plano estadual de educaÇÃo - acre 2015

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PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

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Documento base para elaboração do Plano Estadual de Educação/Acre que será encaminhado para a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Acre. .Sugestões podem ser enviadas pelos emails: [email protected]@gmail.comParticipe.

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  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Apresentao

    O Plano Estadual de Educao que ora se apresenta para discusso com a sociedade acreana

    um marco na histria da educao em nosso Estado. E, para expressar o compromisso com

    polticas educacionais, geradoras de avanos na qualidade da educao pblica, faz-se

    necessrio que o poder pblico, a sociedade civil e os movimentos sociais se articulem e

    participem dos debates na perspectiva de construirmos uma educao de qualidade,

    democrtica, inclusiva e socialmente referenciada.

    Este Plano ser o primeiro a ser institudo por Lei, mas ele no a nossa primeira experincia

    em construo de trabalhos dessa natureza. Em observncia Lei n 10.172, de 09 de janeiro

    de 2001, que instituiu o Plano Nacional de Educao para o perodo de 2001 a 2010, foi

    desencadeado um amplo processo de reflexo e discusso com o setor educacional para a

    elaborao do Plano Estadual de Educao, sob a coordenao do Conselho Estadual de

    Educao (CEE).

    O processo de construo coletiva daquele plano iniciou-se com a formao de uma comisso

    composta pelos diversos rgos e entidades educacionais e desenvolveu-se com a realizao

    de um ciclo de debates nas escolas, regionais e municpios, culminando com a elaborao das

    propostas-base que foram discutidas, votadas e pactuadas no Seminrio Estadual do Plano

    Estadual de Educao, realizado no anfiteatro da Universidade Federal do Acre em novembro

    de 2001, com a participao de delegados eleitos em todos os municpios do Estado.

    O aludido Plano, referendado no Seminrio Estadual, no chegou a ser encaminhado

    ALEAC, em razo de no previso oramentria para a efetivao das estratgias e da ento

    incipiente articulao com os municpios e a Unio para o efetivo trabalho em Regime de

    Colaborao. Desse modo, o trabalho ateve-se s metas e estratgias, consoantes s

    orientaes do documento nacional. Contudo, o referido Plano norteou as polticas

    educacionais implementadas no perodo 2001-2010.

    Nesse contexto, importante destacar que as metas e estratgias estabelecidas no documento

    aprovado poca foram superadas, em quase sua totalidade, mas a inexpressiva participao

    dos diferentes segmentos da sociedade tanto nas discusses como no acompanhamento e na

    avaliao das metas e estratgias fez com que essas conquistas no fossem reconhecidas,

    inclusive pelos trabalhadores/as em educao. Essa experincia nos ensinou a lio de que

    imprescindvel uma mobilizao permanente para assegurar a participao de toda a

    sociedade nas discusses e debates que envolvem o PEE, posto que as responsabilidades e

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    corresponsabilidades, atribuies complementares e colaborativas s podero ser

    compartilhadas se conhecidas e assumidas por todos.

    A Emenda Constitucional n. 59/2009 ao definir os Planos Estaduais, Distrital e Municipais

    de Educao como articuladores de um Sistema Nacional de Educao, inaugura um novo e

    importante marco legal para a educao brasileira, ampliando as responsabilidades de cada

    ente federado de maneira articulada e em colaborao com as demais esferas da administrao

    pblica. O comprometimento com os objetivos do Sistema Nacional traduz a compreenso de

    que uma poltica pblica dessa natureza tem como nus o real atendimento da populao com

    a qualidade que a cidadania hodierna requer e traz em sua essncia o sentido e o sentimento

    de coletividade como pressupostos da democracia, entendida como instrumento de promoo

    da equidade e da justia social.

    A arrancada para a elaborao do PNE 2014/2024 foi proposta pela CONAE. A

    CONAE/2014, planejada e organizada durante os anos de 2011 e 2012, proporcionou

    educao acreana um perodo especial na construo das polticas pblicas para o setor

    educativo, constituindo-se espao de deliberao e participao coletiva, envolvendo

    diferentes segmentos, setores e profissionais interessados na construo de polticas de Estado

    para a educao do Acre.

    O trabalho de elaborao do Plano Estadual de Educao do Acre para a dcada 2014/2024,

    sob os auspcios da Lei Federal N 13.005/2014, efetiva-se com a instituio do Frum

    Estadual de Educao, em 24 de agosto de 2012, atravs da Portaria n 4.497, com a funo

    de coordenar as Conferncias municipais, inter-municipais e estaduais, com representao das

    seguintes entidades: Secretaria de Estado de Educao e Esporte (SEE); Conselho Estadual de

    Educao (CEE); Unio dos Dirigentes de Educao (UNDIME) Acre; Universidade Federal

    do Acre (UFAC); Instituto Federal do Acre (IFAC); Instituto de Educao Profissional Dom

    Moacyr (IDM); Assemblia Legislativa do Estado do Acre (ALEAC); Ministrio Pblico

    Estadual (MPE); Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE); Sistema S - SESI/SENAI,

    SESC/SENAC, SEST/SENAT, SENAR e SEBRAE; Sindicato dos Trabalhadores em

    Educao do Acre (SINTEAC); Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (SINPLAC);

    Colegiado dos Dirigentes de Escolas Pblicas do Acre (CODEP); Casa do Estudante Acreano

    (CEA); Diretrio Central dos Estudantes (DCE/UFAC); Central nica dos Trabalhadores

    (CUT); Federao dos Trabalhadores na Agricultura do Acre (FETACRE); Conselho de

    Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB e Coordenadoria Estadual da Associao

    Nacional pela Formao dos Profissionais da Educao (ANFOPE).

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    A elaborao dos Planos Municipais teve como etapa inicial um ciclo de debates e discusses

    em cada um dos municpios acerca da realidade educacional local para se identificar avanos

    e desafios, com o propsito de fundamentar o trabalho a ser realizado durante as Conferncias

    Regionais, nas quais foram discutidas e definidas as aes e os passos necessrios para a

    elaborao do PME em cada um dos municpios.

    As Conferncias Regionais realizaram-se nos seguintes Plos: Plcido de Castro e

    Acrelndia; Senador Guiomard e Capixaba; Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mncio

    Lima; Rio Branco , Bujari e Porto Acre; Feij e Tarauac; Brasileia, Assis Brasil e

    Epitaciolndia; Xapuri; Santa Rosa; Marechal Thaumaturgo; Porto Walter.

    Como resultado das Conferncias Regionais, uma srie de aes foi desenvolvida nos

    municpios para a construo e elaborao dos Planos Municipais, dentre as quais,

    destacamos:

    levantamento de dados e informaes educacionais para a elaborao do diagnstico

    da educao do municpio. O diagnstico base para a definio das metas,

    estratgias, condies e desafios tcnicos, financeiros e polticos dos referidos Planos -

    foi realizado a partir das orientaes tcnicas do Frum Estadual de Educao.

    construo de um conjunto de metas e estratgias coerentes com o PNE;

    elaborao de um conjunto de indicadores.

    ato Normativo e Formao de uma comisso Coordenadora com representantes da

    sociedade para debater a proposta do PME, atravs do Frum ou do conselho

    Municipal de Educao;

    encaminhamento do Documento-Base Comisso Coordenadora para anlise e

    compatibilizao das metas e estratgias.

    A etapa seguinte teve sua culminncia com a realizao da Conferncia Estadual no perodo

    de 11 a 13 de setembro de 2013, no anfiteatro da Universidade Federal do Acre, em

    conformidade com as recomendaes do CONAE, tendo como assemblia convocada a

    totalidade dos municpios, atravs dos delegados eleitos em todos os municpios do Estado

    durante as Conferncias Municipais e Regionais e uma participao ampla e representativa

    dos sistemas de ensino, das entidades de trabalhadores/as da educao, de representantes dos

    poderes Executivo, Legislativo e Judicirio; de entidades e organizaes de pais/mes e de

    estudantes, dos movimentos de afirmao da diversidade e dos Conselhos de Educao. A

    referida Conferncia foi marcada por um intenso debate sobre todas as temticas relacionadas

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    s metas e estratgias municipais constantes do Documento-Base do Plano Estadual,

    elaborado pela Comisso Coordenadora a partir dos documentos base dos municpios.

    Vale ressaltar que este PPE tem suas metas e estratgias alinhadas ao Plano Nacional de

    Educao, com vistas consolidao do Sistema Estadual de Educao do Acre - institudo

    atravs da Lei 1.694 de 21 de dezembro de 2005 - e expressa o compromisso poltico do

    Estado de trabalhar em articulao com os demais entes federados, com o propsito de

    promover mudanas na poltica educacional capazes de alavancar as conquistas alcanadas

    pela educao acreana nos ltimos dezesseis anos. O compromisso e a efetiva participao de

    todos sero fundamentais para o alcance das metas, entendidas como geradoras e propulsoras

    de um maior legado educacional para a presente gerao e as que viro. Afinal, os

    destinatrios deste Plano somos todos ns, com responsabilidades distintas por coloc-lo em

    curso e que vo desde os oramentos pblicos e seus executores cotidianidade da sala de

    aula, onde o projeto poltico pedaggico se concretiza e a qualidade pode fincar razes a partir

    do trabalho e do envolvimento coletivo de professores, gestores, alunos, famlias e

    comunidade, em prol de uma educao de qualidade para todos os que aqui vivem.

    Cabe salientar que a efetivao deste PEE no se encerra com a sua elaborao, haja vista a

    necessidade de institu-lo como um Plano de Estado que perpassa a temporalidade de uma

    gesto e incorpora a pluralidade e os diferentes olhares de todos os atores envolvidos e da

    sociedade civil, devendo, desse modo, transcender instncias administrativas da educao,

    sejam elas pblicas ou privadas. As metas e estratgias carecero de acompanhamento e

    avaliao sistemticos para os ajustes que se faro necessrios diante de conquistas e de novos

    desafios que se tornaro realidade ao longo desta empreitada.

    H aqui metas e responsabilidades para todos: a Unio, com a perspectiva do acesso ao

    Ensino Superior, o Estado e os municpios com o atendimento na Educao Bsica, mas h,

    sobretudo, o sentimento de que somente com o esforo conjunto de todos teremos a

    concretizao de um Plano que contemple as aspiraes e necessidades de cada um e de todos

    na construo de um novo tempo na educao acreana.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    ANTEPROJETO DE LEI N_____, DE _____ DE ________________ DE 2015.

    Aprova o Plano Estadual de Educao para o

    decnio 2015 2024 e d outras providncias.

    O GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE

    FAO SABER que a Assemblia Legislativa do Estado do Acre decreta e eu

    sanciono a seguinte Lei:

    Art. 1 Fica aprovado o Plano Estadual de Educao de que trata o Art. 199, da

    Constituio Estadual de 1989, para o perodo decenal 2015-2024, nos termos do art. 8 da

    Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, que instituiu o Plano Nacional de Educao.

