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    PLANO ESTADUAL DE EDUCAO DO RIO GRANDE DO SULPEE-RS

    CADERNOS TEMTICOS PARA O DEBATE

    CADERNO 2

    Eixo II - Garantia do direito Educao Bsica

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    Setembro, 2014

    FRUM ESTADUAL DE EDUCAOGRUPO EXECUTIVOPLANO ESTADUAL DE EDUCAO/2014

    SEDUCTitular: Rosa MosnaSuplente: Cindi Sandri

    CEEdTitular: Maria Otlia SusinSuplentes: Thalisson Silveira da SIlva

    Carmem Maria Craidy

    Angela Maria Hbner Wortmann

    Instituies de Ensino Superior PblicasTitular: Sonia Mara Moreira OgibaSuplente: Elena Maria Billig Mello

    Instituies de Ensino Superior PrivadasTitular: Adelmo Germano EtgesSuplente: Hilrio Bassotto

    UNDIME-RSTitular: Aldemar Alberto CarabajalSuplentes: Lucia Polanczyk

    Andr Lemes da Silva

    Marcia da Graa Souza

    UNCME-RSTitular: Fabiane Pedro BitelloSuplente: Salete Terezinha Soares de Lima

    ASSESSORIA TCNICO-PEDAGGICAIsabel Letcia de MedeirosCOLABORADORAMarsia Maria SulzbacherREVISOPatrcia Coelho de Souza

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    APRESENTAO

    O diagnstico da educao no Brasil conta, atualmente, com um acmulosignificativo de levantamentos, dados e estudos analticos, que abordam tanto dadosquantitativos quanto qualitativos, histricos e sociais. Apesar dos avanos

    constatados nas ltimas dcadas, h um relativo consenso sobre um cenriomarcado pela excluso, pelo fracasso, pela reproduo das desigualdades sociais eeconmicas, pela baixa escolarizao e pelos enormes desafios para atender asdemandas de formao para a vida cidad e para a sustentao de um projetovirtuoso, em todas as dimenses, para a Nao.

    Neste diagnstico, h um destaque para a fragmentao e descontinuidade depolticas educacionais e decorrentes planos de educao. A necessidade de umplanejamento sistmico, articulando os entes federados e a sociedade, defendidaenergicamente pelos Pioneiros da Educao em seu manifesto de 1932, nunca se

    efetivou, apesar das iniciativas nesse sentido ao longo da histria, iniciadas com oanteprojeto enviado pelo Conselho Nacional de Educao Presidncia daRepblica em 1937, o qual, em funo da instalao do Estado Novo, sequer foidiscutido.

    Com as novas agendas e demandas educacionais da virada do sculo impulsionadas pelas organizaes civis e educacionais, no bojo dos movimentossociais, pelos processos acelerados de globalizao e pela emergncia de um cicloeconmico favorvel no pas associada ao trmino da vigncia do Plano Nacional daEducao (PNE 2001-2011) , se retoma com fora a importncia de um sistemanacional de educao (SNE) e de um PNE que se desdobre em aes efetivas, emtodo o territrio nacional. Nas avaliaes em relao ao ltimo PNE, se constata areproduo da tradio: os vetos ao financiamento transformaram o Plano em umacarta de intenes, situao agravada pela falta de acompanhamento e avaliaodas metas propostas.

    A Emenda Constitucional 59/2009 (EC 59/2009) reconfigura a condio e o papeldos planos de educao como instrumentos articuladores dos sistemas deeducao, com periodicidade de dez anos, buscando consolidar polticas para alm

    dos mandatos governamentais. A Conferncia Nacional de Educao de 2010(CONAE 2010) afirmou as bases, a partir da participao democrtica da sociedade

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    civil organizada, para a construo do Sistema Nacional Articulado de Educao epara o Plano Nacional de Educao, promulgado em 25 de junho de 2014, pela Lei13.005/2014.

    Assim, se renova a expectativa em um novo paradigma, constituindo um ciclo depolticas que movimente o planejamento, a execuo, a avaliao, a revitalizaodas metas e estratgias, reservando os recursos financeiros que viabilizem as aesprevistas, superando programas limitados de governo e instaurando polticas deestado pactuadas com a sociedade.

    A orientao para a discusso e elaborao dos planos estaduais e municipais deeducao, no alinhamento com o PNE, est fundamentada nos seguintes princpios:da territorialidade, considerando cada estado e municpio para a projeo dasaes; da participao social, no entendimento que a sociedade deve, naperspectiva democrtica, planejar, executar e avaliar sistematicamente as polticas eaes educacionais, nico caminho de garantir sua efetividade; do regime decolaborao, pois h que se articular e fortalecer aes conjuntas de todos os entesfederados, sem sobreposies, para a superao dos desafios e alcance das metasdefinidas coletivamente.

    Nessa direo, o Frum Estadual de Educao do Rio Grande do Sul, comometodologia de discusso e elaborao participativa, apresenta Cadernos Temticospara o debate do Plano Estadual de Educao (PEE-RS) como texto-base,considerando as especificidades do estado e de seus municpios, os quais, aps adiscusso, se convertero no contedo do PEE-RS.

    Os Cadernos Temticos abordam os seguintes eixos:

    I - Gesto democrtica dos sistemas de ensino e regime de colaborao no Estadodo RS na garantia do direito educao de qualidade;

    II - Garantia do direito Educao Bsica;

    III - Acesso e ampliao do Ensino Superior;

    IV - Educao e diversidade: justia social, incluso e direitos humanos;

    VValorizao dos Trabalhadores em Educao;

    VIFinanciamento.

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    Para atingir as metas, foram propostas estratgias estruturantes, com temporalidadede longa durao, paradigmticas, constituintes de polticas de estado comatendimento social mais amplo, visando consolidao do direito social; eestratgias conjunturais, cuja temporalidade caracterizada pela curta e mdia

    durao, com aes pontuais na cotidianidade dos sistemas e redes, constituindoindicadores a serem executados, quantificados e avaliados dentro da vigncia doplano. Como caracterstica, as metas se apresentam com maior nfase social, nagarantia dos direitos e princpios afirmativos; ou educacional, enfocando polticascurriculares; ou poltica, formalizando e desdobrando regime de colaborao eparcerias, projetos de Estado e de gesto, infraestrutura; ou filosfica, refletindoprincpios conceituais e vises do mundo e da educao.

    Convidamos toda a sociedade rio-grandense para organizar espaos de debate,discutindo as propostas e formulando as alteraes que contemplem as vozes dosdiferentes setores, construindo, assim, um documento final capaz de orientar asaes necessrias para a conquista de uma educao de qualidade social paratodos os gachos, em consonncia e articulao com o PNE.

    CADERNO TEMTICO 2

    Eixo II - Garantia do direito Educao Bsica

    1. A definio de metas e estratgias para a garantia do direito de todos Educao Bsica, no contexto da elaborao do Plano Estadual de Educao(PEE-RS), em alinhamento com o Plano Nacional de Educao (PNE), Lei13.005/2014, requer um olhar sobre o cenrio contemporneo da educaobrasileira neste nvel de ensino. Neste sentido, se faz necessrio umdiagnstico atual, que no prescinda de apontamentos do contexto histrico,embasando, assim, a compreenso necessria para o estabelecimento deproposies exequveis, que alcancem o tamanho dos desafios a seremenfrentados. O horizonte deste processo uma educao de qualidade socialpara todos, em consonncia com o disposto na Constituio Federal (CF) de1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), Lei9.394/1996 e nas legislaes decorrentes.

    2. Em um sinttico percurso na histria da educao no Brasil (baseado emLERCHE, 2003; MELO, IVASHITA, s.d.; MEC, 2003), no perodo colonial se

    destaca a educao jesutica, com nfase na catequese e nos conhecimentosdas primeiras letras, iniciao profissional e msica, objetivando a formao

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    de sacerdotes e converso/aculturao dos povos indgenas. Com a expulsodos jesutas, o estabelecimento de aulas rgias e escolas menores, seminfraestrutura mnima e com parco financiamento, fez parte de aesfragmentadas e desarticuladas. No perodo do Imprio, no houve mudanas

    significativas, mas o incio de uma tradio marcada pela preocupao comos aspectos legais em detrimento de aes concretas e por reformas que nopromovem alteraes. Assim, no se pode falar, nesses perodos, naconstituio de um sistema de educao pblico para a educao bsica,nem em educao pblica para todos, mas sim como um distintivo de classe.

    3. No incio da Repblica Velha (1889-1829), o pas apresentava 85% deanalfabetos e, em 1920, esse ndice decresceu para 70%. A educao para opovo continuava no sendo uma preocupao do poder pblico. Em 1911, aReforma Rivadvia Corra suprimiu o carter oficial do ensino, dando totalliberdade de organizao para sua oferta, o que dispersou ainda mais aconstruo de polticas sistmicas. Somente em 1925 houve oestabelecimento da responsabilidade da Unio na difuso do ensino primrio,acompanhado de um aprofundamento da descentralizao, sem articulaoentre sistema federal e sistemas estaduais. No perodo seguinte, o EstadoGetulista (1930-1945), figura pela primeira vez na CF (1934) um captulosobre educao, responsabilizando os sistemas estaduais pelo ensinoprimrio e secundrio, com ensino primrio integral, gratuito e de frequnciaobrigatria, extensivo aos adultos. A CF de 1937 revoga esses avanos e

    oferta a educao pblica como poltica compensatria, destinada apenas aquem no pode pagar. Em 1930, dois teros das pessoas em idade escolarestavam fora da escola e o ndice de analfabetos era de 65%; em 1940, ondice reduziu para 56%.

    4. O perodo posterior (1946-1963) se caracterizou pela emergncia eradicalizao de contradies em todos os campos sociais, num quadro dedemocracia limitada. Na educao se manifestam, igualmente, vozesdissonantes. Foi lanado o segundo manifesto de educadores denominadosPioneiros da Educao, ao povo e ao governo: Mais uma Vez Convocados,na esteira do Manifesto de 19321, retomando os postulados de uma educaoliberal e democrtica, voltada ao trabalho e desenvolvimento econmico. nesse contexto que emergem os postulados de Paulo Freire, voltados Educao de Jovens e Adultos (EJA), e sua ao militante no Movimento deCultura Popular (MCP) do Recife, o qual serviu de referncia para muitosmovimentos de educao e cultura popular: o Movimento de Educao deBase (MEB) da Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), oMovimento de Cultura Popular - MCP relacionado prefeitura de Recife; os

    1Documento lanado pelo movimento de educadores defensores do pensamento escola novista, osPioneiros da Educao.

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    Centros Populares de Cultura (CPCs), organizados pela Unio Nacional dosEstudantes (UNE), a Campanha de Educao Popular (Ceplar) e o De P noCho Tambm se Aprende a Ler, da prefeitura de Natal, dentre outrosdesenvolvidos em todo o pas (MELO; IVASHITA, s.d.).

