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FUNDAÇÃO DOM CABRAL PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS PROJETO APLICATIVO PLATAFORMA DIGITAL DE COMPARTILHAMENTO DE ESPAÇO OCIOSO EM VEÍCULOS DE CARGA Adilson Finger Fernando Marini Gustavo Afonso Bernardini Jose Antonio Cincos Junior Lucas Dauvel da Silva Mottin Thais Bandeira Cardoso Porto Alegre 2018

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FUNDAÇÃO DOM CABRAL

PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS

PROJETO APLICATIVO

PLATAFORMA DIGITAL DE COMPARTILHAMENTO DE ESPAÇO OCIOSO EM VEÍCULOS DE CARGA

Adilson Finger

Fernando Marini Gustavo Afonso Bernardini Jose Antonio Cincos Junior

Lucas Dauvel da Silva Mottin Thais Bandeira Cardoso

Porto Alegre 2018

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ADILSON FINGER FERNANDO MARINI

GUSTAVO AFONSO BERNARDINI JOSE ANTONIO CINCOS JUNIOR

LUCAS DAUVEL DA SILVA MOTTIN THAIS BANDEIRA CARDOSO

PLATAFORMA DIGITAL DE COMPARTILHAMENTO DE ESPAÇO OCIOSO EM VEÍCULOS DE CARGA

Projeto apresentado à Fundação Dom Cabral como requisito parcial para a conclusão do Programa de Especialização em Gestão de Negócios.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________ Prof. Carlos Renato Seabra de Almeida

______________________________________ Profa. Estela Aparecida Biancchardi Jacomette

Porto Alegre, 02 de abril de 2018.

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FINGER, Adilson; MARINI, Fernando; BERNARDINI, Gustavo Afonso;

CINCOS, José Antonio Junior; MOTTIN, Lucas Douvel da Silva; CARDOSO, Thais

Bandeira. Plataforma digital de compartilhamento de espaço ocioso em veículos

de cargas. Projeto Aplicativo. Programa de Especialização em Gestão de Negócios.

Fundação Dom Cabral, 2018.

RESUMO

Palavras-chave: logística; compartilhamento; frete; economia compartilhada;

carga; ociosidade; compartilhamento de veículo.

O transporte no Brasil, há anos, encontra-se em desequilíbrio, o que faz o custo

logístico do país ser um dos mais ineficientes e caros do mundo. Isso se deve ao foco

nos investimentos em apenas um dos modais de transporte no último século, o modal

rodoviário, que concentra mais de 60% do volume de cargas que circulam no país.

Mesmo sendo priorizado por todo esse tempo, o setor de transporte rodoviário de

cargas vem sofrendo com a ociosidade dos veículos e com o alto custo para manter

rotas com poucas demandas ativas. A busca por um melhor aproveitamento dos

veículos de carga e pela redução de custos operacionais vem, cada vez mais, sendo

debatida, pois, no cenário volátil de hoje, mais do que acompanhar tendências, as

empresas precisam se manter competitivas. Um dos maiores movimentos do

mercado atual chama-se economia compartilhada, que é o compartilhamento de

recursos para gerar economia de escala. Esse estudo apresenta bases conceituais

no que diz respeito à relação do transporte rodoviário de cargas com essas novas

tendências, traçando um paralelo entre o que há de mais estudado em gestão e

estratégia empresarial com conceitos de economia compartilhada. Por meio de

pesquisas qualitativas, entrevistas e benchmarking, este trabalho buscou entender

se existe uma ociosidade representativa de espaços em veículos rodoviários de

carga, e se há o interesse em compartilhá-los por parte das empresas. Assim, foi

possível entender como as empresas de transporte rodoviário de cargas lidam com

o compartilhamento de espaço ocioso em seus veículos de carga, e apresentar um

modelo conceitual de uma plataforma digital que interliga negócios de compra e

venda de espaços ociosos em veículos de carga.

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FINGER, Adilson; MARINI, Fernando; BERNARDINI, Gustavo Afonso;

CINCOS, José Antonio Junior; MOTTIN, Lucas Douvel da Silva; CARDOSO, Thais

Bandeira. Digital platform for space sharing in cargo vehicles. Application Project for

Degree in the Business Management Specialization Program. Dom Cabral

Foundation, 2018.

ABSTRACT

Key Words: logistics; freight; vehicle sharing; sharing; sharing economy; cargo.

For years, transportation in Brazil has been in imbalance, which makes the country's

logistic cost one of the most inefficient and expensive in the world. This is due to the

focus on investments in only one of the modalities of transportation in the last century,

the road modal, which concentrates more than 60% of the volume of cargo that

circulates in the country. Even though it has been prioritized for all these years, the

road freight transportation sector has been suffering from the vehicles idleness and the

high cost to maintain routes with few active demands. The search for a better utilization

of cargo vehicles and for reducing operational costs has been highly debated, because

in today's volatile market, more than following trends, companies must remain

competitive. One of the largest movements of today's market is the so-called sharing

economy, which is the sharing of resources to generate scale economy. This study

presents a conceptual basis regarding the relation of road freight transport with these

new trends, drawing a parallel between the most common management and business

strategy studies with concepts of sharing economy. Through qualitative research,

interviews and benchmarking, this work tries to understand if there is a representative

idleness of spaces in road cargo vehicles, and if the transport companies would be

interested in sharing them. Thus, it was possible to understand how road transport

companies deal with the sharing of idle space in their cargo vehicles, and to present a

conceptual model of a digital platform that interlinks business of buying and selling idle

spaces in cargo vehicles.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Evolução Rodovias x Ferrovias. ............................................................... 33

Gráfico 2: Variação acumulada PIB brasileiro X PIB transporte ............................... 35

Gráfico 3: Faturamento das empresas participantes pesquisa ................................. 36

Gráfico 4: Proporção da frota própria x terceirizada ................................................. 37

Gráfico 5: Viagem com veículo ocioso ..................................................................... 37

Gráfico 6: Compartilhamento espaço ocioso em veículos em rota ........................... 38

Gráfico 7: Compartilhamento x Volume total embarcado ......................................... 38

Gráfico 8: Frequência mensal de compartilhamento ................................................ 39

Gráfico 9: Estratégia para administrar viagens com espaço ocioso ......................... 39

Gráfico 10: Mercado estruturado proporciona uma maior utilização na estratégia ... 40

Gráfico 11: Oferta de volume de cargas em rotas não atendidas............................. 40

Gráfico 12: Compartilhamento de armazéns ............................................................ 41

Gráfico 13: Compartilhamento de ativos .................................................................. 42

Gráfico 14: Pontos relevantes para rejeição ............................................................. 42

Gráfico 15: Mapa de influência e importância dos stakeholders............................... 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Boletim estatístico de rodovias de abril de 2018 ...................................... 14

Tabela 2: Estado geral das rodovias ........................................................................ 14

Tabela 3: Vendas nacionais, pelas distribuidoras, dos principais derivados de

petróleo – 2007-2016 ............................................................................................... 19

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Resumo da evolução da infraestrutura viária brasileira. ............................ 34

Figura 2: Ilustração dos pilares estratégicos do modelo conceitual. ......................... 46

Figura 3: Resumo das conexões geradas pela plataforma digital ............................ 47

Figura 4: Fluxo de operação das funcionalidades. ................................................... 48

Figura 5: Organograma circular da ferramenta 5W2H .............................................. 53

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Comparativo custo x benefício ao cliente do TRC Brasil x EUA .............. 21

Quadro 2: Empresas de ontem x empresas de hoje e amanhã ................................ 25

Quadro 3: Visão geral das empresas estudadas. ..................................................... 45

Quadro 4: Cronograma do projeto ............................................................................ 51

Quadro 5: Planos de riscos do projeto. .................................................................... 52

Quadro 6: Plano de ação utilizando o 5W2H ............................................................ 54

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

CNT – Confederação Nacional dos Transportes

PIB – Produto Interno Bruto

t – Tonelada

TRC – Transporte Rodoviário de Cargas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ___________________________________________________ 8

1.1 APRESENTAÇÃO ______________________________________________ 8

1.2 PROBLEMA __________________________________________________ 9

1.3 JUSTIFICATIVA ______________________________________________ 10

1.4 OBJETIVOS _________________________________________________ 10

1.4.1 Objetivo Geral ____________________________________________ 10

1.4.2 Objetivos Específicos ______________________________________ 10

1.5 HIPÓTESES DE PESQUISA/RELEVÂNCIA DO PROJETO _____________ 11

2 METODOLOGIA DE PESQUISA ____________________________________ 12

3 A REALIDADE ATUAL DA EMPRESA _______________________________ 13

4 BASES CONCEITUAIS____________________________________________ 15

4.1 TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS ________________________ 15

4.1.1 Processo Logístico ________________________________________ 16

4.1.1.1 Gestão da Cadeia de Suprimentos __________________________ 17

4.1.1.2 Roteirização ___________________________________________ 17

4.1.1.3 Movimentação De Carga _________________________________ 18

4.1.1.4 Gestão de frotas ________________________________________ 18

4.1.2 Custo do Frete ____________________________________________ 20

4.1.3 Parcerias Estratégicas _____________________________________ 22

4.1.4 Economia Compartilhada ___________________________________ 24

4.1.5 Sustentabilidade __________________________________________ 26

5 BENCHMARKING REALIZADO / REALIDADES ORGANIZACIONAIS ______ 28

6 ANÁLISE DO SETOR _____________________________________________ 32

7 MODELO CONCEITUAL __________________________________________ 44

8 PROPOSTA DE SOLUÇÃO ________________________________________ 47

8.1 FUNCIONALIDADES BÁSICAS DA PLATAFORMA DIGITAL ___________ 48

8.1.1 Detalhamento dos processos _______________________________ 49

8.1.2 Precificação do serviço da plataforma ________________________ 50

8.2 MAPEAMENTO DOS STAKEHOLDERS ___________________________ 50

8.3 CRONOGRAMA PARA O DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DA

PLATAFORMA DIGITAL ___________________________________________ 51

8.4 PLANO DE RISCOS DO PROJETO _______________________________ 52

8.5 PLANEJAMENTO DO PROJETO – FERRAMENTA DE APOIO 5W2H ____ 52

8.5.1. Plano de ação para desenvolvimento da plataforma digital ______ 53

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9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES _______________________________ 55

REFERÊNCIAS ___________________________________________________ 56

ANEXOS ________________________________________________________ 60

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1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Há anos, no Brasil, o sistema de transportes encontra-se desequilibrado, caro

e ineficiente, se comparado à realidade de outros países desenvolvidos. Esse fato

remonta ao ciclo de industrialização do país, que começa no período pós-crise (1929),

e termina em meados dos anos 80, período no qual se optou pelo investimento na

expansão da malha rodoviária e incentivo à indústria automobilística em detrimento

da modernização e expansão das ferrovias e da navegação por cabotagem.

