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PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL DE PAULO AFONSO – BAHIA LEITURA DA REALIDADE LOCAL PAULO AFONSO ABRIL 2016

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PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO

E AMBIENTAL DE PAULO AFONSO – BAHIA

LEITURA DA REALIDADE LOCAL

PAULO AFONSO ABRIL 2016

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PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO

E AMBIENTAL DE PAULO AFONSO – BAHIA

LEITURA DA REALIDADE LOCAL

PAULO AFONSO

ABRIL 2016

Prefeitura Municipal de

Paulo Afonso - BA

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Equipe de Apoio Técnico:

Elisamara Emiliano

Bárbara Lopes Barbosa

Bruno Heim

Danusa Emile Luna

Hélvia Almeida

SETOR PÚBLICO EXECUTIVO

Hermes Benzota Carvalho - CHEFE GABINETE PMPA

Flávio Henrique Magalhães Lima - PROCURADORIAMUNICIPAL

Kleylson Barbosa - CONTROLADORIAMUNICIPAL

Leobson Kleber Sena Teles - SEC MUN DE DESENV. ECONÔMICO

Wilson Pereira Filho - SEC MUN DE INFRAESTRUTRA E MEIO ABIENTE

Valdenor Alves Teixeira - SEC MUN DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS

Alexei Vinícius da Silva - SEC MUN DE SAÚDE

Marlos Guerra de França - SEC MUN DE TURISMO

Paulo Mergulhão - SEC MUN DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Francisca Jorlania - ADMINISTRADOR BTN

Jânio José Ferreira Soares - SEC MUN DE ESPORTE E CULTURA

Luis Carlos Carvalho - SEC MUN DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Ana Clara Moreira da Silva - SEC MUN DE DESENV. SOCIAL

Maria Selma Carvalho - SEC MUN DE EDUCAÇÃO

Ana Patrícia de Alcântara e Silva Ribeiro - SEC MUN DE PLANEJAMENTO E

ORÇAMENTO

SETOR PÚBLICO LEGISLATIVO

Ver. Albério Carlos Caetano da Silva - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Albério Faustino Farias - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Antônio Alexandre dos Santos - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Edson Oliveira Maciel - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Ivaldo Sales Nascimento - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. José Carlos Coelho - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. José Gomes de Araújo - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Vera. Lêda Maria Rocha Araújo Chaves - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Luiz Aureliano de Carvalho Filho - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Manoel Messias Moreno da Silva - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Marconi Daniel Melo Alencar - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Marcondes Francisco dos Santos - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Pedro Macário Neto - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Petrônio José Lima Nogueira - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

Ver. Regivaldo Coriolano da Silva - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

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Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 9

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 11

1.1. Plano Diretor de desenvolvimento Urbano e Ambiental de Paulo Afonso - BA 13

2. APRESENTAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO E INSERÇÃO REGIONAL ............... 15

3. PRINCIPAIS ACESSOS E MOBILIDADE INTERURBANA ................................ 21

3.1. Consórcios Intermunicipais .................................................................. 22

3.2. Economia local ..................................................................................... 23

4. ASPECTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E SIGNOS URBANOS .... 27

4.1. A formação urbana de Paulo Afonso.................................................... 27

4.2. Patrimônio cultural e signos urbanos do município. ............................ 30

5. COMUNIDADES TRADICIONAIS E SEUS TERRITÓRIOS ................................ 35

5.1. Pescadores artesanais ......................................................................... 35

5.2. Povos de Terreiro ................................................................................ 39

5.3. Povos Indígenas ................................................................................... 40

5.3.1. Truká-Tupan .................................................................................... 40

5.3.2. Pankararés ...................................................................................... 45

5.3.3. Outros povos indígenas em Paulo Afonso........................................ 46

6. MEIO AMBIENTE ....................................................................................... 47

6.1. Áreas de Preservação Permanente ...................................................... 47

6.2. Áreas de Proteção Permanente com função hídrica............................. 48

6.2.1. APP’s com outras funções ecológicas .............................................. 53

6.3. Unidades De Conservação ................................................................... 54

6.3.1. Estação Ecológica Raso Da Catarina ................................................. 54

6.3.2. Monumento Natural Do Rio São Francisco ....................................... 57

6.4. Espaços com possibilidade de proteção ................................................ 60

6.4.1. Serra Do Umbuzeiro ......................................................................... 60

6.4.2. Rotas da Arara-Azul-de-Lear ............................................................. 61

6.5. Áreas destinadas para cemitérios ......................................................... 61

6.6. A abordagem sobre o Meio Ambiente Natural no plano diretor municipal em vigor ........................................................................................... 63

6.7. Arborização urbana .............................................................................. 65

6.8. Outros Espaços Territoriais Especialmente Protegidos ......................... 69

7. TURISMO ................................................................................................... 71

7.1. Principais eventos e atrações turísticas ................................................ 75

8. A COMPANHIA HIDRELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO ................................... 76

8.1. Caracterização e localização das usinas e reservatórios ........................ 78

8.2. Segurança de Barragens ....................................................................... 79

9. CARACTERIZAÇÃO URBANA E ARQUITETÔNICA......................................... 81

9.1. Características construtivas e de uso e ocupação da sede municipal .... 83

Região do Bairro Alves de Souza................................................................ 83

Região dos Bairros General Dutra / Oliveira Lopes .................................... 84

Região do Bairro Vila Nobre ...................................................................... 85

Região do Bairro Perpétuo Socorro ........................................................... 86

Região do Bairro Clériston Andrade .......................................................... 88

Região dos Bairros Abel Barbosa / Caminho dos Lagos .............................. 89

Região dos Bairros Bairro BNH / Panorama ............................................... 89

Região do Bairro Vila Poty ......................................................................... 90

Região dos Bairros Centenário / Sal Torrado ............................................. 92

Região do Sal Torrado II ............................................................................ 93

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Região do Bairro Vila Moxotó ................................................................... 93

Região do Bairro Tancredo Neves ............................................................. 94

Região do Bairro Fazenda CHESF ............................................................... 96

Região dos Bairros Senhor do Bonfim / Dom Mario Zanetta ..................... 97

Região dos Bairros Prainha / Brita ............................................................ 97

Região do Bairro Jardim Bahia .................................................................. 98

Região dos Bairros Jardim Aeroporto / Siriema ........................................ 99

Avenida Apolônio Sales ............................................................................ 99

Região do Centro da Cidade .................................................................... 101

Zona Comercial do BTN........................................................................... 102

Zona Comercial do Jardim Bahia ............................................................. 102

Rua Otaviano Leandro de Moraes .......................................................... 103

9.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO: Análise da política e legislação urbana local 104

9.2.1. A política urbana na lei orgânica.................................................... 104

9.2.2. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental .................. 105

9.2.3. Loteamentos ................................................................................. 108

9.2.4. Parcelamento em condomínios ..................................................... 109

9.2.5. Código de obras ............................................................................. 110

9.2.6. Código de posturas ........................................................................ 113

9.2.7. Lacunas legislativas: ...................................................................... 113

10. HABITAÇÃO SOCIAL ........................................................................... 115

10.1. Aspectos Gerais ................................................................................. 115

10.2. Paulo Afonso e Habitação Social ........................................................ 115

10.3. O instrumento da ZEIS no PLHIS. ........................................................ 118

10.4. Programas e Ações em Andamento/Planos e projetos ...................... 118

11. SERVIÇO E INFRAESTRUTURA URBANA .............................................. 122

11.1. Infraestrutura do Sistema Viário - Mobilidade e Acessibilidade ......... 122

11.2. Abastecimento de água ...................................................................... 128

11.3. Coleta de lixo...................................................................................... 128

11.4. Energia elétrica................................................................................... 130

12. Educação ............................................................................................ 131

13. Saúde ................................................................................................. 133

14. Assistência Social ............................................................................... 135

15. Segurança ........................................................................................... 139

16. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL ............................................................ 141

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 144

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“(...) cidade sonhada, imaginada,

desejada, cidade vivenciada, alterada,

cindida. Muitas cidades cabem em uma

mesma formação urbana, e suas facetas

poderão ser mais bem captadas se o

olhar que se lança sobre ela for

igualmente múltiplo”. (Nascimento e

Bitencourt, 2008).

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APRESENTAÇÃO

O presente documento, referente à Leitura da Realidade Local de Paulo

Afonso, é o produto da Fase 2 do processo de elaboração do Plano Diretor

de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Paulo Afonso – Bahia (PDDUA

– PA) - 2015/2016. O PDDUA – PA vem sendo desenvolvido com apoio

metodológico da Vivenda Consultoria através de Contrato de Prestação de

Serviços nº 0275/15 firmado com a Prefeitura de Paulo Afonso em 29 de

junho de 2015, em conformidade com o Edital de Licitação n° 0039/15 com

vigência de doze meses. A prestação de serviços de consultoria para a

elaboração se refere à revisão, adequação e compatibilização do Plano

Diretor Participativo do Município de Paulo Afonso - Bahia, visando à

adoção de mecanismos e instrumentos previstos na Lei Federal

10.257/2001 - Estatuto da Cidade.

O material aqui apresentado como Produto 2 – DIAGNÓSTICO:

LEITURA DA REALIDADE LOCAL DE PAULO AFONSO – BA consiste em um

trabalho de identificação, levantamento, coleta, sistematização e análise

de dados e informações, comprometido com propostas de orientação do

planejamento da produção do espaço urbano e rural – principal

característica de um plano diretor participativo. Assim, são abordados os

seguintes aspectos:

Leitura da inserção regional: análise territorial das polaridades

que impactam os desenvolvimentos local e regional.

Especialmente pela inserção de Paulo Afonso em uma área de

fronteiras de quatro estados.

Leitura da dinâmica urbana: as características estruturais e

morfológicas predominantes do ambiente urbano; o processo

de produção e expansão do espaço urbano; especialização e

espacialização das atividades – configuração das polaridades

econômicas, a dinâmica da ocupação nos espaços centrais –

considerando os núcleos da ilha e suas duas outras porções, e o

ritmo/caracterização da construção civil;

Leitura das funções sociais da cidade e da propriedade. Análise

espacial-territorial das funções sociais da cidade: Habitação,

mobilidade, educação, saúde, cultura, lazer, prestação de

serviços (abastecimento de água, coleta/tratamento de esgoto

sanitário/industrial, coleta/tratamento de resíduos sólidos,

distribuição de energia), preservação do patrimônio cultural e

natural.

Análise dos assentamentos de interesse social com problemas

sociais, de regularização fundiária e de infraestrutura urbana

para promover a regularização fundiária e moradia digna;

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O objetivo da leitura aqui sintetizada é identificar a situação existente -

configuração e a dinâmica da área urbana, bem como as tendências do

desenvolvimento do território municipal. Através da consolidação das

Leituras de viés técnico e comunitário serão desenvolvidas as análises e,

posteriormente, as propostas para Plano Diretor Participativo para o

município.

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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

“O espaço foi formado, modelado a partir de elementos históricos ou naturais, mas politicamente. O espaço é político e ideológico. É uma representação literalmente povoada de ideologia. Existe uma ideologia do espaço. Por quê? Porque esse espaço, que parece homogêneo, que parece dado de uma vez na sua objetividade, na sua forma pura, tal como o constatamos, é um produto social. A produção do espaço não pode ser comparada à produção deste ou daquele objeto particular, desta ou daquela mercadoria. (...) O espaço é um produto da história, como algo outro e algo mais que a história no sentido clássico do termo (…).” (LEFEBVRE, 2008, p. 62).

A cidade contemporânea tem sido objeto de rápidas mudanças que são

definidas em muitos campos, na ordem política, tecnológica, econômica e

social. Entender e planejar a cidade de hoje é um desafio e exercício que

exige possibilidades de rearranjo que busquem garantir a qualidade de

vida de todos os seus habitantes.

O planejamento urbano é um processo contínuo e dinâmico que

necessita de uma abordagem transdisciplinar com ação corretiva,

preventiva, propositiva e principalmente participativa. O processo de

pensar sobre a produção urbana não deve se restringir simplesmente à

ordenação do uso do solo, pois o espaço urbano envolve aspectos

econômicos, ambientais, sociais, fisiográficos e de gestão, necessitando

assim, do pensamento integrado destas diversas áreas.

O Plano Diretor Participativo (PDP) é definido como instrumento básico

de desenvolvimento urbano pelo artigo 182 da Constituição Federal de

1988. Ao ratificar e regulamentar o art. 182 e 183 da CF88, a Lei federal

10.257, conhecida como Estatuto das Cidades, define obrigatoriedades,

prazos para elaboração, penalidades legais e conteúdo mínimo para os

planos diretores. Este plano que deve ser aprovado por Lei Municipal é

uma ferramenta de fortalecimento do planejamento urbano construída de

modo participativo objetivando a garantia ampla ao direito à cidade.

A concepção do plano diretor deve ser baseada em um processo de

construção coletiva, utilizando metodologias de participação popular,

respeitando as realidades territoriais e incluindo todos os segmentos

socioculturais do município, buscando produzir uma cidade socialmente

justa, ecologicamente e culturalmente equilibrada. Assim, esta concepção

deverá ser aplicada durante todo o processo de elaboração do plano, não

se restringindo à etapa propositiva do mesmo.

Para garantia de acesso aos benefícios que a cidade proporciona a

todos os seus habitantes, deve existir uma completa supremacia do

interesse público em detrimento dos interesses privados na produção do

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espaço urbano. Neste sentido, a função social da propriedade é destacada

pelo Estatuto das Cidades como um elemento fundamental para o

planejamento urbano.

“A função social da propriedade não questiona o fundamento da

propriedade privada, mas é definida como uma estratégia de equilíbrio

entre a lógica liberal e a social. A priori, ela impõe a utilização da

propriedade para a realização de interesses sociais ou coletivos”. (Barbosa,

2015. Pág. 33). Assim, a Função Social da Propriedade Urbana busca

atender às funções desempenhadas na cidade, ou seja, às funções do

urbanismo: a habitação, o trabalho, o lazer, a locomoção no território

urbano, etc.

Neste sentido, o Estatuto das Cidades apresenta alguns instrumentos

de política urbana que podem contribuir para a efetivação da função social

da propriedade. Alguns instrumentos incentivam a utilização de vazios

urbanos, priorizam o atendimento aos interesses públicos em

equipamentos urbanos e contribuem com a captura de “mais valias”

urbanas que consiste na reversão, para a sociedade, da valorização

imobiliária gerada por investimentos públicos.

Em muitos municípios brasileiros estes instrumentos são apropriados

pelo mercado imobiliário, fazendo com que eles não cumpram as funções

para as quais foram criados. Em outros casos há uma falta de controle e

capacidade de gestão das administrações municipais, gerando aplicações

equivocadas destes instrumentos. Por estes motivos, segundo Barbosa

(2015) “(...) é necessário que a administração pública alcance autonomia

para buscar avanços no campo urbanístico, atendendo às bases e diretrizes

do Estatuto da Cidade, apoiando suas decisões na função social da

propriedade e na gestão social da cidade.” (pág.134).

Conforme a Resolução nº 34, Conselho das Cidades, o Plano Diretor

deve prever no mínimo:

1 – As ações e medidas para assegurar o cumprimento das funções

sociais da cidade, considerando o território rural e urbano;

2 – As ações e medidas para assegurar o cumprimento da função social

da propriedade urbana, tanto privada como pública;

3 – Os objetivos, temas prioritários e estratégias para o

desenvolvimento da cidade e para a reorganização territorial do município,

considerando sua adequação aos espaços territoriais adjacentes;

4 – Os instrumentos da política urbana previstos pelo art. 42 do

Estatuto da Cidade, vinculando-se aos objetivos e estratégias estabelecidos

no Plano Diretor.

Os princípios pelos quais a Função Social da Cidade será cumprida em

Paulo Afonso devem estar explicitados em ações e projetos que visem

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atingir tal cumprimento. As propostas serão traduzidas em meios pelos

quais os principais objetivos da Função Social da Cidade serão cumpridos,

como por exemplo: a demarcação de um perímetro de expansão urbana

para promoção do adensamento em algumas regiões para baratear o custo

da habitação regular; o incentivo das unidades habitacionais verticalizadas

(até 4 pavimentos) e as vilas habitacionais para conter a produção do lote

urbanizado irregular; a promoção da regularização fundiária e edilícia para

erradicar as ocupações precárias e em locais de risco; a criação de projetos

urbanísticos de readequação infra estrutural e urbana em algumas áreas

para incentivar o potencial turístico e melhorias do centro comercial; a

demarcação das áreas de proteção ambiental de forma a limitar ocupações

em áreas próximas a cursos d’água ou alagadiças, por exemplo.

As ações e medidas devem traduzir-se em programas de melhorias,

obras e intervenções, assim os instrumentos da política urbana, deverão

ser definidos vinculando-se às estratégias estabelecidas no Plano Diretor.

Por exemplo, o instrumento de Estudo de Impacto de Vizinhança para

empreendimentos que impactem o município com adensamento

populacional, valorização imobiliária (os critérios do porte do

empreendimentos devem ser definidos no processo de discussão do

PDDUA), a demarcação das Zonas Especiais de Interesse Social- ZEIS

facilitam os processos de regularização urbanística e fundiária, além de

definir vazios urbanos com potencial para produção de habitação de

interesse social. Outros instrumentos como Direito de Preempção que

garante ao poder público a preferência de compra em determinado

terreno de interesse para políticas públicas, ou Consórcio Imobiliário que

possibilita cooperação entre poder público e iniciativa privada para fins de

urbanização para áreas que tenham carência de infraestrutura, poderão

integrar o PDDU a partir do debate no processo de sua elaboração.

1.1. Plano Diretor de desenvolvimento Urbano e Ambiental de Paulo Afonso - BA

O PDP recebe diferentes nomenclaturas de acordo com as

particularidades de cada município, sendo denominado PLANO DIRETOR

DE DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL (PDDUA) no município de

Paulo Afonso – BA.

De acordo com o Ministério das Cidades, o processo de elaboração de

um Plano Diretor pressupõe a realização de, pelo menos, quatro etapas:

definição da metodologia, leitura da realidade municipal, seleção e pactos

em relação a temas prioritários e elaboração do projeto de lei do plano

diretor. Quando um plano passa por revisão, é importante que estas

etapas sejam atendidas de forma a concentrar esforços nas mudanças

necessárias e na reavaliação das diretrizes propostas anteriormente.

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De acordo com a avaliação desenvolvida pelo Ministério das Cidades,

os problemas mais comuns encontrados entre os planos diretores

aprovados após o Estatuto das Cidades em 2001 são:

Baixa aplicabilidade direta: remissão constante à legislação

complementar;

Pouco rebatimento territorial: diretrizes genéricas desvinculadas do

território (zoneamento);

Incompatibilidade com o Plano Plurianual - PPA e com os

orçamentos municipais: PD não avança na definição de

investimentos prioritários/ estratégicos.

Assim, para garantir a efetividade deste processo, são colocadas três

regras principais para a revisão de um plano diretor: 1) Conformidade com

o Estatuto da Cidade; 2) Necessidade de processo participativo; 3)

Submissão ao Conselho da Cidade ou similar, quando existente.

Para a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de

Paulo Afonso foi proposta uma metodologia de trabalho em que essas

etapas foram subdivididas em produtos a fim de encaixar a produção dos

materiais ao planejamento físico-financeiro do projeto, além de,

principalmente, facilitar a interlocução entre a equipe técnica e a

comunidade.

O primeiro produto elaborado, o Plano Executivo, apresentou: a

metodologia de trabalho, as etapas, as qualificações e atribuições da

equipe, além de prazos e detalhamento dos produtos a serem entregues.

Neste material que se segue, a equipe apresenta a sistematização dos

dados primários e secundários na forma de uma leitura da Realidade Local,

que se baseia no material repassado pelos secretários e técnicos da

prefeitura municipal, além dos levantamentos técnicos realizados in loco

pela equipe de apoio.

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2. APRESENTAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO E INSERÇÃO REGIONAL

Paulo Afonso é um município baiano que faz fronteira com os estados

de Sergipe, Alagoas e Pernanbuco. O Rio São Francisco é o principal marco

da divisão política destes estados e o município de Paulo Afonso está

localizado na margem direita deste rio.

O perímetro municipal de Paulo Afonso é delimitado a leste, com o Rio

São Francisco e o Estado de Alagoas; a oeste, com o município de Rodelas

– BA; ao norte, com o município de Glória – BA; e ao sul, com os

municípios de Jeremoabo – BA, Santa Brígida - BA e o Estado de Sergipe.

O município pertence à microrregião que leva o nome “Sertão de Paulo

Afonso” e à mesorregião Vale São-Franciscano da Bahia. Fazem parte desta

microrregião Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé, Paulo Afonso e Rodelas.

Paulo Afonso ocupa uma área territorial de 1.579,723 km² quilômetros

quadrados. Sua população foi estimada em 119.214 para 2015 e foram

contabilizados 108.396 habitantes no município pelo CENSO de 2010. Sua

sede está a 460 quilômetros de Salvador, 480 quilômetros de Recife, 380

quilômetros de Maceió e 280 quilômetros de Aracaju.

Mapa 1 - Localização Paulo Afonso - BA. 2016.

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Mapa 2 – Caracterização da população. 2016.

Para analisar a inserção regional do município de Paulo Afonso é

possível se utilizar também as informações apresentadas pelo REGIC –

Regiões de Influência das Cidades. O REGIC é um estudo elaborado pelo

IBGE em 2007 no intuito de subsidiar o planejamento estatal e prover

ferramentas para conhecer as relações sociais e os seus padrões espaciais.

Apesar deste material estar relativamente desatualizado, o REGIC ainda

representa de forma contundente as relações regionais e de hierarquia de

polos regionais e nacionais que se mantem hoje em dia.

No referido estudo, investigou-se a intensidade dos fluxos de

consumidores em busca de bens e serviços. Essa análise ao longo dos anos

evidenciou modificações marcantes no território graças à introdução de

novas tecnologias, alterações nas redes técnicas e o aprofundamento da

globalização da economia brasileira e o avanço da fronteira de ocupação.

De acordo com o IBGE (2007), a hierarquia dos centros urbanos leva

em conta a classificação dos centros de gestão do território, a intensidade

de relacionamentos e a dimensão da região de influência de cada centro,

bem como as diferenciações regionais.

As áreas de influência dos centros, por sua vez, foram delineadas a partir da intensidade das ligações entre as cidades. As redes são diferenciadas em termos de tamanho, organização e complexidade e apresentam interpenetrações devidas à ocorrência de vinculação a mais de um centro, resultando em dupla ou tripla inserção na rede. (pág. 11, REGIC, 2007)

Devido ao destaque que Paulo Afonso possui no cenário nacional no

tocante ao turismo e à economia ligada à Usina Hidrelétrica, a análise das

questões destacadas se mostram ainda mais importantes. O município de

Paulo Afonso é classificado como Centro Sub-regional A1 no REGIC e faz

1 Esta subcategoria se insere na categoria Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densamente povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste.

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parte da rede de influência da Metrópole Nacional Salvador-BA e da

Capital Regional Aracaju – SE, que por sua vez, também pertence à rede de

Salvador – metrópole Nacional. A subcategoria Centro Sub-regional é

constituída por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 112

relacionamentos.

A primeira rede de influência da qual Paulo Afonso é parte, é

estruturada da seguinte forma:

Salvador – BA (metrópole nacional) >>> Paulo Afonso - BA (Subcentro –

regional) >>> Jatobá - PE, Tacaratu - PE, Água Branca - AL, Pariconha - AL,

Abaré – BA, Chorrochó - BA, Glória - BA, Jeremoabo - BA, Macururé - BA,

Rodelas - BA, Santa Brígida - BA, Sítio do Quinto - BA (Centros Locais).

Mapa 3- Rede de Influências da Metrópole Nacional - Salvador - BA. Fonte: REGIC / IBGE. 2007.

Já na segunda rede de influências, Paulo Afonso se conecta à capital

Regional de Aracaju - SE:

Salvador - BA (metrópole nacional) >>> Aracaju – SE (Capital Regional)

>>> Paulo Afonso - BA (Subcentro – regional) >>> Jatobá –PE, Petrolândia –

PE, Tacaratu – PE, Água Branca – AL, Pariconha – AL, Abaré – BA,

Chorrochó – BA, Glória – BA, Jeremoabo – BA, Macururé – BA, Rodelas –

BA, Santa Brígida (BA)

Sítio do Quinto (BA). (Centros Locais).

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Mapa 4 - Região de Influência da Capital Regional de Aracaju - SE. Fonte: REGIC / IBGE. 2007.

Paulo Afonso se encontra na região do São Francisco conhecida como

Sub-médio São Francisco, que posui 440 km de extensão e vai de Remanso

na Bahia até Paulo Afonso.

O município faz parte do perímetro que delimita o Monumento Natural

do Rio São Francisco – MONA, que é uma unidade de conservação

brasileira de proteção integral da natureza localizada na divisa entre os

estados de Alagoas, da Bahia e do Sergipe. A cidade também é conhecida

pelos achados arqueológicos, que hoje integram o Museu Arqueológico de

Xingó, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Com o objetivo de identificar prioridades temáticas definidas a partir

da realidade local, o Governo da Bahia, através da Secretaria de

Planejamento do Estado da Bahia (SEPLAN) em 2010, passou a reconhecer

a existência de 27 Territórios2 de Identidade, constituídos a partir da

especificidade de cada região. Na classificação dos Territórios de

Identidade (TI) desenvolvida pelo estado da Bahia, o município faz parte do

TI Itaparica.

2 De acordo com o Decreto 12.354, de 25.08.2010: “O território é conceituado como um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, caracterizado por critérios multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade, coesão social, cultural e territorial”.

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Mapa 5 - Bacia hidrográfica São Francisco.

Paulo Afonso tem seu desenvolvimento urbano muito ligado à

implantação da Usina Hidrelétrica de Angiquinho em 1913, na margem do

Rio São Francisco. Hoje, o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso é

formado pelo conjunto de usinas: Paulo Afonso I, II, III, IV e Apolônio Sales

(Moxotó), que produz 4.279,6 megawatts de energia, gerada a partir da

força das águas da Cachoeira de Paulo Afonso, um desnível natural de 80

metros do Rio São Francisco.

A cidade de Paulo Afonso está organizada em 3 núcleos principais:

PORÇÃO INSULAR, ou Ilha, onde se localizam o antigo

acampamento CHESF que hoje é formado por um conjunto de

bairros (General Dutra, Oliveira Lopes, Alves de Souza, Fazenda

CHESF, Vila Operária e Vila Nobre), a antiga Vila Poty, hoje

composta pelos Bairros Centro, Perpétuo Socorro e Nossa

Senhora de Fátima e onde se encontra o centro comercial e

administrativo da cidade, e alguns bairros um pouco mais

dispersos, como o Bairro Centenário, Sal Torrado, Abel Barbosa,

Caminho dos Lagos, Loteamento Tropical, Conjunto

Habitacional BNH e Bairro Panorama.

A PORÇÃO SUL -A região conhecida como Tancredo Neves (BTN)

que se localiza do lado oposto à barragem de PAIV e é formada

pelos bairros BTN I, II e III, Bairro Cardeal Brandão Vilela, Bairro

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Santa Inês, Rodoviário e o DNER. Esta é a região populosa da

cidade.

A PORÇÃO NOROESTE - terceiro núcleo que se desenvolve no

entorno do Aeroporto e em direção ao Município vizinho de

Glória. Esta região é formada pelos bairros: Clériston Andrade,

Siriemas I, II e III, Jardim Bahia, Jardim Aeroporto, Bairro

Prainha, e de outros mais dispersos, como Oliveira Brito, Pedra

Comprida, Vila Moxotó e Barroca.

Segundo Gomes (2011), o município possui 74 povoados reconhecidos

pela prefeitura e muitos destes povoados estão localizados em áreas

distantes da sede e de difícil acesso. São eles:

Tabela 1 - Povoados do município de Paulo Afonso.

Fonte: Gomes 2011.

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3. PRINCIPAIS ACESSOS E MOBILIDADE INTERURBANA

Pode-se dizer que um dos primeiros elementos que determinam a

influência de um Município é o acesso a ele. Paulo Afonso, apesar de ter o

aeroporto como um grande facilitador de conexões, assim como a maior

parte dos municípios brasileiros, tem as rodovias como principal forma de

acesso.

O aeroporto encontra-se a 6 Km do centro da cidade e seu

atendimento abrange toda a região. Possui pista asfaltada de 1.800 metros

de comprimento e 45 metros de largura e permitie a aterrissagem de

grandes aeronaves (como Boing 737 / 727 / 707), atualmente existe um

vôo regular operado pela Azul Linhas Aéreas com destino a Salvador/BA,

em dois dias da semana.

Existe um fluxo intenso de moradores de Paulo Afonso para as capitais

dos estados que fazem limite com o município, um dos principais motivos

é a busca pelas instituições de ensino superior que se concentram nestas

capitais.

Além disso, há um fluxo intenso partindo das pequenas cidades do

entorno que procuram em Paulo Afonso os serviços e a variedade do

comércio que por vezes não encontram em suas cidades. Para atender à

esta demanda, há algumas linhas de transporte coletivo que servem à

estas cidades, como será apresentado no item específico de mobilidade.

A operação das linhas intermunicipais e interestaduais é executada por

6 empresas. A Agência Nacional de Transportes Terrestres tem registradas

as seguintes linhas:

Tabela 2- Disponibilidade de linhas de transporte coletivo terrestre para Paulo Afonso - BA.

Empresa Linhas

Senhor do Bonfim Ltda. Aracajú (SE) – Paulo Afonso; Nova Canindé

de São Francisco (SE) – Paulo Afonso. Via:

Própria (SE), São Sebastião (AL), Jaramataia

(AL), Batalha (AL), Olho D’água das Flores

(AL), Capiá Novo (AL), Siriri (SE), Nossa

Senhora das Dores (SE), Nossa Senhora da

Glória (SE), Monte Alegre de Sergipe (SE),

Poço Redondo (SE), Itabaiana (SE), Frei

Paulo (SE), Mocambo (SE), Jeremoabo (BA).

CIA São Geraldo de Viação Paulo Afonso – São Paulo; Paulo Afonso -

Rio de Janeiro.

Auto Viação Progresso S/A Recife (PE) – Paulo Afonso; Caruaru – Paulo

Afonso. Via: Garanhuns (PE), Iati (PE), Aguas

Belas (PE), Capiá Novo (AL).

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Gontijo de transportes Ltda. Paulo Afonso – São Paulo; Paulo Afonso –

Governador Valadares; Paulo Afonso –

Juazeiro do Norte (CE).

Rodoviária Leão do Norte Ltda. Recife(PE) – Paulo Afonso Via: Caruaru(PE),

Belo Jardim(PE), Pesqueira(PE),

Arcoverde(PE), Cruzeiro do Nordeste(PE),

Ibimirim(PE); Hotel do Peba(PE), Nova

Petrolina(PE).

Real Alagoas de Viação Ltda. Paulo Afonso – Arapiraca (AL); Recife (PE) –

Paulo Afonso; Arcoverde (PE) – Paulo

Afonso; Nova Petrolina (PE) – Paulo Afonso.

Via: Maceió (AL), Arapiraca (AL), Santana do

Ipanema (AL), Delmiro Gouveia (AL),

Caruaru (PE), Garanhuns (PE), Aguas Belas

(PE), Capia Novo (AL), Vitória de Santo

Antão (PE), Gravatá (PE), Lajedo (PE), Iati

(PE), Ibimirim (PE) e Nova Petrolina (PE).

Fonte: Agencia Nacional de Transportes Terrestres.

https://appweb.antt.gov.br/transp/secao_localidade_tarifa.asp . Acesso 01/02/2016 às

14:30.

O transporte interurbano de Paulo Afonso atende diretamente 36

municípios fora do estado da Bahia, sendo 15 de Pernambuco, 11 de

Sergipe, 09 de Alagoas, 01 do Ceará, além de possuir linhas para São Paulo,

Rio de janeiro e Governador Valadares, apontando para um fluxo intenso

de PA com os municípios vizinhos e capitais. Sendo um dos destinos

turísticos da Bahia, o município apresenta limitações de articulação

regional, novas articulações são possíveis através da construção de alguns

trechos de interligação de estradas existentes que dariam acesso aos

municípios de Juazeiro, Senhor do Bonfim e Salgueiro.

3.1. Consórcios Intermunicipais

Os Consórcios intermunicipais são constituídos sob a forma de

associação pública, consistindo em parcerias entre municípios para a

realização de ações conjuntas, que permitem um aumento da qualidade

dos serviços públicos prestados à população, sendo seu custo diluído entre

os municípios participantes.

Estes consórcios surgiram através de ações regionais de implantação

de infraestrutura e oferecimento de serviços públicos que demandam

recursos financeiros e estruturais que ultrapassam a capacidade individual

do município. No Brasil, destacam-se os consórcios intermunicipais em

ações de saneamento, instalação de infraestrutura de energia elétrica,

construção de estradas e atividades relacionadas à promoção de saúde

pública, proteção ambiental e promoção do turismo regional.

Até o momento, o município possui apenas o Consórcio Público de

Saúde, criado em 2012, que engloba nove municípios da região Norte da

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Bahia que aderiram ao Consórcio são: Paulo Afonso, Abaré, Santa Brígida,

Glória, Pedro Alexandre, Macururé, Jeremoabo, Chorrochó e Rodelas. O

objetivo principal do Consórcio Intermunicipal de Saúde é a construção de

unidades de atendimento de saúde na região, através de um novo modelo

de financiamento e gestão destes serviços de saúde, descentralizando a

assistência e desonerando as despesas municipais. Outro consórcio está

em andamento junto ao Governo do Estado, para administração do aterro

sanitário de Paulo Afonso e para a implantação do Plano de Saneamento

Básico. Salienta-se, entretanto, que esta política é incipiente e pode ser

ampliada.