    5. Em 1950, o ndice de analfabetos na faixa de pessoas com 15 anos de idadeou mais atingia 50% da populao e, em 1960, o ndice baixou para 39,5%(MEC, 2003), logrando uma diminuio significativa em decorrncia daimplantao de classes de ensino supletivo em um grande nmero demunicpios do pas. Um elemento marcante do perodo a expanso geral doensino. Na CF de 1946, volta a constar o ensino primrio gratuito. elaborada a primeira LDB, em 1961.

    6. A seguir, no perodo da ditadura civil militar (1964-1985), houve reforma do

    primrio e secundrio: primrio e ginasial se transformam em primeiro grau,com ncleo comum e parte diversificada no currculo; o secundrio passa a 2grau, com habilitao profissional, visando conter a demanda pelo ensinosuperior e profissionalizar em nvel mdio, o que no foi alcanado, por faltade infraestrutura, formao docente e cultura avessa ao trabalho manual. ALei 5.692/71 fixou diretrizes e bases para o ensino de 1 e 2 graus. Foiinstitudo o Movimento Brasileiro de Alfabetizao (Mobral), logrando tmidosresultados na alfabetizao da populao de jovens e adultos. Em 1982, foieliminada a obrigatoriedade de habilitao profissional. O perodo foi marcado

    pelo planejamento centralizado na Unio, de concepo tecnocrtica eeconomicista, e expanso de matrculas, mas com diminuio deinvestimentos e qualidade precria. O ndice de analfabetos acima de 15 anosde idade em 1986 era de 20%.

    7. Com a redemocratizao do pas, as lutas histricas pela educaodemocrtica com qualidade social, direito de todos, so retomadas com forapelas organizaes civis, educacionais, no contexto dos movimentossociais.Por outro lado, os processos de globalizao e a emergncia da sociedade

    do conhecimento apresentam novas demandas para a educao brasileira. A

    CF de 1988 traz o mais longo captulo sobre educao de todas asConstituies Federais, o qual assegura conquistas significativas: direitopblico subjetivo, gesto democrtica na educao pblica, dever do Estadona oferta, Ensino Fundamental obrigatrio, atendimento especializado spessoas com deficincia. A mobilizao para a formulao do Plano Decenalde Educao para Todos (PDET) e a Conferncia Nacional de Educao paraTodos, quando foi debatida uma ampla agenda de temas colocados a partirda discusso do PDET, em sintonia com as agendas internacionais,buscaram a formulao de uma poltica educacional mais orgnica.

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    8. Dentre outros marcos significativos, se pode destacar: a EmendaConstitucional (EC) 14/1996, que, entre outras mudanas, instituiu um fundode manuteno e desenvolvimento do Ensino Fundamental e de valorizaodo magistrio, de natureza contbil, o Fundef; a implantao de avaliao

    externa das unidades de ensino e redes de ensino; a reforma curricularatravs dos Parmetros Curriculares Nacionais; o fortalecimento deprogramas como Programa Nacional da Alimentao Escolar (PNAE),Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD), Programa Dinheiro Direto naEscola (PDDE); Plano Nacional de Educao (PNE), Lei 10.172/2001. Nesseperodo, o Ensino Mdio apresentou evoluo de 41,2% nas matrculas.

    9. Concluindo este breve panorama histrico:

    a) Percebe-se que um novo pacto de solidariedade entre os entes federativos se

    anunciou, na busca da universalizao da educao bsica, ampliando agesto democrtica educacional e escolar;

    b) vrias conferncias de educao foram realizadas, construindo um processoparticipativo na discusso e formulao das polticas educacionais;

    c) foi lanado o Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE), do qualdecorreu o Plano Compromisso de Todos pela Educao, com 28 metas,estabelecendo bases importantes para as polticas educacionais, em regimede colaborao;

    d) o Fundef foi sucedido pelo Fundo de Manuteno e Desenvolvimento daEducao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb),EC 53/2006;

    e) a EC 59/2009 tornou obrigatria a escolarizao de 4 anos a 17 anos deidade, entre outras mudanas importantes;

    f) constata-se, no perodo, uma elevao da escolaridade mdia da populao;aumento da taxa lquida2de matrculas; democratizao do acesso e garantia

    de permanncia, mas involuo nas matrculas no Ensino Mdio e educaoinfantil, lenta queda nas taxas de analfabetismo, havendo ainda desafiosenormes a serem superados.

    10. No percurso histrico da educao bsica como direito na legislao, sedestacam as seguintes marcas:

    a) Lei 4.024/1961estabelece quatro anos obrigatrios para o ensino primrio;

    2 a razo entre o nmero total de matrculas de alunos com a idade prevista para estar cursando

    um determinado nvel e a populao total da mesma faixa etria, enquanto a taxa bruta a razoentre o nmero total de alunos matriculados em um determinado nvel de ensino (independentementeda idade) e a populao que se encontra na faixa etria prevista para cursar esse nvel.

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    b) Lei 5.692/1971amplia para oito anos a obrigatoriedade de estudos;c) Lei 9.394/1996 sinaliza para nove anos de obrigatoriedade, iniciando aos

    seis anos de idade, estabelece a Educao Bsica, com trs etapas: Ed.Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Mdio;

    d) Lei 10.172/2001 estabelece meta de nove anos para a educaoobrigatria; Lei 10. 639/2003inclui no currculo oficial da Rede de Ensino aobrigatoriedade da temtica "Histria e Cultura Afro-Brasileira";

    e) Lei 11.274/2006 altera a LDB, dispondo sobre o Ensino Fundamental denove anos, com matrcula obrigatria a partir dos seis anos de idade;

    f) EC 59/2009 torna a educao bsica obrigatria e gratuita dos quatro aos17 anos de idade, bem como o atendimento ao educando em todas as etapasda educao bsica, por meio de programas suplementares de materialdidtico escolar, transporte, alimentao e assistncia sade; estabelece

    que esta obrigatoriedade dever ser implementada progressivamente, at2016, nos termos do PNE, com apoio tcnico e financeiro da Unio.g) Lei 11.645/2008 inclui no currculo oficial da rede de ensino a

    obrigatoriedade da temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena.h) Criao dos Sistemas Estadual e Municipais de Educao e dos Conselhos

    de Educao Nacional, Estadual e Municipais, com funes consultivas,normativas, deliberativas, fiscalizadoras e mobilizadoras;

    i) Resolues do Conselho Nacional de Educao/Cmara de Educao Bsica(CNE/CEB), definindo as diretrizes curriculares nacionais para os nveis deensino e etapas e modalidades da Educao Bsica.

    11. Para finalizar esta seo, importante salientar a Resoluo CNE/CEB4/2010, a qual define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EducaoBsica, quando expressa como princpios:

    Art. 5 A Educao Bsica direito universal e alicerce indispensvel para oexerccio da cidadania em plenitude, da qual depende a possibilidade deconquistar todos os demais direitos, definidos na Constituio Federal, noEstatuto da Criana e do Adolescente (ECA), na legislao ordinria e nasdemais disposies que consagram as prerrogativas do cidado.

    Art. 6 Na Educao Bsica necessrio considerar as dimenses doeducar e do cuidar, em sua inseparabilidade, buscando recuperar, para afuno social desse nvel da educao, a sua centralidade, que oeducando, pessoa em formao na sua essncia humana (CNE, 2010).

    12. Portanto, temos a afirmao da educao bsica como direito de todos,fundamental para a vida cidad e, como dimenses indissociveis, o educar

    e cuidar, antes consensuada apenas na etapa da educao infantil, para

    todas as etapas, consolidando o compromisso do mundo adulto com o zelodas geraes mais jovens em todas as esferas de sua formao. Esta adireo que deve orientar o planejamento educacional em todos os seus

    nveis.

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    Concepes e diagnstico da Educao Bsica

    13. A seguir, sero apresentados elementos conceituais e um breve diagnsticode cada etapa da Educao Bsica, buscando apontar os dados e as anlisesmais significativos para embasamento das metas e estratgias para oterritrio estadual.

    Educao Infantil

    14. A educao infantil (zero a cinco ou seis anos de idade, considerando a datade corte para ingresso no Ensino Fundamental) passa a fazer parte do campoeducacional no Brasil a partir da CF 1988, conforme Mathias e Ponte (2009,

    p. 14), [...] concebida, muitas vezes, como amparo e assistncia, passou afigurar como direito do cidado e dever do Estado, numa perspectivaeducacional, em resposta aos movimentos sociais em defesa dos direitos dascrianas. Porm, a oferta, predominante do setor privado, insuficiente, e aobrigatoriedade (consequente dever do Estado), a partir dos quatro anos deidade, deve ser totalmente implementada at 2016.

    15. Neste novo enquadramento, compreende-se a educao infantil como etapada educao bsica, parte importante do processo de desenvolvimento dacriana, que amplia o seu universo cultural, tornando-se capaz de agir com

    interdependncia e fazer escolhas nas situaes diversas. Supera-se, assim,a concepo que reduz a educao infantil ao preparo para o ensino.

    16. Sobre as atribuies especficas dos Estados, aponta:

    Art. 10. Os Estados incumbir-se-o de:I - organizar, manter e desenvolver os rgos e instituies oficiais dos seussistemas de ensino;II - definir, com os Municpios, formas de colaborao na oferta do ensinofundamental, as quais devem assegurar a distribuio proporcional das

    responsabilidades, de acordo com a populao a ser atendida e os recursosfinanceiros disponveis em cada uma dessas esferas do Poder Pblico;III - elaborar e executar polticas e planos educacionais, em consonnciacom as diretrizes e planos nacionais de educao, integrando ecoordenando as suas aes e as dos seus Municpios;IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,respectivamente, os cursos das instituies de educao superior e osestabelecimentos do seu sistema de ensino;V - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;

    17. Em relao aos Municpios, diz a LDB:

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    Art. 11. Os Municpios incumbir-se-o de:I - organizar, manter e desenvolver os rgos e instituies oficiais dos seussistemas de ensino, integrando-os s polticas e planos educacionais daUnio e dos Estados;II - exercer ao redistributiva em relao s suas escolas;III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seusistema de ensino;V - oferecer a educao infantil em creches e pr-escolas e, com prioridadeo ensino fundamental, permitida a atuao em outros nveis de ensinosomente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de suarea de competncia e com recursos acima dos percentuais mnimosvinculados pela Constituio Federal manuteno e desenvolvimento doensino.VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. (Includopela Lei n 10.709, de 31.7.2003).

    18. Assim, so estabelecidas normas gerais para o pacto federativo e as aesde cada ente federado, sendo oportuno no mbito deste PEERS odetalhamento e regulamentao de atribuies especficas e partilhadas paracada nvel da federao, conferindo maior organicidade s polticaseducacionais. O principal objetivo de uma poltica social a melhoria dascondies de vida da populao e as aes do campo educacional tmgrande potencialidadeneste sentido, da a necessidade de uma articulao deaes, superando insuficincias e sobreposies.

