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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica
Plantas medicinais e fitoterápicos como terapia complementar em
pacientes submetidos à quimioterapia: contribuição e perspectivas
Barbara Sena Barbosa
Trabalho de Conclusão do Curso de
Farmácia-Bioquímica da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da Universidade
de São Paulo.
Orientador(a):
Prof.(a). Dr(a) Edna Tomiko Myiake Kato
São Paulo
2018
SUMÁRIO
Pág.
Lista de Abreviaturas .......................................................................... 1
RESUMO .......................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO................................................................................. 4
2. OBJETIVOS.................................................................................... 6
3. MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................... 7
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 9
5. CONCLUSÃO.................................................................................. 49
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 50
1
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CAM Terapias Alternativas e Complementares
EMA European Medicines Agency
FDA Food and Drug Administration
HPLC High performance liquid chromatography
IARC International Agency For Research On Cancer
INCA Instituto Nacional de Câncer
OMS Organização Mundial de Saúde
PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares
RENAME Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
SUS Sistema Único de Saúde
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RESUMO
BARBARA, B. S. Plantas medicinais e fitoterápicos como terapia complementar em pacientes submetidos à quimioterapia: contribuição e perspectivas. 2018. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Palavras-chave: terapia complementar, quimioterapia, efeitos colaterais, fitoterápicos.
O Instituto Nacional do Câncer estima que em 2018 e 2019, cerca de 1200 mil
novos casos de câncer irão surgir na população brasileira. Na atualidade, mais de
50 medicamentos e combinações são disponíveis para o tratamento, mas que
podem resultar em diversos efeitos indesejáveis, desde náuseas até alterações
emocionais, o que prejudica a qualidade de vida do paciente. Em 2018, o
Ministério da Saúde adicionou diversas práticas integrativas e complementares no
Sistema Único de Saúde. Este trabalho tem como objetivo revisar a literatura
científica, analisando o panorama do uso de tratamentos integrativos e
complementares nesses pacientes, avaliando especialmente o potencial de
plantas medicinais e fitoterápicos como auxiliares na promoção do bem-estar e
melhoria da qualidade de vida dos pacientes que se submetem à quimioterapia. A
revisão da literatura no período de 2000 a 2018 buscou informações técnicas em
sítios oficiais/estudos em livros além de artigos científicos encontrados em bases
de dados disponíveis na Universidade. Da análise das informações técnico-
científicas, foram selecionadas 17 espécies vegetais de interesse para a área.
Dessas, 9 foram classificadas com potencial alto para o desenvolvimento de
fitoterápicos ou para o seu uso como planta medicinal no tratamento
complementar para o alívio dos sintomas decorrentes da quimioterapia, são elas:
babosa (Aloe vera) indicada para inflamações de mucosa, cicatrização e
ressecamento de pele; espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) para problemas
estomacais; gengibre (Zingiber officinale) auxiliar na redução de náuseas e
vômitos; ginseng asiático (Panax ginseng) na redução de fraqueza e fadiga;
ginseng americano (Panax quinquefolius) diminuindo a fadiga e indisposição;
3
hortelã (Mentha piperita) amenizando náusea e transtornos digestivos; passiflora
(Passiflora incarnata) para ansiedade e insônia; valeriana (Valeriana officinalis)
facilitando o sono; e, o visco (Viscum album) amenizando ansiedade e
imunodepressão. Verificou-se que normalmente cada espécie auxilia em
determinado sintoma resultante da quimioterapia. Assim, o uso de plantas
medicinais e fitoterápicos com orientação médica e capacitação de profissionais
de saúde, pode beneficiar o tratamento de pacientes submetidos à quimioterapia,
amenizando sintomas físicos, emocionais e psicológicos do paciente.
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1. INTRODUÇÃO
O termo câncer é aplicado a um conjunto de doenças caracterizadas pelo
crescimento e divisão celular desordenados, que pode comprometer órgãos, além
de disseminar-se através da metástase. Esta doença pode ser tratada através de
procedimentos cirúrgicos, radioterápico, quimioterápico e imunoterápico, mas nos
últimos anos, consta como a segunda causa de mortalidade no Brasil (INCA,
2016).
O Instituto Nacional do Câncer estima que em 2018 e 2019, cerca de 1200 mil
novos casos de câncer irão surgir na população nacional. As taxas de incidência
ajustadas por idade tanto para homens (217,27/100 mil) quanto para mulheres
(191,78/100 mil), são consideradas intermediárias e compatíveis com as
apresentadas para países em desenvolvimento. Entre os homens, os cânceres de
próstata serão os mais frequentes, e nas mulheres, o câncer de mama.
Geograficamente, a distribuição da incidência mostra que 70% das novas
ocorrências tendem a ser nas regiões Sul e Sudeste (INCA, 2018).
O plano de tratamento pode incluir a combinação de diversas técnicas ou apenas
um procedimento, mas a quimioterapia tem sido a modalidade de maior escolha.
Na atualidade, mais de 50 medicamentos e combinações são disponíveis, mas
que podem resultar em efeitos indesejáveis diferentes, dependendo do paciente, o
que dificulta a adesão ao tratamento e a qualidade de vida do paciente
(OLIVEIRA, 2014). Entre eles, podem-se destacar os sintomas, a saber: fraqueza;
episódios de diarreia; surgimento de feridas na boca; alopecia; náuseas; vômitos,
tontura, distúrbios cardiovasculares (arritmia, hipertensão, acidente vascular
cerebral, tromboembolismo), alterações hormonais, entre outros. (SAWADA,
2009; COPPOLA et al, 2018).
Por ser um tratamento normalmente longo, outros medicamentos podem ser
incorporados para reduzir alguns desses efeitos. Porém, quando a doença já se
apresenta em um estágio avançado ou evoluiu para esta condição durante o
5
tratamento, a abordagem pode se tornar paliativa para garantir a qualidade de vida
ao paciente. É importante notar que a transição do tratamento farmacológico ativo
para o cuidado com intenção paliativa é um processo contínuo, e não se restringe
apenas aos pacientes terminais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS):
"Cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe
multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus
familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e
alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento
de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais".
Desta forma, fornece alívio para dor e outros sintomas que os pacientes
quimioterápicos apresentam e, apoiam as famílias a lidar melhor com a doença.
Na atualidade predomina a lógica cartesiana da medicina convencional que
favorece a medicalização da população. Esse modelo tem gerado a insatisfação
de pacientes acometidos por doenças crônicas, o que faz a população buscar pela
medicina tradicional ou práticas integrativas e complementares que promovem o
acolhimento, a valorização do paciente e o empoderamento, tornando o paciente
parceiro da busca pelo seu bem-estar (GARUZI et al., 2014).
O Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) reconhece oficialmente em 2003 as práticas da
chamada medicina não-convencional, voltada à saúde e ao bem-estar do
paciente. Estudos realizados com pacientes oncológicos de um centro brasileiro
de câncer mostraram que 63% dos pacientes faziam uso de Terapias Alternativas
e Complementares (CAM) e 89% já haviam usado CAM pelo menos uma vez na
vida. Entre eles, 83,7% não informaram seu médico por não terem sido
questionados. Isso demonstra como os profissionais da saúde devem estar
capacitados para orientar seus pacientes sobre o uso de CAM, principalmente o
6
uso de plantas e fitoterápicos, que exige uma atenção especial pela potencial
possibilidade de interação com quimioterápicos (SAMANO, 2005).
A fitoterapia, incluída entre estas práticas, contribui com produtos de origem
vegetal e derivados incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) e 12 fitoterápicos para o tratamento de doenças de baixa gravidade,
distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS), sob prescrição. Algumas plantas
incluídas na RENAME (BRASIL, 2017) que podem ser auxiliares na redução de
efeitos indesejáveis da quimioterapia são: alcachofra (Cynara scolymus L.) em
dispepsias associadas a disfunções gastrointestinais, gel de babosa [Aloe vera (L.)
Burm. f.] como coadjuvante em casos de dermatite, espinheira-santa (Maytenus
ilicifolia Mart. ex Reissek) para dispepsia e como coadjuvante no tratamento de
gastrite, hortelã (Mentha x piperita L) como carminativo, antiespasmódico,
coadjuvante no tratamento da síndrome do cólon. O município de São Paulo inclui
alguns fitoterápicos que podem auxiliar nesse processo, como a valeriana
(Valeriana officinalis L.) para episódios de insônia e a espinheira-santa (SÃO
PAULO, 2014).
2. OBJETIVO(S)
A revisão da literatura com foco nos efeitos indesejáveis decorrentes da
quimioterapia, pretendeu analisar o panorama do uso das terapias integrativas e
complementares, com destaque às plantas medicinais e fitoterápicos como formas
de tratamento dos sintomas decorrentes da quimioterapia. A partir dessa
avaliação, propos-se a dimensionar o potencial do emprego dos produtos de
origem vegetal nesses pacientes como auxiliares na promoção do bem-estar e
melhoria da qualidade de vida desses pacientes.
7
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Estratégias de pesquisa
A revisão da literatura sobre o tema selecionado, buscou informações
técnicas/estudos em livros e artigos científicos. A busca em bases de dados como,
Scopus, Web of Science, PubMed e Google Scholar foram realizadas
empregando-se as palavras-chave, em inglês e em português: ‘cancer’,
‘chemotherapy’, ‘medicinal plants’, ‘herbal medicine’, ‘phytotherapy’, ‘preclinical
studies’, ‘clinical studies’, ‘complementary and alternative medicines’, ‘efficacy’ e
‘safety’.
No Google Scholar focou-se na pesquisa em âmbito nacional, para buscar a
realidade do país quando o assunto é o uso dos fitoterápicos e práticas
integrativas em pacientes oncológicos.
