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Arquivo Público do Estado de São Paulo Oficinas Núcleo de Ação Educativa O(s) uso(s) de documentos de arquivos na sala de aula Maria Cássia Magalhães D’Ambrósio “ Poços na Linha Nos tempos da Mogyana “ Segundo Semestre - 2013-11-07

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Arquivo Público do Estado de São Paulo

Oficinas Núcleo de Ação Educativa

O(s) uso(s) de documentos de arquivos na sala de aula

Maria Cássia Magalhães D’Ambrósio

“ Poços na Linha

Nos tempos da Mogyana “

Segundo Semestre - 2013-11-07

JUSTIFICATIVA:

O livro "Memorial da Companhia Geral de Minas", de Don Williams

e Alex Prado, diz:

"1883 - Companhia Mogyana, ramal de Caldas,

viaducto de Poços. Viaducto em curva de 82 m. de raio.

Encontros e pilares de alvenaria. Vigias de alma cheia.

5 vãos de 13 metros, cada um. Custo da obra 78:000$

ou 196.560 francos ao cambio de 24d. por 1$000”.

Construído entre 1881 e 1883, o viaduto, que servia ao Ramal de Caldas,

trecho inaugurado em 1886 pelo Imperador Dom Pedro II, aqui presente com

grande comitiva, é uma obra impressionante e que contribuiu para a reputação do

Engº. Brodowski, seu construtor, mais tarde Inspetor Geral da Mogyana.Desde

então, a visitação à vila só crescia.

Tratava-se de capitalizar a presença ilustre para o bem da nascente estância:

uma associação secular e virtuosa entre a figura monárquica, as fontes de águas

especiais e a via férrea que, desde então, poderia trazer os mais diversos e

distantes turistas para o sul de Minas Gerais.

A Estação da Estrada de Ferro da Mogyana foi desenhada pelo tirolês

Giovanni Pansini e, no alto veraneio, ficava repleta de carros de aluguel à espera

do forasteiro disposto a gastar e usufruir dos privilégios das águas thermais e dos

casinos e, não raro , em nome do prestígio desejado por aqui estar, trazido pela

ferrovia.

Em 1943 o percurso da linha férrea foi modificado, de modo a reduzir a

inclinação em alguns trechos, visando aumentar a capacidade de carga dos trens.

Esta alteração levou ao abandono do antigo viaduto, cujos trilhos foram retirados,

restando hoje apenas os Pilares, construídos pela sobreposição de grandes blocos

de pedra.

O Trem Turístico começou a circular em outubro de 1987, dez anos após

terem sido suspensas as viagens de trens de passageiros, permanecendo apenas o

transporte de cargas. Em 1997, a Fepasa decidiu pela retirada dos trilhos entre as

estações Bauxita e Poços de Caldas.

A ferrovia representa muito para Poços de Caldas, não apenas pelo fato do

Imperador Dom Pedro II ter vindo à cidade em 1896 inaugurar o Ramal de

Caldas, mas pelo impacto econômico e cultural proporcionado pelos trilhos.

É quase um padrão nacional o abandono do patrimônio ferroviário,

representado invariavelmente por estações esquecidas ou sub-utilizadas.

Cuidar corretamente do patrimônio histórico é uma atividade da qual nossa

cidade deve se orgulhar e, resgatar a presença do trem na cidade é resgatar a

memória do apogeu vivido nos de casinos e banhos thermais que levaram Poços

de Caldas a ser o que é hoje.

O sentido de se preservar o Patrimônio Histórico e Cultural não é mero

preciosismo ou simples modismo, é valorizar os bens herdados das gerações

passadas como exemplo da capacidade humana de criar e interagir com o meio

ambiente e como um documento vivo da sociedade, sua transformação e formação

cultural, e garantir que essa herança seja legada às futuras gerações. É preciso que

se entenda de uma vez que o Patrimônio Histórico e Cultural não nos pertence, ele

pertence à Humanidade e às futuras gerações.

