plano decenal 2019

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Ministrio de Minas e Energia Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico

PLANO DECENAL DE EXPANSO DE ENERGIA

2019

PLANO DECENAL DE EXPANSO DE ENERGIA 2019

Ministrio de Minas e Energia MMEMinistro de Estado

Empresa de Pesquisa Energtica EPEPresidente

Edison Lobo at maro/2010 Mrcio Pereira ZimmermannSecretrio Executivo

Mauricio Tiomno TolmasquimDiretor de Estudos Econmico-Energticoss e Ambientais

Amlcar Gonalves GuerreiroDiretor de Estudos de Energia Eltrica

Mrcio Pereira Zimmermann at maro/2010 Jos Antonio Corra CoimbraChefe de Gabinete do Ministro

Jos Carlos de Miranda FariasDiretor de Estudos de Petrleo, Gs e Biocombustveis

Jos Antonio Corra Coimbra at maro/2010 Francisco Romrio WojcickiSecretrio de Planejamento e Desenvolvimento Energtico

Elson Ronaldo NunesDiretor de Gesto Corporativa

Altino Ventura FilhoSecretrio de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis

Ibans Csar Cssel

Marco Antnio Martins AlmeidaSecretrio de Energia Eltrica

Empresa de Pesquisa Energtica EPESede SAN Quadra 1 Bloco B Sala 100-A 70041-903 Braslia DF Escritrio Central Av. Rio Branco, 01 11 Andar 20090-003 Rio de Janeiro RJ Tel.: (55 21) 3512 3100 Fax : (55 21) 3512 3198 www.epe.gov.br

Josias Matos de AraujoSecretrio de Geologia, Minerao e Transformao Mineral

Cludio Scliar

Ministrio de Minas e Energia MMEEsplanada dos Ministrios Bloco U 5 andar 70065-900 Braslia DF Tel.: (55 61) 3319 5299 Fax : (55 61) 3319 5067 www.mme.gov. br

Brasil, Ministrio de Minas e Energia, Empresa de Pesquisa Energtica Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 / Ministrio de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energtica. Braslia: MME/EPE, 2010 2 v.: il. 1. Energia_Brasil. 2. Poltica Enegtica_Brasil 3. Recursos Energticos_Brasil

PARTICIPANTES DO MME

Coordenao GeralAltino Ventura Filho

Coordenao ExecutivaGilberto Hollauer Joo Jos de Nora Souto Paulo Altaur Pereira Costa

Centro de Pesquisas de Energia Eltrica CEPELAlbert Cordeiro Geber de Melo, Maria Elvira Pieiro Macieira

Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico SPE Coordenao: Altino Ventura Fillho Equipe tcnica: Adriano Jeronimo da Silva, Ana Kla Sobreira de Moraes, Andr Krauss Queiroz,

Antnio Perez Puente, Bruno Xavier de Sousa, Carlos Alexandre Prncipe Pires, Carolino Augusto Cepeda, Cssio Giuliani Carvalho, Christiany Salgado Faria, Daniele de Oliveira Bandeira, Demtrio Matos Tomzio, Fernando Jos Ramos Mello, Gabriela Pires Gomes de Sousa Costa, Giacomo Perrotta, Gilberto Hollauer, Gilberto Kwitko Ribeiro, Gustavo Santos Masili, Hamilton Moss de Souza, Joo Antnio Moreira Patusco, Joo Luiz Tedeschi, John Denys Cadman, Jose Antnio Fabrini Marsiglio, Jos Luiz Scavassa, Leonardo Rangel de Melo Filardi, Lvio Teixeira de Andrade Filho, Luis Fernando Badanhan, Marco Aurlio dos Santos Arajo, Maurilio Amaro de Souza Filho, Osmar Ferreira do Nascimento, Paulo Antnio Gomes Monteiro, Paulo Augusto Leonelli, Paulo rico Ramos de Oliveira, Paulo Roberto Rabelo da Assuno, Roberto Carneiro Filho, Roberto Meira Jnior, Roberto Wagner Lima Pereira, Samira Sana Fernandes de Sousa, Sophia Andonios Spyridakis Pereira, Tarita da Silva Costa, Thiago Guilherme Ferreira Prado, Ubyrajara Nery Graa Gomes, Valdir Borges Souza Jnior, Vania Maria Ferreira

Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis SPG Coordenao: Marco Antnio Martins Almeida Equipe tcnica: Adriano Gomes de Sousa, Aldo Barroso Cores Jnior, Antnio Henrique Godoy

Ramos, Breno Peixoto Cortez, Cludio Akio Ishihara, Clayton de Sousa Pontes, Deivson Matos Timb, Diogo Baleeiro, Henrique Soares Vieira Magalhes, Hermann Helinski Arajo, Hugo Leonardo Gosmann, Igor Vasconcelos Santana, Jos Botelho Neto, Juliano Vilela Borges dos Santos, Lauro Doniseti Bogniotti, Luciano Costa de Carvalho, Luiz Carlos Lisba Theodoro, Manoel Rodrigues Parada Neto, Marlon Arraes Jardim Leal, Paulo Roberto Machado Fernandes Costa, Ricardo Borges Gomide, Ricardo de Gusmo Dornelles, Symone Christine de Santana Arajo, Umberto Mattei

PARTICIPANTES DA EPE

Coordenao Geral

Maurcio Tiomno Tolmasquim

Coordenao Executiva

Estudos econmico-energticos e ambientais: Amilcar Gonalves Guerreiro Estudos de energia eltrica: Jos Carlos de Miranda Farias Estudos de petrleo, gs e biocombustveis: Elson Ronaldo Nunes

Consolidao e Sistematizao

Jos Marcos Bressane, Juarez Castrillon Lopes, Carlos Henrique Brasil de Carvalho, Denilvo Morais

Estudos econmicos e energticosCoordenao: Ricardo Gorini Equipe tcnica: Adriana Fiorotti Campos, Ana Cristina Braga Maia, Andre Luiz Rodrigues Osorio, Arnaldo dos Santos Junior, Bruno Bandeira Rocha, Carla da Costa Lopes Acho, Claudio Gomes Velloso, Daniel Vasconcellos de Sousa Stilpen, Emilio Hiroshi Matsumura, Fabiana Bastos de Faria, Fernanda Marques Pereira Andreza, Flvio Alberto Figueiredo Rosa, Glaucio Vinicius Ramalho Faria, Guilherme Oliveira Arantes, Gustavo Naciff de Andrade, Inah Rosa Borges de Holanda, Isabela de Almeida Oliveira, Ismael Alves Pereira Filho, Jaine Venceslau Isensee, Jeferson Borghetti Soares, Jose Manuel Martins David, Kriseida C. P. Guedelha Aleskseev, Lena Santini Souza Menezes, Leyla Adriana Ferreira da Silva, Luciano Basto Oliveira, Luiz Claudio Orleans, Marcia Andreassy, Maria Fernanda Bacile Pinheiro, Marilene Dias Gomes, Monique Riscado da Silva, Natalia Goncalves de Moraes, Reinaldo da Cruz Garcia, Renata de Azevedo M. da Silva, Ricardo Dias das Neves, Rogrio Antnio da Silva Matos, Sergio Henrique Ferreira da Cunha, Silvana Andreoli Espig, Simone Saviolo Rocha

Estudos de gerao de energia eltricaCoordenao: Oduvaldo Barroso da Silva Equipe tcnica: Amaro Pereira, Anderson da Costa Moraes, Angela Regina Livino de Carvalho, Danielle Bueno de Andrade, Fernanda Gabriela B. dos Santos, Gabriel Malta Castro, Leonardo Augusto da Fonseca P. SantAnna, Maurcio Smola, Patricia Costa Gonzalez de Nunes, Pedro Americo Moretz-Sohn David, Renata Nogueira Francisco de Carvalho, Renato Haddad Simes Machado, Ronaldo Antonio de Souza, Simone Quaresma Brando, Tereza Cristina Paixo Domingues, Thas Iguchi, Thiago Correa Cesar

Estudos de transmisso de energia eltricaCoordenao: Paulo Csar Vaz Esmeraldo Equipe tcnica: Alexandre de Melo Silva, Aretha de Souza Vidal Campos, Armando Leite Fernandes, Carolina Moreira Borges, Daniel Jos Tavares de Souza, Daniela Florncio de Souza, Dourival de Souza Carvalho Junior, Edna Maria de Almeida Arajo, Fbio de Almeida Rocha,Fernando Hevelton Oliveira, Henrique de Abreu Oliveira, Joo Mauricio Caruso, Jurema Baptistella Ludwig, Marcelo Willian Henriques Szrajbman, Marcelo Loureno Pires, Maria Alzira Noli Silveira, Marcos Vincius da Silva Farinha, Maria de Ftima de Carvalho Gama, Maxwell Cury Junior, Priscilla de Castro Guarini, Roberto Luiz Magalhes Rocha, Thiago de Faria Rocha Dourado Martins, Tiago Campos Rizzotto, Vanessa Stephan Lopes, Vinicius Ferreira Martins

Estudos de petrleo e gs naturalCoordenao: Csar Dias Ramos Equipe tcnica: Adriana Queiroz Ramos, Aline Maria dos Santos, Aloysio Vasconcelos Filho, Ana Ceclia Souza Lima, Antonio Marco Siciliano, Carlos Augusto Ges Pacheco, Claudio Bettini, Henrique Plaudio Gonalves Rangel, Jefferson Acioli Machado, Ktia Souza de Almeida, Marcelo Ferreira Alfradique, Marco Stiel Radu Halpern, Marcos Frederico F. de Souza, Moiss de Souza Gomes, Norival Brisola, Regina Freitas Fernandes, Reneu Rodrigues da Silva, Roberta de Albuquerque Cardoso, Sergio Martins de Souza, Victor Hugo Trocate da Silva, Wellington de Oliveira Campos

Estudos de derivados de petrleo e biocombustveisCoordenao: Ricardo Nascimento e Silva do Valle Equipe tcnica: Amanda Pereira Arago, Angela Oliveira da Costa, Antnio Carlos Santos, Carlos Alberto Ferreira dos Reis, Clara Santos Martins, Euler Joo Geraldo da Silva, Frederico Ventorim, Gildo Gabriel da Costa, Giovani Vitria Machado, Jos Mauro Ferreira Coelho, Juliana Rangel do Nascimento, Lenidas Bially Olegario dos Santos, Marcelo Castello Branco Cavalcanti, Marisa Maia de Barros, Patrcia Feitosa Bonfim Stelling, Pedro Nin de Carvalho, Rachel Martins Henriques, Rafael Barros Araujo, Rafael Moro da Mata, Railson Oliveira Motta, Vitor Manuel do Esprito Santo Silva

Estudos socioambientaisCoordenao: Ricardo Cavalcanti Furtado Equipe tcnica: Ana Castro Lacorte, Andr Correia de Almeida, Carina Renn Siniscalchi, Carlos Frederico Menezes, Csar Maurcio Batista da Silva, Cristiane Moutinho Coelho, Federica Natasha Ganana A. dos Santos Sodr, Flavia Pompeu Serran, Giam Carmine Cupello Miceli, Glauce Maria Lieggio Botelho, Gustavo Ramos dos Santos, Hermani de Moraes Vieira, Ktia Gisele Soares Matosinho, Luciana lvares da Silva, Marcos Ribeiro Conde, Marcos Vincius Fernandes Amaral, Mrian Regini Nuti, Paula Cunha Coutinho, Paulo do Nascimento Teixeira, Rafael Feitosa Siqueira Lobo, Robson de Oliveira Matos, Thiago Oliveira Bandeira, Valentine Jahnel, Vernica Souza da Mota Gomes

APRESENTAO

Estado Brasileiro exerce, na forma da lei, as funes de planejamento, sendo determinante para o setor pblico e indicativo para o setor privado. Na rea energtica, cabe ao Conselho Nacional de Poltica Energtica CNPE a formulao de polticas e diretrizes de energia para o desenvolvimento nacional equilibrado. O Ministrio de Minas e Energia MME, responsvel pela implementao das polticas para o Setor Energtico e coordenao do planejamento energtico nacional, apresenta sociedade brasileira o Plano Decenal de Expanso da Energia PDE 2019. A publicao peridica do PDE representa um componente fundamental do processo de planejamento energtico. O PDE incorpora uma viso integrada da expanso da demanda e da oferta de recursos energticos no perodo decenal, definindo um cenrio de referncia, que sinaliza e orienta as decises dos agentes no mercado de energia, visando assegurar a expanso equilibrada da oferta energtica, com sustentabilidade tcnica, econmica e ambiental. O planejamento decenal constitui uma base slida para apoiar o crescimento econmico, dado que a expanso do investimento produtivo requer a oferta de energia com qualidade e confiabilidade. Desse modo, o Ministrio de Minas e Energia agradece a colaborao recebida de entidades da sociedade civil, rgos governamentais, empresas e agentes do setor energtico, a qual possibilitou o aprimoramento desta atividade de planejamento, assim como a inestimvel parceria com a Empresa de Pesquisa Energtica, responsvel pelo desenvolvimento dos estudos que subsidiaram a elaborao do Plano. O esforo contnuo deste Ministrio em prol do desenvolvimento nacional se efetiva plenamente no presente PDE 2019, proporcionando uma viso ampla e prospectiva para o setor energtico brasileiro. Braslia, abril de 2010 Mrcio Pereira Zimmermann Ministro de Estado de Minas e Energia

O

ESTRUTURA DO RELATRIO

Os diversos estudos contemplados neste relatrio foram agrupados nos quatro seguintes temas: I II III IV Contextualizao e demanda; Oferta de energia eltrica; Oferta de petrleo, gs natural e biocombustveis; e Aspectos de sustentabilidade.