Os artigos científicos e trabalhos acadêmicos envolvendo conceitos sobre o
câncer, o tratamento quimioterápico e o uso de produtos de origem vegetal como
terapia complementar foram selecionados de encontro com o objetivo do TCC e
analisados criticamente.
Além disso, materiais técnicos que abordam as Práticas Integrativas e
Complementares no seu modo geral foram consultados, a fim de se ter uma visão
real sobre seu uso.
Foram consultados também, documentos do Ministério da Saúde, abordando a
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e da
Organização Mundial da Saúde (OMS).
3.2. Critérios de inclusão
Na triagem inicial dos artigos a serem usados no TCC foram observados os títulos.
8
Foram incluídos os artigos científicos relacionados ao tema e publicados em
periódicos indexados, no período entre 2000 e 2018, com delineamento
experimental (ensaios clínicos, randomizados ou não) ou observacional (estudos
de caso-controle e estudos de coorte). Adicionalmente foram incluídos artigos que
analisaram somente um tipo de câncer, mas que descreviam com clareza os
efeitos colaterais frequentemente relatados pelos pacientes que passam pelo
tratamento de quimioterapia. Os artigos de revisão também foram considerados
para o trabalho.
3.3. Critérios de exclusão
Os estudos obtidos em diferentes bases de dados em duplicidade, cujos resumos
não apresentaram conteúdo relevante para o trabalho e indisponíveis na íntegra
online foram excluídos. Da mesma forma os que apresentaram conclusões
abertas ou inconclusivas foram desconsiderados.
Os critérios de inclusão e de exclusão dos artigos científicos encontrados nas
bases de dados são resumidos no fluxograma 1.
9
Fluxograma 1. Método utilizado para selecionar os artigos utilizados no trabalho
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados a seguir, foram divididos como segue: 1) fontes de informação
científica empregadas na elaboração do TCC; 2) apresentação do panorama do
câncer no mundo e no Brasil; 3) busca de informações sobre os sintomas
indesejáveis mais frequentemente relatados pelos pacientes submetidos à
quimioterapia; 4) breve histórico da Política de Práticas Integrativas e
Complementares e as práticas incorporadas no SUS; 5) por fim, o trabalho irá
avaliar e analisar as espécies vegetais com comprovação de eficácia e segurança
de uso que apresentam potencial uso como forma complementar de tratamento
para o alívio dos sintomas decorrentes da quimioterapia, destacando-se as plantas
da lista do SUS.
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4.1. Fontes de informação científica
O levantamento da literatura foi realizado consultando-se as seguintes bases de
dados: Scopus, Web of Science, PubMed e Google Scholar (tabela 1).
Na pesquisa no Google Scholar com foco no uso de fitoterápicos em pacientes
oncológicos, com o uso das palavras-chave “phytotherapy” e “cancer”, foram
encontrados 2.530 artigos publicados de 2000 até 2018; 1.250 resultados foram
encontrados associando “phytotherapy”, e “cancer” à “safety”. Esses números
demonstram como a preocupação de se estudar a eficácia e segurança dos
produtos de origem vegetal é um tema atual, onde os pesquisadores reconhecem
a seriedade e a necessidade de avaliar a segurança do uso das plantas
medicinais principalmente associados ao câncer. As espécies que foram
estudadas nos artigos e que não fazem parte da medicina tradicional, e mesmo
assim apresentam grande potencial para o tratamento integrativo, foram
consideradas no trabalho.
Ao pesquisar com os termos “chemotherapy” e “herbal medicine” 1.030 resultados
foram encontrados dentro do período selecionado; e 1.050 artigos para
“chemotherapy” à “complementary and alternative medicine”. Esses números
demonstram como a abordagem da medicina complementar com o uso de
fitoterápicos por parte dos pacientes oncológicos é recente, e como há uma
aceitação crescente.
A pesquisa com termos em inglês se alinha com a internacionalização acentuada
das publicações em bibliotecas digitais. Isso contribui decisivamente para
aumentar a visibilidade e impacto nos resultados das pesquisas.
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Tabela 1. Resultados da pesquisa com filtro período 2000-2018 utilizando as
palavras-chaves selecionadas
Após a análise dos resultados encontrados nas bases de dados, segundo o
fluxograma 1 (página 10), foram selecionados 70 artigos e documentos
relacionados, de maneira a compor o trabalho.
4.2. Câncer e quimioterapia
O câncer, conjunto de doenças que tem em comum o crescimento desordenado
de células que pode invadir diversos órgãos, é uma das principais causas de
morte em todo o mundo (INCA, 2018). O projeto Globocan 2012, divulgado pela
Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC- Institute Agency for
Research on Cancer), da Organização Mundial de Saúde (OMS) estima a
incidência, mortalidade e prevalência dos principais tipos de câncer no mundo.
Segundo os dados deste projeto, a cada ano, 14,1 milhões de novos casos
surgem e 8,2 milhões de pessoas morrem da doença ou de suas complicações.
Além dos novos casos que surgem, é estimado que 32,6 milhões de pessoas
vivem com o câncer já diagnosticado no mundo. Os cientistas preveem um
aumento de 70% nas próximas décadas nos números de novos casos de câncer
no mundo e 21.4 milhões de novos pacientes até 2032 (GLOBOCAN, 2012).
No Brasil, o aumento da incidência de câncer parece estar correlacionado com a
transição econômica do país. Com o recente envelhecimento da população, que
projeta o crescimento exponencial de idosos, é possível identificar um aumento
12
expressivo na prevalência do câncer. Esta perspectiva deixa clara a necessidade
de se focar os estudos para a área da oncologia, não só buscando novos
fármacos, mas também em melhorar a qualidade de vida destes pacientes (INCA,
2016).
Como se sabe, o tratamento da doença pode ser feito através de cirurgia,
radioterapia, quimioterapia, transplante de medula óssea, entre outros, sendo em
muitos casos, necessário combinar mais de uma modalidade. A forma de
tratamento mais utilizada é a quimioterapia, a qual utiliza medicamentos para
controle ou a erradicação de micrometástases. Os fármacos são aplicados, na
maior parte das vezes, por via intravenosa, podendo também ser administrados
por via oral, intramuscular, subcutânea, tópica e intratecal (INCA, 2018).
No entanto, as substâncias utilizadas não são capazes de diferenciar as células
tumorais e as normais, resultando na observação de efeitos colaterais, os quais
dependem do agente quimioterápico, da dosagem, da duração do tratamento e
dos fármacos que acompanham o tratamento individual de cada paciente. Estes
efeitos colaterais desencadeiam na maioria dos casos alterações na qualidade de
vida do paciente, na autoestima, além de alterações emocionais e sociais.
Assim, autores (ARISAWA, 2005; SAWADA, 2009; SILVA, 2010; NICOLUSSI,
2010; SOUZA, 2014; MATOSO, 2015) têm alertado sobre a influência da
qualidade de vida do indivíduo em tratamento quimio ou radioterápico. Neste TCC
são representados os principais efeitos colaterais relatados por pacientes durante
a terapia e publicados em 6 artigos científicos, no período de 2005 e 2015. Estes
artigos se mostraram mais detalhistas em seus métodos de análise, além de
considerar os impactos emocionais que o tratamento causou em um número
considerável de pacientes.
O gráfico 1 organiza os principais efeitos colaterais registrados em pacientes
estudados nessas 6 publicações selecionadas.
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Gráfico 1. Principais efeitos colaterais observados em pacientes expostos a quimioterapia
Fonte: ARISAWA, 2005; SAWADA, 2009; SILVA, 2010; NICOLUSSI, 2010; SOUZA, 2014; MATOSO, 2015.
4.3. Práticas Integrativas e Complementares (PIC)
As primeiras recomendações para a implantação das medicinas tradicionais e
práticas complementares difundiram-se por todo o mundo após a 1ª Conferência
Internacional de Assistência em Saúde (Alma Ata, Rússia, 1978), a partir da qual,
a OMS criou o Programa de Medicina Tradicional. No Brasil esse movimento
começou a ganhar força a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986).
Em seus comunicados e resoluções, a OMS incentiva os Estados-membro a
formularem políticas públicas para uso racional e integrado das Medicinas
Tradicionais e das Medicinas Complementares e Alternativas nos sistemas
nacionais de atenção à saúde, bem como para o desenvolvimento de estudos
científicos para melhor conhecimento de sua segurança, eficácia e qualidade
(JUNIOR, 2016).
14
No Brasil, em 2003, o relatório final da 12ª Conferência Nacional de Saúde
deliberou a inclusão das atuais Práticas Integrativas e Complementares para
integrar práticas não convencionais de forma organizada e direcionada ao acesso
público. Dentre elas destacam-se aquelas no âmbito da Medicina Tradicional
Chinesa - Acupuntura, da Homeopatia, da Fitoterapia, da Medicina Antroposófica
e do Termalismo-Crenoterapia.
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), publicada
em 2006, corrobora para a integralidade da atenção à saúde, e diversos estudos
têm demonstrado que tais abordagens contribuem para a ampliação da co-
responsabilidade dos indivíduos pela saúde, contribuindo assim para o aumento
do exercício da cidadania (BRASIL, 2006; BRASIL, 2015; BRASIL, 2018). Foram
incluídas, recentemente, novas modalidades de PICs que ainda estão sendo
avaliadas pelos profissionais.
Em 2017, o Ministério da Saúde reconheceu oficialmente as práticas da medicina
não convencional como terapias importantes no tratamento de pacientes. A partir
disto, o SUS começou a introduzir práticas como meditação, arteterapia, reiki,
musicoterapia, tratamento naturopático, tratamento osteopático e tratamento
quiroprático no sistema (BRASIL, 2017).