    CAPTULO I

    DASDIRETRIZES

    Art. 2. So diretrizes do Plano Estadual de Educao:

    I valorizao social dos profissionais da educao;

    II - erradicao do analfabetismo;

    II universalizao do acesso Educao Bsica;

    III reduo das desigualdades educacionais no Estado com a promoo da incluso e

    ampliao das oportunidades, com nfase no combate a todas as formas de discriminao.

    IV melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem;

    V - promoo da gesto democrtica ampliando a participao das famlias,

    profissionais da educao e da sociedade na organizao, definio, execuo,

    acompanhamento e controle das polticas pblicas de educao;

    VI promoo dos princpios do respeito aos direitos humanos e diversidade scio-

    cultural

    VII - formao para o trabalho e para a cidadania com nfase nos valores morais e

    ticos nos quais se fundamenta a sociedade acreana e o desenvolvimento do Estado.

    VIII promoo humanstica, cientfica, cultural e tecnolgica do Estado;

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    IX preservao da natureza em defesa do equilbrio ecolgico, considerando o ideal

    de sustentabilidade e do desenvolvimento socioambiental.

    X integrao da educao pblica com as polticas de desenvolvimento sustentvel,

    cientfico e tecnolgico do Estado.

    CAPTULO II

    DOS OBJETIVOS

    Art. 4. So objetivos do Plano Estadual de Educao:

    I reduzir, progressivamente, a taxa de analfabetismo, com vistas sua erradicao

    definitiva, garantindo a continuidade de estudos na Educao de Jovens e Adultos;

    II ampliar, progressivamente, o acesso Educao Infantil e aos Ensinos

    Fundamental e Mdio, com vistas universalizao;

    III garantir a equidade no atendimento educacional, com isonomia nas

    oportunidades, nas condies para o acesso e permanncia na Educao Bsica e nos padres

    mnimos de qualidade do ensino aos alunos da zona urbana e da zona rural;

    IV implementar, de acordo com a Base Nacional comum, currculos que contribuam

    com os esperados desenvolvimentos epistemolgicos, filosficos, biopsicossocias, cientficos,

    tecnolgicos e culturais, inerentes ao processo de desenvolvimento do ensino e da

    aprendizagem, com adoo de prticas acadmicas adequadas s necessidade e possibilidades

    dos alunos, a qualificao para o trabalho e o preparo para o exerccio da cidadania.

    V - promover a educao inclusiva, garantindo a todos o direito ao acesso escola de

    qualidade, que atenda aos mltiplos interesses, necessidades e possibilidades de

    aprendizagem;

    VI - promover a educao diferenciada que possibilite:

    a) Ampliar as oportunidades de oferta da Educao Especial em qualidade, de acordo

    com as necessidades da demanda;

    b) s comunidades indgenas o direito ao acesso escola, a valorizao de suas

    culturas no prprio sistema educacional, o ensino bilngue e processos prprios de

    aprendizagem;

    c) implementar as polticas e as diretrizes de Educao das relaes etnicorraciais nas

    prticas escolares e no cotidiano da sociedade brasileira, visando a democratizao

    da igualdade racial e da justia social;

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    VII promover a expanso e a democratizao da Educao Profissional integrada s

    diferentes formas de educao, ao trabalho, a cincia e a tecnologia, com vistas ao

    desenvolvimento sustentvel e s aptides para a vida produtiva;

    VIII - ampliar as oportunidades de Ensino Superior aos jovens acreanos, conforme

    critrios de ingresso estabelecidos pelo sistema de ensino;

    IX orientar e apoiar as escolas:

    a) na definio de critrios de qualidade do ensino;

    b) na reduo dos ndices de reprovao e evaso;

    c) na correo dos ndices de distoro idade-srie a partir de programas especiais de

    acelerao de aprendizagens.

    X ampliar as oportunidades de ingresso, formao, promoo e melhoria salarial para

    os profissionais da educao pblica.

    XI ampliar as matrculas em escolas de tempo integral;

    XII Avaliar, fortalecer e aprimorar a participao responsvel da gesto escolar do

    sistema pblico da educao no completo alcance dos objetivos de melhoria da qualidade do

    ensino, do envolvimento das famlias, dos profissionais da educao e da sociedade no

    processo.

    Art. 5. As metas previstas no Anexo nico desta Lei sero cumpridas no perodo de

    vigncia do PEE em conformidade com as estratgias especficas.

    Art. 6. A execuo e o cumprimento das metas do PEE sero objeto de

    monitoramento e avaliao peridica realizado pelas seguintes instncias:

    I Secretaria de Estado de Educao e Esporte (SEE);

    II - Comisso de Educao da Assemblia Legislativa do Estado do Acre (ALEAC);

    III - Conselho Estadual de Educao (CEE);

    IV - Frum Estadual de Educao.

    Pargrafo nico. Compete, ainda, s instncias referidas no Art. 6:

    I - divulgar os resultados do monitoramento e das avaliaes do PEE nos respectivos

    stios institucionais da internet;

    II - analisar e propor polticas pblicas para assegurar a implementao das estratgias

    e o cumprimento das metas do PEE;

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    III - analisar e propor a reviso das estratgias do PEE.

    Art. 7. O Estado do Acre promover a realizao de pelo menos 2 (duas)

    conferncias estaduais de educao durante a vigncia do Plano Estadual de Educao,

    precedidas de conferncias municipais, articuladas e coordenadas pelo Frum Estadual de

    Educao.

    Art. 8. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Rio Branco, __ de _______ de 2015, ___ da Repblica, ___ do Tratado de

    Petrpolis e __ do Estado do Acre.

    TIO VIANA

    Governador do Estado do Acre

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Uma breve histria da Educao no Acre

    O Acre est situado no extremo sudoeste da Amaznia, corresponde a 4% da rea amaznica

    brasileira e a 1,9% do territrio nacional. Com uma rea de 164.123 km e uma populao de

    776.463 habitantes em 2013 (Acre em Nmeros 2013), faz fronteiras internacionais com o

    Peru e a Bolvia e nacionais com os estados do Amazonas e de Rondnia.

    O Estado constitudo de 22 municpios e divide-se em duas macrorregies Vale do Acre

    e Vale do Juru - e, em 5 regionais de desenvolvimento - Alto Acre, Baixo Acre, Purus,

    Tarauac/Envira e Juru- as quais seguem a distribuio das bacias hidrogrficas dos

    principais rios acreanos. Atualmente, 76,56% da populao concentra-se nas reas urbanas,

    sobretudo na capital Rio Branco, com cerca de 60% da populao do Estado.

    A regio onde est situado o Acre, j era ocupada por povos indgenas, muito antes da

    chegada dos colonizadores. H mais de cinco mil anos, uma migrao de cerca de 50 grupos

    indgenas, das famlias lingusticas Aruak e Pano, provenientes da sia, ocuparam toda a

    Amrica do Sul, habitando tambm o Acre. Segundo registros arqueolgicos recentes, o

    povoamento humano do Acre pode ter iniciado at mesmo entre 20 e 10 mil anos atrs.

    A ocupao do territrio do Acre teve incio com o primeiro ciclo econmico da borracha, por

    volta de 1800, que vinha suprir a demanda industrial da Europa e dos Estados Unidos da

    Amrica, ligada Revoluo Industrial. A inveno do automvel na Alemanha, a inveno

    do pneumtico e a produo de automveis em srie nos Estados Unidos acarretaram uma

    demanda de borracha em todo o mundo, e os seringais nativos da Amaznia representavam a

    maior fonte de matria prima.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    O Acre era quem mais produzia borracha na poca, entretanto a distncia geogrfica natural

    fez com que o poder poltico fosse exercido pelas Casas Aviadoras de Blem ou Manaus e

    mesmo pelo prprio Rio de Janeiro, no contexto poltico formal,de capital do Imprio.

    Os brasileiros que aqui chegaram, a maioria nordestinos, criam na prtica um territrio

    independente e passam a exigir sua anexao ao Brasil. Mas, a riqueza gerada pelo comrcio

    da borracha fez a Bolvia ocupar em 1899 o territrio, fundando Puerto Alonso hoje Porto

    Acre e comear a recolher impostos.

    Os brasileiros se revoltaram e os conflitos armados s terminaram com a assinatura do

    Tratado de Petrpolis, em 17 de novembro de 1903, pelo qual o Brasil recebe a posse

    definitiva da regio em troca de reas no Mato Grosso, do pagamento de 2 milhes de libras

    esterlinas e do compromisso de construir a estrada Madeira-Mamor.

    A incorporao do Acre, entretanto, ocorreu na forma de territrio e no como Estado

    independente, com forte dependncia do poder executivo federal. Assim, a autonomia poltica

    tornou-se a nova bandeira de luta do povo acreano, o que vem a ocorrer em 15 de junho de

    1962, quando o presidente Joo Goulart sanciona a lei que eleva o territrio do Acre

    categoria de Estado.

    Os principais problemas sociais ocorreram com a atrao da populao rural para os centros

    urbanos, pela possibilidade de trabalho e de acesso aos benefcios ofertados pelos servios

    pblicos, sade e educao, incidindo negativamente nas condies de vida dessas

    populaes. Melhorar o desempenho desses servios tanto na rea rural como urbana, como

    forma de melhorar a vida do povo acreano, tem sido o fundamento das polticas pblicas

    implementadas a partir do ano 2000. Para subsidiar as polticas pblicas e as aes da

    sociedade civil, o Governo do Estado do Acre vem envidando esforos no sentido de produzir

    e divulgar informaes que retratem a realidade socioeconmica do Estado e que possam

    auxiliar nas tomadas de decises, especialmente do setor pblico, posto que as

    responsabilidades do poder pblico ganham maior relevo em situaes de altas desigualdades.

    A Educao em quase todos os pases do mundo, especialmente nos mais desenvolvidos,

    parte integrante das polticas sociais e parte do ncleo do sistema de promoo social por sua

    capacidade de ampliar as oportunidades e resultados para indivduos e famlias, alm de ser

    elemento estratgico para as transformaes produtivas, substrato do desenvolvimento

    sustentvel e de uma sociedade mais justa e equnime.

    Os baixos indicadores educacionais do Acre colocavam a educao do Estado entre os piores

    do Pas neste aspecto do desenvolvimento humano. Entendendo ser a Educao ncora do

    desenvolvimento da cidadania plena e fator preponderante do desenvolvimento econmico e

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    social, o governo comea, nos anos 2000, a realizar grandes investimentos na recuperao da

    infraestrutura fsica das escolas e na formao dos professores das redes de ensino, buscando

    construir as condies estruturantes para a melhoria continua e gradativa da qualidade da

    educao pblica do Acre.