    19. O princpio constitucional da gesto democrtica desdobrado na LDB emseu Artigo 14 e 15, indicando que:

    Art. 14. Os sistemas de ensino definiro as normas da gesto democrticado ensino pblico na educao bsica, de acordo com as suaspeculiaridades e conforme os seguintes princpios:I - participao dos profissionais da educao na elaborao do projetopedaggico da escola;II - participao das comunidades escolar e local em conselhos escolares ouequivalentes.Art. 15. Os sistemas de ensino asseguraro s unidades escolares pblicasde educao bsica que os integram progressivos graus de autonomiapedaggica e administrativa e de gesto financeira, observadas as normas

    gerais de direito financeiro pblico.

    20. No mbito da discusso da Meta 19 do PNE e a decorrente meta do PEERS, pertinente destacar ainda a composio de cada sistema de ensino:

    a) Sistema federal de ensino instituies de ensino mantidas pela Unio,instituies de educao superior, criadas e mantidas pela iniciativa privadaeos rgos federais de educao;

    b) Sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federalinstituies de ensino

    mantidas, respectivamente, pelo Poder Pblico estadual e pelo DistritoFederal, instituies de educao superior, mantidas pelo Poder Pblico

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    municipal, instituies de ensino fundamental e mdio, criadas e mantidaspela iniciativa privada e os rgos de educao estaduais e do DistritoFederal, respectivamente;

    c) Sistemas municipais de ensino - instituies do ensino fundamental, mdio e

    de educao infantil, mantidas pelo Poder Pblico Municipal, instituies deeducao infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada e os rgosmunicipais de educao.

    21. O Parecer n 9/2011 (citado anteriormente) e a Resoluo n1/2012 CNE/CEBdispem sobre a implementao do regime de colaborao mediante Arranjo

    de Desenvolvimento da Educao ADE, com enfoque na articulao entremunicpios, trabalhando em rede, sem prescindir da colaborao da Unio edos Estados, estabelecendo como objetivos de tais arranjos:

    Igarantir o direito educao, por meio da oferta de uma educao comqualidade social, refletida, dentre outros aspectos, pelo acesso,permanncia, aprendizagem e concluso dos estudos;IIfortalecer a democratizao das relaes de gesto e de planejamentointegrado que possa incluir aes tais como: planejamento da rede fsicaescolar, cesso mtua de servidores, transporte escolar, formaocontinuada de professores e gestores, e organizao de um sistemaintegrado de avaliao;IIIpromover a eficiente aplicao dos recursos de forma solidria para finsidnticos ou equivalentes;IV incentivar mecanismos de atuao na busca por recursos paraprestao associada de servios;

    V estruturar Planos Intermunicipais de Educao visando aodesenvolvimento integrado e harmonioso do territrio e a reduo dedisparidades sociais e econmicas locais, de forma que os Municpios demenor capacidade tcnica possam efetivamente se valer desses planos naelaborao dos seus respectivos Planos Municipais de Educao;VIconsiderar tais Planos, como referncia, para a elaborao, execuo eavaliao dos projetos poltico-pedaggicos das escolas.

    22. O referido Parecer aponta, como mecanismos de colaborao, o Consrciopblico, estabelecido na Lei 11.107/2005, como meio de estabelecer relaesde cooperao federativa na consecuo de objetivos comuns, constitudacomo associao pblica, com personalidade jurdica de direito pblico enatureza autrquica, ou como pessoa jurdica de direito privado sem finseconmicos. A associao na formao de consrcios pblicos pode ocorrerentre municpios, ou entre os trs entes federados, sendo que a Uniosomente participa quando o Estado onde se localizem os municpiosenvolvidos tambm participe. O conveniamento pode tambm se configurarem relaes entre o poder pblico e as organizaes da sociedade civil.

    23. Tambm o Plano de Aes Articuladas PAR, inserido no Plano deDesenvolvimento da EducaoPDE lanado pelo Ministrio da Educao e

    Cultura (2007) referido no Parecer CNE/CEB como outro exemplo de aode regime de colaborao, muito embora seja uma proposta de governo e no

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    de Estado. O PAR oportunizou aos municpios equidade na demanda pelaassistncia tcnica e financeira da Unio, a partir de um planejamento queparte de um diagnstico, construdos com a participao da sociedade civil,que deve, atravs do Comit de Acompanhamento, fiscalizar e monitorar a

    execuo das aes previstas.

    24. No que tange ao planejamento educacional, os processos de avaliao eacompanhamento em todos os nveis e aes so condio para que seconquiste um novo paradigma, afirmando um movimento cclico naformulao e execuo de polticas.

    Diagnstico do Estado do Rio Grande do Sul e seus municpios em relao

    Meta 19 do PNE

    25. O diagnstico da situao do estado do Rio Grande do Sul RS e dos seusmunicpios revela importantes avanos no que tange ao regime decolaborao e da implementao da gesto democrtica.

    26. Em nvel estadual, o Conselho Estadual de Educao exarou o Parecer n257/2006, o qual Orienta os Municpios que integram o Sistema Estadual de

    Ensino a organizarem seus prprios sistemas municipais de ensino, dandorelevncia mudana substantiva em relao aos municpios na CF 1988,

    institudos como entes federados autnomos. Destaca-se do Parecer:

    14 Os procedimentos necessrios para a estruturao dessessistemas, alm de cumprirem o disposto na LDBEN, em especial nos artigos14 e 15, devem levar em conta os princpios constitucionais da gestodemocrtica, da participao, do pluralismo poltico, da impessoalidade,legalidade, moralidade, eficincia, assim como o fato da educao ser umdireito social e, por isso, controlado e acompanhado pela sociedade emtodos os seus momentos, sejam eles o da criao e composio do rgonormativo, o da elaborao das normas prprias de atuao e o da suaexecuo e implementao cotidiana. Esses princpios devem ser

    identificados nos atos legais de organizao dos diferentes rgosconstituintes do sistema municipal de ensino.20 O Conselho Estadual de Educao do Rio Grande do Sul,

    considerando o disposto na Lei de Diretrizes e Bases da EducaoNacional, artigo 10, incisos II e III, se prope a instituir, no prazo de at seismeses, um grupo de estudos e debates permanente com os ConselhosMunicipais de Educao e com as Secretarias Municipais de Educao, pormeio de suas representaes estaduais, a fim de efetivar a cooperao e acolaborao previstas tanto na Carta Constitucional como na LDBEN.

    27. O Sistema Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul foi institudo pela Lei n

    5.751/1969, a qual define os fins da educao e as competncias dos rgosdo sistema. O Estado dispe de Lei de Gesto Democrtica, sob o N

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    10.576/1995, recentemente atualizada pela Lei n. 13.990/2012, na qual sedefine os instrumentos de gesto democrtica para a rede pblica estadual deensino, dos quais constam conselhos escolares, eleies de diretores,autonomia pedaggica e transferncia de recursos financeiros geridos pela

    unidade escolar, alm de um captulo tratando de regime de colaborao.

    28. A educao infantil de qualidade, como primeira etapa da educao bsica,deve, em conjunto com os grupos familiares, assegurar a vivncia da infnciae o desenvolvimento das dimenses intelectual, fsica, emocional, espiritual,cultural e afetiva do ser humano. Para tanto, e considerando como um direitoda criana, assegurada pelo Poder Pblico, como uma poltica bsica,universalista, garantida na Constituio Federal (CF), no Estatuto da Crianae do Adolescente (ECA), na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional(LDB) e em legislaes decorrentes.

    29.Assim, as polticas bsicas de carter pblico para a educao de crianas dezero a seis anos de idade devem estar integradas, considerando-se aspolticas especiais como complementares e nunca como substitutivas. Cabemao Poder Pblico a definio e a implantao das polticas de educaoinfantil, tendo a sociedade civil como parceira, colaboradora e controladora.

    30.A LDB definiu os papis das trs esferas do Poder Pblico na gesto daeducao infantil. Unio e aos Estados coube estabelecer, em colaborao

    com os Municpios, competncias e diretrizes curriculares, mas foi atribuda esfera municipal a incumbncia de garantir esse atendimento. Outro saltosubstancial foi a definio de padres para o profissional que trabalha narea. Com a LDB, a educao infantil conquistou um novo espao social querompeu no s com a tradicional vocao assistencialista das creches, mastambm com a noo de que a pr-escola tem uma perspectiva antecipatriada escolaridade fundamental.

    31. Dessa forma, ao Poder Pblico cumpre oportunizar aos educadores aformao, em servio, para os profissionais que no tenham habilitao

    especfica, na modalidade Normal ou em nvel superior, bem como ter, juntocom as demais mantenedoras, a preocupao com a formao continuada ecom a atualizao permanente de todos os trabalhadores em educao queatuam junto s crianas. A vinculao constitucional de recursos financeirospara a educao deve ser respeitada, asseguradas as fontes especficas paraeducao infantil de qualidade.

    32. Enquanto direito de todos, a educao infantil com qualidade social precisagarantir a integrao/incluso dos estudantes com deficincia, transtornos

    globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao, firmada naimplantao de mecanismos de atendimento educativo especial e de espaos

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    para apoio pedaggico. Faz-se necessria, tambm, a adequao dainfraestrutura fsica, tendo em vista a garantia da ampliao da oferta devagas e compatibilizao com a faixa etria da populao-alvo e asorientaes legais e tcnicas para a acessibilidade plena.

    33. No Rio Grande do Sul, a educao infantil, em 2012, conforme dados doTribunal de Contas do Estado (TCE) de 2013, alcanou 312.259 matrculas,com uma taxa de atendimento em torno de 39,84% de crianas. Destenmero, 131.868, que corresponde a 25,44% de uma populao de 517.864crianas de zero a trs anos de idade e 180.391, que corresponde a 67,84%de uma populao de 265.913 crianas na faixa etria de quatro a cinco anosde idade, sobre um total da populao alvo no Estado em torno de 783.777crianas. Essa realidade revela um crescimento importante nas matrculas,quando se considera o perodo de 2009 a 2012, registrando 28,82%, com umincremento no nmero de alunos na educao infantil na ordem de 48.216.

    34. Contudo, apesar do aumento das taxas de atendimento e matrcula nosltimos anos no RS, ainda h uma distncia considervel em relao aosndices propostos pelo PNE/2014 para a educao infantil na prximadcada. Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD),do IBGE 2012, a qual aponta ndices um pouco diferentes do TCE, opercentual de crianas que frequenta a escola na populao da faixa etria de4 a 5 anos de idade de 62,4% no RS, posio desfavorvel em

    considerao Regio Sul, com ndice de 71%, e do Brasil, que atinge78,2%. Em relao populao de 0 a 3 anos de idade que frequenta aescola, a situao se inverte, tendo o RS um ndice de 31,4%, enquanto aRegio Sul alcana 30,3% e o Brasil um ndice de 21,2%. Os dados,conforme a fonte, apresentam uma relativa diferena, mas que no significativa para a compreenso do cenrio atual e para a projeo de metas:

    Educao Infantil - AtendimentoFaixa etria da populao

    de 4 a 5 anos2010 2011 2012 2013

    Populao 277.004 269.994 263.064 256.360Matrculas 164.036 168.210 169.258 172.402Taxa de escolarizao 59,2% 62,3% 64,3% 67,2%

    Demanda potencial 112.968 101.734 93.806 83.958Populao: Dados de 2010Censo DemogrficoIBGE; Dados de 2011, 2012 e 2013Projeo calculada a partir da taxa de crescimento populacional com base nos CensosDemogrficos 2000 e 2010 (IBGE).Fonte: Censo Escolar INEP/MEC

    35. Na faixa etria de 4 a 5 anos de idade, houve a ampliao do atendimento em8.366 matrculas (5,1%), entre 2010 e 2013, com acrscimo no ltimo ano de3.144 (1,9%). H 144 municpios com demanda superior a 80 crianas. A taxade escolarizao aumentou em 8,1% no perodo. H a necessidade de

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    construo de 839 escolas infantis ou ampliao dos espaos existentes,atentando para a diminuio da populao na faixa etria, conforme projeodas pesquisas populacionais.