Essa resolução traz possibilidades para o Ministério da Saúde monitorar ações e
evoluções no tratamento do paciente, além da formação capacitada e formalizada
do profissional da saúde. No caso, esses procedimentos não necessariamente
precisam da prescrição médica, ficando aos demais profissionais da saúde
(enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, entre outros) essa incumbência de
orientação dos pacientes.
É importante salientar que a terapia complementar é um tratamento que é usado
juntamente com tratamentos médicos convencionais, não se propondo a substitui-
la. Já a terapia integrativa é uma abordagem total aos cuidados médicos que
combina a medicina convencional com as práticas CAM que se mostraram
15
seguras e eficazes. Elas tratam a mente, o corpo e o espírito do paciente,
expandindo as experiências além do âmbito hospitalar (USA, 2015).
A Tabela 2 apresenta as práticas integrativas e complementares incluídas no SUS
até março de 2018.
Tabela 2. Práticas integrativas complementares incluídas no SUS até 2018
* Práticas incluídas em março de 2018. Fonte: Brasil, 2018
4.4. Plantas Medicinais e Fitoterapia
A fitoterapia, foco deste trabalho, caracteriza-se pela prática do uso de plantas
medicinais, ou de suas partes, com a finalidade de prevenir, aliviar ou curar um
processo patológico. Tal terapia é baseada em produtos farmacêuticos de origem
vegetal padronizados, devidamente avaliados quanto à sua qualidade, eficácia e
segurança de uso.
Quando esses medicamentos são elaborados a partir de uma planta medicinal
alicerçada na tradição popular, sem evidências conhecidas de risco à saúde do
usuário, cuja eficácia é validada por meio de levantamentos farmacológicos,
documentações tecnocientíficas e publicações, denominam-se produtos
tradicionais fitoterápicos pela ANVISA (NOBREGA, 2017).
16
No período entre 2013 e 2015, a busca por tratamentos à base de plantas
medicinais e medicamentos fitoterápicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) teve
um crescimento de 161%, segundo dados do Ministério da Saúde, sendo os
fitoterápicos mais utilizados na rede pública: o guaco, a espinheira-santa e a
isoflavona-de-soja (BRASIL, 2016).
A Diretriz PMF 7 da PNPIC incentiva à pesquisa e desenvolvimento de plantas
medicinais e fitoterápicos, priorizando a biodiversidade do país. Tal fato demonstra
a importância reconhecida em se investir na área de inovação em fitoterápicos
nacionais (BRASIL, 2006).
O paciente em tratamento quimioterápico é um dos que mais relata efeitos
colaterais que diminuem a sua qualidade de vida. Pesquisadores brasileiros, em
2004, relataram que 89% dos pacientes quimioterápicos já haviam usado algum
modelo de CAM pelo menos uma vez na vida, e 63% estavam usando CAM no
mesmo momento do estudo. No entanto, dos dois grupos, 84% dos pacientes não
foi questionado pelo seu médico ou não foi orientado sobre o uso (SAMANO et al.,
2004).
É possível constatar que no Brasil, a relação dos oncologistas com a fitoterapia
ainda é bastante receosa, faltando orientação nas faculdades e estudos nesta
área. Muitas espécies vegetais apresentam atividades que podem beneficiar o
paciente submetido à quimioterapia, além de algumas terem sua eficácia
divulgada na literatura científica. Lembrar que ser natural não implica em ser
seguro, verifica-se a necessidade da realização de estudos que comprovem a
segurança e ausência de toxicidade de cada espécie antes da sua utilização.
Em 2012, o Ministério da Saúde realizou o primeiro curso de Fitoterapia para
Médicos, na modalidade de Educação a Distância (EAD), com o objetivo de
ampliar o conhecimento sobre o tema e sensibilizar profissionais de saúde e
população para essa opção terapêutica, permitindo o acesso da população
brasileira aos fitoterápicos com eficácia, segurança e qualidade (BRASIL, 2016).
17
4.5. Potenciais opções de tratamento fitoterápico
As espécies vegetais selecionadas consideraram os fitoterápicos incluídos no
RENAME, além de plantas medicinais que foram estudadas em um número
significativo de pesquisas acadêmicas e estudos clínicos com o enfoque desejado
e que se mostraram eficazes.
4.5.1. Alcachofra (Cynara scolymus L. - Asteraceae)
Cynara scolymus (Figura 1), listada na RENAME, é uma espécie tradicionalmente
conhecida pelos seus ácidos fenólicos com efeitos colagogo e coleréticos,
(LORENZI, MATOS, 2008). O Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia
Brasileira traz como indicação sua ação antidispéptica, ou seja, melhora a
digestão e diminui o desconforto estomacal (BRASIL, 2011).
O Memento Fitoterápico acrescentou indicações terapêuticas para suas folhas e
derivados (extratos): antidispéptico, antiflatulento, diurético, auxílio na prevenção
da aterosclerose, coadjuvante no tratamento de dislipidemia mista leve a
moderada e nos sintomas da síndrome do intestino irritável (BRASIL, 2016).
Devido às suas lactonas sesquiterpênicas, pode apresentar como efeito adverso
dermatites tópicas, causando alergias (BARNES, 2012). Por induzir as enzimas
CYP3A4, CYP2B6 e CYP2D6, pode interferir no metabolismo de fármacos
metabolizados por elas.
Portanto, apesar de apresentar indicações que possam vir a auxiliar na diminuição
dos efeitos gastrointestinais que a quimioterapia causa, a espécie contém
compostos que interagem com enzimas metabolizadoras. É necessário estudos
aprofundados sobre o seu uso em pacientes especificamente oncológicos, para
avaliar sua interação com os fármacos do tratamento.
Há na ANVISA registros de fitoterápicos contendo o seu extrato, como o
Alcachofra Herbarium da empresa Herbarium.
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Figura 1. Folhas de Cynara scolymus L. Fonte: Tropicos.org. Missouri Botanical
Garden. 27 Mar 2018 <http://www.tropicos.org/Image/100111494>
4.5.2. Aroeira (Schinus terebinthifolia Raddi - Anacardiaceae)
A aroeira-vermelha é uma árvore pequena, de frutos globosos, avermelhados e
pequenos (Figura 2). Esta planta é nativa, mas não-endêmica do Brasil, cujos
frutos são conhecidos como ‘pimenta-rosa’ e usada na culinária. As cascas do
tronco de Schinus terebinthifolia apresentam atividade anti-inflamatória, sendo
mencionada inclusive no Formulário de Fitoterápicos por essa ação. Indicações
adicionais como em casos de atonia muscular, distensão de tendões, artrite,
reumatismo e fraqueza dos órgãos digestivos são encontradas na literatura
(MORAES et al., 2011).
Em 2016, um ensaio clínico controlado randomizado e duplo-cego avaliou o uso
de uma pomada anti-inflamatória com 30% de extrato fluido das folhas da aroeira
no tratamento da mucosite oral (inflamação na mucosa) induzida pela radioterapia
exclusiva ou associada à quimioterapia em 12 pacientes com câncer de cabeça e
pescoço. Houve avaliação diária do grau da mucosite e da nota da dor referida
pelo paciente, as quais permitiram avaliar a regressão ou não da sua
manifestação. Os resultados apontaram que não houve diferença significativa na
19
inflamação para o grupo controle, porém em relação à sensação de dor, uma
porcentagem significativa dos pacientes relataram a redução com o uso da aroeira
(SILVA et al, 2016).
Pela falta de estudos envolvendo a espécie neste tipo de abordagem, não se pode
mensurar os benefícios ou malefícios que a mesma teria em um tratamento
integrativo.
Figura 2. Ramo frutificado de Schinus terebinthifolia Raddi. Fonte: Tropicos.org.
Missouri Botanical Garden. 27 Mar 2018 <http://www.tropicos.org/Image/4194>
4.5.3. Babosa (Aloe vera (L) Burn. f. - Xanthorrhoeaceae)
A babosa (Aloe vera (L) Burn. f.) é uma planta de folhas carnosas (Figura 3), que
também pode ser encontrada nas partes secas da África e nas montanhas da
África Tropical. O gel mucilaginoso de suas folhas pode ser utilizado em
inflamações e queimaduras, atuando como um excelente cicatrizante (MORAES et
al., 2011).
Segundo o Memento Fitoterápico (BRASIL, 2016), o gel de babosa promove a
cicatrização por estímulo direto de macrófagos e fibroblastos, atividade
20
possivelmente modulada por polissacarídeos, predominantemente constituído por
manose. Atua também como inibidor da síntese de tromboxano A2, um mediador
do dano tecidual progressivo.
O uso de preparações do gel (forma indicada no Formulário da Farmacopeia
Brasileira) nas áreas do corpo mais afetadas pelo ressecamento da pele durante e
após o tratamento quimioterápico, pode auxiliar na sua hidratação e reconstrução
da sua estrutura, minimizando os efeitos agressivos do tratamento.
O efeito purgante devido deve-se às antraquinonas presentes na composição do
líquido amarelo observado nas camadas teciduais mais externas da folha. Na
obtenção do gel, retira-se com material cortante, a parte externa da folha para
eliminar a fração antraquinônica.
Um estudo clínico randomizado duplo cego avaliou a eficácia de uma preparação
em creme com extrato de Aloe vera em 248 mulheres com câncer de mama, que
haviam passado por radioterapia. Depois de 4 semanas, foi observado que a
preparação não reduziu o ressecamento e irritação da pele (HOOPFER et al,
2015).
Um trabalho realizado no mesmo ano avaliou a influência da vitamina E e do gel
de Aloe vera 70% na prevenção e manejo da mucosite oral em modelo murino. Foi
constatado que o tamanho das lesões ocasionadas foi menor e menos frequente
nos grupos teste, assim como o nível de inflamação e seriedade das lesões, que
diminuíram consideravelmente (CUBA, 2015).