OBJETIVOS:

� Apresentar aos alunos material documental que lhes permita extrair

informações sobre repertórios histórico-culturais que lhes permitam localizar

acontecimentos numa multiplicidade de tempo, de modo a formular explicações

para algumas questões do presente e do passado;

� Recuperar da trajetória histórica da Companhia Mogyana em Poços de

Caldas e valorizar o patrimônio sociocultural .

CONTEUDOS

� Transporte ferroviário – histórico e importância para a formação de

Poços de Caldas.

MATERIAIS NECESSÁRIOS

� Extratos de artigos de Rubens Caruso – Memória de Poços de Caldas

PÚBLICO

� Fundamental II - 8º ano

TEMPO ESTIMADO

� 6 aulas internas e 2 aulas para visita local. Total : 8 aulas

DESENVOLVIMENTO

Oficina 1: Estudo de textos e imagens - aulas 1 e 2

Iniciaremos com um breve relato da história das Estradas de Ferro no

Brasil e em Poços de Caldas, enfatizando a importância da ferrovia para a

formação sócio-econômica- cultural da cidade. Em seguida serão distribuídos os

documentos aos alunos para que, em grupos de 4, possam fazer as análises do

material.

Todos os documentos foram retirados de arquivo de Rubens Caruso –

Memória de Poços de Caldas - uma vez que entendemos ser a principal e mais

completa fonte sobre a ferrovia e sua importância para Poços de Caldas.

A escolha de tais documentos ocorreu devido ao fato de apresentarem

variados e interessantes relatos para que o aluno possa verificar a extensão do

conteúdo. Dessa forma, esperamos levá-los a uma maior compreensão do poder

dessa ferrovia e sua importância patrimonial para a cidade de Poços de Caldas.

METODOLOGIA

� Faremos grupos de 4 alunos. Cada grupo receberá três documentos .

( anexos 1 ao 10 expostos no final do trabalho).

� Ler e discutir os artigos em sala de aula .

� Responda:

1- Identificação: temas e fontes

2- Contextualização : personagens, épocas , locais etc; transcrevendo

trechos do mesmo.

3- Descrição : palavras-chave, frases que você considerou significativas,

informações mais importantes.

4- Explicação : explique as palavras-chave que você selecionou; relacione

as informações selecionadas com algum tipo de conhecimento que você já

tinha sobre o assunto ( incluindo matéria estudada sobre ciência ontem e

hoje).

5- Apreciação :dê sua opinião sobre as ideias principais.

6- Conclusão: após a leitura e a discussão feita pelos grupos, produzir um

texto conclusivo das análises e apresentar para a sala.

Oficina 2: Estudo do meio - aulas 3 e 4 - externas – Estação

Ferroviária de Poços de Caldas.

METODOLOGIA:

� Visita à Estação Ferroviária de Poços de Caldas para breve recuperação

da história de seus mais importantes espaços e registros, que será feita pela

professora.

� Produzir fotografias locais. (Estas produções visuais serão de grande

importância para a posterior produção de um banco de memórias virtual –

blog da sala)

� Observar imagens antigas e atuais. ( anexos 11 ) .

� Comparar características e condições antigas e atuais dos prédios do

nosso patrimônio arquitetônico e suas respectivas interações com a

comunidade e sua história.

� Fazer relatório sobre o que o grupo observou , analisou e aprendeu na

oficina. Relatório feito no local da visita.

� Atentar para que os alunos observem vestígios do passado e as

mudanças apresentadas pelo tempo.

Oficinas 3: Produção de textos para narração e exposição de imagens

para o Banco de Memória Virtual – 2 aulas – aulas 6 e 7

METODOLOGIA:

� Revisão de todos os textos elaborados – Os grupos analisam o que deixar e o

que acrescentar. Revisão feita em sala de aula.

