planos de aula filosofia

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Ensino Mdio Filosofia Lgica e filosofia geral: problemas metafsicos Dados da Aula O que o aluno poder aprender com esta aula Nesta atividade de introduo ao estudo da Filosofia os estudantes vo poder distinguir o pensamento filosfico do senso comum, estabelecendo relaes com o seu cotidiano. Compreender o conceito de filosofia e sua importncia na histria da humanidade. Durao das atividades 2 aulas Conhecimentos prvios trabalhados pelo professor com o aluno Estratgias e recursos da aula 1 PRTICA SOCIAL INICIAL DO CONTEDO

Iniciar as atividades dialogando com os estudantes, no sentido de registrar o que os alunos sabem sobre a filosofia. Neste primeiro momento importante que o Professor estimule a turma a participar e que registre as concepes dos alunos sobre o tema proposto. A seguir, Professor, anote quais as curiosidades que os estudantes possuem sobre o tema e o que gostariam de discutir?

2. PROBLEMATIZAO:

Diante das questes levantadas pela turma, iro surgir vrias concepes sobre o que seja Filosofia. importante neste momento, que o professor faa um desafio, ou seja, a criao de uma necessidade para que o educando, atravs de sua ao, busque o conhecimento e estabelea uma relao com os que j possui. Sugestes de questes que podem ser colocadas no quadro de giz para incentivar a turma sobre o tema: Dimenso filosfica: O que filosofia? Existem vrias maneiras de pensar a filosofia? Existe uma classificao para as formas de pensar? Dimenso histrica: Quando surgiu a filosofia? Qual a importncia da filosofia para a humanidade? Dimenso social: Qual o papel da filosofia na sociedade brasileira, em minha comunidade, na escola? Dimenso cientfica: Existe relao entre o pensamento filosfico e a cincia?

3 INTRUMENTALIZAO:

Passe este pensamento no quadro de giz: "H j algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opinies como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princpios to mal assegurados no podia ser seno mui duvidoso e incerto, de modo que me era necessrio tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opinies a que at ento dera crdito, e comear tudo novamente desde os fundamentos..." (DESCARTES apud COTRIN, 1999, p. 47) Vamos discutir esse pensamento de Descartes: Quem concorda com ele? O que o levou a concordar ou discordar? Porque esta angstia nos invade os pensamentos? Essa incerteza sobre o que ou no certo? A humanidade sempre teve a mesma forma de pensar? Como evolui o pensamento? Qual a relao do pensamento do senso comum com o filosfico? Vamos assistir o v deo do Youtube, sobre "O que Filosofia", apresentado pelo Prof. Paulo Ghiraldelli, disponvel em http://br.youtube.com/watch?v=fGxrFw9RBQk Diante da apresentao do Filsofo, o que Filosofia? Como nos distanciamos do mundo para compreender se nos preocupamos com coisas banais ou no? Quem pode filosofar? Todos ns ou apenas os filsofos? Quantas vezes nos espantamos diante de tantos problemas da sociedade? Como o personagem "Mafalda" nos leva a pensar, ser que no estamos esperando algo muito complexo da Filosofia? Estas discusses certamente vo levar os estudantes a perceberem que todos ns, de certa forma, temos um princpio de filosofia em nossos pensamentos, mas nos falta o conhecimento para que possamos argumentar sobre nossa opinio de forma mais consistente. medida que o ser humano passa a conhecer a evoluo do pensamento do homem, suas principais idias, correntes tericas, a relao do pensamento com o momento histrico-cultural, vamos compreendendo a organizao do mundo atual. Quando Ghiraldelli nos chama a ateno para a desbanalizao do banal, ele prope uma iniciao filosfica acessvel a qualquer nvel de estudante. Precisamos refletir sobre nossas idias:

Ser que no somos carregados de preconceitos?

O nosso orgulho e vaidade nos deixa refletir sobre o que concebemos como certo ou errado? A dvida importante?

Voltando um pouco nas questes levantadas na problematizao, proponha aos estudantes uma atividade de pesquisa on-line, utilizando a metodologia de webquest, sugerimos ao professor esta metodologia, pois possibilita o estudante seguir um roteiro de sites, pr-selecionados por voc, de forma que estes no se percam diante de tantas informaes na internet, organize a tarefa e as demais atividades propostas. Sugerimos que utilize o site da Escolabr http://www.escolabr.com/portal/modules/planet/ para criar e postar sua webquest em http:// www.livre.escolabr.com/ferram entas/wq/ , onde h orientaes para esse processo, e o site gratuito. Voc poder utilizar a webquest Introduo filosofia ou criar uma de acordo com as necessidades de sua turma.

Lembre-se de sempre solicitar aos estudantes que registrem em seus cadernos suas idias, por mais banais que possam parecer, desde o incio das atividades, como se fosse um dirio, pois apartir delas que ele perceber o quanto mudou sua forma de pensar, quais os contedos mais significativos desta aula. uma forma de se auto-avaliar, posteriormente.

