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Plataforma IPEA de Pesquisa em Rede PROJETO: GOVERNANÇA METROPOLITANA NO BRASIL RELATÓRIO Componente I Subcomponente I.I ____________________________________________ Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana INSTITUIÇÃO: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA ESTADO DE GOIÁS Goiânia, março de 2013

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Plataforma IPEA de Pesquisa em Rede

PROJETO: GOVERNANÇA METROPOLITANA NO BRASIL

RELATÓRIO

Componente I

Subcomponente I.I

____________________________________________

Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da

Governança Metropolitana no Brasil

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

INSTITUIÇÃO: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA

ESTADO DE GOIÁS

Goiânia, março de 2013

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

2

SUMÁRIO

Introdução .......................................................................................................... 3

1. Legislação de Referência ............................................................................ 6

1.1. Funções Públicas de Interesse Comum ................................................. 11

2. Arranjo Institucional da Gestão Metropolitana ..................................... 13

2.1. Instâncias de Gestão Metropolitana ......................................................... 13

2.1.1. Instituições que Integram a Gestão Metropolitana ................................................ 17

2.2. Instrumentos de Planejamento e Gestão Metropolitana .......................... 18

2.3. Orçamento e Financiamento ..................................................................... 19

2.3.1. Inserção da Gestão Metropolitana na Legislação Orçamentária ........................... 19

2.3.2. Execução Físico-financeira .................................................................................... 25

3. Avaliação da Governança Metropolitana ................................................ 29

3.1. Impactos do Arranjo Institucional na Governança Metropolitana .......... 35

3.2. Atores e Agentes da Dinâmica Metropolitana ......................................... 36

3.2.1. Esfera Local ........................................................................................................... 38

3.2.2. Setor Privado ......................................................................................................... 40

3.2.3. Sociedade Civil Organizada ................................................................................... 41

3.3. Considerações Finais ............................................................................... 56

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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Introdução

A população da Região Metropolitana de Goiânia (RMG), em 2010, somava

2.173.141 habitantes, distribuída em vinte municípios representando um território de 7.315,1

km2, o que lhe confere uma densidade demográfica aproximada de 297,07 hab/km

2 e taxa de

urbanização de 98,0%.

No total da população estadual, a participação da população metropolitana passou de

34,8% para 36,2%, entre 2000-2010, e corresponde a 2/3 do total de Goiás, concentrando

também um terço de seus eleitores, cerca de 80% de seus estudantes universitários e 36,9% de

seu PIB/2010 (IMB/SEGPLAN).

Figura 1 – Evolução dos limites administrativos da RM de Goiânia, 1999-2000.

Fonte: Censos Demográficos IBGE; Elaboração: SEDRMG – 2012.

Apenas quatro municípios: Goiânia (o Pólo), Aparecida de Goiânia, Trindade e

Senador Canedo, concentram aproximadamente 90% da população do aglomerado

metropolitano (1.946.589 habitantes). Outros quatro municípios possuem população entre 20

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mil e 50 mil habitantes: Inhumas, Goianira, Bela Vista de Goiás e Nerópolis. E os demais

municípios têm população abaixo de 20 mil habitantes (Figura 1).

Os dados demográficos evidenciam o processo de acelerada crescimento populacional

por que passou a RMG nos últimos quarenta anos. Com efeito, os atuais 20 municípios da

RMG, totalizavam 501.063 habitantes em 1970; e em 2010, 2.173.141 habitantes, conforme

dados do IBGE, resultando uma taxa geométrica de crescimento populacional para o período

de 4,31% ao ano. Estes dados mostram que em 40 anos a RMG cresceu 4,3 vezes com um

comportamento praticamente linear.

A taxa média de crescimento anual da população metropolitana, entre 2000 e 2010, foi

2,23%, sendo que a maioria dos municípios da RMG apresentou taxas mais elevadas que às

de Goiânia (1,76%). No período considerado, observa-se que três municípios metropolitanos

figuram entre os dez primeiros no ranking de crescimento anual de Goiás: Goianira (6,17%),

Senador Canedo (4,74%) e Santo Antônio de Goiás (4,21). Os municípios de Abadia de Goiás

e Bonfinópolis tiveram crescimento de 3,29% e 3,48%, respectivamente. E Aparecida de

Goiânia, já totalmente conurbada à Goiânia, cresceu 3,08%.

Nos primeiros anos do novo milênio, Goiânia já contava com uma população de

1.093.007 habitantes (IBGE 2000), distribuídos em 313.708 domicílios. Na primeira década

do século XXI, a população alcançou 1.302.001 habitantes (IBGE 2010), com 422.710

domicílios. No conjunto da RMG a população em 2000 era de 1.639.516 habitantes,

distribuídos em 461.832 domicílios; em 2010 era 2.173.141 habitantes distribuídos em

686.295 domicílios. Ou seja, em termos relativos, o crescimento populacional e do número de

domicílios foi maior na RMG.

Todos estes municípios apresentam níveis Muito Alto, Alto e Médio de integração na

dinâmica metropolitana1

– com exceção de Abadia de Goiás – localizam-se em áreas

contíguas à Goiânia, dispõe de maior mobilidade (dezoito municípios estão integrados à Rede

Metropolitana de Transportes Coletivos), favorecendo o acesso aos equipamentos e serviços e

ao mercado de trabalho da metrópole. Os municípios conurbados à Goiânia vêm recebendo os

maiores investimentos de infraestrutura urbana e se tornam alvo freqüente da ação do capital

imobiliário devido ao preço da terra e a maior demanda da classe trabalhadora e migratória

1 A classificação do nível de integração dos municípios metropolitanos foi elaborada no âmbito do estudo Como

Anda Goiânia, MOYSÉS (Org., 2009), coleção Como Anda as Metrópoles Brasileiras. In: LIMA, J. J. F. e

MOYSÉS, A. (Org.), Como Andam Belém e Goiânia. Série Como Andam as Regiões Metropolitanas – Letra

Capital/Observatório das Metrópoles. 2ª Ed. V. 11. P. 85-121. Rio de Janeiro, 2009.

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que, por razões econômicas e sociais vão buscar solução de moradia no entorno (localização

do maior número de empreendimentos do MCMV, PAC Habitação e Crédito Solidário etc.).

Outros municípios com integração Baixa e Média à Goiânia tiveram crescimento

acima de 2,5%, são eles: Hidrolândia (2,89%); Aragoiânia (2,69%); Nerópolis (2,67%),

Terezópolis (2,59%) e Trindade (2,58%). Os demais municípios tiveram crescimento abaixo

de 2,5% – chamando atenção o desempenho de Goianápolis com taxa praticamente nula de

crescimento (0,01%).

Goiânia é uma cidade jovem, consolidada no período de franca urbanização da

população brasileira. O processo de parcelamento da Capital de Goiás se acelerou nas décadas

de 1950 e 1960 e foi nesse mesmo período que o município viveu os maiores índices de

crescimento populacional, saltando de 53.389 habitantes em 1950 para aproximadamente

260.000 habitantes em 1964 com mais de 90% da população na zona urbana.

No final da década de 1970, explode a ocupação dos bairros de Aparecida de Goiânia

nas áreas limítrofes com a Capital. Em pouco tempo as cidades de Goiânia e Aparecida de

Goiânia já estavam conurbadas. O processo de conurbação à Goiânia se estendeu, atualmente,

os municípios de Senador Canedo, Trindade, Goianira, Santo Antônio de Goiás conurbam-se

à Goiânia, observar Figura 1, que também mostra a evolução dos limites administrativos da

RMG e sua dinâmica populacional.

Outro aspecto importante na configuração do espaço e do uso urbano de Goiânia e

Aparecida de Goiânia, a partir da década de 1980, foi a construção de equipamentos de

atendimento regional como o Shopping Center Flamboyant, Hipermercado Carrefour,

Shopping Center Bouganville, Buriti Shopping e Goiânia Shopping. Estes equipamentos

agregam valor à terra e movimentam o mercado imobiliário, provocando novas dinâmicas de

circulação e uso na cidade. Além de outros equipamentos urbanos de grande relevância

localizados em Goiânia, que atraem grande demanda da população metropolitana, como por

exemplo: Pólos comerciais e de serviços; Educação (Campus da UFG, Campus da PUC);

Saúde (hospitais, clínicas); Cultura e Lazer (Shoppings, Estádios, Centro Cultural); Pólos

Empresariais e Industriais; Terminais de Transporte (Rodoviária, Aeroporto, Transporte

Público), entre outros que geram fluxos e refluxos da capital Goiânia com os municípios da

RMG. Além dos impactos esperados com os novos projetos viários e de transportes, como o

Eixo Anhanguera – implantação VLT - Goiânia, Anel Viário, e Ferrovia Norte Sul – que corta

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quatro municípios da RMG. O mapa a seguir ilustra alguns dos principais equipamentos e

empreendimentos de atendimento regional da RMG (Figura 2).

Figura 2 – Principais empreendimentos e equipamentos de atendimento regional da RMG

Fonte: SEDRMG – 2012.

1. Legislação de Referência

Com abertura de possibilidades trazida pela Constituição Federal de 1988, ao facultar

aos entes federados “a instituição de Regiões Metropolitanas, aglomerações urbanas e

microrregiões, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas

de interesse comum”, em 1989 a Constituição do Estado de Goiás (promulgada em 05 de

outubro) também deliberou a questão, autorizando a criação da Região Metropolitana de

Goiânia, conforme seus Artigos nº. 04 (inciso I, alínea “a”), 90 e 91, qual seja:

Art. 4. O Estado poderá criar, mediante lei complementar, regiões metropolitanas

constituídas por agrupamento de Municípios limítrofes para integrar a organização, o

planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

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Art. 91. Para a instituição de Região Metropolitana, serão considerados os seguintes

fatores: população e crescimento demográfico, com projeção qüinqüenal; grau de

conurbação e fluxos migratórios; atividade econômica, perspectivas de

desenvolvimento e fatores da polarização; deficiência dos serviços públicos, em um ou

mais Municípios, com implicação no desenvolvimento da região. Sendo que os

municípios que vierem a ser constituídos a partir de fusão ou desmembramento de

território de municípios citados neste artigo passarão a compor, automaticamente, a

Região Metropolitana de Goiânia.

Dez anos após o advento da Constituição Estadual, a Lei Complementar nº. 27/99

criou, de fato, a Região Metropolitana de Goiânia, designada como a RMG – inicialmente

composta por 11 municípios (Art. 1º): Goiânia, Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia,

Aragoiânia, Goianápolis, Goianira, Hidrolândia, Nerópolis, Santo Antônio de Goiás, Senador

Canedo e Trindade.

A mesma Lei Complementar nº. 27/99 instituiu a Região de Desenvolvimento

Integrado de Goiânia – RDIG, composta por 07 municípios (Art. 2º): Bela Vista,

Bonfinópolis, Brazabrantes, Caturaí, Inhumas, Nova Veneza e Terezópolis de Goiás. E

através da Lei Complementar nº. 43/03 (Art. 1º, § 2o) a RDIG passou a ser composta pelos

seguintes municípios: Aragoiânia, Bela Vista, Bonfinópolis, Brazabrantes, Caldazinha,

Caturaí, Goianápolis, Goianira, Guapó, Hidrolândia, Inhumas, Nova Veneza, Santo Antônio

de Goiás, Senador Canedo, Terezópolis de Goiás e Trindade.

Nos anos de 2004 e 2005, a composição da Região Metropolitana de Goiânia foi

alterada pela Lei Complementar nº. 48/04, que acrescentou o município de Bela Vista de

Goiás e pela Lei Complementar nº. 54/05 que adicionou o município de Guapó, passando a

ser composta por um total de 13 municípios.

Em 2010, com a Lei Complementar nº. 78, de 25 de março, a Região Metropolitana

de Goiânia, passa a ser composta por 20 municípios (Art. 1º): Goiânia, Abadia de Goiás,

Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Bonfinópolis, Brazabrantes,

Caldazinha, Caturaí, Goianápolis, Goianira, Guapó, Hidrolândia, Inhumas, Nerópolis, Nova

Veneza, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo, Terezópolis de Goiás e Trindade. E a Lei

Complementar nº. 87/2011, de 07 de julho, revoga a RDIG (Art. 1º, inciso I). Ou seja, a

composição atual da Região Metropolitana de Goiânia engloba 20 municípios. As alterações

na composição da RMG podem ser visualizadas na Figura 3.

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Figura 3 - Região Metropolitana de Goiânia

Fonte: Casa Civil Goiás (Leis Complementares) – 2012; Elaboração: SEDRMG – 2012.

A Lei Complementar nº. 27/99 define que o Chefe do Poder Executivo está

autorizado a instituir o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia -

CODEMETRO, de caráter normativo e deliberativo.

O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia -

CODEMETRO foi criado pelo Decreto nº. 5.193/00. Sua composição foi alterada pelas Leis

Complementares nº. 41/03, nº. 53/05 e nº. 87/11. A mesma Lei Complementar nº. 87/11

definiu a Secretaria Executiva para o CODEMETRO, ligada à Superintendência de Ação e

Mobilidade da Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia. A Lei nº.

53/05 definia uma Secretaria Executiva para o CODEMETRO, atribuída à Superintendência

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da Região Metropolitana de Goiânia, da Secretaria das Cidades. Primeiramente, esta redação

foi dada pela Lei Complementar nº. 27/99 e nova alteração com a Lei Complementar nº.

41/03, passando para a Gerência Executiva da Região Metropolitana de Goiânia, da Secretaria

do Planejamento e Desenvolvimento. O Decreto nº. 5.193/00 definiu as competências do

CODEMETRO.

A Lei Complementar nº. 27/99, alterada pela Lei Complementar nº. 53/05 e nº.

78/2010, estabelece como competência do Estado de Goiás: “oferecer assessoramento técnico

e administrativo ao Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia;

acompanhar técnica e financeiramente a execução dos estudos, projetos, obras e atividades

aprovadas e declaradas de interesse comum pelo Conselho de Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia, bem como supervisionar sua compatibilização intermunicipal e

intersetorial”.

A mesma Lei Complementar nº. 27/99 criou a Câmara Deliberativa de Transportes

Coletivos (Art. 6º, § 5°). A Rede Metropolitana de Transportes Coletivos – RMTC foi

instituída pela Lei Complementar nº. 34/01 como unidade sistêmica regional, composta por

todas as linhas e serviços de transportes coletivos que servem ou que venham a servir ao

Município de Goiânia e aos Municípios de Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia,

Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Bonfinópolis, Brazabrantes, Goianira, Guapó, Hidrolândia,

Nerópolis, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo, Terezópolis e Trindade. Os Municípios

de Caldazinha e Nova Veneza foram acrescentados pela Lei Complementar nº. 37/02 e o

Município de Goianápolis pela Lei Complementar nº. 49/04.

A Lei Complementar nº. 34/01 instituiu também a entidade gestora da RMTC a

Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos – CMTC (revestida de poder de polícia),

subordinada a Câmara Deliberativa de transportes Coletivos.

O Decreto nº. 5.192/2000 criou o Fundo de Desenvolvimento Metropolitano de

Goiânia – FUNDEMETRO, tendo como área de abrangência todos os municípios que

compõem a Região Metropolitana. A gestão do FUNDEMETRO esteve a cargo da Secretaria

de Estado das Cidades (com base na Lei Complementar nº. 54/05) e anteriormente pertencia à

Gerencia de Acompanhamento dos Programas Metropolitanos da Secretaria de Estado do

Planejamento e Desenvolvimento. Com a Lei Estadual nº. 17.257/2011 foi criada a Secretaria

de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia – SEDRMG e com a Lei

Complementar nº. 87/2011 a presidência do CODEMETRO e gestão do FUNDEMETRO

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ficaram a cargo do Secretário de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana de

Goiânia.

