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Ano 1 / No1 / Novembro de 2012 ROSE NOGUEIRA SEM RESERVAS A jornalista, presa política da ditadura, fala sobre a Comissão da Verdade ADICIONE E COMPLETE Os remédios tradicionais não são mais seus únicos aliados na busca pela saúde R$ 9,90 MADE IN BRAZIL A banda de 45 anos que está prestes a entrar no Livro dos Recordes As opções de investimentos para não deixar seu dinheiro parado UATI – Descubra o significado dessa sigla e como ela pode exercitar seu intelecto Opções de atividades físicas e de viagens que fogem das tradicionais

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A Plus Magazine é uma revista destinada ao público da terceira idade. O projeto foi realizado para aprovação e obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, na Universidade Cruzeiro do Sul. Ano 2012.

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Page 1: Plus Magazine

Ano 1 / No1 / Novembro de 2012

ROSE NOGUEIRA SEM RESERVAS A jornalista, presa política da ditadura, fala sobre a Comissão da Verdade

ADICIONE E COMPLETEOs remédios tradicionais não são mais seus únicos aliados na busca pela saúde

R$ 9,90

MADE IN BRAZILA banda de 45 anos que está prestes a entrar no Livro dos Recordes

As opções de investimentos para não deixar seu dinheiro parado

UATI – Descubra o significado dessa sigla e como ela pode exercitar seu intelecto

Opções de atividades físicas e de viagens que fogem das tradicionais

Page 2: Plus Magazine

O Projeto Velho Amigo é uma associação sem fi ns lucrativos que desde 1999 contribui para o melhor funcionamento de instituições

de longa permanência.

HOJE ASSISTE DIRETAMENTE CERCA DE 1100 IDOSOS.

Para ajudar ou saber mais sobre o projeto, acesse o site ou ligue para (11) 3071-4040.

Page 3: Plus Magazine

Sequ er podemos expressar o quanto estamos orgulhosos por este material que você tem agora em suas mãos. Se

você apreciar esta leitura, quer dizer que fomos bem sucedidos, pois conse-guimos superar os desafi os e cumprimos o objetivo que tínhamos em mente quando começamos a produzi-lo: ser fonte de informação para você!

Não vamos dizer que somos os primeiros. Outros já fi zeram isso. No entanto, vamos dizer o que nos diferencia: não isolamos você, leitor, na faixa etária em que se encontra. Simples assim.

Outros veículos, que vieram e que se foram, ou que ainda circulam pelas bancas, tentaram isolar você em um único “universo editorial”, ignorando tópicos importantes sobre os quais você quer estar bem informado. Por isso, procuramos descobrir o que mais lhe interessa e recheamos nossa revista com isso.

Não podemos (e não vamos!) tratá-lo como se apenas notícias sobre previdên-cia social ou saúde fossem pertinentes a você, e como se seu mundo girasse apenas em torno dessas informações. Sua bagagem cultural é imensa demais para ser menosprezada dessa forma. Então, trouxemos conteúdos variados, abrangentes, mas direcionados a você.

A você, leitor, que lutou contra um regime opressor e ditatorial por mais de duas décadas e nos deu um dos mais maravilhosos presentes políticos: a demo-cracia. A você, que viu pela TV as imagens do homem pisando na Lua e fi cou em casa pensando: “Ih, será? Será que pisou mesmo?”. A você, que lutou pelas mulheres de seu País e lhes abriu as portas para o mercado de trabalho, para as universidades, para o crescimento... Para o mundo!

A você, leitor, que criou seus fi lhos com todos os seus valores e que ajudou a criar os fi lhos de seus fi lhos. A você que viveu a vida com intensa paixão e que ainda não parou de vivê-la dessa forma.

Porque você merece esta revista.

NOSSA VOZ

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ÍNDICE

30 PARA VIVER BEM

Adicione e complete

Conheça tratamentos alternativos que podem complementar a medicina tradicional

Separando o joio do trigo

O que leva a sociedade a rejeitar algo? Preconceito? Apego às tradições e culturas já estabelecidas? A ciência descobriu que é possível isolar partes positivas da erva cannabis. Saiba o que especialistas têm a dizer sobre isso.

ExpedienteFoto capa: FotoliaProdução: Adriana Nascimento, Ingrid Taveira, Juliana Veloso, Larissa Leonardi, Tatianne Francisquetti e Walace Toledo Projeto gráfi co e Diagramação: Claudio Braghini Junior / Tiago FilúOrientação: Prof. Dr. Rodrigo MaiaRevisão fi nal: Tadeu Inácio

Colaboradores: Neuza Guerreiro de Carvalho, Maria Jaepelt, Diego Steff ano Moura, Valéria Rambaldi e Cláudio AmaralImpressão: Alpha GraphicsDistribuição mensalTrabalho de Curso da Universidade Cruzeiro do Sul – Campus Anália FrancoContato: [email protected]

08 SEM RESERVASEntrevista com Rose Nogueira, jornalista, presa política da ditadura militar e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais

05 SUA VOZ

06 POR ENQUANTO

14 NO SEU BOLSO

18 NA REDE

20 PARA SABER

24 NA ATIVIDADE

38 NA ESTRADA

42 PARA APROVEITAR

48 ENTRE NÓS

49 NO PALANQUE

Page 5: Plus Magazine

SUA VOZ

A “Melhor Idade” é...

A terceira idade? A feliz idade?

O que importa?

Na verdade, é... Ou não é...

É, é... Sabedoria e esquecimento...

É experiência e lentidão,

paciência e incompreensão.

É competência e inação,

saber e não poder...

É ver, entender, compreender e

não precisar dizer...

Mas é dizer, sim, sem precisar falar!

É a fortaleza rochosa da alma

abrigada na fragilidade do corpo.

É ser muitas histórias, para poucos ouvintes...

É a profunda eloquência do silêncio...

É a lembrança de esquecimentos,

é um não mais saber do quanto sabe.

É a calma – contraste da agitação de outrem,

é a agenda do tempo nas rugas da face...

É a abundante doçura do coração

na abstinência imposta do açúcar...

É manter o sabor... Na restrição do sal!

É graduar-se, é phdear-se, na escola da vida.

É um falhar na audição, superado pela intui-ção do coração...

É a respiração cansada, na inspiração

profunda da paz.

É o amor sem paixão, consumindo-se na doação...

É o minguar das forças

boicotando a magia do saber viver...

É a mão trêmula transmitindo segu rança...

É a paz do dever cumprido

no balanço da cadeira DA VIDA!!!

Homenagem pelo Dia do Idoso – 2012

Maria de Lourdes

Para entrar em contato, envie seu e-mail para [email protected].

Envie suas sugestões, dú-vidas, comentários e até mesmo fotos com amigos que você deseja homena-gear ou localizar.

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Page 6: Plus Magazine

Eles brotam do chão!

Parece mentira que em pleno século 21 ainda estejam desco-brindo novas espécies. Mas é a pura verdade, e a realidade é ainda mais surpreendente: de acordo com o WWF (World Wild Fund), estima-se que existam entre 10 e 50 milhões de espécies no planeta; desse total, menos de dois milhões são conhecidas. No último mês de outubro, cientistas afi rmam terem encontra-do diversas novas espécies. Entre elas, foram citados oito novos mamíferos e três anfíbios, na região do Equador, uma nova ave, chamada de Pedreiro-do-Espinhaço, em Minas Gerais, e cerca de 160 animais e vegetais em Bornéu.Fonte: WWF / G1

POR ENQUANTO

O Pedreiro-do-Espinhaço

Fotos: Divulgação/Guilherme Freitas / Sxc – 19, out, 2012

Cientistas descobrem forma de reconfi gurar células-tronco

A dupla de cientistas Shinya Ya-makana (Japão) e John Gordon (Inglaterra) ganhou o Prêmio No-bel de Medicina de 2012 pela des-coberta de uma forma de trans-formar células-tronco que estão “envelhecidas”. A análise revelou que, depois de modifi cadas, as cé-lulas podem transformar qualquer tipo de tecido.No início das pesquisas, em 1962, era necessário clonar a célula para que fosse restaurada. Com a evolu-ção do projeto, em 2006, foi des-coberta uma fórmula para que os embriões se renovassem.Fonte: Folha.com

Terceira idade passa, em média, 4h conectada à internet

Segundo o site e-bit, não só o número de navegadores aumentou. A quantidade de pessoas com mais de 50 anos que investe em compras pela internet cresceu 15% desde 2002. Hoje, 25% dos usuários de e-commerce fazem par-te dessa faixa etária. Pesquisas relevam que os homens re-presentam 60% dos usuários com mais de 60 anos, en-quanto as mulheres preferem utilizar a internet para navegar em redes sociais. Se comparado aos jovens, esse público passa apenas 40 minutos a menos online.

Fonte: Imasters

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Mais países europeus eliminam visto a brasileiros

A partir do mês de outubro de 2012, os brasileiros poderão viajar sem visto para mais quatro países da União Eu-ropeia: Chipre, Estônia, Letônia e Malta. As nações aderiram à União Europeia em 2004, e o acordo que eli-minava a necessidade de visto para tu-ristas das nações do grupo e também para o Brasil já tinha sido fechado. O tempo máximo de permanência sem o visto será de três meses, podendo, após análise, ser prorrogado pelo país visitado.

Fonte: G1 / BBC Brasil

Audrey Hepburn, em Bonequinha de Luxo

Foto: Divulgação

Bonequinha de Luxo de Truman Capote vai virar musical na Broadway

O jornal � e New York Times afi rmou que o tex-to Bonequinha de Luxo será levado à Broadway sob direção de Sean Mathias e roteiro de Richard Greenberg. O musical será estrelado por Emilia Clarke, a Daenerys da série Game of � rones, que fará a protagonista Holly Golightly, inter-pretada por Audrey Hep-burn no cinema em 1961. O clássico já havia sido adaptado para a Broadway, em 1966, mas fracassou após apenas quatro apresentações.

Fonte: Folha.com

Pesquisa aponta ex-presidente Lula como favorito para eleições de 2014

Segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o ex-presiden-te Luís Inácio Lula da Silva seria o candidato favorito se as eleições de 2014 fossem realiza-das hoje. Com 69,8% das intenções de voto, contra 11,9% do senador tucano Aécio Neves, o petista seria eleito. A CNT simulou dois cenários para as eleições presidenciais, e, em um deles, com Dilma no lugar de Lula, a atual presidente fi caria em primeiro lugar com 59% das intenções de voto. A pesquisa entrevistou duas mil pessoas de 134 municípios de cinco regiões do Brasil e possui 2,2 pontos percentuais em sua margem de erro.

Fonte: Estadão

A terceira idade irá dominar o mundo...

Ou quase! Pelo menos, é o que diz o último relatório divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). A população mundial com mais de 60 anos ultrapassará um bilhão de pessoas em 10 anos. Esse crescimento é devido ao ritmo acelerado de envelheci-mento dos países emergentes. A terceira idade representa a faixa etária da população que cresce mais rápido, o que mostra urgência na melhora das políticas públicas.

Fonte: Veja

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SEM RESERVAS UMA FÊNIX

BRASILEIRA

O verde da fl ora particular predomina na residência de Rose Nogueira, jornalista e ex-militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN). Moradora do Sumaré, zona

oeste de São Paulo, ela recebeu nossas duas repórteres em seu lar, no domingo de feriado prolongado, em virtude da independência do Brasil. Simpática e receptiva, Rose conver-sou com nossa equipe durante três horas. Seguida por toda a casa pelos outros dois mo-radores - seus fi éis companheiros caninos -, teve seu passado e presente destrinchados.De presa política, torturada durante o período militar, a uma renomada jornalista, Rose Nogueira trabalhou no Grupo Folha, editora Abril e foi a mente pensadora no inovador programa televisivo TV Mulher. Usou seu poder comunicativo para lutar contra o regi-me que quase a liquidou e, atualmente, está envolvida em causas humanitárias.Sem nenhuma esquiva, as perguntas foram respondidas: a relação com a ALN, seu pas-sado no jornalismo e na política, entre outros assuntos.

Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe

Por que a Sra. escolheu a carreira jornalística?Ah, mas tem outra? Porque não tem outra para a pessoa como eu, curiosa. Eu gosto de tudo: gosto de política, de economia, de relações internacionais, de cultura. Para mim, é a profi ssão mais bonita do mundo. Não tem outra.

Tem alguma relação com a indignação com a política?Não. Teve ligação com poesia, com gostar de escrever, com uma necessidade de retra-tar o mundo que eu estava vendo. Eu era

muito jovem e tive estímulo de muita gen-te. Tem a ver com leitura, que é importan-te para qualquer jornalista. Ler fi cção, in-clusive, para você entender a realidade. Você aprende muito mais com a fi cção, com os sentimentos diante da realidade, do que só com a notícia.

No meu tempo, quando eu comecei, 50 anos atrás, o pessoal falava assim: "jornalis-ta é o que não deu para nada". Isso porque naquele tempo só tinha reconhecimento formal, na sociedade, quem era engenhei-ro, advogado e médico. O resto não exis-tia. Psicólogo? Imagina, é louco.

Por Larissa LeonardiTatianne Fransciquetti

Walace Toledo

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Jornalismo a mesma coisa. O pessoal fala-va, naquela época, que jornal era para em-brulhar peixe. Era assim que o pessoal via o jornal: como coisa de boêmio. O jorna-lismo não era regulamentado, era bico.

Como era o jornalismo naquele tempo?Naquela época, não vinha notícia para o jor-nal, não tinha assessoria de imprensa, nin-guém telefonava e dava uma notícia. Era o repór-ter que ia buscar. Por isso, nas redações, quando você entrava, tinha um cartaz assim: “Lugar de repórter é na rua”. Os redatores achavam que o repórter na redação “enchia o saco”, porque fi cava dando pal-pite no texto. Então, sem-pre tinha essa briga dos repórteres com os redatores. Ao mesmo tempo, tinha uma grande camaradagem, que eu sinto falta hoje.Hoje, você saber mais não é bom. Você é um concorrente. Isso é uma droga.

A Sra. possui outros projetos na área de comunicação, fora a produção jornalística?Eu, agora que acabei de me aposentar, quero me dedicar a escrever fi cção. Porque eu gosto muito de escrever com humor.Mas tem outros. Eu já comecei um docu-mentário sobre a Clara Charf, que é viúva do Carlos Marighella, porque ela está com qua-se 90 anos e acompanhou a história do Bra-sil, desde os anos 40 até hoje. Em tudo ela esteve presente. Então, contando a história

dela, vou contar a história do Brasil nesse pe-ríodo, além de mostrar uma grande mulher. Na verdade, é uma série que eu quero fazer sobre grandes mulheres, que não são artistas da televisão, não são celebridades. Mas, gra-ças a essas mulheres, nós estamos aqui.Nós conquistamos liberdade, voto, democra-cia. E a democracia, por mais imperfeita que seja, ainda é o melhor dos regimes e dos siste-mas. E se ela não é melhor, a culpa é nossa.

A falta de conscientização pública é o que mais prejudica o Brasil hoje em dia?Em termos de econo-mia, de ascensão de classe social, melhora-mos muito nos últimos

10 anos. Agora, isso não foi aprofundado politicamente, infelizmente. Antes, a im-prensa trabalhava para você, para mim, para o leitor. O leitor era o público. Agora não, ela trabalha para uma empresa. O que interessa neste momento para a Folha, a Globo? Interessa agradar aquela ideia de anunciante, que vê um mundo dividido entre os poucos ricos e os muitos pobres. Não há ninguém no meio, porque a classe média também faz a crítica, classicamente, mas a nossa ainda não está fazendo. Contudo, precisamos acreditar na gente. Eu tinha nove anos quando se falou em Brasília e 14 quando o Juscelino saiu e Brasília estava pronta. Ela foi construída em três anos e meio! Um povo que largou tudo e disse “vamos construir a nova capi-tal”, sem saber nem o que era, tem que ser

“é uma série que eu quero fazer sobre gran-des mulheres. [...] Não são celebridades. Mas, graças a essas mulhe-res, nós estamos aqui”

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muito talentoso. É disso que os america-nos têm medo, da nossa garra, simpatia, e capacidade. A gente, se tiver o limão, faz uma limonada. O cara não. Se ele tiver um limão ele vai achar que é azedo e jogar fora.

De todos os seus trabalhos jornalísticos, qual considera ter sido a maior contribuição para a área da comunicação?A TV Mulher. Antes de fazer a TV Mulher, eu fui editora do Jornal Nacional, no tem-po da censura, então eu sabia todas as ma-nhas, o que podia e não podia fazer para driblar a censura. Ainda era ditadura. A TV Mulher é de 1980, e existia uma carên-cia muito grande de direitos às pessoas.

Na TV Mulher, o problema era sentir o es-pírito público. Onde é que ele estava? Lá embai-xo! Os primeiros a falar sobre a questão do consu-midor fomos nós, na TV Mulher. Ali surgiu o Pro-con, a ideia de uma dele-gacia para a mulher, por-que, até então, as mulheres que escreviam à TV Mu-lher (eu recebia umas 10 mil cartas por semana) diziam que, quan-do elas apanhavam do marido, por exem-plo, iam à delegacia, e o delegado dizia: “ele não sabe por que bateu, mas você sabe por que apanhou”. Estupro?! Os caras eram absolvidos, porque a mulher estava de shorts. Como se homem tivesse a obri-gação de ser tarado! O Doca Street, ainda no ano de 78, por aí, foi absolvido de ma-tar a Ângela Diniz, em Cabo Frio (RJ). É

um caso muito famoso. Ele era namorado dela e alegou legítima defesa da honra, e isso foi aceito pelo juiz. E o que ela estava fazendo? Ela estava de biquíni, parece que tinha bebido, estava brigando com ele. Merece ser morta? Foi o primeiro caso a levantar polêmica. Foi aí que começou essa onda feminista. E a TV Mulher foi fei-

ta depois disso e dentro desse espírito.O programa falou para as mulheres: “olha, você foi criada pra casar, mas sua fi lha tem que ser criada para o mercado de trabalho, para ser in-dependente. Se ela qui-ser casar, ela casa”. En-

tão, a gente teve esse papel de mostrar para metade da sociedade brasileira que nós, mulheres, também temos vez.

Tendo sido presa política, como foi trabalhar em veículos de comunicação que apoiavam a ditadura?Dessa maneira. Eu não queria destruir. Eu queria contribuir com a sociedade. Na minha

Foto: Divulgação

Logo do programa TV Mulher

“A gente, se tiver o li-mão, faz uma limona-da. O cara não. Se ele tiver um limão ele vai achar que é azedo e jo-gar fora”

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profi ssão, eu podia contribuir muito mais do que se eu fi casse aqui em casa. Está cheio de gente que só esperneia. Eu não sou de espernear, eu sou de fazer.

A Sra. ainda tem contato com as pessoas da época da ditadura? Claro. Com algumas não. Por exemplo, com a Dilma [Rousseff ], a gente não con-segue chegar perto, mas ela é presidente. E eu, no dia 7 de setembro, quan-do a vi lá no desfi le, com aquela menina da Paraí-ba que ganhou medalha de ouro, acho que foi de judô, abrindo o desfi le, eu chorei. Muito emo-cionada de ver o País fes-tejando a independência junto à presidente, que foi presa e quase morta por ser uma boa brasileira como ela é. Então eu chorei. Eu gosto do Brasil mais do que qualquer outra coisa.

Por ter esse amor pelo País a Sra. se associou à ALN, mas teve algo específi co que a fez tomar parte disso?Não. Desde os 18 anos, depois de eu entrar para o jornalismo, eu fui pra esquerda por amor, por amor ao Paulo Viana, que era membro do Partido Comunista Brasileiro, o “Partidão”, que era contra a luta armada. O irmão dele, Cícero Viana, era dirigente do Partidão e passou a ser perseguido. En-tão, a família do meu namorado sofreu uma perseguição, e ele teve que ir para a clandes-tinidade. Eu acompanhei esse drama da fa-

mília, me solidarizei. Também não gostei nada de ver o Castelo Branco, os militares, as prisões... Depois, eu parei de namorar o Paulo e acabei casando com o Clauset e indo para a Folha [de S. Paulo]. Lá na Folha também conheci fi guras incríveis. Eu nunca participei de uma ação, nunca participei de uma luta armada, mas fazia parte do apoio logístico. Casei-me com o Clauset, fomos

morar em Pinheiros e eu engravidei. Nin-guém ia desconfi ar de um casal grávido, re-cém-casado, classe mé-dia. Então, muitas reu-niões da ALN eram feitas na minha casa. O Marighella, Carlos Ma-righella, veio para o Brasil e fundou a ALN. Eu fazia parte do cam-

po de apoio, não era organicamente ligada à Associação. Eu não participava das decisões, mas fui presa da mesma maneira.

Como foi a idealização do grupo Tortura Nunca Mais? Como surgiu a ideia?Depois que morreu o Vladimir Herzog, jornalista. Na época da ditadura, morre-ram ou desapareceram acho que 24 jorna-listas, não sei o número exato. O Vladimir Herzog morreu em outubro de 1975, o Manoel Fiofi li em janeiro de 76. Depois, o Dom Paulo Evaristo Arns, o Hélio Bicu-do, que era promotor de justiça e tinha conseguido condenar o Esquadrão da Morte, se reuniram à Margarida Genevois e umas pessoas, todas defensoras dos Di-reitos Humanos, e falaram: “olha, não dá

Foto: Divulgação

“Estupro?! Os caras eram absolvidos, por-que a mulher estava de shorts. Como se ho-mem tivesse a obriga-ção de ser tarado!”

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pra continuar”. Assim, montaram o gru-po. E isso vem se renovando desde aquela época. Hoje, sou a atual presidente, mas em novembro temos novas eleições.

A Sra. pode explicar os objetivos do grupo?Em primeiro lugar, mostrar para o País que a tortura na ditadura era uma política de Estado. Denunciar as torturas, as mor-tes e os desaparecimentos. E é o que nós fazemos até hoje, combatendo a herança da ditadura. Por exemplo a polícia militar, que age hoje em dia como agia na ditadu-ra, só que, hoje em dia, ela age assim com pobres e negros da periferia. O que os jo-vens da periferia enfrentam com a polícia, é o que naquele tempo enfrentava a classe média e os operários.

E como são as atividades do grupo?Uma vez por mês a gente faz a reunião ge-ral com casos do passado, colocamos todo mundo a par dos problemas, para que to-dos possam ajudar. Também estamos tra-balhando para incluir os indígenas na Co-missão da Verdade, porque eles foram muito mais mortos, muito mais dizimados que nós.

Seguimos a linha dos direitos humanos mais moderna, como da Convenção de Viena, que diz que não existe direitos hu-manos empiricamente, mas, sim, direitos humanos culturais, econômicos, sociais e ambientais. Lutamos por todos os direitos do homem: o direito ao trabalho, direito à comida, à sobrevivência, à vida, à moradia.

O governo contribui com o Tortura Nunca Mais?Não. Somos inteiramente independentes. Vivemos da contribuição dos associados.

A Sra. lançou Crimes de Maio, em 2006. Quais foram os resultados da apuração desse trabalho?Nunca houve um desmentido, mas todos os processos foram apontados ali: 493 mortes por armas de fogo em um semana, em São Paulo. A maioria foi arquivada. Nós brigamos junto às Mães de Maio para desarquivar. Produzimos o livro para não ser mais uma coisa a cair no esquecimento.

A execução sumária é um grande proble-ma no Brasil. Eu quero levar o nome do movimento Mães de Maio para o prêmio Nobel da Paz. Não conheço ninguém que lute mais por justiça, pelo fi lho morto, do que elas. É preciso chamar atenção do Bra-sil para isso.