Aps a Introduo, de carter geral, feita uma sntese das anlises e resultados referentes a cada um dos temas acima, desenvolvida em dez captulos. Em volume parte, denominado Sumrio Executivo, so consolidados os principais resultados e constataes deste PDE. A estrutura geral do relatrio a seguinte: INTRODUO CONTEXTUALIZAO E DEMANDA Captulo I Premissas Bsicas Captulo II Demanda de Energia OFERTA DE ENERGIA ELTRICA Captulo III Gerao de Energia Eltrica Captulo IV Transmisso de Energia Eltrica OFERTA DE PETRLEO, GS NATURAL E BIOCOMBUSTVEIS Captulo V Produo de Petrleo e Gs Natural Captulo VI Oferta de Derivados de Petrleo Captulo VII Oferta de Gs Natural Captulo VIII Oferta de Biocombustveis ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE Captulo IX Eficincia Energtica Captulo X Anlise Socioambiental CONSOLIDAO DE RESULTADOS

INTRODUO

O

presente Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 incorpora uma viso integrada da expanso da demanda e da oferta de diversos energticos no perodo decenal.

A elaborao pela EPE dos estudos associados a este Plano se desenvolveu contando com as diretrizes e o apoio da equipe da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico SPE/MME e da Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis SPG/MME. Adicionalmente, houve uma participao importante de tcnicos das empresas do setor eltrico, o que possibilitou conferir a qualidade, eficincia e eficcia necessrias ao processo de planejamento. No mbito do processo de Consulta Pblica realizada sobre o Plano Decenal anterior, foram recebidas contribuies de diversos rgos e entidades, tendo-se procurado acolher a maioria delas, o que aportou aprimoramentos a este instrumento de planejamento.

Contexto e enfoque dos estudosNo que tange ao ambiente econmico, os indicadores do nvel de atividade ao longo de 2009, tanto no Brasil quanto nos demais pases, ratificam a anlise de que tenha passado o pior da crise internacional que se estabeleceu a partir de setembro/2008. No caso brasileiro, o cenrio de referncia reflete a percepo relativamente disseminada entre os analistas de que um novo ciclo de crescimento forte e sustentado da economia brasileira esteja se consolidando para os prximos anos. Tal cenrio decorre das importantes iniciativas governamentais nas reas fiscal e monetria que possibilitaram debelar os efeitos da crise financeira internacional, aliadas aos fundamentos macroeconmicos construdos ao longo dos ltimos anos, contemplando um slido sistema bancrio, o respeito s regras contratuais, o bom desempenho da gesto macroeconmica, o que criou condies para que o Brasil venha enfrentando a crise em posio muito menos vulnervel do que no passado. No que concerne ao setor eltrico, o modelo institucional vigente atribui os principais papis na expanso do sistema de energia eltrica aos agentes, tanto de gerao e transmisso, quanto de distribuio, responsveis, respectivamente, pelos investimentos e pela contratao da maior parcela de energia, com antecedncia necessria implantao dos novos empreendimentos. Visando contribuir para a expanso do sistema, o planejamento decenal tem a funo de orientar e subsidiar: a realizao dos futuros leiles de compra de energia de novos empreendimentos de gerao e de transmisso; a definio de quais estudos de expanso da transmisso devem ser priorizados, bem como de quais estudos de viabilidade tcnico econmica e socioambiental de novas usinas geradoras realizar e, ainda, quais estudos de inventrios devero ser feitos ou atualizados. Confirmou-se em 2009 a solidez dos processos balizadores do modelo institucional vigente, concretizandose a continuidade dos leiles de energia nova, bem como das licitaes de empreendimentos de transmisso. Vale destacar, em 2009, a realizao, com sucesso, do leilo de energia de reserva especifico para fontes elicas, o qual permitiu caracterizar a competitividade dessa fonte renovvel para a expanso do sistema eltrico.

Um aspecto relevante a ser ressaltado quanto expanso da gerao no horizonte do presente Plano a indicao da retomada da participao das fontes renovveis na matriz eltrica a partir do ano de 2014, em detrimento das fontes baseadas em combustveis fsseis, contribuindo para o desenvolvimento sustentvel das fontes de gerao. O conceito de sustentabilidade constitui o paradigma que orientou os estudos socioambientais desenvolvidos para esta verso do Plano, tendo requerido a formulao de novos critrios e procedimentos. Para a anlise socioambiental dos projetos de gerao hidreltrica e transmisso, foram desenvolvidos ndices de sustentabilidade, segundo as interaes que realizam com o meio natural e com a sociedade. Esse novo enfoque tem como objetivo subsidiar os sucessivos ciclos de planejamento com novos projetos e alternativas mais sustentveis. Na rea de explorao e produo de petrleo e gs natural, com base nas reservas dos campos em produo e em desenvolvimento, nos volumes recuperveis de descobertas em avaliao e nas estimativas referentes a acumulaes a descobrir, elaboraram-se previses de produo de petrleo e gs natural. As demandas de derivados de petrleo, confrontadas com as previses de produo, permitem antever as condies de atendimento ao mercado, as possibilidades de exportao de petrleo e seus derivados, bem como os investimentos necessrios no parque de refino e na infraestrutura logstica de petrleo e seus derivados. Prev-se, para o prximo decnio, um papel mais relevante para o Brasil no mercado mundial de petrleo, atuando como exportador lquido, no s de petrleo, como tambm de derivados, em funo da produo em campos j delimitados e do desenvolvimento da produo dos campos descobertos na rea do Pr-Sal (reas Contratadas at a 10a. Rodada de Licitaes da ANP), assim como da expanso do parque nacional de refino. As projees de demanda de gs natural foram obtidas em um processo que envolveu a anlise crtica de dados obtidos em pesquisas realizadas pela EPE junto Associao Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gs Canalizado (ABEGS), s companhias distribuidoras de gs canalizado e a consumidores industriais de gs natural. Um aspecto fundamental na avaliao da penetrao do gs natural na indstria refere-se competio direta com o leo combustvel, primordialmente atravs dos preos relativos do leo e do gs natural. Alm disso, outros aspectos tais como a preferncia do gs natural em processos industriais que exigem elevado grau de pureza do produto final foram elementos essenciais considerados nessa anlise. O cenrio adotado de preos relativos do leo combustvel e do gs natural confere uma ligeira vantagem ao gs, no curto prazo, e equipara os preos no restante do horizonte decenal. Projeta-se para o perodo decenal uma ampliao da participao do gs nacional na oferta total de gs, devido ao incremento da produo interna. Prev-se tambm a manuteno da importao de gs natural boliviano e de GNL (atravs dos terminais instalados no Rio de Janeiro e no Cear) objetivando atendimento ao crescimento da demanda, mesmo considerando a perspectiva de novos terminais de GNL alm dos dois terminais do Rio de Janeiro e do Cear que iniciam sua operao em 2009. Prev-se tambm que a importao de gs boliviano permanecer estvel nos nveis atuais.

Quanto aos biocombustveis lquidos, foram analisadas as condicionantes de demanda e as perspectivas de atendimento, focando o etanol carburante e o biodiesel. Para o etanol carburante analisou-se sua competitividade em relao gasolina no mercado de veculos flex fuel, que apresenta taxas de crescimento expressivas, bem como o potencial de expanso da capacidade de oferta, sua logstica de transporte e estimativa de investimentos associados, assim como o mercado internacional, avaliando-se as possibilidades de exportao do excedente de etanol. Foram tambm quantificadas a produo de cana-de-acar e a rea necessria para o atendimento demanda interna e exportao. No que tange ao biodiesel, foram analisados os aspectos de disponibilidade de insumos, a capacidade de processamento e de escoamento da produo, o potencial de consumo, a perspectiva de preos nacionais e sua competitividade face ao diesel fssil, bem como a existncia de condies para que a demanda ultrapasse as metas legais estabelecidas. Quanto biomassa de cana-de-acar para a gerao de energia eltrica, foi analisada a quantidade de energia advinda desta fonte j contratada pelo setor eltrico, assim como foi estimada a oferta de biomassa de cana e seu potencial tcnico de gerao de energia eltrica no perodo decenal. Finalmente, cumpre ressaltar a importncia deste Plano como instrumento de planejamento para o setor energtico nacional, no obstante a natureza dinmica do processo de planejamento, fruto dos condicionantes macroeconmicos e setoriais internacionais e nacionais que se modificam frequentemente.

SUMRIO

CONTEXTUALIZAO E DEMANDA Captulo I Premissas Bsicas Captulo II Demanda de Energia OFERTA DE ENERGIA ELTRICA Captulo III Gerao de Energia Eltrica Captulo IV Transmisso de Energia Eltrica OFERTA DE PETRLEO, GS NATURAL E BIOCOMBUSTVEIS Captulo V Produo de Petrleo e Gs Natural Captulo VI Oferta de Derivados de Petrleo Captulo VII Oferta de Gs Natural Captulo VIII Oferta de Biocombustveis ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE Captulo IX Eficincia Energtica Captulo X Anlise Socioambiental CONSOLIDAO DE RESULTADOS Referncias Bibliogrficas Lista de Tabelas Lista de Grficos Lista de Figuras Agradecimentos 256 265 302 304 315 320 323 324 160 171 203 223 50 91 16 26

Fonte: Banco de imagens ANEEL

CONTEXTUALIZAO E DEMANDA

I 1 1.1 1.2 1.3 2 2.1 2.2 3 3.1 3.2 II 1 2 3 3.1 3.2 3.3 4 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 6 6.1 6.2 6.3 7

PREMISSAS BSICAS Cenrio Macroeconmico de Referncia Economia Internacional e Nacional: conjuntura e perspectivas Aspectos Qualitativos do Cenrio de Referncia Quantificao do Cenrio de Referncia Premissas Demogrficas Projeo da Populao Total Residente Projeo do Nmero de Domiclios Premissas Setoriais Expanso da atividade industrial3 Expanso da atividade no setor residencial DEMANDA DE ENERGIA Etapas do processo Projeo Consolidada do Consumo Final por Fonte Energia Eltrica Projeo do Consumo Projeo da Carga Comparao entre as Projees do PDE 2019 e do PDE 2017 Gs Natural Derivados de Petrleo leo Diesel Gs Liquefeito do Petrleo (GLP)3 Gasolina automotiva Querosene de aviao (QAV) leo combustvel e outros secundrios de petrleo Produtos no-energticos do petrleo Nafta Biocombustveis Biocombustveis lquidos Biomassa da cana Biomassa da lenha e carvo vegetal Carvo Mineral e Coque

