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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba Governo do Estado do Piauí Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA PLANAP CODEVASF / GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI) APOSTILA DO CURSO TÉCNICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIOS FLORESTAIS CURITIBA, PR FEVEREIRO 2010

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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba

Governo do Estado do Piauí Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural

PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP

CODEVASF / GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA

(PDFLOR-PI)

APOSTILA DO CURSOTÉCNICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIOS

FLORESTAIS

CURITIBA, PR FEVEREIRO 2010

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PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP

CODEVASF/GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ/FUPEF

Produto 11Apostila do Curso Técnicas de Prevenção e Combate à Incêndios

Florestais

APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI)

Coordenação do Projeto

SDRRubem Nunes Martins

CODEVASFGuilherme Almeida Gonçalves de Oliveira

GOVERNO DO PIAUÍJorge Antônio Pereira Lopes de Araújo

STCPJoésio SiqueiraIvan Tomaselli

Bernard DelespinasseRodrigo Rodrigues Dartagnan Gorniski

Curitiba, PR Fevereiro de 2010

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APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DO PROGRAMA DE

DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI)

APOSTILA DO CURSO DE TÉCNICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIOS FLORESTAIS

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................1

2. IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS NA VEGETAÇÃO........1

3. CONCEITOS ........................................................................................................................................1

4. TEORIA BÁSICA DO FOGO ............................................................................................................24.1. TRIÂNGULO DO FOGO..................................................................................................................24.2. COMBUSTÍVEIS...............................................................................................................................24.2.1. Tipos de Combustíveis ......................................................................................................................34.2.2. Poder Calorífico do Combustível Florestal.........................................................................................34.3. FASES DA COMBUSTÃO................................................................................................................34.3.1. Fase 1 - Pré-aquecimento...................................................................................................................34.3.2. Fase 2 - Destilação ou Combustão Gasosa.........................................................................................44.3.3. Fase 3 – Incandescência ou Consumo de Carvão...............................................................................44.4. FORMAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR..................................................................................44.4.1. Condução...........................................................................................................................................44.4.2. Convecção.........................................................................................................................................54.4.3. Radiação............................................................................................................................................54.4.4. Deslocamento de Corpos Inflamados.................................................................................................54.4.5. Corrente e/ou Descargas Elétricas......................................................................................................54.5. RELAÇÃO DAS VARIÁVEIS METEREOLÓGICAS COM OCORRÊNCIAS DE INCÊNDIOS..............................................................................................................................................54.5.1. Precipitação ......................................................................................................................................54.5.2. Umidade do Ar...................................................................................................................................54.5.3. Temperatura do Ar.............................................................................................................................54.5.4. Velocidade do Vento..........................................................................................................................54.5.5. Índices de Perigo de Incêndios ...........................................................................................................54.6 . COMPORTAMENTO DO FOGO NA VEGETAÇÃO..................................................................64.6.1. Taxa de Propagação...........................................................................................................................74.6.2. Intensidade do Fogo ..........................................................................................................................74.6.3. Altura de Crestamento Letal..............................................................................................................74.6.4. Tempo de Residência.........................................................................................................................84.6.5. Temperatura Letal.............................................................................................................................8

5. INCÊNDIOS FLORESTAIS................................................................................................................85.1. Biomas brasileiros...............................................................................................................................85.1.1. Bioma Amazônico .............................................................................................................................85.1.2. Bioma Cerrado ..................................................................................................................................95.1.3. Bioma Caatinga...............................................................................................................................105.1.4. Bioma Mata Atlântica......................................................................................................................105.1.5. Bioma Pantanal................................................................................................................................115.1.6. Bioma Pampa...................................................................................................................................115.2. FLORESTAS PLANTADAS...........................................................................................................125.2.1. Pinus spp.........................................................................................................................................12

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5.2.2. Eucalyptus spp.................................................................................................................................125.3. CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS....................................................................................135.3.1. Raios 135.3.2. Incendiários......................................................................................................................................135.3.3. Queimas para Limpeza....................................................................................................................135.3.4. Fumantes.........................................................................................................................................135.3.5. Fogos Campestres ou por Atividades Recreativas............................................................................145.3.6. Operações Florestais........................................................................................................................145.3.7. Estradas de Ferro.............................................................................................................................145.3.8. Diversos...........................................................................................................................................145.4. TIPOS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS.......................................................................................145.4.1. Incêndios Subterrâneos....................................................................................................................145.4.2. Incêndios de Superfície....................................................................................................................155.4.3. Incêndios de Copa............................................................................................................................155.5. PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS .......................................................................16

6. MANEJO DO FOGO E SEUS BENEFÍCIOS PARA A FLORESTA............................................186.1. PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIOS..............................................................................186.2. CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS ....................................................................................186.3. GERMINAÇÃO DE SEMENTES E REGENERAÇÃO DE ESPÉCIES....................................196.4. LIMPEZA E PREPARO DE TERRENOS ...................................................................................196.5. MELHORIA DOS ATRIBUTOS DO SOLO.................................................................................19

7. EFEITOS NEGATIVOS DO FOGO NA FLORESTA ...................................................................197.1. DANOS AO SOLO ..........................................................................................................................197.2. CAPACIDADE PRODUTIVA DA FLORESTA...........................................................................207.2.1. Tipo Florestal...................................................................................................................................207.2.2. Densidade da Floresta......................................................................................................................207.2.3. Rendimento Sustentado da Floresta ou “Princípio da Persistência”..................................................207.3. ASPECTO RECREATIVO DA FLORESTA E DA PAISAGEM ...............................................207.4. FAUNA SILVESTRE.......................................................................................................................207.5. VEGETAÇÃO..................................................................................................................................217.6. CARÁTER PROTETOR DA FLORESTA ...................................................................................217.7. QUALIDADE DO AR .....................................................................................................................227.8. DANOS A VIDA HUMANA............................................................................................................227.9. DANOS ECONÔMICOS ................................................................................................................22

8. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS..............................................................................238.1. EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS ..................................238.2. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO .................................................................................................248.3. PREVENÇÃO PARA PROPAGAÇÃO .........................................................................................258.3.1. Construção e Manutenção de Obras de Infra-estrutura....................................................................258.3.2. Construção e Manutenção de Fontes de Água..................................................................................268.3.3. Redução de Material Combustível...................................................................................................278.4. PLANOS DE PROTEÇÃO PARA INCÊNDIOS ..........................................................................298.4.1. Local 298.4.2. Causas ............................................................................................................................................308.4.3. Períodos de Ocorrência....................................................................................................................308.4.4. Classes de Materiais Combustíveis..................................................................................................308.4.5. Zonas Prioritárias............................................................................................................................30

9. COMBATE À INCÊNDIOS FLORESTAIS.....................................................................................309.1. FORMAÇÃO DE BRIGADAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS......................319.2. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS..............329.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)..........................................................329.3.1. EPI Básicos....................................................................................................................................329.3.2. Equipamentos acessórios aos EPIs...................................................................................................339.4. FERRAMENTAS E APARELHOS................................................................................................339.4.1. Facão ..............................................................................................................................................33

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9.4.2. Motosserra.......................................................................................................................................339.4.3. Machado..........................................................................................................................................349.4.4. Foice …...................................................................................................................................... 349.4.5. Enxada.............................................................................................................................................349.4.6. Pá....................................................................................................................................................349.4.7. Rastelo ou Ancinho..........................................................................................................................349.4.8. McLeod............................................................................................................................................349.4.9. Abafadores.......................................................................................................................................349.4.10. Bomba Costal................................................................................................................................359.4.11. Mochila costal................................................................................................................................359.4.12. Aparelho controlador de Queimadas (Lança-chamas ou Pinga-fogo)............................................359.5. VEÍCULOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS.....................................................369.6. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS................................369.6.1. Método Direto..................................................................................................................................369.6.2. Método Indireto................................................................................................................................369.6.3. Método Paralelo...............................................................................................................................379.6.4. Método de Dois Pés.........................................................................................................................379.7. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DE CAMPO..................................................................379.7.1. Detecção e Comunicação.................................................................................................................379.7.2. Sistemas de Comunicação................................................................................................................389.7.3. Mobilização da Brigada...................................................................................................................389.7.4. Chegada ao Local e Planejamento do Combate................................................................................399.7.5. Ações ..............................................................................................................................................399.8. RESCALDO......................................................................................................................................40

10. PONTOS IMPORTANTES A CONSIDERAR NO COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS..........................................................................................................................................4010.1. PREPARAÇÃO E AÇÃO INICIAL.............................................................................................4010.2. ORGANIZAÇÃO E PLANO DE ATAQUE................................................................................4010.3. HORA DE COMBATE..................................................................................................................4010.4. PONTO E MÉTODO DE ATAQUE............................................................................................4010.5. ERROS COMUNS NO COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS........................................4110.6. PONTOS QUE NÃO DEVEM SER ESQUECIDOS...................................................................4110.7. DEZ PRECEITOS DE SEGURANÇA.........................................................................................4110.8. CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS.....................................................................................41

11. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO..........................................................................................................41

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................42

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Triângulo do Fogo......................................................................................................................2Figura 02. As Três Fases da Combustão......................................................................................................4 Fase 1:......................................................................................................................................4 Fase 2:......................................................................................................................................4 Fase 3:......................................................................................................................................4Figura 03. Índice de Incêndios pela Fórmula de Monte Alegre (SOARES & PAEZ)...................................6Figura 04. Mapa de Risco de Incêndios da Vila Mortágua- Portugal...........................................................6Figura 05. Localização e Distribuição dos Biomas do Brasil.......................................................................8Figura 06. Paisagem do Bioma Amazônico..................................................................................................8Figura 07. Paisagem do Bioma do Cerrado..................................................................................................9Figura 08. Paisagem do Bioma Caatinga...................................................................................................10Figura 09. Paisagem do Bioma Mata Atlântica..........................................................................................10Figura 10. Paisagens do Bioma Pantanal...................................................................................................11Figura 11. Paisagens do Bioma Pampa......................................................................................................11

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Figura 12. Pinus spp..................................................................................................................................12Figura 13. Eucalyptus spp.........................................................................................................................13Figura 14. Fumantes podem ser potenciais Fontes de Ignição para Incêndios.............................................14Figura 15. Operação de Colheita Florestal.................................................................................................14Figura 16. Incêndio Florestal de Superfície................................................................................................15Figura 17. Incêndio Florestal de Copa........................................................................................................16Figura 18. Esquema dos Três Tipos de Incêndios-Subterrâneo, Superficial e de Copa...............................16Figura 19. Incêndio Florestal de Copa e o Esquema dos Três Tipos de Incêndios.....................................16Figura 20. Sirex noctilio (Vespa da Madeira do Pinus spp.).....................................................................19Figura 21. Queima de Resíduos para Limpeza e Preparo do Terreno.........................................................19Figura 22. Animais fugindo de Incêndio, abrigando-se em um Curso D'Água............................................21Figura 23. Danos ao Câmbio da Árvore, após sucessivos Incêndios..........................................................22Figura 24. Danos a vida humana ...............................................................................................................23Figura 25. Campanha da Defesa Civil para Prevenção de Incêndios Florestais..........................................24Figura 26. Símbolo da Campanha PREVFOGO do IBAMA.....................................................................24Figura 27. Símbolos para Restrição da Área para Fumantes, Fogueiras e Fogos.......................................24Figura 28. Aceiros construídos a partir de Cercas ou Divisas da Propriedade............................................25Figura 29. Aceiro e Acesso para a Propriedade.........................................................................................26Figura 30. Divisórias e Contornos do Plantio Florestal..............................................................................26Figura 31. Lago artificial...........................................................................................................................27Figura 32. Redução de Material Combustível por Queima Controlada dentro do Plantio...........................28Figura 33. Redução de material combustível por gradagem do solo...........................................................28Figura 34. Incêndio na Margem de uma Estrada........................................................................................28Figura 35. Método de Queima Progressiva contra o Vento........................................................................29Figura 36. Método de Queima em Faixas a favor do Vento.......................................................................29Figura 37. Método de Queima em Cunho ou “V”, a favor do Vento..........................................................29Figura 38. Método de Queima em Mancha................................................................................................29Figura 39. Composição de um “Plano de Proteção Contra Incêndios Florestais”.......................................30Tabela 07. Principais Causas de Incêndios no Brasil.................................................................................30Figura 40. Exemplo de Zoneamento de Risco............................................................................................30Tabela 08. Etapas do Combate à um Incêndio Florestal.............................................................................31Figura 41. Luva de Couro para Proteção de altas Temperaturas................................................................32Figura 42. Calçado adequado às Operações de Combate ao Fogo..............................................................33Figura 43. Roupas usadas pelo Operador no Combate...............................................................................33Figura 44. Capacete e Óculos de Proteção.................................................................................................33Figura 45. Máscara Anti-gases.................................................................................................................33Figura 46. Cantil .......................................................................................................................................34Figura 47. Facão para Corte de Vegetação................................................................................................34Figura 48. Motosserra................................................................................................................................34Figura 49. Machado para Combate a Incêndios usado pelos Bombeiros....................................................35Figura 50. Foice Roçadeira de Cabo longo................................................................................................35Figura 51. Enxada......................................................................................................................................35Figura 52. Pá Cortadeira............................................................................................................................35Figura 53. Rastelo ou Ancinho...................................................................................................................35Figura 54. McLeod....................................................................................................................................35Figura 55. Abafador de Borracha de Cabo longo.......................................................................................36Figura 56. Treinamento de Brigada com abafadores de borracha..............................................................36Figura 57. Pulverizador Costal de alta Pressão..........................................................................................36Figura 58. Saco Costal para Combate a Incêndios...................................................................................36Figura 59. Queimador ou Pinga-fogo.........................................................................................................36Figura 60. Veículo especial transportador de Água para Combate a Incêndio............................................37Figura 61. Torres de Vigilância Estrutura em Madeira (à esquerda) e em Estrutura metálica (à direita)....38Figura 62. Treinamento de Brigada para o Planejamento das Ações..........................................................40Figura 63. Desenvolvimento das Atividades de Combate...........................................................................40Figura 64. Equipe trabalhando na Construção de Aceiro...........................................................................40Figura 65. Atividade de Combate Direto as Chamas..................................................................................41Figura 66. Atividade de Rescaldo...............................................................................................................41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Poder calorífico da Madeira e da Casca de Espécies florestais a 12% de Umidade.....................3Tabela 02. Condições para Alteração no Cálculo de FMA...........................................................................6Tabela 03. Classificação da Velocidade de Propagação do Fogo de Botelho & Ventura (1990)..................7Tabela 04. Limites das Intensidades para Danos em Povoamento de Eucalipto............................................7Tabela 05. Áreas e Percentual de Ocupação dos Biomas no Brasil..............................................................8Tabela 06. Principais Essências Florestais plantadas em Escala Comercial no Brasil................................12Tabela 07. Principais Causas de Incêndios no Brasil.................................................................................30Tabela 08. Etapas do Combate à um Incêndio Florestal.............................................................................31

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1. INTRODUÇÃO Este manual foi elaborado com intuito de

instruir os participantes do curso de Prevenção e Combate à Incêndios Florestais sobre a importância de dominar as técnicas contra incêndios e de se prevenir contra estes na silvicultura e manejo florestal, evitando, ou mesmo, amenizando prejuízos econômicos e ambientais ocasionados pelo fogo. A apostila aborda os assuntos: teoria básica do fogo; comportamento nos diferentes tipos de vegetação; manejo correto de queimas; técnicas métodos de prevenção e combate a incêndios florestais.

2. IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS NA VEGETAÇÃOO fogo tem fascinado a humanidade durante

milhares de anos e a partir do seu domínio, presumivelmente foi o primeiro grande passo do homem para a conquista de ambientes inóspitos. Ao seu redor e graças ao seu calor, tem vivido centenas de gerações.

Com esta conquista, o homem aprendeu a utilizar a força do fogo em seu proveito, extraindo a energia dos materiais da natureza ou moldando os recursos em seu benefício. Devido aquecido pelo calor das chamas, o homem pode suportar as noites frias e habitar zonas temperadas e até árticas, assim como a luz das chamas na noite permitiu a exploração noturna. Além disso, o fogo afasta os outros animais selvagens, cozinha alimentos que crus seriam impossíveis de digerir, permitiu a confecção de ferramentas, armas metálicas, entre outros.

Entre muitos fatores, o fogo foi um dos maiores responsáveis pelo grau de desenvolvimento que a humanidade atingiu. Por outro lado, é um elemento de difícil controle, portanto o homem não tem total domínio sobre seu poder destrutivo.

Este elemento é comumente utilizado no manejo agrícola, florestal e de pastagens por ser viável economicamente e a prática já estar inserida culturalmente nas diversas civilizações. Entretanto é irrefutável, que, quando a queima for mal conduzida provoca desastres ambientais e danos materiais imensuráveis, sendo a melhor forma de atenuá-la a geração de conhecimento tecnológico.

A vegetação tem sido alvo de danos significativos em termos de redução de biodiversidade, danos ambientais, climáticos e econômicos. Além da destruição da floresta (habitat e ecossistema) os incêndios podem ser responsáveis por: morte e ferimentos nas populações humanas e animais (queimaduras, inalação de partículas e gases); destruição de bens (casas, armazéns, postes de

eletricidade e comunicações, destruição de culturas agropastoris, etc.); corte de vias de comunicação; alterações, por vezes de forma irreversível, do equilíbrio do meio natural; proliferação e disseminação de pragas e doenças, quando o material ardido não é tratado convenientemente e/ou quando o equilíbrio do ecossistema é afetado.

A prevenção e combate a incêndios florestais são ações dentro da silvicultura que visam proteger a floresta contra o agente destruidor que é o fogo, e assim como outras medidas de proteção florestal, como de prevenção e combate de certas pragas e doenças fazem parte do programa de manejo florestal.

Para minimização dos prejuízos causados pelo fogo em florestas, é necessário que o silvicultor inclua nos programas de silvicultura e manejo, medidas de prevenção, assim como ter-se domínio das técnicas, possuir equipamentos adequados para combate e pessoal treinado a fim de suprimir o mais rápido possível o incêndio e diminuir os danos ocasionados pelo fogo.

3. CONCEITOS Bioma: grande ecossistema uniforme e

estável com fauna, flora e clima próprios, adaptados a diferentes regiões do planeta. Ex.: florestas temperadas, florestas tropicais, campos, desertos, cerrado. (Dicionário Ambiental Básico, 2008)

Incêndio florestal: é todo fogo sem controle que incide sobre qualquer forma de vegetação, podendo ter sido provocado pelo homem (intencional ou negligência) ou por fonte natural (raio).

Queima controlada: é o fogo decorrente de prática agropastoril ou florestal, onde é utilizado de forma controlada, atuando como um fator de produção.

Silvicultura: é a ciência que trata do cultivo de árvores, referindo-se às práticas relativas à produção de mudas, plantio, manejo, exploração e regeneração dos povoamentos. (DANIEL, 2008)

Manejo florestal: é a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. (IBAMA). Desenvolvimento e aplicação de técnicas de análise quantitativa nas decisões acerca da composição, estrutura e localização de uma floresta, de tal maneira que sejam produzidos os produtos, serviços e/ou benefícios, diretos ou indiretos, na quantidade e na qualidade requeridos por uma organização florestal, ou por toda uma sociedade ...” (ARCE, 2002)

Combustível florestal: material vegetal suscetível a arder em chamas.

