, acoplada ao sistema de três pontos do trator.

Os tratamentos realizados na cultivar Abbé Fetel foram os seguintes: testemunha sem

poda, poda somente do lado direito a 20 cm do tronco, poda somente do lado direito a 35

cm do tronco, poda somente do lado esquerdo a 20 cm do tronco e poda somente do lado

esquerdo a 35 cm do tronco, todas na profundidade de 35-40cm, sendo as filas do pomar

localizada na orientação leste oeste.

Em janeiro de 2007, foram selecionadas e demarcadas plantas aleatoriamente, instalando

tratamentos com cinco blocos e duas plantas por parcela. Os frutos foram colhidos no dia 09

de janeiro de 2008, para posterior avaliação, em laboratório.

As variáveis analisadas foram: peso médio de frutos, medido através do auxilio de uma

balança analítica, firmeza de polpa, através do penetrômetro, sólidos solúveis totais,

expressando-se o resultado em graus Brix; acidez medida através do método da titulometria,

e o pH.

Os dados obtidos submetidos à análise de variância, e suas médias foram comparadas pelo

teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na variável peso de frutos (TABELA 1), observa-se que as plantas submetidas ao

tratamento de poda radicular no lado direito, distante 20 cm do tronco e do lado esquerdo,

distante 35 cm do tronco, produziram frutos mais pesados que a testemunha, sem poda

radicular. Acredita-se que esse comportamento ocorreu porque as raízes estavam mais bem

distribuídas no lado direito da planta.

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Bar-Tal et al.,1995, trabalhando com produção de mudas de maçãs em solução nutritiva,

observaram aumento na absorção de nutrientes em plantas submetidas à poda de raiz. A

poda radicular promove um aumento promove um aumento na produção de raízes novas e

metabolicamente mais ativas

Para a variável acidez titulável, os tratamentos 20 cm lado direito e 35 cm lado direito

obtiveram as maiores médias diferindo estatisticamente do tratamento testemunha (tabela1).

TABELA 1 – Efeito das diferentes intensidades de poda de raiz na qualidade de frutos na pereira Abeé Fetel. Vacaria, RS, 2008.

Tratamentos Peso(Kg) SST(°Brix) pH Acidez Titulável

(meq L-1)

Firmeza de

Polpa(Kg/cm2)

Testemunha 0.80 c 12.73 ab 3.86 ab 1.20 c 11.34 a

20cm direito 1.06 a 12.33 b 3.67 b 1.47 a 9.29 b

35cm direito 0.86 bc 12.47 ab 3.91 ab 1.40 ab 11.13 a

20cm esquerdo 0.88 bc 13.25 a 3.95 a 1.25 bc 10.79 a

35cm esquerdo 0.95 ab 13.20 ab 3.81 ab 1.33 abc 11.42 a

CV (%) 6,73 3,21 3,26 6,27 4,47

Médias seguidas da mesma letra na coluna não apresentam diferença estatística pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Para as variáveis Sólidos Solúveis Totais, pH e Firmeza de Polpa, no tratamento 20 cm de

distância do tronco do lado direito da planta apresentaram resultados estatisticamente

inferiores comparados com o tratamento 20 cm de distância do tronco do lado esquerdo,este

fato devido a relação tamanho de fruto/ concentrações de açúcares e firmeza de polpa.

CONCLUSÕES

A poda radicular, realizada do lado direito, distante 20 cm do tronco e do lado esquerdo,

distante 35 cm do tronco, promoveu um aumento no peso dos frutos, comparado com a

testemunha.

Os parâmetros firmeza de polpa, sólidos solúveis totais e pH, não foram afetados pelos

tratamentos de poda radicular.

As plantas submetidas a poda radicular do lado direito e distante 20 cm do tronco produziu

frutos com valores mais elevados de acidez que a testemunha, sem poda radicular.

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REFERÊNCIAS

BAR-TAL, A; FEIGIN, A; SHEINFELD, S; ROSENBERG,R; STERNBAUM,B; RYLSKI; Root

restriction and N – NO, solution concentraction effects on nutrients uptake, transpiration and

dry matter production of apple. Sci hortic., 63: 195 – 208. 1995

CAMELATTO, D., ARRUDA, J.J.P. de, NACHTIGALL, G.R. Abortamento de gemas florais

da pereira (Pyrus communis, L.) cvs. Packhams Triumph e Williams Bon Chretien. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOLOGIA VEGETAL 6, 10 a 15 ago 1997, Belém - PA.

Anais... Belém: Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal, 1997. 620 p. p. 485.

MAIA, M.L., AMARO, A.A., GONÇALVES, J.S., et al. Produção e mercado de pêra e

pêssego no Brasil. Informações Econômicas, São Paulo, v. 26, n. 2, p. 33-48, 1996.

NAKASU, B.H., LEITE, D.L. Indicação de porta-enxerto e cultivares de pereira para o Sul do

Brasil. HortiSul, Pelotas, v. 1, n. 2, p. 20-24, 1990.

NAKASU, B.H., LEITE, D.L. Pirus 9 - Seleção de pereira para o Sul do Brasil. HortiSul,

Pelotas, v. 2, n. 3, p. 19-20, ago. 1992.

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