    Cnscio de seu dever constitucional com a educao de todas as crianas, adolescentes,

    jovens e adultos que aqui vivem, o governo do Acre, atravs da Secretaria de Estado de

    Educao e Esporte, desenvolve ao longo dos ltimos dezesseis anos, em colaborao com a

    Unio e os municpios acreanos, programas e projetos gestados a partir das necessidades

    educacionais das populaes, com reconhecimento da diversidade e especificidades como

    marca de identidade cultural, com vistas a garantir o acesso, a permanncia e o sucesso dos

    alunos dos sistemas pblicos de ensino do Acre. Mas, para alm do sucesso acadmico, os

    programas e projetos desenvolvidos pela SEE, tm como premissa o entendimento de que

    preciso que o espao escolar se configure territrio de convergncia de polticas pblicas de

    proteo aos direitos e polo irradiador da consolidao e defesa dos direitos humanos, pois

    como nos lembra Umberto Eco ...educar para a tolerncia adultos que atiram uns nos

    outros por motivos tnicos ou religiosos, pura perda de tempo. H que se combater a

    intolerncia na mais tenra infncia, antes que se torne uma casca comportamental dura e

    espessa demais.

    Sob a gide dos valores inerentes cidadania e dignidade humana, o governo vem

    empreendendo esforos para efetivar, ampliar e consolidar parcerias com os demais entes

    federados, com rgos governamentais e no governamentais e com a sociedade civil

    organizada, no sentido de cumprir a Misso Estratgica de garantir Educao de Qualidade

    para Todos, atravs de um Sistema Pblico de Educao que se pretende eficiente, eficaz e

    com a efetividade necessria realizao dos anseios educacionais da populao acreana.

    O Estado do Acre apresenta significativos avanos na consolidao do Sistema Pblico de

    Educao na ltima dcada. O desenvolvimento, a continuidade e a avaliao das polticas

    implementadas, possibilitou tanto a melhoria da qualidade de vida da populao como a

    melhoria dos indicadores educacionais.

    O Relatrio do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD 2013 - revela

    que o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Acre avanou 61% no perodo 2000 -

    2010, enquanto o avano do Brasil foi de 47%. Sem dvida, esse nmero revela conquistas

    importantes, porm no o suficiente para que o Estado alcance um patamar de

    desenvolvimento capaz de garantir um padro de vida condizente com a dignidade humana,

    para todos os segmentos da populao acreana. O progresso conquistado e a a tendncia so

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    muito favorveis, posto que, de todos o indicadores que compem o ndice de

    Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) o que mais cresceu no perodo foi a Educao,

    como aponta o referido Relatrio: Entre 2000 e 2010 O IDHM passou de 0,517 em 2000

    para 0,663 em 2010 - uma taxa de crescimento de 28,24%. O hiato de desenvolvimento

    humano, ou seja, a distncia entre o IDHM da UF e o limite mximo do ndice, que 1, foi

    reduzido em 69,77% entre 2000 e 2010. Nesse perodo, a dimenso cujo ndice mais cresceu

    em termos absolutos foi Educao (com crescimento de 0,234), seguida por Longevidade e

    por Renda. (Relatrio Brasil, PNUD, 2013).

    Ao longo da histria do nosso Estado, a educao esteve majoritariamente sob a tutela

    estadual no que diz respeito ao atendimento de todas as etapas da Educao Bsica. neste

    contexto que, em 2005, comea a se tornar realidade o Regime de Colaborao entre o Estado

    e os Municpios com o reordenamento da rede fsica, a tipificao das escolas e a instituio

    da Matrcula Cidad, alm do incio do processo de municipalizao da Educao Infantil e

    do compartilhamento do trabalho pedaggico nas escolas de 1 a 4 srie do Ensino

    Fundamental, ao tempo em que ocorre o processo de estadualizao da etapa final do Ensino

    Fundamental e do Ensino Mdio.

    O exemplo mais exitoso dessa experincia que pode ser considerada o embrio do Sistema

    Pblico da Educao do Acre, ocorreu em Rio Branco, em funo das condies polticas

    favorveis ao dilogo e ao trabalho em parceria. Tomando como referncia a diviso da

    cidade em sete regionais, a rede pblica de ensino foi reorganizada de modo que em cada uma

    das regionais, todos os nveis de ensino estavam contemplados, em escolas com atendimento

    exclusivo aos alunos de Educao Infantil, de 1 a 4 srie, da 5 a 8 srie e do Ensino Mdio.

    Tal tipificao ocorreu como resposta as seguintes demandas:

    necessidade de ampliao da oferta de vagas na Educao Bsica;

    necessidade de se definir o perfil das escolas para a constituio de padres bsicos

    de qualidade;

    fim das filas para efetuar matrcula, uma vez que ao concluir uma etapa da Educao

    Bsica, a escola encaminha o aluno para uma unidade de ensino da etapa seguinte,

    na mesma regional. Aos pais e/ou responsveis cabe apenas a confirmao da

    matrcula na referida unidade escolar;

    garantia de os alunos estudarem o mais prximo de suas residncias;

    otimizao dos espaos e do quadro de profissionais existentes nas duas redes.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Com o reordenamento da rede alguns elementos inovadores so agregados gesto do Ensino

    Pblico, tais como:

    a concepo do Sistema Pblico de Ensino;

    o Municpio como protagonista das polticas pblicas para a infncia e responsvel

    pelo atendimento Pr-escola e ao Ensino Fundamental de 1 a 4 srie;

    o Estado assume as polticas pblicas para a juventude, as sries finais do Ensino

    Fundamental e o Ensino Mdio;

    fluxo de matrculas e de lotao de professores entre as redes, possibilitando

    racionalizar e potencializar o tempo pedaggico do professor e o planejamento

    escolar;

    organizao das escolas por regional.

    Os resultados mais importantes de tal empreitada foram:

    criao do fluxo de matrcula e de lotao de professores entre as redes;

    ampliao de aproximadamente 1700 novas matrculas, apenas com o reordenamento

    da rede fsica;

    definio do padro bsico para as diferentes etapas da Educao Bsica:

    a) Educao Infantil.

    Creche - mximo de 04 salas (02 a 03 anos).

    Pr-escola - mximo de 06 salas de aula.

    b) Ensino Fundamental.

    1 a 4 sries at 10 salas de aula.

    5 a 8 Sries at 12 salas de aula.

    c) Ensino Mdio at 14 salas de aula.

    trmino das filas para efetivao das matrculas.

    Entendendo que o processo de municipalizao tambm responsabilidade da esfera estadual,

    o Governo do Acre realizou, com os municpios, um processo planejado, criterioso e

    gradativo de transferncia das escolas infantis e do 1 ao 5 ano, de modo que a

    municipalidade dispusesse do tempo necessrio para arcar com os custos de manuteno das

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    referidas unidades escolares. Alm disso, estabeleceu parcerias com entidades pblicas e

    privadas sem fins lucrativos, para atender as demandas de ampliao de matrculas nessas

    etapas da Educao Bsica, sobretudo na Educao Infantil, como estratgia de fortalecimento

    da municipalidade para a ampliao de matrculas, enquanto novas escolas eram construdas.

    Podemos citar como exemplo, o convnio celebrado entre a SEE e as Obras sociais da

    Diocese de Rio Branco, em 2007, atravs do qual foi possvel ampliar a expanso do

    atendimento na pr-escola em 1.545 novas matrculas.

    oportuno salientar que a extenso geogrfica aliada rarefao demogrfica onde se

    perdiam seringueiros, colonos e naes indgenas foram os motivos evocados para a secular

    justificativa da inrcia governamental, principalmente quanto ao isolamento e ao abono a que

    foram relegadas essas populaes. A grande alavancada veio da constituio de 1988, que

    teria que ser, como o fora, aliada conscincia poltica dos governadores, ao esprito

    guerreiro da gente acreana e capacidade tcnica e inventiva de uma equipe comprometida

    com mudanas ao alcance de todos, quando passam, ento, a considerar e a dimensionar

    comunidades at ento relegadas. Para tal feito, o Governo do Estado busca parcerias e

    implementa projetos e programas com vistas a alcanar essas comunidades, garantindo-lhes o

    direito educacional a que fazem jus. nesse contexto que em 2008 tem incio o Projeto de

    Incluso Social e Econmica do Acre (PROACRE) em parceria com o Banco Mundial.

    Os objetivos do referido Programa visam assegurar s crianas e adolescentes que vivem nas

    reas mais remotas e carentes do Estado, o acesso a programas de Educao Infantil, Ensino

    Fundamental e Ensino Mdio e aos jovens e adultos vivendo nessas reas, acesso a programas

    de alfabetizao e de desenvolvimento de habilidades de educao continuada. A populao

    dessas reas foi, ento, dividida em comunidades, em funo da disperso ou concentrao

    demogrfica.

    Naquele momento, definiu-se que o agrupamento dessas comunidades seria realizado em

    Zonas de Atendimento Prioritrio (ZAP). As referidas ZAPs so caracterizadas por grupos de

    famlias, dispersas ou concentradas, que ocupam um territrio definido, localizadas nas zonas

    rural (assentamentos tradicionais, assentamentos diferenciados, unidades de conservao e

    terras indgenas) e urbana (basicamente, fundos de vale), que apresentavam nveis

    diferenciados de acesso aos servios pblicos bsicos, tendncia a nveis de pobreza elevados,

    alta e mdia vulnerabilidade ambiental e, predominantemente, baixo capital social.

    Na zona rural do Estado, as ZAPs so constitudas por trs tipos de comunidades com

    diferentes tamanhos, cultura e grau de vulnerabilidade ambiental, descritas a seguir:

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    CAU - Comunidade de Atendimento Universal: so as comunidades que tm como

    principais caractersticas a alta disperso e a baixa densidade demogrfica, dificuldade

    de acesso, bem como baixo nvel de organizao social local. So comunidades que

    apresentam, em mdia, 1 a 4 famlias.

    CAP - Comunidade de Atendimento Prioritrio: so comunidades que podem estar

    dispersas ou concentradas e j possuem uma maior densidade demogrfica e

    acessibilidade que possibilita certo nvel de articulao com outras comunidades de

    maior porte. Geralmente, esto associadas a uma melhor organizao comunitria. So

    comunidades que apresentam cerca de 5 a 30 famlias.

    COP - Comunidade Plo: so comunidades plos que, pelo seu capital social,

    tamanho, grau de atrao e influncia sobre outras comunidades representam um

    territrio de convergncia de aes e contribuem para a consolidao de atividades

    econmicas indutoras do desenvolvimento local. Estas comunidades apresentam, em

    mdia, mais de 30 famlias.

