plano safra territorial

47

Upload: blogdoterritoriossf

Post on 02-Jul-2015

338 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: PLANO Safra Territorial
Page 2: PLANO Safra Territorial

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO – MDASECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL – SDT

SECREATARIA DA AGRICULTURA FAMILIAR – SAF ORGANIZAÇÃO DAS NACÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E A ALIMENTAÇÃO-FAO

INSTITUTO REGIONAL DA PEQUENA AGROPECUÁRIA APROPRIADA – IRPAAARTICULAÇÃO SINDICAL DA BORDA DO LAGO DE SOBRADINHO – ASS

PLANO SAFRA TERRITORIAL

TERRITÓRIO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO - BA

Sistematização: Carina Moreira Cezimbra

JUAZEIRO/BAMarço de 2008

Page 3: PLANO Safra Territorial
Page 4: PLANO Safra Territorial

Fórum do Território Sertão do São Francisco

Núcleo Diretivo:

Articulação Sindical Rural da Região do Lago de Sobradinho – ASS

Associação dos Vereadores da Borda do Lago de Sobradinho – A VEBLASA

Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba – CODEVASF

Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA

Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais – SASOP

Instituições Animadoras:

Articulação Sindical Rural da Região do Lago de Sobradinhho – ASS

Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA

Articulador:

João Régis da Silva Neto

Consultor:

Cláudio Gustavo Lasa

Organização:

Carina Moreira Cezimbra

Dário Nunes dos Santos

Revisão:

Valdelice Leal Rodrigues

Diagramação:

Lourival Rodrigues de A. Neto

Impressão:

Gráfica Franciscana

Page 5: PLANO Safra Territorial
Page 6: PLANO Safra Territorial

SUMÁRIO

1. Plano Safra Territorial (PST): antecedentes e objetivos

1.1. Por que elaborar um Plano Safra Territorial?............

1.2. Quais os objetivos da elaboração do PST?...............................................10

1.3. Qual a metodologia de elaboração do PST?.....................................................11

2. Caracterização do Território........................................................................14

2.1. Caracterização dos Agricultores Familiares do Território.............................17

3. O acesso ao PRONAF.....................................................................................24

3.1. As metas de crédito do PST do Território para o período de 2008/2009 a

2011/2012...................................................................................................................26

4. ATER no Território Sertão São Francisco............................................................28

4.1. Dificuldades de ATER do Sertão São Francisco levantadas pelos participantes do

Fórum Territorial do Sertão São Francisco:..................................................................33

5. Considerações Finais...........................................................................34

6. Ações complementares às metas do PST no Território.......................................35

7. Medidas necessárias ao êxito do PST do Território.........................................36

BIBLIOGRAFIA....................................................................................................38

ANEXOS........................................................................................................41

.....................................09

.......................................09

Page 7: PLANO Safra Territorial
Page 8: PLANO Safra Territorial

07

Figura 1. Mapa dos Territórios do Estado da Bahia. Fonte: SEI/BA

01 - METROPOLITANA DE SALVADOR

02 - AGRESTE DE ALAGOINHAS/LITORAL NORTE

03 - RECÔNCAVO

04 - BAIXO SUL

05 - LITORAL SUL

06 - EXTREMO SUL

07 - PORTAL DO SERTÃO

08 - BACIA DO JACUIPE

09 - PIEMONTE DO PARAGUAÇU

10 - VALE DO JEQUIRIÇÁ

11 - MÉDIO RIO DE CONTAS

12 - ITAPETINGA

13 - VITÓRIA DA CONQUISTA

14 - SERTÃO PRODUTIVO

15 - BACIA DO PARAMIRIM

16 - CHAPADA DIAMANTINA

17 - IRECÊ

18 - PIEMONTE DA DIAMANTINA

19 - PIEMONTE NORTE DO ITAPICURU

20 - SISAL

21 - SEMI-ÁRIDO NORDESTE I

22 - ITAPARICA

23 - SERTÃO DO SÃO FRANCISCO

24 - VELHO CHICO

25 - OESTE BAIANO

26 - BACIA DO RIO CORRENTE

Fonte: Coordenação Estadual dos Territórios, 2007

TERRITÓRIOS DE IDENTIDADEESTADO DA BAHIA

Page 9: PLANO Safra Territorial

08

Page 10: PLANO Safra Territorial

1. Plano Safra Territorial (PST): antecedentes e objetivos

Desde 2003, a Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) estimula a formação de

territórios rurais, a partir de articulações intermunicipais e da constituição de colegiados

territoriais,locais de preparação e gestão do desenvolvimento rural, e da aplicação dos

recursos públicos transferidos aos municípios. São 126 territórios rurais, cujos

colegiados (ou comissões de implantação de ações territoriais, em alguns casos) se

constituem espaços de planejamento, e de gestão do desenvolvimento rural

sustentável.

No estado da Bahia, a partir de 2003, ampliou-se a discussão da política de

desenvolvimento territorial e avançou-se para um processo de divisão territorial em

todo estado, com ênfase no rural, de modo a valorizar a identidade e o pertencimento da

população, articular as ações das instituições públicas, organizações da sociedade civil

e organismos de cooperação internacional na construção de um novo modelo de

desenvolvimento. Atualmente, a divisão territorial da Bahia Constitui-se de 26

Territórios de Identidade. Essa territorialização foi construída com a participação efetiva

da sociedade civil, e do poder público dos municípios que compõem os Territórios, além

de órgãos dos Governos Federal e Estadual, e de organizações sociais e não-

governamentais, entre outros parceiros.

O processo de gestão social das políticas públicas, adotado pelo Governo Federal na

formação dos territórios rurais, está embasado em importantes instrumentos de

planejamento, como o Plano de Safra Territorial (PST), um instrumento de

planejamento do acesso às políticas, com horizonte de cinco anos.

De outro lado a sociedade civil organizada enfatiza a necessidade de incorporar aos

instrumentos de planejamento das políticas públicas, as inovações sobre novas formas

de produzir com sustentabilidade; a exemplo das experiencias da Convivência com o

semi-árido, da agroecologia, da agricultura orgânica, etc

1.1. Por que elaborar um Plano Safra Territorial?

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), através da Secretaria de Agricultura

Familiar (SAF), implementa o Plano de Safra da Agricultura Familiar que abrange, a

09

Page 11: PLANO Safra Territorial

cada ano, o período que se estende de 1º de julho do ano corrente até 30 de junho do

ano seguinte. Esse Plano é um instrumento de coordenação das políticas do MDA para

a agricultura familiar. Mais do que um plano de financiamento (já que os créditos do

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF são seu

componente central), tem se transformado em um programa de desenvolvimento para

a agricultura familiar, articulando diferentes políticas e instrumentos, além do crédito,

como assistência técnica e extensão rural (ATER), capacitação, garantia da produção

(PROAGRO Mais e Garantia Safra), agregação de valor e aquisições governamentais

de produtos da agricultura familiar.

Tendo em conta o Plano Safra Nacional da Agricultura Familiar, instrumento de

coordenação das políticas do MDA, por intermédio da Secretaria de Agricultura Familiar

(SAF),

constatam-se dificuldades para adaptar as políticas federais às diferenças regionais,

que resultam em diferenciação no acesso e nos impactos gerados pelas políticas.

Sendo assim, a partir de diálogo entre a SDT e a SAF, no âmbito do MDA, e a Secretaria

de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN), no Ministério do Desenvolvimento

Social (MDS), estabeleceu-se um instrumento para articular as políticas federais às

demandas do desenvolvimento rural em cada região — o PST.

A construção dos PST ocorre vinculada às ações da SDT/MDA. Na safra 2006/2007, a

metodologia foi executada em cerca de 40 dos Territórios rurais apoiados por essa

Secretaria. Na safra 2007/2008, mais uma parcela desses Territórios recebeu apoio

para a elaboração do PST.

1.2. Quais os objetivos da elaboração do PST?

O objetivo do PST é adequar as políticas de fortalecimento da agricultura familiar às

condições específicas de cada Território de identidade e ampliar sua capacidade

organizacional, para garantir o acesso dos agricultores familiares a essas políticas.

Para tanto, o PST objetiva:

Organizar a demanda por crédito rural com vínculos a projetos e programas de

10

Page 12: PLANO Safra Territorial

desenvolvimento dos diversos agentes, que atuam nos Territórios de Identidade.

Viabilizar a base produtiva de empreendimentos econômicos e de segurança alimentar

nos Territórios. É urgente a necessidade de criar novas oportunidades de geração de

emprego, e renda e de dinamização da economia dos municípios rurais do estado,

alavancando os recursos locais e criando sinergia entre várias atividades e setores

produtivos. Pela reconhecida importância dos agricultores familiares na diversificação

das economias locais, é imprescindível garantir a expansão e o fortalecimento dos

empreendimentos familiares no campo baiano.

Orientar os agentes financeiros locais para a oferta anual de recursos do Pronaf nos

territórios.

Gerar um instrumento de negociação, monitoramento e avaliação de aplicação do

crédito com efetivo controle social dos representantes territoriais.

1.3. Qual a metodologia de elaboração do PST?

A elaboração do PST envolve quatro etapas:

1) a identificação da demanda social por políticas do Plano Safra Nacional nos

Territórios, e das condições da reprodução social e econômica dos agricultores

familiares. Os dados disponíveis em relação ao número de agricultores familiares,

atualmente, estão no Censo Agropecuário de 1995/1996 (número de estabelecimentos

rurais), cujos números devem ser atualizados até o final de 2007 pelo órgão

competente. No entanto, em todos os Territórios, no decorrer da elaboração do PST, é

levantada a demanda social junto aos representantes territoriais, de modo a atualizar os

Figura: 02 - Metodologia de Elaboração do PSTFotos: IRPAA, CODEVASF.

11

Page 13: PLANO Safra Territorial

12

números correspondentes, inclusive por Grupo do Pronaf, a partir da vivência e da

experiência desses agentes no atendimento aos agricultores familiares;

2) o diagnóstico da oferta de políticas públicas aos agricultores familiares e das

organizações e instituições que fazem a mediação de tal oferta nos Territórios. Foram

definidas como prioritárias para a análise, as políticas de crédito rural (Pronaf), de

ATER, capacitação e comercialização de produtos da agricultura familiar. Nesta etapa

da elaboração do PST, são identificados os problemas para o acesso às políticas

mencionadas, e os avanços conseguidos pelos representantes territoriais e agentes

financeiros para garantir esse acesso;

3) a formalização das metas físicas e financeiras que orientarão os representantes

territoriais a demandarem os recursos do Pronaf (investimento e custeio), e de políticas

correlatas, junto aos agentes financeiros e órgãos responsáveis,

4)e a discussão das condições necessárias para a execução do PST, buscando

consolidar e ampliar as parcerias nos Territórios, para possibilitar o acesso dos

agricultores familiares às políticas e subsidiar a negociação em diferentes esferas de

governo e espaços da sociedade civil.