Esse foco em apenas um dos modais de transporte trouxe consequências,

concentrando mais de 60% das cargas no modal rodoviário, o que causou uso intenso

da malha rodoviária e consequente deterioração da mesma, além de tornar a

economia perigosamente dependente de apenas um modal de transporte. Passado

este primeiro ciclo de desenvolvimento, o país vem desde então num período de

decrescente investimento em infraestrutura, mesmo havendo ainda expansão das

frotas rodoviárias de cargas e passageiros. Dessa forma, hoje temos uma

infraestrutura precária que bate de frente com a necessidade de serviços logísticos

mais eficientes, confiáveis e sofisticados, conforme Wanke (2010).

O setor do transporte rodoviário de cargas (TRC) vem sofrendo com a

ociosidade dos veículos e o custo alto para manter rotas com poucas demandas

ativas. No mercado atual, uma das grandes tendências chama-se economia

compartilhada, que é o compartilhamento de recursos para gerar economia de escala.

No TRC essa tendência ainda é tímida, porém a busca por melhor aproveitamento

dos veículos de carga e redução de custos operacionais vem, cada vez mais, sendo

debatida, pois, no cenário volátil de hoje mais do que acompanhar tendências, é

preciso manter-se competitivo.

Utilizando a revisão bibliográfica, trouxemos nesse estudo as bases

conceituais no que diz respeito ao transporte rodoviário de cargas como um todo. Os

principais pontos abordados falam sobre as relações entre processos logísticos,

gestão da cadeia de suprimentos, gestão de frotas, custos, parcerias estratégicas e

conceitos sobre organizações exponenciais, traçando um paralelo entre as

possibilidades de interação do que há de mais atual em termos de gestão empresarial

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com os métodos clássicos, mas não menos importantes, da administração

empresarial moderna.

Por meio de pesquisas qualitativas, entrevistas e benchmarking, este trabalho

buscou entender se existe uma ociosidade representativa de espaços em veículos

rodoviários de cargas e se, nesse caso, há o interesse de compartilhá-los por parte

das empresas de transporte rodoviário de cargas e setores de logística de empresas

de referência no mercado. Nesse sentido, o objetivo do estudo foi entender como as

empresas de transporte rodoviário de cargas lidam atualmente com o

compartilhamento de espaço ocioso em seus veículos de cargas, e apresentar um

modelo conceitual de uma plataforma digital que interliga negócios de compra e

venda de espaços ociosos em veículos de carga.

Os resultados encontrados nessas pesquisas mostram um quadro da situação

atual e, mais do que isso, fornecem uma rica fonte de dados que possibilita uma

análise interessante sobre como o transporte rodoviário de cargas pode ser ainda

melhor utilizado, gerando menor impacto na infraestrutura viária e maior rentabilidade

para as empresas.

1.2 PROBLEMA

As empresas de transporte operam, hoje, em muitas linhas e rotas de

transporte com espaço de lotação de carga ocioso, isto é, veículos rodam

parcialmente vazios em determinadas rotas, sem a completude do peso e/ou volume

de suas caixas de carga. Ainda não está completamente compreendido como seria

possível resolver esse problema que gera aumento de custos e perda de

produtividade. Existe, portanto, uma necessidade de equacionar o problema de

veículos trafegando com ociosidade de cargas e, por isso, precisamos entender se as

empresas de transporte de cargas estariam aptas a compartilhar seus espaços vazios

e suas cargas incompletas com veículos de outras empresas através de uma

plataforma digital, a fim para diminuir custos com transporte de cargas em rotas com

espaço ocioso.

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1.3 JUSTIFICATIVA

Existe, na maioria das empresas de transporte, ociosidade de espaço e peso

nas caixas de carga dos seus veículos em determinadas rotas. Isso acontece porque

existem demandas de clientes em rotas específicas, mas a demanda não completa a

lotação de um veículo de carga, e tampouco pode ser desativada por baixa demanda,

pois é necessário atender o cliente. Da mesma forma, existem demandas não

atendidas de clientes por estas não completarem um mínimo necessário para justificar

a abertura de uma rota. Devido a isso, as empresas de transporte são obrigadas a (1)

cobrar tarifas mais elevadas a fim de cobrir o alto custo da ociosidade, (2) operar com

a lucratividade prejudicada pela ociosidade, (3) desativar rotas improdutivas e/ou sem

lucratividade (4) deixar de atender o cliente ou indicar outro prestador de serviço.

Esse estudo visa apontar uma solução para compartilhar os espaços ociosos

nas caixas de carga otimizando o uso dos veículos de cargas em rotas com baixa

demanda, reduzindo custos operacionais e gerando economia de escala. Para isso,

propomos criar uma plataforma de compartilhamento de veículos de carga, que tem

por finalidade conectar empresas que tenham veículos com espaços de carga ociosos

com empresas que tem cargas em rotas onde não possuem veículos operando.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma plataforma digital que conecte empresas dispostas a comprar

e vender espaços ociosos em veículos de carga, organizando demandas e ofertas, a

fim de oferecer melhoria de processos, redução de custos e otimização do uso dos

equipamentos.

1.4.2 Objetivos Específicos

- Mapear a situação do transporte de cargas no Brasil;

- Identificar necessidades de mercado na logística compartilhada;

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- Identificar práticas de sucesso no compartilhamento de veículos de carga;

- Criar um modelo de plataforma digital voltada ao compartilhamento de

veículos de carga.

1.5 HIPÓTESES DE PESQUISA/RELEVÂNCIA DO PROJETO

As hipóteses desse estudo baseiam-se nas investigações por pesquisa

qualitativa e entrevistas, sendo esperado um resultado positivo, indicando que a

solução desenvolvida no projeto tenha aplicabilidade e relevância para as empresas

participantes do estudo. Temos:

(1) Hipótese: As pesquisas qualitativas e entrevistas apontem que existe um

nível de espaços/peso ociosos nos veículos de carga.

(2) Hipótese: As pesquisas qualitativas e entrevistas apontem que existe o

interesse por parte das empresas em negociar espaços ociosos em veículos de

cargas.

Sendo positivo o resultado dessas hipóteses, teremos um direcionamento

necessário para entendermos as variáveis que compõe as operações que o projeto

visa ajudar a ser mais eficientes, tornando possível traçar o modelo conceitual da

plataforma.

Segundo Gonçalves (2008), “espera-se que todo projeto de pesquisa traga uma

contribuição acadêmica e científica para a sua área de conhecimento”. A relevância

do projeto se dá nesse momento, quando conseguimos entender as necessidades de

melhorias do mercado, e apresentamos um modelo que ajuda a aumentar a eficiência

reduzindo o custo através de uma plataforma digital que entregue agilidade para a

negociação de espaços ociosos em veículos de carga.

Esse projeto pode, também, completar lacunas no que diz respeito às

pesquisas na área de compartilhamento de ativos e economia de escala, contribuindo,

além disso, com soluções operacionalizáveis por meio do projeto que será proposto.

Uma vez compreendido como pode funcionar modelo, é possível a transformação em

produto, por meio de site na internet, aplicativo para telefones celulares, entre outras

plataformas digitais.

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2 METODOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia do presente projeto será composta por três tipos: pesquisa

bibliográfica, pesquisa qualitativa e entrevistas. Pizzani (2012) define a pesquisa

bibliográfica como a revisão da literatura sobre as principais teorias e assuntos que

dão norte ao trabalho científico, e proporciona um aprendizado sobre uma

determinada área de conhecimento, ajuda na redação da introdução e revisão da

literatura do trabalho científico e embasa métodos e técnicas que serão abordados no

trabalho.

Gerhardt (2009) define que a pesquisa qualitativa busca o aprofundamento da

compreensão, e se coloca em oposição a um modelo único de pesquisa para todas

as ciências, levando em conta as especificidades e metodologias próprias para cada

pesquisa.

Em relação às entrevistas, Duarte (2010) define como uma técnica utilizada

para coletas de dados onde o entrevistador tem um contato mais direto com a pessoa

a ser entrevistada, objetivando mais direcionamento e profundidade nas respostas.

Por fim Duarte (2010) define a entrevista como uma técnica utilizada para

coletas de dados onde há um contato mais direto entre o entrevistador e a pessoa a

ser entrevistada com o objetivo final de ter mais direcionamento e profundidade nas

respostas.

Sendo assim, buscar-se-á, por meio da bibliografia embasar o estudo no que

diz respeito aos conceitos ligados à logística e ao transporte rodoviário de cargas,

bem como entender as novas tendências de economia compartilhada. A pesquisa

qualitativa e as entrevistas servirão para elaborar as melhores técnicas de

compartilhamento de cargas, entender o que já vem sendo feito nesse sentido por

grandes empresas do mercado e compreender como acontece o processo de

compartilhamento de cargas na prática e quais lacunas podem ser preenchidas a

partir da solução que criamos nesse projeto aplicativo.

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3 A REALIDADE ATUAL DA EMPRESA

No Brasil, o maior volume de cargas é escoado pelo modal rodoviário.

Considera-se que carga é todo o produto devidamente protegido por uma embalagem

com características técnicas adequadas ao meio de transporte e economicamente

viável, considerando-se, ainda, métodos de manuseio e estocagem que devem

ocorrer entre sua origem e seu destino final, ou seja, o local exigido pelo contratante.

A carga pode se dividir em dois grandes blocos, carga geral que é transportada solta

ou unitizada, e a granel, que são as líquidas, seca e gasosa conforme Correia (2013).

A carga geral solta pode ser transportada avulsa, como um item do produto, ou

como várias unidades do mesmo produto, devidamente embalado em caixas, pacotes,

fardos, caixas, tambores, amarrados ou outras. A carga unitizada é o agrupamento

das cargas solta, podendo ser do mesmo item ou não. A carga a granel é geralmente,

formada pela matéria prima extraída pela natureza, produtos do reino animal, e

produtos químicos, entre outros, segundo Correia (2013).

Ainda segundo Correia (2013), o transporte rodoviário de cargas (TRC) conta

com uma forte presença de motoristas autônomos nos grandes centros. A categoria

consegue oferecer um serviço razoável com custo menor do que o comum. O custo

fixo de um veículo Truck (caminhão que tem o eixo duplo na carroceria, ou seja, dois

eixos juntos) que carrega 12 t de carga é 17% menor, e o variável é em torno de 21%,

se comparado ao de uma empresa de transportes.

Essa diferença é relacionada, principalmente, à menor incidência de impostos,

fazendo com que o custo do frete por trecho operado seja mais baixo. O principal foco

é conseguir efetuar o transporte com a carga de retorno já garantida; quando isso

ocorre o frete fica mais barato, do contrário o motorista perde muito tempo procurando

a carga de retorno, ou terá de viajar por determinado trecho até conseguir seu objetivo.

