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O s consumidores que têm planos de saúde individuais ou familiares com a Porto Seguro estão preocu- pados com o recente anúncio de que a operadora repassará essa carteira de apólices para a Amil. Não é para menos. Casos anteriores de “alienação de car- teira”, como o procedimento é chamado, demonstram que, na prática, o compro- misso de se manter a cobertura e a rede credenciada acaba caindo no vazio. Essas são as condições que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) colocou, ao autorizar a transferência no final de outubro: a Amil deve manter integralmente as condições vigentes das apólices transferidas, sem restrições de direitos e sem prejuízos para os benefi- ciários. Para o Idec, no entanto, a livre negociação de carteiras de planos de saú- de de operadoras saudáveis, sem que o consumidor seja consultado, fere seu di- reito de escolha, assim como suas prer- rogativas contratuais. A fim de esclarecer o consumidor sobre as mudanças que estão ocorrendo, o Instituto preparou uma série de per- guntas e respostas sobre questões práti- cas dos contratos de planos de saúde. Veja a seguir. 1 O que está acontecendo? Em 24/10, a ANS autorizou a venda da carteira de apólices de seguro saúde de clientes individuais da Porto Seguro para a Amil Assistência Médica Internacional. De acordo com o contrato firmado entre as operadoras em 10 de outubro, a trans- ferência da carteira será efetivada em 1 o de dezembro de 2006. 2 Todos os contratos da Porto Seguro serão transferidos para a Amil? Não. As empresas anunciaram que serão transferidos somente os contratos de planos de saúde individuais. Os pla- nos de contratos coletivos continuarão na Porto Seguro. 3 A venda de carteiras de planos de saúde é legal? Para o Idec, é um desrespeito. Afinal, se o consumidor quisesse contratar outra Quem tem plano individual com a operadora Porto Seguro passa em dezembro para a Amil, mas é preciso atenção ao cumprimento do contrato já firmado SERVIÇO PLANO DE SAÚDE Porto inseguro operadora de plano de saúde, teria feito isso desde o início, pois ele também escolhe os serviços que contrata com base na confiança que tem no fornecedor. Mas o posicionamento entre advogados e juízes sobre a legalidade ou não da prática da alienação não é unânime. 4 O Idec proporá uma ação judicial para impedir a venda da carteira pela Porto Seguro? Neste momento, a melhor estratégia na defesa do consumidor é atuar para garantir a manu- tenção do atendimento, com o mesmo padrão de qualidade, inclusive com a garantia de manu- tenção da rede credenciada (hospitais, labo- ratórios, clínicas etc.). Para tanto, o Idec moni- torará toda a transferência da carteira, e caso não ocorra a manutenção do atendimento com a mesma qualidade (por exemplo, se houver des- credenciamentos), tomará todas as medidas cabíveis, inclusive ações judiciais. Não só a Amil será monitorada, mas também a ANS. Se houver problemas, a agência também será cobrada e acionada para que cumpra o seu papel, por exemplo, multando a operadora em caso de des- cumprimento do contrato. 5 Quais são os direitos dos consumidores no processo de alienação de carteira? Para casos como esses, em respeito ao que dis- põe o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a Lei n o 9.656/98 (Lei de Planos de Saúde) e a Resolução n o 112/05 da ANS, as operadoras são obrigadas a: Manter integralmente as condições vigentes dos contratos sem qualquer restrição de direitos ou prejuízo aos beneficiários. Não impor carências adicionais. Não alterar as cláusulas de reajuste ou a data do aniversário dos contratos. Manter a rede credenciada e, havendo alte- ração da rede credenciada ou referenciada, respeitar o que dispõe a Lei de Planos de Saúde (art. 17): enviar carta aos consumidores com 30 dias de antecedência e substituir o prestador por outro equivalente. Não interromper a prestação do serviço de assistência médico-hospitalar, principalmente para os casos de internação ou tratamento con- tinuado. Enviar correspondência aos consumidores, comunicando a transferência da carteira. Vale lembrar que, durante o processo de alie- nação da carteira, a Porto Seguro é obrigada a prestar o serviço aos consumidores. 6 A Amil tem que manter a rede credenciada oferecida pela Porto Seguro? Sim. É o que determinam a Lei de Planos de Saúde e a Resolução da ANS. Segundo essas nor- mas, em caso de alienação de carteira, as condições contratuais anteriores devem ser man- tidas integralmente. Isso também vale para a rede credenciada. Quanto à forma como deve ocorrer a substituição de prestadores de serviços, só há regras específicas na lei e na resolução no que diz respeito aos hospitais: o consumidor deve ser avisado com 30 dias de antecedência, e o presta- dor descredenciado deve ser substituído por um equivalente. A equivalência, nesse caso, envolve qualidade do serviço prestado, número de leitos e equipamentos disponíveis, entre outros itens. A ausência da disposição de normas sobre como outros prestadores (clínicas, laboratórios etc.) devem ser substituídos não pode ser considerada uma autorização para que haja descredenciamen- to sem qualquer critério. Mesmo que os textos sejam omissos, aplica-se o CDC, que proíbe modificações unilaterais de contrato (art. 51, XIII). Além disso, a própria Amil assumiu, em correspondência que está enviando aos consu- midores, a obrigação de manter as mesmas condições contratuais. Tal comunicação passa a fazer parte do contrato e obriga a empresa frente aos consumidores. 7 Muda alguma coisa no meu contrato? Se tenho um contrato antigo, ele será adapta- do com a transferência de carteiras? Não, o seu contrato não muda. Assim, se você tem contrato antigo (anterior a janeiro de 1999, Revista do Idec | Novembro 2006 39 PLANO DE SAÚDE O Idec irá apoiar e defender os direitos de seu associado, moni- torando esse processo de transferência da carteira individual da Porto Seguro para a AMIL, assim como o cumprimento das disposições con- tratuais. Para isso, o Instituto precisa de cópias dos contratos e da listagem de atuais prestadores de serviços, e pedimos ao associado e associada que as encaminhem para o seguinte endereço: Rua Dr. Costa Júnior, 356, Água Branca, CEP 05002-000, São Paulo, SP. Enviar aos cuidados de Daniela Trettel. Também podem ser encami- nhadas denúncias de descredenciamento de prestadores e de outros descumprimentos de contrato, durante a alienação. Apoio ao associado