Há diversos produtos registrados na Anvisa que fazem uso do gel da babosa,
muitos deles dermocosméticos com o intuito justamente de hidratar e reestruturar
a pele, como o Uremax10 da Cifarma.
Estes resultados apontam para uma necessidade de aprofundamento nos estudos
envolvendo extratos de Aloe vera, e um estudo farmacotécnico sobre uma
formulação adequada a ser utilizada, pois a maioria dos estudos apontam para um
potencial fitoterápico para um tratamento integrativo.
21
Figura 3. Folhas da Aloe vera (L) Burn. f. Fonte: Tropicos.org. Missouri Botanical
Garden. 27 Mar 2018 <http://www.tropicos.org/Image/100107131>
4.5.4. Cáscara-sagrada (Frangula purshiana Cooper sinônimo:
Rhamnus purshiana DC. - Rhamnaceae)
Cáscara-sagrada é uma planta medicinal nativa das florestas de da América do
Norte, cultivada nos Estados Unidos, Canadá e no leste do continente africado
(JOERG, 2007).
Segundo o Memento Fitoterápico (BRASIL, 2016), a casca fresca de
Frangula purshiana (figura 4) contém antronas livres, que podem apresentar efeito
tóxico (vômitos ou até espasmos). Para evitar isto, a casca deve ser armazenada
por pelo menos 1 ano ou envelhecida artificialmente por calor ou aeração antes da
utilização terapêutica.
Suas cascas de caule apresentam em sua composição derivados de antracenos
que são responsáveis pelos efeitos laxativos da espécie, sendo assim indicada
para o tratamento de curto prazo da constipação intestinal ocasional (JOERG,
2007). Os hidroxiantracenos e as antraquinonas livres chegam sem serem
22
absorvidas no intestino grosso onde são hidrolizados e transformados pela ação
de enzimas em metabólitos ativos. Estes metabólitos estimulam os plexos
submucoso e mioentérico do sistema nervoso entérico causando um aumento do
peristaltismo (BARRET, 2012). Sua ação laxativa é mais suave que a de outros
laxantes e se manifesta entre 6 e 8 horas após a sua administração oral, sendo o
laxante de escolha em obesidade, quando o paciente apresentar constipação
crônica (BATISTUZZO et al, 2006).
Seu uso para constipação é aprovado pela Comissão Europeia, não sendo
indicado para pacientes com problemas intestinais severos.
Portanto, os estudos sugerem benefício considerável com o uso da cáscara
sagrada na constipação, porém, nem todos os pacientes que passam por
tratamento quimioterápico desenvolvem esse efeito de fato, sendo muito variável
entre o efeito colateral laxativo e o de constipação.
Figura 4. Casca da Rhamnus purshiana. Fonte: Tropicos.org. Missouri Botanical
Garden. 27 Mar 2018 <http://www.tropicos.org/Image/100525150>
23
4.5.5. Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. Ex Reissek -
Celastraceae)
Maytenus ilicifolia é um arbusto terrícola, nativo, mas não endêmico do Brasil,
encontrado no cerrado, mata atlântica e pampa (FLORA DO BRASIL, 2018).
Apresenta grande tradicionalidade na história da medicina, onde é empregada no
tratamento de problemas estomacais (gastrite, úlcera, dispepsia e indigestão) em
forma de infusão das folhas secas (LORENZI, MATOS, 2008).
O extrato hidroalcoólico das folhas da espinheira-santa (figura 5) foi analisado por
HPLC e ESI-MS, onde foram caracterizados os compostos: afzelequina,
epiafzelequina, catequina, epicatequina, galocatequina, epigalocatequina e taninos
condensados (SOUZA et al, 2008).
Um estudo recente analisou o extrato de folha de M. ilicifolia, o qual foi
agudamente e cronicamente (período de 180 dias) administrados a ratos,
camundongos e cães. Os resultados mostraram uma clara atividade antiulcerosa
para 70 mg/kg e ausência de efeitos tóxicos nas três espécies animais, mesmo
quando administrada em altas doses ou durante um longo período. Estes
resultados confirmam a propriedade em combater a úlcera e a ausência de efeitos
toxicológicos em três espécies animais, o que está em consonância com o seu
atual uso medicinal (TABACH et al, 2017).
O mesmo extrato foi avaliado em 24 voluntários saudáveis, a fim de estabelecer
sua máxima dose segura. Os comprimidos foram administrados em dosagens
semanais que foram aumentando desde uma dose inicial de 100 mg até a dose
final de 2000 mg. Este estudo demonstrou que a administração de até 2000 mg do
extrato foi bem tolerada, com poucas mudanças em parâmetros bioquímicos,
hematológicos ou de função psicomotora, e sem reações adversas significativas
nos voluntários (TABACH et al, 2017).
Há no mercado um fitoterápico da empresa Herbarium com o extrato da espécie e
seu uso é indicado para má digestão.
24
Dessa forma, a espécie se torna um potencial candidato para a inclusão deste
fitoterápico para tratamento integrativo.
Figura 5. Ramo frutificado de Maytenus ilicifolia. Fonte: UFRGS, Flora digital -
Maytenus ilicifolia, 2008
4.5.6. Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens (Burch) DC. Ex
Meisn. – Pedaliaceae)
Harpagophytum procumbens (figura 6), também conhecido como garra-do-diabo,
é nativo da região do deserto de Kalahari, na África Austral. O extrato seco das
suas raízes tuberosas tem efeitos antiinflamatórios e analgésicos em modelos
animais de inflamação e em ensaios humanos de osteoartrite e doenças
reumáticas, como artrose e dor lombar (GRĄBKOWSKA et al, 2016).
Seu uso é aprovado pela Comissão Europeia para dispepsias estomacais,
reumatismo e falta de apetite. Na medicina popular, a espécie é utilizada no alívio
de dores articulares e musculares, uso também feito de forma crônica na
homeopatia (JOERG, 2007).
Além do harpagosideo, outros iridoides como harpagideo, 8-feruloilharpagideo, 8-
p-coumaroilharpagideo e procumbideo são responsáveis pelas propriedades
25
farmacológicas dos extratos de seus órgãos subterrâneos. Flavonóides (luteolina e
kaempferol) e glicosídeos feniletanoides (verbascosideo e isoverbascosideo)
também foram detectados no extrato da espécie (GRĄBKOWSKA et al, 2016).
Sua eficácia e segurança são comprovadas perante a Anvisa, que já aceitou
registros de fitoterápicos comerciais contendo o extrato Harpagophytum
procumbens com indicação para o tratamento de reumatismo, artrite, artrose,
bursite e tendinite. Dois desses fitoterápicos são: Bioflan da Myralis Pharma e
Arpadol da Apsen.
Assim, o extrato mostra-se um potencial auxiliar nas dores musculares que muitos
pacientes enfrentam durante o tratamento quimioterápico. Contudo, por se tratar
de pacientes onde muitos fármacos são administrados, é necessário maior estudo
com o foco nesta população.
Figura 6. Harpagophytum procumbens. (A) Fruto (B) Raiz. Fonte: (A) GBIF,
Global Biodiversity Information Facility.Denmark, 2018.
<https://www.gbif.org/occurrence/gallery?taxon_key=3585335> (B) BFN, Project
Profile Devil’s Claw, 2018. <www.bfn.de>
4.5.7. Gengibre (Zingiber officinale L. - Zingiberaceae)
Zingiber officinale é uma erva rizomatosa, ereta, com cerca de 50cm de altura. A
parte medicinal é o seu rizoma ramificado, com odor e sabor picantes (figura 7). É
originária da Ásia e cultivada no Brasil. O uso do gengibre como planta medicinal é
A B
26
histórico, conhecido por sua atividade antimicrobiana, estimulante digestivo,
carminativo entre outras (LORENZI, MATOS, 2008).
O Memento Fitoterápico (BRASIL, 2016) indica na sua composição: óleo essencial
(zingibereno, β-bisabolol, β-sesquifelandreno), shogaol, e gingerol; zingeronas e
diterpenoides de núcleo lábdano. Além de orientar sobre as formas farmacêuticas
a serem utilizadas: cápsulas ou comprimidos contendo extrato seco, droga vegetal
(rizomas), extrato fluido, e tintura. Além de ser mencionada pelo Food and Drug
Administration (FDA) como seguro para o consumo.
O gengibre é uma das espécies mais estudadas para tratar as náuseas e vômitos
induzidos pela quimioterapia. Diversos estudos (RYAN et al., 2012; PANAHI et al.,
2012; SONTAKKE et al., 2003; MARX et al., 2017) dão suporte para o uso da
espécie em tais pacientes. Independente da etiologia destes efeitos, o impacto
negativo na qualidade de vida dos pacientes é marcante. A falta de controle
antiemético adequado altera o status nutricional, retira o prazer de beber e de
comer e diminui a aderência ao tratamento. Dessa forma, náusea e vômito
induzidos por quimioterapia representam um dos sintomas mais temíveis pelos
pacientes que iniciam o tratamento do câncer.
Em um estudo duplo cego, multicêntrico, randomizado com 744 pacientes com
câncer, dividiu-os em quatro grupos: 1) placebo, 2) 0,5 g de gengibre, 3) 1,0 g de
gengibre ou 4) 1,5 g de gengibre. As cápsulas continham extrato fluido purificado
da raiz de gengibre com as quantidades padronizadas por grupos. A ocorrência e
a severidade da náusea foram avaliadas durante o tratamento. Um total de 576
pacientes foi incluído na análise final (91% feminino, média de idade = 53). Todas
as doses de gengibre reduziram a gravidade da náusea aguda em comparação
com placebo no dia 1 de quimioterapia (p = 0,003). A maior redução na
intensidade da náusea ocorreu com 0,5g e 1,0g de gengibre (p = 0,017 e p =
0,036, respectivamente). O estudo concluiu que a suplementação de gengibre na
dose diária de 0,5 g e 1,0 g auxiliou significativamente na redução da gravidade da
27
náusea induzida por quimioterapia em pacientes adultos com câncer (RYAN et al.,
2012).