3.2. Economia local

As receitas municipais provêm basicamente da produção de energia

elétrica (Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso), pecuária, avicultura,

apicultura e indústria. Os maiores rebanhos são os bovinos, caprinos e

ovinos. Na avicultura destaca-se a produção de galináceos.

Na apicultura, é expressivo produtor de mel de abelhas. O município

possui também 80 indústrias e 1.931 casas comerciais, que vêm

apresentando crescimento no que se refere ao número de

estabelecimentos e pessoas empregadas.

De acordo com o IBGE, Paulo Afonso possuia um dos maiores PIB

(Produto Interno Bruto) do estado da Bahia.

Gráfico 1 - Fonte: Contas anuais. Receitas orçamentárias realizadas (Anexo I-C) 2014 e Despesas orçamentárias empenhadas (Anexo I-D) 2014. In: Brasil. Secretaria do Tesouro Nacional. Siconfi: sistema de informações contábeis e fiscais do setor público brasileiro

O setor secundário, especialmente o da indústria aparece com

destaque dentre as variáveis do PIB municipal, devido, principalmente, ao

parque hidroelétrico que se estende em todo o seu território e cidades do

entorno. O município e sua região têm destaque também no setor da

piscicultura, principalmente na criação de Tilápias, apesar deste ramo não

ter se desenvolvido tão amplamente como o projetado.

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Gráfico 2 – Produto interno bruto de Paulo Afonso, 2013. Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência

da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA.

Ocorre que, com a Lei nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013, “sobre as

concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica,

sobre a redução dos encargos setoriais e sobre a modicidade tarifária”, que

atribuiu competência à Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL para

remuneração por tarifa calculada para cada usina hidrelétrica, o município

de Paulo Afonso sofreu perda de R$ 1.105.676 (um bilhão cento e cinco

milhões seiscentos e setenta e seis reais) do ano de 2010 ao ano de 20133.

Tabela 3 – PIB da Agropecuária, Indústria e Serviços

PIB (mil

reais)

Valor

adicionado

bruno

2008 2009 2010 2011 2012 2013

agropecuária 9.656,00 10.005,00 16.744,00 15.040,00 16.715,00 20.335,00

indústria 1.493.188,00 1.030.773,00 1.501.247,00 1.488.429,00 515.392,00 395.571,00

serviços 430.911,00 491.671,00 391.137,00 435.920,00 525.107,00 635.759,00

Fonte: IBGE. Elaboração: PMPS.

3 Os dados mais recentes divulgados pelo IBGE Cidades referem-se ao ano

de 2013.

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Gráfico 3 – PIB de Paulo Afonso Entre os anos de 2008 e 2013. Fonte: IBGE.

As atividades de comércio e serviços em Paulo Afonso têm uma maior

representatividade nas variáveis apresentadas pelo IBGE.

Há, no Bairro Tancredo Neves III um Centro de Abastecimento – CEASA

que fornece produtos de hortifruticultura ao comércio local de feiras,

mercados, restaurantes, lanchonetes, além de hotéis e pousadas. No

entanto, como o município não possui uma produção efetiva de alimentos,

este equipamento não opera em toda sua capacidade.

Destaca-se que as principais atividades de comércio e serviços estão

concentradas, na região da ilha, no centro tradicional da cidade. Nos

bairros do entorno existe oferta de comércio e serviços de pequeno porte,

sendo necessária uma maior descentralização destas atividades, visto que

existe certa dificuldade de acesso à ilha, dentro das atuais condições de

tráfego.

Há no município quatro organizações ligadas à atividade comercial , o

Sindicato dos Comerciários de Paulo Afonso e Região-SINCOPA, o Sindicato

dos Comerciantes de Paulo Afonso-SINPA, a Associação Comercial,

Industrial e Agropecuária de Paulo Afonso – ASCOPA que foi constituída

em 25 de setembro de 1968, com objetivo de unir, através do

associativismo, a classe empresarial de Paulo Afonso e a CDL – Câmara de

Dirigentes Lojistas de Paulo Afonso, fundada em 02 de dezembro de 2000,

entidade Civil sem fins lucrativos, com o objetivo de aproximar os diversos

segmentos varejistas para tratar de interesses comuns ao comércio,

propiciando um clima de cooperação e troca de informações e ideias.

A principal atividade econômica do Município de Paulo Afonso é a

produção de energia elétrica realizada pela CHESF – Companhia Hidro

Elétrica do São Francisco. É dela que provêm basicamente as principais

receitas municipais, o ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadoria e

Serviços e o CFRH – Compensação Financeira de Recursos Hídricos, a partir

dos quais seguem outras receitas inerentes aos Municípios brasileiros,

como FPM – Fundo de Participação dos Municípios, FUNDEB - Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação, SUS – Sistema Único de Saúde, entre outras.

Além dos impactos supra mencionados no PIB, decorrentes da redução

do valor da tarifa pagos às usinas do complexo Paulo Afonso, que

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reduziram significamente na arrecadação municipal, outras perdas somam-

se para a administração pública e os cidadãos pauloafonsinos, também

extremamente significativos, o que implica num comprometimento da

prestação de serviços essenciais como coleta de lixo, saúde, educação,

além da perda da capacidade de investimento.

A crise econômica financeira e política nos anos de 2015 e 2016, rebate

no FPM, cuja composição de receitas engloba o IPI – Imposto sobre

Produtos Industrializados e o Imposto de Renda. No primeiro trimestre de

2016, em comparação com o mesmo período do ano anterior, Paulo

Afonso acumula uma perda de mais de meio milhão de reais no FPM4.

O royalties – CFRH, é outra fonte de receita que sofreu redução e

impacto nas finanças municipais a partir do ano de 2013, por consequência

de ações judiciais promovidas pelos municípios circunvizinhos, que

questionaram a distribuição dos valores. O município de Paulo Afonso

sofreu grande redução de arrecadação, perdendo ao longo dos últimos

anos, com as devidas correções, mais de cinquenta milhões de reais.

4 Fonte: PMPS.

Gráfico 4 – Arrecadação de Royalties – CFRH. Fonte ANEEL. Elaboração PMPA.

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4. ASPECTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E SIGNOS URBANOS

4.1. A formação urbana de Paulo Afonso

A história do Município de Paulo Afonso está intimamente ligada à

exploração da Cachoeira de Paulo Afonso, quando em 1913, o

empreendedor Delmiro Gouveia, a fim de gerar energia elétrica para sua

fábrica, instalou uma pequena usina na margem alagoana do Rio São

Francisco.

Foto 1- Cachoeira de Paulo Afonso e Usina Angiquinho. Fonte: Oliveira. 2012.

Esta usina foi desativada em 1960, mas o seu desempenho, inspirou a

criação da CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco, através do

Decreto-Lei Federal nº 8.031, de 3 de outubro de 1945. Seu objetivo era

gerar energia para grande parte do Nordeste, em um raio de 450 Km, a

partir de uma usina na cachoeira de Paulo Afonso.

Antes mesmo do início das obras da usina, foi construído um

acampamento para abrigar os funcionários com conforto e segurança. Este

acampamento foi construído nas terras de uma fazenda chamada

Forquilha, e nas proximidades havia um povoado com este mesmo nome

que pertencia ao município de Glória.

A área foi planejada levando-se em consideração o aspecto

paisagístico, incluindo-se no projeto áreas intensamente arborizadas e

iluminadas, com excelentes condições urbanísticas, como casas de

alvenaria, rede de esgoto, água encanada, serviço de limpeza pública,

belas praças e jardins, igreja, clubes, hospital, dentre outros.

No segundo quartel do século XX, o semiárido baiano presenciou o surgimento de uma cidade planejada: a influência do ideário das cidades-jardim, perceptível no traçado viário, na lógica da ocupação do solo e na presença marcante da vegetação no espaço urbano, e a profusão de equipamentos públicos instalados concomitantemente ao início do processo de urbanização, garantindo a esta cidade uma

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infraestrutura que as grandes cidades do interior baiano ainda não possuíam à época. (ANDRADE)

Foto 2 - Vista aérea da Cidade Industrial fonte: Memorial CHESF data da foto: 1949.

Na descrição de Oliveira,

A vila da CHESF, que foi subdividida entre vila dos operários, técnicos e engenheiros, também era conhecida como Acampamento da CHESF ou

genericamente de Vila Operária e foi concebida com base no urbanismo moderno, seguindo as diretrizes de planos da época, notadamente baseado no modelo cidade jardim. O programa básico do conjunto planejado, para construção da cidade da CHESF, seguia uma lógica já utilizada em modelos de “cidade jardim”, sendo previstos: vias hierarquizadas com traçado radial e concêntrico; baixa densidade construtiva; segregação entre vila operária e vila dos técnicos e Engenheiros; casas construídas de forma isolada em seus respectivos lotes; clubes; centro médico; hangar e campo de aviação; casa de hospedes; mercado; padaria; escolas; áreas administrativas; conjunto de praças, área verdes e lagos artificiais”. (OLIVEIRA, 2015)

No entanto, na parte externa da Vila Operária, surge aos poucos a Vila

Poty5, um conglomerado de casas residenciais e casas comerciais,

construídas de modo desordenado pelos retirantes que chegavam em

busca de emprego na empresa ou para desenvolver alguma atividade

comercial.

Nesta Vila, que surgiu de maneira espontânea, não havia infraestrutura

urbana e serviços básicos para dar suporte aos seus moradores. Os

barracos foram sendo montados sem qualquer planejamento e o povoado

5 O nome Vila Poty decorre da utilização dos sacos de cimento daquela marca na construção das suas casas (JUCÁ, 1982, p. 272).

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foi se consolidando a partir dos casebres toscos e casas de taipa. O aspecto

da Vila Poty era o de uma concentração de tendas de ciganos prontas para

serem desarmadas a qualquer momento para a próxima partida. Mesmo

nestas condições a Vila Poty continuou crescendo, com pessoas chegando

de todos os lugares em busca de oportunidades de renda e emprego.

A Vila Operária tinha o seu acesso restrito através de guaritas que se localizavam ao longo da rua que delimitava as duas vilas, também conhecida como "Rua da Frente", atualmente denominada Avenida Getúlio Vargas. Estas guaritas tinham vigilância permanente, e os trabalhadores “chesfianos” só tinham acesso à área após apresentarem identificação própria [...] A cerca de arame farpado, que depois foi substituída por um muro de pedra, era, para a CHESF, o marco divisor de suas terras e um meio de segurança dos moradores do acampamento. Já para os moradores de Forquilha, era o “muro da vergonha” que separava os moradores, criando uma segregação social inaceitável. (SILVA, 2014)

No interior dos muros da CHESF também havia um zoneamento

que evidenciava a lógica da segregação social. Na área definida para

habitações, as quadras eram divididas por tipologias residenciais que

separavam os operários, chamados de “cassacos”, dos encarregados,

engenheiros e médicos, que possuíam maiores benefícios.

Foto 3 - Guaritas da CHESF. Fonte: Acervo de João de Sousa Lima.

A convivência entre estes dois cenários acabou por gerar um conflito

de identidades que fomentou o desejo de emancipação política do

município. Segundo SILVA,

Em dezembro de 1953, a Vila Poty passou a ser o Distrito de Paulo Afonso, no município de Glória. A feira livre só saiu do Acampamento da CHESF em 1960. Depois da derrubada do muro, por volta de 1985, ao longo do trecho que separava o acampamento do centro da cidade, foi construído um loteamento para construção de bares, lojas comerciais, hotéis. (SILVA, 2014)

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Acompanhando os anseios de democracia que marcaram o fim do

governo militar, a CHESF permite a derrubada do muro que dividia a cidade

e, paulatinamente, a área do acampamento passa a ser administrada pela

Prefeitura Municipal da cidade.

Assumir os equipamentos de uso coletivo, principalmente de educação

e saúde, que anteriormente eram administrados e financiados pela CHESF

foi um grande desafio para a administração municipal. Este desafio foi

contornado e hoje estes equipamentos possuem sua gestão ligada ao

governo estadual, municipal e federal.

Apesar destas mudanças, ainda hoje a cidade mantém a característica

heterogenia social, havendo uma maior valorização cultural, social e

econômica dos bairros que faziam parte do antigo acampamento da

CHESF. A paisagem urbana local possui uma clara divisão entre a cidade

planejada e a cidade espontânea, que aos poucos vem ganhando

melhorias da infraestrutura e serviços urbanos não pensados no momento

da ocupação. A cidade, de forma geral, possui ambiência agradável e

grande potencial para valorização das peculiaridades de sua formação

urbana.

4.2. Patrimônio cultural e signos urbanos do município.

Além da paisagem urbana marcante, quanto à contribuição

arquitetônica da CHESF, são destacados os equipamentos criados para dar

apoio aos moradores do acampamento da empresa, como escolas, clubes

sociais, casas, desde as casas da diretoria, de Hóspedes, até às residências

mais simples destinadas aos operários, e a igreja São Francisco. Estas

edificações, em seus aspectos construtivos, têm a prevalência de utilização

de pedras encontradas em grande quantidade na região e seguem os

princípios, ainda que com variações, da arquitetura moderna e da

arquitetura “Neocolonial”, bastante difundida no Brasil nos anos 40.

(...), este é o panorama do conjunto moderno de Paulo Afonso, formado por um plano urbanístico no modelo cidade jardim, por edificações modernas de matrizes diversas, pelo Complexo das Usinas e por outros artefatos e os vestígios que constituem esse patrimônio como o citado muro que dividia a cidade. Portanto, entende -se que esta cidade tem grande importância para a própria história da industrialização brasileira, pois o seu conjunto urbano se revela como um patrimônio de sítio industrial, bem como se apresenta com valor estético arquitetônico e narra a própria história do urbanismo e arquitetura moderna brasileira. (OLIVEIRA, 2015)

Entre as construções com linguagem arquitetônica moderna mais

representativa, destaca-se o antigo Grande Hotel de Paulo Afonso,

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implantado às margens do Cânion do rio São Francisco. O hotel foi

projetado em 1947 pelo arquiteto baiano Diógenes Rebouças, considerado

por Lúcio Costa “uma das melhores obras de arquitetura que existem no

Brasil” (OLIVEIRA, 2015).

Foto 4 - Grande Hotel e o Cânion do Rio São Francisco. Fonte: Memorial CHESF (1951).

Nas palavras de Oliveira (2015):

Uma das características do patrimônio de sítio industrial é ter uma significante importância como conjunto, ou seja, o todo e suas partes são indissociáveis, pois apresentam uma configuração própria, harmoniosa e derivada de uma organização e fluxos destinados à produção industrial. Por outro lado, quando ocorre a descaracterização progressiva deste tipo de patrimônio, esta leitura de conjunto também vai se perdendo, sendo substituída por uma percepção fragmentada do sítio, onde cada

elemento passa a ser um artefato autônomo sem as suas relações originais com o ambiente urbano. (OLIVEIRA, 2015, p.608)

Outros edifícios foram construídos com base no estilo neocolonial,

também ligado ao movimento moderno brasileiro. Entre estas construções

se destacam as escolas, os clubes, a casa de hóspedes e a Igreja de São

Francisco.

Foto 5 - Casa de Hóspedes (esquerda) e Escola Murilo Braga (direita). Fonte: Memorial CHESF (1951).

Apesar de todos os benefícios sociais alcançados através da derrubada

dos muros da CHESF, segundo Oliveira (2015), “(...) a abertura para uma

nova administração, acarretou na apropriação de algumas edificações pela

iniciativa privada, a qual, dentro de uma lógica de especulação imobiliária,

colaborou para a descaracterização espacial do conjunto edificado,

promovendo também demolições e, consequentemente, fraturas

urbanas”. Assim, em decorrência do não reconhecimento destas obras

como um patrimônio importante para o processo de construção histórica

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do município, com o passar dos anos, este patrimônio arquitetônico vem

apresentando descaracterização em seus aspectos originais.

Incialmente, as residências do acampamento foram sendo reformadas,

chegando a tornarem-se prédios com sete pavimentos, como é o caso do

Hotel San marino que teve um novo prédio construído no terreno onde

outrora havia uma típica residência chesfiana, ou em situações mais

graves, com a perda total do edifício, como no caso do restaurante da Vila

Operária que foi demolido em 2014, para dar lugar às novas sedes da Vara

do Trabalho e da Receita Federal.

Depois das residências, alguns dos prédios mais tradicionais também

foram se modificando, a exemplo das escolas e dos clubes. Mais

recentemente, alguns foram totalmente reformados, como é o caso da

antiga COOCHESF – Cooperativa dos Operários da CHESF, que deu lugar às

instalações provisórias da sede da Justiça Federal no município. Outros, a

exemplo do CFPPA – Centro de Formação Profissional de Paulo Afonso,

não atendem mais às suas funções originais, cedendo espaço para a

implantação de novas instituições, como é o caso da UNIVASF que passou

a ocupar o referido prédio.

Por outro lado, construções importantes, como a igreja de São

Francisco, a Casa de Hóspedes, a Casa da Diretoria e o Jardim Belvedere

mantêm-se praticamente sem nenhuma alteração em seu projeto original,

apenas algumas poucas modificações necessárias à sua manutenção foram

realizadas. Destaca-se o fato de a Igreja São Francisco ter recebido em

2015 a proteção por tombamento municipal, que resguarda, além do

edifício, o seu entorno, para manutenção da paisagem cultural do bem.

Foto 6 - Igreja de São Francisco (esquerda) e Casa da vila militar (direita). Fonte: Autoria – Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. (2015).

Salienta-se também que espaços públicos com grande relevância na

ambiência local foram criados na cidade que nasceu de forma espontânea,

especialmente na ocupação mais antiga da “Ilha” - parte da cidade cercada

por água - a exemplo da Praça das Mangueiras, construída onde antes

funcionava uma antiga guarita de acesso ao acampamento e o Centro de

Cultura Lindinalva Cabral, fruto da reforma no primeiro hangar da CHESF,

localizado nas proximidades da antiga pista de pouso, onde se encontra

hoje consolidada a Avenida Apolônio Sales.

O Código de Meio Ambiente do Município de Paulo Afonso (Lei nº

906/2000) inclui o tombamento como instrumento da Política Municipal

de Meio Ambiente (art. 8º) e prevê que o tombamento poderá ser feito

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por lei municipal, tendo os mesmos efeitos do tombamento previsto da

legislação federal pertinente. A própria Lei, em ser artigo 42, institui o

tombamento dos seguintes bens: “I - o Monumento ao Touro e à Sucuri,

simbolizando a inteligência do homem vencendo a força do Rio; II - a

estátua de Castro Alves, na Ilha do Urubu; III - o vagão de ferro, na Ilha do

Urubu; IV - o modelo reduzido da Cidade; V - o teleférico, na área da

CHESF; VI - o Edifício cogumelo, do Complexo de Usinas da CHESF; VII - a

Usina piloto; VIII - a Igreja de São Francisco; IX - a Casa da Diretoria no

Bairro General Dutra; X - a Casa de Hóspedes no Alves de Souza; XI –

modelos reduzidos das Usinas; XII – salas dos visitantes; XIII – espaço

cultural Raso da Catarina;”. Não obstante, a Igreja de São Francisco teria

sido novamente tombada através de Lei no ano de 2015.

Em que pese os bens supra terem sido individualizados e passarem a

integrar o patrimônio cultural brasileiro, inexiste lei municipal acerca do

tombamento, bem como a definição de estrutura e competências para

atuação do poder público municipal no estudo, definição, efetivação e

posterior salvaguarda dos bens culturais tombados.

Para caracterização dos bens de valor cultural do município e possível

proteção enquanto patrimônio natural, arquitetônico, urbanístico e

paisagístico, é imprescindível que a administração desenvolva um trabalho

de catalogação, inventariado e pesquisa acerca destes bens. Além disso, é

de extrema importância que seja reconhecido o patrimônio imaterial do

município, na forma dos costumes e tradições dos povos indígenas e

sertanejos que viveram e ainda vivem neste território. Destaca-se que para

este trabalho, a participação comunitária é fundamental para um efetivo

reconhecimento da identidade local.

A secretaria de cultura e turismo disponibilizou uma listagem de bens

móveis, imóveis, materiais e imateriais que já são classificados como de

interesse cultural. A listagem contendo alguns destes bens, segue abaixo:

Monumento ao Trabalhador;

Obelisco;

Ponte Dom Pedro Segundo;

Touro e a Sucuri;

A Amazona e o Cavalo;

Monumento do Primeiro Decênio da CHESF;

Igreja São Francisco de Assis;

Catedral de Nossa Senhora de Fátima;

Rio são Francisco

Gastronomia típica;

Raso da Catarina;

Sítios arqueológicos;

Parque Belvedere;

Praça das mangueiras;

Muro da Chesf;

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Serra do umbuzeiro;

Museu Casa de Maria Bonita;

Cachoeira de Paulo Afonso;

Bondinho da Chesf;

Artesanato típico;

Casa da cultura;

Espaço cultural raso da Catarina;

Espaço cultural Lindinalva Cabral;

Lagos do belvedere;

Lago do touro e a sucuri;

Casa da diretoria da Chesf;

Casa de hóspedes;

Modelo reduzido;

Ilha do urubu;

Grupo cangaceiro;

Ponte de acesso à ilha.

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5. COMUNIDADES TRADICIONAIS E SEUS TERRITÓRIOS

Os povos e comunidades tradicionais - terminologia adotada no Brasil

para designar aqueles que em diversos tratados internacionais foram

denominados população local, povos tribais e outros – são sujeitos

culturalmente diferenciados na sociedade, que muitas vezes mantém

formas próprias de sociabilidade, relação com a terra e os recursos

naturais, bem como normas de organização próprias. De acordo com a

Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, instituída pelo

Decreto n. 6.040/07 são:

(...) grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição;

Entre os diversos povos tradicionais, são identificados ao menos três

em Paulo Afonso: povos indígenas, povos de terreiro e pescadores

artesanais.

5.1. Pescadores artesanais

A pesca é classificada como “artesanal” pela Política Nacional de

Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, Lei n. 11.959/09,

na hipótese:

Art. 8º Pesca, para os efeitos desta Lei, classifica-se como:

I – comercial:

a) artesanal: quando praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações de pequeno porte;

O pescador artesanal, porém, deve ser compreendido como uma

categoria identitária e não ser reduzido àquele que exerce atividade

profissional relacionada à pesca com tecnologia simples. Sua distinção

reside na tradição, da confecção e manejo dos apetrechos, das técnicas de

pescaria, nos mitos e crenças, no manuseio das embarcações, suas

canções e na oralidade com que o conhecimento é transferido. Nas

palavras de Valencio, sobre pescadores artesanais do rio São Francisco

(2010, p. 203):

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Mais do que uma atividade de trabalho, a pesca artesanal no rio São Francisco constitui-se um modo de vida; significa dizer, uma identidade territorializada. O rio passa de tal sorte a ser um ator da vida social que os conflitos são nele dinamicamente refletidos. Os pescadores artesanais não podem ser explicados sem o rio, o seu rio, onde seguem encadeando as características ecossistêmicas próprias do lugar – ritmos das águas, comportamento das espécies – com o ser fazer social.

Os pescadores artesanais de Paulo Afonso não possuem significativa

organização social. Mesmo a Colônia de pescadores não representa a

totalidade destes, sendo compreendida pelos mesmos como uma colônia

com fins meramente cartoriais, ou seja, sem uma “vida própria”, mas

apenas para angariar pessoas que recebam o seguro-defeso. Neste

sentido, identificaram-se nove famílias de pescadores de Paulo Afonso

filiados às colônias de Delmiro Gouveia-AL, Jatobá-PE ou Glória-BA, mas a

grande maioria não se encontra filiada a nenhuma colônia e não acessam,

portanto, o seguro-defeso (Tomaz, et al., 2014).

Wellington Lima descreve os pescadores artesanais de Paulo

Afonso:

[....] são pessoas humildes, todos moradores em bairros mais afastados da cidade possuem uma média de idade entre 40 à 60 anos de idade frequentaram a escola até no máximo a quarta

série primária todos casados que sobrevivem exclusivamente dos recursos adquiridos através da pesca para supri as suas necessidade, ou seja, não possuem outra fonte de renda para manter sua família vivem exclusivamente do que o rio oferece, não têm apoio ou orientação de nenhum órgão do governo e só recebem o seguro defeso com muita dificuldade devido a burocracia e a exigência de vários documentos, provocando assim um atraso no repasse pelos órgãos públicos e seus filhos devido a dificuldades na lida diária não seguem a profissão do pai. (2014, p. 31)

Foto 7 - Pescado vendido na feira livre. Fonte: Alzeni Tomaz, 2014.

Estes pescadores enfrentam diversas ordens de conflitos, como a

escassez dos peixes nativos, em decorrência dos barramentos no rio para

produção de energia, que impedem a piracema, o cercamento das águas

pelos projetos de produção aquícola, poluição e lixo nas águas, as referidas

dificuldades de filiação na colônia de pesca Paulo afonsina, mas,

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principalmente, os pescadores de Paulo Afonso enfrentam o problema de

inacessibilidade do rio.

Foto 8 – Sr. Louro Pescador, coletando lixo no Cânion. Autor: Clara Campos. Fonte: Tomáz, 2014.

Em que pese o Rio São Francisco ser parte da identidade de Paulo

Afonso, assumindo destaque em quase todas as imagens que registrem o

município, parte da população e, entre ela, os povos tradicionais tem tido

dificuldade de acessar o rio, parte integrante de seus territórios

tradicionais.

Os pescadores de Paulo Afonso indicam que:

- o lago da PA IV, em sua porção a oeste da ponte da rodovia BA-

210 tem as margens praticamente todas ocupadas e cercadas, restando

apenas um pequeno pedaço na entrada da “Vila Matias” sem cercas;

- A porção leste do pago da PA IV não é aproveitável para atividade

pesqueira, provavelmente pela proximidade da Usina;

- à montante do Canal da PA IV, a atividade de pesca é proibida pela

CHESF, que mantém ronda motorizada de suas margens, combatendo a

pesca artesanal, ao tempo que não questiona o uso para banho, jet-ski ou

lanchas motorizadas;

Foto 9 - Placas de proibição da pesca ao longo do bairro centenário. Fonte: Tomáz, 2014.

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- o outra margem à montante, no bairro Barroca, foi praticamente

toda ocupada por posses individuais, restando apenas três pontos estreitos

de acesso ao rio.

Foto 10 - Pontos de acesso ao rio na Barroca. Fonte: Edição sobre imagem de satélite GoogleMapas. Equipe Vivenda. 2016.

Nas fotos abaixo o pescador que reside na Vila Matias aponta para as

dificuldades de acessar o lago da PA IV, uma vez que as beiras do rio, antes

utilizadas, foram cercadas e muradas. A segunda foto mostra o último

ponto de acesso ao rio, que teria sido fechado com muro de alvenaria.

Foto 11 - Pescador demonstra dificuldade de acessar o rio diante de muros colocados em locais tradicionais. Foto: Alzení Tomáz, 2014

Uma alternativa para todos os pescadores da Vila Mathias e BTN seria

o estabelecimento de um porto, com equipamento de uso coletivo para

guardar embarcações e petrechos relativos à pesca artesanal às margens

do Lago da PA IV, na entrada da Vila Mathias.

Foto 12 - Proposta de localização de equipamento no Lago da PA IV. Fonte: Edição sobre imagem de satélite GoogleMapas. Equipe Vivenda. 2016.

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Outra proposta reside no estabelecimento de marcos nos três

pontos de acesso ao rio no bairro da Barroca, para que as vias ainda

existentes não sejam porventura fechadas6.

Além disso, o poder público municipal poderia identificar os acessos

tradicionais à beira do rio e estabelecer instrumentos que garantam à

população tradicional o local e direito de acessar as águas do São

Francisco, um bem público de uso comum do povo.

5.2. Povos de Terreiro

Os povos de terreiro são aqueles que se organizam em torno da

religiosidade afro-brasileira. Segundo o Decreto estadual n. 15.671, de 19

de novembro de 2014, que regulamentou o estatuto da igualdade racial do

Estado da Bahia, “povos de terreiros de religiões afro-brasileiras” são:

os grupos ligados aos espaços de culto de religiões afro-brasileiras, segundo critérios de auto atribuição, que utilizam espaços comuns para a manutenção das tradições de matriz africana, respeito aos ancestrais e forças da natureza, e mediante relações pautadas pelo conceito de família ampliada, também denominados de povos

6 Recentemente o possuidor de um lote às margens do rio, que faz limite com o ponto de acesso identificado como número 3 na figura acima, avançou as cercas de seu lote, inclusive dentro d´água, reduzindo ainda mais o pequeníssimo espaço de lazer e dos moradores da região e de realização de atividades por povos e comunidades tradicionais locais.

de terreiros, povos de religião de matriz africana, povos de terreiros de religiões de matriz africana, comunidades tradicionais de terreiros, povos de santo ou comunidades de religiões afro-brasileiras.

É comum os munícipes de Paulo Afonso desconhecerem a existência de

templos de religiões afro-brasileiras, particularmente candomblé e

umbanda, em Paulo Afonso. Entretanto, levantamento realizado pela

Universidade do Estado da Bahia mapeou quase quarenta terreiros de

candomblé e umbanda em Paulo Afonso, no ano de 2009 (MARQUES;

SENA, 2009).

Os povos de terreiro da cidade experimentam diversos conflitos, que

geram demandas, como conflitos de vizinhança quando realizam as festas

nos terreiros e preconceito quando realizam práticas litúrgicas em locais

públicos, o que tem levado terreiros a se deslocarem do centro da cidade

para locais mais periféricos. Entretanto, registre-se que os terreiros

conseguem apoio do poder público municipal para algumas atividades,

como os tradicionais cortejos e oferendas para Iemanjá, no dia 02 de

fevereiro.

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Mapa 6- Terreiros de Paulo Afonso. Fonte: MARQUES; SENA, 2009.

Outro ponto comum entre terreiros é a ausência de uma associação

legalmente constituída, necessária para evitar conflitos sucessórios

envolvendo a posse e propriedade do espaço físico do templo em caso de

falecimento do dirigente, bem como a inaplicabilidade da imunidade

tributária conferida pelo artigo 150, VI, ‘b’, da constituição federal para

templos religiosos de qualquer culto.

Em especial os terreiros da Barroca queixam-se pela rápida e

desordenada ocupação das margens do rio por lotes, dificultando o

exercício da religião que possui forte relação com o rio.

Entre as propostas para os povos de terreiros estão: apoio à

constituição de associações; regularização fundiária dos templos;

reconhecimento da imunidade tributária; livre exercício de culto; proteção

dos pontos de acesso ao rio na Barroca.

5.3. Povos Indígenas

5.3.1. Truká-Tupan

Os Truká-Tupan são um povo indígena novo. Em que pese os indígenas

serem povos pré-colombianos, a constituição de novos povos indígenas

não é uma realidade incomum, pois a cultura e a construção de

identidades coletivas é algo dinâmico, sofrendo influências e adaptações

na medida que os fatores culturais, sociais, econômicos e ambientais se

desenrolam.

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Este povo tem origem na reunião de indígenas de diversos povos,

como os Truká e Atikum, que povoam a Bahia e Pernambuco, Fulni-ô, de

Pernambuco e os Kiriri, da Bahia. Se reuniram no ano de 2004, quando

elegeram sua Cacique, Neide (RELATÓRIO, 2015) . São sujeitos que se

desterritorilizaram, em parte, por diferentes motivos. Encontraram-se no

espaço urbano de Paulo Afonso e restabelecendo relações culturais e

simbólicas (Souza, 2013).

Souza explica esse processo de desterritorialização:

Em se tratando dos Truká-Tupan, seus membros são de etnias cujos territórios já estavam demarcados, contudo, processos de des-territorialização retiraram deles a possibilidade de exercer a sua cultura, desterritorializando-os. Fato marcante é o da Cacica da etnia e de sua família Truká. Segundo ela, a região onde habitava sua família ficou tão perigosa em razão do tráfico de drogas da região que restou impossibilitada a criação de seus filhos e a manutenção de seus costumes tradicionais. Ocorre aqui uma desterritorialização de parte do grupo em sua origem pela territorialização do tráfico de drogas na região. A lógica do tráfico de drogas não respeita os limites demarcados pelo Estado, expulsando os indígenas do seu território.

Entretanto, partindo da concepção de multiterritorialidade, tem-se que as comunidades indígenas possuem diversos territórios e territorialidades, de modo a não se poder afirmar

que o tráfico de drogas desterritorializou-as todas. Deve-se, portanto, contextualizar a desterritorialização ocorrida. Se os povos perderam a sua terra, ou seja, o controle do espaço em que viviam, pela criminalidade da região, tem-se que estes povos perderam o território como fonte de recursos, ou seja, o território natural desta comunidade. Todavia, as relações simbólicas existentes naquele espaço não se perderam, continuando como territorialidade simbólico cultural, impulsionando os indígenas desterritorializados em busca de um novo território para manutenção desta territorialidade. (2013 p. 44-45)

Neste sentido, os sujeitos de diferentes origens, desterritorializados

no espaço físico, se reuniram para o exercício de rituais, consagrando sua

territorialidade simbólica através do rito, da dança do toré.

Foi justamente esta territorialidade simbólico-cultural o elemento-chave para unir povos de origens diversas num lugar comum no seio do ambiente urbano, localizado no bairro Tancredo Neves III, da cidade de Paulo Afonso, Bahia. Esta territorialidade simbólico-cultural pode ser vislumbrada nos motivos de união dos povos que formaram os Truká-Tupan, que foram os de realizar os seus rituais e a prática ancestral do Toré. O Toré é uma dança na qual os índios invocam os encantados para realizar curas físicas e espirituais, além de fortalecer o corpo, a alma

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do indivíduo, bem como um fortalecimento de todo o grupo.