Atividade de aprofundamento terico:

Sites:

Geosites: Convite Filosofia de Marilena Chau: A preocupao com o conhecimento. Disponvel em: http://br.geocities.com/mcrost02/convite_a_filosofia_15.htm Pginas de Filosofia: O que Filosofia: http://paginasdefilosofia.wordpress.com/axiologia/ Portal Brasileiro de Filosofia: O que Filosofia. Disponvel em: http://portal.filosofia.pro.br/o-que-e-a-filosofia.html Geosites: Convite Filosofia Marileina Chau. Disponvel em http://www.livre.escolabr.com/ferramentas/wq/webquest/Convite Geosites: Introduo ao pensamento. Disponvel em http://br.geocities.com/maeutikos/filosofia/filosofia_introducao.htm Geosites: Histria da Filosofia na Brasil. Disponvel em http://br.geocities.com/maeutikos/filosofia/filosofia_brasil.htm Didactica Editora: A arte de pensar. Disponvel em http://www.didacticaeditora.pt/arte_de_pensar/cap1.html CMI Brasil: Filosofia e mudana social. Disponvel em http://www.midiaindependente .org/pt/blue/2006/04/351284.shtml Navegando na Filosofia: O que caracteriza a atitude filosf ica. Dispo nvel em http://afilosofia.no.sapo.pt/10atfil.htm Navegando na Filosofia: Navegando na Filosofia: http://afilosofia.no.sapo.pt/referencias.htm

4 CATARSE:

chegado o momento em que o aluno expressa a soluo encontrada no problema inicial. Passaremos a elaborao terica da sntese, isto , da nova postura mental. Os estudantes devero elaborar um texto dissertativo que expresse suas reflexes sobre o tema proposto.5 PRTICA SOCIAL FINAL DO CONTEDO:

A questo do pensar filosoficamente um tema que merece ser discutido e entendido por todos. muito importante, neste momento, que cada indivduo faa uma reflexo sincera e expresse suas idias.

Vamos pesquisar os provrbios, frases e ditos populares mais comuns e relacion-los com o com os preconceitos existentes, ditos do senso comum e o conhecimento filosfico.

Pense:

O que podemos fazer para despertar a conscincia crtica nas pessoas? Como podemos levar a nossa comunidade perceber que temos muitas idias equivocadas? Vamos organizar cartazes fazendo nossas proposies?

Visite os sites abaixo: Provrbios classificados por categorias: http://www.pititi.com/passatempos/proverbios/proverbios.htm Ditos populares ilustrados: http://www.culturabrasil.pro.br/literais.htm Perguntas cretinas: arquivo de ditados populares: http://www.perguntascretinas.com.br/piadas/humor/ditados-populares/ Ditos populares e seus significados: http://www.geocities.com/sylviosalema/filhos_do_rei/frases.html Entendendo os ditos populares: http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=1258REFERNCIA BILBIOGRFICA

COTRIN, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: ser, saber e faz er. So Paulo: Saraiva, 1999.

AUTO-AVALIAO

Toda a atividade precisa ser acompanhada, no sentido de percebermos o nvel de aprendizagem e de elaborao mental diante do tema proposto. Oriente o estudante para ler atentamente a ficha abaixo de auto-ava liao e indique o nvel em que se en quadra. opcional colocar valores em cada nvel. Como voc, situa-se diante das seguintes questes? INICIANTE: 4,0 pontos - Apenas leu e pesquisou os temas sugeridos e no apresentou as atividades solicitadas

APRENDIZ: 6,0 pontos - Leu, fez as pesquisas solicitadas e apresentou as atividades com alguns argumentos. PROFISSIONAL: 8,0 pontos - Demonstrou bom domnio do assunto, conhecendo a concepo de vrios filsofos e apresentou timos argumentos que fundamentam sua opinio sobre o tema. MESTRE: 10,0 pontos - Demonstrou excelente domnio do assunto, compreendendo a concepo de vrios filsofos e apresentou argumentos sensacionais para fundamentar sua opinio sobre o tema

Recursos Complementares EscolaBr: Site que disponibiliza muitas webquest: http://livre.escolabr.com/ferramentas/wq/ Ministrio da Educao: Webquest: http://www.webeduc.mec.gov.br/webquest/index.php Gilian Cristina Barros Artigo sobre Webquest: http://www.gilian.escolabr.com/textos/webquest_giliancris.pdf Avaliao A avaliao ser realizada no decorrer das atividades, inicialmente observando o processo de formao de conceitos nos estudantes, analisando seus questionamentos e intervenes, procurando, atravs do dilogo, perceber se houve apropriao dos contedos propostos e uma mudana de postura frente aos problemas levantados, no que se refere superao de idias do senso comum para a dimenso filosfica. O professor acompanhar a leitura das produes dos estudantes, fazendo as intervenes necessrias, sugerindo leituras e a retomada de contedos, se necessrio.

Planos de aula filosofia Abra as portas de sua classe para deuses e monstrosBases LegaisCincias Humanas e suas Tecnologias

ContedoHistria do pensamento filosfico

Gregos e romanos podem ter criado seres mitolgicos com base em fsseisDaniel Hessel Teich

R.L. Andrews/Courtesy American Museum of Natural History R.L. Andrews/Courtesy American Museum of Natural History

O grifo mitolgico e a ossada fssil de um Protoceratops: origens no Deserto de Gobi

Durante dcadas, estudiosos de arte grega se intrigaram com um desenho pintado em um vaso corntio de 2.500 anos, atualmente exposto no Museu de Belas Artes de Boston. Nele, o heri Hrcules combate um monstro do mar que ameaa a cidade de Tria. O que os pesquisadores se perguntavam era como o autor da pintura pode ter feito uma aberrao to tosca, de estilo estranho, que enfeava as linhas elegantes das demais figuras, mesmo porque at os monstros gregos tm l sua beleza. A resposta pode ser totalmente inesperada: ao retratar a criatura esquisita, o artista poderia estar sendo extremamente fiel a sua fonte de inspirao, o crnio de um animal pr-histrico. Essa interpretao revolucionria de um estudo realizado pela pesquisadora americana Adrienne Mayor, publicada no livro The First Fossil Hunters (Os Primeiros Caadores de Fsseis), lanado no ms passado nos Estados Unidos. Ela comparou referncias clssicas de monstros (em pinturas, mosaicos e textos) com achados paleontolgicos em torno do Mar Mediterrneo. As coincidncias so notveis. A pista para chegar ao animal retratado no vaso corntio estava em narrativas mitolgicas milenares. Em um trecho da Ilada, a poderosa epopia escrita por Homero h 3.000 anos, Hrcules salva Hesone de ser sacrificada a um estranho monstro que assustava a cidade de Tria. O extraordinrio ser brotado da terra junto costa, logo depois de uma enchente. "O artista deve ter visto ou ouvido falar de um crnio prhistrico na regio descrita por Homero e associou-o ao monstro vencido por Hrcules", entende Adrienne Mayor. Bastou vasculhar as peas recolhidas por paleontlogos especializados em fsseis mediterrneos para encontrar a pea que se encaixava com preciso na teoria: o crnio de uma girafa gigante. O animal, cuja cabea chegava a medir mais de 60 centmetros, extinguiu-se h 10.000 anos e seus restos fossilizados so abundantes. Um caminho similar foi percorrido para chegar origem fssil do grifo, quimera que guardava as minas de ouro nos confins da sia. Esse animal fabuloso, com cabea de