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Serrapilheira: constitui-se da matéria orgânica vegetal ou animal que é depositada sobre o solo, sob diferentes estágios de decomposição, representando assim uma forma de entrada e posterior incremento da matéria orgânica no solo (BARBOSA, 2006).

Áreas periféricas ou ecótonos: são áreas de transição entre os biomas.

Edáfico: relacionados ao solo.Piscicultura: é um dos ramos da aqüicultura,

que se preocupa com o cultivo de peixes, bem como de outros organismos aquáticos que vem crescendo rapidamente nos últimos anos, transformando-se numa indústria que movimenta milhões de dólares em diversos países.

Caducifólia ou decídua: planta que perde as folhas em épocas desfavoráveis (frio, seca, etc).

Endêmica: espécie ou fator encontrado apenas numa certa região. Ex.: doença, animal, planta.

Encosta: declive de montanha por onde correm as águas das chuvas. Este local está mais sujeito à erosão.

Fauna: conjunto das animais de uma região.Flora: conjunto das plantas de uma região.Floresta: ecossistema no qual as árvores

ocupam um lugar predominante. Especificamente é uma área com mais de 0,5 ha e cobertura arbórea (copas) superior a 10%. As árvores no estado adulto podem atingir uma altura mínima de cinco metros. Inclui povoamentos jovens naturais e todas as plantações estabelecidas com objetivos florestais que não tenham atingido a densidade de copas de 10% ou altura de árvores de cinco metros. Inclui também zonas integradas na área florestal que estejam temporariamente desarborizadas como resultado da intervenção humana ou causas naturais, mas para as quais é expectável a reconstituição da cobertura (exemplo: áreas recentementes submetidas a corte final ou percorridas por incêndios). Inclui ainda clareiras e infra-estrutura florestais. Exclui-se terras de uso predominantemente agrícola. (APOSTILA CORPO DE BOMBEIROS – PARANÁ, 2005)

Plantio florestal: floresta implantada por meio antrópico (artificial).

Rede viária florestal: é a malha de acessos construídos para o trânsito de pessoal, materiais e equipamentos (plantio/manutenção/colheita) e transporte de madeira, podendo ser divisão de talhões e proteção, como aceiros e acesso à equipes de combate a incêndio. (FLORIANO, 2006).

4. TEORIA BÁSICA DO FOGO 4.1. TRIÂNGULO DO FOGO

Para compreendermos o comportamento, efeitos e manejo do fogo, devemos a princípio ter

conhecimento do que é o fogo. O fogo é uma reação química e é considerado

um fenômeno que ocorre quando se aplica calor a uma substância combustível em presença do ar, elevando sua temperatura até que ocorra a libertação de gases, cuja combinação com o oxigênio do ar proporciona a energia necessária para que o processo continue. Para que a reação aconteça, são necessárias a combinação entre três elemento: o oxigênio, combustível e energia de ignição. Fogo ou processo de combustão é, portanto uma reação que é provocada por uma determinada energia de ativação. Esta reação é sempre do tipo exotérmico, ou seja, libera calor. Este fenômeno é uma reação de oxidação muito rápida, assemelhando-se à formação de ferrugem em um pedaço de ferro ou a decomposição de madeira, apenas muito rápida. O fogo pode ser considerado um veloz agente de decomposição.

Figura 01. Triângulo do Fogo

Fonte: Corpo de Bombeiros/PR (UOV, 2004).

A combustão não é mais do que uma reação inversa da fotossíntese:

Quando uma substância combustível é submetida pela ação do calor, as suas moléculas movem-se mais rapidamente. Com o aumento do calor, poderá haver libertação de gases, que ao se inflamarem, formarão chamas, dando início à combustão.

Uma vez iniciada a combustão os gases nela envolvidos reagem em cadeia, alimentando a combustão, dada a transmissão de calor de umas partículas para outras no combustível; mas, se a cadeia for interrompida, não poderá continuar o fogo.

2

CalorOHCOIgniçãodeEnergiaOOHCCombustão ++→++⇒ 2225106 )(

2510622 )( OOHCSolarEnergiaOHCOseFotossínte +→++⇒

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4.2. COMBUSTÍVEIS 4.2.1. Tipos de Combustíveis

O combustível é qualquer material orgânico, vivo ou morto, no solo sobre o solo ou acima deste, capaz de entrar em ignição e queimar. Tanto o material vegetal morto como o vivo pode ser considerado como combustível florestal. Em uma floresta existem infinitas combinações de quantidade, tipo, tamanho, forma, posição, e arranjo de material combustível (SOARES e BATISTA, 2007).

Os materiais combustíveis podem, de acordo com suas dimensões e grau de inflamabilidade, ser classificados em combustíveis perigosos, semi-perigosos ou de combustão lenta e combustíveis verdes.

Combustíveis perigosos

São representados por materiais que, em condições naturais, apresentam fácil e rápida combustão. Nesta categoria incluem-se cascas, ramos, galhos finos, folhas, pastos, musgos, líquens, etc, quando secos. São materiais que propiciam o início do fogo, e dependendo da magnitude e abundância, com uma combustão rápida, produzindo grandes chamas e muito calor, podem fazer com que os combustíveis semi-perigosos e verdes sequem, tornando-se perigosos.

Combustíveis semi-perigosos ou de combustão lenta

Incluem o húmus, geralmente úmido, os ramos semi-secos, troncos caídos, etc. Referem-se aos materiais lenhosos que em razão de sua estrutura, disposição, teor de água, não são capazes de queimar rapidamente. Levando em conta que o início do fogo nestes materiais seja mais difícil que nos materiais perigosos, estes são importantes no avanço do fogo lento e para conservar latente a combustão, incidindo na propagação do fogo, uma vez que estes materiais, como, por exemplo, um tronco, poderá ficar por muitos dias queimando.

Combustíveis verdes

Referem-se à vegetação integrada por árvores, arbustos, ervas, etc., em estado vivo. Considerando que estes materiais verdes contém um grande teor de água, pode-se considerar que os mesmos são não inflamáveis, porém isso não impede que possam entrar em combustão, após um processo de perda de umidade, o qual poderá ocorrer enquanto o fogo queima o material perigoso e libera calor para aquecer e secar o mesmo.

4.2.2. Poder Calorífico do Combustível Florestal

Conforme SOARES e BATISTA (2007) a energia que mantém a reação da combustão é o poder calorífico ou calor de combustão do material

combustível, que pode ser medido com bastante precisão através de calorímetros. A quantidade de energia calorífica liberada pela queima de combustíveis florestais é alta e não varia de maneira significativa entre os diferentes tipos de materiais existentes numa floresta. O poder calorífico varia ligeiramente entre espécies florestais, sendo um pouco maior nas coníferas do que nas folhosas, devido ao maior conteúdo de lignina e resina nas coníferas. Assim como a parte da árvore, tipo de combustível apresenta variação de poder calorífico. A tabela 01, mostra o poder calorífico da madeira e da casca de algumas essências florestais.

Tabela 01. Poder calorífico da Madeira e da Casca de Espécies florestais a 12% de Umidade

Fonte: Departamento de Tecnologia da Madeira da UFPR. (SOARES e BATISTA, 2007)

Os dados acima, representam os valores médios máximos possíveis, pois foram obtidos da queima completa do material. Em condições naturais, não ocorre a queima completa do material combustível, portanto sendo menor do que os valores apresentados.

4.3. FASES DA COMBUSTÃO

O processo de combustão é dividido em três fases conforme a evolução da queima

4.3.1. Fase 1 - Pré-aquecimento

Nesta primeira etapa o material é seco, aquecido e parcialmente destilado, porém ainda não existem chamas. O calor elimina a umidade existente no material e continua aquecendo o combustível até a temperatura de ignição, aproximadamente entre 260 e 400°C para a maioria do material florestal. A temperatura de ignição será alcançada rápida ou lentamente, dependendo do tipo de combustível, seu conteúdo de umidade e seu estágio de maturação (se está verde ou em dormência, no caso de vegetação viva). Os componentes voláteis se movem para a superfície do combustível e são expelidos para o ar circundante. Inicialmente esses voláteis contêm grandes quantidades de vapor d’água e alguns compostos orgânicos não combustíveis. Nos

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combustíveis florestais, quando a temperatura aumenta, a hemicelulose, seguida da celulose e da lignina, começam a se decompor e liberam um fluxo de produtos orgânicos combustíveis (pirolisados). Pelo fato de estarem aquecidos, esses elevam-se misturando-se com o oxigênio do ar e incendeiam-se produzindo a segunda fase.

4.3.2. Fase 2 - Destilação ou Combustão Gasosa

Os gases destilados da madeira incendeiam-se e entram em combustão, produzindo chamas e altas temperaturas que podem atingir 1250°C ou um pouco mais. Nesse estágio do processo de combustão os gases estão queimando, mas o combustível propriamente dito, ainda não está incandescente. Olhando-se atentamente para um pedaço de madeira que está queimando, por exemplo, um fósforo aceso, observa-se que as chamas não estão ligadas diretamente à superfície da madeira, mas separadas dela por uma fina camada de vapor ou gás. Isto ocorre porque combustíveis sólidos não queimam diretamente, necessitando primeiro serem decompostos ou pirolisados, pela ação do calor, em vários gases, uns inflamáveis e outros não. Os gases inflamáveis não possuem suficiente quantidade de oxigênio para queimar quando liberados da madeira, precisando primeiro se misturar com o ar em redor para formar uma mistura inflamável. Se a pirólise é lenta, pouco gás é destilado, e as chamas são curtas e intermitentes. Mas quando grandes quantidades de combustível estão queimando rapidamente, como em um incêndio florestal, o volume de gases é grande e alguns deles necessitam se expandir, afastando-se a consideráveis distâncias do combustível antes que a mistura se torne inflamável. Nesse caso, longas e compactas chamas são formadas.

4.3.3. Fase 3 – Incandescência ou Consumo de Carvão

O combustível é consumido, havendo formação de cinzas. O calor é intenso, porém praticamente não existe chama nem fumaça. Nessa fase o combustível (carvão) é consumido, restando apenas cinzas. A quantidade de calor liberada nessa fase depende do tipo de combustível, mas de um modo geral, pode-se dizer que 30 a 40% do calor de combustão da madeira está no seu conteúdo de carbono. A composição do carvão residual que é liberado após a fase de destilação varia de acordo com a temperatura em que ocorreu a destilação dos hidrocarbonos. Se ela ocorreu no limite inferior de temperatura, 260 a 300°C, o carvão retém considerável quantidade de alcatrão e o conteúdo de carbono pode ser apenas 60%. Mas a temperaturas normais de um incêndio florestal, 800°C ou mais, a

porcentagem de carbono chega a 96%.

Figura 02. As Três Fases da Combustão

Fase 1:

Fase 2:

Fase 3:

Fonte: Apostila de Proteção Florestal –UFMS/RS (2005)

4.4. FORMAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR

Existem cinco possíveis formas de transmissão de calor:

4.4.1. Condução

É o mecanismo de troca de calor que produz de um ponto a outro por contato direto, através de um corpo bom condutor de calor. Ex.: Se aquecermos a extremidade de um galho de madeira que esteja em contato com outro, passado um determinado período o outro galho estará aquecido, ou seja o calor foi transmitido de molécula para molécula.

4.4.2. Convecção

É a transmissão de calor pelo ar em movimento. Estas correntes de circulação do ar produzem-se devido à diferença de temperatura que existe nos diversos níveis de um incêndio, significa que o ar quente possui menor densidade e por isso estará nos níveis mais altos e o ar frio sendo mais denso, encontrar-se-á a níveis mais baixos. A expansão de um fogo por convecção, provavelmente, tem mais influência do que os outros métodos quando tivermos de definir a

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posição de ataque a um incêndio. O calor produzido num edifício de grande altura em que arde em um pavimento intermediário, se expandirá e se elevará aos níveis superiores. Deste modo, o calor transmitido pela convecção tenderá, na maioria dos casos, na direção vertical, embora o ar possa levar em qualquer direção.

4.4.3. Radiação

É o processo de transmissão de calor de um corpo a outro através do espaço, realizando-se a transmissão por via dos raios de calor. O calor irradiado não é absorvido pelo ar, portanto, viajará no espaço até encontrar um corpo que por sua vez poderá emitir raios de calor. O calor irradiado é uma das maiores fontes pela qual o fogo se estende e deverá ser prestada atenção na hora do ataque ao fogo nos elementos que podem transmitir calor por este método. Ex.: O calor do Sol.

4.4.4. Deslocamento de Corpos Inflamados

Forma de transmissão que se dá pela queda ou lançamento da matéria que está queimando, provocando novos focos de incêndio. Ex.: fagulhas levadas pelo vento, queda de árvores, animais que fogem com o pêlo em chamas.

4.4.5. Corrente e/ou Descargas Elétricas

É o caso dos incêndios provocados por curto circuito nas instalações elétricas ou descargas elétrico naturais (raios).

4.5. RELAÇÃO DAS VARIÁVEIS METEREOLÓGICAS COM OCORRÊNCIAS DE INCÊNDIOS

As medições e análises de variáveis meteorológicas são importantes ferramentas de previsão de incêndios em vegetação, permitindo ao manejador identificar períodos durante o ano de maior probabilidade de ocorrência de incêndios florestais, devido às condições meteorológicas. Com as informações, se ganha tempo para providenciar medidas técnicas e administrativas, em busca de minimizar danos.

As principais variáveis meteorológicas relacionadas com ocorrência de incêndios na vegetação são: Precipitação, Umidade do Ar, temperatura do ar e velocidade do vento.

4.5.1. Precipitação

Durante o ano, podemos observar que alguns meses tem menores quantidades de chuvas, o que caracteriza, a época de seca na região No período de menor ocorrência de chuvas o ar torna-se mais seco, ou seja, com menor quantidade de vapor de água, consequentemente, é a fase mais propícia à ocorrência de incêndios. Portanto, as atenções devem ser redobradas nestas épocas.

4.5.2. Umidade do Ar

A umidade dos combustíveis mortos (ramos secos, árvores e arbustos mortos) está diretamente relacionada à umidade atmosférica. Quanto menor a umidade do material vegetal, maior é a facilidade deste entrar em combustão.

A quantidade de vapor de água contida num certo volume de ar em relação ao mesmo volume de ar saturado é chamada de umidade relativa do ar. Quanto menor a umidade relativa do ar, mais seco é o ar e maior é grau de risco de incêndio na vegetação.

4.5.3. Temperatura do Ar

A temperatura do ar está também relacionada à sua umidade relativa. Temperaturas elevadas tornam os combustíveis mais secos e suscetíveis de entrar em combustão.

4.5.4. Velocidade do Vento

O vento é o responsável pela oxigenação da combustão e, consequentemente, intensifica a queima. É também o responsável pelo arrastamento de fagulhas que poderão provocar focos de incêndio a distâncias consideráveis e pela inclinação das chamas sobre outros combustíveis. Ou seja, o vento aumenta a velocidade de propagação porque fornece oxigênio para a combustão, transporta o ar aquecido, resseca os combustíveis e dispersa partículas em ignição.

4.5.5. Índices de Perigo de Incêndios

As variáveis meteorológicas estão estreitamente relacionadas com o risco de incêndios, tanto que foram desenvolvidos métodos para determinar o grau de índice de risco ou de perigo em função das condições meteorológicas de um determinado dia e local. No Brasil, em 1972 o professor Ronaldo Viana Soares, desenvolveu a fórmula de Monte Alegre ajustadas às condições locais.

Fórmula de Monte Alegre

Onde: FMA = Fórmula de Monte AlegreHi = umidade relativa do ar (%), medida às 13 horasn = número de dias sem chuva

Dependo da quantidade de chuva do dia, devem ser feitas algumas alteração no valor de FMA.

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)/100(1

iHFMAn

i∑

=

=

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Tabela 02. Condições para Alteração no Cálculo de FMA.

Fonte: Soares &¨Batista (2007).

Fórmula de Monte Alegre Alterada

Desenvolvido através de dados da região central do Estado do Paraná, pelo pesquisador José Renato Soares Nunes em 2005, este índice, também acumulativo, tem como variáveis a umidade relativa do ar, e o vento medidos às 13 horas. A sua equação básica é a seguinte:

Onde:FMA + = Fórmula de Monte AlegreHi = umidade relativa do ar (%), medida às 13 horasn = número de dias sem chuva maior ou igual a 13 mmv = velocidade do vento em m/s, medida às 13 horase = 2,718282 - base dos logarítmos naturais

Geralmente os gráficos de riscos de incêndios ficam expostos em locais de grande tráfego, para alertar trabalhadores florestais e pessoas da comunidade, sobre o risco atual de incêndio nas imediações.

Figura 03. Índice de Incêndios pela Fórmula de Monte Alegre (SOARES & PAEZ)

Fonte :Ciências @ Tic (2010).

Ou ainda, pode ser construído um mapa com os grau riscos de incêndios de vários pontos dentro de uma área (Figura 04).

Figura 04. Mapa de Risco de Incêndios da Vila Mortágua- Portugal

Fonte: Fileira Florestal (1997).

4.6 . COMPORTAMENTO DO FOGO NA VEGETAÇÃO

O comportamento do fogo num incêndio é determinado conforme a combinação de quantidades e qualidade de elementos (condições de clima, relevo, vegetação e forma de ignição). Portanto, os incêndios são processos muito variáveis e distintos entre si, ou seja, nenhum incêndio é igual ao outro.

As variáveis que são usadas para determinar o comportamento do fogo são: taxa de propagação ou velocidade do fogo; intensidade do fogo; energia liberada, tempo de residência; temperaturas atingidas nas zonas de combustão e altura de crestamento letal.

4.6.1. Taxa de Propagação

É a medida linear ou da área em que o fogo atinge ou consome uma área de vegetação em função do tempo, o que determina a velocidade de propagação de um incêndio florestal.

Com medidas pré-estabelecidas no terreno e a contagem do tempo em que o fogo ultrapassa cada marco no terreno, podemos determinar a velocidade em m/s ou km/h, pelo método direto.

Alguns pesquisadores desenvolveram métodos indiretos, por meio de equações que estimam a taxa de propagação para um determinado tipo específico de vegetação em função de outras variáveis como velocidade do vento, altura da vegetação, umidade inicial do combustível, umidade relativa do ar, etc.

A velocidade e direção do vento são fatores com elevada influencia na velocidade de propagação do fogo sobre uma área.

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∑=

+ =n

i

vi eHFMA

1

04,0)/100(

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Tabela 03. Classificação da Velocidade de Propagação do Fogo de Botelho & Ventura (1990)

Fonte: Soares e Batista (2007).

4.6.2. Intensidade do Fogo

É a quantidade de calor energia ou calor liberado durante um período de tempo em uma área. É considerado um importante parâmetro para avaliar o comportamento do fogo. A intensidade é numericamente, segundo BYRAM (1959), igual ao produto da quantidade de combustível disponível pelo seu calor de combustão e pela velocidade de propagação do fogo, como mostra a equação.

