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Plano de Insolvência de PESCAVIVA – Comércio e Industria de Pescado, S.A.
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do C omércio de Lisboa
Apresentação pelo devedor de acordo com Art. 193.º do CIRE (Decreto-Lei 53/2004 de 18-03, redacção do Decreto-Lei 200/2004 de 18-08)
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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Índice
1. Enquadramento da empresa e das razões que determinaram a insolvência
1.1. Apresentação da empresa
1.1.1. História
1.1.2. Caracterização da empresa
1.1.3. Causas da Situação de insolvência
2. Descrição da situação patrimonial, financeira e reditícia da insolvente (al. a) do nº 2 do Art. 195.º do CIRE)
2.1. Situação actual da empresa
2.1.1. Departamento Comercial
2.1.2. Direcção Financeira
2.1.3. Recursos Humanos
2.1.4. Património
2.2. Enquadramento Macroeconómico e Sectorial
3. Objectivos do Plano de Insolvência (al. b) do nº 2 do Art. 195.º do CIRE)
3.1. Objectivos e estratégias a implementar
3.2. Medidas necessárias à execução
3.3. Alterações decorrentes do Plano, para as posições jurídicas dos credores
4. Impacto espectável do Plano, por comparação
5. Reestruturação do passivo e planos de pagamentos
5.1. Créditos Laborais
5.2. Fazenda Nacional
5.3. Segurança Social
5.4. Créditos Garantidos
5.5. Créditos Comuns
5.6. Créditos Subordinados
5.7. Créditos sob condição suspensiva e resolutiva
5.8. Outras condições
6. Fiscalização do Plano de Insolvência
7. Anexos
Anexo 1 - Estudo de Viabilidade Económica e Financeira1
Conta de Exploração previsional
Demonstração previsional de fluxos de caixa
Demonstração de resultados previsional
Balanço previsional
Anexo 2 - Situação Patrimonial da empresa
Inventariação e avaliação do património mobiliário
Balanço e Demonstração de Resultados de 2011
Balancete Analítico actualizado
1 Os documentos a que se refere o Anexo 1 protestam-se juntar no prazo de 30 dias, em virtude de se aguardar o encerramento definitivo das contas da empresa, bem como a certificação legal das mesmas.
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1 - Enquadramento da empresa e das razões que determinaram a insolvência
1.1. Apresentação da Empresa
1.1.1 História
A PESCAVIVA, S.A. foi constituída no ano de 1993 tendo como objecto social o comércio e
indústria do pescado.
Desde 1993 até ao ano de 2006, a PESCAVIVA, S.A. exerceu a sua actividade na Doca Pesca de
Lisboa, tendo transferido as suas instalações para o MARL no ano de 2006.
Desde a sua constituição que a PESCAVIVA, S.A. se posicionou no mercado como um agente
económico de referência no seu sector de actividade, tendo orientado a sua actividade para a
exportação.
1.1.2. Caracterização da empresa
A PESCAVIVA, S.A. dedica-se, essencialmente, à compra e venda de peixe fresco, exportando
aproximadamente 88% do seu volume de negócios (dados de 2010).
A PESCAVIVA, S.A. tem sido uma referência nacional na comercialização de peixe fresco,
colocando o peixe fresco português em diversos países europeus e americanos e em
restaurantes internacionalmente premiados, nomeadamente em Nova Iorque.
A PESCAVIVA, S.A. é uma das maiores compradoras de peixe fresco português.
A comercialização de pescado é coordenada e gerida directamente pelo presidente da
PESCAVIVA, S.A., pautando-se esta por elevados padrões de qualidade nos procedimentos de
compra, tratamento, embalamento e venda de pescado, sendo essa qualidade reconhecida por
todos os seus clientes da Requerente.
A PESCAVIVA, S.A. exerce a sua actividade com um grande rigor e exigência no processo de
compra, tratamento e exportação do pescado, podendo ser considerada uma referência e uma
escola de boas práticas a nível nacional e internacional.
A PESCAVIVA, S.A. exporta o pescado português para diversos países europeus e americanos,
mas essencialmente para Espanha, Itália e Estados Unidos da América.
Naqueles mercados, a PESCAVIVA, S.A. tem clientes de restauração, grandes superfícies e
grossistas, sendo que na restauração é reconhecida por diversos chefes de cozinha premiados
como um fornecedor de referência.
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A PESCAVIVA, S.A. manteve, em termos genéricos, desde 2007 até ao final do ano de 2011, o
mesmo nível de vendas (entre vinte e vinte cinco milhões de euros por ano, aproximadamente).
1.1.3 Causas da situação de insolvência
Não obstante o constante volume de vendas da PESCAVIVA, S.A. ao longo dos últimos anos, o
não pagamento à PESCAVIVA, S.A. de produtos vendidos por esta, juntamente com a
amortização de linhas de crédito, e a existência de valores significativos a receber de clientes
que poderão ser considerados como clientes de cobrança duvidosa, fez com que a PESCAVIVA,
S.A. não tivesse a liquidez necessária para adquirir pescado em quantidade suficiente para
manter os mesmos níveis de facturação e, consequentemente, fazer face às suas
responsabilidades e respectiva estrutura de custos.
Em resultado dessa situação, a PESCAVIVA, S.A. já iniciou um processo de redução de custos da
sua estrutura, de modo a adaptar a sua estrutura à sua capacidade de compra de pescado e à
solvência dos seus clientes (através da contratualização de seguros de créditos).
Sem prejuízo da administração da PESCAVIVA, S.A. apenas ter sido confrontada com esta
situação na presente data, tal desequilíbrio de tesouraria resulta, também e em grande medida,
de um incumprimento de um pagamento de € 1.597.490,70 (um milhão, quinhentos e noventa
e sete mil, quatrocentos e noventa euros e setenta cêntimos) por parte de um cliente italiano,
verificado no ano de 2007, cujo processo judicial ainda se encontra em curso.
Tal incumprimento levou a que a PESCAVIVA, S.A., em 2007, tivesse uma necessidade urgente
de injecção de dinheiro, tendo esta obtido essa liquidez através de um aumento do seu capital
social, ao qual esteve subjacente um contrato de recompra das acções emitidas no âmbito do
aumento do capital social por parte da PESCAVIVA, S.A., recompra de acções essa que foi
concluída em 2011.
Verifica-se, agora, que tal operação contribuiu para o desequilíbrio financeiro da PESCAVIVA,
S.A., sobretudo tendo em consideração o valor actual de tal participação.
Assim, não obstante o balanço da Requerente, a 31 de Dezembro de 2010, evidenciar um
capital próprio positivo de € 2.865.940,00 (dois milhões, oitocentos e sessenta e cinco mil,
novecentos e quarenta euros) e um crédito sobre clientes de € 9.314.088,00 (nove milhões,
trezentos e catorze mil e oitenta e oito euros), a verdade é que durante o ano 2011, e em
resultado da conclusão da operação de recompra de acções da PESCAVIVA, S.A., da cobrança
duvidosa de valores devidos por clientes, da amortização de linhas de crédito e do
adiantamento por parte de instituições financeiras de valores a receber de clientes cujo
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pagamento ainda não se verificou, o capital próprio da PESCAVIVA, S.A. tornou-se negativo em €
1.950.367,95 (valor não definitivo sujeito a auditoria).