Os Truká-Tupan informam que passaram a habitar uma área cedida

pelo poder público municipal no Bairro BTN III, mas mesmo a criminalidade

que motivou a desterritorialização da cacica Neide, voltou a assombrar

estes sujeitos, que não conseguem mais permanecer no local. Os Truká-

Tupan se tornaram alvo constante da ação de condutas criminosas e

tiveram a oportunidade de se estabelecer no local hoje ocupado, a aldeia

Truká-Tupan. Mudaram-se com apoio do Exército.

O local ocupado pelos Truká-Tupan é hoje um território físico e

simbólico, inclusive com reminiscências de ocupação ancestral indígena.

Nas falas da Cacique Neide:

Aqui encontramos a felicidade, aqui encontramos a vida e os Encantos dos nossos antepassados indígenas. Quando chegamos aqui, logo os Encantados nos deram um presente, dois pilões de pedra, que prova que aqui era território dos antigos. Então, não podemos mais viver sem essa terra, eles nos aceitaram. (RELATÓRIO, 2015, p. 04)

Foto 13 - Pilão encontrado na área, com datação de mais de 12.000 mil anos. Fonte: RELATÓRIO, 2015.

Os truká-Tupan estão plantando para sua própria subsistência e

vendendo o excedente na feira da cidade para obtenção de renda. Entre os

produtos produzidos estão a cebola, arroz, alface, coentro, criação de

galinhas e outros animais (FUNAI, 2014), tendo iniciado a produção de mel,

sendo todos os produtos orgânicos, livre de agrotóxicos. O excedente é

comercializado, os únicos produtos de conhecida origem orgânica

oferecidos para os munícipes de Paulo Afonso.

Foto 14 - Produção dos Truká-Tupan. Fonte: Tomáz, 2014 e Silva, 2015 In: Relatório, 2015.

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Foto 15 - Produtos orgânicos comercializados pelos Truká-Tupan na feira de Paulo Afonso. Fonte: Bruno Heim/Vivenda, 2016.

Através do manejo de uma prensa hidráulica, com assistência

técnica de entidades rurais, o Truká-Tupan estão produzindo tijolos

artesanais e iniciando construções ecológicas que utilizam baixíssimo

índice de água. É o caso da oca ecológica, construída utilizando em grande

medida matéria prima local.

Foto 16- Casa de Prensa de Tijolos. Fonte: Bruno Heim/Vivenda, 2016.

A aldeia possui uma escola, com dos professores indígenas, está

construindo um posto de saúde com os tijolos ecológicos, mantém um

cruzeiro, conseguiram, através de parcerias uma bomba para irrigar a

agricultura irrigada.

Entretanto, a condição das habitações são precárias, sendo

basicamente construídas com taipa, modelo muito comum no sertão do

Brasil, mas que, sem um cuidado apropriado, pode contribuir para a

proliferação de barbeiros, Trypanosoma cruzi, transmissores da doença de

chagas.

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Foto 17 - Oca ecológica na aldeia Truká-Tupan. Fonte: Vivenda, 2016.

Foto 18 - Casas de Taipe dos Truká-Tupan. Fonte: Bruno Heim/Vivenda, 2016.

A área ocupada pelos índios é hoje caracterizada como “posse

indígena”, sua “terra tradicional”. A posse indígena é aquela posse

heterônoma, de natureza constitucional, fundada na tradicionalidade de

relação dos povos indígenas com a terra, distante, portanto, do conceito

civilista. Na explicação de Freitas Júnior:

[...] uma vez verificado que a terra é ocupada nos moldes tradicionais da cultura indígena, lança uma garantia para o futuro, de forma a consagrar, para frente, o direito dos índios sobre as terras que habitam, de forma clássica.

Assim, para que a terra indígena se considere tradicionalmente ocupada, não se procura saber a quantidade de anos que a população habita a gleba. Deveras, o que se investiga é se os índios empregam a tradição de seus antepassados e de seus costumes peculiares na ocupação da terra e na inter-relação com seus elementos vivos. (2007, p. 314).

Reconhecendo o direito dos Truká-Tupan ao seu território, o Ministério

Público Federal ajuizou a ação civil pública n. 1180-08.2013.4.01.3306,

obtendo decisão liminar em janeiro de 2014 para a União e a FUNAI

promovessem os atos administrativos necessários à aquisição das terras e

regularização do território.

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Foto 19 - Documento referente ao pedido liminar de regularização fundiária da aldeia.

Por ser um território tradicional, necessário à sobrevivência material,

cultural e espiritual do povo, é necessário que a área seja incorporada no

plano diretor municipal sob a perspectiva de ser protegida.

5.3.2. Pankararés

A Terra Indígena Pankararé ocupa uma área de 45.600 ha. no nordeste

do estado da Bahia situada dentro da região denominada Raso da Catarina

(BRASIL 1983), no quadrilátero formado pelas cidades de Paulo Afonso,

Jeremoabo, Canudos e Macururé.

Segundo o governo do Estado da Bahia, os Pankararés possuem uma

população de 1.470 índios.

Desde o fim do século XVI, muitas missões de evangelizadores foram

enviadas para o nordeste, especialmente para as regiões que margeavam o

Rio São Francisco, com objetivo de catequisar os povos indígenas que

ocupavam estas áreas, além de abrir possibilidades de exploração destas

terras. Estas ações extinguiram e dispersaram muitas tribos indígenas que

se distribuíram em povoados, sendo estes inseridos na massa da

população civilizada (MAIA 1992). Segundo COLAÇO (2006):

Com os aldeamentos em decadência, os habitantes de Curral dos Bois se encontravam espalhados pelos seus arredores, e muitos deles tiveram que abandonar as margens do rio, buscando "áreas de refúgio", nos brejos ou altos de serras próximas, como os Pankararé do Brejo do Burgo e os Pankararu do povoado, que posteriormente seria denominado de Brejo dos Padres. O parentesco entre os Pankararé e Pankararu, é apontado tanto pela história oral do grupo, como também por autores como Pinto (1956) e Hohenthal (1960), devido as frequentes referências feitas aos Pankararu a partir do século XVIII, em detrimento dos Pankararé (MAIA 1992).

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Como será detalhado a seguir, ainda hoje em Paulo Afonso há

descendentes do povo Pankaru que se fixaram no bairro BTN III na sede

municipal.

O mapa a seguir traz a localização da terra indígena dos Pankarés, com

destaque para os três municípios nos quais ela se insere.

Mapa 7 - Localização Terra Indígena Pankararé. Fonte: Colaço, 2006.

Hoje os Pankararés possuem uma boa articulação enquanto grupo, se

organizando em associações que visam a captação de recursos para

melhoria da condição de vida de seus membros.

5.3.3. Outros povos indígenas em Paulo Afonso

Além das aldeias citadas, em Paulo Afonso encontram-se Pankararús

não aldeiados, que habitam residências no bairro BTN III, próximo da

antiga área onde habitavam os Truká-Tupan. Apesar de não constituírem

uma aldeia, os Pankararús de Paulo Afonso têm organização própria,

inclusive com Cacique próprio.

Também residem no território pauloafonsino os Kalancós. Das

informações obtidas, os Kalancós moram em uma roça adquirida com

recursos próprios, no povoado da Barriga.

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6. MEIO AMBIENTE

O meio ambiente é compreendido como “conjunto de condições, leis,

influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e

urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”,

conforme conceito previsto na resolução n. 306/02 do Conselho Nacional

de Meio Ambiente.

O direito brasileiro compreende meio ambiente de forma ampla,

holística, compreendendo-o como um bem que merece proteção legal e

goza de autonomia em relação aos diversos bens que lhe compõem, ou

seja, o meio ambiente é a totalidade de interações de ordem físico,

químico, biológico, cultural, social, urbanístico, e porque não, psicológicas,

genéticas e outras que, interagindo, permitem, abrigam e regem todas as

formas de vida. Tudo isso faz com que a cultura, fauna, flora, e outros

componham a noção de meio ambiente, mas com ele não se confundam

conceitualmente.

Enquanto bem jurídico autônomo o meio ambiente é protegido pela

Constituição Federal, mas isso não impede – pelo contrário – que a

proteção ambiental recaia sobre os bens ambientais em espécie. Neste

sentido, o PDDUA poderá e efetivamente deverá ser mais um instrumento

para efetiva proteção ambiental, quando regula os espaços habitáveis pelo

homem.

Ao plano diretor, cabe a normatização da ocupação urbana e rural, e

regulamentação de instrumentos de proteção e recuperação da paisagem

natural, objetivando a manutenção do equilíbrio ambiental no município.

Para desenvolvimento destas futuras propostas, neste item, serão

apresentadas as áreas que se destacam no município por seu valor

ambiental e paisagístico, assim como, pontos de conflito que merecem

uma maior atenção na gestão urbana e rural.

6.1. Áreas de Preservação Permanente

As áreas de preservação permanente são definidas pelo “Novo Código

Florestal”, a Lei n. 12.651 de 2012, como:

(...) área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. (BRASIL, Lei nº 12.651, 2012, art. 3º).

Estas áreas possuem relevante interesse ambiental, elas se destinam a

proteger solos e, principalmente, as matas ciliares. As APP’s podem se

encontrar em propriedades públicas ou particulares, devendo o

proprietário, possuidor ou ocupante, manter a vegetação nela existente ou

recompô-la no caso de degradação. Os perímetros definidos como APP são

sujeitos a rígidos limites de exploração e ocupação.

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A lei define diversas hipóteses de áreas de preservação permanente,

sendo especialmente relevante para o Município de Paulo Afonso aquelas

destinadas à proteção dos recursos hídricos, uma vez que seu território é

cortado pelo leito natural do Rio São Francisco e margeado pelos lagos

oriundos dos barramentos para geração de energia elétrica. Além disso, a

cidade possui um sistema de lagos artificiais, projetado pela CHESF para

impactar no microclima de sua área urbana, além de diversos “riachos”,

nascentes e olhos d´água, principalmente em sua zona rural.

Ocorre, porém, que o “novo código florestal” não encerra todas as

áreas que podem ser protegidas como APP. Isto porque a legislação federal

é norma geral sobre floresta, podendo ser suplementada pela legislação

estadual e municipal, nos termos dos artigos 24, VI e 30, II, da Constituição

Federal. Assim, no subitem que se segue serão analisadas as possibilidades

colocadas pela legislação federal, seguida da análise complementar da

legislação do Estado da Bahia e do município de Paulo Afonso direcionadas

ao tema.

6.2. Áreas de Proteção Permanente com função hídrica

Dentro das delimitações colocadas pela lei federal, encontramos como

áreas de proteção permanente as faixas marginais de leitos naturais de

rios, córregos, e cursos d’água, desde que perenes ou intermitentes. O

tamanho destas faixas marginais varia de 30 m a 500 m, conforme a

largura do rio, sendo a medição feita a partir do leito regular.

Ao restringir as Áreas de Proteção Permanente- APPs aos leitos

naturais do rio, restam excluídos, logicamente, os leitos artificiais. Neste

sentido, conforme se observa no mapa abaixo, apenas as margens do leito

natural do Rio São Francisco possuem APP, que variarão conforme largura

do rio.

Mapa 8 - Mapa de Paulo Afonso – Leito do Rio São Francisco. Fonte: Google Maps (Adaptada)

No que tange aos denominados “lagos”, constituídos pelos

reservatórios das usinas de geração de energia elétrica, encontramos na

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Lei n. 12.651 de 2012 diferentes normas, nos artigos 4º, III; 4o, §1º; 4o, §5o;

5º e 62.

O reservatório de Moxotó, fruto de barramento no leito natural do Rio

São Francisco, é responsável pelo abastecimento do complexo

hidroelétrico das usinas PA I, II e III.

Foto 20 - Usinas PA I, II e III. Fonte: CHESF

Em que pese os contratos de concessão de exploração de energia

elétrica tenham sido renovados em data posterior à edição da Medida

Provisória n. 2.166-67/01 – como por exemplo o “Contrato de Concessão

n. 006/2004 – ANEEL – CHESF”, decorrente do processo 48500.000752/01-

10” – a concessão originária para exploração destas usinas é anterior à

referida Medida Provisória, portanto as usinas PA I, II, III e IV se

enquadrariam na norma prevista no artigo 62 da Lei.

Tabela 4 – área dos reservatórios.

PA I PA II PA III

Início da Operação do gerador

01g1 15/01/55 01g2 15/01/55 01g3 18/09/55

01g1 24/10/61 01g2 02/02/62 01g3 30/12/64 01g4 09/03/67 01g5 11/05/67 01g6 18/12/67

Gerador 01G1

21/10/71

Gerador 01G2

05/04/72

Gerador 01G3

09/04/74

Gerador 01G4

05/08/74

Área do reservatório

4,8 km² 4,8 km² 4,8 km²

Cota máximo maximorum

230,8 m 230,8 m 230,8 m

Nível máximo operativo normal

230,3 m 230,3 m 230,3 m

Fonte: Criação própria. Dados: Companhia Hidroelétrica do São Francisco7

Sabendo que 1 hectare corresponde a 1km², nenhum dos reservatórios

se enquadra na norma prevista no artigo 4o, §4o. Desta forma, todos

possuem faixa de preservação permanente correspondente à distância

entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum. Esta

faixa de APP possui o irrisório tamanho de meio metro, ou 50 cm, cujo

início reside na cota máxima maximorum.

7 Disponível em:

<http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/sistema_chesf/sistema_chesf_geracao/conteiner_geracao?p_name=8A2EEABD3C03D002E0430A803301D002>. Acesso em: 15 dez 2015.

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Assim, de acordo com a legislação federal: o leito natural possui APP,

cuja faixa variará conforme a largura do rio; os lagos da PA I, II e III

possuem área protegida de 0,5m, contados da cota máxima maximorium;

e não possuem APP o canal da PA IV, bem como o reservatório da PA IV.

Resta um ponto de divergência, estaria a margem direita do leito

natural do rio, aquela margem que hoje compreende a “ilha de Paulo

Afonso”, protegida como área de preservação permanente?

Questionamento que se justifica em razão das ilhas fluviais não gozarem

de APP, mas apenas as margens dos rios.

Mapa 9- margem do Rio São Francisco que compõe “ilha de Paulo Afonso”.

Por se tratar de uma ilha artificial, gerada pelo leito não natural do rio

São Francisco, aberto pela CHESF para encher o reservatório da usina PA

IV, estas margens da ilha possuem faixa de APP. De outra sorte, em razão

do leito artificial do rio haveria diminuição do espeço territorial protegido,

uma vez que as duas margens do leito artificial não estariam protegidas e

neste trecho apenas uma das margens do leito natural8.

No que tange ao sistema de lagos urbanos, estes não possuiriam, pela

lei federal, faixa protegida como área de proteção permanente, uma vez

que estes reservatórios não decorrem de barramentos do leito natural do

rio.

De igual sorte, os “riachos” existentes no território municipal não

estariam protegidos com áreas de preservação permanente, uma vez que

se tratam de cursos d´água efêmeros.

Nascentes e olhos d´água são compreendidos respectivamente como

“afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá

início a um curso d’água” e “afloramento natural do lençol freático,

mesmo que intermitente” pela Lei n. 12.651/12 e possuem área de

preservação permanente em faixa mínima de 50m.

8 Em sentido oposto se posicionou o representante do INEMA, autarquia estadual integrante do sistema nacional de meio ambiente, em reunião pública realizada para elaboração deste plano diretor.

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Considerando a possível sobreposição da legislação federal por leis

estaduais e municipais, abaixo segue tabela elaborada com os dispositivos

que tratam de áreas de preservação permanente no “novo código

florestal”, Lei Estadual n. 10431/06 e Lei Municipal n. 906 de 2000.

Tabela 5 - Dispositivos que tratam de Áreas de Preservação Permanente no Novo Código Florestal.

Lei n. 12.651 de 2012 Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10

Lei Estadual n. 10431 de 2006 Art. 89 - Sem prejuízo do disposto na legislação federal pertinente, são considerados de preservação permanente, na forma do disposto no artigo 215 da Constituição do Estado da Bahia, os seguintes bens e espaços: V - os lagos, lagoas e nascentes existentes em centros urbanos, mencionados no Plano Diretor do respectivo município; VI - as áreas de proteção das nascentes e margens dos rios compreendendo o espaço necessário à sua preservação; VII- as matas ciliares;

Lei Municipal n. 906 de 2000 ANEXO I Para fins desta Lei considera-se: 1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE: porções do território municipal, de domínio público ou privado, definidas pela legislação como destinadas à proteção integral de suas características ambientais. Art. 39 Consideram-se de preservação permanente, independentemente de declaração expressa, e deverão ser cadastradas como espaços territoriais especialmente protegidos: [...] Seção III Espaços Protegidos Art. 38 São espaços territoriais especialmente protegidos, além das áreas de preservação permanente,

(dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; [...]

previstas na legislação federal: IV - sistemas de lagos e suas margens, até 15m (quinze metros) do nível mais alto.

§ 1º Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais.

§ 4o Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.

Art 4º [...] IV - as áreas no entorno das

Art. 39 Consideram-se de preservação permanente,

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nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;

independentemente de declaração expressa, e deverão ser cadastradas como espaços territoriais especialmente protegidos: II - a vegetação ciliar às margens dos rios, riachos e nascentes;

Fonte: Elaboração equipe Vivenda, com base em dados do Novo Código Florestal.

Da lei estadual n. 10431/06 verificamos que “Sem prejuízo do disposto

na legislação federal” os rios, ou melhor, “as áreas de proteção das

nascentes e margens dos rios compreendendo o espaço necessário à sua

preservação” (art. 89, V) e suas “matas ciliares” (art. 89, VI) são protegidos

como áreas de preservação permanente. Por não tratar apenas do leito

natural do rio, mas das águas dos rios, sem distinção, entendemos que o

leito artificial do São Francisco, composto pelo “canal da PA IV”, está

inserido no rol de áreas de preservação permanente pela legislação

estadual.

Neste ponto há uma questão importante, qual seria o tamanho da área

protegida? A legislação estadual não estabelece o tamanho da faixa

protegida como APP, limitando-se a estipular que as “matas ciliares” e a

“área de proteção” são protegidas.

Outrossim, a lei dispõe que os lagos existentes na zona urbana e

mencionados nos respectivos planos diretores são protegidos como área

de preservação permanente, o que, em conjunto com o inciso VI, faz com

que reconheçamos os lagos internos da ilha, construídos pela CHESF, bem

como suas possíveis matas ciliares, sejam protegidos como área de

preservação permanente.

Em síntese conclusiva quanto as áreas de preservação permanente

com função de proteção hídrica:

- as margens do leito natural do Rio São Francisco são protegias como

APP, com faixa variável, correspondente à largura do rio, estando nelas

inseridas os trechos do leito que compõem a ilha de Paulo Afonso;

- as áreas de proteção do leito artificial do Rio São Francisco – o “canal

da PA – IV”, é protegido como APP pela legislação estadual, que,

entretanto, não define a extensão desta faixa que poderá ser definida pelo

plano diretor ou legislação própria;

- os reservatórios das usinas PA I, PA II e PA III possuem APP de 0,5m,

enquanto o reservatório da usina PA IV não possui APP.

- o sistema de lagos internos da ilha é considerado área de preservação

permanente, bem como suas margens, até 15m dos níveis mais altos,

conforme legislação municipal.

- os riachos e suas margens, por serem cursos d´água efêmeros, não

são protegidos pela legislação federal, tão pouco pela legislação estadual

ou municipal.

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- as nascentes e olhos d´água possuem APP em faixa mínima de 50m.

6.2.1. APP’s com outras funções ecológicas

Além das áreas de preservação permanente com função precípua de

proteção dos recursos hídricos, encontramos outras APPs no município de

Paulo Afonso.

A Lei n. 12.651/12 define como APPs as “(...) as encostas ou partes

destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento)

na linha de maior declive (...)” e:

(...) no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; (BRASIL. Lei 12.651,2012, art. 3º).

O mapeamento da declividade do relevo municipal demanda

estudos específicos, mas, de antemão, identificam-se áreas que são

protegidas como APP pelas hipóteses acima referidas. À exemplo da Serra

do Umbuzeiro, que possui parte de suas encostas com declividade superior

à 45º, além de possuir altitude superior à 100m, com declividade média

maior que 25º.

A legislação estadual define como APP as “áreas que abriguem

comunidades indígenas na extensão necessária à sua subsistência e

manutenção de sua cultura”. Ao definir como espaço protegido áreas que

abriguem comunidades indígenas, e não as terras tradicionalmente

ocupadas pelos índios, terminologia esta adotada pela Constituição

Federal, a lei estadual abarca toda e qualquer área onde as comunidades

indígenas habitadas por índios, sejam aquelas protegidas nos moldes do

artigo 231 da Constituição Federal, demais territórios indígenas previstos

do Estatuto do Índio ou mesmo as áreas ainda não regularizadas, mas que

abrigam comunidades. Neste sentido, cabe avaliar caso a caso as

comunidades indígenas presentes no município de Paulo Afonso. Este

tema será abordado com maior aprofundamento em item específico.

Por fim, a legislação municipal estabelece os seguintes espaços como

áreas de preservação permanente.

- Os contrafortes da Cachoeira de Paulo Afonso, o Véu da Noiva e a Ilha

do Urubu;

- A parte da Reserva Ecológica do Raso da Catarina situada no território

municipal;

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- as encostas sujeitas à erosão e deslizamento.

6.3. Unidades De Conservação

A unidade de conservação é uma modalidade de espaço territorial

especialmente protegido, sendo definida pela Lei n. 9.985, de 18 de julho

de 2000, que instituiu o sistema nacional de unidades de conservação

como:

(...) espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. (Lei Federal nº 9.985 de 2000)

As unidades de conservação subdividem-se em dois grupos, as

unidades de uso sustentável, que têm por objetivo “compatibilizar a

conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus

recursos naturais” e as de proteção integral, cujo objetivo “é preservar a

natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais,

com exceção dos casos previstos nesta Lei”.

No município de Paulo Afonso são encontradas duas unidades de

conservação, ambas de proteção integral e instituídas pela União.

6.3.1. Estação Ecológica Raso Da Catarina

A estação ecológica é uma unidade de conservação de proteção

integral, uma das mais restritivas às atividades humanas. Seus objetivos

envolvem a preservação da natureza e a realização de pesquisas

científicas. A visitação somente é permitida para fins educacionais e em

conformidade com as disposições do plano de manejo ou regulamento

específico. Mesmo as pesquisas científicas, um dos objetivos de

constituição da unidade de conservação, demandam autorização do órgão

responsável pela administração da unidade.

Foi criada pelo Decreto n. 89.268, de 03 de janeiro de 1984, e

recategorizada através da Portaria n. 373, de 11 de outubro de 2001, em

razão da publicação da lei do sistema nacional de unidades de

conservação.

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Foto 21- Estação Ecológica Raso da Catarina. Fonte: www.secti.ba.gov.br

A ESEC Raso da Catarina se confunde, mas não encerra a região

denominada Raso da Catarina, conforme afirmam Paes e Dias. Segundo as

autoras:

É preciso salientar a diferença existente entre o que este plano de manejo denomina como região da Esec (sua área de influência) e a região do Raso da Catarina qualificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Do ponto de vista fisiográfico, ecológico e social, essa região de 5.000 km² se configura na mais homogênea das regiões áridas da América do Sul (AB’SABER, 2001). A Esec protege cerca de 1/5 dessas terras. (2008, p. 46)

Esta unidade de conservação engloba parcela do território de três

Municípios, Rodelas, Jeremoabo e Paulo Afonso, todos da Bahia,

totalizando 104.842,84 hectares. O escritório da estação está localizado a

40km da sede do município de Paulo Afonso.

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Perímetro da Estação Ecologica do raso da Catarina.

Foto 22 - Estação Ecológica do Raso da Catarina. Fonte: PAES, DIAS, 2008.

De acordo com a lei, nesta unidade de conservação não são permitidas

posses ou propriedades particulares. Todos os proprietários, possuidores

ou ocupantes da área devem ser retirados através dos procedimentos

legais que dispõe o poder público, porém até o presente momento não

foram realizadas as devidas desapropriações de propriedades particulares

ou realizados os desentranhamentos dos ocupantes.

O plano de manejo da unidade de conservação propõe uma zona de

amortecimento para a unidade de conservação, mas não foram localizados

diplomas legais que instituíssem esta zona. Esta zona de amortecimento

teria 269.130 hectares e perímetro aproximado de 258.527 km. Segundo o

plano de manejo:

A zona de amortecimento (ZA proposta) constitui-se em um raio aproximado de dez quilômetros de entorno da Estação Ecológica Raso da Catarina. Nas áreas que contêm vilarejos urbanos, a área é menor e, naquelas em que há maior parcela de área conservada a área é maior (Quadro 2.1 e Figura 2.2). A ZA se insere nas terras pertencentes aos municípios de Canudos, Glória, Jeremoabo, Macururé, Paulo Afonso e Santa Brígida. (PAES; DIAS, 2008, p. 47)

Assumindo a forma da figura 1.

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Figura 1 - Zona de amortecimento da ESEC. Fonte: Paes e Dias, 2008.

Os rejeitos nucleares são um dos grandes problemas relacionados às

usinas nucleares. Notícias informam que as Usinas de Angra I e Angra II

deverão começar a ser desativadas em 2017 e 2018, respectivamente, em

razão do esgotamento dos depósitos provisório destes rejeitos.

Muito se anunciou a instalação de novas usinas nucleares no país,

sendo duas no Nordeste. Foram noticiadas a instalação de uma usina em

Itacuruba, Pernambuco, com depósito de rejeitos no Raso da Catarina.

Segue-se a velha lógica, onde o lixo – em especial o radioativo – deve ser

direcionado a áreas de menor valor. Neste caso, a caatinga.

6.3.2. Monumento Natural Do Rio São Francisco

O Monumento Natural é uma unidade de conservação de proteção

integral, cujo objetivo reside na preservação de sítios naturais raros,

singulares ou de grande beleza cênica. Menos restritiva que a Estação

Ecológica, na poligonal do MONA podem existir posses e propriedades

particulares, desde que compatíveis com os objetivos do MONA. Em que

pese a lei determinar que a visitação pública esteja sujeita às normas

previstas pelo órgão administrador da unidade e regulamentos, sabe-se

que a proteção destas áreas objetiva, justamente, manter locais de

paisagens monumentais para apreciação humana.

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Criado através do Decreto s.n. de 05 de junho de 2009, o MONA do rio

São Francisco está localizado nos Municípios de Piranhas, Olho D’água do

Casado e Delmiro Gouveia, no Estado de Alagoas, Paulo Afonso, no Estado

da Bahia, e Canindé de São Francisco, no Estado de Sergipe.

Perímetro do MONA do rio São Francisco.

Mapa 10 - MONA do Rio São Francisco. Fonte: ICMBio – Mapa Interativo.

A lei n. 9985/00, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação criou o instrumento da compensação ambiental. Através

deste, para todo licenciamento de atividade ou empreendimento de

significativo impacto ambiental, o empreendedor deveria apoiar uma

unidade de conservação de proteção integral atingida pelo

empreendimento, ou a constituição de uma. Neste sentido, com o

licenciamento da Usina de Xingó, localizada no Município de Canindé do

São Francisco-SE, a União teve de criar uma unidade de proteção integral,

com apoio financeiro da CHESF.

Foto 23 - Monumento Nacional do Rio São Francisco. Fonte: www.folhadaregiao.com.br

Inicialmente se propôs a constituição de um Parque Nacional, unidade

de conservação bastante restritiva às atividades humanas, porém esta

ideia sofreu diversas críticas por parte da sociedade e setor acadêmico, em

especial por demonstrarem que na região supostamente não ocupada

existiam mais de mil famílias de pescadores artesanais que sobreviviam da

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atividade pesqueira sustentável e poderiam ter sua forma de vida

interrompida diante das normas restritivas impostas ao Parque.

Pactuada a criação do MONA, o decreto supra mencionado

estabeleceu os limites da unidade e trouxe previsão expressa constando a

permissão da atividade da pesca artesanal e agropecuária de baixa

intensidade, desde de que forma sustentável, conforme regras previstas

no plano de manejo da unidade e regulamentos.

O plano de manejo, instrumento conhecido como “lei interna da

unidade de conservação”, já deveria ter sido realizado, mas até o presente

momento sua elaboração não teve início.

Diferentemente da ESEC do Raso da Catarina, o decreto de criação do

MONA já trouxe a poligonal da zona de amortecimento desta unidade. Esta

zona de amortecimento engloba área com feições urbanas do município de

Paulo Afonso, que vem sofrendo ocupação desordenada.

É sabido que, apesar do município possuir competência para ordenar o

uso e ocupação do solo urbano, uma vez constituída unidade de

conservação por outro ente federativo, este possuirá a competência para

estabelecer as possíveis regras de ocupação na unidade e sua zona de

amortecimento.

Neste sentido, é recomendável que o PDDUA de Paulo Afonso

estabeleça regras de uso e ocupação do solo para a zona de

amortecimento enquanto a autarquia federal não elabora normas próprias

através do seu plano de manejo, para racionalizar a ocupação humana no

local, evitando a consolidação de situações que não se adequem à

proteção da unidade.

No dia 15 de dezembro de 2015 tomaram posse os membros do

Conselho Consultivo do MONA, em reunião realizada na Universidade

Federal de Alagoas, em Delmiro Gouveia-AL. Nesta reunião, a equipe da

Vivenda Consultoria, Assessoria e Planejamento solicitou que fosse

incluída na pauta do conselho discussão sobre possíveis normas relativas

ao uso e ocupação do solo na zona de amortecimento da unidade no

município de Paulo Afonso, para que pudessem ser inseridas no PDDUA.

Foto 23 - Reunião do Conselho Consultivo do MONA. Fonte: Vivenda Consultoria.

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6.4. Espaços com possibilidade de proteção

6.4.1. Serra Do Umbuzeiro

A serra do umbuzeiro tem um dos pontos mais altos do Município

de Paulo Afonso, com 136m de altitude – contados do início da “trilha” de

subida, onde foi assentado um cruzeiro. A serra é importante ponto de

visitação turística, tanto por parte dos moradores do município, que

apreciam trilhas leves, como por parte de turistas de outras cidades que

procuram em Paulo Afonso um turismo com maior contato com a

natureza, o ecoturismo.

Foto 25 - Serra do Umbuzeiro. Fonte: Vivenda Consultoria.

Uma vez por ano, no dia 22 de maio, dia de Santa Rita, os moradores

do distrito do Riacho seguem em procissão até o cruzeiro. Na ritualística,

os fieis simulam as 14 estações de Cristo.

Nesta serra foi identificado sítio de pinturas rupestres ainda não

estudados, o que demonstra que povos pré-colombianos estiveram no

local e o utilizaram, seja como abrigo ou local litúrgico.

Sob o ponto de vista dos elementos abióticos, na serra do umbuzeiro é

encontrada também uma nascente com água potável, própria para o

consumo humano, sem demandar tratamento.

Além disso, técnicos do poder público municipal afirmam que a serra

do umbuzeiro é ponto da rota migratória da Águia Chilena, que após

passar pelo território pauloafonsino, segue para a serra de Água Branca-

AL.

Abaixo uma proposta de poligonal para instituição de unidade de

conservação.

Foto 26 - Proposta de poligonal de unidade de conservação na serra do umbuzeiro. Fonte: GoogleEarth/Silvano Wanderley.

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6.4.2. Rotas da Arara-Azul-de-Lear

A arara-azul-de-lear, Anodorhynchus leari, é um animal em perigo de

extinção, que ganhou grande notoriedade mundial, inclusive com

produção de um longa-metragem de animação dos estúdios 20th Century

Fox e Blue Sky Studios, “Rio”, que retrata o tráfico internacional de

espécies de aves da fauna brasileira.

Segundo o Projeto Arara Azul:

Até o ano de 2008 encontrava-se na categoria criticamente ameaçada, sendo incluída no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) e na Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA 2003). Após a verificação de que sua população havia alcançado o número de 960 indivíduos, foi considerada como espécie “Em Perigo” de acordo com os critérios do CITES. O principal motivo para o declínio da espécie foi o tráfico ilegal dessas aves para criadouros particulares no Brasil e exterior e a destruição do seu habitat, afetando principalmente as áreas de alimentação.

6.5. Áreas destinadas para cemitérios

O Município de Paulo Afonso possui dois cemitérios em sua zona

urbana, o Padre Lourenço Tori, no bairro Centenário e o São Lucas, no BTN

III, além de alguns cemitérios na zona rural, como aqueles situados nos

povoados do Riacho, Malhada Grande, Barro Vermelho, Várzea e Juá.

Mapa 11- Cemitérios Padre Lourenço Tori e São Lucas. Fonte: GoogleMaps.

Ambos os cemitérios localizados na cidade de Paulo Afonso são

públicos e administrados pelo poder público municipal.

Destaca-se a situação do Cemitério Padre Lourenço Tori, que além de

estar praticamente esgotado para novos sepultamentos, possui problemas

ambientais.

Este cemitério foi construído pela CHESF em decorrência da inundação

de um antigo cemitério existente na região denominada “Tapera”, próximo

à atual “fazenda Chesf”, alagado pelas águas decorrentes do barramento

no Rio. Os restos mortais existentes no antigo cemitério da Tapera foram

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transferidos para o novo cemitério, construído em local pouco habitado e

afastado da cidade, nos idos de 1973. O cemitério recebeu este nome em

homenagem póstuma ao padre italiano Dom Lourenço Tori, que veio ao

Brasil em 1968 e faleceu em acidente de trânsito no ano de 1973. O padre

foi a primeira pessoa a ser enterrada no novo cemitério.

Foto 27- Entrada do cemitério e túmulo do Padre Lourenço. Fonte: CAMPOS, 2014.

