plantas aromáticas da amazonia

Upload: janete-moreno

Post on 31-Oct-2015

149 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • iUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

    INSTITUTO DE QUMICA

    DISSERTAO DE MESTRADO

    ESTUDO DA COMPOSIO QUMICA DE LEOS ESSENCIAIS DE

    PLANTAS AROMTICAS DA AMAZNIA

    ALUNA: FERNANDA AVILA LUPE ORIENTADOR: PROF. DR. LAURO E. S. BARATA

    CAMPINAS

    2007

  • ii

  • vAos meus pais Maria de Ftima e Luprcio Aos meus irmos Tania e Ricardo

    Ao meu sobrinho Arthur Ao Nelson e Emerval

    Dedico

  • vii

    AGRADECIMENTOS

    A Deus por me dar fora para concluir mais uma etapa.

    Ao Instituto de Qumica da UNICAMP pela oportunidade de

    aperfeioamento dos meus conhecimentos em Qumica.

    Secretaria de Educao do Estado de So Paulo pelo apoio

    financeiro.

    Ao professor Dr. Lauro E. S. Barata pelo apoio e orientao.

    Ao Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Qumicas, Biolgicas e

    Agrcolas (CPQBA), Sra. Maria Emlia Andrade, ao Sr. Raul Alencar e ao

    Dr. Nilson Maia pela doao das amostras deste trabalho.

    Aos professores Dr. Fbio Augusto e Dr Anglica Zaninelli Schreiber

    pelas anlises feitas em colaborao.

    Rita pela ajuda tcnica, dedicao e amizade.

    Aos amigos do laboratrio de Qumica de Produtos Naturais, em

    especial Adriana, pelo aprendizado e descontrao.

    Aos amigos Ilton e Antonio por serem to prestativos.

    Ana Cladia e ao Mrcio por ensinar a tcnica de SPME.

    s minhas queridas amigas Mnica e Carla pelo incentivo e

    pacincia.

    Aos meus alunos pelo carinho.

    A todos que de alguma forma contriburam para o desenvolvimento

    desse trabalho.

  • ix

    CURRICULUM VITAE

    FORMAO ACADMICAUniversidade de So Paulo USP Ribeiro Preto.

    Bacharelado em Qumica, concludo em dezembro de 2000. Licenciatura em Qumica, concludo em dezembro de 2000. Atribuies Tecnolgicas em Qumica, concludo em julho de 2001.

    Escola Tcnica Estadual Conselheiro Antnio Prado ETECAP Curso tcnico em Qumica, concludo em dezembro de 1996.

    EXPERINCIASENAI Paulnia

    Professora do curso Tcnico em Qumica das disciplinas: Anlise Qualitativa, Anlise Instrumental, Corroso e Tecnologia Ambiental. Desde novembro de 2005 at os dias atuais.

    Escolas Estaduais de Ensino Mdio. Professora Efetiva de Qumica do Ensino Mdio. Desde maro de 2001 at os dias atuais.

    Oficina Pedaggica - Diretoria de Ensino Regio de Sumar. Bolsista do Programa Bolsa Mestrado. Incio em novembro de 2004 at fevereiro de 2007.

    Colgio Alternativa Sumar Professora de Qumica do curso pr-vestibular e pr-vestibulinho. Incio em maro de 2005 at os dias atuais.

    Curso Pr-Col. Tec Campinas. Professora Plantonista de Qumica. Incio em fevereiro de 2004 at dezembro de 2004.

    Colgio Nova Veneza Unidade II Hortolndia. Professora de Qumica do Ensino Mdio. Incio em fevereiro de 2004 at julho de 2004.

  • xAPRESENTAES

    Reviso de estudos fitoqumico e farmacolgico de Aniba canelilla e anlise do leo da madeira e folhas pster. VI Jornada Paulista de Plantas Medicinais. 26 a 29 de outubro de 2003.

    Massoia lactona constituinte principal do resduo de Aeollanthussuaveolens por HS-SPME pster. III Simpsio Brasileiro de leos Essenciais. 8 a 10 de novembro de 2005.

    PUBLICAES

    LUPE, F. A.; LEMES, A. C.; AUGUSTO, F.; BARATA, L. E. S. Fragrant Lactones in the steam distillation residue of Aeollanthus suaveolensMart. ex Spreng and analysis by HS-SPME. Journal of Essential Oil Research, v 19 (3), 201-202, 2007

    LUPE, F. A.; SOUZA, R. C. Z; BARATA, L. E. S. Linalool enantiomers from Aniba rosaeodora (rosewood), Lippia alba (erva cidreira nacional) and Ocimum basilicum (basil) oils. (Perfumer Flavorist,submetido).

  • xi

    RESUMOESTUDO DA COMPOSIO QUMICA DE LEOS

    ESSENCIAIS DE PLANTAS AROMTICAS DA AMAZNIA

    O presente trabalho envolveu o estudo da composio qumica dos

    leos essenciais de cinco plantas aromticas Aeollanthus suaveolens, Aniba

    canelilla, Aniba rosaeodora, Lippia alba e Ocimum basilicum por

    Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (CG-EM).

    Amostras destas plantas - leo essencial, planta fresca, seca e resduo da

    extrao do leo essencial - foram extradas por Microextrao em Fase

    Slida em Espao confinado (HS-SPME) e analisadas por CG-EM. Os leos

    foram extrados por arraste a vapor. Os leos essenciais ricos em linalol de

    A. rosaeodora (madeira e folhas), L. alba e O. basilicum foram avaliados

    por CG-EM com coluna HP-5 e a composio dos enantimeros de linalol

    determinada usando coluna quiral. Com o resultado dessa comparao, foi

    avaliada a substituio do leo essencial da madeira de A. rosaeodora pelos

    leos essenciais estudados. Um estudo sazonal de L. alba para definir as

    concentraes e quiralidade do linalol encontrado foi feito com seis coletas.

    As principais molculas dos leos essenciais e/ou extratos de A. canelilla (1-

    nitro-2-feniletano e metileugenol) e A. suaveolens (massoia lactona) foram

    isoladas utilizando tcnicas de fracionamento como: destilao,

    hidrodestilao, extrao cido-base, cromatografia em coluna e

    cromatografia em camada delgada preparativa, e identificadas por RMN de 1H e 13C. A semi-sntese da massoia lactona foi feita a partir de uma

    molcula comercial (-decalactona). Ensaios biolgicos - antifngico e anti

    bacteriano foram realizados pela tcnica de difuso com discos com

    amostras de A. canelilla e A. suaveolens.

  • xiii

    ABSTRACTCHEMICAL COMPOSITION OF THE ESSENTIAL

    OILS FROM AMAZONIAN AROMATIC PLANTS

    This work involved the chemical composition study of the following

    five aromatics plants Aeollanthus suaveolens, Aniba canelilla, Aniba

    rosaeodora, Lippia alba and Ocimum basilicum using Gas Chromatography

    / Mass Spectrometry (GC-MS). Samples of these plants essential oils,

    fresh and dried plants as well as extraction residues were extracted using

    Headspace Solid Phase Microextraction (HS-SPME) and analyzed with GC-

    MS. The oils were extracted by steam distillation. The essential oils of A.

    rosaeodora (wood and leaves), L. alba and O. basilicum rich in linalool

    were evaluated by GC-MS using HP-5 column, while the linalool

    enantiomer composition using a chiral column. From the results of this

    comparison the replacement of A. rosaeodora essential oil from its wood by

    the plants listed above was evaluated. A seasonal study of L. alba to define

    linalool concentrations and chirality was made using six different samples.

    The main molecules of the essential oils and/or extracts of A. canelilla (1-

    nitro-2-phenyethane and methyl eugenol) and A. suaveolens (massoia

    lactone) were isolated using separation techniques as distillation, hydro-

    distillation, acid-base extraction, column chromatography and preparative

    thin layer chromatography, and identified by NMR 1H and 13C. The semi-

    synthesis of the massoia lactone was obtained from a commercial molecule

    (-decalactone). Biological assays anti-fungal and antibacterial with

    samples of A. canelilla and A. suaveolens were conducted using the

    diffusion technique in discs.

  • xv

    LISTA DE ABREVIAES

    CCD: Cromatografia em camada delgada

    CCDP: Cromatografia em camada delgada preparativa

    CG-EM: Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas

    d: Dubleto

    dd: Duplo dubleto

    dt: Duplo tripleto

    HS SPME: Microextrao em fase slida no headspace da amostra

    M: Multipleto

    o.e.: leo essencial

    PDMS: Polidimetilsiloxano

    RMN de 13C: Ressonncia magntica nuclear de carbono 13

    RMN de 1H: Ressonncia magntica nuclear de hidrognio

    SPME: Microextrao em fase slida (Solid phase micro-extraction)

    t: Tripleto

  • xvii

    LISTA DE FIGURAS Figura 1. Evoluo do faturamento lquido do setor de higiene

    pessoal, perfumaria e cosmticos no Brasil........................................... 3

    Figura 2. Origem dos terpenides e fenilpropanides............................ 6

    Figura 3. Ciclo biossinttico geral dos metablitos secundrios3........... 7

    Figura 4. Foto de A. suaveolens............................................................. 12

    Figura 5. Foto de A. canelilla................................................................. 14

    Figura 6. Foto de A. rosaeodora............................................................ 16

    Figura 7. Foto de L. alba........................................................................ 19

    Figura 8. Foto de O. basilicum............................................................... 22

    Figura 9. Espectro de RMN de 1H da massoia lactona isolada de A.

    suaveolens............................................................................................... 34

    Figura 10. Espectro de RMN de 13C da massoia lactona isolada A.

    suaveolens............................................................................................... 35

    Figura 11. Espectro de RMN de 1H da massoia lactona sintetizada....... 37

    Figura 12. Espectro de RMN de 13C da massoia lactona sintetizada...... 38

    Figura 13. Espectro de RMN de 1H da -decalactona............................ 39

    Figura 14. Espectro de RMN de 13C da -decalactona........................... 39

    Figura 15. Fluxograma de extrao cido-base do leo essencial bruto

    da madeira de A. canelilla...................................................................... 41

    Figura 16. Espectro de RMN de 1H do 1-nitro-2-feniletano................... 44

    Figura 17. Espectro de RMN de 13C do 1-nitro-2-feniletano.................. 44

    Figura 18. Espectro de RMN de 1H do metileugenol............................. 45

    Figura 19. Espectro de RMN de 13C do metileugenol............................ 46

    Figura 20. Cromatograma do o.e. de A. suaveolens................................ 56

    Figura 21. Principais constituintes do o.e. essencial de A. suaveolens. 57

  • xviii

    Figura 22. Obteno da massoia lactona................................................ 62

    Figura 23.Cromatograma do o.e. bruto da madeira de A. canelilla (A) 64

    Figura 24. Cromatograma da frao obtida por destilao fracionada

    do o.e. bruto da madeira de A. canelilla (B).......................................... 64

    Figura 25. Cromatograma da alquota obtida por destilao fracionada

    da frao B da madeira de A. canelilla (C)............................................. 65

    Figura 26. Cromatograma da frao obtida por hidrodestilao do o.e.

    bruto da madeira de A. canelilla (D)...................................................... 65

    Figura 27. Cromatograma do o.e. das folhas de A. canelilla (E)........... 65

    Figura 28. Principais constituintes do o.e. da madeira de A. canelilla... 66

    Figura 29. Variao percentual dos principais componentes do leo

    essencial de A. canelilla em fraes hidrodestiladas............................. 70