16 16 17 18 18 22 22 22 23 23 25 26 26 27 29 29 31 32 33 35 35 36 37 39 40 41 42 43 43 44 45 47

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

I PREMISSAS BSICASNeste captulo inicial so apresentadas as premissas bsicas consideradas nos estudos deste Plano, abrangendo o cenrio macroeconmico de referncia, as perspectivas de preos do petrleo, as premissas demogrficas e as premissas setoriais. Outras premissas, de carter mais especfico dos diversos temas abordados, so citadas separadamente nos captulos que se seguem. As premissas demogrficas, macroeconmicas e setoriais, assim como aquelas relativas eficincia energtica e autoproduo , tm papel fundamental na determinao da dinmica do consumo de energia, com implicao direta no comportamento de vrios indicadores setoriais. Por exemplo, o consumo de energia no setor residencial depende de variveis demogrficas, como a populao, o nmero de domiclios e o nmero de habitantes por domiclio, e de variveis relativas expanso da renda e do PIB. Essas mesmas variveis influenciam, tambm, outros setores de consumo, como o caso de comrcio e servios. J o setor industrial mantm uma relao no s com a economia nacional, mas tambm com a economia mundial, em funo dos segmentos exportadores. Os estudos prospectivos setoriais, principalmente dos segmentos energointensivos, no que se refere a alternativas de expanso, rotas tecnolgicas e caractersticas de consumo energtico, so essenciais para a projeo do consumo de energia dessa importante parcela do mercado. Alm disso, na indstria que a autoproduo de energia ganha maior relevncia. A autoproduo de eletricidade desloca parcela do consumo final de energia que, dessa forma, no compromete o investimento na expanso do parque de gerao do setor eltrico brasileiro. Em adio, extremamente importante a formulao de premissas de eficincia energtica, as quais perpassam todos os setores de consumo, sendo, muitas vezes, considerada a forma mais econmica de atendimento da demanda. As premissas de eficincia energtica utilizadas na projeo de demanda de energia so tratadas parte, no Captulo IX.

1.Cenrio Macroeconmico de RefernciaNa anlise prospectiva da demanda por energia no longo prazo, tem-se utilizado a tcnica de elaborao de cenrios com o objetivo de delinear o ambiente, notadamente o contexto econmico, ao qual estaro referidas as projees da demanda por energia. Os estudos do Plano Decenal de Energia (PDE) tm como importante balizador a anlise de longo prazo conduzida no mbito do Plano Nacional de Energia, o PNE 2030, que estabelece, dessa maneira, as condies de contorno para a trajetria das principais variveis relacionadas ao setor energtico. Esta relao se d dentro do contexto do cenrio de referncia B1, conforme esquematizado na Figura 1. Figura 1 Cone de cenrios: Relao entre o PDE 2019 e o PNE

PDE 20191 trajetria mais provvel: 1-5 ano = Definido 6-10 ano = Normativo Anlises de sensibilidade

Cenrios A

PNE 2030Diagnstico Diretrizes Estratgia Sinalizao Cenrios possveis

x

B1 B2

5

10

15

20

C25

Horizonte de anlise (anos)

Ministrio de Minas e Energia MME

Premissas BsicasAlm disso, so tambm considerados os elementos conjunturais, bem como as definies e estratgias de mdio prazo, que podem influenciar parmetros relevantes no horizonte decenal, em particular, as taxas de expanso da economia. De relevante interesse neste PDE o desdobramento dos efeitos da crise financeira internacional, agravada especialmente a partir de setembro de 2008, sobre as perspectivas econmicas dos prximos 10 anos. No obstante, a recuperao do nvel de atividade econmica em ritmo mais rpido do que o esperado tem ensejado projees de crescimento em patamar ligeiramente inferior (entre 4,0% e 4,5% ao ano) ao de antes da crise (de aproximadamente 5,0% ao ano). O PDE 2019 considera que o Brasil tem uma expanso econmica relativamente melhor (em torno de 5,0% ao ano). As justificativas desse desempenho relativo superior so apresentadas a seguir.

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1.1 Economia Internacional e Nacional: conjuntura e perspectivasO desempenho dos indicadores do nvel de atividade econmica ao longo de 2009, tanto no Brasil quanto nos demais pases, tem ratificado a anlise de que o pior da crise tenha passado, com a retomada da expanso global (FMI, 2009a). No caso brasileiro, a recuperao da economia, verificada especialmente no 2 semestre de 2009, deve se intensificar ao longo de 2010, em consonncia com o desempenho dos pases emergentes mais dinmicos, e continuar acima da mdia mundial ao longo do horizonte decenal, em conformidade com uma das principais hipteses qualitativas dos cenrios de longo prazo da EPE. A discusso mais detalhada das perspectivas econmicas do mundo e do Brasil conduzida na sequncia.

Economia InternacionalComo assinalada no PDE 2008 2017, a forte contrao do nvel de atividade econmica e do comrcio mundial que se seguiu a setembro de 2008 no pde ser evitada apesar da vigorosa resposta dos governos nacionais em tentar minimizar seus efeitos negativos. Embora a retomada da atividade global tenha se iniciado, com a visvel distenso das inquietaes relacionadas ao sistema financeiro internacional, a expectativa corrente do FMI a de uma estabilizao desigual e uma recuperao vagarosa (especialmente no que se refere ao nvel de emprego nos pases desenvolvidos), demandando, assim, uma gesto de poltica macroeconmica diferenciada ao longo dos prximos anos: no presente, buscando a necessria sustentao dos nveis de demanda (especialmente em pases-chave do ponto de vista de supervit em transaes correntes), mas que dever preparar o terreno para um desmanche ordenado dos nveis extraordinrios de interveno pblica em algum momento no futuro (FMI, 2009b). A questo da recuperao desigual na atividade econmica emerge como uma caracterstica importante dos ltimos anos que parece atravessar o rescaldo da crise. A elevao recente dos preos das commodities a partir do primeiro semestre de 2009 reforou, de certa maneira, a viso de uma recuperao mais rpida em alguns pases emergentes, visto sua relevncia para os saldos de transaes correntes e, portanto, para o nvel de atividade econmica desses pases. Em resumo, fundamental para a recuperao econmica mundial , segundo o FMI (2009a, 2009b) a pronta restaurao da sade do setor financeiro mundial com o restabelecimento da confiana neste setor. As medidas tomadas pelos governos dos pases desenvolvidos para a limpeza dos ativos txicos dos balanos das instituies financeiras, mesmo tendo um efeito positivo no curto prazo, ainda suscitam alguma dvida quanto ao seu sucesso a longo prazo. Um ponto importante a se considerar adicionalmente a reestruturao da indstria automobilstica mundial, em particular a americana. A interveno governamental pode gerar a oportunidade para a introduo de tecnologias mais eficientes do ponto de vista ambiental e de consumo energtico no mercado americano. Nos pases emergentes com grande mercado consumidor (China, ndia e Brasil), pode haver uma expanso mais forte do setor automobilstico baseado em menores custos de produo (mo de obra, especialmente) e em inovaes (carros mais compactos e de menor preo, uso de combustveis menos poluentes, etc.). A forma que tomar essa reestruturao poder moldar de forma significativa a demanda de energia no futuro.

Empresa de Pesquisa Energtica EPE

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019Economia NacionalCom o forte impacto da crise no comrcio mundial e nas restries de crdito no fim de 2008 e incio de 2009, tanto o setor industrial quanto as exportaes (manufaturados) e as importaes (especialmente, de bens de capital) foram muito prejudicados. Ainda pelo lado da demanda, vale destacar a contrao significativa ocorrida do investimento, cuja expanso nos ltimos anos vinha ocorrendo acima do PIB. No entanto, o resultado mais recente do Produto Interno Bruto PIB, referente ao 3 trimestre de 2009, reitera a importncia das polticas governamentais tomadas em resposta crise financeira internacional no que diz respeito s polticas fiscal (reduo seletiva de impostos) e monetria (reduo dos depsitos compulsrios e da taxa bsica de juros). Essas iniciativas do governo, aliadas aos fundamentos macroeconmicos construdos ao longo dos ltimos anos, contemplando um slido sistema bancrio, o respeito s regras contratuais, o bom desempenho da gesto macroeconmica, criaram condies para que o Brasil venha enfrentando a crise em posio muito menos vulnervel do que no passado. Dessa forma, de acordo com o consenso que ora emerge entre os analistas, a perspectiva de crescimento em 2010 bastante positiva, aps a desacelerao em 2009, fruto de uma expectativa de relativa estabilidade na economia mundial, dos efeitos defasados das polticas monetria e fiscal sobre a economia brasileira, alm do carregamento estatstico (carry over), por conta da acelerao da expanso no 2 semestre de 2009. Por fim, o sucesso em debelar os efeitos da crise e a significativa expanso da atividade econmica esperada para 2010 tm pavimentado a percepo relativamente disseminada entre os analistas de que um novo ciclo de crescimento forte e sustentado da economia brasileira esteja se consolidando para os prximos anos. O cenrio de referncia descrito a seguir tambm reflete, de modo geral, esta viso comum.

1.2 Aspectos Qualitativos do Cenrio de RefernciaDo ponto de vista qualitativo, o crescimento da economia brasileira continua a superar a mdia mundial, mesmo em um contexto internacional de expanso mais moderada como a do primeiro quinqunio, refletindo os desdobramentos da crise financeira internacional. No entanto, a trajetria de crescimento nacional no horizonte decenal est calcada na expectativa de que os pases emergentes (em particular a China) vo retomar o crescimento mais rapidamente do que os pases desenvolvidos e, dado seu padro de desenvolvimento, afetar positivamente setores em que o Brasil possui importantes vantagens comparativas como celulose, agropecuria, siderurgia e a indstria extrativa mineral. Adicionalmente, a manuteno (e eventual expanso) do investimento em infraestrutura e no setor habitacional nos prximos anos contribuir para um desempenho relativo melhor de setores como a construo civil. Este padro de crescimento caracterizado por avanos importantes na resoluo de gargalos na infraestrutura, ainda que no sejam completamente superados no horizonte decenal, e pelo aumento da Produtividade Total dos Fatores (PTF), concentrado nos segmentos mais dinmicos da economia. Na questo energtica, o esforo domstico de aumento de reservas e produo de petrleo e gs elimina gradualmente os riscos de segurana de abastecimento, embora questes ambientais possam ganhar peso maior na deciso do aproveitamento timo dos recursos.

1.3 Quantificao do Cenrio de RefernciaEm sntese, o principal resultado da avaliao qualitativa do cenrio considerado no PDE 2019 que se espera que o crescimento da economia brasileira esteja acima da mdia mundial nos prximos 10 anos (Tabela 1), como j apontado em estudos anteriores da EPE. Tabela 1 Taxas de crescimento do nvel de atividade (mdias no perodo)Indicadores Econmicos PIB mundial (% a.a.) Comrcio mundial (% a.a.) PIB nacional (% a.a.) Fonte: IBGE e FMI (dados histricos) e EPE (projees) Histrico 19992003 3,4 5,4 1,9 20042008 4,6 7,4 4,7 20102014 4,2 7,1 5,2 Projeo 20152019 4,0 6,5 5,0

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Premissas BsicasA recuperao da economia mundial ao longo de 2009, em ritmo melhor do que o esperado, tem levado a uma reviso para cima da trajetria da economia mundial tanto do comrcio de bens e servios como do PIB, embora deva ocorrer em um patamar menor do que o ltimo ciclo de crescimento. No entanto, o impacto decorrente dos desdobramentos da crise ainda est por vir: a maior regulao sobre o sistema financeiro internacional e os efeitos de polticas econmicas voltadas para a sustentao da solvncia do setor pblico reduzem parcialmente o montante de investimento disposio de projetos nos prximos 10 anos. Com isto, a taxa mdia de crescimento do PIB mundial a partir do segundo quinqunio atinge a casa dos 4,0% ao ano. Dentre as principais variveis exgenas consideradas no Modelo de Consistncia Macroeconmica de Longo Prazo MCMLP (Tabela 2), vale destacar as trajetrias da taxa de poupana e da Produtividade Total dos Fatores (PTF). Tabela 2 Principais variveis exgenas (mdias no perodo)Indicadores Econmicos Taxa de poupana (% PIB) PTF(1)

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Histrico 19992003 14,0 -0,1 20042008 17,6 1,6 20102014 19,9 1,2

Projeo 20152019 22,0 1,5

(variao % a.a.)