    Para cada tipo de comunidade definiu-se um conjunto de medidas que favorecessem a oferta

    de servios educacionais com qualidade. Para a oferta da educao em CAUs e CAPs foram

    desenvolvidos os seguintes programas:

    a) Asinhas da Florestania Infantil: programa de atendimento domiciliar para crianas

    de 4 e 5 anos;

    b) Escola Ativa: estratgia metodolgica de atendimento aos alunos do 1 ao 5 ano, de

    comunidades rurais de difcil acesso, em classes multisseriadas;

    c) Asas da Florestania Fundamental: oferta de ensino do 6 ao 9 com professor

    unidocente em comunidades rurais;

    d) Asas da Florestania Mdio: oferta de ensino para alunos do 1 ao 3 ano do Ensino

    Mdio, organizado a partir das grandes reas do currculo;

    e) ALFA 100: programa de alfabetizao de jovens e adultos;

    f) EJA: Educao de Jovens e Adultos.

    Nas Comunidades Polo (COP), definiu-se que o PROACRE fortaleceria o atendimento

    ofertado pela SEE de modo a ampliar o acesso escola e a melhorar a aprendizagem dos

    alunos. A educao nesta comunidade seria ofertada atravs dos seguintes nveis de ensino:

    Educao Infantil;

    anos iniciais do Ensino Fundamental;

    anos finais do Ensino Fundamental;

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Ensino Mdio;

    ALFA 100;

    EJA;

    subprojetos escolares.

    Nas ZAPs urbanas, as aes tinham como foco a melhoria dos indicadores educacionais como

    distoro idade-srie, ndice de aprovao e melhoria da aprendizagem escolar, verificada

    atravs de avaliaes externas. As aes do PROACRE previram intervenes nos seguintes

    nveis de ensino e projetos:

    Educao Infantil;

    anos iniciais do Ensino Fundamental;

    anos finais do Ensino Fundamental;

    Ensino Mdio;

    ALFA 100;

    EJA;

    acelerao da aprendizagem para os anos iniciais do Ensino Fundamental;

    acelerao da aprendizagem para os anos finais do Ensino Fundamental.

    O ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (IDEB) foi pactuado como indicador geral

    do projeto. O IDEB verificado bianualmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas

    Educacionais do Ministrio da Educao (INEP).

    Nessa caminhada rumo efetivao dos direitos educacionais de todos os que aqui vivem,

    alm do PROACRE, outros programas e projetos realizados foram decisivos para que os

    avanos educacionais conquistados pela populao acreana se traduzissem em elevao do

    patamar da qualidade da educao do Acre e em melhoria da qualidade de vida das pessoas.

    Dentre essas aes, destacamos as que produziram impacto significado na ampliao da

    oferta, no fortalecimento e autonomia da escola e na qualidade do atendimento:

    implementao do Ensino Fundamental de 9 anos, em 2008, precedido de um processo

    de formao para os professores docentes que atuavam nas classes de crianas de 6 e 7

    anos;

    Implementao, em 2007, do PROA Programa de Avaliao do Processo de

    Alfabetizao, em parceria com a Secretaria Municipal de Educao de Rio Branco,

    embrio do Sistema Estadual de Avaliao da Aprendizagem Escolar (SEAPE). O

    objetivo principal de tais avaliaes foi nortear as aes de formao continuada para

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    professores alfabetizadores e orientar as aes de acompanhamento pedaggico s

    escolas;

    implementao do Sistema Estadual de Avaliao da Aprendizagem Escolar (SEAPE)

    que permite identificar as fragilidades das aprendizagens por escola, turmas e alunos.

    As informaes geradas a partir do desempenho dos alunos devem subsidiam tanto o

    planejamento da escola, como o trabalho das equipes que assessoram

    pedagogicamente as escolas, de modo que as formaes e as orientaes pedaggicas

    levem em conta as necessidades das aprendizagens dos alunos. Alm dos aspectos

    pedaggicos, a avaliao averigua o clima escolar e a situao socioeconmica dos

    alunos por meio de questionrios contextuais.

    formao continuada para professores e outros Profissionais da Educao Bsica,

    projeto que visa ofertar formao continuada para professores e outros profissionais da

    rede pblica de ensino, em todas as etapas, modalidades e disciplinas, com nfase na

    alfabetizao e nas disciplinas de Lngua Portuguesa e Matemtica;

    elaborao das Orientaes Curriculares para o Ensino Fundamental como parte

    constitutiva das aes de formao continuada de professores, coordenadores

    pedaggicos e gestores.

    parcerias com Prefeituras e rgos Pblicos para construo e ampliao dos espaos

    escolares, transporte escolar, produo de materiais didtico-pedaggicos e formao

    inicial e continuada de professores.

    Programa Dinheiro Direto na Escola do Governo do Estado do Acre (PDDE

    Estadual). Assistncia financeira s escolas pblicas, que permite pequenos consertos,

    reparos, aquisio de material de limpeza, material de consumo, bandas, manuteno

    dos instrumentos de bandas e fanfarras, aquisio de uniforme escolar etc).

    certificao para a funo de gestor escolar.

    programa de Escolarizao da Merenda Escolar (aquisio de gneros alimentcios de

    produtores locais).

    ampliao da Jornada Escolar com a instituio do sexto tempo, alm da

    implementao das aes do Programa Mais Educao, em parceria com o Governo

    Federal.

    implementao do Ensino Mdio integrado ao mundo do trabalho. Essa ao

    desenvolvida atravs da oferta de Educao de Jovens e Adultos, em parceria com o

    Ministrio da Educao.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    implantao do Programa de reestruturao curricular do Ensino Mdio Inovador

    (PROEMI).

    programa de acelerao da aprendizagem para alunos em distoro idade-srie, atravs

    dos Projetos: Tempo de Aprender, que atende alunos do 1 ao 5 ano e realizado

    em parceria com as redes municipais de educao; Poronga para os estudantes do 6

    ao 9 ano do EF e PEEM - proposta pedaggica pensada para jovens e adultos em

    distoro nesta etapa, sintonizada com as bases legais nacionais, centrada nos

    princpios da co-responsabilidade no exerccio da liberdade do aprender a aprender, do

    ensinar, do pesquisar e de valorizar e divulgar a cultura, o pensamento a arte e o saber;

    compromisso com a educao de qualidade e vinculao entre a educao, o mundo

    do trabalho e a prtica social.

    projeto promoo da Educao Indgena que tem como escopo a formao de

    professores indgenas e o acompanhamento e monitoramento de escolas indgenas das

    redes estadual e municipais. A oferta de ensino feita nas trs etapas: fundamental I,

    fundamental II e mdio, de acordo com o que preconiza a Resoluo do Conselho

    Nacional de Educao n 05 de 22 de junho de 2012, que define as Diretrizes

    Curriculares Nacionais da Educao Escolar Indgena na Educao Bsica.

    promoo da Educao Especial (Atendimento Educacional Especializado - AEE).

    Este projeto fundamenta-se na Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva

    da Educao Inclusiva, que tem como objetivo assegurar a incluso escolar de alunos

    com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

    habilidades/superdotao, para garantir: acesso ao ensino regular, com participao,

    aprendizagem e continuidade nos nveis mais elevados do ensino; transversalidade da

    modalidade de educao especial em todas as etapas de ensino; oferta do atendimento

    educacional especializado; formao para o atendimento educacional especializado

    para professores e demais profissionais da educao para a incluso; participao da

    famlia e da comunidade; acessibilidade arquitetnica, nos transportes, nos

    mobilirios, nas comunicaes e informao; e articulao intersetorial na

    implementao das polticas pblicas.

    Um dos grandes desafios enfrentados pelo governo estadual foi a formao de todos os

    professores para garantir a qualidade desses servios e atender as exigncias da LDB,

    promulgada em 1996. Dados do Censo Escolar e do Setor de Estatstica da SEE mostram no

    ano 2000, 6.000 professores compunham o quadro efetivo, dentre os quais 1.700 eram leigos

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    e apenas 26,6% tinham nvel superior. Para alterar esse quadro, o Governo do Estado do Acre

    construiu, em parceria com o MEC/UFAC e Prefeituras um programa de formao de

    professores a ser desenvolvido em quatro etapas: a primeira etapa foi realizada entre os anos

    2001 e 2005 e formou 4.558 professores da zona urbana de 18 municpios nas diferentes

    licenciaturas; a segunda etapa se concretizou de 2006 a 2011 e formou 2.500 professores da

    zona rural em todas as licenciaturas; a terceira etapa ocorreu de 2006 a 2010, com a formao

    de 720 professores de 6 municpios de difcil acesso; e a quarta etapa de 2007 a 2011, em

    parceria com a UNB e a UAB, formando 2.023 professores. Esse programa teve um grande

    impacto na qualificao dos professores e mesmo na autoestima do corpo docente.

    Destarte as conquistas alcanadas preciso considerar que ao tratarmos da universalizao da

    Educao Bsica, a anlise dos dados aponta enormes desafios tanto em mbito nacional

    como local, especialmente no que diz respeito ao atendimento educacional com a qualidade

    necessria cidadania de nossas crianas, adolescentes, jovens e adultos. Os desafios

    educacionais se agigantam quando analisamos as profundas desigualdades regionais que ainda

    persistem em nosso Pas, expressas no fato de as regies Norte e Nordeste concentrarem os

    piores indicadores educacionais do Pas, e a superao de tais iniquidades s possvel sob a

    tica republicana, ou seja, os entes federados atuando de forma articulada e colaborativa, sob

    os auspcios de um Sistema Nacional de Educao, sob pena de o Pas no alcanar o

    patamar da qualidade educacional necessria ao desenvolvimento sustentvel e a equidade

    entre as diferentes redes do ensino brasileiro.

    Na pespectiva de superao das desigualdades, o Acre vem desde o ano 2000 enfrentando

    seus problemas atravs da implementao de polticas pblicas, de forma sistemtica e

    sistematizada, buscando maior eficcia, eficincia e efetividade, capazes de inserir o Sistema

    de Educao do Acre entre os melhores do Pas.

    Os dados oficiais que sero analisados em cada uma das metas demonstram os resultados do

    desenvolvimento educacional da ltima dcada e so exemplificadas:

    na ampliao da Educao Indgena que sai de um atendimento de 2.848 alunos e 21

    escolas no ano de 1998, para 7.763 alunos, em 2014, atendidos em 201 escolas, cujo

    padro fsico e arquitetnico respeita a cultura dos diferentes povos indgenas. Dos

    602 professores indgenas, 53 j concluiram o curso superior e 294 o Ensino Mdio;

    na Educao do Campo que avana no sentido de garantir a escolarizao no nvel do

    Ensino Fundamental multisseriado do 1 ao 5 ano na zona rural de todo o Estado e

    nas significativas experincias de Ensino Mdio que foram implantadas em algumas

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    localidades, atravs do Programa Especial de Ensino Mdio para Jovens e Adultos

    (PEEM/PORONGA);

    na ampliao significativa das oportunidades de Educao Infantil, sobretudo na zona

    rural;

    na construo de programas e na elaborao de materiais didticos especiais para o

    atendimento em reas longnquas e de difcil acesso, e, especialmente, na expressiva

    melhoria da aprendizagem dos alunos, verificada pelas avaliaes do SEAPE e do

    INEP/MEC.