Quais são as expectativas para a Comissão da Verdade?Estamos tentando incluir a questão indí-gena, além dos presos políticos e a cen-sura. Vamos montar uma Comissão da Verdade no Sindicato dos Jornalistas, para a questão da censura. Esse é outro trabalho do Tortura Nunca Mais. Eu quero que examinem a censura porque ela foi prejudicial ao Brasil. Por exem-plo, a prisão e o exílio de Caetano Veloso e Gilberto Gil? Eles eram ligados a algu-ma organização? Não. O que eles eram? Grandes músicos e grandes poetas. Isso incomodava. Esses caras grandiosos, de

Rose Nogueira e o fi lho, ainda bebê, no Ibirapuera

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grande pensamento, incomodavam a di-tadura. A ditadura era burra, altamente burra. A ditadura não suportava que você estudasse e baixou o nível de ensino para não formar gerações críticas. Até hoje a educação está desqualifi cada, e nós não conseguimos recompor a educa-ção da minha geração.

Existem algumas pessoas que se contrapõem à Comissão da Verdade com a Lei da Anistia, pois acreditam que ambas não vão conseguir coexistir. Qual sua opinião?É a favor da Constitui-ção. A Comissão da Ver-dade está na constitui-ção, o direito à justiça, à transição. A lei da Anis-tia é de antes da ditadu-ra, de muito antes da constituição. Eu não quero considerar uma lei de 1979, eu quero considerar a cons-tituição, de 1988. A lei da Anistia foi para a volta dos exilados, não foi pra anistiar torturador, porque isso é crime

de leso à humanidade, a tortura é crime e não prescreve.

E por que existem pessoas que duvidam da possível efi ciência da comissão da verdade?Porque elas acham que direito à verdade é pequeno. Não, ele é grande e tão im-portante quanto direito à justiça, à re-paração, à memória. Agora, a Comissão da Verdade não é tribunal. Ela encami-nha para a justiça, e o ministério públi-co federal que faz a denúncia. A Comis-

são pode condenar moralmente, mas não pode condenar à pri-são. Eu acho que eles têm que ser condena-dos a trabalhos co-munitários. Eles não precisam ir para a prisão, lá eles teriam regalias. Mas você não pode achar que

vai fazer justiça com as próprias mãos, senão você se iguala a eles. Você vira cri-minoso também. Nós somos diferentes, muito diferentes.

Foto: Arquivo/Rose Nogueira

Rose Nogueira e o fi lho, ainda bebê, no Ibirapuera

“Você não pode achar que vai fazer justiça com as próprias mãos, senão você se iguala a eles. Você vira crimi-noso também”

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NO SEU BOLSO

PARADO, NÃO!

Dinheiro sem movimentação não favorece em nada sua situação fi nanceira e ainda prejudica a economia brasileira

Durante toda a vida ativa no mercado de trabalho, uma preocupação nor-

teia a maioria das pessoas: como se prepa-rar para a saída efetiva desse mercado e para a entrada na aposentadoria? A orga-nização para o período é imprescindível, mas, após conquistar a almejada estabili-dade fi nanceira nessa faixa etária, o que fazer com o patrimônio que você levou anos para construir?

Mantê-lo fora de atividade, em sua conta bancária, não é a melhor opção. Econo-mista e executivo de uma empresa de consultorias, João Guilherme Braga rela-ta que o dinheiro parado perde o valor: “por causa da infl ação. As coisas come-çam cada vez a custar mais caro, e o di-nheiro parado consegue comprar cada

vez menos”. Além disso, o montante fi -nanceiro mantido fora do mercado eco-nômico pode até mesmo prejudicar tran-sações monetárias exercidas por outras pessoas. Braga explica que “levando em conta a especulação bancária, o mesmo dinheiro que você aplica seria usado para fazer empréstimos para outras pessoas, que vão fazer algum investimento, algum consumo, algo nessa linha. Então, o di-nheiro parado acaba tirando os recursos desse outro lado”.

Algumas pessoas da terceira idade já en-contraram a resposta para esse dilema. Segundo informações do último levanta-mento da consultoria QuoromBrasil, 34% dos integrantes da terceira idade preferem investir na poupança. Empata-

Foto: Sxc – 16, out, 2012

Por Tatianne Fransciquetti

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dos em segundo lugar na preferência des-se público, com 6%, estão os investi-mentos em fundos e em imóveis, seguidos por apenas 2% que optam por investir em ações.

Esses 2% são, contudo, signifi cativos para a bolsa de valores. De acordo com dados fornecidos pela BM&FBovespa, aproxi-madamente 29% das contas de seus in-vestidores são de pessoas com mais de 56 anos (veja os gráfi cos). Em 2011, os inves-tidores com mais de 66 anos representa-vam pouco mais de 11% do total da BM&FB e, considerando apenas essa faixa etária, o crescimento foi de 2%.

Proporção dos investidores da Bolsa de Valores, de acordo com a faixa etária.

(em agosto de 2012)

Valor investido por faixa etária(em R$ bilhões)

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Apesar dessa quantia não representar a maioria (46% dos investidores têm entre 26 e 45 anos), o valor aplicado pelo público com mais de 56 anos chega a ultrapassar os R$ 67 bilhões (veja gráfi co na página anterior), o que representa uma fatia de quase 63% do total investido no mês avaliado (agosto/2012).

Pedro Coelho, 60 anos, é um dos que op-tam por investir em ações. Em sua opinião, “as aplicações normais pagam muito pou-co, as ações pagam bem mais”. Para Braga, alguns cuidados são essenciais ao se cogitar esse tipo de investimento: “Estudar bastan-te, é saber em que tipo de empresa você quer investir, e saber qual é o objetivo. O jeito mais seguro de investir na bolsa é co-nhecer no que você está investindo”.

Coelho escolheu seu investimento avalian-do seu histórico, e acredita que “o risco é bem maior, mas o retorno é bem maior”. Para diminuir os riscos, Braga aconselha a “dividir investimentos, não colocar todos os ovos na mesma cesta”. Conforme afi r-ma, o mais indicado é escolher um investi-mento menos agressivo e mais certo, que proteja o patrimônio e garanta uma renda segura, mesmo que o retorno seja menor e que se opte também pelas ações.

É o caso de Coelho, que utiliza os frutos de seus investimentos para comprar imóveis, o segundo colocado na preferência dos investidores. Para Braga, os integrantes da terceira idade já identifi caram, com o pas-sar do tempo, que o ramo imobiliário re-presenta um investimento muito seguro. Segundo ele, o imóvel é uma alternativa para não perder dinheiro, por ser passível de valorização.

Mário Rufi ni Filho, 66 anos, já se deu conta disso, e utiliza seu dinheiro para investir em imóveis. “Os rendimentos das aplicações no banco é muito peque-no, então vale muito mais a pena, hoje, você investir em apartamento, em resi-dência, e ter um retorno com o lucro imobiliário”, afi rma.

Conforme conta, Rufi ni Filho começou a investir com o intuito de garantir uma qua-lidade de vida melhor: “Não dá para a pes-soa sobreviver só com um salário, e, por causa disso, eu fui pensando em investi-mentos em imóveis, que dão uma liberda-de. Quando você aplica no banco, o retorno

Mário Rufi ni Filho e a esposa, Sueli Macedo Moraes Rufi ni: investimentos garantem uma qualidade de vida melhor

Prédio da BOVESPA no centro de São Paulo

Foto: Walace Toledo16

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que você tem não usufrui, porque deixa lá para acrescentar. Mas quando você compra um bem, se benefi cia e gasta o dinheiro. Eu acho que quando chega em uma certa ida-de, você tem que pensar assim”.

Outros fatores que infl uenciaram sua deci-são são as parcas margens de lucro ofereci-das pelos investimentos bancários: “Banco ganha muito, você pega aí o cartão de cré-dito, é 10%, 12% ao mês, e o cara que tem investimento vai pagar 0,4%, 0,5%”.

Além disso, ele também levou em conside-ração a possibilidade de deixar um bem físi-co para seus descendentes e de lucrar não somente com a valorização dos imóveis comprados, mas também com seus aluguéis. “Se você pegar os aluguéis e guardar, você tem ajuda para comprar outro”, acrescenta.

Apesar de todos os pontos positivos, Braga ressalta que esse tipo de investimento tam-bém tem seus defeitos, especialmente se levarmos em conta sua liquidez, que é “o quão rápido você consegue transformar isso em dinheiro, para poder usar em outra coisa”, explica.

Ao pesar todos os prós e os contras de cada tipo de investimento, é possível que a dúvida na hora de escolher um deles não se dissipe. Afinal, nenhum deles é totalmente perfeito, tampouco completamente inadequado. O mais importante, para Braga, é pensar em para que você quer investir. Guardar dinhei-ro? Consumir mais? Viajar? Deixar para os fi lhos? A dica é avaliar as opções com seus objetivos em mente e, depois, se informar bem sobre o escolhido.

Mário Rufi ni Filho e a esposa, Sueli Macedo Moraes Rufi ni: investimentos garantem uma qualidade de vida melhor

Foto: Tatianne Francisquetti/EquipeFoto: Walace Toledo17

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NA REDE

NASCEU ASSIM A VOVÓ NEUZA...

Por Neuza Guerreiro de Carvalho

“Estou naquela idade inquieta e duvidosa que é um fi m de tarde e começa a anoitecer”

(Machado de Assis).

Foi nessa idade que eu literalmente “trope-cei” na informática. Meu fi lho estava mo-

rando aqui e, com ele, veio toda a parafernália que o caracteriza. Na mesa da sala, embora grande, quase não cabiam os computadores e periféricos que ele usava para trabalhar. Relaciono essa fase à presença ainda viva do Ayrton (meu marido), minha mãe, com pouco tempo de viúva, e meu fi lho com sua vocação de polvo, que ocupava toda a casa. Mudanças dos móveis, lugares da casa com caixas e caixas. Os netos gê-meos, sempre por aqui, aumentavam para seis o número de familiares. Uma zona.Por volta de 1995 meu contato com meu fi lho e netos gêmeos, então com 10 anos, era grande. Quando eles conversavam en-tre eles, eu me sentia totalmente margina-lizada. O que eles falavam parecia chinês. Eu não entendia nada. Não me agrada fi car “por fora”, e o jeito foi entrar no mundo deles. E, assim, a infor-mática entrou na minha vida. Eu estava começando a escrever a nossa His-tória de Vida, e em letra cursiva não dava. Máquina de escrever não se encontrava, e meu fi lho me “presenteou” com um compu-tadorzinho simples que hoje seria chamado de “dinossáurico”, que ele descartou. E no

cantinho da sala nós o instalamos. Aos pou-cos, fui aprendendo por ensaio e erro. Mor-ria de medo de perder o que tinha feito – e devo ter perdido muito. Arranjei uma escola, mas ela faliu. O pro-fessor veio me dar aulas em casa, mas era devagar, quase parando. Dispensei-o e continuei sozinha.Meu marido não se ligava muito a essa tec-nologia por não gostar mesmo e por sua defi ciência visual. Tentamos motivá-lo, co-locando na tela letras enormes. Nem as-sim. Por isso, custei a convencê-lo a com-prar para mim um computador mais moderno, o que consegui em 1999. Depois que Ayrton se foi, passei um tempo desligada do mundo. Acho que só em 2001 recomecei a escrever e a usar o computador. Fui aprendendo, mas só o que preciso. Não dá para aperfeiçoar cada programa, pois fi co devendo aos outros. Com o Page Maker es-crevi meus livros editados. De Photoshop sei o essencial. Para imprimir etiquetas uso o Pimaco. Para gravar CDs tinha o Nero. O Power Point serve para montar palestras. Pi-casa para agrupar todas as fotos de todos os tempos. O desktop é um Google do compu-tador. O Word - com Offi ce 2003 - é o mais usado e, se atualizado, ajuda muito. O Me-dia Player permite ouvir. Com o Excel, fi z linhas do tempo da história da música e da arte. Com o Skype, converso com minha fi -lha que está na Itália, falo o quanto quero e

Foto: Arquivo pessoal18

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não pago nada. E se a WebCam é boa, nos vemos em tempo real.Paralelamente a tudo isso, entra a Internet, nosso mais atual meio de comunicação. Em 1997 já me relacionava com ela por-que foi através do Museu da Pessoa que minhas histórias de vida pessoal e da famí-lia foram para o ar. Cheguei a ter, segundo eles, umas mil páginas. Abasteci durante muito tempo o site do Museu. Através da Internet, muitas pessoas me acha-ram (ex-alunos, antigas amigas), e eu achei muita gente. E há muitas histórias para con-tar. Acho que foram os netos que me propu-seram o nome de Vovó Neuza. Pegou. Todo mundo gosta e é fácil de guardar.Tenho um mailing muito grande e me cor-respondo com muita gente. Coisas sérias. Não gosto de repasse. Quando escrevo, es-queço-me da vida. Escrevo como se estivesse falando e por isso é bom. Não são mensa-gens telegráfi cas. Tenho amigos na Espanha, na Suécia, na Itália (Jurema, minha fi lha), Nova Zelândia e Portugal, com os quais me comunico em tempo real se quiser. Mas pre-fi ro por e-mail, porque escrevo a hora que eu quero e também leio quando posso. Não me ajeito com MSN.