Nota: (1) Para clculo da PTF ver Souza Jr. (2005) Fonte: IBGE e FMI (dados histricos) e EPE (projees)

Neste cenrio, a taxa de poupana de longo prazo da economia brasileira avana, e mais significativamente no segundo perodo, especialmente por conta do sucesso em derrubar, ao longo do horizonte, as restries a uma poupana pblica mais elevada. Alm disso, contribui para o aumento da taxa de poupana a maior lucratividade das empresas, j que uma parte dos investimentos financiada por lucros retidos. J o crescimento da PTF est mais relacionado ao desempenho de setores especficos, especialmente aqueles em que o pas apresenta vantagem comparativa, no primeiro quinqunio. Porm, a forte evoluo do investimento, governada pela expectativa de crescimento continuado da economia brasileira, acaba gerando incentivos ao aumento da PTF na economia com um todo, em particular no segundo quinqunio. A trajetria do preo do petrleo fundamental para a projeo de diversos aspectos da demanda e da oferta de energia do Brasil e sua evoluo esperada (no que se refere ao tipo Brent) por quinqunio apresentada na Tabela 3. Tabela 3 Evoluo do preo do petrleo tipo BrentIndicadores Econmicos Preo do petrleo tipo Brent (U$ maio2008/barril) Fonte: Elaborao EPE Histrico 19992003 32,69 20042008 73,01 82,79 Projeo 20102014 20152019 91,36

Levando em considerao a trajetria de crescimento econmico mundial admitida neste PDE, prev-se, mesmo reconhecendo as diversas incertezas de mercado, a progressiva retomada do crescimento da demanda mundial de petrleo at 2012 e sua moderao a partir de ento. Essa tendncia de moderao da demanda de petrleo no final do horizonte do PDE reforada tambm pelas polticas de substituio de derivados e de eficincia energtica institudas pelos governos dos pases grandes consumidores de energia. No cenrio de oferta de petrleo, considera-se uma defasagem at 2013-2014 da expanso da oferta em relao recuperao da demanda por petrleo aps a superao da crise econmica internacional. Isto porque a forte queda da demanda por petrleo e as restries de crdito para financiar investimentos levaram ao cancelamento/adiamento de projetos de E&P em 2008-2009. Assim, acredita-se que, superada a crise, no haja tempo hbil para a retomada dos investimentos em ritmo compatvel com a recuperao da demanda, de tal forma que o mercado ficar novamente apertado at 2015. A prpria capacidade ociosa dos pases da OPEP, que cresceu em 2008-2009 em decorrncia da poltica de quotas de produo da organizao, cair para patamares mais modestos medida que a demanda por petrleo se recupere. Empresa de Pesquisa Energtica EPE

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019Com essa evoluo do balano de oferta e demanda, haver um novo ciclo de alta de preos, com a cotao do petrleo Brent alcanando mais uma vez o patamar de US$ 100/b. A partir de 2015, a combinao dos seguintes efeitos dever levar a um novo balano de oferta-demanda de petrleo, amenizando os preos do petrleo: i) a retomada e maturao de projetos de E&P, que haviam sido cancelados ou adiados por causa da crise; ii) a moderao do crescimento econmico mundial; iii) o prprio efeito da alta de preos sobre a demanda de derivados; iv) a maturao de polticas de substituio de derivados e de eficincia energtica. Dessa forma, as cotaes do Brent devero cair, nesse cenrio, abaixo do patamar de US$ 85/b no final do horizonte (a valores constantes de maio de 2008). As taxas de investimento (em proporo ao PIB) requeridas para sustentar a taxa mdia de crescimento considerada no cenrio de referncia so apresentadas na Tabela 4, com elevao significativa da taxa mdia de investimento ao longo do horizonte. O redirecionamento dos fluxos internacionais de investimento para mercados com grande potencial de crescimento, a menor taxa de juros real de equilbrio ao longo do horizonte de estudo, a aplicao de maiores lucros retidos das empresas, entre outros fatores, explicam a elevao da taxa de investimento total em relao ao histrico recente. Destaca-se adicionalmente a importncia do investimento pblico em infraestrutura (BNDES, 2009) especialmente nos primeiros anos do horizonte decenal. Tabela 4 Investimento e PIB (mdias no perodo)Indicadores Econmicos Taxa de investimento total (% PIB) (1) Taxa de investimento pblico (1) (2) Taxa de crescimento do PIB (% a.a.) Notas: (1) Taxas de investimento a preos correntes (2) Inclui empresas estatais federais Fonte: IBGE e Ministrio do Planejamento (dados histricos) e EPE (projees) Histrico 19992003 16,2 1,8 1,9 20042008 16,9 2,1 4,7 20102014 20,3 2,8 5,2 Projeo 20152019 22 3,0 5,0

No quadro fiscal, como mostra a Tabela 5, em que pese um investimento pblico maior, a trajetria das principais variveis mostra um quadro relativamente controlado no pas, especialmente quando comparado com a situao de forte deteriorao dos dficits oramentrios em diversos pases em decorrncia da atuao agressiva dos governos para manter os nveis de demanda domstica. A reduo das taxas de juros reais diminui a importncia da conta de juros em relao ao PIB na dinmica de evoluo da dvida, o que abriria espao para uma eventual reduo do supervit primrio ao longo do horizonte. Por fim, a dvida lquida do setor pblico em proporo do PIB continua em queda ao longo de todo o horizonte decenal. Tabela 5 Indicadores econmicos do setor pblico (mdias no perodo)Indicadores Econmicos Supervit primrio (% PIB) Dficit nominal (% PIB) Dvida lquida do setor pblico ( % PIB) Histrico 19992003 3,5 4,1 48,2 20042008 4,1 2,4 44,8 20102014 2,5 2,2 40,2 Projeo 20152019 2,0 1,1 31,5

Fonte: Banco Central (dados histricos) e EPE (projees)

J os resultados do setor externo so apresentados na Tabela 6.

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Premissas BsicasTabela 6 Indicadores econmicos do setor externo (mdias no perodo)Indicadores Econmicos Exportaes (US$ bilhes) Importaes (US$ bilhes) Balana comercial (US$ bilhes) Investimento externo direto (US$ bilhes) Saldo em transaes correntes (% PIB) Histrico 19992003 59,0 51,2 7,7 22,1 -2,6 20042008 142,2 104,3 37,9 26,3 0,6 20102014 207,7 222,6 -14,9 45,2 -3,4 Projeo 20152019 302,3 295,1 7,1 50,0 -1,7

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Fonte: Banco Central (dados histricos) e EPE (projees)

A recente crise financeira afeta especialmente as exportaes no primeiro quinqunio. Ainda assim, quando comparadas ao histrico, as mdias do volume exportado crescem, e mais fortemente no segundo quinqunio, refletindo o padro de crescimento econmico mundial e as vantagens comparativas do pas. J as importaes continuam crescendo em funo da expanso econmica domstica. Com isso, o saldo da balana comercial atinge valores negativos j no primeiro quinqunio. A evoluo do investimento externo direto (IED) tambm condicionada pelo bom posicionamento de alguns setores da economia brasileira nos mercados mundiais, o que cria incentivos atrao de investimentos externos j nos primeiros cinco anos do horizonte, e depois cresce mais com a continuidade do crescimento econmico brasileiro. J o saldo em transaes correntes volta a ficar deficitrio. Contudo, importante notar que, quando comparados ao PIB, os dficits projetados ainda continuam relativamente confortveis do ponto de vista do seu financiamento nos mercados internacionais, ainda mais levando-se em conta o influxo esperado de IED no horizonte decenal. A evoluo setorial do PIB tambm reflete os impactos da crise financeira. Em particular, a indstria tem sido o setor mais afetado, esperando-se uma trajetria de recuperao mais lenta no primeiro quinqunio e mais intensa no segundo perodo. Nesse sentido, os segmentos de siderurgia, celulose, extrativa mineral e a agroindstria que apresentam vantagens comparativas e que so puxados pelas demandas dos pases emergentes mais dinmicos continuam a se beneficiar da recuperao econmica baseada no desempenho dos pases emergentes. No caso dos segmentos mais ligados dinmica de expanso domstica, o crescimento se concentra naqueles que esto relacionados infraestrutura e construo civil, refletindo a melhoria nas condies de crdito de longo prazo e em programas governamentais de incentivo a esses segmentos, ao longo do tempo. As projees decenais das participaes relativas setoriais na economia e na indstria so apresentadas na Tabela 7. Tabela 7 Participao setorial relativaParticipao Relativa % PIB nacional Agropecuria Indstria Servios % PIB indstria Extrativa Transformao Construo civil Prod. e dist. de energia eltrica, gua e gs Fonte: IBGE (dados histricos) e EPE (projees) 5,4 63,0 19,5 12,1 9,0 60,9 17,2 12,9 13,3 56,4 18,8 11,5 14,4 54,7 19,4 11,5 6,2 27,1 66,7 6,2 28,8 65,0 5,9 26,6 67,6 6,0 27,3 66,7 Histrico 19992003 20042008 20102014 Projeo 20152019

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

2. Premissas DemogrficasAo longo das ltimas dcadas, o Brasil tem passado por profundas transformaes no seu perfil demogrfico, no s em termos da dinmica de crescimento populacional, mas tambm com relao sua distribuio espacial, ao seu rpido processo de urbanizao, pirmide etria, entre outros aspectos. Por sua vez, esses diferentes aspectos da evoluo demogrfica, por conta dos seus importantes efeitos sociais e econmicos, acabam se refletindo de forma significativa em termos do consumo de energia. Assim sendo, preocupao bsica de qualquer estudo prospectivo da demanda de energia estabelecer premissas com relao ao comportamento futuro da populao. Nesta seo apresenta-se uma reviso significativa dos nmeros divulgados no PDE 2008-2017 sobre as projees sociodemogrficas de interesse para o planejamento energtico. As novas estimativas levam em conta a atualizao das projees do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2008) baseadas na identificao das tendncias demogrficas observadas nos ltimos anos, tais como a reduo das taxas de fecundidade e de mortalidade, envelhecimento da populao brasileira e, em particular, uma taxa mdia de crescimento populacional consideravelmente menor. Alm disso, objetivando a compatibilizao com os estudos de planejamento energtico, os nmeros divulgados pelo IBGE foram ajustados de forma que os dados populacionais tenham como referncia a data de 31 de dezembro de cada ano. As projees da populao total residente e de domiclios do pas e desagregada por regies geogrficas so apresentadas na sequncia.

2.1 Projeo da Populao Total ResidenteConforme observado na Tabela 8, estima-se que o crescimento populacional brasileiro nos prximos 10 anos ser maior nas regies Norte e Centro-Oeste, aumentando a participao dessas duas regies no total da populao do pas, mantendo, assim, a tendncia histrica verificada nos ltimos anos. Este ganho, entretanto, no ser suficiente para provocar uma mudana estrutural na diviso populacional do pas no horizonte decenal: no fim do perodo, a regio Sudeste continuar a ser a grande concentradora da populao nacional, com 42% de toda populao do pas, enquanto as regies Norte e Centro-Oeste correspondero, juntas, a apenas 15%.