A primeira oficina territorial foi realizada no dia 29 de outubro de 2007 no município de

Juazeiro – Ba, para a apresentação dos objetivos da elaboração do PST aos

representantes territoriais. Estavam presentes 15 representantes dos municípios que

formam o território Sertão São Francisco. Na Oficina, entre outros itens, foi constituída a

Comissão de Elaboração do PST, responsável em distribuir e coletar no território, o

“Questionário para Diagnóstico e Levantamento da Demanda dos Municípios para o

PST” e discutir e ajustar o mesmo, a partir das sugestões dos presentes - apenas dois

municípios estiveram bem representados – Juazeiro e Remanso.

Os questionários foram distribuídos entre os presentes através do Instituto Regional da

Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA e da consultora. Ficou definido que iriam

enviar o restante aos representantes municipais que não estavam presentes na oficina.

A orientação dada foi que os questionários fossem respondidos e discutido em uma

reunião entre os principais agentes dos municípios interessados na execução do PST,

Page 14: PLANO Safra Territorial

13

como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais – STR, a Empresa Baiana de

Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), a prefeitura municipal, as associações, Banco

do Nordeste, as Colônias de Pescadores, União de Associações de Pequenos

Produtores Rurais, Ongs, Pastorais Sociais e outras organizações e instituições que

atuam junto aos agricultores familiares. A devolução dos questionários preenchidos

deveria ser endereçada à sede do IRPAA no município de Juazeiro. Os questionários

serviriam de subsídio ao diagnóstico e planejamento constantes do relatório, em

conjunto com as informações qualitativas levantadas ao longo do trabalho de campo.

O referido questionário continha questões sobre as demandas dos agricultores e

agricultoras familiares dos municípios do Sertão São Francisco bem como uma

atualização de dados como: o número de estabelecimentos familiares, número de

famílias enquadradas nos grupos do PRONAF, quantidade de famílias de pescadores

artesanais, número de famílias que ainda não foram atendidas com o PRONAF, dentre

outras informações que subsidiam a elaboração das metas físicas e financeiras do PST.

Um outra fonte de informações foi um diagnóstico realizado pela consultora em uma

amostra dos municípios que compõem o Território. A escolha dos municípios que

seriam visitados para a realização do diagnóstico foi realizada juntamente com os

participantes, levando em consideração as sugestões dos mesmos e os dados da

Secretaria de Desenvolvimento Territorial - SDT/Ministério do Desenvolvimento Agrário

- MDA e do Banco do Nordeste do Brasil - BNB. Foram realizadas 5 visitas nos

municípios que compõem o território, contudo algumas entrevistas foram realizadas em

Juazeiro, onde alguns representantes dos demais municípios se encontravam. Os

municípios visitados estão justificados no quadro abaixo.

Quadro 1. Justificativas das visitas de campo – coleta de dados.

Município Justificativa para a visita de campo

Juazeiro Município pólo; maior nº contratos do Pronaf B de 200 0 a 2005; maior

nº populacional

Campo Alegre de Lurdes Menor nº de contratos do Pronf no período de 2000 a 2005

Casa Nova Maior nº de contratos do Pronaf do período de 2000 a 2005; maior n º

de operações do Pronaf A; menor inadimplência no BNB em 2007

Curaçá Maior nº de operações do Pronaf C

Sobradinho Maior inadimplência no BNB em 2007

Fonte: SAF/MDA e sugestões na primeira oficina territorial.

Page 15: PLANO Safra Territorial

14

2. Caracterização do Território

O território do Sertão São Francisco, na Bahia, foco da implementação deste PST, é

formado por 10 municípios: Juazeiro, Casa Nova, Curaçá, Sento Sé, Pilão Arcado,

Remanso, Campo Alegre de Lurdes, Canudos, Sobradinho e Uauá, totalizando uma

área de 61.765 Km2.

Quadro 2. Municípios do Território Sertão do são Francisco e área ocupada.

Municípios

Área (ha)

Campo Alegre de Lourdes

2.766

Canudos

3.000

Casa Nova

9.697

Curaçá

6.476

Juazeiro

6.415

Pilão Arcado

11.761

Remanso

4.712

Sento – Sé 12.629

Sobradinho 1.328

Uauá 2.962

TOTAL 61.765

Fonte: Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável

Localiza-se, o Território Sertão do São Francisco, na região semi-árida com clima

quente e seco, com grande parte da vegetação característica da caatinga. Teve seu

processo de colonização iniciado ainda na metade do século XVI. Desde esse período o

Rio São Francisco foi a principal via de acesso àquelas terras e importante meio de

sobrevivência do sertanejo. Seus terrenos de vazantes, férteis áreas para o cultivo e

criação de animais, favoreceram a fixação de desbravadores em suas margens. Longe

do Rio a caatinga, com períodos de rigorosas secas, dificultava a vida de seres

humanos e das criações de animais e cultivo de algumas espécies.

Ao longo dos séculos, o Rio São Francisco permaneceu sendo essencial para a

definição do modo de vida e produção dos moradores da região. Dessa forma, podem

ser entendidos os transtornos causados pela implantação da Barragem de Sobradinho,

que ao alterar o curso do rio, desestruturou a vida dos habitantes.

Page 16: PLANO Safra Territorial

15

A economia teve uma elevação graças às atividades agrícolas irrigadas,

essencialmente em Juazeiro (tal situação deveu-se a posição estratégica em relação

ao Rio São Francisco e a Petrolina – importante município pernambucano),

consolidando esse município como o maior e o mais importante centro urbano, político

e econômico do Território Sertão São Francisco.

Os projetos de irrigação tornaram-se grande foco de imigração, o que contudo não vem

refletindo em melhoria nos rendimentos ou na qualidade de vida dos trabalhadores com

a mesma intensidade.

Com a existência de um grande número de pessoas disponíveis nas áreas de caatinga,

onde seus ganhos se situam abaixo da faixa de subsistência, o nível dos salários são

bem baixos já que esse contingente está disposto a se transferir para as áreas irrigadas,

para se empregar e receber um salário mínimo.

Para uma caracterização sócio - demográfica do Território serão utilizados dados do

Censo Demográfico 2000 com algumas comparações com o censo 1991, já que os

resultados do Censo 2007 ainda não estão totalmente disponíveis para os municípios.

Residem no Território Sertão do São Francisco aproximadamente 495 mil pessoas

distribuídas em uma área territorial de 61.765 mil quilômetros quadrados, sendo que

42% estão em Juazeiro, maior município do território em contingente populacional e

dinâmica econômica e urbana. Canudos, tem o menor contingente populacional do

território, com 2,8% do total de residentes. (Tabela 1).

A população estava distribuída no território de acordo com a raça ou cor em 61% de

pardos, 29% de brancos e 8,7% de pretos.

A taxa de analfabetismo média do território caiu significativamente quando comparados

os dois períodos censitários analisados (1991 e 2000). Os únicos municípios que

tinham taxas inferiores à média do território eram Juazeiro (-7,1%) e Sobradinho (-

6,3%). As taxas de analfabetismo municipais variavam de 19,2% em Juazeiro a 39,5%

em Pilão Arcado segundo o Censo Demográfico de 2000. (Tabela 2).

No que diz respeito aos indicadores básicos de saneamento e saúde, 53,0% dos

domicílios do território tinham abastecimento de água adequado, sendo que desses

Page 17: PLANO Safra Territorial

16

domicílios 55,1% estavam em Juazeiro. A proporção de domicílios com esgotamento

sanitário adequado era baixa, com apenas 39,4% dos domicílios nessas condições no

território, também concentrados em Juazeiro (65,0% do total). Os estabelecimentos de

saúde existentes em 2002 eram predominantemente de internação, sendo que 57,7%

estavam em Juazeiro. (Tabela 3).

Entre as 347 mil pessoas de 10 anos ou mais de idade, 43,2% estavam ocupadas,

sendo que 41,2% dos ocupados residiam em Juazeiro, e Casa Nova tinha o segundo

maior grupo de ocupados (14,0% do território). O grau de informalidade das pessoas

ocupadas era elevado no território (74,2%), sendo que apenas Juazeiro e Sobradinho

tinham graus de informalidade inferiores à média do território. Das pessoas de 60 anos

ou mais de idade responsáveis por domicílios, 35,4% eram mulheres. Elas estavam

mais presentes em Juazeiro que os homens em mesma condição. Das pessoas

residentes, 63,2% tinham renda familiar per capita inferior a ½ salário mínimo, sendo

que o maior contingente absoluto estava em Juazeiro, conforme tabela 4.

Do Produto Interno Bruto (PIB) Municipal de R$ 1,6 bilhões, somando os PIB dos

municípios, 52,0% correspondiam a Juazeiro em 2002. No entanto, esse município

perdeu participação em relação ao ano anterior para Sobradinho, que passou de 9,9%

do PIB em 2001 para 14,9% em 2002. A atividade econômica de serviços tem maior

participação no PIB, com 41,4% em 2002, seguida pela agropecuária, com 32,4%. A

participação da agropecuária cresceu de 2001 para 2002, conforme tabela 5.

Do valor da produção agropecuária do território em 2003, 53,5% eram oriundos de

Juazeiro. O principal rebanho do território era o de caprinos, com destaque para a

participação dos rebanhos de caprinos de Casa Nova, Juazeiro e Remanso, que juntos

detêm 61,7% do total. Das receitas orçamentárias disponíveis, 33,4% correspondiam a

Juazeiro e 11,2% a Casa Nova, que eram também o município com maior participação

no montante de receitas próprias municipais. (Tabela 6).

Sobradinho era o município que tinha a menor participação de atividades

agropecuárias no PIB – apenas 3,6%, devido à forte influência da hidrelétrica. No outro

extremo, Sento Sé tinha apenas 58,4% do seu PIB gerados em atividades

agropecuária. Era também o município com maior proporção de famílias com renda

familiar per capita até ½ salário mínimo: Juazeiro tinha a menor proporção (44,4% das

Page 18: PLANO Safra Territorial

17

famílias). Os municípios do território estavam classificados como de médio

desenvolvimento humano, de acordo com os seus IDH-M, que variavam de 0,546 em

Pilão Arcado a 0,684 em Sobradinho. (Tabela 7).