Fórmula de Byram:

Onde: I = Intensidade de do fogo em kcal/m/s.H = Poder calorífico em kcal/kg (± 4000 Kcal/ kg)w = Peso do material combustível (kg/m²)r = taxa de propagação do incêndio (m/s)

A estimativa da intensidade do fogo pode também ser estimada em função da comprimento médio das chamas por meio da seguinte equação:

Onde: I = intensidade do fogo em kcal/m.s.hc = comprimento das chamas em m

Em queimas controladas é essencial sabermos a intensidade limite para evitar danos aos plantios. A intensidade máxima do fogo para um povoamento de Eucalyptus spp., fica em torno de 83 kcal/m/s. Em Pinus spp, o limite é aproximadamente de 132 kcal/m/s, sendo mais resistentes comparados ao eucalipto. devido à espessura da casca. Tabela 05 - Limites das intensidades para danos em povoamento de eucalipto.

Tabela 04. Limites das Intensidades para Danos em Povoamento de Eucalipto

Fonte: Soares e Batista (2007)

4.6.3. Altura de Crestamento Letal

Apesar de partes da vegetação não serem atingidas totalmente e diretamente pelo fogo, a temperatura do ar, forma de condução de calor (convecção), a intensidade do fogo e a velocidade do vento podem causar aquecimento do ar superior e provocar a ocorrência de morte de algumas partes dos vegetais (folhas e galhos).

A variável é importante para determinar os danos à vegetação e para a queima controlada.

A medida do crestamento é feita por método indireto, por estimativa. Foram desenvolvidas equações baseadas em valores de intensidade do fogo , temperatura do ar e velocidade do vento.

Ou, pela fórmula adaptada a temperatura do ar e velocidade do vento

Onde:hs = altura de crestamento letal em metros;I = intensidade do fogo em kcal/m.s;V = velocidade do vento em m/s;T = temperatura do ar em °C;

4.6.4. Tempo de Residência

O tempo de residência, ou o intervalo de tempo em que a frente de fogo permanece num determinado ponto, é também um importante componente do comportamento do fogo. Essa importância se deve ao fato de que os danos causados à vegetação dependem não apenas da

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rwHI **=

17,2.08,62 chI =

3/2*385,0 Ihc =

)60()*107,0(*94,3

2/13

6/7

TVIIhs −+

=

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temperatura do fogo, mas também do tempo de exposição da vegetação a essa temperatura.

O tempo de residência pode ser calculado através da velocidade de propagação do fogo e a profundidade (ou largura) da chama. Profundidade da chama é a distância horizontal entre as duas extremidades da chama. A relação é a seguinte:

Onde: tr = tempo de residência em segundos;P = profundidade da chama em metros;r = velocidade de propagação do fogo em m/s.

4.6.5. Temperatura Letal

Chama-se de temperatura letal para os tecidos das árvores aquela que provoca a sua morte. Ela é inversamente proporcional ao tempo de exposição àquela temperatura. Por outro lado, a quantidade de calor que chega ao câmbio é inversamente proporcional à espessura da casca e diretamente proporcional ao conteúdo de umidade da casca. De um modo geral, sabe-se que temperaturas de 60ºC provocam a morte do câmbio em dois a quatro minutos; a 65°C, a morte se dá em menos de dois minutos.

Nelson, observando pinus, nos Estados Unidos, constatou a morte das acículas em seis minutos, com temperatura de 54°C; em 30 segundos a 60ºC; e instantaneamente, a 64ºC.

A temperatura letal pode ser estimada pela seguinte expressão:

Onde: T = temperatura letal (ºC)a e b = constantesln = logarítimo naturalt = tempo de exposição (min)

5. INCÊNDIOS FLORESTAIS5.1. BIOMAS BRASILEIROS

Figura 05. Localização e Distribuição dos Biomas do Brasil

Fonte: IBGE

Tabela 05. Áreas e Percentual de Ocupação dos Biomas no Brasil.

Fonte: IBGE

Segundo o IBGE, o Brasil é formado por cinco biomas principais, sendo eles: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Pampa e Áreas Costeiras. A distinção entre um bioma e outro é estabelecido conforme particularidades de sua formação, tais como tipo de vegetação, topografia e clima característico que permite a delimitação de áreas para cada bioma.

5.1.1. Bioma Amazônico

Figura 06. Paisagem do Bioma Amazônico

Fontes: SIPAM (2008).

O bioma Amazônia caracteriza-se pela alternância entre áreas florestais com vegetação arbórea contínua de grande porte, com dossel florestal alto e fechado e áreas de floresta inundadas pelo pelos rios da bacia Amazônica - floresta de várzeas (alagada por um certo período do ano) e floresta de igapó (alagadas permanentemente). Devido a sua magnitude e biodiversidade, é possível encontrar parte de outros biomas dentro da área amazônica, tais como cerrado, campos e floresta semi-decidual, além das regiões de transição com outros biomas.

O clima da região é peculiar por apresentar o período da estação chuvosa e a estação seca, sendo constantemente quente e úmido.

A Amazônia compreende em área os Estados do Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia, Amapá, Tocantins, e parte do Maranhão e Mato Grosso, além de estender-se a outros oito países da América Latina.

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rptr =

)ln(* tbaT −=

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Os incêndios florestais tropicais representam um dos principais elementos de degradação do bioma Amazônia, e têm sido cada vez mais frequentes e abrangentes na região devido a fragmentação da paisagem pela agricultura e pecuária e a intensidade da extração madeireira.

Na Amazônia, de acordo com o Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia – IPAM (2003), a pecuária e a agricultura de corte e queima são dependentes do fogo como instrumento de manejo. No entanto, este mesmo fogo frequentemente foge do controle e atinge áreas não destinadas à queima.

Segundo Hansing (2007), uma floresta como a amazônica, fechada aos raios do sol, em princípio não é afetada por fogo. Primeiro, porque abaixo do teto de sua vegetação a temperatura ambiente é 3 a 4ºC menor que a temperatura ambiente a céu aberto; segundo, porque devido a alta umidade existente na vegetação, o fogo não tem como progredir. A remoção da densa centenária e alta camada vegetal com auxílio do fogo, uma operação rotineira, ateado na borda da floresta durante a época seca, como é costume, causará migração de nutrientes da vegetação preexistente para a terra. Mas eles não permanecerão lá, sendo levados pelo vento e água da chuva que fatalmente se seguirão ao incêndio, até porque o incêndio propiciará a formação de compostos orgânicos hidrófobos que, entrando no terreno, causarão uma repelência do terreno à água. Mesmo assim, alguma quantidade de nutrientes permanecerá no lugar, mas não tanta quanto o cálculo de conversão direta determinaria se todos os nutrientes permanecessem no local. Também, a remoção de alta vegetação para abertura de estradas de comunicação para transporte das grandes árvores removidas, permitirá a penetração de raios solares, causando a desumidificação do solo aumentando, progressivamente, as áreas devastadas.

O fogo na floresta explorada causa a perda de madeiras de valor que poderiam ser aproveitadas em colheitas futuras. Pesquisas realizadas pelo IMAZON (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) constataram que incêndios na floresta explorada, geralmente, provocam a morte de 45% das árvores remanescentes com DAP (Diâmetro a Altura do Peito) maior que 10 cm durante um período de um ano e meio após o fogo.

Além disso, incêndios na mata podem destruir as mudas de espécies comerciais (regeneradas naturalmente ou plantadas) e, assim, afetar a capacidade produtiva da floresta. Após o fogo, a regeneração predominante é formada por árvores pioneiras sem valor econômico, por exemplo, a embaúba (Cecropia sp.) e o lacre (Vismia sp.) (OMF, 2010).

5.1.2. Bioma Cerrado

Figura 07. Paisagem do Bioma do Cerrado

Fonte: Ministério Público do estado de Goiás (2009).

A área do Cerrado está presente principalmente na região central brasileira, nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 ha. Há outras áreas de Cerrado, chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga.

Sob o ponto de vista fisionômico temos: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo de cerrado, e o campo limpo que apresentam altura e biomassa vegetal em ordem decrescente. O cerradão é a única formação florestal.

O Cerrado típico é constituído por árvores relativamente baixas (até vinte metros), esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa constituída, em geral, por gramíneas. Assim, o Cerrado contém basicamente dois estratos: um superior, formado por árvores e arbustos dotados de raízes profundas, situado entre 15 a 20 metros; e um inferior, composto por um tapete de gramíneas de aspecto rasteiro, com raízes pouco profundas, Na época seca, este tapete rasteiro parece palha, favorecendo, sobremaneira, a propagação de incêndios.

A morfologia da vegetação típica de Cerrado é de árvores com troncos tortuosos, de baixo porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados consideram que a vegetação nativa do Cerrado apresenta, devido a fatores edáficos (de solo), como o desequilíbrio no teor de micronutrientes e a não-ocorrência de falta de água, em média 1500 mm anual de precipitação e ainda ali se encontra uma grande e densa rede hídrica (IBAMA, 2010)

O bioma Cerrado é muito susceptível ao fogo, devido está geralmente distribuído em regiões de clima seco e quente, de estações bem definidas entre seca e chuvosa. O acúmulo anual de biomassa seca, de palha, acaba criando condições tão favoráveis à queima que qualquer descuido com o

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uso do fogo, ou a queda de raios no início da estação chuvosa, acabam por produzir incêndios (COUTINHO, 2010).

Do ponto de vista ecológico, o fogo sempre fez parte da natureza do cerrado e portanto é um ambiente adaptado a esta condição, devido as características de sua vegetação como maior espessura das cascas das árvores, tortuosidade do tronco e profundidade das raízes, e ainda a capacidade de sementes e brotos germinarem logo após o queima.

5.1.3. Bioma Caatinga

Figura 08. Paisagem do Bioma Caatinga

Fonte: Caatinga do Piauí (2006).

Segundo Castro e Costa (2006) o bioma da Caatinga cobre aproximadamente 10% do território nacional e é um ecossistema exclusivamente brasileiro. Formada por diversas composições florísticas adaptadas ao clima semi-árido.

Está presente na região do semi-árido nordestino e nas regiões extremo norte de Minas Gerais e Sul dos Estados do Maranhão e Piauí. Logo, é típica de regiões com baixo índice de chuvas (presença de solo seco).

A Caatinga é um tipo de formação vegetal com características bem definidas: árvores baixas e arbustos que, em geral, perdem as folhas na estação das secas (espécies caducifólias), além de muitas cactáceas. Apresenta três estratos: arbóreo (oito a 12 metros), arbustivo (dois a cinco metros) e o herbáceo (abaixo de dois metros). Contraditoriamente, a flora dos sertões é constituída por espécies com longa história de adaptação ao calor e à seca. O aspecto geral da vegetação, na seca, é de uma mata espinhosa e agreste. Algumas poucas espécies da Caatinga não perdem as folhas na época da seca. Entre essas destaca-se o juazeiro, uma das plantas mais típicas desse ecossistema.

Ao caírem as primeiras chuvas no fim do ano, a Caatinga perde seu aspecto rude e torna-se rapidamente verde e florida. Além de cactáceas, como Cereus (mandacaru e facheiro) e Pilocereu

(xiquexique), a Caatinga também apresenta muitas leguminosas (mimosa, acácia, emburana, etc.).

Algumas das espécies mais comuns da região são a emburana, a aroeira, o umbu, a baraúna, a maniçoba, a macambira, o mandacaru e o juazeiro.

No meio de tanta aridez, a Caatinga surpreende com suas "ilhas de umidade" e solos férteis. São os chamados brejos, que quebram a monotonia das condições físicas e geológicas dos sertões. Nessas ilhas, é possível produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares aos trópicos (AMBIENTE BRASIL, 2010).

Quanto aos incêndios em áreas de caatinga, no período seco, a perda das folhas reduz o material combustível e a inflamabilidade da parte lenhosa é pequena. No período das chuvas, as plantas tornam-se verdes e com grandes quantidades de água em seus tecidos, o que diminui a susceptibilidade ao fogo. (PORTAL SÃO FRANCISCO, 2010)

As maiores dificuldades estão atreladas à exploração dos recursos naturais na região ser bastante extensa, com a retirada de madeira, inclusive em Áreas de Proteção Permanente (APPs), e uso indiscriminado do fogo para preparo do solo, prática secular a qual existe uma dificuldade na erradicação (CASTRO e COSTA, 2006).

5.1.4. Bioma Mata Atlântica

A Mata Atlântica (Fig. 09) é o bioma mais rico em biodiversidade do planeta. Ao todo, são 1.300.000 km², ou cerca de 15% do território nacional, englobando 17 Estados brasileiros, atingindo até o Paraguai e a Argentina. , sendo que 93% de sua formação original já foi devastado. As formações do bioma são as florestas Ombrófila Densa, Ombrófila Mista (Floresta com araucária), Estacional Semidecidual e Estacional Decidual e os ecossistemas associados como manguezais, restingas, brejos interioranos, campos de altitude e ilhas costeiras e oceânicas. (SOS Mata Atlântica).

Figura 09. Paisagem do Bioma Mata Atlântica

Fonte: Instituto Onça-Pintada (2010)

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Conforme a descrição de Carvalhal et al., (2010), a floresta pode ser dividida em três estratos. O estrato superior é chamado de dossel (20-30 m), que é composto pelas árvores mais altas, adultas, que recebem toda a intensidade da luz solar que chega na superfície. As copas destas árvores formam uma espécie de mosaico, devido à diversidade de espécies. As árvores do interior da floresta fazem parte do estrato arbustivo, formado por espécies arbóreas que vivem toda a sua vida sombreadas pelas árvores do dossel. O estrato herbáceo é formado por plantas de pequeno porte que vivem próximas ao solo, como é o caso de arbustos, ervas, gramíneas, musgos, selaginelas e plantas jovens que irão compor os outros extratos quando atingirem a fase adulta.

A luminosidade é reduzida no interior da mata, por ser filtrada pelo dossel. As plantas dos extratos inferiores normalmente possuem folhas maiores, para aumentar a superfície de captação de luz. A perda de folhas, dirigindo um maior gasto de energia para o crescimento do caule e este, sendo fino e longo, também parece ser uma estratégia para a planta alcançar o dossel e consequentemente, mais luz.

Em regiões de floresta atlântica onde o índice pluviométrico é maior, tornando o ambiente muito úmido, é favorecida a existência de briófitas (musgos) e pteridófitas (samambaias, por exemplo). Entretanto, para outras plantas, o excesso de umidade pode ser prejudicial e suas folhas, muitas vezes, apresentam adaptação para não reterem água, sendo inclinadas, pontiagudas, cerificadas e sulcadas, facilitando o escoamento da água, evitando o acúmulo, que poderia causar apodrecimento dos tecidos.

Assim como o bioma amazônico, a mata atlântica não é um ambiente naturalmente adaptado ao fogo, devido a sua umidade e clima. Porém, devido ao maior contingente populacional e obras de infra-estrutura, tais como, redes elétricas e rodovias em grande quantidade localizadas nesta área, são comuns incêndios florestais de causas antrópicas, tanto acidentais como intencionais.

5.1.5. Bioma Pantanal

Figura 10. Paisagens do Bioma Pantanal

Fonte: Instituto Onça-Pintada (2010).

5.1.6. Bioma Pampa

O Bioma Pampa ou Campo Sulino (IBAMA), são campos naturais que ocorrem no Rio Grande do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.

A vegetação campestre, compostas predominantemente por plantas herbáceas, mostra uma aparente uniformidade, apresentando nos topos mais planos um tapete herbáceo baixo – de 60 cm a um metro, ralo e pobre em espécies, que se torna mais denso e rico nas encostas. Também ocorrem formações campestres e florestais de clima temperado, como florestas com araucárias ou pinhais (IBAMA, 2009).

É muito comum na região, a utilização desta vegetação como suporte alimentar para a produção pecuária, devido à diversidade de plantas com alto valor forrageiro existentes neste bioma ou pastos de gramíneas (TERRA e SALDANHA, 2007)

O fogo não faz parte da ecologia dos pampas, porém é tradicionalmente usado como ferramenta de manejo de pastos naturais para a renovação ou limpeza de área para replantio. Segundo estudos, esta prática prejudica as características nutricionais de solos de pampas, porém favorece a germinação de algumas forrageiras e é economicamente viável.

Em campos de gramíneas observa-se que quando as queimas são de pequena intensidade, as perdas do solo são mínimas (exceto em solos arenosos), pois este tipo de formação vegetal tem como principal característica um sistema radicular bem desenvolvido, que em pequenas queimas é pouco afetado (LPF,2010).

Figura 11. Paisagens do Bioma Pampa

Fonte: Funpar (2008).

5.2. FLORESTAS PLANTADAS

A crescente demanda por madeira de plantios homogêneos de rápido crescimento, bem como a necessidade de proteção às florestas nativas, alavancou o desenvolvimento da base florestal no Brasil fundamentada principalmente em florestas plantadas. O eucalipto e o pinus, espécies exóticas, ou seja, àquelas que não são nativas do Brasil,

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demonstraram grande versatilidade, adaptando-se muito bem às condições brasileiras. Conforme os dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), o pinus e eucalipto correspondem às principais espécies plantadas no país (Tab. 07).

Tabela 06. Principais Essências Florestais plantadas em Escala Comercial no Brasil

Fonte: ABRAF (2009).

5.2.1. Pinus spp.

As árvores do gênero Pinus são coníferas originárias do Hemisfério Norte (Fig. 12). Os primeiros plantios foram estabelecidos no Brasil durante a época dos incentivos fiscais, a partir dos anos 60 nas regiões Sul e Sudeste.

Atualmente, com a introdução de diversas espécies, principalmente das regiões tropicais, a produção de madeira de pinus tornou-se viável em todo o Brasil, constituindo uma importante fonte de madeira para usos gerais, englobando a fabricação de celulose e papel, lâminas e chapas de diversos tipos, madeira serrada para fins estruturais, confecção de embalagens, móveis e marcenaria em geral (EMBRAPA FLORESTAS, 2003)

Figura 12. Pinus spp.

Fonte:Botany Photo of the day (2005).

As coníferas são mais suscetíveis a incêndios do que espécies folhosas. A rápida e intensa propagação do fogo é devido a presença de substâncias (resinas e óleos) de elevada inflamabilidade nas acículas e casca, além da deposição de material combustível no piso da floresta.

O incêndio de copa desenvolve-se especialmente em povoamentos de coníferas, embora existam também algumas espécies de folhosas com folhagem inflamável e por esta razão, também sujeitas a incêndios de copas.

Devido à suscetibilidade de povoamentos de pinus ao fogo, o manejo dos mesmos é muito importante. O material combustível do piso florestal deve ser mantido sempre reduzido por intermédio de limpezas e queimas controladas, além da poda, construção de aceiros e outras obras de infra-estrutura para apoiar ações de controle de incêndios.

Apesar de serem mais suscetíveis ao incêndio, as coníferas são mais resistentes à ação do fogo, por apresentarem cascas mais espessas que as folhosas (FIRELAB-UFPR, ANO?)

5.2.2. Eucalyptus spp.

O eucalipto é uma folhosa de ocorrência natural na Austrália, Indonésia, Nova Guiné e Timor (Fig. 13) (VIANA, 2005).

