pluri - desconstruindo visões singulares

Upload: luis-felipe-silva

Post on 02-Mar-2018

273 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    1/84

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    2/84

    EXPEDIENTE

    Editora-chefeNicole lvaro de Campos

    Editor de fotograaMateus Pimentel

    Diretora de arteMelissa Dajori

    Jornalistas

    Leona Gasparri, Fernanda Vieira da Rosa, AlexBarros Martins, Julian Cardoso

    Designers grcosJeerson Maier, Lus Felipe Silva, Sarah Barros

    RevisoAnna Rodrigues

    ColaboradoresIsabela Rinquel, Nickolas Kotota, SamanthaVieira, Natlia Tobias, Carmen Lcia Silva,Jasper Arajo

    Assistente de redaoCarlos Yudi Peres

    Consultora de MarketingCyntia de Jesus Lopez

    PesquisaFrancis Pereira Brado

    Cartas [email protected]

    Sugestes de [email protected]

    Para [email protected]

    ONLINEwww.revistapluri.com.brtwitter.com/revistaplurifacebook.com/revistapluriinstagram.com@revistapluri

    PLURI uma publicao trimestral atravs doedital Elisabete Anderle de Apoio s Artes e Cultura do Estado de Santa Catarina.

    EXPEDIENTE

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    3/84

    D

    esconstru

    indo

    vises

    singulare

    s

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    4/84

    ESTA REVISTA FOI DESENVOLVIDA PARA Adisciplina de Prtica Projetual em Design III,do curo de Deign Grco da Univeridadedo Estado de Santa Catarina no primeiro se-mestre de 2016 por Lus Felipe, Sarah Barrose Jeeron Maierd. Durante ete perodo, ogrupo trabaou arduamente, incuive no -nais de semana e horrios alm das 72 horasde carga orria, para que ea foe naizada

    da meor forma pove.

    Ecoemo o tema Diveridade e miitn-cia, ana, ainda temo um pouco de iber-dade em projetos editoriais se comparados aoutro curo. Atrav de um projeto grcoimpo e exve, pretendemo aproximar eenibiizar diferente pbico para a eiturae reexo do contedo que ecoemo. Arevita foi penada para a ditribuio atravde editai de etmuo cutura e/ou nan-ciamento atrav de patrocnio pbico eprivado. Portanto, para er ditribuda gra-tuitamente em epao como univeridade,ecoa, centro cuturai e outro.

    A dicipina foi orientada por Genida Ara-

    jo e Marc Bogo, que em muito contriburamtanto na formao terica quanto na aitn-cia tcnica e avaiao da pgina, contedoat ento auente em noa formao. Agra-decemo tambm a profeora Manuea Cuna,reponve pea dicipina de Proceo Gr-co II, e uma da pouca do emetre que evoua rio a queto da interdicipinaridadeque a operacionaizao do currcuo deveriaatender para no obrecarregar o etudante enem deix-o em bae para a prtica.

    O que em mim obretudo canao -No dito nem daquio,Nem sequer de tudo ou de nada:Canao aim memo, ee memo,Canao.

    Nicole lvaro de Campos, Editora Chefe

    EDR

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    5/84

    TOAL JeffersonMaier

    SarahBarros

    LusFelipe

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    6/84

    08Colunas:Feminismo negro,

    gordofobia e vilesnos quadrinhos.

    Mundo:Igualdade de gnero

    14 22

    28 32

    Perfil:Entrevista comYasmin Thayn

    Capa:Feminicdio

    Anlise histrica:Oscar still so white

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    7/84

    42 HQ:Delirium NerdBastidores:No brancos emfilmes de fantasia46

    52

    64

    72

    Dossi:Violncia contramulheres LBT

    Projetos independentes:Conhea algumas pessoas quetratam de diversos assuntosatravs da arte

    Coringa:Descaso da sociedade brasileira

    sobre a existncia trans

    78 Escritos:Blues dos refugiados

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    8/84

    O PAPEL DAS MULHERESNEGRAS NA CONSTRUODE UM NOVO FEMINISMOPor Patrcia Anunciada

    hOJE PREsENCIAMOs UMA GRANDE DIsCUssO sO-bre o feminismo de um modo geral, em especial nas re-de ociai. Acompanamo dicue que abordam te-mas como empoderamento feminino, direito ao corpo,egaizao do aborto, uta contra a opreo macita,

    direito voz, ororidade, exigncia de uma repreen-tatividade feminina ignicativa em epao de poder,entre outra quete.

    Acompanhamos campanhas de luta contra o assdioto preente em noo dia a dia, contra o macimo,a homofobia, a gordofobia e o racismo que matam to-do o dia. Vemo incuive muito omen querendoe engajar no movimento feminita e tentando roubaro protagonimo da muere na uta feminita. No en-

    tanto, importante votar um pouco noo oar para ourgimento do movimento feminita anaiando a prin-cipai pauta reivindicada, quai foram a muere quecontriburam para o surgimento e fortalecimento da lutafeminita e como ee movimento e tranformou ao on-go do tempo de forma a e tornar um movimento maiabrangente que contempa pauta variada e tem umamaior repreentatividade na ociedade atua. sabemo

    que o feminismo surgiu tendo como uma de suas prin-cipai reivindicae o direito ao voto e ao ingreo nomercado de trabao. Anaiando o contexto norte-ame-

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    9/84

    09

    Atuamente vemo o dedobramento da uta dea

    mulheres e nos sentimos representadas na luta femi-nista, pois ela nos contempla em nossas necessidadese epecicidade. Obervamo muere negra cadavez mai empoderada, enegrecendo epao de poder etendo um acance ante inimaginve. Vemo muerenegra tendo detaque em epao acadmico, na re-de ociai, na organizao de evento em pro da utafeminita, no cenrio iterrio e na mdia, por exempo.

    Aquea que vieram ante de n abriram o caminopara uma luta que est em seu auge e tem resultado emdivera conquita para toda n.

    O QUE GORDOFOBIA E QUEMSO OS DESAJUSTADOS

    Por Marco MagogaGORDOFOBIA A IDEIA DE sENTIR REPUlsA A COR-po gordo. Peoa magra quando repudiam corpogordo praticam gordofobia diretamente. Peoa gor-da que repudiam eu prprio corpo reproduzemdicuro gordofbico. E quando e faa em repdio ouavero, no quer dizer apena que a peoa tem dio

    do gordo, ou quer matar e exterminar todo gordo daface da Terra.

    08

    ricano, podemo vericar que a principai gura que

    atuavam como porta-voze do movimento eram mue-res de classe mdia alta que dispunham de tempo paraorganizar encontro e evento em pro da uta feminita.A principal luta dessas mulheres era contra o patriar-cado que impedia ua participao pena como cidadna ociedade, reegando-a ao pape de boa me e e-poa. importante notar tambm que ea mueredipunam de erviai para tomar conta de eu are e

    eu o enquanto utavam pea ibertao da mue-re - muere emeante a ea, ociamente privie-giadas - das amarras do grande inimigo conhecido comopatriarcado. Ee movimento deconiderou queteque envoviam toda a muere em ua compexidadee diveridade e, apear de ua importncia itrica eda conquista de direitos obtida por meio da luta organi-zada, no contempou a uta antirracita e no ofereceuum epao em que a muere negra e entiem aco-

    ida e atendida em ua epecicidade.A mudana dee cenrio e deu quando feminita

    negra comearam a e organizar e a exigir o direito voz e repreentatividade no movimento. No contextonorte-americano temo gura como sojourner Trut,Audre lorde, be ook, Angea Davi, Patricia Coin,Kimbere Creenaw entre outra gura de detaque.

    No enaio A muere negra na contruo de uma

    nova utopia, Angea Davi motra a importncia de ummovimento feminita mai abrangente, que ute contratodo o tipo de opreo em reproduzir nenuma de-a. Ea motra que importante reconecer recorte degnero, raa e cae, uma vez que todo eto interiga-do, de forma a que o movimento eja acoedor de to-da a muere em ua epecicidade e no opreor.A ecritora Audre lorde, no enaio Muere negra:A ferramenta do metre nunca iro demantear a caa

    do metre detaca que a diferena entre a muereno devem er vita de forma negativa, ma como ne-ceria, poi podem er tranformada em fora nauta da muere. Diaogando com Audre lorde temolia Gonzaez, uma da gura mai importante naluta feminista e antirracista no Brasil nas dcadas de 70e 80, que motra a importncia da oidariedade e daorganizao, reatando a importncia da uta contra

    o ugar da marginaizao, do derepeito em reao capacidade proiona da muer e contra a etereoti-pia atribuda muer negra.

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    10/84

    COLUNAS

    Ma quando voc e apega a um eteretipo de que

    todo gordo doente, de que todo gordo preguio-o, gordura repreenta fata de motivao e eforo,todo gordo incompetente, deajeitado voc et imendo gordofbico. Quando voc ana um oar de re-provao (memo que uti, porque a gente PERCEBE,viu?) pro prato de uma peoa gorda, quando voc dizuma peoa gorda inda de roto, quando voc mar-ca aquele amigo naquele post de humor que mostra

    uma peoa gorda com o dizere Fuano, t com au-dade e at quando voc nega que uma peoa gordaseja gorda, argumentando que gordura apenas um es-tado que pode e deve er mudado, no uma condiovida de exitncia e identicao.

    Aam, gordofobia.E porque peoa gorda reproduzem gordofobia?

    Porque alm de um discurso, a gordofobia causa tam-bm ofrimento a ea peoa. E io impica, em mui-

    to cao, am do dio a i memo e do eu corpo, emmedida extrema como dieta mauca, ingeto de re-mdio, ditrbio aimentare, depreo. No importae uma peoa gorda ainda reproduz dicuro de dio,e j entendeu o mecanimo de opreo e et no ca-minho do empoderamento ou se j conseguiu amar a simema penamente, uma coia todo n gordo temoem comum: todo n ofremo em agum momento

    com a gordofobia. E por io com peoa gorda quereproduzem gordofobia a gente tem uma pacincia ex-tra em ser didtico e acolhedor, porque a gente sabe oofrimento que ea peoa et vivendo tambm.

    E diferena entre preo ettica e gordofobia.Veja bem, por mai que aja uma preo por um cor-po padro (por exempo, um cara arado e uma muerque ua tamano 34), no todo corpo que foge a eepadro que v neceariamente ofrer gordofobia (por

    exempo, um cara com um pouco de barriga e uma mu-er que ua 44). Ea peoa ofrem im com preoettica pra e conformarem ao padro, ma gordofobia ofrida por peoa reamente gorda (que no encon-tram roupa, que no cabem no aento do nibu ouentaam na catraca, que o de fato excuda totamen-te de divera ituae ociai omente em virtude deua aparncia fica). Vamo utar im peo m do pa-

    dre, ma vamo uar o termo com cautea pra noaver um degate e uma banaizao da dicuo.Assim como qualquer conceito poltico, muito do que

    comumente tacado como mimimi no mimimi

    com um pouco de etudo mai aprofundado e vonta-de de aprender. Gordofobia um dee conceito. Poretar muito igado em contexto feminita, de equer-da e de miitncia de minoria, geramente a dicuoobre gordofobia vem de peoa e pgina atreadaa ee contexto. Eu por exempo fui aber o queera gordofobia enquanto conceito quando comecei aacompanar pgina obre feminimo. E como expicar

    inteticamente um contexto itrico da gordofobia (jque ee um tema que merece um texto prprio e maidetaado tambm)? Bem, vamo focar no mundop revouo indutria, pode er? O avano tecno-gico da indtria, o fortaecimento do capitaimo e anova demanda do mercado mudaram profundamentea reae umana e de trabao. Ea revoue o-ciai operaram profunda mudana no poder potico eno aber. Foi neceria uma nova gerao de trabaa-

    dore para a fbrica e indtria.Trabaadore quetenam ua capacidade fica aumentada ao extremo,para que o tempo e o epao eja uado de forma a po -tenciaizar o ucro do dono de fbrica. Aim, tomafora novo conceito acadmico na rea da ade.Mai do que quetionar o decnio da quaidade de vidade trabaadore que paaram a car muita e muitaora trabaando na indtria, a gordura a eco-

    ida como a vi. Ea vio igienita obre peoagorda o incio do etigma do gordo preguioo.No o norma er magro, aim como no anor-

    ma er gordo. Todo podem emagrecer, dede que noencarem io como nica poibiidade de feicidadee reaizao (aim como engordar no innimo defracao). Todo corpo pode e deve ter aceo a mobi-irio, veturio e epao adequado. Todo podem edevem ter direito a armarem-e como peoa gorda

    sem ser discriminadas ou recriminadas moralmente porio. Todo podem e devem er o que o, em preciarcompensar nenhum comportamento por ser gordo ouer magro.