ave de rapina e corpo de leo, fazia ninhos no solo e cuidava da prole de monstrinhos com o empenho de um passarinho. Apesar da descrio detalhada, no h relato na Antiguidade de algum que tenha de fato visto o bicho vivo. Usando as ferramentas da moderna paleontologia, a pesquisadora americana ligou o ser mitolgico aos restos de um tipo de dinossauro, o Protoceratops, comuns no Deserto de Gobi. Localizada na atual Monglia, a regio situa-se exatamente no local que a cultura greco-romana considerava os confins da sia. Muitos desses animais extintos h 65 milhes de anos morreram em posies pouco usuais, surpreendidos e soterrados por tempestades de areia. O solo arenoso do deserto faz com que os fsseis venham tona com relativa facilidade, ao mesmo tempo que oferece imagens de grande impacto. "Como os modernos paleontlogos, os povos antigos devem ter observado os ossos e tentado adivinhar a que tipo de animal poderiam ter pertencido", escreve Mayor. " natural que tenham remontado o quebra-cabea usando como referncia animais que conheciam. Da a mistura de leo e guia." Sabe-se desde o sculo XIX que ossos fossilizados faziam parte da vida na Antiguidade e tambm que cada povo tenta interpretar as descobertas segundo as prprias crenas. O fundador da moderna paleontologia, o francs Georges Cuvier, ao escrever no incio do sculo XIX sobre a evidncia de animais extintos, imaginou tratar-se de espcies afogadas pelo dilvio bblico. Setenta anos depois, na escavao das runas de Tria, o arquelogo alemo Heinrich Schliemann identificou em meio a jias fabulosas as vrtebras de animais gigantes extintos havia mais de 8 milhes de anos. "O local onde hoje est o Mar Mediterrneo foi um grande corredor migratrio de mamferos gigantes h 15 milhes de anos", explica a professora de antropologia biolgica da Universidade de Bristol, Kate Robson Brown. "De tempos em tempos a atividade vulcnica, os terremotos e as colises das placas tectnicas acabam expondo os fsseis." natural que os povos que habitaram essa regio na Antiguidade topassem com os vestgios dessas criaturas. Em sua pesquisa, Adrienne Mayor encontrou evidncias de que durante dez sculos, a partir do V a.C., a civilizao greco-romana empenhou-se numa verdadeira corrida por sinais pr-histricos. Eram considerados provas materiais das batalhas dos gigantes e heris clssicos. Ricaos conservavam os achados como preciosidades, junto com ouro e jias. O poderoso Adriano, que reinou no sculo II, venerava ossos que julgava serem do gigante Ajax e os guardou num mausolu especialmente construdo na sia Menor. O imperador Augusto, por sua vez, ergueu um museu para expor sua coleo de fsseis na Ilha de Capri.

ObjetivosAnalisar a formao dos mitos e sua relao com a realidade de cada povo

Contedo relacionadoReportagem da Veja:

Os monstros eram de verdade

IntroduoQuer deixar a turma fascinada e boquiaberta? A receita simples: conte uma histria da mitologia. Embora trate de feitos e aventuras de um imaginrio j perdido no tempo, longe do

nosso dia-a-dia tecnolgico, os mitos continuam a seduzir as pessoas. Depois disso, leia com a turma a reportagem de VEJA. A tese da pesquisadora americana Adrienne Mayor faz um verdadeiro rebulio com as origens dos mitos. O assunto, por sua prpria natureza e tambm pela forma original como tratado na revista, vai manter o pessoal ligado. Seus alunos tambm podero comparar os heris das civilizaes grega e romana com os de outros povos, entre eles os ndios brasileiros.