O TRC sofre com as más condições das estradas, como pode-se ver nas

tabelas 1 e 2. A CNT (Confederação Nacional do Transportes), em seu boletim

estatístico mensal, fez um levantamento das malhas viárias, da frota de veículos e da

classificação dessas malhas viárias. Analisando os dados vê-se que 78,6% da malha

viária ainda não é pavimentada e só 38,2% destas rodovias são consideradas boas

ou ótimas. Isso aumenta a manutenção e depreciação dos veículos usados no TRC.

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Tabela 1: Boletim estatístico de rodovias de abril de 2018

Fonte: CNT (2018).

Tabela 2: Estado geral das rodovias

Fonte: CNT (2018)

Observando e entendendo essas informações, é possível concluir que um

sistema que utilize as metodologias corretas na operação das frotas, e tenha cuidado

com o desempenho operacional e econômico, conectado a um sistema efetivo de

controle, tem a tendência a proporcionar bons resultados nos negócios.

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4 BASES CONCEITUAIS

4.1 TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

O transporte do modal rodoviário tem como principal característica sua

capacidade de tráfego por qualquer via, não tendo necessariamente trajetos fixos.

Devido a essa flexibilidade é utilizado para pequenas, médias e longas distâncias, e

pode ser contratado diretamente com a transportadora em dois tipos: reserva de um

espaço no veículo ou reserva de um veículo integral. As maiores críticas ao modal se

referem a insegurança, devido a roubo de determinados tipos de cargas, e por ser

considerado um modal poluidor (MENCHIK, 2012). Outra crítica é o alto custo e a

baixa eficiência energética do modal se comparado ao ferroviário e hidroviário, por

exemplo.

Para Ternes (2015), uma decisão estratégica importante é a utilização de

transporte com a frota própria ou com a frota de terceiros, levando em conta fatores

como o custo do serviço, a qualidade deste serviço e a rentabilidade financeira desse

investimento. A respeito da rentabilidade financeira, especificamente, o que se verifica

principalmente nas grandes empresas é a busca, pelos acionistas, do retorno sobre o

capital investido e o retorno sobre ativos. Por isso é muito importante o cálculo entre

frota própria e frota de terceiros, porque esta última não requer investimentos, sendo

o risco financeiro menor.

A gestão nas empresas devem ter foco nos processos, na cadeia de

suprimentos, na otimização de roteiros e movimentação de cargas, pois esses pontos

trazem grandes impactos não só nos custos, mas também no nível de serviços

prestados. Somando isso à gestão da frota (manutenção, pneus, combustível, novos

investimentos), vamos chegar ao entendimento da importância do controle de custos,

na melhoria dos processos e acompanhamento do nível de serviços.

Em virtude da matriz de transporte ser essencialmente rodoviária, é preciso

muita atenção aos custos. Manter o cálculo comparativo entre uso de frota própria e

terceirização da frota sempre atualizado, bem como estar atento às possibilidades de

compartilhamento existentes no mercado pode ser um diferencial nos custos e um

ganho de nível de serviço. Uma vez que é possível ter ociosidade de espaços em

veículos, algo que pode ser otimizado, pode-se alcançar resultados relevantes que

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impactam inclusive no sistema rodoviário já sobrecarregado por uma matriz de

transporte desequilibrada.

4.1.1 Processo Logístico

Menchik (2012) define processo logístico como o produto certo, no lugar certo,

na quantidade correta, no tempo certo e com menor custo. Salienta que existe grande

dificuldade para conseguir aumentar a qualidade do serviço prestado sem onerar em

custos. Para Eurides (2005), a logística deixou de ser somente uma ferramenta da

administração. Faz parte do planejamento e da estratégia da empresa do negócio,

trazendo vantagens competitivas tendo influência direta no desempenho da empresa.

Segundo o autor, os elementos básicos e condicionantes da logística externa são:

a) Distância: condiciona a seleção do veículo, o dimensionamento da frota,

o custo e o frete;

b) Velocidade operacional: velocidade média entre origem e destino,

considerando as horas produtivas;

c) Tempo de carga/descarga: incluindo a pesagem, conferência e emissão

de documentos;

d) Acondicionamento: uso dos paletes que possibilitam o uso das

empilhadeiras, que por sua vez agilizam a carga e descarga;

e) Tempo porta a porta: da origem ao destino;

f) Quantidade transportada: quanto mais carga, maior a necessidade de

serviço de distribuição própria;

g) Carga de retorno: para garantir o frete à transportadora quando o veículo

volta ao ponto inicial, dissolvendo custos;

h) Densidade: afeta a escolha do veículo e, assim, o custo do transporte;

i) Dimensões e morfologia: afetam o arranjo, o manuseio e o transporte;

j) Valor unitário: pode implicar no uso de veículos especiais que dificultam

o roubo das cargas;

k) Fragilidade: implica na embalagem, no manuseio, no empilhamento de

paletes e no transporte;

l) Periculosidade: o cuidado com cargas inflamáveis, tóxicas;

m) Compatibilidade: entre produtos de natureza diversa;

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n) Custo global: quanto maior a capacidade do veículo menor o custo.

4.1.1.1 Gestão da Cadeia de Suprimentos

Segundo Coelho (2010) o gerenciamento da cadeia de suprimentos é o

conjunto de métodos que proporcionam melhor integração de uma rede de

transportes, estoques, custos, etc. Essa gestão é realizada por meio da mensuração

de todos os dados da rede, incluindo tempo, custos, demanda, enfim, tudo o que é

mensurável no processo. O objetivo é a melhora da eficiência do negócio, rendimento

e ganhos na cadeia produtiva.

Para Eurides (2005), a Gestão da Cadeia de Suprimentos é o gerenciamento

das conexões diretas ou indiretas dos diferentes processos que levam os produtos e

serviços das empresas ao consumidor final. São dois focos principais: satisfação do

cliente final e gestão eficiente da cadeia de suprimentos.

Um modelo ideal de Gestão da Cadeia de Suprimentos deve aumentar o

rendimento de todas as etapas da logística e a satisfação do cliente final. Deve

proporcionar agilidade e controle da linha de produção, compartilhamento do sistema

de gerenciamento, previsões de demanda para evitar faltas e desperdícios. Além

disso, formar parcerias inovadoras e eficientes, integrar as equipes envolvidas, sendo

preferencialmente com um software único que conte com monitoramento de

desempenho dos fornecedores.

4.1.1.2 Roteirização

Menchik (2012) descreve a roteirização de veículos como o processo de

determinação de um ou mais roteiros, ou sequencias de paradas a serem cumpridos

por veículos de uma frota, com objetivo de atender diversos pontos geograficamente

dispersos. A roteirização ineficiente pode trazer consequências negativas, como o não

aproveitamento da capacidade do veículo, deficiência no atendimento, estoques mal

dimensionados, altos custos com estocagem, baixa rotatividade, excesso de horas

extras e transportes não sincronizados.

Além da otimização dos itinerários os benefícios da roteirização consistem em

reduções do tempo de entrega, emissão de poluentes, consumo de combustível e

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desgaste mecânico (menos manutenção). Pode ser aplicado em vários contextos,

como transportes de cargas, de passageiros e compartilhamento de veículos.

4.1.1.3 Movimentação De Carga

Menchik (2012) relata que o trabalho de carregar, descarregar e movimentar

materiais é um esforço mandatório na atividade principal de uma empresa. Descreve

a unitização de cargas como uma alternativa para minimização de custos, pois trata-

se do acondicionamento de diversos volumes homogêneos, agrupados de modo que

constituam unidades maiores, para que possam ser mecanicamente movimentados,

eliminando manuseios desnecessários, reduzindo custos de movimentação e

maximizando o espaço disponível.

As principais vantagens da unitização de carga são: minimização do custo de

mão de obra; menores custos de manutenção do inventário e melhor controle do

mesmo; rapidez na estocagem; racionalização do espaço de armazenagem;

diminuição de operações de movimentação; redução de acidentes pessoais;

economia do custo da movimentação; diminuição de danos aos produtos; redução do

tempo de rotulagem; melhor aproveitamento dos equipamentos de movimentação;

uniformização do local de estocagem.

Por outro lado, apresenta as seguintes desvantagens: investimento em

equipamentos para movimentação especiais; custo da unitização em formar carga;

perda da flexibilidade em função das dimensões; investimentos em

embalagens/unitizadores; espaço perdidos para o unitizador; tara do unitizador;

estocagem dos unitizadores vazios; controle de embalagens/unitizadores.

4.1.1.4 Gestão de frotas

Segundo Rodrigues e Losekann (2015), ter um sistema logístico precário gera

um custo a ser pago. Os países desenvolvidos possuem os melhores sistemas de

transporte e são referência para o mundo, comprovando que o PIB está relacionado

a qualidade dos transportes. Planejar, construir e manter as estradas, são fatores

fundamentais para melhoria dos custos da frota, evitando altos custos com

manutenção e pneus, por exemplo. Além disso, o planejamento permite estudos para

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os transportadores renovarem as suas frotas, com critérios e métricas de equilíbrio de

investimento versus manutenção.

Já verificamos anteriormente que cerca de 60% de todo escoamento da carga

no Brasil é feito pelo transporte rodoviário. Isso demonstra o desequilíbrio já verificado

na matriz de transporte no país, essencialmente rodoviária, sendo consequentemente

o óleo diesel o combustível mais utilizado. Como pode-se verificar na tabela 3, o

volume de vendas nacionais de óleo diesel teve um aumento considerável no início

desta década, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP) (2017). O ápice recente chega a 60 mil litros em 2014, um

aumento de quase 32% em relação ao ano de 2007. Em contrapartida, houve uma

queda de 5% em relação dos anos 2015 e 2016, que pode se explicar pela crise

econômica no Brasil, que afetou muito o setor de transportes rodoviários.

Tabela 3: Vendas nacionais, pelas distribuidoras, dos principais derivados de

petróleo – 2007-2016

Fonte: ANP (2018)

Segundo Novaes (2016), a taxa de ocupação no transporte rodoviário de

cargas é de apenas 43%. O caminhão médio é o que mais apresenta ociosidade,

enquanto o veículo extrapesado é o inverso. O planejamento de demanda dentro do

transporte de cargas está sujeito a margens de erro que podem variar conforme as

oscilações e estão sujeitas às leis do mercado, onde a concorrência existe e é

classificada como perfeita e imperfeita. Mesmo com os problemas atuais, o Brasil está

muito próximo da situação ideal, onde existem muitas empresas concorrentes do

mesmo porte, oferecendo serviços semelhantes a preços competitivos.

Logo, ganhos são alcançados com uma boa gestão da frota, como economia

de combustíveis, de pneus, de manutenção e de outros itens de custos. Ainda,

contribui com a agilidade na tomada de decisões, oferecendo processos

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automatizados e mais seguros, algo que pode ser visto como uma verdadeira

vantagem competitiva no mercado atual (PRADO, 2017). Sendo assim, é necessário

uma excelente gestão de frotas, uma vez que a má gestão pode gerar custos

elevados, comprometendo os relacionamentos comerciais com os clientes.