    No omo deajutado por ermo gordo. O dea-jute a prpria gordofobia.

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    11/84

    BLACKBLOCS DA DC VESTEMVERMELHO E AMARELO

    Por Victor Hugo Batista

    JOVENs DEsAJUsTADOs sE TORNAM UMA GANGUEde vigiante evando adiante o egado do omem-mor-cego em defea de Gotam City. Ete pot centra deWe Are Robin, nova revita da DC Comicx. A hQ

    nos apresenta Duke Thomas que est em busca impla-cve peo pai. Tudo toma um rumo mai intereantequando ee recrutado peo Robin. Na verdade, amotivae do integrante da gangue o obcura epouco exporada, ma de cara d para acar que o queevou cada um dee a air de vermeo e amareo pora foi ago peado e dooroo. A eitura muito boa,porque ee grupo de anti-eri tem peronaidadebatante conitante. Diferente do Novo Tit, o

    Robin o peoa que apanaram mai da vida. E odrama de cada um deles ser apresentado no decorrerda itria.

    We Are Robin tem muito apelo por apresentar jo-ven que decidem er um diferencia para o oca ondevivem, tornando-e mboo de ago poitivo e tran-mitindo uma menagem com io. serve tambm de re-foro para no embrar que muita veze ete mboo

    pode vir de quaquer peoa.

    1110

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    12/84

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    13/84

    2223

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    14/84

    MUNDOIGUALDADE DE GNERO

    MUNDOGUALDADE DE GNERO

    Ensinamos as meninas a se encolherem, para se

    tornarem ainda mais pequenas. Dizemos para meni-nas: Voc pode ter ambio, mas no muita. Vocdeve ansiar para ser bem sucedida, mas no muitobem sucedida. Caso contrrio, voc vai ameaar ohomem. Porque sou do sexo feminino esperam que

    eu almeje o casamento, esperam que eu faa as es-colhas da minha vida e sempre tenha em mente queo casamento o mais importante. Agora, o casa-mento pode ser uma fonte de alegria, amor e apoio

    mtuo, mas por que ensinamos a ansiar ao casamen-to e no ensinamos a mesma coisa para os meninos?Criamos as meninas para serem concorrentes, nopara empregos ou para conquistas, que eu acho que

    podem ser uma coisa boa, mas, para a ateno doshomens. Ensinamos as meninas que no podem serseres sexuais da mesma forma que os meninos so.Feminista a pessoa que acredita na vida social,igualdade poltica e econmica entre os sexos.

    Chimamanda Ngozi Adichie

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    15/84

    15

    Como a igualdade degnero fez da Sucia um

    pas mais ricoO pas tem um Governo que se autodesignafeminista. Que quer impor quotas nas maioresempresas obrigando-as a ter 40% de mulheres

    a mandar. E pressionar os casais a partilharmais as licenas parentais.

    UM FOlhETO QUE PROMOVE EsTOCOlMO COMOdetino turtico e de negcio faa da reconecida qua-

    lidade do ar que aqui se respira e das guas lmpidasdo ago. Expica que eta uma capita com muitotaento, uma cidade aberta e comopoita. Faa damoda, da gastronomia, das lojas de design e de como eguro viver aqui. E mai ito: 50% da popuao o-teira, por isso h uma forte possibilidade de encontrar asua alma gmea em Estocolmo!

    A frae que egue o ponto de excamao acrecenta

    que eta a cidade idea para contituir famia. A -na, o pai tm direito a 480 dia de icena parentapor cada o e a criana pequena tm aceo a jar-

    din de infncia ubidiado. E poto ito: Bem-vindoa Estocolmo!

    sim, faar de icena parentai ucientementeexy para e coocar em dua pgina detinada aoviitante etrangeiro num texto da reponabiidadeda agncia pbica que faz a promoo da cidade. Peomeno na sucia .

    O pa que ocupa o 4. ugar (em 142) no ranking doFrum Econmico Mundia que mede a iguadade degnero (depoi da India, da Finndia e da Noruega)

    era, nos anos 60 do sculo passado, um dos que tinhampiore taxa de nataidade na Europa. hoje do quetm da mai eevada Portuga a que tem a mai

    14

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    16/84

    MUNDO

    IGUALDADE DE GNERO

    baixa da Unio Europeia do 28. O

    que que iguadade de gnero temque ver com o beb que nacem?E com a performance econmica deum pa?

    A nossa ideia sobre a igualdadede gnero que uma queto dedireito, em dvida, ma tambmalgo que permite uma srie de ga-

    no ociai, que permite atingir v-rio objetivo, diz a muito pragm-tica ministra sueca para a Igualdade,a Regnr, numa tarde cuvoa deAbril num encontro com um grupode jornalistas estrangeiros na sededo eu minitrio. Dede ogo, oobjectivo do crecimento econmi-co. A poibiidade de uar toda a

    competncia e capacidade da mode obra exitente e avendo maimuere a air da univeridadecom grau acadmico, mai do queomen, temo de fazer uo dee in-vetimento que e et a fazer nea.Ito bom para o indivduo, matambm para toda a ociedade.

    Depois, quando podem escolher,em ituao de iguadade, omene mulheres estudam, trabalham etambm tm mai o do que nopases do Sul da Europa, que se di-zem orientado para a famia, pro-segue a ministra que tem a seu cargoainda a pata da Criana e doIdoo. conenua que, em uma

    ituao demogrca poitiva, di-cimente crecimento econmico.

    Nos anos 70, quando a Suciacomeou a contruir o eu famooEtado ocia, muita da deciepartiam desta ideia: era preciso quea muere entraem em fora nomercado de trabao, a indtriapreciava muito de mo de obra, oector pbico tambm. Etava em

    jogo o crecimento econmico. E

    oje, com o pa a revear a ua re-

    iincia face ao timo ano decrie na Europa a paavra reii-ncia da OCDE , a neceidadepermanece: Precisamos de muitagente a trabalhar, para que possamtomar decie na ua vida e de-envoverem-e como indivduo,mas tambm para poderem pagar

    impostos, porque todo o nosso mo-deo e baeia no impoto, diz aminitra. h um ite governamentaque expica, com graa, que a su-cia to conecida peo eevadoimpoto como peo mvei Ikea eo Abba, endo que a skatteverket,a agncia reponve por taxar ocontribuinte, a egunda intituio

    pbica mai apreciada pea popua-o depoi da que trata da quetereacionada com o conumidore.

    No Centro Tppan, um jardimde infncia de Etocomo cone-cido pelo seu trabalho na rea daiguadade de gnero com a crian-a, quae no carrino e no e

    avitam Barbie. Aqui, apota-e embrinquedos mais neutros do pontode vita do gnero, expica Yvonneh, a coordenadora da intituioque todo o dia recebe 80 crianaentre o 12 mee e o cinco ano.

    Yvonne h motra como e tra-baam outro materiai pano,pape, madeira, adereo vrio, de

    capu a apato antigo, de veti-do de baiarina a fato de pirata. Fazparte de um plano: Encorajamos ascriana a ter toerncia e repeitouma pea outra. No contru-mo epao para rapaze ou pararapariga. Utiizamo diferente ti-pos de materiais e tentamos que ascriana o exporem. se um rapazvete um vetido, a menina no diz:A, no pode uar io porque

    Encorajamos ascrianas ater tolerncia e

    respeito umaspelas outras.No construmos es-paos para rapazes

    ou para raparigas.

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    17/84

    17

    rapaz aqui ee no tm ea atitude,

    o criana muito pequena, no trazemio com ea, e n no aimentamo e-teretipo.

    A ideia ibertar a criana da ex-pectativa e da exigncia que a ocie-dade tem, tradicionamente, em reaoa rapaze, por um ado, e rapariga, poroutro. E e o menino cega a caa e diz

    ao pai que andou a experimentar veti-do, no e vm pedir expicae?A educadora de infncia orri: Imagi-

    nem um crcuo onde eto vria quai-dades que uma pessoa pode ter: a bonda-de, a inteigncia, etc aqui, queremooferecer a cada criana toda a boaquaidade. No dizemo aim: Etaquaidade de menina e eta de menino.

    Damo tudo a todo e ee faro depoia ua ecoa obre o que querem er.Quando e expica ito ao pai, ningumconteta. Porque impe.

    No mximo, uma famia com mairendimento, e apena um o, paga131 euros de mensalidade no CentroTppan. A tabea a mema para qua-quer pr-ecoa frkoa do pa.Quanto mai o uma famia tem,meno paga. O quarto o tem direito afrequentar gratuitamente. Famia combaixo rendimento no pagam nada.Mai de metade da criana de um anoe 90% da de cinco ano frequentam um

    jardim de infncia.Alguns resultados: o pas tem a maior

    taxa (80%) de emprego da Unio Euro-peia e a maior taxa de emprego feminino(77,6%). tambm do que tm maiorrepreentao de muere na potica eno Governo apear de nunca ter im-poto quota ao partido. Aite ao na-cimento de mais 30 mil bebs por anodo que Portuga (tendo meno de dez mi-e de abitante). E um do paeonde homens e mulheres mais partilhamo cuidado com a criana (por exem-

    po, na ora de contar o nmero de pai

    e me que em 2013 tiraram dia, pago,para car com o o doente, 57% fo-ram muere e 43% omen).

    Conseguiu-se outra coisa: A possibi-idade de a criana terem o doi paipreente e no apena um dee, o que importante, diz a Regnr. Que avia,contudo: Parece que estamos no paraso

    da iguadade, ma no.h dicriminao. h diferena a-ariai. h a vioncia domtica. No!Ito no o parao da iguadade, de-clara enfaticamente Gudrun Schyman,66 anos, secretria-geral do partido FI(iga para Iniciativa Feminina) que, porpouco, no eegeu, na tima eeie,no ano passado, o seu primeiro deputado

    para o Paramento naciona. A imprenaestrangeira deu destaque a este pequenopartido com dez ano de vida duranteuma campanha eleitoral onde o debateobre a iguadade de gnero foi inteno.

    Foi nete cenrio que stefan lfven,57 ano, o novo primeiro-minitro, quetomou poe no na do ano, decarousolenemente no Parlamento que a Suciateria um Governo feminita.

    Constitudo por 12 mulheres e 12 ho-men, reutado de uma coigao entreo Partido Social Democrata e os Verdes,o novo Governo feminita j anunciouvria medida. Em primeiro ugar, e, aolongo deste ano, as maiores companhiasueca itada na boa no garantirem

    que o eu coneo de adminitraotm, peo meno, 40% de muere, em2016 air uma ei que a obriga a ter.