    Figura 30. Cromatograma do o. e. das folhas de A. rosaeodora............ 74

    Figura 31. Cromatograma do o. e. da madeira de A. rosaeodora.......... 75

    Figura 32. Principais constituintes do leo essencial de A. rosaeodora 76

    Figura 33. Cromatograma do o. e. de L. alba........................................ 78

    Figura 34. Principais constituintes do leo essencial de L. alba........... 79

    Figura 35. Cromatograma do o. e. de O. basilicum................................ 81

    Figura 36. Principais constituintes do leo essencial de O. basilicum... 82

    Figura 37. Enantimeros do linalol 88

  • xix

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Eluentes, volumes usados e fraes da coluna

    cromatogrfica para isolamento da massoia lactona............................. 33

    Tabela 2. Eluentes, volumes usados e fraes da coluna

    cromatogrfica para isolamento de 1-nitro-2-feniletano e

    metileugenol.......................................................................................... 42

    Tabela 3. Fraes da hidrodestilao do o.e. de A. canelilla................. 48

    Tabela 4. Datas, observaes das coletas e rendimentos das extraes

    de L. alba................................................................................................ 53

    Tabela 5 Constituintes do o.e. de A. suaveolens e rea percentual

    relativa dos picos no cromatograma....................................................... 57

    Tabela 6. Constituintes volteis de A. suaveolens fresca (1), seca (2),

    leo essencial (3) e resduo da extrao do o.e. (4) extrados por HS-

    SPME e rea percentual relativa dos picos no cromatograma............... 60

    Tabela 7. Amostras de A. canelilla analisada por CG-EM..................... 64

    Tabela 8. Constituintes do leo essencial de A. canelilla da madeira

    bruto (A) e fraes B, C, D e das folhas (E), e rea percentual

    relativa dos picos nos cromatogramas (Figura 22, 23, 24, 25, 26)........ 66

    Tabela 9. Concentrao (%) de 1-nitro-2-feniletano (m/m) nos leos

    essenciais de A. canelilla....................................................................... 68

    Tabela 10. Constituintes do leo essencial hidrodestilado da madeira

    de A. canelilla e rea percentual relativa dos picos no cromatograma . 69

    Tabela 11. leo essencial e extratos testados no ensaio biolgico........ 72

    Tabela 12. Teste preliminar de atividade do o.e. e dos extratos

    realizado pela tcnica de difuso com discos........................................ 73

    Tabela 13. Constituintes do leo essencial da madeira e folhas de A.

  • xx

    rosaeodora e rea percentual relativa dos picos no cromatograma....... 75

    Tabela 14. Constituintes do leo essencial da madeira e folhas de A.

    rosaeodora e rea percentual relativa dos picos no cromatograma33.... 76

    Tabela 15. Constituintes do leo essencial de L. alba e rea percentual

    relativa dos picos no cromatograma....................................................... 78

    Tabela 16. Anlise comparativa de linalol em diferentes amostras de

    L. alba....................................................................................................

    80

    Tabela 17. Constituintes do leo essencial de O. basilicum e rea

    percentual relativa dos picos no cromatograma..................................... 82

    Tabela 18. Constituintes volteis de amostras de A. rosaeodora, L.

    alba e O. basilicum analisados por HS-SPME-CG-EM e rea

    percentual relativa dos picos no cromatograma...................................... 85

    Tabela. 19. Comparao dos constituintes do o.e. de O. basilicum por

    injeo do o.e. e por HS-SPME.............................................................. 86

    Tabela 20. Enantimeros do linalol nos o.e. de A. rosaeodora, L. alba

    e O. basilicum...................................................................................... 87

  • xxi

    SUMRIO

    1. INTRODUO................................................................................. 1

    1.1. leo essencial.......................................................................... 4

    1.2. Mercado de leos essenciais..................................................... 9

    2. REVISO BIBLIOGRFICA.......................................................... 12

    2.1 Aeollanthus suaveolens Mart. ex-Spreng................................. 12

    2.2 Aniba canelilla (H.B.K.) Mez.................................................. 14

    2.3. Aniba rosaeodora Ducke......................................................... 16

    2.4. Lippia alba Mill. N. E. Br....................................................... 19

    2.5. Ocimum basilicum L. .............................................................. 22

    3. OBJETIVOS...................................................................................... 27

    3.1. Objetivo Geral......................................................................... 27

    3.2. Objetivos Especficos.............................................................. 27

    4. EXPERIMENTAL............................................................................. 29

    4.1. Material botnico..................................................................... 30

    4.2. Extrao do leo essencial de Aeollanthus suaveolens........... 31

    4.3. Extrao a frio do resduo de A. suaveolens............................ 31

    4.4. Extrao das partes areas de A. suaveolens com solvente..... 32

    4.5. Isolamento da massoia lactona do extrato hexnico de A.

    suaveolens....................................................................................... 32

    4.5.1. Eliminao de clorofila.................................................... 32

    4.5.2. Coluna cromatogrfica.................................................... 33

    4.5.3. Cromatografia em camada delgada preparativa.............. 34

  • xxii

    4.6. Constituintes volteis de Aeollanthus suaveolens extrados

    por Micro-extrao em fase slida (SPME)................................... 35

    4.7. Obteno da massoia lactona................................................... 36

    4.8. Fracionamento do leo essencial da madeira de A. canelilla

    por extrao cido-base, cromatografia em coluna e

    cromatografia em camada delgada preparativa.............................. 40

    4.9. Destilao do leo essencial bruto da madeira de A. canelilla 46

    4.10. Redestilao do leo essencial da madeira de A. canelilla.... 47

    4.11. Hidrodestilao do leo essencial bruto da madeira de A.

    canelilla.......................................................................................... 47

    4.12. Extrao e anlise do leo essencial das folhas de A.

    canelilla.......................................................................................... 48

    4.13. Quantificao de 1-nitro-2-feniletano no leo essencial da

    madeira e folhas de A. canelilla e fraes...................................... 48

    4.14. Extrao das folhas de A. canelilla com diclorometano........ 49

    4.15. Ensaios biolgicos................................................................. 49

    4.15.1. Amostras e microorganismos avaliados........................ 49

    4.15.2. Preparao do inculo................................................... 50

    4.15.3. Preparao dos discos.................................................... 50

    4.15.4. Meio de cultura.............................................................. 51

    4.15.5. Inoculao das placas de teste....................................... 51

    4.15.6. Aplicao de discos a placas de gar inoculadas........... 52

    4.15.7. Leitura das placas e interpretao dos resultados.......... 52

    4.16. Extrao do leo essencial de Lippia alba............................ 53

  • xxiii

    4.17. Microextrao em Fase Slida de A. rosaeodora, L. alba e

    O basilicum......................................................................................

    54

    4.18. Avaliao dos enantimeros de linalol nos leos essenciais

    de A. rosaeodora, L. alba e O. basilicum....................................... 54

    5. RESULTADOS E DISCUSSO....................................................... 56

    5.1. Constituintes volteis do leo essencial de A. suaveolens....... 56

    5.1.1. Isolamento da massoia lactona........................................ 58

    5.1.2. Constituintes de A. suaveolens extrados por HS-SPME 59

    5.1.3. Obteno da massoia lactona........................................... 61

    5.2. Constituintes volteis do leo essencial de Aniba canelilla.... 63

    5.2.1. Quantificao de 1-nitro-2-feniletano no leo essencial

    de A. canelilla............................................................................ 68

    5.2.2. Variao dos constituintes volteis do leo essencial da

    madeira de A. canelilla no processo de hidrodestilao............ 69

    5.2.3. Isolamento de 1-nitro-2-feniletano e de metileugenol..... 70

    5.3. Ensaios biolgicos com amostras de Aeollanthus suaveolens

    e Aniba canelilla............................................................................. 72

    5.4. Constituintes volteis do leo essencial de Aniba rosaeodora

    das folhas e da madeira................................................................... 74

    5.5. Constituintes volteis do leo essencial de Lippia alba.......... 77

    5.5.1. Variao sazonal de linalol no leo essencial de Lippia

    alba............................................................................................. 80

    5.6. Constituintes volteis do leo essencial de Ocimum basilicum 81

    5.7. Anlise comparativa de A. rosaeodora, L. alba e O.

  • xxiv

    basilicum......................................................................................... 83

    5.7.1 Constituintes volteis de A. rosaeodora, L. alba e O.

    basilicum extrados por Microextrao em Fase Slida............ 83

    5.7.2. Avaliao dos enantimeros de linalol nos leos

    essenciais de A. rosaeodora, L. alba e O. basilicum................. 87

    5.7.3. Anlise dos leos essenciais de L. alba, O. basilicum e

    das folhas de A. rosaeodora comparando com o leo essencial

    da madeira de A. rosaeodora...................................................... 89

    6. CONCLUSES................................................................................. 91

    7. REFERNCIAS................................................................................ 93

    8. ANEXOS............................................................................................ 101

  • INTRODUO

    1

    1. INTRODUO

    Estima-se que o Brasil possua 50.000 espcies de plantas superiores,

    produtoras de madeiras, celulose, fibras, alimentos, leos vegetais e leos

    essenciais entre outros produtos naturais. A floresta Amaznica com 4

    milhes km2, teria 30.000 espcies de plantas, cerca de um tero medicinais

    e/ou aromticas e talvez 70 % destas usadas como medicamentos pela

    populao local, alm de outros usos. Porm, acredita-se que apenas 8 %

    das espcies vegetais da flora brasileira foram estudadas em busca de

    compostos bioativos e apenas 1.100 espcies vegetais da flora brasileira

    foram avaliadas em suas propriedades medicinais.1

    Plantas tm sido tradicionalmente usadas por populaes de todos os

    continentes no controle de diversas doenas e pragas, alm de representar

    uma fonte importante de produtos naturais biologicamente ativos, muitos

    dos quais se constituem modelos para sntese de um grande nmero de

    frmacos. O fato que gera interesse nos produtos encontrados na natureza

    que esses apresentam enorme diversidade em termos de estrutura e de

    propriedades fsico-qumicas e biolgicas. A diversidade molecular dos

    produtos naturais muito superior quela derivada dos processos de sntese,

    que, apesar dos avanos considerveis, ainda limitada. Alm disso, como

    produtos de organismos que possuem muitas similaridades com o

    metabolismo dos mamferos, os produtos naturais muitas vezes exibem

    propriedades adicionais s antimicrobianas a eles associados.2

    Estudos apontam que a maior parte da populao nacional usa a

    medicina alternativa como fonte de recursos teraputicos.

    Com o aumento da demanda pela utilizao de plantas medicinais na

    cura ou preveno de doenas, o cultivo e/ou o extrativismo dessas plantas

  • INTRODUO

    2

    torna-se uma alternativa cada vez mais importante na agricultura nacional.

    No entanto, o intenso extrativismo coloca em risco de extino inmeras

    espcies nativas, causando distrbios ecolgicos. Considerando-se o valor

    das plantas medicinais no apenas como recurso teraputico, mas tambm

    como fonte de recurso econmico, torna-se importante estabelecer linhas de

    ao voltadas para o desenvolvimento de tcnicas de manejo ou cultivo,

    tendo em vista a utilizao dessas espcies vegetais pelo homem aliada

    manuteno do equilbrio dos ecossistemas tropicais.3

    O mercado de produtos farmacuticos derivados de plantas um

    segmento promissor, j que o crescimento do mercado de medicamentos

    fitoterpicos da ordem de 15 % ao ano, enquanto o crescimento anual do

    mercado de medicamentos sintticos gira em torno de 3 a 4 %, alm de

    constituir-se em uma opo teraputica eficaz e culturalmente apropriada.3

    O ltimo diagnstico do mercado de cosmticos feito pela ABIHPEC

    (Associao Brasileira da Indstria de Higiene Pessoal, Perfumaria e

    Cosmticos), disponvel para consulta, mostra que o Brasil conta com 1.367

    empresas atuando no setor, sendo que as 16 de grande porte so

    responsveis por 72,4 % de faturamento total. As vendas de cosmticos em

    2005 atingiram o valor de R$ 15,4 bilhes e o crescimento do setor de

    cosmticos, higiene pessoal e perfumaria em 2005 foi de 14,5 %,

    apresentando nos ltimos 10 anos um crescimento mdio de 10,7 %.