4.1.2 Custo do Frete

Para Gerreiro (2013, apud Ternes, 2015) a mensuração dos custos permite o

conhecimento sobre a lucratividade de produtos, segmentos de clientes e maior visão

para negociações com parceiros na cadeia de suprimentos, facilitando o

estabelecimento de parcerias mais equilibradas.

Relata Martins (2011, apud Ternes, 2015), que controlar significa conhecer a

realidade, compará-la ao que deveria ser, tomar conhecimento rápido das

divergências e tomar medidas para a correção de tais desvios. Continua, Kaminski

(2004) apud Ternes (2015), que a gestão dos custos logísticos é de grande utilidade

na tomada de decisão sobre a:

alocação de recursos;

decisões sobre terceirização;

controle de estoques;

eliminação de gargalos;

custos e nível de serviço de estoques;

melhoria nos processos;

avaliação de desempenho do sistema.

O mercado, cada vez mais globalizado, trouxe para as empresas a necessidade

de se consolidar no cenário em que atuam, não só como bons prestadores de

serviços, mas como ótimos gestores de seus custos, Martins (2011, apud Ternes,

2015).

Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT) 2016, os custos

logísticos do Brasil consomem 12,7% do PIB, dados de 2015, enquanto em outros

países como Estados Unidos esse custo corresponde a 7,8%. Dentro desse custo

logístico 6,8% correspondem ao transporte, 4,5% custo de estoque, 0,9%

armazenagem e 0,5% administrativo. O transporte no país tem: 65% via rodovias, 20%

ferrovia, 12% aquaviário, 3% dutoviário e 0,1% aéreo, fazendo parâmetro com os

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Estados Unidos tem-se: 43% no rodoviário, 32% ferroviário, 8% aquaviário, dutoviário

17% e aéreo 0,2%.

Menciona Menchik (2012), ainda, dois princípios fundamentais: economia de

escala e economia de distância, sendo o primeiro obtido por meio do aumento do

tamanho das cargas e o segundo através do aumento da distância a ser transportada.

Para o autor, um grande desafio para os administradores é a correta apropriação dos

custos e, como os custos logísticos possuem maior relevância no custo total da

empresa, a atenção têm sido redobrada por parte dos executivos.

Em comparação com os Estados Unidos da América (EUA) temos um alto

custo, baixo serviço e baixa relação custo x benefício, enquanto os EUA têm baixo

custo, alto serviço e alta relação custo x benefício, como podemos ver no quadro 1.

Quadro 1: Comparativo custo x benefício ao cliente do TRC Brasil x EUA

Fonte: Menchik (2012).

Para Eurides (2005), a disponibilidade da estrutura de custos deve ser

adequada e constantemente atualizada. Deve-se considerar não somente pela

distância versus quantidade de carga, mas, também, o tempo total produtivo, a

depreciação, a remuneração de capital, a manutenção, os pneus, enfim, todos os

custos fixos (R$/mês) e variáveis (R$/km) que envolvem a operação, para comparar

com os custos finais (R$/ton) de toda a distribuição física.

Segundo Santana (2013), os custos precisam ser medidos e administrados

pelas empresas para que possam trabalhar nos menores índices possíveis, gerando

assim melhores resultados, que são influenciados pelo aumento de receita ou pela

redução de custos e desperdícios; o desperdício, por sua vez, é tudo aquilo que se

utiliza além do necessário e que não contribui para agregar valor para o cliente e ou

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para a empresa. Administrar esse desperdício é trabalhar na redução de gastos e

despesas, identificando o que realmente é necessário para contribuir com o resultado

da empresa, valorizando os recursos.

Segundo Faria e Costa (2005), conceitos de custos são igualmente aplicados

na gestão de logística, sendo eles: custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. Os

custos diretos estão relacionados ao objeto e são apropriados diretamente a ele

diferente do custo indireto. Os custos fixos são aqueles que não modificam conforme

o volume da atividade ocorre período após período, como por exemplo, os salários da

equipe do RH. Já os custos variáveis estão diretamente ligados ao volume da

atividade, quanto maior volume de serviço ele tende a aumentar e quando diminui a

tendência é a sua redução.

Segundo Santana (2013) o custo do transporte é influenciado pela distância do

transporte, o volume de carga carregada, a densidade, a facilidade de

acondicionamento da carga e de manuseio, além de fatores exógenos, como

influências do mercado. A autora observa alguns pontos relevantes para que se

obtenha uma eficiência operacional adequada: um deles é a utilização da

consolidação dos volumes, auxiliando na completa capacidade do veículo, reduzindo

os custos por mais carga transportada. Outro fator importante é conseguir carga de

retorno, pois o veículo que retorna vazio onera o transportador, causando aumento do

custo do seu frete de ida, tendo como alternativa apenas considerar o retorno como

prejuízo, caso não consiga a completa ocupação de seu espaço no retorno.

Ainda, Santana (2013) afirma que o custeio baseado em atividades, mais

conhecido como custeio ABC, aplica-se muito bem as empresas de transporte e

logística, pois analisa os custos quem compõem os serviços por meio de processos,

atividades e tarefas que consomem os recursos.

4.1.3 Parcerias Estratégicas

Uma parceria é um acordo de cooperação estabelecido entre duas ou mais

partes para atingir interesses comuns. Segundo Olave e Neto (2001), “uma das

principais características do atual ambiente organizacional é a necessidade das

empresas atuarem de forma conjunta e associada. Desta forma, surge como

possibilidade concreta para o desenvolvimento empresarial, os modelos

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organizacionais baseados na associação, na complementaridade, no

compartilhamento, na troca e na ajuda mútua”.

As parcerias funcionam como uma estratégia empresarial visando à otimização

da sustentabilidade empresarial. Para Pfeifer (2017), “em meio a um mercado cada

vez mais competitivo, formar parcerias com outras empresas é uma ótima maneira de

expandir o negócio e atrair uma clientela mais abrangente. Através de uma parceria

as empresas cooperam uma com a outra de forma a obter crescimento e potencializar

suas respectivas marcas no mercado. Uma parceria oferece grandes possibilidades

de desenvolvimento para as empresas envolvidas, que a partir dela não possuem a

necessidade de realizar grandes investimentos para atrair um novo público, podem

compartilhar alguns processos de produção e oferecer melhores condições de compra

para seus clientes”.

Dentre as vantagens destacam-se: a compatibilidade de objetivos estratégicos,

o aumento da rentabilidade, a confiança, a melhoria de acesso ao mercado, o

fortalecimento das operações, a melhoria da capacidade tecnológica.

Existem diversas formas de parcerias estratégicas entre empresas, como por

exemplo: joint ventures, consórcios, alianças oportunistas, terceirização,

subcontratação e outras. O sistema de parceria dentro do segmento de transporte

pode ser visto como uma oportunidade pelas empresas que buscam racionalizar os

seus esforços, unificando o serviço para evitarem prejuízos, compartilhando ativos,

economizando combustível, mão de obra e investimento em patrimônio.

Uma das formas de parcerias muito utilizadas entre empresas é a terceirização.

O conceito do termo “terceirização” surgiu na segunda guerra mundial nos Estados

Unidos. Para atender a alta demanda, as empresas de armamentos precisavam focar-

se somente em seu produto final, delegando as atividades secundárias a outras

empresas que poderiam prestar os serviços e, desta forma, puderam observar

resultados mais atrativos.

Segundo Petrin (2018), a partir da década de 1980 as empresas multinacionais

passaram a adotar a terceirização como estratégia para conseguir melhores

desempenhos operacionais e de custos. No Brasil este processo não foi diferente,

pois estas empresas multinacionais, instaladas no país, foram introduzindo esta nova

cultura. A prática aqui era conhecida como “contratação de serviços de terceiros”,

focados praticamente em contratação de mão de obra nesse primeiro momento.

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4.1.4 Economia Compartilhada

A economia colaborativa tem como objetivo criar oportunidades de eliminar

ociosidade, reduzindo os desperdícios, respeitando a sustentabilidade por meio do

compartilhamento dos bens e serviços disponíveis, isso hoje em dia com auxílio da

tecnologia da informação.

A tecnologia da Informação vem sendo cada vez mais determinante para as

empresas conseguirem se destacar em um cenário altamente competitivo. Todas

buscam uma melhor produtividade, visando a minimização dos custos operacionais e

a otimização dos resultados financeiros.

O transporte funciona dentro da economia compartilhada quando os

profissionais e as empresas buscam criar melhorias no processos e serviços, visando

a redução dos custos operacionais.

O termo “uberização” é uma menção ao aplicativo Uber, que teve maior

destaque mundial no compartilhamento e disponibilização de serviços de caronas. É

uma plataforma de serviços de larga escala o que interliga pessoas, modelo de

negócio também chamado P2P (Peer to Peer), pessoa para pessoa. Atualmente, o

termo é utilizado para dar sinônimo a um aplicativo ou serviço que disponibiliza ativos,

utilizando-se de um modelo de negócio de sucesso para aplicá-lo a outro setor da

economia.

Segundo Cusumano (2015) as startups surgidas na economia compartilhada -

plataformas online que fazem o link entre os ativos subutilizados e os interessados

pela utilização por um período curto – constituem um novo grupo de concorrentes para

as empresas tradicionais, tornando-se uma ameaça.

Alguns negócios têm surgido devido ao advento do compartilhamento de ativos.

Historicamente, as empresas de transporte de carga rodoviário não compartilham

informações e muito menos ativos. Segundo Faria (2015), a ineficiência na troca de

informações entre as empresas pode vir a comprometer o resultado de suas

operações. Esta mentalidade é chamada por Nepomuceno (2018) de Mentalidade 2.0.

Para ele, “As organizações 2.0 tem mentalidade intermediadora entre o

produto/serviço e o cliente. Definem o que consideram “de qualidade” e “aceitável”. E

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a isso chamamos “filosofia de cada organização, que é provedora e não organizadora

de mercados”.

Segundo Faria (2015), em uma pesquisa em dez empresas brasileiras de

diversos segmentos, os itens mais importantes destacados na pesquisa foram:

controle de estoques, compras, previsão de vendas, processamento e recebimento

de pedidos; transmissão eletrônica de pedidos; suporte financeiro; fretes; roteamento

e programação de transporte; rentabilidade; monitoramento do desempenho e

recepção de pedidos on-line. Ainda, segundo Faria (2015), podemos observar que a

demanda continua, praticamente, a mesma. A medida em que a tecnologia nos

permite trocar informações entre corporações e sistemas abertos para contribuições

de criação estrutural, novas soluções surgirão.

Segundo Slee (2017), “a economia de compartilhamento está propagando um

livre mercado inóspito e desregulado em áreas de nossas vidas que antes estavam

protegidas”. Diferente da economia de compartilhamento citada por Slee (2017), a

solução desenvolvida nesse trabalho não propõe um modelo que fique à tangente da

regulação tradicional do setor, pois o seu objetivo é exatamente compartilhar o acesso

a ociosidades em veículos e rotas que cumpram fielmente a legislação vigente.