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Os consumidores que têm planos desaúde individuais ou familiarescom a Porto Seguro estão preocu-

pados com o recente anúncio de que aoperadora repassará essa carteira deapólices para a Amil. Não é para menos.Casos anteriores de “alienação de car-teira”, como o procedimento é chamado,demonstram que, na prática, o compro-misso de se manter a cobertura e a redecredenciada acaba caindo no vazio.

Essas são as condições que a AgênciaNacional de Saúde Suplementar (ANS)colocou, ao autorizar a transferência nofinal de outubro: a Amil deve manterintegralmente as condições vigentes dasapólices transferidas, sem restrições dedireitos e sem prejuízos para os benefi-ciários. Para o Idec, no entanto, a livrenegociação de carteiras de planos de saú-de de operadoras saudáveis, sem que oconsumidor seja consultado, fere seu di-reito de escolha, assim como suas prer-rogativas contratuais.

A fim de esclarecer o consumidorsobre as mudanças que estão ocorrendo,o Instituto preparou uma série de per-guntas e respostas sobre questões práti-cas dos contratos de planos de saúde.Veja a seguir.

1O que está acontecendo?Em 24/10, a ANS autorizou a venda da

carteira de apólices de seguro saúde declientes individuais da Porto Seguro paraa Amil Assistência Médica Internacional.De acordo com o contrato firmado entreas operadoras em 10 de outubro, a trans-ferência da carteira será efetivada em 1o

de dezembro de 2006.

2Todos os contratos da Porto Seguroserão transferidos para a Amil?