Atividades1. Pea aos alunos para listar os mitos que conhecem e explicar como eles surgiram. Muitos vo lembrar de figuras greco-romanas, que a mdia costuma divulgar, como o desenho animado Hrcules. Solicite ento uma pesquisa a ser realizada em bibliotecas e na internet sobre os mitos de vrios povos, incluindo os das culturas indgenas brasileiras. Faa uma comparao entre os mitos que os alunos citarem. Ressalte a figura do heri e a tentativa de explicar fatos da natureza, dois pontos quase sempre presentes nas histrias dos mais diferentes povos e pocas. 2. Analise com a classe a reproduo do vaso corntio que est na abertura da reportagem. Explique aos alunos que os arquelogos e historiadores utilizam cenas pintadas nas cermicas greco-romanas (e nas obras de arte de outros povos) como fonte documental. Eles retiram desses materiais elementos que ajudam a compreender a histria da poca, sobretudo nos detalhes ligados ao cotidiano. Faa um exerccio com a turma: que informaes podem ser retiradas da cena em que Hrcules combate um monstro mitolgico? O tipo de arma utilizada, a vestimenta e os objetos ali representados, mostram a cultura material da poca. 3. O homem interpreta o que v a partir do que j sabe, de sua prpria cultura. Assim como os reis e prncipes gregos e romanos colecionavam os fssis imaginando que fossem restos de criaturas mitolgicas, muitos colecionadores dos sculos XV e XVI guardavam como tesouro o que acreditavam ser o chifre de um unicrnio. Mais tarde, descobriu-se que se tratava da presa de um narval, um mamfero aqutico que lembra um peixe-espada. Discuta com os alunos como as interpretaes variam de poca para poca e como representam o prprio modo de pensar da sociedade na qual surgem. Destaque o ponto de vista cientificista que a sociedade moderna usa para explicar os fenmenos naturais, em oposio forma mitolgica que pode ser encontrada em sociedades do passado e mesmo em culturas atuais. 4. Solicite uma pesquisa em grupos sobre o campo de estudo da paleontologia. Pea que os alunos descubram as reas do Brasil em que aparecem vestgios de animais que existiram no passado. Quais desses animais conviveram com seres humanos? E quais so muito anteriores existncia dos homens? fundamental ressaltar que os dinossauros nunca conviveram com seres humanos, confuso muito comum devido a desenhos animados e sries de fico. No perodo pr-histrico, os homens conviveram com uma flora e uma fauna diferentes das atuais havia animais de grande porte, como mamutes, megatrios (preguias gigantes), tigres-dentede-sabre e tatus-gigantes, entre outros. Em alguns stios arqueolgicos do Brasil, como os localizados no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piau, existem ossos de alguns desses animais, alm de pinturas rupestres que os retratam. A turma pode refletir sobre a forma como

os povos da poca retrataram esses animais. Como e por que surgem os mitos Um dos primeiros a explicar a mitologia foi Evmero, no sculo IV a.C. Segundo esse filsofo grego, os mitos seriam a tentativa do homem de elevar feitos e acontecimentos histricos a uma categoria divina. Heris humanos foram retratados como deuses e semideuses, numa narrativa fantasiosa. No sculo XX, os mitos passaram a ser vistos como modelos que permitem ao homem inserir-se na realidade. Eles funcionam como exemplos tpicos das atividades humanas mais significativas. O antroplogo ingls Bronislaw Malinowski (1884-1942), refletindo sobre a importncia deles para as sociedades primitivas, disse: "So a expresso de uma realidade original mais poderosa e mais importante atravs da qual a vida presente, o destino e os trabalhos da humanidade so governados". Outra interpretao dos mitos que tambm nasceu no sculo XX a psicanlise. Sigmund Freud (1856 - 1939) trouxe para esse campo do conhecimento o mito de dipo ao lado, o heri na tela do pintor francs Ingres (1780 - 1867). Foi Carl Gustav Jung (1875 - 1961), porm, quem associou os mitos tendncia do nosso inconsciente de projetar ocorrncias internas sobre os fenmenos do mundo exterior. Para Jung, "os mitos so principalmente fenmenos psquicos que revelam a prpria natureza da psique". E porque so comuns a todos os homens, encontram-se temas muito semelhantes nos locais mais distantes e diversos. BIBLIOGRAFIA O Poder do Mito, J. Campbell, Palas Athena, tel.: (11) 3289-5426 As Transformaes do Mito Atravs do Tempo, J. Campbell, Cultrix, tel.: (11) 2066-9000 Jung, Vida e Obra, Nise da Silveira, Paz e Terra, tel.: (11) 3337-8399

O Banquete Adaptado do texto de Marilena Chau, Introduo Filosofia I Dos pr-socrtico a Aristteles, PP.208-212, Companhia das Letras, 2002, So Paulo

Narrador: O poeta Agato convida seus amigos para um banquete em sua casa, festa em que os gregos se reunio para beber, comer, ouvir msica e conversar. Comeam a conversar sobre Eros, o deus do amor. O primeiro a falar Fedro.

Fedro: Eros o mais velho dos deuses, pois no lhe conhecemos nem pai nem me; o mais bondoso para com os homens, pois os faz envergonharem-se do mal e imitar o bem, inspirando-lhes coragem e devotamento; o mais capaz de fazer os homens virtuosos nesta vida e felizes na outra. Os nascidos de Amor so recompensados pelos outros deuses, porque aquele que ama sacrifica-se pelo amado, torna-se divino porque habitado pelo deus.

Narrador: Disse Pausnia

Pausnidas: Parece-me, caro Fedro, que nosso elogio est malfeito. Estaria bem, se houvesse um nico Eros, porm, h mais de um e precisamos saber qual deles merece nossa homenagem. Assim como h duas Afrodites, a celeste e a popular, tambm h dois Eros, um celeste, mais nobre, que preside o amor entre as almas masculinas, e um popular, grosseiro e simplesmente sexual. Ao primeiro devemos render tributo. No belo nem feio sua beleza e fealdade dependem das qualidades ou defeitos, virtudes ou vcios dos amantes. Feio, se apenas corporal, pois a flor do corpo efmera, logo murcha, lanando o

amado no abandono e no sofirmento. Belo, se espiritual, pois quem ama uma bela alma permanece-lhe fiel a vida inteira. Eros celeste benfico aos indivduos e Cidade.

Narrador: Erixmaco interveio, tomando a palavra.