As empresas, atualmente, de maneira informal e sem escala, tentam amenizar

seus espaços ociosos nas transferências de cargas, para minimizar seus custos,

seguindo umas macrotendências para os negócios do século XXI, que podemos

observar no quadro 2 de Nepomuceno (2018) a seguir.

Quadro 2: Empresas de ontem x empresas de hoje e amanhã

Ontem Hoje e amanhã

Patrão e empregado Plataforma – Fornecedor

Massificação Personalização

Intermediadores Algoritmos

Consumidor passivo Consumidor ativo

Financiamento centralizado Financiamento descentralizado e coletivo

O consumidor sugere mudanças, através de

pedidos orais e escritos, processados por um

gestor

O consumidor decide, através de cliques,

processados por uma Plataforma 3.0

Fonte: Nepomuceno (2018)

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Nesta abordagem, podemos entender a importância de se atualizar o setor de

transportes de cargas aproveitando-se de tecnologias e plataformas digitais. Com a

popularização e acesso facilitado às tecnologias existentes, as pessoas estão aptas a

conhecer e experimentar novas soluções, principalmente, quando o assunto é

economizar tempo e recurso.

4.1.5 Sustentabilidade

Dias (2015) define como conceito de sustentabilidade a utilização de recursos

naturais para suprir as necessidades dos seres humanos sem comprometer o futuro

das próximas gerações. Podemos trazer vários exemplos de ações sustentáveis

como: exploração de florestas de forma controlada, preservação de áreas verdes,

incentivo a alimentos orgânicos, melhor planejamento em exploração de recursos

minerais (petróleo, carvão, minérios), uso de fontes renováveis de energia, reciclagem

de resíduos sólidos, diminuir desperdícios, desenvolver produtos de baixo consumo

de energia, dentre outras.

Lugobon (2017) relata que o ambiente empresarial cada vez mais foca no

equilíbrio baseado em um tripé: social, ambiental e econômico. Nomeado em inglês

como Triple Botton Line, onde não somente a empresa deve ser avaliada somente

pelo modo tradicional financeiro e econômico.

Segundo a Comjovem do Vale do Paraíba (2017) no transporte rodoviário de

cargas são inúmeras as formas para alcançarmos a sustentabilidade como ações para

destinação dos resíduos de veículos velhos, depois de inutilizados fazer o desmanche

e devolver os resíduos para as indústrias reciclarem as peças. Alterações nas

estruturas de mobilidade urbana, investindo no transporte coletivo de qualidade, com

diminuição de veículos movidos a combustível fóssil nas ruas, trocando por trem e

ônibus movidos a energias de outras fontes. Da mesma forma a troca dos veículos

movidos a combustível fóssil por elétricos e outras energias renováveis.

Ainda relatam que a logística reversa, utilizando os meios de transporte que

levam os produtos a seus destinos também façam o revés dando destino aos resíduos.

Isso já funciona muito com os pneus e recapagens, mas poderia ser muito mais

utilizado para as peças utilizadas nos veículos. A utilização de novas tecnologias,

planejamento urbano, forma de produção de energia e o funcionamento da cadeia de

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suprimentos também tem influência efetiva na sustentabilidade, entendendo todo o

sistema de forma a agregar valores, economizar recursos e melhorar lucros.

Segundo Coelho (2010) a sustentabilidade corporativa está cada vez mais em

evidência em todos os países do mundo, como exemplo podemos verificar a inserção

em 1999 na Bolsa de Nova Iorque do Índice Dow Jones de Sustentabilidade, que

chegou ao Brasil em 2004 na BOVESPA pelo ISE – Índice de Sustentabilidade

Empresarial, Bem como outra prática no país é a liberação de recursos do BNDES –

Banco Nacional do Desenvolvimento a liberação de crédito tendo como base alguns

critérios ambientais, denominadas “investimento socialmente responsáveis” – SRI.

Soliani (2017) diz que empresas que atuam no transporte de cargas estão cada

vez mais empenhadas na busca de soluções tecnológicas e inovações para se

diferenciar dos concorrentes, melhorar seus custos, margens de lucro, ações de

marketing, gerar novos produtos e estabelecer processos mais eficientes, bem como

a preservação ambiental, otimização de recursos e redução de custos. A utilização de

sistemas de transportes inteligentes (STI) possibilita o planejamento de

movimentações, gestão de tráfego, facilidade de rastreabilidade de cargas. Apropriar

recursos de informática para obter agilidade e eficiência no transporte de cargas.

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5 BENCHMARKING REALIZADO / REALIDADES ORGANIZACIONAIS

Os avanços tecnológicos exponenciais deste século acarretaram mudanças em

todos setores da sociedade. Essas mudanças são bastante evidentes nos setores de

economia e serviços, aumentando a necessidade de adaptações rápidas. Um dos

grandes desafios das organizações é manter-se atualizadas e sempre à frente do

mercado. Utilizar novas estratégias e técnicas que proporcionem sucesso é o que

todos desejam, porém, uma técnica é essencial para identificação de novas

oportunidades: trata-se do estudo auxiliar, que é denominado benchmarking.

Segundo Spendolini (1993, p. 10), “benchmarking é um processo contínuo e

sistemático para efetuar uma avaliação, de produtos, processos de trabalho e serviços

de empresas reconhecidas pelas suas melhores práticas, tendo como objetivo a

melhoria organizacional”. Ele ainda enfatiza o caráter metodológico da técnica. Além

daquele autor, Camp (1998), também, afirma que essa técnica, apresenta certa

flexibilidade e pode ser aplicável em diversas organizações, as quais poderão se

beneficiar das vantagens desse estudo auxiliar, principalmente quando for utilizada

como ferramenta de gestão.

Há quatro tipos de benchmarking (o competitivo, o funcional, o interno e o

genérico), porém, nesse projeto o utilizado foi o modelo estrutural genérico. O modelo

genérico visa a comparação com outras empresas, com foco na análise dos processos

que podem ser semelhantes aos da organização interessada. Não existe

concorrência.

Para Amaral Junior (1993, p.9), o benchmarking é “fazer o entendimento de

como tornar o processo melhor. Sozinho ele não irá melhorar o desempenho. É

necessário coletar as informações, analisá-las e transformá-las em ações

estratégicas, visando obter uma vantagem competitiva”. Alguns pontos foram

selecionados e empresas referências foram entrevistadas, por meio de um

questionário qualitativo e de pesquisas nos sites das empresas, gerando dados que

assim são expostos em caráter informativo.

As empresas de referência entrevistadas são: Ambev, Martin Brower,

IDLogistics, Danone, CargoX e Truckpad. O primeiro ponto da pesquisa é entender a

visão delas sobre o compartilhamento de ativos e, mais precisamente, como é feito o

aproveitamento da ociosidade na busca de reduzir os custos operacionais para tornar

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as organizações mais competitivas. Além de entender as práticas atuais, é necessário

adaptar ao modelo atual de negócio.

Falando um pouco sobre cada uma das empresas, a Ambev utiliza o conceito

de logística compartilhada: 40% do volume total de embarques é compartilhado (ver

Anexo 1). O objetivo operacional é reduzir os custos e transitar com veículo com carga

de retorno garantida. Já a Martin Brower é uma organização que por anos foi voltada

ao atendimento da rede McDonald’s, com histórico de compartilhamento de depósito,

porém em 2004, no Brasil, começou a operar para outros clientes (que não o

McDonald’s), caracterizando o aproveitando a ociosidade dos veículos de transporte

de carga.

A IDLogistics, que possui uma visão positiva sobre o compartilhamento de

ativos, tornou isso uma atividade chave na atuação operacional. No Brasil atende a

uma série de clientes potenciais e possui um CD com modelo fiscal voltado às leis

brasileiras para poder atender a diversos clientes que compartilham o mesmo espaço.

Em relação a Danone Brasil podemos afirmar que ela tem uma atuação e visão muito

aproximada das outras empresas citadas. O setor de logística, que planejava a

distribuição dos produtos Danone, com o passar do tempo identificou uma

oportunidade e a transformou em um negócio que, hoje, gera receita vendendo os

serviços de transporte para outras empresas. Dessa forma, consegue colocar outros

volumes na malha de atuação utilizando o espaço ocioso.

As empresas CargoX e Truckpad são organizações que possuem soluções

tecnológicas e estão no mercado justamente aproveitando os ativos e conectando

pessoas e negócios. Além de empresas, são ferramentas de negócios.

O segundo ponto da pesquisa foi focado no formato comercial utilizado pelas

empresas para viabilizar o compartilhamento desses ativos.

A Martin Brower, inicialmente, focou as operações de atendimento ao único

cliente: McDonald’s. Quando foi aproveitada a oportunidade de compartilhamento,

houve uma crescente demanda e, a partir do momento que iniciou o atendimento de

uma nova conta, várias outras foram sendo incorporadas pela prestadora de serviço

que hoje possui uma carteira de clientes pulverizada. A Ambev também utiliza essa

prática após identificar a oportunidade de negócio. Atualmente opera com o frete de

ida com parceiros que, na sua maioria, já são fidelizados. Isso faz com que o negócio

gere mais vantagens competitivas, de caráter financeiro principalmente, para a

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empresa. Uma carteira de clientes com perfil mais fidelizado é sinal de grande esforço

comercial e operacional, junto a um atendimento personalizado eficaz.

A IDLogistics foi fundada com o propósito de firmar parcerias com grandes

empresas nos mercados emergentes, buscando viabilizar as suas operações. Para

atuar comercialmente, dentro da área escolhida para operar, é um pouco mais difícil.

O mercado emergente possui suas particularidades e, até mesmo, o regime cultural

pode influenciar nas práticas de negociação da empresa. Para a Danone Brasil, ainda

há um grande caminho a percorrer nesse ponto. Atualmente a representatividade do

compartilhamento de espaço ocioso contratado é de 5%, levando em consideração

que ¼ da frota opera de forma ociosa, há um grande potencial no negócio (ver Anexo

2).

A estratégia do Truckpad é oferecer a solução completa por meio de uma

plataforma na web para encontrar, contratar e gerenciar motoristas autônomos, de

forma eficiente e segura para prestar o serviço de transporte de carga em geral.

O CargoX possui como estratégia o foco no compartilhamento de ativos ociosos

para cargas acima de 1 tonelada, fazendo o link entre o embarcador e o transportador

autônomo.

Segundo Kotler (2000, p. 67) “o fator de sucesso das empresas bem

posicionadas no mercado se deve ao fato de desenvolverem de forma frequente a

arte do planejamento estratégico”.

O terceiro foco da pesquisa é voltado para as práticas de relacionamento com

a comunidade em si. Como o mercado nacional é bem diversificado, é muito

importante não só aqui no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo, o relacionamento,

uma vez que a comunicação é o elemento chave para tornar o processo um sucesso.