Ele foi introduzido no Brasil com o objetivo de suprir as necessidades de lenha, postes e dormentes das estradas de ferro na região Sudeste. Na década de 50 passou a ser produzido, como matéria prima, para o abastecimento das fábricas de papel e celulose (EMBRAPA FLORESTAS, 2003).

Figura 13. Eucalyptus spp.

Fonte: STCP (2006).

O eucalipto tem certa resistência ao fogo devido às características do material combustível existente no sub-bosque e da própria árvore, onde é

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difícil o fogo subir até as copas. Isto não significa que as copas não possam queimar, pois um fogo intenso poderá secá-las através do calor irradiado e num segundo estágio destruí-las por completo.

Segundo Soares (2007), o eucalipto, apresenta características de resistência ao fogo, uma delas é a folhagem pouco inflamável e o fato de grande parte dos incêndios serem superficiais. Estes são mais facilmente combatidos em virtude da menor velocidade de propagação.

5.3. CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

Para efeito de estudos, é muito importante saber quem ou o quê causou o incêndio florestal. Estas causas são de caráter muito variável, sendo o seu conhecimento básico para a elaboração de planos de prevenção. Ainda hoje o Brasil não possui uma estatística confiável que permita o conhecimento das principais causas dos incêndios nas diversas regiões do país. É de extrema importância, portanto, que os órgãos competentes e mesmo as empresas florestais que possuam reflorestamentos, mantenham um banco de dados das ocorrências e causas dos incêndios florestais, para que sejam tomadas medidas concretas de proteção através da elaboração de planos de prevenção.

Torna-se necessário, para efeitos estatísticos, então estabelecer um padrão destas causas, para ser usado em todo o país. Schumacher et al. (2005) sugerem uma classificação a ser adotada em todo o Brasil, por ser completa é a descrita abaixo.

5.3.1. Raios

São incêndios causados direta ou indiretamente, por descargas elétricas. São os únicos que não constituem responsabilidade humana, sendo, portanto, sua prevenção praticamente impossível. Em certas regiões (Noroeste dos EUA) esta causa pode atingir grande ação destrutiva. No Brasil não são muito comuns em virtude das tempestades serem acompanhadas de precipitação. Porém já ocorreram, focos iniciais de incêndios por raios, focos estes, que foram prontamente debelados, pois foram descobertos no dia seguinte à tempestade e não haviam se propagado ainda, em virtude da umidade do material florestal.

5.3.2. Incendiários

Neste grupo estão incluídos os incêndios provocados intencionalmente, por pessoas, em propriedade alheia. Pode-se distinguir dois tipos de incendiários: aquele que age por vingança e o que age inconscientemente, por um desequilíbrio mental qualquer, tornando-se um "piromaníaco".

5.3.3. Queimas para Limpeza

Compreende os incêndios florestais originados de fogo usados na limpeza do terreno, para qualquer propósito (agricultura, pastagem, reflorestamentos) que por negligência ou descuido tenham escapado do controle a atingindo áreas florestais. Nos países tropicais, de uma maneira geral, está é a principal causa dos incêndios florestais. A prática de se preparar o terreno para agricultura através de fogo, ainda é muito usada atualmente. Neste cenário, os produtores acabam sendo desmotivados a fazer investimentos em sistemas agro-florestais, em culturas permanentes e até em cercas, devido ao alto risco de perderem tudo com um fogo acidental.

5.3.4. Fumantes

Neste item estão incluídos os incêndios originados por fósforos e pontas de cigarros acesas, que são atiradas displicentemente por fumantes descuidados (Fig. 14). Esta é a uma das maiores causas de incêndios florestais nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália e União Soviética. Provavelmente esta seja a causa onde mais se evidencia a falta de cuidado do homem na proteção das florestas contra incêndios.

No Brasil, principalmente na época mais seca do ano para as regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste, intensificam-se os focos de incêndios provenientes de pessoas descuidadas que jogam cigarros ou fósforos acesos no chão. Casos típicos ocorrem nas margens de rodovias, onde o motorista, ao jogar uma bituca de cigarro acesa pela janela de seu carro, poderá estar dando início a um grande incêndio, onde o fogo começa no capim a margem da rodovia e posteriormente se espalha, podendo queimar florestas e residências.

Figura 14. Fumantes podem ser potenciais Fontes de Ignição para Incêndios

Fonte: G1 (2007).

5.3.5. Fogos Campestres ou por Atividades Recreativas

Nesta classe estão incluídos os incêndios florestais originados de fogueiras feitas por pessoas

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que estejam acampadas, caçando ou pescando na floresta ou proximidades. Não se incluem aqui os trabalhadores florestais que estejam em atividade, pois são considerados em um grupo separado. Os parques florestais abertos à recreação estão sempre sujeitos a este tipo de incêndio, devido ao descuido e irresponsabilidade de certas pessoas que os visitam.

5.3.6. Operações Florestais

Inclui-se neste grupo, os incêndios causados por trabalhadores florestais, quando em atividade na floresta (Fig. 15). Para melhor definir esta causa serão citados dois exemplos hipotéticos:

1. O primeiro foi um incêndio que se originou da fogueira que um operário florestal fez para aquecer sua comida e não apagou com o devido cuidado.

2. Em outra ocasião, um trabalhador florestal ao derrubar uma árvore, ativou um formigueiro que se encontrava próximo à base da árvore, e as formigas (muito agressivas) não permitiam que ele se aproximasse da árvore derrubada para continuar seu trabalho. Ele então ateou fogo ao formigueiro para matar as formigas e, descuidadamente, permitiu que o fogo se expandisse dando origem ao incêndio.

Figura 15. Operação de Colheita Florestal

Fonte: VERACEL (2005).

5.3.7. Estradas de Ferro

Sob esta classificação, estão incluídos os incêndios que direta ou indiretamente são causados pelas atividades em estradas de ferro. Como causa direta podemos definir as fagulhas desprendidas das locomotivas, que encontrando a vegetação seca, podem causar incêndios. Com o uso de máquina diesel-elétrica, este perigo tem diminuído sensivelmente. Como causa indireta pode-se citar os materiais acesos (fósforos, estopas encharcadas de óleo) atirados por passageiros e maquinistas. As

propriedades florestais que são cortadas por estrada de ferro necessitam de uma vigilância constante ao longo do seu percurso, para evitar a ocorrência de possíveis incêndios.

5.3.8. Diversos

Nesta classe são incluídos os incêndios que não podem, satisfatoriamente, ser classificados em nenhum dos outros grupos analisados. São causas pouco frequentes, que ocorrem esporadicamente e por esta razão não justificam uma classificação especial. Um exemplo típico de classificação neste grupo seria os incêndios causados pelos balões de festas juninas.

5.4. TIPOS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

A classificação mais adequada para definir os tipos de incêndios florestais baseia-se no grau de envolvimento de cada estrato do combustível florestal, desde o solo mineral até o topo das árvores, no processo da combustão. Neste caso, os incêndios são classificados em subterrâneos, superficiais e de copa.

5.4.1. Incêndios Subterrâneos

São geralmente ocasionados pelo fogo que queima sob a superfície do solo (incêndio superficial), face ao grande acúmulo de matéria orgânica, húmus ou turfa em determinados tipos de florestas. Os tipos de solos em que se produzem estes incêndios, se caracterizem por seu grande conteúdo de umidade, os quais, em determinadas circunstâncias, quando secam, ardem facilmente, dando origem às vezes a sérios incêndios.

O fogo avança, nessas ocasiões, com elevada temperatura, tornando difícil o combate do mesmo. Algumas vezes um incêndio subterrâneo se transforma em superficial. Devido ao seu lento avanço, este tipo de incêndio causa grandes danos às raízes e a fauna de solo, causando a morte dos mesmos e consequente morte da árvore. A fertilidade do solo torna-se comprometida, e o solo fica mais sujeito a processos erosivos. A dificuldade de extinção determina que muitas vezes um incêndio desta classe dure o suficiente para afetar uma área tão extensa como a abarcada por um incêndio superficial.

5.4.2. Incêndios de Superfície

São os que se desenvolvem na superfície do piso da floresta, queimando os restos vegetais não decompostos tais como folhas, galhos, gramíneas, enfim todo o material combustível até cerca de 1,80 metro de altura (Fig. 16). Esses materiais são geralmente bastante inflamáveis, principalmente durante a estação seca, sendo por esta razão, o incêndio florestal superficial caracterizados por

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uma propagação relativamente rápida, abundância de chamas, muito calor, mas não muito difícil de ser combatido.

Estes incêndios são os mais comuns de todos os tipos existentes, podendo ocorrer em todas as regiões onde exista vegetação. É também a forma pela qual iniciam quase todos os incêndios, isto é, praticamente todos os incêndios são originados por fogos superficiais.

Figura 16. Incêndio Florestal de Superfície

Fonte: Corpo de bombeiros/PR (2005)

Havendo condições favoráveis, tais como tipo de vegetação, material combustível, intensidade de fogo, condições atmosféricas, os incêndios superficiais podem dar origem tanto a incêndios de copa como subterrâneos. A maneira de queimar, a forma final da área incendiada, a rapidez de propagação e a intensidade do fogo dependem de: características e quantidade de material inflamável; topografia; e condições atmosféricas.

5.4.3. Incêndios de Copa

São considerados incêndios de copas os que queimam combustíveis acima de 1,80 metro de altura (Fig. 17). A folhagem é totalmente destruída e as árvores geralmente morrem. Com exceção de casos excepcionais, como raios, por exemplo, todos os incêndios de copas originam-se de incêndios superficiais. Estes incêndios propagam-se rapidamente, liberando grande quantidade de calor e são sempre seguidos por um incêndio superficial. Isto porque os incêndios de copa deixam cair fagulhas e outros materiais acesos que queimam gradativamente arbustos e materiais combustíveis da superfície do solo.

As condições fundamentais para que haja ocorrência de incêndios de copa são folhagem combustível e presença de vento para transportar o calor de copa em copa. Em todos os incêndios de copa, o fator que influi na sua propagação é o vento, de tal maneira que quando este inexiste, dificilmente o fogo atinge e se expande pela copa das árvores. Normalmente o fogo avança 3 a 4 km/h, dependendo das espécies que caracterizam o bosque incendiado. As coníferas e outras espécies

resinosas queimam mais rapidamente do que as folhosas. Em condições favoráveis a velocidade de avanço do fogo pode atingir até 15 km/h. Portanto este tipo de incêndio desenvolve-se especialmente em povoamentos de coníferas, embora existam também algumas espécies de folhosas com folhagem inflamável e por esta razão também sujeita aos incêndios de copas. Os incêndios de copa são os mais difíceis de serem combatidos.

Figura 17. Incêndio Florestal de Copa

Fonte: Soares e Batista (2007).

A Figura 18 esquematiza os três tipos de incêndios explicados anteriormente.

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Figura 18. Esquema dos Três Tipos de Incêndios-Subterrâneo, Superficial e de Copa.

Fonte: Soares e Batista, (2007).

5.5. PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

Uma fonte de calor suficientemente forte é uma condição necessária para que a combustão ocorra e se mantenha. Depois de iniciado o fogo, o calor deve ser transferido para outros combustíveis a fim de que o incêndio possa avançar ou se propagar. Essa transferência de calor é feita através de radiação, convecção e condução.

Um incêndio florestal apresenta várias formas de propagação. O incêndio superficial começa sempre através de um pequeno foco (fósforo aceso, fagulhas, toco de cigarro, pequena fogueira) e inicialmente se propaga de forma circular. Algumas vezes o incêndio chega à floresta já com grandes dimensões, quando proveniente de uma queima em área agrícola nas proximidades da floresta, por exemplo.

A propagação inicial do fogo, em forma circular, continuaria sempre assim se não ocorresse à influência de vários fatores que controlam e definem a forma e intensidade de propagação do incêndio. O vento é o primeiro fator a manifestar sua influência, transformando a forma de propagação inicial que era circular em uma forma elíptica, desde que haja condições favoráveis, também em material combustível. Daí em diante o incêndio toma uma forma definida, compreendendo as seguintes partes: cabeça ou frente, flancos e base ou parte posterior (Fig. 19).

Figura 19. Incêndio Florestal de Copa e o Esquema dos Três Tipos de Incêndios

Fonte: Corpo de Bombeiros/PR (2005).

A cabeça ou frente do incêndio é a parte que avança mais rapidamente e segue na mesma direção do vento. A base ou parte posterior é a que avança lentamente contra o vento e, às vezes, se extingue por si só. Os flancos do incêndio ligam a frente à base. Com a mudança do vento ou em condições topográficas favoráveis, os flancos podem se desenvolver em outras frentes de incêndios. Em diversos casos os flancos avançam com relativa lentidão, e nestes casos, os flancos tornam-se o melhor ponto para dar início ao combate de um incêndio.

Apesar do vento ser talvez o elemento de maior importância na forma e direção de propagação dos incêndios, não se pode esquecer também da influência do material combustível e topografia. Em terrenos com declividade acentuada o fogo tende a se propagar montanha acima, tomando uma forma triangular.

5.5.1. Fatores que influem na Propagação do Fogo

Topografia

Em um terreno inclinado (declive), o fogo avança mais rapidamente ladeira acima, porque o ar quente tende a subir, secando antes os combustíveis situados acima (efeito da convecção do calor).

Esta situação também condiciona o ataque pelas equipes de extinção.

Combustível Florestal

Os combustíveis florestais, como já descrito anteriormente são todos os materiais orgânicos mortos ou vivos, no solo, acima do solo ou no ar, que podem inflamar e queimar. A quantidade e

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características são muito importantes no tipo de comportamento do incêndio.

O combustível florestal é muito homogêneo do ponto de vista químico, pois é constituído essencialmente por celulose. Algumas variáveis químicas importantes são as quantidades relativas dos seus extratos (essências sobretudo de éter) e resíduos de sílica (livre). As essências são libertadas na forma de gás muito cedo no processo da pirólise e são queimadas na zona em que se vê a chama. A sílica é um constituinte mineral inerte que não exerce influência no fenômeno da pirólise. No entanto, outros minerais tal como o sódio, o potássio ou o fósforo, intervêm ativamente nos fenômenos de pirólise e combustão.

Alguns combustíveis contém certos materiais voláteis, tais como óleo, cera e resina, que fazem com que a espécie esteja mais disponível para arder, tal como várias espécies de pinheiro, de eucalipto e alguns arbustos.

No entanto, as diferenças estruturais de idade e de composição específica da floresta determinam diferenças físicas. A distribuição espacial da vegetação (combustíveis) viva e morta altera a combustibilidade do ponto de vista da evolução energética e da propagação do incêndio.

Distinguem-se aqui, pela sua influência nos incêndios florestais: combustíveis que existem sobre o solo e no subsolo; combustíveis que existem na superfície (superficiais); e combustíveis que existem no ar(aéreos).

Os combustíveis de solo constituem a folhagem, vegetação em decomposição, pedaços de madeira enterrados e raízes das árvores. Facilitam a passagem de incêndios que iniciam na superfície para incêndios subterrâneos, que queimam sobretudo raízes (turfa).

Os combustíveis de superfície (estrato herbáceo e arbustivo) compreendem folhas, pequenos arbustos, cascas, e pequenas árvores com uma altura menor que 1,20 m a 1,80 m acima do solo florestal. São os responsáveis pelos incêndios de superfície. Os combustíveis de superfície são muito heterogêneos pelas dimensões, distribuição e teor de umidade. No entanto, estão presentes porções notáveis de folhas, ervas e pequenos arbustos que apresentam um elevado grau de inflamabilidade, sobretudo nas estações mais frias e áridas.

Os combustíveis aéreos (estrato arbóreo) são todos os elementos existentes na cobertura florestal (árvores e arbustos) com mais de 1,20 m a 1,80 m de altura acima do solo. Fazem parte ainda os troncos, ramos, frutos e folhas das árvores vivas, troncos de plantas mortas em pé e as epífitas, como os fungos, líquens e outras plantas.

Compactação entre as Partículas de um Combustível

Influencia a propagação do incêndio, pois determina como o ar circulará internamente. Caso o ar não puder circular facilmente em volta das partículas do combustível, este terá menos propensão a queimar.

A camada de material morta que se encontra junto ao solo, forma estratos mais ou menos compactos e de diferentes espessuras, apresentando dificuldades de ignição. No entanto, é uma reserva de combustível e, quando atingida por um incêndio, queima lentamente, tendo como consequência grande produção de calor, sendo uma boa fonte de combustível para a propagação do incêndio. São locais que merecem a atenção especial na fase de rescaldo, uma vez que podem dar origem a novos focos de incêndio.

Condições Climáticas

A umidade dos combustíveis mortos (ramos secos, árvores e arbustos mortos) está diretamente relacionada com a umidade do ar. Quanto maior a umidade do material vegetal, menor a facilidade que este tem de entrar em combustão; Se o ar é seco, a combustão é mais rápida, porque absorve o vapor de água libertado pelo combustível.

A temperatura do ar está também relacionada com a sua umidade relativa. Temperaturas elevadas tornam os combustíveis mais secos e suscetíveis a entrar em combustão.

O vento é o responsável pela oxigenação da combustão e, consequentemente, intensifica a queima. É também o responsável pelo arrastamento de fagulhas que poderão provocar focos de incêndio a distâncias consideráveis e pela inclinação das chamas sobre outros combustíveis. Ou seja, o vento aumenta a velocidade de propagação porque fornece oxigênio para a combustão, transporta o ar aquecido, resseca os combustíveis e dispersa partículas em ignição.

6. MANEJO DO FOGO E SEUS BENEFÍCIOS PARA A FLORESTAO homem maneja o fogo há séculos na

agricultura e em algumas culturas, principalmente localizadas em áreas tropicais.

Sendo os incêndios o maior risco de destruição e prejuízo em florestas, logo pensa-se no poder destrutivo e nos danos ocasionais de um incêndio. Porém, sob certos aspectos e em circunstâncias especiais, os incêndios podem também representar alguns benefícios para a floresta (SCHUMACHER et al., 2005).

Por definição, queima controlada é a aplicação controlada do fogo em combustíveis, tanto no estado natural como alterado sob

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determinadas condições de clima, de umidade do material combustível, de umidade do solo, entre outros, de tal forma, que o mesmo seja confirmado a uma área pré-determinada e produza a intensidade de calor e a taxa de propagação para favorecer certos objetivos do manejo (SOARES e BATISTA, 2007).

O uso do fogo deve ser feito sempre com cuidado, de forma prudente e controlada, para que não fuja do controle e não cause nenhum dano. Os principais benefícios que podem ser obtidos com o uso do fogo bem dirigido e controlado, são de descritos em seguida.

Queimas controladas, por consumirem menos combustível, de maneira mais completa, produzem menores quantidades de compostos poluentes que os incêndios florestais, que queimam material mais úmido, inclusive vegetação viva.

A queima contra o vento, técnica mais usada em queimas controladas, produz menos poluentes do que o fogo a favor do vento. A fumaça originada das queimas controladas pode causar problemas de poluição do ar, embora muito menos graves que os causados pelas indústrias. No entanto, aplicando-se princípios básicos de meteorologia no manejo da fumaça, pode-se usar cientificamente o fogo, para se alcançar determinados objetivos, sem poluir o ambiente. A queima deve ser feita quando existe vento constante e sob condições atmosféricas que permitam o movimento vertical do ar (atmosfera instável) para dispersar a fumaça. Não se deve queimar durante períodos de ocorrência de inversões térmicas a baixa altitude. À noite, por exemplo, o fogo geralmente produz mais fumaça e ela permanece por mais tempo próxima à superfície, devido à inversão de temperatura e ao movimento do ar frio na direção dos declives.