    36. Na faixa etria de 0 a 3 anos de idade, h, no RS, 396 municpios com a taxade escolarizao inferior a 50%, sendo que, desses, 68 municpios nooferecem Educao Infantil para crianas na faixa etria da creche. Houve aampliao do atendimento em 35.975 matrculas (33,5%) entre 2010 e 2013,com um nmero de crescimento no ltimo ano de 11.785 (8,96%). Nestafaixa, tambm se evidencia tendncia de diminuio populacional:

    Faixa etria de 0 a 3 anos 2010 2011 2012 2013Populao 506.957 492.171 477.817 463.881Matrculas 107.314 117.063 131.504 143.289

    Taxa de escolarizao 21,2% 23,8% 27,5% 30,9%399.643 375.108 346.313 320.592Fonte: Censo Escolar INEP/MEC

    37. Assim, o estado do RS, por meio dos sistemas municipais de educao e dasredes de ensino, precisa continuar ampliando de forma significativa os seusindicadores de atendimento na educao infantil. necessrio desenvolverpolticas educacionais que possibilitem a criao de novas vagas,considerando levantamentos sistemticos da demanda que captem as

    variaes da populao em idade correspondente etapa. Igualmente, se faznecessrio criar condies de cuidado e de desenvolvimento intelectual paraas crianas, superando as contingncias que a sociedade impe, como apobreza, a desnutrio, a falta de moradia e de sade, que devem serenfrentadas com atitudes abrangentes que envolvam a soluo de problemassociais em dilogo com as questes educacionais. Essas aes especficasdevem estar inseridas em um conjunto de polticas intersetoriais transporte,sade, assistncia , que contemplem a famlia e aprimorem as relaesentre escola e responsveis pelas crianas.

    38. A partir da anlise desses dados, faz-se necessrio um planejamento,principalmente da esfera municipal, considerando cada especificidade e ocaminho a percorrer at o estabelecido em nvel nacional no PNE, semdesconsiderar o regime de colaborao com o Estado e o apoio tcnico efinanceiro da Unio, atravs dos programas em vigncia e de outros quecontribuam no atendimento das demandas. Ateno especial deve ser focadanos municpios com nenhum atendimento ou muito abaixo das mdiasestadual e nacional.

    Ensino Fundamental

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    39. O Ensino Fundamental recebeu esta nomenclatura na LDB, Lei 9.394/1996,revelando uma significativa mudana de sentido conceitual. Os termos:primrio e primeiro grau carregam uma viso propedutica e hierrquica,

    enquanto o termo: fundamental traz um sentido de etapa indispensvel, em

    conformidade com o conceito de educao bsica. Apesar de ser a etapa demaior visibilidade e presena na legislao em termos de obrigatoriedade egratuidade, pouco saiu do papel antes das ltimas dcadas do sculopassado, com um lento processo de ampliao, atingindo nove anos dedurao apenas no sculo atual.

    40. A Constituio Federal de 1988, em seu artigo 208, prev a oferta de EnsinoFundamental a todos os brasileiros, inclusive para os que a ele no tiveremacesso na idade prpria. A garantia desse direito subjetivo bsica naformao do cidado, pois, de acordo com o artigo 32 da LDB, o plenodomnio da leitura, da escrita e do clculo constituem meios para odesenvolvimento da capacidade de aprender e de se relacionar tanto socialquanto politicamente.

    41. Para tanto, h que se promover a continuidade do processo dedemocratizao do Ensino Fundamental, garantindo o acesso e apermanncia com sucesso do educando na escola princpio constitucionalprevisto no Art. 206, Inciso VII, proporcionando a ele as condiesnecessrias para que obtenha xito, sem discriminao de qualquer natureza.

    Faz-se necessrio o estabelecimento de uma poltica de expanso do EnsinoFundamental, visando sua total universalizao. A trajetria com sucesso,superando uma histria de altos ndices de abandono e reprovao, um dosgrandes desafios da educao brasileira, reafirmado no PNE, mas que j foco da ateno de muitas polticas educacionais em mbito federal, estaduale municipal. Nesse sentido, podem ser citadas pelo menos quatro das 28diretrizes do Plano de Metas compromisso Todos pela Educao:

    I - estabelecer como foco a aprendizagem, apontando resultados concretosa atingir;

    II - alfabetizar as crianas at, no mximo, os oito anos de idade, aferindoos resultados por exame peridico especfico;

    III - acompanhar cada aluno da rede individualmente, mediante registro dasua frequncia e do seu desempenho em avaliaes, que devem serrealizadas periodicamente;

    IV - combater a repetncia, dadas as especificidades de cada rede, pelaadoo de prticas como aulas de reforo no contraturno, estudos derecuperao e progresso parcial. (BRASIL, 2007).

    42. O Pacto Nacional pela Alfabetizao na Idade Certa (PNAIC) um dos

    programas que, em regime de colaborao, busca o alcance dessasdiretrizes. A Resoluo 07/2010 CNE/CEB, que define as diretrizes nacionais

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    para o Ensino Fundamental de nove anos, estabelece orientaes nestadireo, fundamentadas no entendimento do direito educao comoinalienvel ao ser humano, com destaque para os seguintes excertos:

    Art. 27 Os sistemas de ensino, as escolas e os professores, com o apoiodas famlias e da comunidade, envidaro esforos para assegurar oprogresso contnuo dos alunos no que se refere ao seu desenvolvimentopleno e aquisio de aprendizagens significativas, lanando mo de todosos recursos disponveis e criando renovadas oportunidades para evitar quea trajetria escolar discente seja retardada ou indevidamente interrompida. 1 Devem, portanto, adotar as providncias necessrias para que aoperacionalizao do princpio da continuidade no seja traduzida comopromoo automtica de alunos de um ano, srie ou ciclo para o seguinte,e para que o combate repetncia no se transforme em descompromissocom o ensino e a aprendizagem.[...]Art. 29 A necessidade de assegurar aos alunos um percurso contnuo de

    aprendizagens torna imperativa a articulao de todas as etapas daeducao, especialmente do Ensino Fundamental com a Educao Infantil,dos anos iniciais e dos anos finais no interior do Ensino Fundamental, bemcomo do Ensino Fundamental com o Ensino Mdio, garantindo a qualidadeda Educao Bsica.Art. 30 Os trs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar:[...]

    IIIa continuidade da aprendizagem, tendo em conta a complexidadedo processo de alfabetizao e os prejuzos que a repetncia pode causarno Ensino Fundamental como um todo e, particularmente, na passagem doprimeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro. (CNE2010)

    43. No alinhamento com as metas do PNE, se faz necessria a anlisesituacional de vrios indicadores de qualidade da educao no RS. Nessadireo, o PEE-RS deve se constituir de aes pblicas que se proponham apensar a educao, planejar seu desenvolvimento, financiar suas aes,assegurar formao pedaggica, avaliando todas as etapas do processoeducacional. Tais indicadores sinalizam a qualidade da educao no RS, pormeio dos percentuais de aprovao, reprovao, distoro idade-srie ou anociclo e evaso ou abandono, os quais permitem perceber que os sistemas, asredes e as escolas tm gradativamente avanado na qualificao daeducao, consolidando percentuais de evaso e abandono menores e deaprovao em crescimento, porm, ainda, em uma situao distante doestado desejado para uma educao de qualidade social.

    44. Dentre os indicadores, o acesso condio imprescindvel para o alcance dauniversalizao, bem como a garantia de uma trajetria de sucesso naaprendizagem de todos, a qual se revela a partir das taxas de distoro idade-escolaridade e a evaso escolar. Neste sentido o Brasil, em 2012(IBGE/PNAD), tem taxa de atendimento de 98,2% da populao na faixaetria de seis anos a 14 anos de idade, enquanto que a Regio Sul atingiu

    98,3%. No RS, os dados demonstram ndices ligeiramente inferiores ao pas e regio, alm de um pequeno decrscimo de 2013 em relao a 2012:

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    Taxa de atendimento no EFRS2011 2012 2013*

    97,9% 98,0% 97,85%Fonte: PNAD/IBGE;

    *2013: Projeo Seduc-RS/Deplan

    45. No estado do Rio Grande do Sul, na maioria das situaes, o fato de aindahaver crianas fora da escola no tem como causa determinante o dficit devagas. Por exemplo, existem 85.839 salas de aula. Dessas, foram utilizadas80.510 salas em 2012, fenmeno explicado por uma diversidade de motivos,tais como diminuio da populao, migrao, etc. O problema estrelacionado a questes mais amplas, como a precariedade do ensino e scondies de excluso e dificuldade social em que vivem alguns segmentos

    da populao. Tambm h falta de um planejamento estratgico global queorganize e disponibilize infraestrutura para as comunidades, no qual a ofertade escolas deve estar inserida. No basta abrir vagas; programas paralelosde assistncia s famlias so fundamentais para fortalecer o acesso escola. Garantir a permanncia nela, principalmente da populao maispobre, que depende do trabalho de todos para sua subsistncia, dever doPoder Pblico e de todos os Sistemas e redes de Educao.

    46. A educao, No EF, precisa ser fator de integrao social, em que a inclusode pessoas com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento, altas

    habilidades ou superdotao, no ensino regular, seja realizada com oatendimento de profissionais docentes e multidisciplinares qualificados e coma oferta de recursos fsicos e pedaggicos adequados.

    47. Apesar dos esforos dos sistemas de ensino para o acesso e a permannciado aluno na escola no Rio Grande do Sul, preocupa a todos os envolvidoscom o Ensino Fundamental os ndices de abandono, que atingiram 1,8% em2011 e 1,6% em 2012. A Ficha de Comunicao de Aluno Infrequente (Ficai),instituda em 1997 em Porto Alegre por meio de parceria entre o MinistrioPblico, a Secretaria Estadual de Educao, a Secretaria Municipal deEducao de Porto Alegre e Conselhos Tutelares, posteriormente expandidaaos demais municpios, revisada e atualizada em 2011, ampliando asparcerias, e inserida em sistema informatizado em 2012, um dosinstrumentos que visa permanncia e ao percurso com sucesso, junto aoutros programas, como transporte escolar, alimentao escolar, sade doescolar, material escolar, etc. Todos estes programas devem seraprimorados, juntamente com a qualificao da ao pedaggica, garantindoacolhimento, acompanhamento e recuperao de estudos, enfatizando adiretriz curricular que orienta a inseparabilidade do educar e cuidar.