Qualquer empresa que visa o sucesso, investe em relacionamento e comunicação.

A IDLogistics classifica a comunicação como um elemento fundamental para

superar as adversidades dos mercados em que atua (foco no mercado emergente).

Além disso, o relacionamento que procura manter com os clientes é de forma

personalizada.

A Martin Brower é outra empresa que prima pelo bom relacionamento e

comunicação com as comunidades locais. Ela cita os casos, em sua página na

internet, de atendimento nas olimpíadas de 2012 e 2016, onde a comunidade ajudou

em algumas situações operacionais. Por meio do relacionamento, as oportunidades

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vão sendo geradas e tornam a organização mais bem vista, por mais que o trabalho

muitas vezes não seja percebido pelos clientes finais.

A Ambev também utiliza o relacionamento como estratégia. Isso é muito

importante pois a carga de retorno é mais fácil de ser encontrada quando a empresa

possui muitos contatos. Essa grande gama de contatos viabiliza uma operação muito

mais rentável para ambos os lados. Além desses pontos, há alguns outros fatores que

devemos levar em consideração. Mesmo possuindo muitos contatos fidelizados, ela

não consegue eliminar ao máximo a ociosidade e, também, não opera com ferramenta

de aplicativo para oferta e demanda de carga entre transportadores. Também os

transportadores Martin Brower e ID Logistics, bem como a Danone, atuam de forma

semelhante, com contas fidelizadas e potencial para crescer muito mais.

Tanto CargoX quanto Truckpad possuem relacionamento direto com a

comunidade alvo, como são plataformas que fazem o link entre a carga e o

transportador autônomo, já são dois portais facilitadores para a comunidade, além da

geração de empregos, proporcionando o desenvolvimento nacional.

De acordo com Pride e Ferrel (2001), a confiança é estabelecida a partir da

interação e do relacionamento sólido, e isso vai ocorrer quando as empresas

atenderem as necessidades dos clientes. Quando um cliente se torna insatisfeito,

perde a confiança no relacionamento, passando assim a procurar outro fornecedor. O

objetivo básico do marketing é proporcionar a facilitação das trocas, transferência de

bens, serviços ou ideias, por algo de valor, que beneficiem ambos os lados. Atender

as diversas expectativas estabelece a satisfação e, consequentemente, gera mais

confiança.

Levando esses três pontos como base, o resultado do projeto pode se

transformar numa ferramenta útil que impactaria diretamente na economia das

empresas, fornecendo mais capacidade de ocupação, reduzindo custos, gerando

mais receita e incentivando novos negócios a serem fechados por intermédio da

economia colaborativa.

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32

6 ANÁLISE DO SETOR

Segundo Barat (2007), o transporte rodoviário de cargas surge como esboço

de uma nova alternativa no setor de transportes nos anos 30. No entanto, acaba

recebendo investimentos e começando a se tornar viável a partir do pós-guerra

(1945), com a forte expansão rodoviária nos Estados Unidos, suplantando

tecnologicamente as ferrovias em vários tipos de cargas, principalmente a carga geral

fracionada de produtos industriais. Os reflexos dessa mudança atingem o Brasil

principalmente em suas regiões exportadoras, no momento em que já começava a

degradação e desarticulação dos sistemas ferroviários e portuários, cujos ativos

pertenciam às sociedades acionárias inglesas e europeias.

Com a consolidação do mercado interno se fez necessário o escoamento de

bens industriais produzidos no país e, consequentemente, a expansão da fronteira

agrícola visando fornecer o suprimento de alimentos e matérias primas para os

centros urbanos-industriais em franco crescimento. Dessa forma, o surto de

construção de malhas rodoviárias que aconteceu no Brasil foi devido a um conjunto

complexo de fatores internacionais e nacionais, e acabou forçando uma substituição

do transporte ferroviário e de cabotagem de maneira desordenada, muito mais

rapidamente que nos Estados Unidos e outros países industrializados (BARAT, 2007).

A verdadeira ascensão do transporte rodoviário de cargas no Brasil se dá no

período de 1945 a 1980, com a consolidação da indústria. No início desse período, já

se esboçaram as tendências que, para Barat (2007), foram as três grandes mudanças

estruturais do sistema de transportes brasileiro:

a) substituição do transporte ferroviário e aquaviário pelo transporte rodoviário,

contando este como mais moderno, ágil e flexível;

b) substituição da lenha e carvão pelos derivados de petróleo;

c) interligação das economias regionais pelo transporte rodoviário, unificando

o mercado e ampliando uma economia de consumo de massa.

Portanto, no ciclo da industrialização do país o transporte rodoviário passou a

ser o principal meio de suprimento de matérias primas e alimentos para atender a

acelerada expansão urbana e industrial. Além disso, através da rodovia torna-se

possível a distribuição de manufaturas produzidas nos polos a pontos mais remotos

do território nacional. Foi nesse período que foram criadas as principais instituições e

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empresas nacionais que utilizam em grande volume o transporte rodoviário de cargas,

como CSN, USIMINAS, Petrobras, Eletrobrás. Também foi criado o Banco Nacional

do Desenvolvimento Econômico, o BNDES, que na história recente foi importante

influência no crescimento do TRC através de linhas de crédito a juros baixos para

renovação e ampliação da frota de veículos de carga rodoviários. Segundo Barat

(2007), no período mencionado, dois dos grandes estímulos ao desenvolvimento do

setor foram a expansão da indústria automobilística, produzindo veículos modernos e

com maior capacidade de carga, além do suprimento de derivados do petróleo com

custos extremamente baixos, mais uma série de mecanismos de financiamento

criados pelos governos que incentivavam as relações de consumo de combustíveis

versus propriedade de veículos versus uso da infraestrutura viária. Conforme o gráfico

1 a seguir, é possível entender o crescimento do transporte rodoviário em face às

ferrovias, transporte mais utilizado até então.

Gráfico 1: Evolução Rodovias x Ferrovias.

Fonte: BARAT (2007).

Após cem anos de crescimento contínuo (1880-1980) a economia brasileira

sofreu uma prolongada estagnação de mais de duas décadas, apontando o

esgotamento de um ciclo, porém sem terem sido criadas sólidas alternativas

econômicas, institucionais e políticas. A partir dos anos 90, houve um abrupto

processo de abertura do mercado interno, gerando consequências para a indústria e

para a competitividade das exportações. As atividades de logística e transporte, após

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a grande expansão anterior, seguiram o quadro de estagnação, acompanhando as

baixas taxas de crescimento do PIB. Assim, no período que compreende de 1980 a

2004, além da estagnação econômica sentia-se os primeiros impactos da

globalização, podemos visualizar na figura 1.

Figura 1: Resumo da evolução da infraestrutura viária brasileira.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Atualmente, o mercado do transporte rodoviário de cargas vive uma crise após

um período de alto investimento, onde a frota brasileira aumentou 23,33 milhões de

unidades e forçou ainda mais a infraestrutura logística do país. Já nos últimos anos,

enquanto o PIB do Brasil registrou queda de 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016, o PIB

do transporte caiu 6,6% e 7,1% (CNT, 2017). Para melhor entender, veja o gráfico 2.

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Gráfico 2: Variação acumulada PIB brasileiro X PIB transporte

Fonte: CNT (2017).

Na verdade, a crise econômica é a mais severa e prolongada da história do

Brasil, atingindo a qualidade de vida da população e os níveis de atividade de

produção, impactados principalmente pela taxa de inflação dos últimos anos, pelo

desemprego e pela taxa de juros. Além disso, a redução dos investimentos em

infraestrutura que remontam as últimas décadas versus o esgotamento da utilização

dessa infraestrutura atinge o volume de serviços prestado, o comércio exterior, num

cenário no qual a renda do trabalhador e o faturamento do empregador vem caindo.

Num cenário tão desfavorável, torna-se imprescindível a criatividade e o uso de

novas técnicas para ganhar eficiência e competitividade. As empresas buscam hoje

diversas alternativas para mitigar custos e melhorar a performance, e uma delas são

as “soluções conectadas”. Nesse momento, estamos passando por grandes rupturas

no modo de fazer o transporte, e desse modo é preciso estimular o desenvolvimento

de novas ideias, que conectem o transporte rodoviário de cargas a novas realidades

de mercado. Dessa forma, todos os dias surgem várias ideias de melhoria para fazer

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o transporte mais moderno, sofisticado e com alternativas tecnológicas que o tornem

mais eficiente (GONÇALVES, 2018).

Neste trabalho, através de pesquisa quantitativa realizada com empresas do

Sudeste do Brasil, colhemos dados interessantes de serem analisados no que diz

respeito a situação atual do setor e entender a questão levantada sobre a ociosidade

de espaços em veículos rodoviários de cargas. Ao analisar os dados da pesquisa

sobre o volume de faturamento anual das empresas, é possível observar que o valor

de faturamento médio ultrapassa os R$ 2 MI em quase 70% delas, conforme gráfico

3.

Gráfico 3: Faturamento das empresas participantes pesquisa

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

A partir desse dado, outra informação representada no quadro abaixo

demonstra o índice de utilização de veículos próprios e frotas terceirizadas dentro das

organizações, conforme gráfico 4.

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Gráfico 4: Proporção da frota própria x terceirizada

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

Podemos observar que em cerca de 75% das empresas a estratégia está ligada

à utilização de veículos terceirizados para o complemento das suas frotas. Existem

casos em que esse índice é de 100%, mais precisamente em 5% das empresas

entrevistadas.

A circulação desses veículos próprios e terceiros na malha rodoviária é de

grande importância para o desenvolvimento nacional. A capacidade de utilização dos

espaços nos veículos está ligada ao índice de faturamento e consumo das empresas.

No gráfico 5 a seguir é possível identificar essas informações.

Gráfico 5: Viagem com veículo ocioso

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

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É possível observar que 77% das empresas transitam com espaço ocioso. Pelo

que se pode observar, não é habitual as empresas formarem parcerias para reduzir

esse índice como mostra o próximo quadro, onde cerca de 70% não compartilha o

espaço ocioso, conforme gráfico 6.

Gráfico 6: Compartilhamento espaço ocioso em veículos em rota

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

A pesquisa mostra que em média 31% das empresas são adeptas ao

compartilhamento de espaço ocioso. Ainda assim, o próximo quadro mostra como as

empresas utilizam essa estratégia, conforme gráfico 7.

Gráfico 7: Compartilhamento x Volume total embarcado

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

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Cerca de apenas 35% das empresas compartilham seus espaços ociosos em

até 80% das suas capacidades. A frequência do compartilhamento também foi

abordada na pesquisa, e em cerca de 47% das empresas o índice é superior a 10

vezes mensais, conforme apresentado no gráfico 8.