� Através da leitura dirigida das imagens citadas, os grupos serão orientados a

produzirem relatos escritos finais com todas as informações obtidas.

� Selecionar fotos previamente escolhidas pelo grupo.

� Estes textos e imagens coletivas serão registrados e expostos em sala de aula.

Oficina 4 : Elaboração do Banco de memória Virtual – 1 aula – aula 8

METODOLOGIA:

� Finalmente, o trabalho é colocado , pelos alunos, no Banco de Memória Virtual

– Blog da sala.

ANEXOS

Anexo 1

POÇOS DE CALDAS - Município de Poços de Caldas, MG

Ramal de Caldas - km 75,208 (1937) MG-0073

Altitude: 1186 m Inauguração: 01.10.1886

Uso atual: Parte da Secretaria de Turismo de

Poços de Caldas sem trilhos

Data de construção do prédio atual: n/d

HISTORICO DA LINHA: O ramal de Caldas foi inaugurado em 1886, para trazer

mercadorias da região de São João da Boa Vista e de Poços de Caldas (na época

conhecida como Caldas), já em território mineiro. O ramal seguiu, entretanto,

deficitário por muitos anos, chegando a ter, de tempos em tempos, seus trens de

passageiros suspenso devido a isso. Porém, acabou por ser o único de todos os ramais

da Mogiana que permanece ativo até hoje, por causa do transporte de minério de

alumínio da estação de Bauxita, uma antes da de Poços de Caldas. Trens de passageiros

circularam pela linha até fins de 1976, quando foram suprimidos. Até meados dos anos

90, um trem turístico ainda percorria em determinadas ocasiões o ramal, mas hoje nem

ele existe. Os trilhos, entretanto, foram retirados no trecho terminal em Poços de

Caldas.

A ESTAÇÃO: A estação de Poços de Caldas foi aberta com o nome de Caldas em

1886. De 1878 a 1886, até a abertura desta, existia uma outra estação, no tronco da

Mogiana, que tinha esse nome. Com a inauguração do ramal, este passou a sair

de Cascavel (Aguaí). A estação de Caldas, que tinha grande movimento devido

ACIMA: A cidade de Poços de Caldas como deveria ficar, num projeto apresentado em

1912. A estação ficaria quase no centro do mapa, um pouco abaixo, em frente a um

jardim que existe do outro lado do Hotel das Termas. A linha viria do oeste e faria uma

curva para o norte na esntrada da estação. O projeto jamais foi implantado (Revista A

Vida Moderna, 26 de setembro de 1912, acervo Paulo Castagnet). ABAIXO: A cidade

de Poços de Caldas, por volta de 1900, mostrando o final da linha do ramal. A estação,

parece, estaria além do canto esquerdo inferior da fotografia (Foto atribuída a Marc

Ferrez).

O escritor e historiador cearense José Capistrano de Abreu conheceu Poços em 1914:

"Cheguei sabado passado aos Poços de Caldas, comecei os banhos domingo, estou no

décimo terceiro (...). Tenho frequentado principalmente Pedro Botelho (...), mas desde

que experimentei o Macaco, minhas simpatias foram para este (...). Esta arrière-saison

com a pouca gente e com os hotéis barateados para atrair a freguesia, seria o ideal, se

não chovesse tanto e a vila fosse calçada. Para quem não tem medo de frio, melhores

seriam junho e julho: o tremômetro já tem baixado a -6. Abundam hotéis, pensões

familiares e infamiliares, estas fáceis de conhecer, por uns vasos de barro dom flores,

expostos nas janelas. O hotel mais frequnetado é o da Empresa, com cento e tantos

quartos, divertimentos diversos, ligado ao estabelecimento por uma galeria coberta.