    Adicionalmente, o setor de cosmticos tem alta demanda por novos

    produtos. Essa dissertao visa a inovao em novos produtos para

    perfumaria e cosmticos. A Figura 1 apresenta a evoluo do faturamento

    desse setor.4

  • INTRODUO

    3

    Fig. 1. Evoluo do faturamento lquido do setor de higiene pessoal,

    perfumaria e cosmticos no Brasil

    A Amaznia tem papel de grande importncia, nacional e

    internacional. Sua flora e fauna so extremamente ricas, e centenas de

    espcies de animais e plantas so encontradas exclusivamente na regio.

    urgente a necessidade de preservar sua biodiversidade, pois a floresta

    Amaznica sofre grande devastao, tanto pela explorao madeireira como

    pela prtica agrcola. Estima-se que o desmatamento j destruiu cerca de

    625.000 km2 de floresta, no poupando nem mesmo plantas teis para a

    rea Farmacutica ou Cosmtica. O custo ecolgico destas derrubadas

    altssimo, e o ambiente afetado de forma irreparvel.

    Apesar da indstria de Perfumaria e Cosmticos exigir produtos

    novos com freqncia, e esta ser uma boa rea de investimento por

    consumir baixos volumes de materiais a altos preos, apenas trs espcies

    aromticas oriundas da Biodiversidade fazem parte da pauta de exportao

    e comrcio na Amaznia: as favas de cumar (Coumarona odorata), o leo

    3,6 3,3 3,84,6

    6,48,3

    9,711,5

    13,515,4

    2001 2002 2003 2004 2005

    Bilhes - US$ Bilhes - R$

  • INTRODUO

    4

    de copaba (Copaifera spp.) e o leo de pau-rosa (Aniba rosaeodora). 5

    Recentemente, o Estado do Acre iniciou a extrao do leo essencial de

    pimenta longa (Piper hispidinervium) originado de cultivos, como produtor

    de safrol, e o Par extrao do leo essencial de priprioca (Cyperus

    articulatus) para perfumes finos. No Sul do Brasil a espcie Ocotea

    sassafraz est em perigo de extino e a erva baleeira (Cordia verbenaceae)

    a nica que se tornou comercial, em bases sustentveis como medicamento

    Acheflan desenvolvido pela Ach em colaborao com o CPQBA -

    UNICAMP.

    1.1. LEO ESSENCIAL

    As substncias odorferas em plantas possuem funes ecolgicas,

    especialmente como inibidores da germinao, na proteo contra

    predadores, na atrao de polinizadores, na proteo contra a perda de gua

    e aumento da temperatura, entre outras.6,7

    leos essenciais tambm chamados de leos volteis so produtos

    obtidos de partes de plantas atravs, sobretudo, de destilao por arraste

    com vapor dgua, bem como os produtos obtidos por expresso dos

    pericarpos de frutos ctricos. De forma geral, so misturas complexas de

    substncias volteis lipoflicas geralmente odorferas e lquidas. Sua

    principal caracterstica a volatilidade, diferindo-se, assim, dos leos fixos,

    mistura de substncias lipdicas, obtidos geralmente de sementes.

    Apresentando tambm outras caractersticas:

    x aparncia oleosa temperatura ambiente;

    x aroma agradvel e intenso da maioria dos leos;

  • INTRODUO

    5

    x solubilidade em solventes orgnicos apolares. Em gua apresentam

    solubilidade limitada, mas suficiente para aromatizar as solues

    aquosas, que so denominadas hidrolatos;

    x sabor: geralmente acre (cido) e picante;

    x cor: quando recentemente extrados so geralmente incolores ou

    ligeiramente amarelados; so poucos os leos que apresentam cor,

    como o leo voltil de camomila de colorao azulada pelo seu alto

    teor de azuleno;

    x estabilidade: em geral no so muito estveis, principalmente na

    presena de ar, calor, luz, umidade e metais;

    x a maioria possui ndice de refrao e so opticamente ativos;

    x seus constituintes variam desde hidrocarbonetos terpnicos, lcoois

    simples e terpnicos, aldedos, cetonas, fenis, steres, teres, xidos,

    perxidos, furanos, cidos orgnicos, lactonas, cumarinas, e at

    compostos com enxofre. Na mistura, tais compostos apresentam-se

    em diferentes concentraes, normalmente, um deles o composto

    majoritrio, existindo outros em menores teores e alguns em

    baixssimas quantidades ou traos.3

    A grande maioria dos leos essenciais constituda de derivados de

    terpenides ou de fenilpropanides, sendo que os primeiros preponderam.

    Os terpenides so derivados de unidades do isopreno e os fenilpropanides

    se formam a partir do cido chiqumico, que forma as unidades bsicas dos

    cidos cinmico e p-cumrico. A Figura 2 mostra a origem dos terpenides

    e fenilpropanides.

  • INTRODUO

    6

    isopreno terpenide

    OHO

    OHHO OH

    cido chiqumico fenilpropanide

    Fig. 2. Origem dos terpenides e fenilpropanides

    Tais compostos so metablitos secundrios que tm a sua origem

    explicada a partir do metabolismo da glicose. Esse ciclo biossinttico pode

    ser observado na Figura 3.

  • INTRODUO

    7

    alcalideindlicos

    quinolnico

    protoalcalidealcalide

    isoquinolnicos benzilisoquinolnicos

    polissacardeos heterosdeos

    cido chiquimco

    GLICOSEE

    acetil-CoA

    triptofano fenilalanintirosina

    cido glico

    Ciclo do cido ctrico

    via mevalonato

    condensao

    taninoshidrolisveis

    antraquinonaflavonide

    taninos

    ornitinalisina

    isoprenide

    cidos graxosacetogeninas

    terpenides esteris

    alcalidepirrolidnicos

    tropnicos,pirrolizidnicopiperidnicos

    quinolizidnico

    cido cinmico

    fenilpropanide

    lignanas e cumarinas

    Fig. 3. Ciclo biossinttico geral dos metablitos secundrios 3

    Os leos essenciais podem estar estocados em certos rgos, tais

    como nas flores, folhas ou ainda nas cascas dos caules, madeira, razes,

    rizomas, frutos ou sementes. Embora todos os rgos de uma planta possam

  • INTRODUO

    8

    acumular leos essenciais, sua composio pode variar segundo a

    localizao.3

    A composio qumica dos leos essenciais pode ser afetada pelas

    condies ambientais. Por exemplo: um indivduo cultivado numa regio

    chuvosa pode apresentar composio qumica diferente de outro indivduo

    da mesma espcie cultivado em uma regio seca.

    Os mtodos de extrao variam conforme a localizao do leo

    essencial na planta e com a proposta de utilizao do mesmo, os mais

    comuns so:

    1. enfleurage: empregado para extrair leo essencial de ptalas de

    flores,. As ptalas so depositadas, a temperatura ambiente, sobre

    uma camada de gordura, durante certo perodo de tempo. Em seguida

    essas ptalas esgotadas so substitudas por novas at a saturao

    total, quando a gordura tratada com lcool. Para se obter o leo

    essencial, o lcool destilado a baixa temperatura, o produto assim

    possui alto valor comercial.

    2. arraste por vapor dgua: os constituintes do material vegetal

    possuem presso de vapor mais elevada que a da gua, sendo por

    isso, arrastados pelo vapor dgua. Em pequena escala, emprega-se o

    aparelho de Clevenger. O leo essencial obtido, aps separar-se da

    gua, deve ser seco com Na2SO4 anidro. Esse procedimento, embora

    clssico, pode levar formao de artefatos em funo da alta

    temperatura empregada. Preferencialmente, esse mtodo utilizado

    para extrair leos de plantas frescas.

    3. extrao com solventes orgnicos: os leos essenciais so extrados,

    preferencialmente, com solventes apolares que, entretanto, extraem

  • INTRODUO

    9

    outros compostos lipoflicos, alm dos leos essenciais. Por isso, os

    produtos assim obtidos raramente possuem valor comercial.

    4. prensagem (ou expresso): empregado para extrao de leos

    essenciais de frutos ctricos. Os pericarpos desses frutos so

    prensados e a camada que contm o leo essencial , ento, separada.

    Posteriormente, o leo separado da emulso formada com gua

    atravs de decantao, centrifugao ou destilao fracionada.

    5. extrao por CO2 super crtico: esse mtodo permite recuperar os

    aromas naturais de vrios tipos e no somente leo essencial, de um

    modo bastante eficiente. o mtodo ideal para extrao industrial de

    leos essenciais. Nenhum trao de solvente permanece no produto

    obtido, tornando-o mais puro do que aqueles obtidos por outros

    mtodos. Para tal extrao, o CO2 primeiramente liquefeito atravs

    de compresso e, em seguida, aquecido a uma temperatura superior a

    31 C. Nessa temperatura, o CO2 atinge um quarto estado, no qual

    sua viscosidade anloga de um gs, mas sua capacidade de

    dissoluo elevada como a de um lquido. Uma vez efetuada a

    extrao, faz-se o CO2 retornar ao estado gasoso, resultando na sua

    total eliminao.

    1.2. MERCADO DE LEOS ESSENCIAIS

    O uso de extratos e leos essenciais na indstria de cosmticos e, em

    particular, no ramo de perfumes remonta Antigidade. Na China, na ndia

    e no Oriente Mdio, as plantas aromticas, os leos, as guas perfumadas e

    preparaes cosmticas eram utilizadas na cozinha, em cosmticos, na

    medicina e nas prticas religiosas. A indstria de cosmticos moderna foi

  • INTRODUO

    10

    buscar na sabedoria milenar da fitoterapia as receitas para hidratao e

    relaxamento da pele e do cabelo.8

    Alm dos leos essenciais obtidos de plantas, produtos sintticos so

    encontrados no mercado. Esses leos sintticos podem ser imitaes dos

    naturais ou composies de fantasia. Para o uso farmacutico, somente os

    naturais so permitidos pelas farmacopias. Excees so aqueles leos que

    contm somente uma substncia, como o leo de baunilha, que contm

    vanilina. Nesses casos, algumas farmacopias permitem tambm os

    equivalentes sintticos.3

    No mercado internacional o Brasil o dcimo maior importador de

    leos essenciais e o quarto maior exportador somando US$ 98 bilhes em

    2004. Existem hoje aproximadamente 3.000 leos conhecidos e 300

    comercializados, sendo os seis principais produzidos e exportados os leos

    de laranja, limo taiti, eucalipto, pau-rosa, lima e capim-limo.5

    Empresas multinacionais, sobretudo comeam a instalar-se na

    Amaznia a partir do ano 2001. Assim a Crodamazon, a Cognis alm da

    Beraca (Brazmazon) produzem diferentes leos e extratos para importantes

    indstrias de cosmticos.