    Atualmente, a Sucia j dos pasescom maior peso de mulheres nas admi-nitrae da grande compania domercado boita (mai de 28% egundodado da Comio Europeia, contra 9%em Portuga, por exempo). Ma o Go-verno aca que io ecandaoamentepouco. V, aproveitem agora! Vo bu-

    A ideia libertaras crianas das

    expectativas e das

    exigncias que asociedade tem,tradicionalmente,

    em relao a rapa-zes, por um lado,

    e raparigas,por outro.

    16

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    18/84

    MUNDOIGUALDADE DE GNERO

    car todo ee taento feminino!, diz a orrir a Regnr. No difara a ironia.

    sim, o Governo a intrometer-e no ector privado. E io no pacco, como notaKritina Fjeketam, diretora do departamento de etudo de gnero na Univeridadede Etocomo. Ma outra medida pr-iguadade no o foram no paado. veze,no e pode eperar pea mudana da concincia ocia, diz a invetigadora.

    veze, o potico tm de caminar frente da popuao, diz tambm Nikalofgren, epeciaita em potica de famia, na Agncia para a segurana socia sueca.E tm memo caminado em agun apecto, na opinio de Annika Creutzer. Nikalofgren motra um cartaz de um omem uper mucuado, cabeeira e bigode enor-me, ruivo um Viking, portanto , a egurar no brao um beb. Em etra grande,vermea, -e: Pai em icena parenta!

    Muito ueco embram-e bem dete cartaz. Foi anado na dcada de 70 do cuopaado, quando a sucia e tornou o primeiro pa do mundo a acabar com a icenade maternidade, a criar a mai neutra icena parenta de ei mee, paga a 90%,e a dizer que eta devia er repartida entre omen e muere. O orrio do beb nocartaz motrava como io era bom tambm para a criana.

    O cartaz, oje, ucita rio, ma no mai do que io a campana no teve gran-de uceo, concede lofgren, 45 ano, pai de doi o. Em 1993, quase metade dos

    pai no gozaram um nico dia de icena.Em 1995, o Governo decidiu criar a quota do pai. Ou eja, e o recm-pap no

    gozae, peo meno, um m da icena parenta que, at ai, era quae um excuivofeminino, ee m ubidiado perdia-e. houve quem acae que era uma intromiodo Etado, que deviam er pai e me a ecoer como faziam com o beb. haviamemo quem diee que e etava a prejudicar a muere. Em 1996, o nmero deomen a no gozar nenum dia de icena deceu para meno de 15%.

    Em 2002, o Governo ueco deu mai um pao: a quota intranmive creceupara doi mee. E aim at oje: a icena parenta de 480 dia (uma icena ongacomparada com a prtica europeia), a maioria pago a 80% do ario; doi mee odetinado a er gozado peo pai e outro doi pea me, o retante 12 podem errepartido peo doi membro do caa (a mema regra apica-e a caai de peoado memo exo com o), por inteiro ou em part-time, at a criana fazer 8 ano.

    O impacto da nova quota votou a er evidente. Em 2014, mai de 90% do paiomen uaram a icena parenta. Em mdia, 88 dia, e zer a conta ao dia uu -frudo at 2013 peo que foram pai em 2008. (Em Portuga, 42% do beneciriode agum tipo de icena parenta, incuindo o 10 dia excuivo do pai j o o -

    men, fez aber a segurana socia portuguea, ma o que dividem a icena de 150dia/180 com a muere rondam o 24%, em contar com funcionrio pbico, fazaber o Obervatrio da Potica de Famia).

    Para minitra para a Iguadade ueca, o nvei de partia no eu pa abem apouco. que, feita a conta, ainda um quarto do dia de icena parenta que oEtado paga anuamente pago a omen. Por io, o Governo feminita prepara-epara agir de novo.

    No conenua, uma vez mai. Para o partido conervadore, no deveria averequer uma parte da icena para a me e outra para o pai, refere Nika lof-gren. E a nova medida no dever trazer ao Executivo muito voto, ubina. E maicriana, trar? lofgren reconece que no o a potica nataita e iguaitria

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    19/84

    19

    que evam a peoa a ter o. O ambiente econ-mico ajuda. Para a a mai vea, Juno, oje comcinco anos, Karin recorreu a uma clnica na Dinamarcaonde e faz ineminao articia. O mai novo, Toree Mika naceram depoi de uma ineminao feita numopita ueco.

    legamente, Karin e sara o amba me da tr

    criana, exatamente com o memo direito e devere.A criana camam-no dua me. Ou me saraou me Karin. Um dia, quando zerem 18 ano, pode-ro, e quierem, ter aceo identidade do dadore.N no abemo quem o.

    Na Sucia, as empresas esperam que as mulheres ti-rem icena onga, ningum etrana, expica ainda.E tens o direito de trabalhar em part-time, para estarmai com o o, em que eja feita quaquer pergun-ta. um bom tio para e ter o: a criana tmaceo a cuidado mdico gratuito (at ao 20 ano),incuindo dentrio. E pea Juno e peo Tore pagamo200 euro por m no pr-ecoar.

    Por ei, expica, toda a pr-ecoa tm de etarpreparada para abrir 630 da man e para acoera criana at 1830. O menino comem, brincam efazem a eta no jardim de infncia endo que na su-

    cia bito que memo no pico do Inverno, com nevee temperatura abaixo de zero, a criana durmam aoar ivre, muito embruada em aco-cama.

    Na prtica, a diree faam com cada um do paipara aber quai o a ua reai neceidade em ter-mo de orrio. E no upoto que uma criana que12 ora na ecoa tambm io no bem vito.

    h eta ideia de que er uma boa me no deixar acriana no infantrio muito tempo. Aguma at contra-tam ama para a irem bucar tr da tarde. h umapreo enorme, a preo de er uperme, amenta a

    epeciaita em nana peoai, Annika Creutzer.A medida adotada [na tima dcada] torna-

    ram mai fci muere conciiar a vida proionae famiiar, ma no deaaram verdadeiramente a di-tribuio do trabao no pago entre omen e mue-re, diz a perita em iguadade de gnero Anita Nyberg,invetigadora na Univeridade de Etocomo. A etat-

    tica motra que dede 1990 ea reduziram o eu traba-o no remunerado em mdia uma ora por emana eee dedicam-e mai oito minuto.

    O que ignica er omem, oje, na sucia, umapergunta que provoca um ataque de toe a Fredriksrebo, 55 ano. O que mudou na ideia de macuinida-de no pas que sempre aparece no topo dos rankings daiguadade? A, ee aunto to difci!

    srebo reponve peo Manjouren, em Etoco-mo uma epcie de gabinete de apoio para omenem dicudade, eja porque eto envovido em epi-dio de vioncia domtica, como agreore ou v-timas, e procuram ajuda, seja porque precisam de umpicogo ma no o coneguem pagar no mercado pri-vado, ou porque e divorciam e no cegam a acordoem reao partia do o, e preciam de acone-amento ega.

    Depoi da toe, srebo arrica: caro que fui edu-cado numa poca completamente diferente desta, tenho55 ano. Poo dizer a, ou to neutro, ma caroque no eperem que eja perfeito Etudei Picoo-gia na univeridade. Acabei apena un ano. Etudeicom peoa com metade da mina idade. E im, omodiferente, ma no to diferente aim. veze, ai-to ao debate ociai e uau Etamo aim to ma?

    A sucia foi no paado um pa de agricutore oomen tratavam de panear a coeita para garantircomida mea no rigoroo mee de Inverno, ea cui-

    18

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    20/84

    MUNDOIGUALDADE DE GNERO

    davam da caa e do o. Ma, em reativamentepouco tempo, o tema iguadade de gnero tornou-e omnipreente j e die, a minitra para aIgualdade acha que, absolutamente sim, odeenvolvimento econmico do pa devemuito ao que foi feito nea rea. E talvez porio o dicuro ocial a que e refere sreboeteja to centrado no que et mal.

    Sendo um hiato salarial mais pequeno do

    que outro pae tm, a verdade que exitee et ao memo nvel h dez ano. E no hparaso da igualdade que aguente o facto

    de haver diferena alariai excluivamentebaeada no gnero e ectore do mercado

    de trabalho onde a egregao evidente 77% do profeore do enino uperior ohomen, 93% da educadora de infncia omulhere. Em proe predominantementemasculinas ganha-se melhor, naquelas onde

    dominam a mulhere, pior, ublinha.Ito tem conequncia para o reto da

    vida. No que diz repeito pene de refor-ma, por exemplo, a mulhere recebem cercade 60% da pene do homen. simple-mente porque alrio mai baixo, e maitempo em caa, ignicam contribuiemai baixa. Quando vemo a diferenasalariais entre homens e mulheres antes do

    nacimento do primeiro lho, a diferenanem o enorme. O nacimento do primeirolho o momento-chave.

    Para lidar com o problema, o Governofeminita vai obrigar o empregadore aanalisarem anualmente os salrios que pa-

    gam a homens e a mulheres e a tornarem

    tranparente a ua poltica alariai. sedetectarem diferena, devem explic-la nainpee peridica de que o alvo a di-criminao com bae no gnero proibida.

    Outro n difcil de deatar o da violncia.

    O pa no e aiu bem numa mega ondagemdivulgada no ano paado pela Agncia Euro-peia para o Direito Fundamentai: 46% daueca inquirida dieram j ter ido vtimade violncia. da maiore percentagen daUnio Europeia. Outro pae igualmente co-nhecidos pelos bons indicadores relacionados

    com a igualdade de gnero aram-e aindapior: Dinamarca, 52%, Finlndia, 47%

    Algun invetigadore alertaram na alturapara a possibilidade de os dados poderem re-

    etir uma maior concincia do abuo netepae. seja como for, outro nmero nodeixam margem para dvida: em mdia, 17

    ueca por ano o morta por peoa comquem tinham uma relao ntima em Por-tugal, no ano paado, foram 35. No lti-mo 15 ano invetimo em legilao, emcaa de abrigo, em educao, na formaodas autoridades, no sistema judicial, nos hos-

    pitai, para que pretem um bom ervio vtima de violncia domtica, diz a Reg-nr. precio fazer muito mai.

    O Governo feminita tem mai plano,incluive alm-fronteira. Anunciou umaagenda feminita para a poltica externa. Odireitos humanos em geral e os das mulheres

    em particular devem etar preente quando oEstado sueco debater com outros pases pol-

    tica e negcio, quando cooperar em cenriode conito e ajudar na recontruo.

    O feminimo et na ordem do dia. ti-mo que o meu colega de Governo acordemde man e e intam feminita. Ma timo tam-bm que ao longo do resto do dia trabalhem deforma feminita, e devero faz-o, diz a Reg-nr. No na da egiatura, o ueco avaiaro. Evai ter de e perceber qua a diferena entre umgoverno feminita e outro governo quaquer.

    21

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    21/84

    2120

    T VENDO A DIFERENA?

    PERFIL

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    22/84

    PERFIL

    ENTREVISTA COM YASMIN THAYN

    A vontade de entrevistar Yasmin Thayn diretora e ro-teirista do curta-metragem Kbela j estava nos planos

    desde Janeiro. O que era pra ser uma entrevista se trans-formou numa aula sobre negritude. Obrigada, Yasmin.

    Obrigada pelo conhecimento compartilhado, obrigada pelocarinho e disponibilidade, obrigada por Kbela. Adup!

    Entrevista com Yasmin ThaynPor Gabi Porfrio

    23

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    23/84

    23

    Yasmin Thayn: Ento, o Kbea atua na queto da

    decontruo em doi entido. Primeiro da repreen-tao e a outra da repreentatividade. Repreentativi-dade no entido de quem faz e de quem tambm etendo vito ou repreentado. Ento decontruir neeentido de a gente ter o domnio da noa prpria i-tria e de que ferramenta a gente vai uar, como, ondee porqu. Ento, por exempo, tem uma queto mui-to ega pra citar obre io: a Zua (Iabe Martin ZuaMutange) tem uma cena de nudez no me. Ma umacena coetiva e a tem uma muer tran negra (MariaCara Arajo) e outra tr muere ci. A Zua no

    Ento so histrias de

    desconstruo, porque asnossas narrativas no sopadres. Voc botar uma

    mulher negra com tomde pele escura, com cabelo

    crespo no um padro!