Nos últimos trinta/vinte anos a cidade de Goiânia foi transformada pelo acelerado

crescimento urbano. Igualmente é sabido que no mesmo espaço de tempo foi ampliada a

dinâmica socioeconômica existente entre Goiânia e os municípios à sua volta, que também

tiveram grande crescimento demográfico. Esse boom demográfico transformou Goiânia, já em

1980, em Aglomerado Urbano, também redimensionado para mais, no final da década de 90,

para Região Metropolitana.

Por outro lado, o acelerado espraiamento de Goiânia, considerada a “anexação” da

área de expansão metropolitana, como não poderia ser diferente, produziu novos pólos de

geração e atração, gerando mudanças de hábitos e novos desejos de viagens de porções

consideráveis da demanda. É o mesmo que afirmar que o mercado sempre foi dinâmico e

mutável na exata medida do dinamismo e mutabilidade das atividades socioeconômicas

exercidas pela população.

Antes de ser instituída oficialmente como Região Metropolitana esta unidade já vinha

sendo objeto de planos e programas que procuravam assumir e problematizá-la de fato como

um Aglomerado Urbano. O Aglomerado Urbano de Goiânia foi criado na década de 80, com

10 municípios. A Figura 4 mostra a trajetória temporal da formação do espaço metropolitano,

demarcando também a constituição do Aglomerado Urbano de Goiânia (AGLURB) e as

modificações na composição da RMG desde sua criação em 1999. Em seguida, a Tabela 1

apresenta o conjunto de leis que definiram e definem o espaço metropolitano.

Figura 4 – LINHA DO TEMPO – Formação do Espaço Metropolitano

Fonte: Casa Civil Goiás (Leis) – 2012; Elaboração: Débora Ferreira da Cunha.

1980

AGLURB

Lei nº. 8.956/80

10 municípios

1983

AGLURB

Lei nº.9.369/83

11 municípios

1989

AGLURB

Lei nº. 10.845/89

13 municípios

1999

RMG Lei nº. 27/99

11 municípios

2004

RMG

Lei nº. 48/04

12 municípios

2005

RMG

Lei nº. 54/05

13 municípios

2010

RMG

Lei nº. 78/10

20 municípios

1980 1990 2000 2010

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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Tabela 1 – Resumo da legislação de constituição do Aglomerado Urbano

e da Região Metropolitana de Goiânia

Legislação Número/

Data Ementa

Lei Ordinária 8.956, 27/11/1980

Criação do Aglomerado Urbano de Goiânia. Constituído pelos municípios

de Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Goianápolis, Goiânia, Goianira, Guapó, Leopoldo de Bulhões, Nerópolis e Trindade.

(10 municípios)

Lei Ordinária 9.369, 21/10/1983 Alteração na composição dos municípios pertencentes ao Aglomerado Urbano de Goiânia incluiu o município de Hidrolândia. (11 municípios)

Lei Ordinária 10.845, 21/06/1989 Alteração na composição dos municípios pertencentes ao Aglomerado

Urbano de Goiânia incluiu os municípios de Bonfinópolis e Brazabrantes. (13 municípios)

Constituição do

Estado de Goiás

1989 Artigos nº. 04 (inciso I, alínea “a”), 90 e 91. Autoriza a criação da Região

Metropolitana de Goiânia.

Lei Complementar 9, 27/12/1991

Dispõe sobre o Aglomerado Urbano de Goiânia (AGLURB). O AGLURB

a que se refere a Lei n° 8.956, de 27/11/1980, com modificações posteriores, passa a ser composto, além da Capital do Estado, dos

municípios de Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Trindade, Guapó,

Goianira, Nerópolis, Senador Canedo, Bela Vista de Goiás, Bonfinópolis, Brazabrantes e Hidrolândia. (12 municípios)

Lei Complementar 10, 10/07/1992 Altera dispositivo da Lei Complementar nº. 9/1991, composição dos

municípios do AGLURB incluindo os municípios de Caturaí e Inhumas.

(14 municípios)

Lei Complementar 16, 18/07/1995 Altera dispositivo da Lei Complementar nº. 9/1991, composição dos

municípios do AGLURB incluindo o município de Santo Antônio de

Goiás. (15 municípios)

Lei Complementar 23, 09/01/1998 Altera dispositivo da Lei Complementar nº. 9/1991, composição dos municípios do AGLURB incluindo o município de Goianápolis. (16

municípios)

Lei Complementar 27, 30/12/1999

Criação da Região Metropolitana de Goiânia – RMG - composta pelos municípios de Goiânia, Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia,

Aragoiânia, Goianápolis, Goianira, Hidrolândia, Nerópolis, Santo Antônio

de Goiás, Senador Canedo e Trindade. (11 municípios) Região de Desenvolvimento Integrado de Goiânia – RDIG – composta

pelos municípios de Bela Vista, Bonfinópolis, Brazabrantes, Caturaí,

Inhumas, Nova Veneza e Terezópolis de Goiás. (7 municípios)

Lei Complementar 48, 09/12/2004 Alteração na composição dos municípios que compõe a Região Metropolitana de Goiânia incluiu o município de Bela Vista de Goiás. (12

municípios)

Lei Complementar 54, 23/05/2005 Alteração na composição dos municípios que compõe a Região Metropolitana de Goiânia incluiu o município de Guapo. (13 municípios)

Lei Complementar 78, 25/03/2010

Alteração na composição dos municípios que compõe a Região

Metropolitana de Goiânia incorporou os municípios da RDIG aos da

RMG. A RMG compreende os Municípios de Goiânia, Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Bonfinópolis,

Brazabrantes, Caldazinha, Caturaí, Goianápolis, Goianira, Guapó,

Hidrolândia, Inhumas, Nerópolis, Nova Veneza, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo, Terezópolis de Goiás e Trindade. (20 municípios)

Fonte: Casa Civil Goiás (Leis) – 2012.

1.1. Funções Públicas de Interesse Comum

A Constituição Estadual no Art. 90, § 2º considera funções públicas de interesse

comum:

transporte e sistema viário;

segurança pública;

saneamento básico;

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ocupação e uso do solo, abertura e conservação de estradas vicinais;

aproveitamento dos recursos hídricos; distribuição de gás canalizado;

cartografia e informações básicas;

aperfeiçoamento administrativo e solução de problemas jurídicos comuns;

outras definidas em lei complementar.

As diretrizes do planejamento das funções de interesse comum da Região

Metropolitana será objeto do plano diretor metropolitano.

A legislação estadual, por meio da Lei Complementar nº. 27/99, considera como de

interesse comum, as seguintes atividades: “que atendam a mais de um município, assim como

aquelas que, mesmo restritas ao território de um deles, sejam, de algum modo, dependentes ou

concorrentes de funções públicas e serviços supramunicipais”. O Art. 5º da lei dispõe que as

funções públicas de interesse comum serão definidas pelo Conselho de Desenvolvimento da

Região Metropolitana de Goiânia entre os campos funcionais previstos nos incisos I a VIII do

art. 90 da Constituição Estadual e mais os seguintes:

planejamento;

política de habitação e meio-ambiente;

desenvolvimento econômico;

promoção social;

modernização institucional.

A integração da execução das funções públicas comuns será efetuada pela concessão,

permissão ou autorização do serviço à entidade estadual, quer pela constituição de entidade de

âmbito metropolitano, quer mediante outros processos que, através de ajustes, venham a ser

estabelecidos.

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2. Arranjo Institucional da Gestão Metropolitana

2.1. Instâncias de Gestão Metropolitana

Nos termos da Lei Complementar nº. 27/1999, Arts. 2º e 3º, o cenário institucional

tem como alicerce a integração dos municípios da RMG ao contexto da gestão metropolitana,

com intuito de associar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de

interesse comum dos municípios dela integrantes, observando os princípios da autonomia

municipal e da cogestão entre os poderes públicos estadual, municipal e a sociedade civil.

O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia

(CODEMETRO) é a instância de caráter normativo e deliberativo responsável pela gestão

metropolitana. Atualmente o Conselho está sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de

Desenvolvimento da Região Metropolitana (SEDRMG) que deverá promover a execução das

diretrizes definidas pelo CODEMETRO e o assessoramento, bem como o apoio

administrativo e técnico necessário ao CODEMETRO. O Conselho passou por três alterações

que definiam o órgão responsável por sua execução e assessoramento, o primeiro foi a

Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento (LC nº. 27/1999), o segundo a

Secretaria de Estado das Cidades (LC nº. 53/2005), por último, a SEDRMG (LC nº. 87/2011).

Figura 5 – Institucionalidade responsável pela gestão metropolitana

Fonte: Lei Complementar nº. 27/1999 e alterações; Elaboração: Débora Ferreira da Cunha.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

14

DESCRIÇÃO:

CODEMETRO – Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia

Composição (43 membros): Presidente, o Secretário de Estado de Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia; Vice-Presidente, um Secretário, a ser designado pelo Governador do

Estado; 15 representantes do Estado de Goiás, designados pelo Governador do Estado, oriundos de

Secretarias de Estado e entidades com atribuições diretas ou indiretas relativas à Região

Metropolitana de Goiânia; os Prefeitos dos Municípios integrantes da Região Metropolitana de

Goiânia; o Secretário do Planejamento do Município de Goiânia; o Secretário do Planejamento

do Município de Aparecida de Goiânia; 1 representante da Universidade Federal de Goiás; 1

representante da Universidade Estadual de Goiás; 2 representantes do Poder Legislativo

Estadual, designados pela Mesa Diretora.

Funções: caráter normativo e deliberativo, com o objetivo de administrar as questões metropolitanas

e supervisionar a execução das funções públicas de interesse comum entre o Estado de Goiás e os

municípios integrantes da RMG.

Subordinação: Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana (SEDRMG).

Atribuições e Poderes: promover a elaboração e permanente atualização do Plano Diretor da Região

Metropolitana de Goiânia; declarar as atividades, os empreendimentos e os serviços que devem ser

considerados entre as funções públicas de interesse comum no âmbito metropolitano; instituir e

promover demais instrumentos de planejamento do interesse metropolitano, entre eles os Planos

Diretores Municipais e o Sistema de Informações Metropolitano; constituir e disciplinar, por

resoluções, o funcionamento de Câmaras Temáticas para as funções públicas de interesse comum,

voltadas a programas, projetos ou atividades específicas que vierem a ser instituídos para a Região

Metropolitana; supervisionar a execução das funções públicas de interesse comum no âmbito

metropolitano; estimular e acompanhar a implementação de providências necessárias à normatização

das deliberações do Conselho de Desenvolvimento, relativas a funções públicas de interesse comum

no âmbito metropolitano; elaborar seu regimento interno; autorizar a liberação de recursos

provenientes do fundo de Desenvolvimento Metropolitano de Goiânia.

Histórico de Atuação: Inicialmente sob a responsabilidade da Secretaria de Planejamento e

Desenvolvimento – SEPLAN, em outubro de 2001, foi realizada uma reunião do Conselho e algumas

atividades envolvendo o executivo estadual, prefeituras e câmaras municipais da RMG,

universidades, assembléia legislativa e sociedade civil, para divulgação e apresentação da criação da

RMG. Nessa reunião foram apresentadas as ações institucionais do Conselho, tais como a legislação

pertinente à RMG; as atribuições e competências do Conselho e da Secretaria Executiva; minuta do

Regimento Interno do CODEMETRO e as Metas e Ações previstas. Na ocasião foi apresentada a

estrutura organizacional do CODEMETRO composta por oito Câmaras Temáticas: a Câmara

Deliberativa do Transporte Coletivo e as seguintes Câmaras Temáticas: de Habitação; de

Atendimento Social; de Saneamento Básico; Desenvolvimento Econômico; de Meio Ambiente; de

Segurança Pública e de Ocupação e Uso do Solo. Dentre as quais foram instituídas por lei duas

câmaras temáticas, a de Transporte Coletivo e a de Ocupação e Uso do Solo, mas apenas a Câmara

Deliberativa de Transporte Coletivo foi de fato instalada e está em funcionamento até o presente

momento. Posteriormente, ocorreram alterações na composição do conselho em função das mudanças

na estrutura administrativa do Estado publicada em lei, no entanto, não há registros no período de

2001 a 2011 de realização de reuniões e deliberações do Conselho e/ou atividades relacionadas ao

planejamento das funções de interesse comum entre o Estado e os municípios da RMG. No dia 13 de

novembro de 2012 foi realizada a cerimônia de posse do Conselho para os membros designados no

Decreto nº. 7.460/11.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

15

CDTC – Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos

Composição (9 membros): Presidente: o Secretário de Estado de Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia; o Presidente da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de

Serviços Públicos; o Prefeito do Município de Goiânia; o Secretário de Planejamento do Município

de Goiânia; o Superintendente de Trânsito e Transportes do Município de Goiânia; o Presidente da

entidade gestora da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos; o Prefeito do Município de

Aparecida de Goiânia; um Prefeito Municipal representando os demais municípios componentes da

Rede Metropolitana de Transportes Coletivos, eleito pelos Prefeitos; um representante da Assembléia

Legislativa do Estado de Goiás, por ela designado.

Funções: caráter deliberativo – compete soberanamente estabelecer a política pública de regência da

Rede Metropolitana de Transportes Coletivos, sendo, ainda, de sua competência exclusiva, tendo por

base estudos e projetos técnicos elaborados pela entidade gestora a CMTC – Companhia

Metropolitana de Transportes Coletivos.

Subordinação: CODEMETRO

Atribuições e Poderes: decidir sobre a outorga de concessões, permissões e autorizações de serviços

que integrem ou venham a integrar a Rede Metropolitana de Transportes Coletivos; estabelecer a

política tarifária, fixar tarifas e promover revisões e reajustes tarifários; deliberar sobre a organização,

os investimentos, o planejamento, o gerenciamento, o controle e a fiscalização dos serviços; orientar

os procedimentos de revisão e adaptação da legislação estadual e dos municípios, no tocante ao

serviço público de transporte coletivo, aos princípios e prescrições desta lei complementar; decidir,

em última instância administrativa, sobre recursos interpostos nos processos de fiscalização julgados

pela entidade gestora da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos.

Histórico de Atuação: há registros – atas e deliberações de reuniões da Câmara, a Deliberação nº.

001, data de 12 de janeiro de 2001; e a última Deliberação nº. 71, de 17 de maio de 2012, em que

constam até o momento decisões e determinações relativas ao sistema integrado de transportes

coletivos da RMG, política tarifária, alterações da tarifa do sistema, licitação do sistema, entre outros.

Nos últimos dois anos foram realizadas quatro reuniões da Câmara, em 2011, três reuniões com três

deliberações e em 2012 uma reunião com três deliberações.

Câmara de Uso e Ocupação do Solo

Composição (membros): Assegurada pela LC nº. 27/1999 a participação do Conselho Regional de

Engenharia e Arquitetura, do Instituto dos Arquitetos do Brasil e das Universidades Federal, Estadual

e Católica de Goiás.

Funções: caráter não deliberativo.

Subordinação: CODEMETRO

Atribuições e Poderes: não definido.

Histórico de Atuação: não há registros de instalação e funcionamento da Câmara de Uso e Ocupação

do Solo da RMG.

CMTC – Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos

Composição: Criada através da Lei Complementar 34, de 30/10/01, a CMTC – Companhia

Metropolitana de Transportes Coletivos, uma sociedade com capital dos Municípios e do Estado,

conferindo ao Município de Goiânia 50% da participação, ao Estado 25% e aos demais municípios da

RMG os outros 25%.

Funções: Empresa pública de direito privado, cabe à Companhia cumprir as leis, normas e contratos

vigentes e todas as decisões e deliberações tomadas pela CDTC que é formada por representantes da

Prefeitura de Goiânia, Governo do Estado de Goiás, Prefeituras do entorno metropolitano e poder

legislativo.

Subordinação: CDTC – Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos

Atribuições e Poderes: À entidade gestora competirá, sem prejuízo de outras competências inerentes

que lhe sejam delegadas, executar a organização, o planejamento, o gerenciamento, o controle e a

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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fiscalização operacional de todas e quaisquer modalidades ou categorias de serviços públicos de

transportes coletivos de passageiros, prestados ou que possam ser prestados no contexto sistêmico

único da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC). Esta rede (RMTC) reúne a capital,

Goiânia, e mais 17 municípios.