    O mercado mundial de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmtico

    chegou a US$ 240 bilhes em 2004,9 sendo provavelmente 10 % desde

    valor o consumo de matrias primas. O valor deste mercado mostra

    claramente que os produtos naturais da Amaznia tm uma oportunidade

    nica neste contexto, visto que a demanda de novos leos essenciais para o

    mercado de perfumaria crescente, principalmente aqueles oriundos da

    Amaznia e da Mata Atlntica. Infelizmente, a baixa qualidade das matrias

    primas originadas na regio aliada a fatores como suprimento inadequado,

  • INTRODUO

    11

    prazos, e falta de controle de qualidade, liquidam a competitividade da

    regio na busca de novos mercados.

    Baseado na importncia do estudo de novas fontes sustentveis, leos

    essenciais de cinco plantas aromticas (Aeollanthuns suaveolens, Aniba

    canelilla, Aniba rosaeodora, Lippia alba e Ocimum basilicum) foram

    escolhidos para esse trabalho. Aeollanthuns suaveolens pelo seu aroma

    marcante de cco, tornando seu leo uma possvel fragrncia para

    perfumaria, Aniba canelilla por seu aroma de canela, podendo ser usado nas

    indstrias alimentcia e de cosmticos, Aniba rosaeodora dado ao

    esgotamento de suas fontes naturais e por sua importncia no mercado

    internacional de leos essenciais, Lippia alba e Ocimum basilicum por

    serem citados na literatura como possveis fontes de linalol para substituir o

    leo essencial de A. rosaeodora . A reviso bibliogrfica de cada planta est

    a seguir.

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    12

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Aeollanthus suaveolens Mart. ex- Spreng

    Fig. 4. Foto de A. suaveolens

    Aeollanthus suaveolens, conhecida popularmente como catinga de

    mulata, pertence famlia Lamiaceae e uma erva anual nativa da

    Amaznia. O leo essencial dessa planta foi recentemente apresentado, pelo

    nosso grupo de pesquisa, no Congress on Perfumery and Natural raw

    material 5, na Frana, e na empresa Quest, em Paris, onde recebeu grande

    ateno.

    A planta usada pela populao em banhos de cheiro feito pela

    infuso de plantas aromticas, em motivos religiosos ou folclricos, e em

    perfumes caseiros. No folclore usado para quebranto. Na etnomedicina

    usado no combate febre, dor de cabea, incio de derrame, sendo a folha a

    parte mais utilizada como ch e sumo.10 Devido a importncia desta planta

    como medicinal e como fragrncia, vrios autores a estudaram.

    Edua

    rdo

    Mat

    toso

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    13

    Estudos anteriores mostraram que os leos essenciais das folhas e

    flores obtidos por hidrodestilao apresentaram como principais

    componentes o (-) linalol, farneseno e (-) massoia lactona.10 Por esses

    autores, o maior rendimento de linalol ocorre na folha (31,50 %), para o

    farneseno observa-se maior concentrao na flor (55,32 %), seguida do

    caule (42,17 %) e folha (21,90 %).10 Com relao a massoia lactona, o

    percentual de maior significado ocorreu na folha (25,15 %), nas demais

    partes do vegetal, as porcentagens foram insignificantes.10 Um outro estudo

    mostra que o rendimento da destilao do leo essencial maior no perodo

    de florescncia (0,11 %) do que no perodo sem flores (0,07 %).11 No caso

    da hidrodestilao, amostras frescas apresentam menor rendimento (0,1 %)

    que amostras secas (0,5 %).12

    A atividade antimicrobiana do leo essencial foi comprovada, sendo a

    massoia lactona fortemente ativa contra os microorganismos S. setubal e

    Bacillus subtilis.13 A CIM (Concentrao Inibitria Mnima) do leo voltil

    mostra atividade mais acentuada contra a bactria Escherichia coli e o

    fungo Cryptococcus neoformans.13

    Estudos fitoqumicos monitorados farmacologicamente evidenciaram

    que o leo essencial o responsvel pelo bloqueio de convulses induzidas

    por Metrazol (PTZ) em camundongos.14 A atividade anticonvulsivante das

    lactonas detectadas nesta planta, (G - decalactona, G - decen-2-lactona e J -

    decalactona) foram avaliadas em camundongos, sendo que as duas

    primeiras no apresentaram resultados significativos, mas a J - decalactona

    apresentou atividade sedativa.15 O extrato hidroalcoolico de A. suaveolens

    mostrou forte atividade analgsica e antiinflamatria em camundongos.16

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    14

    Dado a importncia etnomdica, farmacolgica e a possibilidade de

    ser utilizada em perfumaria, decidimos estudar mais profundamente essa

    planta.

    2.2. Aniba canelilla (H. B. K.) Mez

    Fig. 5. Foto de A. canelilla

    A Aniba canelilla pertence famlia Lauraceae e nativa da regio

    Amaznica, distribuindo-se amplamente nas matas pluviais do interior da

    Guiana Francesa no leste, ao longo do escudo das Guianas, atravessando

    Suriname, Venezuela e Colmbia at Amaznia peruana. No Brasil,

    ocorre nos estados do Par e Amazonas. Apresenta os nomes vulgares de

    preciosa17, folha-preciosa, pau-precioso18, casca-preciosa17, casca-do-

    maranho17, falsa-canela18, amapaiama18, pereior18. Esta rvore fornece

    madeira de tima qualidade, apropriada para mobilirio e construo civil.

    A planta enormemente utilizada na medicina popular. O ch das

    cascas e folhas empregada contra o artritismo, esgotamento nervoso como

    redutora da albumina do sangue19, para hidropsia, catarro crnico, sfilis,

    leucorria, aerofagia, males do corao e para amenizar a dor aps a

    extrao de dentes17, sendo ainda considerado anti-anmico, anti-

    desentrico, anti-espasmdico, digestivo, eupptico, peitoral e

    ww

    w.tr

    eem

    ail.n

    l

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    15

    estimulante18. Tambm usado para resfriados, tosses, dor-de-cabea e

    nuseas.20 Possveis aplicaes em cosmticos so sugeridas pelo seu uso

    etnobotnico. O leo essencial usado contra acnes, dermatites, febre,

    infeces diversas e ferimentos.20

    Devido ao aroma de canela usado como condimento.21 O odor do leo

    essencial da preciosa, semelhante ao da canela, fez com expedies

    portuguesas e espanholas, aps o descobrimento do Brasil, penetrassem na

    regio amaznica em busca dessa especiaria.22

    Os tecidos indicam a composio: eugenol, linalol, metileugenol,

    anabasina, anibina e tanino.23 O principal componente do leo essencial,

    tanto do tronco quanto das folhas de A. canelilla, o 1-nitro-2-feniletano,

    uma molcula rara em produtos naturais, derivada da fenilalanina. O leo

    da madeira apresenta rendimento de 0,7-1,0 % e consiste de eugenol (1 %),

    metil eugenol (15 %) e 1-nitro-2-feniletano (80 %).24 A anlise de CG-EM

    do leo essencial das folhas apresentou a seguinte composio qumica: D-

    pineno, E-pineno, E-felandreno, E-cariofileno, E-sesquifelandreno, p-

    cimeno, linalol, 1-nitro-2-feniletano, D-copaeno e espatulenol.18 Em outro

    estudo22 foram identificados sesquiterpenos no leo essencial das folhas,

    bem como a presena de molculas precursoras da biossntese de 1-nitro-2-

    feniletano como benzonitrila, benzoacetaldedo e benzoacetonitrila. O leo

    essencial das cascas apresentou os alcalides benziltetrahidroisoquinolina23,

    tetrahidroprotoberberina25, (R)(+)noranicanina26, anicanina26, canelila27,

    norcanelilena27, (-) norcanelilina28, (+) canelilina28, canelilinixina.28

    A atividade anti-espasmdica do leo das cascas de A. canelilla foi

    comprovada in vivo.29

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    16

    O componente majoritrio do leo essencial 1-nitro-2-feniletano,

    possui alta toxicidade contra Candida albicans. A DL50 do extrato de ter de

    petrleo da planta maior que 800 mg/Kg por rato BALB/c.30

    Nosso interesse nessa planta deriva do seu aroma especial, do uso

    etnobotnico e da sua ao sobre a pele como mostrado por Maia e col.18

    Adicionalmente, nosso estudo voltado para as folhas dessa planta, que

    mostram os trabalhos de Maia e col.18,22 possui enorme concentrao de 1-

    nitro-2-feniletano.

    2.3. Aniba rosaeodora Ducke

    Fig. 6. Foto de A. rosaeodora

    A Aniba rosaeodora uma rvore da famlia Lauraceae, conhecida

    como pau-rosa, que no Brasil ocorre desde o Amap at a fronteira com o

    Peru ao longo de ambas as margens do rio Amazonas.

    A planta usada em cosmticos, perfumes caseiros e sprays para

    aromatizar ambientes e em loes com leo de Andiroba (Carapa

    guianensis) para reumatismo. O leo essencial puro usado na odontologia

    Edua

    rdo

    Mat

    toso

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    17

    e alergias. O hidrolato (gua aromtica subproduto da destilao) usado

    para a desinfeco de banheiros e ralos com grande eficincia. As folhas de

    A. rosaeodora so utilizadas pelas lavadeiras beira dos rios da Amaznia,

    para a ltima gua de enxge das roupas, o que lhe confere um aroma

    especial de limpeza.

    No folclore amaznico os homens passam gotas do leo atrs dos

    lbulos da orelha, acreditando que isto lhes confere atrativo sexual. So os

    perfumes atrativos encontrados na feira Ver-o-Pso preparados com lcool

    desodorizado 70 %, casca e folhas do pau-rosa e outras plantas aromticas.

    Defumaes de limpeza do ambiente so feitas com raspas de casca e

    folhas de A. rosaeodora aspergidas sobre braseiros toda 1a sexta-feira do

    ms, e no folclore isto afasta os maus espritos.

    Na Aromaterapia, o leo essencial de A. rosaeodora aconselhado

    como estimulante celular, regenerador de tecidos, antidepressivo, tnico

    dos nervos, calmante e utilizado para dores de cabea e nuseas.

    Na Cosmetologia indicado para os cuidados com a pele sensvel,

    pele envelhecida, rugas e cuidados em geral e tambm para cicatrizes e

    leses, acne e dermatite. indicado para qualquer tipo de preparado para o

    corpo ou para a pele (leos de banho, loes, mscaras e massagens

    faciais).

    A. rosaeodora, espcie cujo aroma da madeira lembra a rosa, produz

    leo essencial constitudo na maior parte por linalol (70-90 %). Linalol e

    seus steres, como o acetato de linalila, so matrias odorferas de cheiro

    intenso e agradvel. Esse lcool um importante intermedirio na produo

    de vitamina E, e embora de origem sinttica seja bastante usado em

    perfumaria para produtos de fragrncias florais, pode ser aplicado em

    detergentes e sabes. Desde o incio do sculo a indstria de Perfumaria e

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    18

    Cosmticos vem utilizando este leo, que hoje vendido por US$80/kg

    (FOB Manaus). O preo tem aumentado com a escassez do produto, j que

    as ltimas fontes naturais esto esgotando-se. Os principais compradores do

    leo so os Estados Unidos e Europa, podemos citar empresas sofisticadas

    como a francesa Chanel, que utiliza o leo na produo dos seus perfumes.