Com o processo de expansão urbana, o cemitério foi “cercado” pela

cidade, estando hoje situado entre os populosos bairros do centenário e

sal torrado.

Entre os problemas ambientais enfrentados estão a proximidade das

jazidas ao perímetro do cemitério, que deveriam respeitar a distância

mínima de 5m; outros potenciais problemas estão na ausência de

conhecimento quanto à distância das sepulturas e possível lençol freático;

ausências de técnicas e materiais que impeçam a passagem de gases dos

túmulos, bem como de tratamento dos resíduos gasosos; eventuais

vazamentos de líquidos decorrentes de coliquação. Ademais, os resíduos

sólidos não possuem local de descarte adequado e ossos são incinerados

em espécie de buraco com outros resíduos sólidos, como caixões.

(CAMPOS, 2014)

Foto 28 - Gavetas e local de incineração de ossos. Fonte: CAMPOS, 2014.

Foto 249 - Local de descarte de resíduos sólidos não humanos e proximidade dos jazigos ao perímetro do cemitério. Fonte: CAMPOS, 2014.

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6.6. A abordagem sobre o Meio Ambiente Natural no plano diretor municipal em vigor

O PDDUA de 2000 apresentou, entre seus objetivos gerais, a elação da

“qualidade do meio ambiente no território municipal” (art. 2º, II), ao qual

corresponde os objetivos específicos de intervenções ambientais macro,

de intervenção do município nas “condições naturais do clima e da

paisagem para elevar a qualidade ambiental nas suas dimensões de

conforto térmico e de proteção ambiental, compreendendo”: “a

implantação da agricultura e piscicultura urbana intensivas na periferia da

cidade”, “efetivação de um amplo programa de proteção ao meio

ambiente que inclui a consolidação e expansão do sistema de lagos para

amenizar o microclima da cidade”, “arborização intensiva das ruas,

avenidas e outros espaços públicos” e “criação de uma franja de proteção

em torno da interface entre a cidade e a represa, para resguardar a

qualidade da água e dos solos por meio de áreas arborizadas, praias e

instalações públicas de turismo e lazer”; intervenções micro, envolvendo

melhoramento ambiental dos bairros, no sistema viário e controle do solo.

Para isto o município deveria criar um Sistema Municipal de Gestão

Ambiental e a adoção de critérios de qualidade ambiental deveria orientar

todas as atividades administrativas da gestão municipal (art. 5º).

Foram previstas categorias específicas de uso do solo, com objetivo de

“proteção ambiental”, envolvendo as modalidades: rigorosa, uso

recreativo; uso educacional; uso produtivo; agrícola; e pesqueira (art. 35,

IV).

Ao definir o zoneamento urbano, foram previstas as seguintes zonas de

proteção ambiental (art. 42): rigorosa (ZPA1); recreativa (ZPA2);

educacional (ZPA3); e produtiva (ZPA4).

A ZPA1 não permite atividades que “não a preservação da vegetação e

dos recursos hídricos, sendo proibidas quaisquer atividades localizadas à

margem destas zonas que possam produzir dejetos ou poluir de qualquer

outra maneira o meio ambiente”. A ZPA1 contorna o reservatório da Usina

PA IV e o reservatório das Usinas PA I, II e III, protegendo o entorno dos

“lagos”.

Nas ZPA2 podem ser autorizadas, a critério do Conselho Municipal de

Meio Ambiente (CMMA), “em regime de concessão pelo Poder Executivo,

quando previsto livre acesso do público, atividades recreativas, desde que

a sua conservação e manutenção fiquem sob a responsabilidade da

concessionária”.

Nas ZPA3, também a critério do CMMA, podem ser autorizadas

“atividades educativas e de pesquisa vinculadas com o desenvolvimento de

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tecnologias adequadas às características ambientais, econômicas e sociais

de Paulo Afonso”.

As ZPA4, seguindo a mesma sistemática de necessária autorização do

conselho municipal de meio ambiente, permitem autorização de

“atividades agrícolas e pesqueiras”.

Estas Zonas de Proteção Ambiental são, portanto, bastante restritivas

às intervenções humanas. Afora as ZPA1, não se vislumbra nem mesmo

possibilidade de ocupação para fins residenciais9.

Como pode ser observado no mapa do zoneamento constante do

Termo de Referências de Políticas Públicas, parte integrante do PDDUA,

grande parte das áreas ocupadas no território Paulo Afonso, urbanas ou

próximas à atual zona urbana, são consideradas ZPAs, tornando as

ocupações destas localidades irregulares.

Ocorre que, a ocupação de determinadas áreas encontra-se

nitidamente consolidada, à exemplo dos bairros Barroca e Pedra

Comprida, previstas como ZPA4, o que torna ineficaz qualquer tentativa de

estabelecer usos exclusivamente agrícolas ou de incentivo à atividade

pesqueira nestas áreas.

9 O PDDUA, porém, permite que as zonas sejam alteradas mediante aprovação do Conselho de Desenvolvimento.

Mapa 12- Zoneamento ambiental do plano diretor municipal em vigor. 2000.

A alteração do PDDUA deverá adequar o zoneamento à cidade

existente, prevendo regras que possam transplantar o papel e se tornar

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realizada, para que o planejamento e a cidade não sejam coisas

diacrônicas.

6.7. Arborização urbana

As árvores podem contribuir sobremaneira com a qualidade de vida

urbana, sendo esta uma percepção comum dos moradores das cidades,

principalmente no tocante ao benefício climático do sombreamento. As

diferenças de temperatura nas áreas sombreadas por árvores, ou não, é

significativa. Uma área concretada pode ter redução de 10°, quando abaixo

de uma árvore e área com gramíneas uma diferença de 13°.

A arborização possibilita a criação de um microclima em seu entorno

com um conforto térmico que ameniza os efeitos da urbanização nas

cidades. Não é por outro motivo que as áreas sombreadas são disputadas

para estacionamento de veículo e repouso de pessoas.

Foto 30 - carros disputam sombra na Rua General Dutra. Fonte: Google StreetView

Mas não é só através das sombras que as árvores impactam

positivamente. Pode-se destacar : a) Absorção da poluição atmosférica,

neutralizando os seus efeitos na população; b) Proteção, redução e

direcionamento dos ventos; c) Amortecimento dos ruídos e diminuição da

poluição sonora; d) Reduz o impacto da água da chuva e seus

escorrimentos superficiais, evitando assim a erosão e o assoreamento do

solo; e) Auxílio na diminuição da temperatura, uma vez que absorvem os

raios solares e refrescam o ambiente devido à grande quantidade de água

transpirada pelas folhas; f) melhorando a umidade relativa do ar; g)

Proporciona abrigo e alimentação para a fauna urbana (EMBU DAS ARTES,

2011); h) depuração bacteriana no ar; i) absorção de gases tóxicos

(SUCOMINE, 2009).

Além disso, existem impactos sociais, psicológicos e econômicos da

arborização urbana. Sucomine (2009) nos lista: beneficiam o lazer,

diversão, sendo fator importante da salubridade mental. Pesquisas

demonstram aumento produtivo em áreas arborizadas; aumento do

consumo em estabelecimentos que mantém vegetação, em detrimento de

outros que não o tem; diminuição de violência doméstica e melhoria dos

laços entre vizinhos; redução do nível de stress, agressividade e

irritabilidade; diminuição do tempo de recuperação de doentes em

hospitais; em crianças o contato com árvores pode melhorar o

desempenho escolar, desenvolver atividades cognitivas e a agir sob

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sintomas de hiperatividade e déficit de atenção; o impacto de

embelezamento na paisagem traz bem-estar. Entre os benefícios

econômicos são listados a valorização imobiliária das propriedades que

possuem vegetação e possibilitam a geração de empregos diretos e

indiretos. Nas palavras da autora Sucomine (2009):

Árvores estrategicamente colocadas no meio urbano afetam o consumo de energia elétrica em residências por meio da interceptação da radiação solar incidente. Elas contribuem significativamente para o resfriamento das cidade e para economia de energia, refletindo em redução com gastos com eletricidade. Em Sacramento, Califórnia, por exemplo, os resultados indicam que as árvores plantadas são responsáveis por uma economia de energia elétrica de aproximadamente 157 GWH, que equivale a 18,5 milhões de dólares por ano [...]

[...] o cálculo dos benefícios da vegetação foi baseado na economia obtida com eletricidade (KWh); na quantidade de CO₂ e NO₂ e material particulado retirados da atmosfera (kg/árvore); no volume de água reduzido do escoamento superficial (m³/árvore); e em alguns parâmetros qualitativos do indivíduo. Os resultados comprovaram que, apenas com essas variáveis, os benefícios que a vegetação promove na cidade (US$, 1,7 milhões) superam os custos do programa em si (US$499 mil), pois a cada dólar aplicado na arborização, obtiveram um “lucro” de US$ 3,78. (p. 24).

No caso de Paulo Afonso, o Município não possui plano de arborização,

definição de espécimes a serem introduzidas ou regras para plantio.

Predominam, na arborização urbana do Município de Paulo Afonso,

espécies exóticas, em especial o fícus, Ficus benjamina e a Algaroba,

Prosopis juliflora. O Código de Obras, apenas estipula um índice de

arborização, para as zonas da cidade; definidos em uma árvore a cada

50m² nas ZR1, ZR2, ZR3, ZCR, NU, ZC1 e ZC2, e uma árvore a cada 100m²

nas zonas ZC3, ZAI e ZSR.

O Ficus Benjamina, como uma espécie de fácil adaptação em diferentes

climas e circunstâncias, é uma planta que se popularizou em grande parte

das cidades brasileiras. O Fícus é uma árvore de características

ornamentais por existir facilidade em sua poda.

No entanto, o Ficus é uma espécie que, quando plantada fora de vasos

que a limitem, ou seja, diretamente no solo, ela pode chegar a 30 metros

de altura. Neste processo de crescimento, mesmo com poda constante,

suas raízes podem provocar grandes prejuízos, já que são agressivas e

destroem encanamentos, galerias pluviais, de esgoto, fiações enterradas,

fundações e o que mais houver pela frente. Muitos moradores plantam

fícus em frente às suas residências, mas ela predomina em regiões com

projetos paisagísticos promovidos pelo poder público municipal. Entre as

vantagens desta espécie, estão o crescimento rápido e o razoável

sombreamento.

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A Algaroba é uma espécie também exótica, oriunda do Peru,

introduzida no sertão brasileiro na década de 1940. Se alastrou

rapidamente, uma vez que demanda baixa disponibilidade hídrica, se

desenvolve em solos com pouca fertilidade e mantém cobertura verde,

mesmo em período de estiagem. Por se alastrar facilmente na região e não

possuir inimigos naturais, hoje é considerada um problema para a

caatinga, ameaçando a biodiversidade local. Um problema, em especial,

tem se destacado nos últimos anos pelo meio urbano pauloafonsino. Por

possuir raízes rasas e atingir altura média de 8m, as algarobas não resistem

a ventos fortes e comumente caem pelas ruas da cidade, ocasionando

danos ao patrimônio público e particular, bem como à rede de

infraestrutura10, além de colocar em risco a vida de seus habitantes.

10 No dia 29 de fevereiro de 2016 uma algaroba tombou na Rua dos Grararapes, sob um poste de luz, o que ocasionou queda na distribuição de energia de boa parte da ilha por diversas horas. Situações como esta são comuns na cidade.

Foto 31 – (esquerda) Algaroba cai sobre estrutura de lazer no campus da UNEB. Fonte: Vivenda Consultoria. (direita) Algaroba tomba sobre casa na rua da Harmonia. Fonte:

Ozildo Alves, 2013.

Outra espécime marcante na paisagem pauloafonsina é a Caraibeira,

Tabebuia caraíba, árvore de porte médio, que atinge de 12 a 20m de

altura, sendo típica da caatinga e cerrado. No período de estiagem, a

caraibeira perde suas folhas e floresce, criando uma grande coroa amarela

e um tapete da mesma cor pelo chão. De beleza singular, as caraibeiras

foram plantadas pela CHESF nos bairros construídos para seus

funcionários, mas também estão localizadas em outros pontos da cidade.

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Foto 32- Área arborizada, próxima à Praça da mangueira. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda.

Pela sua beleza e por fazer parte da identidade do povo pauloafonsino

com sua cidade, as Caraibeiras foram consideradas patrimônio municipal

pelo Código Ambiental do Município. Ao definir esta espécime como

patrimônio, o Município não está incorporando-a ao patrimônio público,

mas reconhecendo que relação subjetiva existente entre os munícipes e a

planta, bem como assumindo o compromisso legal de adotar medidas para

sua proteção. Destarte, tal previsão legal, algumas caraibeiras têm sido

cortadas sem que ao menos haja sua substituição.

Outra característica acerca da arborização urbana de Paulo Afonso

refere-se à distribuição espacial das árvores. O quadro abaixo relaciona a

dimensão linear de algumas ruas e o número de árvores contidas neste

espaço. Neste levantamento, realizado em campo (com auxílio de imagens

de satélite) pela equipe em três distintos bairros da cidade, foi possível

perceber que não só o planejamento do desenho urbano influencia na

proporção da arborização urbana de Paulo Afonso, mas também a

segmentação social reflete esta proporção.

Tabela 6 - Levantamento de arborização em algumas vias feitas em campo pela Equipe Vivenda.

Via Tamanho Quantidade de árvores

BAIRRO BTN

R. 13 de maio 1,0 km 57

R. Juscelino Kubitscheck 750m 32

R. Delmiro Gouveia11 1,5 km 56

3250 m 93

2,8 árvores/100 m

GENERAL DUTRA

Av. Centenário 300 m 39

Av. Marcondes Ferraz12 450 m 95

Rua da Alvorada 360 m 69

1110 m 203

18,3 Árvores/100 m

CENTRO

R Padre João Evangelista 700 m 39

Rua Manoel Novaes 800 m 39

General Dutra 800 m 30

2300 m 108

4,7 árvores/100 m

Fonte: Elaboração Equipe Vivenda.

11 Das 56 árvores, 41 estão em projeto paisagístico no canteiro central da via.

12 Trecho com residências, do Clube Paulo Afonso ao Instituto Federal da Bahia.

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Foram verificadas três ruas nos bairros BTN, Centro e General Dutra,

tendo sido constatado que no BTN há a menor média de árvores, sendo

2,8 a cada 100 m; já o Centro possui uma média de 4,7 árvores a cada 100

m, nas ruas pesquisadas, representando um aumento de 67,8% em relação

ao BTN. O bairro General Dutra, antigo bairro residencial de engenheiros

da CHESF, possui uma média significativamente maior que os demais

bairros pesquisados, com 18,3 árvores a cada 100 m, o que representa

553,6% a mais que o BTN e 289,4% em relação ao Centro.

Nesta pesquisa, pode ser constatado também que o bairro General

Dutra, além do significativo número de árvores que possui em suas vias,

apresenta grande diversidade de espécies, enquanto que nas ruas do

Centro e BTN há uma nítida hegemonia de fícus. Isto traz impactos

positivos na paisagem e ambiência do bairro, destacando-o dos demais.

Foto 33 - Árvores no bairro General Dutra. Fonte: Bruno Heim/Vivenda (2016)

Sendo uma cidade com temperaturas médias mensais acima de 27°no

verão, atingindo marcas de 40°durante o dia neste período, recomenda-se

a elaboração de um plano de arborização urbana, bem como a eliminação

de todas as algarobas em áreas urbanas, cuja substituição deve ser

progressiva, em um horizonte definido de aproximadamente 5 anos. Uma

sugestão de ação de arborização está no modelo do “projeto plante vida”,

do município de Blumenau, que através da lei municipal Nº 7222, de 13 de

fevereiro de 2008, incentiva o plantio de árvores através da doação de

mudas de árvores da flora local e de parcerias com órgãos públicos e

privados para distribuição.

6.8. Outros Espaços Territoriais Especialmente Protegidos

O Código de Meio Ambiente de Paulo Afonso considera espaços

territoriais especialmente protegidos:

- As Zonas de Proteção Ambiental (ZPA), assim definidas no

zoneamento urbano do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

Ambiental;

- As áreas verdes de loteamentos;

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- Unidades de conservação que venham a ser criadas pelo Município;

- O sistemas de lagos e suas margens, até 15 m (quinze metros) do

nível mais alto.

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7. TURISMO

O Turismo é uma atividade econômica que traz possibilidades e

alternativas de desenvolvimento para muitas localidades, em especial para

municípios interioranos, ainda pouco explorados que apresentam

potencial para se desenvolver através da perspectiva do Turismo.

A OMT (Organização Mundial de Turismo - ONU) prevê que o turismo

deve se tornar a principal fonte geradora de riqueza do século XXI, já

sendo considerada, desde dezembro de 1999, como a maior atividade

econômica do mundo, tendo superado a indústria bélica e automotiva.

Este tópico foi elaborado com base no plano de turismo de Paulo

Afonso. Cabe destacar que o planejamento deste setor é de extrema

importância para municípios como Paulo Afonso, que possuem atrativos

turísticos que demandam uma infraestrutura adequada da cidade para

receber seus visitantes. No entanto, é imprescindível que este plano

setorial tenha como objetivo central o bem estar da população de Paulo

Afonso e o incentivo à ampliação da renda e a equilibrada distribuição

entre seus moradores. Destaca-se ainda que, a proteção ao meio ambiente

deva ser primordial frente às ações empreendedoras do turismo local.

O município de Paulo Afonso ostenta belezas naturais e apresenta

grande potencial para a prática e o desenvolvimento do Turismo. Além

disso, possui atrativos culturais e históricos, que fazem do município um

cenário complexo de beleza singular.

O Rio São Francisco é, sem dúvida, a principal razão de ser do turismo

em Paulo Afonso. Os passeios de catamarã e a prática de esportes náuticos

e de aventura ao longo das águas tranquilas do cânion atraem turistas de

todos os lugares do Brasil e do mundo.

A casa na qual nasceu Maria Bonita e alguns dos esconderijos do bando

de Lampião podem ser citados como importantes locais de visitação. O

complexo hidrelétrico da CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco,

responsável pelo desenvolvimento da cidade e a única reserva de caatinga

do mundo, o Raso da Catarina, contribuem para agregar valor às visitas a

Paulo Afonso.

O fato de fazer divisa com outros municípios que também possuem

grande potencial turístico aumenta o número de turistas recebidos a cada

ano.

O munícipio possui culinária típica, mantém tradições culturais

evidentes, incentiva grupos artísticos de manifestação popular tradicional

e possui atividade artesanal típica comercializada em esfera nacional, ou

seja, dispõe de um conjunto de produções culturais associadas ao turismo

que podem gerar fluxo de visitantes para a região.

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Registra-se ainda a existência de sítio arqueológico tombado pelo

IPHAN e o Monumento Natural do Rio São Francisco – MONA, gerido e

monitorado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade – ICMBIO, Órgão ambiental do Governo Federal.

O plano setorial de Turismo apresenta como objetivos a elevação do

turismo à 1ª economia do município Paulo Afonso, a promoção de sítios de

vocação turística do município, a promoção do intercâmbio cultural e

econômico, a conservação e promoção do uso sustentável dos recursos

naturais, históricos, culturais e cênicos disponíveis, o gerenciamento da

demanda e da oferta de bens e serviços turísticos do município e a criação

e proteção da marca e da identidade do destino turístico – Paulo Afonso-

BA.

Apesar de a concorrência entre cidades ser uma característica comum

aos planos setoriais desenvolvidos nos últimos anos o Brasil, é importante

destacar que nos diversos setores, inclusive no turismo, a

complementariedade e cooperação entre municípios são pontos

fundamentais para a efetivação de políticas públicas. O plano diretor deve

destacar neste sentido a importância dos Consórcios Regionais como

instrumento de fortalecimento da economia e geração de renda através do

turismo nas cidades.

Apesar do crescimento deste setor no município, Paulo Afonso ainda

não possui um zoneamento turístico definido e leis específicas que versem

sobre o turismo no município, além disso, a cidade ainda não faz parte de

associações ou consórcios de circuitos turísticos.

No tocante às tendências, características e oportunidades listadas pelo

plano setorial, é possível destacar:

Tabela 7 - Destaques das propostas do Plano Setorial de Turismo.

Tendência Característica Oportunidade

Econômicas Facilidade de compra - acessibilidade. Preços mais acessíveis que concorrentes internacionais / devido à desvalorização da moeda nacional, frente ao dólar. Redução de impostos para incentivar a implantação de empreendimentos turísticos.

Atração de públicos específicos por alternativas e acessibilidade disponibilizada. Direcionamento do fluxo regional, estadual e nacional que não consumirá o destino internacional. Atração de empreendimentos ancora que valorizam e promovem o destino turístico.

Culturais Maior interesse por pequenas comunidades. Valorização de costumes locais autênticos.

Turismo cultural e histórico Criação e formação de grupos culturais Resgate e valorização cultural

Ambientais Crescente consciência ecológica. Preocupação com a responsabilidade ambiental das empresas e da qualidade ambiental dos empreendimentos.

Turismo Ecológico, Ecoturismo, Turismo Rural e Turismo de Aventura. Qualidade ambiental em processos produtivos e de prestação de serviços.

Sociais Maior interesse e respeito pela condição humana e o meio ambiente. Necessidade de contato com a natureza. Preocupação com a qualidade de

Cobrança de taxas ambientais e sociais que firmam-se como benefícios ao desenvolvimento local. Segmentação do mercado e proporcionalização de vivência

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vida das comunidades receptoras e pessoais.

humana saudável e agradável. Respaldo para parcerias e cobranças por investimentos em infraestrutura básica local.

Política Imagem institucional positiva para quem protege e respeita seus recursos naturais, culturais, históricos e cênicos.

Promoção política institucional, de alcance nacional e internacional.

Fonte: Elaboração Equipe Vivenda com dados do Plano Setorial de Turismo.

Quanto às funções da gestão pública para o turismo, é importante

mencionar que cabe à gestão municipal, definir as políticas e os objetivos

que vão direcionar o desenvolvimento do turismo local, de forma a

democratizar o acesso ao mercado e valorizar o produto existente, não

permitindo a depreciação dos recursos e equipamentos instalados.

São, portanto, funções da gestão pública municipal: disponibilizar

informação turística - banco de dados, fomentar a atividade turística no

município, formatar e estruturar o produto turístico, capacitar mão-de-

obra para o Turismo e promover marketing do destino turístico.

O papel do setor público é estabelecer a agenda do turismo, gerenciar a sua direção e proteger a imagem do país ou município, a melhoria do nível de recursos do turismo e a qualidade de vida da população/comunidade anfitriã, como também a experiência do turista. (Stephen Wanhill, O papel dos setores públicos e privados, 1998).

As ações do governo municipal como um todo, devem basear-se em

pressupostos para o desenvolvimento sustentável, que resultem em:

consciência cidadã e ambiental, formação humana e profissional,

desenvolvimento social e econômico e preservação de valores e culturas

locais.

Sendo o turismo a atividade econômica em maior desenvolvimento no

mundo, com os maiores índices de geração de emprego e renda e de

indiscutível efeito multiplicador, não pode ser conduzido de forma

amadora. Deve haver um planejamento claro e de reais possibilidades,

onde ações de execução imediata se combinem a ações de médio e longo

prazo para viabilizar o desenvolvimento e a consolidação do município no

mercado turístico nacional e internacional.

O Poder Público Municipal tem empreendido esforços para captação

de recursos para o setor, como pode ser observado na relação de

contratos firmados entre o município e o governo federal para

intervenções na área de turismo e esporte. O setor de esporte possui

grande proximidade com o setor turístico por haver um grande fluxo de

visitantes com interesse nos esportes radicais que são praticados na

região.

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Foto 34 - Sinalização Turística na região central da cidade. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda.

Do ponto de vista de investimentos, a tabela abaixo aponta os

investimentos dos últimos 11 anos a partir da captação de recursos junto

ao governo federal, tendo sido concluídas obras de pavimentação na

ordem de mais de R$ 1 milhão, estando contratadas para futura execução,

obras na ordem de cerca de R$ 5 milhões.

A infraestrutura turística do Município de Paulo Afonso é formada por

04 hotéis, cerca de 08 pousadas, diversos bares, restaurantes, lanchonetes,

pizzarias, empresas de turismo, dentre outros.

Para profissionalizar o turismo e consolidá-lo como fonte de riquezas, é

necessário fomentar a atividade junto a hotéis, pousadas, agências de

viagem, operadoras, companhias aéreas, transportadoras rodoviárias,

locadoras de veículos e equipamentos turísticos, bares, restaurantes,

promotores de eventos, comunidade receptora, escolas, profissionais das

diversas áreas e outras empresas que atuam em torno da atividade

turística. Neste sentido, o poder público deve estar atento para que as

empresas assumam a responsabilidade para com o bem estar coletivo,

agindo de forma sustentável no âmbito social e ambiental.

A Secretaria Municipal de Turismo, como órgão oficial de turismo no

município, responsabiliza-se pela gestão da atividade e direciona seu

planejamento através de funções específicas que permitem, não só um

ordenamento das atividades a serem executadas, como também um

mecanismo de controle para o trade turístico e a comunidade local.

Os principais eventos e atrações Turísticas são: Copa-Vela, Encontro de

Moto Clubes, Complexo Hidroelétrico CHESF, as Cachoeiras, a prática de

esportes de aventura como tirolesa, trilhas, visita a Serra do Umbuzeiro,

Passeio de Catamarã pelo Rio São Francisco, Ponte D. Pedro II , casa de

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Maria Bonita, Estação Ecológica Raso da Catarina, Igreja São Francisco e

Catedral Nossa Senhora de Fátima, Monumento O Touro e a Sucuri,

Amazonas e o Cavalo, Obelisco, Parque Belvedere, Praça das Mangueiras,

Museu a Céu Aberto com Pinturas Rupestres Povoado Rio do Sal, Centro

de Artesanato, Praças do Centro Comercial com bares com músicas ao

vivo, Cânions do São Francisco, Vista da Usina Angiquinho , Ilha do Urubu,

Balneário Prainha, Sistema de Lagos.

7.1. Principais eventos e atrações turísticas

São destacados aqui alguns pontos da cidade que já foram

caracterizados como patrimônio local. Neste sentido, é importante

destacar que estes dois setores devem se manter em diálogo constante

para que suas ações sejam coordenadas, visto que há muitos pontos de

convergência entre suas políticas.

Os principais eventos e atrações turísticas do município são elencados

abaixo:

- Copa Vela e Encontro de Moto Clubes

- Complexo Hidroelétrico da CHESF

- Cachoeiras

- Serra do Umbuzeiro (Povoado Riacho)

- Passeios de Catamarã no cânion do São Francisco

- Pinturas Rupestres (Povoado Malhada Grande)

- Raso da Catarina

- Ponte D. Pedro II

- Igreja São Francisco de Assis

- Catedral de Nossa Senhora de Fátima

- Igreja de São Lourenço

- Monumento ao Trabalhador

- O Obelisco

- O Touro e a Sucuri

- A Amazona e o Cavalo

- Monumento do Primeiro Decênio da CHESF

- Cânions do Rio São Francisco

- Lago do Capuxu

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8. A COMPANHIA HIDRELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO

A CHESF tem uma importância indiscutível para cidade de Paulo

Afonso, seja na economia, na memória, na cultura e até nos valores da

sociedade local.

O aspecto urbanístico da cidade de Paulo Afonso resulta de

intervenções da CHESF, com a Cidade Jardim implantada no seu

acampamento, e a cidade desordenada que surgiu fora dos muros

limitantes, o fato é que o rebatimento das ações da CHESF no passado

ecoa até hoje na vida da população Paulo afonsina.

Paulo Afonso tem uma geografia específica, diferente das cidades

brasileiras, e mais diferente ainda das cidades do sertão nordestino. Se por

um lado a presença constante da água a torna agradável e aprazível, com

um sistema de lagos que corta a cidade, além do canal do Lago de PA IV,

por outro lado, para a administração municipal sua separação geográfica

em três porções distintas resulta em maior despesa no custeio, na

manutenção, nos investimentos em infraestrutura básica, além da

necessidade de um maior número de equipamentos públicos de saúde,

educação e lazer para atender ao cidadão com a menor distância até a sua

residência.

Na década de 70, parte de Paulo Afonso tornou-se uma grande Ilha

artificial para atender à necessidade econômica da CHESF e ampliação de

seu parque de produção. Com a abertura do canal de PA IV, o município de

Paulo Afonso teve parte do seu território inundado, o que resultou na

Receita do CFRH Royalties - Compensação Financeira de Recursos Hídricos

e participação na receita gerada pelas Usinas Hidrelétricas.

Quando da transformação de parte da cidade em Ilha, a CHESF

disponibilizou uma única ponte de acesso, e é para a ilha que converge a

população, uma vez que é na Ilha que se concentra o principal centro de

comércio e de serviços do município.

É visível que ao longo dos anos, alguns bairros, a exemplo do BTN, já

começam a se tornar autossuficientes, com um comércio local bem

estruturado e alguns serviços começam a aparecer. Ocorre que, o modelo

precisa ser reprisado nas demais porções da cidade.

O fluxo diário de acesso à ilha transforma a ponte em um gargalo, com

congestionamento em horários de pico, pois por lá passam veículos de

tração animal, motos, carros e pedestres.

O PDDUA de 2000 aponta como objetivo estratégico a necessidade de

uma nova ponte, e só recentemente, no ano de 2016, foi licitado, pelo

Governo do Estado da Bahia, o Projeto Executivo para uma nova ponte,

que ligará a Pedra Comprida no dique do fusível até o Bairro Centenário. A

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nova ponte surgirá como um novo vetor de expansão urbana, e ocorre em

um momento oportuno de revisão do PDDUA, visto que parte da sua alça

estará implantada em uma área considerada rural pela Lei de 2000.

A construção de uma nova ponte ultrapassa a condição orçamentária

e financeira municipal, daí a necessidade de que a execução conte com

recursos estaduais e/ou federais, ou da própria CHESF, visto que essa

condição de ilha é resultante da intervenção dela na geografia da cidade.

O canal do Lago de PA IV transformou a borda da ilha, na proximidade

da ponte, em diques, em áreas de segurança e estrada de serviço da

CHESF.

Essa área está sob a responsabilidade da CHESF, uma área de

segurança dentro de uma cidade que se consolidou, é um desafio

constante para a CHESF e para a administração municipal controlar os usos

e acessos da população a essas áreas.

A CHESF está submetida à fiscalização da ANEEL – Agência Nacional de

Energia Elétrica, que exige que o acesso na margem do canal seja de uso

exclusivo da CHESF, solicitando que a CHESF construa muros ou barreiras

para impedir o acesso da população ao canal e resguardar os diques, e

nesse ponto entra a atuação do poder público municipal, entendendo a

necessidade do monitoramento constate dos diques para que se

mantenha a segurança da população pauloafonsina, além de preservar e

garantir a função de geração de energia elétrica da CHESF, mas em

contrapartida, permitindo que as ações de segurança da CHESF possam

acontecer, mas sem que essas impactem de forma negativa no potencial

turístico da cidade de Paulo Afonso e na redução da qualidade de vida dos

que aqui moram, além de proteger o patrimônio ambiental, paisagístico e

cultural do município. É importante que todas as discussões, debates,

reuniões, ocorram dentro dessa perspectiva, buscando soluções que

atendam as demandas e as atividades inerentes a cada ente envolvido,

CHESF, Prefeitura Municipal de Paulo Afonso e População local.

A atuação da CHESF ocorre em Paulo Afonso, desde a manutenção do

principal Hospital da região, inclusive atendendo a população dos três

estados vizinhos, como a cessão de suas áreas a instituições que aqui se

instalam, com Justiça Federal, OAB, CREA, UNIVASF, UNEB, IFBA, Corpo de

Bombeiros, ICMBIO, entre outros.

Muitas das áreas utilizadas pela população são de propriedade da

CHESF, cedidas ao município de Paulo Afonso, como o Centro de Cultura

Lindinalva Cabral, o Núcleo de atendimento ao Turista, alguns galpões nas

proximidades da Igreja São Francisco, os clubes de Futebol, ou babas

popularmente conhecidos.

A visita ao Complexo Hidroelétrico da CHESF é um dos grandes

atrativos do município, com seus belvederes, parques, lagos e jardins, com

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o bondinho, e todo o tratamento urbanístico e paisagístico que envolve as

usinas.

A Prefeitura Municipal de Paulo Afonso tem buscado desenvolver o

turismo de forma sustentável, com ações que sejam socialmente justas,

economicamente viáveis e ecologicamente corretas, solicitando o apoio e

a interferência da CHESF para que algumas ações resultem em um turismo

crescente, e mais e mais visitantes venham a Paulo Afonso, e

consequentemente, gerem empregos e renda.

8.1. Caracterização e localização das usinas e reservatórios

As Usinas Paulo Afonso I, II e III integram o complexo Paulo Afonso e

são construídas praticamente no mesmo local, com um único

represamento. Segundo a Companhia Hidroelétrica do São Francisco:

As Usinas Paulo Afonso I, Paulo Afonso II e Paulo Afonso III estão em um mesmo represamento, constituído de uma barragem do tipo gravidade em concreto armado, com altura máxima de 20 m e comprimento total da crista de 4.707m, associado às estruturas de concreto tais como: 01 (um) vertedouro do tipo Krieger, com descarga livre; 04 (quatro) vertedouros de superfície, com comportas vagão; 01 descarregador de fundo; 2 drenos de areia; tomada d'água e casa de força

subterrâneas, escavada em rocha sólida, com profundidade aproximada de 80 m15.

Foto 35 - Reservatórios. Fonte: GoogleMaps (adaptada).