Histórico de Atuação: em funcionamento desde sua constituição e instituição em 2003, sob a direção

do município de Goiânia (Lei Municipal n° 8.148de 03 de janeiro de 2003 e o Decreto n° 1909 de 04

de julho de 2003) em conformidade com funções, atribuições e poderes.

FUNDEMETRO – Fundo de Desenvolvimento Metropolitano de Goiânia

Composição: A área de atuação do Fundo abrangerá os municípios que compõem a Região

Metropolitana de Goiânia.

Funções: tem natureza especial, contábil e orçamentária, com autonomia administrativa e financeira,

será gerido pela Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana.

Subordinação: Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana (SEDRMG).

Atribuições e Poderes: O fundo tem a finalidade de dar suporte financeiro ao planejamento

integrado e às ações conjuntas dele decorrentes, no que se refere às funções públicas de interesse

comum do Estado e dos Municípios integrantes da Região Metropolitana. O FUNDEMETRO conta

com os seguintes níveis de gestão: deliberativa, exercida pelo CODEMETRO, e, administrativa e

financeira exercida pela SDRMG.

Histórico de Atuação: até o momento não há registros de recursos financeiros e movimentação do

fundo.

Tabela 2 – Arranjos de Gestão Metropolitana

Instrumento Legal Disposição da Lei

Lei Complementar

nº. 027/1999

Autoriza a criação do CODEMETRO (Art. 6º)

Cria a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (Art. 6º, § 5°).

Cria a Câmara Temática de Uso e Ocupação do Solo (Art. 8º, Parágrafo único).

Decreto Estadual

nº. 5.192/2000

Dispõe sobre a constituição do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano de

Goiânia – FUNDEMETRO

Decreto Estadual

nº. 5.193/2000

Institui o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia –

CODEMETRO

Lei Complementar

nº. 030/2000

Específica a composição da Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo Urbano e

suas respectivas competências (Art. 6º, § 4°, § 5° e Art. 9º).

Lei Complementar

nº. 034/2001

Institui a Rede Metropolitana de Transportes Coletivos – RMTC e como unidade

gestora a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos – CMTC

Lei Complementar

nº. 037/2002

Altera a área de abrangência da RMTC (inclusão dos municípios de Caldazinha e

Nova Veneza)

Lei Complementar

nº. 041/2003 Altera a composição do CODEMETRO

Lei Complementar

nº. 049/2004 Altera a área de abrangência da RMTC (inclusão do município de Goianápolis)

Lei Complementar

nº. 053/2005

Autoriza a constituição do FUNDEMETRO e altera a composição do

CODEMETRO

Decreto Estadual

nº. 6.313/2005

Introduz alterações no Regulamento do FUNDEMETRO, aprovado pelo Decreto

nº 5.192, de 2000

Decreto Estadual

nº. 7.640/2011

Altera dispositivos do Decreto nº 5.193/2000 sobre a composição do

CODEMETRO: “o Secretário de Estado de Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia, que será o seu Presidente” (Art. 2º, inciso I).

Lei Complementar

nº. 087/2011

Altera a composição do CODEMETRO; as funções da Secretaria de

Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia; autoriza a constituição do

FUNDEMETRO; e altera o prazo para execução do Plano Diretor Integrado da

RMG.

Fonte: Casa Civil Goiás – 2012.

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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Figura 6 – Subordinação e posição na hierarquia do governo estadual

Fonte Casa Civil Goiás – 2012; Elaboração: Débora Ferreira da Cunha.

2.1.1. Instituições que Integram a Gestão Metropolitana

Detalhamento das instituições que integram as instâncias de gestão metropolitana

Período 1999-2004 2005-2010 2011-2015

Instituições Secretaria de

Desenvolvimento e

Planejamento - SEPLAN

Secretaria das Cidades Secretaria de Desenvolvimento

da RMG – SEDRMG

Natureza Órgão Administração Direta Órgão Administração Direta Órgão Administração Direta

Atribuições

Entre outras ... formular a

política estadual de

desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia e

sua execução, direta ou

indiretamente,

especialmente no que diz

respeito aos serviços de

transporte coletivo urbano

de passageiros. Promover a

execução das diretrizes

definidas pelo

CODEMETRO; presidir e

assessorar o CODEMETRO

e a CDTC (não há decreto

Regulamento da secretaria).

Entre outras ... formular a

política estadual de

desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia e sua

execução, direta ou

indiretamente, especialmente

no que diz respeito aos serviços

de transporte coletivo urbano

de passageiros. Promover a

execução das diretrizes

definidas pelo CODEMETRO;

presidir e assessorar o

CODEMETRO e a CDTC (não

há decreto Regulamento da

secretaria).

Entre outras ... formular a

política estadual de

Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia e sua

execução, direta ou

indiretamente, especialmente

no que diz respeito aos serviços

de transporte coletivo urbano

de passageiros, inclusive

acompanhamento, controle e

fiscalização da sua qualidade.

Promover a execução e

assessoramento das diretrizes

definidas pelo CODEMETRO

(Decreto nº. 7.397/2011).

Histórico de

atuação

Execução da política de

transporte coletivo da RMG,

deliberações e

acompanhamento da CDTC.

Execução da política de

transporte coletivo da RMG,

deliberações e

acompanhamento da CDTC.

Execução da política de

transporte coletivo da RMG,

deliberações e

acompanhamento da CDTC.

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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Tabela 3 – Histórico das unidades administrativas da RM de Goiânia

Instrumento

Legal

Disposição da Lei Observações

Lei nº. 15.123/2005

Modifica a organização

administrativa do Poder Executivo e

dá outras providências

São transferidos da Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento para a Secretaria das Cidades, com os respectivos cargos de

Gerente, a Gerência de Assuntos Institucionais e Gestão e a

Gerência de Acompanhamento dos Programas Metropolitanos, integrando a Superintendência da Região Metropolitana de Goiânia.

Lei nº. 17.257/2011

Cria a Secretaria de Estado de

Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia.

Cabe á Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia a: formulação da política estadual de desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia e sua

execução, direta ou indiretamente, especialmente no que diz respeito

aos serviços de transporte coletivo urbano de passageiros, inclusive acompanhamento, controle e fiscalização da sua qualidade.

Decreto nº.

7.247/2011

Institui as unidades administrativas

complementares da Secretaria de

Estado de Desenvolvimento da

Região Metropolitana de Goiânia

Art. 1º Fica instituída a estrutura organizacional complementar da

Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana

de Goiânia, com os cargos em comissão que lhe são correspondentes, juntamente com os respectivos símbolos de

subsídios, quantitativos e quadro de gerências a serem providas pelo

critério de meritocracia, na forma prevista no Anexo Único que acompanha este Decreto.

Art. 2º Dentro do prazo de 30 (trinta) dias, a Secretaria de Estado de

Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia deverá elaborar minuta do seu Regulamento, encaminhando-a

imediatamente à Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento, que terá igual prazo para proceder ao seu exame e encaminhamento

à Secretaria de Estado da Casa Civil, para formalização do ato

respectivo.

Decreto nº.

7.268/2011

Inclusão da Secretaria de Estado de

Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia.

Estrutura complementar; Gerência de Desenvolvimento Territorial,

Ambiental e Geoprocessamento Metropolitano.

Decreto nº.

7.397/2011

Aprova o Regulamento da Secretaria

de Estado de Desenvolvimento da

Região Metropolitana de Goiânia e dá

outras providências.

Dispõe sobre as funções que devem ser exercidas pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia;

Dispõe sobre as superintendências e suas funções; Dispõe sobre os

cargos e as suas atribuições.

Fonte: Casa Civil Goiás – 2012.

2.2. Instrumentos de Planejamento e Gestão Metropolitana

O transporte é a única função pública de interesse comum executada no âmbito da

RMG desde a década de 80. Em 1984 foi elaborado o Plano Diretor de Transporte Urbano de

Goiânia. Em 2004, o Plano Diretor de Transporte Coletivo da RMG – PDSTC-RMG,

tomando por base a Pesquisa de Origem e Destino da RMG realizada em 2000 e atualizações.

Em 2006, o PDSTC-RMG foi atualizado e aprovado pela CDTC (Deliberação nº. 057/2007),

definido como instrumento executivo orientador da política de transporte coletivo para toda a

RMTC, cabendo, em especial à CMTC e aos municípios, a observância dos princípios,

diretrizes, objetivos, metas e ações nele definidas.

Em março de 2006, após trinta anos, ocorreu o término do Contrato de Concessão dos

serviços inerentes ao Sistema Integrado de Transportes da Rede Metropolitana de Transportes

Coletivos da RMG – SIT-RMTC. Para realização do processo licitatório do sistema a CDTC

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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aprovou e instituiu o PDSTC-RMG, como documento base, definidor dos elementos de

planejamento do transporte coletivo dos municípios abrangidos pela RMTC, que definiu um

conjunto de ações nos campos: operacional, de infraestrutura e de gestão, consolidadas no

Programa Metropolitano de Transporte Coletivo – PMTC. O PMTC estabeleceu o modelo da

outorga dos serviços do SIT-RMTC condição necessária para a modelagem das novas

concessões.

Portanto, o PDSTC-RMG é o único instrumento de gestão existente para RMG.

Porém, cabe destacar que a RMG ainda não possui o Plano Diretor Metropolitano, mas do

conjunto de 20 municípios, 15 possuem Plano Diretor. Outro destaque deve-se a Política

Nacional de Habitação – PNH, que condicionou o planejamento habitacional como etapa

obrigatória para o acesso aos recursos públicos; embora não haja exigência legal para que o

Plano de Habitação se torne Lei, o Estado de Goiás aderiu à PNH, e dos municípios da RMG,

6 municípios possuem o Plano Local de Habitação de Interesse Social, 10 municípios

parcialmente e 4 não elaboraram os planos. Dentre os 20 municípios, apenas 01 não recebeu

recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS/SNHIS – Brazabrantes

– para elaboração do PLHIS (o município foi integrado a RMG em 2010). Deixando evidente

mais uma vez o entendimento de que o pacto federativo ensejado com Constituição Federal de

1988 estimula a ação local/municipal em detrimento do planejamento integrado – nas palavras

de Moura (2004) “um padrão localista de políticas públicas”.

2.3. Orçamento e Financiamento

2.3.1. Inserção da Gestão Metropolitana na Legislação Orçamentária

Inicialmente o PPA (2000-2003) apresentava um programa denominado Programa da

Região Metropolitana de Goiânia – Metrópole Cidadã, com ações que integravam nove

Secretarias, cinco Agências e seis Fundos, englobando as seguintes áreas: Cidades,

Agricultura, Cidadania e Trabalho, Educação, Indústria e Comércio, Infraestrutura, Saúde,

Meio Ambiente, Planejamento e Desenvolvimento, Segurança Pública, Desenvolvimento

Rural, Transporte e Obras Públicas, Cultura e Turismo.

O PPA (2004-2007) propunha através da SEPLAN apenas um programa e onze ações

para tratar as questões metropolitanas da RMG, relacionadas à coordenação, gerenciamento e

alguns projetos pontuais, como a pavimentação de rodovia (duplicação) e um Teleporto.

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O programa denominado Região Metropolitana de Goiânia – Metrópole

Contemporânea (PPA 2004-2007) visava a implementação de planejamento estratégico que

possibilitasse o desenvolvimento sustentável e ordenado do território metropolitano. Projeção

da RMG, nacional e internacionalmente, como referencial de desenvolvimento metropolitano

integrado e articulado, de eficiência econômica, de equidade social, de liberdade e de

preservação ambiental. Visava também implementar uma gestão partilhada, que deveria ser

fruto de acordos estabelecidos entre as prefeituras integrantes, representações dos Governos

Estadual e Federal, do Legislativo e da população, buscando consensualmente o

fortalecimento do interesse comum do território metropolitano.

Em seguida, o PPA (2008-2011), por meio da Secretaria das Cidades, indicava três

programas e quatorze ações integradas à Metrobus S/A e ao Fundo de Proteção Social do

Estado de Goiás (PROTEGEGOIÁS), contemplando questões relacionadas ao transporte

coletivo da RMG como: subsídios ao cidadão, mobilidade, acessibilidade, circulação não

motorizada, infraestrutura e manutenção.

O Programa para Mobilidade na Região Metropolitana e Municípios de Médio Porte

(PPA 2008-2011) fundamentava-se no apoio às ações de melhoria dos transportes, da gestão

do trânsito e acessibilidade e na promoção do acesso amplo e democrático ao espaço urbano,

de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável na Região Metropolitana de Goiânia e

nos municípios de médio porte de Goiás.

E o Programa de Planejamento e Infraestrutura Metropolitana (PPA 2008-2011)

baseava-se na busca de soluções ou minimizações de problemas e deficiências do transporte

público e da circulação viária, visando melhoria da qualidade de vida na Região

Metropolitana de Goiânia. Assim, por meio do apoio às ações municipais de melhoria da

infraestrutura de transportes coletivos urbanos e de planejamento do uso do solo.

Atualmente, no PPA (2012-2015), a Secretaria de Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Goiânia (SEDRMG), apresenta três programas e vinte ações, visando o

ordenamento do território, transporte e mobilidade urbana; o PPA apresenta também outras

dez ações que visam atender a RMG relacionadas às áreas de abastecimento de água, cultura,

saúde, desenvolvimento regional, segurança pública, transporte e infraestrutura; apresentando

inclusive contrapartidas financeiras através das secretarias, empresas e fundos ligados às

respectivas áreas.

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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O Programa de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia tem a

finalidade de implementar políticas e mecanismos de ordenamento do território, articulados à

mobilidade urbana e ao desenvolvimento socioeconômico, para promover o desenvolvimento

do espaço metropolitano, direcionando o processo de ocupação do solo, visando uma melhor

distribuição das atividades no território, integrado a uma política de mobilidade urbana, na

construção de uma região moderna e socialmente inclusiva.

Com a implementação do Programa de Desenvolvimento da RMG pretende-se obter

um espaço regional socialmente estruturado, definindo o seu papel no contexto regional e

nacional, de uma metrópole moderna, justa e sustentável. Por sua vez, o Programa de

Transporte e Mobilidade Urbana da Região Metropolitana de Goiânia está fundamentado no

apoio às ações de melhoria das atuais condições de Mobilidade Urbana e de acesso ao serviço

de transporte coletivo público, com convergência para integração de políticas urbanas e

sociais da Região Metropolitana de Goiânia. A criação destes programas visa atenuar os

problemas e conflitos conseqüentes do processo de metropolização que aprofundam a

desigualdade social.

Em 2011 o Governo de Goiás lançou o Programa de Ação Integrada de

Desenvolvimento – PAI, tendo entre as ações estruturantes o Programa de Desenvolvimento

Integrado da Região Metropolitana de Goiânia, que tem por objetivo promover o

desenvolvimento do espaço metropolitano, direcionando o processo de ocupação do solo,

visando uma melhor distribuição das atividades no território, integrado a uma política de

mobilidade urbana, na construção de uma região moderna e socialmente inclusiva. Entre os

projetos propostos estão: Elaboração do Plano Diretor da Região Metropolitana de Goiânia;

Elaboração do projeto e construção da Estação Cerrado – Centro Gastronômico 24 hs na

antiga rodoviária de Goiânia; e reestruturação da Nova Praça Cívica.

O Programa de Implantação do VLT - Veículo Leve Sobre Trilhos prevê a

implantação de um sistema de transporte coletivo com tecnologia ferroviária urbana tipo –

VLT (projeto autorizado conforme o Decreto nº. 7.334, de 13 de maio de 2001) no traçado do

atual BRT Eixo Anhanguera. O Eixo Anhanguera é o maior eixo de transporte coletivo da

Região Metropolitana de Goiânia, com uma demanda diária superior a 240.000 passageiros,

apresentando saturação operacional nas estações de embarque e desembarque e no corredor

do Eixo (além da população da capital goiana, os municípios conurbados são os principais

beneficiários entre eles: Aparecida de Goiânia, Trindade, Senador Canedo e Goianira – que

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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junto aos demais somam algo em torno a 3 milhões de habitantes). O programa tem o objetivo

de promover a melhoria das atuais condições de mobilidade urbana e dos serviços de

transporte coletivo, de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável na Região

Metropolitana de Goiânia.