Ou seja, durante o ano 2011 a tesouraria da PESCAVIVA, S.A. não recebeu créditos sobre
clientes no montante de € 2.841.589,49 (dois milhões, oitocentos e quarenta e um mil,
quinhentos e oitenta e nove euros e quarenta e nove cêntimos), os quais deverão ser
considerados como incobráveis.
Por outro lado, a PESCAVIVA, S.A. teve que suportar e pagar aos respectivos Bancos valores
referentes a remessas de exportação não cumpridas pelos seus clientes que totalizaram,
durante o ano de 2011, € 932.687,7 (novecentos e trinta e dois mil, seiscentos e oitenta e sete
euros e setenta cêntimos).
Para além dos encargos bancários suportados com as remessas de exportação, a PESCAVIVA,
S.A. viu-se obrigada a reduzir o seu endividamento bancário durante o ano de 2011, tendo
amortizado contas correntes caucionadas no Crédito Agrícola, Deutsche Bank e Banco BIC no
montante total de € 385.005,55 (trezentos e oitenta e cinco mil e cinco euros e cinquenta e
cinco cêntimos), uma livrança da Caixa Geral de Depósitos no montante de € 130.000,00 (cento
e trinta mil euros) e financiamentos de médio / longo prazo no Santander, Millennium bcp, BES,
Montepio, Caixa Geral de Depósitos, BBVA, BPN, Deutsche Bank e Banco Popular no montante
total de € 1.180.840,13 (um milhão, cento e oitenta mil, oitocentos e quarenta euros e treze
cêntimos).
Ou seja, a PESCAVIVA, S.A., durante o ano 2011, não só sofreu pressão na tesouraria em
resultado do não recebimento de pagamentos por parte dos seus clientes, no montante total de
€ 2.841.589,49 (dois milhões, oitocentos e quarenta e um mil, quinhentos e oitenta e nove
euros e quarenta e nove cêntimos), como realizou pagamentos a Bancos no montante total de €
2.628.533,00 (dois milhões, seiscentos e vinte e oito mil, quinhentos e trinta e três euros).
Àqueles valores, acrescem os valores referentes às compras de pescado (que não admitem
prazos longos de pagamento) e os custos de estrutura e de fornecimento da PESCAVIVA, S.A.
A situação de pressão de tesouraria acima relatada levou a uma situação de insolvência da
PESCAVIVA, S.A.
Sem prejuízo da situação de insolvência em que a PESCAVIVA, S.A. se encontra, esta considera
que reúne todas as condições para continuar a sua actividade, através de um processo de
ajustamento e reestruturação da empresa, orientando todas as suas vendas para clientes cujo
risco de crédito seja coberto por seguro de crédito.
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Tal reestruturação, reflectida no presente plano, passará por uma redução dos custos de
estrutura e por uma maior selecção de clientes, o que levará a uma provável diminuição da
facturação da PESCAVIVA, S.A., mas a uma correspondência real entre facturação e
recebimentos.
2 - Descrição da situação patrimonial, financeira e reditícia da insolvente (al. a) do nº 2
do Art. 195.º do CIRE)
2.1. Situação actual da empresa
Actualmente e após declaração de insolvência, a PESCAVIVA, S.A., mantém a sua actividade
diária corrente com todas as suas responsabilidades cumpridas, nomeadamente os impostos,
contribuições com a Segurança Social e salários, encontrando-se contudo sujeita a restrições e
constrangimentos diversos decorrentes da sua situação financeira, existindo uma grande
dificuldade em gerir fornecedores e clientes mediante a declaração de insolvência, o que, nesta
fase, torna a tesouraria bastante debilitada e sem boas perspectiva antes de aprovado o Plano
de Insolvência agora apresentado.
Refira-se que a notícia da insolvência da empresa, tanto no seio de fornecedores como de
clientes, tem claramente consequências que em nada favorecem o normal funcionamento da
empresa que, exige nesta fase um esforço de gestão redobrado, sendo esta a altura em que
efectivamente se evidencia a credibilidade que a sua Administração tem perante estas
entidades que, se pode considerar, um dos principais activos da empresa.
Não pode também deixar de se referir que as linhas de crédito que habitualmente são utilizadas
na gestão financeira da empresa, estão actualmente comprometidas e facilmente se poderá
concluir que esforço dos credores terá também de atingir as instituições financeiras que não
poderão deixar de apoiar a empresa e a sua tesouraria de curto prazo.
Por seu turno, também a situação reditícia, ou seja, a capacidade que a empresa possui de gerar
lucro, de criar riqueza, está também dependente da aprovação do Plano, podendo contudo
concluir-se que mesmo assim a actividade não é actualmente deficitária, mas está longe da
velocidade cruzeiro que se espera possa atingir, e que permitirá cumprir o que agora se propõe
aos credores.
Como se verá ao longo do presente documento, é entendimento desta administração e em
função das causas da situação de insolvência, que a empresa tem capacidade de recuperação
com a aprovação do Plano ora apresentado, e pode, no futuro, gerar lucros e a honrar os seus
compromissos, pagando aos seus credores da forma ora proposta.
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2.1.1. Departamento Comercial
O Departamento Comercial da PESCAVIVA, S.A. é gerido e coordenado directamente pela sua
administração, tendo a PESCAVIVA, S.A. uma carteira de clientes internacionais de referência
que deverão continuar a ser seus clientes.
A PESCAVIVA, S.A., entretanto, subscreveu uma apólice de seguro de crédito junto da COSEC,
tendo esta atribuído um limite máximo de crédito aos clientes da PESCAVIVA, S.A. submetidos a
apreciação da COSEC de oito milhões de euros.
Tendo em consideração a experiência do passado, é vontade firme da PESCAVIVA, S.A. não
fornecer os seus clientes para além do valor coberto pelo referido seguro de crédito, de modo a
não gerar facturação incobrável.
2.1.2. Direcção Financeira
A PESCAVIVA, S.A. está a formalizar um contrato de trabalho com uma nova directora financeira
para a empresa que terá total autonomia, independência e poderes para implementar
procedimentos de controlo de gestão que permitam a rigorosa implementação do plano de
insolvência que se propõe pelo presente.
2.1.3. Recursos Humanos
Ainda antes de se apresentar à insolvência, a PESCAVIVA, S.A. promoveu um despedimento
colectivo para ajustar a sua estrutura de custos fixos ao volume de facturação estimado
decorrente da carteira de clientes incluídos no seguro de crédito da COSEC.
Os trabalhadores que permaneceram na PESCAVIVA, S.A. dão garantias de qualidade e
continuidade, correspondendo à primeira escolha da administração da PESCAVIVA, S.A.