Erixmaco: Embora comeasse bem, Pausnias concluiu mal, por isso o farei em seu lugar. Sim, h dois Eros. Mdico, eu sei, pois ele no se ocupa apenas dos corpos, mas tambm das almas. Mdico, porm, sei que Eros mais vasto, que seu poder no se limita aos homens, mas estende seu imprio a todos os seres. O que Eros? A harmonia e unio dos contrrios, a atrao ordenada dos opostos. Por isso a medicina arte da amizade entre os humores e os elementos no corpo e na alma a primeira cincia do amor. Mas tambm a msica unio e harmonia dos ritmos contrrios e dos opostos , a agricultura arte de unir o mido da semente e o seco da terra , a astronomia cincia da harmonia e conjuno dos astros , a religio e a arte divinatria que buscam os vnculos entre os deuses e os homens. Eros uma fora csmica, universal, que, aplicada para o bem, nos traz felicidade perfeita, a paz entre os homens e a benevolncia dos deuses.

Narrador: Assim comeou Aristfanes.

Aristfanes: Quanto a mim, coisa bem diversa direi. Os humanos desconhecem o poderio extraordinrio de Eros. Se o conhecessem, haveriam de construir-lhe templos magnficos, elevar-lhe altares suntuosos, votar-lhe sacrifcios opulentos. Por que Eros possui todas as belas qualidades que lhe atriburam os que me precederam? Por que to zeloso e benevolente para os homens? Porque outrora, no princpio, ramos unos e havia trs tipos de humanos: o homem duplo, a mulher dupla e o homem-mulher, isto , andrgino. Eram redondos, com quatro braos e quatro pernas e dois rostos na mesma cabea.Vigorosos, sentindo-se completos, decidiram subir ao cu. Foram punidos por Zeus, que os cortou pela metade, voltando-lhes o rosto para o lado onde os cortara, deixando-os com os rgos sexuais voltados para trs. Desde ento, cada metade no fez seno buscar a outra e, quando se encontravam, abraavamse no frenesi do desejo, procurando a unio, morrendo de fome e inanio nesse abrao. Para evitar que a raa dos humanos se extnguisse, Zeus permitiu que Eros colocasse os rgos sexuais voltados para frente, concedendo-lhes a satisfao do desejo e a procriao. Eros restaurou a unidade primitiva e nos fez buscar nossa metade perdida: os que vieram dos andrginos amam o sexo oposto, os que vieram dos homens e mulheres duplos amam os de mesmo sexo.O amor desejo de unificao e indiviso. Encontrar nossa metade: eis o nosso desejo. Ao deus que isto nos propicia, todo nosso louvor.

Narrador: Chegada sua vez, o poeta Agato iniciou assim seu discurso.

Agato: Quer me parecer que todos os que at agora falaram no elogiaram o Amor, mas a felicidade dos homens por possurem tal protetor. Quem Eros? O mais feliz dos deuses, porque o mais belo e o melhor. O mais belo: o mais jovem e perenemente jovem. O melhor: porque o mais til (pois penetra imperceptivelmente nas almas), o mais delicado (pois habita as almas mais ternas), o mais gracioso n(pois vive entre flores e perfumes). Bom, porque ignora a violncia e a desfaz onde existir. Temperante, porque vence a desmedida do prazer, impondo-lhe limite. Engenhoso, porque inspira poetas e artistas, dispondo as musas para a inspirao dos humanos. Hbil, pois destronou o poderio da Carncia e da Necessidade, colocando nos deuses o amor pela beleza e pela concrdia. Glria dos deuses e dos homens, Eros nosso melhor guia.

Narrador: Agato foi aplaudido. Erixmaco pediu que Scrates falasse. Scrates no far um elogio ao Amor, mas buscar sua essncia. Ento Scrates conta de sua conversa sobre amor com Diotima de Mantinia, mulher sbia nas coisas do amor.

Scrates: Eros no um deus no belo nem bom , nem um mortal , no feio nem mau. Nem imortal nem mortal, Eros um dos daimon, intermedirio entre deuses e homens, criador de laos entre eles. Qual sua origem? Quando nasceu Afrodite, a bela, todos os deuses foram convidados para o festim,

esquecendo-se de convidar Penia (a Penria). Escondida do lado de fora, ao trmino da festa Penia esgueirou-se pelos jardins para comer os restos. Viu, adormecido pelo vinho, Pros (o Estratagema), filho de Mtis (a Prudncia Astuta). Desejou um filho dele. Deitou-se ao seu lado e comcebeu Eros. Por haver sido concebido no dia do nascimento de Afrodite, a bela, Eros ama o belo. Triste seu destino: como sua me, vive maltrapilho, sem teto, sem leito, dormindo pelas ruas e nos umbrais das portass, sempre carente, faminto; como seu pai, audaz, engenhoso e sofista, deseja tudo quanto seja belo e aspira a tudo conhecer. No mesmo dia, floresce e vive, morre e nasce, nunca opulento, nem completamente devalido. No sendo deus nem tolo, ama a sabedoria. Se fosse um deus, no poderia am-la, pois no se ama o que j se possui; se fosse tolo, julgar-se-ia perfeito e completo e no poderia desejar aquilo cuja falta no pode notar. Eros o desejo: carncia em busca de plenitude. Eros ama. O que ama o Amor? O que dura, o perene, imortal. Ama o bem, pois amar desejar que o bom nos pertena para sempre. Por isso Eros cria nos corpos o desejo sexual e o desejo da procriao, que imortaliza os mortais. O que o amor ama nos corpos bons? Sua beleza exterior e interior. Amando o belo exterior, Eros nos faz desejar as coisas belas; amando o belo interior, Eros nos faz desejar as almas belas. O amor dos corpos concebe e engendra a imagem da imortalidade: os filhos, tambm mortais. O amor das almas belas concebe e engendra o primeiro acesso verdadeira imortalidade: as virtudes. Os corpos mortais geram filhos mortais. As almas imortais geram virtudes imortais.