O extrato também foi avaliado em 78 crianças com câncer de mama em estágio
avançado, ingerindo 1.5g do extrato seco em pó após 4 dias de cada sessão de
quimioterapia. Foi encontrada redução de 16% na náusea aguda durante as
primeiras 6 horas (PANAHI et al., 2012).
Em outro estudo randomizado, prospectivo e duplo-cego com 50 pacientes com
câncer inespecífico, a espécie (pó da raiz encapsulado) apresentou efetividade em
reduzir as náuseas e vômitos agudos no mesmo nível de comparação ao do
medicamento controle utilizado, metoclopramida. Adicionalmente, os pacientes
não demonstraram sinais de efeitos adversos (SONTAKKE et al., 2003).
A suplementação com gengibre em pacientes que passam por quimioterapia é um
foco atual de estudo. Um estudo clínico randomizado com 51 pacientes utilizou
1,2g do extrato padronizado de gengibre por dia durante os primeiros ciclos de
quimioterapia. Eles avaliaram não só a náusea relacionada ao tratamento, mas
também a qualidade de vida, fadiga e estado nutricional dos pacientes. O grupo
que recebeu o extrato de gengibre teve melhores resultados em todos os
parâmetros avaliados sem demonstrar efeitos colaterais adicionais (MARX et al.,
2017).
Portanto, após estudos comprovarem o benefício do seu uso, a espécie tende a
ser a mais promissora para um tratamento complementar e integrativo aos
pacientes oncológicos. O gengibre demonstrou auxiliar na fadiga e na diminuição
das náuseas e vômitos causados pelos medicamentos da quimioterapia. Além de
não adicionar efeitos adversos ao tratamento convencional.
28
Figura 7. Rizomas de Zingiber officinale. Fonte:. Tropicos.org. Missouri Botanical
Garden. 27 Mar 2018 <http://www.tropicos.org/Image/100527544>
4.5.8. Ginseng (Panax ginseng C.A. Mey - Araliaceae)
A planta é perene e o caule, liso e arredondado, alcança de 30 a 80 cm de altura.
A raiz afila-se nas extremidades e apresenta formato característico (figura 8 A e
B). Panax ginseng é originário da China e cultivado na China, Coréia, Japão e
Rússia. Os principais compostos químicos presentes são os triterpenos e as
saponinas (JOERG, 2007).
A raiz de P. ginseng quando seca inteira ou cortada, designa-se por ginseng
branco; quando é tratada com vapor e posteriormente seca, designa-se como
ginseng vermelho. Contém não menos de 0.40% para a soma de ginsenosides
Rg1 e Rb1 (raiz seca). Sua raiz tem sido usada como medicinal há milhares de
anos na Ásia Oriental como um tônico, para o tratamento de fraqueza geral, falta
de apetite, ansiedade, insônia, impotência e infertilidade em mulheres e,
insuficiência cardíaca. É um dos mais importantes produtos na medicina
tradicional chinesa e uma das principais plantas medicinais utilizadas na fitoterapia
(EMA, 2013).
29
A Comissão Europeia e a Organização Mundial de Saúde não reportam nenhuma
contraindicação para o ginseng asiático. Já a Comissão Britânica traz
contraindicações envolvendo a espécie com o uso concomitante de estimulantes,
como bebidas contendo cafeína (BLUMENTHAL, 2003).
A fadiga física e o cansaço relacionado ao câncer são dois dos efeitos colaterais
mais comuns da quimioterapia, influenciando diretamente a qualidade de vida do
paciente. A quimioterapia é conhecida por aumentar as concentrações de
citocinas pró-inflamatórias como TNF-𝛼, IL-6 e IL-1𝛽, que podem alterar o apetite,
a sensibilidade a dor, distúrbios do sono, anorexia ou anemia que podem interagir
produzindo fadiga. Um estudo realizado em 2015 examinou os efeitos do extrato
hidroalcoólico bruto de ginseng em camundongos tratados com medicamentos
para induzir o tratamento quimioterápico. O tratamento com o extrato aumentou
significativamente a atividade dos camundongos e o glicogênio muscular, além de
diminuir a concentração das citocinas liberadas pela quimioterapia. Estes
resultados sugerem que o ginseng asiático pode melhorar a fadiga relacionada ao
câncer via regulação de respostas inflamatórias (PARK et al. 2015).
Os efeitos do extrato do ginseng asiático foram avaliados quanto à influência na
qualidade de vida de 53 pacientes com câncer em um estudo duplo cego e
controlado por placebo. Entre os parâmetros analisados estavam: habilidades
mentais e físicas, melhoria no humor e no bem-estar. Após a administração de 3g
do extrato por dia, todos os pontos analisados foram superiores no grupo tratado
com o ginseng. Nenhum efeito adverso foi observado nos grupos estudados.
Dessa forma, os autores concluíram que a espécie auxilia na melhoria da
qualidade de vida no geral dos pacientes que estão passando por quimioterapia
(KIM et al., 2006).
No que concerne às interações medicamentosas com quimioterápicos
antineoplásicos, é interessante notar que em humanos os ginsenosídios Rh1 e F1
exibiram inibição competitiva pela enzima CYP3A4, enquanto que apenas uma
leve inibição foi verificada nas CYP2E1 e CYP2D6. Portanto é importante salientar
30
a necessidade de avaliar a farmacocinética do medicamento utilizado, buscando
não alterar a via de eliminação da substância (FUKUMASU et al., 2008).
A espécie é a sétima colocada das plantas com maior número de registros junto à
ANVISA, o que demonstra segurança no seu uso.
Avaliando o histórico do uso de P. ginseng e estudos que avaliam sua segurança,
juntamente com o benefício de combater a fadiga física causada pela
quimioterapia, é possível ver que a espécie é um candidato promissor para o
tratamento integrativo. Faltam estudos para avaliar as interações químicas em
pacientes em tratamento quimioterápico.
Figura 8. Panax ginseng. (A) Hábito. (B) Raizes. Fonte: (A) Digital Atlas of the
Virginia Flora. 04 Abr 2018.http://vaplantatlas.org/index.php?do=plant&plant=1780>. (B)
wikimedia commons.
4.5.9. Ginseng Americano (Panax quinquefolius L. - Araliaceae)
Panax quinquefolius, também conhecido como ginseng americano (figura 9 A e B), é
a segunda espécie de ginseng mais utilizada com fins medicinais, seguido do
ginseng asiático (Panax ginseng). Cada espécie tem sua peculiaridade na
A B
31
composição química e deste fato observam-se diferenças nas suas atividades
farmacológicas. Entre as suas indicações tem-se: redução da glicemia, aumento
da performance física e mental e uso como um tônico (BLUMENTHAL, 2003).
A Associação Americana de Produtos Naturais classifica a espécie como Classe 1
em níveis de segurança, ou seja, a planta pode ser consumida com segurança
quando usada em níveis apropriados (BLUMENTHAL, 2003).
Um estudo piloto controlado por placebo avaliou os efeitos da suplementação de
750mg, 1.000mg e 2.000mg de raiz de ginseng em pó, sobre a fadiga relacionada
ao câncer em 282 pacientes com expectativa de vida de até 6 meses. Após 8
semanas de tratamento, foi observada uma melhora no bem-estar e cansaço dos
pacientes tratados com 1.000mg e 2.000mg do extrato da espécie. Não foi
observado nenhuma diferença estatística em questão de toxicidade entre os
grupos do ginseng e do placebo, concluindo que o extrato além de melhorar a
qualidade de vida relacionada a fadiga, não adiciona efeitos colaterais ao
tratamento convencional (BARTON et al., 2007).
O mesmo grupo publicou em 2010 a continuação deste estudo, onde avaliaram a
toxicidade e tolerabilidade ao extrato de ginseng americano em 290 pacientes. A
espécie foi considerada segura e tolerável nas dosagens de 1.000-2.000mg de
extrato seco em pó por dia (BARTON et al., 2010).
O extrato ainda foi avaliado em um estudo de Fase III com 364 pacientes de 40
instituições diferentes para comprovar e avaliar em maior escala o benefício na
fadiga relacionada ao câncer. Os pacientes apontaram melhora no ânimo, no
estado físico e psicológico e principalmente na sensação de cansaço (BARTON et
al., 2013).
A espécie já é estudada com o foco no tratamento integrativo em pacientes
oncológicos, com isso, pode-se apontar o ginseng americano como um candidato
promissor à novos medicamentos fitoterápicos na área.
32
Figura 9. Panax quinquefolium L. (A) Hábito. (B) Exsicata com detalhe da raiz.
Fonte:. (A) e (B) Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 04 Abr 2018
(A) http://tropicos.org/Image/100505687; (B) http://www.tropicos.org/Image/53110
4.5.10. Guaco (Mikania glomerata Spreng. – Asteraceae)
Mikania glomerata é uma trepadeira sublenhosa, de grande porte e perene, com
flores reunidas em capítulos congestos (figura 10). É utilizada na medicina popular
como tônico, broncodilatador e estimulante de apetite (LORENZI, MATOS, 2008).
Na composição química de suas folhas encontram-se majoritariamente a
cumarina, diterpenóides, triterpenoides como o lupeol, flavonoides e saponinas. A
cumarina é um dos principais responsáveis pelas atividades farmacológicas da
espécie (VAZ, 2010).
O Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2011) traz a
indicação de uso da infusão de suas folhas secas como expectorante, porém
insere advertências diretas ao seu uso em caso de tratamento com anti-
inflamatórios não esteroides, inferindo que pode interferir na coagulação
sanguínea.
Apesar do seu uso tradicional para estimular o apetite, não foi encontrada na
literatura estudos científicos ou estudos clínicos com humanos que evidencie essa
atividade.
A B
33
Concluiu-se que, no presente, não se evidencia potencial no Guaco para o
desenvolvimento de um fitoterápico para pacientes oncológicos visto que sua
eficácia em estimular o apetite, um dos efeitos colaterais enfrentados, não foi
comprovado cientificamente.
Figura 10. Exsicata de ramos floridos de Mikania glomerata. Fonte: Tropicos.org.
Missouri Botanical Garden. 27 Mar 2018 http://www.tropicos.org/Image/100362242
4.5.11. Guaraná (Paullinia cupana Kunth- Sapindaceae )
Paullinia cupana é um arbusto perene, de ramos trepadores e de crescimento
vigoroso (figura 11). As flores são pequenas e de cor creme e os frutos
representados por cápsulas globosas de cor vermelha. A espécie é nativa da
34
região Amazônica, mas cultivada em toda a extensão do Brasil pelo clima tropical
do país (LORENZI, MATOS, 2008).
O uso das folhas e sementes de P. cupana como planta medicinal é histórico e
tradicional por sua ação estimulante do sistema nervoso central e tônica. Sua
composição química é marcada pela presença de cafeína e teofilina, às quais se
atribuem esses efeitos benéficos (LORENZI, MATOS, 2008).
Um estudo duplo-cego realizado em 2008 teve como objetivo avaliar o efeito
estimulante do guaraná nos sintomas de fadiga e depressão relacionado à
quimioterapia. Os 26 pacientes com tumores sólidos receberam cápsulas do
extrato com 75mg/dia ou placebo durante os primeiros ciclos do tratamento. Na
finalização do estudo, não se observaram diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos, concluindo que o guaraná não exerceu atividade
benéfica (MIRANDA et al., 2008).
O extrato seco foi também analisado em pacientes com câncer de mama que
estavam sendo submetidos à quimioterapia. Neste estudo foram avaliadas a
qualidade do sono, fadiga, cansaço, ansiedade, sintomas de depressão e
menopausa em 75 pacientes por 21 dias. Ao final do estudo foi observado que o
extrato auxiliou no combate a fadiga, melhorou a qualidade do sono e demonstrou
efeitos sobre a ansiedade e depressão. Além de não ter apresentado toxicidade
aparente (CAMPOS et al., 2010).
Outro estudo piloto prospectivo fase II avaliou se a P. cupana diminuía o número e
a gravidade dos fogachos em mulheres que completaram o tratamento de câncer
de mama. As pacientes receberam 50mg do extrato seco de guaraná, por via oral,
2 vezes por dia por 6 semanas. Das 15 pacientes que completaram o estudo, 10
obtiveram diminuição de mais de 50% dos índices de gravidade de fogachos,
indicando o extrato como um tratamento complementar para auxiliar na redução
dos fogachos em mulheres pós- tratamento quimioterápico (OLIVEIRA et al,
2013).
35
Um estudo duplo cego randomizado fase II recente, avaliou a influência da
suplementação do extrato do guaraná em 60 pacientes com tumores de cabeça e
pescoço submetidos à quimioterapia. Porém, foi observado um efeito agravante do
extrato nos parâmetros analisados de qualidade de vida, que incluem fadiga, dor,
habilidade social e emocional. Além disso, houve uma perda de peso considerável
no grupo em estudo, concluindo que o guaraná não é benéfico para este tipo de
paciente (MARTINS, FERREIRA, GIGLIO, 2016).
Com estes trabalhos observa-se um cenário complexo para o guaraná, onde há
descobertas negativas e benéficas. Há a necessidade de mais estudos com um
número amostral de pacientes maior, padronização da forma de uso e
concentração para avaliar de fato o seu efeito sob essa população em específico.
Figura 11. Paullinia cupana. (A) Ramo florido. (B) Ramo frutificado . (A) Fonte:.
Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 05 Abr 2018. <
http://tropicos.org/Name/28600664?tab=images>. (B) wikimedia Commons
4.5.12. Hortelã (Mentha x piperita L. - Lamiaceae)
A hortelã é uma erva aromática, anual ou perene de mais ou menos 30cm de
altura, semi-ereta, com ramos de cor verde escura a roxa-purpurea (figura 12). É
A B
36
originária da Europa de onde foi trazida no período de colonização do país sendo
muito cultivada como planta medicinal até os dias de hoje. A literatura registra
suas propriedades espasmolíticas, coléricas, carminativas, antifúngicas,
antibacterianas, ansiolíticas, combate a dor de cabeça, enjoo, fadiga, neuralgia,
intestino irritável, entre outras enfermidades (LORENZI, MATOS, 2008;
BLUMENTHAL, 2003).
Tomando como foco os efeitos colaterais da quimioterapia discutidos, a espécie
auxiliaria no combate das dores de cabeça e enjoos que muitos dos pacientes
enfrentam durante o tratamento quimioterápico.
Foi comprovado que o óleo é um estimulante do sistema nervoso central,
aumentando o estado de alerta e diminuindo o cansaço de adultos (GOEL, LAO,
2006). Em 2007, o óleo de hortelã foi avaliado no tratamento de transtornos
digestivos durante 4 semanas, melhorando os sintomas abdominais em pacientes
com síndrome do cólon irritável (CAPPELLO et al, 2007).
Com o foco em dor de cabeça, diversos estudos baseiam-se em um trabalho de
1994 (GOBEL, SCHMIDT, SOYKA, 1994) para comprovar a eficácia no auxílio à
diminuição da sensibilidade em casos de enxaqueca.
O óleo ainda apresenta efeito ansiolítico, abordado em um estudo, em 2010, em
modelo comportamental validado - o labirinto em cruz elevado em camundongos.
Os resultados dos testes farmacológicos mostraram que o uso do óleo essencial
de M. piperita aumentou significativamente o tempo de permanência dos animais
no labirinto quando comparados com o grupo controle, indicando um efeito do tipo
ansiolítico (FERREIRA, 2010).
O Formulário de Fitoterápicos inclui duas formas de preparo para ramos floridos:
infusão para inibir a motilidade da musculatura visceral, relaxando a musculatura e
para tratar flatulências e desconfortos intestinais; e tintura com indicações
antidispéptico, antiflatulento e antiespasmódico (BRASIL, 2011).
Alguns fitoterápicos no mercado que fazem uso da espécie são:
37
• Endorus da Hebron, o qual é registrado em apresentações de comprimido,
xarope e solução oral. Utiliza o extrato seco da espécie, sendo indicado
para alívio das cólicas e gases intestinais e como expectorante.
• Mentaliv da Aspen, em cápsulas gelatinosas moles revestidas gastro-
resistente contendo o óleo essencial de Mentha piperita. O fitoterápico está
indicado no tratamento sintomático da síndrome do intestino irritável.
Portanto, através da análise da literatura e o histórico de uso tradicional
demosntrando eficácia e segurança da espécie, é possível denominá-la como um
dos maiores potenciais para um tratamento integrativo. Seu uso auxiliaria
pacientes que sofrem de cansaço, desânimo, ansiedade (englobando os
transtornos emocionais) e principalmente com enjoos frequentes. No âmbito da
aromaterapia, seu óleo é utilizado para diminuir as dores de cabeça, das mais
fracas até neuralgias.
Figura 12. Ramo florido de Mentha x piperita. Fonte: Tropicos.org. Missouri
Botanical Garden. 27 Mar 2018 <http://www.tropicos.org/Image/100529655>
38
4.5.13. Passiflora ou maracujá (Passiflora incarnata L. -
Passifloraceae)
Passiflora incarnata, espécie da família Passifloraceae, é uma planta medicinal
bem conhecida e nativa das áreas tropicais das Américas. É uma herbácea
trepadeira, com flores perfumadas de cor branca e rosada (figura 13). O seu uso
medicinal é conhecido pela sua ação sedativa, calmante, antiespasmódica e
tônica dos nervos (LORENZI, MATOS, 2008).
O Memento Fitoterápico aponta suas atividades ansiolíticas e o indica como um
sedativo leve, sendo contraindicado em casos de tratamento com depressores do
sistema nervoso. É importante destacar a possibilidade de potencialização dos
efeitos sedativos de medicamentos como o pentobarbital e hexobarbital (BRASIL,
2016).
As folhas são as partes de interesse medicinal, sendo descrita sua utilização
fresca (in natura), a droga vegetal encapsulada, extrato fluido e a tintura. Os
constituintes químicos descritos são: fitosteróis, heterosídeos cianogênicos,
alcaloides indólicos (menos de 0,03%), flavonoides (di-C-heterosídeos de flavonas
até 2,5%, vitexina e apigenina) e cumarinas (MÜLLER et al., 2005).
Um estudo clínico duplo-cego randomizado avaliou a P. incarnata no tratamento
do transtorno de ansiedade generalizada em comparação ao benzodiazepínico
oxazepam. Após 4 semanas utilizando a tintura, os resultados demonstraram que
tanto o extrato como o oxazepam exerceram efeitos positivos, sendo a planta
medicinal tão eficaz quanto o medicamento para o tratamento em questão.
Nenhuma diferença em termos de efeitos colaterais foi observada
(AKHONDZADEH et al., 2001).