Preferi o do Oeste (...) A diária é de 6$ (...) fica na avenida Francisco Sales, a maior, ou

antes a mais larga de todas (...)" (carta a J. B. Pandiá Calógeras, 15/2/1914, p. 386-387).

http://www.memoriadepocos.com.br/search/label/Mem%C3%B3ria%20Escrita

ANEXO 2

O jornal o estado de São Paulo colocou no ar seu acervo histórico, digitalizado.

publicado em 6 de agosto de 1886, sobre a chegada dos trilhos da Mogyana a Poços de

Caldas

http://www.memoriadepocos.com.br/search/label/Mem%C3%B3ria%20Escrita

ANEXO 3

RELATO DOS BONS TEMPOS DA MOGYANA

Memória de Poços de Caldas recebeu do amigo Wanderley Duck um belíssimo

relato, que dá a ideia exata de como eram as viagens de trem até a cidade. Acompanhe:

"Estas duas fotos do Jorge Ferreira acabaram me fazendo viajar no tempo,

recordar da época em que eu era moleque, nos anos 50, e a gente ia de férias de meio de

ano para poços de caldas.

Não era em todos os invernos que nós íamos para lá, mas em alguns anos era essa

a grande aventura de julho.

Como morávamos em São Paulo, íamos de trem, porque ir de carro naquela época

era procurar encrenca, além das estradas ruins. o então moderno e possante chevrolet 52

do meu pai, fatalmente ia ferver na subida da serra de poços -aliás todo mundo deixava

o carro e ia de trem naquela época em que os carros ferviam em qualquer subida de

serra.

Íamos de táxi até a Estação da Luz, depois trem até Campinas e aí fazíamos a

baldeação para o trem da Mogiana. Pena que tiraram os trilhos e tamparam aquela parte

onde ficava a gaveta da Mogiana.

Eu nem gosto de visitar estações ferroviárias que conheci nos seus áureos tempos,

me dá uma tristeza danada ver que tudo acabou, e por isso, desde que acabaram os trens

de verdade por lá (me refiro a Paulista e a Mogiana, se bem que vez por outra algum da

Santos a Jundiaí também aparecia por lá), nunca mais voltei à Estação de

Campinas. Aliás voltei uma vez, em um concurso do Frateschi, doeu ver como era e

como ficou.

Até Campinas a viagem era chata; ela ficava divertida mesmo era no trem da

Mogiana, porque ele era menor e todo mundo acabava conversando com todo mundo.

Poços de Caldas era um lugar tradicional de lua mel e, se a nossa viagem fosse no

sábado à tardinha, era comum, durante o percurso, o embarque de casais que estavam

indo para a lua de mel em Poços.

Muitas vezes ia a família inteira na estação se despedir do casal e aí chorava todo

mundo, a família da noiva, a família do noivo, os amigos, parecia que eles estavam indo

para o China e que nunca mais voltariam.

No meio daquela choradeira toda, a minha mãe, que não conhecia absolutamente

ninguém daquela gente, mas que era muito sentimental, se comovia e chorava junto

também... e depois a coitadinha tinha que aguentar a nossa gozação.

Quando chegava em Águas da Prata, eles deixavam o carro restaurante e tudo o

mais que poderia ser deixado; se o trem estava vazio, faziam a gente mudar para outro

carro e deixavam os que podiam lá na Prata, para serem pegos na volta, junto com o

restaurante. Se não tinha muito o que deixar, engatavam uma segunda máquina na

traseira do trem, que era para dar uma forcinha.

Independente se era com uma ou duas máquinas, a subida era sempre lenta e

então a gente descia do trem e ia caminhando do lado, todo mundo fazia isso. Aí,

quando o trem começa a ir mais rápido, todo mundo embarcava e ficava esperando a

próxima rampa, para descer e caminhar do lado do trem novamente.

E, no fim da história, chegar em Poços de Caldas era uma maravilha, não tinha

nenhum prédio na cidade, onde quer que você estivesse dava para ver montanha, era só

alegria.