    Gabi Porfrio: Em que Kbela se relaciona com otema desconstruo?

    tran, uma muer ci portuguea e ea j atriz, j faz

    outra coia e ea empre ca muito incomodada comcena de nudez, porque o cinema muita veze e ua danudez como uma forma gratuita. Ea cou um poucoincomodada im na queto da nudez naquee momen-to, ma ao memo tempo ea notou que etava numanudez tirando um branco do corpo, empretecendo aoutra, ento ea viu que aquio ai, aquea nudez eradecontruda. Ento aco que nee doi entido eupeno no Kbea. e tambm na ditribuio. E a eu acoque no o Kbea, ma o movimento de muere ne-gra no cinema. Adia sampaio, que a mai vea, foia primeira mulher negra a dirigir um longa metragemno Brai. laria, Tamire, Juiana Vicente que oje,aim: ea atua, t dentro do mercado audioviua jtem um tempo, foi pra Canne, ganou Canne, enmT empre no fetivai de cinema.

    Ento o itria de decontruo, porque a no-

    a narrativa no o padre. Voc botar uma muernegra com tom de pee ecura, com cabeo crepo no um padro! Na moda, por exempo tem uma exporaoda mulher negra escura, mas a mulher negra careca,nunca a muer negra de back ou de trana ou de dreadporque no o padro. Ento dentro do padre queexitem, exitem um mio de padre que e encaixamnaquea gaveta, ento a gente precia (aim como ootaque baiano no uma coia que a gente cotumaouvir muito no cinema) ver negro! Principamente por-que a gente vive num pa em que 55% da popuao negra. Angea Davi cega aqui no Brai, no [lati-nidade [Fetiva da Muer Afro latina e Caribena] e

    22

    PERFIL

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    24/84

    PERFIL

    ENTREVISTA COM YASMIN THAYN

    GP: Como a narrativa de Kbela se diferencia danarrativa de outros longas e curtas-metragens quetratam da imagem da mulher negra?

    YT:O Kbea tem uma referncia principa que o Zzi-mo Bubu, que o [diretor do curta-meragem] Ama nooo, que um me da dcada de 70, que ua a ingua-gem muito experimenta, decontruda, fora do padro,do roteiro que o incio, meio e m, com o ponto devirada ai de apreentao, pano de virada, deenvovi-

    mento, ponto de virada, naiza. Ento, como que a gen-te organiza noa itria em incio, meio e m? Maque conte uma itria atrav de outra etrutura. Entoacho que essa estrutura, a minha escola, nesse sentidodo Kbea foi o Zzimo Bubu, porque ee traz que eemodeo de contar itria incio-meio-m um modeocoonizado tambm. um modeo impoto pra dizer: io me, io no ! O que foge do incio-meio-m no me, no cinema! E a eu aco que o Zzimo reponde: cinema im! inguagem, tem eprito, traz experin-cia, as pessoas se emocionam, o som entra nas pessoas ea peoa cam incomodada com o baruo por queo baruo to ato?

    GP: Muitas vezes, o discurso do tornar-se ne-gra muito embora a expresso seja usada por

    Llia Gonzles e Neusa Santo Souza ainda causacerto estranhamento, indignao em mulheres quesempre se souberam negras, principalmente porcausa de sua classe social. O que voc entende portornar-se negra?

    YT: Tem uma frae da Makota Vadina [educadora,lder comunitria e religiosa brasileira, militante daiberdade reigioa, como porta-voz da reigie dematriz africana, bem como do direito da mueree da popuao negra] que eu embro muito e que oeguinte (ea faa de poder): n temo que ter poder,ma como? Pra apicar uma gica branca? A gente vai

    Figura 2. Zzimo Bubu. Frame retirado do curta Ama no oo.

    diz o eguinte: eu veno aqui no Brai, oo a teevio

    e parece que um pa branco. No tem repreentao,eu igo a teevio e no vejo a peoa. Ento a genteprecia fomentar, criar, produzir em grande ecaa eanarrativa porque diretamente ea vo etar igada aea decontruo da indtria e da comunicao quedeve er mai democrtica.

    Uma vez um cineata famoo aqui no Bra-i, o de um cineata famoo braieiro quefez itria no cinema naciona, me igou efaou: oa, io que voc fez cinema! E eu j

    sabia que era cinema, porque, o processo mos-trou, entendeu [rio]? E, na verdade, [eafaa um exempo d]ee oar do brancoquerer legitimar aquilo como cinema, [o queno era necerio, poi] e a gente j tinacolocado mulheres de 60 anos de idade, crian-a, jovem e todo mundo participou daqueaexperincia. Ento, naquee momento quandoo Kbea foi exibido pea primeira vez numaaa de cinema, eu vi que era cinema, t en-tendendo?! Ento, caro que oma, ma no

    o que egitima como cinema pra mim. E a ee faou

    mas eu achei muito alto o barulho, eu achei muito altoe por que voc no diminui mai o voume? Porque apotica E no ei o que E a eu faei aim no,no precio diminuir porque ee o om que a peo -a negra ouvem todo o dia, que o anado obreee corpo. sONs AlTOs, VIOlENTOs!

    O me inicia por io: qua a noa tria onora?[Como e etivee faando com a peoa branca e/oucomo repota ao cineata] O eu conforto, a ua narrati-va, o eu corpo, ee pode no ouvir tanto baruo aim,ma a gente ouve! Ee corpo tem muita onoridade! Tregado de onoridade, de toque, de pancada, de xinga-mento, de tentativa de umiao em pbico etc etcEnto, vai er ato!. E a, ee cou p.

    25

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    25/84

    2425

    ter poder, vai er poderoo, vai er o preidente, vai er

    o dono, ma a gente vai o qu? Reproduzir uma gicabranca, opreora, de excuo? Quai ero o vaoredee poder? Porque e for poder por poder no adian-ta, voc vai mudar o branco peo preto e vai continuara mema coia.

    Nee entido exite um entido impicado no negroque eu no aco que eja no entido romntico, mano entido do vaor. Do vaor do noo trnito peoAtntico, da noa andana. O noo deocamentodiaprico traz uma rie de vaore de uta, de fora,de contruo. E como que a gente faz io? Ento euaco que tornar-e negro nee entido como voc eentende como negro e um como um agente que tem quetranformar ea reaidade que voc vive e que oprimemuita peoa muito tempo. Ento, e perceber en-quanto tom de pee no o uciente, porque voc temque ter tomado concincia de i. Eu teno um irmo

    dea cor aqui [aponta para um cinzeiro de cor preta]e faa que branco, t entendendo? E a eu no poocegar pra ee e: no, voc negro! Ee tem que perce-ber io.

    A gente vive tambm numa gica de que todomundo igua, que cor no importa e ta Apena navioncia importa, n? E a na reae aqui a, noomo todo iguai, branco e negro, no vamo cai-car io. No entanto omo empre raciaizado, o ne-gro empre raciaizado, quando o negro vai raciaizaro branco errado! [A peoa acam que] certo faararte negra, ma arte branca, no! Ento eu aco quetornar-e negro nee entido voc ter concincia dei. No t faando que todo mundo tem que er miitan-te, ma entender a ua funo, entender o eu corpo,entender o racimo que exite, entender a prtica quevoc pode reproduzir tambm. No etou dizendo que

    voc vai er racita, ma que voc pode reproduzir [oracimo] no eu penamento. o que Makota vai dizer:poder pra qu? Como? Que vaore [eto] aociado?Porque e forem vaore branco no adianta! E a gentetem! caro que no uma cupa do negro, porquevoc tem um itema coonizador.

    Quando eu ceguei em Cabo Verde, ee no e en-tem africano, ee faam: n omo Atanticano. Por-que no t to coado no Continente Africano, ee oarquipago, n? T um pouquino ditante e ee j eentem fora do Continente! Por qu? Porque exite um

    proceo de coonizao, t entendendo?! Ee no que-rem e aociar a uma imagem negativa da frica, eaimagem negativa que e criou da doena, da guerra,da miria. Ento, entender-e como negro pra mim,

    tornar-e negro quando voc domina ou quando voctem ideia do que er negro no Brai e como que vocreponde a io. Qua a ua potura, entendeu? Porqueeu aco que tem uma coia que o GOG (o rapper) faa:pee preta, potura preta. Ento aco que tornar- e ne -gro ea potura preta. o modo como voc e cooca, o modo como voc faa, o modo como voc ida como outro, o modo como voc pena, o modo como vocproduz! Ento eu aco que io tornar-e negro.

    E a eu falei assim: no, nopreciso diminuir porque esse

    o som que as pessoas negrasouvem todos os dias, que so

    lanados sobre esses corpos.SONS ALTOS, VIOLENTOS!

    GP: Eu sou professora de portugus, e eu adoroumas regras, adoro fontica. E o nome Kbela mechamou ateno: por que Kbela com k, por queo e aberto e por que no gnero feminino.YT:Ento, Kbela K e bela: K de cabelo e o belade beleza. No conto MC Kbela, que o contoque disparou o lme, eu conto a histria de

    uma menina negra de periferia (de Nova Iguauespecicamente), que passa por um processo de

    transio e se descobre enquanto negra nes-se processo: de entender a sua identidade, deentender o seu corpo, de entender que cabelo ecorpo esto ligados, sim! E que no uma coisae outra, que cabelo no adorno que nem euj ouvi. [reproduzindo uma fala] No, cabelo adorno, e no ! [O cabelo] faz parte do corpo.Tanto que o que te identica, o que serve

    pra dizer , voc no serve pra trabalhar aqui.

    PERFIL

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    26/84

    PERFIL

    ENTREVISTA COM YASMIN THAYN

    Quando uma peoa diz que voc no erve

    pra trabaar ai e pe a cupa no eu cabeo, caro que o eu corpo, entende?

    Ento, o Kbea no feminino porque a gen-te faa de uma narrativa feminina a partir demuere. Um proceo de tranio que noesteja ligado aos homens, mas porque a gentequeria trazer ea queto da muer, incu-ive porque tem uma preo tambm! Eapreocupao grande com o cabeo, de vocestar o tempo todo se embraquecendo e seapoiando em aparatos brancos pra poder seragum.

    Por isso que a gente quis partir de uma nar-rativa feminina que contae o racimo. Quecontae ee um ado do racimo, uma it-ria, uma parte da itria a partir de uma viae da perpectiva de muere negra.

    YT:[Se referindo festa ERREJOTA: O bale funk foda reaizado dia 9 de abri no Per Mau, com ingreo

    a R$ 100 antecipado, e notcia de que etava endovendido a R$ 300 na ora]. P, aiu um vdeo a, acoque foi na Marina da Gria. Um cenrio montado, tipoaim: favea, moto txi, vioncia. At faaram vai tertiro tambm? Corpo no co?

    Ea queto da apropriao ntida! O mercado en-tendeu que o negro um potencial comprador e consu-midor, n?!

    Tem uma frase que uma amiga fala que : o capitalis-mo no equeceu. Eu fao: no equeceu, no! Etamooperando no piore ugare, na piore poie do ca-

    pitaimo. O capitaimo no voc comprar, vocoperar ee, entendeu?! Ai na etrutura, no trabao e -cravo, coturando, montando, botando boto, carregan-do caixa peada. Ento, ee no equeceu a gente, eeua a gente pra obreviver.

    Agora, uma coia que obre ea queto da apro-priao cutura eu j ouvi, por exempo, foram anao-gia com caa jean. A, ma voc uam caa jean.E a? Io no apropriao cutura?