6.1. PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIOS

Uma das maneiras de diminuir o risco de incêndio é por meio de queimas controladas. As queimas são recomendadas em áreas com acúmulo de material combustível, a fim de reduzir o risco de iniciar e propagar um incêndio na floresta.

Como já mencionado, biomas muito suscetíveis ao fogo, tal como o Cerrado brasileiro, em certa época do ano são programadas queimas para minimizar o risco de incêndios de maior dimensão e intensidade.

Mesmo nas técnicas de combate ao fogo, um foco intencional ou contra-fogo é usado para impedir o avanço da frente de fogo e suprimi-lo. A técnica está baseada no princípio de que uma vez consumida pelo fogo, a matéria orgânica, não passará por uma nova reação de combustão. No momento em que a frente de fogo alcançar a área já

queimada, a reação cessa e o incêndio é controlado e limitado por falta de combustível. A eficiência da técnica depende das variáveis que influem na propagação do fogo, ou seja, da topografia, direção dos ventos, quantidade e qualidade do material combustível. Essa técnica será melhor detalhada em um item posterior.

Soares, em um trabalho, cita que foi verificado na prática que o fogo se propaga em direção ao plantio, porém, ao atingir a área que havia sido queimada, não existia material combustível para ser consumido e o fogo foi facilmente detido.

6.2. CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS

A queima controlada pode ser utilizada para erradicar culturas ou indivíduos contaminados com pragas ou doenças. O uso do método dependa de muitos fatores, tais como a ecologia da espécie, da agressividade da doença, número de indivíduos contaminados, entre outros aspectos. O fogo elimina o foco da doença ou a população de insetos.

Um exemplo da queima controlada para este fim, é nos plantios extremamente afetados pela vespa da madeira (Sirex noctilio), uma praga do pinus, existente no Sul do Brasil. Em plantios diagnosticados com infestação maior que 70%, deve-se fazer o aproveitamento industrial das árvores não afetadas e os resíduos devem ser queimados no local do plantio (EMBRAPA FLORESTAS, 2006).

Figura 20. Sirex noctilio (Vespa da Madeira do Pinus spp.)

Fonte: Embrapa Florestas (2006).

Outro exemplo são o serrador da acácia-negra e muitos fungos combatidos com sucesso ao efetuar-se a queima dos galhos secos das plantas afetadas.

6.3. GERMINAÇÃO DE SEMENTES E REGENERAÇÃO DE ESPÉCIES.

O uso de queima controlada para controlar espécies indesejáveis é recomendada, desde que estas sejam mais sensíveis ao fogo do que aquelas

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que devem ser protegidas. Por exemplo, para controlar a regeneração do sub-bosque em povoamentos de pinus., onde não é viável o controle cultural, ou químico a queima controlada é uma alternativa viável (SOARES e BATISTA, 2007).

Algumas espécies florestais precisam de calor do fogo para o aumento do seu poder germinativo. Um exemplo disto é a bracatinga (Mimosa scrabella). Esta necessita que suas sementes passem por um fogo, para que a dormência das mesmas possa ser quebrada. Após a passagem por um fogo em um bracatingal, chegam a germinar dois milhões de mudas por hectare. A serrapilheira da floresta impede que a semente tenha condições de umidade e luminosidade para germinar. Também os ecossistemas de Cerrado dependem do fogo para sua sustentabilidade (LPF, 2010).

6.4. LIMPEZA E PREPARO DE TERRENOS

Fogo rápido ou leve pode ser usado para o controle de capim, grama, ervas daninhas, etc, trazendo benefícios imediatos pela eliminação de espécies competidoras com a cultura objetivo. O fogo bem controlado pode ser tecnicamente aplicável, tendo um baixo custo no processo de limpeza de terreno, em práticas silviculturais e de agricultura. Ele custa 10% do valor de qualquer outro tratamento para o preparo do solo para plantios sendo também, uma das poucas alternativas para terrenos acidentados (LPF, 2010).

Figura 21. Queima de Resíduos para Limpeza e Preparo do Terreno

Fonte: Corpo de Bombeiros/MT (2010).

6.5. MELHORIA DOS ATRIBUTOS DO SOLO

Em alguns casos a queima controlada pode melhorar as condições físicas do solo. Ao diminuir o volume de matéria orgânica com pouca atividade de decomposição, que está depositada no piso florestal, proporcionado melhor aeração e aquecimento do solo, o qual estimula também a

atividade microbiana, favorecendo a nitrificação. O fogo faz com que a ciclagem de nutrientes seja acelerada, deixando os nutrientes disponíveis em forma de cinzas, que pela incorporação da mesma, além do fornecimento de nutrientes, contribui também na eliminação da acidez do solo.

7. EFEITOS NEGATIVOS DO FOGO NA FLORESTA O fogo é uma fonte de inúmeros danos à vida

num ambiente florestal. Estes não limitam-se apenas às árvores e outras vegetais, mas também afetam a fauna e demais formas de vida que dependem daquele meio, além de interferir na dinâmica dos demais recursos naturais existentes na floresta, como água, ar , solo, etc.

Conforme SCHUMACHER et al. (2005), os danos causados por incêndios podem ser classificados conforme segue.

7.1. DANOS AO SOLO

Para o solo, o fogo influencia negativamente principalmente suas características físicas. A remoção da cobertura orgânica do solo, expondo-o diretamente às intempéries, provoca grandes modificações em suas estrutura, alterando a porosidade e permeabilidade da água.

Os solos argilosos tornam-se duros, dificultando a penetração da água, que escorre sobre a superfície, em forma de enxurrada, provocando a erosão e a degradação deste valioso recurso. Os solos arenosos tornam-se extremamente friáveis, perdem o poder de retenção de água e são facilmente erosionáveis pela água das chuvas e até mesmo, sob certas condições, pelo vento.

Os danos também se estendem à química e a microbiologia do solo, uma vez que boa parte dos nutrientes contidos nos restos vegetais é volatilizada pelo fogo, que também destrói grande parte dos organismos.

Além disso, o fogo também tem um série de efeitos sobre as propriedades da água do solo. Isso depende de fatos como a intensidade da queimada, tipo de solo , topografia, clima etc. A vegetação, e a camada de húmus e matéria orgânica, absorve impactos de chuvas, reduzindo o transporte de matéria do solo pela água e erosão, o que torna esta camada de extrema importância para a estabilidade do solo.

Por isso a utilização do fogo deve ser conduzida com cuidado, principalmente em encostas íngremes, visando principalmente uma exposição mínima do solo mineral, pois queimadas intensas aumentam a erosão e enxurradas , já as queimadas de intensidade baixas , as quais deixam um pouco de detritos e grande porção de húmus, quase não tem efeitos com relação a enxurradas e

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erosão. Normalmente a principal causa da erosão de massa e a eliminação da estabilidade providas por vários tipos de raízes.

Os danos mais severos são de acordo com a intensidade e frequência dos incêndios. Se o incêndio ocorre repetidamente em determinada área, mesmo não sendo muito intenso, ele não permitirá o acúmulo de matéria orgânica, expondo, portanto, o solo permanentemente a ação dos agentes causadores de erosão.

7.2. CAPACIDADE PRODUTIVA DA FLORESTA

O fogo interfere tanto na qualidade quanto na quantidade da produção madeireira das florestas. A capacidade produtiva da floresta pode ser afetada de três maneiras. Tipo florestal, densidade da floresta e rendimento sustentado da floresta

7.2.1. Tipo Florestal

O fogo pode mudar completamente a fisionomia da floresta, causando geralmente o enfraquecimento da mesma. De maneira geral, o fogo, favorece a vegetação herbácea e as matas secundárias.

7.2.2. Densidade da Floresta

Redução da densidade da floresta, sendo que a maioria dos incêndios não chega a destruir todo o povoamento, porém provocam um raleamento da floresta, prejudicando a produção qualitativa e quantitativa da mesma.

7.2.3. Rendimento Sustentado da Floresta ou “Princípio da Persistência”

Alteração do princípio da sustentabilidade, por forçar o corte de árvores ainda imaturas, diminuindo o rendimento da floresta. Princípio da sustentabilidade é o termo utilizado para definir um rendimento anual sustentado em longo prazo. Para melhor evidenciar o fato, citamos o caso de uma empresa madeireira com auto-suficiência em matéria-prima. Pelo planejamento feito, estima-se a quantidade de madeira necessária anualmente para o suprimento da empresa, sendo que a ocorrência de um incêndio altera todo o cronograma, por forçar o corte de áreas que ainda não estejam em condições ideais (imaturas), para que não acorra perda de madeiras, podendo causar falta de madeira em anos futuros.

7.3. ASPECTO RECREATIVO DA FLORESTA E DA PAISAGEM

Em muitos países, as florestas são utilizadas como um local de recreação, onde as populações urbanas vão passar os finais-de-semana ou feriados, fugindo da vida agitada das cidades. As florestas usadas para esta finalidade apresentam um

bonito aspecto paisagístico e um incêndio tornará este aspecto sombrio e desolador. A floresta perde então o seu aspecto recreativo.

7.4. FAUNA SILVESTRE

A floresta é abrigo natural dos animais, tanto no solo quanto na parte aérea. Os efeitos sobre a fauna com a ocorrência de incêndio são diferentes dependendo do local, porte do animal e hábito de vida, podendo os efeitos ser de forma direta ou indireta. Os efeitos diretos são ferimentos, intoxicação, queimaduras e morte. Já os indiretos, relacionam-se à falta de alimentos e água, destruição de abrigos e poluição do ar.

A fauna do solo e extremamente variada e importante para o mesmo que depende também de substâncias como os detritos e umidade para se manter. O fogo diminui o suplemento alimentar na superfície, a umidade diminui e o pH aumenta. Isso causa a redução de muitos organismos, sendo necessários alguns anos para que o equilíbrio populacional possa ser restabelecido.

A sobrevivência de pequenos mamíferos depende de vários fatores tais como : uniformidade , intensidade, tamanho e duração do fogo tanto quanto a mobilidade, posição do animal relativa ao fogo, entre outros. Visto que muitos animais pequenos como os roedores, vivem em buracos abaixo da superfície, estando isolados e protegidos da ação das chamas (mesmo assim alguns ainda podem morrer sufocados).

Algumas espécies, entre elas pequenos mamíferos, tem sua população reduzida por alguns anos, após uma queimada, pois não resistem às mudanças drásticas provocadas pela ação do fogo. Porém, existem pequenos mamíferos que após as queimadas adaptam-se perfeitamente às condições do habitat, podendo inclusive ocorrer um aumento da população. O mesmo observa-se com esquilos, onde algumas espécies podem desaparecer logo após as queimadas, enquanto outras, podem aumentar sua densidade populacional.

Com relação aos pássaros, os efeitos de uma queimada dependem acima de tudo da estação do ano e da intensidade do fogo. Durante uma queimada relativamente leve em uma época inativa do ano, o aumento de fonte de comida causada pela queima pode ser benéfica para muitos pássaros. Estudos foram realizados considerando espécie, zonas, alimento dentre outros aspectos, sendo observado que de uma espécie de pássaro para outra, ocorrem situações particulares após uma queima.

Um grande numero de espécies após as queimadas aumenta sua população, sendo que outras, espécies podem sumir de áreas queimadas por vários anos até que estas estejam novamente

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restabelecidas com suprimentos necessários para estes pássaros.

Outro aspecto é quanto a época do incêndio. Geralmente, incêndios ocorridos na primavera são particularmente mais danosos pela destruição de ninhos e animais jovens (Fig. 22). Outras grandes vítimas são os predadores de topo de cadeia e animais territoriais. Os danos diretos ocorrem através da morte de animais que não conseguem escapar do fogo. A adaptação de espécies envolve aumento do tamanho, aumento da capacidade de colonização e da reprodução/colonização de áreas novas.

Figura 22. Animais fugindo de Incêndio, abrigando-se em um Curso D'Água

Fonte: Ruifms weblog (2009).

7.5. VEGETAÇÃO

Conforme as informação do Laboratório de Incêndios Florestais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os danos à vegetação são os mais visíveis e que mais chamam a atenção após a ocorrência de um incêndio. Variam bastante, dependendo da intensidade e tempo de duração do fogo, da espécie florestal e da idade da árvore. Geralmente, mudas e plantas de pequeno porte sofrem danos letais na maioria dos casos.

A morte das árvores geralmente é provocada pelo aquecimento do câmbio acima da temperatura letal e por este motivo, árvores mais velhas, por possuírem casca mais espessa, dando maior proteção ao câmbio são mais resistentes (Fig. 23). A destruição total das árvores pelo fogo não é muito frequente, a não ser em incêndios de extrema intensidade. Geralmente as árvores de médio e grande porte ainda podem ser parcial ou totalmente aproveitadas após um incêndio.

Florestas de árvores altas e adultas podem ser completamente destruídas em caso de ocorrência de um incêndio de copas, mesmo estas sendo resistentes à ação do fogo.

O fogo, quando não causa a morte das árvores, provoca a debilidade das mesmas, pelas cicatrizes que deixa. Em ambos os casos favorecem o ataque de insetos e pragas que, encontrando as árvores sem capacidade de reação, facilmente se

instalarão e se multiplicarão, causando grande destruição à madeira remanescente do incêndio. Por esta razão, sempre que ocorrer um incêndio de grandes proporções deve-se ficar alerta a fim de evitar a propagação de insetos e pragas que por ventura venham a se instalar após o fogo.

Figura 23. Danos ao Câmbio da Árvore, após sucessivos Incêndios

Fonte: Schumacher et al. (2005).

7.6. CARÁTER PROTETOR DA FLORESTA

A floresta constitui um agente protetor de grande importância. Ao ser destruída ou danificada pelo fogo, fatalmente esta capacidade protetora será prejudicada, com maior ou menor intensidade, dependendo da severidade e frequência dos incêndios.

A floresta se constitui num importante agente protetor do ambiente prevenindo deslizamentos, avalanches, inundações, erosão e invasão de dunas. É notória também a ação da floresta como reguladora do regime hidrológico. O solo florestal, protegido pelas copas das árvores contra o impacto direto da chuva, coberto de húmus e serrapilheira, funciona como uma esponja natural, porosa, absorvendo e facilitando a infiltração da água da chuva. O fogo intenso, principalmente quando destrói a copa das árvores e expõe o solo mineral através da queima da serrapilheira e do húmus, modifica toda a situação, expondo a área a vários distúrbios ambientais.

7.7. QUALIDADE DO AR

O CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, Resolução n° 03/90 considera poluente como qualquer substância presente no ar que, pela sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, causando inconveniente ao bem-estar público, danos aos materiais, à fauna e à flora, ou seja, prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.

Dentre os poluentes naturais, estão partículas 21

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e gases gerados nos incêndios florestais.A combustão completa do combustível

florestal libera calor, água (vapor) e dióxido de carbono, os quais não são considerados poluentes pois são produzidos livremente através da decomposição natural de substâncias orgânicas, e também não é considerado, pelo menos até o momento, um elemento poluidor da atmosfera.

Porém, quando a reação de combustão não é completa, além da água e do dióxido de carbono, vários outros elementos são lançados na atmosfera, como por exemplo, monóxido de carbono, hidrocarbonos e partículas.

Pequenas quantidades de óxido de nitrogênio são também liberadas em alguns incêndios de maior intensidade. Entretanto, nos incêndios florestais não há produção de óxidos de enxofre, altamente poluidores, porque o conteúdo de enxofre na madeira é insignificante.

As partículas são a maior causa da redução da visibilidade, às vezes em áreas críticas como aeroportos, rodovias e cidades, além de servirem de superfície de absorção de gases nocivos que podem estar presentes na atmosfera.

O monóxido de carbono (CO), é o mais abundante dos poluentes produzidos pelos incêndios florestais.

Os hidrocarbonos compreendem uma classe extremamente diversificada de compostos contendo hidrogênio, carbono e, algumas vezes, oxigênio. A maioria dos compostos desta classe não são nocivos, por outro lado, alguns hidrocarbonos, como por exemplo, os de baixo peso molecular (olefinas) e os aromáticos polinucleares, mesmo presentes em pequenas quantidades, são responsáveis pelo fenômeno da névoa seca e danos à saúde humana. Apesar disto, um incêndio florestal produz entre 5 a 20 kg por tonelada de combustível consumido, valores baixos quando omparados aos 65 kg produzidos por tonelada de gasolina queimada.

7.8. DANOS A VIDA HUMANA

Os incêndios florestais de grande intensidade e proporção, além de destruírem florestas e outros bens materiais, algumas vezes provocam ferimentos e até mesmo mortes de pessoas envolvidas ou não no combate.

No Brasil, em 1963, 73 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas em consequência de um grande incêndio ocorrido, no Estado do Paraná. O incêndio do Parque do Rio Doce, em Minas Gerais, em 1967 matou 12 pessoas, e em 1988, incêndios em quatro Estados (Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul) mataram oito pessoas.

A maior catástrofe provocada por um

incêndio florestal foi em Wisconsin, E.U.A., em 1871, quando 1.500 pessoas foram mortas pelo fogo.

A Figura 24 mostra uma família deixando a sua casa devido a um incêndio florestal de grandes proporções.

Figura 24. Danos a vida humana

Fonte: Anjos e guerreiros (2009).

7.9. DANOS ECONÔMICOS

Além dos danos diretos provocados às florestas pela destruição da madeira, os incêndios podem também causar danos a outras propriedades tais como: casas construções, veículos, implementos, e consequentemente prejuízos econômicos.

DIAZ et al. (2002) calcularam os custos econômicos de incêndios florestais na Amazônia e chegaram aos resultados das perdas. Pastagem e cercas variam entre 12 e 97 milhões de dólares por ano na Amazônia, enquanto as perdas de madeira variam entre 1 e 13 milhões. Estas perdas no nível da propriedade significam 0,1 e 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia, e 0,2 a 1,6% do PIB da produção agropecuária da região. As perdas sociais foram maiores. O principal custo econômico provocado pelo fogo na Amazônia é a liberação de carbono proveniente dos incêndios florestais, cujo valor varia de 10 milhões de dólares a 9 bilhões de dólares. Doenças respiratórias provocam perdas de 1 a 11 milhões de dólares por ano, causando de 4.000 a 13.000 internações registradas. Na média, as perdas anuais pelo fogo somam 107 milhões de dólares a 5 bilhões de dólares, ou seja, entre 0,2 e 9,3 % do PIB da Amazônia, ou entre 2 e 79% do PIB agropecuário da região.

8. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAISA prevenção a incêndios florestais

compreende em um conjunto de atividades que

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procuram reduzir a probabilidade do incêndio iniciar e limitar sua propagação (SOARES, 2007).

A proteção de uma formação vegetal, começa com os trabalhos de prevenção. A melhor maneira de se combater um fogo é prevenindo-o. Sendo um trabalho em operação, ação e manutenção, uma vez que é considerado como o mais importante no tocante a incêndios florestais.