    48. importante ressaltar, para a proposio de estratgias que favoream o

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    fluxo escolar, os dados referentes a este indicador: no Brasil, o percentual depessoas com 16 anos de idade que concluram o Ensino Fundamental,conforme PNAD 2012, de 65,3%; na Regio Sul, o ndice sobe para 70,5%,maior do que o RS, que tem taxa de 66,9%. Assim, h um grande percentual

    fora da relao idade-escolaridade desejada. Sobre o rendimento escolar,os dados revelam que, apesar das taxas de evaso serem menores que as dopas, os ndices de aprovao so mais baixos:

    Rendimento escolarBrasil2011 2012

    AP RP AB AP RP AB87,6% 9,6% 2,8% 88,2% 9,1% 2,7%

    Rendimento escolarRS2011 2012

    AP RP AB AP RP AB85,5% 13,1% 1,4% 87,0% 11,7% 1,3%

    Fonte: INEP 2011; 2012

    49. Ressalta-se, ainda, que 374 municpios apresentaram Taxa de Aprovaosuperior a 87,0%, em 2012, enquanto122 municpios apresentaram Taxa deAprovao inferior a 87,0% no mesmo ano, os quais demandam especialateno, no mbito do regime de colaborao, para a superao dedificuldades maiores do que a maioria.

    50. Sobre a distoro idade/escolaridadeno Ensino Fundamental, os dados doINEP apontam, em 2010, os seguintes ndices: Brasil, 23,6%; regio Sul,17,8%; e RS, 22,6%, demonstrando taxas desfavorveis do estado na regioSul e relativa melhora em relao ao pas.

    51. H que se destacar, neste contexto, a taxa de alfabetizao de crianasque concluram o 3 ano do Ensino Fundamental: no Censo 2010 (IBGE)constaram 15,2% no Brasil e 6,7% no RS; a PNAD 2012 indica 97,2% noBrasil; 99,5% na Regio Sul e 99,4% no RS. Portanto, houve melhora nosndices, faltando um percentual relativamente pequeno para atingirquantitativamente a meta. Porm, h que se ressaltar a importncia daqualidade, evitando a produo de analfabetos funcionais, afirmando umprocesso de letramento qualificado.

    52. Os dados de analfabetismona populao da faixa dos 10 aos 14 anos deidadecontabilizam, em nmeros absolutos:

    Analfabetismo na faixa etria 10 a 14 anos de idade - RS2010 2011 2012

    12.671 6.000 8.000Fonte: IBGE - Censo 2010 e PNAD 2012

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    53. imprescindvel, para a superao desse quadro, privilegiar a aprendizageme o desenvolvimento dos(as) estudantes por meio de um trabalho contnuo,integrado e contextualizado no processo de construo do conhecimento, demodo a se oferecer uma educao que respeite direitos sociais e humanos,

    entrelaando o educar e o cuidar, e que precisa contar com a participao dacomunidade, um dilogo social necessrio em que escolas e comunidadesprecisam se comprometer com a construo de uma educao preocupadacom o desenvolvimento social.

    54. O desempenho nas avaliaes nacionais e internacionais, apesar das muitascrticas e problematizaes feitas sobre avaliaes padronizadas aplicadassobre grandes territrios com profundas desigualdades sociais e diversidadesculturais, indica uma escolarizao com nveis insuficientes de aprendizagem.Os resultados do ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb)demonstram uma lenta melhora neste sentido, ou manuteno de ndices.

    IdebAnos Iniciais do EFANO 2007 2009 2011

    Meta projetada 3.9 4.2 4.6BRASIL resultado 4.2 4.6 5.0

    Meta projetada 4.3 4.7 5.1RS resultado 4.6 4.9 5.1

    Fonte: INEP

    Anos iniciais - rede pblica: 199 municpios com Ideb da rede pblica superior a 5.1e 111 municpios com Ideb da Rede Pblica inferior a 5.1. Os demais municpios noproduziram Ideb em 2011.

    IdebAnos Finais do EFANO 2007 2009 2011

    Meta projetada 3.4 3.5 3.7BRASIL resultado 3.5 3.6 3.7

    Meta projetada 3.9 4.0 4.3RS resultado 3.9 4.1 4.1

    Fonte: INEP/MECAnos finais - rede pblica: 267 municpios com Ideb da rede pblica superior a 4,1 e164 municpios com Ideb da rede pblica inferior a 4,1. Os demais municpios noproduziram Ideb em 2011.

    55. Em relao s metas nacionais, o RS tem uma projeo de alcance dendices superiores, conforme a proposio do INEP, havendo necessidade deadequao/elevao na meta estadual. Os dados permitem um olhar emperspectiva no territrio estadual, bem como o entendimento de diferenas edesigualdades que devem ser tratadas pelo princpio da equidade, para que

    se consolidem avanos no s em termos de mdias do Estado, mas emmaior igualdade entre regies e municpios, em termos de qualidade social

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    para a educao. Assim, necessrio que, em nvel municipal, nos PMEs osdados sejam detalhados para o cumprimento das projees especficas,contribuindo para a elevao do ndice estadual.

    56. Diante desse contexto que se apresenta atualmente para o EnsinoFundamental no Rio Grande do Sul, importante que se promovam aespara que a educao fortalea sua participao ativa na formao poltica,social, cultural e artstica dos cidados e da sociedade em que est inserida,visando sua transformao na perspectiva humana e democrtica.

    57. Nesse sentido, se faz necessrio destacar especificidades que historicamentese constituram como desigualdades, em funo de um paradigmaeducacional excludente e padronizado, que desconhece e desvaloriza asdiferenas e caractersticas de parcelas da populao. o caso das

    populaes do campo, das comunidades indgenas e quilombolas, as quaisdevem ter sua cultura reconhecida e assumida na organizao curricular. Domesmo modo, outras parcelas da populao, como as pessoas em situaode privao de liberdade e de itinerncia, que tiveram seu acessoobstaculizado, merecem, no paradigma do direito de todos educao,estratgias especficas para superao do histrico de excluso. Aformulao de diretrizes nacionais especficas, pelo CNE, foi um importantepasso nesse sentido, mas que demanda ainda metas concretas e estratgiasde implementao.

    O Ensino Mdio

    58. O Ensino Mdio, tal como o Ensino Fundamental em relao ao Ensino de 1Grau, foi uma nomenclatura cunhada a partir da LDB, para substituir o Ensinode 2 Grau, carregando igualmente uma mudana de paradigma, seconstituindo em ltima etapa da Educao Bsica e estabelecida comodireito.A Emenda 59/2009, ao tornar obrigatria a escolaridade dos quatroaos 17 anos de idade, articulada com as aes de correo do fluxo,estabelece, de certa forma, a obrigatoriedade desta etapa de forma

    progressiva para a populao em idade consoante com a escolaridadeadequada.

    59. No pensamento educacional brasileiro, o Ensino Mdio uma etapaexaustivamente problematizada. Em um quadro histrico de educao comoprivilgio de poucos, sua organizao contribuiu para a naturalizao dasdesigualdades sociais, restrito a uma parcela pequena da populao e, aindaassim, na perspectiva da escola dual, cindido em uma proposta para as elites,propedutica, preparatria para o ingresso no nvel superior de ensino, e umaproposta de preparao para o mercado de trabalho, direcionada s camadaspopulares, tardiamente implementada.

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    60. No ano de 1909, foram criadas 19 escolas de artes e ofcios, que originaram arede federal de Ensino Mdio (EM). Em 1920, apenas um em cada milhabitantes fazia o EM. a partir da dcada de 1930 que esta etapa passa ater sua seletividade e orientao para o ensino superior questionada, sendo

    proposta como sua funo a formao para todos os setores da economia eburocracia nacional, buscando a conciliao entre funo propedutica eprpria, de formao para a vida e para o trabalho. H um fortalecimento doensino tcnico profissionalizante, com responsabilidade atribuda ao sistemafederal, articulado ao setor privado de formao profissional, por meio daao do Servio Nacional da Indstria (Senai) e Servio Nacional doComrcio (Senac). na dcada de 1930 que surge tambm o Ensino Normal,com cursos para a formao de regentes para o ensino primrio.

    61. A partir de 1950, se abriu a possibilidade de os alunos dos cursosprofissionais se transferirem para o curso secundrio e, aos diplomados dosegundo ciclo ento existente, o direito de se candidatarem aos cursossuperiores, o que era coibido ou obstaculizado nas dcadas anteriores. Umpasso frente, a LDB de 1961 estabeleceu equivalncia, para ingresso nonvel superior, entre cursos tcnicos e o secundrio. No perodo posterior, aLei 5.692/1971 aglutina primrio e primeiro ciclo do secundrio em oito anosde Ensino de 1 Grau e transforma o antigo Ginasial em 2 Grau, como cursoobrigatoriamente profissionalizante. Em 1982, essa obrigatoriedade flexibilizada.

    62. A redemocratizao do pas, configurada na Constituio Federal de 1988,trouxe avanos significativos ao campo da educao, porm, permanece adisputa entre a racionalidade econmica do setor privado, com a lgica demercado, e princpios republicanos de gesto social e afirmao de direitossociais, que intervm fortemente na constituio de uma identidade para oEnsino Mdio como ltima etapa da educao bsica (COHN, 2004). Anfase na construo de competncias em detrimento da apropriao de

    conhecimentos um exemplo da tentativa de ajuste da educao ao modelode mercado.

    63. Em contrapartida, h iniciativas de muitos setores da sociedade na afirmaode um projeto de redefinio do Ensino Mdio, ancorado nos pressupostos daformao integral, superando a dicotomia entre formao geral, cultura eformao para o trabalho. A integrao do ensino tcnico ao Ensino Mdio, oFundeb e as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio,atravs do Parecer 05/2011 e da Resoluo 02/2012 do CNE/CEB soimportantes marcos nesse sentido.

    64. Em nvel nacional, no contexto do Plano de Desenvolvimento da Educao(PDE), foi lanado o Programa Ensino Mdio Inovador (ProEMI), cujo

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    documento orientador, de 2013, aponta a Emenda 59/2009, a Meta 3 do PNEe as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio como orientadorasdo redesenho curricular proposto para o Programa, do qual constam: aumentode carga horria; aes elaboradas a partir das reas de conhecimento;

    articulao dos conhecimentos escolares com os contextos e realidades dosestudantes; foco na leitura e letramento; atividades terico-prticas queorientem a iniciao cientfica e prtica da pesquisa; uso de mdias etecnologias, dentre outros elementos. Tambm importante referir o PactoNacional pelo Fortalecimento do Ensino Mdio (PNEM), nos moldes doPNAIC, que, em regime de colaborao, traz o apoio tcnico e financeiro daUnio para a formao docente e materiais pedaggicos para as escolas dasredes pblicas de ensino.