O Território Sertão São Francisco estava numa das mais baixas colocações no estado

da Bahia – 22º entre 23 territórios. Existiam no território 32.084 estabelecimentos

familiares agrícolas, sendo que os maiores números estavam em Casa Nova (5.165) e

Pilão Arcado (5.008). Existiam apenas 16 projetos de assentamento, com 1.426

famílias assentadas, sendo 12 desses projetos em Sobradinho, com um conjunto

pequeno de famílias (410). Maior número de famílias assentadas estava no projeto de

assentamento de Sento Sé (812 famílias). Havia 5 acampamentos no território, sendo

que o maior número de famílias acampadas estava em Remanso (212 famílias).

(Tabela 8).

2.1. Caracterização dos Agricultores Familiares do Território

Os agricultores familiares do Sertão São Francisco possuem como fonte de renda a

agricultura de subsistência e/ou a pesca artesanal, e/ou bolsa família e/ou

aposentadoria. No que diz respeito à atividade agrícola, utilizam a mão-de-obra familiar

na quase totalidade nas roças; o excedente, em pequenos volumes, é comercializado

na feira local do município em que vivem ou entregue ao atravessador, que é visto como

uma peça importante na cadeia produtiva dos produtos agrícolas, facilitando o

escoamento da produção dos municípios que integram o Território. Poucos agricultores

utilizam tecnologias para o cultivo, ou no trabalho com a terra; suas atividades

dependem dos ciclos de chuva ao longo do ano, exceto nas áreas favorecidas pela

irrigação pela localização às margens do Rio São Francisco. Mas, a grande maioria não

fazem reposição adequada de nutrientes no solo (adubação química e/ou orgânica) e

utilizam defensivos agrícolas.

As cadeias produtivas prioritárias do Território, em que participam os agricultores

familiares, são divididas em dois eixos: o irrigado e o de sequeiro.

Na área irrigada a maior parte dos cultivos são: manga, uva, maracujá, melão,

melancia, tomate, banana, cebola, horticultura e a atividade da pesca artesanal e/ou

semi-artesanal nos municípios que estão na margem do Rio São Francisco. Existe uma

Page 19: PLANO Safra Territorial

18

prática, conhecida como plantio de repasse, que é usada pelos agricultores, que

consiste em plantar nas margens do rio quando ocorre o movimento de afluência e

defluência (sobe desce da cota do lago), para os cultivos principalmente de cebola,

melancia e melão. No que diz respeito à reposição de nutrientes do solo (adubação

química e/ou orgânica) e uso de defensivos agrícolas, são práticas em acessão no

território, bem como de outras tecnologias.

Nas áreas de sequeiro a criação de caprinos e ovinos é a atividade de maior destaque,

acompanhada dos plantios de feijão, milho, mandioca, palma, criação de galinha

caipira, de abelhas, fabrico de rapadura e doces de frutas nativas (principalmente do

umbu (2) e artesanato.

No que diz respeito à atividade agrícola, utilizam a mão-de-obra familiar, quase que

total, nos serviços das roças – preparo do solo, plantios e colheitas o que é produzido é

para o consumo familiar e o excedente, quando ocorre em pequenas quantidades , é

comercializada na feira local do município em que vivem ou vendidas ao atravessador.

O PAA – Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura familiar, vem sendo

trabalhado ainda por um número limitado de produtores e observa-se pouco

conhecimento e interesse das prefeituras para incentivar esse tipo de venda.

Entretanto, verificou-se a venda de biscoito de povilho (sub - produto da mandioca) e

doces de frutas. As experiências de venda para CONAB através da COOPERCUC - (

(Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos Uauá e Curaçá), tem destaque em

nível do território, uma vez que, desde 2003 a cooperativa realiza vendas ao mercado

institucional; na safra 2006-2007 o faturamento foi mais R$ 700 mil reais, sendo que

60% correspondeu a vendas pelo PAA.

Figura: 3 - Atividades Econômicas do Território Sertão São Francisco.Fotos: Arquivo do IRPPA.

Page 20: PLANO Safra Territorial

19

Contudo, a grande maioria dos agricultores ainda praticam a venda de maneira

desordenada, ou seja, individual, cada um desenvolvendo sua atividade apenas com a

participação da família. Como é característico da região Nordeste, não existe uma

tradição ou um costume na agricultura, principalmente, nos trabalhos associativos,

onde todos trabalham juntos ou na formação de mutirões. Os agricultores se organizam

em associações apenas com o intuito de obter algum proveito como informações sobre

os benefícios do governo federal e principalmente acesso ao crédito. Muitos não

entendem o “porquê” de associarem-se, mas sabem que é importante está ligado a uma

associação que seja regularizada, tendo a convicção de que estando associado há

chances para alcançarem algum tipo de benefício.

As reuniões das associações ocorrem geralmente semanais e além dos benefícios, em

algumas associações, são discutidos assuntos como alcoolismo, questões ligada a

água, violência, comercialização de produtos da agricultura, programas sociais,

gênero, jovens e educação no meio rural.

No que diz respeito à comercialização, o principal meio é a venda para intermediários

ou como são conhecidos – os atravessadores, que são vistos como peça importante na

cadeia produtiva da agricultura familiar, facilitando o escoamento da produção dos

municípios que integram o Território. Os que têm condições de transportar os seus

produtos levam para as feiras locais, onde cada agricultor comercializa seus produtos

em lonas plásticas estendidas no chão. Não existe uma organização para a

comercialização dos produtos da agricultura familiar, e seus entraves são:

- Precariedade das estradas para escoamento da produção,

- Armazenamento, principalmente para os pescadores que não possuem câmaras frias

onde possam guardar os peixes por um período maior de tempo, evitando assim

entregar a terceiros que conhecendo as dificuldades, determina o preço do produto;

- Falta de organização dos produtores, local adequado para comercialização (como

bancas nas feiras livres dos municípios) e capacitação para produção de produtos de

boa aparência e qualidade (assistência técnica).

As organizações que atuam junto aos agricultores familiares do território são: Sindicato

dos Trabalhadores Rurais - STR, Colônia de Pescadores, Serviço de Assessoria às

Organizações Populares Rurais - SASOP, Empresa Baiana de Desenvolvimento

Page 21: PLANO Safra Territorial

20

Agrícola S.A. - EBDA, Prefeituras (Secretaria de Agricultura), Articulação do Semi-Árido

- ASA, Banco do Nordeste do Brasil - BNB e Banco do Brasil - BB (agentes financeiros),

Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada- IRPAA, Comissão Pastoral da

Terra – CPT, cooperativas de produção, Federação dos Trabalhadores da Agricultura –

FETAG, dentre outras. As organizações não governamentais, algumas não estão

presentes em todos os municípios porém atuam na maioria do território.

De uma maneira geral as organizações não-governamentais existentes no Território

Sertão São Francisco atuam em atividades como: construção de cisternas, apoio às

associações de agricultores – como por exemplo a associação de fundo de pasto –

questões sobre a água (manejo, conservação, utilização), convivência com o semi-

árido, elaboração de projetos para captação de recursos que são destinados à

construção de estruturas, que beneficiem os agricultores e suas famílias na produção

ou no uso doméstico. Os STR, em alguns casos, exercem o papel, de elaboradores de

projetos para acesso ao crédito, emissão da Declaração de Aptidão do Produtor - DAP,

resolução de questões previdenciárias, palestras nas associações sobre gênero, meio

ambiente e associativismo. As prefeituras municipais, não sendo regra, também

emitem a DAP, elaboram projetos para permitir o acesso ao crédito, cedem máquinas

para preparo de solo em épocas de plantio e em alguns casos apóiam financeiramente

uma associação ou outra e prestam assistência técnica muito pontualmente.

Sobre a assistência técnica, o território é assistido pela Empresa Baiana de

Desenvolvimento Agrícola S.A. – EBDA que com muitas dificuldades estruturais e

insuficiência de técnicos é evidente que é um importante limitante na ampliação do

acesso ao PRONAF e outros instrumentos de política pública. O técnico de assistência

técnica é fundamental na mediação de várias políticas, havendo uma concentração de

atribuições no técnico da extensão rural responsável pelo município. No caso do

PRONAF, o papel do técnico da assistência técnica é muito importante em várias das

etapas para o acesso ao crédito: desde a divulgação do programa, propriamente, em

consonância com a atuação do STR, passando pelo enquadramento da renda do

agricultor para a emissão da DAP, até a elaboração do projeto ou da proposta ?

fundamental na relação com o agente financeiro ? e o acompanhamento técnico

posterior. Um técnico pouco disposto ou sem condições materiais para trabalhar pode

ser uma barreira intransponível para os agricultores acessarem o crédito e outros

instrumentos de desenvolvimento; sua ausência se reflete também no grau de

Page 22: PLANO Safra Territorial

21

adimplência das operações de crédito, pois, a divulgação das condições do acesso ao

crédito e o acompanhamento de sua aplicação são os elementos determinantes de uma

baixa inadimplência.

A forma como o agente financeiro e os parceiros locais se apropriam das normas do

PRONAF (ou outras políticas públicas) é fundamental para seu funcionamento: a

percepção dos agentes financeiros é determinada pela demanda manifestada na

agência bancária, independente das dificuldades que os agricultores e organizações

sociais encontram para manifestar essa demanda junto ao Banco; já os parceiros

locais, como os técnicos da extensão rural, as lideranças sindicais e os gestores

públicos, avaliam que os agricultores têm receio de lidar com o Banco. Desse modo,

pouca eficácia tem medidas do governo federal diminuindo a burocratização do acesso

ao crédito se as agências bancárias não incorporam as novas normas, simplesmente,

ou se têm dificuldades de operacionalizar pela rigidez institucional que caracteriza suas

estruturas, ou ainda se a informação sobre as mudanças circula de forma truncada

entre os parceiros locais. Com alguma freqüência, gerentes bancários, às vezes

acabam por definindo critérios de acordo tão somente com a lógica bancária que acaba

dificultando todo processo de acesso ao programa. Por essa razão, linhas direcionadas

aos grupos especiais do PRONAF, como as mulheres e os jovens, acabam tendo

abrangência quase nula e nas demais categorias os processos ainda andam com

pouca agilidade.