A prevenção dos incêndios por causas humanas, é realizada através da educação da população, da aplicação de legislação efetiva e de outras medidas. Quando o incêndio já está ocorrendo, procura-se utilizar técnicas adequadas, principalmente, para manejar o material combustível e impedir ou dificultar através de aceiros, a sua propagação.

8.1. EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

A educação da comunidade e funcionários de empresas florestais é considerada o método mais eficaz de prevenção a incêndios florestais, porém, com resultados a longo prazo.

Deve ser aplicada a todos os grupos de idade da população, tanto em zonas urbanas como nas rurais. Para a prevenção de incêndios é necessário preparar o melhor método ou combinação de métodos. Para iniciar um programa para educação da população, devem ser conhecidas de forma detalhada, as causas dos incêndios na região (Figuras 25 e 26).

Os instrumentos para organizar uma campanha de educação pública são por meio da imprensa, rádio, anúncios, filmes, cartilhas e contatos pessoais.

Um detalhe importante, é a conscientização das novas gerações, que futuramente irão influir nos fatores que originam incêndios. Esta conscientização deve ser feita através de campanhas educacionais, devendo variar de acordo com a região e os problemas que os incêndios representam em cada local.

Outra oportunidade de conscientização são as festas comemorativas (semana da árvore, semana do meio ambiente, etc.), exposições agropecuárias e outras para implementar as campanhas educativas de prevenção a incêndios. Além disso, podem ser utilizadas placas de alerta com anúncios como: “O fogo apaga a vida”, “Conserve a natureza”e outros, ao longo de estradas que cortam áreas florestais, representando uma conscientização permanente sobre os riscos dos incêndios florestais.

Outro método de prevenção é o contato pessoal, que pode ser feito com reuniões ou em contato com os proprietários, vizinhos e confrontantes em áreas florestais, alertando a todos

sobre os prejuízos causados pelo fogo, sobre o risco de uma queima indesejada, e sobre as formas utilizadas na prevenção de incêndios.

Figura 25. Campanha da Defesa Civil para Prevenção de Incêndios Florestais.

Fonte: Defesa Civil (2010).

Figura 26. Símbolo da Campanha PREVFOGO do IBAMA.

Fonte: IBAMA (2009).

Nas áreas de plantio e industrial de empresas de base florestal, é importante que os funcionários sejam orientados sobre algumas práticas, como não fumar dentro dos plantios e demais dependências da empresa, assim como não acender fogueira, para o cozimento de alimentos (Fig. 27). Além disso, quando bem conscientizados, os próprios funcionários podem ajudar na educação das comunidades locais com informações e orientação.

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Figura 27. Símbolos para Restrição da Área para Fumantes, Fogueiras e Fogos

Fonte: Câmara Municipal de Monchique (2010).

8.2. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO

As leis, regulamentos e normas relacionadas a incêndios e queimas controladas também constituem uma forma de prevenir incêndios, por meios de controle e legalização das ações de queimas controladas e na penalização de responsáveis por provocar incêndios florestais.

No Brasil umas das legislações que trata deste assunto é o Código Florestal brasileiro de 1965, o qual em quatro artigos orienta sobre prevenção, combate, punição por práticas de risco de ocorrer e ainda da prática de queima controlada, sendo eles:

Artigo 11 - O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivo que impeça a difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação.

Artigo 25 - Quando os incêndios rurais não podem ser extintos com os recursos ordinários compete não só ao funcionário florestal como a qualquer outra autoridade pública, requisitar os meios materiais e convocar os homens em condições de prestar auxílio.

Artigo 26 - Constituem as contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou multa de um a cem vezes o salário mínimo mensal, ou ambas as penas cumulativamente:

e) fazer fogo em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções adequadas;

f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação;

l) empregar, como combustíveis, produtos florestais ou hulha sem uso de dispositivos que impeçam a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas.

Artigo 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.

Parágrafo único - Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais. A permissão será estabelecida em ato do poder público circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução.

A outra lei que trata de fogo em florestas é a

lei de crimes ambientais - Lei no 9605, de 12 de fevereiro de 1998. A lei estabelece punição mais severas a quem provocar incêndios em mata ou floresta.

Artigo 42 da lei no 9605 estabelece pena de detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente para quem fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano.

A aplicação da legislação, principalmente nos casos de processo judicial, nem sempre é fácil. Em primeiro lugar, é necessário descobrir a causa do incêndio. Em seguida, deve-se estabelecer a identidade da pessoa responsável pelo fogo. Finalmente, é necessário provar legalmente o envolvimento da pessoa no incêndio (FIRELAB, 2010).

A regulamentação é uma norma local, ou seja é, formulada para uma área, coma a intenção de reduzir o risco naquele local específico, Por exemplo, um Parque Estadual pode estabelecer regras para fechar a floresta, ou os setores mais suscetíveis aos incêndios, à visitação pública, em épocas críticas. Outras medidas , poderiam ser a proibição ou restrição de fumar em determinadas épocas de grande perigo; o uso obrigatório de ferramentas como pás, machados e foices por parte de pessoas que acampam na floresta; a proibição de pesca em certas áreas durante a estação de incêndios, entre outros.

8.3. PREVENÇÃO PARA PROPAGAÇÃO

8.3.1. Construção e Manutenção de Obras de Infra-estrutura

Aceiros

Denominam-se de aceiros as barreiras ou obstáculos (geralmente erradicação de toda a vegetação) construídos com a finalidade de deter a propagação de incêndios. Muitas vezes constroem-se aceiros somente quando o incêndio está se desenvolvendo, como medida de combate. É porém, muito mais eficiente e vantajoso construir uma rede de aceiros como medida de prevenção, isto é, independentemente ou antes mesmo de qualquer ocorrência de incêndios.

A construção de aceiros ao longo das divisas de uma propriedade florestal (quando se trata de divisas secas ou de pequenos cursos d’água) é de importância fundamental para evitar que incêndios vindos de fora causem danos às florestas que estão sendo protegidas, principalmente se as terras limítrofes forem áreas agrícolas ou pastagens (Fig. 28). Se a propriedade florestal for de grande porte e existirem áreas florestais nativas (geralmente de

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difícil acesso) que se quer preservar, é de grande importância a construção de aceiros em pontos estratégicos dentro desta propriedade.

A largura dos aceiros depende das condições do local (grau de perigo que apresenta, tipo de vegetação, etc.), mas não deve nunca ser inferior a 10 metros de largura, e em casos especiais , em locais extremamente perigosos, pode chegar a 80 metros ou mais. De um modo geral, a largura mais usada para aceiros é de 20 metros. Quanto à sua construção, os aceiros podem ser de dois tipos: aceiros de construção empíricas e aceiros de construção mais aprimorada.

- Aceiros de construção empíricaRetira-se apenas a vegetação, não

permitindo, portanto, o tráfego de veículos. Aceiros móveis também são considerados construções empíricas, sendo estes definidos como faixas livres de vegetação e por um determinado tempo. A construção deste aceiro constitui de um corte raso de uma faixa da floresta e em seguida é feito o novo plantio ou condução da rebrota (dependendo da espécie), de maneira que a as novas plantas funcionem como barreira contra o fogo. Quando as árvores da faixa atingirem um porte que não ofereçam proteção ao aceiro, é feito o corte raso de uma faixa ao lado da primeira e assim sucessivamente. Os aceiros móveis são uma boa alternativa em pequenas propriedades rurais por permitir se produzir enquanto protege a área.

- Aceiros de construção mais aprimoradaFaz-se uma terraplanagem com o auxílio de

tratores ou motoniveladoras, a fim de possibilitar o tráfego normal de veículos, sendo mais vantajosos, por servirem também como estradas para o escoamento da produção florestal, para monitoramento da área, além de facilitar o acesso no caso de combate (Fig. 29). Porém, este tipo de aceiro tem um custo inicial maior comparado ao aceiro empírico, entretanto, a longo prazo, este custo inicial será amortizado e compensado com a vantagem da utilização como estrada.

Figura 28. Aceiros construídos a partir de Cercas ou Divisas da Propriedade

Fonte: EMBRAPA (2000).

Figura 29. Aceiro e Acesso para a Propriedade

Fonte: Escola Superior Agrária de Castelo Branco (2010).

Divisórias e contornos

Soares, em seu trabalho sobre técnicas de prevenção de incêndios florestais, definiu divisórias como faixas limpas (desprovidas de vegetação), geralmente transitáveis, que dividem um talhão de outro. Já contornos são faixas desprovidas de vegetação, transitáveis ou não, que delimitam o talhão (floresta plantada) da vegetação nativa (Fig. 30).

Ao planejar um plantio florestal de uma área, devemos delimitar os talhões, fazendo simultaneamente a marcação das divisórias e contornos. Estes devem ter de 10 a 20 m., dependendo dos talhões limítrofes e do grau de perigo que o local apresenta. Por exemplo, entre dois talhões de pinus a divisória deverá ser maior do que entre dois talhões de eucalipto.

Os contornos podem ser um pouco mais estreitos do que as divisórias, mas não devem ter menos de oito metros de largura. A construção de contornos é importante no caso de o fogo se propagar da vegetação nativa para o talhão. No entanto, são construções onerosas, que muitas vezes são compensada na colheita florestal, para baldeio da madeira. Em áreas de acentuado declive, é impraticável a construção contorno, neste caso deve-se apenas retirar uma faixa de vegetação e mantê-la limpa (SOARES).

As divisórias são obras para evitar e conter a propagação do fogo dentro do plantio. Esta depende da divisão dos talhões para em seguida ser construída e também podem ser úteis nas operações de colheita florestais (SOARES).

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Figura 30. Divisórias e Contornos do Plantio Florestal

Fonte: FENATRACOOP (2010).

Cortinas de segurança

Cortina de segurança é o plantio de algumas linhas de espécies de menor inflamabilidade ou com resistência ao avanço do fogo, comparada a espécie do talhão, afim de prevenir ou diminuir a propagação dos incêndios florestais, principalmente em grandes extensões de plantio com espécies altamente combustíveis,como coníferas resinosas (ex. Pinus) (SOARES).

A largura da cortina varia com as condições locais. Em margens de aceiros bem construídos, apenas algumas linhas são necessárias para proteger. Já em locais de maior perigo, pode-se planejar o plantio de uma série sucessiva de talhões para funcionar como cortina. Mas, de maneira geral, é indicado cortinas de 50 a 100 metros de largura (SOARES).

Manutenção de aceiros, divisórias e contornos

De nada adianta a construção de aceiros, divisórias e contornos, se não forem feitas limpezas periódicas nestes locais para eliminação de vegetação, potencial combustível para propagação do fogo. Esta vegetação é constituída principalmente de gramíneas.

De um modo geral, recomenda-se uma limpeza no início da época propicia a incêndios. No Sul do Brasil, esta época é no início do inverno, estação mais seca. Nas demais regiões devem ser feitas limpezas no início da estação das secas. Em regiões com épocas de risco não definidas, devem ser feitas duas limpezas anuais.

As limpezas podem ser realizadas de forma mecânica,dependendo dos recursos financeiros e da topografia do local. Para esta forma de limpeza são usados tratores com arados, motoniveladoras e roçadeiras. Também podem ser feitas de forma manual usando foices e enxadas por exemplo, ou ainda com aplicação de herbicidas.

As margens de estradas principais e mesmo

as secundárias localizadas em áreas florestais, também devem ser conservadas limpas, especialmente na época de maior risco de incêndio. Isto fará com que as estradas funcionem com aceiros, dificultando a propagação do fogo e facilitando o combate, além de diminuir a ocorrência de incêndios nas margens das estradas. Novamente a largura da faixa varia com as condições locais, mas geralmente deve ser de três a cinco metros de largura em cada margem da estrada.

É importante salientar, que, a limpeza refere-se ao corte e remoção da vegetação da faixa, pois pouco adianta a eliminação da vegetação, se deixar os resíduos secarem no local, constituindo um combustível potencial e portanto, oferecendo novos riscos.

8.3.2. Construção e Manutenção de Fontes de Água

Lagos (Fig. 31) e pequenas barragens dentro da propriedade florestal trazem grandes benefícios para prevenção e controle de incêndios florestais. Estes oferecem duas vantagens imediatas à proteção florestal: fácil captação de água no caso de combate a incêndios e aumento da superfície de evaporação de água dentro da área florestal. Isto promove a alteração do microclima local, através da elevação da umidade relativa do ar, sendo que a velocidade de propagação de incêndios é inversamente proporcional à umidade relativa do ar.

Apesar destes benefícios, o custo da construção de lagos e principalmente barragens é alto, inviabilizando para muitos investidores florestais, a construção de uma rede de lagos numa área.

Entretanto, há alternativa menos onerosas, tais como barragens feitas de terra, que podem se transformar em depósitos de água apreciáveis e muito eficientes. Além da proteção, os lagos oferecem vantagens como por exemplo, paisagísticos, recreativos ou até mesmo, o desenvolvimento de outra atividade econômica, como a piscicultura.

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Figura 31. Lago artificial

Fonte: WWF (2010).

8.3.3. Redução de Material Combustível

Quando a quantidade de material combustível em uma área é reduzida, o risco de ocorrência de um incêndio é menor. Caso este venha a ocorrer, será de menor proporção, facilitando a ação de combate. Porém a retirada de todo o material combustível da floresta (folhas, galhos e pedaços de casca secos, gramíneas, etc) é uma tarefa economicamente impossível. Por este motivo, recomenda-se esta operação somente para espécies muito suscetíveis ao fogo e em locais de maior perigo, das seguintes maneiras:

i. locais de grande movimentação, como estradas por exemplo;

ii. retirar o material das bordaduras dos talhões – três a cinco metros do interior do talhão – e queimá-los na estrada; ou ainda

iii. empurrar o material para o interior do talhão, o que por um lado não é correto , pois no caso de um incêndio, dificultaria o combate.

Em plantios de espécies mais resistentes ao calor, uma opção seria usar o fogo controlado, assim eliminar o material combustível depositado no interior de todo o talhão (Fig. 32). A desvantagem deste método, é sem dúvida, a redução da capacidade produtiva do local, visto que a repetição constante da prática do fogo causará danos ao solo.

Nas queimas propositais, deve-se tomar todas as precauções necessárias para não deixar o fogo escapar do controle. Deve-se observar cuidadosamente as condições atmosféricas principalmente o vento, delimitar criteriosamente a área a ser queimada e nunca colocar fogo nas horas mais quentes do dia. E mais importante ainda, não usar fogo em plantios de espécies sensíveis ao fogo.

Em plantios de espaçamento mais largo ou após a realização do primeiro desbaste , se as condições permitirem, a redução do material combustível pode ser feita através de um método mecanizado (trator e grade pesada) (Fig. 33). A gradagem tritura o material depositado no piso da

floresta, incorporando-o ao solo, diminuindo o risco de incêndio.

Figura 32. Redução de Material Combustível por Queima Controlada dentro do Plantio

Fonte: Portal Amazônia.

Figura 33. Redução de material combustível por gradagem do solo.

Fonte: Verde Mafra (2010).

Queimas controladas ou prescritas

Em algumas propriedades florestais existem certas áreas de vegetação herbácea (especialmente gramíneas) que durante o inverno se tornam secas, representando um perigo iminente de incêndio, ameaçando as florestas localizadas nas proximidades.

Uma das melhores maneiras de se reduzir o perigo de incêndios em tais áreas, é efetuar a queima controlada que apresentam perigo. As áreas mais perigosas são geralmente ao longo das divisas e estradas de ferro (Fig. 34).

A definição desta prática é a aplicação controlada de fogo na vegetação natural ou plantada sob determinadas condições ambientais que permitam ao fogo manter-se confinado em uma determinada área e ao mesmo tempo produzir uma intensidade de calor e velocidade de espalhamento

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desejáveis aos objetivos de manejo.O uso do fogo controlado na redução do

material combustível poderá ser feito tanto dentro como também fora da floresta. Este método tem a vantagem de ser mais barato e ser mais eficiente que outros na redução do material.

Figura 34. Incêndio na Margem de uma Estrada

Fonte:De olho no tempo (2010).

Condições para realização de queima

- Estação do anoÉ tecnicamente recomendada a realização da

queima controlada no período do outono ou inverno, uma vez que os tecidos dos vegetais encontram-se em estado de dormência nesta época. Caso haja a necessidade de maior intensidade de fogo, a queima poderá ser realizada no verão, porém, neste caso os cuidados a serem tomados para evitar a perda de controle do fogo devem ser maiores, em virtude da temperatura do ar ser mais alta e possivelmente a umidade do ar e do material combustível ser menor. A realização de queima controlada na primavera é desaconselhada em virtude da intensa atividade vegetativa em que se encontram os vegetais neste período, quando a passagem do fogo poderia causar danos irreversíveis.

- Hora do diaA hora do dia em que é realizada a queima

também influencia no sucesso da tarefa. Queimas realizadas durante o período diúrno são mais eficientes em virtude das melhores condições de queima do material combustível, influenciada pela maior temperatura e menor umidade do ar, porém é claro que serão necessitados maiores cuidados em relação ao controle do fogo. A realização de queima noturna somente é recomendada em casos de florestas mais jovens, pelo fato de o volume de danos ser menor.

- Intervalo entre queimasO intervalo entre queimas sucessivas deve ser

estudado para cada caso. Porém, de maneira geral, pode-se garantir que queimas anuais degradam o

solo, não sendo portanto indicadas. Pelo contrário, queimas muito espaçadas farão com que se acumule muito material combustível, aumentando, assim, o risco de ocorrência de incêndios involuntários.

- Técnicas de queima controladai. Queima contra o vento (Fig. 35)• Deve-se iniciar o fogo numa extremidade do terreno;• queimar ladeira abaixo ou contra o vento;• a queimada em faixas contra o vento é uma maneira fácil e segura de se limpar terrenos, porém é importante observar bem a estabilidade e direção do vento.

Figura 35. Método de Queima Progressiva contra o Vento

Fonte: IBAMA (2001).

ii. Método de queima progressiva contra o vento (Fig. 36)• Coloca-se fogo a favor do vento, a partir da base do aceiro;• queimada em faixas horizontais: coloca-se fogo contra o vento, a partir da base do aceiro e, em seguida, a favor do vento;• queimadas em faixas verticais: o fogo é ateado contra o vento, a partir do aceiro-base. Depois inicia-se o fogo a favor do vento, lado a lado com a inclinação do terreno.

Figura 36. Método de Queima em Faixas a favor do Vento

Fonte: IBAMA (2001).

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iii. Queima em “v” (Fig. 37)• Indicado para áreas montanhosas (de cima para baixo), de um único ponto, com propagação radial de linhas de fogo.• queimadas em cunho a favor do vento: coloca-se fogo, ao mesmo tempo, em vários pontos da borda do terreno, sempre a partir do aceiro-base;• esta prática é recomendada somente para vegetação leve.

Figura 37. Método de Queima em Cunho ou “V”, a favor do Vento

Fonte: IBAMA ( 2001).

iv. Queima em manchas (Fig. 38)• Queimadas por pontos: o fogo é posto contra o vento a partir do aceiro-base em vários pontos.• nenhum fogo vai ser grande nem difícil de se controlar;• necessita da manutenção do acesso ao interior da área.