Um estudo duplo-cego controlado por placebo, avaliou a atividade ansiolítica do
extrato da espécie em 60 pacientes com ansiedade pré-operatória. Todas as
características foram alinhadas entre os grupos: estado físico, tipo de cirurgia,
tempo de cirurgia, sedação utilizada e intervalos de administração oral do extrato.
Ao fim do estudo foi constatado que em cirurgia ambulatorial, a administração oral
39
de P. incarnata como pré-medicação reduz a ansiedade sem induzir
necessariamente a sedação (MOVAFEGH et al., 2008).
Em busca de avaliar o uso tradicional como sedativo da espécie, um estudo
controlado por placebo realizado em 2011 investigou a eficácia do infuso de P.
incarnata em 42 participantes saudáveis. A qualidade do sono apresentou uma
classificação significativamente melhor para o extrato em comparação com o
placebo. Esses achados iniciais sugerem que o consumo de uma dose baixa da
planta medicinal, na forma de infuso, produz benefícios subjetivos a curto prazo
para adultos saudáveis com flutuações moderadas na qualidade do sono (NGAN,
CONDUIT, 2011).
Não foram encontrados artigos que mostrassem a ação da espécie em pacientes
quimioterápicos. Porém, a quantidade de estudos clínicos realizados que
comprovam a sua eficácia como ansiolítico e até mesmo auxiliando na qualidade
do sono, sintomas frequentemente encontrados em tais pacientes, sugerem a
Passiflora como uma espécie promissora e segura para o tratamento
complementar ao quimioterápico.
O Sintocalmy, medicamento em mercado, faz uso do extrato da espécie e é
indicado para tratar estados de irritabilidade, agitação nervosa, tratamento de
insônia e desordens de ansiedade.
40
Figura 13. Ramo florido de Passiflora incarnata.Fonte:. Tropicos.org. Missouri
Botanical Garden. 27 Mar 2018 <http://www.tropicos.org/Image/100001856>
4.5.14. Salgueiro (Salix alba L. - Salicaceae )
O salgueiro é uma árvore caducifólia que chega a atingir de 20 a 30 metros de
altura. Suas folhas apresentam uma cobertura muito fina acetinada, prateada na
sua parte inferior; apresentam tipicamente de 5 a 10 centímetros de comprimento
e de 1 a 1,5 cm de largura (figura 14).
O extrato da casca de caule de salgueiro branco (S. alba) é conhecido
tradicionalmente pelo seu teor de salicina, tratando dores e febres. Historicamente,
a casca de salgueiro tem sido usada há mais de 2000 anos, inicialmente na região
do Mediterrâneo, incluindo o Egito e na Grécia (SHARA, STOHS, 2015).
Vlachojannis et al. (2009) realizaram uma revisão sistemática da eficácia do
extrato de casca de salgueiro em tratamento de dor lombar incluindo 415
indivíduos, concluindo que o mesmo apresentou resultados eficazes e sem
apresentar efeitos colaterais significativos.
A espécie já foi estudada em trabalhos que avaliaram as evidências clínicas
relevantes de espécies vegetais em tratamentos complementares com pacientes
41
quimioterápicos. Foi observado que a espécie auxilia nas dores e neuropatias que
surgem como efeito colateral da quimioterapia (SIEGEL et al, 2016; YI-LWERN
YAP et al, 2010).
A espécie está incluída no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira
(BRASIL, 2011), com orientações de preparo em forma de decocto. O seu uso não
é aconselhado em caso de tratamento com anticoagulantes, antiácidos e em
pessoas com distúrbios gastrintestinais. Por conter ácido acetilsalicílico, que no
fígado é transformado em ácido salicílico, essa planta pode apresentar efeitos
semelhante aos da aspirina, aumentando o risco de hemorragia nos tratamentos e
impedindo que o estômago mantenha seu revestimento íntegro e espesso.
Portanto, a espécie é um potencial fitoterápico para uma terapia complementar,
desempenhando papel no alívio da dor e da inflamação muitas vezes enfrentadas
pelos pacientes. Pela espécie apresentar efeito anticoagulante em humanos, é
associada a um risco aumentado de sangramento se utilizada com a varfarina
(SHARA, STOHS, 2015). Por isso é necessária uma maior atenção sobre o seu
uso concomitantemente com outros fármacos e em pacientes com problemas
gastrointestinais.
Figura 14. Ramo vegetativo de Salix alba. Fonte:. Tropicos.org. Missouri Botanical
Garden. 27 Mar 2018 http://www.tropicos.org/Image/100120030
42
4.5.15. Unha-de-gato (Uncaria tomentosa Willd. DC. - Rubiaceae)
Uncaria tomentosa é uma videira lenhosa, restrita a regiões tropicais nas regiões
central e sul da América e comum na floresta amazônica. É comumente conhecido
como unha–de-gato (figura 15 A, B) devido aos espinhos em forma de garra que
ocorrem em seu caule e auxiliam na sua fixação a troncos de árvores a alturas de
até 30 metros (BLUMENTHAL, 2003).
Tradicionalmente usa-se o infuso de sua casca interna para tratar uma variedade
de doenças, entre elas artrite reumatoide, osteoartrite, benéfico no tratamento da
asma, alergias, bursite, fibromialgia e inflamações no geral. Além de apresentar
ação imunomoduladora (BLUMENTHAL, 2003).
O Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), em parceria com a Faculdade
de Medicina do ABC (FMABC), concluiu em 2014 um estudo clínico utilizando a
unha-de-gato em 51 pacientes com diversos tipos de tumores sólidos e avançados
(câncer de cólon, mama, pulmão entre outros).
Como todos os selecionados já estavam em estado bem avançado da doença,
eles receberam um comprimido do fitoterápico, três vezes ao dia, durante dois
meses, período considerável quando se trata de pacientes em cuidados paliativos.
Concluíram que além de melhorar a qualidade de vida desses pacientes e
contribuir para a melhora da fadiga, 8% deles também tiveram a doença
estagnada durante um ano.
Além destes benefícios, o fitoterápico não apresentou efeitos colaterais
significativos, sendo bem tolerado pelos pacientes. A pesquisa, portanto, mostrou
a grande melhoria na qualidade de vida de pacientes com tumores metastáticos e
em cuidados paliativos com o uso do fitoterápico de unha-de-gato, apontando para
o potencial uso integrativo à quimioterapia (ABIFISA, 2018).
O Memento Fitoterápico (BRASIL, 2016) adverte, no entanto, o uso do extrato em
pacientes que serão submetidos a transplantes, devido ao seu efeito
43
imunoestimulante. Pensando desta maneira, o uso em pacientes quimioterápicos
poderia ser benéfico, justamente pela sua ação imunomoduladora.
Estudos in vitro com unha-de-gato revelaram que a mesma inibe a CYP3A4
prolongando a meia vida e aumentando os níveis séricos dos fármacos
metabolizados por esta enzima. Deve ser lembrado assim que apesar dos efeitos
benéficos que possa apresentar, é necessário avaliar a via metabólica que o
quimioterápico faz e possíveis interações (SCOTT, ELMER, 2002).
Figura 15. Uncaria tomentosa.(A) Ramo florido. (B) detalhe mostrando espinhos
no caule (seta). Fonte: Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 27 Mar 2018
<http://www.tropicos.org/Image/18420>
4.5.16. Valeriana (Valeriana officinalis L. - Caprifoliaceae)
Valeriana officinalis é uma erva perene encontrada na América do Norte, Europa e
Ásia (figura 16). O seu uso tradicional se dá principalmente no tratamento da
insônia, ansiedade e depressão. Existem três substâncias químicas principais que
são consideradas os componentes ativos da planta: os óleos essenciais,
derivados do ácido valerênico e os alcaloides (BARTON et al, 2012).
Seu uso é aprovado pela Comissão Europeia para ansiedade e insônia, sendo seu
uso não indicado para pacientes com problemas hepáticos. O Memento
A B
44
Fitoterápico indica a raiz (parte medicinal) como um sedativo moderado, hipnótico
e para o tratamento de distúrbios do sono associados à ansiedade (JOERG, 2007;
BRASIL, 2016).
Um estudo avaliou as propriedades sedativas dos compostos linarina, um
flavonoide isolado da Valeriana officinalis, em camundongos. Foi observada uma
diferença significativa na qualidade do sono no grupo onde foi administrado o
extrato, indicando o benefício do tratamento (FERNANDÉZ et al, 2004).
As propriedades ansiolíticas do extrato foram avaliadas em camundongos por dois
estudos. Os resultados mostraram que houve redução significativa no
comportamento ansioso quando o extrato de valeriana ou os indivíduos expostos
ao ácido valerênico (composto isolado do extrato) foram comparados ao grupo de
controle. As evidências suportam V. officinalis como uma alternativa potencial aos
ansiolíticos tradicionais (MURPHY et al., 2010; HATTESOHL et al., 2008).
Um estudo clínico fase III randomizado e controlado por placebo avaliou o
benefício da implementação de 450mg de extrato de valeriana em 227 pacientes
submetidos a quimioterapia. O estudo não encontrou evidências claras de que o
extrato auxiliou na qualidade do sono dos pacientes, porém as análises
exploratórias demonstraram que os pacientes apontaram uma melhoria na
disposição e na fadiga (BARTON et al., 2012).
Alguns estudos fundamentam a atividade ansiolítica e até mesmo a ANVISA
através do Memento Fitoterápico indica a utilização do extrato para a ansiedade e
insônia, porém faltam estudos que avaliem as mesmas em pacientes
quimioterápicos para chegarmos a uma conclusão sobre o seu benefício nesses
pacientes. Entretanto a V. officinalis é uma espécie de grande interesse para
pesquisas e desenvolvimento de fitoterápicos.