No caso das organizações sociais, especificamente os sindicatos dos trabalhadores

rurais, deve-se atentar para as dificuldades que os STR enfrentam na mediação das

políticas de fortalecimento da agricultura familiar. Percebe-se a necessidade de ampliar

o nível de informação sobre as políticas públicas junto às lideranças sindicais. As

políticas públicas estão atualmente sustentadas, basicamente, em metodologias de

participação e negociação entre diferentes atores sociais e que são aplicadas em

espaços de articulações intermunicipais, como as ações do Ministério do

Desenvolvimento Agrário – MDA (territórios rurais) e do Ministério do Desenvolvimento

Social – MDS (consórcios de desenvolvimento local e segurança alimentar), ou inter-

regionais (mesorregiões), como no caso do Ministério da Integração Nacional. Desse

modo, ao falar do papel dos sindicatos de trabalhadores rurais na mediação das

políticas públicas, não está se considerando apenas o papel que esses sindicatos

desempenham no repasse aos agricultores de direitos previdenciários (seria outro

Page 23: PLANO Safra Territorial

22

âmbito de análise, pela influência que o exercício dessa função exerce no cotidiano dos

sindicatos), está se levando em conta principalmente a representação social que são

convidados a exercer nos espaços de negociação, discussão e gestão dos programas e

políticas. Nesses espaços, os sindicatos precisam se relacionar com diferentes atores

sociais, com freqüência buscando formas de cooperação com atores com os quais não

comungam as mesmas posições sociais e percepções sobre a aplicação dos

instrumentos de política pública no território ou sobre as demandas dos agricultores

familiares. A construção das habilidades sociais por parte das organizações da

agricultura familiar pode ser, nesse sentido, bastante difícil, custosa e lenta

(SCHRÖDER, 2007). O que se observa, no momento, é que ainda é restrito o

conhecimento das lideranças sindicais sobre as políticas públicas, seus normativos e

condições de operacionalização e sua capacidade de articular diferentes parceiros,

intervindo de forma ativa nessas articulações e cobrando dos gestores públicos o

funcionamento das políticas.

As parcerias dos sindicatos têm ocorrido, basicamente, com as associações de base

comunitárias, os representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do

Estado da Bahia (FETAG-BA), a igreja católica, o escritório local da empresa de

assistência técnica, as prefeituras e suas formas de representação, como as

associações de municípios — e, em alguns casos, também diretamente com o agente

financeiro.

As relações com as administrações municipais variam de intensidade, ocorrendo

divergências políticas em alguns municípios, enquanto em outros se nota uma maior

proximidade entre as posições desses diferentes agentes políticos, o que resulta em

maior sintonia entre as políticas públicas e as demandas expressas pelas organizações

da agricultura familiar. Não é comum que o agricultor, para garantir o atendimento,

tenha que definir se ele vincula-se ao sindicato ou se ele está mais próximo da

prefeitura, de modo a ser atendido por um dos agentes, e não pelos dois (ação político-

partidária como elemento determinante do conteúdo das ações dos agentes locais). Do

ponto de vista dos agricultores, é preciso considerar a importância da rede local por

onde circulam as informações sobre as políticas públicas, constituídas a partir de

diferentes arranjos, a depender do município, entre técnicos das prefeituras e da EBDA,

técnicos e lideranças dos STR, técnicos de organizações não-governamentais ou

religiosas, representantes dos conselhos municipais, representantes de associações

Page 24: PLANO Safra Territorial

23

comunitárias ou de grupos comunitários e, finalmente, os agricultores. Quanto mais

articulados estiverem os nós dessa rede, mais facilmente a informação circula e chega

até os agricultores. A mediação de uma diversidade maior de atores locais — entram

aqui os representantes comunitários ou presidentes das associações comunitárias — é

fundamental para diminuir a resistência observada entre os agricultores quanto a

estabelecer um vínculo creditício com o banco, transmitindo aos agricultores uma maior

confiança no andamento do processo, e facilitar o acesso à política de crédito e a outras

ações.

Os agricultores que não são alcançados pelas organizações sociais continuam,

entretanto, enfrentando dificuldades no acesso às políticas, mesmo porque esse

alcance depende não só da atuação direta das organizações, e dos limitantes que

enfrentam, mas também do grau da organização comunitária dos agricultores.A

presença de uma associação comunitária atuante, ainda que informal, pode ser

fundamental para determinar o acesso às políticas públicas, e não apenas ao crédito.

Figura: 4 - Atividades Econômicas do Território Sertão do São Francisco.Fotos: Arquivo IRPAA, João Zinclar.

Page 25: PLANO Safra Territorial

24

3. O acesso ao PRONAF

A ampliação do acesso ao Pronaf no território Sertão São Francisco, ocorreu na maioria

dos municípios nos anos de 2000 a 2007 e tem sido visto como um avanço das políticas

públicas existentes no território. De um modo geral essa ampliação se deve a:

"Redução das regras para o acesso, existente em anos anteriores e aumento do

volume de recursos;

"As vantagens para pagamentos realizados até o vencimento, do grupo B do

PRONAF oferecida aos que se enquadram nesta modalidade de crédito - o Pronaf B

está permitindo o acesso dos agricultores familiares ao crédito, isso ocorre em um

Território em que a maioria dos agricultores é pobre e limitada por fatores estruturais,

climáticos e educacionais, que limitam as oportunidades de geração de renda dos

agricultores;

"Maior divulgação do programa pelos agentes financeiros;

"Estreitamento das relações entre os agentes financeiros (em alguns

municípios), associações de agricultores rurais, prefeituras, assistência técnica e

outros órgãos do Governo Estadual e organizações não-governamentais para a

divulgação do programa. No entanto o ritmo do crescimento do acesso ao Pronaf

varia em cada município, permanecendo as dificuldades para continuar ampliando o

atendimento da demanda dos agricultores pelo crédito, ou seja a cobertura do Pronaf

ainda é considerado relativamente pequena e isso se deve a alguns fatores como:

As barreiras para o acesso à terra e para a titulação das posses, que dificultam a

tomada do crédito pela ausência de garantias reais e o desenvolvimento dos projetos

de crédito e a emissão da documentação civil básica dos agricultores.

As características climáticas do território - A irregularidade da distribuição de chuvas e o

risco da estiagem ao longo do ano aumentam o risco das lavouras temporárias e

dificultam a geração de renda para pagar o financiamento.

Os entraves para desenvolver a infra-estrutura de irrigação e para transporte,

armazenamento, beneficiamento e comercialização da produção dos agricultores

familiares.

A insuficiência na oferta de ATER.

Page 26: PLANO Safra Territorial

25

A falta de articulação entre os vários instrumentos, programas e políticas.

A reduzida ou falta de informações sobre o Pronaf mulher, jovem e para a atividade

pesqueira.

E os entraves diretamente ligados à operacionalização do Pronaf

A inadimplência de antigas operações que dificultam a operacionalização de novos

contratos (inclusive o Pronaf Mulher e Jovem). No caso do Pronaf B, a inadimplência se

explica pela falta de fiscalização e acompanhamento da aplicação dos recursos.

Dificuldade no acesso a políticas públicas por parte dos agentes que as operam, as

associações de agricultores familiares e as organizações de um modo geral.

Pequena estrutura disponível para fazer as intermediações entre os agricultores, os

agentes, e poucos parceiros locais.

No caso da demanda por crédito: há fragilidade das organizações de representação

sindical dos agricultores familiares que possuem uma estrutura operacional precária;

dificuldades de acesso às informações sobre o conteúdo e o funcionamento das

políticas para agricultura familiar; limitadas oportunidades para o desenvolvimento de

suas habilidades sociais nos espaços de representação e articulação social dos quais

participam e com obstáculos para estabelecerem conexões a redes sociais mais

amplas.

No caso da oferta de crédito: a percepção que gestores públicos governamentais,

bancos e outros agentes responsáveis pela aplicação das políticas nos Territórios têm

da realidade local e das demandas do público-alvo daquelas políticas.

No caso da interlocução e negociação entre os agentes locais: as relações entre

prefeituras e sindicatos tencionadas por questões político-eleitorais.

Vale ressaltar que, de modo geral, os recursos aplicados pelo PRONAF aumentaram

consideravelmente nos últimos anos. Passaram de 2,3 bilhões na ano-safra 2002/2003

para R$ 8,5 bilhões no ano-safra 2006-2007, e para 12 bilhões no ano-safra 2007/2008

(Duque,2008 p.32). Essa tendência de crescimento do volume de contratos e recursos,

Page 27: PLANO Safra Territorial

26

também se verifica no território Sertão do São Francicisco. (Anexo tabela 9).

Pode-se observar que as perspectivas para agricultura familiar são animadoras. O

aperfeiçoamento das experiências de planejamento, financiamento e gestão

compartilhada entre governo e sociedade civil, tem permitido um novo olhar e novas

práticas nos territórios. O potencial da agricultura familiar para promover um

desenvolvimento tornou-se evidente. Mas os progressos realizados ainda têm que ser

continuados e fortalecidos(Duque,2008. P44).

3.1. As metas de crédito do PST do Território para o período de 2008/2009 a

2011/2012.

A expectativa é chegar a 2011/2012, último ano do PST, com 80% da demanda social

atendida. Para tanto, ao longo da execução do PST, deverão ser incorporados

anualmente 15% da demanda nos dois primeiros anos e 20% no terceiro ano, chegando

ao último ano com 80% da demanda atendida, quando se espera que as parcerias entre

os agentes locais estarão mais consolidadas e incorporadas, para os grupos C, D e E,

(ANEXO Tabela 1).

No caso do Grupo B, pretende-se atingir 100% do público potencial em 2011/2012,

Indicou-se aos representantes territoriais a inclusão de 100% do público não-atendido,

por se tratar dos agricultores com maiores privações econômicas e sociais, ou seja, por

se tratar de um grupo social bastante fragilizado, e também por se configurar uma

operação de crédito pouco burocratizada, facilitando a mediação junto aos agentes

financeiros por parte dos parceiros em cada município.

Figura: 5 - Atividades Econômicas TSSF.Fotos: IRPAA, CODEVASF, COOPERCUC.

Page 28: PLANO Safra Territorial

27

Nos dois primeiros anos, devem ser incluídos 30% do público não atendido do Grupo B.

Em seguida, incluir-se-ão 20% aos dois últimos anos, considerando um percentual de

100% de renovações ou seja, que todos os agricultores que tomaram créditos dois anos

antes, irão renovar suas operações, ainda enquadrados no Grupo B, nos anos

seguintes. Sendo assim, não está se levando em conta a inadimplência desse grupo ou

uma transição do B para o C, (ANEXO Tabela 2).

Desse modo, o percentual de 100% de renovação pode ser alterado, considerando-se

que uma parcela dos agricultores do Grupo B não poderá renovar suas operações em

função da inadimplência e que uma porcentagem desses agricultores, ao final de um

determinado número de operações, fará a transição para o grupo C. As condições

atuais não permitem, no entanto, inferir uma transição sem percalços para o grupo C,

devido a diversos fatores estruturais.