Figura 38. Método de Queima em Mancha

Fonte: IBAMA (2001).

v. Outros tipos de Queimas • Queimada central: é feita em terrenos planos, colocando fogo em vários pontos do centro da área, em forma de círculos. Deste modo, a força do fogo será maior na parte central do terreno e facilitará o trabalho do pessoal envolvido nesta tarefa;

• queimada contra o vento: esta é a

queimada básica. Iniciar o fogo numa extremidade do terreno, de modo que queime ladeira abaixo ou contra o vento;• queimada em vegetação dispersa: começar com o fogo contra o vento, lentamente, sempre partindo da base do aceiro.

8.4. PLANOS DE PROTEÇÃO PARA INCÊNDIOS

Planos de proteção para incêndios florestais são um conjunto de medidas recomendadas para prevenção e combate ao fogo especificamente para uma região ou local, ou seja, são uma forma de organização das medidas protecionistas. Para elaboração de um plano de proteção são necessários alguns dados, tais como os mostrados abaixo.

No plano de proteção devem ser recomendadas as medidas preventivas para se reduzir o numero de incêndios, com base nas causas mais frequentes, e dificultar a propagação dos eventuais incêndios.

Figura 39. Composição de um “Plano de Proteção Contra Incêndios Florestais”

Fonte: Sosres e Batista (2007), adaptado pela STCP.

8.4.1. Local

Os incêndios florestais não se distribuem uniformemente numa área. Para isso, deve-se investigar os locais onde a ocorrência de incêndios é mais frequente, como, locais próximos a vilas e acampamentos, margens de rodovias e ferrovias, proximidade de áreas agrícolas e margens de rios e lagos. Ainda existem áreas dentro da região, onde são incomuns incêndios.

8.4.2. Causas

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OCORRÊNCIA CAUSAS LOCAL CLASSES DE

COMBUSTÍVEIS ZONAS

PRIORITÁRIAS

PLANO DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS

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Tabela 07. Principais Causas de Incêndios no Brasil

Fonte: Soares e Batista (2007).

As causas de incêndios variam de acordo com a região, de modo que para a obtenção de estatísticas confiáveis é necessário investigar as causas dos incêndios e manter um arquivo ordenado dos dados ao longo dos anos. A tabela 07 mostra um exemplo de estatística de causas de incêndios ocorridos e registrados em alguns Estados brasileiros entre os anos de 1998 a 2002.

8.4.3. Períodos de Ocorrência

A variação do número de ocorrência de incêndios nas diferentes regiões e ao longo do ano se dá pela diversidade climática e de acordo com os diferentes níveis de atividades agrícolas ou florestais.

O período de maior perigo de incêndios de uma região pode ainda ser obtido através do cálculo dos índices de perigo de incêndio, os quais estimam, através de escalas numéricas, o potencial de ignição ou de inflamabilidade da vegetação.

8.4.4. Classes de Materiais Combustíveis

Os tipos de vegetação influem de maneiras diferentes no potencial de propagação dos incêndios. A propagação do fogo costuma ser mais rápida e intensa em povoamentos de coníferas do que em folhosas (devido à presença de resina nas coníferas), mais rápida em florestas plantadas que em florestas naturais e mais rápida ainda em pastagens e campos secos.

A elaboração de mapas indicando os diversos tipos de vegetação, com o uso de diferentes cores, são muito úteis na elaboração de planos de prevenção, pois possibilita prever quais as áreas em que o fogo oferece maior risco de propagação.

O mapa abaixo (Fig. 40) é um exemplo de zoneamento de risco de incêndio florestal para o Estado do Paraná no ano de 2008.

Figura 40. Exemplo de Zoneamento de Risco

Fonte: Defesa Civil do Paraná (2008).

8.4.5. Zonas Prioritárias

Os planejamentos de prevenção e defesa devem ser feitos a partir da clara definição das áreas que devem ser prioritariamente protegidas. Apesar de toda floresta precisar de proteção, algumas áreas devem receber tratamento prioritário, devendo ser, portanto, demarcadas com destaque no mapa da região. Áreas experimentais, locais de ocorrência de espécies vegetais ou animais endêmicas ou raras, pomares de sementes, nascentes de água, áreas de recreação, instalações industriais e zonas residenciais são exemplos de locais que devem merecer atenção especial nos planos de prevenção de incêndios florestais.

9. COMBATE À INCÊNDIOS FLORESTAISA prevenção é uma maneira de combater

incêndios, porém nem sempre as técnicas preventivas são suficientes para evitar a ocorrência de incêndios florestais. Portanto, é indispensável um planejamento do combate ao fogo na floresta.

Combate é definido como o tempo consumido na operação de supressão ou eliminação definitiva do fogo.

A operação de combate ou supressão de um incêndio envolve as cinco etapas descritas na Tabela 09.

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Tabela 08. Etapas do Combate à um Incêndio Florestal

Fonte: Soares e Batista (2007), adaptado pela STCP.

9.1. FORMAÇÃO DE BRIGADAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

As equipes ou brigadas são as unidades básicas de combate aos incêndios florestais. Cada equipe deve ter entre seis a 10 integrantes, sob a liderança de um chefe de brigada. Os componentes da equipe devem ser pessoas que trabalham normalmente na organização florestal, ou mesmo moradores da região, desempenhando outras funções, mas que serão requisitados sempre que ocorrer um incêndio. Essas pessoas, por ocasião da formação das equipes, devem receber treinamento especial em técnicas de combate e uso de equipamentos. Este treinamento deve ser repetido periodicamente, principalmente quando houver alteração na constituição das equipes.

Conforme abordado por Schumacher et al. (2005), o número de trabalhadores mobilizados depende da topografia local, da reação do fogo, do trabalho a ser executado e do grau de entendimento entre o chefe e seus comandados que devem ser de no máximo oito.

Quando o sistema de prevenção e combate funciona satisfatoriamente, a maioria dos incêndios florestais pode ser combatida com apenas uma equipe. Neste caso, muitas vezes o próprio chefe da equipe pode comandar a operação de combate ao fogo.

O combate a um incêndio se assemelha bastante a uma operação militar, onde a hierarquia e a disciplina são fundamentais para o sucesso da

ação. Isso indica a necessidade de existência de um comando único, exercido pelo responsável do setor de prevenção e combate ou pelo responsável de um grupo de moradores.

9.1.1. Chefe de Brigada

Um chefe de brigada desempenha as funções de coordenar a equipe, de forma à:

• informar-se da situação do incêndio; • fazer uma pré-avaliação do incêndio e de todas as informações disponíveis; informar-se sobre o acesso ao local, caminho, estrada, topografia, meio de transporte; • dirigir-se com a equipe ao local do incêndio pela rota mais viável e apropriada; • estudar o comportamento do incêndio; • fazer uma segunda avaliação da situação e solicitar ajuda, se necessária; preparar plano de combate, com base na equipe e nos recursos técnicos disponíveis para a operacionalização das ações; • designar uma pessoa para executar cada trabalho específico; • dirigir o combate e supervisionar os combatentes; comunicar-se, com frequência, com a coordenação central; • durante o incêndio, deve fazer uma avaliação do plano de extinção e os ajustes necessários; e • assegurar o bem-estar dos combatentes.Também tem a responsabilidade de explicar

aos combatentes a natureza do trabalho a ser

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ETAPAS DESCRIÇÃO DETECÇÃO DOS INCÊNDIOS

Tempo decorrido entre o início do fogo e o momento em que ele é visto por alguém. Dois objetivos principais devem nortear o funcionamento dos sistemas de detecção:

• descobrir e comunicar a pessoa responsável pelo combate todos os incêndios que ocorrem na área antes que o fogo se torne muito intenso;

• localizar o fogo com precisão suficiente para permitir o acesso à área o mais rápido possível.

COMUNICAÇÃO Tempo compreendido entre a detecção do fogo e o recebimento da informação pela pessoa responsável pela ação de combate.

MOBILIZAÇÃO Tempo gasto entre o recebimento da informação da existência do fogo e a saída do pessoal para combate. É importante que cada participante saiba qual sua atribuição e responsabilidades no combate ao fogo.

DESLOCAMENTO Tempo que compreende a saída do pessoal de combate e a chegada da primeira turma ao local do incêndio. Este é um dos pontos mais críticos que precede o combate propriamente dito, pois quanto maior o tempo despendido para o deslocamento, maior será o aumento do perímetro do fogo, dificultando seu combate.

PLANEJAMENTO DO COMBATE

Ao chegar ao local do incêndio, o responsável pela ação de combate deve estudar detalhadamente a situação antes de tomar qualquer medida de combate. O planejamento do combate requer o conhecimento do comportamento do fogo, das condições climáticas, do tipo de vegetação, da rede de aceiros e estradas e dos locais de captação de água. Somente depois deste levantamento as primeiras medidas relativas ao combate podem ser tomadas.

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realizado; organizar os combatentes para efetuar eficazmente os trabalhos específicos; demonstrar métodos de trabalho seguros e eficazes; assegurar que toda a equipe se encontre em perfeito estado; registrar os nomes dos combatentes e as horas de trabalho; e assegurar que as normas de segurança sejam observadas.

9.2. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

Para maior eficiência no combate aos incêndios é recomendável ter equipamentos e ferramentas de uso exclusivo para este fim. Os equipamentos de combate devem estar sempre em perfeitas condições de uso, armazenados em locais pré-determinados e prontos para serem usados em qualquer emergência. As ferramentas de uso múltiplo, que poderiam ser utilizadas em demais trabalhos, para melhor identificação, devem ter os cabos pintados de vermelho, indicando que são de uso exclusivo para o combate a incêndios.

O tipo e a quantidade de equipamentos para combate a incêndios florestais dependem de vários fatores, tais como características locais, relevo, tipo de vegetação, tamanho da área e pessoal disponível. Em geral, os equipamentos devem ser os mais eficientes, dentro das possibilidades financeiras da instituição.

Embora exista hoje uma grande variedade de equipamentos motorizados, as ferramentas manuais não perderam seu lugar, sendo estas necessárias no combate a qualquer tipo de incêndio.

9.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

Os integrantes da brigada podem estar expostos a grande perigo se o seu equipamento pessoal de segurança não for adequado.

Os seguintes equipamentos são recomendados para assegurar a proteção individual.

9.3.1. EPI Básicos

• Luvas de couro: protegem as mãos e parte dos braços (Fig. 41)..

Figura 41. Luva de Couro para Proteção de altas Temperaturas

Fonte: Guarany (2009).

• Perneira ou coturno: protegem os pés e partes das pernas (Fig. 42).

Figura 42. Calçado adequado às Operações de Combate ao Fogo

Fonte:Portal da Fênix (2010).

• Cinto de guarnição: largura de 5 cm, serve para transportar o cantil, lanterna e outros equipamentos necessários.• Traje adequado: ideal que seja anti-fogo, podendo ser de algodão resistente, com camisa de manga comprida e mangas largas. A roupa deve ser de cor chamativa para melhor visibilidade dos demais operários (Fig. 43).

Figura 43. Roupas usadas pelo Operador no Combate

Fonte: Guarany (2009).

• Capacete e Óculos anti-chamas: protege o crânio contra golpes de galhos, ferramentas, insolação. Devem ser de materiais compósitos ou de plástico resistente, com peso não superior a 400 g, devidamente homologados. Os óculos protegem os olhos contra projeção das partículas incandescentes, impactos de galhos, fumo e gases (Fig. 44).

Figura 44. Capacete e Óculos de Proteção

Fonte: Guarany ( 2009).

• Máscara anti-fumaça: Proteção em caso de emergência em evacuação de zonas perigosas devido à fumaça. A máscara poderá ser substituída por um lenço de algodão com as dimensões de 55 x 50 cm (Fig. 45)..

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Figura 45. Máscara Anti-gases

Fonte: Guarany (2009).

• Cantil: altas temperaturas predispõem os operários a desidratação, por isso, ter um recipiente com água de boa qualidade é indispensável no combate (Fig. 46).

Figura 46. Cantil

Fonte: Repel (2010).

• Lanterna: necessária em operações de combate durante à noite.• Caixa de Primeiro Socorros: a caixa deve conter basicamente medicamentos para queimaduras, cortes e soro antiofídico.

9.3.2. Equipamentos acessórios aos EPIs

• Apito: serve para localização em caso de emergência.• Binóculos: utilizado pelo chefe da brigada para permitir maior visibilidade da área.• Bússola: instrumento essencial em deslocações na mata.• Rádio-de-comunicação-portátil: permitir contatar outras brigadas e a chefia do combatente do incêndio.• Corda de prontidão: facilita o deslocamento noturno ou em áreas acidentadas.

9.4. FERRAMENTAS E APARELHOS

As ferramentas e aparelhos são empregadas no ataque direto e indireto aos incêndios florestais, devendo seu uso ser exclusivo para tal atividade. As

ferramentas devem ser utilizadas de forma correta, observando-se condições de segurança, tanto no transporte, quando no trabalho de campo. Quando se anda em linha deve-se manter um mínimo de dois metros entre os componentes da brigada, e na construção de aceiros esta distância deve ser dobrada para quatro metros. O manuseio correto das ferramentas poupa o combatente de esforços desnecessários, como por exemplo elevá-las demais não fará com que o serviço tenha melhor qualidade, somente trará o desgaste físico do operador.

Deve-se ressaltar, que, muitas das ferramentas usadas no combate, já são utilizadas e conhecidas no meio rural e na construção civil, tais como foice, facão, enxada, rastelo, etc.

9.4.1. Facão

Utilizado pelo chefe da brigada de combate ao incêndio florestal, é empregado para se marcar a linha de aceiro a ser seguida, no corte de vegetação baixa e pequenos arbustos (Fig. 47). Durante o seu manuseio o operador deve estar atento para evitar acidentes. Após utilizar a ferramenta a mesma deve ser afiada, observando-se um sentido único para o fio, bem como o fio deve ser protegido por fita que o isole (fita crepe ou similar).

Figura 47. Facão para Corte de Vegetação

Fonte: Guarany ( 2009).

9.4.2. Motosserra

Usada para derrubar árvores mais rapidamente, que estejam queimadas ou abrir aceiros. Este equipamento não precisa ser de uso exclusivo do combate. É um dos poucos equipamentos motorizados utilizados no combate a incêndios.

Figura 48. Motosserra

Fonte: Stihl (2010).33

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9.4.3. Machado

Utilizado nas operações de derrubada de árvores de pequeno porte e galhos e para derrubar árvores e arbustos que estejam queimando e lançando fagulhas, que podem originar novos focos de incêndio, ou para abrir picadas com a finalidade de fazer aceiros (Fig. 49)..

Figura 49. Machado para Combate a Incêndios usado pelos Bombeiros

Fonte:Zeus do Brasil (2010).

9.4.4. Foice

Utilizada para abertura de picadas e aceiros (Fig. 50)..

Figura 50. Foice Roçadeira de Cabo longo

Fonte: Portal construir (2010).

9.4.5. Enxada

É uma ferramenta fundamental para corte e remoção na confecção de um aceiro (Fig. 51). A vegetação próxima ao solo deve ser retirada com o emprego da enxada. Usada para limpar, até o solo mineral, pequenas faixas ou aceiros, a fim de dificultar a passagem do fogo.

Figura 51. Enxada

Fonte: Zeus do Brasil (2010).

9.4.6. Pá

Serve para abertura de aceiros e para apagar tocos e restos de madeira incandescentes (Fig. 52). É usada para jogar terra e enterrar material que esteja queimando, muito útil em operações de rescaldo, principalmente onde o solo é arenoso.

Figura 52. Pá Cortadeira

Fonte: Zeus do Brasil (2010).

9.4.7. Rastelo ou Ancinho

Usado para fazer rapidamente pequenos aceiros, principalmente onde existe acúmulo de folhas e acículas na superfície do solo (Fig. 53).

Figura 53. Rastelo ou Ancinho

Fonte: Portal construir (2010).

9.4.8. McLeod

Consiste de uma enxada e um ancinho, justapostos, substituindo portanto duas ferramentas (Fig. 54).

Figura 54. McLeod

Fonte: MG Blindados (2010).

9.4.9. Abafadores

Servem para abafar as chamas e podem ser feitos de galhos verdes, tipo chicote, com o uso de

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pedaços de mangueira ou tipo de vassoura com uso de um pedaço de borracha de correia transportadora no seu final. Também existem abafadores fabricados (Fig. 55). A Figura 56 demonstra o treinamento de uma brigada de incêndio com abafadores de borracha.

Figura 55. Abafador de Borracha de Cabo longo

Fonte: JVP Rubber (2010).

Figura 56. Treinamento de Brigada com abafadores de borracha

Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu (2009).

9.4.10. Bomba Costal

Equipamento de grande versatilidade utilizado no combate ao incêndio florestal no ataque direto ao fogo (Fig. 57). A bomba costal possui uma capacidade de transporte de 20 litros de água sendo carregada como uma mochila nas costas do combatente. Possui um sistema manual de pressurização e um esguicho com requinte ajustável que permite regular a qualidade do jato. Deve-se lembrar, que, o lançamento de água em um combate a incêndio florestal deve ser feito sempre na base das chamas.

Figura 57. Pulverizador Costal de alta Pressão.

Fonte: Sistema (2010).

9.4.11. Mochila costal

Equipamento semelhante a bomba costal porém confeccionado em PVC maleável que se molda perfeitamente as costas do combatente, garantido-lhe mais conforto no transporte e no combate Fig. 58).

Figura 58. Saco Costal para Combate a Incêndios

Fonte: Guarany (2009).

9.4.12. Aparelho controlador de Queimadas (Lança-chamas ou Pinga-fogo)

É equipamento muito útil para se fazer contra-fogo , especialmente quando precisa ser efetuado rapidamente (Fig. 59). Serve também para realizar limpezas de mato, queimas prescritas. A proporção da mistura no pinga-fogo é de quatro litros de óleo diesel para um litro de gasolina.

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Figura 59. Queimador ou Pinga-fogo.

Fonte: Guarany (2009).

9.5. VEÍCULOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

Veículos que transportam água são fundamentais para apoio nas operações de combate aos incêndios em florestas. Para esta finalidade algumas diferenças entre os veículos para atividades de combate a incêndios urbanos são necessárias, devido principalmente ao local por onde tais veículos vão trafegar.

Primeiramente devemos observar que grandes quantidades de transporte de água são normalmente incompatíveis com a realidade de um incêndio florestal, pois os veículos vão transitar em áreas de difícil acesso, necessitando de um peso relativamente leve, e ser curtos para facilitar as manobras. Verificamos que para um eficaz combate não se necessita de muita vazão de água, pois a mesma deve ser lançada na base das chamas de forma neblinada.

Portanto, a melhor opção para um veículo de combate a incêndio florestal tipo Auto Bomba Tanque, é a configuração para uma capacidade transportável de 2.500 a 3.000 litros de água, devendo ainda tal veículo ser provido de um sistema de suspensão reforçado e de mecanismo de tração auxiliar. Seu sistema de bomba deve ser independente para que permita ao veículo transitar na beira de estradas lançando água na vegetação. Os equipamentos e ferramentas disponibilizados para tal veículo devem ser acondicionados de forma a ficarem presos e travados, para que não sofram avarias ao se trafegar por trechos de estradas não pavimentadas. A fim de se evitar acidentes deve-se evitar o transporte de ferramentas, materiais e equipamentos e pessoal.