    65. Como desafios para esta etapa, com qualidade social, se pode citar suauniversalizao, tanto para a populao em idade prpria como para jovens eadultos de mais idade que a ela no tiveram acesso; h que se superar,guardadas a diversidade e modalidades necessrias ao atendimento dasdemandas, a desigualdade na oferta, em termos de qualidade. As taxas dedesperdcio reprovao e abandono tambm se constituem emobstculos, articulados a um ndice ainda desfavorvel em relao taxalquida.

    66. Alm desses elementos, h a necessidade urgente de reformas curriculares

    que imprimam as necessidades e caractersticas da cultura juvenil, em suasdiferentes manifestaes, formao integral e integrada e uma lgicaavaliativa emancipatria, calcada na perspectiva do direito, afirmando aindissociabilidade entre o educar e o cuidar, princpio orientador para toda aEducao Bsica.

    67. Cabe ainda destacar a modalidade Normal, problematizada por ocasio dasdisposies transitrias na LDB 9.394/1996 e no prprio PNE para o perodo2014/2024, mas, considerando a insuficincia de formao dos educadoresque atuam em especial na educao infantil e importncia deste curso na

    trajetria de formao dos professores, se evidencia como uma importanteestratgia, na atual conjuntura, de formao mnima para a atuao nestaetapa, base para as formaes posteriores no campo profissional daeducao.

    68. No RS, o EM ofertado em 1.475 estabelecimentos, com a participaomajoritria da rede estadual de ensino, em percentual de 84,8% dasmatrculas em 2013, embora tenha havido nos ltimos anos uma expanso darede federal. No perodo de 2010 a 2013, houve expanso de 44

    estabelecimentos de Ensino Mdio, sendo que na rede estadual ocrescimento foi de 27 estabelecimentos:

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    Ano 2013Rede Estabelecimentos Matrculas

    Estadual 1.080 336.435Municipal 24 5.725

    Federal 30 9.814Particular 341 44.060Fonte: INEPCenso escolar 2013

    69. Considerando a responsabilidade dos entes federados definida na CF e naLDB, bem como a proporo significativamente superior pela rede estadual deensino, importante referir que a mesma empreendeu uma reestruturaocurricular a partir de 2011 (Seduc-RS, 2011), com base em uma anlisediagnstica que destacou a situao preocupante do Estado nesta etapa daEducao Bsica, quanto aos ndices de acesso e aproveitamento, figurando

    entre os piores do pas. Tambm foram destacadas as condies precrias deinfraestrutura das escolas, a fragmentao curricular, a falta de valorizaodos profissionais em educao.

    70. A referida reorganizao implementou o Ensino Mdio Politcnico, com aampliao da carga horria. No currculo, se enfatizou a dimenso da

    politecnia, com a articulao das reas do conhecimento e suas tecnologiascom os eixos Cultura, Cincia, Tecnologia e Trabalho, visando construodo conhecimento inserido na formao para a vivncia cidad. A relaoteoria-prtica privilegiada na organizao curricular por meio de seminrios

    integrados e projetos de pesquisa, possibilitando a construo de projetos devida para a insero qualificada e crtica na sociedade e no mundo dotrabalho. Como princpios orientadores, foram definidos a indissociabilidadeda relao parte-todo e entre teoria-prtica na compreenso dos fenmenos,o reconhecimento dos saberes construdos nas prticas sociais, a avaliaoemancipatria e a pesquisa como referencial terico-metodolgico naapropriao dos conhecimentos.

    71. O Curso Normal ofertado pela rede estadual de ensino tambm sofreu

    reforma curricular, com base nos mesmos princpios para o EM Politcnico,enfocando a relao teoria-prtica e a pesquisa na formao de professorespara os Anos Iniciais do Ensino Fundamental (EF) e para a Educao Infantil(EI).

    72. Em termos de anlise, imprescindvel ainda o registro da situaoeducacional da populao na faixa de 15 anos a 17 anos de idade. Deacordo com os dados do INEP, em 2012 o ndice de jovens que frequentou aescola foi de 84,2% no Brasil; 81,7% na Regio Sul; e 83,1% no RS, abaixo,portanto da mdia nacional, ainda que ligeiramente superior mdia da

    regio, revelando um grande nmero de jovens na idade obrigatria que noesto na escola.

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    Taxa de atendimento de 15 a 17 anos - Brasil2011 2012 2013

    83,7% 84,2% -Taxa de atendimento de 15 a 17 anos - RS

    2011 2012 201383,6% 83,1% 85,6%Fonte: PNAD/IBGE / DEPLAN/SEDUC2013

    73. A Taxa lquida de matrcula, em 2012, teve os seguintes ndices: 54,1% noBrasil; 57,3% na Regio Sul; 53,8% no RS, reveladores de uma realidadebastante desfavorvel, com pouco mais da metade das matrculas para osjovens na idade correspondente ao EM. As taxas de aproveitamento escolartambm demonstram um grande desafio a superar:

    Aprovao (AP), reprovao (RP) e abandono (AB)Brasil

    2011 2012AP RP AB AP RP AB

    77,4% 13,1% 9,5% 78,7% 12,2% 9,1%Aprovao (AP), reprovao (RP) e abandono (AB) RS

    2011 2012AP RP AB AP RP AB

    69,2% 20,7% 10,1% 70,7% 17,9% 11,7%Fonte: INEP Censo Escolar

    74. Sobre os resultados do Ideb, a pontuao revela que o RS ficou abaixo dameta projetada em 2007 e 2011, sendo que o ltimo resultado ficou abaixo daaferio anterior:

    IdebENSINO MDIOANO 2007 2009 2011

    Meta projetada 3.4 3.5 3.7BRASIL resultado 3.5 3.6 3.7

    Meta projetada 3.8 3.9 4.0RS resultado 3.7 3.9 3.7

    Fonte: INEP - IDEB

    75. Assim como no EF, as projees para o Estado esto acima da projeonacional, portanto, h que se adequar os ndices esperados na metaestadual.

    76. Portanto, os dados revelam enormes desafios para o alcance da meta doPNE e, em consequncia, para o pleno desfruto do direito educao pelajuventude em idade correspondente ao EM.

    Educao Profissional

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    77. A Lei de Diretrizes e Bases para a Educao Nacional de 1996 prev formasde articulao entre o Ensino Mdio e a Educao Profissional tcnica denvel mdio, atribuindo a deciso de adoo dessas articulaes s redes einstituies escolares. O Decreto 5/2004 e a Lei 11.741/2008 normatizaram a

    articulao da Educao Profissional com o Ensino Mdio, nas formasintegrada, concomitante ou subsequente. O Parecer 39/2004 do CNE propeque a integrao entre Educao Profissional e Ensino Mdio no pode serorganizada em partes distintas. Trata-se, como define o parecer, de um cursonico, com um projeto pedaggico nico, com proposta curricular nica e commatrcula nica, tendo a sua carga horria total ampliada, contemplando ascargas horrias mnimas para a formao geral e para a formaoprofissional.

    78. A Resoluo CNE/CEB 2/2012, em seu artigo 7, que define diretrizescurriculares nacionais para o Ensino Mdio, aponta para a organizaocurricular nacional uma base comum e uma parte diversificada, que nodevem constituir blocos distintos, mas um todo integrado. Dessa forma,abrem-se espaos para que outros componentes curriculares, a critrio dossistemas de ensino e das unidades escolares e definidos em seus projetospolticos-pedaggicos, possam ser includos no currculo, sendo tratados oucomo disciplinas ou com outros formatos, preferencialmente, de formatransversal.

    79. Assim,o currculo da Educao Profissional integrada ao Ensino Mdio deveassegurar aes que promovam a educao tecnolgica bsica, acompreenso do significado das cincias, das letras, das artes e da cultura,dos processos histricos e das transformaes da sociedade e o estudo dalngua portuguesa como instrumento de comunicao, acesso aoconhecimento e exerccio da cidadania. O trabalho como princpio educativo,a pesquisa como princpio pedaggico e os direitos humanos como princpionorteador, permeando todo o currculo, para promover o respeito aos direitose convivncia humana, devem ser desenvolvidos como prticas educativasintegradas, contnuas e permanentes. No se pode perder, nesta organizaocurricular, o princpio orientador de toda a Educao Bsica, qual seja, odireito de toda pessoa ao pleno desenvolvimento, e em especial nesta faixaetria, a correspondente responsabilidade do poder pblico, da famlia e detoda a sociedade em promover uma formao integral, que articule o educar ecuidar como basilares no currculo das instituies de ensino.

    80. Desse modo, a educao profissional constitui-se forma de construo de umprojeto de desenvolvimento social e econmico equilibrado, integra o conjuntode aes que visam agregar qualidade social educao ao desenvolvimento

    das pessoas, das comunidades e do Estado. Portanto, na relao com aformao geral que os saberes constituem sentidos, enquanto conhecimentos

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    especficos no contexto da formao tcnica, num determinado momentohistrico e espao social.

    81. A meta colocada no PNE para a Educao Profissional a ampliao das

    matrculas para 4.808.838 em nmeros absolutos, no segmento pblico. Osdados do Censo Escolar da Educao Bsica em 2013 so os seguintes:Brasil, com 1.602.946; a Regio Sul, com 178.965; e no RS, so 77.411matrculas, alm de 15.265 na Educao profissional integrada ao EnsinoMdio. Em relao ao nmero de matrculas na rede pblica, constam900.519 no Brasil e 81.299 na regio sul. No Estado, o censo escolar 2013revela os seguintes dados:

    EDUCAO PROFISSIONAL NVEL TCNICODEPENDNCIA

    ADMINISTRATIVA

    N matrculas Percentual

    Rede estadual 25.626 33%Rede municipal 1.187 1,5%

    Rede federal 8.799 11%Rede privada 41.799 54%

    Fonte: INEP

    82. Os dados indicam um percentual relativamente alto na rede privada,demandando, portanto, estratgias que viabilizem o acesso e a ampliaocom gratuidade, conforme a meta PNE. Ao serem computadas as matrculas

    da EP integrada ao EM, temos 92.676 matrculas no setor pblico, compercentual de 44% de cobertura pela rede estadual de ensino, subindo para55% o percentual de matrculas no setor pblico. Assim, para alinhamentocom a meta nacional, necessria a ampliao em 154.822 matrculas,sendo 77.411 no setor pblico, contando exclusivamente com a rede estaduale federal, j que provavelmente na rede municipal as matrculas ou semantm, ou diminuiro, pela competncia dos entes federados.

    83. Cabe referir, considerando o papel preponderante da rede estadual de ensinona consecuo da meta apontada no PNE, a reorganizao curricular

    empreendida pela Secretaria Estadual de Educao do RS, inserida nareforma curricular do EM, j referida anteriormente, tambm na EducaoProfissional integrada ao EM.