Em relação à distribuição das operações entre as modalidades de crédito (custeio e

investimento), 30% das operações serão de custeio e 70% de investimento. Os valores

dessas operações foram projetados de acordo com os Valores de Referência e

Parâmetros para o Estabelecimento de Metas Financeiras (valores médios) que

constam no Guia do PST, elaborado pela SDT/MDA. Assim, as operações do Grupo B

do Pronaf serão de R$ 1.500,00 (ANEXO Tabela 3); as do Grupo C, R$ 2.500,00 no

custeio e as dos Grupos D e E, R$ 7.500,00 no custeio, (ANEXO Tabela 4).

Em relação ao Grupo A e A/C, a consultora responsável pela elaboração do PST foi

informada, pelos sujeitos sociais do território, que ainda não houve nenhuma liberação

de crédito para assentamentos de reforma agrária no território Sertão São Francisco,

bem como a ausência de informações nos questionários utilizados na primeira oficina e

enviados aos municípios além da dificuldade de encontrar as lideranças dos territórios,

quando da realização do trabalho de campo (3).

Os municípios de Campo Alegre de Lourdes e Remanso se relacionam, para o acesso

ao crédito PRONAF, com a agência de São Raimundo Nonato no estado do Pi. O

reassentamento Pedra Branca no município de Curaçá também tem relações de

financiamento com o Banco do Nordeste de Salgueiro- PE e Canudos se relaciona com

o BNB do município de Euclides da Cunha.

Page 29: PLANO Safra Territorial

28

4. ATER no Território Sertão São Francisco

Uma das hipóteses desta pesquisa diz respeito à importância da percepção que os

gestores públicos, e também outros agentes responsáveis pelas políticas, têm da

realidade local e das demandas do público-alvo, por sua influência no funcionamento

dos programas públicos e na formatação dos elementos envolvidos na aplicação dos

recursos.

Tal percepção, em conjunto com as condições operacionais em que funcionam as

prefeituras municipais e suas secretarias é, então, fundamental na definição da oferta

de políticas públicas nos municípios.

As prefeituras desempenham um importante papel de mediação por conta dos vínculos

que estabelecem, ou deveriam estabelecer, entre os agricultores e as políticas e ações

governamentais e não-governamentais, a começar pelo acesso ao Pronaf, mas

também a outros programas do governo estadual e federal, às ações de assistência

técnica, compras institucionais, bancos de mudas e sementes, processamento da

produção, convivência com semi-árido etc. Note-se que grande parcela das políticas

públicas de nível federal e estadual, não só programas como o de aquisição de

alimentos, vêm sendo operacionalizados em parceria com as prefeituras municipais,

especialmente desde a promulgação da Constituição de 1988.

Atualmente, o PAA que é operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento

– CONAB em parceria com o MDA e MDS, por exemplo, têm nas prefeituras seu

principal parceiro, bem como os instrumentos importantes para a sustentabilidade da

aplicação do PRONAF, como o Garantia Safra, que combina a adesão dos três níveis

de governo e dos agricultores familiares a um fundo. Nos municípios em que as

prefeituras são mais atuantes e estabelecem, em alguma medida, relações

diferenciadas com o sindicato de trabalhadores rurais e o escritório local da EBDA, o

resultado é bastante positivo.

No acesso ao crédito, por outro lado, o posicionamento das prefeituras é fundamental

para sensibilizar os agentes financeiros, ou na resposta dada às estratégias de atuação

desses, e a própria empresa de assistência técnica. Por isso, tem peso nessa relação o

convênio fechado entre prefeitura e EBDA para a manutenção do escritório local: além

Page 30: PLANO Safra Territorial

29

da prefeitura dar o apoio material para o escritório funcionar (de material de informática

a combustível), um prefeito mais atento às demandas sociais pode exercer pressão

para que o técnico priorize o atendimento de um grupo social mais vulnerável, como os

agricultores do Pronaf B. Sem o apoio direto da prefeitura, o ônus da mediação das

políticas públicas junto aos agricultores familiares é maior para a EBDA e o sindicato de

trabalhadores rurais (STR).

Sobre a assistência técnica, o relato dos interlocutores não difere do que tem sido

observado em outros territórios do estado da Bahia, pois a insuficiência da assistência

técnica, dadas as imensas dificuldades estruturais dessa oferta, é evidente e é também

um importante limitante na ampliação do acesso ao Pronaf e a outros instrumentos de

política pública. O papel do técnico da assistência técnica é fundamental na mediação

de várias políticas, havendo uma concentração de atribuições no técnico da extensão

rural responsável pelo município. No caso do Pronaf, o papel do técnico da assistência

técnica é fundamental em várias das etapas para o acesso ao crédito: desde a

divulgação do programa, propriamente, em consonância com a atuação do STR,

passando pelo enquadramento da renda do agricultor para a emissão da DAP, até a

elaboração do projeto ou da proposta ? fundamental na relação com o agente financeiro

? e o acompanhamento técnico posterior. Nos municípios em que existem pontos de

apoio do Banco do Nordeste ou o funcionamento da planilha do Banco do Brasil, o

técnico apenas assina as propostas de crédito. Um técnico pouco disposto ou sem

condições materiais para trabalhar pode ser uma barreira intransponível para os

agricultores acessarem o crédito e outros instrumentos de desenvolvimento; sua

ausência se reflete também no grau de adimplência das operações de crédito, pois, a

divulgação das condições do acesso ao crédito e o acompanhamento de sua aplicação

são os elementos determinantes de uma baixa inadimplência.

Pode-se afirmar, então, que a forma como o agente financeiro e os parceiros locais se

apropriam das normas do Pronaf (ou de outras políticas) é fundamental para seu

funcionamento: a percepção dos agentes financeiros, por exemplo, é determinada,

obviamente, pela demanda manifestada na agência bancária, independentemente das

dificuldades que agricultores e organizações sociais encontram para manifestar essa

demanda junto ao banco; já os parceiros locais, como os técnicos da extensão rural, as

lideranças sindicais e os gestores públicos, avaliam que os agricultores têm receio de

lidar com o Banco, o que, ademais as dificuldades para apresentar garantias

Page 31: PLANO Safra Territorial

30

patrimoniais, dificultaria uma repercussão mais positiva da disponibilidade de crédito

para os agricultores dos grupos C e D do Pronaf na região. Com alguma freqüência, os

gerentes bancários acabam por definir os critérios de acesso ao Pronaf de acordo tão

somente com a lógica bancária e não em concordância com as normas do programa.

Por essa razão, linhas direcionadas aos grupos especiais do Pronaf, como as mulheres

e os jovens, acabam tendo abrangência quase nula.

Fica a pergunta: onde está a dificuldade de comunicação? Nos bancos que demoram a

incorporar as mudanças e exigem documentos já desnecessários, ou nos parceiros que

possuem poucas informações sobre o processo de liberação do crédito por não

poderem custear o ônus de se capacitarem para mediar as políticas públicas no

decorrer do processo?

Faz – se necessário analisar as ações das organizações sociais, basicamente os

sindicatos de trabalhadores rurais. Deve-se atentar para as dificuldades e a

precariedade que os STR enfrentam na mediação das políticas de fortalecimento da

agricultura familiar, a começar pelo restrito volume de informações que as lideranças

sindicais têm das políticas. Essas dificuldades e precariedade resultam de um

somatório de variáveis que afeta o alcance de sua atuação, a começar pela estrutura

pequena que apresentam (faltam apoio técnico e financeiro e uma estrutura

operacional), mas igualmente pelo conjunto de habilidades sociais (FLIGSTEIN, 2001)

que puderam desenvolver no contexto político e histórico em que se dão suas ações e

se expressam as correlações de forças entre diferentes grupos sociais no território. Tal

constatação diz respeito aos focos da atuação das organizações locais de

representação da agricultura familiar: o apoio direto às atividades que os agricultores

desenvolvem, como a difusão de tecnologias apropriadas às condições agro-

ambientais do território ou a implementação de formas variadas de comercialização da

produção, e a mediação das políticas públicas dos governos federal e estadual, que

exige um constante aprendizado organizacional e cuja efetivação dos resultados não é,

geralmente, compatível ao esforço que as organizações empreendem.

Desse modo, ao falar do papel dos sindicatos de trabalhadores rurais na mediação das

políticas públicas, não está se considerando apenas o papel que esses sindicatos

desempenham no repasse aos agricultores de direitos previdenciários (seria outro

âmbito de análise, pela influência que o exercício dessa função exerce no cotidiano dos

Page 32: PLANO Safra Territorial

31

sindicatos), está se levando em conta principalmente a representação social que são

convidados a exercer nos espaços de negociação, discussão e gestão dos programas e

políticas. Nesses espaços de atuação, os sindicatos precisam se relacionar com

diferentes atores sociais, com freqüência buscando formas de cooperação com atores

com os quais não comungam as mesmas posições sociais e percepções sobre a

aplicação dos instrumentos de política pública no território ou sobre as demandas dos

agricultores familiares. A construção das habilidades sociais por parte das

organizações da agricultura familiar pode ser, nesse sentido, bastante difícil, custosa e

lenta. O que se observa, no momento, é que são ainda restritos o conhecimento das

lideranças sindicais sobre as políticas públicas, seus normativos e condições de

operacionalização e sua capacidade de articular diferentes parceiros, intervindo de

forma ativa nessas articulações e cobrando dos gestores públicos o funcionamento das

políticas.

Desse modo, a atuação dos sindicatos é afetada pela intensidade de suas conexões a

redes sociais mais amplas, compostas por atores locais e atores externos, como

instituições governamentais, organizações não-governamentais de atuação estadual e

nacional e organismos de cooperação internacional. A dificuldade de inserção em redes

constituídas por uma diversidade maior de nós e vínculos institucionais do que as

formas de cooperação estabelecidas no espaço local é um limitante considerável à

atuação dos sindicatos de trabalhadores rurais — quando se trata da mediação das

políticas públicas significa, entre outras conseqüências, arcar com parte significativa

dos custos e das etapas do aprendizado organizacional já mencionado, o que inclui

acesso a informações, apoio técnico e operacional, articulações políticas, capacidade

de proposição, amplitude das oportunidades de desenvolvimento etc.

As parcerias dos sindicatos têm ocorrido, basicamente, com as associações de base

comunitárias, os representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do

Estado da Bahia (FETAG-BA), a Igreja Católica, o escritório local da empresa de

assistência técnica e as prefeituras e suas formas de representação, como as

associações de municípios. Segundo participantes das reuniões ocorridas no território,

existe um grande número de associações comunitárias nos municípios que compõem o

Território Sertão do São Francisco; e não se sabe, se esse tipo de fragmentação é

benéfica ao desenvolvimento do território, ou facilita o diálogo com os poderes

municipal, estadual e federal. Faz-se necessário promover discussões em momentos

Page 33: PLANO Safra Territorial

32

oportunos tratar sobre essa questão.