2.1.4. Património
A empresa possui património circulante e imobilizado, devidamente descriminado nos
documentos integrantes do anexo 2, concretamente o inventário de bens móveis e o balancete
analítico actualizado, que em resumo totalizam os seguintes montantes:
Descrição Valor Comercial Valor de Liquidação
Inventário de bens móveis 150.000€ 120.000€
Inventário de bens imóveis 0€ 0€
Valores a receber de clientes 1.433.868 1.433.868
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Aplicações financeiras 0€ 0€
Reembolso de Impostos 122.458€ 122.458€
Total 1.706.326€ 1.676.326€
2.2. Enquadramento Macroeconómico e Sectorial
2.2.1. Enquadramento Macroeconómico
As projecções do Banco de Portugal apontam para uma contracção da economia portuguesa em
2011 e 2012, seguida de uma virtual estagnação em 2013. Esta contracção da actividade
económica, a qual não tem precedente na economia portuguesa, traduz uma queda significativa
da procura interna, tanto pública como privada, num quadro de ajustamento dos desequilíbrios
macroeconómicos básicos. A forte contracção da procura interna é acompanhada por um
crescimento significativo das exportações, o qual não é no entanto sufi ciente para compensar o
impacto do ajustamento dos níveis de procura por parte dos agentes residentes, num quadro de
desalavancagem do sector privado e consolidação orçamental.
No quadro da crise da dívida soberana na área do euro, a economia portuguesa intensificou em
2011 o inadiável processo de ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos acumulados ao
longo dos últimos anos. Estes desequilíbrios tinham-se traduzido em necessidades de
financiamento externo persistentes e elevadas e, consequentemente, numa trajectória
insustentável da posição de investimento internacional.
Num contexto de fortes tensões nos mercados financeiros internacionais, estes desequilíbrios
constituem uma vulnerabilidade da economia portuguesa, que contribuiu para a perda de
acesso do sector público – e, em consequência, do sector bancário – a financiamento de
mercado em condições regulares. Deste modo, o Estado português solicitou assistência
financeira junto do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia. Este pedido deu lugar à
formalização de um Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), em que o Governo
de Portugal se comprometeu a adoptar medidas de ajustamento dos desequilíbrios
macroeconómicos e de carácter estrutural. Estas medidas visam assegurar condições
indispensáveis ao aumento do potencial de crescimento da economia portuguesa e permitir um
padrão de crescimento sustentável face ao novo quadro de funcionamento dos mercados
financeiros internacionais, mas têm um inevitável efeito contraccionista no curto prazo. Assim,
as projecções para o período 2011-2013 apontam para uma contracção sem precedente da
actividade económica e da procura interna, acompanhada de uma redução substancial do
desequilíbrio externo da economia portuguesa.
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Atendendo ao nível de endividamento externo atingido, a redução da procura interna
necessária para assegurar as condições de solvabilidade externa da economia portuguesa tem
uma magnitude sem precedente. O seu impacto sobre a actividade económica dependerá em
larga medida do enquadramento externo da economia portuguesa.
Ao nível interno, a projecção do Banco de Portugal é fortemente condicionada pela adopção de
medidas de consolidação orçamental no âmbito do Orçamento de Estado para 2012 (OE2012).
A composição da despesa agregada da economia alterar-se-á significativamente ao longo do
horizonte de projecção. As condicionantes de origem interna implicarão uma queda da procura
interna privada, que traduz uma contracção sem precedente do consumo privado, em particular
do consumo de bens duradouros, depois de um período prolongado de crescimento acima do
PIB, e do investimento privado (tanto empresarial como residencial). A queda acumulada do
volume de consumo público no período 2011-2013 será da ordem de 7.5 por cento,
contrastando com o aumento persistente registado no passado. Ao longo deste período,
assume-se a continuação da redução das despesas de investimento das Administrações
Públicas. Em sentido contrário, as exportações deverão manter um crescimento próximo do
considerado para a procura externa dirigida à economia portuguesa, sendo mesmo a única
componente da procura agregada a registar taxas de crescimento positivas ao longo de todo o
horizonte de projecção. Esta alteração da composição da despesa agregada traduz-se numa
posição próxima do equilíbrio da balança corrente e de capital em 2013, a qual é fundamental
para assegurar as condições de solvabilidade da dívida externa, um dos requisitos necessários
para o regresso da posição de investimento internacional a uma trajectória sustentável.
A inflação medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) deverá manter-se
em níveis elevados em 2012 e descer para próximo de 1 por cento em 2013.
As projecções do Banco de Portugal apontam para que a contracção da actividade económica
em 2011 tenha sido menos pronunciada que a antecipada no Boletim Económico do Outono.
Esta revisão traduz uma evolução da actividade no segundo semestre menos desfavorável do
que a antecipada, com destaque para a revisão em alta do crescimento das exportações. Para
2012 perspectiva-se uma maior contracção da actividade económica, decorrente da reavaliação
da queda da procura interna e das medidas de consolidação incluídas no OE2012.
Adicionalmente, a revisão em baixa do crescimento económico mundial implicou uma revisão
não negligenciável da procura externa, com impacto na evolução das exportações.
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Em termos prospectivos o enquadramento internacional incorpora uma significativa
desaceleração da actividade económica mundial em 2012, num quadro de recente
recrudescimento das tensões nos mercados financeiros internacionais, decorrente, em larga
medida, da intensificação da crise da dívida soberana na área do euro. Esta evolução implica um
expressivo abrandamento da procura externa dirigida às empresas portuguesas em 2012, que
deverá recuperar de forma significativa em 2013.
As condições de financiamento da economia portuguesa deverão manter-se restritivas, sendo
marcadas pelo processo de desalavancagem gradual e ordenado do sector bancário e pela
redução dos níveis de endividamento de famílias e empresas.
A informação disponível sobre a evolução recente da economia portuguesa aponta para que a
actividade económica tenha contraído 1.6 por cento em 2011. Esta evolução traduz uma queda
generalizada das componentes da procura interna, que contrasta com um crescimento
significativo das exportações no período (cerca de 8 por cento). No mesmo período, o consumo
privado caiu 3 por cento. De destacar ainda a magnitude de redução do consumo público, após
anos consecutivos de aumento expressivo. Não obstante o aumento das exportações, a redução
da procura interna traduziu-se numa queda da procura agregada, induzindo uma significativa
redução das importações de bens e serviços, em particular devido ao elevado conteúdo
importado das componentes da procura que registaram quedas mais expressivas.
As perspectivas para a procura externa publicadas no Boletim de Dezembro de 2011 do Banco
Central Europeu (BCE) apontam para um abrandamento expressivo da procura externa dirigida
às empresas portuguesas em 2012 (de 4.7 por cento em 2011 para 3.2 por cento em 2012),
seguido de um aumento de 5.7 por cento em 2013. O abrandamento da procura mundial em
2012 decorre do recrudescimento das tensões financeiras internacionais associado inter alia à
crise da dívida soberana na área do euro e da consequente necessidade de ajustamento dos
desequilíbrios das contas públicas num conjunto mais alargado de países na área do euro.
As condições de financiamento da economia portuguesa deverão manter-se restritivas. O
processo de desalavancagem do sector bancário deverá continuar, implicando a manutenção de
condições de concessão de crédito restritivas, em linha com o observado ao longo dos últimos
meses.
Prevê-se a manutenção das taxas de juro Euribor em níveis médios claramente inferiores aos
observados no período imediatamente anterior à eclosão da crise económica e financeira
internacional.