Estas usinas recebem águas turbinadas pela Usina Apolônio Sales,

reservatório Moxotó, também integrante do Complexo Paulo Afonso,

15 Disponível em: < http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/sistema_chesf/sistema_chesf_geracao/conteiner_geracao?p_name=8A2EEABD3BFFD002E0430A803301D002>. Acesso em: Acesso em: 23 jan. 2016.

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porém localizada no município de Delmiro Gouveia - AL. O reservatório

Moxotó fornece águas também para o acionamento da Usina PA IV,

enchente o “canal da PA IV” e seu reservatório.

A Usina PA IV tem o maior aproveitamento energético entre as 5 usinas

do complexo. Sobre esta usina:

O represamento de Paulo Afonso IV é constituído de barragens e diques de seção mista terra-enrocamento num comprimento total de 7.430 m e altura máxima de 35,00 m; estruturas de concreto num comprimento total de 1.053,50m compreendendo: vertedouro com 8 comportas tipo de crista/controlado, com capacidade de descarga de 10.000 m3/s, tomada d'água, casa de máquinas do tipo subterrânea com 6 unidades geradoras cada uma, com capacidade nominal de 410.400 kW, totalizando 2.462.400 kW. A energia gerada é transmitida por uma subestação elevadora, com 18 transformadores monofásicos de 150 MVA cada um, que elevam a tensão de 18 kV para 500 kV.16

16 Disponível em: <http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/sistema_chesf/sistema_chesf_geracao/conteiner_geracao?p_name=8A2EEABD3BF8D002E0430A803301D002>. Acesso em: Acesso em: 23 jan. 2016.

Foto 36 - Usinas de Paulo Afonso. Fonte: GoogleMaps (adaptada)

8.2. Segurança de Barragens

As barragens, por serem estruturas de contenção ou acumulação de

substâncias líquidas ou líquidas e sólidas, são potencialmente danosas e

demandam constante monitoramento, fiscalização e atuação preventiva

do poder público.

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80

Neste sentido, o Brasil elaborou a Lei n. 12.334/10, que estabelece a

Política Nacional de Segurança de Barragens, estabelecendo entre os

instrumentos da política o Plano de Segurança de Barragens, que deverá

conter, entre outros, a “indicação da área do entorno das instalações e

seus respectivos acessos, a serem resguardados de quaisquer usos ou

ocupações permanentes, exceto aqueles indispensáveis à manutenção e à

operação da barragem” (art. 8º, VI).

Assim, a segurança das barragens deve encontrar consonância com o

plano diretor, para que no instrumento de política urbana sejam previstas

áreas com restrições ao uso e ocupação do solo em prol da segurança

coletiva.

Segundo informações da CHESF, foram licitados os Planos de Segurança

de Barragem para o Município de Paulo Afonso e a própria instituição está

promovendo o levantamento das áreas mais vulneráveis e suas limitações.

Estas áreas resumem-se, basicamente, aos “diques”17 e “ombreiras”18,

sendo que estas últimas, constituem-se áreas de maior risco.

17 Segundo o Dicionário Michaelis online, dique pode ser compreendido como “estrutura de terra, pedras, concreto etc., erguida ao longo das margens de um rio ou da beira do mar, e destinada a impedir alagamento”. Já o Manual de Segurança e Inspeção de Barragens do Ministério da

Integração Nacional, define “Dique Auxiliar” como “barramento de qualquer tipo, construído numa sela topográfica ou ponto de cota baixa no perímetro do reservatório” (2002, p. 16).

18 Ombreiras seriam “Parte da encosta contra a qual a barragem é construída” (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2002, p. 16), mas a CHESF refere-se ao termo como ponto de encontro entre o dique e área de corte.

Segundo informações apresentadas pela CHESF são áreas de dique,

aproximadamente, à jusante da Usina PA IV, até o lado esquerdo da BA

210, salvo uma “península” localizada ao lado direito da mesma BA, bem

como à montante da usina PA IV, até as usinas PA I, II e III, com exceção do

“bico de pedra” e a prainha do centenário19. Por serem áreas frágeis, não

se deve planejar equipamentos para as imediações da estrada de acesso

das Usinas PA I, II e III com a PA IV.

Entre os problemas apresentados pela Chesf estão:

- Ausência de piezômetro ao lado do dique II, equipamento para medir

pressão das águas, que precisa ser constantemente monitorado;

- O dique VI sofre com o acúmulo das águas pluviais no período de

chuvas, o que macula a consistência dos estudos e demanda projeto

estratégico de drenagem que não permita o lançamento no canal de

percolação;

- Ocupação nas ombreiras – prainha do candeeiro e centenário – áreas

que já exercem carga não planejada no dique.

- Necessidade de resguardar o estoque de pedras utilizado na

recomposição dos diques, que fica próximo à usina da PA IV.

19 O mapa com definição de diques e suas adjacências que devem ser protegidas está sendo

atualizado pela CHESF e não pôde ser integrado ao presente relatório.

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9. CARACTERIZAÇÃO URBANA E ARQUITETÔNICA

A sede de Paulo Afonso possui três núcleos principais: a Ilha,

resultante da construção da usina PA-IV e do canal que alimenta seu

reservatório, onde se localiza o antigo acampamento CHESF que hoje é

formado por um conjunto de bairros (General Dutra, Oliveira Lopes, Alves

de Souza, Fazenda CHESF, Vila Operária e Vila Nobre), a antiga Vila Poty,

hoje composta pelos Bairros Centro, Perpétuo do Socorro e Nossa Senhora

de Fátima e onde se encontra o centro comercial e administrativo da

cidade, e alguns bairros, um pouco mais dispersos, como o Bairro

Centenário, Sal Torrado , Abel Barbosa, Caminho dos Lagos, Loteamento

Tropical, Conjunto Habitacional BNH e Bairro Panorama. A PORÇÃO SUL

conhecida como Tancredo Neves (BTN) que se localiza do lado oposto à

barragem de PAIV é formada pelos bairros BTN I, II e III, Bairro Cardeal

Brandão Vilela, Bairro Santa Inês, Rodoviário e o DNER. Esta é a região

mais populosa da cidade. E por último, a A PORÇÃO NOROESTE - terceiro

núcleo que se desenvolve no entorno do Aeroporto e em direção ao

Município vizinho de Glória. Esta região é formada pelos bairros: Clériston

Andrade, Siriemas I, II e III ,Jardim Bahia, Jardim Aeroporto, Bairro Prainha,

e de outros mais dispersos, como Oliveira Brito, Pedra Comprida, Vila

Moxotó e Barroca.

Segundo o PDDUA (2000):

O Acampamento CHESF é caracterizado por casa com gabarito de um pavimento, construídas com material durável de boa qualidade, com bom acabamento, dotadas de infraestrutura e serviços, até o momento com administração da própria companhia, inseridas em áreas arborizadas e equipadas com várias estruturas de lazer.

A Vila Moxotó localiza-se fora da ilha, foi construída para abrigar funcionários das empreiteiras e ao longo dos anos degradou-se bastante. No Conjunto Habitacional BNH há habitações de um pavimento que obedecem aos padrões mínimos das casas populares financiadas pelo banco. O conjunto habitacional de casas no BTN foi construído pela URBIS nos anos 80.

Ao longo da Avenida Apolônio Sales e no Bairro Beira Rio encontram-se as habitações com melhor qualidade da cidade.

A maior parte dos bairros que surgiu de maneira espontânea possui

ambiência agradável e apresenta potencial para melhorias urbanas. Há

exceções de bairros que possuem vielas mais estreitas e necessitam de

maior atenção no sentido de prover todas as moradias de infraestrutura

básica.

Em muitas das ocupações espontâneas recentes, as condições

higiênico-sanitárias são precárias, sendo esta demanda um dos maiores

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desafios da administração. O uso destas técnicas, sem o devido

acabamento, pode facilitar a proliferação de vetores de transmissão de

doenças, como é o caso do barbeiro (doença de chagas). Há ainda outras

situações de risco, com maior concentração ao longo das torres de alta

tensão da Chesf e às margens dos lagos e do muro da barragem, com um

grande número de ocupações informais, tanto de habitações precárias,

como de alto padrão construtivo.

No item que se segue, foi desenvolvida uma caracterização dos bairros

consolidados de Paulo Afonso, que busca atualizar a leitura elaborada pelo

plano diretor de 2000, que ainda se encontra em vigor, e pela proposta de

plano desenvolvida em 2006 que não foi aprovada pela Câmara Municipal

de Vereadores.

São apresentados aspectos do zoneamento, ordenamento e uso do

solo propostos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e

Ambiental aprovado em 2000. Para compreensão da classificação deste

zoneamento, destacam-se alguns artigos definidos pela referida lei:

(...) Art. 38 - As Zonas Residenciais (ZR) caracterizam-se pela predominância de moradias.

§ 1.º - Embora a moradia seja a atividade principal das Zonas Residenciais, outras atividades serão permitidas quando complementares de atividades habitacionais, incluindo oficinas artesanais, lojas

de comércio varejista, serviços pessoais, agências bancárias, ou outras atividades de acordo com a aprovação da Secretaria de Meio Ambiente, juntamente com o Conselho ou entidade associativa de cada bairro. (...)

Art. 40 - As Zonas Industriais (ZI) caracterizam-se pela presença de atividades que requeiram tráfico constante de veículos pesados, e que produzem emissões atmosféricas, ruídos e efluentes industriais. (...)

Art. 41 - As Zonas de Comércio e Serviços Centrais (ZCS) são caracterizadas pela predominância de atividades como comércio por atacado, escritórios profissionais, sedes de empresas privadas, administração pública, hotéis, restaurantes, bancos, agências de turismo, serviços especializados, mercados, podendo admitir atividades habitacionais. (...)

Art. 42 - As Zonas de Proteção Ambiental dividem-se em: Zonas de Proteção Ambiental rigorosa (ZPA1); Zonas de Proteção Ambiental recreativa (ZPA2); Zonas de Proteção Ambiental educacional (ZPA3); Zonas de Proteção Ambiental produtiva (ZPA4); (...)

Art. 43 - As Zonas Especiais (ZE) caracterizam-se pela predominância de atividades de caráter público vinculadas com os governos local, estadual e federal, assim como atividades do setor privado de peculiar interesse público.

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§ 1.º - São consideradas Zonas Especiais (ZE) as áreas onde se situam as usinas hidroelétricas, o aeroporto e as instalações militares. (...)

9.1. Características construtivas e de uso e ocupação da sede municipal20

Região do Bairro Alves de Souza

Este bairro se insere na Zona Residencial I do zoneamento urbano

estabelecido pelo plano diretor de 2000. O Alves de Souza é habitado por

uma comunidade de classe média, com nível de renda variado, formado

por funcionários ativos e aposentados da CHESF. O padrão espacial de

urbanização corresponde ao tipo formal aberto, com grande diversidade

nos tamanhos dos lotes e no padrão construtivo, programado e construído

para alojar empregados da empresa. Apresenta baixa densidade de

ocupação, com tamanho médio de lote acima de 500 m2 e alto índice de

construção. É bem servido de infraestrutura (água, esgotamento sanitário)

com ruas de 10 metros de largura, bem arborizadas e pavimentadas com

asfalto. Nesta área existem várias edificações ocupadas por instituições,

notadamente dois núcleos da Universidade do Estado da Bahia, escola

primária e clube social. Recentemente foram instaladas unidades

comerciais variadas, como padaria, livraria, salas para profissionais

autônomos e pequenas empresas, posto de combustível e pequenos

20 Atualização do termo de referências de políticas urbanas.

comércios. Estes novos equipamentos contribuem com a modificação do

perfil de determinadas vias, como a “Rua D”, que assume cada vez mais

caráter comercial, o que resulta em usos do solo e frequência de trânsito

conflitante com o caráter residencial original da área. O adensamento

sofrido nos últimos anos tem acontecido via verticalização dos lotes. Os

casos de desmembramento são raros e pontuais. Uma das principais

transformações ocorridas no bairro refere-se ao crescente corte de

árvores.

Foto 38 - Ambiência bairro Alves de Souza. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015.

Dentre as propostas apontadas pelo plano diretor de 2000, é possível

identificar a concretização da proposta que se refere ao incentivo ao

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adensamento do bairro, visto que esta área já era naquele momento bem

servida de infraestrutura e serviços.

No entanto, destacam-se duas questões com efetividade pendente:

- Preservar as praças, áreas verdes e áreas non ædificandi existentes

conforme decreto da CHESF, que constituiu o bairro.

- A existência neste bairro de numerosas instituições públicas e

privadas faz aconselhar tratamento especial da rede viária, privilegiando a

rua da Gangorra, que deverá ser tratada como via de penetração, com

estacionamento restrito.

Tabela 8 - Ordenamento para o Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) GABA RITO AREA

(m2) TEST.

MÍN.(m) FRENTE LAT. FUNDO

ZR1 ALVES DE

SOUZA

UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 450 12 4 1,5 2,5 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 3 PAV

* INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 3 PAV

* Ver restrições no plano diretor 2000. Fonte: Caires de Brito, 1999.

Região dos Bairros General Dutra / Oliveira Lopes

Estes bairros também se inserem na Zona Residencial I do zoneamento

urbano estabelecido pelo plano diretor de 2000.

Estas áreas têm suas comunidades formadas por antigos funcionários

executivos e técnicos de alto nível da CHESF, o que configura condições

sociais e econômicas de classe média alta. O padrão espacial de

urbanização é formalmente mais aberto que qualquer outro em Paulo

Afonso, com uma das menores densidades de ocupação. Tamanho do lote

médio é o maior da cidade e com edificação média de. o bairro dispõe de

infraestrutura completa, com ruas largas e bem arborizadas. as moradias,

geralmente de um único pavimento, são de boa qualidade.

Nesta região, na área do antigo COLEPA, foi instalado o IFBA que

realizou a construção de um prédio de três gabaritos, destoando da

paisagem local. Na área da antiga escolinha da CHESF encontra-se em

funcionamento a Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), com o

curso de Medicina e o Centro de Arqueologia (CAAPA) da Universidade do

Estado da Bahia. Ambos os equipamentos educacionais necessitam de

transporte público municipal por possuírem um público de variadas

regiões do município e entorno.

Foram instalados alguns pontos comerciais, como lava a jato, pizzaria e

academia de karatê.

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85

O bairro não sofreu praticamente nenhum desmembramento e pouca

verticalização.

Desde a aprovação do plano diretor de 2000 o bairro manteve a

qualidade de sua ambiência.

Foto 39 - Ambiência bairro General Dultra, Av. Centenário. Fonte: Google Street View.

Tabela 9 - Ordenamento para o Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000).

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

GABARITO AREA (m2)

TEST. MÍN.(m)

FRENTE LATERAL FUNDO

ZR 1

GENERAL DUTRA / OLIVEIRA

LOPES

UNIFAMILIAR 0,6 0,3 0,3 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 0.8 0,3 0.4 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0.6 0.3 0.3 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV

INDUSTRIAL - - - - - - - - -

MISTO 0.6 0.3 0.3 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

Região do Bairro Vila Nobre

Esta área, também definida como Zona Residencial I pelo PDDUA,

usufrui de posição privilegiada em relação à paisagem voltada para o

cânion do Rio São Francisco. Aproximadamente uma terça parte dela foi

urbanizada pela CHESF para seus funcionários. A urbanização do bairro

seguia padrão aberto, porém hoje caracteriza-se pelo padrão de casas

geminadas, com poucos espaços disponíveis para expansão urbana. A

CHESF promoveu a venda de glebas remanescentes da urbanização original

sem intervenção da Prefeitura, com isso, as ocupações desordenadas,

fruto de loteamentos clandestinos nestas glebas, permanecem ainda hoje

irregulares. Destes lotes clandestinos, muitos foram desmembrados

informalmente, tendo muitas unidades um tamanho médio inferior ao

previsto na legislação municipal. O bairro dispõe de boa infraestrutura.

Num de seus extremos, localiza-se o prédio do antigo Grande Hotel de

Paulo Afonso, embora com estado de conservação ruim, possui alto

padrão construtivo, de propriedade da CHESF, com características

arquitetônicas a serem preservadas. O bairro encontra-se quase

totalmente ocupado, inclusive na área correspondente à margem do

cânion, obliterando a visão ao mesmo e impedindo o acesso público a este

recurso da maior relevância de paisagem.

Possui pequenos serviços, como mercearias, mecânica e serviços

automotivos e lavanderia. Possui duas creches particulares. Não possui

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equipamentos de saúde, educação e segurança. Apenas uma de suas duas

praças é urbanizada.

Apesar de haver uma proposta PDDUA de 2000 acerca da criação de

zonas de proteção ambiental rigorosa ao longo das margens superiores do

cânion, não conseguiu-se coibir a implantação de residências nesta área.

Foto 40 - Ambiência bairro Vila Nobre, Rua Engenheiro Amaury A. de Menezes. Fonte: Google Street View.

Tabela 10 - Ordenamento para o Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

GABARITO AREA (m2)

TEST. MÍN.(m)

FRENTE LATERAL FUNDO

ZR1 VILA

NOBRE

UNIFAMILIAR 0,6 0,3 0,3 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 0,8 0,3 0,4 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,6 0,3 0,3 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV

INDUSTRIAL - - - - - - - - -

MISTO 0,6 0,3 0,3 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV

Região do Bairro Perpétuo Socorro

Entre as ruas Hemetério de Carvalho e Perimetral existe uma área com

padrão de urbanização muito diferente de Vila Poty, que lhe é contígua,

correspondendo a uma população com nível de renda um pouco mais

elevado. O bairro Perpétuo Socorro foi classificado pelo PDDUA 2000 como

Zona Residencial II.

Foto 41 - Av. da Maçonaria. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015.

O bairro resultou de um processo de ocupação descontínua, com

domínio de um modelo de desenho similar ao do bairro Panorama, com

ruas mais largas que as de Vila Poty, traçado geométrico mais livre e lotes

consideravelmente maiores. Observa-se no bairro dois padrões diferentes:

uma antiga formação de lotes bem menores com caráter similar ao de Vila

Poty (ZR4); e uma zona de invasão com padrão caraterístico de favela. A

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localização de várias instituições públicas na área contribui para destacar o

aspeto heterogêneo do bairro. O perfil médio da população corresponde

todavia, a uma classe média de nível intermediário formada por

empregados públicos, pequenos comerciantes com melhores condições de

vida que os habitantes da Vila Poty.

O bairro sofreu grande adensamento populacional, fruto da construção

de unidades habitacionais nas áreas livres dos lotes, o que reduziu

consideravelmente o tamanho médio destes.

A densidade de ocupação está estimada em 74.72 hab./ha, com

tamanho médio de lote superior (560,82m2), embora seu índice de

ocupação por lote seja 0,16.

A Faculdade Sete de Setembro, importante instituição de ensino

superior do município, localiza-se no bairro Perpétuo socorro. Gerando um

grande fluxo de pedestres e veículos na área ao seu redor.

Na área do bairro que fica de frente para o rio, existe uma barragem de

30 metros de altura que impede a vista e prejudica a ventilação, além de

constituir-se em massa radiante do calor acumulado durante o dia pelas

pedras da barragem. A CHESF , para proteger a barragem de PA IV e seu

monitoramento construiu um muro paralelo ao Paredão da PA IV, para

impedir que os ocupantes dos terrenos próximos estendessem, de forma

ilegal, suas posses até este marco. Esse recanto da cidade foi

completamente ocupado nos últimos anos.

Foto 42 - Paredão da represa PAIV no bairro Perpétuo Socorro. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2105.

Tabela 11 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) GABA RITO AREA

(m2) TEST.

MÍN.(m) FRENTE LATERAL FUNDO

ZR2 PERPETUO SOCORRO

UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 450 12 4 1,5 2,5 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 3 PAV

* INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 3 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

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Região do Bairro Clériston Andrade

Classificado como Zona Residencial III pelo PDDUA (2000), o Clériston

Andrade é um bairro com visível evolução em seu padrão construtivo,

localizado na margem da Av. Aeroporto, próximo ao bairro Jardim Bahia.

Sua densidade de ocupação é de 17,68 hab/ha, com lotes de tamanho

médio de 392,47 m2 e edificação média por lote de 80,49 m2.

O bairro foi bastante ocupado nos últimos anos, porém mantendo-se o

padrão de dimensionamento de lotes. Ainda restam diversos lotes não

utilizados e vazios no bairro. Possui uma praça e alguns poucos comércios,

que não garantem autossuficiência relativa ao bairro. Em direção ao

Parque de Exposição existem inúmeros empreendimentos automotivos,

como oficinas, lojas de peças, concessionárias e também pousadas. Os

moradores servem-se do comércio e serviços oferecidos pelo bairro Jardim

Bahia.

Foto 43 - Ambiência bairro Cleriston Andrade, Rua General Osório. Fonte: Google Street View.

Tabela 12 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

GABARITO AREA (m2)

TEST. MÍN.(m)

FRENTE LAT. FUNDO

ZR3 CLERISTON ANDRADE

UNIFAMILIAR 1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1,2 0,2 0,6 350 12 4 1,5 2,5 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 3 PAV

* INDUSTRIAL 1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

* Ver restrições em 2.2.1. Fonte: Caires de Brito, 1999.

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89

Região dos Bairros Abel Barbosa / Caminho dos Lagos

Trata-se de duas comunidades pouco diferenciadas, que possuem lotes

com toda a infraestrutura urbana. São classificadas como Zona Residencial

III pelo PDDUA (2000). Padrão espacial indefinido resultante de

loteamento promovido pelo poder público, com traçado urbanístico

definido.

As ruas são escassamente arborizadas, pavimentadas com

paralelepípedos. O bairro apresenta uma densidade de ocupação de 18.26

hab/ha, possuindo poucos espaços vazios; tamanho médio de lote de

390,05 m2 e índice de construção médio de 99,0 m2. O CETEP II, que serve

a cidade toda, se encontra localizado nesta área.

Nos últimos anos houve investimentos em infraestrutura para o bairro

que segue com ocupação crescente.

Foto 44 - Ambiência bairro Caminho dos Lagos, Rua Lago da Paz. Fonte: Google Street View.

Tabela 13 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

GABARITO AREA (m2)

TEST. MÍN.(m)

FRENTE LAT. FUNDO

ZR3

ABEL BARBOSA

/ CAMINHO

DOS LAGOS

UNIFAMILIAR 0.8 0,2 0.5 250 10 4 1,5 2.5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1,2 0,2 0.5 350 12 4 1.5 2.5 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

1 0,2 0,4 250 10 4 1.5 2.5 3 PAV

* INDUSTRIAL 0.8 0.2 0.4 250 10 4 1.5 2.5 2 PAV

MISTO 1 0,2 0,4 250 10 4 1.5 2.5 3 PAV

Ver restrições em 2.2.1. Fonte: Caires de Brito, 1999.

Região dos Bairros Bairro BNH / Panorama

A área do BNH / Panorama foi classificada pelo PDDUA (2000) como

Zona Residencial II. Trata-se de uma comunidade Territorial formada por

aproximadamente 300 famílias mutuarias do BNH. Sua ocupação consiste

em famílias de renda média, bastante integradas socialmente. O padrão da

urbanização é formalmente aberto, com tamanho médio dos lotes de

656.22 m2, com situação semelhante a do bairro Alves de Souza e apenas

pouco inferior ao Bairro General Dutra. As moradias são de boa qualidade

e estão servidas por infraestrutura completa e serviços comunitários

básicos. Possui cinco praças, sendo quatro urbanizadas. Os passeios

públicos possuem cerca de 5 a 6 m de largura. No bairro há um clube

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90

social, um Restaurante Popular, poucos e pequenos comércios, como

clínica, restaurante, escritório de arquitetura, clínica de fisioterapia,

mecânicas e home care (assistência domiciliar de saúde).

Por ter lotes grandes e estar situada acima do nível do espelho d´água

e dos paredões, além de possuir ruas largas e passeios extensos, o BNH

constitui-se como área prioritária para verticalização.

O bairro Panorama tem padrão de lotes variados, com lotes grandes e

outros de 16m de testada. O adensamento populacional é maior do que o

BNH. Os passeios são de aproximadamente 2m.

Foto 45 - Ambiência bairro BNH, Rua Veneza. Fonte: Google Street View.

Foto 46 - Ambiência bairro Panorama, Rua Maranhão. Fonte: Google Street View.

Tabela 14 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) GABA RITO AREA

(m2) TEST.

MÍN.(m) FRENTE LATERAL FUNDO

ZR 2 BNH /

PANORAMA

UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 450 10 4 1,5 2,5 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV

* INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 3 PAV

* Ver restrições em 2.2.1. Fonte: Caires de Brito, 1999.

Região do Bairro Vila Poty

Iniciada na época da construção da primeira barragem por invasão de

operários, a área está totalmente ocupada. A área é habitada por

empregados públicos e privados, pequenos comerciantes, artesãos e

operários autônomos com nível de renda familiar média de 6 a 7 salários

mínimos, tem atingido alto nível de integração social.

É classificada pelo PDDUA (2000) como Zona Residencial IV. Seu padrão

espacial da urbanização não foi programado, ocorreu de forma espontânea

e hoje se encontra completamente consolidado, resultou dos pequenos

barracos cobertos com sacos de cimento Poty que se implantavam no

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91

início do surgimento da cidade ao longo do muro que separava o

acampamento CHESF da cidade informal, daí seu traçado orgânico,

compacto e homogêneo, com ruas estreitas (aprox. 7m) e muitos

cruzamentos. O bairro tem a maior densidade de ocupação de Paulo

Afonso e o menor tamanho médio de lote, assim como a menor área

construída por lote. Tem também o maior índice bruto de ocupação de

toda a cidade.

A paisagem urbana de Poty é árida, sem árvores e poucos espaços

abertos. Possui Infraestrutura urbana completa (água, esgotamento,

sanitário, ruas pavimentadas com asfaltos). As moradias multifamiliares de

dois pavimentos em média, convivem juntamente com lojas de comércio

varejista, oficinas de serviço e pequenos escritórios. Pode ser considerada

como estável do ponto de vista urbano.

Um dos principais problemas enfrentados no bairro está na ausência

de vagas para estacionamento de veículos. Além da ampliação

generalizada do consumo de automóveis, as unidades habitacionais deste

bairro, antes unifamiliares, hoje apresentam padrão multifamiliar, saindo

do padrão térreo, ou térreo e primeiro andar, para um modelo de maior

verticalização.

Outro grande problema está na mobilidade, já que as vias pouco largas

com grande quantidade de veículos estacionados inviabilizam o trânsito de

ônibus na maior parte do bairro.

As áreas de lazer comunitário, como praças, são poucas e esparsas,

mas as existentes são bastante utilizadas pela população.

Muitos moradores avançaram sobre as calçadas com grades para

poder estacionar seus veículos, diminuindo o passeio público e

prejudicando a acessibilidade, já precária.

Destaca-se a proposta relativa ao remembramento de lotes no bairro

definida pelo PDDUA (2000): “Em caso de remembramento de lotes cuja

soma das testadas seja igual ou maior que 10 metros, os recuos laterais e

frontais deverão obedecer aos seguintes valores: 1.5 para as laterais

(ambos os lados) e 4m de frente”.

Foto 47 - Ambiência bairro Vila Poty, Rua Marechal Castelo Branco. Fonte: Google Street View.

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92

Tabela 15 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA DE USO

LOCALIZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU

IP IO

LOTE MÍNIMO

RECUO MÍNIMO

GABARITO ÁRE

A (m2)

TEST. (m)

FRENTE (m)

LAT.

(m)

FUNDO (m)

ZR 4 POTY

UNIFAMILIAR 1 0,2

0,5

200 6 - - 4 2 PAV

MULTIFAMILIAR

1 0,2

0,5

250 8 - - 4 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇOS

1 0,2

0,5

200 6 - - 4 3 PAV

* INDUSTRIAL 1 0,2

0,5

200 6 - - 4 2 PAV

MISTO 1 0,2

0,5

250 8 - - 4 3 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

Região dos Bairros Centenário / Sal Torrado

O bairro Centenário é uma comunidade originada numa ocupação

informal, sendo a antiga tapera de Paulo Afonso, ocupação mais antiga da

Cidade. Sofreu ocupação desordenada, hoje completamente consolidada.

Seus membros são pessoas de renda familiar baixa e média, formadas

essencialmente por funcionários de comércio e serviços, pequenos

empresários e empregados públicos. O padrão de urbanização é

indefinido, com baixa densidade de ocupação, com razoável urbanização.

Ao lado do bairro Centenário existe uma área conhecida como Sal

Torrado, adjacente ao Cemitério da cidade, que foi loteada pela CHESF,

hoje bastante ocupada, com poucos lotes vazios. Sua infraestrutura é

razoável, porém sem água tratada. A concessionária de serviços e água e

esgoto pretendia implementar serviço de abastecimento de água tratada

no local, mas a população não aceitou.

Os dois bairros foram classificados como Zona Residencial 5 pelo

PDDUA (2000).

Foto 48 - Ambiência bairro Vila Poty, Rua Marechal Castelo Branco. Fonte: Google Street View.

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93

Tabela 16 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) GABA RITO AREA

(m2) TEST.

MÍN.(m) FRENTE LAT. FUNDO

ZR5 CENTENÁRIO

/ SAL TORRADO

UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 350 10 4 1,5 2,5 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

* INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 1 0,2 0,5 350 10 4 1,5 2,5 3 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

O bairro Sal Torrado II é uma área contígua ao Sal Torrado I, do lado

oposto da Av. da Amizade. Está disponível como vetor de expansão

residencial, ainda sem um projeto de ocupação. Foi classificado pelo

PDDUA (2000) como Zona residencial VIII.

No Sal Torrado está prevista a implantação do Campus da UNIVASF,

além de destacar ali a presença do Polo Empresarial Nicolson Chaves,

cujas atividades desenvolvidas são diversificadas, destacando-se a

fabricação e comercialização de mármores e granitos, forro de gesso,

distribuição de material de construção, serviços automotivos, distribuição

de alimentos, produção de medicamentos fitoterápicos, fabricação de

portas, janelas e móveis, coberturas e fachadas metálicas, estofados,

lavanderia, distribuidora de gás, entre outros.

Região do Sal Torrado II

No plano diretor (2000) figura-se como zona não ocupada, disponível

para expansão residencial, sem definição de parâmetros urbanísticos. A

CHESF propôs o leilão de lotes na região, em loteamento aprovado em

gestões passadas, sem, entretanto, alocar a infraestrutura mínima exigida

por lei. O poder público municipal ajuizou ação para impedir a venda dos

lotes e consolidação do loteamento sem a infraestrutura, tendo obtido

decisão favorável, ainda passível de modificação.

Região do Bairro Vila Moxotó

Comunidade situada fora da ilha, teve origem no assentamento

organizado pela CHESF para operários das empresas que participaram na

construção das primeiras barragens. É classificada como Zona Residencial 5

pelo PDDUA (2000).

Teve desenvolvimento limitado por estar bastante isolada da cidade.

Planejada formalmente com lotes grandes e ruas extensas, dispõe de

infraestrutura básica e alguns serviços urbanos (posto médico, escola

municipal). A maior parte das ruas não têm pavimentação. A Vila Moxotó

sofreu adensamento nos últimos anos, com a construção de novas

unidades habitacionais nas áreas livres dos lotes.

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94

A barroca, localizada próxima a esta área é considerada Zona Rural

pelo plano Diretor de 2000 e sofreu processo intenso desordenado e

irregular de ocupação, com características urbanas, apresentando lotes

para fins habitacionais com espaços utilizados para criação de animais,

como pasto para cavalos e granjas.

A região possui uma praça com quadra, construída pelo poder público

municipal, dispõe de ônibus em alguns horários do dia e algumas ruas

estão calçadas. Parte das residências ainda é servida com água bruta, mas

o início do bairro já foi contemplado com obras de água e saneamento

básico pela EMBASA.

A Pedra Comprida, situada no lado Oeste da Vila Moxotó é um bairro

em construção. Grande loteamento formal está sendo implementado,

junto a diversos loteamentos clandestinos. Atualmente, poucas unidades

habitacionais estão concluídas e habitadas.

Foto 49 - Ambiência bairro Barroca. Fonte: Google Street View.

Foto 50 - Ambiência bairro Vila Moxotó. Fonte: Google Street View.

Tabela 17 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) GABA RITO AREA

(m2) TEST.

MÍN.(m) FRENTE LATERAL FUNDO

ZR5 VILA

MOXOTÓ

UNIFAMILIAR 0,8 0,3 0,4 450 10 4 1,5 4 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1 0,3 0,4 450 10 4 1,5 4 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,8 0,3 0,4 450 10 4 1,5 4 2 PAV

* INDUSTRIAL 0,8 0,3 0,4 450 10 4 1,5 4 2 PAV

MISTO 1 0,3 0,5 450 10 4 1,5 4 3 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

Região do Bairro Tancredo Neves

É classificado como Zona Residencial 6 pelo PDDUA (2000). Originado na

transferência da população das terras inundadas por efeito da barragem, o

bairro Tancredo Neves tem se desenvolvido como uma pequena cidade

(30. 000 habitantes) composta por uma comunidade de baixos níveis de

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95

renda, grande parte da qual cumpre funções de serviço na cidade. O

Tancredo Neves dispõe de infraestrutura urbana e serviços públicos

suficientes. A densidade de ocupação do assentamento é estimada em

44,06 hab/ha, com tamanho médio de lote de 473,2m2 e índice de

construção por lote de 42,61m2. Esses dados indicam uma situação ainda

não consolidada com grande capacidade para receber novos contingentes

de população. É o que tem acontecido neste bairro que sofre expansão

horizontal, bem como adensamento a partir de desmembramento de lotes

ou construções nas áreas livres dos lotes existentes, sem promoção do

desmembramento cartorial.