As relações com as administrações municipais variam de intensidade, ocorrendo

embates políticos bastante tensos em alguns municípios, enquanto em outros se nota

uma maior proximidade entre as posições desses diferentes agentes políticos, o que

resulta em maior sintonia entre as políticas públicas e as demandas expressas pelas

organizações da agricultura familiar.

As ações da Igreja Católica são essenciais para ampliar a atuação dos sindicatos, seus

espaços de inserção social e política, suas articulações a organismos de cooperação

internacional e o acesso a programas governamentais e outras fontes de recursos. As

organizações, conjuntamente com os sindicatos, empreendem esforços em diferentes

direções e conseguem consolidar resultados importantes (ligados, especialmente, a

questões ambientais, de produção e comercialização). Tais parcerias, entretanto, ainda

não conseguem, por diferentes razões, irradiar sua ação de forma homogênea pelo

território, estando mais concentrada em alguns municípios e grupos de agricultores.

Do ponto de vista dos agricultores, é preciso considerar a importância da rede local por

onde circulam as informações sobre as políticas públicas, constituídas a partir de

diferentes arranjos, a depender do município, entre técnicos das prefeituras e da EBDA,

técnicos e lideranças dos STR, técnicos de organizações não-governamentais ou

religiosas, representantes dos conselhos municipais, representantes de associações

comunitárias ou de grupos comunitários e, finalmente, os agricultores. Quanto mais

articulados estiverem os nós dessa rede, mais facilmente a informação circula e chega

até os agricultores. A mediação de uma diversidade maior de atores locais — entram

aqui os representantes comunitários ou presidentes das associações comunitárias — é

fundamental para diminuir a resistência observada entre os agricultores quanto a

estabelecer um vínculo creditício com o banco, transmitindo aos agricultores uma maior

confiança no andamento do processo, e facilitar o acesso à política de crédito e a outras

ações.

Os agricultores que não são alcançados pelas organizações sociais continuam,

entretanto, enfrentando dificuldades no acesso às políticas, mesmo porque esse

alcance depende não só da atuação direta das organizações, e dos limitantes que

enfrentam, mas também do grau da organização comunitária dos agricultores: a

Page 34: PLANO Safra Territorial

33

presença de uma associação comunitária atuante, ainda que informal, pode ser

fundamental para determinar o acesso às políticas públicas, e não apenas ao crédito.

A quantidade de técnicos que a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA,

disponibiliza para atuar na extensão rural no Território Sertão São Francisco é de 28

técnicos, sendo: 01 em Campo Alegre de Lurdes, 02 em Casa Nova, 02 em Curaçá, 12

em Juazeiro, 01 em Pilão Arcado, 01 em Remanso, 02 em Sento Sé, 04 em Sobradinho,

03 em Uauá e em Canudos não tem atuação de nenhum técnico.

"As organizações que atuam no território são:

"Organizações Governamentais: EBDA, CAR, ADAB, SEBRAE, CODEVASF,

Bahia Pesca, Banco do Nordeste- BNB, Banco do Brasil, Caixa Econômica

Federal, DIREC, FUNASA, CERB, CRA,IBAMA,UNEB

"Organizações Não - Governamentais: IRPAA, SASOP, ASA, ADAC, ASS,

FETAG. STRs,IGREJAS, AATR,UNIÃO DE ASSOCIAÇÕES

4.1. Dificuldades de ATER do Sertão São Francisco levantadas pelos

participantes do Fórum Territorial do Sertão São Francisco:

O Fórum é composto por 22 entidades da sociedade civil e 18 entidades

governamentais. As dificuldades estão listadas abaixo:

"A grande extensão dos municípios que compõem o território bem como a

distância entre eles;

"O reduzido quadro de técnicos nas organizações;

"Ações pontuais das organizações presentes nas áreas;

"A falta de qualificação dos técnicos para atuarem na extensão rural e manterem

um bom diálogo com os agricultores;

"Equipes multidisciplinares;

"Pagamento mínimo por categoria de trabalho;

"Profissionais que conheçam a região e sejam adaptados à mesma;

"Falta de aparelhamento para locomoção (veículos com combustível) e

comunicação (no caso computadores ligados à internet);

"Sugeriu-se a criação de agentes comunitários rurais – capacitação de

agricultores, escolhidos pelas comunidades, para que se tornassem elos de

ligação entre a comunidade e as instituições a fim de maximizar a atuação do

Page 35: PLANO Safra Territorial

34

técnico, acompanhando os agricultores e informando as instituições, sobre as

possíveis dificuldades dos demais integrantes da comunidade que faz parte.

Com isso facilitaria a assistência dos técnicos ao território.

5. Considerações Finais

As primeiras conclusões que poderão ser evidenciadas neste documento são:

a) de um lado, ocorreu a ampliação da oferta de políticas públicas, basicamente do

Pronaf, e uma ampliação do atendimento da demanda dos agricultores familiares (1)

pelo aumento do volume de recursos e alterações nas regras do acesso, redução dos

juros e aumento da carência para pagamento, maior busca pelo crédito por parte do

agricultores rurais familiares; (2) pelo empenho dos agentes locais na divulgação dos

programas e mobilização dos agricultores, (3) maior volume de recursos

disponibilizados para o Pronaf e (4) pelo estabelecimento das parcerias entre bancos,

prefeituras municipais, sindicatos, EBDA e órgãos do governo estadual;

b) no entanto, permanecem, de outro lado, as dificuldades para continuar ampliando o

atendimento das demandas dos agricultores familiares, bem como para tornar

duradouro o atendimento já conseguido. Isso porque há sérios gargalos na execução

dos programas, como os custos de implementação dos programas e os poucos

parceiros e pequena estrutura disponíveis para executar, a falta de planejamento e de

organização, as dificuldades para a circulação das informações; estão mantidas as

dificuldades de acesso à terra, titulação das posses e de desenvolvimento da infra-

estrutura para transporte, armazenamento, beneficiamento e comercialização da

produção, e permanecem alguns entraves às parcerias entre agentes locais na

articulação das políticas, entre outros;

(b1) a inexistência de projetos e políticas direcionados(as)/adequados(as) ao semi-

árido também tem sido um entrave ao implemento de alguns projetos que permita que

os agricultores apliquem corretamente o recurso disponibilizado através do crédito

(Pronaf) – faz- se necessário levar em conta os elementos da sustentabilidade da

agricultura familiar Território Sertão São Francisco;

(b2) a falta de informações dos agricultores/pescadores e das associações sobre o

crédito do BNB direcionado para a atividade da pesca (4);

Page 36: PLANO Safra Territorial

35

c) A existência da grande quantidade de associações comunitárias revela uma

fragmentação dentro do território;

d) A estrutura operacional precária das organizações de representação social dos

agricultores familiares e pescadores artesanais;

6. Ações complementares às metas do PST no Território

Ampliação da estrutura de assistência técnica e extensão rural disponível;

Negociação para a redução dos prazos decorridos entre a contratação das operações

de crédito e a liberação dos recursos para um período inferior a 30 dias, a depender dos

grupos e modalidades do Pronaf;

Negociação para a realização de uma reunião ampliada em todo o período que

antecede os anos agrícolas para discutir as metas do Pronaf definidas no PST e as

formas de sua aplicação no Território, garantindo o compromisso dos bancos de usar as

metas já discutidas na reunião como referência;

Negociação de certa padronização da postura dos gerentes das agências bancárias do

Território frente à aplicação do Pronaf;

Negociação para a disponibilidade do volume de recursos do Pronaf por município em

uma agência previamente determinada, ou seja, que tenha se comprometido com as

metas definidas pelos parceiros locais;

Estruturação ou ampliação e reforma de espaços públicos para a realização de feiras

municipais e o armazenamento de produtos da agricultura familiar em cada município

do Território (feiras livres, mercados e armazéns públicos municipais);

Ampliação da aplicação em cada município do Território do programa de aquisição de

alimentos da CONAB;

Realização de um seminário nacional ou estadual para sistematizar as experiências

dos Territórios rurais com o programa de compra direta da CONAB e do programa de

aquisição de alimentos do MDS e formas similares de comercialização, como os

mercados institucionais.

Page 37: PLANO Safra Territorial

36

7. Medidas necessárias ao êxito do PST do Território

"Formação de uma comissão permanente de negociação, gestão e

monitoramento do PST, que fica responsável por todas as ações referentes ao

plano (articulação, negociação etc.);

"Incremento dos modelos de parceria, valorizando-a nos lugares em já ocorrem e

estimulando-a nos lugares em que não existem, ou cujo planejamento dos

parceiros ainda não é suficiente para alcançar resultados mais significativos;

"Realização permanente de reuniões ampliadas nos municípios de forma a

discutir a importância das políticas públicas para a agricultura familiar e articular

ações de planejamento e execução dessas políticas;

"Acompanhamento anual da aplicação do PRONAF no Território e

monitoramento dos resultados econômicos e sociais de sua aplicação. Esse

acompanhamento pode ser feito por intermédio dos dados oficiais, disponíveis

no sítio da SAF/MDA;

"Elaboração de um termo de compromisso entre os agentes responsáveis pela

execução do PST ou de um contrato de gestão desse plano, ambos a serem

assinados pelos mencionados agentes, para avançar no processo de

negociação das metas;

"Utilização das áreas de Fundos de Pastos como referência para ações de

reforma agrária na região;

"Priorizar regularização fundiária das áreas coletivas - titulação coletiva;

"O módulo fiscal deve ser re-estudado com o INCRA, visando adequações, pois a

capacidade de suporte de famílias e criatórios varia dentro de região segundo a

vegetação e o ambiente (ribeirinho e sequeiro) descritos no início deste plano,

sendo necessário aumentar o tamanho da área por família assentada no

sequeiro.