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O processo de consolidação orçamental em curso afectará negativamente o crescimento da
economia portuguesa, mas deverá criar condições para um crescimento sustentável no longo
prazo.
No conjunto de medidas do lado da receita com impacto em 2012, é de salientar a passagem de
um conjunto de bens e serviços que estavam sujeitos a taxa reduzida ou intermédia para a taxa
normal do IVA, incluindo o efeito remanescente do aumento do IVA sobre a electricidade e o
gás a partir de 1 de Outubro de 2011, a que acresce a introdução de portagens nas SCUTs e o
aumento das taxas moderadoras na saúde. O OE2012 contempla ainda um aumento da
tributação directa sobre as famílias e as empresas, nomeadamente através da redução ou
eliminação de benefícios fiscais e o agravamento da tributação dos rendimentos empresariais.
De entre as medidas do lado da despesa é de destacar a suspensão diferenciada e progressiva
dos subsídios de férias e de Natal para os funcionários públicos, a não actualização das tabelas
de remunerações, a par da manutenção do corte dos salários aplicado em 2011 e da redução do
número de efectivos da Administração Pública.
Oferta, procura e contas externas
As projecções apontam para a manutenção do quadro recessivo que caracterizou a economia
Portuguesa ao longo de 2011, no contexto do ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos
que a marcaram ao longo da última década. Assim, perspectiva-se uma redução do PIB de 3.1
por cento em 2012 e um crescimento de apenas 0.3 por cento em 2013 (após uma contracção
de 1.6 por cento em 2011), acompanhada por uma expressiva contracção da procura interna.
Esta evolução da actividade económica em Portugal determinará um afastamento do produto
per capita face à média da área do euro. A redução continuada da procura interna, tanto
pública como privada, até final do horizonte de projecção e o crescimento das exportações
implicam uma redução do peso da procura interna no PIB. Este padrão de despesa contribuirá
para a redução significativa do défice externo crónico que caracterizou a economia portuguesa
ao longo da última década.
A contracção da actividade económica projectada para o total da economia em 2012 deverá ser
extensível aos sectores privado e público. Em 2013, a actividade no sector público deverá
continuar a retrair, determinada pelo processo de consolidação orçamental, ao passo que a
actividade no sector privado deverá apresentar um aumento ao longo do ano, ainda que de
magnitude limitada. É de salientar contudo que o sector de bens e serviços transaccionáveis -
indústria transformadora e actividades do sector de serviços orientadas para a exportação –
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deverá beneficiar do aumento da procura externa dirigida à economia portuguesa em 2013, que
tenderá a compensar, ainda que parcialmente, a contracção da procura interna.
Por seu turno, a evolução da actividade nos sectores da construção e de serviços não
transaccionáveis será determinada pela forte contracção da procura interna.
Relativamente ao mercado de trabalho, contempla-se uma redução do emprego de 1.8 e 0.6
por cento, respectivamente em 2012 e 2013 (queda de 1.0 por cento em 2011), que resulta de
efeitos contemporâneos e desfasados da evolução da actividade económica. Em 2012 a
magnitude da contracção do emprego será relativamente similar nos dois sectores - público e
privado - ao passo que em 2013 será mais intensa no sector público. Desta forma, o contributo
do factor trabalho para a evolução do PIB deve manter-se negativo. Estima-se que o contributo
do stock de capital para o crescimento do PIB também seja negativo, cerca de 0.2 p.p. nos dois
anos, dada a acentuada quebra do investimento. Por fim, espera-se que o contributo da
produtividade total de factores para o crescimento do PIB passe de -1.8 p.p. em 2012 para +0.9
p.p. em 2013. Esta evolução da produtividade total dos factores sugere uma redução na
intensidade de utilização dos factores em 2012, seguida de um aumento em 2013, num quadro
de contínua queda do emprego em termos médios anuais.
As projecções apontam para uma diminuição do consumo privado de 6.0 por cento em 2012 e
de 1.8 por cento em 2013 (queda de 3.6 por cento em 2011), o que corresponde a uma queda
acumulada de 11.0 por cento no período 2011-2013. Esta redução é determinada por uma
queda da mesma ordem de grandeza do rendimento disponível real das famílias, num quadro
caracterizado por condições de financiamento restritivas, que dificultarão o alisamento do
consumo e deverão implicar alguma reestruturação dos balanços das famílias. Desta forma, o
consumo privado, que cresceu a um ritmo similar ao registado na área do euro no período
1999-2006 e a um ritmo superior em 2007-2010, deverá apresentar uma forte queda, que
contrasta com o aumento antecipado na área do euro.
A evolução do rendimento disponível real será marcada quer pelas medidas de consolidação
orçamental quer pela redução do emprego e contenção salarial. Num contexto de manutenção
de condições especialmente adversas no mercado de trabalho, em particular com um forte
aumento do desemprego, perspectiva-se uma redução das remunerações reais no sector
privado, sendo particularmente acentuada em 2012. A redução significativa do rendimento
disponível deverá tornar activas as restrições orçamentais intertemporais para um maior
número de famílias, aumentando consequentemente a proporção de agregados familiares com
restrições de liquidez activas.
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Neste contexto, espera-se uma subida gradual da taxa de poupança média das famílias no
período 2012-2013, não só devido à poupança forçada associada às amortizações do crédito,
em particular à habitação, mas também por motivos de precaução. De facto, a situação no
mercado de trabalho deverá ampliar a incerteza quanto à evolução do rendimento e da riqueza
futura das famílias, constituindo um travão adicional para a evolução do consumo privado.
A componente de consumo de bens duradouros deverá reduzir-se muito mais intensamente
nesta fase de retracção da actividade económica, apresentando uma marcada evolução pró-
cíclica que será mais pronunciada devido à maior restritividade no acesso ao crédito ao
consumo. A redução acumulada do consumo de bens duradouros no período 2011-2013 deverá
ser superior a 40 por cento. Por seu turno, o consumo de bens não duradouros deverá também
registar uma contracção sem precedentes.
As exportações de bens e serviços devem manter-se como a única componente da procura
agregada com variação positiva ao longo do horizonte de projecção. Em concreto, espera-se um
abrandamento muito pronunciado em 2012 (de 7.3 por cento em 2011 para 4.1 por cento em
2012), e uma aceleração para 5.8 por cento em 2013. A evolução projectada para as
exportações segue de perto o crescimento da procura externa. Ao nível das componentes, é
expectável um padrão de crescimento relativamente similar para as exportações de
mercadorias e para as de serviços.
Por fim, constata-se que o padrão de comportamento das exportações de bens e serviços tem
seguido uma trajectória de evolução similar à média da área do euro.
Por sua vez as importações de bens e serviços deverão cair significativamente em 2012, após a
queda estimada para 2011, e crescer ligeiramente em 2013. Esta evolução das importações é
largamente determinada pela contracção da procura interna, em particular das componentes
com maior conteúdo importado.