Tabela 8 Brasil e regies, 20102019: projeo da populao total residente (mil hab)Ano 2010 2014 2019 20102014 20152019 20102019 2010 2014 2019 Norte 15.663 16.371 17.110 1,1 0,9 1,0 8,0 8,2 8,3 Nordeste 54.294 55.934 57.649 0,7 0,6 0,7 28,0 27,9 27,9 Sudeste 81.932 84.307 86.788 Variao mdia (% ao ano) 0,7 0,6 0,6 Estrutura de participao (%) 42,2 42,1 42,0 14,5 14,4 14,3 7,3 7,4 7,5 100,0 100,0 100,0 0,6 0,5 0,6 1,1 0,9 1,0 0,8 0,6 0,7 Sul 28.028 28.750 29.504 Centro-Oeste 14.174 14.825 15.505 Brasil 194.091 200.186 206.556

Nota: Populao em 31 de dezembro. Fonte: Elaborao EPE

2.2 Projeo do Nmero de DomicliosO nmero de domiclios estimado com base na relao habitante/domiclio, um indicador cuja evoluo pode ser extrada dos censos realizados nos anos 1970, 1980, 1991 e 2000. No Brasil, espera-se que este valor atinja 2,8 habitantes por domiclio no final do horizonte decenal.

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Premissas BsicasA tendncia decrescente da relao do nmero de moradores por domiclio se deve especialmente queda mais expressiva do crescimento populacional que, por sua vez, reflexo, como visto, da queda da taxa de fecundidade total. Entender as perspectivas de evoluo dessa relao fundamental j que, aplicada evoluo da populao do IBGE, possibilita estimar o nmero total de domiclios, varivel fundamental para a projeo do consumo residencial de energia. Na Tabela 9 so apresentados os resultados das projees do nmero total de domiclios particulares permanentes do Brasil e das regies para o perodo de 2010 a 2019. Tabela 9 Brasil e regies, 20102019: projeo do nmero de domiclios (mil)Ano 2010 2014 2019 2010-2014 2015-2019 2010-2019 2010 2014 2019 Norte 4.259 4.725 5.305 2,6 2,3 2,5 7,0 7,1 7,2 Nordeste 15.295 16.660 18.384 2,2 2,0 2,1 25,2 25,0 24,9 Sudeste 27.152 29.692 32.917 2,3 2,1 2,2 44,7 44,6 44,5 Sul 9.591 10.533 11.723 2,4 2,2 2,3 15,8 15,8 15,8 Centro-Oeste 4.547 5.051 5.663 2,7 2,3 2,5 7,4 7,6 7,6 Brasil 60.844 66.662 73.992 2,3 2,1 2,2 100,0 100,0 100,0

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Variao mdia (% ao ano)

Estrutura de Participao (%)

Notas: Domiclios em 31 de dezembro. Fonte: Elaborao EPE Domiclios em 31 de dezembro. Fonte: Elaborao EPE.

De acordo com as projees, tem-se um aumento de participao das regies Norte e Centro-Oeste no nmero total de domiclios do pas em detrimento das regies Nordeste e Sudeste. A regio Sul mantm sua participao em 15,8% do total de domiclios.

3. Premissas Setoriais3.1 Expanso da atividade industrialCom a retrao do comrcio internacional provocada pela crise financeira internacional houve a necessidade de reviso dos cenrios de expanso dos respectivos segmentos industriais, no apenas pelo efeito direto de reduo da demanda externa, como tambm pelo efeito indireto das relaes intersetoriais. Por exemplo, a indstria siderrgica foi um dos segmentos mais fortemente atingidos, incluindo a sua cadeia a montante (minrio de ferro, pelotizao, ferroligas) e a jusante (produtos do ao). De modo geral, as projees setoriais de demanda de energia so elaboradas de acordo com o segmento industrial em estudo, partindo-se do seguinte conjunto de premissas: Para os setores que englobam uma gama de produtos mais heterognea (por exemplo, qumica, alimentos e bebidas, txtil, cermica, outras indstrias, no-ferrosos, excluindo-se alumnio, alumina e cobre, e outros da metalurgia), utiliza-se como premissa a evoluo do valor adicionado setorial proveniente do cenrio macroeconmico estabelecido como referncia pela EPE, de acordo com a abertura setorial contida no Balano Energtico Nacional BEN (EPE, 2008b); Para os setores com produo mais homognea (por exemplo, alumnio/alumina/cobre, siderurgia, ferroligas, papel/celulose e cimento), as principais premissas referem-se s perspectivas de expanso da capacidade instalada de produo de cada setor, compatveis com o cenrio macroeconmico adotado, dinmica dos mercados interno e externo dos respectivos produtos e ao comportamento da demanda interna frente ao crescimento da economia. Para as indstrias de alumnio (incluindo alumina e bauxita), siderurgia (ao bruto), ferroligas, pelotizao, cobre, celulose e papel, soda-cloro, petroqumica e cimento, so realizados estudos especficos relativos ao consumo de eletricidade, dado que esses segmentos so responsveis por cerca de 40% do consumo industrial de energia eltrica. Empresa de Pesquisa Energtica EPE

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019As perspectivas de expanso da capacidade instalada contemplaram a anlise crtica de informaes obtidas junto rea de Estudos Setoriais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) e a associaes de classe dos diversos grupos industriais, bem como informaes divulgadas na mdia em geral. As premissas de expanso de capacidade instalada e produo fsica para os grandes consumidores industriais de energia (entre os quais se destacam a indstria do cobre, que triplica no perodo decenal e as indstrias siderrgica e de celulose, cujas produes crescem aproximadamente 125% e 100%, respectivamente) so apresentadas na Tabela 10, enquanto a Tabela 11 mostra a evoluo dos consumos especficos mdios de eletricidade desses grandes consumidores industriais. Tabela 10 Grandes consumidores industriais: capacidade instalada e produo fsica (mil t/ano)Setor Bauxita Alumina Alumnio Siderurgia Ferroligas Pelotizao Cobre Soda-Cloro Petroqumica Celulose Pasta mecnica Papel Cimento (2) Capacidade instalada (1) 2010 31.435 9.418 1.610 44.030 1.406 54.250 776 1.724 3.790 15.131 520 11.112 2014 43.394 13.409 1.738 57.120 1.562 68.000 1.786 2.172 5.190 20.381 520 14.239 2019 53.394 16.769 2.155 78.600 1.962 83.500 2.358 2.882 5.790 28.931 820 19.854 2010 29.863 8.947 1.530 32.142 1.125 46.113 699 1.552 3.544 13.149 494 10.000 54.106 Produo fsica 2014 41.224 12.738 1.668 52.550 1.484 64.600 1.696 2.020 4.931 19.415 504 13.100 70.039 2019 50.724 15.930 2.069 72.312 1.864 79.325 2.240 2.681 5.501 28.041 795 18.266 95.127

Notas: (1) As capacidades instaladas e produes dos setores de siderurgia, soda-cloro e petroqumica so referentes aos respectivos produtos: ao bruto, soda custica e eteno. (2) Admitiu-se que o setor de cimento, que tradicionalmente vem operando com excesso de capacidade instalada, se adequar ao atendimento da expanso da demanda interna. Fonte: Elaborao EPE

Vale observar que o consumo especfico de eletricidade no segmento de ferroligas aumenta ao longo do horizonte, dado que o cenrio de expanso deste setor contempla participao crescente de ferronquel, cujo consumo especfico oscila entre 13,0 e 13,5 MWh/t, bem superior ao consumo mdio do segmento. Tabela 11 Grandes consumidores industriais: consumo especfico mdio de eletricidade (kWh/t)Setor Bauxita Alumina Alumnio Siderurgia Ferroligas Pelotizao Cobre Soda-Cloro Petroqumica Celulose Pasta mecnica Papel Cimento Fonte: Elaborao EPE 2010 13 298 14.767 498 7.161 49 1.555 2.725 1.581 883 2.187 695 99 2014 13 296 14.650 485 7.505 48 1.511 2.663 1.588 871 2.171 688 98 2019 13 293 14.486 461 8.204 48 1.495 2.601 1.579 864 2.153 681 97

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Premissas Bsicas3.2 Expanso da atividade no setor residencialNo setor residencial brasileiro, destacam-se os consumos de eletricidade, gs liquefeito de petrleo (GLP) e lenha. Enquanto o consumo de eletricidade significativo para o uso de eletrodomsticos e outros equipamentos, o consumo de lenha e GLP, por exemplo, tem uma aplicao importante no atendimento da demanda por coco e aquecimento de gua. Em relao s perspectivas de expanso, a evoluo do consumo do setor residencial est relacionada ao aumento no nmero de domiclios e posse de equipamentos. No que tange ao incremento no nmero de domiclios atendidos pelo servio de energia eltrica ao longo do horizonte de anlise, admitiu-se o pleno sucesso do Programa Luz para Todos no ano de 2010. Com isto, o nmero de domiclios particulares permanentes com energia eltrica partir de 55 milhes de unidades no ano de 2007 para cerca de 74 milhes de unidades em 2019. Com relao posse de equipamentos eletrodomsticos, admitiu-se que o aumento da renda per capita indutor da expanso do estoque desses equipamentos nos domiclios. A projeo do estoque realizada a partir da diferena entre a estimativa de evoluo das vendas e o sucateamento dos equipamentos considerados, admitindo-se a premissa geral de que ao final da vida til eles so substitudos por outros mais eficientes. Desta forma, o estoque se expande e se torna cada vez mais eficiente. Quanto utilizao de outros energticos nos domiclios, especialmente para usos trmicos, admitiu-se que o gs natural ir deslocar pequena parcela do gs liquefeito de petrleo, em decorrncia da expanso da malha de distribuio.

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

II DEMANDA DE ENERGIANeste captulo apresentada uma sntese do procedimento metodolgico utilizado para a elaborao da projeo de demanda dos diversos energticos, tendo como base as premissas indicadas no captulo anterior. So tambm consolidados os resultados obtidos para o consumo final energtico por tipo de fonte.

1. Etapas do processoO detalhamento das premissas scio-demogrficas, do contexto macroeconmico mundial e nacional e de seus respectivos impactos est registrado no captulo I. Alm desses fatores, as projees de demanda de energia para o PDE 2019 apoiaram-se tambm na reviso das perspectivas de expanso de atividade nos diversos setores de consumo de energia, bem como na maneira como a energia dever ser usada neste horizonte. Assim, o processo de previso da demanda compreendeu o seguinte conjunto de etapas: Anlise do ano base das projees, a partir da compilao dos dados de oferta e demanda de energia disponveis no Balano Energtico Nacional 2009, ano base 2008 e do seu vnculo com o contexto macroeconmico; Reviso, a partir da interao com indstrias, associaes de classe, agentes do setor energtico brasileiro e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), das premissas setoriais que contemplam as perspectivas de expanso de capacidade produtiva de segmentos industriais que so grandes consumidores de energia. Adicionalmente, avaliao do impacto do cenrio sobre o nvel de atividade no setor agropecurio, de servios e sobre o perfil de consumo das famlias no horizonte decenal; Projeo da demanda de energia por fonte neste horizonte; Consolidao da demanda de energia e elaborao de matrizes que relacionam as principais classes de consumo com as demandas projetadas de cada um dos energticos. A Figura 2 exibe a inter-relao entre as etapas do processo de projeo de demanda de energia no horizonte decenal. Figura 2 Representao do processo adotado para a projeo da demanda de energia do PDE 2019Mdulo Macroeconmico

Cenrios Mundiais

Cenrios NacionaisEstudos da Demanda

Consistncia Macroeconmica

Premissas setoriais Demografia Eficincia Meio Ambiente

Projees de demanda

Uso energtico: Indstria Agropecuria Comrcio/servios Residencial Transportes Gerao termeltrica Setor energtico

Uso no energtico: Gs natural Nafta No energticos de petrleo (solventes, lubrificantes, asfaltos e outros)

Input para estudos de oferta

O processo permite obter a demanda setorial de energia por fonte energtica, em mbito nacional. Energticos como a eletricidade, o gs natural e alguns derivados de petrleo, como o leo combustvel e o leo diesel, requerem maior grau de informao com relao localizao destas demandas por conta de implicaes na logstica de suprimento associada. Neste caso, demandas regionais so utilizadas para subsidiar estudos mais detalhados de expanso da oferta de energia no pas no horizonte decenal. Neste captulo, sero apresentados os principais resultados obtidos nas projees de demanda de energia, tendo como base as premissas descritas no captulo I. Ministrio de Minas e Energia MME