    84. Na anlise diagnstica que precedeu a proposta de reforma, a Seduc RS(2011) aponta: os cursos ofertados pela rede pblica estadual no refletiamas caractersticas regionais, tomando por referncia a caracterizaoeconmica dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs) e osarranjos produtivos locais, tampouco o crescimento da recuperao dasatividades econmicas no RS em diferentes reas. Havia baixa incidncia decursos ligados s novas tecnologias, o que afastava a oferta da demanda

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    solicitada pela sociedade no que se refere ao desenvolvimento tecnolgico. Oeixo gesto e negcios predominava a oferta, pela facilidade/baixo custofinanceiro, sem dilogo com a demanda social e econmica. Assim, os cursosno dialogavam com as cadeias produtivas e estavam organizados de forma

    desarticulada; os ndices de reprovao atingiam em torno de 33% e deevaso em 44%, o que revelador de uma rede de escolas sem projetopedaggico articulado e com dificuldades em dialogar com os desejos e asnecessidades da comunidade escolar e da sociedade em geral. No haviasinalizao de revitalizao ou mudana de paradigma.

    85. A partir deste cenrio, a Seduc RS implementou a reorganizao, tambm nocontexto da reforma geral do EM, fundamentada nos princpios gerais jdestacados, alm de privilegiar o desenvolvimento local como eixoorganizador da oferta, sem descuidar das articulaes com o mundocontemporneo em sua dimenso global, nacional e regional. A ofertaatualmente nas formas subsequente e integrada ao EM, sendo a ltima aprioridade da Secretaria. A forma concomitante realizada por meio doPrograma Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e Emprego (Pronatec), emparceria com o Sistema S e Institutos Federais, os quais j contam cominfraestrutura adequada. As diretrizes para a oferta de novos cursos so:harmonizao com as necessidades dos Arranjos Produtivos Locais e nfaseno eixo tecnolgico Ambiente e Sade. A reorganizao proposta se encontraem curso, buscando superar a lgica das competncias e habilidades

    marcadas pelo mercado por uma concepo pedaggica caracterizada pelainterdisciplinaridade, pesquisa, entre outros, com algumas dificuldades deprover os recursos humanos e financeiros necessrios.

    86. Em 2013, a rede pblica estadual contou com 51 cursos tcnicos inseridosem 11 eixos tecnolgicos. Predominou a forma subsequente, com 257 cursos,seguida por 85 cursos na forma concomitante e 79 cursos na forma integrada.H 27 escolas agrcolas, 59% no campo e 41% em zona urbana,implementando uma poltica curricular agroecolgica. Assim, apesar dasdificuldades enfrentadas, a ampliao de matrculas est acompanhada, nosltimos anos, de uma proposta de reestruturao curricular que revitalize a EPna direo da articulao com a formao cidad, as demandas da sociedadeatual e o mundo do trabalho.

    87. A educao profissional deve se constituir como um projeto educacional queatenda s necessidades do mundo do trabalho, mas que tenha na suacentralidade o sujeito e a sociedade, a partir de uma proposta de formaointegral, que considere o desenvolvimento local como eixo organizador dametodologia de ensino-aprendizagem. Metodologia que possibilita ler os

    contedos tcnicos em pauta, de forma a relacionar as atividades produtivas

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    s quais est vinculada com a sua insero e interaes com o mundocontemporneo, formando estudantes e cidados.

    88. Por fim, se destaca um grande desafio nacional para toda a Educao Bsica,

    a fim de se igualar tardiamente a um processo mundial: a expanso no sprevista em termos de anos de escolarizao obrigatria na EC 59/2009, masem termos de tempo de permanncia na escola, ou seja,tempo integral,apartir de uma concepo de educao integral, que no cumpra uma lgicade mais do mesmo, mas revitalize o currculo numa perspectiva do educar e

    cuidar, tecendo as dimenses educacionais com as culturais, esportivas e delazer. Os dados revelam (INEP, Censo Escolar 2013) neste indicador que, noBrasil, 34% das escolas ofertam pelo menos 7h dirias em atividadesescolares; na Regio Sul, o percentual de 47,5%; no RS, 43,5%; opercentual de estudantes que permanecem em atividade nesta jornadaescolar de 13,2% no Brasil; 14,9% na Regio Sul; e 15% no RS.

    89. Portanto, os ndices do Estado demonstram uma situao inferior ao ndice daregio, mas superior s taxas do pas, o que permite uma qualificao dameta em nvel estadual. Para atingir a meta proposta para a educao emtempo integral com qualidade no Estado, h que se fazer muitosinvestimentos, que devero ser planejados de forma articulada pelas esferasestadual e municipal, contando com apoio tcnico e financeiro da Unio.

    90. A partir desta breve anlise situacional da Educao Bsica, seguem asmetas e estratgias referentes a esta etapa, alinhadas ao PNE.

    Metas e estratgias PEE-RS

    Meta 1PNE: universalizar, at 2016, a educao infantil na pr-escola para ascrianas de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educaoinfantil em creches de forma a atender, no mnimo, 50% (cinquenta por cento) das

    crianas de at 3 (trs) anos at o final da vigncia deste PNE.

    Meta PEE-RS: universalizar, at 2016, a educao infantil na pr-escolapara as crianas de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade em todos osmunicpios e ampliar a oferta de educao infantil em creches de formaa atender, no mnimo, 50% (cinquenta por cento) das crianas de at 3(trs) anos at o final da vigncia deste PEE-RS, ampliando o percentualna faixa etria da creche nos municpios onde a meta do PNE j estiveralcanada, conforme os PMEs.

    91. - priorizar, a partir da aprovao deste PEE-RS, nos sistemas e nas redes deeducao dos municpios do estado do Rio Grande do Sul o acesso

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    educao infantil e fomentar polticas pblicas, em regime de colaborao,que fortaleam a capacidade dos sistemas e das redes de ensino, paraampliar a oferta de atendimento educacional com qualidade e equidade socialem alinhamento ao que prope o PNE;

    92. - definir um planejamento estratgico, sob responsabilidade de Seduc-RS eUnio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educao (Undime), que, noprazo de dois anos aps a aprovao do PEE, viabilize polticas em regime decolaborao entre o Estado, os Municpios e a Unio, que assegurem aefetivao das metas de expanso das respectivas redes pblicas e privadaspara a Educao Infantil, com referncia nas metas propostas no PNE/2014;

    93. - definir, no mbito de cada municpio, estratgias e aes para o progressivocumprimento da meta, de forma a atingir, at 2016, o correspondente a 100%

    do percentual definido para o atendimento da faixa de 4 a 5 anos de idade;

    94. - definir, no mbito de cada municpio, estratgias e aes para o progressivocumprimento da meta, de forma a atingir, nos primeiros cinco anos devigncia, o correspondente metade do percentual definido pela metanacional para o atendimento da faixa de 0 a 3 anos de idade;

    95. - elaborar e desenvolver plano de ao, coordenado por Seduc-RS e Undime,em regime de colaborao entre rgos pblicos da educao, da sade, daassistncia social, do Ministrio Pblico e das representaes da sociedadecivil, orientando formas de busca ativa de crianas em idade correspondente educao infantil, preservando o direito de opo da famlia em relao scrianas de at 3 (trs) anos e assegurando o direito constitucional educao escolar obrigatria, a todas as crianas a partir dos 4 (quatro) anos;

    96. - estabelecer, sob responsabilidade do Conselho Estadual de Educao e dosConselhos Municipais, em regime de colaborao, no primeiro ano devigncia do PEE, normas, procedimentos, prazos para definio demecanismos de consulta pblica da demanda das famlias por creches e por

    pr-escola, verificando indicadores em relao ao que se propem as metasestadual e nacional, em regime de colaborao;

    97. - realizar periodicamente, em todos os municpios, em regime de colaborao,sob responsabilidade da Seduc-RS e secretarias municipais de Educao,chamada pblica para a faixa etria da pr-escola (4 anos a 5 anos de idade);

    98. - realizar anualmente, a partir da aprovao deste Plano, censos educacionaisem todos os sistemas de ensino, estabelecendo estratgias de levantamentode dados sobre a Educao infantil (0 a 5 anos) para caracterizar, por

    municpio e regio, a demanda reprimida e a necessidade por vagas;

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    99. - fazer cumprir, em todos os sistemas de ensino, as exigncias mnimas dequalidade para o funcionamento adequado das instituies de EducaoInfantil pblicas e privadas, de forma a atender todas as crianas, respeitandoas diversidades regionais, assegurando o atendimento das caractersticas das

    distintas faixas etrias e das necessidades nos processos educativos, comorecomendam as Resolues dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipais;

    100. - assegurar, por meio de aes dos rgos administrativos enormativos dos sistemas, que em dois anos a partir da aprovao desteplano, todos os municpios, todas as redes e sistemas de educao tenhamdefinido suas polticas para a educao infantil, com base nas diretrizesnacionais, estaduais e municipais e em observncia as metas dos PNE doPEE e dos PMEs;

    101. - estabelecer, em todos os municpios, a partir da vigncia deste plano,em articulao com as instituies de ensino superior que tenham experinciana rea, um sistema de acompanhamento da EI, nos estabelecimentospblicos e privados, visando ao apoio tcnico-pedaggico para a melhoria daqualidade e garantia do cumprimento dos padres mnimos estabelecidospelas diretrizes nacionais e estaduais;

    102. - criar condies de fiscalizar e fazer cumprir a regulamentao dasinstituies de educao infantil dos sistema estadual e municipais de ensino,

    no prazo mximo de dois anos a partir da vigncia deste PEE, aprimorandonormativas e mecanismos de acompanhamento e controle no mbito de cadasistema, em ao articulada com o Ministrio Pblico;

    103. - assegurar permanentemente, por meio de aes dos rgosadministradores e normatizadores dos sistemas de ensino, infraestruturanecessria para um trabalho pedaggico de qualidade, desde a construofsica, at os espaos de recreao e ludicidade, a adequao deequipamentos nas escolas existentes, tecnologias, acessibilidade, assimcomo naquelas a serem criadas, de acordo com as exigncias dos

    respectivos sistemas de ensino;

    104. - manter e ampliar, em regime de colaborao e respeitadas as normasde acessibilidade, vnculos com o programa nacional de construo ereestruturao de escolas, bem como de aquisio de equipamentos, visando expanso e melhoria da rede fsica de escolas pblicas de educaoinfantil;

    105. - efetivar mecanismos de colaborao, sob a coordenao dos rgosadministradores e normatizadores dos sistemas, entre os setores de

    educao, da sade e da assistncia social, no sentido de atender as

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    necessidades mnimas para o bem-estar da criana, definidos em cada planomunicipal;

    106. - assegurar, pelos sistemas de ensino, que em trs anos todas as

    instituies de educao infantil tenham formulado seus projetos poltico-pedaggicos e regimentos escolares, com a participao das comunidadesenvolvidas, adequando-os s normas dos respectivos sistemas de ensino;

    107. - organizar, a partir da vigncia deste Plano, um sistema anual deinformaes estatsticas e de divulgao da avaliao da poltica deatendimento da Educao Infantil no Estado, sob a responsabilidade daSeduc-RS e Undime;