As necessidades de financiamento externo da economia portuguesa, medidas pelo saldo
conjunto das balanças corrente e de capital em percentagem do PIB, devem reduzir-se no
horizonte de previsão de um défice de 6.8 por cento do PIB em 2011 para 1.6 por cento em
2012, esperando-se um ligeiro excedente em 2013 (0.8 por cento). Este processo de redução do
desequilíbrio externo da economia portuguesa ocorre no contexto de uma expressiva queda da
procura interna, – traduzindo a desalavancagem gradual e ordenada do sector privado bem
como a redução progressiva do défice do sector público - combinada com a manutenção de
uma procura externa relativamente dinâmica.
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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A redução projectada das necessidades de financiamento externo traduz uma diminuição
expressiva do défice da balança de bens e serviços em percentagem do PIB, de 3.7 por cento em
2011 para excedentes de 0.3 e 2.4 por cento respectivamente em 2012 e 2013. A redução do
défice da balança comercial reflecte essencialmente a evolução do volume das exportações e
das importações, uma vez que o efeito dos termos de troca é negligenciável. O défice da
balança de rendimentos deverá reduzir-se marginalmente em 2012 e adicionalmente em 2013
para um nível próximo de 5.5 por cento do PIB, não obstante a deterioração da posição de
investimento internacional. Por sua vez, o excedente conjunto da balança de transferências
correntes e de capital em percentagem do PIB deverá registar uma melhoria temporária, em
linha com as hipóteses para as transferências da União Europeia.
Preços e salários
Os preços no consumidor, medidos pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC),
deverão apresentar um crescimento médio de 3.2 por cento em 2012, valor próximo do
esperado para 2011 (3.6 por cento), seguido de um abrandamento muito pronunciado em 2013
(1.0 por cento). A relativa estabilidade da taxa de inflação em 2012 resulta da combinação de
uma aceleração dos preços da componente não energética (de 2.3 por cento para 2.7 por
cento), com um forte abrandamento da componente energética (de 12.8 por cento para 6.1 por
cento). De acordo com os principais determinantes macroeconómicos – evolução globalmente
favorável dos custos unitários de trabalho no sector privado e dos preços das importações –
seria expectável um nível de inflação claramente inferior a 2 por cento em 2012-2013. No
entanto, o conjunto de medidas discricionárias de âmbito orçamental com impacto significativo
nos preços implica uma projecção para a inflação em 2012 acima de 3 por cento.
O actual cenário macroeconómico prevê uma desaceleração muito pronunciada dos custos
unitários de trabalho e dos preços de importações de bens não energéticos, assim como do
preço do petróleo em euros no horizonte de projecção. A evolução dos salários no sector
privado, um dos principais determinantes dos preços no consumidor, deverá ser condicionada
pela continuada deterioração das condições no mercado de trabalho – redução de emprego em
termos líquidos e aumento da taxa de desemprego para níveis historicamente elevados - no
actual contexto de retracção pronunciada da actividade económica.
Conclusões
A evolução da economia portuguesa ao longo do horizonte de projecção será indelevelmente
marcada pelo processo de ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos estruturais, no
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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contexto do PAEF acordado com a União Europeia, os países da área do euro e o Fundo
Monetário Internacional.
A redução dos níveis de endividamento de famílias e empresas, em conjugação com o processo
de desalavancagem gradual e ordenada do sector bancário, é essencial para garantir o
contributo do sector privado para a recuperação da actividade económica no médio prazo. O
sistema bancário, enquanto intermediário financeiro com um relacionamento privilegiado com
os clientes, deverá canalizar os recursos financeiros disponíveis para as empresas
financeiramente viáveis e com planos de negócio sustentáveis no médio e longo prazo,
contribuindo por esta via para uma reestruturação eficiente do sector empresarial.
A implementação de reformas estruturais deve ser acelerada de forma a promover a
competitividade da economia portuguesa e a concorrência nos mercados de trabalho e do
produto, reduzir os custos de contexto da actividade empresarial e aumentar a qualificação da
população activa. Pela sua natureza, estas medidas não têm um impacto imediato, pelo que
protelar a sua implementação atrasará a recuperação da economia e impedirá que a economia
portuguesa acompanhe a fase ascendente do ciclo económico global.
O equilíbrio entre as medidas destinadas à correcção dos desequilíbrios macroeconómicos
estruturais, com efeitos contraccionistas no curto prazo, e as reformas estruturais, que visam o
aumento do crescimento potencial e a criação de emprego, é fundamental para assegurar um
ajustamento eficiente e rápido da economia portuguesa. Estas condições são indispensáveis ao
sucesso do processo de ajustamento económico e financeiro e à construção de um paradigma
económico que promova o crescimento de forma sustentável em Portugal.
2.2.2. Enquadramento Sectorial
No mês de Janeiro de 2012 o volume de capturas de pescado cresceu 22,5% em relação ao nível
verificado no mês homólogo do ano anterior, devido sobretudo à maior captura de “peixes
marinhos”.
Às 12 006 toneladas de pescado correspondeu uma receita de 22 152 mil Euros, valor que
reflecte um aumento de 16% em relação ao registado em Janeiro de 2011.
O volume de “peixes marinhos” (10 963 toneladas) em Janeiro de 2012 foi superior ao do mês
homólogo de 2011 em 31,6%. Para este acréscimo contribuiu de forma decisiva a captura de
maiores quantidades de “cavala” (+105%) com 3 420 toneladas capturadas.
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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O volume de “crustáceos” do mês de Janeiro registou um aumento de 39,1% relativamente ao
mês homólogo, tendo atingido as 64 toneladas devido principalmente à maior captura de
caranguejo mouro.
Já a captura de “moluscos”, apresentou uma descida de 31,9% relativamente ao mês homólogo
do ano anterior, com 967 toneladas vendidas em lota, sendo de destacar a menor captura de
“polvos”.
Em Janeiro de 2012 o preço médio do pescado descarregado situou-se em 1,78 Euros/kg, ou
seja uma diminuição de 4,3% em relação ao valor registado no mês homólogo do ano anterior.
Comparativamente a Janeiro de 2011, o preço médio dos “peixes marinhos” (1,57 Euros/kg)
teve um aumento de 2,2% e o dos “moluscos” (4,29 Euros/kg) aumentou 9,6%, essencialmente
pela subida de preço do “polvo”. O preço médio dos “crustáceos” (3,16 Euros/kg) baixou 21,6%
devido a uma maior captura de espécies menos valorizadas.
3 - Objectivos do Plano de Insolvência (al. b) do nº 2 do Art. 195.º do CIRE)
3.1. Objectivos e estratégias a implementar
O objectivo principal deste plano de insolvência é reestruturar o passivo da empresa e fazer
nascer uma "nova" empresa lucrativa, encaminhando os lucros gerados na satisfação dos
credores, deixando-os numa situação bem mais vantajosa do que ficariam num cenário de
liquidação.