Desde 2008 passei a usar o blog como meio de divulgar meus textos. Faço co-mentários pessoais e sempre procuro rela-cionar a um contexto social e familiar. Dá bastante trabalho para abastecer, mas é muito gostoso. Como não podia deixar de ser, entrei na onda da moda: o Twitter. Gostei, só posso publicar no máximo 140 caracteres, mas dou meu recado, seja ele divulgação, críti-ca ou informação. Facebook uso pouco. Não há tempo para uma correspondência com todos os amigos listados. Uma pergunta sempre é feita: no que o uso da informática e da Internet mudou minha vida.Além das coisas óbvias que sempre falo, acabei por lembrar uma coisa importante: fui construindo um novo vocabulário. No-vas palavras foram aparecendo, e, mesmo sem a agilidade dos mais novos, fui assimi-lando e integrando-as ao meu mundo. Então, o que mudou muito na minha vida foi o VOCABULÁRIO. Hoje até falo “Informatês”... Normal para a moçada; não tão comum para uma mu-lher de mais de 80 anos.

Foto: Arquivo pessoal19

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Uma sala de aula igual a qualquer ou-tra, só que com disciplinas um pou-

co fora do comum. Psicologia e fotografi a se misturam com artesanato, ofi cina da memória e debates sobre variados temas. A energia de uma grande família é evi-dente. Motivação não falta. Esse é o retra-to das quatro turmas de mais de 50 anos da Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI). O estudo, além de ser o ponto de partida para novas amizades, ajuda a

manter a mente ativa e traz excelentes be-nefícios para essa nova categoria de uni-versitários.

Localizada na Vila Clementino - zona Sul paulistana -, a pequena universidade é repleta de alunos com uma boa baga-gem cultural e acadêmica. Para a coor-denadora Claúdia Ajzen, “a experiência de trabalhar junto a um público que sabe o que quer é um privilégio e uma experiência enriquecedora em todos os

PARA SABER

ALÉM DO ACADÊMICOA troca mútua de conhecimentos e experiências entre professores e alunos é o diferencial da UATI

Foto: Adriana Nascimento/EquipeFoto: Adriana Nascimento/Equipe

Por Juliana Veloso

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sentidos”. Durante a entrevista, a ani-mação e a interação era algo nítido. O motivo? A aula sobre as diferenças do cérebro masculino e feminino. “É sem-pre assim”, ressalta a coordenadora. “Quando chego aqui pela manhã, mui-tas vezes cansada, tenho vergonha de es-tar de mau humor” completa.

A oportunidade de estudar, se atualizar, fazer intercâmbio de ideias levou Lur-des Beatriz, 73, à UATI. Viúva e com os filhos criados, Bia - como é conheci-da pelos colegas - diz que nunca quis “vestir o pijama”. Ela adora viajar e es-tar em grupo. Recentemente, embarcou rumo à Argentina, e a próxima parada está marcada para janeiro: um cruzeiro nas férias.

Durante o tempo em que cursou espanhol e inglês, Bia diz ter sentido muita falta da união dos colegas de classe da UATI. “Às vezes, você está negativa porque aconte-ceu alguma coisa com você, mas quando converso com os colegas daqui, vejo que muitos deles têm mais problemas do que eu, daí percebo como minha vida é mara-vilhosa”, revela.

Quando questionada sobre qual o maior desafi o de lecionar para a terceira idade, Maria de Lourdes, que trabalha há 12 anos na UATI, afi rma que o diálogo é a parte mais difícil. “A comunidade é muito hete-rogênea, há pessoas com uma bagagem cul-tural ou acadêmica extensa, enquanto exis-tem outras semianalfabetas ou até analfabetas”, declara a professora. “No en-

tanto, para mim, é uma experiência muito enriquecedora. Posso dizer que eu aprendo mais do que ensino”, diz. “Muitas vezes, eles trazem temas novos que sou obrigada a pesquisar. Isso sem falar das lições de vida, do interesse e da disposição apresentados. Eles superam qualquer aluno de uma escola convencional”, acrescenta.

Metodologia baseada nos pilares da educação

No início de 2001, foi criado o programa EXA-UATI que tem como objetivo não excluir do mundo estudantil os alunos impossibilitados de se locomoverem até a universidade. Cursando atualmente uma extensão universitária, Norma Anbar, 61, é uma das alunas convidadas para presidir esse curso. Ela, que não havia cursado o nível superior, destaca a importância que

Foto: Adriana Nascimento/Equipe

Bia já fez três cursos de idiomas e este ano resolveu voltar para a UATI

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a UATI teve e tem em sua vida. Para ela, o convívio e a troca de ideias tornam a uni-versidade única. “Foi aqui que fi z o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), fui oradora de turma, onde coloquei a beca. Enfi m, é aqui que me considero for-mada”, declara emocionada.

“Na realidade, a UATI não trabalha com um currículo de formação acadêmica es-pecífi co, mas com pilares da educação, tais como psicologia, direito, adminis-tração, ofi cina de memória, artesanato, artes plásticas, música, espiritualidade, fotografi a, aulas sobre o estatuto do ido-so, administração do lar e, muitas vezes, administração da própria vida”, conta

Anbar. Os alunos, para saírem formados, precisam ter no mínimo 75% de fre-quência nas aulas. O curso tem duração de oito meses e não exige comprovante algum de escolaridade.

Com uma extensa lista de espera - pois, por ser gratuita, não são liberadas muitas vagas -, os homens são bem-vindos e pra-ticamente “pescados”, como diz a própria coordenadora Ajzen. “Temos mais alu-nas, o universo já está feminino, o univer-so idoso então é mais feminino ainda. A gente dá prioridade para os homens na lista de espera. Mulher que vem com o marido tem sorte, porque ela entra na frente, junto com o marido. Em determi-

Foto: Adriana Nascimento/EquipeFoto: Adriana Nascimento/Equipe

“A UATI mudou a minha vida”, declara a coordenadora Cláudia Ajzan

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nada época tínhamos 35% de homens. Atualmente, deve ter uns dois ou três no máximo por turma”, revela. A UATI pos-sui mais três unidades: Santo Amaro, Embu das Artes e Santos.

Mesmo com muito mais mulheres do que homens, a equipe da Plus Magazine con-versou com um dos poucos alunos da UATI. O músico Carmínio José de Souza, 80, além de cantar no coral do Mackenzie e tocar em uma banda, também está no grupo às terças e quintas-feiras. Ele nos

conta que a oportunidade de estudar aos 80 anos o deixa muito contente e entu-siasmado. De família humilde, Carmínio nunca teve a oportunidade de se formar, e hoje vê a importância que o estudo tem em sua vida. Orgulhoso, ele revela que o estudo foi algo que ele mesmo proporcio-nou à sua fi lha. “Ela foi obediente. Tudo que eu falei ela seguiu, mesmo discordan-do. E hoje ela está em uma boa posição. É gratifi cante, porque isso me mostra que fi z o certo”, celebra.

“A UATI, pra mim, é a oportunidade de dar continuidade aos meus conhecimentos”, afi rma Souza

Foto: Adriana Nascimento/Equipe23

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A idade cronológica e a idade biológica estão longe de coincidir sempre: a apa-

rência física informa mais que os exames fi siológicos sobre a nossa idade. Esta não pesa da mesma maneira sobre todos os om-bros”, já dizia Simone de Beauvoir e nos comprovam os integrantes da terceira idade de hoje em dia, que trocaram o crochê e o xadrez por uma dose maior de radicalidade.

Os avanços científi cos e tecnológicos na área da saúde refl etiram não apenas no au-mento da expectativa de vida do brasileiro (calculada em 73 anos, de acordo com da-dos estatísticos do Censo de 2010 divulga-dos pelo IBGE), mas também na disposição física e na vitalidade de quem integra a faixa etária acima de 60 anos. Essa melhora, so-mada à estabilidade e à independência

NA ATIVIDADE

EXERCÍCIO FÍSICO + ADRENALINA;EQUAÇÃO PARA QUALQUER IDADE

Arvorismo, mergulho, trekking, rafting, surf... As opções são inúmeras e os esportes de aventura têm, desde a década de 1980, atraído um público cada vez maior. A novidade é que, antes considerada um limite, a idade deixou de ser motivo para desconsiderar a prática. Esportes de aventura, hoje, são uma possibilidade para todos...

Foto: Sxc – 18, out, 2012

Por Tatianne Fransciquetti

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fi nanceira desse público, possibilitou a des-coberta e a exploração de novas atividades físicas e de entretenimento.

Os esportes de aventura surgiram nos anos 80, inicialmente dirigidos apenas a um pú-blico mais jovem. Nos últimos anos, no entanto, a procura da terceira idade por esse tipo de modalidade esportiva despon-tou e tem se mantido estável desde então. Integrante da equipe de Marketing da Pisa Trekking, empresa de esportes de aventu-ra, Rafael Farias prevê um aumento para os próximos anos, já que, de acordo com sua visão, “as pessoas que estão chegando à terceira idade agora são mais ativas do que as pessoas que já estão na terceira idade”.

Para os que receiam os riscos à saúde, vale saber que, quando efetuados com acom-panhamento médico e monitorados por profi ssionais especializados, os esportes de aventura não oferecem perigo. Para a geriatra Dra. Izabel Nicodemos, os espor-tes de aventura, “desde que sejam feitos com toda parte de segurança e com pro-fi ssionais treinados supervisionando, são seguros”. Contudo, ela salienta que é ne-cessário realizar um check-up médico an-tes de iniciar a prática esportiva. “Eles têm que passar por uma consulta médica, na qual nós vamos verifi car como está a parte cardiológica, se não tem nenhuma obstrução, nenhum risco grande de ter um infarto, além da questão pulmonar, para ver se eles aguentam, principalmente pela questão de altura”, explica e ressalta que, estando com os exames médicos atualizados e saudáveis, não existe nenhu-ma restrição para a prática dessa modali-dade esportiva.

Farias defende que a exigência de um ates-tado médico é necessária e que não é o único cuidado tomado na agência. “A pes-soa tem que preencher alguns requisitos. A gente sempre conversa, para saber um pouco do histórico, para ver se é uma pessoa ativa, pratica esportes”, afi rma e completa dizendo que, através dessa con-versa, é possível avaliar quais são as ativi-dades mais indicadas para cada um.