Proposto para ser efetivado por meio de Parceria Público Privada, os estudos e

projetos técnicos, econômico-financeiros e jurídicos, do VLT – Eixo Anhanguera, necessários

à realização do processo de licitação internacional para celebração de contrato de concessão

patrocinada (Edital nº. 01/2013), foram elaborados com a participação da Odebrecht

Transport e do Consórcio RMCT (o VLT Goiânia será parte integrante da Rede

Metropolitana de Transporte Coletivo e a execução dos seus serviços será subordinado à

CDTC e ao PSDTC-RMG).

A estimativa orçamentária do Projeto VLT – Eixo Anhanguera é de R$ 1,3 bilhão,

envolvendo recursos públicos (municipal, estadual e federal) da ordem de R$ 715 milhões,

sendo: aproximadamente RS 300 milhões do Orçamento do Estado de Goiás obtidos via

instituições financeiras e operações oficiais de créditos; outros R$ 200 milhões do orçamento

estadual, aportados através do Fundo Especial do VLT (instituição autorizada pela Lei

Estadual nº. 17.842, de 04 de dezembro de 2012, alterada pela Lei nº. 17.930, de 27 de

dezembro de 2012); e RS 216 milhões originados do PAC Mobilidade – Grandes Cidades.

Além da construção de trilhos na superfície, num trecho de 13,6 km de extensão

ligando a cidade de leste a oeste (trecho que hoje ocupa o Eixo Anhanguera), a obra prevê:

dois trechos subterrâneos (Praça do Bandeirante e Terminal Novo Mundo – BR 153);

integração com shopping, supermercado e unidades universitárias no ponto Capuava e

Terminal Praça da Bíblia; implantação de ciclovias e calçadões; rampas de acessibilidade

(com 7% de inclinação) facilitando o acesso a quem tem mobilidade reduzida e projetos de

revitalização/requalificação urbana dos Centros de Goiânia e do Bairro Campinas.

A justificativa do Projeto é que o VLT proporcionará inúmeros ganhos aos usuários:

aumento da capacidade de transporte (o dobro do número de passageiros) a uma velocidade

duas vezes superior ao transporte atual, o que resultará na redução, pela metade, do tempo do

trajeto. No entanto, a aprovação do Projeto VLT nas casas legislativas (assembléia estadual e

câmara de vereadores de Goiânia) foi bastante polêmica: no geral questiona-se se a construção

milionária do VLT Eixo Anhanguera é a melhor solução para o problema do transporte

público em Goiânia.

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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Em termos de impactos previstos, o Projeto VLT – Eixo Anhanguera, que já possui

licença ambiental prévia concedida pela Agência Municipal de Meio Ambiente – AMMA (nº.

004/2013, publicada no D. O. E. nº. 21.511, de 18 de janeiro de 2013), ainda necessita de

estudos de impactos ambientais (tais como, drenagem necessária na Avenida Anhanguera) e

de trânsito (a Avenida Anhanguera possui 53 cruzamentos que serão reduzidos a 35) –

conforme relatório de um Grupo Multidisciplinar da Prefeitura de Goiânia.

A questão tarifária também levanta preocupação já que o Eixo Anhanguera atualmente

usufrui da tarifa social (subsídio do Governo Estadual) – o usuário paga a metade do preço

das demais linhas cobertas pela RMTC e terá que pagar o valor integral (R$ 2,70 em toda a

RMTC). O custo operacional do VLT é maior que do transporte convencional, mas conforme

garante o poder público, o Estado continuará bancando um subsídio correspondente à

diferença no valor da tarifa para que ela seja igual ao do sistema convencional, além do

contrato de concessão assegurar o instituto “receita de contraprestação” (dois tipos de

contraprestação de receitas) ao futuro concessionário.

A Tabela a seguir apresenta um resumo da legislação específica produzida para

garantir a efetivação do Projeto VLT – Eixo Anhanguera.

Tabela 4 – Programa de implantação do VLT: legislação básica

Instrumento Legal Disposição

Decreto Estadual nº. 7.334, de

13 de maio de 2011

Autoriza a realização do Projeto e estudos técnicos

(econômico/financeiro e jurídico), de Parceria Público-Privada, para

construção e manutenção do VLT – Eixo Anhanguera.

Portaria nº. 025, de 03 de

outubro de 2012

Dispõe sobre a Consulta Pública das minutas do Edital de Licitação da

PPP para manutenção do VLT – Eixo Anhanguera

Portaria nº. 030, de 07 de

novembro de 2012

Prorroga o prazo da Consulta Pública das minutas do Edital de

Licitação da PPP para manutenção do VLT – Eixo Anhanguera

Lei nº. 17.842, de 04 de

dezembro de 2012

Institui o Grupo Executivo de Implantação do Programa Veículo Leve

sobre Trilhos (VLT) no Município de Goiânia e autoriza a instituição

do Fundo Especial do VLT

Lei nº. 17.930, de 27 de

dezembro de 2012

Altera a Lei nº. 17.842, de 04 de dezembro de 2012 que dispõe sobre a

instituição do Grupo Executivo de Implantação do Programa Veículo

Leve sobre Trilhos (VLT) no Município de Goiânia e autoriza a

instituição do Fundo Especial do VLT.

Licença Ambiental Prévia nº.

004/2013

Licença Ambiental Prévia para implantação do Sistema VLT – Eixo

Anhanguera – Goiânia. Publicação no D. O. E. nº. 21.511, de 18 de

janeiro de 2013 (Ano 176).

Minuta de Edital de Licitação

Internacional nº. 01/2013 – em

construção

Modalidade concorrência – “melhor proposta” para celebração de

“contrato de concessão patrocinada” para construção, manutenção,

conservação e operação do VLT – Eixo Anhanguera – VLT Goiânia.

Fonte: SEDRMG – 2012.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

24

O planejamento da atual gestão (2011-14) está consolidado no Plano de Ação

Integrada de Desenvolvimento – PAI, que é uma integração dos principais programas do PPA

2012–2015 cuja execução receberá as prioridades da Administração Pública.

O PAI é composto de 40 programas prioritários, decorrentes da integração de

programas do PPA 2012-2015 e que se desdobram em um conjunto de ações impactantes,

integrando seis áreas: economia, social, infraestrutura, desenvolvimento regional, gestão,

institucional e comunicação. Somente os programas e ações que têm asseguradas fontes de

recursos a serem efetivamente arrecadadas compõem o Plano de Ação Integrada de

Desenvolvimento e receberam o “Selo de Prioridade”, de forma a assegurar a efetividade da

execução das ações. A SEDRMG teve dois programas considerados subordinados a dois

programas integradores do PAI: o Programa de Implantação do VLT e o Programa de

Desenvolvimento integrado da Região Metropolitana de Goiânia.

As ações estruturantes do Programa de Desenvolvimento Integrado da Região

Metropolitana de Goiânia podem ser vistas conforme quadro a seguir.

PAI - PLANO DE AÇÃO INTEGRADA DE DESENVOLVIMENTO

AÇÕES ESTRUTURANTES PROGRAMA PROJETOS CRONOGRAMA PRODUTOS

Programa de

Desenvolvimento

Integrado da Região

Metropolitana de

Goiânia

Implantação do

CODEMETRO

2012 a 2015

CODEMETRO em

funcionamento

Elaboração do Plano Diretor

da Região Metropolitana de

Goiânia

36 meses

2012 a 2015

Plano Diretor da Região

Metropolitana de

Goiânia

Elaboração do projeto e

construção da Estação Cerrado

– Centro Gastronômico 24

horas na antiga rodoviária de

Goiânia

Estação Cerrado -

Centro Gastronômico

24 horas.

Projeto de reestruturação –

Nova Praça Cívica

Projeto Nova Praça

Cívica

Programa de

Implantação do VLT –

Veículo Leve sobre

Trilhos

Implantação do Veículo Leve

Sobre Trilhos – Eixo

Anhanguera - Goiânia

24 meses

2012 a 2014

Veículo Leve sobre

Trilhos – VLT – Eixo

Anhanguera

Fonte: Segplan/GO – 2012.

Uma leitura que se faz, considerando o período de 2000 a 2015, é que o Governo do

Estado de Goiás planejou por meio de seus PPA´s programas e ações que atendessem a RMG,

considerando as funções de interesse comum, com intuito de implementar uma gestão

compartilhada para atender as desigualdades e conflitos presentes no território metropolitano.

Ao longo do período considerado percebe-se que o planejamento para as questões

metropolitanas foi sendo direcionado especificamente para uma função – o transporte urbano,

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

25

que desde a criação da RMG, foi esta função que conseguiu estruturar e fazer funcionar, a

gestão metropolitana.

2.3.2. Execução Físico-financeira

A execução financeira dos programas que envolvem ações para RMG, presentes nos

PPA´s de 2000 a 2015, seguem abaixo. Em resumo, dos quatro períodos considerados

observa-se que inicialmente (2000-2003 e 2004-2007) foram integradas ações de interesse

comum, envolvendo vários órgãos e fundos, dos quais possibilitou uma maior execução das

metas programadas, respectivamente, 40,2% e 20,9%. No período seguinte (2008-2011) a

execução orçamentária ficou abaixo de 0,5%, destacando que neste PPA as ações pouco se

integravam com as áreas consideradas anteriormente, pois o planejamento foi totalmente

direcionado para as áreas de transporte e mobilidade urbana. Finalmente, o PPA (2012-2015)

já registra uma execução financeira de 2% do valor orçado, envolvendo ações relacionadas à

saúde e ao transporte. Comparando proporcionalmente as ações destinadas às questões

metropolitanas em relação ao Orçamento Geral do Estado (OGE), no período de 2004-2007

representaram 1,4%, e nos períodos de 2008 a 2015, menos de 0,5%.

Quadro Resumo PPA (2000-2015)

Período Programas Ações Meta

Financeira

Execução

Financeira

Orçamento Geral

do Estado (OGE)

2012-2015 3 30 R$ 58.725.000,00 R$ 12.875.845,92 R$ 20.201.775.000,00

2008-2011 3 14 R$ 59.681.000,00 R$ 286.680,91 R$ 15.567.277.000,00

2004-2007 1 11 R$ 288.166.000,00 R$ 66.039.695,25 R$ 19.922.171.740,52

2000-2003 1 - R$ 112.585.000,00 R$ 45.260.784,74 -

Fonte: PPA´s; Goiás Transparente – 2012.

Os quadros abaixo detalham a execução financeira dos PPA´s descritos acima, com

programas que possuem ações para a RMG.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

26

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

Órgão Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1150 - Fundo Est. Centro Cult. Oscar Niemeyer 358.000,00 358.000,00 48.000,00 0 48.000,001700 - Sec. Desenv. Região Metro. Goiânia 1.617.000,00 2.397.000,00 0 0 01750 - Fundo De Desenv. Metrop. De Goiânia 357.000,00 357.000,00 0 0 02753 - Fundo De Fom. Ao Desenv. Econ.E Social 4.000,00 350.000,00 124.750,00 0 124.750,002850 - Fundo Especial De Saude - Funesa 11.442.000,00 15.100.000,00 700.000,00 350.000,00 350.000,002900 - Sec.Da Segurança Pública E Justiça 966.000,00 605.000,00 0 0 02950 - Fundo Est. De Segurança Pública-Funesp 2.326.000,00 8.000,00 0 0 03100 - Secretaria De Estado Da Cultura 358.000,00 58.000,00 0 0 05701 - Agencia Goiana De Desenvolv. Regional 12.000,00 72.000,00 0 0 0Total 17.440.000,00 19.305.000,00 872.750,00 350.000,00 522.750,00

Órgão Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1700 - Sec. Desenv. Região Metro. Goiânia 18.000,00 18.000,00 0 0 01800 - Sec. Das Cidades 0 12.166.666,67 11.558.333,34 9.500.000,00 2.058.333,342350 - Protege Goias 39.004.000,00 48.604.000,00 3.025.845,92 3.025.845,92 0Total 39.022.000,00 60.788.666,67 14.584.179,26 12.525.845,92 2.058.333,34

Órgão Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1700 - Sec. Desenv. Região Metro. Goiânia 63.000,00 63.000,00 0 0 02500 - Secretaria De Infra-Estrutura 2.200.000,00 2.200.000,00 3.930,77 0 3.930,77Total 2.263.000,00 2.263.000,00 3.930,77 0,00 3.930,77TOTAL GERAL 58.725.000,00 82.356.666,67 15.460.860,03 12.875.845,92 2.585.014,11

Programa 1006- Aplicação dos recursos

Programa 1009- Aplicação dos recursos

Programa 1010- Aplicação dos recursos

Execução financeira 2012

PPA 2012-2015

Fonte: Goiás Transparente – 2012.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

27

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1700 - Sec. Desenv. Região Metro. Goiânia 108.000,00 108.000,00 0 0 0

1800 - Sec. Das Cidades 16.000,00 16.000,00 0,00 0,00 0,00

2350 - Protege Goias 4.570.000,00 3.288.680,51 286.680,51 286.680,51 0,00

2700 - Secretaria De Gestão E Planejamento 100.000,00 100.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 4.794.000,00 3.512.680,51 286.680,51 286.680,51 0,00

1700 - Sec. Desenv. Região Metro. Goiânia 225.000,00 225.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 225.000,00 225.000,00 0,00 0,00 0,00

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1800 - Sec. Das Cidades 303.000,00 12.000,00 0,00 0,00 0,00

2350 - Protege Goias 4.570.000,00 3.000.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 4.873.000,00 3.012.000,00 0,00 0,00 0,00

1800 - Sec. Das Cidades 336.000,00 4.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 336.000,00 4.000,00 0,00 0,00 0,00

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1800 - Sec. Das Cidades 1.407.000,00 9.000,00 0,00 0,00 0,00

2350 - Protege Goias 2.302.000,00 4.570.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 3.709.000,00 4.579.000,00 0,00 0,00 0,00

1800 - Sec. Das Cidades 613.000,00 8.000,00 0,00 0,00 0,00

2753 - Fundo De Fom. Ao Desenv. Econ.E Social 4.000,00 2.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 617.000,00 10.000,00 0,00 0,00 0,00

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1800 - Sec. Das Cidades 44.142.000,00 44.110.193,82 0,00 0,00 0,00

Total 44.142.000,00 44.110.193,82 0,00 0,00 0,00

1800 - Sec. Das Cidades 883.000,00 883.000,00 0,00 0,00 0,00

1850 - Fundo De Desenv. Metropolit. De Goiania 102.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00

2753 - Fundo De Fom. Ao Desenv. Econ.E Social 0,00 102.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 985.000,00 985.000,00 0,00 0,00 0,00

TOTAL GERAL 59.681.000,00 56.437.874,33 286.680,51 286.680,51 0,00

Execução financeira 2011

1879 - Programa Para Mobilidade Na Região Metropolitana E Municípios De Médio Porte

PPA 2008-2011

1879 - Programa Para Mobilidade Na Região Metropolitana E Municípios De Médio Porte

1880 - Programa De Planejamento E Infra-Estrutura Metropolitana

Execução financeira 2010

1879 - Programa Para Mobilidade Na Região Metropolitana E Municípios De Médio Porte

1880 - Programa De Planejamento E Infra-Estrutura Metropolitana

Execução financeira 2009

1880 - Programa De Planejamento E Infra-Estrutura Metropolitana

1879 - Programa Para Mobilidade Na Região Metropolitana E Municípios De Médio Porte

Execução financeira 2008

1880 - Programa De Planejamento E Infra-Estrutura Metropolitana

Fonte: Goiás Transparente – 2012.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