Não. As empresas anunciaram queserão transferidos somente os contratosde planos de saúde individuais. Os pla-nos de contratos coletivos continuarão naPorto Seguro.

3A venda de carteiras de planos desaúde é legal?

Para o Idec, é um desrespeito. Afinal, seo consumidor quisesse contratar outra

Quem tem planoindividual coma operadoraPorto Seguropassa em dezembropara a Amil, masé preciso atençãoao cumprimento docontrato já firmado

SERVIÇOPLANO DE SAÚDE

Porto inseguro

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operadora de plano de saúde, teria feito issodesde o início, pois ele também escolhe osserviços que contrata com base na confiança quetem no fornecedor. Mas o posicionamento entreadvogados e juízes sobre a legalidade ou não daprática da alienação não é unânime.

4 O Idec proporá uma ação judicial paraimpedir a venda da carteira pela Porto

Seguro?Neste momento, a melhor estratégia na defesa

do consumidor é atuar para garantir a manu-tenção do atendimento, com o mesmo padrão dequalidade, inclusive com a garantia de manu-tenção da rede credenciada (hospitais, labo-ratórios, clínicas etc.). Para tanto, o Idec moni-torará toda a transferência da carteira, e caso nãoocorra a manutenção do atendimento com amesma qualidade (por exemplo, se houver des-credenciamentos), tomará todas as medidascabíveis, inclusive ações judiciais. Não só a Amilserá monitorada, mas também a ANS. Se houverproblemas, a agência também será cobrada eacionada para que cumpra o seu papel, porexemplo, multando a operadora em caso de des-cumprimento do contrato.

5Quais são os direitos dos consumidores noprocesso de alienação de carteira?

Para casos como esses, em respeito ao que dis-põe o Código de Defesa do Consumidor (CDC),a Lei no 9.656/98 (Lei de Planos de Saúde) e aResolução no 112/05 da ANS, as operadoras sãoobrigadas a:

● Manter integralmente as condições vigentesdos contratos sem qualquer restrição de direitosou prejuízo aos beneficiários.

● Não impor carências adicionais. ● Não alterar as cláusulas de reajuste ou a data

do aniversário dos contratos. ● Manter a rede credenciada e, havendo alte-

ração da rede credenciada ou referenciada,respeitar o que dispõe a Lei de Planos de Saúde(art. 17): enviar carta aos consumidores com 30dias de antecedência e substituir o prestador poroutro equivalente.

● Não interromper a prestação do serviço deassistência médico-hospitalar, principalmentepara os casos de internação ou tratamento con-tinuado.

● Enviar correspondência aos consumidores,comunicando a transferência da carteira.

Vale lembrar que, durante o processo de alie-

nação da carteira, a Porto Seguro é obrigada aprestar o serviço aos consumidores.

6A Amil tem que manter a rede credenciadaoferecida pela Porto Seguro?

Sim. É o que determinam a Lei de Planos deSaúde e a Resolução da ANS. Segundo essas nor-mas, em caso de alienação de carteira, ascondições contratuais anteriores devem ser man-tidas integralmente. Isso também vale para a redecredenciada. Quanto à forma como deve ocorrera substituição de prestadores de serviços, só háregras específicas na lei e na resolução no que dizrespeito aos hospitais: o consumidor deve seravisado com 30 dias de antecedência, e o presta-dor descredenciado deve ser substituído por umequivalente. A equivalência, nesse caso, envolvequalidade do serviço prestado, número de leitose equipamentos disponíveis, entre outros itens. Aausência da disposição de normas sobre comooutros prestadores (clínicas, laboratórios etc.)devem ser substituídos não pode ser consideradauma autorização para que haja descredenciamen-to sem qualquer critério. Mesmo que os textossejam omissos, aplica-se o CDC, que proíbemodificações unilaterais de contrato (art. 51,XIII). Além disso, a própria Amil assumiu, emcorrespondência que está enviando aos consu-midores, a obrigação de manter as mesmascondições contratuais. Tal comunicação passa afazer parte do contrato e obriga a empresa frenteaos consumidores.