Onde reside o belo nas coisas corporais? Na perfeio de suas figuras, de suas propores, de sua harmonia e simetria em suas qualidades de forma. Assim, no corao da matria perecvel e imperfeita, surgem sinais do imperecvel: a beleza da forma. Onde reside o belo nas almas? Na perfeio de suas aes, de seus discursos e de seus pensamentos em suas qualidades de inteligncia. Assim, no corao da alma imortal anuncia-se o perfeito imperecvel: a beleza do saber, a manifestao do logos, a cincia. Que deseja o desejo? Que ama o amor? A beleza imperecvel, seu supremo e nico Bem. O que desejaramar o Belo-Bem? Desejar possu-lo, participando de sua bondade-beleza. Como participar do objeto do desejo-amor? Pelo conhecimento. Eros desejo de saber. Filosofia, philosophia. Na contemplao da beleza-bondade isto , da idia do Bem e da Beleza os humanos alcanam a cincia ou o saber, por meio do qual concebem, engendram e do nascimento s virtudes e por meio delas se tronam imortais. Desejo de formosura da forma bela ou da bela forma , eis a essncia de Eros.

A Alegoria da Caverna Imagina homens que vivem numa espcie de morada subterrnea, em forma de caverna, que possui uma entrada que se abre em toda a largura da caverna para a luz; no interior dessa morada eles esto, desde a infncia, acorrentados pelas pernas e pelo pescoo, de modo a ficarem imobilizados no mesmo lugar, s

vendo o que se passa a sua gente, incapazes, em virtude das cadeias, de virar a cabea. Quanto luz, ela lhes vem de um fogo aceso numa elevao ao longe, atrs deles. Ora, entre esse fogo e os prisioneiros, imagina um caminho elevado ao longo do qual se ergue um pequeno muro, semelhante ao tabique que os exibidores de fantoches colocam a sua frente e por cima do qual exiem seus fantoches ao pblico [...]. Figura agora, ao longo desse pequeno muro e ultrapassando-o, homens que transportam objetos de todos os tipos, como estatuetas de homens ou animais de pedra, madeira, modeladas em todos os tipos de matria; dentre esses condutores, naturalmente, existem aqueles que falam e aqueles que se calam [...]. Se os prisioneiros conseguissem conversar entre si, no achas que tomariam por objetos reais as sombras que avistassem [...]? Considera agora o que naturalmente lhes sobreviria se fossem libertos das cadeias e da iluso em que se encontram. Se um desses homens fosse libertado e imediatamente forado a se levantar, a voltar o pescoo, a caminhar, a olhar a luz; ao fazer tudo isso ele sofreria e, em virtude de ofuscamento, no poderia distinguir os objetos cujas sombras visualizara at ento [...]. No achas que ele consideraria mais verdadeiras as coisas que vira outrora que aquelas que agora lhe eram designadas? [...] Supe que esse homem retornasse caverna e se sentasse em seu antigo lugar; no teria ele os olhos cegados pelas trevas, ao vir subitamente do pleno sol? [...] E se, para julgar essas sombras, tivesse de entrar de novo em

competio com os prisioneiros que no abandonaram as correntes, no momento em que ainda estivesse com a vista confusa e antes que se tivesse reacostumado, no provocaria risos? No diriam eles que sua escalada vertical lhe causara runa da vista e que, portanto, no valeria a pena tentar subir l? E se algum tentasse libert-los e conduzi-los at o alto, no achas que se eles pudessem peg-lo e mat-lo no o fariam?

Plato, (166), Livro VII In: Matos, O, A Polifonia da Razo, P.35, Ed. Scipione, So Paulo, 1997.

O ideal grego de Amor

Bloco de ContedoFilosofia

ContedoHistria do pensamento filosfico

Contedo relacionadoEste plano de aula est ligado seguinte reportagem de VEJA:

A completude no existe - 19/04/2010

ObjetivosApresentar a teoria platnica das formas, partindo da tentativa de definio universal do Amor, presente no dilogo O Banquete.

ContedosO inteligvel e o sensvel na filosofia platnica.

Tempo estimadoDuas aulas

Material NecessrioCpias dos textos O Banquete e A Alegoria da Caverna, de Plato.

IntroduoEsta semana, VEJA publica um artigo bastante interessante de Betty Milan. Nele, a psicanalista comenta o entendimento comum de que o Amor completude, fazendo referncia ao mito grego segundo o qual homem e mulher eram um s corpo com oito membros e dois rostos, que teria sido separado por Zeus, dando origem a eterna procura do Homem por sua metade. Esse mito esclarecedor na compreenso do mundo grego e da filosofia idealista platnica. Aproveite o texto e este plano de aula para discutir o tema com a turma.

Atividades1 aula Escreva no quadro: O que amor? Leia o poema Amor fogo que arde sem se ver, de Cames. Pea que cada aluno escreva em seu caderno uma resposta a essa pergunta, colocando em suas prprias palavras uma definio para amor. Estipule um tempo para que eles pensem e escrevam suas respostas, que devem ser curtas e objetivas.