    108. - incluir as instituies de educao infantil existentes no Rio Grande

    do Sul no sistema nacional de estatsticas educacionais, no prazo de trsanos;

    109. - fortalecer mecanismos de acompanhamento e monitoramento doacesso e da permanncia das crianas na educao infantil, em especial dosbeneficirios de programas de transferncia de renda, em colaborao comas famlias e com os rgos pblicos de assistncia social, sade e proteo infncia;

    110. - realizar periodicamente, em regime de colaborao, levantamento da

    demanda por creche para a populao de at 3 (trs) anos, como forma deplanejar a oferta e verificar o atendimento da demanda manifesta;

    111. - priorizar o acesso educao infantil e promover a oferta doatendimento educacional especializado complementar e suplementar aos (s)alunos(as) com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidades ou superdotao, assegurando a educao bilngue para crianassurdas e a transversalidade da educao especial nesta etapa da educaobsica;

    112. - promover o atendimento das populaes do campo, indgenas equilombolas na educao infantil nas respectivas comunidades, de forma aatender as suas especificidades, particularidades histricas e culturais,assegurando o direito Educao;

    113. - garantir, por meio de aes das secretarias municipais de Educao,o acesso educao infantil em tempo integral para as crianas que estoem creches e pr-escolas, conforme o estabelecido nas DiretrizesCurriculares Nacionais para a Educao Infantil, at o final do plano;

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    114. - promover a formao inicial e continuada dos profissionais (docentese no docentes) da Educao Infantil, garantindo, progressivamente(conforme prazo definido na meta especfica), o atendimento por profissionaiscom formao superior;

    115. - assegurar a formao mnima estabelecida em lei para todos ostrabalhadores em educao que atuam nas instituies de educao infantil,aprimorando mecanismos de acompanhamento e controle por parte dosrgos administrativos e normativos dos sistemas, em articulao comMinistrio Pblico;

    116. - efetivar programas de Formao de Profissionais de Educaoinfantil, em parceria entre Estado e municpios, a fim de que em cinco (5)anos, todos os dirigentes de instituies de educao infantil obtenham

    formao mnima em curso normal e, em dez (10) anos, com formao emnvel superior; e que, em cinco (5) anos, todos os professores obtenhamhabilitao especfica, modalidade normal e, em dez (10) anos, 100% delesobtenham formao especfica de nvel superior.

    117. - garantir a oferta, conforme demanda, de cursos de Ensino Mdio,modalidade Normal com habilitao em educao infantil, inclusive no turnoda noite, bem como cursos de ensino superior ofertados no Estado do RS.

    118. - estabelecer parcerias entre as redes estadual, municipal e escolasprivadas de ensino para a promoo de cursos de capacitao de professoresde educao infantil, visando capacitar 50% dos profissionais em cinco anos e100% em dez anos, constituindo-se em programas de educao continuada.

    119. - garantir formao continuada aos professores da educao infantilpara atuarem na incluso de crianas com deficincia, transtornos globais dodesenvolvimento, altas habilidades ou superdotao em classes comuns, pormeio de aes articuladas da Seduc-RS e secretarias municipais deEducao;

    120. - efetivar polticas em regime de colaborao entre estado, municpiose instituies de ensino superior, para qualificar os profissionais da EducaoInfantil, ampliando as possibilidades da graduao, extenso e ps-graduao.

    Meta 2PNE: universalizar o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos para toda apopulao de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventae cinco por cento) dos alunos concluam esta etapa na idade recomendada, at oltimo ano de vigncia deste PNE.

    Meta PEE: universalizar o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos para toda a

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    populao de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que no mnimo 80%(oitenta por cento) dos estudantes concluam essa etapa na idaderecomendada at 2019 e pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dosalunos, at o ltimo ano de vigncia deste PEE-RS.

    121. - elaborar planejamento detalhado de aes, no primeiro ano do PEE,em regime de colaborao, precedido de sistematizao e anlise dos dadossobre o acesso ao EF, visando sua universalizao, no prazo de dois anos, eassegurar o direito educao, matrcula e permanncia dos estudantes,cumprindo o que indica a Constituio Federal no que se refere obrigatoriedade da concluso do Ensino Fundamental, envolvendo osmunicpios e o estado, atravs das Coordenadorias RegionaisCRE/Seduc-RS e das secretarias municipais de Educao, demandando o apoio tcnico efinanceiro da Unio;

    122. criar, sob responsabilidade das secretarias municipais de Educao eSecretaria Estadual de Educao, no prazo de um (1) ano da aprovao doPEE, mecanismos para o acompanhamento individualizado dos(as)alunos(as) do Ensino Fundamental, fortalecendo o monitoramento do acesso,da permanncia e avaliando o aproveitamento escolar dos estudantes, emespecial os beneficirios de programas de transferncia de renda;

    123. - elaborar planejamento detalhado de aes, no primeiro ano do PEE-

    RS, em regime de colaborao, precedido de sistematizao e anlise dosdados sobre a distoro idade-escolaridade no EF, envolvendo os municpiose o estado, atravs das Coordenadorias Regionais de Educao(CREs/Seduc-RS) e secretarias municipais de Educao, demandando oapoio tcnico e financeiro da Unio, estabelecendo metas parciais porperodo, conforme a situao de cada municpio, com vistas ao alcance dameta estabelecida;

    124. - regularizar o fluxo escolar no mbito de cada sistema de ensino, pormeio de aes planejadas pelos rgos gestores, reduzindo

    progressivamente as taxas de repetncia e de evaso por meio de apoiopedaggico, programas de acelerao da aprendizagem, recuperaoconcomitante ao longo do curso e recursos materiais e humanos quegarantam aprendizagem com qualidade;

    125. - orientar, sob responsabilidade da Seduc-RS e secretarias municipaisde Educao, a avaliao institucional das unidades de ensino emonitoramento da aprendizagem dos estudantes, a partir de dimenses eindicadores que considerem as diretrizes curriculares do Ensino Fundamentalde 9 anos, com periodicidade anual, a partir do primeiro ano de vigncia destePEE-RS, visando ao alcance da meta em cada escola;

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    126. - qualificar e aprofundar permanentemente a organizao poltico-pedaggica das instituies educacionais dos sistemas de ensino, soborientao da Seduc-RS em articulao com as secretarias municipais deEducao, com vistas ao atendimento do processo de desenvolvimento e

    aprendizagem de todas as crianas e jovens no Ensino Fundamental;

    127. - promover, atravs de planejamento conjunto entre Seduc-RS esecretarias municipais de Educao, a aproximao entre propostaspedaggicas das redes municipais e da rede estadual de ensino, a partir dodesenvolvimento de polticas de formao docente e da anlise das aesdesencadeadas no conjunto das redes de ensino, visando ao alcance dameta;

    128. - garantir permanentemente, por parte das mantenedoras, recursos

    financeiros que possam suprir as necessidades pedaggicas, os recursoshumanos e a manuteno dos espaos criados a partir da universalizao,visando permanncia e aprendizagem efetiva de todos educandos, assimcomo prever recursos financeiros para espaos que vierem a ser criados;

    129. - promover de forma sistemtica, a partir da aprovao do PEE-RS,sob responsabilidade compartilhada da Seduc-RS e secretarias municipais deEducao, a busca ativa de crianas e adolescentes fora da escola,fortalecendo parcerias com rgos pblicos de assistncia social, sade e

    proteo infncia, adolescncia e juventude para diminuir os ndices deevaso e abandono em todas as etapas do Ensino Fundamental;

    130. - realizar, anualmente, em parceria da Seduc-RS e secretariasmunicipais com entidades estaduais e municipais, mapeamento, por meio decenso educacional, das crianas e dos adolescentes que se encontram forada escola, visando localizar a demanda e garantir a universalizao da ofertado ensino obrigatrio;

    131. - elaborar, sob coordenao dos rgos administradores e

    normatizadores dos sistemas, no prazo de um ano, documento com ospadres mnimos estaduais de infraestrutura fsica para o EnsinoFundamental, compatveis com o tamanho dos estabelecimentos de ensino ecom as realidades regionais, incluindo, alm dos recursos humanosnecessrios, as diretrizes apontadas no PNE/2014 e no atual PEE-RS.

    132. - autorizar, no mbito dos sistemas de ensino, por ao dos rgosnormativos dos sistemas, a partir do segundo ano da vigncia deste PEE, aconstruo e o funcionamento somente de escolas que atendam aosrequisitos de infraestrutura definidos pelas legislaes nacional, estadual e

    municipais.

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    133. - incentivar a participao dos pais ou responsveis noacompanhamento das atividades escolares dos filhos, por meio doestreitamento das relaes entre as escolas e as famlias, fortalecendo osconselhos escolares com a presena das comunidades nas gestes

    escolares, bem como prevendo aes nos projetos poltico-pedaggicos eregimentos escolares das instituies de ensino;

    134. - priorizar a alfabetizao como um processo ao longo de todo o EnsinoFundamental, entendendo o compromisso como de todas as reas doconhecimento, expressa em todas as propostas pedaggicas das instituiesde Ensino Fundamental, por meio de aes de acompanhamento eassessoria das mantenedoras;

    135. garantir, sob responsabilidade da Seduc-RS e secretarias municipais

    de Educao, a oferta do Ensino Fundamental, em especial dos anos iniciais,para as populaes do campo, indgenas e quilombolas, nas prpriascomunidades, fortalecendo formas diferenciadas de oferta para o EnsinoFundamental, que garantam a qualidade social da educao;

    136. - desenvolver tecnologias pedaggicas e materiais didticos, sob acoordenao da Seduc-RS e secretarias municipais de ensino, quecombinem, de maneira articulada, a organizao do tempo e das atividadesdidticas entre a escola e o ambiente comunitrio, considerando as

    especificidades da educao especial, das escolas do campo e dascomunidades indgenas e quilombolas;

    137. - qualificar e ampliar permanentemente, a partir de planejamento daSeduc-RS com as secretarias municipais de ensino e fiscalizao dosconselhos de educao, em nvel de cada sistema, a partir da vigncia dopresente PEE, as polticas de acessibilidade plena e de incluso nosSistemas de Ensino regular, promovendo as adaptaes fsicas, decomunicao e de currculo, ampliando os servios de AtendimentoEducacional Especializado, necessrio ao acesso e permanncia de todos

    os estudantes, segundo as legislaes para a educao especial naperspectiva da incluso, em vigncia;

    138. - possibilitar a alunos e professores a qualificao e a inclusosociodigital por meio do acesso s novas tecnologias educacionais, por meioda instalao de laboratrios de informtica, equipamentos multimdia,cincias, idiomas, bibliotecas, videotecas e outros em todos osestabelecimentos de ensino do estado do Rio Grande do Sul, na redeestadual e redes municipais, at o ltimo ano de vigncia deste PEE;

    139. - investir na formao inicial e continuada dos profissionais do EnsinoFundamental, atendendo s peculiaridades locais e tipologia das

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    instituies, como