Relativamente às medidas a levar a cabo pela Gestão da empresa, de forma a inverter a
situação negativa dos últimos exercícios, consequência das causas antes explicitadas, podemos
salientar as seguintes:
a) Ajustamento da estrutura de pessoal da empresa ao nível da actividade existente com
uma diminuição de 40 para 21 trabalhadores, considerando a possibilidade de novas
contratações, em face da possibilidade da existência de um nível de negócio que o
permita.
b) Reforço do departamento comercial, devidamente profissionalizado, apostando cada
vez mais na internacionalização da actividade.
c) Criação de sistema de remuneração por objectivos, transformando a empresas numa
estrutura de vasos comunicantes, em que as motivações se contagiam em todos os
departamentos;
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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d) Implementação de rigoroso controlo de custos, possibilitando aumento da
competitividade da empresa e possibilitando o incremento das margens de
comercialização;
e) Implementação de rigoroso controlo e avaliação do risco de clientes de forma a eliminar
por completo a incobrabilidade de créditos.
f) Correcção de todos os erros estratégicos e de gestão que contribuíram para situação de
insolvência da empresa.
O Plano de Insolvência, posto em prática com a implementação destas medidas, tem como
principal objectivo a manutenção da actividade da empresa ora insolvente, a manutenção dos
postos de trabalho e o pagamento a credores de forma bem mais vantajosa que a que seria
atingida num cenário de encerramento de estabelecimento e liquidação.
Os principais activos da empresa, que são o know-how da sua administração, que funciona
como pulmão da capacidade comercial da empresa, a capacidade técnica dos seus
colaboradores, o posicionamento no mercado, os largos anos de experiência e a consciência do
cometimento de alguns erros, são aqueles que, em situação de liquidação, não passam para os
cofres dos credores, perdendo-se no mesmo dia em que se decide iniciar a liquidação.
Em termos financeiros e não havendo grande margem de manobra na tesouraria, pois está
dificultada a possibilidade de crédito bancário ou mesmo de fornecedores, terá que ser a
própria actividade a financiar, sendo contudo indispensável a manutenção de linhas de crédito
existentes e dos plafons de seguros de crédito atingidos.
Em suma, podemos concluir que a proposta de Plano de Insolvência tem como objectivo a
recuperação económica e financeira desta unidade comercial, através da reestruturação do seu
passivo, acompanhando com medidas de gestão financeira, comercial e estratégica, que irão
certamente deixar todos os credores numa situação mais favorável do que aquela que seria
conseguida por via da simples liquidação dos activos da insolvente.
Não podemos deixar de referir, o numero de insolvências que atingiu o nosso país, devendo, no
nosso mais modesto entendimento, este ser um factor a considerar por parte dos credores,
aquando da votação deste plano, no sentido de efectivamente terem em consideração que esta
unidade, também sofreu as consequências de uma crise generalizada e irá permanecer em
funcionamento unicamente para satisfazer os seus credores, não havendo por parte da
estrutura accionista qualquer perspectiva de distribuição de dividendos, até o plano estar
integralmente cumprido.
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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Uma referência muito especial à possibilidade de insucesso do Plano de Insolvência agora
apresentado, de forma a permitir aos credores acreditar que caso aconteça, a sua situação não
ficará prejudicada, pois a Administração da empresa compromete-se a não manter exploração
deficitária, e em situação nenhuma será ponderada a alienação de activos para financiar custos
de exploração, podendo concluir-se que a aprovação deste Plano de Insolvência, no pior dos
cenários, apenas poderá tratar-se de um adiamento da liquidação.
3.2. Medidas necessárias à execução
A execução do Plano de Insolvência passa, obviamente, por cumprir o pagamento dos créditos
verificados e reconhecidos pela respectiva sentença, encontrando-se, na proposta de
pagamento cumprido o disposto no Art. 194.º do C.I.R.E.
Para atingir os objectivos agora propostos, será fundamental que os actuais credores bancários
possam manter linhas de apoio à tesouraria, pois, como facilmente se compreenderá não será
nos fornecedores que se conseguirá, pelo menos no curto prazo, o crédito que a tesouraria da
empresa necessita para este novo arranque da actividade.
Cremos ainda que, o estigma da existência de uma empresa declarada insolvente permanecer
no mercado, terá uma normal tendência a dissipar-se, não devendo ser esse um factor que
deverá condicionar os credores a não acreditar na possível recuperação da empresa.
3.3. Alterações decorrentes do Plano de Insolvência, para as posições jurídicas dos
credores:
a) A Aprovação do Plano de Insolvência implica a derrogação dos seguintes preceitos do CIRE:
i) Art. 91.º, nº1, na medida em que passa a haver uma moratória para o cumprimento
das obrigações da insolvente, admitindo-se o pagamento dos créditos sobre o
insolvente em prestações, podendo ainda usar de um período de carência;
ii) Art. 172.º a 184.º, na medida em que passa a vigorar um regime especial de
pagamento aos credores, de acordo com o que vier a ser aprovado em Assembleia
de Credores e constar da sentença homologatória do Plano nela aprovado.
b) Art. 230.º, n.º 1, al. b), atendendo ao conteúdo do presente Plano de Insolvência, a sua
homologação não determinará o encerramento do processo, estando contudo prevista a
fiscalização pelo Administrador de Insolvência, nos termos do Art. 220.º do CIRE.
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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c) Nos termos do Art. 221.º, estipula-se que terão prioridade sobre os créditos sobre a
insolvência, em novo processo de insolvência aberto entes de findo o período de
fiscalização, os créditos que sejam constituídos nesse período, desde que essa prioridade
lhe seja reconhecida expressamente e por escrito, com indicação do montante abrangido e
confirmação pelo Administrador de Insolvência.
d) Não estando previsto o encerramento deste processo de insolvência com a sentença
homologatória de Plano de Insolvência, em caso de incumprimento do mesmo – fica
vedado o requerimento de insolvência por qualquer legitimado, derrogando-se o Art. 20.º,
n.º1, al. f), ficando o Administrador de Insolvência, no prazo máximo de 60 dias a contar
desse incumprimento, incumbido de, nos termos do Art. 75.º nº 1 do CIRE, requerer ao Juiz
a convocação de uma Assembleia de Credores extraordinária, que vise deliberar o destino a
dar à insolvente, por aplicação, com as devidas adaptações, dos poderes dados à
Assembleia de Credores, nos termos do Art. 156.º do CIRE.
4 - Impacto espectável do Plano, por comparação com a situação que interviria na
ausência de qualquer plano de insolvência.
Pretende-se com este plano de insolvência que os credores sejam beneficiados com a
manutenção da actividade da empresa, obtendo uma maior satisfação quando em comparação
com um cenário de liquidação.
Ora num cenário de liquidação, cumpriria efectuar os pagamentos resultantes da sentença de
verificação e graduação de créditos, transitada em julgado, após liquidação de todo o activo da
insolvente e de percorrido todo o processo de insolvência, que, para os menos familiarizados
com este tipo de processos, se informa que seguramente não demoraria menos de 2 a 3 anos.
Contudo e no cumprimento do que se considera dever fazer parte conteúdo do plano de
insolvência, cumpre elaborar cenários comparativos, ou seja, o que se espera ser efectivamente
vantajoso para os credores, na aprovação do plano de insolvência em comparação com um
cenário de liquidação.
Esta comparação será efectuada no pressuposto de que os créditos laborais gozam de privilégio
mobiliário geral e imobiliário especial.