    Eu aco o eguinte: exitem epao que o feitode fortaecimento, entendeu? O funk, o Baie Funk, ocarme, a Feta Back, o epao de fortaecimentoda comunidade negra. Ponto.

    Quando voc paa por um percuro da cidade, voctrabaa no centro, na zona nobre e voc tem queatravear toda a cidade pra cegar na ua caa, na fa -

    cudade, voc cercada por mecanimo, repota, fra-e, modu operandi, geto que fazem com que vocno e inta bem naquee epao.

    E a o modo que n negro temo pra obreviver a criao de epao de divero e que muita veze oEtado no et preocupado.

    veze eu ouo a, eu vou no baie do Viadutode Madeireira e no me into bem (branco, amigobranco faando), no me into bem porque o negrome olham estranho e parece que eu sou branco demaispra t ai. E a eu fao cara, voc tem que entender que

    Figura 3. Makota Vadina. Foto retirada do ite correionago.com.br

    GP: [Na Ocina de Comunicao: Mulheres nas

    Telas e em foco, representatividade e no-violn-cia] voc falou sobre a diculdade de execuo,

    de realizao e at de acesso dos negros nossaprpria cultura. H uma discusso e na minha

    opinio ainda muito tmida, sobre a apropria-o dos espaos negros (Baile Black Bom, rodasde samba, bailes funk com ingressos carssimos)

    por pessoas brancas. Voc acha que esse acesso depessoas brancas aos espaos de cultura negra ,de fato, apropriao? Ou no, [de forma irnica]somos uma cultura miscigenada e que timo que t

    todo mundo partilhando.

    27

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    27/84

    26

    assim que as pessoas negras se sentem o tempo todo!Voc e ente ma ai, naquee epao. E qua outro e-pao voc e ente ma por voc er branco? Em queepao ea diferena et coocada?

    E a voc penar, que aquea peoa que no e entema em nenum epao, quer er protagonita, produ-tor, organizador de uma feta e utiizando da cutura dooutro como aegoria, aegorizando, miticando a po-

    breza, romantizando a vioncia, entendeu? Romanti-zando o fato do moto txi er um mecanimo que jovenpopuare tiveram pra reover a queto do tranportepbico, io o que a no er apropriao?

    Por que no converar? Por que no tentar fazerjunto? Por que querer o tempo todo er protagonita?Mai? Por que e entir privado quando o epao cria-do pra fortalecimento da comunidade, pra um modo decriao de epao que no eja ee egemnico, da in-dtria? Por que e apropriar dio tambm? E por queno entender io como uma apropriao cutura? Porque querer lucrar a partir disso como a cereja do bolo,ma no como o benecirio?

    Ento, a peoa no e beneciam dio. A peoaque tm a ua cutura uada continuam endo pere-guidas pela polcia, continuam sofrendo pelo problemada etratgia de egurana pbica montada pra Copa

    e para as Olimpadas, continuam morrendo na ponta,continuam sofrendo com o problema de a prefeituracortar a moto txi. Continuam endo etigmatizada.No caua uma mudana, entende?

    uma apropriao no entido de reamente vocdominar aquee campo, de voc utiizar aquio comoaegoria pra fazer um carnava e nada mai dio. dife-rente quando um negro faz uma feta com a ua cuturaporque ali ele t dando conta de uma coisa que o Estadoe o mercado no do! Que criar um epao onde eepoa e divertir, de ee danar em er jugado por er

    quem ee . Que ee poa uar a roupa dee do jeitoque ele usa, o short dele, o batom dele, o cabelo dele, o

    jeito dee, faar como ee gota de faar, t entendendo?!Ento, aco que nee entido a gente tem que repenara queto da apropriao e promover mai diogo praque io eja entendido.

    Porque, veze, eu entendo que a comunicao nocega. A menina [que tambm paetrou na Ocina] fa-

    ou uma coia muito bem: Comunicao no aquioque eu fao, ma aquio que o outro entende. Exitemado, que eto com a ua verdade formatada de quea, ningum pode er privado, iberdade de expreo.Quando no e trata dio, uma queto ubjetiva quevai am dio, entende? Que a iberdade de expreono pena pra ea peoa; a peoa no tm iberda-de de expreo dentro da ociedade. Ea privada defaar, o privada de er.

    Ento, a gente precia promover diogo pra que e-e muro ejam cada vez mai quebrado e que eaponte aconteam, pra que a peoa entendam queno maneiro fazer feta miticando e romantizandoa pobreza. E muita veze ea peoa que eto aquifazendo ea coia, o peoa que no abem nemcomo memo, entendeu?! Ea pegam ai, vo pince-ando so da arte! Vo pegando referncia, o que ea

    acam bonito, o que ea acam potente, vo romanti-zando a coia, ma no tem um repertrio, ea notrazem uma formao.

    Eu etudo na PUC, eu vejo io! A peoa reamenteno abem, ea no abem como que a vida depoido Tne [Reboua], entendeu?! No abem, no a-bem memo! E no abem no por fata de inte-ree, ma porque nunca tiveram a oportunidade ou acance de entender, no foram educado pra entender.Enquanto a gente, no! A gente empre teve que enten-der a gica pra no danar!

    ANLISE HISTRICA

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    28/84

    OSCAR

    #OscarsStillSoWhiteAnalisamos os ltimos 16 anos da maior premia-o de cinema do mundo e os resultados so ape-nas uma amostra do racismo estrutural presente

    nessa indstria.

    1929 1939Preciaram dez ano doprmio para uma peoanegra evar um trofu.

    hATTIE MCDANIEl evou

    o Ocar de Meor AtrizCoadjuvante por ...E o

    Vento levou.

    Foi quando aconteceu aprimeira cerimnia do

    Ocar. No preciamo ci-tar que nenhum negro foi

    indicado nee ano, n?

    1964sIDNEY POITIER

    recebeu o Oscar deMeor Ator peo pape

    na comdia dramticaUma Voz na sombra,sendo o primeiro negro

    a receber o prmio deacategoria, 35 ano depoida primeira premiao.

    Por ano, 20 atores e atrizes so indicados emquatro categorias de performance, o que resul-

    ta num total de 1760 indicaes ao longo dahistria do Oscar. Mas desse nmero, 65 foio total de negros que levaram uma indicao.Isso representa menos de 4% dos indicados.

    2928

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    29/84

    28

    A nica coisa que separamulheres no brancas dequalquer outra pessoa

    oportunidade.

    Viola Davis, no Emmy 2015

    1982lOUIs GOssETT JR. foi oprimeiro negro a vencer

    o Oscar na categoriaMeor Ator Coadjuvante.

    Ee recebeu o prmio porsua performance em AFora do Detino.

    1990WHOOPI GOLDBERG se

    conagrou a vencedora nacategoria de Meor Atriz

    Coadjuvante por Got - Do

    Outro lado da Vida. DEN-ZEL WASHINGTON evouMeor Ator Coadjuvante

    por Tempo de Gria.

    1997

    2005

    2002CUBA GOODING JR.

    recebeu em 1997 o Oscarde Meor Ator Coadju-vante por Jerry Maguire

    - A Grande Virada.

    JAMIE FOXX evou pracaa o prmio de MeorAtor por seu papel em

    Ray.

    MORGAN FREEMANfoio campeo da categoria

    Meor Ator Coadjuvantepor Menina de Ouro.

    DENZEL WASHINGTONevou paracaa o Ocar de Meor Ator por eu

    trabao em Dia de Treinamento.

    hAllE BERRY, por seu papel em Altima Ceia, se tornou a primeira

    mulher negra a receber da Academia oprmio de Meor Atriz.

    ANLISE HISTRICAOSCAR

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    30/84

    OSCAR

    incrvel o quo esportes e msica an-daram na frente de Hollywood e da tele-

    viso, mas quem sabe possamos aprendercom eles tambm. Eu espero que durantea vida dos meus filhos as coisas mudem,

    em benefcio de todos os americanos. Umagrande e diversa Amrica.

    Spike Lee, em protesto ao Oscar 2016

    2007JENNIFER hUDsONevou o prmio de Meor

    Atriz Coadjuvante. Earecebeu o trofu por seutrabalho em Dreamgirls -Em Buca de um sono.

    FOREST WHITAKER re-cebeu o prmio principana categoria Meor Atorpor dar vida ao ditadorafricano Idi Amin em Otimo Rei da Eccia.

    2010MONIQUE venceu na

    categoria Meor AtrizCoadjuvante por eu papeno drama de Lee Daniels,

    Precioa - Uma hitria deEperana.

    2012OCTAVIA SPENCERevou

    o Ocar de Meor Atriz Co-adjuvante por eu pape da

    empregada domtica Minnyno me hitria Cruzada.

    3130

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    31/84

    30

    De 445 nomeae a me-or ator, apena 20 onegro. Dee, apena 4

    venceram, em 88 premiae- apenas uma em melhoratriz. 2015 e 2016 em

    atores negros indicados emquaiquer categoria...

    At quando?

    2014A atriz lUPITA NYONGO

    ganhou o Oscar na categoriaMeor Atriz Coadjuvantepor seu papel em 12 Anos

    de Ecravido.

    O prmio mai importan-te de Hollywood foi para

    sTEVE MCQUEEN, primei-

    ro cineasta negro a dirigiruma produo que venceu oprincipa prmio do Ocar,de Meor Fime: 12 Ano

    de Ecravido.

    ?

    hae Berry primeira e nica muer negraa receber o prmio de Meor Atriz

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    32/84

    3332

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    33/84

    32

    FEMINICDIOSuas motivaes mais usuais so o dio, o desprezo ou o senti-

    mento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres,comuns em sociedades marcadas pela associao de papis

    discriminatrios ao feminino, como o caso brasileiro.

    CAPAFEMINICDIO

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    34/84

    FEMINICDIO

    O feminicdio a instncia ltima de controle da mulher pelo homem: o controle da vida e damorte. Ele se expressa como armao irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto,

    quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como subjugao da intimidade e da sexualidade

    da mulher, por meio da violncia sexual associada ao assassinato; como destruio da identidade

    da mulher, pela mutilao ou desgurao de seu corpo; como aviltamento da dignidade da

    mulher, submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel ou degradante.

    No Brasil, o cenrio que mais preocupa o do fe-minicdio cometido por parceiro ntimo, em contextode vioncia domtica e famiiar, e que geramente precedido por outra forma de vioncia e, portanto,poderia er evitado.

    Trata-se de um problema global, que se apresenta

    com pouca variae em diferente ociedade e cutu-ra e e caracteriza como crime de gnero ao carregartrao como dio, que exige a detruio da vtima, etambm pode er combinado com a prtica da vion-cia exua, tortura e/ou mutiao da vtima ante oudepoi do aainato.

    Trata-e de um crime de dio. O conceito urgiu na

    dcada de 1970 com o m de reconecer e dar viibii-dade dicriminao, opreo, deiguadade e vion-cia sistemtica contra as mulheres, que, em sua formamai aguda, cumina na morte. Ea forma de aai-nato no contitui um evento ioado e nem repentinoou ineperado; ao contrrio, faz parte de um proceo

    contnuo de vioncia, cuja raze migina caracteri-zam o uo de vioncia extrema. Incui uma vata gamade abuo, dede verbai, fico e exuai, como o e-tupro, e divera forma de mutiao e de barbrie,diz Eeonora Menicucci, minitra cefe da secretaria dePotica para a Muere da Preidncia.

    Com uma taxa de 4,8 aainato em 100 mi mu-

    O crime de feminicdio ntimo est previsto na legislao desde a entrada em vigor da Lei n 13.104/2015, quealterou o art. 121 do Cdigo Penal (Decreto-Lei n 2.848/1940), para prever o feminicdio como circunstnciaqualicadora do crime de homicdio. Assim, o assassinato de uma mulher cometido por razes da condio desexo feminino, isto , quando o crime envolve: violncia domstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminao condio de mulher.