    Para produzir anualmente cerca de 40 toneladas de leo essencial da

    madeira de A. rosaeodora, necessrio que sejam derrubadas cerca de 4 mil

    rvores. De acordo com o Ibama, para cada tambor de 180 litros de leo

    produzido, 80 mudas de A. rosaeodora deveriam ser plantadas. Existe,

    entretanto, a escassez de mudas, o que as torna caras. O principal problema

    que para a extrao do leo essencial de A. rosaeodora ocorre a destruio

    da rvore, pois, para obteno desse leo, o tronco cortado transformado

    em serragem, outros problemas so a falta de tcnicas de plantio e o longo

    perodo de maturao dessas plantas na floresta para corte da madeira -

    mais de 25 anos.

    Nos ltimos tempos, a indstria de Perfumaria tem reduzido o

    consumo do leo de A. rosaeodora, tanto pelo preo quanto pela questo

    ambiental, tendo em vista que a espcie corre perigo de extino, as grandes

    empresas, em geral, preferem no correr o risco de ter seu nome associado

    devastao do meio ambiente.

    Cientistas brasileiros preocupados com o esgotamento das reservas

    naturais de A. rosaeodora tm pesquisado fontes alternativas de leos

    essenciais ricos em linalol. Alguns estudos mostram que o leo de O.

    basilicum por apresentar considervel concentrao de linalol (31 %) e

    grande facilidade de cultivo seria uma possvel alternativa ao uso do leo de

    A. rosaeodora.31 Outros estudos apontam o leo da L. alba como

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    19

    alternativa, devido a sua alta concentrao de linalol (60 %) nas partes

    areas.32

    Anlises do leo essencial das folhas de A. rosaeodora feitas pelo

    nosso grupo de pesquisa mostraram que este a melhor alternativa de fonte

    sustentvel do leo da sua madeira, por possuir perfil cromatogrfico e

    qualidade olfativa aps destilao, similar ao linalol da madeira. O linalol

    apresenta-se em alta concentrao no leo essencial da madeira (85 %) e

    nas folhas (81 %).33

    O estudo dos leos essenciais da madeira e das folhas de A.

    rosaeodora foi introduzido nessa dissertao para comparar a quiralidade

    dos compostos desses leos com as dos leos essenciais de Lippia alba e

    Ocimum basilicum.

    2.4. Lippia alba Mill. N. E. Br.

    Fig. 7. Foto de L. alba

    Tambm conhecida como erva cidreira nacional, erva cidreira de

    arbusto, erva cidreira do campo, alecrim do campo, alecrim selvagem,

    carmelitana, cidreira brava, falsa melissa, lpia (Brasil); white ou bush

    Adr

    iana

    Lope

    sSch

    ioze

    r

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    20

    Lippia, wild sage (ingls); pampa organo (Amaznia peruana); toronjil

    mulato, organo de burrro, cidrona (Venezuela); paralisado, salvia

    (Argentina); salvia betonica (Mxico).34 Ocorre nas Amricas Central e do

    Sul, habitando praticamente todas as regies do Brasil, onde empregada

    como medicinal, pelas suas propriedades sedativa, carminativa, analgsica,

    espasmoltica e emengoga.

    L. alba um arbusto perene de at 3 m de altura, muito ramificado e

    de galhos finos. As folhas so curto-pecioladas, opostas, ovadas, ovado-

    oblongas ou oblongas, agudas ou obtusas no pice, estreitas na base. As

    flores so pequenas, normalmente rseo-violceas, mas s vezes vermelhas

    ou brancas, em espigas densas. Planta de fcil propagao, no tolerando

    excesso de temperatura. Cresce em vrios tipos de solo, preferindo os

    levemente arenosos.34

    A composio do leo essencial apresenta variao qualitativa e

    quantitativa, levando a separao em quimiotipos denominados Lippia alba

    1, 2, 3, os quais produzem como componente majoritrio no leo essencial

    o citral, a carvona e o linalol, respectivamente,35 mesmo que cultivadas em

    condies semelhantes. O leo essencial do quimiotipo 3 obtido por

    hidrodestilao das folhas das plantas foi analisado por CG, sendo

    identificados oito compostos (aproximadamente 93,6 % do leo): linalol

    (69,3 %), 1,8 cineol + limoneno (4,6 %), germacreno D (4,2 %), SS-

    cariofileno (3,6 %) e germacreno D-4-ol (2,7 %).36 Em outra anlise, o leo

    essencial das folhas apresentou a composio: linalol (78,9 %), 1,8 cineol

    (6,5 %), germacreno D (3,5 %), E- cariofileno (2,7 %) e D- terpineol (2

    %).37 A anlise do linalol com coluna quiral mostrou que a L. alba apresenta

    exclusivamente o ismero S-linalol.38 Humberto, Lage e Leito39 afirmam

    que L. alba uma fonte em potencial de linalol 3S-(+)-linalol, que requer

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    21

    pequenas reas para o cultivo a apresenta crescimento rpido, alm disso

    uma fonte sustentvel porque o melhor leo obtido dessa planta o da sua

    folha. Kleber, Bem e Jannuzzi40, agrnomos da Universidade de Braslia

    (UNB), estudaram diferentes quimiotipos de L. alba determinando a

    composio de linalol com at 60 % nas partes areas. Os autores sugerem

    que o leo essencial dessa planta poderia vir a substituir o leo essencial da

    madeira de A. rosaeodora.

    O leo essencial de L. alba mostra efeito fungisttico contra

    Colletotrichum falcatum and C. pallescens a 700 ppm ou menos e efeito

    fungicida em concentraes maiores para Fusarium moniliforme,

    Ceratocystis paradoxa, Rhizoctonia solani, Curvularia lunata, Periconia

    atropurpuria e Epicoccum nigrum.41 Tambm apresenta atividade

    antibacteriana, sendo maior, sobre os germes grampositivos.42 e mostra um

    promissor potencial txico contra insetos de gros.43

    Avaliando a atividade inseticida de compostos de origem vegetal para

    obter inseticidas com baixa toxicidade para mamferos, testou-se extrato de

    Lippia alba contra a praga Tribolium castaneum e como se observou um

    efeito letal sobre T. castaneum concluiu-se que esse extrato poderia servir

    como base para a obteno de novos agroqumicos.44 O extrato tambm

    apresentou efeito aleloptico e citotxico sobre sementes de alface45 e

    atividade anti-candida.46

    O extrato de acetato de etila de L. alba mostra atividades anti-

    poliovrus.43 Administrao oral de infuso de L. alba previne leses

    gstricas induzidas por indometacina (anti-inflamatrio).48 Uma frao no-

    voltil de L. alba extrada em etanol 80 % (v/v) apresentou efeitos sedativo

    e miorelaxante em camundongos.49

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    22

    O leo essencial anti-oxidante natural apropriado para produtos

    farmacuticos e alimentcios, por exemplo: loes, cremes, xampus e

    doces.50

    O uso etnomdico de L. alba e suas propriedades bactericidas,

    fungicidas e anti-oxidante conduziram nosso interesse para o estudo dessa

    planta. Adicionalmente, a sugesto de autores (Maia e col.32, Humberto,

    Lage, Leito39 e Kleber, Bem e Jannuzzi40) de que o leo essencial de L.

    alba poderia substituir o leo da madeira de A. rosaeodora, provocou a

    anlise comparativa desses leos.

    2.5. Ocimum basilicum L.

    Fig. 8. Foto de O. basilicum

    Entre as ervas aromticas, O. basilicum, conhecido popularmente

    como manjerico, possui importncia econmica no Brasil, podendo ser

    utilizado in natura ou como leo essencial.51 Este leo produzido em larga

    escala mundialmente: ndia, Bulgria, Egito, Paquisto, Israel, Iugoslvia,

    Estados Unidos, Madagascar, Albnia e Hungria. O Brasil exporta esse leo

    por 50 US$/Kg, a ndia e o Egito por 12 15 US$/Kg.52 O tipo europeu

    Nils

    onM

    aia

    Bor

    lina

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    23

    considerado de altssima qualidade, produzindo um delicado aroma devido

    mistura de linalol e estragol em sua composio qumica, sendo

    extensivamente utilizado como aromatizante de licores e perfumes finos.53

    Na Etnomedicina essa planta utilizada contra vrias doenas como:

    estimulante, estomacal, bronquite, reumatismo e antiespasmdico. Na

    Aromaterapia cabocla da Amaznia a planta usada em banhos de cheiro,

    mas cuidados devem ser tomados quando se utiliza o leo essencial de O.

    basilicum em banhos, pois ele pode causar irritaes na pele de pessoas

    sensveis.54,55,56

    So identificados sete quimiotipos de Ocimum basilicum: (1) linalol,

    (2) metil cinamato, (3) metil cinamato/ linalol, (4) metil eugenol, (5) citral,

    (6) metil chavicol, e (7) metil chavicol/ citral.57

    A anlise qumica do O. basilicum mostra a presena de taninos,

    flavonides, saponinas, cnfora e no leo essencial: timol, metil-chavicol,

    linalol, eugenol, cineol e pineno.51

    Diversos autores avaliaram a produtividade de O. basilicum em

    ambiente protegido: 1) hidroponia (floating); 2) substrato preparado e 3)

    substrato comercial. O sistema hidropnico apresentou a maior

    produtividade de massa verde, aproximadamente 44 % superior aos outros

    dois tipos de cultivo. No houve diferena significativa entre as formas de

    cultivo quanto ao rendimento e composio qumica dos leos essenciais.51

    Um estudo sobre o efeito da temperatura na composio do leo

    essencial foi realizado, sendo que na temperatura de 25 C houve aumento

    de eugenol e cis-ocimeno, enquanto em 15 C o acrscimo se deu nos

    compostos cnfora e trans farneseno. Os compostos linalol e 1,8

    cineol no sofreram efeito da temperatura.58

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    24

    A anlise do leo essencial de O. basilicum leva a resultados

    diferentes dependendo do mtodo de extrao. Enquanto a composio dos

    leos obtidos com arraste convencional, usando-se microondas como fonte

    de aquecimento e com CO2 pressurizado forneceu estragol como principal

    constituinte, o leo extrado com solvente a partir da gua codestilada

    apresenta linalol em maior teor.59

    Um estudo do armazenamento e conservao do O. basilicum, em

    diferentes pocas e horrios de colheita, mostrou o decrscimo linear dos

    teores de leo essencial, de clorofila e do nmero de colnias de fungos e

    bactrias ao longo do armazenamento. No houve efeito da poca ou do

    horrio de colheita sobre a composio do leo essencial, mas os teores de

    eugenol e linalol aumentaram durante o armazenamento.60 O nmero de

    coliformes ficou abaixo de 0,3 NMPg-1 e o nmero de Staphylococcus

    aureus, abaixo de 1,0x 102 UFC g1-.60

    O leo essencial das folhas extrado tanto por hidrodestilao quanto

    por arraste vapor ou de toda planta usado em aroma alimentcio,

    produtos de higiene bucal, em fragrncias, em rituais, aromaterapia e como

    medicinal.