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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4.1. Cenário de Liquidação (saldos à data de 31/12/2011):
Bens Móveis (a) 120.000 €
Bens Imóveis - €
Cl ientes (b) 1.433.868 €
Aplicações Financeiras (c) - €
Reembolso de IVA 122.458 €
Total da Liquidação 1.676.326 €
Custas do processo e remuneração do Administrador de Ins. 35.000 €
Valor a distribuir pelos credores 1.641.326 €
Crédito Total Valor a pagar %Crédito Não
Satisfeito
Crédito de Trabalhadores 211.780 € 211.780 € 100,0% - €
Administração Tributária e Segurança Social(Ultimos 12 Meses) 23.590 € 23.590 € 100,0% - €
Administração Tributária e Segurança Social 114.055 € 114.055 € 100,0% - €
Instituições Financeiras (d) 5.647.987 € 865.828 € 15,3% 4.782.159 €
Fornecedores 2.779.371 € 426.073 € 15,3% 2.353.298 €
Restantes Credores - € - € - €
8.776.783 € 1.641.326 € 18,7% 7.135.457 €
(a) A avaliação de bens móveis não contempla a avaliação das verbas 52 a 58, pelo que o
valor considerado é bastante superior aos 76.840€, aí constante, considerando-se um
valor de liquidação do património de 120.000€.
(b) O Valor da rubrica de clientes está calculado da seguinte forma (Balancete a 31/12/2011):
Clientes conta corrente (4.777.884€) – Provisões a efectuar (3.344.016€), sendo estas
provisões calculadas com base nas dívidas de clientes com mais de 12 meses, não
deixando de referia que esta rubrica está tratada numa perspectiva de liquidação
bastante optimista.
(c) Não consideradas aplicações financeiras, em virtude de terem sido constituídas para
garantia de empréstimos bancários e já terem sido utilizadas para esse efeito.
(d) Não são considerados Factorings nem Remessas de Exportação/Cheques pré datados.
Em relação ao crédito de trabalhadores previsto no cenário de liquidação, o valor resulta do
cálculo resultante da antiguidade e remuneração dos actuais 21 trabalhadores, os quais se
indicam em seguida:
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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Em conclusão, pretende-se com este cenário prever que, numa perspectiva bastante optimista,
os trabalhadores receberiam a totalidade dos seus créditos, bem como o Estado e Segurança
Social, e os credores comuns, ou seja todos os restantes, receberiam cerca de 15% do seu
crédito, num prazo que não se consegue prever, mas que se estima seja de largos anos, pois
está em causa recebimento de clientes, com recurso por certo a acções judiciais a instaurar fora
do território nacional.
Este é sem dúvida nenhuma o que de pior pode acontecer a todos os credores, pois, em caso de
reprovação do plano de insolvência, estão a optar pelo quadro mais desvantajoso, além de
estarem a liquidar a possibilidade de recuperação de uma empresa, ou seja de um cliente.
Sublinhe-se ainda que o incumprimento do Plano não comprometerá a posição dos credores,
podendo apenas adiar por alguns meses o que quem pretende reprovar o Plano considera mais
vantajoso, pois a devedora assume desde já perante os seus credores, neste Plano de
Insolvência, que não permanecerá em laboração caso verifique a existência de uma exploração
deficitária e não alienará património para financiar a actividade.
Nome Departam Admissão Antiguidade Salario anual
Orlando do Poço Rolo Bonifacio Administração 01-03-1993 19,3 41.229,30
Angelo Rodrigues Marques Costa Armazem 01-03-1998 14,3 16.957,22
Antonio Manuel Maria Nunes Armazem 01-09-2000 11,8 20.613,22
Carlos Aexandre Carmo Moita Armazem 01-02-1998 14,3 15.009,96
Carlos do Poço Rolo Bonifacio Armazem 01-02-2007 5,3 9.282,00
Eduardo Jorge Silva Sequeira Restauração 11-04-1994 18,3 20.873,16
Fernando José Simões Restauração 01-01-2000 12,6 11.568,76
João Manuel Dias Pereira Restauração 22-01-1996 16,4 12.763,14
João Paulo G.Jorge Armazem 11-11-1993 18,5 14.553,00
Joaquim José F.Carvalho Restauração 01-01-2010 3,6 5.600,00
José Carlos Machado Fernandes Armazem 03-08-2006 5,8 13.965,00
José Nascimento Carrasqueira Restauração 01-07-2000 11,9 5.361,86
Manuel Pedro F.Ribeiro Armazem 07-12-1999 12,5 14.693,00
Maria de Fatima N.Cartas Escritorio 15-06-2001 11,0 20.788,88
Nuno Filipe Loução Gonçalves Armazem 01-01-2008 3,5 10.200,00
Nuno José Carvalho Lobo Armazem 01-11-2009 2,6 8.400,00
Paulo Jorge Nunes Castelão Restauração 01-03-1994 16,3 12.639,02
Porfirio Costa Pinheiro Armazem 01-12-1998 13,6 15.111,26
Rui Manuel Silva Malvas Pereira Escritorio 01-09-2004 7,8 10.921,82
Sandra Isabel Oliveira Nunes Escritorio 26-03-2001 11,3 11.308,78
Vitor Orlando Pereira Armazem 01-04-2000 12,2 12.789,00
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4.2. Plano de Insolvência
Crédito Garantido Valor a pagar %Crédito Não
Satisfeito
Crédito de Trabalhadores (com integração da total idade dos
trabalhadores actualmente ao serviço) 19.618 € 19.618 € 0,0% - €
Administração Tributária e Segurança Social(Ultimos 12 Meses) 23.590 € 23.590 € 100,0% - €
Administração Tributária e Segurança Social 114.055 € 114.055 € 100,0% - €
Instituições Financeiras 5.647.987 € 2.823.994 € 50,0% 2.823.994 €
Fornecedores 2.779.371 € 1.389.686 € 50,0% 1.389.686 €
Restantes Credores - € - € 0,0% - €
8.584.621 € 4.370.942 € 50,9% 4.213.679 €
Bem podemos verificar que de acordo com o Plano de Insolvência proposto e evidenciado no
quadro anterior, os credores receberão cerca de mais 2.700.000€, que num cenário de
liquidação imediata, ficando mesmo os credores garantidos/privilegiados em situação mais
desfavorável, na liquidação, pois só iriam receber após conclusão do processo, o que
efectivamente se estima poder demorar vários anos, e de acordo com o Plano de Insolvência
apresentado, além de se esperar virem a ser liquidados na totalidade, o seu recebimento será
muito mais cedo.
Note-se ainda que com a aprovação do Plano de Insolvência e consequentemente permitindo a
continuidade da laboração da empresa, além de aumentarmos a expectativa de recuperação de
créditos, pois em liquidação apenas se esperam cerca de 1.640.000€ (num cenário optimista de
recebimento de clientes), desta forma espera pagar-se cerca de 4.371.000€. Acresce que,
haverá um nível de recuperação de crédito de clientes bem diferente, pois como é do
conhecimento geral, a cobrança de dívidas de clientes de empresas declaradas insolventes,
reveste uma dificuldade acrescida, ainda mais quando sedeadas fora do território nacional,
sendo habitualmente invocados quebras de contratos de fornecimento, produto fora dos
padrões de qualidade, enfim, um sem número de situações que se poderão evitar com a
continuidade da actividade da empresa.