Demanda de Energia

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2. Projeo Consolidada do Consumo Final por FonteNeste tpico apresentada a projeo consolidada da demanda total de energia para o perodo 20102019, contemplando o consumo final energtico associado ao cenrio macroeconmico de referncia (Tabela 12). O incremento anual mdio do PIB brasileiro no decnio 2010-2019 de 5,1%, e do consumo de energia, 5,9%, resultando em uma elasticidade-renda de 1,16 para o perodo. A intensidade energtica sobe durante o primeiro quinqunio, passando de 0,071 tep/103 R$ [2008] para 0,074 tep/103 R$ [2008] em 2014, e depois se estabiliza em torno deste valor at o fim do horizonte. Tabela 12 Economia e Consumo Final Energtico 20102019Discriminao PIB (109 R$ [2008]) Populao Residente (103 habitantes) PIB per capita (R$ [2008]/hab/ano) Consumo Final Energtico 103 tep Consumo Final de energia per capita (tep/hab/ano) Intensidade Energtica da Economia (tep/103R$ [2008]) Elasticidade-renda do consumo de energia (1) 2010 3.201 194.091 16.493 228.009 1,175 0,071 2014 3.891 200.186 19.437 289.216 1,445 0,074 2019 4.966 206.556 24.042 365.682 1,770 0,074 Variao anual* 2010/ 2014 5,2 0,8 4,4 7,1 6,2 2,5 1,36 2015/ 2019 5,0 0,6 4,3 4,8 4,1 0,96 2010/ 2019 5,1 0,7 4,4 5,9 5,2 1,2 1,16

Notas: Os valores de consumo final incluem o consumo do setor energtico. (1) O valor de elasticidade-renda refere-se sua mdia no perodo indicado. (*) Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014. Para o PIB considerou-se crescimento prximo de zero em 2009, 6% em 2010 e 5% ao ano a partir de 2011. Fonte: EPE

O valor da elasticidade-renda do consumo final energtico no perodo 2010-2014, de 1,36, apesar da influncia do ano-base de 2009 com consumo deprimido em funo da crise financeira internacional, pode afigurar-se elevado na comparao com as elasticidades verificadas na maior parte do perodo histrico, assim como no confronto com a elasticidade da demanda de eletricidade, de 1,11 no mesmo perodo (Tabela 14). De fato, na maior parte do tempo, a demanda de energia eltrica tem crescido mais do que o consumo final energtico semelhana do que ocorre na maioria dos pases. No perodo 2003-2008, para um crescimento mdio do PIB de 4,2% ao ano, a elasticidade da demanda de energia foi de 1,00 contra uma elasticidade da demanda de eletricidade de 1,13. Contudo, nos anos mais recentes desse perodo, as elasticidades-renda da demanda de energia e do consumo de eletricidade foram se aproximando e se igualaram (a 0,96) no perodo 2005-2008. Por sua vez, nos ltimos trs anos do perodo, isto , 2006-2008, em que a economia cresceu 5,1% ao ano, a elasticidade da demanda de energia (1,00) ultrapassou a elasticidade da demanda de energia eltrica (0,89). No de se esperar que o padro dos ltimos trs anos se reproduza regularmente no futuro. No entanto, no primeiro quinqunio do perodo decenal, a demanda de energia crescer a um ritmo mais acelerado do que o consumo de eletricidade, em funo das especificidades do cenrio de expanso da indstria nesse horizonte. Algumas das premissas que justificam esse comportamento so listadas a seguir: O consumo de gs natural cresce acentuadamente em razo da expanso do refino e da indstria de insumos para fertilizantes (produo de amnia e uria), que no encontra paralelo no passado recente; Registra-se expressivo crescimento do consumo de carvo mineral e coque de carvo, devido expanso da indstria siderrgica concentrada na rota tecnolgica constituda por usinas integradas a coque, para as quais a eletricidade representa, em mdia, pouco mais de 3% do consumo total de energia, enquanto que o carvo mineral, juntamente com o coque e finos de carvo, responde por quase 70% desse consumo. Alm disso, boa parte da expanso considerada composta por usinas integradas destinadas exportao de placas, no contemplando, portanto, a fase de laminao que eletrointensiva; Empresa de Pesquisa Energtica EPE

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Na cadeia do alumnio, verifica-se forte expanso da extrao de bauxita e da produo de alumina, contra modesta expanso do alumnio primrio. Ora, enquanto a produo de alumnio primrio muito eletrointensiva, a alumina e a bauxita so mais dependentes de outras fontes de energia, tais como o leo combustvel e o gs natural. A eletricidade representa em torno de 18% do consumo total de energia na produo de alumina, enquanto que ela responde por mais de 95% da energia utilizada na produo de alumnio primrio; A expanso prevista do segmento de papel e celulose tambm expressiva. Neste caso, a eletricidade representa em torno de 17% a 22% do consumo final energtico, que tem participao pesada de outras fontes, tais como a lixvia e a lenha. Estes segmentos industriais contribuem significativamente para o crescimento do consumo final energtico, mais do que para o consumo de eletricidade. No entanto, eles no agregam na mesma proporo ao valor adicionado da indstria, seja por se tratar de produtos relativamente primrios na cadeia produtiva, casos da bauxita e da alumina, seja devido respectiva produo se destinar substituio de importaes, como o caso dos insumos para fertilizantes. A Tabela 13 apresenta os consumos finais energticos por fonte, no Brasil. Destaca-se a grande penetrao dos biocombustveis lquidos (etanol e biodiesel) na matriz de consumo final energtico, cuja participao passa de 7,5% em 2010 para 8,3% em 2019. Os biocombustveis como um todo (incluindo, alm dos lquidos, bagao de cana, lenha, carvo vegetal, entre outros) aumentam ligeiramente a sua participao ao longo do perodo, passando de 35,5% para 36,3%. At 2014, o gs natural ganha importncia, perodo no qual a sua participao passa de 7,3% para 9,4% no consumo total de energia; porm, no quinqunio seguinte, evolui a um ritmo menor que as demais fontes, atingindo uma participao de 8,8% em 2019. A eletricidade apresenta uma perda de participao ao longo do primeiro quinqunio, passando de 17,2% em 2010 para 16,7% em 2014, mantendo-se neste nvel at ao final do perodo decenal. Devido principalmente ao crescimento do segmento siderrgico, o carvo mineral (incluindo coque) aumenta a sua participao no perodo analisado de 4,4% para 6,3%. Quanto aos derivados de petrleo, h uma expressiva queda de participao no consumo final energtico nacional, de 35,7%, em 2010, para 31,8%, em 2019. A maior responsvel por esta reduo a gasolina, cuja parcela no consumo final energtico brasileiro reduz-se de 6,6% para 3,3%. O GLP tambm tem importante contribuio para a perda da importncia dos derivados de petrleo, passando de 3,5% para 2,7% na participao. O maior destaque entre os derivados de petrleo o leo diesel, que aumenta a sua j expressiva parcela no consumo final energtico nacional, passando de 16,8% para 17,8% entre 2010 e 2019. Tabela 13 Consumo final energtico, por fonte (103 tep)2010 Discriminao Gs natural Carvo mineral e coque Lenha Carvo vegetal Bagao de cana Eletricidade Etanol Biodiesel Outros Derivados de petrleo leo diesel leo combustvel Gasolina Gs liquefeito de petrleo Querosene Outros derivados de petrleo Cons. Final energtico Fonte: EPE 103 tep 16.560 10.116 18.053 5.668 33.217 39.146 14.928 2.125 6.904 81.292 38.251 5.824 15.034 7.976 2.867 11.340 228.009 % 7,3 4,4 7,9 2,5 14,6 17,2 6,5 0,9 3,0 35,7 16,8 2,6 6,6 3,5 1,3 5,0 100,0 2014 103 tep 27.174 16.370 19.741 7.839 41.647 48.312 20.032 2.675 10.357 95.068 48.645 7.555 12.531 8.900 3.548 13.889 289.216 % 9,4 5,7 6,8 2,7 14,4 16,7 6,9 0,9 3,6 32,9 16,8 2,6 4,3 3,1 1,2 4,8 100,0 2019 103 tep 32.239 22.886 24.424 9.566 53.466 61.230 26.839 3.540 15.022 116.470 64.939 9.054 11.944 10.029 4.554 15.950 365.682 % 8,8 6,3 6,7 2,6 14,6 16,7 7,3 1,0 4,1 31,8 17,8 2,5 3,3 2,7 1,2 4,4 100,0 Variao anual (%)* 2010 2014 17,1 13,6 2,7 8,0 7,1 5,8 11,6 14,0 11,0 4,4 6,0 6,5 -2,8 2,9 5,7 6,9 7,1 2015 2019 3,5 6,9 4,3 4,1 5,1 4,9 6,0 5,8 7,7 4,1 5,9 3,7 -1,0 2,4 5,1 2,8 4,8 2010 2019 10,1 10,2 3,5 6,0 6,1 5,3 8,8 9,8 9,3 4,3 6,0 5,1 -1,9 2,6 5,4 4,8 5,9

* Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014.

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Demanda de EnergiaNos itens que se seguem so apresentadas as projees da demanda de energia por fonte e por setor.

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3. Energia EltricaA projeo do consumo de energia eltrica feita por subsistema eltrico e por classe de consumo (residencial, comercial, industrial e outras classes), a partir de parmetros e indicadores tpicos do mercado de eletricidade e de premissas demogrficas, macroeconmicas, setoriais, de autoproduo e de eficincia energtica . A metodologia utilizada nas projees do consumo e da carga de energia eltrica no Brasil est descrita na Nota Tcnica EPE Projeo da Demanda de Energia Eltrica para os prximos 10 anos [39]. Diferentemente do PDE anterior, a projeo do consumo de eletricidade passou a incorporar os efeitos decorrentes da crise financeira internacional, cuja avaliao, poca da elaborao do PDE 2008-2017, ainda era considerada prematura. Os estudos deste PDE foram desenvolvidos em um momento em que os efeitos da crise financeira internacional j se manifestavam intensamente no comportamento do mercado nacional de energia eltrica, causando forte retrao do consumo industrial de eletricidade ao longo de 2009. Foram particularmente impactados alguns segmentos da metalurgia, como a indstria siderrgica, segmento industrial dos mais atingidos, tanto no Brasil como no exterior.