7Muda alguma coisa no meu contrato? Setenho um contrato antigo, ele será adapta-

do com a transferência de carteiras?Não, o seu contrato não muda. Assim, se você

tem contrato antigo (anterior a janeiro de 1999,

Revista do Idec | Novembro 2006 39

PLANO DE SAÚDE

O Idec irá apoiar e defender os direitos de seu associado, moni-torando esse processo de transferência da carteira individual da PortoSeguro para a AMIL, assim como o cumprimento das disposições con-tratuais. Para isso, o Instituto precisa de cópias dos contratos e dalistagem de atuais prestadores de serviços, e pedimos ao associado eassociada que as encaminhem para o seguinte endereço: Rua Dr.Costa Júnior, 356, Água Branca, CEP 05002-000, São Paulo, SP.Enviar aos cuidados de Daniela Trettel. Também podem ser encami-nhadas denúncias de descredenciamento de prestadores e de outrosdescumprimentos de contrato, durante a alienação.

Apoio ao associado

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quando entrou em vigor a Lei dePlanos de Saúde), ele assim per-manece.

8Continuarei tendo direito aoreembolso?

Sim, se o seu contrato prevê o reem-bolso, a regra para tanto é a mesma.

9Os reajustes sofrem algumamudança (data, percentual etc.)?

Não, permanecem a mesma database e as mesmas regras de reajuste. Seo contrato é antigo, permanece a

questão do reajuste anual (aplicação de índicesmaiores do que os que são estabelecidos pelaANS para os contratos novos).

10Para quem devo pagara mensalidade?

Como até 30 de novembro é a Porto Seguro quepresta o serviço, a mensalidade desse mês tem

que ser paga para a própria empresa. Já a dedezembro é para a Amil. Se o seu pagamento éfeito por débito automático, preste atenção paranão pagar a mensalidade para a Porto Seguro emdezembro. O correto é que esta operadora nãoefetue o desconto. Mas, por precaução, o Idecaconselha que o consumidor retire a conta dodébito automático e pague a mensalidade para aAmil por meio de boleto, inicialmente. Qualquercobrança indevida por débito automático emdezembro é de responsabilidade da Porto Seguro.

11Devo mudar deplano de saúde?

Na decisão sobre a adaptação do contrato anti-go ou sobre a contratação de plano de saúde comoutra operadora – caso o consumidor, por exem-plo, tenha perdido a confiança no plano emdecorrência da alienação –, devem ser levadosem consideração alguns fatores como preço,carências, rede credenciada, cobertura do planoetc. Veja algumas dicas abaixo.

40 Revista do Idec | Novembro 2006

PLANO DE SAÚDE

● Verifique se a nova operadora possui registrona ANS e se está sob direção fiscal ou técnica(www.ans.gov.br e 0800-701-9656).

● Leia o contrato antes de assiná-lo. Exija umacópia dele e da relação atualizada dos presta-dores credenciados (que também faz parte docontrato).

● Se contratar por meio de um corretor, saibaque suas informações e “promessas” obrigam aoperadora a cumpri-las (ele representa a empre-sa). Exija tudo por escrito.

● Para escolher um plano de saúde, equacioneos preços e reajustes (inclusive por faixa etária)com o orçamento doméstico e considere as neces-sidades e características suas e de toda a família(como a existência de doenças preexistentes, pes-soas idosas, mulheres em idade fértil etc.).

● Se houver “compra” de carências já cumpri-das em outra empresa, exija tudo por escrito, esolicite à operadora uma cópia das regras da“compra” de carência (normalmente aditivo con-tratual) de maneira detalhada.

● Não omita doenças ou lesões ao preencher a

declaração de saúde. Diante de questionamentosgenéricos, detalhe, na própria declaração, adoença da qual é portador. Não se influencie porum corretor ou atendente e, em caso de dúvida,solicite orientação médica, que é um direito asse-gurado pela lei.

● Doença ou lesão preexistente é aquela que oconsumidor sabe que tem quando da contrataçãodo plano de saúde. Assim, o que vale é o seu co-nhecimento sobre seu estado de saúde.