Para ele, a idade não é barreira para a reali-zação de nenhuma atividade, sendo muito

“Esportes de aventura remetem à infância” Rafael Farias

Foto: Tatianne Francisquetti/EquipeFoto: Sxc – 18, out, 201225

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mais importante levar em conta a resistên-cia física de cada um. Ao falar sobre o as-sunto, Farias relata um caso ocorrido du-rante um trekking em Machu Picchu: “tivemos um grupo que tinha um senhor de 70 anos e uma menina de 20 anos. Essa menina de 20 teve que subir na mula umas cinco vezes para conseguir concluir o traje-to. Enquanto o senhor de 70 anos era sem-pre o primeiro na trilha”.

Observados todos os cuidados necessários, os esportes de aventura trazem diversos be-nefícios. Além das vantagens advindas de qualquer exercício físico, essa modalidade esportiva também favorece a interação com outras pessoas e com a natureza, con-forme relata Dra. Izabel. “Melhora a de-pressão, melhora a ansiedade... O contato dele com o ambiente externo, ter que sair de casa para fazer uma coisa que goste, uma atividade de lazer, tudo isso vai trazer benefícios para ele em todos os aspectos: social, psicológico e médico”, explica.

Farias destaca que esse não é o único fator que atrai o público da terceira idade. Além de possibilitar o fortalecimento de múscu-los e tendões, no caso do trekking, exemplo que usa, a possibilidade de fazê-lo em meio a natureza é substancialmente motivadora. “Eles podem fazer uma simples caminhada em qualquer lugar aqui em São Paulo. Es-tar na natureza, acho, é uma coisa que mo-tiva um pouco mais”, detalha. A isso, ele acrescenta a possibilidade de fazer novos amigos e um sentimento rejuvenescedor. Para ele, a terceira idade é atraída, princi-palmente, pela associação da natureza com o passado: “os esportes de aventura reme-tem à infância. Você está solto no meio do

Check-listEu posso?

Preparamos uma listinha com alguns pontos importantes para sua saúde e para melhor aproveitamento da atividade. Acompanhe abaixo, para não esquecer nada!

• Realizou um check-up médico recentemente e obteve, nos exames realizados, um bom resultado?

• Escolheu o esporte de aventura de acordo com suas preferências e procurou uma agência especializada na realização e acompanhamento do esporte selecionado?

• Procurou conhecer, com detalhes, o histórico da agência?

• Conversou com representantes da agência sobre as questões de segurança e atendimento médico emergencial, caso necessário?

• Conversou com seu médico e com representantes da agência sobre sua resistência física, relacionada ao esporte que você escolheu praticar? Verifi cou se a intensidade da atividade escolhida é compatível com as atividades que você costuma exercer (caso exijam esforço físico, como o trekking)?

• Passou todas as suas informações médicas necessárias para a prática esportiva para a agência escolhida (como, por exemplo, restrições alimentares no caso de camping)?

Então, se prepare, porque a próxima aventura é sua!

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mato, com pouca estrutura, as pessoas aca-bam lembrando um pouco da infância”.

Apesar disso, de acordo com Farias, a maior procura da terceira idade é por passeios cul-turais, como as atividades que envolvem ca-minhadas com menor nível de difi culdade e que passem por pontos históricos ou que permitam conhecer outras culturas. Confor-me explica, os integrantes da terceira idade “gostam de conhecer as coisas, não simples-mente ver. Gostam de conhecer um pouco da cultura, ver como as pessoas vivem, a ali-mentação, as moradias, essas coisas”.

João Fernandes da Costa Filho, de 66 anos, não faz parte dessa maioria. Paraquedista há 44 anos, afi rma não ser mais capaz de abrir mão da prática: “Eu comecei por curiosidade. E até hoje estou tentando pa-rar e não consigo”.

Além de praticar o esporte, Costa Filho tam-bém pilota aviões para os saltos. Para quem tiver vontade de experimentar, ele aconse-lha: “Só procurar uma boa escola e fazer um curso bom, não tem erro. Hoje é muito

diferente da época em que eu comecei, tinha poucos recursos. Agora tem tantos recursos, tanta tecnologia, que é tudo muito fácil”. Atualmente, existem diferentes modalidades de saltos, além de ser possível escolher entre o salto individual, que exige um curso do esportista, e o salto duplo, no qual o para-quedista iniciante é acompanhado por um instrutor especializado.

O ponto positivo do paraquedismo é que a resistência física, destacada por Farias, não é tão necessária. Ainda é necessário consul-tar um médico e estar com a saúde em dia, mas, conforme explica Costa Filho, não é um esporte com muitas limitações. Tanto que, além de não ter pretensão nenhuma de parar, o paraquedista ainda repassou a paixão pelo esporte a seus descende ntes. “Meu fi lho já está com nove mil saltos. Meu neto, de 17 anos, começou ano passa-do, já está com mais de 500 saltos. Minha esposa já saltou, minha fi lha também já sal-tou, meu genro só faz isso. Então, se eu pa-rar de saltar, vou levar bronca”, brinca.

João Fernandes da Costa Filho, em frente à pista de pouso do centro de paraquedismo de Boituva

Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe27

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Paraquedismo É uma das modalidades que menos exige esforço físico e que menos exercita. Em compen-sação, é uma das que garantem mais adrenalina.

Utilizado, por algum tempo, apenas como meio de enviar socorro e suprimentos para luga-res em guerra e inacessíveis, hoje em dia também é um dos esportes de aventura mais radi-cais e emocionantes que existem. É muito importante, antes de praticar essa atividade, procurar profi ssionais altamente preparados e devidamente credenciados.

Nível:

Arvorismo Uma atividade com origem curiosa, que surgiu da necessidade de biólogos e pesquisadores se deslocarem de uma árvore para outra durante seus estudos.

Somente nos anos 90, com o aprimoramento de técnicas e equipamentos, essa prática pas-sou a ser uma atividade física esportiva e de lazer. Além da óbvia interação com a natureza, a atividade benefi cia o equilíbrio e a coordenação motora. Outra vantagem do arvorismo é a grande variedade de lugares em que pode ser praticada: o Brasil possui uma fl ora rica, e uma grande área propícia para a modalidade.

Nível:

- Adrenalina baixa, para curtir o passeio.

- Adrenalina média, para acelerar o batimento cardíaco.

- Adrenalina alta, para deixar os cabelos em pé.

O NÍVEL DA ADRENALINA

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Rafting Garantia de diversão e adrenalina, o rafting consiste em descer uma corredeira a bordo de um bote, ultrapassando obstáculos naturais, como pedras e quedas d’água. É, nor-malmente, praticado em grupo e, assim como o trekking, possui vários níveis de difi cul-dade. É uma das modalidades que mais cresce, por se tratar de uma atividade que não exige esforço físico acentuado, deixa o esportista em contato direto com a natureza e oferece emoção e, ao mesmo tempo, segurança.

Nível:

Biking É parecido com um trekking. Mas sobre duas rodas.

É um acentuado exercício aeróbico, que fortalece diversos músculos e aprimora a resis-tência e a destreza. Para praticá-lo, atente-se aos seus hábitos: caso esteja um pouco fora de forma, não tente se aventurar por terrenos acidentados e fazer viagens muito longas.

O lugar pode variar. O objetivo da atividade é realizar, de bicicleta, trajetos com irre-gularidades e obstáculos, por isso pode ser praticada em trilhas, montanhas e parques.

Nível:

Trekking É uma atividade que consiste em fazer longas caminhadas ou trilhas, em contato com a natureza. A vantagem do trekking é que, além de fazer o esportista se exercitar, ele pode ser encarado como uma forma de relaxamento e prazer, que o leva a entrar em contato direto com a natureza e a conhecer lugares diferentes, inusitados, ou até mes-mo históricos. Fisicamente falando, o trekking é uma atividade aeróbica que trabalha fortemente os músculos das pernas e do quadril. Os lugares para executar essa prática esportiva são incontáveis, já que o Brasil é um país rico em paisagens belíssimas. Aten-te-se, apenas, à sua resistência física. Se você não está acostumado a se exercitar, opte por trilhas menores e menos acidentadas.

Nível:

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PARA VIVER BEM

ADICIONE ECOMPLETE

Hoje em dia, você pode escolher um tratamento alternativo para complementar a já conhecida medicina convencional. São inúmeras opções que se adequam aos mais diversos per�is e idades

Por Larissa Leonardi

Foto: Shutterstock – 15, out, 201230

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Hirudoterapia. Você já ouviu falar nisso? Achou o nome estranho? E

sanguessuga, você conhece? As duas pala-vras estão diretamente relacionadas, por-que a técnica de hirudoterapia consiste em utilizar sanguessugas para tratar certas doenças. É a antiga (e conhecida) medici-na alternativa.

Trata-se de um tratamento antigo. No Egito, anos antes de Cristo, foram encon-trados indícios de um médico que utiliza-va a refl exologia - método que estimula pontos que ligam o corpo humano, feito nos pés e nas mãos para tratar determina-das patologias. À medida que os estudos foram aprofun-dados, a técnica evoluiu e, hoje, tem mais credibilidade. As pessoas têm mais con-fi ança na nova opção e, no dia a dia, é comum ouvir alguém dizer que está to-mando um chá para tratar algum proble-ma. E esse chazinho não é apenas um tra-tamento caseiro. O uso de plantas com fi nalidade medicinal é reconhecido ofi -cialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Além de reconhecer os tratamentos fi tote-rápicos (medicamentos naturais), a OMS indica a homeopatia, uma antiga técnica que identifi ca o problema de cada indiví-duo, tratando-o como único e, conse-quentemente, indicando um tratamento específi co para a sua patologia. O médico homeopata procura a causa do problema e o trata. O especialista acredita que os sin-tomas são uma reação natural do corpo contra a doença, por isso, através de um sistema de cura natural, estimula a pessoa a restaurar sua saúde de dentro para fora.

A procura por esses tratamentos faz com que cada vez mais surjam novos locais que ofereçam esses serviços. Tanto que, em 1986, em Goiânia, surgiu o Hospital de Medicina Alternativa (HMA). Este local tem como principal objetivo promover o bem-estar físico e mental de seus pacientes por meio de terapias alternativas. Além dos tradicionais exercícios, o hospital tam-bém cultiva e manipula plantas medici-nais e distribui os remédios para aqueles que procuram uma nova forma de tratar suas doenças.

Mesmo com toda a efi cácia das técnicas, a medicina convencional não pode ser dis-pensada. “O resultado do tratamento alter-nativo, associado ao tratamento convencio-nal, é mais efi caz. E os resultados podem ser vistos em um período menor do que se

“Alguns pacientes precisam de algo a mais”Dra. Iris Moura

Foto: Larissa Leonardi/EquipeFoto: Shutterstock – 15, out, 201231

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fossem usadas de maneira desassociadas”, explica a Dra. Iris Moura. Para ela, “o mais importante é a aderência do paciente ao tratamento, independente de ser medicina convencional ou alternativa. O ideal é sem-pre as duas estarem em conjunto. Alguns pacientes conseguem responder melhor ao tratamento alternativo principalmente pela aderência a esse tratamento”.

A médica fala também sobre um impor-tante fator: política de saúde. Moura expli-ca que “a medicina alternativa no sistema público de saúde não consegue abranger, por exemplo, a população de idosos que a gente tem hoje”. Em alguns casos, ela diz que uma ótima saída a um paciente com dor é receitar os medicamentos e indicar um tratamento alternativo. Isso ajuda a melhorar a qualidade de vida.

E é em busca disso que a aposentada Fran-cisca de Araújo, de 65 anos, vai ao Parque da Aclimação todas as sextas-feiras de ma-nhã ter aula de lian gong. Apresentada à técnica por uma amiga, a senhora come-çou a treinar através de um programa de TV. Em um dia de passeio pelo parque, por coincidência, encontrou um grupo praticando a atividade. Então, de 2003 em diante, não passa uma única semana sem ir à aula. “Manter em forma minha condição física o máximo que conseguir”, é isso que incentiva Francisca a não deixar de fazer os exercícios. “A autoestima me-lhora. Você tem que preservar o seu físico para não parar de executar as tarefas. Por isso, estou sempre aprimorando, buscan-do e praticando”, revela. Ela conta que sempre chama os fi lhos e os amigos para participarem com ela.