    Sem dvida, so conquistas educacionais da mais alta relevncia e significado que vm, sem

    dvida, pavimentando o caminho para a implementao de polticas pblicas capazes de alar

    a educao acreana a um novo patamar de qualidade, ao mesmo tempo em que desvelam

    novos desafios a serem enfrentados para que se prossiga no gradativo e crescente

    desenvolvimento da qualidade da educao acreana.

    Para cumprir as metas estabelecidas neste PEE, consoantes s metas do PNE, ser preciso

    ampliar em muito a oferta da Educao Bsica, sobretudo da Educao Infantil e do Ensino

    Mdio, uma vez que os maiores ndices de crianas e jovens que esto fora da escola

    pertencem a essas faixas etrias. A implementao de aes que busquem ampliar o nmero

    de atendimento na Educao Bsica, especialmente na zona rural, exigir o aprimoramento e a

    ampliao dos programas desenvolvidos para as comunidades de difcil acesso (Asinhas da

    Florestania Infantil, Escola Ativa, Asas da Florestania Fundamental e Mdio) e dos programas

    destinados aos Jovens e Adultos que no tiveram acesso educao na idade adequada. Para

    tanto, o Estado e os municpios, de forma articulada e em colaborao com a Unio, devero

    envidar esforos para a implementao de aes que assegurem o atendimento a todas as

    crianas em idade escolar que ainda no frequentam a escola, alm de ampliar a oferta aos

    jovens e adultos, considerando o aspecto territorial tanto urbano como rural, de modo que o

    atendimento educacional responda s necessidades e peculiaridades das comunidades e das

    regies que no possuem escolas em quantidade suficiente para atender a demanda.

    Assim sendo, Unio, Estado e municpios sero responsveis por:

    elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem, especialmente na segunda etapa do

    Ensino Fundamental e no Ensino Mdio, sem esquecer que a qualidade comea a

    fincar suas razes nos primeiros anos do pr-escolar, onde sedimentada a base do

    conhecimento;

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    garantir que a educao esteja ao alcance de todos os jovens acreanos e atinga padres

    de qualidade capazes de inseri-los em um mundo cheio de conflitos e que se transmuta

    a uma velocidade antes inimaginvel;

    valorizar a carreira docente e os demais profissionais da educao, com a equiparao

    da carreira e dos salrios a outros profissionais de nvel superior e com melhoria na

    formao inicial e continuada;

    enraizar nas instituies educativas a cultura do sucesso escolar fundada na crena de

    que todos so capazes de aprender, superando, assim, os altos ndices de reprovao

    e de abandono;

    erradicar a distoro idade-srie; erradicar o analfabetismo que macula a cidadania e

    entrava o desenvolvimento;

    construir coletivamente um modelo de gesto de escola e de sistema mais eficiente,

    efetivo, eficaz e transparente na oferta do direito educao, centrada na

    aprendizagem dos alunos;

    ampliar a jornada escolar;

    implementar escolas de tempo integral modalidade inexpressiva nas redes de ensino

    do nosso Estado;

    fomentar a educao profissional vinculada EJA e ao Ensino Mdio;

    reduzir as desigualdades entre as escolas e redes de ensino, de modo a garantir um

    patamar de qualidade equnime para todos os alunos;

    empreender gesto junto s instituies superiores de formao de professores para

    que a formao inicial se articule com as demandas do ensino pblico, considerando

    que o professor pea fundamental para as mudanas necessrias ao resgate da escola

    pblica.

    Vale lembrar que consenso entre estudiosos e especialistas da educao em todo o mundo

    que a qualidade da aprendizagem est essencialmente vinculada qualidade de formao do

    professor, ou seja, o aspecto que mais influencia a aprendizagem do aluno. E hoje, no

    Brasil, estudos mostram claramente que a formao do professor est muito aqum da tarefa a

    ser realizada em sala de aula para que o aluno alcance o desempenho desejado. A carreira no

    atrativa e os salrios no so condizentes com o papel chave da educao no

    desenvolvimento individual e no desenvolvimento social e econmico. Alm dessas

    questes, necessria se faz a ampliao do quadro dos professores efetivos grande o

    percentual de professores com contrato temporrio na rede pblica o que no convm a um

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    processo de formao continuada que se pretende estratgico para o enraizamento na escola,

    de uma rotina pedaggica capaz de efetivar o trabalho coletivo, o estudo e o o planejamento

    das aes pedaggicas, a partir do progresso e das necessidade dos alunos evidenciados em

    sala de aula. Finalmente, a escola deve se fortalecer para exercer sua autonomia, de modo a

    assegurar a todos os alunos o desenvolvimento das capacidades adequadas ao ano de

    escolaridade, o que exigir mudanas no modelo gesto escolar, ainda muito centrado nas

    questes administrativas.

    Com um dos maiores percentuais do Pas de pessoas com 15 anos ou mais que no sabem ler

    e escrever 14,6% - o Estado precisar empreender, com a colaborao de diferentes

    instncias do poder pblico e da sociedade civil organizada, polticas e aes capazes de atrair

    para a escola a populao dessa faixa etria, considerando as peculiaridades de quem

    desenvolveu estratgias para sobreviver em sociedades onde o conhecimento se faz, cada vez

    mais, ferramenta de insero e participao social. preciso que as pessoas dessa faixa etria,

    especialmente aquelas com mais de 40 anos, encontrem sentido na escola e a enxerguem

    como instuio possibilitadora da realizao do desejo de ampliar conhecimentos e saberes.

    Em cada uma das metas deste Plano Estadual de Educao, em construo, ser demonstrada

    a correspondente situao educacional do Estado que serviu de parmetro para a definio das

    metas a serem atingidas no perodo 2015-2024. O conjunto das metas estaduais o resultado

    da compatibilizao dos Planos Municipais, ocorrida durante a Conferncia Estadual realizada

    de 11 a 13 de setembro de 2013, consoante ao Plano Nacional da CONAE 2014, com o

    propsito de expressar os compromissos e as responsabilidades que envolvem os oramentos

    pblicos e seus executores, os rgos de controle, as famlias e a comunidade, a escola como

    instituio aprendente, alm do envolvimento, empenho e dedicao de cada um dos alunos,

    como destinatrios que somos todos ns, deste PEE.

    METAS

    Meta 1: Universalizar, at 2016, a Educao Infantil na pr-escola para as crianas de 4

    (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de Educao Infantil em creches de

    forma a atender, no mnimo, 30% (trinta por cento) das crianas de at 3 (trs) anos at

    o final da vigncia deste PEE.

    Ao longo da histria, o atendimento institucional criana pequena foi marcado por

    concepes diversas quanto a sua funo social, vez que tais instituies foram criadas com o

    objetivo de compensar as crianas e suas famlias de possveis carncias.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    A Constituio Federal de 1988, ao reconhecer a criana de 0 a 6 anos como sujeito de

    direitos, outorgando-lhe prioridade absoluta, responsabiliza o poder pblico, a famlia e toda

    a sociedade pela cuidado e pela educao da primeira infncia. Consoante Carta Magna, a

    Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDBN), de 1996, define a Educao Infantil

    como a primeira etapa da Educao Bsica e reafirma sua importncia estratgica para o

    desenvolvimento infantil, conferindo-lhe carter eminentemente educativo, rompendo os

    laos existentes com a concepo assistencialista que marcou profundamente a Educao

    Infantil.

    O arcabouo jurdico em tela, alm de conferir criana no Brasil o status de sujeito de

    direitos, assegurando-lhe educao em creches e pr-escolas desde o nascimento at os 6 anos

    de idade, delegou aos municpios o protagonismo das polticas pblicas de garantia e

    efetivao dos direitos educacionais da populao infantil, em especial colaborao com a

    Unio e o Estado. As secretarias municipais de educao passam ento, a assumir,

    gradativamente, o trabalho educativo com as crianas dessa faixa etria, mas sem a expanso

    significativa da oferta e com muita dificuldade para efetivar a insero das creches nos

    sistemas de ensino. Cenrio que se mantm na dcada seguinte nova ordem constitucional.

    A criao do FUNDEB, em 2007, representou um avano importante para o financiamento da

    Educao Infantil no Brasil. No entanto, sua implementao com a devida subvinculao de

    recursos no foi suficiente para alavancar a oferta, especialmente em creches, nos patamares

    necessrios para o cumprimento da vigente legislao.

    Lembrando que a infncia com sua singularidade amalgama as dimenses do cuidar e do

    educar e engloba aspectos que afetam tambm o que denominamos de adolescncia ou

    juventude, faz-se necessrio que os sistemas educativos envidem esforos no sentido de dotar

    as instituies infantis de condies adequadas para acolher as crianas, em estreita relao

    com as famlias, com agentes sociais e com a comunidade, com vistas a iniciar e fortalecer

    vnculos de famlia, laos de solidariedade humana e respeito s diferenas. Pilares sobre os

    quais se assenta a vida social.

    A Educao Infantil avanou significativamente no Pas nos ltimos anos, mas no o

    suficiente para reverter a situao educacional da infncia brasileira, haja vista que em 2013,

    apenas 23,2% das crianas de at 3 anos de idade frequentavam a creche e 82,2% das

    crianas de 4 a 5 anos estavam na escola. O que significa dizer que cerca de 700 mil crianas

    de 0 a 5 anos estavam fora da escola, sem a efetivao de seus direitos educao escolar.

    Nunca demais lembrar que as desigualdades educacionais mostram toda sua iniquidade j

    nos primeiros anos de escolaridade: 44% das crianas de 0 a 3 anos esto em creches, no

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    quartil mais rico da populao, contra apenas 16,2% das crianas das famlias mais pobres. A

    desproporo se repete quando se consideram as crianas de 4e 5 anos matriculadas na Pr-

    Escola, definida por lei como obrigatria a partir de 2016: 94,6% das crianas da populao

    situada entre os 25% mais ricos esto na escola, contra 77,6% das mais pobres.

    No Acre, o percentual de atendimento em creches, em 2013, no atingia 10%, abaixo da

    mdia nacional e da mdia regional, como demonstra o grfico abaixo. Esses dados

    dimensionam o desafio que ser alcanar a meta de ampliar a oferta do atendimento em

    creche para 30% das crianas de 0 a 3 anos at 2024. Tal tarefa s ser possvel com o

    trabalho em colaborao dos entes federados e com a adequada dotao oramentria e

    financeira, alm do envolvimento e da participao efetiva da sociedade e dos rgos de

    controle na implementao e na avaliao das estratgias previstas neste PEE.