Amor fogo que arde sem se verAmor fogo que arde sem se ver; ferida que di e no se sente; um contentamento descontente; dor que desatina sem doer; um no querer mais que bem querer; solitrio andar por entre a gente; nunca contentar-se de contente; cuidar que se ganha em se perder; querer estar preso por vontade; servir a quem vence, o vencedor; ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos coraes humanos amizade,

Se to contrrio a si o mesmo Amor? Lus Vaz de Cames (1524-1580) Proponha que alguns alunos leiam as respostas em voz alta e discuta-as com o grupo, enfatizando a dificuldade de se definir um sentimento em palavras. Proponha que eles construam uma resposta conjunta e a escreva no quadro. Diga turma que o Amor vem sendo objeto de anlise e reflexo por muitos sculos e mesmo os gregos j se ocupavam de tentar defini-lo. Uma das passagens da filosofia grega que abarca esse tema O Banquete, de Plato. Contextualize o momento histrico em questo e oferea informaes sobre o autor. Em seguida, explique que o texto foi escrito como um dilogo e escolha seis voluntrios para representar os personagens na leitura do texto. O professor ser o narrador: Fedro, o retrico Pausnias, o rico negociante Erixmaco, o mdico Aristfanes, o escritor de comdias Agato, o poeta Scrates, o filsofo Aps a leitura, pergunte aos alunos o que mais chamou a ateno no texto. Se necessrio, releia passagens junto com o grupo para garantir o entendimento. Discuta as diferentes abordagens de Amor que o texto oferece. Em casa, os alunos devem reler o texto e responder as seguintes perguntas por escrito: 1) Em que a explicao de Scrates sobre o que o Amor difere da resposta dos outros personagens? 2) Como Scrates relaciona Amor e Filosofia? 2 aula Inicie a aula retomando a atividade que os alunos realizaram em casa. Permita que eles discutam suas respostas. Explique ao grupo como a ideia de Scrates sobre o Amor se caracteriza primeiramente por no pretender fazer um elogio, mas compreender sua essncia. Pea que os alunos procurem definir outros valores universais, como o Belo ou a Verdade. Pontue os desafios que se apresentam quando tentamos definir esses conceitos, sendo mais fcil identificar coisas belas do que o Belo, expresses verdadeiras do que a Verdade. Da mesma forma, o Amor que Plato aborda nesse dilogo no a coisa amada ou o sentimento de amar, mas a ideia transcendente de amor.

Distribua aos estudantes o texto A Alegoria da Caverna, de Plato. Explique sua origem e relevncia para a compreenso da viso grega do mundo das ideias. Permita que a turma leia o texto em silncio e individualmente. Verifique a compreenso do texto. Se achar necessrio, pea que alguns alunos se alternem na leitura em voz alta, para que a classe acompanhe e tire dvidas coletivamente. Explique a noo grega de forma. As coisas do mundo sensvel participam das ideias de belo, verdade etc. e, para os platnicos, essas so ideias que habitam outra dimenso, que no pertencem completamente ao mundo dos homens, mas podem apenas ser vislumbradas por meio da observao das coisas que participam delas e se do nossa percepo. Introduza os conceitos de sensvel e inteligvel discutindo a capacidade do Homem de conhecer o que no sensvel. Para finalizar, proponha que os alunos representem a ideia de Amor por meio de uma linguagem no filosfica, mas artstica. Eles podem produzir desenhos, pinturas, msicas ou poemas. Discuta com eles se essa outra forma de expresso foi mais eficiente que a tentativa de descrio por meio de um texto, e qual a diferena entre elas.

AvaliaoA avaliao ser feita por meio da anlise da atividade realizada em casa. Considere tambm a contribuio aos debates e o trabalho de representado.

Curtir a vida nunca exigiu tanto esforo. Desde que Dave Freeman e Neil Teplica publicaram o livro Cem Coisas para Fazer Antes de Morrer, em 1999, listas do tipo vm criando um sem-fim de obrigaes a ser cumpridas antes que soe a hora final. Tem at uma lista dos cinqenta peixes a ser pescados. Freeman morreu em agosto, de acidente (aos 47 anos e tendo completado metade da lista), mas legou a permanente sensao de que sempre falta fazer alguma coisa importante. Para amenizarem a frustrao, trs livros recentes listam o que no fazer antes de morrer. Os ttulos, claro, no variam muito: 101 Coisas para No Fazer Antes de Morrer, do americano Robert Harris, No Ligo a Mnima 101 Coisas para No Fazer Antes de Morrer, do ingls Richard Wilson, e Cai Fora! 103 Coisas para No Fazer Antes de Morrer, do ingls Sam Jordison. "Eu, que ainda no cheguei aos 40 anos, vi as listas do que fazer e tive a sensao de que nunca iria conseguir. Primeiro fiquei meio deprimido. Depois percebi que era ridculo e decidi livrar as pessoas desse tipo de opresso", brinca Jordison, que crtico literrio do jornal The Guardian. Resumindo, no se mate se voc no conseguir: Visitar o Taj Mahal Conhecer o mausolu transformado em declarao pstuma de amor item obrigatrio dos viajantes aventureiros. Atente-se para o fato de que o monumento cercado de ndia por todos os lados: o rio cheira mal, o calor insuportvel, mendigos imploram por trocados e, acima de tudo, h turistas demais. Todos, sem exceo, tirando fotos que sero verses pioradas das imagens dos cartes-postais e guias de turismo. "Eu estive no Taj Mahal e acho que acontece o mesmo que com as pirmides do Egito e com Machu Picchu: j vimos