Conversando com a minha mãe e com a minha prima dia desses, recordando essas

idas de meio de ano a Poços, ficamos com um aperto danado no coração, lembrando do

meu pai (tem uma foto dele no final), da minha avó, do meu tio e dos outros da família

que já se foram, mas que um dia tiveram o privilégio de ir de Mogiana para Poços de

Caldas"

Agradecimentos ao Wanderley Duck, filho do Sr. Rodolpho, que aparece na foto acima.

http://www.memoriadepocos.com.br/search/label/Mem%C3%B3ria%20Escrita

Anexo 4

O CARRO DO IMPERADOR

Inicialmente utilizado para inspeção de

linha da Cia Mogiana. É conhecido como Carro do Imperador por ter sido utilizado por

D.Pedro II na inauguração da linha Poços de Caldas.

Esteve em exposição em Jundiaí, no Museu Ferroviário, na ocasião foram

retirados os acessórios internos – lustres, filtro de água, mobiliário, etc, para exposição

na área interna do museu. Na reformulação e nova proposta museológica, o carro foi

levado para o Pátio de Rio Claro.

A ABPF solicitou a RFFSA e o carro veio em regime de comodato para a ABPF.

Na primeira reforma em Jundiaí, o estrado alemão, com formato baseado no modelo

europeu foi modificado. Na reforma feita pela ABPF o madeiramento foi refeito e a

recuperação interna, lustres, mobiliário e acessórios inspirados no modelo original.

É utilizado em filmagens e em situações especiais, de acordo com a composição

original, ou seja, à frente da locomotiva.

"Na linha da preservação - O leito férreo Campinas - Jaguariúna", de Suzana

Barreto Ribeiro. Abaixo, o carro já restaurado.

http://www.memoriadepocos.com.br/search/label/Mem%C3%B3ria%20Fotogr%C3%A1fica

ANEXO 5

Poços de Caldas na década de 1930. O Parque ainda pouco arborizado destacava os

Palace Casino e Hotel. Em primeiro plano, a Estação Mogyana, ainda com o "Depósito

de Locomotivas" -a cobertura que aparece junto à Plataforma.

"Estação da Mogyana", anos 1930

Foto-postal do acervo do Memória de Poços de Caldas ( de Rubens Caruso ) mostra a

Estação Mogyana provavelmente na década de 1930. Note que a arquitetura da estação

ainda destacava o corpo central elevado e não havia o armazém onde hoje funciona um

posto de combustíveis. Atrás da estação, o depósito de locomotivas, que foi demolido.

http://www.memoriadepocos.com.br/search/label/Mem%C3%B3ria%20Fotogr%C3%A1fica

Anexo 6

Capa e contracapa de um antigo Boletim da Mogiana, do ano de 1946.

http://blogdogiesbrecht.blogspot.com.br/2011/08/boletim-da-mogiana.html

Anexo 7

"Poços de Caldas recebeu, a 22 de outubro de 1886, a visita de Dom Pedro II, que veiu

especialmente para inaugurar o ramal de Caldas. O imperador chegou acompanhado de

enorme comitiva, entre os quaes o Conselheiro Antônio Prado. Ficou em Poços de

Caldas dois dias “

Anexo 8

Exemplar da revista La Vie du Rail, publicada

em 13 de dezembro de 1953. trata-se de uma publicação especializada no

tema ferroviário, e essa edição traz como reportagem de capa: "au Brésil - le

réseau Mogiana" ou "no Brasil - a rede Mogiana". em quatro páginas, m.

Dehinzelin conta sua viagem pelo Brasil, "um país com 52 milhões de

habitantes, mais que o triplo dos 17 milhões de pessoas de 1900, cuja malha

ferroviária, apesar da extensão do país, é menor que a da frança".

Diz ainda a reportagem que "a Mogiana é uma das mais antigas ferrovias do

Brasil, fundada em dezembro de 1872, contando com 2.230 km de linhas

servindo o leste e o nordeste do estado de São Paulo e a 'ponta leste' de

minas gerais", informações passadas -após uma calorosa recepção- ao

repórter pelo superintendente Augusto César de Andrade.