    POPULAO DE 0 A 3 ANOS QUE FREQUENTA A ESCOLA

    Quanto educao pr-escolar, o grfico seguinte demonstra que a situao do Estado no

    atendimento s crianas de 4 e 5 anos ainda no avanou o suficiente para cumprir, no tempo

    devido, o disposto na Emenda Constitucional N 59, de 11 de novembro de 2009 que amplia a

    obrigatoriedade da educao escolar para a faixa etria de 4 a 17 anos, impondo ao Estado

    brasileiro, aos pais e sociedade o dever de colocar todas as crianas de 4 e 5 anos na escola

    at 2016.

    Embora dados do Censo Escolar 2014 indiquem um aumento deste percentual de 58,6% no

    se pode minimizar a gigantesca tarefa imposta aos entes federados no que diz respeito ao

    cumprimento da referida lei, no Estado, no prazo que se finda, sobretudo, quando se considera

    o nmero absoluto de crianas fora da escola, a distribuio da populao no territrio e as

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    peculiaridades geogrficas e climticas que isolam populaes dispersas pela floresta, em

    locais de difcil acesso.

    Populao de 4 e 5 anos que frequenta a escola.

    Considerando o total da populao de 4 e 5 anos de idade e por acesso escola, verificamos

    que o percentual de crianas dessa faixa etria na escola se eleva para 69,55%, conforme

    dados do quadro a seguir:

    Populao de 4 e 5 anos total e por acesso escola

    Total

    Ano Populao Frequenta escola No frequenta escola 2001 19.954 11.791 8.163

    2002 20.467 13.495 6.972

    2003 21.599 13.245 8.354

    2004 37.544 20.808 16.736

    2005 33.236 16.711 16.525

    2006 32.032 17.077 14.955

    2007 33.279 20.226 13.053

    2008 32.772 20.312 12.460

    2009 30.863 19.931 10.932

    2011 33.398 26.417 6.981

    2012 33.700 21.708 11.992

    2013 32.049 22.291 9.758 Fonte: IBGE/Pnad / Preparao: Todos Pela Educao

    Observa-se no quadro abaixo que no perodo de 2005 a 2014, o movimento da matrcula em

    creche apresenta tendncia sempre crescente, com exceo de 2005 para 2006, quando houve

    uma reduo de 176 vagas. No total, a oferta em creche cresceu 164,02%, no perodo,

    refletindo o esforo articulado dos entes federados para a expanso deste segmento da

    Educao Bsica, mas tambm explicita o enorme hiato entre o atendimento atual e a meta a

    ser alcanada na prxima dcada.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Ano Total Geral Matrcula Dependncia Administrativa

    Estadual Federal Municipal Privada

    Creche Pr-

    Escola Creche

    Pr-Escola

    Creche Pr-

    Escola Creche

    Pr-Escola

    Creche Pr-

    Escola

    2005 2977 23862 0 12907 0 58 2769 8695 208 2202

    2006 2801 24443 0 12046 0 55 2582 10323 219 2019

    2007 3003 25671 0 6078 0 50 2888 18028 115 1515

    2008 3617 22104 0 4473 0 26 3293 16169 324 1436

    2009 4073 23134 0 3808 0 25 3715 17908 358 1393

    2010 4296 23221 0 3122 0 24 3928 18449 368 1626

    2011 4720 24286 149 2294 0 25 4289 20369 282 1598

    2012 5943 24017 156 2469 0 23 5068 20349 719 1176

    2013 6944 25320 157 679 0 21 6202 23259 585 1361

    2014 7860 24936 175 487 0 24 6989 23135 696 1290 Crescimento

    %

    164,02 4,50 17,45 -96,23 0,00 -58,62 152,40 166,07 234,62 -41,42

    Fonte: Censo 2014. Preparao SEE

    O gigantesco desafio de ampliar o atendimento em creche para 30% das crianas de at 3 anos

    na vigncia deste PEE pode ser ilustrado com os dados do quadro abaixo:

    Populao de 0 e 3 anos por acesso escola

    Total

    Ano Populao Frequenta escola No frequenta escola 2001 41.421 2.116 39.305

    2002 46.231 2.571 43.660

    2003 44.625 2.680 41.945

    2004 67.182 3.638 63.544

    2005 71.204 3.798 67.406

    2006 75.293 5.258 70.035

    2007 69.364 5.554 63.810

    2008 72.577 7.922 64.655

    2009 73.484 6.286 67.198

    2011 65.306 7.554 57.752

    2012 70.441 6.281 64.160

    2013 63.409 6.617 56.792 Fonte: IBGE/Pnad / Preparao: Todos Pela Educao

    Considerando a populao de 63.409 crianas de 0 a 3 anos em 2013 e o fato de apenas 6.617

    frequentarem creche, seriam necessrias mais de 12 mil matrculas para a concretizao da

    meta. No entanto, o declnio da taxa de natalidade e o crescimento da matrcula em 212,71%,

    no perodo analisado, indicam que o desafio gigantesco, porm possvel, desde que se

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    mantenha a tendncia e o percentual de crescimento, se ampliem os investimentos e os entes

    federados envidem esforos de forma articulada e cooperativa.

    No que diz respeito s matrculas por dependncia administrativa, destaca-se o grande

    crescimento de 234,6% da matrcula em creche na rede privada, enquanto nas redes

    municipais a ampliao foi de 152,4%, mostrando ainda, o surgimento do atendimento em

    creche na rede estadual, a partir de 2011, fato que pode estar relacionado aos programas de

    atendimento s crianas que vivem na zona rural e em locais de difcil acesso.

    Quanto pr-escola, os dados demonstram que o atendimento a essa faixa etria segue a

    tendncia nacional de crescimento lento e gradual, com exceo de 2008 - ano da implantao

    do Ensino Fundamental de 9 anos, quando h reduo expressiva das matrculas, como se

    pode observar no grfico abaixo:

    Fonte: Censo Escolar

    O fato de as crianas que completavam 6 anos ao longo do ano letivo serem matriculadas no

    Ensino Fundamental de 2008 a 2014, sem dvida, contribuiu com a estagnao da matrcula

    pr-escolar no perodo 2005-2014, embora fatores como insuficincia de recursos para a

    ampliao das redes nos municpios, queda na taxa de natalidade, distribuio irregular e por

    vezes rarefeita da populao no territrio e as dificuldades e mesmo impossibilidade de

    acesso s comunidades mais isoladas, em determinada poca do ano, constituem os maiores

    desafios para a universalizao da pr-escola e para a ampliao efetiva do atendimento

    populao de 0 a 3 anos em creche.

    Analisando o movimento da matrcula pr-escolar nas diferentes esferas administrativas,

    observa-se o crescimento de 166% na matrcula municipal - consequncia do processo de

    municipalizao da Educao Infantil iniciado em 2005 - no foi suficientemente significativo

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    para se contrapor ao decrscimo ocorrido nas demais dependncias administrativas: 58,62%

    na federal; 41,41% na esfera privada; 96,22% na estadual, o que explica o baixo percentual de

    4,5% na ampliao do atendimento pr-escolar no Estado, no perodo 2005-2014, conforme

    dados do grfico a seguir.

    Fonte: Censo Escolar

    Ao desagregar os dados referentes Educao Infantil na zona rural e na zona urbana,

    possvel observar no grfico abaixo que a matrcula inicial em creche, na zona rural, apresenta

    um movimento oscilatrio at o ano de 2012, quando a tendncia passa a ser crescente,

    ampliando-se o atendimento de 264 matrculas no referido ano para 1043 matrculas em 2014.

    importante destacar que apesar desse movimento oscilatrio, a ampliao do atendimento

    em creche na zona rural no perodo 2005-2014 cresceu na ordem de 396,66%, enquanto o

    atendimento s crianas de at 3 anos de idade, na zona urbana, cresceu 139,19%, com

    ampliao gradativa da oferta, exceto em 2006, quando houve reduo de 176 matrculas em

    relao ao ano anterior.

    O nmero de crianas em creche na rede estadual se deve ao fato da matrcula na pr-escola

    de crianas que completam 4 anos aps 31 de maro, data de corte para o ingresso na pr-

    escola.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Fonte: Censo Escolar

    importante ressaltar que o trabalho em creche no se restringiu, no perodo, ampliao do

    atendimento, igualmente um olhar especial para a qualidade do ensino vem orientando a

    poltica de atendimento s crianas de at 3 anos, no Acre, com a elaborao coletiva de

    Orientaes Curriculares para o atendimento em creche, a formao continuada para os

    educadores que atuam nessas instituies e com a realizao de concurso especfico para a

    Educao Infantil na maioria dos municpios acreanos.

    Em relao pr-escola, o grfico a seguir, evidencia movimentos diferenciados no

    movimento da matrcula inicial nas zonas rural e urbana, no perodo 2005-2014. possvel

    verificar que enquanto a evoluo da matrcula na zona rural demonstra uma tendncia

    crescente em todos os anos, com exceo de 2008, ano da implantao do Ensino

    Fundamental de 9 anos, o mesmo no acontece com a matrcula na zona urbana, onde o

    movimento apresenta oscilao ano a ano, com expressivo decrscimo em 2008, ano em que

    as crianas de 6 anos passaram a ser matriculadas no Ensino Fundamental. Uma tendncia

    crescente, s se verifica a partir de 2012.

    Comparando o movimento da matrcula pr-escolar na zona rural com a matrcula na zona

    urbana, nesse perodo, constata-se que enquanto a oferta na zona rural foi ampliada em

    100,6%, a matrcula na zona urbana apresentou um decrscimo de -1,78%, ou seja, a oferta de

    vagas nas escolas para crianas de 4 e 5 anos foi reduzida., como demonstram os dados

    abaixo:

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Fonte: Censo Escolar

    Os dados analisados acima traduzem as conquistas alcanadas, ao tempo em que explicitam

    os desafios impostos ao poder pblico e sociedade acreana para que se cumpram em

    plenitude os direitos educacionais da infncia de cerca 94 mil crianas de at 5 anos que aqui

    vivem. Sem dvida, muito foi realizado, especialmente na ltima dcada, atravs da

    construo de novas unidades educacionais, da adequao da estrutura fsica de creches e pr-

    escolas, da implementao de programa de formao continuada para professores,

    coordenadores pedaggicos e gestores, da elaborao de orientaes curriculares para creches

    e pr-escolas, da ampliao do atendimento na zona rural, especialmente nas comunidades de

    difcil acesso, da produo de materiais didtico-pedaggicos para atender as necessidades e

    especificidades das diferentes infncias acreanas, na realizao de concurso pblico para a

    efetivao de professores nas instituies infantis com formao em nvel superior.