28

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1800 - Sec. Das Cidades 5.959.000,00 2.000,00 0,00 0,00 0,00

2500 - Secretaria De Infra-Estrutura 3.002.000,00 49.325.375,07 24.324.375,07 24.324.375,07 0,00

Total 8.961.000,00 49.327.375,07 24.324.375,07 24.324.375,07 0,00

1800 - Sec. Das Cidades 31.812.000,00 3.026.000,00 0,00 0,00 0,00

1850 - Fundo De Desenv. Metropolit. De Goiania 755.000,00 554.000,00 0,00 0,00 0,00

2700 - Sec. Do Planejamento E Desenvolvimento 3.025.000,00 14.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 35.592.000,00 3.594.000,00 0,00 0,00 0,00

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1800 - Sec. Das Cidades 11.040.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00

2500 - Secretaria De Infra-Estrutura 2.882.000,00 37.715.550,00 11.277.917,80 11.277.917,80 0,00

Total 13.922.000,00 37.715.550,00 11.277.917,80 11.277.917,80 0,00

1800 - Sec. Das Cidades 20.635.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00

1850 - Fundo De Desenv. Metropolit. De Goiania 746.000,00 554.000,00 0,00 0,00 0,00

2700 - Sec. Do Planejamento E Desenvolvimento 7.023.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Total 28.404.000,00 554.000,00 0,00 0,00 0,00

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

2500 - Secretaria De Infra-Estrutura 20.089.000,00 30.043.529,49 27.453.481,99 25.945.942,11 1.507.539,88

Total 20.089.000,00 30.043.529,49 27.453.481,99 25.945.942,11 1.507.539,88

1800 - Sec. Das Cidades 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

2700 - Sec. Do Planejamento E Desenvolvimento 7.403.000,00 230.688,56 570,44 570,44 0,00

2755 - Fundo De Desenv. Metropolit. De Goiania 207.000,00 207.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 7.610.000,00 437.688,56 570,44 570,44 0,00

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

2500 - Secretaria De Infra-Estrutura 155.238.000,00 143.946.000,00 8.275.100,36 4.434.701,96 3.840.398,40

Total 155.238.000,00 143.946.000,00 8.275.100,36 4.434.701,96 3.840.398,40

2700 - Sec. Do Planejamento E Desenvolvimento 16.561.000,00 7.302.000,00 436.187,87 56.187,87 380.000,00

2755 - Fundo De Desenv. Metropolit. De Goiania 1.789.000,00 1.789.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 18.350.000,00 9.091.000,00 436.187,87 56.187,87 380.000,00

TOTAL GERAL 288.166.000,00 274.709.143,12 71.767.633,53 66.039.695,25 5.727.938,28

Execução financeira 2007

1079 - Programa Região Metropolitana De Goiânia - Metrópole Contemporânea

1063 - Programa Intervenção Urbana P/Melhoria Da Qualidade De Vida Na RMG - Metro

Execução financeira 2006

1079 - Programa Região Metropolitana De Goiânia - Metrópole Contemporânea

Execução financeira 2005

1079 - Programa Região Metropolitana De Goiânia - Metrópole Contemporânea

1063 - Programa Intervenção Urbana P/Melhoria Da Qualidade De Vida Na RMG - Metro

1063 - Programa Intervenção Urbana P/Melhoria Da Qualidade De Vida Na RMG - Metro

PPA 2004-2007

Execução financeira 2004

1063 - Programa Intervenção Urbana P/Melhoria Da Qualidade De Vida Na RMG - Metro

1079 - Programa Região Metropolitana De Goiânia - Metrópole Contemporânea

Fonte: Goiás Transparente – 2012.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

29

Programa Valor Orçado Valor Autorizado Valor Empenhado Valor Pago Valor a Pagar

1800 - Sec. Das Cidades 13.385.000,00 135.000,00 45.000,00 45.000,00 0,00

2000 - Sec. De Agric., Pecuar. E Abastecimento 1.704.000,00 503.000,00 0,00 0,00 0,00

2100 - Secretaria De Cidadania E Trabalho 2.000,00 2.000,00 0,00 0,00 0,00

2151 - Fundo Estadual De Assistencia Social 24.088.000,00 24.088.000,00 21.013.492,97 20.949.492,97 64.000,00

2200 - Secretaria Da Educacao 14.912.000,00 16.582.000,00 15.026.860,00 13.588.420,00 1.438.440,00

2400 - Secretaria De Industria E Comercio 388.000,00 8.000,00 0,00 0,00 0,00

2500 - Secretaria De Infra-Estrutura 11.314.000,00 826.302,00 587.301,94 529.301,94 58.000,00

2600 - Sec.Do Meio Amb. E Dos Rec. Hidricos 3.586.000,00 1.155.000,00 500.000,00 500.000,00 0,00

2700 - Sec. Do Planejamento E Desenvolvimento 9.841.000,00 1.793.000,00 155.325,00 36.675,00 118.650,00

2752 - Fundo Esp.De Geracao De Empreg.E Renda 6.575.000,00 6.575.000,00 0,00 0,00 0,00

2755 - Fundo De Desenv. Metropolit. De Goiania 1.249.000,00 1.249.000,00 0,00 0,00 0,00

2850 - Fundo Especial De Saude - Funesa 6.846.000,00 2.093.575,10 401.207,91 61.693,81 339.514,10

2900 - Secretaria Da Seguranca Publica 428.000,00 5.669.253,41 3.146.543,75 2.982.741,99 163.801,76

2950 - Fundo Est. De Seguranca Publica-Funesp 466.000,00 10.000,00 0,00 0,00 0,00

3050 - Fundo Estadual De Ciencia E Tecnologia 5.000,00 5.000,00 0,00 0,00 0,00

4702 - Ag. Goiana De Cult. Pedro L. Teixeira 110.000,00 27.000,00 0,00 0,00 0,00

5001 - Ag.Goiana De Desenv. Rural E Fundiario 368.000,00 368.000,00 0,00 0,00 0,00

5403 - Goiás Turismo-Agência Goiana De Turismo 976.000,00 1.356.501,00 689.502,75 689.502,75 0,00

5501 - Ag. Goiana De Transp. E Obras Publicas 16.332.000,00 8.872.997,41 5.877.956,28 5.877.956,28 0,00

5601 - Ag. Goiana Do Meio Ambiente 10.000,00 8.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 112.585.000,00 71.326.628,92 47.443.190,60 45.260.784,74 2.182.405,86

PPA 2000-2003

Nada consta sobre programas para a RMG

Execução financeira 2003

1746 - Programa Da Regiao Metropolitana De Goiania/Metropole Cidada

Execução financeira 2002

Fonte: Goiás Transparente – 2012.

3. Avaliação da Governança Metropolitana

A avaliação da gestão na RMG e seus impactos, conforme esboçado ao longo texto

permitem algumas conclusões, apresentadas a seguir.

O “arranjo institucional” de gestão da RMG, desde a sua criação, com a LCE nº.

027/1999 propunha-se “a integração dos municípios dela integrantes visando o planejamento

e a execução de funções públicas de interesse comum” (Arts. 2º e 3º).

Para salvaguardar o ordenamento legal, foram previstos vários instrumentos e

instâncias de gestão metropolitana e/ou implementados por lei específica posteriormente, tais

como: Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia – CODEMETRO;

Fundo de Desenvolvimento Metropolitano de Goiânia – FUNDEMETRO; Câmara

Deliberativa de Transportes Coletivos – CDTC; Rede Metropolitana de Transportes Coletivos

– RMTC; Câmara Temática de Uso e Ocupação do Solo – e a elaboração do Plano Diretor de

Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Goiânia (também previsto na

Constituição do Estado de Goiás, de 1989).

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

30

Ao longo dos seus 13 anos de existência, esse “sistema” de gestão metropolitana

passou por várias alterações na composição das diversas instâncias que o compõe (via edição

de leis específicas), e a instituição responsável também foi alterada: inicialmente Secretaria de

Planejamento e Desenvolvimento – SEPLAN, depois Secretaria das Cidades – SECIDADES

e por último, criou-se a Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia –

SEDRMG (2011).

Curioso observar, porém que a única instância de gestão prevista que funciona

ativamente é a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos, que tem sob sua subordinação a

Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC).

Não há registros de realização de reuniões e deliberações do CODEMETRO e/ou

atividades relacionadas ao planejamento das funções de interesse comum entre o Estado e os

municípios da RMG, entretanto, o Conselho realizou no período de 2000 a 2012, duas

cerimônias para posse de seus membros designados nos respectivos decretos nº. 5.193/2000 e

nº. 7.640/2011. Também não há registros de recursos financeiros e movimentação do

FUNDEMETRO. O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da RMG ainda não foi

elaborado, – a RMG ainda não possui o Plano Diretor Metropolitano.

Em suma, o transporte é a única função pública de interesse comum executada no

âmbito da RMG2, desde a década de 80, contando inclusive com o Plano Diretor de

Transporte Coletivo da RMG – PDSTC-RMG – elaborado em 2004, atualizado e aprovado

em 2006, pela CDTC, definido como instrumento executivo orientador da política de

transporte coletivo para toda a Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (Goiânia e mais

17 municípios) da RMG (sistematizado no Programa Metropolitano de Transporte Coletivo –

PMTC).

Um destaque na política metropolitana da RMG é justamente esse Programa

Metropolitano de Transporte Coletivo – PMTC, que, entre outras, incorpora uma estratégia do

Governo Estadual, lançada em 2005, para provisão de tarifa subsidiada aos usuários da Linha

001 – Eixo Anhanguera, operada pela estatal Metrobrus e para as linhas semi-urbanas,

2 Pesquisa da RPDP, CONCIDADES/Ministério das Cidades, e que avaliou 05 municípios da RM de Goiana

(Goiânia, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Trindade e Hidrolândia), já havia constatado “que a única

política com sinergia suficiente para articular os municípios metropolitanos está relacionado à Rede

Metropolitana de Transporte”. In: MOYSÉS, A; BORGES, E. M. e KALLABIS, R. P. Relatório Estadual de

Avaliação dos Planos Diretores Participativos dos Municípios do Estado de Goiás (CD-Rom) In: SANTOS

JR, O. A. e MONTANDON, D. T. (Org.) Os Planos Diretores Municipais Pós-Estatuto da Cidade.

IPPUR/Observatório das Metrópoles/UFRJ/Ministério das Cidades. Ed. Letra Capital, Rio de Janeiro, 2011.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

31

alimentadoras da Linha 001, integrantes da RMTC. Definida como ação CARTÃO

TRANSPORTE CIDADÃO, incluído no Plano Plurianual 2004-2007, com dotação

orçamentária autorizada nas respectivas leis anuais (LDO/LOA).

Analisando os desafios e possibilidades para a gestão metropolitana na RMG, Santos

(2008) apurou em seu trabalho de pesquisa de mestrado, com base em levantamento em

entrevistas com representantes de quatro municípios da RMG: Aparecida de Goiânia, Goiânia,

Senador Canedo e Trindade (os mais conurbados e expressivos) que a ausência de um projeto

político de planejamento urbano desenvolvido para a Região Metropolitana de Goiânia

dificulta a busca de soluções para os vários problemas que afligem a população metropolitana

como: transporte coletivo urbano, violência, habitação, saúde e outros.

Nesta perspectiva, o resultado das entrevistas aponta ser imprescindível a criação e a

instituição de um projeto político de planejamento urbano para a RMG, que possa trazer como

conseqüência prática:

A elaboração de um plano integrado da RMG; A retomada do

CODEMETRO como órgão de gestão dos problemas da RMG; e a

elaboração de planos setoriais de intervenção nas questões de infraestrutura,

transporte, saúde, educação, emprego e renda etc. (Pesquisa de Campo,

Janeiro/2007 – SANTOS, 2008, p. 105-106).

No mesmo sentido, relatório da Assembléia Legislativa Estadual, enfatiza que “os

municípios da RMG não põem em prática o que determina a Lei Complementar n. 27, de 30

de dezembro de 1999, em seu artigo 3º, § II, da cogestão entre os poderes públicos Estadual e

Municipal e a sociedade civil na formulação de planos, programas e execução de projetos,

obras e serviços, para os quais sejam necessárias relações de compartilhamento

intergovernamental dos agentes públicos” (ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO

DE GOIÁS, 2006, p. 2).

Estudo realizado pelo Observatório das Metrópoles na RMG já alertava que “com

exceção de Goiânia, os municípios metropolitanos privilegiavam o planejamento

orçamentário em detrimento ao Planejamento Municipal e as Diretrizes Políticas” (COMO

ANDA A METRÓPOLE GOIANIENSE, 2005, p. 63).

Quase todos os municípios da RMG já elaboraram seus Planos Diretores Municipais

(15 dos 20 municípios), no entanto, conforme mostrado anteriormente, em nenhum deles

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

32

consta planejamento específico dos municípios com o propósito de resolver os problemas

metropolitanos – pois apenas buscam solucionar os problemas de caráter local. Conforme

conclusão da pesquisa do Ministério das Cidades, Rede Planos Diretores Participativos –

RPDP, “a única política com sinergia suficiente para articular os municípios metropolitanos

está relacionado à Rede Metropolitana de Transporte”. Além desta, O Plano Diretor de

Goiânia destaca uma iniciativa na área ambiental, no âmbito do Consórcio Intermunicipal

do Rio Meia Ponte, que, embora inclua outros municípios que não pertencem à região

metropolitana, estabelece “uma pactuação ambiental com o município de Goianira que pode

ser considerada como inserida numa política metropolitana”. 3

Há que se mencionar ainda o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte –

CBMP, de caráter consultivo e deliberativo, que embora não tenha caráter metropolitano – a

bacia hidrográfica compreende a porção centro-sul de Goiás onde estão inseridos 38

municípios goianos – entre os quais, 16 municípios metropolitanos (quase a totalidade da

RMG).

Em síntese, a pesquisa realizada por Santos (2008) apontou como “o principal

problema na RMG”, a falta de um parlamento metropolitano de discussão, planejamento e

propostas de solução para os problemas metropolitanos – por exemplo, todos os entrevistados

afirmaram que o orçamento de seu município não destina verba alguma à Região

Metropolitana de Goiânia. Com relação às funções públicas de interesse comum na RMG, o

estudo também traçou um panorama quanto às principais áreas temáticas – que de modo geral,

não apresentam caráter de gestão metropolitana de forma integrada.

No que concerne ao uso e ocupação do solo e a política habitacional (vale frisar que

embora o CODEMETRO tenha instituído uma Câmara Temática de Uso e Ocupação do Solo,

esta Câmara nunca funcionou ativamente) observa-se que a falta de moradia constitui-se num

dos mais graves problemas social na RMG, sendo mais evidente no núcleo metropolitano –

Goiânia. Todos os representantes dos municípios pesquisados (Trindade, Senador Canedo,

Goiânia e Aparecida de Goiânia) afirmam “existir em seus municípios áreas de posses ou

áreas a serem regularizadas ou em processo de regularização. No entanto, esta situação se

agrava no município de Goiânia, onde o número de posses é mais significativo”.

Neste contexto, também Visconde (2002, p. 63) lembra que Goiânia mesmo surgindo

como espaço planejado,

3 Conforme contatado na Pesquisa da RPDP, CONCIDADES/Ministério das Cidades, Relatório Estadual de

Avaliação dos Planos Diretores Participativos dos Municípios do Estado de Goiás (CD-Rom) Op. Cit.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

33

(...) teve seu crescimento e apropriação do uso do solo muitas vezes sem o

controle do setor público, e cresceu em parte de forma espontânea e

desordenada, direcionada pelos especuladores que nortearam o parcelamento

e a ocupação da cidade, como também de todo seu entorno. Essa área do

entorno apresenta-se sem planejamento e tem a ocupação do solo cada vez

mais espontânea, gerando problemas de ordem física, demográfica, social e

econômica.