    Os parmetros que denem a violncia domstica contra a mulher, por sua vez, esto estabelecidos pela LeiMaria da Penha (Lei n 11.340) desde 2006: qualquer ao ou omisso baseada no gnero que lhe cause morte,leso, sofrimento fsico, sexual ou psicolgico e dano moral ou patrimonial, no mbito da unidade domstica, dafamlia ou em qualquer relao ntima de afeto, independentemente de orientao sexual.

    A Lei de Feminicdio foi criada a partir de uma recomendao da CPMI que investigou a violncia contra asmulheres nos Estados brasileiros, de maro de 2012 a julho de 2013.

    importante lembrar que, ao incluir no Cdigo Penal o feminicdio como circunstncia qualicadora do crime

    de homicdio, o feminicdio foi adicionado ao rol dos crimes hediondos (Lei n 8.072/1990), tal qual o estupro,genocdio e latrocnio, entre outros. A pena prevista para o homicdio qualicado de recluso de 12 a 30 anos.

    3534

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    35/84

    lheres, o Brasil est entre os pases com maior ndice de homic-

    dio feminino: ocupa a quinta poio em um ranking de 83 na -e, egundo dado do Mapa da Vioncia 2015 (Cebea/Faco).A reaidade pode er ainda pior do que o cenrio expreo pe -

    o nmero de aainato de muere evantado em agumapequia de vitimizao. Por fata de um tipo pena epecco atpouco tempo, ou de protocoo que obriguem a cara deignaodo aainato de uma muer nete contexto dicriminatrio emgrande parte da rede de sade ou da segurana Pbica, o femi-nicdio ainda conta com poucas estatsticas que apontem sua real

    dimeno no Pa.O Mapa da Vioncia 2015 (Cebea/Faco) uma referncia

    obre o tema e reveou que, entre 1980 e 2013, 106.093 braiei -ra foram vtima de aainato. somente em 2013, foram 4.762aainato de muere regitrado no Brai ou eja, aproxi -madamente 13 omicdio feminino dirio.

    Am de grave, ee nmero vem aumentando de 2003 a2013, o nmero de vtima do exo feminino creceu de 3.937

    para 4.762, ou eja, mai de 21% na dcada.O Ipea tambm evantou dado obre o omicdio de mue-re e produziu um mapa que revea quai o o Etado braiei-ro onde mai e matam muere.

    Mostrar que esses cri-mes tm caractersticasparticulares, especifici-dades, que o feminicdiono acontece no mesmocontexto da inseguranaurbana, mas afeta a mu-

    lher pela sua prpria con-dio de existncia.

    Mapa da violncia contra as

    mulheres no Brasil em 2015

    CAPA

    FEMINICDIO

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    36/84

    FEMINICDIONTIMO

    RACISMO E VIOLN-CIA: HOMICDIO DENEGRAS AUMENTA

    54% EM 10 ANOS

    O Mapa da Vioncia 2015 (Cebea/Faco) motra ainda o peo

    da vioncia domtica e famiiar na ata taxa de morte vioen-ta de muere. Do 4.762 aainato de muere regitrado em2013 no Brai, 50,3% foram cometido por famiiare, endo queem 33,2% dete cao, o crime foi praticado peo parceiro ou ex.O etudo aponta ainda que a reidncia da vtima como oca do a-ainato aparece em 27,1% do cao, o que indica que a caa umoca de ato rico de omicdio para a muere.

    Assim, diferentemente de outros pases da Amrica Latina, emque o omicdio aociado vioncia exua por gangue ou deco-

    necido o mai preocupante, no Brai, uma parcea ignicativadee omicdio praticada por agum que manteve ou mantmuma reao de afeto com a vtima.

    segundo a pequia Vioncia e Aainato de Muere (DataPopuar/Intituto Patrcia Gavo, 2013), 85% do entrevitadoacam que a muere que denunciam eu parceiro ou ex quandoagredida correm mai rico de erem aainada.

    O incio, porm, tampouco apontado como um camino e-

    guro: para 92%, quando a agree contra a epoa/companeiraocorrem com frequncia, podem terminar em aainato. Ou eja, orico de morte por vioncia domtica pode er iminente.

    O feminicdio ntimo um contnuode violncia. Antes de ser assassi-nada, a mulher j passou por todo

    o ciclo de violncia, na maior par-te das vezes, e j vinha sofrendomuito tempo antes. A maioria doscrimes ocorre quando a mulherquer deixar o relacionamento e ohomem no aceita a sua no sub-

    servincia. Este um problemamuito srio.

    De um lado as estatsticas do Brasil em relao ao resto da Amrica Latina so terrveis, os nmeros em si doMapa da Violncia j mostram essa gravidade. E a pesquisa Violncia e Assassinatos de Mulheres (Data Popular/

    Instituto Patrcia Galvo, 2013) revela a percepo de naturalidade da populao, mostrando que, para a maioria,o m violento por homicdio passvel de acontecer correntemente. Se pensarmos na questo do valor da casa,do abrigo privado, da condio familiar como o espao mais perigoso para as mulheres, o problema ultrapassaqualquer limite de aceitao. Ou seja, vai alm de um grau de civilizao, est no plano da barbrie, no qualo espao privado esconde execues e torturas, relata Ftima Pacheco Jordo, sociloga e especialista empesquisas de opinio.

    O Mapa da Vioncia 2015 tambm motra que a taxade aainato de muere negra aumentou 54% em dezano, paando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013.Cama ateno tambm que no memo perodo o nmerode omicdio de muere branca tena diminudo 9,8%,caindo de 1.747, em 2003, para 1.576, em 2013.

    3637

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    37/84

    O primeiro passo para enfrentar ofeminicdio falar sobre ele.Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil.

    O principal ganho com a Lei do

    Feminicdio (lei n 13.104/2015) justamente tirar o problema da in-viibiidade. Am da punio maigrave para o que cometerem o cri-me contra a vida, a tipicao vitapor especialistas como uma oportu-nidade para dimenionar a vionciacontra as mulheres no Pas, quando

    ea cega ao defeco extremo doassassinato, permitindo, assim, oaprimoramento da potica pbi-ca para coibi-a e preveni-a.

    Um evantamento reaizado noDitrito Federa em 2013 (PequiaImpacto dos Laudos Periciais no Jul-gamento de homicdio de Muereem Contexto de Vioncia Domti-

    ca ou Familiar no Distrito Federal(Ani/senap, 2013) reveou que noTribunai do Jri, onde o jugadoo crime contra a vida, o operado-re de Jutia ainda apicam poucoa lei Maria da Pena no cao deomicdio de muere: a menoexprea lei n 11.340/2006 apa-

    receu em apena 33% da pea doprocesso de homicdio de mulheres,

    entre o ano de 2006 e 2011.

    Esse resultado sugere que o con-texto da vioncia itmica contraa muere, que et na raze degrande parte dos assassinatos, ainda pouco reconhecido pelos operado-res do Direito, o que acaba por in-terferir na apicao da Jutia, poia lei Maria da Pena introduziu no

    Cdigo Pena a vioncia contra amuer como circuntncia agra-vante de pena.

    O dado mais impressionantedo proceo a baixa apicaoda agravante previta na lei Mariada Pena na condenae. No caodo homicdio, o sistema j falhouem proteger a mulher, o que res-

    taria eria agravar a pena ou aomenos mencionar isso, mas nemimboicamente o probema da vio-ncia de gnero aparece em muitocao., diz Janana lima Penavada siva, pequiadora e profeorade Direito Contituciona na UnB, integrante do Anis: Instituto de

    Biotica, Direito humano e G-nero e uma das coordenadoras da

    pequia reaizada no DF.

    Quando dizemo que preciodar viibiidade morte em razode gnero no etamo querendodizer que ee crime o o maigrave que acontecem no Pa e porisso precisam ser punidos de formamai grave, ma motrar que eecrime tm caractertica particua-

    re, epecicidade, que o feminic-dio no acontece no memo contex-to da inegurana urbana, ma afetaa muer pea ua prpria condiode exitncia.

    E, se considerarmos que a maiorparte dos casos acontece no con-texto domtico, famiiar e afetivo,o omicdio e increve em uma

    conjuntura em que a vioncia re-corrente e e exprea de diferenteforma, o que faz com que a muerpoa paar a vida toda expota auma ituao de vioncia e acabarmorrendo. O que queremo enfati-zar a quaidade do crime, no uagravidade pura e impe, para que

    ee poa er punido e eja povereover ee rio probema.

    CAPA

    FEMINICDIO

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    38/84

    As mulheres so assassinadas por serem mulheres. E no poracaso que a violncia domstica e a sexual so denunciadas pe-los movimentos de mulheres h dcadas. porque essas violn-cias so uma realidade emprica, um fato no cotidiano das mu-lheres. E vale lembrar que os casos em que ocorrem mortes sos o pico do iceberg, uma vez que no contemplam um nmero

    muito maior de episdios em que no h morte, mas h danos sade fsica e mental e aos direitos das mulheres.

    O no reconecimento da gravidade da vionciacontra a muere e de ua raze dicriminatriaconcorre no para que a agree aconteam, matambm auxiiam a manter a ituao de vioncia at

    o extremo do aainato. Age tambm como um obt-cuo para que muita muere no buquem ajuda paraair da ituao de vioncia e, ainda, para que, quandobucarem, no ejam devidamente acoida.

    Ete itema dicriminatrio o mobiizado ain-da, memo depoi de a vioncia cegar ao extremodo omicdio. Divera pequia j identicaram quepreconceito itrico e cuturai, naturaizado ocia-mente, podem aimentar a invero da cupa no cao

    de vioncia contra a muere e que ete probemaaparece memo no cao do crime contra a vida.

    Am de perpetuar a cutura da vioncia, eta inver-o aimenta a impunidade e, conequentemente, a to-erncia ocia ao aainato de muere. Afeta aindaa memria da vtima e revitimiza amigo e famiiare,

    j que para deocar a cupa para a vtima muita vezeo mobiizada peada acuae a uma muer que

    no et mai preente para e defender. Ea acua-e e difamae podem er ampamente dieminadapara am do itema de Jutia, quando o cao oacompanado pea imprena.

    precio coocar o avano egiativo em prtica,para que o feminicdio no eja minimizado no ite-ma de Jutia e na imprena por meio de caicaecomo crime paiona ou omicdio priviegiado quando o autor age ob vioenta emoo, teoricamente

    motivada por uma ao da vtima.

    h apena aguma dcada, o direito a uma vidaem vioncia era itematicamente negado por ei ex-tremamente dicriminatria no Pa, conforme apontaa pequia Vioncia Contra a Muer e Aceo Juti-

    a: Etudo comparativo obre a apicao da lei Mariada Pena em cinco capitai (Cepia, 2013).Um exempo o Cdigo Pena braieiro, datado de

    1940, e que at recentemente previa a extino da puni-biidade a um etuprador cao e caae com a vtima.A prpria lei n 9.099/1995, que intituiu o JuizadoEspeciais Criminais destinados a processar os delitos demenor potencia ofenivo, evou banaizao do ca-o de vioncia domtica contra muere, propondo,

    por exempo, punie aternativa para o agreore,como a doao de ceta bica ou o pagamento demuta.

    Para extirpar o egado negativo de ei dicrimina-tria, precio promover uma atuaizao da prpriadoutrina jurdica, uma vez que a aimiao e prticado novo marco ega peo operadore no acontecemde forma imediata. A pequia apontou, por exempo,

    que um probema comum no itema de seguranaPbica e Jutia deocar o foco do cao de vio-ncia para o comportamento da muere, cupando aprpria vtima pea agreo ofrida.