"Na direção leste", destaca o texto, "a região montanhosa, a Mogiana atende as

estações termais, com suas fontes quentes ou frias, tais como Águas da Prata, Lindóia e,

sobretudo, Poços de Caldas, que estão entre as mais famosas e bem administradas do

Brasil".

Entre outras curiosidades,a reportagem afirma que "a Mogiana tem 200

locomotivas em operação, sendo 96 norte-americanas, 77 inglesas, seis alemãs e uma

belga. por conta do carvão escasso e de baixa qualidade no Brasil (muito enxôfre), a

Mogiana formou plantações de eucalipto para abastecer de combustível suas máquinas a

vapor. entre os 290 vagões, quatro são pullman, 12 do tipo leito e 12 carros-restaurante,

distribuídos entre 1a. e 2.a classes".

"A região atendida pela Mogiana é essencialmente agrícola, sem grandes cidades,

mas com aglomerações chamadas 'fazendas', que cultivam café, algodão, arroz, feijão,

milho e cana de açúcar, num clima tropical temperado em altitudes que variam de 400

m a 1.200 m", continua a reportagem.

Talvez o mais interessante da aquisição dessa revista veio da avaliação detalhada

da foto da capa (acima), provavelmente feita na "garganta do inferno", o trecho logo

após a estação de águas da prata, que antecede a subida da serra para Poços de Caldas:

trata-se da locomotiva número 221.

http://www.memoriadepocos.com.br/search?q=Mogiana&x=-398&y=-298

Anexo 9

O mapa acima mostra as ferrovias brasileiras em

1913. Poços de Caldas, servida pela Ramal de Caldas da Cia. Mogyana, aparece

indicada pelo ponto vermelho.

Anexo 10

Duas as caixas d´água remanescentes da Cia. Mogyana, empresa ferroviária que criou o

Ramal de Caldas, cujo final é justamente a Estação localizada no centro da cidade: uma

caixa está instalada desde 1886 onde hoje é a Praça dos Imigrantes; a outra está na rua

Beira Linha .

Fotos de Tony Belviso. No rodapé da foto da esquerda consta a inscrição "Especial -

Palmeiras F. C. foi a Caldas - 8-11-55".

Bem próximo do também precioso Viaduto do Tajá.

http://www.estacoesferroviarias.com.br/trens_sp_2/caldas_tur.htm

Anexo 11

Hoje, nos resta somente detalhes dos tempos áureos

como os pisos vindos da França.

No detalhe ao lado, placa da rua da Quitanda , no Rio. Esse piso foi uma cópia de pisos

de lugares históricos da cidade do Rio de Janeiro.

O local contava com um aviso sobre a

altitude de Poços .

Ao lado os vestígios do que eram os trilhos, hoje asfaltado

Fotos pessoais – Maria Cássia Magalhães D’Ambrósio

BIBLIOGRAFIA:

� BERNARDES, Ieda P. Como avaliar documentos de arquivo. São Paulo : Arquivo

do Estado, 1998. 89 p. (Projeto como fazer ; v. 1)

� CAIMI, Flávia Eloisa. Fontes históricas na sala de aula: uma possibilidade de

produção de conhecimento histórico escolar? Anos 90, Porto Alegre, v.15, n.18, p.

129-150, dez. 2008

� CARUSO, Rubens - Site Memória de Poços de Caldas . Disponível em :

http://www.memoriadepocos.com.br

� GIESBRECHT, Alexandre - Blog do Giesbrecht. Disponível em:

http://blogdogiesbrecht.blogspot.com.br

� MARRAS, Stelio – A Propósito de Águas Virtuosas - Editora UFMG - 2004

� WILLIAMS, Don e PRADO, Alex - Memorial da Companhia Geral de Minas"

� LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In:______. História e Memória. 5.

ed. Campinas: Unicamp, 2003.