Para entender melhor os benefícios do lian gong, o professor de todo o grupo, Heber Koitiro, explica que “a técnica é uma ginástica de fi ns terapêuticos e pre-ventivos”. Criada na China, na década de 1970, pelo médico Zhuang Yuan, a mo-dalidade também oferecia aos seus pacien-tes sessões de acupuntura e meditação. No Brasil, foi trazido pela professora Maria Lucia Lee e caiu no gosto da população.

“Quando o lian gong é praticado, você tra-balha todas as suas articulações de uma for-ma que benefi cia a liberdade de movimen-to. Então, você passa a encarar o problema como um desafi o a ser superado, e é isso que faz bem à autoestima”, explica o pro-fessor. Orgulhoso, ele conta que uma de suas alunas, depois de um mês participan-do das aulas, pôde voltar a pentear seu ca-belo sem precisar da ajuda da fi lha. “Parece uma coisa banal a atividade de pentear o cabelo, mas deixou a pessoa bem, porque deu a ela um grau de liberdade”. A técnica não tem restrições de idade e é muito indi-cada para o público da terceira idade.

Professor Heber Koitiro em aula

Foto: Adriana Nascimento/Equipe32

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Existem pessoas, como Dalva Soares, de 73 anos, também aposentada e frequentadora das aulas no Parque da Aclimação, que pro-curam fazer diversas atividades. Dalva tam-bém faz yoga e garante que os exercícios são responsáveis por garantir disposição para fazer as atividades do dia a dia.

Mas, como difi cilmente um assunto tem aceitação geral, há pessoas, como Leonar-do Ferreira, de 21 anos, que não acredi-tam nos benefícios da medicina alternati-va. “Cientifi camente, não acredito em medicina alternativa, acredito em resulta-dos positivos motivados pela crença de utilização do método”, esclarece. Apesar de não dar créditos ao tratamento, Ferrei-ra explica que, dependendo da técnica e das melhoras que ela proporciona, talvez até se deixasse seduzir e praticasse.

O caso do Guilherme Martini, 21 anos, é um pouco mais específi co: ele não acredi-ta nos benefícios da medicina não con-vencional, mas fez um teste para esclarecer suas dúvidas. “Já utilizei uma técnica em que alguns pontos específi cos do corpo são tocados. Algo como acupuntura, mas sem agulhas. No caso, o problema que eu tinha melhorou, mas muito tempo depois do tratamento. Não tendo como compro-var sua efi cácia”, afi rma. E, por isso, não troca o bom e velho remédio para tratar suas doenças. Ele ainda completa: “Eu nunca vi nenhuma comprovação científi -ca provando que realmente essas técnicas podem produzir algum efeito de cura”.

Apesar de os dois jovens se manterem atrela-dos ao convencional e não acreditarem nas técnicas que evoluíram junto com a ciência, os integrantes da terceira idade encontraram

na medicina alternativa uma nova vida ao de-positarem esperanças em novos tratamentos.

E, para os curiosos de plantão, Dalva dá a dica: “Os exercícios me dão mais alegria de viver, positivismo, bom humor e agili-dade. Tudo isso junto do equilíbrio físico, mental e espiritual – que é um conjunto”.

SEPARANDO O JOIO DO TRIGO

Por Ingrid Taveira

O que leva a sociedade a rejeitar algo? Pre-conceito? Apego às tradições e culturas já estabelecidas? Ou, talvez, um conhecimen-to – deturpado – sobre o assunto? Conhe-cimento que pode até mesmo impedir a compreensão. Joio e trigo se confundem em uma plantação. Em um plantio de tri-go, encontramos a erva ruim, que é o joio. Da mesma forma, em um plantio em que prevalece o joio, podemos nos deparar com o trigo. Podemos isolar a parte boa da parte má. Um exemplo disso é a erva cannabis, popularmente conhecida como maconha.

Alunos em aula de lian gong

Foto: Adriana Nascimento/EquipeFoto: Adriana Nascimento/Equipe33

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De acordo com a professora Ruth Gallily, especialista em imunologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, uma das substâncias da erva cannabis - o canabidiol (CBD) - tem propriedades benéfi cas e signifi cativas às pessoas que sofrem de diabetes, artrite reu-matoide e doença de Crohn, um problema crônico infl amatório intestinal.

Mas muita calma nessa hora! Antes de imaginarmos cigarros de maconha sendo receitados deliberadamente pelos médi-cos, vamos aos fatos: a cannabis possui substâncias sedativas que podem ser iso-ladas e utilizadas de diversas formas, seu

uso não é exclusivo em fumo. Remédios à base de CBD, por exemplo, teriam um preço muito mais baixo que os medica-mentos convencionais no tratamento de algumas doenças.Além disso, especialistas desenvolveram um tipo de maconha que neutraliza o Te-trahidrocanabinol (THC), substância res-ponsável pela dependência e pelos efeitos psicológicos e cognitivos, ou, na lingua-gem popular, a brisa, o momento que a mente “viaja”. Sendo assim, é provado que há a possibilidade de separar o lado bom e o lado ruim da maconha.

Com um semblante risonho, pele rosada e quase sem rugas, Maria Madalena Pereira não aparenta ter 63 anos. Quem a vê não acredita, mas há alguns anos a artrite a deixou de cama. “Eu fi quei sem andar, duas vezes no mesmo ano, por causa da artrite”, conta, agora senta-da com as pernas cruzadas no sofá.

Sua disposição é invejável. Ela se julga preguiçosa ultimamente: pra-tica exercício s “apenas” três vezes por semana. Chegou a frequentar as aulas duas vezes no mesmo dia. O começo, porém, não foi tão simples. Além da artrite, Maria também apresentava sintomas de psoríase. Em busca da solução, passou por três profi ssionais e gastou mais de R$ 1,5 mil só com remédios.

Em sua última tentativa, recebeu uma indicação diferente: aulas de yoga e caminhada. “Essa médica disse pra mim que, para a psoríase, se eu fi zesse yoga, melhorava.” relata. Seis meses depois, conseguiu o que até mesmo os médicos duvidavam: se viu livre das man-chas vermelhas em sua pele.

O processo de adaptação do seu corpo às caminhadas levou algum tempo. Em seu primei-ro teste, não conseguiu acompanhar a esteira. “Ela ia embora e eu lá atrás”, conta, aos ri-sos. Começou a andar alguns minutos todos os dias e conseguiu realizar o segundo teste. Já sentia a melhora para o problema que tentou resolver a tanto custo.

Hoje, Maria continua a fazer caminhadas e aulas de yoga, e com o mesmo ânimo inicial. Ela acredita que os remédios e os exercícios se completaram, ambos ajudaram em sua re-cuperação, não só da saúde física, mas de seu ânimo, pois afi rma que todas as pessoas que praticam essas atividades se sentem melhor, independente da idade.

Foto: Ingrid Taveira/Equipe34

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Parece que mesmo tendo sido escrita em 1599, a frase de Shakespeare, em sua obra Hamlet, se encaixa muito bem às últimas des-cobertas: “Não existe o bom ou o mau, é o pensamento que os faz assim”. É o que pode-mos pensar quando vemos casos como o do estudante Nicolas (nome fi ctício), diagnosti-cado com epilepsia aos 18 anos de idade, que, ao começar a usar maconha, percebeu que fi cava mais calmo e, assim, evitava os ataques.

Nicolas conta que tinha muitos problemas para dormir. “Eu tinha crises de ansiedade, que só faziam piorar as crises de epilepsia. Aí eu percebi que, quando eu fumava à noite, eu dormia bem e acordava bem, consequentemente, sem ter os espasmos”, revela. Ele, que nunca havia usado qual-quer outro tipo de droga, nem mesmo in-gerido bebidas alcoólicas, chegou a entrar em coma por causa dos remédios receita-dos, que deram reações inesperadas.

De acordo com o mestre em Química pela Universidade Federal do ABC, Diogo Lima, as substâncias presentes na cannabis funcionam “enganando” os sinais que são enviados ao corpo pelo seu cérebro. Ele ex-plica que “quando você vai aprender, acon-tecem diversas reações químicas no seu cé-rebro que vão dizer pro seu corpo ‘olha, agora é a hora de prestar atenção’. Quando você fuma, os compostos da maconha se ligam aos neurotransmissores e o enga-nam, eles inibem esse efeito”.

Da mesma forma que a maconha pode ini-bir os sinais de concentração, ela pode en-ganar o cérebro quando o assunto é dor. “O seu cérebro o faz sentir dor como um alerta, tem alguma coisa errada em você, ele vai mandar sinais para os neurotrans-

missores. A maconha bloqueia esses sinais”, acrescenta Lima. Portanto, não seria uma cura, mas funcionaria como um analgésico.

Nicolas parou de fumar, mesmo com os efei-tos positivos em seu caso, pois admite não saber até que ponto a maconha é inofensiva. “Não dá para saber o nível que isso é bom. A gente não tem nenhuma pesquisa sobre isso, não tem nenhum respaldo médico. Então, eu usava para uma coisa, mas eu não sei se estava afetando outra”, justifi ca. Ele também se viu lutando contra o preconceito e as ques-tões morais. “Todo mundo enxerga de outra forma, a sociedade não enxerga isso bem, e eu não quero ir contra a maré”, conta.

Segundo Lima, que tem experiência com toxicologia forense (que estuda os efeitos das substancias químicas sobre o organis-mo em casos de intoxicação e morte), isolar e retirar as propriedades benéfi cas da maco-nha é um processo muito fácil. O grande problema estaria no preconceito dos menos informados. “As pessoas têm medo do que elas não conhecem. Esse preconceito vem lá dos anos 30, 40 e continua. O álcool é liberado e causa muito mais malefícios para seu corpo”, afi rma Lima.

O cultivo da planta é ilegal em quase todo o mundo. Em alguns países, estabelecimen-tos comerciais denominados coff ee shops (ca-feterias) podem vender pequenas quantida-des, e neles o consumo é também permitido. No Brasil, produção e comercialização em grande escala são proibidas. Diversos políti-cos e ativistas defendem sua legalização, embora o assunto ainda seja motivo de con-trovérsias. Quem sabe, talvez, em alguns anos, entre o joio e o trigo, a sociedade con-siga aproveitar a parte boa?

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Arte: Diego Sttefano Moura37

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NA ESTRADA

MALAS PRONTAS, DESTINO: MUNDO!Uma nova cultura o espera. Passar um período na casa de uma família ou por conta própria em outro país proporciona uma grande experiência de vida

Imagine, após os estudos, molhar os pés no Mar Mediterrâneo, em um passeio

ao entardecer pelas praias italianas. Ou as-sistir a um professor de Artes decifrar de perto a enigmática Monalisa, de Da Vinci, no Museu do Louvre, na França. Quem

sabe jantar com novos amigos em um típi-co bistrô francês aos pés da Torre Eiff el, iluminada ao cair da noite? Seja qual for o destino, embarque e mergulhe nos costu-mes e na cultura local. Afi nal, o intercâm-bio não é só mais uma viagem.

Fotos: Walace Toledo/Equipe / Arquivo pessoal/Mauro Tassi

Por Walace Toledo

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De alguns anos para cá, deixou de ser só coisa de adolescente viajar para outro país para explorar e conviver com outro idio-ma. Atualmente, as agências de intercâm-bio estão preparadas para atender todas as faixas etárias, dos oito aos 80. Então, essa é a hora: deixe os fi lhos cuidando dos netos, arrume a mala e conheça o mundo.