De fato, o assentamento cresceu até hoje por agregação de novas

moradias na sua periferia, como é visível no padrão de organização

espacial: os lotes são maiores no núcleo central, que representa metade da

superfície ocupada, e tendem a se reduzir conforme se avança em direção

a periferia e muda o padrão da urbanização que passa de formas mais

livres para quarteirões retangulares. Não existem limites naturais para a

expansão do assentamento, o que indica estagnação no crescimento da

demanda de terra urbana.

Apesar do tecido urbano de Tancredo Neves parecer homogêneo numa

primeira análise, quando se observa com maior detalhe percebe-se

padrões diferenciados. O bairro apresenta três zonas principais, sendo

duas predominantemente residenciais (Tancredo Neves “anel” e “miolo”) e

uma zona com predominância de comércio e serviço.

Cada uma dessas duas zonas residenciais subdivide-se em outras subzonas

que apresentam peculiaridades:

Tancredo Neves (anel) é formado pelo BTN I, BTN III e Bairro dos

Rodoviários, enquanto BTN II corresponde a Tancredo Neves (miolo). Por

sua vez o BTN III é formado pelos seguintes bairros: Santa Inês, Benone

Resende, Mutirão da Moradia, Três Lagoas, Mutirão Habitacional e Marina

França.

Foto 52 - Ambiência bairro Tancredo Neves (BTN), Rua Chico Mendes . Fonte: Google Street View.

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96

Tabela 18 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA

LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDO

S

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

GABA RITO

AREA

(m2)

TEST. MÍN.(m

)

FRENTE

LAT.

FUNDO

ZCS 5

TANCREDO NEVES

UNIFAMILIAR

1 0,2 0,5 250 10 4 1.5 4 2 PAV

MULTIFAMILIAR

1,8 0,3 0,6 350 12 4 1.5 2,5 LIBERAD

O

COMÉCIO / SERVIÇO

1,8 0,3 0,6 250 10 4 1.5 2,5 LIBERAD

O

* INDUSTRIAL

1 0,3 0,5 250 10 4 1.5 4 2 PAV

MISTO 1,8 0,2 0,6 350 12 4 1.5 2,5 3 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

Região do Bairro Fazenda CHESF

O bairro é parte do Loteamento Fazenda CHESF. É também classificado

como Zona Residencial 6 pelo PDDUA (2000) e corresponde a um pequeno

parcelamento em lotes para residências de funcionários ligados à fazenda,

que deveriam estar próximo do local de trabalho. Possui quadras para

expansão residencial e glebas para as atividades agrícolas e de piscicultura.

A área residencial está separada da área da Fazenda pela Av. Maranhão,

tendo padrão espacial de urbanização semelhante aos demais bairros da

Área da CHESF, abrigando uma comunidade de poucas centenas de

pessoas.

A expansão residencial não foi significativa com alguns

desmembramentos irregulares na Av. Maranhão e construção de unidades

habitacionais construídas próximas ao galpão da CHESF e da área da Igreja

Católica. Estas unidades encontram-se na zona de amortecimento do

MONA do Rio São Francisco.

Foto 52 - Ambiência bairro Tancredo Neves (BTN), Rua Chico Mendes . Fonte: Google Street View.

Tabela 19 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

GABARITO AREA (m2)

TEST. MÍN.(m)

FRENTE LAT. FUNDO

ZR6 FAZENDA

CHESF

UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1,2 0,2 0,4 350 10 4 1,5 2,5 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

* INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 1 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 3 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

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Região dos Bairros Senhor do Bonfim / Dom Mario Zanetta

É classificado como Zona Residencial 7 pelo PDDUA (2000). Alguns grupos

ocuparam uma franja de 700 metros nas margens de uma lagoa e iniciaram

a construção de moradias precárias, sem serviços, mas após intervenções

públicas, houve melhoria de sua qualidade habitacional. A embasa realizou

obras e o despejo de esgotamento não é destinado mais aos lagos

internos.

O Dom Mário Zanetta, antiga Vila Mocó, é um bairro fruto de ocupação

irregular, com habitações precárias, com baixa acessibilidade de ruas e

calçadas, alocação de postes na via pública, quase cem por cento de

ocupação dos lotes, em geral pequenos. A situação habitacional é mais

precária que a o Senhor do Bonfim.

Tabela 20 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

AREA (m2)

TEST. MÍN.(m)

FRENTE

LAT. FUNDO GABARITO

ZR 7

VILA MOCÓ

/SR. DO BONFIM

UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,5 200 8 3 - 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR

1 0,2 0,5 250 10 3 1,5 2,5 2 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,8 0,2 0,5 200 8 3 - 2,5 2 PAV

* INDUSTRIAL

0,8 0,2 0,5 200 10 3 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 1 0,2 0,5 250 10 3 1,5 2,5 2 PAV

Região dos Bairros Prainha / Brita

Esta área, definida como Zona Residencial 7 pelo PDDUA (2000), está

situada próxima ao Aeroporto, compreende uma área entre a BR 110 e a

orla sul da Macrozona Noroeste, estendendo-se entre a ponte e o

Balneário da Prainha.

É uma zona heterogênea, com atividades residenciais e de comércio e

serviços, cuja ocupação se deu de forma espontânea, através de invasões

não planejadas e com crescimento desordenado.

O bairro apresenta problemas diante da ocupação da borda do lago;

interferência ao longo da BR 110; proximidade da pista do Aeroporto e

vizinhança com a Prainha, problemas estes que só poderão ser resolvidos

mediante projeto emergencial de urbanização.

Foram realizadas obras de infraestrutura de água e esgoto, em que pese

muitas unidades ainda despejarem esgoto no rio, calçamento de vias e

energia elétrica. Algumas vias possuem bons passeios públicas, mas sem

padronização e em grande maioria, sem acessibilidade. As ruas não são

planejadas e padronizadas, em alguns pontos são estreitas,

impossibilitando a passagem de ônibus e caminhões de bombeiros.

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Foto 53 - Ambiência bairro Prainha. Fonte: Google Street View.

Tabela 21 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA

LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

AREA (m2)

TEST. MÍN.(m)

FRENTE

LAT. FUNDO GABARIT

O

ZR 7 PRAINH

A / BRITA

UNIFAMILIAR 1 0,2 0,6 200 8 3 - 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR

1,2 0,2 0,4 250 10 3 1,5 2,5 3 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

1 0,2 0,6 200 8 3 - 2,5 2 PAV

* INDUSTRIAL 1 0,2 0,4 200 10 3 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 1,2 0,2 0,6 250 10 3 1,5 2,5 3 PAV

Região do Bairro Jardim Bahia

Está localizado na Macro Zona Noroeste entre a Av. Aeroporto e o

Dique Fusível. Sua localização central, em relação as três Macro Zonas, e

um sistema viário eficiente, oferece condições favoráveis para um

desenvolvimento urbano de qualidade.

Esta zona, classificada como Zona Residencial 5 pelo PDDUA (2000),

incorpora uma área contígua do Beira Rio, onde existem algumas casas de

alto padrão construtivo.

As principais vias estão adensadas, sem espaço de expansão, mesclando

usos de serviço, comércio e habitacional.

Foto 54 - Ambiência bairro Jardim Bahia, Rua Tancredo Neves. Fonte: Google Street View.

Tabela 22 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA

LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO

RECUO MÍNIMO (m)

AREA (m2)

TEST. MÍN.(

m)

FRENTE

LAT.

FUNDO

GABARITO

ZR 7

VILA MOCÓ /SR. DO BONFIM

UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,5 200 8 3 - 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 250 10 3 1,5 2,5 2 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,8 0,2 0,5 200 8 3 - 2,5 2 PAV

* INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,5 200 10 3 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 1 0,2 0,5 250 10 3 1,5 2,5 2 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

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99

Região dos Bairros Jardim Aeroporto / Siriema

Situados nas adjacências do Aeroporto, constituem-se em

comunidades originadas em ocupações informais que reivindicam a posse

da terra. O padrão de organização territorial é caótico, mas o

assentamento recebeu obras de infraestrutura de água, esgoto, energia e

calçamento.

O poder público municipal implantou empreendimento habitacional de

interesse social próximo ao aeroporto e posteriormente outro, contíguo,

através do Programa Minha Casa Minha Vida na faixa de 0-3 salários

mínimos.

É definida como Zona Residencial 7 pelo PDDUA (2000).

Foto 55 - Ambiência bairro Siriema, Rua da Amizade. Fonte: Google Street View.

Tabela 23 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA

LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m)

AREA

(m2)

TEST. MÍN.(

m)

FRENTE

LAT.

FUNDO

GABARITO

ZR 7

JARDIM AEROPORT

O / SIRIEMA

UNIFAMILIAR 0,8

0,2

0,5

200 8 3 - 2,5 1 PAV

MULTIFAMILIAR

1 0,2

0,5

250 10 3 1,5 2,5 1 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

0,8

0,2

0,5

200 8 3 - 2,5 1 PAV

* INDUSTRIAL 0,8

0,2

0,5

200 10 3 1,5 2,5 1 PAV

MISTO 1 0,2

0,5

250 10 3 1,5 2,5 1 PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

Avenida Apolônio Sales

Embora o PDDUA trate de Bairros, e a Avenida Apolônio Sales esteja

localizada no Bairro Centro, e se constitua como Avenida, é inevitável não

tratá-la com destaque face a sua importância e a sua notoriedade na

conjuntura urbana da cidade.

Resultante da antiga pista de pouso de aeronaves da CHESF, que ficava

ao lado do antigo Hangar, hoje transformado no Teatro do Centro de

Cultura Lindinalva Cabral. Trata-se de uma área comercial privilegiada, pois

possui, depois da Avenida Getúlio Vargas, o mais alto custo por metro

quadrado da cidade de Paulo Afonso.

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100

Nesta avenida está localizada a Sede da Prefeitura e da Câmara

Municipal, hotéis, supermercado, o ginásio municipal, restaurantes,

clínicas, lojas de departamento e locais de empresas comerciais.

Embora existam algumas residências, se configura cada vez mais como

área comercial, bastando para isso um passeio em seu calçadão, para

perceber sua ocupação comercial e institucional cada vez maior, com

poucas residências que ao longo dos anos vêm sendo substituídas por

comércios e serviços.

É definida como Zona de Comércio e Serviços 1 pelo PDDUA (2000).

Com calçadas e pistas largas, a Avenida Apolônio Sales, apesar da

disponibilidade do Plano Diretor de 2000, não sofreu ao longo de 16 anos,

a verticalização permitida pela Lei nº 905/2000.

Os edifícios implantados ao longo da avenida possuem, no máximo,

quatro pavimentos, gabarito bem inferior ao permitido pela tabela de uso

ocupação proposta pela Lei.

Foto 56 - Ambiência Avenida Apolônio Sales. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015.

Tabela 24 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO

(m) GABA RITO AREA

(m2) TEST.

MÍN(m) FRE LAT FUN

SZCM1 APOLONIO

SALES

UNIFAMILIAR 0,8 0,3 0,4 450 15 4 1,5 2,5 2

PAV

MULTIFAMILIAR 3 0,3 0,5 450 15 4 1,5 2,5 17

PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

3 0,3 0,5 450 15 4 1,5 2,5 4

PAV

INDUSTRIAL 3 0,3 0,5 450 15 4 1,5 2,5 4

PAV

MISTO 3 0,3 0,5 450 15 4 1,5 2,5 17

PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

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101

Região do Centro da Cidade

Compreende uma grande faixa formada por duas avenidas paralelas

com o canteiro central urbanizado, com áreas de lazer, que se estendem

da praça das mangueiras, na confluência da Av. Apolônio Sales, até a

igreja. Divisa entre a Vila Poty e os bairros da CHESF, é um local que possui

grande frequência de público devido ao comércio variado que se

desenvolveu, pelo movimento nos bares, restaurantes e áreas de

recreação que atendem a uma grande parte da população da ilha.

É nesta região que está localizado o principal centro comercial da

cidade de Paulo Afonso, com destaque ao longo da Avenida Getúlio

Vargas, Rua São Francisco, Rua Santo Antônio, Rua Amâncio Pereira,

Avenida Landulfo Alves e Avenida Otaviano Leandro de Morais.

Nos últimos anos, esse centro comercial, vem se irradiando,

adentrando inclusive ao longo da antiga Rua D e da Rua Padre João

Evangelista, além de outras áreas de bairros circunvizinhos.

É definida como Zona de Comércio e Serviços 3 pelo PDDUA (2000).

Foto 57 - Ambiência Avenida Getúlio Vargas. Fonte: Google Street View.

Tabela 25 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA

LOCALIZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU

IP IO

LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) GAB

A RITO

AREA

(m2)

TEST. MÍN.(m

)

FRENTE

LAT.

FUNDO

ZCS 3 GETÚLIO VARGAS

UNIFAMILIAR 1 0,2

0,5

250 8 - - 4 2

PAV

MULTIFAMILIAR

2 0,2

0,6

250 8 - - 2,5 4

PAV

COMÉCIO / SERVIÇO

2 0,2

0,6

250 8 - - 2,5 4

PAV

* INDUSTRIAL 1 0,2

0,5

250 8 - - 4 2

PAV

MISTO 2 0,2

0,6

250 8 - - 2,5 4

PAV

Fonte: Caires de Brito, 1999.

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102

Zona Comercial do BTN

Neste bairro, as áreas onde se localizam as atividades comerciais e os

serviços estão bem definidas ao longo de algumas avenidas no BTN II e as

margens da BA 210, no trecho do BTN III.

Foto 58 - Ambiência do BTN, BA 210. Fonte: Google Street View.

Tabela 26 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA

LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO

RECUO MÍNIMO (m)

GABA RITO ARE

A (m2)

TEST. MÍN.(

m)

FRENTE

LAT. FUNDO

ZCS 5

TANCREDO

NEVES

UNIFAMILIAR 1 0,2 0,5 250 10 4 1.5 4 2 PAV

MULTIFAMILIAR

1,8 0,3 0,6 350 12 4 1.5 2,5 LIBERADO

COMÉCIO / SERVIÇO

1,8 0,3 0,6 250 10 4 1.5 2,5 LIBERADO

* INDUSTRIAL 1 0,3 0,5 250 10 4 1.5 4 2 PAV

MISTO 1,8 0,2 0,6 350 12 4 1.5 2,5 3 PAV

Zona Comercial do Jardim Bahia

Localizada às margens da Av. Aeroporto, Macro Zona Noroeste, no

bairro Jardim Bahia, esta zona constitui-se de duas áreas contíguas que

formam um grande espaço vazio preservado da ocupação residencial e

atualmente ocupado pelo CREIA e AABB.

O bairro possui localização privilegiada, situado na região central, em

relação às três Macro Zonas, entre duas zonas predominantemente

residenciais (Jardim Bahia e Clériston Andrade), além de contar com fácil

acesso viário (Av. Moxotó e Av. Boa Viagem). Caracteriza-se como área de

reserva adequada para atividades complementares aos bairros

circunvizinhos e, de forma mais abrangente, ao desenvolvimento urbano

de Paulo Afonso.

Ocorreram verticalizações nas principais vias e nesta região será

instalado o primeiro Shopping Center da cidade.

Foto 59 - Ambiência da zona comercial do Jardim Bahia. Fonte: Google Street View.

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103

Tabela 27 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA

LOCALI ZAÇÃO

USOS PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO

RECUO MÍNIMO (m) GAB

A RITO

AREA

(m2)

TEST. MÍN.(m

)

FRENTE

LAT. FUND

O

ZCS4

JARDIM BAHIA

UNIFAMILIAR 1 0,2 0,5 400 10 5 1,5 2,5 2

PAV.

MULTIFAMILIAR

1,8 0,3 0,6 400 10 5 1,5 2,5 4

PAV.

COMÉRCIO / SERVIÇO

1,8 0,3 0,6 400 10 5 1,5 2,5 4

PAV.

* INDUSTRIAL

1,5 0,3 0,5 400 10 5 1,5 2,5 2

PAV.

MISTO 2 0,3 0,5 400 10 5 1,5 2,5 4

PAV.

Rua Otaviano Leandro de Moraes

Entre o Centro, Apolônio Sales e a Vila Poty estende-se um conjunto de

cerca de 30 quarteirões ocupados por uma mistura de prédios com

funções institucionais, locais comerciais e de serviços, pequenos escritórios

e moradias de nível médio, entre as quais as 60 casas construídas para os

funcionários do Banco do Brasil e número bem maior de moradias de tipo

comum encontrado em Poty. Trata-se de uma área heterogênea e de usos

múltiplos que dificilmente poderá vir a ser a base de uma comunidade

territorial de características eminentemente habitacionais, pelo que deve

ser considerada como um centro de negócios combinados com moradia de

pessoas com nível de renda médio.

Foto 60 - Ambiência da zona comercial da Rua Otaviano Leandro de Moraes. Fonte: Google Street View.

Tabela 28 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000)

ZONA LOCALIZ

AÇÃO USOS

PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

IU IP IO

LOTE MÍNIMO

RECUO MÍNIMO (m)

GABA RITO ARE

A (m2)

TEST. MÍN.(

m)

FRENTE

LAT. FUNDO

ZCS 2 OTAVIAN

O DE MORAIS

UNIFAMILIAR 0,8 0,3 0,5 350 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MULTIFAMILIAR

1,5 0,3 0,5 350 10 4 1,5 2,5 4 PAV

COMÉRCIO / SERVIÇO

1,5 0,2 0,5 350 10 5 1,5 2,5 4 PAV

* INDUSTRIAL

0,8 0,3 0,5 350 10 4 1,5 2,5 2 PAV

MISTO 2 0,3 0,5 350 10 5 1,5 2,5 4 PAV

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104

9.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO: Análise da política e legislação urbana local

No que se refere à política urbana, ordenação do uso do solo e regras

urbanísticas e construtivas, Paulo Afonso possui atualmente: a lei orgânica

do município, que traz um tópico acerca da política urbana municipal, a lei

do Plano Diretor, o Código de Obras, estes dois últimos elaborados por

empresa de consultoria no ano de 1999, tendo sido aprovados e

sancionados como lei no ano de 2000, Lei Nº 905/2000, além de

legislações ambientais esparsas que interferem no ambiente urbano, o

Código de Posturas e o Código Tributário. Em 1999 junto do plano diretor,

foi elaborado o Código de Meio Ambiente para o município, no entanto

este projeto de lei não foi aprovado.

9.2.1. A política urbana na lei orgânica

A Lei Orgânica de Paulo Afonso foi aprovada em 21 de junho de 1990

em consonância com a Constituição Federal de 1988, que garantiu aos

Municípios a autonomia organizacional. A lei apresenta em seu Capítulo VI

as diretrizes que devem guiar a política urbana municipal.

O Plano Diretor está previsto nesta norma fundamental do Município

como instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão

urbana. Dentre suas diretrizes, cabe destacar alguns aspectos de maior

relevância quanto ao planejamento e à política urbanos.

A lei orgânica estabelece em seu art. 169 que o Plano Diretor fixará

normas sobre zoneamento, parcelamentos, loteamentos, uso e ocupação

do solo, contemplando áreas destinadas as atividades econômicas, área de

lazer, cultura e desporto, residenciais, reservas de interesse urbanístico,

ecológico e turístico. E que sua abrangência de atuação deverá

compreender todo o território municipal.

Em seu art. 170, a lei introduz alguns instrumentos, que quando

aprovados em lei específica e previstos no plano diretor teriam como

objetivo flexibilizar o uso ilimitado e incondicionado da propriedade

privada em benefício da coletividade.

I - parcelamento ou edificação compulsória;

II - imposto sobre propriedade predial e territorial urbana progressivo;

III - desapropriação, com pagamento mediante título da dívida pública

da emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de

resgate de até dez anos, em parcelas anuais iguais e sucessivas,

assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Neste capítulo, a legislação prevê ainda a utilização do instrumento

usucapião para fins de moradia, assim como a concessão de uso em

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105

situação definidas. No entanto, após aprovação do Estatuto da Cidade em

2001, estas possibilidades foram ampliadas com a inserção de novos

instrumentos de política urbana como será tratado no relatório propositivo

deste plano.

Neste mesmo artigo, a lei define que “As terras públicas não utilizadas

ou subutilizadas e as terras discriminadas serão destinadas

prioritariamente a assentamento de população de baixa renda e a

instalação de infraestrutura coletiva”.

Por fim, seu artigo 176 define que “Será criado o Conselho Municipal

de Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente, com representação de

órgãos públicos, entidades profissionais e de moradores, objetivando

definir diretrizes e normas, planos e programas a serem submetidos à

Câmara Municipal, além de acompanhar e avaliar as ações do Poder

Público, na forma da Lei”.

Destaca-se que em 2001 foi criado o município o Conselho Municipal

do Meio Ambiente, através da lei nº 916/01:

Figura 2 - Recorte da lei municipal que cria o Conselho Municipal de Meio Ambiente. 2001.

9.2.2. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental

O plano diretor em vigor no município de Paulo Afonso foi aprovado

através da lei Nº 905 de 2000 na gestão do Prefeito Paulo Barbosa de

Deus, sancionada em dezembro do ano de 2000, ou seja , 7 meses antes

da Lei Nº 10.257 , de 10 de Julho de 2001, que originou o Estatuto das

Cidades. Completados seis anos desta aprovação, em 2006, foi

desenvolvido um novo estudo para revisão deste plano diretor na gestão

do então Prefeito Raimundo Cayres Rocha. No entanto, esta revisão não

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106

foi aprovada pela câmara municipal, sendo mantido o PDDUA – Plano

Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Paulo Afonso de 2000

em vigor até os dias de hoje.

Segundo a lei n. 905, integram o Plano Diretor o Sistema Municipal de

Informações, o Termo de Referências de Políticas Urbanas, com seus

mapas temáticos, além da lei do Plano Diretor, o Código de Obras, o

Código de Meio Ambiente e o a legislação tributária aplicável.

O Sistema municipal de Informações é um instrumento preparado para

captação de recursos, tendo a Secretaria Municipal de Planejamento e

Orçamento (SEPLAN) uma Assessoria de Modernização e Informática,

criada para essa finalidade, o que permite ao município elaborar e gerir

uma carteira permanente de projetos.

O Plano apresenta entre seus objetivos gerais:

(...) melhorar as condições de vida da população: o Poder Público Municipal deve intervir como agente promotor de programas e projetos orientados a melhorar as condições de vida da população, promovendo novas atividades econômicas capazes de gerar oportunidade de emprego e aumento da renda familiar. (art. 2º, I)

Em desdobramento deste objetivo geral, foi estabelecido objetivo

específico de: “geração de emprego e renda, que deverá ser atingido pela

intervenção do Município como agente promotor de programas e projetos

de desenvolvimento econômico que resultem em novas oportunidades de

trabalho para a população local” (art. 4º).

Além disso, o plano diretor dedica um capítulo especificamente para a

política de desenvolvimento social, que engloba, além de políticas urbanas

setoriais, como a habitação e tráfego na zona urbana, diversas outras

políticas, podendo citar “educação”, “saúde”, “assistência social”,

“turismo, esporte e cultura”, “abastecimento”, “defesa civil” e “segurança”

(arts. 59 a 72).

Tudo isso aponta para um modelo de plano diretor pré-constitucional,

quando, na ausência de regulação constitucional e infralegal sobre o tema,

os planos abarcavam inúmeras políticas, constituindo-se verdadeiras

propostas de desenvolvimento local, ao invés de desenvolvimento urbano.

Este modelo não se coaduna mais com a Constituição Federal, que ao

tratar de planos diretores apontou funções urbanísticas, ou seja, de cunho

territorial, ainda que permaneça difundido na concepção de muitos

institutos e profissionais da área do planejamento urbano.

Os parágrafos do art. 182 deixam claro que o objeto do plano direito é apenas o ordenamento territorial. As expressões “obrigatório para cidades”, “política de desenvolvimento e expansão urbana”, “ordenação da cidade”, “área incluída”, “solo urbano não edificado”,

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107

“parcelamento ou edificação compulsórios”, bem como as referências à propriedade urbana e ao instituto da desapropriação são todas relacionadas ao urbanismo. Conclui-se daí que o plano diretor de que fala a Constituição é exclusivamente urbanístico, não se destinando a tratar de políticas setoriais ou da promoção do desenvolvimento econômico. (PINTO, 2010, p. 117-118)

Não obstante, além do objetivo geral apontado, o plano apresentava

os seguintes objetivos gerais (art. 2º, II e III):

(...) elevar a qualidade do meio ambiente no território municipal: a noção de qualidade de vida compreende a qualidade ambiental como referência fundamental dos objetivos de toda política de Desenvolvimento Urbano do Município;

Aumentar a eficiência da gestão urbana: o Poder Público deve mudar o perfil da estrutura administrativa municipal para aproximá-la do modelo empresarial moderno, com relevo nas questões de eficiência e flexibilidade, integrando e orientando a ação dos agentes públicos e privados.

Para tanto foi proposta a criação de uma carteira de projetos de médio

e longo prazo, que visava à continuidade da gestão administrativa, como: a

criação, por meio desta lei, do fundo municipal de desenvolvimento;

instituição de um modelo de agricultura urbana; e a recuperação de

investimentos públicos em obras de urbanização.

Ao estabelecer o zoneamento territorial urbano, a Lei n. 906 previu a

identificação de “usos desconformes”, que não sofreriam embargos de

uso, mas ficando vedadas reconstruções ou reformas nas edificações, salvo

“obras essenciais à segurança e higiene das edificações ou das obras a

serem realizadas para a melhoria das condições de trabalho ou destinadas

a atividades de lazer e recreação” (art. 37).

Foram previstas cinco modalidades de uso: residencial, industrial,

comércio e serviços, proteção ambiental e especiais. Nas zonas residências

há preponderância de residências, mas permitem-se atividades

complementares, “oficinas artesanais, lojas de comércio varejista, serviços

pessoais e agências bancárias”, podendo ser instaladas outras atividades,

desde aprovadas pela Secretaria de Meio Ambiente, bem como com o

conselho ou entidade associativa de cada bairro. Quando se tratar de

atividade industrial, é demandado parecer técnico da Secretaria de Meio

Ambiente.

Neste sentido, vê-se que o zoneamento não foi proposto como algo

eminentemente excludente e homogêneo. Habitações demandam serviços

e comércio, podendo ser instaladas atividades inclusive não previstas no

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108

planejamento da época, mas assegurando para isto a aprovação do órgão

ambiental e da sociedade, através dos conselhos de bairro ou entidades

representativas (art. 38). Como condição para aprovação das atividades

complementares, exige-se “não produzir ruído acima de 60 dB (sessenta

decibéis)”, “não originar efluentes industriais ou emissões atmosféricas” e

“não sobrecarregar as vias locais e a infraestrutura do bairro” (art. 39).

As zonas industriais têm na “presença de atividades que requeiram

tráfico constante de veículos pesados, e que produzem emissões

atmosféricas, ruídos e efluentes industriais” suas características principais.

A lei proibiu a instalação de novas indústrias na macrozona insular e

definiu como “uso desconformes” as aqui existentes, que deverão ser

gradativamente retiradas (art. 40).

Nas zonas de comércio e serviço há lógica inversa das zonas

residenciais, predominando atividades do segundo setor, podendo admitir

unidades residenciais. Nestas zonas, a abertura de novos loteamentos

demandaria anuência de maioria absoluta dos membros do conselho de

desenvolvimento (art. 41).

As zonas de proteção ambiental foram detalhadas no tópico 6 acerca

do meio ambiente. As zonas especiais tem atividades relacionadas ao

poder público, ficando assim estabelecidas as áreas das usinas, aeroporto e

instalações militares.

O mapa do zoneamento está previsto no Termo de Referências de

Políticas Urbanas, que integra o PDDUA, mas a lei n. 906 previu que os

limites das zonas podem sofrer ajuste pela via administrativa, para “maior

precisão de limites ou obter melhor adequação ao sítio onde se propuser a

alteração à ocorrência de elementos naturais e outros fatores biofísicos

condicionantes, divisas dos imóveis e ao sistema viário”, desde que ouvido

o Conselho Municipal de Desenvolvimento e homologado pelo chefe do

poder executivo municipal (art. 44)21.

9.2.3. Loteamentos

O atual plano diretor, em seu artigo 34, descreve o Perímetro Urbano,

dividindo a cidade em Urbana e Rural, e não prevê uma zona de expansão

urbana na qual poderia ser promovido o parcelamento do solo com fins

urbanísticos, e que transformaria o solo rural em urbano. Apesar disto, o

plano diretor não proibiu a implementação de novos parcelamentos, em

especial de loteamentos. Pelo contrário, definiu que o solo rural se

transforma em urbano através da “habilitação urbana”, ou seja, da

aprovação de loteamentos ou parcelamentos urbanos. Esta habilitação

pode ocorrer, portanto, em qualquer parte da zona rural do município,

mas demanda observação de critérios estabelecidos pelo conselho

municipal de meio ambiente, e a emissão de parecer técnico da secretaria

21 Ver Mapa 12 na página 63.

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109

de meio ambiente (art. 31) e pelo Conselho Municipal do Desenvolvimento

(art. 75 e 76).

Seguindo previsão da resolução n. 237/97 do Conselho Nacional de

Meio Ambiente, que inclui os loteamentos entre as atividades e

empreendimentos potencialmente poluidores ou capazes de causar

degradação ambiental e assim demandariam licenciamento ambiental, a

lei exigiu explicitamente o licenciamento, mas proibiu loteamentos em

terrenos: “alagadiços ou sujeitos à inundações, antes de serem tomadas

providências que assegurem o escoamento das águas”; “que tenham sido

aterrados com material nocivo à saúde pública, sem prévio saneamento”,

“em que seja tecnicamente comprovado que as condições geológicas não

aconselham a edificação”, “onde a poluição impeça condições sanitárias

suportáveis, até a sua correção”, “situados nas zonas de proteção

ambiental”, “contíguos a mananciais, cursos d’ água, represas e demais

recursos hídricos, sem a prévia manifestação dos órgãos competentes”

(art. 46).

Diante da inexistência de lei estadual suplementando a lei n. 6.766/79

e de legislação municipal acerca do parcelamento do solo urbano, o poder

público municipal observa os parâmetros da legislação federal citada e as

normas contidas na seção 2 do capítulo V da lei n. 905/00.

Neste sentido, a lei n. 905/00 define que as “áreas destinadas a

sistemas de circulação, implantação de equipamentos urbanos e

comunitários e espaços livres de uso público” deverão encontrar

proporcionalidade na densidade de ocupação para a zona que se situam e

que a localização destes será definida pela Secretaria de Meio Ambiente,

com parecer técnico fundamentado (art. 47).

O município poderá emitir orientação prévia quanto ao traçado do

sistema viário, articulação e classificação das vias, áreas de preservação

permanente e as áreas destinadas a equipamentos e áreas livres, uma vez

solicitada esta orientação pelo empreendedor, que deverá apresentar os

documentos exigidos no art. 48, caput.

Após a aprovação do loteamento, o poder público expedirá alvará de

urbanização, com prazo de validade a ser fixado, que não ultrapassará 2

anos, podendo ser renovado mediante decisão do Conselho Municipal de

Desenvolvimento (art. 49), podendo ser modificado antes do registro no

Cartório de Registro de Imóveis (art. 51). Destarte, a execução das obras

previstas no projeto deverão ser garantidas pelo empreendedor (art. 50).

9.2.4. Parcelamento em condomínios

O parcelamento em condomínios destina-se a “abrigar conjuntos de

edificações assentadas em um ou mais lotes, dispondo de espaços de uso

comum, caracterizados como bens em condomínio” (art. 52).

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110

Por ser um espaço privado da cidade, com controle de acesso, a Lei n.

905/00 fez bem ao tornar obrigatória e de responsabilidade exclusiva do

empreendedor a instalação da seguinte infraestrutura: redes e

equipamentos para o abastecimento de água potável; energia elétrica;

iluminação das vias; redes de drenagem pluvial; sistema de coleta,

tratamento e disposição de esgotos sanitários; obras de pavimentação;

tratamento das áreas de uso comum. Ratifica que as obras previstas no

projeto sobre (art. 53)

Buscando garantir a efetividade do dispositivo, a lei prevê que “obras

relativas às edificações e instalações de uso comum” devem ser

simultâneas às obras para unidades autônomas e que a expedição do

“habite-se” aos prédios edificados em unidades autônomas está

condicionada à “completa e efetiva execução das obras relativas às

edificações e instalações de uso comum” (art. 55), aplicando-se aos

condomínios as mesmas exigências de garantias dos loteamentos (art. 57 e

50)

Estes condomínios só poderão ser aprovados diante de duas condições

mínimas: “previsão, no projeto, da área máxima de construção e da taxa

de ocupação atribuídas ao terreno de utilização exclusiva de cada unidade

autônoma”; e “cronograma de execução das obras relativas aos prédios

que forem edificados no terreno de utilização exclusiva de cada unidade

autônoma, cujo prazo máximo não poderá exceder de 2 (dois) anos, a

partir da aprovação do projeto do condomínio” (art. 56).

9.2.5. Código de obras

O Código de Obras é divido em sete capítulos: disposições gerais;

responsabilidades; licenças; execução e segurança de obras; condições

gerais da edificação; fiscalização; infrações e penalidades.

Deixa determinado que todos os projetos deverão ser aprovados em

conformidade com as normas do código e do plano diretor (art. 5º), e que

mesmo aquelas instalações provisórias deverão observar os parâmetros

“relativos a conforto, segurança e higiene estabelecidos, bem como

normas específicas segundo a natureza da atividade" (art. 4º).

São definidas três modalidades de obras: construção, reforma sem

modificação da área construída e reforma com modificação da área

construída (art. 2º), além da categoria de uso das edificações (art. 3º):

(...) - residenciais: aquelas que dispuserem de, pelo menos, um dormitório, uma cozinha e um compartimento sanitário, sendo destinadas predominantemente à habitação de caráter permanente, podendo ser:

a) unifamiliar: quando corresponder a uma única unidade habitacional por lote de terreno;

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111

b) multifamiliar: quando corresponder a mais de uma unidade agrupadas em sentido horizontal ou vertical, dispondo de áreas e instalações comuns que garantam o seu funcionamento.