    O leo essencial apresenta propriedades inseticidas, nematicida,

    fungisttico, antimicrobiano61 e antifngico.62 Diferentes mtodos utilizados

    para testar a atividade antibacteriana mostraram que o leo essencial obtido

    de partes areas de O. basilicum possui forte efeito inibitrio sobre

    Staphylococcus, Enterococcus e Pseudomonas.63

    O crescimento micelial do fungo patognico (Botrytis fabae) de

    planta foi reduzido significativamente nos quimiotipos metil chavicol e

    linalol. Todos os componentes individuais de maior concentrao nos leos

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    25

    metil chavicol, linalol, eugenol e eucaliptol - diminuem o crescimento do

    fungo.64

    O leo essencial a uma dose de 1,5 mL/L inibe completamente o

    crescimento micelial de 22 espcies de fungos e tambm repelente ao

    inseto Allacophora foveicollis. A dose txica muito menor que de alguns

    fungicidas comerciais.65

    Nos testes antifngicos, os melhores resultados foram obtidos com o

    extrato das folhas frescas a 20 %, que ocasionou inibio de 100 %, 91 % e

    84 % sobre o crescimento micelial de C. gloeosporioides, L. theobromae e

    M. phaseolina respectivamente e com o leo essencial a 0,2 % que

    promoveu uma inibio de 91 %, 100 % e 43 % frente a C. gloeosporioides,

    L. theobromae e M. phaseolina respectivamente. Os extratos das folhas

    secas foram completamente inativos nas mesmas condies.59

    O eugenol encontrado no leo essencial mostra atividade

    antioxidante,66 alm dos 2 compostos fenlicos cido rosmarnico (RA) e

    cido cafeico (CA) - que apresentam essa propriedade fortemente

    pronunciada.67

    As substncias apigenina, linalol e cido ursolico foram isoladas dos

    extratos aquoso e etanlico e apresentaram amplo espectro de atividade

    antiviral, como atividade contra vrus da Herpes e hepatite B.68

    O extrato aquoso, metanlico e hidro-metanlico e os flavonides

    glicosilados de O. basilicum diminuem o ndice de lcera, inibe o cido

    gstrico e secrees da pepsina e aumenta hexosaminas em ratos em

    tratamento com aspirina.69

    A atividade antimicrobiana do leo essencial de O. basilicum contra

    microorganismos tem sido amplamente relatada. Prasad et al. (1986) e

    Farag et al. (1989) ressaltam ainda que o leo essencial obtido de O.

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    26

    basilicum e outras espcies de Ocimum so mais eficientes contra bactrias

    Gram-positivas (Bacilus sp., Staphylococcus sp., Micrococcus sp.,

    Lactobacillus sp.) que contra bactrias Gram-negativas (Enterobacter sp.,

    Pseudomonas sp., Salmonela sp.).70

    O. basilicum tolerante a cobre e zinco em altas concentraes e

    sensvel a Co e Ni. Estudos da distribuio subcelular das folhas e raiz

    revelam a seletiva diviso de altas concentraes de Cu e Zn nas paredes da

    clula, e Co e Ni na frao do citoplasma.71

    O leo essencial de O. basilicum um aromatizante utilizado em

    indstrias Alimentcia e de Perfumaria, possui atividades antimicrobiana e

    antifngica. Somando-se a isso citado na literatura31 como uma possvel

    fonte sustentvel de linalol, pois sua concentrao de 31 % e apresenta

    grande facilidade de cultivo, por isso sugerido como um substituinte do

    leo essencial da madeira de A. rosaeodora. Tornando-se assim, um objeto

    interessante para nosso estudo.

  • OBJETIVOS

    27

    3. OBJETIVOS

    3.1. Objetivo Geral

    Estudar a composio qumica de leos essenciais de plantas

    aromticas de valor comercial por CG-EM.

    3.2. Objetivos Especficos

    1. Extrair o leo essencial das folhas de Aniba canelilla e Lippia alba e

    partes areas de Aeollanthus suaveolens.

    2. Caracterizar quimicamente por CG-EM os leos essenciais das

    espcies Aeollanthus suaveolens, Aniba canelilla, Aniba rosaeodora,

    Lippia alba e Ocimum basilicum.

    3. Extrair por Microextrao em Fase Slida e analisar por CG-EM os

    compostos volteis de amostras de A. suaveolens, A. rosaeodora, L.

    alba e O. basilicum.

    4. Comparar por CG-EM em coluna quiral a composio dos

    enantimeros de linalol nos leos essenciais de A. rosaeodora, L.

    alba e O. basilicum e avaliar a substituio do leo essencial da

    madeira de A. rosaeodora pelos leos essenciais das folhas de A.

    rosaeodora, de L. alba e/ou de O. basilicum.

    5. Isolar e identificar fitoquimicamente as principais molculas dos

    leos essenciais e/ou extratos de A. canelilla e A. suaveolens.

    6. Transformar a -decalactona comercial na lactona majoritria de A.

    suaveolens: massoia lactona, por uma rota deferente da literatura.

  • OBJETIVOS

    28

    7. Concentrar a massoia lactona no resduo da extrao do leo

    essencial por arraste a vapor.

    8. Realizar (em colaborao) ensaios biolgicos preliminares

    antifngico e antibacteriano - pela tcnica de difuso com discos com

    amostras de Aniba canelilla e Aeollanthus suaveolens.

    9. Estudo sazonal de L. alba por CG-EM para definir as variaes de

    rendimento do leo essencial e concentrao de linalol.

  • EXPERIMENTAL

    29

    4. EXPERIMENTAL

    Para anlises de Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de

    Massas (CG-EM) foi utilizado um cromatgrafo a gs HP 5890 com

    detector seletivo de massas HP 5870 B, com exceo da quantificao de

    1-nitro-2-feniletano no leo essencial da madeira e das folhas de A.

    canelilla e em suas fraes, realizada no cromatgrafo a gs com detector

    de ionizao de chama modelo HP 5890, integrador 3396. A coluna usada

    foi HP-5 (5 % fenil 95 % metilpolisiloxano) com comprimento de 30 m,

    dimetro interno de 0,25 mm e filme com espessura de 0,25 m. As

    condies foram:

    Temperatura inicial: 60 C

    Temperatura final: 240 C

    Rampa: 3 C/ min.

    Injetor: 240 C

    Detector: 260 C

    Gs de arraste: Hlio, fluxo: 1,0 mL/min

    Nas anlises usando HS-SPME (do ingls Head Space - Solid Phase

    Micro Extraction), o equipamento utilizado foi o primeiro citado. Foi usado

    o modo de injeo splitless com fibra PDMS-100 (polidimetilsiloxano).

    As anlises de Ressonncia Magntica Nuclear foram feitas no

    espectrmetro Varian INOVA500 operando a 499,88 MHz para 1H e 75,45

    MHz para 13C e no espectrmetro Gemini operando a 75 MHz para a

    anlise de 13C da amostra de 1-nitro-2-feniletano. As amostras foram

    solubilizadas em CDCl3.

  • EXPERIMENTAL

    30

    As extraes por arraste a vapor foram realizadas num extrator

    Marconi 20 L ao inox 306.

    As placas para cromatografia em camada delgada preparativa

    (CCDP) foram preparadas no prprio laboratrio com espessura de 1 mm de

    slica de placa da marca Merck sobre lmina de vidro.

    A slica gel usada nas colunas cromatogrficas da marca Merck e

    possuem tamanho de partcula 0,063 0,200 mm e 70 230 mesh ASTM.

    As placas para cromatografia em camada delgada (CCD) utilizadas

    foram da marca Merck, com refletncia para luz ultravioleta 254 nm com

    diferentes combinaes dos solventes: acetato de etila, clorofrmio,

    diclorometano, hexano, metanol e tolueno. A visualizao dos compostos

    foi verificada pela irradiao da luz ultravioleta no comprimento onda 254

    nm, seguida da pulverizao com vanilina e cido sulfrico 5 % em etanol

    (revelador de terpenides, fenis, etc.)72 seguida de aquecimento em placa

    eltrica.

    A avaliao dos cromatogramas foi feita atravs da comparao dos

    espectros de massas apresentados pela biblioteca Wiley do equipamento e

    dos ndices de reteno calculados com os dados da literatura73. Para a

    determinao do ndice de reteno de cada substncia foi usada uma srie

    homloga de hidrocarbonetos (C9- C20).

    4.1. Material botnico

    O leo essencial bruto da madeira da A. canelilla e o leo essencial

    da madeira de A. rosaeodora foram doados pelo produtor Sr. Raul Alencar

    de Manaus, Amazonas.

  • EXPERIMENTAL

    31

    O leo essencial das folhas de A. rosaeodora foi obtido num

    experimento piloto realizado na regio de Presidente Figueiredo,

    Amazonas, pela Sra. Maria Emlia Andrade, tambm produtora de leo

    essencial.

    As amostras de A. suaveolens e as folhas A. canelilla foram obtidas

    no mercado municipal Ver-o-Pso em Belm, Par.

    As folhas de L. alba foram colhidas no campo do Centro

    Pluridisciplinar de Pesquisas Qumicas, Biolgicas e Agrcolas (CPQBA) e

    no jardim da residncia do Professor Lauro E. S. Barata em Campinas, So

    Paulo.

    O leo essencial de Ocimun basilicum foi doado pelo Dr. Nilson

    Maia do Instituto Agronmico de Campinas (IAC), So Paulo e representa

    uma amostra da empresa Linax.

    4.2. Extrao do leo essencial de Aeollanthus suaveolens

    O leo essencial de A. suaveolens obtido por arraste a vapor de

    1386,5 g de partes areas frescas, durante 2 h e 30 min, apresentou a massa

    de 0,306 g, que corresponde a 0,022 % de rendimento e foi analisado por

    CG-EM.

    4.3. Extrao do resduo de A. suaveolens

    16,3 g do resduo seco da extrao de A. suaveolens por arraste a

    vapor foi submetido extrao temperatura ambiente com diclorometano

    por 24 h, resultando em 0,74 g de extrato (4,5 % da massa inicial).

  • EXPERIMENTAL

    32

    4.4. Extrao das partes areas de A. suaveolens com solvente

    Para extrao das partes areas de A. suaveolens utilizou-se um

    equipamento de Soxhlet, que utiliza refluxo de solvente o que torna a

    tcnica econmica e ambientalmente correta.

    33,6 g de partes areas secas ao ar foram extradas com

    diclorometano por 24 h, num equipamento de Soxhlet. Aps esse perodo o

    solvente foi evaporado em evaporador rotatrio e o extrato foi obtido com

    7,6 % de rendimento (2,55 g).

    Esse procedimento foi repetido para outra amostra (78,3 g) mudando

    o solvente para hexano, apresentando agora o rendimento de 2,8 % (2,17 g).

    4.5. Isolamento da massoia lactona do extrato hexnico de A.

    suaveolens

    Para o isolamento da massoia lactona, o extrato hexnico seco (sem

    solvente 4.4) passou por trs processos:

    4.5.1. Eliminao de clorofila

    1 g do extrato hexnico seco de cor verde, obtido no item 4.4 foi

    adicionado 30 mL de metanol. Depois de agitada, essa mistura, filtrada em

    papel de filtro. O resduo da filtrao foi abandonado e ao filtrado foi

    adicionado gua destilada at turvar (a relao metanol:gua ficou prxima

    de 7:3), posteriormente foi realizada uma filtrao em celite de

    granulometria 0,01 0,04 mm da marca Merck. Novamente o resduo foi

  • EXPERIMENTAL

    33

    descartado e o filtrado extrado com diclorometano (3 x 30 mL). O solvente

    foi evaporado em rota-evaporador, o extrato hexnico sem clorofila, de

    colorao amarelada, foi pesado, apresentando a massa de 0,23 g que

    corresponde a 23 % da massa inicial e analisado em CG-EM.

    4.5.2. Coluna cromatogrfica

    O extrato obtido no item 4.5.1 foi submetido coluna de filtrao,

    utilizando 10 g slica gel, 0,20 g de amostra e os eluentes hexano e acetato

    de etila. Foram retiradas alquotas de 20 mL e seis novas fraes foram

    agrupadas de acordo com as semelhanas de RF observadas por CCD

    (Tabela 1).