É com este pensamento que o contador Mauro Tassi e sua esposa, a empresária Eli-zabeth Tassi, 59 e 58 anos, respectivamen-te, resolveram intercambiar. A estabilidade fi nanceira junto ao planejamento com me-ses de antecedência proporcionou uma viagem sem inconveniências. Querendo

muito ir para a Europa, o casal encontrou a solução ideal com o programa personali-zado 50+ (cinquenta plus) da Central de Intercâmbio (CI). Integrantes da primeira turma do projeto, passaram duas semanas na Itália com um grupo de 14 pessoas.

A rotina mantinha aulas de italiano e pas-seios culturais guiados por professores de História da Arte. “A gente acaba não só pensando em lazer. Eu, pelo menos, queria conhecer a estrutura básica da língua, é o que conheci, aprendi a falar meia dúzia de expressões e tal. A Beth falou bastante ita-liano, falou no restaurante, no táxi, com a professora, na escola”, confessa Tassi.

Pagar antes, viajar de-pois é a dica de Mauro para os futuros inter-cambistas. Com um planejamento para não se enforcar no orçamen-to, parcelar o pacote em alguns meses é bem mais vantajoso. A parte burocrática fi cou toda nas mãos da agência contratada. Para eles, o único ponto negativo da viagem está no traje-to entre os continentes. Um voo de 12 horas

“Em uma viagem dessa você não tem despesa, você tem

investimento!Certeza absoluta disso.”

Mauro Tassi

Foto: Arquivo pessoal/Mauro Tassi Fotos: Walace Toledo/Equipe / Arquivo pessoal/Mauro Tassi 39

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sem escalas pode ser bem cansativo. Entre-tanto, fora o avião, a diversão é garantida.

O mergulho nos hábitos locais e as aulas de História que receberam a cada passeio serão retransmitidos para toda a família e amigos através dos registros fotográfi cos. As imagens recontam passo a passo as duas semanas de intercâmbio. Já pensan-do na próxima viagem, Elizabeth confessa que o destino ideal seria cidadezinhas de Portugal. “Eu não quero ir pra lugares tipo Nova York, Paris, Roma, Tóquio. Quero ir para o interior, que é onde você sabe a cul-tura. Porque nas grandes capitais já está tudo misturado”, explica.

Mercado aquecido

Nos últimos anos, cada vez mais o público maior de 60 anos procura experiências in-ternacionais. Analista de comunicação in-terna da Student Travel Bureau (STB), Fernanda Pajares afi rma que, em 2012, a empresa teve um aumento de 40% na clientela dessa faixa etária. De acordo com dados da agência, no STB, 5% de seus in-tercambistas têm idade superior a 50 anos.

Segundo estudo feito pela Belta (Brazilian Educational & Language Travel Associa-tion), associação brasileira de operadores de

viagens educacionais e culturais, 1,4% das agências de intercâmbio afi rma que pessoas acima de 50 anos estão entre o público que mais procurou cursos no exterior em 2011.

A CI percebeu o poder deste público e montou um programa específi co, chama-do 50+ (cinquenta plus). “Esse é um mer-cado que sempre existiu e sempre foi ca-rente de produtos que o atenda”, afi rma o diretor de produto da CI, Gabriel Canel-las. O programa ocorreu no mês de setem-bro deste ano e durou 15 dias. A região italiana de Toscana foi o destino escolhido para o grupo. O roteiro cultural é compos-to de aulas de italiano pela manhã e aulas de culinária, degustação de vinhos e visita aos pontos turísticos locais à tarde. O en-foque cultural e artístico é o grande dife-rencial em comparação às viagens indivi-duais, mais destinadas a trabalho e estudo.

Mesmo com as agências preparadas nos dias atuais, verifi que se há profi ssionais especiali-zados em cada público-alvo na empresa es-

“Não perde tempo, a vida é curta, o mundo é muito grande e a vida é muito pequena, a gente tem que aproveitar, não tem mais idade”

Gabriel Canellas

Foto: Walace Toledo/Equipe40

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colhida. “É importante que a empresa tenha alguém focado nisso, que possa fi car de olho em detalhes que passam normalmente des-percebidos, como a questão do elevador no hotel. Coisas assim, tão pequenas, fazem uma diferença muito grande”, explica Ca-nellas sobre os cuidados no programa 50+.

Conhecimento: voo infi nito

Manter o currículo atualizado é fundamen-tal para profi ssionais de todas as áreas. Visi-tante do Salão do Estudante 2012 em São Paulo, o dentista e professor de ensino supe-rior Milton Teixeira, de 71 anos, foi à feira em busca de um programa de intercâmbio para os Estados Unidos. Cursando mais uma especialização, Teixeira visa o aprimoramento do seu inglês, que afi r-ma ser básico, especifi -camente para seu cres-cimento profi ssional.

“A gente encontra trabalhos em inglês, lê parte técnica, mas quando vamos a um congresso que tem professor de inglês fa-lando, não dá para acompanhar, porque falta ouvido”, declara Teixeira.

Viajando sozinho ou dividindo experiências em grupo, o intercâmbio cultural propor-ciona ao viajante aprendizado único e expe-riências inesquecíveis. Não importa a idade, a sede de conhecimento é infi nita para aquele que deseja desbravar o mundo.

“A gente tem que estar sempre buscando, procurando crescer, sempre

se envolvendo com novas atividades para se manter vivo. Um conselho: eu

acho que as pessoas devem buscar, como eu estou buscando, seus sonhos”

Milton TeixeiraFoto: Walace Toledo/Equipe Foto: Walace Toledo/Equipe

Salão do estudante de 2012 em São Paulo

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PARA APROVEITAR

ROCK IN CONSERVA

Com 45 anos de estrada, o Made in Brazil, continua levando jovens a seus shows e mantendo a fi delidade à ideologia do rock de verdade

Era uma tarde chuvosa de 1957. En-quanto a empregada se comovia com

a radionovela, os dois irmãos viviam o tédio de não poder sair para brincar. Por um descuido da mesma, um deles se le-vantou, foi até o rádio e mudou de esta-

ção. Foi aí que a mágica aconteceu: uma música inebriante tocava e despertou uma paixão instantânea nos garotos. A partir daquele momento aconteceu a maior descoberta de suas vidas: O rock ´n´ roll.

Foto: arquivo pessoal/Banda

Por Adriana Nascimento

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Em uma época em que as escolas de mú-sica ensinavam a tocar bossa nova, os ir-mãos Oswaldo Vechione e Celso Vechio-ne, 65 e 63 anos, respectivamente, tiveram que aprender os riff s de guitarra com um amigo do bairro onde nasceram, a Pom-peia, o mesmo bairro em que a equipe da Plus Magazine foi recebida em uma noite de segunda-feira por Oswaldo - baixista e atual vocalista da banda.

Com uma bagagem histórica da formação do rock brasileiro e um carisma único, o músico discorreu sobre as difi culdades de se formar um grupo em uma época em que o país enfrentava a ditadura e, conse-quentemente, a censura.

Após descobrirem que o som que tocava na rádio era Litlle Richards e assistir a um show do Bill Haley em 1959, exibi-do pela T Record, os dois irmãos deci-diram que queriam ter uma banda de rock. Tomaram aulas de guitarra com o amigo “Bororó”, juntaram dinheiro, compraram os instrumentos, se reuni-ram com os amigos do colégio, e, então, em 1967, surgiu a primeira formação do Made in Brazil, que passaria ainda por mais de 186 outras, envolvendo mais de 112 músicos.

Depois de passar alguns anos tocando as músicas de seus ídolos (Animals, Rolling Stones, Chuck Berry, Muddy Waters), em 1974, foi lançado o primeiro disco pela gravadora RCA com composições pró-prias, Made in Brazil, conhecido como o “disco da banana” (pois trazia o desenho de uma banana na capa).

Com Cornélius Lúcifer nos vocais e uma sonoridade vigorosa, as letras não fi caram encarceradas somente na vida em São Paulo, mas se estenderam ao dia a dia, ao amor e situações mal resolvidas, sempre com uma boa pitada de sarcasmo e pro-testo inerentes.

Foram 14 discos e três coletâneas lança-das. Em uma certa época, tinham mais de 20 pessoas na estrada, entre os músicos, equipe técnica, de luz e produção. Os ir-mãos sempre trabalharam com o profi s-sionalismo e a dedicação de quem real-mente sabia o que queria para o resto da vida: viver de rock´n´roll.

Depois de Made in Brazil em 1974, e Jack Estripador em 1976, o terceiro dis-

Celso Vechione e Oswaldo, fundadores da banda

Foto: arquivo pessoal/Banda Foto: arquivo pessoal/Banda 43

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co, Massacre, foi barrado pela ditadura. Com o teatro Aquarius (o maior na época, com 1.600 lugares) alugado por 15 dias para o pontapé na turnê nacio-nal, os músicos foram obrigados a adiar a estreia.

“O Dops e o exército foram lá e fecharam o teatro, confi scaram nosso equipamento, não conseguimos fazer o primeiro show. Era uma quinta-feira. Na sexta, quase todo mundo foi preso. Mas, no sábado pela manhã, a gente teve que fazer um show para quatro censores e só dependen-do disso eles liberariam ou não, confi sca-riam nosso equipamento ou não”, relata Oswaldo Vechione.

Além da ditadura, a banda enfrentou di-versos movimentos musicais, passou pelo

tropicalismo, punk rock, dance, lambada, house. Nada que tirasse a essência do Made. Para Vechione, eles são um produ-to de uma escolha de muito bom gosto, coisa de Deus, Ele os escolheu como uma fonte de originalidade e transgressão.

A maturidade e o envolvimento com a música são características que nunca abandonaram a banda e que continuam levando jovens aos seus shows, assim como os bons e velhos fãs. “As coisas hoje são muito rápidas, não têm profundida-de. E, assim, a gente acaba gostando de coisas que são maduras, que têm uma história”, diz a jornalista de 22 anos, Le-tícia Castello.

Fã da banda, para ela a época em que vi-vemos é muito triste em questão de arte,

Leticia Castello, fã da banda

Foto: Juliana Veloso/Equipe

Leticia Castello, fã da banda

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tudo é um réplica mal feita do que já exis-te, e, assim, ela acaba preferindo o que é original. “Não tem nada de inovador, tudo já foi criado”, reclama.

Sentado em sua cadeira de pernas cruza-das e uma lata de refrigerante nas mãos, Vechione diz que acha engraçado que pes-soas tão jovens gostem e participem dos shows da banda. E mais uma vez agradece a Deus pelo Made in Brazil levar a seus eventos todos os públicos, desde a garota-da até os fãs mais maduros.

E quando perguntamos sobre a idade, ele ri, pensa e diz: “Ah, é só fisicamen-te. Me sinto como se estivesse come-çando, ainda tenho o tesão de fazer rock. A única diferença nesses anos de estrada são os dias de recuperação”.

O grupo nunca gostou de viajar de avião e até hoje atravessa o Brasil de ônibus. Dessa forma, fi cam mais próximos de seu

público e da realidade, além de terem a oportunidade de viajar cantando, tocan-do e jogando conversa fora.

“O Made, para mim, é e sempre será a me-lhor banda de rock do mundo”, diz o segu-rança patrimonial, Jorge Nogueira, 37 anos. Para ele, não há nenhuma outra ban-da que se iguale ao Made, principalmente pela autenticidade, pelo som de qualidade e por serem brasileiros. “Os caras já passaram dos 60 e continuam com uma energia in-crível no palco”, afi rma. Jorge ainda diz que é natural pessoas mais jovens serem ligadas a artistas mais velhos, pois os mesmos são os “caras que inventaram o lance todo”. “Se meu avô tocasse um rock, eu teria muito mais respeito por ele”, diz, brincando.

E quando a equipe da Plus Magazine per-gunta a Vechione se ele tinha mais algo a dizer, ele sorri mais uma vez e diz: “Eu sou um produto de algo que ouvi quando ti-nha meus 9 ou 10 anos” e fi m.

Foto: Juliana Veloso/Equipe45

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RESENHA

PARA O TEMPO LIVRE...