A aprovação da Lei Municipal nº. 4.526, de 1971 (Lei de Parcelamento do Solo

Urbano de Goiânia), que impedia a aprovação de loteamentos sem infraestrutura mínima para

fins urbanos em Goiânia, fez com que as terras dos municípios limítrofes de Goiânia

passassem a representar uma opção de parcelamento menos onerosa. Após 1972, o número de

novos loteamentos abertos em Goiânia reduziu-se consideravelmente – e a problemática da

moradia em Aparecida de Goiânia agravou-se, contribuindo para a ação dos incorporadores

imobiliários no município.

Conforme apontamentos da pesquisa realizada por Santos (2008), “setenta por cento

(70%) dos loteamentos existentes em Aparecida de Goiânia foram lançados nos anos 1970,

atribuindo essa situação à política habitacional de Goiânia, onde o governo do Estado e até

mesmo da Prefeitura de Goiânia promoveram assentamentos naquele município.” Situação

que se agravou como resultado da migração da população de outros municípios e também da

migração interna.

Nas palavras de Almeida (2002, p. 143 - 144),

(...) Migrantes pobres e pouco esclarecidos demandam Goiânia, em busca de

lotes, casa, emprego. Vêm de todas as regiões, mas, sobretudo, do interior do

Estado e do Nordeste. E vão parar não em Goiânia, mas nas cidades

periféricas, que ameaçam transformar-se em novas “baixadas fluminenses”

pelo crescimento descontrolado de loteamentos sem a mínima infra-estrutura

urbana e, sobretudo, pela falta de condições de trabalho e emprego para uma

mão-de-obra totalmente desqualificada. Tudo isso agravado pela reinvenção

da velha política demagógica que os imperadores romanos já utilizaram

séculos atrás: passem et circenses.

Com relação ao saneamento ambiental e a questão da água tratada, uma grande

necessidade na RMG – caso mais crítico em Aparecida de Goiânia, está se propondo uma

cogestão com a SANEAGO - Saneamento de Goiás S. A. por meio da terceirização dos

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

34

serviços, a partir da celebração de novo contrato de concessão – que alcança também o

município de Trindade. Entretanto, ainda não existe nenhuma iniciativa que caracterize uma

política metropolitana de saneamento para a RMG.

No que diz respeito à política de saúde, tem-se um grave problema ante a

metropolização de Goiânia. Por exemplo, no município de Trindade, apesar da inauguração

do HUTRIN – Hospital de Urgência de Trindade – que ainda funciona precariamente, a

população tem de deslocar até Goiânia para ter assistência médica. Os habitantes de

Aparecida de Goiânia, embora, tenham recebido o Hospital de Urgência de Aparecida -

HUAPA, que esteve funcionado temporariamente de forma precária por falta de pessoal

(médicos, enfermeiros, e alguns equipamentos), e foi interditado por problemas com a

vigilância sanitária, ainda se vêem obrigados a deslocarem-se para Goiânia, em busca do

atendimento médico. E não se observa a existência de nenhuma diretriz de gestão

compartilhada da saúde entre os municípios da RMG.

Quanto ao movimento pendular na RMG, observa-se que o maior número de

deslocamentos de passageiros de seus municípios de origem tem como destino Goiânia –

grande parte dos quais vive em regiões periféricas, distantes dos locais de estudo (ensino

superior e profissionalizante), trabalho (maior disponibilidade de emprego formal), saúde

(usuários do SUS), e de lazer, demandando a capital em busca destes serviços.

Especificamente quanto à oferta de emprego, o elevado contingente de trabalhadores que

gravitam em torno de Goiânia ainda encontra uma maior concentração de atividades

industriais e estabelecimentos comerciais no Núcleo metropolitano – Goiânia, seguida por

Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, onde concentram também a maior oferta de

emprego e renda, justificando a atração populacional.

Nestes termos, no que tange aos benefícios gerados pela instituição da RMG, para

muitos gestores locais, a metropolização de Goiânia beneficiou, em especial, a capital (o

Núcleo metropolitano) visto que os maiores investimentos são realizados nela, enquanto que

os demais municípios da RMG ficam com os problemas, ou seja, com altos índices de

marginalidade, transporte precário, moradia, saúde, etc.

Todavia, sobre a temática, pesquisa feita pelo Instituto SERPES no Fórum Agenda

Goiás 2005-2015 e Agenda Estadual afirma que “Goiânia sofre com as conseqüências do

fluxo da população dos municípios vizinhos na perspectiva de atendimento das demandas e

serviços aqui oferecidos”, uma vez que os municípios vizinhos não conquistaram sua

autossuficiência e autonomia na gestão dos seus problemas institucionais e administrativos.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

35

E o crescimento das demandas sobre Goiânia tem sido inversamente proporcional à

capacidade de responder as necessidades da população, gerando crescente insatisfação e

exclusão, devido à ausência de planejamento e dificuldades de gestão dos municípios vizinhos

que cada vez mais se tornam dependentes de Goiânia.

3.1. Impactos do Arranjo Institucional na Governança Metropolitana

Tomando como ponto de partida o contexto nacional de expansão da metropolização

institucionalizada no Brasil, a partir da CF de 1988, conjugada ao esvaziamento da questão

metropolitana no campo das políticas públicas, a fragilização e a fragmentação da gestão

destes espaços – o que Costa (2012, pág. 5) denomina de “ambivalente avanço do processo de

metropolização, em suas diferentes facetas”; passamos a analisar o arranjo institucional de

gestão da RMG.

No âmbito da RMG nota-se um “arrojado sistema” de gestão metropolitana,

implementado a partir da LCE nº. 027/1999, composto por vários instrumentos e instâncias de

planejamento e gestão: CODEMETRO; FUNDEMETRO; Câmara Deliberativa de

Transportes Coletivos (CDTC); Câmara Temática de Uso e Ocupação do Solo, e a elaboração

do Plano Diretor Metropolitano, previsto desde a Constituição Estadual de 1989, mas que

ainda não foi elaborado. A atual gestão considera a elaboração do PDRMG uma de suas ações

estruturantes, com previsão orçamentária no PPA 2012-2015 – e neste momento já foi

iniciado o processo para elaboração do Plano pela SEDRMG, tendo sido elaborado o seu

termo de referencia. .

A LC nº. 027/1999 propôs uma complementação das FPIC previstas na Constituição

Estadual de 1989 e novos institutos para a integração da execução dessas FPICs: “concessão,

permissão ou autorização do serviço à entidade estadual, quer pela constituição de entidade de

âmbito metropolitano, quer mediante outros processos que, através de ajustes, venham a ser

estabelecidos”. Todos estes mecanismos normativos e engenharia prevista permitem afirmar

que a RMG tem um bom arranjo institucional de governança metropolitana, mas não tem

Governança – na prática, ainda, não funciona.

Coincidindo, assim, com a tônica das análises em contexto nacional, como foi

constatado por Gouvêa (2005) de que “um aspecto comum a todas as Regiões Metropolitanas

no Brasil é que, apesar de existirem legalmente, na prática elas ainda não funcionam”.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

36

Dentre as razões para tal, Gouvêa destaca a ausência de tradição de cooperação

interinstitucional na formação política e administrativa brasileira, a visão imediatista dos

gestores públicos e os conflitos nas relações entre os entes federativos – principalmente

estados e municípios – devido à dificuldade de acordo entre forças políticas. Além disso, não

existe motivação para identificar os problemas metropolitanos de interesse comum, exceto

quando a gravidade da questão ou a pressão popular exige a articulação municipal.

3.2. Atores e Agentes da Dinâmica Metropolitana

Conforme sintetizado no item anterior, o arranjo institucional de gestão da RMG pode

ser caracterizado como um “arrojado sistema” de governança metropolitana. No entanto, na

prática observa-se que esse “sistema” ainda não funciona, denotando ausência de Governança.

No Brasil, o ideário municipalista preconizado pela CF de 1988, orienta os processos

de descentralização e os modelos de gestão das políticas públicas locais, em detrimento do

desenvolvimento de uma cultura do regional. E em conseqüência, as incipientes práticas para

a gestão de funções públicas de interesse comum, desenvolvidas por conjuntos de municípios,

constituem-se, basicamente, em estratégias no interior de políticas setoriais para o

enfrentamento das ações públicas que transcendem os limites do “local” (Moura 2009).

Esse padrão localista de políticas públicas se evidencia fortemente na RMG que,

embora, ainda não tenha elaborado seu Plano Diretor Metropolitano, e tenha instituído uma

Câmara Temática de Uso e Ocupação do Solo que ainda não funciona ativamente, registra

várias ações de planejamento urbano em nível municipal:

Entre os 20 municípios da RMG, 16 receberam o apoio institucional do Governo

Estadual, inclusive com aporte de recursos através do Programa Cidade pra Gente

(inserido no PPA 2007-2010) – 02 destes, além do apoio estadual receberam recursos

do Ministério das Cidades (OGU/Habitar Brasil); no total 15 municípios possuem

Plano Diretor aprovado em Lei e outros 02 concluíram, mas não editou a Lei;

No tocante ao Plano Habitacional, 19 municípios da RMG receberam recursos do

Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS/SNHIS para elaboração do

seu Plano Local de Habitação de Interesse Social (06 municípios concluídos –

entregues na CAIXA/MCidades; 10 municípios parcialmente; 03 estão elaborando, e

apenas 01 – não consta).

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

37

O Plano Diretor de Goiânia destaca uma iniciativa na área ambiental, no âmbito do

Consórcio Intermunicipal do Rio Meia Ponte, que, embora inclua outros municípios que não

pertencem à região metropolitana, estabelece “uma pactuação ambiental com o município de

Goianira que pode ser considerada como inserida numa política metropolitana”. 4

Além desta iniciativa, o transporte é a única FPIC executada, de fato, em âmbito

metropolitano. A única instância de gestão prevista que funciona ativamente no âmbito da

RMG é a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), tendo como sua

subordinada, e braço executivo, a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos -

CMTC. Nos últimos dois anos foram realizadas cinco reuniões pela CDTC, três em 2011 e

duas em 2012, para deliberar sobre a contratação da Metrobus para operação do Eixo

Anhanguera; alterações contratuais das concessões para realização de investimentos e obras

no sistema e sobre a atualização da tarifa básica, no mês de maio dos respectivos anos.

Quanto ao transporte, vale aqui registrar o Case da Rede Metropolitana de Transportes

Coletivos – RMTC, cujo arranjo de gestão envolve agentes públicos (estadual e municipal) e

privados (empresas por meio de contratos de concessão), que atuam conjuntamente através do

Consórcio RMTC, efetivado em abril de 2009.

A RMTC abrange Goiânia e mais 17 municípios do entorno – com participação do

Governo do Estado de Goiás (25%), da Prefeitura Municipal de Goiânia (50%) e das demais

prefeituras da Região Metropolitana de Goiânia (25%). A rede unifica todas as questões

referentes ao deslocamento de pessoas (vias, terminais, corredores, linhas, trajetos, horários,

forma de integração, tarifa, forma de pagamento e controle), tendo por objetivo assegurar a

“universalidade” do sistema. O Consórcio da RMTC representa a atuação conjunta e

consorciada das concessionárias privadas na operação da Central de Controle Operacional –

CCO5, na prestação do Serviço de Informação Metropolitano – SIM, e nas atividades de

gestão, operação e manutenção dos Terminais de Integração da RMTC.

As empresas concessionárias, vinculadas por meio dos contratos de concessão

(celebrados em 25/03/2008, derivados da Concorrência CMTC nº. 01/2007 e Regulamento

4 Conforme contatado na Pesquisa da RPDP, CONCIDADES/Ministério das Cidades, Relatório Estadual de

Avaliação dos Planos Diretores Participativos dos Municípios do Estado de Goiás (CD-Rom) Op. Cit. 5 A CCO é responsável pelo controle, ponto a ponto, 24 horas por dia, 7 dias por semana, o ano todo, dos 1371

ônibus da Rede. Com função semelhante a um Centro de Controle de Tráfego Aéreo, ela permite uma visão real

da operação, desde o momento em que o veículo sai da garagem até seu retorno. A tecnologia advinda da Volvo,

Suécia, e um investimento de R$50 milhões: o ITS4Mobility composto de diversos serviços e funcionalidades

nas áreas de Controle de Tráfego e Informação ao cliente. Considerada modelo, a CCO recebe visitas técnicas

de gestores de transporte público de vários Estados e até do exterior.

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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Operacional aprovado pelo art. 3º da Deliberação CDTC – RMG nº. 60, de 27/11/2007, e

demais atos normativos baixados pela CDTC-RMG e CMTC), são as responsáveis pela

produção e execução dos serviços ofertados na RMTC, incluindo empresas privadas: Rápido

Araguaia Ltda., HP Transportes Coletivos Ltda., Viação Reunidas Ltda., Cootego –

Cooperativa de Transportes do Estado de Goiás, e a estatal Metrobus Transporte Coletivo

S.A.

Além do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de

Goiânia – SETRANSP – entidade sindical representativa das concessionárias, que é o agente

responsável pela arrecadação tarifária da RMTC através da bilhetagem eletrônica integrada

por meio do Sistema Inteligente de Tarifação de Passagens – SIT-PASS.

Tomado como referência nacional e internacional, o modelo de gestão integrada do

sistema de transportes coletivo implantado na RMG, baseado na bilhetagem eletrônica, a

partir de 2008, e investimento em alta tecnologia (Sistema Inteligente de Transporte), um dos

primeiros a ser implantando no país; tem por finalidade melhorar a qualidade do serviço

oferecido e aumentar a produtividade operacional através de maior regularidade, é apontado

como vantajoso por possibilitar ao passageiro/usuário economia tarifária com a integração de

várias linhas num único bilhete.

O ponto fundamental deste sistema de organização do transporte coletivo recai sobre a

unificação do processo de cobrança da tarifa, efetuado por um cartão denominado SIT-PASS

(Sistema Inteligente de Tarifação de Passagens). Este cartão não é vendido dentro dos ônibus,

e sim em pontos específicos com vendedores credenciados, dando a rede RMTC maior

eficiência no processo de automação de cobrança (ganho de produtividade homem/carro),

maior controle de evasão de receitas (gratuidade/passe estudantil) e maior informação

referente à demanda de passageiros (dados por linha/carro/hora/dia). Ou seja, a estrutura

básica do sistema de transporte coletivo de Goiânia demonstra claramente a priorização da

eficiência de gestão em busca do aumento da lucratividade das empresas participantes da rede

– a lógica de mercado.

3.2.1. Esfera Local

Na esfera local têm-se os vinte municípios integrantes da RMG, com suas

particularidades e problemas locais, mas que integram uma região que reflete conseqüências

que necessitam de uma gestão metropolitana, para isto, até que se efetive de fato o

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

39

CODEMETRO com a criação de câmaras temáticas que representem as principais FPIC para

as discussões e soluções metropolitanas, cada município individualmente, ou em pequenos

grupos, buscam em certa medida o apoio do Estado e do Governo Federal para solução de

questões emergentes.

Como já foi destacada a função transporte é a única com gestão metropolitana, que

tem seu funcionamento e representatividade dos municípios na CDTC e na CMTC. Verifica-

se, portanto, que o sistema de transporte da RMG passou, e passa, por uma série de

investimentos, principalmente no que tange à gestão operacional e de informação aos

usuários.

Para o poder público, o Consórcio RMTC representa a reformulação do modelo de

gestão do transporte na Região Metropolitana de Goiânia, consórcio este que veio para

melhorar a eficiência do serviço à população e para que o transporte fosse tratado de uma

forma única. Gestores da CMTC consideram que a centralização da gestão com a criação do

Consórcio beneficiou o controle e fiscalização pelo poder público, já que a qualquer momento

é possível monitorar qualquer veículo nas ruas.

No entanto, a Região Metropolitana cresceu muito e continua crescendo acima da

média do Estado, e o serviço de transporte coletivo não acompanhou as mudanças de

crescimento da cidade. Como na maioria das capitais brasileiras, em Goiânia a questão da

mobilidade é um fator preocupante, e o transporte público da RMG é deficitário, tendo

experimentado graves crises nos últimos anos.