3.1 Projeo do ConsumoAs premissas setoriais do consumo de energia eltrica levaram em considerao aquelas relativas aos grandes consumidores industriais (captulo I). A desacelerao verificada tanto na economia nacional como na internacional, fruto da crise financeira de 2008, vem produzindo efeitos diretos e indiretos no mercado de energia eltrica brasileiro, gerando um reflexo imediato no nvel de utilizao da capacidade instalada e nas perspectivas de expanso da produo de alguns dos segmentos industriais voltados exportao de commodities, como o caso do setor siderrgico e de outros da metalurgia. Em consequncia, projetos de expanso industrial foram revistos e postergados. A Tabela 14 mostra a projeo do consumo total de eletricidade (incluindo a autoproduo), dos valores mdios quinquenais da elasticidade-renda resultante, assim como dos valores pontuais da intensidade do consumo de energia eltrica em relao ao PIB de 2008. Tabela 14 Brasil: Elasticidade-renda do consumo de energia eltricaAno 2010 2014 2019 Perodo 2010-2014 2015-2019 2010-2019 Consumo(1) (TWh) 455,2 561,8 712,0 Variao (% a.a.)* 5,8 4,9 5,3 PIB (109 R$ 2008) 3.201 3.891 4.966 Variao (% a.a.)* 5,2 5,0 5,1 Intensidade (kWh/R$ 2008) 0,142 0,144 0,143 Elasticidade 1,11 0,97 1,04

Notas: (1) Os valores de consumo incluem autoproduo. * Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014. Fonte: EPE

A Tabela 15 apresenta a projeo do consumo nacional de energia eltrica na rede, desagregado por classe de consumo. Entre 2010 e 2019 a taxa mdia de crescimento do consumo de 5,0% ao ano, sendo a classe comercial a que apresenta maior expanso nesse perodo (6,2% ao ano), seguida pela classe industrial (5,1% ao ano). A classe residencial perde participao no consumo total na rede, passando de 25,4% em 2010 para 24,7% ao final do horizonte. A anlise do consumo por subsistema eltrico a partir da Tabela 16 mostra um maior crescimento mdio anual no subsistema Norte, de 8,2%, decorrente do efeito conjugado da instalao de grandes cargas industriais na regio e, principalmente, da interligao dos sistemas isolados Manaus/Macap/margem esquerda do

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019Amazonas, prevista para novembro de 2011. Desconsiderando-se a interligao, a taxa mdia de crescimento do consumo no subsistema Norte no perodo decenal seria de 6,4%. Tabela 15 Brasil: Consumo de eletricidade na rede, por classe (GWh)Ano 2010 2014 2019 2010-2014 2015-2019 2010-2019 Residencial 105.538 126.787 156.546 4,8 4,3 4,6 Industrial 182.338 223.456 274.774 6,1 4,2 5,1 Comercial 69.223 87.825 118.416 6,2 6,2 6,2 Outros 58.766 68.724 83.297 4,1 3,9 4,0 Total 415.865 506.791 633.033 5,5 4,5 5,0

Variao (% ao ano)*

* Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014. Fonte: EPE

Tabela 16 Brasil: Consumo de eletricidade na rede, por subsistema (GWh)Ano 2010 2014 2019 2010-2014 2015-2019 2010-2019 Subsistema Norte 28.813 43.318 58.152 10,5 6,1 8,2 Nordeste 59.015 72.372 92.561 5,9 5,0 5,4 Sudeste/CO 250.503 306.125 377.355 5,6 4,3 5,0 Sul 71.024 83.737 103.162 4,7 4,3 4,5 SIN 409.355 505.552 631.229 5,9 4,5 5,2 Sistemas Isolados 6.510 1.239 1.805 -31,2 7,8 -13,9 Brasil 415.865 506.791 633.033 5,5 4,5 5,0

Variao (% ao ano)*

Notas: Foi considerada a interligao dos sistemas isolados Acre/Rondnia ao subsistema Sudeste/CO a partir de novembro de 2009, e a interligao dos sistemas isolados Manaus/Macap/margem esquerda do Amazonas ao subsistema Norte a partir de novembro de 2011. * Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014. Fonte: EPE

No perodo decenal, observa-se um aumento das participaes dos consumos dos subsistemas Norte e Nordeste, em detrimento dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul. So importantes para a projeo de consumo na rede as premissas setoriais adotadas para a autoproduo, cuja parcela do consumo total de eletricidade no compromete o investimento para a expanso do parque de gerao e de transmisso do sistema eltrico brasileiro. A projeo da autoproduo parte de informaes existentes sobre novos empreendimentos previstos no horizonte do estudo e tambm das premissas gerais sobre as potencialidades da evoluo da autoproduo, em especial da cogerao, com base nas perspectivas de expanso da capacidade instalada dos segmentos industriais considerados. o caso, por exemplo, da indstria de celulose, cuja expanso da capacidade dever ser integralmente atendida por cogerao. A autoproduo no setor siderrgico levou em considerao a expanso da capacidade instalada por tipo de rota tecnolgica, cada uma possuindo caractersticas especficas de consumo de eletricidade e de potencial de cogerao. O potencial de cogerao de cada rota tecnolgica foi avaliado com base na cogerao existente no atual parque siderrgico brasileiro. No caso do polo petroqumico do Rio de Janeiro (COMPERJ), assume-se que sua demanda ser integralmente atendida por autoproduo. Com base nestas premissas, os resultados relativos projeo da autoproduo dos grandes consumidores industriais de energia eltrica, para o perodo 2010-2019, por subsistema eltrico e por segmento industrial, constam da Tabela 17 e da Tabela 18, respectivamente.

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Demanda de EnergiaTabela 17 Grandes consumidores industriais: Autoproduo por subsistema (GWh)Ano 2010 2014 2019 Fonte: EPE Subsistema Norte 813 823 2.906 Nordeste 4.020 5.399 9.410 Sudeste/CO 12.539 18.012 25.801 Sul 2.635 6.040 7.469 Brasil 20.007 30.274 45.585

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Tabela 18 Grandes consumidores industriais: Autoproduo por segmento industrial (GWh)Ano 2010 2014 2019 Fonte: EPE Siderurgia 6.193 8.244 14.092 Papel e Celulose 10.267 16.410 25.255 Petroqumica 2.537 4.611 5.229 Outros 1.009 1.009 1.009 Total 20.007 30.274 45.585

3.2 Projeo da Carga Carga de energiaA carga de energia, que consiste na soma do consumo de energia eltrica com as perdas (tcnicas e comerciais), representa o requisito total de gerao de eletricidade para o atendimento do mercado. Como tal, um importante indicador, tanto para o dimensionamento do parque nacional de gerao de energia eltrica e do sistema de transmisso associado, quanto para a operao otimizada do sistema eltrico. A projeo das perdas para o perodo em estudo baseou-se nos valores histricos e na hiptese de que os programas realizados pelas concessionrias de distribuio contribuiro para a reduo gradual no ndice de perdas ao longo do horizonte, principalmente das perdas comerciais. No entanto, o alto nvel de perdas dos sistemas isolados poder causar um aumento temporrio do ndice de perdas dos subsistemas do SIN aos quais se interligam, como o caso da interligao dos sistemas Manaus/Macap/margem esquerda do Amazonas ao subsistema Norte em novembro de 2011. De fato, a interligao desses sistemas, hoje isolados, ocasiona, pelo seu porte, um significativo aumento no ndice de perdas do subsistema Norte, chegando a causar um pequeno aumento no ndice de perdas do SIN, conforme se pode observar na Tabela 19. Tabela 19 SIN e subsistemas: ndice de Perdas (%)Ano 2010 2014 2019 Subsistema Norte 16,7 20,0 19,5 Nordeste 18,3 17,7 17,1 Sudeste/CO 16,1 15,8 15,4 Sul 11,8 11,7 11,7 SIN 15,7 15,8 15,5

Nota: Foi considerada a interligao dos sistemas isolados Acre/Rondnia ao subsistema Sudeste/CO a partir de novembro de 2009, e a interligao dos sistemas isolados Manaus/Macap/margem esquerda do Amazonas ao subsistema Norte a partir de novembro de 2011. Fonte: EPE

O acrscimo da carga no SIN em 2010, de 3.210 MWmdios, traduz a recuperao do mercado, principalmente no que concerne ao consumo industrial do subsistema Sudeste. O subsistema Norte apresenta um acrscimo importante projetado para 2012, por conta da interligao dos sistemas isolados Manaus/Macap/margem esquerda do Amazonas. O resultado encontra-se resumido na Tabela 20.

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

Tabela 20 SIN e subsistemas: Carga de energia (MWmdio)Ano 2010 2014 2019 20102014 20152019 20102019 Subsistema Norte 3.950 6.188 8.248 11,2 5,9 8,5 Nordeste 8.242 10.043 12.743 5,6 4,9 5,2 Sudeste/CO 34.064 41.483 50.908 Variao (% ao ano)* 5,2 4,2 4,7 4,2 4,2 4,2 5,6 4,5 5,0 Sul 9.189 10.828 13.332 SIN 55.444 68.542 85.231

Notas: Foi considerada a interligao dos sistemas isolados Acre/Rondnia ao subsistema Sudeste/CO a partir de novembro de 2009, e a interligao dos sistemas isolados Manaus/Macap/margem esquerda do Amazonas ao subsistema Norte a partir de novembro de 2011. * Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014. Fonte: EPE

Carga de DemandaCom base nas projees da carga de energia e nos fatores de carga, por sistema e subsistema interligados, projeta-se a carga de demanda correspondente. O conceito de carga de demanda aqui considerado o da demanda mxima instantnea, que habitual representar em MW. Como as demandas mximas dos subsistemas no so simultneas, a demanda mxima resultante da agregao dos subsistemas em um nico sistema geralmente inferior soma das demandas mximas individuais. Para obter a demanda agregada dos sistemas interligados, utilizam-se, no clculo, os chamados fatores de diversidade, que incorporam o efeito da no simultaneidade da ponta dos diferentes subsistemas. Dessa forma, obtiveram-se as projees da carga de demanda conforme apresentado na Tabela 21. Tabela 21 SIN e subsistemas: Carga de demanda instantnea (MW)Ano 2010 2014 2019 2010-2014 2015-2019 2010-2019 Subsistema Norte 4.590 7.474 9.946 12,1 5,9 8,9 Nordeste 10.525 12.826 16.274 5,2 4,9 5,0 Sudeste/CO 44.719 54.463 66.815 5,9 4,2 5,1 Sul 12.655 15.013 18.484 4,1 4,2 4,2 N/NE 14.902 20.024 25.865 7,3 5,3 6,3 Sistema S/SE/CO 57.151 69.209 84.971 6,0 4,2 5,1 SIN 71.260 88.034 109.385 6,3 4,4 5,4

Variao (% ao ano)

Notas: Foi considerada a interligao dos sistemas isolados Acre/Rondnia ao subsistema Sudeste/CO a partir de novembro de 2009, e a interligao dos sistemas isolados Manaus/Macap/margem esquerda do Amazonas ao subsistema Norte a partir de novembro de 2011. * Variao mdia anual no perodo indicado, a partir de 2009. Fonte: EPE

3.3 Comparao entre as Projees do PDE 2019 e do PDE 2017Esta seo mostra a comparao da atual projeo da carga de energia com a do PDE 2008-2017. O Grfico 1 ilustra a evoluo da carga em cada uma das projees que resulta em uma diferena total de 1.815 MWmdio em 2017. Essa diferena decorre da conjugao de vrios fatores, tais como: Retrao do consumo industrial de energia eltrica em 2009, causado pelo efeito da crise financeira internacional na expanso da economia brasileira; e Menor utilizao da capacidade instalada da indstria nacional, em um primeiro momento, seguida pela postergao de alguns projetos de expanso de capacidade ao longo do horizonte decenal. Ministrio de Minas e Energia MME

Demanda de Energia

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Grfico 1 PDE 2019 x PDE 2017: SIN, Carga de energia (MWmdio)90.000 85.000 80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000 50.000PDE 2008-2017 PDE 2010-20191.815

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

Nota: A projeo relativa ao PDE 2019 considera a interligao dos sistemas isolados Acre/Rondnia ao subsistema Sudeste/CO a partir de novembro de 2009, e a interligao dos sistemas isolados Manaus/Macap/margem esquerda do Amazonas ao subsistema Norte a partir de novembro de 2011. Fonte: EPE

4. Gs NaturalA projeo da demanda de gs natural foi elaborada a partir da anlise crtica de dados obtidos em pesquisas realizadas pela EPE junto Associao Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gs Canalizado (ABEGS), s companhias distribuidoras de gs canalizado e aos consumidores industriais de gs natural. Esta projeo tambm levou em conta as perspectivas de expanso e a correspondente evoluo da malha de gasodutos, bem como as respectivas restries de transporte do gs natural. Deve-se ressaltar que, embora as informaes coletadas junto s companhias distribuidoras de gs canalizado e ABEGS tenham sido essenciais para a anlise e prospeco do mercado de gs natural no Brasil, as premissas gerais adotadas neste PDE, particularmente para o cenrio de crescimento econmico e para as perspectivas de expanso dos diferentes segmentos industriais, assim como para a expanso da malha de gasodutos, no coincidem necessariamente com aquelas implcitas nas projees das distribuidoras. Um aspecto fundamental na avaliao da penetrao do gs natural na indstria consiste na competio direta deste com o leo combustvel, principalmente em funo dos seus preos relativos. No entanto, existem outros elementos a serem levados em considerao, como, por exemplo, a preferncia pelo gs natural em processos industriais que exigem elevado grau de pureza do produto final, que o caso da fabricao de vidro e de determinados tipos de cermica. O cenrio adotado dos citados preos relativos confere uma ligeira vantagem no curto prazo ao gs natural e equilibra os preos no restante do horizonte decenal. A Tabela 22 consolida os resultados obtidos para a projeo do consumo final energtico de gs natural, por regio geogrfica, excluindo-se o consumo do setor energtico.