- comerciais: as destinadas à armazenagem e venda de mercadorias pelo sistema de varejo ou atacado;

- industriais: as destinadas à extração, beneficiamento, desdobramento, manufatura, montagem, transformação, manutenção ou guarda de matérias-primas ou mercadorias de origem mineral, vegetal ou animal, caracterizando-se pelas emissões atmosféricas, ruídos e efluentes industriais e pela exigência de tráfego constante de veículos pesados, para carga e descarga;

- serviços: as destinadas às atividades de serviços à população e de apoio às atividades comerciais e industriais;

- especiais: aquelas destinadas às atividades de educação, pesquisa e saúde e locais de reunião que desenvolvam atividades de cultura, religião, recreação, esporte, lazer, hoteleiras e associativas;

- mistas: aquelas que reúnem em uma mesma edificação, ou num conjunto integrado de edificações, duas ou mais categorias de uso.

São previstas quatro licenças: “Localização”, “Execução de Obras e

Urbanização de Áreas Particulares”, “Mudança de Uso” e o “Habite-se”.

A licença de localização é a de caráter ambiental e não urbanístico,

sendo necessária esta “autorização22 prévia de novas construções,

abertura e ligação de novos logradouros ao sistema viário urbano e

abertura de novos loteamentos urbanos” (art. 10), “se a obra causar ou

tiver o potencial de causar significativo dano ou impacto ao meio

ambiente, ou se tratar de novo loteamento ou ainda transformação de

área rural em urbana” (art. 11), tendo prazo de validade máxima de dois

anos.

A Licença de Execução de Obras e Urbanização de Áreas Particulares

“destina-se à avaliação dos projetos, objetivando assegurar, no território

municipal, a observância de padrões mínimos de segurança, higiene,

salubridade e conforto das edificações” e possui prazo de validade de 1

(um) ano, que poderá ser ampliado pelo poder público, no ato de emissão

da licença, consideradas as características da obra. Uma vez atingido o

prazo, fica considerada revogada a licença, devendo ser analisado

novamente o projeto para renovação da licença.

Esta licença é necessária para (art. 14): construção previamente

autorizada por Licença de Localização; reforma que determine o acréscimo

22 Tecnicamente não se trata de “autorização”, mas de verdadeira licença ambiental.

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ou o decréscimo na área construída do imóvel; reforma que interfira na

segurança, estabilidade ou conforto da construção; implantação de

canteiros de obras em imóvel distinto daquele onde se desenvolve a obra;

implantação e utilização de construção para vendas de lotes ou unidades

autônomas de condomínios; a demolição de edificação que afete os

elementos estruturais. Todavia, é isenta nos casos de (art. 15): a limpeza

ou pintura externa e interna de edifícios, que não exijam a instalação de

tapumes, andaimes ou tela de proteção; a construção de muros divisórios

que não necessitem de elementos estruturais de apoio à sua estabilidade;

a construção de abrigos provisórios para operários ou de depósitos de

materiais, no decurso de obras já licenciadas.

No caso de “construções de residências unifamiliares de interesse

social, construídas sob o regime de mutirão ou auto - construção que não

pertençam a nenhum programa habitacional” a lei permite que seja

exigida apenas esta licença (art. 16).

O responsável técnico, conforme art. 13, só é indispensável para

construções com mais de um pavimento.

O Certificado de Mudança de Uso é necessário quando há mudança do

uso ao qual foi licenciado ou, mesmo nos casos de inexistência da licença,

ao qual o imóvel está sendo empregado. Tais mudanças deverão ser

aprovadas pelo conselho municipal de desenvolvimento.

O “habite-se”, apesar de ser considerado uma licença, é também uma

forma de controle sucessivo das licenças já conferidas (SILVA, 2010). Em

muitos municípios o “habite-se” destina-se a toda e qualquer construção

ou reforma que tenha sido licenciada urbanisticamente pelo poder público

municipal. Em Paulo Afonso, o artigo 18, caput, do Código de Obras

começa dispondo que “uma obra será considerada em condições de

habitabilidade e receberá o ‘habite-se’ [...]”, o que pode sugerir ser

empregado de modo restrito, apenas nos empreendimentos de caráter

habitacional. Uma leitura mais detalhada dos demais dispositivos, porém,

permite compreender que a licença destina-se às demais modalidades de

uso. É o que se depreende do §2º, quando permite a emissão de habite-se

parcial em “caso de prédio composto de área comercial e residencial,

utilizadas de forma independente”, ou seja, está prevista a imissão de um

“habite-se” para área comercial, ou residencial, que tenha sido concluída

primeiramente, devendo, ao final da obra, ser obtido o “habite-se” que

podemos chamar de conclusivo, ou total.

O “habite-se” será concedido se a obra “estiver concluída, garantir

segurança a seus usuários e à população indiretamente a ela afetada e

apresentar as instalações previstas no projeto aprovado, funcionando a

contento”, porém sua emissão não exige execução total do projeto

aprovado. Segundo o §1º esta licença não poderá ser concedida “se não

for realizada a solução de esgotamento sanitário prevista no projeto

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aprovado”, ou seja, apenas o projeto de solução de esgotamento sanitário

é exigência irrefutável, podendo as demais não ser exigidas pela

administração.

No anexo III do Código de Obras é prevista uma tabela com as infrações

urbanísticas, porém na lei aprovada não constam os valores a serem pagos

pelos infratores.

9.2.6. Código de posturas

Esta lei foi aprovada em 2001 e contém medidas de política

administrativa a cargo do município, explicitando regras, responsabilidades

e penalidades que objetivam garantir a urbanidade e prevalência do

interesse coletivo.

As normas trazidas por esta lei são concernentes à ordem, à segurança,

à preservação estética e ambiental para os diversos ambientes físicos do

município, referem-se ao uso dos espaços públicos, ao funcionamento de

estabelecimentos, à higiene e ao sossego público.

9.2.7. Lacunas legislativas:

Alguns instrumentos presentes no Estatuto da Cidade - Lei Nº 10.257

serão inseridos na política urbana municipal a partir da revisão do plano

diretor, para a gestão do uso e ocupação do solo e busca pela melhoria das

condições de vida na cidade, além desses é importante a criação e

aprovação de outras leis complementares, tais como:

Revisão do perímetro urbano com definição das zonas de expansão:

O perímetro urbano é a fronteira que separa a área urbana da área

rural no território de um município. Ele é de extrema importância, pois

dependem dele as demais divisões do espaço urbano do município. Além

disso, resulta dele também os impostos sobre o território urbano ou rural.

No caso do urbano, o responsável pela arrecadação é o município, através

do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano , que fica responsável

também pelos serviços públicos, como coleta de lixo e infraestrutura

básica.

Parcelamento do solo:

Apesar de o plano diretor em vigor trazer algumas normas para a

aprovação de loteamentos, a lei de parcelamento do solo se mostra

imprescindível. Esta lei deve regulamentar o parcelamento do solo urbano

que poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento,

promovendo adequado ordenamento territorial. Considera-se loteamento

a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de

novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento,

modificação ou ampliação das vias existentes.

Uso e ocupação do solo:

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Esta lei concentra as normas técnicas de edificações e no zoneamento

da cidade. As normas de edificações procuram estabelecer parâmetros

detalhados sobre todos os aspectos das construções, incluindo tanto a

relação da edificação com seu entorno (recuos, número de pavimentos,

altura máxima) quanto a sua configuração interior (insolação, ventilação,

dimensão de cômodos). Esta lei deverá se basear nas definições de

zoneamento apresentadas pelo plano diretor revisado.

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115

10. HABITAÇÃO SOCIAL

10.1. Aspectos Gerais

A Constituição Brasileira de 1988 (CF-88), através da Emenda nº 26, de

12/02/2000, elencou o direito à moradia como direito constitucional,

indicando-o como direito social, visto a demanda por habitação existente

no país naquele momento.

Em 2001, com o advento do Estatuto da Cidade, firmou-se

definitivamente o direito à moradia como inalienável, pertencente à

personalidade do indivíduo, sendo ainda imprescritível, irrenunciável,

posto que, pressupõe condições de vida digna, devendo ser garantido pelo

Estado (SOUZA, 2004). Tal norma veio munir o Estado de ferramentas

técnico-jurídicas capazes de garantir o exercício da função social da

propriedade. Seguindo a direção apontada pela CF-88, o Estatuto da

Cidade trouxe ainda instrumentos que objetivam criar condições de

gerenciamento das políticas habitacionais em âmbito municipal, como o

Plano Diretor (que indica diretrizes gerais para as políticas públicas

prioritárias) e o Plano Local de Habitação de Interesse Social.

A provisão de moradia voltada à população de baixa renda no Brasil é

definida como Habitação de Interesse Social (HIS). Sua conceituação é

bastante discutida. Segundo Larcher (2005) o termo pode ser caracterizado

pelos seguintes requisitos: é financiada pelo poder público, mas não

necessariamente produzida pelos governos, podendo a sua produção ser

assumida por empresas, associações e outras formas instituídas de

atendimento à moradia; é destinada sobretudo a faixas de baixa renda que

são objeto de ações inclusivas, notadamente as faixas até três salários-

mínimos; e embora o interesse social da habitação se manifeste

especialmente em relação ao aspecto de inclusão das populações de

menor renda, pode também manifestar-se em relação a outros aspectos

como situações de risco, preservação ambiental ou cultural.

10.2. Paulo Afonso e Habitação Social

O censo demográfico de 2010 aponta que o Brasil apresenta um déficit

habitacional de 6,490 milhões de unidades, o correspondente a 12,1% do

total de domicílios no país. Cerca de 70% deste está localizado nas regiões

Sudeste e Nordeste. (Fonte: IBGE)

Em 2012 foi elaborado no município de Paulo Afonso o Plano Local de

habitação de Interesse Social. Este plano foi desenvolvido através de uma

parceria da prefeitura municipal com a Fundação Apolônio Salles de

Desenvolvimento Educacional (FADURPE). O PLHIS se propõe a reforçar as

políticas voltadas para a habitação social no município, inserindo novos

instrumentos de política urbana que visam à garantia da função social da

propriedade e melhoria da qualidade de vida de seus habitantes.

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116

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta em seu

banco de dados que, Paulo Afonso possuía em 2010, 108.396 habitantes,

com população estimada para 2015 de 119.214 habitantes e IDHM

apurado de 0,674.

Para 2022, calcula-se uma população de 116.758 habitantes,

considerando-se, ainda, que não haverá uma variação na quantidade de

pessoas por habitação, projeta-se a necessidade de 32.578 residências

para atender as necessidades locais.

De acordo com a pesquisa realizada pelo IBGE, o município possuía, em

2010, 31.183 habitações, sendo possível afirmar que há um déficit

habitacional de 2.704 unidades. Deste modo, como 92,98% dos habitantes

de Paulo Afonso possui renda média de até três salários mínimos,

considera-se que 2.514 unidades habitacionais referem-se ao déficit

habitacional dessa camada da população.

O quadro de necessidades habitacionais deve ser confrontado ao fato

de que em mais de 17.000 domicílios (mais de 40% do total), a renda

familiar é de até um salário mínimo. Entretanto, alguns dados dão conta

que o acesso a serviços e infraestrutura urbana tem cobertura adequada,

com 88% dos domicílios abastecidos por água pela rede geral e 97% dos

domicílios possuem sanitário. Ademais, o acesso à terra urbana à

propriedade da moradia digna atinge um patamar de 69%, considerando

os domicílios que são imóveis próprios e quitados (IBGE,2010).

O município de Paulo Afonso, que, de acordo com a divisão proposta

pelo Plano Estadual de Habitação e Regularização Fundiária está inserido

no território de identidade (TI) “ITAPARICA”, é cadastrado no sistema do

Governo do Estado da Bahia que sistematiza as demandas por habitação.

Neste programa as famílias são inscritas como forma de facilitar o

cadastramento dos municípios e evitar que uma mesma pessoa se cadastre

em mais de uma localidade.

No que se diz respeito a Paulo Afonso especificamente, foram

levantados 36.027 domicílios particulares, sendo 31.049 ocupados com

uso, 248 ocupados fechados, 31.297 o total de domicílios ocupados, 1.163

de uso ocasional e 3.567 vagos. No que se refere aos domicílios

improvisados (domicílio particular localizado em uma edificação que não

tem dependência destinada exclusivamente à moradia, como também os

locais inadequados para habitação e ocupados por moradores), constatou-

se que 20 estão na zona urbana, 82 na rural, totalizando 102 unidades. Já

quanto aos domicílios rústicos (sem paredes de alvenaria ou de madeira

aparelhada) foram levantadas 174 unidades na zona urbana, 92 na zona

rural, totalizando 266.

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Domicílios com adensamento excessivo são aqueles cujo número de

moradores por dormitório é superior a 3. Nesta categoria foram

identificados pelo PLHIS 1.176 na zona urbana, 256 na zona rural,

totalizando 1.432 domicílios em Paulo Afonso.

Segundo SILVA (2012), os lagos, presentes na porção ilhada de Paulo

Afonso, encontram-se ocupados por habitações precária. Entretanto, a

EMBASA, através do PAC, realizou obras recentes, entroncando na sua

rede de esgoto os pontos de lançamento nos lagos, e o esgoto está sendo

tratado.

O bairro Senhor do Bonfim e toda a área ao longo da rua do Sossego e

do bairro Sal Torrado, também, possuem habitações precárias. Já o Bairro

Prainha, embora seja uma Zona de Proteção Ambiental recreativa (ZPA),

encontra-se com ocupação consolidada com ruas pavimentadas e

infraestrutura. Muitas habitações são de população de baixa renda,

algumas em estado precário e seus efluentes são jogados no lago. O PLHIS

apontou a necessidade da regularização urbanística e fundiária de 3.300

unidades habitacionais nos bairros citados acima.

Vários loteamentos irregulares estão em expansão no Bairro Moxotó,

Jardim Bahia e Pedra Comprida, com a construção de condomínios

horizontais de classe média e alta. No trecho que fica às margens do lago

de PA IV, os esgotos também são jogados diretamente nas águas, sem

nenhum tratamento. Apenas algumas ruas são pavimentadas.

O poder público em Paulo Afonso tem atuado com a oferta de

unidades habitacionais, realização de urbanização de assentamentos e

doação de materiais de construção. A produção de mercado imobiliário em

Paulo Afonso tem se intensificado nos últimos anos, sendo possível

encontrar vários edifícios e habitações isoladas ou em condomínio já

entregues ou em construção.

O Município encontra-se entre os grupos mais desenvolvidos do Estado

da Bahia, podendo aumentar a sua capacidade em administrar e gerenciar

os recursos oriundos do governo federal para construção de habitações

com a criação de órgão específico, uma Secretaria de Habitação, e

implantação de programas habitacionais com recursos próprios e de

órgãos federais. Esta possível autonomia institucional possibilitará uma

maior capacidade de implementação do PLHIS.

Paulo Afonso possui Conselho Gestor do fundo Municipal de Habitação

criado através da Lei nº 1109, de 26 de dezembro de 2007. No que tange à

legislação relacionada, ressalte-se que está em processo de aprovação lei

que regulamenta os programas de habitação de interesse social no

município, assim como seu Conselho de Habitação. Nesta lei, estão

inclusos os critérios de seleção de famílias beneficiadas pelo Minha Casa

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Minha Vida, consoante autoriza a Portaria nº 595, de 18 de dezembro de

2013, ambas do Ministério das Cidades, que dispõe sobre os parâmetros

de priorização e o processo de seleção dos beneficiários do Programa

Minha Casa, Minha Vida (PMCMV).

10.3. O instrumento da ZEIS no PLHIS.

O instrumento da ZEIS – Zona de Especial Interesse Social tem como

um de seus objetivos, definir regiões da cidade prioritárias para a

implantação de habitação de interesse social. Assim, o PLHIS (2012) traz

uma proposta de localização de zona especial de interesse social

concentrada na região próxima ao aeroporto, como demonstra o mapa

que se segue (ver mapa 17).

Mapa 13 - Proposta ZEIS do PLHIS. 2011.

Nesta área, conhecida como Seriema II, após a elaboração do PLHIS , já

foram construídos alguns conjuntos habitacionais unifamiliares que se

encontram ainda sem a infraestrutura urbana adequada, havendo ainda

dificuldade de acesso a comércio e serviços. Além disso, algumas unidades

se encontram muito próximas ao perímetro com controle de ocupação do

aeroporto. A definição da área vizinha a esta como prioritária para

habitação social necessita ser balizada a outras propostas de melhoria da

infraestrutura urbana local, assim como a definição de outras áreas em

diferentes regiões do município, a fim de que os munícipes com diferentes

condições de renda não se mantenham segregados, evitando a favelização

da periferia da cidade e garantindo a qualidade de vida a todos os

habitantes de Paulo Afonso.

Foto 61 - Habitações Sociais no Bairro Seriema. Autoria: Bárbara Lopes, Equipe Vivenda. 2015.

10.4. Programas e Ações em Andamento/Planos e projetos

De acordo com as informações coletadas junto a Secretaria Municipal

de Desenvolvimento Social de Paulo Afonso, entre os anos de 2009 e 2015,

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119

a referida Secretaria incorporou as suas atividades, o trabalho voltado à

moradia digna, tendo como base critérios que se consubstanciam nas

famílias em situação de vulnerabilidade e risco social.

A Política de Habitação no município se inscreve dentro da concepção

de desenvolvimento urbano integrado, no qual a habitação não se

restringe a casa, incorporando o direito à infraestrutura, saneamento

ambiental, mobilidade e transporte coletivo, equipamentos e serviços

urbanos e sociais.

O objetivo é viabilizar o acesso à moradia digna e adequada a

segmentos da população especialmente o de baixa renda na área urbana e

rural do município, contribuindo, assim, para a inclusão social. Os

programas desenvolvidos pelo setor estão relacionados na tabela abaixo.

Tabela 29 - Programas Habitacionais no município

Programa Características

Concessão de material de construção, com mão de obra do beneficiário:

O Programa de Concessão de Material de Construção atende famílias em condição de vulnerabilidade social e em situações de extrema precariedade. O atendimento é realizado por meio de cadastro prévio; visita do técnico social; visita do fiscal de obras; elaboração do parecer; e encaminhamento do material para o beneficiário, tendo como critérios para enquadramento: Habitações que não estejam assentadas em áreas área de risco (áreas alagadiças, alta tensão, diques) e em áreas de preservação permanente; Habitações fora de áreas consideradas de invasão; Famílias de comprovada vulnerabilidade social, com renda per capita igual ou inferior a 30% (trinta por

cento) do salário mínimo nacional; Famílias que possuam dependentes, na condição de menores de idade; Famílias que possuam idosos; pessoas com deficiência física, intelectual e mental; Famílias em que a mulher é comprovadamente chefe de família.

Construção de Unidades Sanitárias; O Programa atende famílias na condição de vulnerabilidade social e em situações de extrema precariedade. Tendo os mesmos critérios para enquadramento do programa de Concessão do Material de Construção.

Foram atendidas 625 famílias nas seguintes localidades e número de atendimentos: Bairro Jardim Aeroporto 01; Bairro Jardim Bahia 05; Bairro Siriema 29; Bairro Moxotó/ P. Comprida 07; BTN 69; Bairro Barroca 19; Bairro Centro 03; Bairro Prainha 35; Bairro Dom Mário Zaneta 01; Bairro Centenário 03; Povoado Juá 25; Povoado Placas 15; Povoado Xingozinho 34; Povoado Ludovico 31; Povoado Angico 06; Povoado Poço da Umburana 12; Povoado Caiçara I e II 30; Povoado Baixa da Onça 20; Povoado Campos Novos 21; Povoado Lagoa do Rancho 04; Povoado Baixa do Boi 08; Povoado Riacho Grande 05; Povoado Lajinha 02; Povoado Muriçoca 01; Povoado Izídio 06; Povoado Lagoa Grande 10; Povoado Alto da Espora 03; Povoado Nambebé 15 Povoado Olho D’água do Paulo 02; Povoado Malhada Grande 20 Povoado Pias 01; Povoado Duas Barras 02; Povoado Arrastapé 11; Povoado Lagoa da Pedra 19; Povoado Macambira 02; Povoado Bonomão 09; Povoado Santo Antônio 09; Povoado Tabuleirinho 32; Povoado Sítio do Tará 12; Povoado Serrote 08 Povoado Batatinha 11; Povoado Vila Matias 01; Povoado Casa de Pedra 02; Povoado Salobro 27; Povoado Grossos 07; Povoado Serra do Padre 04; Povoado Malhada da Caiçara 12; Povoado Baixa Verde 07; Povoado Lagoa Seca 03; Povoado Pedreizinha 04

Reforma de Unidades Habitacionais: O Programa atende famílias em

Foram atendidas 5 famílias, nas seguintes localidades: Bairro Tancredo Neves/ 01; Bairro Centro /02; Bairro

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situação de risco social, com terreno próprio, que residam em casas precárias ou em situação de desabamento.

Centenário /01; Bairro Nossa Senhora Perpétuo Socorro /01

Construção de Unidades Habitacionais com recursos próprios. O Programa atende famílias em situação de risco social, com terreno próprio, que residam em casas precárias ou em situação de desabamento.

Foram atendidas 92 famílias, nas seguintes localidades: Bairro Jardim Bahia /01; Bairro Moxotó/ P. Comprida /02; BTN /27; Bairro Barroca /05; Bairro Centro/ 03; Bairro Centenário /05; Bairro Perpétuo Socorro/ 01; Povoado Juá /01; Povoado Poço da Umburana/ 01; Povoado Caiçara I e II/ 02; Povoado Baixa da Onça/ 01; Povoado Baixa do Boi/ 02; Povoado Riacho Grande /02; Povoado Muriçoca /01; Povoado Alto da Espora /01 Povoado Bonomão /02; Povoado Tabuleirinho /03; Povoado Tigre /03; Povoado Riacho /06; Povoado Papagaio /03; Povoado Alto do Araticum /01; Povoado Bogó/ 01; Povoado Sítio do Lúcio /06; Povoado Casa de Pedra /02; Povoado São José /04; Povoado Salgadinho/ 01; Povoado Barro Vermelho/ 03; Povoado Mosquito/ 01 Povoado São Domingos/ 01

Elaboração e execução do Projeto de Trabalho Social referente ao Programa Minha Casa Minha Vida

Todos os empreendimentos do PMCMV

Seleção dos beneficiários para inserção no Programa Nacional de Habitação Rural/PNHR que atende a agricultores e famílias moradoras em zonas rurais;

Foram contempladas 24 (vinte e quatro) famílias, localizadas nos seguintes Povoados: Nambebé/ 04; Izidio /01; Riacho /01; São José /02; Papagaio /01 Bonomão /01; Xingozinho /01; Grosso/ 01; Alto do Araticum/ 01 Baixa Verde /01; Caiçara /03; Mão – Direita/ 01; Açude /02; Tabuleirinho/ 01; Macambira /01; Casvavel / 01; Tigre /01

Elaboração e execução do Projeto de Trabalho Técnico Social referente ao Programa Nacional de Habitação Rural/ PNHR.

Todos os empreendimentos do PNHR.

Programa de Habitação de O conjunto habitacional Sargento Jaime foi

Interesse Social Os critérios para a inserção no programa se baseiam nas famílias em situação de vulnerabilidade social, priorizando as mulheres chefes de família com o maior número dos filhos.

construído com recursos do OGU- Orçamento Geral da União, localizado no Bairro Tancredo Neves III, atendendo a 200 famílias. Com recursos do FGTS, em parceria com o governo Federal e Estadual, o município de Paulo Afonso executou a construção das residências, sob o regime de mutirão assistido e o Projeto de Trabalho Social do Conjunto Habitacional Dona Ceci, localizado no Bairro Siriema I, atendendo a 215 famílias. O Conjunto Habitacional Dona Ceci foi construído em um terreno antes utilizado como área de invasão, os moradores que habitavam o terreno não possuíam condições básica de infra-estrutura e saneamento básico. Desta forma, os critérios para inserção no programa foram os moradores da antiga invasão, desde que de baixa renda e em situação de vulnerabilidade. Entregues: Conjunto Habitacional Ceci Soares / HIS - FGTS Conjunto Habitacional Sargento Jaime / HIS Residencial Tancredo Neves– Bairro Tancredo Neves I / MCMV Residencial Beira Rio – Vila Moxotó / MCMV Residencial Amanda Morais – Barroca / MCMV Residencial Celidone de Deus – Bairro Tancredo Neves III / MCMV Previstos: Loteamento Dom Mario – Bairro Tancredo Neves III / MCMV

Fonte: PLHIS, 2015 – Estratégias e ações

Com relação especificamente ao Programa Minha Casa Minha Vida,

hoje o município demonstra um grande avanço na área de habitação, haja

vista que, no quesito modalidade urbana, possui 05 (cinco)

empreendimentos, 04 (quatro) já entregues e 01 (um) em andamento,

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cada um com 200 (duzentas) unidades, totalizando 1000 (um mil) famílias,

nas seguintes localidades:

1. Bairro Tancredo Neves: Residencial Tancredo Neves;

2. Bairro Moxotó: Residencial Beira Rio;

3. Bairro Barroca: Residencial Amanda Morais;

4. Bairro Tancredo Neves: Residencial Celidone de Deus;

5. Bairro Tancredo Neves: Residencial Dom Mário.

Destaque-se ainda que na região do BTN, apesar de haver acesso aos

equipamentos e serviços públicos de educação, saúde e assistência social,

há uma grande concentração das habitações precárias do município,

estando ligadas também à concentração de baixa renda sem fonte de

renda. Nesta área, segundo dados da Subprefeitura do BTN, após a

aprovação do PDDU de 2000, que define como lote mínimo pra área a

dimensão de 10 X 20 metros, apontou-se um problema, haja vista que a

população de baixa renda tem a necessidade de subdividir seus lotes para

moradia de familiares, surgindo a demanda de aprovação de

desmembramento de lotes de 7,5 X 10 metros (aproximadamente).

Tabela 30 - Operações Contratadas pelo município pela CAIXA

Ano Contrato Programa/Ação Descrição da

obra/serviço

Valor do

investimento Status

2006 019319613 HAB INT SOCIAL Construção de unidades

habitacionais.

R$

1.099.405,17 Concluída

2007 023327647 HAB INT SOCIAL

Produção Habitacional Paulo

Afonso/BA Bairro

Tancredo Neves III

R$

1.871.097,27 Concluída

2010 031071480 PMCMV

Construção de 200

vilages com sala cozinha

área de serviço sanitário

dois quartos.

R$

8.281.786,95 Concluída

2010 029625525 PMCMV

Construção de 200

villages duplex com 2

quartos, sala, Cozinha,

banheiro e área de

serviço

R$

8.278.290,47 Concluída

2010 033142079 HAB INT SOCIAL

Construção de 15

unidades para habitação

de interesse social

R$ 327.657,82 Concluída

2012 036673517 PMCMV

Const. de 200 uhs casa

Térrea com 02 quartos,

sala, Cozinha, sanitário e

área de serviço.

R$

9.998.567,58 Concluída

2013 040881696 PMCMV

Construção de 200 casas

térreas com 02 quartos,

sala, cozinha, sanitário e

área de serviço.

R$

12.000.000,00 Concluída

Fonte: Tabela construída a partir dos dados disponibilizados pela CAIXA "SIURB" Acompanhamento de Obras.

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122

11. SERVIÇO E INFRAESTRUTURA URBANA

Em aspectos gerais, segundo o Diagnóstico elaborado pelo Ministério

de Minas e Energia em 2005, o município apresenta ótima infraestrutura

de serviços, contando com 8 agências bancárias (2 do Banco do Brasil, 2 do

Bradesco, 1 da Caixa Econômica Federal, 1 do Banco do Nordeste, 1 do

HSBC e 1 do Itaú), várias casas lotéricas, agências postais, hotéis e que

totalizam cerca de 800 leitos no total, empresas de transporte rodoviário

urbano e interurbano, estação rodoviária, um aeroporto com pista

asfaltada com extensão de 1.800 x 45m equipado para visão diurna,

noturna e IFR; estação repetidora de televisão, estações de rádio (2 AM e 1

FM) e terminais telefônicos com acesso DDD, DDI e celular.

11.1. Infraestrutura do Sistema Viário - Mobilidade e Acessibilidade

Devido à particularidade da sede municipal estar dividida em três

núcleos, sendo o núcleo central localizado na ilha formada pela barragem

de PA-IV e pelo braço do Rio São Francisco, a acessibilidade e mobilidade

na cidade são questões de extrema importância. A cidade de Paulo Afonso

é servida pelas empresas DISBEN/ARATU e VITRAN. Ainda assim há uma

demanda por um maior número de linhas e trajetos, além de haver a

necessidade de adaptação dos veículos para o transporte de cadeirantes e

pessoas com mobilidade reduzida.

Foto 62 - Transporte público - ônibus urbano de Paulo Afonso. Fonte: Prefeitura municipal.

http://www.pauloafonso.ba.gov.br/internas/secretarias/informativos/read.php?id=3131&id_sec=7. Acesso: 01/02/2016.

O poder público municipal não tem controle efetivo dos itinerários,

horários de partida dos ônibus e quantidade de ônibus operando, tento as

empresas, na prática, liberdade de escolha da forma de oferta do serviço

público.

As rotas de ônibus são as mesmas desde a década de 1970, de tal

forma que diversos bairros não são servidos por linhas de ônibus operadas

pelas empresas VITRAN e DISBEM, como a Vila Nobre, o bairro General

Dutra23 e outras localidades que receberam empreendimentos do PMCMV

e carecem da implementação de transporte adequado.

23 O bairro General Dultra tem um único ônibus que passa pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA), cujo destino é o Estado de Alagoas, Município de Delmiro Gouveia, distrito da Barragem Leste.

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123

Outro meio de transporte existente no município é o comumente

denominado “alternativo”, que foi regulado pela Lei Municipal 1.218/2011,

onde resta permitido o uso de vans como meio de transporte

complementar. A ideia seria controlar o sistema de vans que operam de

forma intermunicipal e interestadual e acabam também coletando

passageiros das linhas urbanas de ônibus. Porém, até o momento a

prefeitura não regulamentou a lei e não possuem procedimentos

administrativos para atuação destes transportes, cadastro, taxas, rotas e

outros.

O serviço de taxi é regulado pela lei municipal 1084/2007. Segundo

dados do departamento municipal de Trânsito, Paulo Afonso possui 12

pontos de taxi e 72 veículos cadastrados e com permissão para operar. A

lei instituiu diversas obrigações, como padronização dos táxis, porém estes

não são cumpridos e não possuem fiscalização do poder público.

Os valores das tarifas são propostos pela associação de taxistas e

ratificados pelo poder público municipal. A utilização de taxímetro não é

exigida no Município, e o valor das corridas é definido pelo destino do

passageiro (ex: rodoviária/centro ou centro/BTN), sem proporção por

distâncias percorridas.

Da mesma maneira que o sistema complementar, os taxis operam sem

fiscalização na cidade, pois a Secretaria de Serviços Públicos não possui

fiscais para tal. A principal organização do sistema de taxis parte dos

próprios taxistas, através de sua associação, que tenta regulamentar os

pontos de taxis e quem nele pode operar.

O moto-taxi, um dos principais meios de transporte da cidade, não

possui regulamentação municipal ou federal. Operam de forma livre, com

taxas instituídas pela associação de moto-taxistas. O poder público

municipal não sabe quantos pontos de moto-taxis existem ou mesmo

quantos moto-taxistas circulam na cidade.

A rede viária do município é composta por diversos tipos de vias, que

cumprem, na prática, a função de vias artérias, coletoras e locais, sem que

haja, entretanto, um sistema de mapeamento das vias existentes no

município.

Algumas vias projetadas, como “o anel viário de contorno da ilha”,

deveriam se constituir como elemento de articulação básico do sistema

arterial do interior da ilha que interliga a ponte e todas as radiais de acesso

ao centro, mas não cumprem esta função. Entretanto, esta via deverá ser

planejada e demanda nova intervenção física, uma vez que dará acesso à

segunda ponte de acesso ao núcleo insular, ligando os bairros Centenário e

Jardim Bahia.

Por ser plana a cidade favorece o uso da bicicleta como meio eficiente

de transporte urbano na cidade. Esse meio de transporte, entretanto, não

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124

possui vias específicas de circulação, precisando disputar espaço com os

automóveis, o que diminui a segurança do ciclista.

Apesar das águas serem divisores das três porções urbanas do

município, núcleos insular, sul e noroeste, não há sistema de transporte

aquaviário no município. As águas são fonte de sustento de pescadores

que nela transitam, bem como de lazer para os munícipes, com o crescente

uso de lanchas, jet-skis, além de modalidades esportivas como “carranca

boat”, caiaque e stand up surf.

O município conta com vias radiais de acesso ao centro e vias de

penetração ao bairro, todas implantadas, mas com carência de

acessibilidade a pedestres e portadores de deficiência (DIAS:2014).

Segundo Raimundo Caires (2005)

Sem um planejamento básico, a cidade se estendeu através da multiplicação de loteamentos concebidos de forma independente, articulados a BR, que acabou se conformando na espinha dorsal de circulação das Macrozonas Sul e Oeste da cidade, estruturando e articulando seus espaços. O tecido urbano de Paulo Afonso se apresenta desta forma como uma colcha de retalhos, disforme e extensa, apoiada na BR, impondo a seus habitantes e aos que trafegam nas BR um atrito mutuamente perigoso e muitas vezes fatal.