"Liberação imediata e isenção dos pagamentos dos títulos coletivos de fundo de

Pasto;

"Fazer levantamento das terras devolutas das regiões do semi-árido, (Governo

do Estado), discriminando terras públicas das privadas e cadastro das famílias

camponesas residentes. (Distribuição das mesmas para os agricultores (as)

familiares);

"Reestruturação do núcleo de Fundo de pasto no CDA e criação do mesmo no

INCRA;

Page 38: PLANO Safra Territorial

37

"Garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios e acesso aos

recursos naturais que tradicionalmente utilizam para a sua reprodução física e

cultural;

"Programa de regularização Fundiária das Terras dos povos Tradicionais;

"Criar mecanismos de isenção de impostos de suas terras;

"Estabelecer mecanismos para acompanhamento dos processos de reparação e

compensação por danos sócio-ambientais com impactos sobre povos e

comunidades tradicionais;

"As remoções de povos de comunidades tradicionais devem ser evitadas como

via de regra, e nos casos excepcionais, em que a sua ocorrência seja inevitável

deverá atender a critérios que garantam as condições necessárias para a sua

reprodução física e cultural, em condições análogas ou superiores às anteriores,

e com a participação dos povos e comunidades envolvidas;

"Realizar o mapeamento e identificação dos territórios de povos e comunidades

tradicionais, de forma que façam parte dos levantamentos censitários, mapas e

cartas oficiais;

"Viabilizar pesquisas e mapeamentos que subsidiem a identificação e o

reconhecimento dos povos e das comunidades tradicionais;

"Disponibilizar informações e assessoria jurídica ás pessoas integrantes dos

povos e comunidades tradicionais;

"Interação entre territórios tradicionais e o sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza;

"Elaborar e promover projetos de infra-estrutura básica baseados em padrões

socioculturais dos povos e comunidades tradicionais, priorizando a mão-de-obra

local;

"Promover o reconhecimento e proteção das comunidades tradicionais sobre

seus conhecimentos e práticas;

"Difundir junto aos povos e comunidades tradicionais, e ao público em geral, as

políticas públicas voltadas para proteção dos conhecimentos e práticas

tradicionais;

"Apoiar a organização e comercialização da produção dos povos e comunidades

tradicionais, destacando os valores sociais, culturais e ambientais agregados

aos produtos;

"Assegurar assistência técnica adequada á realidade agroecológica e cultural

dos povos e comunidades tradicionais;

Page 39: PLANO Safra Territorial

38

"Assegurar acesso a crédito em condições de financiamento coerentes com a

realidade socioeconômica dos povos e comunidades tradicionais, mediante

acompanhamento da execução técnica e financeira;

"Identificar e articular as diversas políticas de inclusão correlatas aos povos e

comunidades tradicionais nas três esferas governamentais;

"Garantia da terra através da demarcação dos Territórios Quilombolas já

reconhecidos pela Fundação Palmares;

"Reconhecimento de comunidades tradicionalmente negras;

"Implementação da lei 10.139 que dá direito a valorização da cultura negra na

educação;

"Programas de geração de emprego e renda considerando a vocação econômica

local e a cultura do negro, valorizando a participação efetiva da mulher;

"Valorização do calendário das datas comemorativas relativas a regularização

fundiária e cultura das comunidades tradicionais;

NOTAS

1) As visitas são realizadas juntamente com as viagens do técnico do IRPAA, que está

elaborando o Estudo Propositivo do Território, a fim de minimizar custos e evitar

sobreposição de informações questionando os sujeitos por mais de uma vez.

2) O IRPAA desenvolveu um trabalho com o aproveitamento/processamento do umbu

em três municípios do Território – Curaçá, Uauá e Canudos. Este trabalho tem muita

repercussão em todo território.

3) Conforme apresentação do Estudo Propositivo o Território Sertão São Francisco

possui 19 assentamentos de Reforma Agrária e 13 acampamentos.

4) Este crédito para pagamentos realizados em dia é concedido bônus de adimplência

sobre os jurus de 25% para empreendimentos localizados no semi-árido.

BIBLIOGRAFIA

ABRAMOVAY, Ricardo. Microcrédito e desenvolvimento territorial. Cadernos da Oficina

Social, Rio de Janeiro, Oficina Social, Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania,

n.11, p. 121-142, 2002. Disponível em:

<http://www.coepbrasil.org.br/oficinasocial/cadernos3.asp>. Acesso em: 07 jan. 2005.

________. Conselhos além dos limites. In: ABRAMOVAY, Ricardo. O futuro das regiões

Page 40: PLANO Safra Territorial

39

rurais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. p. 57-81.

________. Finanças de proximidade e desenvolvimento territorial no Semi-árido

brasileiro. In: ABRAMOVAY, Ricardo. In: ABRAMOVAY, Ricardo. O futuro das regiões

rurais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. p. 101-123.

BEDUSCHI FILHO, Luiz Carlos; ABRAMOVAY, Ricardo. Desafios para a gestão

territorial do desenvolvimento sustentável no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO

DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, XLI, jul. 2003, Juiz de Fora. Anais ... Brasília:

SOBER, 2003. 1 CD-ROM.

CORREA, Edelmira P. & SUMPSI, José Maria (coord.). Políticas, instrumentos y

experiencias de desarrollo rural en America Latina y la Unión Europea. Madri:

AECI/FEDEPAL, 2001.

FAVARETO, Arilson; BRANCHER, Paulo. Estudos Propositivos para a Dinamização

das Economias dos Territórios Rurais. Relatório Vale do Ribeira Paulista. (SDT-

MDA/IICA/Plural). São Paulo, 2005.

________; DEMARCO, Diogo. Entre o capital social e o bloqueio institucional – uma

avaliação dos CMDR em cinco estados brasileiros. In: SCHNEIDER, Sérgio;

MARQUES, Paulo; SILVA, Marcelo (org.). Políticas públicas e participação social no

Brasil rural. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.

DUQUE, Ghislaine.Agricultura Familiar. ABEAS.Curso de Desenvolvimento

sustentável para o Semi-árido Brasileiro. Campina Grande,2008.

FLIGSTEIN, Neil. Social skill and the theory of fields. In:

http://www.iir.berkeley.edu/culture/papers/Fligstein01_01.pdf . Acesso em: 6 mai. 2005.

GONZÁLEZ-VEGA, Claudio. Servicios financieros rurales: experiencias del pasado,

enfoque del presente. Economics and sociology Occasional Paper, n. 2530, Columbus,

The Ohio State University, p. 1-19, nov. 1998. Disponível em: <http://www-

agecon.ag.ohio

state.edu/Programs/RuralFinance/PDF%20Docs/Publications/ESO%20Papers/eso25

30.pdf>. Acesso em: 07 jan. 2005.

GUANZIROLI, Carlos Enrique; CARDIM, Silvia Elizabeth de C. S. (coord.). Novo retrato

da agricultura familiar – o Brasil redescoberto. (Projeto de Cooperação Técnica

INCRA/FAO). Brasília: INCRA/FAO, 2000.

GULLI, Hege. Microfinanza y pobreza: son validas las ideas preconcebidas?

Washington, D.C.: Banco Interamericano de Desarrollo, 1999. 111p.

LAMARCHE, Hughes (coord.). A agricultura familiar: comparação internacional.

Campinas: UNICAMP, 1993. v. 1.

Page 41: PLANO Safra Territorial

40

MAGALHÃES, Reginaldo; BRANCHER, Paulo C. Estudos Propositivos para a

Dinamização das Economias dos Territórios Rurais. Relatório Território Sudoeste

Paulista. (SDT-MDA/IICA/Plural). São Paulo, 2005.

________. A importância das instituições e das redes sociais no desempenho dos

mercados financeiros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E

SOCIOLOGIA RURAL, XLI, jul. 2003, Juiz de Fora. Anais ... Brasília: SOBER, 2003. 1

CD-ROM.

MATTEI, Lauro. A agricultura familiar e o movimento sindical dos trabalhadores rurais

(MSTR): possíveis razões para a adesão às propostas do projeto FAO/INCRA. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, XXXV, ago.

1997, Natal. Anais ... Brasília: SOBER, 1997. 1 CD-ROM.

MEDEIROS, Leonilde Servolo. Trabalhadores rurais, agricultura familiar e organização

sindical. Revista São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v.11, n.2, p.

65-72, 1997.

NASCIMENTO, Humberto Miranda do. Conviver o sertão: origem e evolução da capital

social em Valente/BA. São Paulo: Annablume : Fapesp; Valente: APAEB, 2003. 126p.

PARENTE, Silvana. O mercado financeiro e a população de baixa renda. Brasília DF:

CEPAL – Escritório do Brasil, mar. 2003. Disponível em:

<http://www.bcb.gov.br/pre/SeMicro/Trabalhos/02_4_Silvana.pdf>. Acesso em: nov.

2004.

RUTHERFORD, Stuart. The poor and their money – an essay about financial services

for poor people. Manchester: University of Manchester, jan. 1999. 65p. Disponível em:

<http://www.undp.org/sum/MicroSave/ftp_downloads/rutherford.pdf>. Acesso em: 07

jan. 2005.

SCHRÖDER, Mônica. As demandas financeiras dos agricultores do Sertão do Pajeú.

In: ABRAMOVAY, Ricardo (org.). Laços financeiros na luta contra a pobreza. São Paulo:

Annablume. FAPESP, ADS/CUT, SEBRAE, 2004. p. 71-119.

SILVA, Pedro Carlos Gama da. Um sistema de financiamento das atividades rurais

adaptado à pequena produção da região de Massaroca, Juazeiro/BA. 1994.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado em Economia Rural, Universidade

Federal da Paraíba, Campina Grande, 1994.

VEIGA, José Eli. Desenvolvimento territorial no Brasil: do entulho varguista ao

zoneamento ecológico-econômico. Bahia análise & dados, Salvador, v. 10, n. 04, p.

193-206, 2001.

Page 42: PLANO Safra Territorial

41

ANEXOS

Tabela 1: Quantidade da população e extensão de área territorial dos municípios do Território Sertão São Francisco.

Tabela 2: Taxa de analfabetismo e a diferença em pontos percentuais em relação ao território, censos de 1991 e 2000.

Fonte: Censo Demográfico IBGE de 2007.

Município

População (hab)

Participação dos Municípios no

Território(%)

Área da unidade Territorial

(Km2)

Juazeiro

208.299

42,00

6.390

Casa Nova

62.372

12,62

9.658

Curaçá

31.889

6,45

6.442

Sento - Sé

36.002

7,29

12.871

Pilão Arcado

31.495

6,37

11.700

Remanso

37.902

7,67

4.694

Campo Alegre de Lurdes 26.980

5,48

2.754

Canudos 13.885 2,84 2.985

Sobradinho 20.943 4,25 1.323

Uauá 24.364 4,95 2.950

Total 494.135 100 61.778

Campo Alegre de Lurdes 51,0 34,6 >9,8 >8,3

Canudos 51,1 29,3 >9,9 >3,0

Casa Nova 47,5 30,0 >6,3 >3,7

Curaçá 45,8 29,6 >4,6 >3,3

Juazeiro 28,2 19,2 <13,0 <7,1

Pilão Arcado 59,7 39,5 >18,5 >13,2

Remanso 49,3 31,3 >8,1 >5,0

Sento Sé 52,0 32,5 >10,8 >6,2

Sobradinho 28,1 20,0 <13,1 <6,3

Uauá 45,7 27,1 >4,5 >0,8

Sertão São FranciscoParticipação dos Municípios (%)

41,2 26,3 0,0 0,0

1991 2000 1991 2000

Território/MunicípiosTaxas de Analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais de idade, residentes em domicílios particulares permanentes (%)

Diferença em pontos percentuais em relação ao território

Fonte: IBGE: Censo Demográfico 2000.