Benjamin (Selton Mello) nasceu e viveu toda sua vida no circo. Com seu pai, Val-demar (Paulo José), o palhaço Puro San-gue, ele faz a dupla de palhaços do Circo Esperança, que cruza o Brasil passando por cidades do interior. O roteiro gira em torno de Benjamin e seu drama pessoal: o circo é o único mundo que ele conhece. Responsável pela organização do espetáculo, Benjamin encontra-se em uma crise existencial. Afi nal, se um palhaço, um promotor do riso, não tem vontade de sorrir, como fazer com que os outros sorriam?Selton Mello desempenha impecavelmen-te o papel de um personagem fatigado com o seu trabalho e que vive cenas icônicas dentro do seu carro, protagonizadas por artistas do circo. No decorrer da trama, ele encontra os mais diferentes persona-gens, interpretados por grandes atores. O

irreverente Tonico Pereira faz o cômico pa-pel dos gêmeos Beto e Deto, enquanto Moacyr Franco é o delegado Justo; sua rá-pida participação foi tão marcante e ma-jestosa que rendeu ao ator o troféu de me-lhor coadjuvante no Festival de Paulínia.A trilha sonora, criada por Plínio Profeta, se encaixa perfeitamente à fotografi a do fi lme, e Cláudio Amaral Peixoto, respon-sável pela direção de arte, acertou ao esco-lher cenários quentes e desertos para a tra-ma, que representam o sofrimento da trupe. O fi gurino, coordenado por Kika Lopes, foi escolhido de forma que cada personagem demonstrasse seu perfi l atra-vés da roupa, e Selton Mello se mostrou um brilhante diretor. Vale a pena ressaltar que O Palhaço irá representar o país na grande premiação do cinema mundial, o Oscar 2013. Ponto para o Brasil!

O Palhaço2011,

direção de Selton Mello.

Drama, comédia.

Foto: Divulgação 46

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“Acho que prefi ro me lembrar de uma vida desperdi-çada com coisas frágeis, do que uma vida gasta evitan-do a dívida moral”. É assim que Nail Gaiman, famoso pelo romance Lugar Nenhum e por sua obra em qua-drinhos Sandman, começa seu livro de contos intitu-lado Coisas Frágeis. São nove histórias inéditas que trazem os mais diver-sos assuntos, com os toques únicos de fi cção e fantasia do mundo de Gaiman. O autor consegue trazer aspec-tos de Sherlock Holmes em “Um Estudo em Esmeral-da” e extrapola o mundo de Matrix no conto “Golias”, que teve inspiração no roteiro original do fi lme. Para os amantes de uma leitura envolvente, esse livro é in-dispensável no criado mudo.

Comédia escrita, dirigida e interpretada por Charles Chaplin. Calvero (Chaplin), um antigo comediante de sucesso, enfrenta a nostalgia de seus dias de fama atra-vés do álcool. Em uma de suas bebedeiras, acaba salvando a vida de � ereza (Claire Bloom), uma bailarina com problemas de saúde que está afastada da dança. Apesar da diferença de idade, ambos compartilham os mesmos sentimentos saudosistas de suas carreiras. Car-vero começa a acreditar que os problemas de � ereza são emocionais e dedica-se a ajudá-la, sem esperar que, ao mesmo tempo, também pudesse estar sendo ajuda-do. Uma história de amizade e esperança que nos faz refl etir sobre o signifi cado e valor de nossos sonhos.

Coisas Frágeis (Fragile � ings – Livro, 2006)

Luzes da Ribalta Limelight – 1953, direção de Charles Chaplin. Drama, comédia.

Foto: Divulgação Foto: Divulgação 47

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ENTRE NÓS

NOSSA, PARECE MENOS!

Toda mulher adora ouvir: “você tem essa idade? Nossa, parece menos”.

Essa frase toca nossos ouvidos como uma música e nos faz ganhar o dia. Afi nal, ho-mens e mulheres buscam sempre aparen-tar jovialidade. Mas qual a receita certa para conseguir isso?

Atualmente, já existem muitos tratamen-tos preventivos que retardam os efeitos da velhice. Os médicos geriatras indicam que eles devem começar aos 30 anos, com uma melhor qualidade de vida, que inclui uma alimentação equilibrada, fi m do se-dentarismo e algumas posturas que po-dem fazer com que o envelhecimento ve-nha de forma lenta e gradativa.

Além disso, podemos também contar com a ajuda dos tratamentos estéticos, como botox, plásticas, silicones, ácidos e muitas outras invenções. Mas não adianta tudo isso se você não tiver uma postura mais amena diante dos proble-mas da vida. Preocupações demais po-dem aumentar as rugas, deixar os cabe-los mais grisalhos e, o pior, desencadear várias doenças.

Os problemas existem e devem ser encarados com suavidade e muito bom humor. Essa

postura refl etirá tanto na aparência, quanto na saúde. Levando em conta tudo isso, te-nho algumas atitudes que uso no meu dia a dia para “driblar” o peso da idade: o que eu não posso mudar na minha vida, me confor-mo e aceito, sem sofrimento e sempre ten-tando ver o lado bom; para manter o cérebro em movimento, procuro aprender sempre com boas conversas, livros, amigos, pas-seios ao ar livre, cinema, teatro, dan-ças e viagens; meu lema é se divertir com pouco, aproveitar cada minuto com as pessoas que amo e não desis-tir dos meus sonhos, mesmo que eles pareçam distantes.

Bem, quanto à idade, quando se está prestes a completar 50 anos, o importante apenas é torcer para que a comemoração desse meio século ve-nha carregada de muita saúde e von-tade de ser feliz. E, mais do que isso, torcer para que, quan-do eu falar a minha idade, a resposta seja: “nossa, parece menos”.

Foto: Istockphoto – 12, nov, 2012

Por Valéria RambaldiJornalista da Rádio Estadão/ESPN

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NO PALANQUE

ELEIÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS E NO BRASIL

No Brasil, com certeza, as regras eleito-rais vigentes nos Estados Unidos não

funcionariam. Nos EUA, sim. Lá funciona e bem. Principalmente porque o povo que vive lá é disciplinado. Aqui, não. Somos di-ferentes na essência. Queremos levar vanta-gem em tudo. Ou quase tudo.

Vivi pouco tempo nos Estados Unidos: 58 dias em 2011 e 141 dias em 2012 (sem con-tar uma rápida estada em Nova Iorque e Wa-shington DC, em meados dos anos 70). Foi um período pequeno em comparação com os quase 63 anos de Brasil. Mas os 199 dias em que lá estive recentemente me permitiram ver e viver experiências que jamais teria no Brasil, embora acredite, fi elmente, que um dia che-garemos aos níveis norte-americanos, sem perder as nossas principais características.

Aqui a eleição presidencial é a mais simples possível, pelo menos para os nossos costu-mes: é eleito quem tem mais votos; a eleição é direta desde o fi m da ditadura militar de 1964; e votar é uma obrigação.

Lá, nem sempre chega à Casa Branca quem tem mais votos, porque a eleição não é direta e votar é facultativo.

Nos Estados Unidos, o eleitor vota na esco-lha de membros do colégio eleitoral e eles escolhem o presidente da República (Barack Obama, nas duas últimas eleições, em 2008 e 2012).Lá, como cá, existem prévias eleitorais. Na reta fi nal os candidatos são dois: um demo-crata e outro republicano. Ao contrário, no Brasil, podemos ter um concorrente por cada um dos nossos 30 partidos.Nos EUA, não existe sistema eleitoral único. Cada Estado tem uma maneira de contar vo-tos. Há 12 anos, por exemplo, a escolha do presidente teve que ser esperada por um mês. É que a Flórida, um dos principais Estados do país, usava uma cédula que induziu mi-lhares de eleitores ao erro. E, por consequên-cia, o eleito foi o menos votado (George W. Bush, com 47,87%), em detrimento do pre-ferido do público (Al Gore, que teve 48,38%).Por todas essas diferenças, gostaria de ver os estadunidenses votando pelo sistema brasilei-ro e vice-versa. Como o povo de lá se compor-taria sendo obrigado a utilizar um sistema único, nacional, e as nossas urnas eletrônicas? E qual seria o comportamento dos brasileiros se tivessémos a opção de votar ou não?

Por Cláudio AmaralJornalista e consultor em Comunicação Social

Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe / Arquivo/Cláudio Amaral49

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CEM ANOS DE GONZAGÃO NO SESC POMPEIA

Um grande encontro entre velha e nova ge-ração de músicos marca o show em home-nagem aos 100 anos de Gonzagão. A apre-sentação tem o repertório do triplo lançando em 2012 em homenagem ao ar-tista. No palco, será possível prestigiar Ân-gela Ro Rô, Elke Maravilha, Simoninha, Amelinha, Filipe Catto e Anastácia, que in-terpretarão as músicas do gênio nordestino.

Quando: 13 e 14/12, quinta e sexta, às 21h30.

Onde: SESC Pompeia.

Preços: de R$5,00 a R$20,00.

Mais informações: www.sescsp.com.br

PALESTRA MUSICADA SOBRE A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA DE 1960

A palestra abordará não somente o contexto cultural da música da época, mas também os principais acontecimentos sociais, artísti-cos e políticos. Haverá uma formação musi-cal, composta de violão de sete cordas, viola brasileira, gaita, violino e voz, agregando

atividades de Canto Popular e Danças de-senvolvidas na Ofi cina Cultural.

Quando: 20/12, quinta-feira, das 13h30 às 16h30.

Onde: ofi cina Cultural Amácio Mazzaropi –

Avenida Rangel Pestana, 2401 – Brás.

Entrada gratuita.

Mais informações: www.ofi cinasculturais.org.br

HAMLET

Em cartaz desde outubro, a peça conta a história da vingança de Hamlet, pela morte de seu pai. Encarnando um dos mais perfei-tos personagens de William Shakespeare, � iago Lacerda contou com a ajuda do en-cenador anglo-brasileiro Ron Daniels, um dos diretores associados da Royal Shakespeare Company.

Quando: de 19 de outubro a 16 de dezem-bro; sexta e sábado, 21h; domingo, 19h.

Onde: Teatro Tuca.

Rua Monte Alegre, 1024.

Preços: R$40,00 e R$60,00.

Mais informações: www.guiadasemana.com.br

Foto: Walace Toledo/Equipe Foto: Divulgação

AGENDA CULTURAL

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Para encontrar mais informações sobre os serviços mencionados nesta edição:Na atividadePisa Trekking, agência de esportes de aventura:www.pisa.tur.br(11)5052-4085

Paraquedismo - Boituva:www.paraquedismoboituva.com.br/(15)3263-1645

Skydive � ru – Boituvahttp://www.skydivethru.com.br/(11)3522-7123

Na estradaCentral de Intercâmbiowww.ci.com.br(11)2110-7460

STBwww.stb.com.br(11)3038-1551

Para saber maisUniversidade Aberta à Terceira IdadeRua Professor Francisco de Castro, 75Vila [email protected](11)5082-3588

Para viver bemLian GongParque da Aclimação Rua Muniz de Souza, 1119 – AclimaçãoSexta-feira, das 09h15 às 10h15(11) 3208-4042

Contatos da Vovó [email protected]@gmail.comvovoneuza.blogspot.com topblog.com.br/2012/blogs/metrópole

EDIÇÃO DE NATAL

O FIM DE ANO ESTÁ CHEGANDO. ONDE COMEMORAR?

Os roteiros mais desejados para o feriado natalino e o réveillon.

ELES CUIDAM DE VOCÊ!

Além de ótimos companheiros, saiba o que os animais de estimação podem fazer por sua saúde.

OS 100 ANOS DE LUIZ GONZAGA

A comemoração chega ao cinema, a casas de shows e a você!

OS DEZ MANDAMENTOS DA BOLSA

Dicas para investir e não fi car no prejuízo

E MUITO MAIS...

Foto: Walace Toledo/Equipe 51

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Rua Professor Francisco de Castro, 75Vila Clementino – São Paulo/SP

Telefone: (11) 5082-3588