    Vale ressaltar que as Orientaes Curriculares para a Educao Infantil foram elaboradas com

    a participao dos professores, coordenadores pedaggicos e gestores de Rio Branco, ao

    longo da formao continuada. O processo de elaborao do referido material foi concebido e

    realizado como ao de formao continuada que foi garantida aos municpios, em 2010,

    quando a SEE assumiu o compromisso de disponibilizar o estudo e a discusso da referida

    proposta curricular, atravs de assessoria pedaggica, como contribuio para a organizao

    do trabalho nas redes municipais

    Dados da PNAD 2013 mostram que os trs estados que mais tiveram alta na taxa de

    escolarizao de crianas de quatro e cinco anos foram Amap (crescimento de 11,6 pontos

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    percentuais, de 50,8% para 62,4%), Roraima (de 66,1% para 73,8%) e Acre (de 51,2% para

    58,6%).

    As estratgias a seguir foram definidas a partir das conquistas alcanadas e dos desafios

    evidenciados. Portanto, devem ser entendidas como caminhos a serem trilhados coletivamente

    na construo de um atendimento educacional compatvel com os direitos de todas as crianas

    e com o cuidado necessrio para que as especificidades to caras s diversas infncias aqui

    vividas no se apaguem.

    Estratgias

    1.1. Matricular 100% das crianas com 4 anos e 5 anos de idade na pr-escola, em 2016.

    1.2. Realizar a cada 2 anos, at o ms de julho, levantamento da demanda para o

    atendimento das crianas de 3 anos em creche, em cada um dos municpios, por bairro,

    alcanando at final da vigncia do PEE a meta atender 30% das crianas dessa faixa etria.

    1.2. Construir ao longo de 2015, pacto com a sociedade civil sobre a universalizao da pr-

    escola e a ampliao do atendimento em creche, definindo cronograma da oferta, padro da

    estrutura fsica das instituies infantis, parmetros de qualidade do atendimento e das

    instituies e indicadores de avaliao da Educao Infantil.

    1.3. Estruturar com o apoio da Unio programa de apoio construo e reestruturao de

    creches e pr-escolas em regime de colaborao com os municpios.

    1.4. Estimular a articulao entre a ps-graduao, ncleos de pesquisa e cursos de formao

    para profissionais da Educao, de modo a garantir a elaborao de currculos e propostas

    pedaggicas capazes de incorporar os avanos de pesquisas ligadas aos processos de ensino e

    de aprendizagem e teorias educacionais no atendimento da populao de 0 a 5 anos.

    1.6. Desenvolver, a partir de 2015, programa de orientao e apoio s famlias, integrando

    polticas de educao, sade e assistncia social, com nfase no desenvolvimento integral da

    criana nos 3 primeiros anos de vida.

    1.7. Articular com as comunidades e os rgos de proteo dos direitos da criana, poltica

    para a oferta de matrculas gratuitas em creches certificadas como entidades beneficentes de

    assistncia social na rea de educao com a expanso da oferta na rede escolar pblica.

    1.8. Implementar programa de formao inicial e continuada para os profissionais da

    Educao Infantil, garantindo, at 2020, que todos os docentes com nvel superior e formao

    especfica para o trabalho na Educao Infantil.

    1.9. Ampliar o atendimento educacional especializado, complementar e suplementar s

    crianas de 0 a 5 anos com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    habilidades ou superdotao, assegurando a educao bilngue para crianas surdas e a

    transversalidade da educao especial nessa etapa da Educao Bsica.

    Meta 2: Universalizar o Ensino Fundamental de 9 anos para a populao de 6 a 14 anos

    at o segundo ano de vigncia do plano e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco

    por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, at o ltimo ano de

    vigncia deste PEE.

    Dentre os direitos fundamentais presentes na Constituio Federal de 1988, destaca-se o

    direito educao, a liberdade de aprender e a igualdade material ao acesso e permanncia

    no processo educacional, finalmente erigido categoria de direito pblico subjetivo, que

    conta com garantias constitucionais sua efetivao. O poder pblico deve oferecer Educao

    Bsica para todos, obrigatria e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive a

    oferta gratuita para todos os que a ela no tiveram acesso na idade prpria. Caso no oferea

    ou oferea de forma irregular, a lei assegura que qualquer cidado, grupo de cidados,

    associao comunitria, organizao sindical, entidade de classe ou outra legalmente

    constituda e ainda o Ministrio Pblico possa acionar o poder pblico para exigi-lo.

    Garantida como direito social fundamental, a educao funciona como instrumento de

    realizao da dignidade do ser humano, assim como da democracia social e poltica.

    Diferentemente dos demais direitos sociais, o direito educao ao mesmo tempo um

    direito e um dever, ou seja, existe uma relao indissocivel entre o direito educao e a

    obrigatoriedade escolar, caracterizada como um dever de mo dupla: o dever do Estado em

    garantir escola gratuita e de qualidade a todas as crianas e adolescentes como preconiza a

    Constituio Federal - e o dever dos pais em garantir a matrcula do filho menor, como dispe

    o Art. 55 do Estatuto da Criana e do Adolescente.

    No Brasil, ocorreram avanos e retrocessos educacionais nos diferentes perodos histricos

    acerca da obrigatoriedade como se pode observar nas Constituies Brasileiras. At o advento

    da Carta Magna de 1988, no se vislumbrava a educao como um direito pblico subjetivo,

    quando, ento, a obrigatoriedade no Brasil avanou, passando da obrigatoriedade do ensino

    primrio, em 1934, para a obrigatoriedade de matricular, na Educao Bsica, todas as

    crianas e jovens na faixa etria de 4 a 17 anos. Portanto, esta obrigatoriedade no est mais

    vinculada a uma etapa especfica do ensino fundamental e, sim a uma faixa etria,

    independente do ano escolar ou etapa do ensino.

    A educao escolar, como processo de formao integral do cidado, compe-se de Educao

    Bsica, formada pela Educao Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Mdio, de acordo

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    com o art. 21 da Lei de Diretrizes e Bases da Educao. Cada ramo da Educao Bsica, por

    sua vez, tem seus objetivos prprios, definidos na Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com

    alteraes da Lei no. 9.475, de 22 de julho de 1997.

    O Ensino Fundamental composto pelos anos iniciais (faixa etria de 6 a 10 anos) e pelos anos

    finais (faixa etria de 11 a 14 anos) incumbncia prioritria dos municpios (LDB, 1996,

    Artigo 11, inciso V), em colaborao com os Estados e a Unio, respeitadas as distribuies

    proporcionais das responsabilidades e dos recursos financeiros em cada uma das esferas do

    Poder Pblico (LDB, 1996, Artigo 10, Inciso II).

    Em 2005, a Lei n 11.114 altera o art. 32 da LDBN, tornando obrigatria a incluso das

    crianas de seis anos no Ensino Fundamental e, posteriormente, em 2006, a Lei n 11.274,

    amplia a durao do Ensino Fundamental para 9 anos. A ampliao do Ensino Fundamental

    para nove anos no Brasil cumpre o objetivo de aumentar a escolaridade obrigatria e

    assegurar a todas as crianas um tempo mais longo de convvio escolar com maiores

    oportunidades de aprendizagem.

    Para a populao de 6 a 14 anos, a universalizao do acesso escola um dos grandes

    avanos sociais advindos da Constituio de 1988 e da LDBN. Por isso, os indicadores de

    frequncia ao Ensino Fundamental no revelam grandes disparidades quando comparados

    sob as ticas regional, de localizao, de gnero, de raa ou cor e de renda. Deve-se

    mencionar que a manuteno da taxa de frequncia nos ltimos anos expressa o fim do ciclo

    expansionista do Ensino Fundamental, relacionado a dois fatores mutuamente articulados:

    de um lado, a relativa estabilizao do fluxo escolar nessa etapa da Educao Bsica; de

    outro, a diminuio da populao na faixa etria. IPEA, 2010.

    Destarte as conquistas mencionadas, h ainda um hiato a ser preenchido para o cumprimento

    da meta estabelecida em lei e traduzida tanto no PNE como neste PEE para esta etapa da

    Educao Bsica. preciso considerar que em nmeros absolutos enorme o contingente de

    crianas e jovens fora da escola, significado pelo fato de pertencerem s populaes em

    situao de maior vulnerabilidade social, o que aumenta a responsabilidade do poder pblico.

    Alm do significativo nmero de crianas e adolescentes ainda fora da escola, os fatores

    relacionados qualidade do ensino - repetncia, abandono e aprendizagem no adequada, no

    tempo devido, gesto das escolas e sistemas de ensino, s condies de acesso e

    permanncia e s desigualdades sociais e econmicas dos prprios alunos e de seus

    familiares, so os grandes desafios da educao brasileira para a prxima dcada. Por isso, h

    que se reafirmar o compromisso com polticas educacionais de proteo aos grupos em

    situao de vulnerabilidade, vtimas de preconceito e discriminao. So reveladores os dados

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    da PNAD 2012, ao mostrarem que um tero dos estudantes do 5 ano reprovou ou abandonou

    a escola pelo menos uma vez e, destes 43% so negros; meninos tm, em mdia,

    probabilidade de 12% a mais de abandonar a escola que meninas; dados da Prova ABC 2012

    revelam que o percentual de crianas do 3 ano que atingem o mais alto nvel de proficincia

    na regio Norte a metade do verificado na regio Sudeste do Pas.

    Assegurar a todos os alunos as aprendizagens necessrias, no tempo devido, independente de

    onde vivem e da classe social, estratgia poderosa para romper o crculo vicioso das

    desigualdades que fere a nao brasileira. Promover a equidade implica considerar e

    incorporar cotidianidade educativa a diversidade sociocultural dos alunos e os diferentes

    ritmos e tempos de aprendizagem, oferecendo apoio permanente aos que dele precisarem.

    Para tanto se faz necessrio articular e coordenar esforos para a melhoria do sistema

    educacional em todas as esferas administrativas e em cada rede de ensino, alm de construir e

    implementar uma base nacional comum que estabelea direitos e objetivos de aprendizagem e

    de desenvolvimento para os alunos do Ensino Fundamental, infraestrutura adequada das

    instituies, materiais didtico-pedaggicos adequados s necessidades e potencialidades dos

    alunos, gesto das escolas com foco na aprendizagem e melhoria da formao inicial e

    continuada dos professores.

    Se por um lado, os dados a seguir demonstram que a universalizao do Ensino Fundamental

    no est concretizada no Pas, por outro lado, expressam os avanos alcanados neste

    segmento educativo que, efetivamente, foi o que mais avanou.

    Como se pode observar nos dados a seguir, o percentual de matrcula no Ensino Fundamental,

    no Acre, est abaixo do percentual do atendimento nacional e regional, o que significa que

    estamos um pouco mais distante da universalizao, fato que exigir maior esforo dos entes

    federados, com a correspondente dotao oramentria, maior eficcia e efetividade das aes

    desenvolvidas.