● Exija por escrito, da operadora, a declaraçãoquanto ao enquadramento como portador dedoença preexistente ou não, e o detalhamentodos procedimentos passíveis de exclusão durante24 meses, especialmente se tiver respondido“sim” para alguma das perguntas da declaraçãode saúde.

● Saiba que, no contrato de seguro saúde, o sis-tema de reembolso significa que você paga ante-cipadamente para depois receber parte do valordesembolsado. Planos de medicina de grupo, au-togestões e cooperativas dispõem de rede creden-ciada, sem pagamento adicional ou antecipado.

Oriente-se, caso decidamudar de plano de saúde

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mas que precisa avançarUma política exitosa,

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Em 1o de dezembro é comemorado o DiaMundial da Luta Contra a Aids, mas foiem novembro que se completaram os

dez anos da lei que mudou as previsões dasestatísticas para a doença no país. Assinadaem 13 de novembro de 1996, a Lei no 9.313veio para garantir a distribuição de medica-mentos para o tratamento da Aids pelo Sis-tema Único de Saúde (SUS) a todos os porta-dores de HIV do Brasil.

“O Brasil transformou o tratamento da Aidsem política pública precocemente, muitoantes da maior parte do mundo. Por isso éuma referência”, afirma Mariângela Simão,coordenadora nacional do Programa Nacionalde DST e Aids, do Ministério da Saúde. “Masainda estamos longe do controle da doença.”

Nos anos 90, o Banco Mundial previa quehaveria 1,2 milhão de infectados no país em2000. Mas, segundo o Programa de DST eAids, atualmente vivem em território brasi-leiro cerca de 600 mil portadores do vírus.Desses, pouco mais de 300 mil estão em trata-mento, 175 mil pelo SUS. A cada ano, surgem32 mil novos casos.

Só que, ao contrário do resto do mundo, oBrasil reduziu o seu quadro epidemiológico.No sul do continente africano, 15% da popu-lação estão contaminados com o vírus. O nú-mero de vítimas também aumenta em pro-porções devastadoras na Ásia. De acordo como diretor-executivo do Fundo Global, Ri-chard Feachem, a Índia já tem um índice de1% de soropositivos entre a população.

REMÉDIO GRÁTISA lei foi, para muitos, a possibilidade de

continuar vivo. Esse é o caso da escritora

Rosilda Marinho, hojecom 40 anos. Portadorado vírus desde 1991, elafoi a primeira mulher doCentro-Oeste a assumirpublicamente que tinhaAids. “Descobri por acaso.Não tinha a mínima idéiado que era HIV. Na época,eu tinha 24 anos e adoeci”, diz.“Perdi 10 kg e só queria descobrir oque tinha, já que nem os médicossabiam.”

No dia em que o resultado doexame de Aids chegou, seu na-morado, ex-usuário de drogasinjetáveis, era velado. “Foi de-sastroso, na épocame deram uma esti-mativa de vida de nomáximo dois anos. Erao que os médicos falavampara todo portador do vírus nos anos 90, quan-do a doença era diagnosticada.”

Rosilda não pertencia ao então chamadogrupo de risco: não era usuária de drogas etinha um único parceiro sexual. Filha defamília pobre, veio do campo ainda menina,de Tocantins para Goiás. “Quando soube daminha doença, um vidro de AZT custava emmédia US$ 100 e dava para menos de ummês.”

Sem a lei que garantia a gratuidade dotratamento, naquele tempo o portador costu-mava vender o que tinha em casa. Carro,aparelho de som, televisão, geladeira. “Masnem geladeira eu tinha”, diz Rosilda. Foi umpadre quem a ajudou a conseguir o dinheiro

O movimento DST/AIDS celebra os 10 anos da distribuição gratuitade medicamentos, mas quer o licenciamento compulsório dosanti-retrovirais, cujo custo pode implodir o programa brasileiro

AIDS

CIDADANIA

PHO

TOS

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