45
Figura 16. Valeriana officinalis.Hábito. Fonte: Tropicos.org. Missouri Botanical
Garden. 09 Abr 2018. <http://tropicos.org/Image/100122121>
4.5.17. Viscum album L. - Santalaceae
Viscum album é um arbusto semiparasítico (figura 17), que cresce em outras
árvores e tem sido usado no tratamento do câncer por cerca de 80 anos. É
originário da Europa e encontrado em toda Europa e partes do Oriente Médio.
Seus extratos contêm diversos compostos biologicamente ativos. Os compostos
mais minuciosamente investigados são as lectinas do visco, além de mucilagens,
flavonoides, triterpenos, polipeptideos e lignanas (KIENLE, KIENE, 2010; JOERG,
2007).
As partes medicinais são as folhas e galhos novos e frescos. Seu uso é aprovado
pela Comissão Europeia para reumatismo e terapia adjuvante no câncer. A
literatura traz usos pela população como calmante, tônico, antiespasmódico e
ansiolítico (JOERG, 2007).
Há crescente interesse na avaliação da atividade terapêutica do extrato de V.
album, principalmente envolvendo o câncer. Um trabalho de revisão realizado em
2010 identificou 26 estudos clínicos randomizados que utilizaram o extrato da
espécie para avaliar a influência do mesmo na qualidade de vida de pacientes
com câncer avançado. De todos os estudos, apenas 1 não encontrou melhora
significativa. Os demais estudos observaram melhoria na fadiga, na qualidade do
46
sono, na energia, náusea, apetite, ansiedade e bem-estar físico e emocional
(KIENLE & KIENE, 2010).
Um estudo randomizado controlado realizado em 2012, avaliou a qualidade de
vida juntamente com a imunomodulação e segurança da utilização do extrato de
V. album como adjuvante na quimioterapia. Após 24 semanas, foi observada
diminuição na frequência de diarreia nos pacientes, além de aumento na
contagem total de leucócitos e eosinófilos, indicando melhoria imunológica no
grupo tratado com o extrato. Nenhum efeito colateral adicional foi notado em
ambos os grupos, concluindo que o extrato em estudo se mostrou seguro (KIM et
al., 2012).
Em um estudo clínico de fase III realizado em 2013, o extrato foi avaliado em 220
pacientes com câncer pancreático avançado e com expectativa de vida baixa. A
espécie mostrou-se benéfica quando utilizada complementarmente à
quimioterapia e aos cuidados paliativos no câncer terminal (TRÖGER et al., 2013).
Um trabalho publicado recentemente estudou a segurança da administração
intravenosa do extrato aquoso de V. album. A solução foi aplicada uma vez por
semana em pacientes com câncer avançado (nenhum tipo de câncer foi excluído)
que já passaram pela quimioterapia. A administração foi considerada segura e o
extrato, tolerável (HUBER et al., 2017).
A European Medicines Agency (EMA) informa que o extrato da espécie tem sua
comercialização regularizada em muitos países europeus, apontando que apesar
dos estudos de toxicidade serem ainda limitados, os mesmos fundamentam a
segurança do uso (EMA, 2011).
V. album é uma espécie vegetal largamente estudada para tratamentos
integrativos e complementares em pacientes com câncer, sendo conhecido o
benefício e segurança que o mesmo apresenta. Portanto, mostra-se um candidato
promissor para desenvolvimentos farmacêuticos na área.
47
Figura 17. Detalhes de ramo frutificado de Viscum album
Fonte: UTAD. Jardim Botânico de Portugal. 04 Abr 2018
<https://jb.utad.pt/especie/Viscum_album_subesp_album>
A seguir, é apresentada a Tabela 3 onde se resume a potencialidade de uso das
espécies selecionadas no TCC. O critério para a classificação da potencialidade é
baseado na existência e na quantidade de artigos científicos que avaliam tais
espécies com resultados positivos de eficácia. As espécies que não demonstraram
atividade benéfica ou ainda trouxeram efeitos adversos adicionais ao tratamento,
foram classificadas como potencial “baixo”.
Tabela 3. Plantas medicinais abordadas e seus devidos potenciais de serem
utilizadas como terapia complementar em pacientes submetidos à quimioterapia
Espécie Indicações Potencial Referências
Alcachofra (Cynara scolymus)
Problemas digestivos e intestinais
Baixo LORENZI,MATOS, 2008;
BRASIL, 2011
Aroreira (Schinus terebinthifolia)
Inflamações e tratamento de mucosite oral
Baixo MORAES et al., 2011;
SILVA et al., 2016
Babosa (Aloe vera (L) Burm. f.)
Inflamações de mucosa, cicatrização e ressecamento de
pele Alto
MORAES et al., 2011; HOOPFER et al., 2015;
CUBA, 2015
Cáscara Sagrada (Rhamnus purshiana)
Constipação intestinal Médio BARRET, 2012;
BATISTUZZO et al, 2006
Tabela 3. Continuação
Espinheira-Santa (Maytenus ilicifolia)
Problemas estomacais (gastrite, úlcera, dispepsia e
indigestão) Alto
SOUZA et al, 2008; TABACH et al, 2017
Garra-do-diabo (Harpagophytum
procumbens)
Inflamações, artrite e osteoartrite, doenças
reumáticas e dores no geral Médio
GRABKOWSKA et al, 2016; JOERG, 2007
Gengibre (Zingiber officinale)
Náuseas e vômitos Alto
BRASIL, 2016; RYAN et al., 2012; PANAHI et al, 2012; SONTAKKE et al., 2003; MARX et al, 2017
Ginseng (Panax ginseng)
Fraqueza, fadiga, ansiedade e insônia
Alto
EMA, 2013; BLUMENTHAL, 2003;
PARK et al., 2015; KIM et al, 2006; FUKUMASU
et al., 2008
Ginseng americano (Panax quinquefolius)
Redução da glicemia, fadiga e indiposição
Alto BLUMENTHAL, 2003; BARTON et al, 2007 &
2010 & 201
Guaco (Mikania glomerata)
Fadiga e problemas pulmonares
Baixo LORENZI,MATOS, 2008;
VAZ, 2010
Guaraná (Paullinia cupana)
Fraqueza, fadiga, depressão, ansiedade, fogachos
Médio
MIRANDA et al., 2008; CAMPOS et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2013; MARTINS, FERREIRA,
GIGLIO, 2016
Hortelã (Mentha piperita)
Dores de cabeça, náusea, transtornos digestivos,
ansiedade Alto
BLUMENTHAL, 2003; GOEL E LAO, 2006;
CAPPELLO et al., 2007; FERREIRA, 2010.
Passiflora (Passiflora incarnata L.)
Ansiedade e insônia Alto
ANVISA, 2016; MULLER et al., 2005;
AKHONDZADEH et al., 2001; MOVAFEGH et al., 2008; NGAN, CONDUIT,
2011
Salgueiro (Salix alba)
Dores e febre Médio
VLACHOJANNIS et al., 2009; SIEGEL et al,
2016; YI-LWERN YAP et al, 2010; SHARA, STOHS,
2015
Unha-de-gato (Uncaria tomentosa)
Artrite reumatoide, osteoartrite e dores
reumáticas, indisposição Médio
BLUMENTHAL, 2013; ABIFISA, 2018; SCOTT,
ELMER, 2002
Valeriana (Valeriana officinalis)
Insônia, ansiedade e depressão Alto
BARTON et al., 2012; ANVISA, 2016;
FERNANDEZ et al, 2004; MURPHY et al., 2010;
HATTESOHL et al., 2008
Tabela 3. Continuação
Visco (Viscum album)
Reumatismo, ansiedade, imunodepressão, mal-estar
Alto
KIENLE, KIENE, 2010; KIM et al., 2012;
TRÖGER et al., 2013; HUBER et al., 2017
5. CONCLUSÃO(ÕES)
Na atualidade, a principal escolha de tratamento para o câncer é a quimioterapia,
que faz uso de mais de 50 medicamentos e combinações que podem resultar em
diversos efeitos indesejáveis.
Os efeitos adversos mais relatados pelos pacientes são: xerostomia ou boca seca,
cansaço e fadiga, alterações no sono (qualidade e duração), dores nos braços e
nas pernas, alterações emocionais desde ansiedade até depressão e ocorrência
frequente de náuseas e vômitos. Estes sintomas afetam todo o tratamento do
paciente, além de prejudicar na qualidade de vida do mesmo.
A análise da literatura no período de 2000 a 2018 permitiu verificar que no mínimo
17 espécies vegetais podem ser reconhecidas como potenciais auxiliares na
redução dos sintomas decorrentes da quimioterapia. Dentre essas, classificamos 9
com potencial alto para o desenvolvimento de fitoterápicos ou para o seu uso
como planta medicinal no tratamento complementar para o alívio dos sintomas
decorrentes da quimioterapia: gel da babosa (Aloe vera) indicada para
inflamações de mucosa, cicatrização e ressecamento de pele; espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia) para problemas estomacais; gengibre (Zingiber officinale)
auxiliar na redução de náuseas e vômitos; ginseng asiático (Panax ginseng) na
redução de fraqueza e fadiga; ginseng americano (Panax quinquefolius)
diminuindo a fadiga e indisposição; hortelã (Mentha piperita) amenizando náusea
e transtornos digestivos; passiflora (Passiflora incarnata) para ansiedade e
insônia; valeriana (Valeriana officinalis) facilitando o sono; e, o visco (Viscum
album) amenizando ansiedade e imunodepressão. Cada espécie auxilia em
determinado sintoma resultante da quimioterapia.
Assim, o uso de plantas medicinais e fitoterápicos com orientação médica e
capacitação de profissionais de saúde, pode beneficiar o tratamento de pacientes
submetidos a quimioterapia, amenizando sintomas físicos, emocionais e
psicológicos do paciente.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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