    Am de agravar o trauma cauado pea vioncia,este tipo de prtica, segundo a pesquisa, contribui paraque o rgo pbico deviem a ateno daquee que o principal problema a ser enfrentado: como atualizaro sistema de Justia para que possa dar respostas

    efetivas s demandas das mulheres?

    3938

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    39/84

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    40/84

    2223

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    41/84

    HQ

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    42/84

    4243

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    43/84

    HQ

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    44/84

    4445

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    45/84

    BASTIDORESNO-BRANCOS EM FILMES DE FANTASIA

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    46/84

    PERSONAGENS

    NO-BRANCOS EMHOLLYWOODViles, monstros ou figurantes:

    falta de oportunidade, no talento

    4746

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    47/84

    POUCAs COIsAs sO TO CERTAs QUANTO O FATO DE QUE A REPREsENTAO DE PEs -oa negra e de outra etnia em hoywood ecaa e etereotipada. No timo mee oproblema tem sido amplamente debatido, principalmente depois que pelo segundo ano conse-cutivo tivemo uma edio do Ocar omente com atore branco indicado ao prmio.

    Citian Bae, saoire Ronan, Race McAddam e Eddie Redmayne - Indicado ao Ocar 2016

    Notcia chocante: Hollywood continua racis-ta. Ok, vai, e voc uma peoa um tantinoantenada, ento ea notcia no to cocanteaim. se voc pretou ateno, por exempo,agora em 2016 - aim como 2015 - abouta-mente nenum ator/atriz negro foi indicadoao Ocar. De fato, em toda a itria da pre -

    miao, apena 31 negro ganaram a etatue-ta, contra mai de 2900 vencedore branco.Em e tratando de atrize negra, ento, neme fae. A nica a coneguir a faana de ga-nar a etatueta dourada para Meor Atriz foihae Berry e io j faz mai de dez ano.Como Meor Atriz Coadjuvante, apena eiatrize negra j ganaram. seguindo a mematendncia, nenum diretor negro jamai ganouum Ocar. A ojeriza da Academia em premiarum diretor negro aparentemente tanta, quea diretora de sema, Ava DuVernay, no ce-gou equer a concorrer por Meor Diretor anopaado memo o me tendo ido indicadopara a categoria de Meor Fime (e e voc noaca io etrano, deixa eu te contar que, peoitrico da premiao, a dua categoria o

    praticamente a mema coia: de 86 me queganaram Meor Fime, 62 ganaram tambm

    Meor Direo). O racimo etrutura e, nocao da indtria cinematogrca, ee e mani-feta principamente atrav da ideia de que oer umano padro branco e todo o reto ,bemreto. Io faz com que prevaea na teo-na a preena de protagonita branco, retan-do para atore e atrize de outra etnia ecao

    papi fortemente etereotipado. Na concepode hoywood, atore negro, por exempo, podem ser escalados para interpretar papis es-pecicamente ecrito para peoa negra - aecrava, a meor amiga arretada, a empregadaou a barraqueira. Curioamente, o eteretiporacistas relacionados negra arretada surgiucomo reutado do Movimento peo DireitoCivi e do Movimento Feminita como uma for-ma de trazer mai viibiidade para muerenegra no Cinema.

    Ante dio, ea eram reegada ubervi-ncia e/ou ao incio, por io a mudana foiconiderada bem-vinda iniciamente e foi muitoutiizada por autore e roteirita que queriammotrar que no eram racita ecrevendo em-pregada negra que eram a aegria da caa e no

    eitavam em repreender o patro quando pre-cio (porque, obviamente, e a empregada negra

    BASTIDORES

    NO-BRANCOS EM FILMES DE FANTASIA

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    48/84

    como e foe da famia, ento no tem como eafamia er racita, n! - que no). O probema quetem doi camino que ee eteretipo pode tomar:o camino razoavemente inofenivo, que geramentefaz com que a negra arretada eja baruenta, im, matambm enata, conve e uma boa der; e o caminonegativo, que envereda adeira abaixo no eteretipoda Negra Promscua, da Negra Barraqueira e da NegraPerua. O probema tambm et na frequncia com queee eteretipo uado, que grande. sim, hoywood,

    pode parecer cocante para voc, ma muere negratambm podem er intropectiva, tmida, obervado-ra, reervada, etc, etc, etc.

    Em suma, todo o espectro de personalidades queuma pessoa branca pode ter o mesmo para uma pes-oa negra. A quae inexitncia de peronagen no-brancos no cinema bem documentada estatistica-mente, mas apenas recentemente isso foi demonstradode modo que at algum com o entendimento seria-mente comprometido pelo racismo nosso de cada diaconeguie entender. Atrav do Tumbr Every singeWord spoken (by a peron of coor in m) que traduzpara Cada Paavra Dita (por uma peoa no-brancaem me) o ator e roteirita Dyan Marron vem po -tando dede juno do ano paado me editado paramotrar apena cena em que peronagen no-branco

    Peter Dinkage um do nico atore americano em Game of

    Trone, e memo ee forja um otaque britnico. Detae: oautor do ivro tambm americano.

    tem aguma faa. O me ecoido contam itriae experincia umanamente univerai, que poderiamer vivida na teona por peoa de quaquer etnia,ma memo aim oferecem pouco egundo de epaopara peoa no-branca.

    O ganhador do Oscar desse ano teria apenas 27 se-gundo e motrae apena a faa dee peronagen.

    Foi ento que, navegando por ee tumbr (e endoterrivemente nerd) eu no pude deixar de penar o-bre a preena de peronagen no-branco em mede fantaia. Ou meor obre a quae inexitncia deperonagen negro e de outra etnia nea produe.sim, poi e exite um gnero de me que reete ideairacita da noa ociedade, ee gnero o da fantaia.

    Agora, cama, que eu aco que ei o que voc vai faar.A maioria desses lmes baseado em livros! Eles s

    esto sendo is ao material.E at certo ponto, voc tem razo. A maioria dee

    ivro faz um pimo trabao em incuir peronagenno-branco. h quem diga que io cupa de Tokien,autor de senor do Ani, que criou um padro de i-vro de fantaia para a gerae poteriore em que,quaquer que eja o mundo inventado, o peronagennee devem viver em cenrio medievai, ter caracte-rtica fica europia e faar com otaque britnico.

    Tokien em i era um omem branco britnico emuma poca de forte propaganda racista e machista, porio no urpreende que ee tena ecrito ivro em queo eri o todo branco como eite e apena duamuere tm faa.

    Memo aim, me parece forar a barra faar que ome que e eguiram etavam apena endo i aomateria ao no incuir atore no-branco.

    Sim, Hollywood, pode parecerchocante para voc, mas mu-lheres negras tambm podemser introspectivas, tmidas,observadoras, reservadas (...)

    4948

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    49/84

    Na concepo de Hollywood,atores negros, por exemplo,

    s podem ser escalados parainterpretar papis especifica-

    mente escritos para pessoas

    negras - a escrava, a melhoramiga arretada, a empregada

    ou a barraqueira.

    1

    Critian Bae como Moi e Jonny Depp como um Cerokee

    Inevitavemente, ea diparidade e reete tambmno prprio me, com pouco negro integrandovato eenco de atore branco. E como e no ba-tae a pouca repreentao negra no groo do mehollywoodianos, quando eles aparecem, na maioria dasveze para reproduzir eteretipo racita cretino. Eeu no etou faando do cico eteretipo raci-

    ta do Negro Bandido/Maandro/Preguioo/servia.Embora muito me ainda reproduzam ee tipo de

    eteretipo e ee ainda er predominante na noveabraieira, hoywood, em gera, acou que etava fa-zendo merda e fez um eforo conciente de mudar io.Nea tentativa ma-ajambrada de compenar eu erropaado, no entanto, acabou criando uma nova eva deeteretipo racita para racita nenum botar defeito.

    Am dio, na maioria da veze a cor de pee do

    peronagen to inignicante para a itria que eanem cega a er mencionada no ivro. Prova dio

    2

    Porque a maioria da adaptae de ivro para ocinema parecem no igar para o materia origina: aitria origina nunca impediu hoywood de ecaarbrancos para interpretar egpcios, rabes, latinos, orien-tai e afrodecendente negro.

    Porque estamos falando de mundos inteiramenteinventado, em que a cor de pee do peronagen nofaz diferena nenuma para a trama (com exceo deagun ivro, como A Crnica de Nrnia, por exem-

    po, que o decaradamente racita). Ou eja, dragopode, fogo verde pode, gente voando em vaoura pode,agora, personagem branco ser interpretado por ator ne-gro? Caro que no, ma que aburdo, o ivro inpira-do na Europa Medieva. No viaja!

    BASTIDORES

    NO-BRANCOS EM FILMES DE FANTASIA

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    50/84

    a poibiidade de e ecaar uma atriz negra para in-terpretar hermione Granger, que nunca teve ua cor depee decrita no ivro e foi imaginada como negra pormiare de eitore muito ante de Noma Dumezwenier ecaada para o pape na pea que er anada eeano. Memo aim, na maioria do cao o produtoredo me nem cogitam a poibiidade de contratar a-gun atore e atrize negro para papi de detaque.

    Em uma, por mai que autore de ivro de fantaiadeixem muito a deejar no queito diveridade, o re-

    ponvei por adapt-o para o cinema tm a opo defazer diferente, ma tanto no o fazem, como muita ve-ze tomam decie que deixam a itria mai brancaainda do que o materia origina repada. E pior: mui-ta veze optam por manter caracterizae de pero-nagen que trazem impicae inegavemente racita.

    De fato, parece que com uma ou outra exceo tr papi povei para atore no-branco

    em me de fantaia: montro, vie e gurante.O exempo dio o vrio. Como j mencionado,em Senhor dos Anis o elenco principal todo bran-co, restando para pessoas negras e de outras etnias ospapi de montro e vie. Em O hobbit, omentedepoi de muita controvria (incuindo uma muerque foi recuada como gurante por er de origem pa-quitanea) a produo incuiu agun gurante ne-gro e aitico entre obbit e ane. Em Crepcuo,atore de decendncia indgena foram ecaado para

    interpretar o peronagen obiomen da famia Qui-eute (um povo indgena rea, diga-e de paagem),ma curioamente ee atore decobriram queeram descendentes depois de terem sido contratadospara o me. E no ajudou em nada tambm o fato dea itria retratar ee peronagen como evagen eprimitivo em comparao com o vampiro branco,rico e caicamente europeu.

    Ee iteramente e tranformam em animai. Precio dizer mai?

    J em Harry Potter, uma atriz aitica foi ecaa-da para interpretar Co Cang (que no ivro tambm aitica), ma atore e atrize negro foram ecaa-do, em ua maioria, apena como gurante ou pero-nagens secundrios tambm j descritos como negrosno ivro, como Dino Toma, lino Jordan, AngeinaJonon e Kingey sakebot. E pior: a peronagem

    li Brown (que no tem ua cor de pee decrita noivro) foi interpretada por atrize negra at o exto

    me, quando o pape paou para uma atriz oira deoo azui. Curioamente, no exto me que li -nalmente tem falas e se torna o interesse amoroso domeor amigo do protagonita.

    Em As Crnicas de Narnia, tambm vemo perona-gen negro apena como gurante, ecundrio ou tofantaiado que nem e percebe que o negro, como

    no cao do minotauro Ateriu e Otmin. Peoamen-te, etou curioa para ver como o prximo me da -

    5150

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    51/84

    rie (e air) vai idar com o racimo gritante do ivroque pretende adaptar, que decreve o caormano ovie da itria como um povo do deerto de peeecura, com epada curva, turbante, comida apimen-tada e cutura obviamente imica. A, e ee o tam-bm crui e ganancioo, e tm o cotume de acricarpeoa para um deu atnico.