Segundo o DENATRAM, o município contava com uma frota viária de

47.920 veículos em dezembro de 2015, mais que o triplo da frota de 2001

que era 13.940 veículos, conforme se observa na tabela 9:

Tabela 31 - Frota de veículos de PA 2001 e 2015

Veículos 2001 2015

Automóvel 7375 21.411

Caminhão 520 903

Trator 36 67

Caminhonete 214 3560

Camioneta 1308 671

Ciclomotor 0 05

Micro-ônibus 84 334

Motocicleta 3937 16.076

Motoneta 231 3.752

Ônibus 134 366

Reboque 50 433

Semi reboque 49 190

Triciclo 1 19

Utilitário 0 133

Outros 1 0

Total 13.940 47.920

Fonte: DENATRAM;2015.

O destaque é para a frota de automóvel que aumentou quase 300% e

motocicleta que aumentou mais de 400%, apontando a tendência da

utilização crescente do automóvel particular no município.

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125

A maior parte dos equipamentos de uso coletivo e oportunidades de

emprego do município estão concentradas na região insular, gerando

grande tráfego de pedestres, ciclistas e veículos nas pontes que ligam as

três regiões da cidade – Ilha, região do aeroporto e BTN. O maior gargalo

destes fluxos está na Avenida Apolônio Sales e na Ponte que conecta a ilha

às duas outras regiões. Pela manhã, forma-se um congestionamento no

sentido de entrada na ilha e no horário de almoço e fim de tarde, o maior

fluxo é contrário. A foto 38 registra este trecho no meio da tarde, com

movimento já reduzido.

Foto 63 - Ponte Boa Viagem. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015.

O município não possui levantamento de estacionamentos públicos

existentes e vagas. Sabe-se que a quantidade de vagas no centro é

deficitária.

Uma situação desregulada no Município é o horário para carga e

descarga de mercadorias, que acabam acontecendo em qualquer lugar e

hora do dia. Com isso, automóveis de grande porte acabam estacionando

nas vias públicas para descarga de mercadorias, ou mesmo para aguardar

o horário que o estabelecimento irá receber as mercadorias, atrapalhando

o trânsito e fechando vias.

A título de exemplo, nas fotos abaixo um caminhão cegonha estaciona

em uma pequena via lateral da Av. Apolônio Sales, impedindo o acesso de

veículos pelo local e ocupando as vagas de estacionamento, durante todo

o dia, aguardando o fechamento da concessionária Maracá. O referido

caminhão estacionou no local pela manhã e nenhum carro pode estacionar

no trecho, que pode suportar cerca de 10 veículos.

Foto 64 - Caminhão cegonha às 12h e 18:00 ocupando via pública no dia 10.02.16. Fonte: Vivenda Consultoria.

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126

Em outra situação, caminhões estacionam próximo aos supermercados

DM e Santa Luzia, na Av. José Hemetério de Carvalho, uma das vias que

congestionam na cidade, e uma caminhonete chega a estacionar em fila

dupla para descarga de mercadorias, no final da manhã de uma sexta-feira,

quando a localidade está repleta de consumidores e feirantes.

Foto 65 - (esquerda) Via sendo utilizada para trânsito e estacionamento de veículos. (direita) Veículos estacionados em fila dupla para descarga de mercadorias na Av. José Hemetério de Carvalho, dia 11.03.16. Fonte: Vivenda Consultoria

O controle de meia passagem estudantil é realizado pela própria

concessionária. Os estudantes fazem uma carteira de meia passagem na

empresa e compram um passe estudantil. As pessoas com deficiência são

avaliadas nos postos de saúde, com médicos, para verificar se têm direito

gratuidade da passagem e por assistente social, para verificar a renda,

posteriormente são cadastrados do Departamento Municipal de Trânsito,

onde emitem uma carteira que lhes faculta a meia passagem. Os idosos

possuem direito à gratuidade e, conforme Estatuto do Idoso, apenas

precisam apresentar o documento de identidade para tal.

A gestão do serviço de transporte é realizada pela Secretaria Municipal

de Serviços Públicos que conta com o Departamento Municipal de Trânsito

– DEMUTRAN. O controle social deveria ser feito pelo Conselho Municipal

de Transito (Lei Municipal 1041/2006) e os recursos são administrados

pelo Fundo Municipal de Transito (Lei Municipal 1040/2006), porém não

foram criados de fato.

Quando há intenção de majorar o valor das tarifas as empresas de

ônibus se reúnem na sede do poder público municipal com as associações

representativas da sociedade para discutir, fazendo às vezes de conselho.

Do ponto de vista de investimentos a tabela abaixo aponta os

investimentos dos últimos 10 anos a partir da captação de recursos junto

ao governo federal, tendo sido concluídas obras de pavimentação na

ordem de R$4,4 milhões, estando contratado para futura execução obras

de pavimentação na ordem de R$4,2 milhões.

Tabela 32 - Captação de recursos para viário 2005-2015.

Ano Contrato Programa/Ação Descrição da obra/serviço

Valor do investimento

Status

2005 017720718 PRO-MUN-PEQ

POR Pavimentação de

vias R$ 107.250,00 Concluída

2005 018856699 PRO-MUN-PEQ

POR Pavimentação em

paralelepípedo R$ 4.161.278,74 Concluída

2010 031007110 PRO-MUN-

MD/GR Pavimentação de

rua no bairro R$ 153.390,11 Concluída

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127

Prainha

2014 0100944842 PROG. APOIO AO DESE. DO SETOR

AGROPECUAR

Pavimentação de estradas vicinais nos povoados do

Riacho e do Juá no município de Paulo Afonso

R$ 359.425,00 Atrasada

2,42% executada

2014 0101454211 PLANEJAMENTO

URBANO

Pavimentação de ruas nos bairros: Rodoviário, Sal

Torrado e Siriema no município de

Paulo Afonso

R$ 2.160.000,42 Não

iniciada

2014 0101754360 PLANEJAMENTO

URBANO

Pavimentação de vias urbanas no bairro Tancredo

Neves

R$ 685.298,09 Não

iniciada

2015 0102494608 PLANEJAMENTO

URBANO

Pavimentação de vias no bairro

Cardeal Brandão Vilela no

município de Paulo Afonso

R$1.036.980,00 Não

iniciada

Fonte: Tabela construída a partir de dados disponibilizados pela SIURB/CAIXA;2016

Sendo Paulo Afonso um município com mais de 60 mil habitantes, deve

ser elaborado o Plano de Mobilidade Urbana, o prazo previsto pela Política

Nacional de Mobilidade Urbana era abril de 2015, estando em tramitação

na Câmara Federal o PL 7898/14 que propõe a prorrogação do prazo até

2018.

Quanto à acessibilidade das vias e calçadas da cidade, há uma clara

necessidade de adequação à norma brasileira ABNT NBR 9050 que exige o

acesso universal a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos

urbanos. Nota-se a necessidade de adaptação também dos equipamentos

públicos ou privados de acesso público.

As calçadas dos bairros centrais que surgiram de forma espontânea

apresentam uma maior dificuldade de adequação, devido à dimensão

estreita das vias. Assim, mostra-se necessária a elaboração de estudos

específicos que embasem possíveis soluções para a acessibilidade local.

Foto 66 - Vias da região central da sede com acessibilidade reduzida. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015.

A questão da acessibilidade também vem sendo discutida na

necessidade de adaptação do transporte público aos deficientes físicos e

com dificuldades motoras. A frota de veículos adaptados na cidade é de

dois ônibus e um micro-ônibus.

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11.2. Abastecimento de água

O sistema de abastecimento atende a 20.267 domicílios com rede

geral, 368 com poços ou nascentes e 3.106 de outras de formas. O

abastecimento de água no município é feito pela EMBASA, que tem água

de rio como principal fonte de captação. Segundo os levantamentos do

PLHIS alguns bairros ainda não possuem ligações de água à rede da

EMBASA, como Boa esperança (antigo Lixão) e Loteamento Santo Antônio.

Na zona rural, informa Silva (2012) que a prefeitura instalou 2310

cisternas para resolver o problema da falta d’água, uma vez que a seca

nesta região acaba com a vegetação e o gado também morre de sede na

época de estiagem.

Quanto ao saneamento, cerca de 17.572 domicílios apresentam

banheiros e sanitários ligados à rede geral, enquanto 20.696 possuem

banheiros e sanitários com esgotamento através de fossas sanitárias. Em

3.045 residências não existem instalações sanitárias. A área da Prainha de

Brita, de interesse para a EMBASA, que precisa de uma faixa de 8.00

metros para instalação da rede de esgoto. O censo do IBGE (2010) revelou

que o maior problema de “Inadequação “ em Paulo Afonso está

relacionado com o esgotamento sanitário. Existem 4.901 domicílios sem

ligação de rede de esgoto.

Portanto, essas inadequações estão ligadas às áreas de assentamentos

precários localizadas às margens dos lagos, que jogam seus dejetos

diretamente na água. O poder público municipal possui programa para

construção de sanitários destinados às famílias de baixa renda, mas nos

casos de ocupações em lugares inadequados para moradia não é possível

executar esses programas, e também não é possível implantar sistema de

saneamento, todas estas questões estão sendo tratadas no Plano

Municipal de Saneamento Básico que está sendo elaborado pelo município

com apoio da EMBASA.

11.3. Coleta de lixo

A Prefeitura Municipal de Paulo Afonso administra os serviços de

limpeza urbana através da Secretaria de Serviços Públicos que além desta,

sistema de transportes dos resíduos.

A gestão adotada pela Prefeitura contempla a terceirização dos

serviços, exceto alguns poucos complementares e de caráter emergencial,

já tendo passado por várias licitações e empresas que se sucederam

através de contratos diretos com a Prefeitura Municipal ou da cessão de

contratos, ou subcontratação.

A área de abrangência ou de atuação da Secretaria de Serviços Públicos

se estende além da sede municipal, coleta os resíduos dos povoados

maiores que ficam em volta da cidade. Segundo o IBGE (2010) a cobertura

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129

dos serviço de coleta de lixo atende a 26.589 domicílios, ou seja 85% dos

domicílios, há que se considerar que os domicílios em regiões rurais

possuem outro tipo de solução.

Após aquisição de caminhões compactadores, os serviços de limpeza

urbana foram otimizados, reformulando-se e melhorados os circuitos de

coleta, com melhor distribuição dos serviços, após a frota ter sido

totalmente substituída por veículos compactadores novos, comprado pela

Prefeitura, fazendo com que a abrangência fosse mais bem atendida e a

produção coletada também ampliada.

Do lixo coletado, a prefeitura municipal é responsável por 96% e o

restante é coletado por particulares, cerca de 4%.

Em atendimento aos dispositivos da Lei Federal nº 12.305/2010, em

agosto de 2014 foi inaugurado o Aterro Sanitário de Paulo Afonso, próximo

ao Povoado Campos Novos para a destinação final do lixo produzido no

Município.

A coleta dos resíduos das feiras e do Centro de Abastecimento é diária

e noturna, sendo realizada pelos veículos compactadores.

A coleta de entulho é feita por máquina tipo pá carregadeira e por

veículos tipo caçamba da própria prefeitura e/ou terceiros.

O lixo de estabelecimentos de saúde como hospitais e clínicas é

coletado separadamente em roteiro específico através de veículo da

empresa SERQUIP e destinados a incineração pela mesma empresa. O

sistema de varrição e manutenção é realizado pela empresa GARD.

As feiras são varridas pela própria equipe de varrição, e a produção é

coletada juntamente com a coleta domiciliar, impedindo o

acompanhamento da produção de lixo gerado.

Segundo informação da Prefeitura, a varrição é realizada com

frequência diária no centro, nos dois turnos, e alternada de três em três

dias nos trechos das avenidas, utilizando-se pás, carrinhos de mão tipo

“contêiner” e vassouras de piaçava.

Estão distribuídas cerca de 1.500 cestas para pedestres, ao longo das

vias, estando afastadas distantes uma das outras em cerca de 30 metros.

Essas cestas têm a finalidade de receber a produção de lixo de pedestres, e

estão localizadas nas principais avenidas e praças do centro da cidade,

como Avenida Apolônio Sales, Avenida Otaviano Leandro de Morais,

Avenida Getúlio Vargas, Avenida Contorno, Praça do Trabalhador, Praça

das Mangueiras, Praça entre outras.

Ressalta-se que cada agente de limpeza dispõe de um carrinho de mão

(tipo bambolê) com 100 litros de capacidade, munido de tampa e rodas,

sacos plásticos para acondicionar o lixo varrido, vassoura e pá. Esses

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130

equipamentos são guardados em pontos estratégicos de apoio localizados

nos setores de varrição.

11.4. Energia elétrica

A energia elétrica é distribuída pela COELBA - Companhia de

Eletricidade do Estado da Bahia, sendo o IBGE (2010) o município possui

25.397 domicílios cadastrados na companhia elétrica 81,5% de cobertura,

e 751 domicílios recebendo energia informalmente (2,4%).

O município conta com o programa de Tarifa Social da Coelba que

beneficia as famílias inscritas no CadUnico com desconto de até 65% da

tarifa.

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131

12. Educação

É um consenso a relevância da formação pessoal para o exercício do

trabalho e da cidadania, sendo suficientemente repetido que a educação é

uma prioridade nacional e dever do Estado, mesmo que a repetição do

bordão não se converta em um campo imediatamente efetivo. Fundações

privadas e sistemas de ensino podem se interessar por educação, mas é

uma ação elementar do Estado que deve prover financiamento, tecnologia,

estratégias e formação para a realização dos objetivos, buscando

universalizar o acesso e a qualidade. Cabe ao município, em seu nível

estatal, prover a educação fundamental, pois é aqui onde começa o

desenvolvimento da cidadania.

Abaixo, quadros comparativos apresentam dados fornecidos pelo IBGE

nos anos de 2005 a 2012 informando o número de matrículas, docentes e

escolas na pré-escola, ensinos fundamental e médio, no município de

Paulo Afonso, em escolas públicas e privadas.

Em análise das tabelas, comprova-se que nesse período, o número de

matrículas, docentes e escolas só aumentou, basicamente, no ensino pré-

escolar.

Quanto às matrículas no ensino fundamental e no ensino médio,

observa-se uma acentuada queda de cerca de 2.000 matrículas no ensino

fundamental e de 2.500 matrículas no ensino médio.

Entre 2005 e 2012 as matrículas do ensino médio caíram de 7.160 para

4.652, mesmo com o surgimento de vagas no ensino público federal. Em

relação ao quadro docente, este permaneceu com poucas alterações ao

longo do período analisado.

O número de escolas oscilou somente no ano de 2007, quando é

possível notar uma nítida diminuição no ensino pré-escolar e fundamental

e, por outro lado, um aumento significativo no número de escolas no

ensino médio.

Tabela 33 - Ensino: Matrículas, docentes e rede escolar, município de Paulo Afonso-BA, 2007-2012.

ENSINO MATRÍCULAS

2005 MATRÍCULAS

2007 MATRÍCULAS

2009 MATRÍCULAS

2012

Pré-escolar 2.538 2.716 2.527 2.726

Fundamental 19.102 18.078 18.008 17.084

Médio 7.160 5.697 5.205 4.652

ENSINO DOCENTES 2005 DOCENTES 2007 DOCENTES 2009 DOCENTES 2012

Pré-escolar 147 124 123 145

Fundamental 856 767 714 788

Médio 306 257 242 288

ENSINO ESCOLAS 2005 ESCOLAS 2007 ESCOLAS 2009 ESCOLAS 2012

Pré-escolar 54 37 62 64

Fundamental 84 49 73 76

Médio 9 15 8 10

Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP Censo Educacional 2005, 2007, 2009 e 2012 e IBGE - Censo Demográfico 2010.

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132

Dados mais recentes, fornecidos pela Secretaria de Educação de Paulo

Afonso, em novembro de 2015, informam que o município conta hoje com

cerca de 40 escolas municipais, nas quais estão matriculados cerca de

3.214 alunos, assistidos por cerca de 40 docentes e por 02 auxiliares

administrativos.

Foto 67 - (esquerda) Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus. Foto: Site Ozildo Alves. (direita) Escola Municipal CEMPA Foto: Site da Prefeitura Municipal

No tocante ao ensino superior, o município configura-se atualmente como

um importante polo universitário formado por instituições estaduais,

federais e privadas.

Ensino Superior Público Federal:

- IFBA (Instituto Federal da Bahia) com o curso de Engenharia Elétrica.

- UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco) com o curso

de Medicina

Ensino Superior Público Estadual:

- UNEB (Universidade do Estado da Bahia) com os cursos de

Matemática, Engenharia de Pesca, Ciências Biológicas, Direito, Pedagogia e

Arqueologia.

Ensino Superior Privado:

- FASETE (Faculdade Sete de Setembro) com os cursos de

Administração, Biomedicina, Direito, Educação Física, Enfermagem, Letras,

Psicologia e Sistemas de Informação.

Ensino Privado Educação a Distância - EAD

- Universidade de Santo Amaro (UNISA)

- Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)

- Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi) (FASETE EAD)

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133

Foto 67 - (esquerda) Faculdade Sete de Setembro – FASETE (Rede particular de ensino) Foto: Institucional. (direita) Universidade Estadual da Bahia – UNEB Campus VIII Foto:

Site Folha Sertaneja (http://www.folhasertaneja.com.br/local.kmf?cod=10151100&indice=10)

13. Saúde

Na área da saúde o município conta com a seguinte rede de

atendimento e estratégia de saúde da família:

Estratégia Saúde da Família: 26 Unidades com 27 equipes de Saúde

da Família, sendo destas, 21 com Saúde Bucal.

Quanto à cobertura das Unidades Básicas de Saúde – UBS, há

equipamentos em 21 bairros e 5 povoados: Centro unidade Américo

Oliveira e Pedro Alvares; PACS Josefino; Perpetuo Socorro; Rua do Sol; São

Francisco; Nossa Senhora de Fátima; Irmã Rita; Senhor do Bonfim; Jardim

Bahia; Moxotó; Siriema; Prainha; Boa Esperança; Maruim; Santa Inês;

Delmiro Gouveia BTN II; Padre Lourenço BTN II; Santa Quitéria BTN III; São

João; Rodoviário. E nos povoados: Riacho; Malhada grande; Várzea; São

José e Juá.

Conta também com 02 hospitais, o Nair Alves de Souza-HNAS,

localizado no bairro Alves Souza (antigo acampamento da Chesf) e HMPA -

Hospital Municipal de Paulo Afonso, localizado no BTN III, ambos

administrados pela prefeitura municipal, ambos sem estrutura de UTI. O

HNAS teve sua administração transferida da CHESF, para a Universidade

Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em 2015, a perspectiva é que

em breve serão instalados 20 leitos de UTI Adulto e UTI Neonatal,

garantindo assim uma ampliação significativa da assistência para a região.

Outros equipamentos da política pública de saúde:

Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas – CAPS AD e

CAPS 2;

Centro de Referência a Mulher - CAM;

Centro Médico de Especialidades - CME Centro

Centro Médico de Especialidades - CME BTN

O município conta com o Departamento de Vigilância (DEVISA)

vinculado à secretaria de saúde que articula um conjunto de ações

preventivas e de controle de riscos e danos à saúde da população e

atualmente desenvolve os seguintes projetos/programas: Programa

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Municipal de Imunização, Monitorizarão das Doenças Diarréicas Agudas, .

Programa Municipal do Controle de Dengue, Programa Municipal do

Combate a Chagas, Programa de Controle de Raiva, Programa de Controle

de Leishmaniose Visceral Canina, Programa de Educação em Saúde da

Unidade de Controle de Zoonoses.

Com relação ao número de profissionais atuando na rede Municipal,

prestam atendimento nas unidades básicas de saúde, 26 médicos, 21

odontólogos, 48 enfermeiros e 165 agentes comunitários de saúde.

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14. Assistência Social

Em Paulo Afonso, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é de

0,674 (IBGE, 2010), acima da média do Estado que é de 0,660, e abaixo da

média nacional que é de 0,744. No município segundo o IBGE (2010) a

incidência da pobreza da população é de 42,01%, como já citado, mais

pouco mais de 40% da população tem renda de até 1 SM, e o índice Gini de

0,50 (o Coeficiente de Gini é um parâmetro internacional usado para medir

a desigualdade de distribuição de renda entre cidades e países).

Gráfico 5: Renda per capta Paulo Afonso. Fonte: DeepAsk

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEDES) é

responsável pela Gestão Plena da Política Municipal de Assistência Social

em Paulo Afonso e atua de forma integrada com órgãos governamentais e

instituições não-governamentais que compõem a Rede de Garantia de

Direitos no Município; também propicia o desenvolvimento e a

implementação da política de assistência social no município, priorizando

cidadãos, grupos e famílias em situação de vulnerabilidade e risco social.

São executadas ações de proteção social básica para o fortalecimento

de vínculos familiares e comunitários e desenvolvimento de

potencialidades das famílias com ênfase nas ações de geração de trabalho

e renda. Para as famílias e indivíduos em situação de risco são

desenvolvidas ações de proteção social especial, com vistas à

reestruturação familiar, elaboração de novas referências afetivas e

reintegração social.

A política de assistência social no município conta com uma estrutura

de cinco Centros de Referência da Assistência Social – CRAS, com

cobertura em todo território, situados nos bairros: Prainha, Centenário,

Barroca, Tancredo Neves II e BTN III, o também Centro de Referência

CREAS situado no bairro Perpétuo Socorro, e outros equipamentos: o

Núcleo Social do BTN (BTNII), o Banco de Alimentos (BTNIII), o Centro de

Referência da Mulher (BNH), Cozinha Comunitária, e dois equipamentos

para acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco.

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Há, ainda, no município uma gama de projetos e programas sociais

para atender as demandas da população em situação de vulnerabilidade

no município, conforme apresentado na tabela 12.

O programas social Bolsa Família possui 20.701 de famílias cadastradas

no CadUnico distribuídas da seguinte forma

- 14.126 com renda per capita familiar de até R$77,00;

- 2.438 com renda per capita familiar entre R$77,00 e R$ 154,00;

- 2.871 com renda per capita familiar entre R$ 154,00 e meio salário

mínimo e

- 1.266 com renda per capita acima de meio salário mínimo

E atendeu em janeiro de 2016 13.835 famílias, representando uma

cobertura de 128,0 % da estimativa de famílias pobres no município (IBGE:

2016). A prefeitura possui também outros programas de pagamentos de

auxilio que complementam os programas federais o Paulo Afonso

Cidadania como demonstra a planilha anterior.

Quanto ao Benefício de Prestação Continuada destinado para idosos e

portadores de necessidades especiais em situação de vulnerabilidade, em

dezembro de 2015 foram pagos 3.168 benefícios.

Os principais projetos e programas sociais em desenvolvimento são:

- Programa de erradicação do trabalho infantil;

- Programa de Aquisição de Alimentos (fortalecimento agricultura

familiar);

- Instalação de Cisternas na área rural;

- Projovem Adolescente;

- Restaurante Popular.

O município conta com um Conselho Tutelar e do ponto de vista da

gestão participativa com o Conselho Municipal da Assistência Social.

Na tabela 34 que trata das ações da Política de Assistência Social no

município, é possível averiguar que a cobertura social é ampla e se dá em

diferentes projetos e programas, abrangendo as várias demandas sociais

como habitação, complementação de renda, educação e acolhimento a

crianças e adolescentes em casos de vulnerabilidade.

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Tabela 34 - Ações da Política de Assistência Social em Paulo Afonso.

Nome do Serviço Objetivo do Serviço

Benefícios Eventuais Oferecer, de caráter suplementar e provisório, benefícios prestados aos cidadãos e às famílias em virtude de morte, nascimento, calamidade pública e situações de vulnerabilidade temporária.

Habitação Auxiliar famílias carentes que necessitem de habitação.

Programa Paulo Afonso Cidadania Promover ações de transferência de renda com condicionalidades e capacitação profissional.

Educação Inclusiva Oferecer bolsas integrais para estudantes: cursos pré-vestibulares; cursos preparatórios para concursos. Casa do Estudante em Salvador. Curso de Inglês; Cursos de informática para melhor idade e curso de informática itinerante.

Programa de Inclusão Produtiva. Programa Arte de Tecer (03 Núcleos; Seriema, BTN III e Jardim Aeroporto)

Buscar a autonomia das famílias usuárias da Política de Assistência Social, através do incentivo à geração de trabalho e renda, promovendo ações de capacitação, instrumentalização para o trabalho e formação de grupos de produção.

Programa Vida Saudável Incentivar a prática do esporte na terceira idade.

Projeto Celebrando a vida com os idosos/ Chá Dançante

Proporcionar momento de lazer, dança e cultura aos idosos que fazem parte do Programa Vida Saudável e do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. O Programa é realizado mensalmente.

Assessoria Jurídica Municipal Oferecer atendimento jurídico gratuito a pessoas em situação de vulnerabilidade.

Programa Estação Juventude Ampliar o acesso de jovens de 15 a 29 anos – sobretudo aqueles que vivem em áreas de vulnerabilidades sociais – às políticas, programas e ações integradas no território que assegurem seus direitos de cidadania e ampliem a sua inclusão e participação social.

Centro de Referência da Assistência Social - CRAS Atender a famílias em situação de vulnerabilidade e risco social

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Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, 2016.

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – (Crianças, adolescentes, jovens, mulheres e idosos)

Prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes, jovens e idosos e oportunizar o acesso às informações sobre direitos e participação cidadã.

Programa Bolsa Família Cadastrar, monitorar e acompanhar as famílias beneficiárias do PBF.

CREAS Atender as famílias e indivíduos em situação de risco e violação de direitos.

Centro de Referência da Mulher Acolher, atender, acompanhar e encaminhar mulheres que sofreram algum tipo de violência.

Conselho Tutelar Fiscalizar e proteger os direitos da criança e do adolescente.

Casa de Passagem – Meninos da Terra e Menina Flor Acolher temporariamente crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados.

Cozinha Comunitária Fornecer alimentos, a preços irrisórios, a famílias que deles necessitar.

Cozinha Experimental Capacitar, através de oficinas de manipulação de alimentos, famílias em situação de vulnerabilidade social.

Restaurante Popular Fornecer alimentos, a preços acessíveis, a famílias que deles necessitar.

Banco de Alimentos Garantir a segurança alimentar de famílias e indivíduos, através das instituições e serviços socioassistenciais.

Auxilio Natalidade Concessão de uma cesta de alimentos para crianças de 0 a 6 meses pertencentes a famílias em situação de vulnerabilidade.

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15. Segurança

A cidade é sede do 20º Batalhão de Polícia do Estado da Bahia, que

abrange cerca de 11 municípios, com uma população estimada em 500 mil

habitantes. Também é sede da 18ª COORPIN (Coordenadoria de Policia

Civil do Interior) e agrupa o 15º GBM (Grupamento de Bombeiros

Militares). Abriga ainda a 1ª Cia de Infantaria do Exército brasileiro desde a

chegada da CHESF no município. Possui uma guarda municipal constituída

há pouco mais de oito anos.

Possui uma Delegacia Civil, uma delegacia da Mulher e um Presídio.

Por ser uma cidade localizada na divisa de vários estados, Paulo Afonso

conta também com o apoio da Policia Rodoviária Federal.

Com intuito de minimizar os índices de violência o governo do estado

da Bahia implantou os programas Ronda nos Bairros e PROERD – Programa

Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. Atualmente, o

município de Paulo Afonso foi incluído no programa Pacto pela vida.

Diante dos índices da violência que assola o país, quanto ao índice de

homicídios o estado da Bahia figura em segundo lugar no ranking dos

estados brasileiros (São Paulo em 1o), com 5.542 homicídios em 201324,

nesse cenário é preciso estar atento para os índices que o município

apresenta, buscando ampliar a política pública de segurança.

A UNESCO desde 1998 elabora o Mapa da Violência, buscando

contribuir para a reflexão da sociedade brasileira sobre a violência social,

onde as práticas violentas validadas pela cultura e o imenso arsenal de

armas de fogo no país, se refletem nos indicadores equivalentes ou

superiores ao de países em situação de guerra ou conflito civil armado

(Mapa da Violência: 2015). A partir destes estudos seguem alguns dados

do município, com a posição em relação aos demais municípios brasileiros:

Tabela 35 - Taxas de óbito de Paulo Afonso 2010/2012.

ORDENAMENTO DAS TAXAS DE ÓBITO Paulo Afonso 2010/2012.

Município UF Popula-

ção

n. homicídios AF n. óbitos AF Tx. Média* Posi-ção 2010 2011 2012 2010 2011 2012 Homic. Óbitos

Paulo Afonso BA 110.193 48 28 38 51 30 40 34,5 36,6

180º

Fonte: Mapa da Violência 2015, Mortes Matadas por Arma de Fogo – AF; disponível em

http://www.mapadaviolencia.org.br/

24 Segundo o 9o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2015, disponível em http://www.forumseguranca.org.br/produtos/anuario-brasileiro-de-seguranca-publica/9o-anuario-brasileiro-de-seguranca-publica

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Tabela 36 - Taxas de óbito população jovem de de Paulo Afonso 2010/2012.

ORDENAMENTO DAS TAXAS DE ÓBITO da População Jovem de Paulo Afonso. 2010/2012.

Município UF Popula- n. homicídios AF n. óbitos AF Tx. Média*

Pos. ção 2010 2011 2012 2010 2011 2012 Homic. Óbitos

Paulo Afonso BA 29.619 27 16 18 29 17 18 68,6 72,0 123º

Fonte Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por arma de fogo – População Jovem

http://www.mapadaviolencia.org.br/

O município conta com o Centro de Referência da Mulher para dar

atendimento necessário as mulheres vitimadas pela violência.

Tabela 37 - Número e taxas médias de homicídio (2009/2013) de mulheres em Paulo Afonso

Município UF População Homicídio de mulheres Taxa

Pos.

Média F 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Paulo Afonso BA 56.905 3 6 4 2 4 6,7 346º

Fonte Mapa da Violência 2015 - Homicídio de Mulheres no Brasil

http://www.mapadaviolencia.org.br/

No transito é necessário observar que a frota de veículos triplicou nos

últimos 14 anos, conforme apontado no tópico da mobilidade, sendo

necessário desenvolver política pública adequada a essa nova realidade.

Tabela 38 - Número de óbitos em acidentes de trânsito (2007/2011) e taxas (por 100 mil) para Paulo Afonso em 2011.

Município UF População 2011

Número de óbitos Taxa Posição nacional 2007 2008 2009 2010 2011 2011

Paulo Afonso BA 109.310 6 11 8 14 27 24,7 611º

Fonte Mapa da Violência 2011 – Óbitos em acidente de transito

http://www.mapadaviolencia.org.br/

A política de segurança pública deve estar articulada às demais

políticas setoriais urbanas e sociais, contribuindo paulatinamente com a

redução dos índices e aumento da cobertura das vulnerabilidades sociais,

que influem diretamente no cenário da violência no Brasil.

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16. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

O município é organizado e regido pela Lei Orgânica (aprovada em 21

de junho de 1990) que define dentre outras questões: o funcionalismo

público, a tributação, o orçamento e os deveres municipais para alguns

setores básicos das necessidades da população.

A estrutura formal de Paulo Afonso (aprovada pela lei 1291/2014) é

composta pelo gabinete do prefeito, onze secretarias municipais,

Procuradoria e Controladoria, uma Administração Regional (BTN) e alguns

departamentos conforme o organograma representado na figura 5.

Do ponto de vista dos recursos para gestão e execução das políticas

públicas, as finanças municipais baseiam-se em receitas oriundas de

recursos próprios como ISS, TLF, IPTU, etc. e de recursos do Governo

Federal como CFRH, royalties, ICMS, FUNDEF, etc. e Estadual. (LEITE:2008).

Ressalta-se que o município teve queda acentuada na arrecadação desde

2011/2012 com a redução dos pagamentos dos CFRH -Royalties pela

CHESF, em função de questão jurídica e fiscal.

Essa queda tem desdobramentos na execução da Lei de

Responsabilidade Fiscal que limita as despesas com pessoal em 51,30%.

Assim, o município passou por reajustes como a redução salarial de

gestores e cortes no quadro funcional. Segundo a secretária de

Planejamento Patrícia Alcântara, de 2010 até hoje, a perda de receita do

CFRH – Compensação Financeira de Recursos Hídricos é superior a 60

milhões de reais, gerando dificuldades orçamentárias e financeiras para o

município.

De outro lado, as metas fiscais orçamentárias constantes nas diretrizes

para elaboração e execução da lei orçamentária de 2014 (Lei 1.277 de

julho/2013), apontam para a retomada do equilíbrio no orçamento.

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Figura 2 - Organograma da administração do poder executivo municipal.

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Quanto ao patrimônio, segundo Mércia Leite (2008) a prefeitura conta

com 25.261 bens (moveis e imóveis) avaliados em R$ 11.738.806,51 (onze

milhões setecentos e trinta e oito mil, oitocentos e seis reais e cinquenta e

um centavos). E, segundo a PMPA, em 2013 o quadro funcional era de

4.168 servidores nas categorias estatutárias, celetistas, trabalhos

temporários, cargos em comissão e agentes políticos. Com essa estrutura

patrimonial, orçamentaria e de recursos humanos são geridas as políticas

públicas no município.

Como quase todos os municípios brasileiros, Paulo Afonso não conta

com um cadastro único de informações administrativas que permita a

avaliação e monitoramento das políticas públicas. Avaliar a cobertura

geográfica, ainda que necessário, não é suficiente para mensurar o nível e

a qualidade de atendimento.

O Plano Diretor é fundamental para a gestão da política urbana local,

devendo buscar se aliar a outros instrumentos de gestão das demais

políticas de forma a contribuir com a eficácia das políticas públicas.

Sendo importante a articulação do executivo aos demais poderes como

legislativo e judiciário e também garantir o controle social para

consolidação da política.

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