    Tab. 1. Eluentes, volumes usados e fraes da coluna cromatogrfica para

    isolamento da massoia lactona

    Eluentes (proporo) Volume

    (mL)

    Fraes

    ReunidasMassa (mg) Massa %

    Hexano 80 1 7,8 3,9

    20 2 5,8 2,9

    20 3 130,2 65,1 Hexano: AcOEt (7:3)

    40 4 29,8 14,9

    40 5 16,5 8,3 Hexano: AcOEt(4:6)

    40

    AcOE 90 6 8,8 4,4

    As seis fraes foram analisadas por CG-EM.

  • EXPERIMENTAL

    34

    4.5.3. Cromatografia em camada delgada preparativa

    A frao 3 (Tab. 1) que continha a massoia lactona foi submetida a

    cromatografia em camada delgada preparativa com 5 % de nitrato de prata,

    mantida no escuro, com eluente hexano:acetato de etila 8:2. A frao

    apresentou quatro faixas, que foram coletadas da placa e extradas com

    clorofrmio: metanol 95:5. Essa mistura foi filtrada, o solvente evaporado

    em rota-evaporador A anlise de CG-EM indicou que na segunda frao, a

    massoia lactona foi isolada. A anlise por RMN de 1H e 13C (Figuras 8 e 9)

    confirmou que se trata da massoia lactona.

    ppm1234567

    Fernanda lactona-1 cdcl3/tri-res mar31falHPulse Sequence: s2pul

    Fig. 9. Espectro de RMN de 1H da massoia lactona isolada de A. suaveolens

    RMN de 1H (500 MHz): G 0,92 (3H, t, 3J= 6,6Hz, H-10); 1,24 1,83

    (8H, m, H-6, 7, 8, 9); 2,27 2,37 (2H, m, H-4); 4,39 4,45 (1H, m, H-5);

    6,01 (1H, dt, 3J=9,9Hz, 4J=1,5Hz, H-2); 6,86 6,90 (1H, m, H-3).

    OO1

    2

    34

    56

    7

    8

    9

    10

  • EXPERIMENTAL

    35

    ppm20406080100120140160

    Fernanda lactona-1 cdcl3/tri-res mar31falCPulse Sequence: s2pul

    Fig. 10. Espectro de RMN de 13C da massoia lactona isolada de A.

    suaveolens

    RMN de 13C (125 MHz): G 13,9 (CH3, C-10); 22,4 (CH2, C-9); 24,4

    (CH2, C-7); 29,3 (CH2, C-8); 31,5 (CH2, C-6); 34,8 (CH2, C-4); 80,0 (CH,

    C-5); 121,3 (CH, C-2); 145,0 (CH, C-3); 164,5 (C0, C-3).

    4.6. Constituintes volteis de Aeollanthus suaveolens extrados

    por Microextrao em Fase Slida (SPME)

    As anlises dos constituintes volteis extrados por Microextrao em

    Fase Slida foram feitas no modo headspace (HS-SPME) para quatro

    amostras de A. suaveolens: partes areas frescas, secas, leo essencial e

    resduo da extrao do leo essencial. 200 mg de cada amostra e 15 mL de

    soluo aquosa saturada de cloreto de sdio foram acondicionadas em

    frascos de 25 mL lacrados com septo de teflon/silicone e magneticamente

  • EXPERIMENTAL

    36

    agitados a 1.200 rpm por 15 minutos a 55 C para o pr-equilbrio

    amostra/headspace. Aps esse perodo, a fibra foi exposta por 20 minutos,

    os analitos extrados foram imediatamente dessorvidos e analisados por CG-

    EM. Estas foram realizadas em colaborao com o laboratrio do Prof. Dr.

    Fbio Augusto do Instituto de Qumica UNICAMP.

    4.7. Obteno da massoia lactona

    A massoia lactona, alm de ter sido isolada do extrato hexnico da

    planta (descrito em 4.5) tambm foi obtida por uma reao de eliminao

    , a carbonila da G-decalactona comercial. uma soluo de

    diisopropilamina (0,36 mL, 2,36 mmol) em THF anidro (10,0 mL) foi

    adicionado a - 78 C e sob uma atmosfera de argnio, 1,20 mL (2,36 mmol)

    de uma soluo de n-butil-ltio (2,35 M em n-hexano). esta soluo de

    LDA formada (2,36 mmol), foi adicionada uma soluo da G-decalactona

    (0,200 g, 1,18 mmol) em THF anidro (1,2 mL). A mistura foi mantida sob

    agitao por 0,5h a -78 C, quando ento adicionou-se uma soluo de

    PhSeCl (0,452 g, 2,36 mmol) em THF (1,2 mL). A reao foi mantida sob

    agitao a -78 C por 4 h (a cada 1 h a reao foi monitorada por CG-EM).

    Aps este perodo, adicionou-se 10 mL de uma soluo aquosa saturada de

    NH4Cl. A fase aquosa foi extrada com acetato de etila (3 x 10 mL) e as

    fases orgnicas combinadas foram secas com MgSO4 anidro, filtradas e

    concentradas em evaporador rotatrio. O resduo obtido foi dissolvido em

    diclorometano (30 mL) e esta soluo adicionou-se, 0 C, piridina (2

    mL) e H2O2 (soluo 30 % aquosa, 8mL). Esta mistura bifsica foi agitada

    por 1,5 h a 0 C quando ento adicionou-se uma soluo aquosa de Na2CO3

  • EXPERIMENTAL

    37

    (10 %, 20 mL). As fases orgnicas combinadas foram lavadas com gua (10

    mL) e soluo aquosa saturada de NaCl (10 mL), seca com MgSO4 anidro,

    filtradas, concentradas em evaporador rotatrio e avaliadas por CG-EM.

    O leo resultante foi purificado por coluna cromatogrfica com slica

    gel, usando o eluente hexano:acetato de etila 8:2. Foram retiradas trs

    alquotas de 50 mL que foram analisadas por CG-EM, sendo que apenas a

    primeira frao continha a massoia lactona e para seu isolamento, essa

    frao foi submetida a CCDP em placa preparada como descrito no item

    4.5.3. As subfraes foram analisadas por CG-EM. Anlises de RMN 1H e 13C foram realizadas com a subfrao que apresentava a massoia lactona

    isolada e com a G-decalactona, material de partida, (Figuras 11 e 12; 13 e

    14, respectivamente), para confirmao do isolamento da massoia lactona e

    da reao.

    ppm1234567

    Fernanda F3.2P44-2 cdcl3 ago24falHPulse Sequence: s2pul

    0.040.04

    0.050.12

    0.550.19

    Fig. 11. Espectro de RMN de 1H da massoia lactona sintetizada

    OO1

    2

    34

    56

    7

    8

    9

    10

  • EXPERIMENTAL

    38

    RMN de 1H (500 MHz): G 0,92 (3H, t, 3J= 6,6Hz, H-10); 1,22 1,96

    (9H, m, H-6, 7, 8, 9); 2,25 2,39 (2H, m, H-4); 4,37 4,44 (1H, m H-5);

    6,01 (1H, d, 3J= 9,9Hz, H-2), 6,85 6,89 (1H, m, H-3).

    ppm20406080100120140160

    Fernanda "F3.2P44-2" cdcl3/bb5old ago29falCPulse Sequence: s2pul

    Fig. 12. Espectro de RMN de 13C da massoia lactona sintetizada

    RMN de 13C (500 MHz): G 13,9 (CH3, C-10), 22,4 (CH2, C-9), 24,4

    (CH2, C-7), 29,3 (CH2, C-8), 31,5 (CH2, C-6), 34,8 (CH2, C-4), 77,9 (CH,

    C-5), 121,4 (CH, C-2), 145,0 (CH, C-3), 164,5 (C0, C-1).

  • EXPERIMENTAL

    39

    ppm1234567

    Fernanda d-decalactona cdcl3/tri-res abr26falHPulse Sequence: s2pul

    0.040.12

    0.380.30

    0.16

    Fig. 13. Espectro de RMN de 1H da -decalactona

    RMN de 1H (500 MHz): G 0,87 (3H, t, 3J= 7,0Hz, H-10); 1,24 1,84

    (8H, m H-6, 7, 8, 9); 1,86 -1,92 (2H, m, H-4); 2,38 2,45 (2H, m, H-3);

    2,53 -2,59 (2H, m, H-2); 4,23 4,29 (1H, m, H-5).

    ppm20406080100120140160180

    Fernanda d-decalactona cdcl3/tri-res abr26falCPulse Sequence: s2pul

    Fig. 14. Espectro de RMN de 13C da -decalactona

    OO1

    2

    34

    56

    7

    8

    9

    10

  • EXPERIMENTAL

    40

    RMN de 13C (500 MHz): G 13,9 (CH2, C-10); 18,4 (CH2, C-3); 22,4

    (CH2, C-9); 24,5 (CH2, C-7); 27,7 (CH2, C-4); 29,4 (CH2, C-8); 31,5 (CH2,

    C-6); 35,7 (CH2, C-2); 80,6 (CH, C-5); 172,0 (C0, C-1).

    4.8. Fracionamento do leo essencial da madeira de A.

    canelilla por extrao cido-base, cromatografia em coluna e

    cromatografia em camada delgada preparativa

    As condies utilizadas para o fracionamento do leo por extrao

    cido-base esto na Figura 15.

  • EXPERIMENTAL

    41

    Fig. 15. Fluxograma de extrao cido-base do leo essencial bruto da

    madeira de A. canelilla.

    A secagem de cada frao foi feita com MgSO4 anidro, a filtrao

    com papel de filtro e a evaporao do solvente em rota-evaporador. As trs

    fraes (cidos, bases e neutros) foram submetidas CG-EM.

    xtrao com HCl 1 % (3x30 mL)

    cidosm = 46 mg

    Adio de NaOH 1N at pH >7 Extrao com CH2Cl2(3x30 mL)

    Secagem FiltraoEvaporao do solvente

    Secagem FiltraoEvaporao do solvente

    Fase Aquosa

    Adio de HClconc. at pH < 7 Extrao com CH2Cl2 (3x30 mL)

    Massa do leo = 1,1210 g

    Fase Orgnica

    Fase Orgnica

    Fase Orgnica

    Fase Aquosa

    Adio de 50mL de CH2Cl2Extrao com KOH 1 % (3x 30mL)

    Fase Aquosa Fase Aquosa Fase Orgnica

    Abandonada

    Abandonada

    Secagem FiltraoEvaporao do solvente

    Basesm = 3,9mg

    Neutrosm = 986,7 mg

  • EXPERIMENTAL

    42

    Para purificao de 1-nitro-2-feniletano, uma coluna cromatogrfica

    foi feita com 30 g slica gel e 0,98 g dos compostos neutros (relao slica:

    amostra = aproximadamente 30:1). Foram usados os eluentes: hexano,

    acetato de etila e metanol em gradiente de polaridade. Retiraram-se

    alquotas de 10 mL e com o auxlio de CCD, de acordo com a semelhana

    de RF, foram agrupadas em seis fraes (Tabela 2)

    Tab. 2. Eluentes, volumes usados e fraes da coluna cromatogrfica para

    isolamento de 1-nitro-2-feniletano e metileugenol.