Não se investiu em infraestrutura, desenvolvimento integrado do uso do solo,

transporte e trânsito. A infraestrutura da cidade não comporta mais tantos ônibus nas ruas e ao

mesmo tempo milhares de carros. A infraestrutura da cidade está comprometida como, o caso

dos pontos de ônibus, não possuírem identificação, vários locais não possuem, sequer,

sinalização de que são pontos para parada de ônibus. O ônibus é o modo mais comum de

transporte coletivo, no entanto, os constantes aumentos tarifários colocam em risco sua

viabilidade para a população usuária.

Pode-se afirmar que há um fosso entre o sistema tecnologicamente bem estruturado do

Consórcio RMTC e o serviço que chega ao usuário nos pontos e terminais de ônibus. Na

opinião do presidente do Conselho Estadual de Trânsito – Cetran (2009) “teoricamente, o

sistema de transporte de Goiânia, do jeito como está configurado, é o melhor do Brasil,

melhor até do que de Curitiba (PR)”, diz Antenor Pinheiro. “O problema é que, na prática,

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

40

não funciona, por falta de infraestrutura”, conclui. Para Antenor o Consórcio da RMTC é

“extremamente bem equipado, com alta tecnologia e um desenho do sistema bem concluído,

(...) mas não adianta nada se a infraestrutura não está preparada. Por que mandar torpedo

informando quantos minutos falta para o ônibus passar no ponto se ele vai ter de disputar

espaço com os carros, por falta de corredores, e terá atrasos, por causa da baixa velocidade?”,

questiona (O Popular – Carla Borges, 2009).

Além da ausência de corredores exclusivos, do excesso de automóveis nas ruas, da

queda gradativa da velocidade média das viagens, da superlotação e de todo o desconforto

enfrentado pelo usuário, soma-se mais um gargalo do transporte coletivo de Goiânia:

fiscalização ineficiente. Segundo a pesquisa Serpes publicada no Jornal O Popular

(01/08/2011), realizada para avaliar e dar uma nota ao transporte coletivo da RMG, numa

escala de 1 a 10, a média ficou em 3,5. Apenas 18% dos que avaliaram concederam nota

superior a 6 e 1% deu nota 10. A realidade do sistema de transporte público da RMG se

reflete na insatisfação do usuário.

Frente ao aumento na demanda por transporte público (passou de 16,5 para 18,5

milhões de passageiros/mês, dados da CMTC, maio/11), uma das opções apresentadas para a

solução do problema é a intervenção urbana de expansão do sistema, por parte do Governo do

Estado, sobretudo, no corredor leste-oeste (Eixo Anhanguera) com a implantação do VLT –

Veículo leve sobre trilhos.

3.2.2. Setor Privado

Com relação ao diferencial do Consórcio RMTC, os gestores são unânimes ao citar

que o maior diferencial é a utilização de alta tecnologia para realização das atividades da

gestão operacional. Eles entendem que a empresa é vista como inovadora no processo de

gestão, como também na utilização de alta tecnologia – exemplos dos serviços acessórios

como WAP, SMS, Internet, Ponto a Ponto (o sistema monitora, em tempo real, 10 corredores

de ônibus e 75 quilômetros de vias da RMG e os ônibus foram equipados com um aparelho

que transmite os dados via satélite); e utilizam o ITS para levar informação em tempo real aos

usuários do transporte.

Quanto ao objetivo da estrutura tecnológica existente na empresa pesquisada, segundo

os gestores do Consórcio RMTC, a principal meta é integrar a gestão operacional,

conquistando a regularidade das linhas, aumento de produtividade e garantir os resultados.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

41

A maior parte dos usuários, no entanto, não está se beneficiando da tecnologia

implantada, bem como das melhorias possíveis para sua qualidade de vida, conforme

constatou Lima (2012) em sua pesquisa.

O fato de quase metade da amostra (41%) ter declarado que não fica sabendo

sobre os horários dos ônibus reforça a importância do quesito “informações

ao usuário” e ao mesmo tempo mostra que o sistema ainda é falho.

Mesmo caso da regularidade e confiabilidade – metade da amostra

respondeu que deixaram de ir a algum lugar por a falta do transporte ou a

falta de linha, podendo-se concluir que ainda existe falha na questão

regularidade e confiabilidade do transporte na visão do usuário.

A maioria dos entrevistados identificou que o usuário não percebe os

benefícios, pois a tecnologia na maioria das vezes resolve os problemas

operacionais, não sendo possível tratar, por exemplo, questões de

infraestrutura (LIMA, 2012, p-59-92).

O diretor-geral do Consórcio RMTC, Leomar Rodrigues, concorda. “Só tecnologia,

ônibus novos e um bom modelo de gestão não são suficientes para atingirmos o resultado

esperado pelo usuário”, diz. “O grande pecado é a falta de investimentos em infraestrutura

pública”, complementa. Entre esses investimentos necessários, Leomar aponta a identificação

dos pontos e obras em pontos de ônibus, corredores para o transporte coletivo e adequações

nos terminais de ônibus existentes. “O Terminal da Praça A, por exemplo, foi concebido para

20 mil usuários e hoje recebe em torno de 70 mil diariamente” (O Popular – Carla Borges,

2009).

3.2.3. Sociedade Civil Organizada

A mobilidade urbana na RMG na última década, com seus 2.173 milhões de

habitantes e uma frota de veículos de 1(um) milhão de automóveis registrados somente na

Capital, vem mostrando sérios gargalos e causando muito transtorno a população, despertando

a atenção de vários segmentos da sociedade.

Um exemplo é o Fórum de Mobilidade Urbana de Goiânia, iniciativa da

Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI) e que tem como objetivo

contribuir com projetos que melhorem a qualidade de vida na capital. Entre os desafios

propostos pelo Fórum está a implantação do Plano Diretor de Goiânia, que prevê uma

completa infraestrutura para toda a rede viária.

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

42

Como ações, o Fórum propõe contribuir para efetivação dos projetos BRT Norte e Sul

e do VLT Eixo Anhanguera – juntos, BRT, VLT e corredores somarão 146,3 km de eixos

integrados, que devem melhorar a velocidade média de circulação dos ônibus em pontos

críticos e dar maior agilidade ao tráfego.

Durante a abertura oficial da Semana Nacional de Transito em Goiânia, no dia 18 de

setembro de 2012, foi lançado o Manifesto pela Melhoria da Mobilidade 2012, com sete

reivindicações: melhorar o transporte coletivo, priorizar o pedestre, garantir infraestrutura

para os ciclistas, regular os estacionamentos, melhorar o trânsito e reduzir os acidentes,

implantar projetos estruturantes para o transporte coletivo (BRT e VLT) e planejar a

mobilidade urbana.

Apoiado por dezenas de instituições e entidades da sociedade civil, como a UFG,

PUC-GO, UEG, IFG, Saneago, Setransp, SECIDADES, DETRAN, Fórum de Mobilidade,

Instituto Cidade, Metrobus, CMTC; o manifesto propõe uma reflexão quanto aos prejuízos

provocados pelo modelo existente na Região Metropolitana de Goiânia, que prioriza o

transporte individual, “que é socialmente injusto e que, em curto prazo, levará a uma crise de

mobilidade”.

Visando avaliar qualitativamente a política metropolitana na RMG, foi realizada uma

pesquisa de opinião, entre janeiro e fevereiro de 2013, com alguns dos principais atores que

representam os setores públicos, privados e da sociedade civil organizada e que participam da

gestão e governança metropolitana na RMG. Foi utilizado um roteiro com questões sugeridas

e elaboradas pelo IPEA no âmbito da pesquisa Governança Metropolitana para os três setores

citados.

Para realização da pesquisa foram identificados 45 nomes que representam os três

setores citados, no setor público além dos vinte prefeitos que compõem a RMG,

consideraram-se outros nove atores públicos; no setor privado quatro atores que representam

áreas importantes para gestão e governança metropolitana; e da sociedade civil organizada

doze atores. Algumas das dificuldades encontradas para realização da pesquisa, e,

consequentemente do retorno dos roteiros, estão relacionadas às eleições municipais (novos

prefeitos), impossibilidade de agenda dos atores para entrevista e o tempo para retorno dos

roteiros. A seguir foram sistematizadas as respostas considerando os retornos recebidos até o

momento (março/2013), sete do setor público, apenas dois são de municípios Aparecida de

Goiânia e Terezopólis de Goiás; dois do setor privado e três da sociedade civil organizada,

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

43

mesmo assim, os resultados confirmaram as discussões levantadas anteriormente sobre a

governança e gestão metropolitana da RMG – algumas respostas foram reproduzidas na

íntegra e apresentadas juntamente com a sistematização dos dados a seguir.

I. Instâncias de Gestão

Os atores selecionados para as entrevistas sobre a Governança Metropolitana na

amostra da RMG, responderam conhecer/participar das seguintes instâncias: Setor público:

CDTC (37%); CODEMETRO (31%); Fórum da Mobilidade (8%); Associação dos Prefeitos

SETOR PÚBLICO

Instâncias de Gestão: conhece ou participa

de alguma instância de gestão da RMG

CODEM ETRO

31%

CDTC

37%

CM TC

8%

Fórum

M obilidade

Urbana RM G

8%

Associação

dos Prefeitos

da RM G

8%

Não conhece,

não participa

8%

SETOR PRIVADO

Instâncias de Gestão: conhece ou

participa de alguma instância de gestão da

RMG

CDTC

25%

CMTC

25%

Fórum

Mobilidade

Urbana

RMG

25%

LC nº.

027/1999

25%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Instâncias de Gestão: conhece ou participa

de alguma instância de gestão da RMG

CMTC

25%

Fórum

Mobilidade

Urbana

RMG

50%

CODEMETRO

25%

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

44

da RMG (8%) e Não participam (8%). Os atores do setor privado destacaram a CDTC;

CMTC; Fórum da Mobilidade e LC 027/1999. Da Sociedade Civil Organizada foram citados

a CMTC e o Fórum da Mobilidade. Em geral, as instâncias mais citadas pelos entrevistados e

as mais reconhecidas foram o Fórum da Mobilidade da RMG, a CMTC, a CDTC e o

CODEMETRO. O Fórum de Mobilidade Urbana da RMG foi criado em 2010. O Fórum

adota como objetivo geral promover a integração entre as entidades, que possuem

legitimidade e qualificação, na busca por um processo efetivo de melhoria da mobilidade na

RMG, contribuindo com uma mudança de paradigma, com a sustentabilidade e com a

qualidade de vida nesta região. “O Fórum procura agir especificamente no tema mobilidade

urbana, e já conseguiu, nos 3 anos de existência, articular discussões e projetos importantes de

impacto na RMG”.

Quando perguntados se conheciam o funcionamento da instância de gestão da qual

conhecem ou participam, os entrevistados responderam por quase unanimidade ter

conhecimento – apenas no Setor público 14% dos entrevistados responderam “não conhecer”.

Cabe destacar o reconhecimento dos entrevistados sobre a importância de reativação do

CODEMETRO como instância de gestão e governança metropolitana da RMG, através da

implantação e efetivação das câmaras temáticas previstas, das quais a que funciona é a de

transporte, “o que não significa que o problema do transporte metropolitano tenha sido

equacionado”.

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

45

II. Arranjos de Gestão

Com relação ao arranjo de Gestão na RMG, entre os atores do setor público (gestão

prática da RMG) houve certa unanimidade quanto ao papel desempenhado pela CDTC (57%

das respostas) – outros 29% responderam que “ainda não existe” e 14% que “não conhece”.

No setor privado ao responderam como o setor pode contribuir para o desenvolvimento da

RMG as opções apresentadas foram: com “investimentos diretos” e com “Projetos”. E com

integrantes da Sociedade Civil Organizada, quando perguntados se existe participação da

sociedade civil na gestão da RMG todos os entrevistados disseram que “não”. “A participação

social contribuiria para equacionar muito dos problemas. Pelo menos aumentaria a

consciência coletiva sobre os gargalos a serem superados. A falta de participação social

SETOR PÚBLICO

Instância de Gestão: conhece o

funcionamento das instâncias de gestão

metropolitana citadas

conhece

86%

não

conhece

14%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Instância de Gestão: conhece o

funcionamento das instâncias de gestão

metropolitana citadas

conhece

100%

não

conhece

0%

SETOR PRIVADO

Instância de Gestão: conhece o

funcionamento das instâncias de gestão

metropolitana citadas

conhece

100%

não

conhece

0%

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

46

prejudica o sentimento de pertencimento, na medida em que este sentimento é importante para

construir uma identidade metropolitana”.

Sobre as estruturas e arranjos que consideram relevantes por propiciarem a

participação social na gestão da RMG, os entrevistados responderam: Setor Público:

CODEMETRO (14%); Consórcios (14%); Concessionárias de serviço público (14%) e Não

citou (58%). O setor privado citou a SEDRMG; CMTC e que não conhece. Da Sociedade

Civil Organizada foram mencionados o CODEMETRO e o Fórum da Mobilidade. Apesar da

diversidade das respostas apresentadas sobre os arranjos de gestão da RMG, há uma

convergência para o entendimento da relevância do CODEMETRO.

SETOR PÚBLICO

Arranjos de Gestão: Gestão da RMG na

prática

CDTC

57%

ainda não

existe

29%

não

conhece

14%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Arranjos de Gestão: existe particpação

social na gestão da RMG

sim

0%

não

100%

SETOR PRIVADO

Como o setor pode contribuir para o

desenvolvimento da RMG

Projetos

67%

Investiment

os diretos

33%

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

47

Quanto à legislação, perguntou-se aos integrantes do Setor Público e da Sociedade

Civil Organizada se a mesma é adequada, os atores do Setor Público, consideram a legislação

parcialmente adequada, destacaram as necessidades de atualização e revisão da legislação, e

apontaram também a necessidade de definições legais sobre a gestão metropolitana. Os atores

da Sociedade Civil Organizada também a consideram parcialmente adequada, pois a mesma

não prevê a participação da sociedade civil. Ao Setor Privado perguntou quais arranjos

institucionais contribuem para realização de investimentos na RMG, foram citados os

seguintes arranjos institucionais: Fórum da Mobilidade; Consórcio RMTC e SETRANSP.

SETOR PÚBLICO

Estruturas e arranjos relevantes

CODEMETR

O

14%

Consórcios

14%Não citou

58%Concessioná

rias

serviços

públicos

14%

SETOR PRIVADO

Arranjos de Gestão: Estruturas e arranjos

relevantes

SEDRMG

34%

CMTC

33%

não

conhece

33%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Arranjos de Gestão: Estruturas e arranjos

que propiciam a participação social

Codemetro

25%

Fórum

Mobilidade

Urbana

RMG

25%

Movimento

s sociais

25%

Universidad

es e

Pesquisador

es

25%

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

48

III. Articulações para gestão metropolitana na RMG

Em termos de articulações relevantes para a gestão metropolitana na RMG, os atores

da Sociedade Civil Organizada consideram o CODEMETRO e o Fórum da Mobilidade,

“considero a estrutura do CODEMETRO relevante e coerente. Se esta estrutura fosse ativada

seria um importante canal de articulação da sociedade civil”. Entre os atores do Setor Privado

destacaram o SETRANSP; Projeto BRT Norte-Sul; Projeto PPP VLT; as Federações do

Comércio e das Indústrias e o Fórum da Mobilidade.

SETOR PÚBLICO

Arranjos de Gestão: A legislação é adequada

sim

0%não

14%

parcial

72%

não

respondeu

14%

SETOR PRIVADO

Arranjos institucionais que contribuem para

investimentos na RMG

Fórum

Mobilidade

Urbana

34%

SETRANSP

33%

Consórcio

RMTC

33%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Arranjos de Gestão: Legislação é adequada

sim

0%

não

0%

parcial

100%

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

49

Sobre os instrumentos de planejamento e gestão que contribuem para a gestão

metropolitana na RMG as respostas foram bastante pulverizadas. No Setor Público

apontaram: as Leis; a SEDRMG; os Planos Diretores dos Municípios; os Conselhos

Temáticos; o Plano Diretor de Transporte e as Entidades de Classe e Sindicatos. Os

representantes do Setor Privado indicaram: os Planos Diretores municipais. Para a Sociedade

Civil Organizada, são: FUNDEMETRO; CODEMETRO; SEDRMG e Fórum da Mobilidade.