Page 43: PLANO Safra Territorial

42

Tabela 3: Domicílios com Saneamento Básico adequado, (Ano 2000) e Número de estabelecimentos de saúde por tipo,(Ano 2002).

Domicílios com saneamento básico

adequado, 2000(%)

Número de estabelecimentos de saúde, 2000

Território/Município

Abastecimento de

água

Esgotamento sanitário Com internação Sem internação Apoio,

diagnose e

terapia

Sertão do são Francisco

Participação dos Municípios (%)

53,0

39,4

26

83

4

Campo Alegre de Lurdes

0,8

0,1

3,8

1,2

0,0

Canudos

2,4

0,3

7,7

6,0

0,0

Casa Nova

9,0

7,6

3,8

12,0

0,0

Curaçá

5,8

4,7

3,8

9,6

0,0

Juazeiro

55,1

65,0

57,7

45,8

75,0

Pilão Arcado

2,5

0,2

3,8

2,4

0,0

Remanso

8,1

10,5

7,7

7,2

0,0

Sento Sé

5,3

4,3

3,8

0,0

0,0

Sobradinho

6,8

7,1

3,8

2,4

25,0

Uauá 4,2 0,1 3,8 13,3 0,0

Fonte: IBGE: Censo Demográfico, 2000; Pesquisa Médico-Sanitária – MAS 2002.

Tabela 4 : Pessoas de 10 ou mais anos de idade (PIA), total e ocupada. Grau de informalidade, proporção de pessoas de 60 anos ou mais responsáveis pelo domicílio, e proporção de pessoas e famílias com renda familiar per capita, até ½ salário mínimo (linha de pobreza) – 2000.

Território/Município

Pessoas de 10 ou

mais de idade

Grau de informalidade

do Território e diferença

dos municípios em

relação ao Território

Pessoas de 60 anos ou

mais responsáveis pelo

domicílios

Renda familiar

per capita até

½ SM

Total

Ocupadas

Homens

Mulheres

Pessoas Famílias

Sertão do São Francisco

Participação dos Municípios (%)

347.276

43,2%

74,2

64,6%

35,4%

63,2%

55,5%

Campo Alegre de Lurdes

6,0

5,7

>19,34

6,9

5,8

0,9

0,9

Canudos

3,1

2,4

>11,40

3,7 4,0

0,4

0,4

Casa Nova

12,4

14,0

>10,18

14,7

12,0 1,6

1,6

Curaçá 6,4 7,1 >11,58 8,0 8,1 0,8 0,8

Juazeiro 39,2 41,2 <14,92 29,5 35,8 3,8 4,1

Pilão Arcado 6,6 5,2 >18,11 8,1 5,7 1,0 0,9

Remanso

8,3

9,1

>9,62

8,9 9,5

1,0

1,1

Sento Sé

7,0

6,1

>9,68

7,2 6,0

1,1

1,0

Sobradinho

4,9

4,2

<8,45

4,5

4,5

0,5

0,6

Uauá 6,1 5,1 >9,25 8,4 8,6 0,8 0,8

Fonte: IBGE: Censo Demográfico 2000.

Page 44: PLANO Safra Territorial

43

Tabela 5: Valor do PIB Municipal e participação das atividades econômicas agrupadas no PIB Municipal – 2001 e 2002.

Território/Municípios

PIB Municipal (R$

milhões)

Participação das Atividades Econômicas no PIB Municipal (%)

Total Agropecuária Indústria Serviços

2001

2002

2001

2002

2001

2002

2001

2002

Sertão do São Francisco

Participação dos Municípios (%)

1.223,3

1.633,3 26,3

32,4

24,2

25,9

48,1

41,4

Campo Alegre de Lurdes

3,3

2,9

4,9

3,9

1,1

0,8

3,5 3,5

Canudos

2,5

2,0

2,9

2,2

3,0

1,6

2,1

2,0

Casa Nova

7,7

8,0

11,6

11,3

2,6

2,4

8,4

9,0

Curaçá

4,0

3,7

6,4

5,1

1,6

1,4

4,0

4,1

Juazeiro

54,7

52,0

43,6

52,5

56,7

40,6

58,4

58,1

Pilão Arcado

3,8

3,4

6,3

4,7

1,1

0,9

4,0

4,1

Remanso

6,2

5,2

10,2

7,0

2,0

1,6

6,3

6,2

Sento Sé

5,0

5,7

8,8

10,3

0,8

0,9

5,1

5,2

Sobradinho

9,9

14,9

2,2

1,6

29,8

48,8

4,3

4,0

Uauá 3,0 2,2 3,1 1,5 1,2 0,9 3,8 3,8

Fonte: SEI: Indicadores do PIB Municipal, 2001 e 2002.

Tabela 6: Indicadores da Agropecuária, 2003 e Composição de Receitas Municipais, 2000.

Agropecuária, 2003 Composição Receita, 2000

Território/Municípios

Valor da Produção

Agrícola R$ 1.000,00

Principais Rebanhos

Orçamento Próprias

Bovinos

Caprinos

Suínos

R$

%

Sertão do São Francisco

Participação dos Municípios (%)

404.558

4.188.682

27.293.584

3.239.533

146.799.151,1 8,2

Campo Alegre de Lurdes

2,3

9,6

6,4

14,2

5,6

20,1

Canudos

3,8

6,9

4,4

4,6

3,8

0,6

Casa Nova

10,8

14,9

25,5

27,7

11,2

33,5

Curaçá

12,7

10,7

11,8

5,1

7,0

2,4

Juazeiro

53,5

13,7

23,3

5,8

33,4

27,2

Pilão Arcado

2,1

11,8

4,7

15,0

7,8

1,7

Remanso

2,0

15,2

12,9

14,5

8,1

2,5

Sento Sé

11,8

8,8

3,9

4,4

9,3

0,4

Sobradinho 0,8 0,6 0,4 0,6 8,5 3,5

Uauá 0,2 7,7 6,6 8,0 5,2 8,0

Fontes: (1) SEI. PIB Municipal 2002; (2) IBGE. Censo Demográfico 2000 – Resultados da Amostra; (3) IPEA/Fundação João Pinheiro/PNUD, Novo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2002.

Page 45: PLANO Safra Territorial

44

Tabela 7: Participação da Agropecuária no PIB- 2002, Proporção de Famílias com rendimento familiar per capita de até ½ SM e índice de Desenvolvimento Humano Municipal – 2000.

Tabela 8 : Classificação do território no estado da Bahia segundo o Índice Rural Territorial, Estabelecimentos Familiares Municípios do Sertão do São Francisco, 2004.

Municípios

Economia Vulnerabilidade Social - 2000

Participação da Agropecuária no

PIB municipal –

2002

(%) (1)

Famílias com renda

per capita

de até ½ SM

(%0 (2)

Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal

(IDH-M)

(3)

Campo Alegre de Lurdes

42,9

66,8

0,581

Canudos

36,1

60,8

0,599

Casa Nova

46,0

59,7

0,611

Curaçá

44,0

56,1

0,626

Juazeiro

32,7

44,4

0,683

Pilão Arcado

44,2

72,7

0,546

Remanso

43,8

59,0

0,615

Sento Sé

58,4

67,1

0,603

Sobradinho

3,6

52,2

0,684

Uauá 21,2 61,6 0,616

Fonte: SEI: Indicadores do PIB Municipal, 2003; IBGE: Pesquisa Pecuária Municipal 2003; SEI: Perfil Financeiro dosMunicípios, 1993-2000.

Municípios

Estabelecim

entos

Familiares

Agrícolas

Projetos de

Assentamento

Famílias

Assentadas

Acampamentos Famílias

Acampadas

Classificação do Território na

Bahia segundo o ITR = 22º

Sertão do São Francisco

32.084

16

1.426

5

376

Campo Alegre de Lurdes

3.993

0

0

0

0

Canudos

1.699

0

0

1

39

Casa Nova

5.165

2

95

0

0

Curaçá

2.345

0

0

0

0

Juazeiro

3.400

1

109

3

125

Pilão Arcado

5.008

0

0

0

0

Remanso

3.308

0

0

1

212

Sento Sé

3.320

1

812

0

0

Sobradinho

291

12

410

0

0

Uauá 3.555 0 0 0 0

Fonte: SEI/INCRA(1) O Índice Rural Territorial (ITR) é a média geométrica dos índices: IDS: Grau de desenvolvimento social dos municípios baianos; IAF (Índice de Agricultores Familiares), que representa o número de estabelecimentos definidos pelo projeto FAO/INCRA; IFAs (Índice de Famílias Assentadas); IFA (índice de Famílias Acampadas); IRS (Índice de Reparos Sociais); que representa informações sobre ameaças a agricultura familiar, trabalho escravo e dificuldades de comercialização.

Page 46: PLANO Safra Territorial

45

Tabela 9. Número de contratos e montante do crédito rural do PRONAF por modalidade e ano fiscal.

Municípios

2.005 2.006 2.007

Investimento e custeio Investimento e custeio Investimento e custeio

Contratos

Valor

Contratos

Valor

Contratos

Valor

Campo A. Lourdes

157

274.743,60

237

745.723,38

32

139.851,84

Pilão Arcado

153

285.557,72

57

263.353,63

1

4.692,00

Remanso

342

862.428,91

196

583.836,34

83

250.913,00

Sento -

1.003

1.016.971,06

996

1.197.230,41

682

1.554.397,47

Casa Nova

655

2.581.251,98

1.089

4.082.013,83

981

4.861.448,59

Sobradinho

404

514.949,51

121

486.544,86

40

332.757,95

Juazeiro

1.747

3.163.398,25

1.249

3.833.379,69

497

3.030.066,00

Curaçá

1.685

5.145.197,01

2.473

9.949.943,42

2.062

12.402.962,67

Uauá

46

325.206,99

99

727.552,06

71

116.013,92

Canudos 12 121.390,50 149 685.570,71 233 729.663,08

Total / ano 6.204 14.291.095,53 6.666 22.555.148,33 4.682 23.422.766,52

FONTE: BACEN (Somente Exigibilidade Bancária), BANCOOB, BANSICREDI, BASA, BB, BN E BNDES. Dados atualizados até BACEN: Até BASA: Até 12/2007; BB: Até 11/2007; BN: Até 12/2007e BNDES: Até 07/2006 - Últimos 3 meses sujeitos á alterações. Data da Impressão: 29/01/2008 10h22min:29

Page 47: PLANO Safra Territorial