tanto na televiso e em fotos que, ao vivo, no so to bonitos. Tambm dizem que incrvel mergulhar nas Maldivas, mas eu nem sei nadar. E aposto que muitas daquelas cenas eu vi em Procurando Nemo", disse Wilson a VEJA. Conhecer vinho Algumas pessoas nasceram no terreiro, outras no terroir. possvel, com grande esforo, fazer a transposio de um para o outro. Se no tiver jeito para a coisa, faa como todo mundo e escolha o vinho pelo preo. Saiba que a lei da oferta e da procura funciona: os mais caros so os melhores e os menos caros so os no to bons. Aprender outra lngua Grego antigo, alemo moderno, mandarim? Quem j fala no mnimo outros trs idiomas pode se dispensar da obrigao. A regra s no serve para mulheres solteiras que querem usar o mtodo de aprender italiano, na Itlia, usando o universal e comprovado mtodo de namorar um local. Ler Guerra e Paz Ou Ulisses, ou a Ilada. So obras-primas da literatura, verdade. Mas ningum obrigado a ler suas centenas de pginas se no aproveitar de verdade. Em resumo: no acabe um livro de que voc no gosta. Leia outra coisa. Completar uma maratona No basta caminhar na esteira, correr no parque, gastar o calado? Para os obcecados por sade, quem nunca correu 42 quilmetros, como o soldado grego Feidpedes (que morreu depois de completar o trajeto entre Maratona e Atenas), um sedentrio comedor de pipoca na frente da televiso. Se der muita vontade, deite e espere passar. Pr em prtica o Kama Sutra Ou fazer sexo na praia. Ou no avio. Sexo prazer, no competio. "Desde quando contoro corporal coisa ertica?", pergunta Jordison em seu livro. Sem o peso da obrigatoriedade, quem sabe surjam umas idias. Assistir a Boca Juniors e River Plate no Bombonera, em Buenos Aires Ou ao Fla-Flu no Maracan, a Corinthians e Palmeiras no Pacaembu (quando o Timo sair da segunda diviso). Quem torce por algum dos times j foi. Quem no torce ficar impressionado por no mais que quinze minutos. E ainda restaro 75 de pssima comida e banheiros muito, muito sujos. Pular de pra-quedas Ou fazer bungee jumping. Ou, radicalismo dos radicalismos, praticar o "zorbing", assustadora modalidade em que o praticante colocado em uma bola gigante, muitas vezes cheia de gua, que rola morro abaixo. "Nunca tinha ouvido falar nisso at ler as listas do que fazer. Se voc viciado em adrenalina, faz sentido. Eu sofri um acidente de carro e posso dizer que a sensao a mesma. Taquicardia, frio e tremedeira. muito desagradvel", descreve Jordison. Ir a uma praia de nudismo Alm de correr o risco de sofrer queimaduras em reas nunca dantes bronzeadas, voc se sentir inferior diante de corpos mais bonitos ou constrangido por outros nem tanto. E passar o dia sendo examinado por estranhos. Ficar rico Se no ficou at agora...

preciso saber viverBases LegaisCincias Humanas e suas Tecnologias

ContedoAtitude filosfica e vida cotidiana

Contedo relacionadoEste plano de aula est ligado seguinte reportagem de VEJA:

Fique fora dessas - 15/10/2008

ObjetivosRefletir sobre a passagem do tempo e a finitude da vida

IntroduoMeu amor, o que voc faria se s te restasse um dia? Se o mundo fosse acabar, me diz o que voc faria? Corria para um shopping center ou para uma academia? Para se esquecer que no d tempo para o tempo que j se perdia? Composta por Paulinho Moska, a msica ltimo Dia toca numa questo fundamental para todos, pelo menos desde a era greco-romana: o que, de fato, confere valor ao tempo vivido? Prova da persistncia do sentimento de angstia pela brevidade da vida, o filsofo Sneca, um dos grandes pensadores esticos da Antiguidade, j havia constatado, mais de 2 mil anos atrs: A maior parte dos mortais lamenta a maldade da natureza, porque j nascem com a perspectiva de uma curta existncia e porque os anos que lhe so dados transcorrem rpida e velozmente . Como mostra VEJA, a sensao de que a vida curta para alcanarmos tudo o que gostaramos gera atitudes contraditrias: por um lado, instiga a vontade de fazer coisas grandiosas e memorveis como visitar o Taj Mahal, correr uma maratona ou pular de pra-quedas. Por outro, traz tambm desnimo pela impresso de que, por mais que realizemos, sempre restar algo imprescindvel por concluir. A esse respeito, Sneca pondera: No temos exatamente uma vida curta, mas desperdiamos uma grande parte dela. A vida, se bem empregada, suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realizao de importantes tarefas. Ao contrrio, se desperdiada, se nenhuma obra concretizada, se no realizamos aquilo que deveramos realizar, sentimos que ela realmente se esvai .

Pergunte se todos concordam com Sneca e por qu. Discuta com os alunos o que consideram desperdcio ou perda de tempo. O que mais importante: estudo? Trabalho? Diverso? O que quer dizer aproveitar o tempo ? E o que uma vida bem vivida ? H tempo suficiente para fazer todas as coisas de que gostariam? Conte turma que, em pesquisa recente realizada na Alemanha, calculou-se que um adulto passa na vida, aproximadamente, o equivalente a duas semanas beijando, seis meses no banheiro, cinco anos e meio assistindo TV, dezessete anos trabalhando e 24 anos e quatro meses dormindo. Apesar de estimativos, os dados confirmam o que os antigos filsofos j sabiam: Pequena a parte da vida que vivemos . Se para gregos e romanos o tempo dedicado aos estudos, s cincias e s artes era qualitativamente superior ao tempo empregado no exerccio daquelas funes obrigatrias para a sobrevivncia da espcie (isto , do trabalho), para os modernos verifica-se, entretanto, precisamente o contrrio. Aristteles, por exemplo, chama ateno para a distino substancial entre a vida ativa , representada pela prtica (prxis) e pela tcnica (poiesis), e a vida contemplativa , representada pela teoria, defendendo o privilgio desta ltima em relao primeira. Explore com a classe a relao entre ao e contemplao , que tende a se inverter nos dias atuais. O tempo livre desvalorizado como intil, sendo julgado de acordo com os mesmos critrios usados para avaliar o tempo de trabalho: desempenho e produtividade. O resultado paradoxal e aparece em destaque na reportagem da VEJA: curtir a vida nunca exigiu tanto esforo