Empresa de Pesquisa Energtica EPE

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019Tabela 22 Brasil e Regies: Consumo final energtico de gs natural (103 m/dia)Ano 2010 2014 2019 Perodo 20102019 Perodo 20102014 20152019 20102019 3,0 14,7 5,5 10,0 411 7.129 Norte 136 354 411 Nordeste 5.038 8.843 11.582 Sul 3.839 5.353 6.772 3.731 12,0 4,8 8,3 Sudeste 25.228 35.525 43.163 22.369 11,3 4,0 7,6 Centro-oeste 303 468 583 325 12,7 4,5 8,5 Brasil 34.544 50.543 62.511 33.966 12,1 4,3 8,2

Acrscimo mdio (103 m/dia)* Variao (% ao ano)*

Notas: Foi includo o consumo dos setores: industrial/agropecurio, transportes, residencial, comercial/pblico. No inclui consumo no setor energtico e como matria-prima, cogerao, consumo downstream do sistema Petrobras e consumo termeltrico. * Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014. Fonte: EPE

O Grfico 2 apresenta as seguintes parcelas da demanda de gs natural: (i) consumo final energtico por setor (industrial, comercial, residencial, transportes, agropecurio e outros); (ii) consumo termeltrico mdio, funo do despacho esperado das UTE a gs natural, que corresponde ao consumo de transformao na usina; (iii) consumo de gs natural nas fbricas de fertilizantes, composto pelos consumos no energtico (matria-prima) e energtico; e (iv) consumo adicional termeltrico, associado operao na potncia nominal. Os consumos totais de gs natural, consolidados por regio, incluindo estas parcelas, apresentam-se na Tabela 23. Grfico 2 Consumo total de gs natural (106 m/dia)180 160 145,9 140 120 100 80 60 40 20 0Gerao eltrica adicional (4) Gerao eltrica esperada Autoproduo do Setor Energtico Comercial (3) Residencial Agropecurio Outros Setor energtico (2) Cogerao Industrial Industrial (s/ cogerao) Matria-prima (1) Transportes

150,2

153,8

156,6

162,2

164,5

169,1

127,2 113,8 94,7

106 m/dia

2010 27,6 7,8 2,5 0,9 0,9 0,0 0,1 15,6 2,6 27,7 2,5 6,6

2011 33,0 8,7 2,5 0,9 1,0 0,0 0,1 23,3 3,2 31,3 2,7 7,0

2012 32,6 12,0 3,2 1,1 1,2 0,0 0,2 28,0 3,8 34,9 2,7 7,4

2013 36,8 15,0 3,5 1,3 1,4 0,0 0,2 32,1 4,1 39,6 4,0 7,8

2014 36,7 16,5 3,8 1,5 1,5 0,1 0,3 31,6 4,2 41,7 4,1 8,3

2015 38,4 14,8 4,0 1,6 1,7 0,1 0,5 32,3 4,3 43,3 4,1 8,8

2016 38,9 14,3 4,4 1,7 1,9 0,1 0,5 32,3 4,4 44,7 4,1 9,4

2017 38,8 14,4 4,8 1,7 2,0 0,1 0,6 33,3 4,5 47,0 5,3 9,8

2018 38,8 14,4 5,0 1,8 2,1 0,1 0,6 33,3 4,6 48,4 5,3 10,2

2019 37,3 15,9 5,2 1,9 2,3 0,1 0,7 34,4 4,6 50,7 5,3 10,7

Notas: (1) Inclui os consumos das FAFENs. (2) Inclui refinarias, compresso em gasodutos e atividades de E&P. (3) Inclui cogerao. (4) Corresponde diferena entre a gerao mxima e a esperada Fonte: EPE

Vale ressaltar que, em funo da projeo da demanda de energia eltrica e da configurao da expanso do parque gerador, a gerao termeltrica a gs natural esperada no segundo quinqunio inferior do primeiro, o que acarreta uma reduo do consumo total de gs natural no segundo quinqunio na Regio Centro-Oeste. Ministrio de Minas e Energia MME

Demanda de Energia

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Tabela 23 Brasil e Regies: consumo total de gs natural (103 m/dia)Ano 2010 2014 2019 Perodo 20102019 Perodo 20102014 20142019 20102019 0,7 16,0 2,8 9,2 4.784 16.232 Norte 751 4.618 4.784 Nordeste 13.605 24.218 27.786 Sul 7.030 10.437 12.400 7.475 16,2 3,5 9,7 Sudeste 44.906 72.827 85.4233

Centro-oeste 820 1.393 1.346 650 14,9 -0,7 6,8

Brasil 67.112 113.494 131.739 81.355 17,6 3,0 10,1

Acrscimo mdio (10 m/dia)* 52.214 17,0 3,2 9,9 Variao (% ao ano)*

Notas: Inclui o consumo de gs natural para os setores: industrial/agropecurio, transportes, residencial, comercial/pblico. Considera o consumo no setor energtico e como matria-prima, cogerao, consumo downstream do sistema Petrobras e demanda termeltrica esperada. * Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014 Fonte: EPE

O Grfico 3 mostra a comparao das projees do consumo final energtico de gs natural deste Plano Decenal e do precedente. Nota-se que, no PDE atual, parte-se de um patamar de consumo em 2010 significativamente inferior ao projetado anteriormente. Isto se deve crise financeira internacional instaurada no segundo semestre de 2008, cujos efeitos atingiram fortemente alguns segmentos da indstria nacional. Grfico 3 Consumo final energtico de gs natural: PDE 2019 x PDE 2017 (103 m/dia)70.000 65.000 60.000 55.000 50.000 45.000 40.000 35.000 30.000 25.000 20.000 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 201934.544 43.560 40.518 38.766 43.075 47.161 49.044 47.609 50.757 50.543 52.639 53.070 53.405 53.853 55.298 57.328 59.340 62.511

P D E 2 0 10 - 2 0 19

P D E 2 0 0 8 - 2 0 17

Nota: Inclui o consumo de gs natural para os setores: industrial/agropecurio, transportes, residencial, comercial/pblico. No inclui consumo no setor energtico e como matria-prima, cogerao, consumo downstream do sistema Petrobras e consumo termeltrico. Fonte: EPE

5. Derivados de Petrleo5.1 leo DieselA demanda total de leo diesel estimada com base no clculo do consumo potencial de diesel, obtido por uma relao economtrica que correlaciona o consumo final deste combustvel com o PIB brasileiro. Para se obter o consumo total efetivo de diesel, so feitos descontos e acrscimos sobre o consumo potencial. Assim, a Empresa de Pesquisa Energtica EPE

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Plano Decenal de Expanso de Energia 2019demanda de diesel em determinada regio obtida a partir da demanda potencial, abatendo-se as demandas de biodiesel e de gs natural veicular (GNV), se houver, alm do ganho de eficincia intermodal, e adicionando-se as demandas relativas gerao de energia eltrica e ao setor energtico. A projeo da demanda de biodiesel foi elaborada considerando-se a obrigatoriedade da adio do biodiesel ao diesel prevista na Lei n 11.097/2005 e na Resoluo CNPE n 06, de 16/09/2009, que antecipou a adio de 5% de biodiesel no leo diesel a partir de janeiro/2010. Quanto demanda de GNV para motores do ciclo diesel, no h perspectiva de consumo no horizonte do PDE, seja por parte das distribuidoras de gs natural, seja pelas empresas consultadas quando da elaborao deste estudo. No caso dos ganhos de eficincia com a mudana de modal, pressupe-se que uma parcela do transporte rodovirio passar a ser realizada pelos modais ferrovirio e aquavirio, havendo uma reduo no consumo de diesel quando se compara a tonelada-quilmetro transportada pelo modal rodovirio com a tonelada-quilmetro transportada pelos modais ferrovirio e aquavirio. Este ganho de eficincia intermodal foi definido a partir do Plano Nacional de Logstica e Transporte (PNLT) Ministrio do Transporte e da Defesa (PNLT, 2007). A demanda de diesel para gerao eltrica nos sistemas isolados e no Sistema Interligado Nacional est em consonncia com as projees do setor eltrico. A demanda de diesel do setor energtico ocorre sobretudo na Regio Sudeste, em razo do seu uso nas unidades de Explorao e Produo de Petrleo e Gs Natural. Com base nas premissas adotadas, obteve-se a projeo da demanda final de leo diesel, por regio, indicada na Tabela 24. Tabela 24 Demanda total de leo diesel por regio (mil m)Ano 2010 2014 2019 Perodo 20102019 Perodo 20102014 20152019 20102019 4,7 5,6 5,1 6,0 6,0 6,0 3.068 5.034 Norte 4.953 5.943 7.792 Nordeste 6.776 8.550 11.418 Sudeste 20.626 26.209 34.990 15.428 6,0 5,9 6,0 Sul 9.098 11.567 15.439 6.805 6,0 5,9 6,0 Centro-Oeste 5.353 6.778 9.042 3.985 6,0 5,9 6,0 Brasil 46.806 59.047 78.681 34.320 5,9 5,9 5,9

Acrscimo no perodo (mil m)* Variao (% ao ano)*

Notas: A demanda total no inclui biodiesel e bunker de exportao e considera o combustvel para suprir a gerao termeltrica esperada. * Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014. Fonte: EPE

5.2 Gs Liquefeito do Petrleo (GLP)A projeo da demanda de GLP realizada a partir de um modelo do tipo tcnico-econmico, que possibilita a anlise da expanso deste combustvel em cada regio do pas nos diferentes setores de consumo: residencial, industrial, agropecurio, comercial e pblico. O setor residencial brasileiro o principal responsvel pelo consumo final energtico de GLP (cerca de 80% em 2008), sendo este consumo influenciado pelos seguintes fatores: nmero de domiclios, proporo de domiclios com uso preponderante de GLP, nmero de domiclios novos com consumo de gs natural e consumo especfico de GLP por domiclio. A estimativa do nmero de domiclios que utilizam preponderantemente GLP em 2008 por regio e rea (urbana ou rural) foi realizada a partir da Pesquisa Nacional de Amostra de Domiclios (PNAD), passando de 91,2% em 2010 para 92,2% em 2019. O consumo especfico de GLP (m/domiclio) foi assumido constante ao longo do perodo de projeo e igual ao consumo especfico verificado no ano de 2007 (0,19 m/ano/domiclio), exceo feita regio Norte, que passaria de 0,16 m/domiclio para 0,19 m/domiclio ao final do perodo.

Ministrio de Minas e Energia MME

Demanda de EnergiaConforme dados do Balano Energtico Nacional, em 2008, os outros setores de atividade representaram, juntos, aproximadamente 20% do consumo final energtico de GLP (EPE, 2010). No caso da indstria, a demanda por GLP obtida considerando-se a evoluo do nvel de atividade (correlacionando com valor adicionado, produo fsica, participao do GLP no suprimento e distribuio regional do consumo). Para o caso dos setores comercial, pblico e agropecurio, considerou-se um ligeiro aumento na participao relativa do consumo de GLP no setor agropecurio e uma queda na participao relativa do consumo nos setores comercial e pblico. Na Tabela 25 apresentada a projeo de demanda final de GLP por regio no perodo de 2010 2019. Tabela 25 Demanda final de GLP por regio (mil m)Ano 2010 2014 2019 Perodo 20102019 Perodo 20102014 20152019 20102019 4,2 3,4 3,8 2,6 2,3 2,5 341 782 Norte 785 921 1.091 Nordeste 2.911 3.222 3.612 Sudeste 6.178 6.873 7.714 1.734 2,8 2,3 2,6 Sul 2.150 2.396 2.696 614 2,9 2,4 2,6 Centro-Oeste 1.030 1.154