Gráfico 8: Frequência mensal de compartilhamento

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

Outro tópico que é abordado na pesquisa é quais as estratégias as empresas

adotam para administrar as viagens ociosas, expressadas no gráfico 9.

Gráfico 9: Estratégia para administrar viagens com espaço ocioso

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

Cerca de 46% das empresas operam estrategicamente com o intuito de se

adequar a situação, ou montar parceria para evitar o trânsito de veículos ociosos, 11%

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repassam o custo aos clientes, enquanto 40% não possuem nenhuma estratégia lidar

com esse tipo de situação.

Questionou-se também aos participantes avaliar melhorias na estruturação do

mercado de logística compartilhada, pois estas poderiam fomentar o aumento na

utilização da estratégia, resultado apresentado no gráfico 10.

Gráfico 10: Mercado estruturado proporciona uma maior utilização na estratégia

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

O resultado mostra que essa possível estruturação é encarada como fator

positivo pelas empresas, 54% afirmam que seriam adeptas à estratégia, enquanto

33% demonstram interesse em aderir.

Outro questionamento está relacionado às oportunidades de negócios que não

são efetivadas pelo fato de não haver atendimento em uma região específica,

conforme gráfico 11.

Gráfico 11: Oferta de volume de cargas em rotas não atendidas

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

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O quadro mostra que 77% das empresas recebem oferta de cargas de forma

frequente ou esporadicamente. Essa informação é relevante, pois demonstra o quanto

as empresas deveriam encontrar formas para absorver essas ofertas e transformar

em negócio para gerar receita e lucro.

Não atender uma determinada região é também uma das estratégias das

empresas. Muitas vezes uma região é atendida por intermédio de parcerias, para

utilizar veículos e estruturas.

Gráfico 12: Compartilhamento de armazéns

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

No gráfico 12 acima é possível identificar que 66% das empresas não

compartilham seus armazéns. Mostrando assim, que essa forma de parceria deve ser

melhor desenvolvida e disseminada entre as empresas. Isso para melhor

compreender se o que está sendo feito tem resultado positivo ou negativo, ou até

mesmo se há como alavancar a receita com essa forma de negócio.

Buscando entender junto aos entrevistados de forma sucinta a possibilidade de

compartilhar seus ativos, o resultado é apresentado no próximo gráfico 13

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Gráfico 13: Compartilhamento de ativos

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

Demonstrou-se que 76% das empresas apontaram ser viável o

compartilhamento de ativos, isso mostra que uma mudança ou a apresentação de

uma solução terá grande chance de ser aderida pelos transportadores.

As empresas que responderam não ser viável esse tipo de parceria

identificaram os seguintes pontos como relevantes para rejeição, conforme gráfico 14.

Gráfico 14: Pontos relevantes para rejeição

Fonte: Questionário aplicado pelo autor, 2018.

Para 38% das organizações a confiabilidade é o principal fator que impedirá o

compartilhamento. A burocracia foi o segundo ponto mais citado com 23%, e com 15%

a estratégia e concorrência conflitante são apontadas como fatores impeditivos.

Sendo assim, podemos afirmar que existe uma ociosidade relevante de

espaços em veículos de carga, e que as empresas têm interesse em otimizar esses

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espaços por meio de estratégias de compartilhamento. No entanto, é notório que não

há um modelo bem definido ainda, ou uma solução que tenha se apresentado eficaz

para o problema. Em outras palavras, não existe uma plataforma, nem um modelo de

serviço que atenda essa demanda no momento atual. Esse fato examinado na

pesquisa reforça a hipótese da existência da lacuna de ociosidade em veículos

rodoviários de carga, e a relevância de apresentar uma alternativa de solução para o

problema desse estudo.

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7 MODELO CONCEITUAL

As empresas sofrem com perdas geradas pela ociosidade de sua frota em

trânsito, ociosidade esta decorrente da capacidade normal não utilizada, ou seja, da

capacidade nominal que representa um potencial produtivo instalado, mas não

utilizado. Identificamos, por meio das entrevistas, que, não havendo uma intervenção

com adoção de novos processos e tecnologias, a tendência é a acumulação de

prejuízos ou perda de valor do negócio, sendo o desperdício de capacidade algo

irrecuperável.

O estudo ajuda na identificação do modelo ideal para operacionalizar-se no

setor rodoviário de cargas, ou seja, conseguir que as empresas explorem a

capacidade máxima de seus equipamentos e recursos, gerando rentabilidade e

administrando seus custos e despesas de forma eficiente. É preciso viajar com

ociosidade zero nos percursos ou computar essa improdutividade no preço do frete,

algo que fica cada vez mais improvável fazer, devido a busca pela economia de escala

e da grande concorrência no setor.

O resultado de uma empresa é gerado por sua operação e administração de

gastos. Por isso, mensurar sua eficiência é de extrema importância para que a

estratégia do setor comercial e de custos estejam sempre voltadas para o pleno

resultado, no entanto é possível observar que esta ociosidade existe em um grande

número de empresas e que em sua maioria não há um planejamento estratégico

adequado para trabalhar este problema. O quadro 3 faz um comparativo entre as

organizações selecionadas para fazer o estudo de benchmarking e as que

participaram da pesquisa.

Na pesquisa realizada com 54 empresas do setor, dentre ela pequenas, médias

e grandes, foi identificado que 76% veem o compartilhamento de espaço como uma

solução plausível para aplicação, desde que esteja melhor organizado e que seja com

parceiros confiáveis. Os relatos de empresários do setor demostram que a ociosidade

nas rotas trabalhadas é um dos grandes gargalos operacionais, ocorrendo este

problema em 77% das empresas pesquisadas.

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Quadro 3: Visão geral das empresas estudadas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Práticas de economia colaborativa, como compartilhamento de espaço ocioso

em veículos em viagem, já é uma resposta às dificuldades que as empresas enfrentam

com este problema. O dinamismo dos negócios faz com que, em algum período, a

frota empregada para operacionalizar a demanda dos clientes nem sempre consigam

atingir sua total capacidade de produção. Dessa forma, é necessária a busca por

parceiros que precisam de espaço para, assim, dividir esses custos e atingir o

resultado de ponto de equilíbrio, ou resultados superiores a ele, o que seria um modelo

ideal.

Cases de sucessos de grandes empresas como a Ambev, estudado aqui neste

trabalho, agregam valor para esta prática. A empresa relatou que os veículos que

antes operavam vazios, hoje retornam com carga de parceiros para que assim

remunerem adequadamente seus ativos, esta prática recuperou 50% das perdas que

existiam com a improdutividade de sua frota, gerando benefícios para as duas

empresas.

Para implantação da prática de compartilhamento, visando a economia

colaborativa, é necessária uma grande mudança de cultura por parte dos empresários,

que ainda olham para o mercado e enxergam apenas concorrentes e não possíveis

parceiros, e que podem contribuir mutuamente para reduzir, em conjunto, custos

operacionais comuns.

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As empresas deverão se voltar para busca da inteligência no processo,

otimizando recursos e fazendo mais com menos. Custos fixos, hoje elevadíssimos,

com aquisição de infraestrutura para garantir diferencial competitivo de atendimento

precisarão ser melhores analisados como estratégia, pois é necessário foco no

objetivo central, que é trabalhar com eficiência, não sendo, necessariamente, preciso

investir todo seu recurso em uma grande frota, ou em um armazém robusto, que,

muitas vezes, não são totalmente utilizados.

O investimento em ferramentas tecnológicas e capital humano melhor

preparado, será um dos fatores chaves para se trabalhar com a expertise do negócio,

sendo muitas vezes desnecessário o investimento em imobilizado, como veículos,

caminhões e armazéns. As empresas precisarão trabalhar com custos menores

aproveitando sua total capacidade, para isso precisarão trabalhar estratégias e táticas

para reduzirem custos e perdas nas operações. A figura 2 demonstra os pilares

estratégicos do modelo conceitual.

Figura 2: Ilustração dos pilares estratégicos do modelo conceitual.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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8 PROPOSTA DE SOLUÇÃO

A proposta de solução para o problema de pesquisa é a criação de uma

plataforma digital de compartilhamento para espaço ocioso nos veículos

transportadores. Esta solução se tornará uma opção estratégica para administrar a

improdutividade de veículos em rota, os quais as empresas não podem deixar de

manter, pois têm a necessidade de garantir o nível de serviço adequado para seus

clientes.

A plataforma funcionará como um banco de dados de empresas parceiras,

onde conectará demanda e oferta das empresas cadastradas no sistema de

compartilhamento. Os transportadores fariam um cadastro e, somente, após uma

triagem de documentos estariam validados para participarem da plataforma. Esse

processo garantirá credibilidade e uma maior confiança no momento de contratação.

A ferramenta está sendo desenhada também para atender as necessidades

dos empresários que identificamos nos questionários, são elas: garantir a eficiência e

eficácia no processo, acesso ao monitoramento dos veículos, informações em tempo

real de status das entregas e concessão de avaliação de performance entre

contratante e contratado, permanecendo, apenas, no cadastro, as empresas que

respeitarem as regras. A figura 3 apresenta o resumo de conexões geradas pela

plataforma digital.

Figura 3: Resumo das conexões geradas pela plataforma digital

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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A ideia é fortalecer uma rede de colaboração entre as empresas do setor, para

trabalhar com a abundância de veículos circulando sem aproveitamento de sua

capacidade total, auxiliando, assim, na redução de custos para as empresas e

diminuindo o número de veículos nas estradas.

Em suma, a plataforma digital de compartilhamento de espaço ocioso nos

veículos de carga tem a intenção de aproximar empresas que estejam dispostas a

trabalharem, conjuntamente, o problema da ociosidade, unindo-se para fortalecerem

seus negócios. Ela se tornará uma ferramenta de gestão para operação, sendo uma

solução dinâmica para momentos de necessidade e possibilitando a remuneração

adequada do capital.

8.1 FUNCIONALIDADES BÁSICAS DA PLATAFORMA DIGITAL

a) Cadastro de empresas que participarão do sistema (somente CNPJ);

b) Cadastro dos veículos;

c) Cadastro dos espaços disponíveis;

d) Cadastro de natureza dos produtos transportáveis e suas

incompatibilidades. Exemplo: alimentos e produtos de limpeza não

podem ser transportados juntos.

Figura 4: Fluxo de operação das funcionalidades.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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8.1.1 Detalhamento dos processos

a) O sistema identificará os produtos da carga pelo xml das NFes

transportadas;

b) A organização da carga será, no primeiro momento, manual, evoluindo,

posteriormente, para a automação deste processo;

c) O processo se iniciará quando o transportador registrar a oferta de

espaço na plataforma, informando dados como:

a. Largura, altura e comprimento do espaço;

b. Data e hora e local de saída;

c. Data e hora e local de chegada;

d. Precificação do espaço a ser vendido, sempre por metros

cúbicos;

d) O usuário interessado identificará a oportunidade de espaço na

plataforma e, com isso, informará os seguintes dados:

a. Características da sua carga;

b. Data, hora e local de saída;

c. Tipo de produto.

e) Combinadas as variáveis, espaço e carga, o próximo passo será

contratar o espaço ofertado.

f) Monitoramento:

a. A plataforma disponibilizará informação do status da viagem aos

clientes em tempo real.

g) Financeiro:

a. O sistema fará a conciliação entre contratantes e contratados,

mostrando relatórios de distribuição de pagamentos.

h) Fechamento:

a. O contratante e o contratado avaliarão o serviço e só poderão

realizar novas contratações cumprindo esta etapa.