Não poderá deixar de se referir que desta forma se mantêm cerca de 21 postos de trabalho,
podendo naturalmente haver crescimento de pessoal, o que não aconteceria em caso de
liquidação da empresa.
Podem os credores considerar que a comparação está desenvolvida com uma margem de
segurança considerável, apenas podendo haver alguma duvida por parte dos credores por
assentar em perspectivas de resultados da empresa, o que, sendo previsional é falível.
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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Quanto a esse particular, não pode deixar de ser dito que não foi tido em consideração a
possibilidade de desenvolvimento de novos mercados e a potenciação do volume de negócios
para níveis já anteriormente atingidos, em que a empresa libertava mais de 500.000€ anuais.
Refira-se que o esforço de pagamento em velocidade cruzeiro, ou seja, após período de
carência, é de cerca de 25.000€ mensais, o que poderá ser atingido com a empresa a laborar a
menos de 50% do seu normal.
5 - Reestruturação do passivo e planos de pagamentos.
Quanto ao plano de pagamento e reestruturação de passivo, cuja elaboração assenta nas
directrizes do Instituto de Segurança Social e da Fazenda Nacional, bem como, no princípio
comparativo do cenário de liquidação, anteriormente exposto, resulta a seguinte proposta:
5.1. Créditos Laborais
• Período de carência de pagamento de 12 meses;
• Pagamento em 24 prestações mensais, sem juros, iguais e sucessivas, vencendo-se a
primeira em 13 mês após homologação do Plano de Insolvência e trânsito em julgado
da sentença de verificação e graduação de créditos, sem prejuízo da possibilidade de
pagamento antecipado.
5.2. Fazenda Nacional
• Pagamento em 120 prestações mensais, iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira
imediatamente após homologação do Plano de Insolvência e trânsito em julgado da
sentença de verificação e graduação de créditos, tudo de acordo com o disposto nos nºs
2 e 3 do Art. 30.º e nº 3 do Art. 36.º, ambos da LGT; artºs 196.º e 199.º do CPPT; do Art.
125.º da Lei 55-A/2010, de 31/12 e, quanto aos juros de mora, os nºs 3 e 5, do Art. 3º
do DL 73/99, de 16/3, com excepção do ponto seguinte:
• As dívidas cuja liquidação tenha sido objecto de impugnação, apenas serão pagas, em
caso de decaimento nas respectivas impugnações judiciais, em 120 prestações mensais,
iguais e sucessivas, com início no dia 1 do mês seguinte ao do trânsito em julgado da
respectiva sentença.
• Para o cumprimento do plano de pagamento proposto à Fazenda Nacional, a Insolvente
compromete-se a prestar garantias idóneas, pelo valor da dívida, através da
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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constituição de penhor mercantil sobre os bens móveis da empresa, constantes em
inventário anexo.
5.3. Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, com cenários alternativos, conforme
previsto no Art. 200.º do CIRE
• Pagamento da dívida em 150 prestações mensais, iguais e sucessivas, sem período de
carência, vencendo-se a primeira no mês seguinte ao da data da sentença de
homologação do plano de insolvência;
• Redução de 80% de juros vencidos, conforme declaração subscrita pelo administrador
de insolvência, que comprova a imprescindibilidade de tal redução para a viabilidade da
sociedade, recalculados à data da declaração de insolvência e tendo em conta o cálculo
de renúncias de créditos a efectuar;
• A taxa de juros vincendos será determinada de acordo com o cálculo de renúncias de
créditos a efectuar e de acordo com a idoneidade das garantias a prestar, pelo que, a
sua fixação é feita em 3,5%;
• Para cumprimento do plano de pagamento proposto à Segurança Social é proposta a
constituição de penhor mercantil sobre os bens móveis da empresa, constantes em
inventário anexo.
• O pagamento das contribuições mensais e respectivos juros de mora vencidos
posteriormente à data da declaração de insolvência, até à data de aprovação do plano
de insolvência.
5.4. Créditos garantidos
• Não Aplicável
5.5. Créditos comuns
• Período de carência de 18 meses, iniciado após homologação do plano de insolvência e
trânsito em julgado da sentença de verificação e graduação de créditos;
• Perdão de 50% do capital em dívida e inexigibilidade de juros vencidos;
• Os juros vincendos serão pagos de acordo com as seguintes taxas:
o até ao final do 6.º ano, inclusive, aplica-se a taxa Euribor 1 mês;
o do início do 7.º ano até ao final do 12.º ano, inclusive, aplica-se a taxa Euribor 1
mês, acrescida de um spread de 0,5%;
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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o do início do 13.º ano até final, aplica-se a taxa Euribor 1 mês, acrescida de um
spread de 1%;
• pagamento em 162 prestações mensais e sucessivas;
• os juros devidos durante o período de carência, serão diluídos no decurso do prazo
restante.
5.6. Créditos subordinados
• Perdão total dos créditos subordinados;
5.7. Créditos sob condição suspensiva e resolutiva
• Estes créditos não são sujeitos a condição de pagamento em sede de Plano de
Insolvência porque não é expectável que se venham a efectivar numa perspectiva de
continuidade da empresa e do cumprimento das suas obrigações, não sendo também,
pelos mesmos motivos, consideradas os pagamentos de indemnizações a trabalhadores
reintegrados.
5.8. Outras condições
• Caso se verifique que a empresa se encontra em melhor situação económica do que a
prevista no presente plano e sem prejuízo da não descapitalização da sociedade que
torne impossível o integral cumprimento do Plano de Viabilização e, logo, a recuperação
da sociedade, poderá ser equacionada a antecipação total ou parcial dos pagamentos
parciais previstos no presente plano, sempre com respeito pelos limites máximos
previstos no presente plano, rateado aos credores, sem prejuízo da preferência dos
novos credores (“Melhor Fortuna”)
• Faz-se notar que, para efeitos de apresentação do presente plano de insolvência, foi
considerada a contabilidade do devedor actual, nomeadamente no estudo de
viabilidade económica apresentado, pelo que aquando da sentença de verificação e
graduação de créditos reconhecidos poderá o presente Plano sofrer pequenas
adaptações tendo em conta a realidade então apurada;
• Ficam sem efeito, quaisquer outros planos de pagamento acordados, relativamente a
créditos sobre a insolvência.
Processo N.º 261/12.2TYLSB – 4º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – PESCAVIVA, S.A.
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6 - Fiscalização do Plano de Insolvência
Propõe-se, mesmo prevendo-se que o processo não seja encerrado, conforme referido no
ponto 3.3., al. b), que a execução do Plano de Insolvência seja fiscalizada pelo Administrador de
Insolvência nomeado, Dr. Jorge Calvete, nos termos do Art. 220.º do CIRE, auferindo uma
remuneração mensal de 1.750€ mensais, durante 36 meses.
Loures, 21 de Março de 2011
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Orlando do Poço Rolo Bonifácio