Figura 60. Veículo especial transportador de Água para Combate a Incêndio

Fonte: Corpo de Bombeiros/PR (2009).

9.6. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

Existem quatro métodos para combater incêndios, sendo eles: direto, indireto, paralelo e dois pés. Cada método se ajusta a algumas situações, que devem ser cuidadosamente estudadas num tempo mínimo, para por em prática o combate. Para a escolha do método, devem ser observadas a intensidade do fogo, a topografia, as barreiras naturais para conter o fogo (ex. corpos d’água) e obras, tais como estradas, aceiros, contornos e divisórias disponíveis da áreas. Outro aspecto importante a ser observado, é se o incêndio é superficial, subterrâneo ou de copa.

9.6.1. Método Direto

Neste método, estabelece-se uma linha de contenção nas bordas do incêndio. O combatente elimina todo material combustível em torno do fogo, atirando-o ao interior da superfície incendiada. Deve-se aproveitar as primeiras horas da madrugada, ou as últimas da tarde, para queimar os focos de combustíveis que possam representar futura ameaça (DANIEL, 2006).

O fogo é atacado diretamente e extinto com água ou retardantes, através de bombas e mochilas costais, caminhões auto-bomba; assim como, terra (lançada com pás) ou batidas (com abafadores ou ramos de árvores).

As principais desvantagens do método são:• necessidade do combatente aproximar-se demais do fogo, o que às vezes torna-se impossível devido ao calor e a fumaça; e• o descuido de um só homem pode prejudicar o trabalho dos demais combatentes.

9.6.2. Método Indireto

É utilizado quando a intensidade do fogo é muito alta e não há possibilidade da aplicação de

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outros métodos.Consiste na utilização de acidentes naturais

como barreiras corta-fogo (estradas, caminhos, picadas, cursos d'água), ou mesmo na construção de aceiros e em circunstâncias totalmente favoráveis, utilizar-se o fogo contra fogo.

O contra-fogo é a queima da área entre as barreiras e o incêndio, de modo a cessar o incêndio quando a frente atingir a área queimada.

Nunca deve-se iniciar o contra-fogo sem que o aceiro esteja, completamente, terminado, pois, existe risco do fogo "escapar", fazendo uma nova frente. Com efeito, quando se usa o fogo contra fogo, é imprescindível, após o fogo ser dominado, o uso do método direto, a fim de se eliminar os últimos vestígios de fogo, suprimindo-o efetivamente.

Deve-se ter em mente que o fogo contra fogo, só será utilizado quando não for possível deter o fogo com os outros métodos. Da mesma forma, antes de iniciarmos a construção de um aceiro, devemos considerar a velocidade de propagação do fogo, pois, há risco do fogo passar para o outro lado do aceiro, inutilizando todo o trabalho realizado.

Sua maior vantagem está na disponibilidade de segurança e tempo para a ação dos combatentes.

Como inconvenientes tem-se:• o trabalho deve ser acelerado, pois a faixa entre o fogo e as linhas de contenção pode se extinguir antes que se possa fazer um fogo de encontro;• o fogo de encontro é de grande magnitude, requerendo cuidados especiais;• aumenta-se consideravelmente a área queimada;• deve ser utilizado somente em casos extremos, com a supervisão de pessoal experiente.

9.6.3. Método Paralelo

Este método consiste em limpar-se uma faixa não muito larga, próxima ao fogo, para que este ao avançar sobre a faixa, reduza sua intensidade, sendo, então atacado pelo método direto.

Neste método a linha de contenção, é feita de três a 15 m de distância da borda do fogo, paralelamente a este. Queima-se esta faixa desde a beirada do fogo até a linha de contenção. Esta linha pode ter de 0,5 a 1,0 m de largura.

Por este método pode-se controlar fogo com muito calor e fumaça, havendo menor perigo do fogo pular a faixa de contenção. Além disso, é mais fácil dominar o corta-fogo (linha de contenção mais a faixa entre esta e o fogo) do que o próprio incêndio.

Quando o fogo atinge a linha de contenção,

deve apresentar menor intensidade, podendo ser combatido por meio do método direto.

A principal desvantagens é a possibilidade de perder-se o controle sobre a faixa corta-fogo.

9.6.4. Método de Dois Pés

É mais utilizado para conter fogo subterrâneo. Consiste em se limpar uma área próxima à borda do fogo, de preferência com o uso de um arado, jogando-se a leiva para o interior. A faixa deve ter em torno de 60 cm, e deve ser mantida limpa como no caso anterior.

A profundidade de aradura deve ser suficiente para atingir o solo mineral.

As principais desvantagens do método são:• devido à limpeza da linha de contenção, o excesso de confiança pode ocasionar descuido à sua vigilância;• deixa entre a borda do fogo e o costado interior da linha de contenção uma faixa de material combustível, que poderá contribuir para a persistência do fogo.

9.7. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DE CAMPO

Segundo Schumacher et al. (2005) o planejamento compreende a programação de todas as medidas e ações de combate aos incêndios florestais, envolvendo as seguintes atividades:

• Detecção do incêndio;• comunicação;• anotações e análises de dados;• mapas para localização;• organização de pessoal;• transporte de pessoal;• abastecimento e transporte de combustíveis;• abastecimento de água/alimentação;• apoio logístico/primeiros socorros; e• acampamento/alojamento.

9.7.1. Detecção e Comunicação

Consiste em observar e comunicar a pessoa responsável pelo combate e localizar o focos de incêndios na área, com precisão suficiente para permitir o acesso à área o mais rápido possível.

Existem duas formas de detecção de incêndios: detecção fixa e móvel. A detecção fixa é realizada através de observação e monitoramento de uma determinada área por meio de pontos fixos de observação. A detecção móvel é realizada através de patrulhamento terrestre ou aéreo.

De acordo com Soares (2007), as torres de observação geralmente se constituem no mais prático e eficiente meio de detecção e localização de incêndios florestais.

As torres de observação geralmente são

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construídas de ferro ou madeira, tendo no topo uma cabine de fechada, com visibilidade para todos os lados, onde permanece o operador ou vigilante. A maior durabilidade, o menor custo de manutenção e a facilidade de relocação, quando necessário, são fatores que dão vantagem às torres metálicas.

Figura 61. Torres de Vigilância Estrutura em Madeira (à esquerda) e em Estrutura metálica (à direita)

Fontes: Câmara Municipal de Felgueiras – Portugal (2010); Laboratório de Incêndios Florestais da UFPR (FIRELAB).

As torres devem ser instaladas em pontos altos do terreno e em locais de boa visibilidade, de modo a proporcionar a melhor cobertura possível da área a ser protegida. As áreas planas necessitam de torres mais altas, com cerca de 30 a 42 metros de altura, enquanto áreas de relevo acidentado, aproveitando-se os melhores pontos, pode-se obter boa visibilidade com torres de 12 a 18 metros de altura.

A determinação do número de torres necessárias para cobrir uma determinada região depende diretamente das características físicas do local, tais como extensão, relevo e condições de visibilidade, especialmente em épocas de maior perigo de incêndios.

O campo visual de uma torre (aquele que permite avistar fumaça) é determinado por três diferentes fatores:

• o tamanho da coluna de fumaça;• a transparência da atmosfera e• o grau de contraste entre a fumaça e a paisagem de fundo.Destes três fatores, a visibilidade da

atmosfera é o que mais limita o campo visual da torre, pois pode ser negativamente influenciada pela neblina, névoa seca ou mesmo fumaça dispersa, característica esta das épocas de estiagem.

A distância visual máxima de uma torre de observação, dependendo das condições locais, situa-se entre oito e 15 km. Considerando-se uma capacidade visual média, cada torre de observação é capaz de cobrir eficientemente uma área de 8.000 a 20.000 ha, sendo esta variação dependente do relevo. Em regiões planas, a distribuição das torres

pode ser simétrica e a área coberta por torre é maior. Regiões de topografia acidentadas exigem uma maior quantidade de torres, porém é impossível ter 100% de cobertura da área, 70-80% de visibilidade são consideradas boa cobertura da área.

Cada torre deve ter:-Goniômetro: aparelho para medição do

ângulo azimute ou ângulo horizontal correspondente à direção da fumaça. Este aparelho é instalado de forma que o 0º do circulo graduado esteja orientado para o Norte magnético da Terra. Goniômetros mais sofisticados, como o Osborne, além de informar o azimute, estimam a distancia entre o foco e a torre.

-Rádio comunicador para a comunicação com a central; e

-Um vigilante devidamente treinado para leitura do aparelho e transmitir as informações precisamente a central.

Outra forma de detecção e que é muito eficiente é o patrulhamento terrestre usando veículos e motocicletas circulando pela área sistematicamente. Assim como as torres, os veículos devem ser equipados com aparelhos de comunicação.

As informações colhidas pelo vigilante são repassadas à central, onde serão determinada no mapa, a coordenada do foco e informada ao chefe da brigada que mobilizará as equipes ao local indicado.

9.7.2. Sistemas de Comunicação

Os sistemas de comunicação são constituídos de aparelhos que estabelecem a comunicação entre as torres de vigilância e a central de combate à incêndios. A comunicação pode ser por:

-Rádio: maior flexibilidade, pois permite a comunicação simultânea com a rede de torres, o escritório central e unidades móveis de combate. Porém, os aparelhos de rádio necessitam de carregamento periódico de bateria, o que nas torres pode ser feito por meio de um gerador à gasolina ou energia solar.

-Telefone: comunicação de custo de manutenção menor, apesar do custo de instalação ser maior e não precisar ser recarregado.

9.7.3. Mobilização da Brigada

Tempo gasto entre o recebimento da informação da existência do fogo e a saída do pessoal para o combate.

Após a detecção, comunicação e localização do incêndio é necessário que a equipe responsável pelo combate seja rapidamente mobilizada para se dirigir ao local do fogo. Para isto é necessário que haja uma pessoa responsável pela ação inicial de

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combate.O treinamento das Brigadas de incêndio,

principalmente a de primeiro combate, é fundamental para se conseguir sempre uma rápida mobilização do pessoal. Neste treinamento o responsável pela ação inicial deve definir claramente as atribuições e responsabilidade de todo o pessoal no controle dos incêndios.

O tempo gasto na viagem até o local da ocorrência é o ponto mais crítico entre as fases que precedem o combate, ou seja, se o tempo for grande, o fogo pode atingir maiores dimensões e prejudicar as ações de combate. Sendo assim, é muito importante a manutenção de estradas da área florestal e sempre que possível, a descentralização das brigadas, de modo que sempre se possa mobilizar a equipe mais próxima do local do incêndio.

9.7.4. Chegada ao Local e Planejamento do Combate

Tempo compreendido entre a saída do pessoal de combate e a chegada da primeira equipe ao incêndio.

Um dos erros mais frequentes que se comete nas práticas de combate é a precipitação na tomada das decisões. Isto pode, às vezes, dificultar ou retardar a ação de combate, quando por exemplo se constroem aceiros em locais inadequados ou se criam novas frentes de fogo através de contra fogo mal colocados.

Por este motivo, ao se chegar ao local do incêndio, o responsável pela ação de combate deve estudar detalhadamente a situação antes de tomar qualquer medida de combate (Fig. 62 e 63). Os minutos gastos no diagnóstico preciso das condições do fogo e da área ao redor podem significar muitas vezes algumas horas de economia no combate ao incêndio.

O planejamento do combate requer, entre outras coisas, o conhecimento do comportamento do fogo (tamanho, extensão da frente, velocidade de propagação e intensidade), das condições climáticas, do tipo de vegetação, da rede de aceiros e estradas e dos locais para captação de água. Somente depois deste levantamento, com uma visão global da situação, pode-se, com mais propriedade, tomar as primeiras medidas relativas ao combate, como por exemplo métodos de ataque, distribuição de turmas e avaliação dos recursos necessários ao controle do fogo (Fig. 64 e 65).

Figura 62. Treinamento de Brigada para o Planejamento das Ações

Fonte: Embrapa (2010).

9.7.5. Ações

Figura 63. Desenvolvimento das Atividades de Combate

Fonte: STCP

Figura 64. Equipe trabalhando na Construção de Aceiro.

Fonte:INEA (2008).

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INFORMAÇÃO AO CHEFE DA BRIGADA

COMUNICAR PARA CENTRAL

DETECÇÃO PELO VIGILANTE

DESLOCAMENTO DA BRIGADA AO

LOCAL

PLANEJAMENTO DAS AÇÕES NO LOCAL

AÇÕES DE COMBATE

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Figura 65. Atividade de Combate Direto as Chamas

Fonte: BDA (2009).

9.8. RESCALDO

O rescaldo (Fig. 66) é a operação que deve ser tomada após o fogo extinto, para evitar que ele se reative e volte a se propagar.

O rescaldo inclui as seguintes tarefas:• descobrir e eliminar possíveis “incêndios de pontos”, causados por fagulhas lançadas na frente do fogo;• ampliar o aceiro ou faixa limpa em torno da área queimada, para melhor isolamento da mesma;• derrubar árvores ou arbustos que ainda estejam queimando ou em incandescência, para evitar que lancem fagulhas;• eliminar, utilizando água ou terra, todos os resíduos de fogo dentro da área queimada;• manter o patrulhamento, com número suficiente de pessoas, até que não haja mais perigo de reativação do fogo; voltar no dia seguinte para nova verificação;• confinar toda a área queimada executando a raspagem no limite de separação do combustível queimado (bordadura).

Figura 66. Atividade de Rescaldo

Fonte: Portal São Francisco (2009).

10. PONTOS IMPORTANTES A CONSIDERAR NO COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

10.1. PREPARAÇÃO E AÇÃO INICIAL

• Deve-se estar preparado para o mesmo, dispor de ferramentas e pessoal em quantidade suficiente, bem distribuídos e prontos para qualquer eventualidade;• deve-se dirigir ao local do incêndio, sem demora, a qualquer hora;• deve-se combater o fogo pelos pontos que oferecem maior risco de propagação;• deve-se usar no combate número necessário e indispensável de pessoas;• deve-se determinar, assim que possível, a causa provável do incêndio.

10.2. ORGANIZAÇÃO E PLANO DE ATAQUE

• deve-se dividir os combatentes em Grupos de Combate a Incêndios Florestais de no máximo 10 pessoas, com um chefe competente, designando o setor e o serviço de cada equipe;• é indispensável dimensionar adequadamente o incêndio, a fim de se poder planejar, com rapidez e eficiência, a forma de ataque;• manter-se constantemente informado sobre o avanço e o comportamento do fogo;• tomar decisões rápidas e ter um conceito definitivo de cada ação planejada.

10.3. HORA DE COMBATE

• Deve-se evitar o combate noturno, pois trata-se de risco elevado além da necessidade do descanso a noite;• estar atento e aproveitar as eventuais diminuições de intensidade de fogo, causados por mudanças de vento, aumentos de umidade ou reduções de temperatura;• a prática do combate logo nas primeiras horas do dia oferece várias vantagens devido às condições citadas anteriormente.

10.4. PONTO E MÉTODO DE ATAQUE

• Procurar confinar o fogo tão logo seja possível; em incêndios de pequenos ou de baixa intensidade, o ataque deve ser feito diretamente sobre a frente de fogo; em incêndios de intensidade alta o combate deve ser feito pelos flancos e ir avançando até a cabeça;• o responsável deve decidir pela forma de combate que considere mais eficiente para a circunstância;

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• deve-se estar atento para os incêndios causados por fagulhas oriundas da frente de fogo.

10.5. ERROS COMUNS NO COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

• Descuido no estudo da situação;• demora para iniciar o combate;• falta de planejamento adequado no

Combate;• uso de ferramentas em más condições;• equipes destreinadas;• uso de equipamentos não recomendáveis;• não revezar as turmas de modo a evitar

cansaço;• não manter atuação e vigilância

adequada nos flancos;• realização ineficiente de rescaldo.

10.6. PONTOS QUE NÃO DEVEM SER ESQUECIDOS

• A magnitude de um incêndio depende da quantidade de material combustível existente;• no início o fogo se propaga em círculo, expandindo gradativamente em todas as direções; depois os ventos e as condições de combustível determinam a direção e a intensidade de propagação;• uma atmosfera úmida retarda o fogo, enquanto uma atmosfera seca aumenta sua intensidade;• o melhor período para se combater um incêndio vai do entardecer até a manhã do dia seguinte, pois o ar contém mais umidade, a temperatura é menor e a atmosfera se encontra calma;• nunca abandonar uma área, após um incêndio, sem se certificar que o fogo não tem mais condições de se reativar; deve-se ter certeza que o incêndio está realmente extinto.

10.7. DEZ PRECEITOS DE SEGURANÇA

• Manter-se informado sobre as condições do clima e seus prognósticos;• manter-se sempre inteirado do comportamento do incêndio;• qualquer ação contra o incêndio deve ser tomada observando o seu comportamento atual e futuro;• manter rotas de fuga para todos os combatentes, devendo estes, conhecê-las;• manter um posto de observação quanto existir a possibilidade de perigo;• manter-se alerta e calmo, pensar claramente e atuar com decisão;• manter comunicação permanente com o pessoal e o chefe do incêndio;

• dar instruções claras e fazê-las entender;• manter controle do pessoal em todo momento;• combater o incêndio mantendo a segurança como primeira consideração.

10.8. CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS

• Jamais construir uma linha de aceiro morro abaixo com fogo subindo. Neste caso a linha de combate deve ser feita atrás do topo do morro, ou nos flancos do incêndio.• no combate ao fogo numa ladeira onde possa rolar material incandescente, deverá ser mantida observação constante;• se o vento começar a soprar aumentando a velocidade ou mudando de direção;• se o tempo estiver mais seco e quente;• ao estar em um terreno desconhecido não se conhece os fatores locais que influem no comportamento do incêndio;• proceder ataque frontal ao incêndio com o uso de equipamentos pesados;• quando são frequentes os focos secundários causados por fagulhas sobre a linha de combate;• quando não se pode ver o foco principal e não há comunicação com o restante pessoal;• se não compreende claramente as instruções;• se sentir sono próximo do local do incêndio.

11. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃOA. Explique brevemente o que é o “TRIÂNGULO

DO FOGO” e qual a sua importância para as práticas de prevenção e combate à incêndios florestais?

B. As consequências do uso do fogo num ecossistema, geralmente são maléficas. Cite as principais desvantagens de utilizar o fogo como método de na limpeza de terreno para o solo de uma floresta.

C. Queimas são proibidas legalmente em qualquer situação? Explique?

D. Dentre as práticas preventivas descritas, qual delas é considerada a mais eficiente ?

E. O que são brigadas? Quais iniciativas um chefe de brigada têm que demonstrar diante uma situação de combate a um incêndio florestal?

F. Quais os tipos de incêndios que podem se desenvolver em uma floresta e quais destes é o mais agressivo à vegetação (maior número árvores mortas) e qual tipo tem maior dificuldade de controle?

G. Quais as características do fogo que devem ser observadas em um incêndio para posteriormente planejar as atividades de

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combate?H. Quais são os EPIs básicos para os operários

das brigadas?I. Dentre os equipamentos de combate incêndios florestais, quais são os mais comumente utilizados no combate?

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