Neste formato, a plataforma digital de compartilhamento de espaço ocioso

estará trabalhando o problema levantado neste estudo e garantindo a performance

que as empresas necessitam, inserindo a cultura de compartilhamento no setor. A

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plataforma atenderá, também, as preocupações que foram colocados pelos

transportadores, que é a de garantir a organização, gerar confiança e manter o poder

de administração da informação dos status de sua mercadoria sob seu controle.

8.1.2 Precificação do serviço da plataforma

Nesta primeira etapa o cadastro das empresas, contratantes e contratadas,

serão de forma gratuita, para que assim, consigamos estruturar um banco de dados

robusto, possibilitando uma maior conexão de negócios e criando valor a marca.

Atingido um número de usuários consideráveis, estar-se-á cobrando uma pequena

taxa percentual sobre cada operação, afim de remunerar os serviços que a plataforma

irá promover.

8.2 MAPEAMENTO DOS STAKEHOLDERS

Conforme Manesco (2015), os stakeholders são grupos de interesse de uma

organização, por isso mapeá-los para manter uma gestão adequada sobre eles,

garantindo que todos as partes interessadas estejam envolvidas em todas as ações,

é de extrema importância.

Os stakeholders podem ser internos, funcionários, sócios, investidores e

externos, clientes, consumidores, concorrentes, fornecedores, órgãos reguladores,

governo, sociedade, etc...

O mapeamento levantará quais serão as pessoas e entidades que impactarão

o projeto e depois classificará em grau de dependência, de participação e de

interferência.

Abaixo no gráfico 15, o mapa demonstrará o grau de influência e importância

dos stakeholders para o projeto.

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Gráfico 15: Mapa de influência e importância dos stakeholders

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

8.3 CRONOGRAMA PARA O DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DA

PLATAFORMA DIGITAL

O cronograma esboçará o mapa de tempo para o desenvolvimento da

plataforma, conforme quadro 4.

Quadro 4: Cronograma do projeto

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

nov/18 dez/18 jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19 jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19

xLançamento da plataforma

x

x x x

x

Captação de recursos - investidor anjo.

x

Validação e correção de erros - Piloto

x

Implantação do projeto Piloto x

Desenvolvimento do Software x x x x x

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8.4 PLANO DE RISCOS DO PROJETO

Segundo Schroeder 2018, o processo de desenvolvimento de um plano de

riscos é importante para o desenvolvimento de opções e ações que contribuam para

mitigação das possíveis ameaças aos objetivos do projeto.

Conforme quadro 5 abaixo, foram identificadas as possíveis situações que

poderão atrasar a entrega da plataforma ao mercado, identificando as possíveis ações

e os responsáveis no gerenciamento de cada risco.

Quadro 5: Planos de riscos do projeto.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

8.5 PLANEJAMENTO DO PROJETO – FERRAMENTA DE APOIO 5W2H

Conforme Periard 2009, o 5W2H, representada na figura 5, é uma ferramenta

administrativa que é utilizada para elaboração de planos de ação, apoiando na

elaboração do projeto e servindo como um check-list que fornecerá suporte e clareza

das atividades a serem desenvolvidas para o sucesso do projeto.

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Figura 5: Organograma circular da ferramenta 5W2H

Fonte: Gilles B. de Paula, 2015.

8.5.1. Plano de ação para desenvolvimento da plataforma digital

No quadro 6 é apresentado nosso plano de ação para criação do produto

proposto neste trabalho, com auxílio da ferramenta 5W2H.

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Quadro 6: Plano de ação utilizando o 5W2H

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Concluímos, com auxílio das entrevistas e pesquisa realizada com as empresas

do setor, que a ociosidade de espaço nos veículos existe em grande parte das

empresas pesquisadas, e que há o interesse e disponibilidade para o

compartilhamento dos espaços ociosos em veículos de carga. Percebe-se que 77%

das empresas de transporte rodoviário de cargas possuem veículos rodando com

espaços ociosos em viagens, sendo que apenas 31% busca algum tipo de parceria.

O estudo aponta que 75% destas empresas não apresentam nenhuma estratégia

através de compartilhamento para sanar este problema. No entanto, alegam achar

conveniente o compartilhamento de espaço, desde que seja entre empresas idôneas,

de uma forma organizada e de fácil administração.

A ferramenta proposta como plataforma digital de compartilhamento de

espaços ociosos em veículos de carga poderá evoluir para administrar outros

compartilhamentos de ativos ociosos, como armazéns, equipamentos de carga e

descarga, espaço para manobras e pernoite de veículos e motoristas de viagens, por

exemplo. No entanto, é necessário que as empresas do setor rodoviário de cargas

desenvolvam essa cultura, estejam abertas a inovação e dispostas a testar novas

práticas, acompanhando, assim, as tendências do mercado, para manterem-se

competitivas e saudáveis.

Sendo assim, este trabalho verificou suas hipóteses, apontando que existe uma

ociosidade significativa de espaços nos veículos de carga e que há disponibilidade

por parte das empresas em compartilhar ativos. O trabalho de desenvolvimento do

modelo da plataforma digital apresenta um dos caminhos para sanar o problema

estudado, podendo ser implantado como solução e ajustado ao longo de sua

utilização.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

Anexo 1 – Questionário de Entrevista - Alexandre, da Ambev

Pergunta: Sua empresa trabalha com frota compartilhada?

Resposta: ( X ) Sim ( ) Não

P: Em caso afirmativo da questão anterior, qual o volume mensal

compartilhado?

R: 2 mil viagens

P: Qual o percentual aproximado compartilhado em relação ao volume total

de embarques de sua empresa?

R: 40%

P: Você consegue medir o quanto sua empresa tem de volume ocioso em

seus veículos e que poderiam ser compartilhados?

R: (X) Sim ( ) Não Qual volume X total transportado? R: 500 viagens

P: Você utilizaria uma plataforma de compartilhamento virtual para

transportar suas mercadorias ou alocar seus veículos ociosos?

R: (X) Sim ( ) Não

P: O que você acha que tem que mudar no mercado para que a logística

compartilhada tenha crescimento em nosso país?

R: Confiabilidade de entrega e horários agendados.

P: Descreva brevemente se a sua empresa tem experiência ou caso de

sucesso de frota compartilhada, como isso funciona, quais os benefícios e problemas

que você encontra na prática.

R: Sim, muitos benefícios como saving no frete de ida e retorno, fidelização

de transportador com volume. Problemas como viradas de xadrez e falta de volume

deixam veículos ociosos e prejudicam a operação que põe em risco as negociações

com reduções de custo de frete, visto que isso deve ser contemplado com

produtividade.

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Anexo 2 – Questionário de Entrevista - Diego, da Danone

Pergunta: Sua empresa trabalha com frota compartilhada?

Resposta: ( X ) Sim ( ) Não

P: Em caso afirmativo da questão anterior, qual o volume mensal

compartilhado?

R: Em torno de 1.000 tons por mês.

P: Qual o percentual aproximado compartilhado em relação ao volume total

de embarques de sua empresa?

R: 5%

P: Você consegue medir o quanto sua empresa tem de volume ocioso em

seus veículos e que poderiam ser compartilhados?

R: (X) Sim( ) Não Qual volume X total transportado? R: Em torno de

25%de espaço ocioso.

P: Você utilizaria uma plataforma de compartilhamento virtual para

transportar suas mercadorias ou alocar seus veículos ociosos?

R: ( ) Sim ( X ) Não

P: O que você acha que tem que mudar no mercado para que a logística

compartilhada tenha crescimento em nosso país?

R: Transparência das empresas.

P: Descreva brevemente se a sua empresa tem experiência ou caso de

sucesso de frota compartilhada, como isso funciona, quais os benefícios e problemas

que você encontra na prática.

R: Nós nos transformamos em um transportador e hoje vendemos serviços

de transporte para outras empresas. Com isso conseguimos colocar outros volumes

na nossa malha usando espaço ocioso.

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Anexo 3 – Pesquisa para Projeto Final (Análise do mercado)

Pergunta: Qual o seu endereço de e-mail?

Resposta: ___________________________

P: Qual o faturamento anual de sua empresa?

R1: De R$ 100.000,00 a R$ 360.000,00.

R2: De R$ 360.000,00 a R$ 2.400.000,00.

R3: De R$ 2.400.000,00 aR$ 16.000.000,00.

R4: De R$ 16.000,00 a R$ 90.000.000,00.

R5: Acima de R$ 90.000.000,00.

P: Em relação a estratégia de frota, qual a proporção de terceirização que

você utiliza?

R1:100% frota própria.

R2:De 1 a 20% terceirizada.

R3:De 21 a 50% terceirizada.

R4:De 51 a 70% terceirizada.

R5:De 71 a 90% terceirizada.

R6: 100% terceirizada.

P: Seus veículos transitam com espaço ocioso ou retornam vazios em

alguma rota?

R: ( ) Sim ( ) Não

P: Sua empresa trabalha com compartilhamento de espaço ocioso em

veículos em rota?

R: ( ) Sim ( ) Não

P: Se a resposta da pergunta anterior for sim qual a frequência mensal que

isso ocorre?

R1: Zero vezes.

R2: De 01 a 5 vezes mensais.

R3: De 6 a 10 vezes.

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R4:Mais de 10 vezes mensais.

P: Qual a estratégia que sua empresa utiliza para administrar as viagens

ociosas?

R: ___________________________________________________

P: Qual o percentual de espaço compartilhado em relação ao volume total

de embarques de sua empresa?

R1: Zero.

R2: de 01 a 20%.

R3: de 21 a 40%.

R4: de 41 a 60%.

R5: de 61 a 80%.

R6: Mais de 80%.

P: Se o mercado estivesse melhor estruturado na logística compartilhada

vossa empresa utilizaria mais esta estratégia?

R: ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

P: Você tem oferta de volume de cargas em rotas que você não atende?

R1: Frequentemente.

R2: Esporadicamente.

R3: Raramente.

R4: Nunca.

P: Você compartilha armazéns?

R: ( ) Sim ( ) Não

P: Sinceramente, você considera viável compartilhar ativos (veículos,

armazéns, etc...) com empresas do mesmo ramo de atuação?

R: ( ) Sim ( ) Não

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P: Se a resposta da pergunta anterior foi não comente brevemente o

motivo.

R:__________________________________________