    As seis fraes foram analisadas por CCD e por CG-EM, onde 70 %

    dos componentes foram coletados nas fraes 3 e 4, que concentraram as

    substncias 1-nitro-2-feniletano e metileugenol, por isso foram submetidas a

    cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP). O eluente usado foi

    tolueno: acetato de etila 9:1. A visualizao foi feita atravs da irradiao da

    Eluentes (proporo) Volume

    (mL)

    Fraes

    reunidas

    Massa

    (mg)massa %

    Hexano: AcOEt (99:1) 30

    Hexano: AcOEt (98:2) 301 0,8 0,1

    Hexano: AcOEt (95:5) 30 2 1,1 0,1

    Hexano: AcOEt (85:15) 30

    Hexano: AcOEt (7:3) 30 0 0

    Hexano: AcOEt (3:7) 30 3 463,0 47

    AcOEt 60 4 236,6 24

    AcOEt: metanol (97:3) 30 5 4,8 0,5

    AcOEt: metanol (95:5) 60 6 5,3 0,5

  • EXPERIMENTAL

    43

    luz ultravioleta no comprimento de onda 254 nm. As regies de slica

    contendo as subfraes foram retiradas das placas e as amostras

    solubilizadas com clorofrmio: metanol 95:5. Cada mistura foi filtrada, o

    solvente evaporado em rota-evaporador.

    Aps esta separao, as subfraes foram analisadas por CG-EM. Os

    cromatogramas indicaram duas substncias isoladas: 1-nitro-2-feniletano

    nas subfraes 1 das placas 1 e 2, metileugenol nas subfraes 2 das duas

    placas. O isolamento das mesmas foi confirmado por RMN de 1H e 13C

    (Figuras 16, 17, 18,19).

    Para o isolamento do 1-nitro-2-feniletano das folhas de A. canelilla,

    seu leo essencial foi submetido CCDP nas mesmas condies usadas

    para o isolamento do 1-nitro-2-feniletano do o.e. da madeira, descritas a

    cima. As fraes da CCDP foram avaliadas por CCD e para facilitar a

    identificao do composto de interesses utilizou-se o padro isolado do o.e.

    da madeira, que indicou que o 1-nitro-2-feniletano foi realmente isolado. A

    frao correspondente ao composto isolado foi analisada por CG-EM, RMN

    de 1H e 13C e IV (Anexo A).

  • EXPERIMENTAL

    44

    ppm12345678

    Fernanda F2,1P4 cdcl3 out16lsbH2Pulse Sequence: s2pul

    0.550.22

    0.23

    Fig. 16. Espectro de RMN de 1H do 1-nitro-2-feniletano

    RMN de 1H (500 MHz): G 3,35 (2H, t, 3J=6,9 Hz, H-2); 4,63 (2H, t, 3J=6,9 Hz, H-1); 7,23 (2H, dd, 3J=7,4 Hz, 3J=2,7 Hz, H-5 e H-5); 7,30 (1H,

    tt, 3J=7,4Hz, 3J =2,6 Hz, H-6); 7,35 (2H, t, J=7,4 Hz, H-4 e H-4).

    Fig. 17. Espectro de 13C do 1-nitro-2-feniletano

    ppm2030405060708090100110120130140

    Fernanda f1,1p4 cdcl3 jan05falCPulse Sequence: s2pul

    NO21

    23

    4

    4'

    5

    5'

    6

  • EXPERIMENTAL

    45

    RMN de 13C (75 MHz): G 32,5 (CH2, C-2); 75,2 (CH2, C-1); 126,3

    (CH, C-6); 127,4 (CH, C-4, C-8); 127,8 (CH, C-5, C-7); 134,5 (C0, C-3).

    ppm1234567

    Fernanda F1,2P4 cdcl3 out16lsbH1Pulse Sequence: s2pul

    0.210.07

    0.140.43

    0.15

    Fig. 18. Espectro de RMN de 1H do metileugenol

    RMN de 1H (500 MHz): G 3,34 (2H, d, 3J=6,1Hz, H-3); 3,85 (3H, s,

    H-11); 3,87 (3H, s, H-10); 5,02 5,11 (2H, m, H-1); 5,95 6,02 (1H, m, H-

    2); 6,68 6,71 (1H, m, H-9); 6,72 (1H, s, H-5); 6,80 (1H, d, 3J=6, 80Hz, H-

    8).

    1

    2

    349

    8

    7 65

    10

    11OCH3

    CH3O

  • EXPERIMENTAL

    46

    ppm2030405060708090100110120130140150

    Fernanda f1,2P4 cdcl3/bbsw out17lsbCPulse Sequence: s2pul

    Fig. 19. Espectro de RMN de 13C do metileugenol

    RMN de 13C (125 MHz): G 40,1 (CH2, C-3); 56,1 (CH3, C-10, C-11);

    111,2 (CH, C-8); 111,8 (CH, C-9); 115,6 (CH2, C-1); 120,3 (CH, C-2);

    132,6 (C0, C-4); 137,7 (CH, C-5); 147,3 (C0, C-7); 148,8 (C0, C-6).

    4.9. Destilao do leo essencial bruto da madeira de A.

    canelilla

    A destilao de 31,0 g do leo essencial bruto foi realizada sob vcuo

    de 3,3 mmHg com coluna de fracionamento de 13,5 cm. Foi usado um

    banho de silicone e o intervalo da temperatura de destilao foi 110-112 C.

    O leo foi fracionado em duas amostras e a frao no destilada foi

    denominada resduo. A primeira chamada cabea de destilao com

    massa de 0,43 g corresponde a 1,4 % da massa inicial do leo e a segunda,

  • EXPERIMENTAL

    47

    leo destilado com 29,3 g referentes a 94,6 %. O leo bruto e as duas

    amostras foram analisados por CCD e por CG-EM.

    4.10. Redestilao do leo essencial da madeira de A. canelilla

    Para redestilao do leo destilado, descrito no item 4.9., utilizou-se

    26,0 g do leo destilado, vcuo de 3 mmHg e coluna de fracionamento de

    13,5 cm. O mesmo foi fracionado em duas alquotas e resduo. A primeira,

    cabea de destilao, foi retirada na faixa de temperatura de 68 70 C,

    massa = 1,27 g (4,9 %) e a segunda, leo redestilado foi retirada na faixa de

    temperatura de 72 74 C, massa = 23,6 g (90,7 %). O leo redestilado foi

    analisado por CCD e por CG-EM.

    4.11. Hidrodestilao do leo essencial bruto da madeira de A.

    canelilla

    Foi realizado a hidrodestilao de 33 g de leo essencial bruto da

    madeira por 19 h e 30 min. A primeira alquota foi retirada aps 6 h e as

    demais, a cada 1 h e 30 min, totalizando 10 fraes hidrodestilada e um

    resduo (frao no hidrodestilada). O leo foi extrado de cada poro com

    diclorometano (3 x 30 mL), seco com MgSO4 anidro e o solvente evaporado

    em rota-evaporador. As fraes foram pesadas (Tabela 3) e analisadas por

    CCD, utilizando como eluente hexano: acetato de etila 8:2, e por CG-EM.

  • EXPERIMENTAL

    48

    Tab. 3. Fraes da hidrodestilao do o.e. de A. canelilla

    N da frao Massa (g)

    1 14,7928

    2 4,6161

    3 2,7768

    4 3,8547

    5 3,3783

    6 1,7647

    7 0,7153

    8 0,1935

    9 0,1722

    10 0,042

    Resduo 0,4121

    4.12. Extrao e anlise do leo essencial das folhas de A.

    canelilla

    A extrao de 900 g de folhas de A. canelilla foi realizada por arraste

    a vapor durante 2 h e 30 min, obtendo 1,35 g de leo (1,7 % de

    rendimento). O leo essencial foi submetido CG-EM.

    4.13. Quantificao de 1-nitro-2-feniletano no leo essencial da

    madeira e folhas de A. canelilla e fraes

    A quantificao de 1-nitro-2-feniletano foi feita em cinco amostras:

    A- leo essencial bruto da madeira

  • EXPERIMENTAL

    49

    B- frao obtida por destilao fracionada do o. e. bruto da madeira

    C- amostra obtido atravs redestilao: destilao fracionada de leo

    destilado(B) - madeira

    D- frao obtido por hidrodestilao do o. e. bruto da madeira

    E- leo essencial obtido por arraste vapor folhas

    4.14. Extrao das folhas de A. canelilla com diclorometano

    56,1 g de folhas de A. canelilla foram submetidas extrao com

    diclorometano num equipamento de Soxhlet por 18 h. Aps esse perodo, o

    extrato foi obtido com 1,4 % de rendimento (0,77 g).

    4.15. Ensaios biolgicos

    Os ensaios foram realizados pela Prof Dr Anglica Zaninelli

    Schreiber da Faculdade de Cincias Mdicas UNICAMP.

    Foi utilizada a tcnica de difuso com discos utilizando como base a

    norma do NCCLS (Performance Standards for Antimicrobial Disk

    Susceptibility Tests; Approved StandardEighth Edition. NCCLS document

    M2-A8 [ISBN 1-56238-485-6]) que permite a determinao do halo de

    inibio de crescimento para as substncias em estudo.

    4.15.1. Amostras e microorganismos avaliados

    As amostras foram dissolvidas em DMSO e esto descrita abaixo :

    O.e. hidrodestilado de A. canelilla madeira

    Extrato CH2Cl2 de A. canelilla folhas

  • EXPERIMENTAL

    50

    Extrato CH2Cl2 de A. suaveolens partes areas

    Extrato CH2Cl2 do resduo da extrao com arraste a vapor de A.

    suaveolens

    Os microorganismos avaliados foram:

    Candida albicans

    Candida krusei

    Candida parapsilosis

    Staphylococcus aureus (S)

    Staphylococcus aureus (R)

    Staphylococcus hominis

    4.15.2. Preparao do inculo

    Pelo menos de trs a cinco colnias, bem isoladas, do mesmo tipo

    morfolgico foram selecionadas da placa de gar. A superfcie de cada

    colnia foi tocada com uma ala, e os microorganismos foram transferidos

    para um tubo contendo 4-5 mL de salina 0,8 %. Ajustou-se a turbidez da

    cultura em crescimento com soluo salina estril ou caldo, de modo a obter

    uma turbidez ptica comparvel da soluo padro de McFarland a 0,5.

    Isso resulta numa suspenso contendo aproximadamente de 1 a 2 x 108

    UFC/mL.

    4.15.3. Preparao dos discos

    Foram utilizados discos de papel de filtro estreis (CEFAR),

    comercialmente disponveis com peso de 30 r 4 mg/cm2, com capacidade

  • EXPERIMENTAL

    51

    para absorver de 2 a 3 vezes o seu peso em gua e dimetro de 6,35mm. A

    cada disco foram adicionados 20 Pl de extrato. Acondicionados em placas

    de Petri estreis foram incubados em estufa at completa secagem, depois

    mantidos entre 2-8 C at o momento do teste.

    4.15.4. Meio de cultura

    O gar Meller-Hinton foi preparado a partir de uma base desidratada

    (Oxoid) conforme as instrues do fabricante. O meio recm preparado e

    resfriado foi depositado em placas de Petri estreis descartveis de fundo

    chato, numa superfcie horizontal, para garantir uma profundidade uniforme

    de aproximadamente 4 mm. O que corresponde a 25-30 mL de meio para

    placas com dimetro de 100 mm. O meio gar foi esfriar a temperatura

    ambiente e armazenadas em geladeira (de 2 a 8 C), por at 7 dias.

    4.15.5. Inoculao das placas de teste

    Em condies ideais, mergulhou-se um swab de algodo estril na

    suspenso ajustada, at 15 minutos aps ajuste da turbidez da suspenso de

    inculo. O swab foi girado vrias vezes e apertado firmemente contra a

    parede interna do tubo, cima do nvel do lquido para retirada de qualquer

    excesso de inculo no swab. A superfcie seca da placa de gar Meller-

    Hinton foi inoculada passando-se o swab em toda a superfcie estril do

    gar. Repetiu-se o procedimento esfregan