    Game of Trone faz um trabao um pouquino me-or, com um punado mai expreivo de atore e atri-ze ecundrio negro. A rie incui at atrize aiti-

    ca, um do grupo mai ubrepreentado do cinema.O nico probema que ea atrize foram ecaadapara personagens notoriamente descritas como tendopee ecura no ivro, com caracterizao caramenterabe/africana. Aparentemente, para o produtore darie, toda a etnia que no a branca o intercam-bivei entre i. O engraado que nea ora a ga-era purita que jutica a fata de repreentatividadecom argumentos como Mas Westeros tipo a Europa, osprodutores s esto sendo is aos livros! no faa nada.Obviamente, para ee a rie tem que er e paragarantir o protagonismo a atores e atrizes brancos.

    De fato, parece que comuma ou outra exceo

    s h trs papis possveispara atores no-brancos

    em filmes de fantasia:

    monstros, viles e figurantes.

    Que que claro que essa reexo no tem a inteno de demonizar essas produes e as pessoas por trsdelas. Como disse Dylan Marron, o criador de Every Single Word Spoken:

    Ns como sociedade somos to bem treinados para identicar pessoas racistas. () Mas no temos asferramentas para falar sobre racismo sistmico. No estou dizendo que esses lmes so racistas. Noestou dizendo que esses cineastas so racistas. Estou dizendo que o sistema para o qual eles contribuem

    tem prticas profundamente racistas.O racismo estrutural. Ele est impregnado no tecido da sociedade e uma das formas pelas quais ele se

    mantm e passado para as novas geraes atravs da mdia. atravs de lmes, e sries, e livros, e msicas.Cabe a ns exigir algo diferente.

    No s um lme.

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    52/84

    VIOLNCIA CONTRA

    MULHERES LSBICAS,BIS E TRANSUma vida livre de violncia e de discriminaes

    um direito de todas as mulheres. Para as mulhereslsbicas, bissexuais e transexuais, porm, a pos-sibilidade da violncia, em casa e fora dela, um

    dado da existncia devido conjugao dos vrios

    preconceitos que enfrentam.

    5352

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    53/84

    DE ACORDO COM O RElATRIO sOBRE VIOlNCIAhomofbica no Brai (sDh, 2013), em 2012, foram re-gitrada peo poder pbico 3.084 denncia de 9.982vioae reacionada popuao lGBT no Brai endo que em uma nica denncia pode aver mai deum tipo de trangreo. O nmero repreenta um au-mento de 166% em reao ao ano anterior.

    O machismo, o racismo, a lesbofobia, a bifobia e

    outra forma dicriminatria interagem diretamenteentre i, produzindo e reproduzindo reae de po-der que ditam qua o pape da muer na ociedade.Quando uma muer deaa o pape que e impo-to, como o caso das lsbicas e bis, ao transgredirema norma eteroexua, acaba ofrendo uma vionciadiuda que vem de divera frente. O que eu camode vioncia diuda o ea divie. O racita, porexempo, no e conforma em no ver naquea bi-

    ca a ideia da muata iperexuaizada que a ociedadevendeu a ee. O macita e ebofbico no e confor -ma em no ver na bica a muer que er ubmia aee exua e ociamente. Ou eja, no d para faarmode um marcador ioadamente. E ea vioncia via

    dominar e readequar ea muer ao pape exterior-mente impoto, ou at detru-a picogica ou i-camente, evando-a muita veze morte, decreveTiciane Figueiredo, advogada e epeciaita em DireitoCivi pea Univeridade Mackenzie.

    Para Jaqueine de Jeu, picoga e muer tran,a vioae contra a muere tran, de forma gera,repetem o padro do crime de dio, motivado por

    preconceito contra alguma caracterstica da pessoa agre-dida que a identique como parte de um grupo dicri-minado, ociamente deprotegido, e caracterizado peaforma edionda como o executado, com vria faca-da, avejamento em avio, apedrejamento, reiterando,dee modo, a vioncia genrica e a abjeo com queo tratada a peoa tran no Brai. hitoricamente,a popuao tran etigmatizada, marginaizada e per-eguida, devido crena na ua anormaidade, decor-

    rente do eteretipo de que o natura que o gneroatribudo ao nascimento seja aquele com o qual a pessoae identica e, portanto, epera-e que ea e comportede acordo com o que se julga ser o adequado para esseou aquee gnero.

    DOSSIVIOLNCIA CONTRA MULHERES

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    54/84

    VISIBILIZAR PRECONCEITOS E VIOLNCIASUma questo fundamental: a maioria reconhece que existe preconceito, mas no se considera preconceituosa.Diante de um cenrio de vioncia e retrie de

    direito, epeciaita apontam que precio dar vi-ibiidade ao preconceito mai enraizado para de-contru-o e, aim, avanar em prtica mai puraie repeitoa com a diferena. Com a pequia Diver -

    idade sexua e homofobia no Brai, Intoerncia erepeito diferena exuai, bucou-e invetigar apercepe (indicadore ubjetivo) obre o fenmenode prtica ociai dicriminatria em razo da orien-tao exua e da identidade de gnero da peoa,bem como manifetae direta e indireta de atitu -de preconceituoa.

    Indagado obre a exitncia ou no de preconceitocontra as pessoas LGBT no Brasil, quase a totalidade das

    peoa entrevitada repondeu armativamente: acre-ditam que exite preconceito contra traveti 93% (para73% muito, para 16% um pouco), contra tranexuai91% (repectivamente 71% e 17%), contra gay 92%(70% e 18%), contra bica 92% (69% e 20%) e, tofreqente, ma um pouco meno inteno, 90% acamque no Brai preconceito contra biexuai (para64% muito, para 22% um pouco). Ma perguntado e

    o preconceituoo, apena 29% admitiram ter precon-ceito contra traveti (e 12% muito), 28% contra tran-exuai (11% muito), 27% contra bica e biexuai(10% muito para ambo) e 26% contra gay (9% muito).

    A bacare em Direito e preidente da Unio de Mu-ere do Municpio de so Pauo, Rute Aono da siva,reata que a peoa no entendem que identidade degnero e orientao exua o coia diferente e queno neceariamente caminam junta. Dentro de caaea eto expota ao controe da exuaidade. Ento,

    uma mulher lsbica sofre crcere em casa para que elano poa e reacionar, a vioncia exua de irmo,pais ou outros homens para que ela aprenda a gostarde um pni, que o etupro corretivo.

    No cao da traveti e tranexuai, ea o batan-te vtima de vioncia exua, por caua de um enocomum que diz a, io que voc gota?, ento, eao etuprada para deetimuar ee proceo. tam-bm vioncia quando no ambiente famiiar e tiram o

    nome ocia ou quando a mdia vai faar obre ea tra-veti ou a tranexua e em nenuma neceidade expeo nome de registro dela, ou quando colocam sempre umtratamento macuino.

    O ndice de uicdio de adoecente lGBT oeevadimo, porque voc tem a prpria queto deentender a ua exuaidade, a ua identidade, e ea re-ao de excuo. vioncia io tambm.

    Preconceito e dicriminao contra a popuao lBTandam de mo dada, manifetam-e no epao fa-

    [...] uma mulher lsbica sofrecrcere em casa para que elano possa se relacionar, a vio-lncia sexual de irmos, paisou outros homens para que elaaprenda a gostar de um p-

    nis, que o estupro corretivo.

    Identidade de gnero

    orientao sexual

    sexo biolgico

    5554

    miiar proiona e ocia de maneira muita e e

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    55/84

    miiar, proiona e ocia de maneira muita vezeveada. Epeciaita recomendam viibiizar ea

    divera vioncia a m de provocar debate e mu-dana de atitude.

    Na cartia de orientao para o atendimento popuao lGBT, a Defenoria Pbica do Etado deso Pauo arma que a vioao do direito docidado lGBT determinada principamente peopreconceito e peo deconecimento do contextoocia, econmico, cutura e ocia em que eto

    inerido e deenvovem ua atividade cotidiana,e acontece na mai divera efera do cotidianoproiona e ocia. O preconceito pode facimentetranformar-e em dicriminao, que aume muitaforma de otiidade. A vioncia mora e pico-gica contra aquee que no fazem parte do grupoociamente vaorizado e, portanto, egitimado, a porta de entrada para outra manifetae deaotiidade. Pode e manifetar em vioncia fica,

    tica e picogica; na proibio de permanncia ede manifetae de afeto; em proibie admi-o ou ao aceo proiona; em demie e vriaoutra ituae do cotidiano. Convm reatar queea manifetae o, na maioria da veze, imp-cita e veada, o que pode dicutar denncia, mano devem inibi-a ou impedi-a. Quanto meno fa-amo obre ago, meno reetimo obre ta tema.

    A DIFERENA ENTRETOLERAR E RESPEITARRespeito considerao, atitude que leva algum a tra-

    tar outro com aceitao. Diferente de tolerar, que a

    atitude de aturar, engolir, suportar.

    Faa-e muito em toerncia popuao lGBTTI[bica, gay, biexuai, tran, traveti e intere-xuai]. E toerncia diz repeito quio que upor-tve. Ma e quando a peoa no uporta? Repeitoexige ago mai ido e concreto, que entender eaceitar a outra peoa. E a gente tem que e eforarpara garantir a todo o peno gozo do direito u-mano, que o o direito mai bico de uma pe-

    oa, diz Ticiane Figueiredo, advogada, epeciaitaem Direito Civi .

    DOSSIVIOLNCIA CONTRA MULHERES

    MULHERES LBT CORREM ESTUPRO CORRETIVO

  • 7/26/2019 Pluri - Desconstruindo vises singulares

    56/84

    A aociao de preconceito reuta em gravevioae de direito umano cometida em argaecaa. Por meio de eu divero mecanimo demonitoramento, itoricamente, a Comio Intera-mericana de Direito humano da OEA (Organizaodo Etado Americano) tem recebido informae

    obre a vunerabiidade da popuao lGBT a ato devioncia exua ou famiiar e contatou que, em todoo continente americano, as mulheres LBT correm orico particuar de vioncia devido mioginia e deiguadade de gnero na ociedade.

    Entre janeiro de 2013 e 31 de maro de 2014, aComio monitorou a vioncia contra a peoabica, gay, biexuai, tran e interex (lGBTI)na Amrica. Em eu Regitro de Vioncia contabii-

    zou peo meno o aainato de 594 peoa lGBT,ou percebida aim, e 176 vtima de ataque gra-ve, embora no etai. Dee tota, 55 foram contramuere bica, ou percebida como tai.

    A mulher pensa que, por teruma parceira, ainda que sob

    violncia, tenha que ser gratapor isso, por ter algum quea ame ainda que lhe bata.

    MULHERES LBT CORREMMAIOR RISCO DE VIOLNCIA

    ESTUPRO CORRETIVOsegundo a OEA, muere bica ou identicada

    deta forma foram vtima de etupro corretivo, ouetupro para puni-a, com a inteno de mudar uaorientao exua; de epancamento coetivo por cau-a de manifetao pbica de afeto; de ataque comcido; e de entrega forada a centro que e oferecempara converter ua orientao exua.

    Para Ticiane Figueiredo, de todas as formas de apa-

    gar a identidade bica, o etupro corretivo e mo-tra mais odioso, porque consiste em uma prtica crimi-nosa na qual o agressor acredita que poder mudar aorientao exua da bica atrav da vioncia exua.Ito porque, para ee, ao praticarem ta ato, ea voaprender a gotar de omem. O que no poderia ermai deprezve e deumano. O etupro corretivo um dicuro do dio, a exteriorizao da cutura doetupro votada para a muere bica.nDe acordo

    com a liga Braieira de lbica (lBl), no Pa etima-e que cerca de 6% da vtima de etupro que procura -ram o Dique 100 do governo federa, durante o ano de2012, eram muere bica. E, dentro deta etatti-ca, avia u