De fato, há uma convergência para estrutura e funcionamento do CODEMETRO, aliado ao

planejamento e a criação de uma secretaria (SEDRMG) de Estado para desenvolvimento da

RMG.

SETOR PRIVADO

Articulações para governança metropolitana

Fórum

Mobilidade

Urbana RMG

16%

Federação

das

Indústrias GO

16%

Federação

do Comércio

GO

17%

SETRANSP

17%

Projeto PPP

VLT

17%

Projeto BRT

Eixo Norte-

Sul

17%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Articulações para governança metropolitana

CODEMETRO

67%

Fórum

Mobilidade

Urbana RMG

33%

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

50

Os atores selecionados para as entrevistas quando perguntados sobre quais

instrumentos de planejamento não existem e deveriam ser elaborados para a RMG,

responderam: Setor Público: Plano Diretor Metropolitano; Setor Privado: Plano Diretor

Metropolitano e Plano Diretor de Mobilidade Urbana; Sociedade Civil Organizada: Plano

Diretor Metropolitano; Pesquisa de Origem e Destino e Base de dados dos municípios – SIG.

Dizem os entrevistados “na prática não existe em funcionamento nenhum instrumento de

planejamento e gestão da Região Metropolitana de Goiânia. O que existe são ações isoladas,

com destaque para a questão do transporte coletivo”.

SETOR PÚBLICO

Instrumentos de planejamento e gestão

Leis

20%

Plano

Diretor

Municípios

10%

Plano

Diretor de

Transporte

10%

SEDRMG

20%

Entidades

de Classe e

Sindicatos

10%

Conselhos

Temáticos

10%

Nenhum

20%

SETOR PRIVADO

Instrumentos de planejamento e gestão

Plano

Diretor

dos

municípios

50%

não

respondeu

50%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Instrumentos de planejamento e gestão

Fórum

Mobilidade

Urbana RMG

14%

Secretaria

Metropolina

14%

Consórcio

RMTC

14%CMTC

14%

CODEMETR

O

30%

FUNDEMETR

O

14%

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

51

IV. Funções Públicas de Interesse Comum

Sobre as FPIC que se destacam por experiências relevantes na RMG, houve certa

convergência nas respostas de ambas as esferas apontando a função transporte como destaque

na gestão metropolitana. Porém, enfatizaram que “apesar das fragilidades as articulações em

torno do transporte coletivo é uma experiência relevante, mas insuficiente já que os desafios

que se colocam cotidianamente vão para além dos transportes coletivos”. Os setores, público e

da sociedade civil, também destacaram a ausência de articulações em torno de algumas FIPC,

tais como: saúde, segurança pública, educação, saneamento básico, questões ambientais.

SETOR PÚBLICO

Instrumentos de planejamento e gestão

que não existem

Plano

Diretor RMG

43%Sem

resposta

57%

SETOR PRIVADO

Instrumentos de planejamento e gestão

que não existem

Plano

Diretor

Mobilidade

Urbana

50%

Plano

Diretor RMG

50%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Instrumentos de planejamento e gestão

que não existem

Plano

Diretor

Metropolita

no

34%

Base de

dados

municípios -

SIG

33%

Pesquisa

de Origem

e Destino

33%

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

52

Indagados sobre os tipos de articulações que existem para a gestão de tais FPIC na

RMG responderam: Setor Público: SEDRMG; CODEMETRO e Políticas; Setor Privado:

SEDRMG; Consórcio RMTC; SETRANSP; CDTC e CMTC. Interessante observar que na

opinião dos atores que representam os três setores não há uma concordância comum entre eles

sobre as articulações existentes para gestão das funções destacadas. “A meu ver não existe

esta articulação. O fato das Câmaras Setoriais nunca ter sido implementadas, evidencia a falta

de interesse político na sua implantação. Este fato, enquanto existir vai dificultar o

encaminhamento de estratégias de articulação política (prefeitos), técnicos (servidores

municipais) e social (atores da sociedade civil)”.

SETOR PÚBLICO

FPIC que se destacam na gestão da RMG

Não existe:

Saúde,

Segurança

Pública,

Saneamento

Básico

33%

Transporte

34%

sem

resposta

33%

SETOR PRIVADO

FPIC que se destacam na gestão da RMG

Transporte

50%

sem reposta

50%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

FPIC que se destacam na gestão da RMG

Transporte

75%

Não existe:

Segurança

Pública,

Saúde,

Educação

25%

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53

V. Indicação de Atores chave

Em termos de indicação de atores que considera importante para a Gestão da RMG,

tendo em vista o papel estratégico dos setores público, privado e sociedade civil organizada –

houve a seguinte distribuição de respostas: Setor Público predominou nas opiniões dos

entrevistados os atores públicos; do Setor Privado, a sociedade civil e o setor privado; e

Sociedade Civil Organizada na opinião dos entrevistados prevaleceu o setor público e a

sociedade civil.

SETOR PÚBLICO

Articulações existentes para

gestão das FPIC na RMG

CODEME

TRO

14%

POLÍTIC

AS

14%

SEDRMG

29%

sem

resposta

43%

SETOR PRIVADO

Articulações existentes para

gestão das FPIC na RMG

CDTC

16%

CMTC

16%

SEDRMG

17%

SETRANS

P

17%

Consórci

o RMTC

17%

sem

resposta

17%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Articulações existentes para

gestão das FPIC na RMG

não

existe

33%

CMTC/C

DTC

33%

Legislaç

ão

34%

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54

VI. Orçamento e Financiamento

Sobre a existência de programas no orçamento municipal/estadual destinados à

resolução dos problemas da Região Metropolitana de Goiânia, questão dirigida aos

representantes do Setor Publico, dentre os quais 43% disseram que existem programas no

orçamento que se destinam às questões metropolitanas, as principais fontes de orçamento para

a gestão da RMG indicadas foram: OGE; OGU e BID/BIRD/BNDES. Tais programas e ações

com recursos para RMG estão concentrados nas áreas de Transporte e Meio Ambiente.

SETOR PÚBLICO

Atores importantes para gestão RMG

Setor

Público

37%

Setor

Privado

18%

Sociedad

e Civil

Organiza

da

18%

sem

resposta

27%

SETOR PRIVADO

Atores importantes para gestão RMG

Setor

Público

20%

Setor

Privado

40%

Sociedad

e Civil

Organiza

da

40%

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Atores importantes para gestão RMG

Setor

Público

40%

Setor

Privado

20%

Sociedade

Civil

Organizada

40%

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55

VII. Áreas de Investimento

Procurando saber quais as áreas concentram os investimentos estratégicos para a

RMG, do ponto de vista dos atores do Setor Privado, são: Transporte/Mobilidade urbana;

Parques e outros, distribuídos entre as áreas de educação/saúde/habitação/segurança pública.

E quanto às dificuldades para realização dos investimentos, apontaram: Culturais;

Políticas; Limitações recursos Estado/Municípios e Captação de recursos.

SETOR PÚBLICO

Existem programas no orçamento

que se destinam à RMG

sim

43%

não

14%

sem

resposta

43%

SETOR PÚBLICO

Principais fontes de orçamento para

ações metropolitanas

OGE

37%

OGU

25%

BID, BIRD,

BNDES

25%

sem

resposta

13%

desconhec

e

0%

SETOR PÚBLICO

Áreas que concentram ações com

recursos para RMG

Transporte

29%

Meio

Ambiente

29%

sem

reposta

42%

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Governança Metropolitana no Brasil – RELATÓRIO 1.1

Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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3.3. Considerações Finais

O arranjo formal de gestão metropolitana da Região Metropolitana de Goiânia

instituído a partir da sua criação pela Lei Complementar nº. 027/1999 é composto por várias

instâncias e instrumentos de planejamento: CODEMETRO; FUNDEMETRO; Câmara

Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC); Câmara Temática de Uso e Ocupação do

Solo, e o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Goiânia

(previsto na Constituição Estadual de 1989).

Ao longo dos seus 13 anos de existência, esse “sistema” de gestão metropolitana

passou por várias alterações na composição das diversas instâncias que o compõe (via edição

de leis específicas) e a instituição responsável também foi alterada: inicialmente Secretaria de

Planejamento e Desenvolvimento – SEPLAN, depois Secretaria das Cidades – SECIDADES

e por último, criou-se a Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia –

SEDRMG (2011).

O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana (CODEMTRO) foi

previsto para funcionar a partir de Câmaras Temáticas para as funções públicas de interesse

comum consideradas na lei. Foram implementadas duas Câmaras Temáticas: a Câmara de

Uso e Ocupação do Solo e a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) – porém,

apenas a CDTC foi instalada e funciona ativamente, tendo sob sua subordinação a Companhia

Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC).

SETOR PRIVADO

Áreas de investimentos estratégicos para

RMG

Parques

25%

Transporte/

Mobilidade

Urbana

50%

Importantes:

educação,

saúde,

habitação,

segurança

pública

25%

SETOR PRIVADO

Dificuldades para realização dos

investimentos

Captação

recursos

25%

Culturais

25%

Políticas

25%

Limitações

recursos

Estado e

Municípios

25%

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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Para completar o arranjo institucional da RMG foi constituído o Fundo de

Desenvolvimento Metropolitano de Goiânia (FUNDEMETRO), por meio de decreto estadual

nº. 5.192/2000 – no entanto, não há registros de recursos financeiros e/ou movimentação do

FUNDEMETRO. Atualmente o FUNDEMETRO é gerido pela Secretaria de

Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia (SEDRMG).

A única FPIC com gestão efetiva, o transporte e que vem sendo administrado pela

CMTC e pelo Consórcio RMTC – Rede Metropolitana de Transportes Coletivos; evidencia

um imponente arranjo de gestão envolvendo setor público (Estado e Municípios) e privado

(várias empresas por meio de contrato de concessão) na oferta de um serviço pautado numa

estratégia tecnológica avançada, que demonstra claramente a priorização da eficiência de

gestão em busca do aumento da lucratividade das empresas participantes da rede – a lógica de

mercado.

Todavia, como na maioria das capitais brasileiras, em Goiânia a questão da

mobilidade é um fator preocupante, e a oferta de transporte público da RMG é deficitária,

tendo experimentado graves crises nos últimos anos.

O planejamento da atual gestão estadual (2011-2014) está consolidado no Plano de

Ação Integrada de Desenvolvimento – PAI, que é uma integração dos principais programas

do PPA 2012-2015 cuja execução receberá as prioridades da Administração Pública. A

SEDRMG teve dois programas considerados subordinados a dois programas integradores do

PAI: o Programa de Implantação do VLT e o Programa de Desenvolvimento integrado da

Região Metropolitana de Goiânia.

A principal opção, para a solução do problema do transporte público na RMG,

apresentada por parte do Governo do Estado, é a intervenção urbana de expansão do sistema,

sobretudo, no corredor leste-oeste (Eixo Anhanguera) com a implantação do VLT

(envolvendo investimento estimado de R$ 1,3 bilhão por meio de PPP, e que propõe além da

construção de trilhos na superfície, uma ousada iniciativa de requalificação urbana) – projeto

justificado sob a premissa de proporcionar inúmeros ganhos aos usuários: aumento da

capacidade de transporte (o dobro do número de passageiros) a uma velocidade duas vezes

superior ao transporte atual (o que resultará na redução, pela metade, do tempo do trajeto).

Não obstante, o projeto do VLT vem sendo recebido pela sociedade com certa

apreensão, devido, entre outros fatores: aos impactos ambientais da obra; aos impactos no

trânsito; e à questão tarifária – uma vez que o custo operacional do VLT é maior que do

transporte convencional (o poder público promete continuar bancando um subsídio

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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correspondente a diferença no valor da tarifa sobre a do sistema convencional). De modo

geral, questiona-se se a construção do VLT Eixo Anhanguera e os altos investimentos

necessários é a melhor solução para o problema do transporte público da Região

Metropolitana de Goiânia.

Além do transporte, a única iniciativa com caráter de política metropolitana é na área

ambiental no âmbito do Consórcio Intermunicipal do Rio Meia Ponte, que embora envolva

outros municípios não integrantes da RMG estabelece uma pactuação ambiental entre Goiânia

e Goianira – enfocada como política metropolitana reconhecida no Plano Diretor de Goiânia.

No mesmo sentido, há o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte – CBMP, de

caráter consultivo e deliberativo, que embora não tenha caráter metropolitano, a área de

abrangência da hidrografia envolve 16 municípios da RMG, num total de 38 municípios do

centro-sul de Goiás.

Em termos de articulação relevante entre atores e agentes da dinâmica metropolitana

da RMG destaca-se o Fórum de Mobilidade Urbana de Goiânia, iniciativa da Associação

das Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI) e que tem como objetivo contribuir com a

melhoria da mobilidade urbana, impulsionando a efetivação dos projetos BRT Norte e Sul e

do VLT Eixo Anhanguera, entre outros.

Entretanto, não se verifica uma “cultura do regional” na RMG, os atores sociais,

políticos e os agentes econômicos não se reconhecem neste arranjo institucional de gestão

metropolitana. Todos os entrevistados na pesquisa Governança Metropolitana/IPEA quando

perguntados se existe participação da sociedade civil na gestão da RMG disseram que “não”.

“A participação social contribuiria para equacionar muito dos problemas. Pelo menos

aumentaria a consciência coletiva sobre os gargalos a serem superados. A falta de

participação social prejudica o sentimento de pertencimento, na medida em que este

sentimento é importante para construir uma identidade metropolitana”.

Os atores da Sociedade Civil Organizada consideram o CODEMETRO e o Fórum da

Mobilidade como as instâncias de articulações mais relevantes para a gestão metropolitana na

RMG, e que se a estrutura do CODEMETRO “fosse ativada seria um importante canal de

articulação da sociedade civil”.

O arranjo institucional identificado na RMG ainda não cumpre o papel da gestão

metropolitana, seja por falta de funcionamento das câmaras temáticas; por questões políticas;

por falta de uma cultura regional/metropolitana; por falta de participação social; por falta de

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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prioridades, de programas, de ações e de recursos destinados para as questões metropolitanas.

Por outro lado, as outras articulações no âmbito metropolitano destacadas vêem contribuindo

para gestão metropolitana através do planejamento de transportes (PDSTC-RMG), projetos

viários, investimentos e discussões com a sociedade civil organizada.

Em síntese, apesar de existir estrutura institucional e arcabouço legal bastante

abrangente, é possível avaliar a governança metropolitana da RMG como frágil. Fatos como a

criação da SEDRMG em 2011, a reativação do CODEMETRO em dezembro de 2012, o

início do processo para elaboração do PDRMG em 2013, gera perspectivas otimistas quanto

ao fortalecimento da gestão e governança metropolitana da RMG, vislumbrando, entre outras,

a possibilidade de implementação das câmaras temáticas e de efetivação da participação

social neste arranjo institucional.

4. Equipe e Colaboradores

Lucelena Fátima de Melo – Coordenadora do Projeto Governança Metropolitana no

Brasil/Ipea, em Goiás.

Débora Ferreira da Cunha - Pesquisadora do Projeto Governança Metropolitana no

Brasil/Ipea, e professora na FCS da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Juheina Lacerda Ribeiro Viana - Pesquisa do Projeto Governança Metropolitana no

Brasil/Ipea

Colaboração

Elcileni de Melo Borges - IESA/UFG e pesquisadora do Observatório das Metrópoles

(Núcleo Goiânia).

Elayne Freitas Gomes Caetano – Técnica da SEDRMG

Lucio Warley Lippi – Técnico da SEDRMG

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Arranjos Institucionais de Gestão Metropolitana

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