    Fonte: IBGE/Pnad / Preparao: Todos Pela Educao

    Quando se considera o total da populao de 6 a 14 anos que aqui vive e os que estavam na

    escola em 2013, o percentual de atendimento se eleva para 97%, demonstrando o importante

    avano na oferta para essa faixa etria. Por outro lado, esses mesmos nmeros ilustram a exata

    dimenso do quo significativo so os 3,% dessa populao fora da escola. um imenso

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    contingente de mais de 5 mil crianas e adolescentes sem a efetivao do direito educacional,

    do qual so signatrios, como demonstram os dados:

    Populao de 6 a 14 anos matriculada no Ensino Fundamental

    Ano Populao Frequenta escola % No frequenta escola

    2001 89503 83151 93 6352

    2002 87320 82011 94 5309

    2003 92093 88624 96 3469

    2004 152860 139649 91 13211

    2005 157055 143369 91 13686

    2006 152819 142536 93 10283

    2007 161622 146429 91 15193

    2008 152931 145843 95 7088

    2009 156606 150093 96 6513

    2011 161184 155331 96 5853

    2012 154216 147555 96 6661

    2013 159064 153834 97 5230 Fonte: IBGE/Pnad / Preparao: Todos Pela Educao

    Fonte: Censo Escolar

    Comparando os dados sobre a evoluo da matrcula por dependncia administrativa, verifica-

    se que, no Acre, a rede pblica de ensino responde por 95,62% da oferta desta etapa da

    Educao Bsica. Em 2014, matriculados 163.799 alunos no Ensino Fundamental e, desse

    total, 156.635 foram matriculados na rede pblica de ensino, com pequena prevalncia das

    matrculas nas redes municipais, demonstrando equilbrio no compartilhamento das

    responsabilidades das esferas estadual e municipal pela oferta do Ensino Fundamental.

    Ano

    Ensino Fundamental - Matrcula Dependncia Administrativa Acre

    Total Geral Estadual Municipal Federal Privada

    EF Anos

    Iniciais Anos Finais

    EF Anos

    Iniciais Anos Finais

    EF Anos

    Iniciais Anos Finais

    EF Anos

    Iniciais Anos Finais

    EF Anos

    Iniciais Anos Finais

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    2005 153317 98198 55119 91238 51817 39421 54999 42846 12153 327 120 207 6753 3415 3338

    2006 155829 100126 55703 90812 50431 40381 58027 46071 11956 304 118 186 6686 3506 3180

    2007 153929 98237 55692 91620 48995 42625 55078 45685 9393 341 120 221 6890 3437 3453

    2008 164043 104525 59518 98961 52248 46713 57789 48254 9535 370 156 214 6923 3867 3056

    2009 166068 103859 62209 98593 49826 48767 60399 50190 10209 356 133 223 6720 3710 3010

    2010 166041 100210 65831 98733 47014 51719 60247 49456 10791 328 138 190 6733 3602 3131

    2011 166217 98223 67994 97999 44801 53198 60852 49504 11348 372 137 235 6994 3781 3213

    2012 164690 97286 67404 97707 44195 53512 59956 49189 10767 322 125 197 6705 3777 2928

    2013 163294 98426 64868 94659 43170 51489 61501 51242 10259 352 137 215 6782 3877 2905

    2014 163799 99182 64617 94595 42729 51866 62040 52329 9711 334 129 205 6830 3995 2835

    Fonte: Censo Escolar

    Considerando a evoluo da matrcula no perodo 2005 2014, verifica-se um crescimento de

    6,83%. Enquanto o crescimento nos anos iniciais foi de apenas 1%, a matrcula nos anos

    finais evoluiu 17,23%, refletindo tanto a queda no ndice da natalidade como a reduo da

    taxa de distoro idade-srie, com a consequente melhoria do fluxo e o avano na qualidade

    da aprendizagem dos alunos, como comprovam os resultados do IDEB.

    Nos anos iniciais possvel observar os efeitos da municipalizao com o crescimento

    significativo da matrcula na dependncia municipal e o decrscimo da matrcula na rede

    estadual, embora essa dependncia administrativa ainda responda por 43% da matrcula.

    Enquanto na rede federal a matrcula fica praticamente estagnada no perodo, na rede privada

    cresce apenas 16,98%.

    O movimento das matrculas nos anos finais do Ensino Fundamental mostra que as matrculas

    cresceram apenas na rede estadual, com evoluo em torno de 31,56%, no perodo. Do total

    de 64.617 matrculas, 51.866 esto na rede estadual, ou seja, 80,26% dos alunos matriculados

    nessa etapa do Ensino Fundamental estudam em escolas estaduais. Nas dependncias

    administrativas municipal e privada observa-se um decrscimo de -20% e -15%

    respectivamente, enquanto na esfera federal houve estagnao.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Fonte: Censo Escolar

    Como um importante indicador de fluxo e da qualidade da educao, a taxa de distoro

    idade-srie apresenta um movimento significativo de reduo do nmero de alunos que esto

    matriculados no Ensino Fundamental em idade incompatvel com essa etapa da Educao

    Bsica. Embora o Estado ainda apresente altas taxas de distoro-idade srie, a reduo das

    taxas verificadas tanto nos anos iniciais como nos anos finais, corroboram a melhoria da

    qualidade da educao no Estado, evidenciada em outros indicadores da qualidade. No

    perodo, o percentual nos anos iniciais caiu de 35,2% para 26,9%, com reduo de 8,3%, mais

    que a media nacional que foi 7,6%. Nos anos finais a reduo na taxa de distoro idade-srie

    foi de 9,7%, caindo de 39,6% para 29,8%, apresentando o maior percentual de reduo

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    quando comparado ao percentual do Brasil 7,9% e o da regio Norte 8,8%, conforme

    dados abaixo:

    Distoro Idade-Srie Ensino Fundamental Anos Iniciais

    Ano Brasil Regio Norte Acre

    2006 23% 37,10% 35,20%

    2013 15,40% 25,30% 26,90%

    Reduziu 7,60% 11,80% 8,30% Fonte:www.observatoriodopne.org.br

    Distoro Idade-Srie Ensino Fundamental Anos Finais

    Ano Brasil Regio Norte Acre

    2006 35,40% 48,40% 39,50%

    2013 27,50% 39,60% 29,80%

    Reduziu 7,90% 8,80% 9,70%

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    Fonte:www.observatoriodopne.org.br

    Outro aspecto a ser considerado diz respeito enorme diferena nos percentuais de distoro

    idade-srie quando se compara a rede pblica com a rede privada. Essa diferena explicita as

    desigualdades socioeconmicas e culturais das crianas e adolescentes que frequentam as

    escolas das referidas redes de ensino, o que demanda ao ensino pblico maiores

    responsabilidades com a qualidade da aprendizagem, como fator de equidade de

    oportunidades.

    Distoro Idade-Srie / Rede anos iniciais

    Ano Pblica Privada

    2006 36,4 2,5

    2007 35,9 2,1

    2008 24,8 4,4

    2009 27,8 3,7

    2010 29,7 2

    2011 29,9 2,2

    2012 28,9 1,9

    2013 27,9 2,4 Fonte: MEC/Inep/DEED/CSI

    Distoro Idade-Srie / Rede anos finais

    Ano Pblica Privada

    2006 41,6 5,5

    2007 37,3 3,4

    2008 26,9 3,4

    2009 27,5 4,9

    2010 31,1 4,1

    2011 31,7 4,2

    2012 32,1 3,5

    2013 31 3,6 Fonte: MEC/Inep/DEED/CSI

    Estratgias

    2.1 Credenciar/recredenciar, at 2018, todas as escolas para assegurar a implementao dos

    direitos de aprendizagem definidos na base comum.

    2.1.1. Avaliar e redefinir com base nas diretrizes nacionais os currculos escolares como

    egresso de culturas, contendo os direitos de aprendizagem para cada ano do Ensino

    Fundamental, com a participao dos professores, a fim de assegurar aos alunos a

    consolidao das capacidades e dos nveis de proficincia previstos para cada ano.

    2.1.2. Assegurar escola os meios e orientaes que necessitem para a elaborao,

    implantao, implementao e reestruturao dos projetos pedaggicos de acordo com os

    direitos de aprendizagem.

    2.1.3. Realizar formao continuada para diretores e coordenadores pedaggicos com vistas

    construo e reestruturao dos projetos pedaggicos e sua implementao no espao

    escolar.

    2.1.4. Realizar formao continuada para os professores a fim de assegurar-lhes as

    competncias de gestores do currculo.

  • PLANO ESTADUAL DE EDUCAO

    2.1.5. Assegurar escola um conjunto de polticas de acompanhamento pedaggico

    individual dos alunos do Ensino Fundamental.

    2.1.6. Definir metodologia para o acompanhamento do percurso escolar dos alunos,

    considerando os padres de aprendizagem satisfatrios para todos e cada um dos alunos.

    2.1.7. Oferecer formao continuada para professores e coordenadores pedaggicos para

    atender especificamente as necessidades de aprendizagem de cada aluno.

    2.1.8. Aprovar o Projeto Poltico Pedaggico no sentido de articular dilogos com a famlia

    para inform-la e envolv-la sobre o processo de desenvolvimento de cada aluno.

    2.1.9. Equipar a escola para monitorar peridica e continuamente o desempenho dos alunos

    em relao s atividades e respectivos contedos em sala de aula.

    2.1.10. Desenvolver poltica de avaliao que tenha como foco o desempenho qualitativo do

    aluno no que se refere s capacidades leitoras, escritoras, de raciocnio lgico-matemtico e

    das diversas linguagens, cincias e suas tecnologias.

    2.1.11. Fortalecer a escola no sentido de desenvolver aes de interveno pedaggicas na

    escola de acordo com as necessidades de aprendizagem de cada aluno: metas e estratgias

    estabelecidas no projeto Poltico Pedaggico e no alcanadas.

    2.2. Estabelecer nova organizao didtico-pedaggica do Ensino Fundamental, considerando

    sua transio para os anos finais desse nvel de atendimento, faixa etria, tempo didtico,

    quantidade de professores, ruptura de laos afetivos com o professor e organizao.

    2.3. Desenvolver poltica intersetorial para apoiar a permanncia e o sucesso dos alunos na

    escola.

    2.3.1. Pactuar poltica de atendimento com as Secretarias de Sade e Assistncia Social s

    famlias de alunos em risco de reprovao e abandono escolar.

    2.3.2. Constituir na Secretaria de Sade um programa de sade com foco na promoo da

    sade e qualidade de vida de crianas e adolescentes, de acordo com o regime de colaborao;

    2.3.3 Constituir na Secretaria de Assistncia Social um programa de acompanhamento de

    crianas e adolescentes em risco de abandono escolar.

    2.3.4. Definir estratgias de controle e combate infrequncia escolar para alunos que

    faltarem a 2 dias consecutivos.

    2.3.5. A