plano brasília 93

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BRASÍLIA www.planobrasilia.com.br 19 DE ABRIL DE 2011 Ano 9 · Edição 93 · R$ 5,30 Plano BR 93 MESA REDONDA Wasny de Roure CIDADANIA Arquivo Público - referência candanga PONTO DE VISTA Chico Vigilante BRASÍLIA Além do que a gente vê

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Revista Semanal com noticias relevantes e curiosidades de Brasília

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BRASÍLIAw w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

19 de ABRIL de 2011A n o 9 · e d i ç ã o 9 3 · R $ 5 , 3 0Plano

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9 3

MESA REDONDAWasny de Roure

CiDADANiAArquivo Público - referência candanga

PONtO DE ViStAChico Vigilante

Brasíliaalém do que a gente vê

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23159 -- Arquivo: 255320-18818-HW-41x27.5 Cupula Feliz Cannes2011_pag001.pdf13:28:24 19/04/2011

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Sumário

10 Cartas

11 Mesa Redonda

16 Brasília e Coisa & Tal

18 Panorama político

20 Política Brasília

22 Dinheiro

24 Capa

28 Cidadania

30 Gente

32 Cidade

34 Mercado de Trabalho

36 Tecnologia

38 Cotidiano

40 Planos e Negócios

42 Automóvel

44 Vida Moderna

46 Esporte

48 Personagem

50 Saúde

52 Moda

54 Comportamento

56 Cultura

58 Cinema

60 Gastronomia

62 Exposição

63 Música

64 Meio Ambiente

66 Jornalista Aprendiz

68 Propaganda e Marketing

70 Vinho

72 Tá Lendo o Quê?

74 Frases

75 Justiça

76 Diz aí, Mané

78 Cresça e Apareça

80 Ponto de Vista

82 Charge

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Expediente Carta ao leitor

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisó[email protected]

DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia [email protected]

DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex [email protected]

PlanoBRASÍLIA

CHEFIA DE REDAÇÃO Afrânio Pedreira

DESIGN GRÁFICO Camila Penha, Eward Bonasser Jr, Joana Nobrega, Paula Alvim e

FOTOGRAFIA Gustavo Lima, Victor Hugo Bomfim

FOTO DE CAPA Bento Viana www.oikosimagem.com.br

EQUIPE DE REPORTAGEM Ana Paula Resende, Fernanda Azevedo, Larissa Galvão, Maíra Elluké, Michel Aleixo, Tássia Navarro, Veronica Soares, Virgínia

Ciarlini e Yuri Achcar

COLABORADORES Adriana Marques, Antônio Duarte, Bohumil Med, Carlos Grillo, Cerino, Chico Vigilante, Mauro Castro, Mônica Ponte, Railde da Silva

Nascimento Regina Ivete Lopes, Romário Schettino, Tarcísio Holanda

IMPRESSÃO IBEP Gráfica

TIRAGEM 60.000 exemplares

REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às maté[email protected]

AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da

editora www.planobrasilia.com.br

PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA.SCLN 413 Bl. D Sl. 201

CEP: 70876-540, Brasília-DFComercial: 61 3041.3313 | 3034.0011

Redação: 61 3202.1257Administração: 61 [email protected]

Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Prezado leitor,

Mais uma Revista Plano Brasília, feita com muito carinho para você que sempre nos prestigia. Essa nossa 93ª edição é especial. Em quase todas as reportagens focamos a nossa sempre amada e que-rida Brasília que, no próximo dia 21 de abril vai completar 51 anos de fundação. Uma cidade que acolhe a todos e a todas as raças, credos religiosos e ideologias sem pedir nenhuma referência. É a capital do nosso país e por isso nos sentimos na obrigação de lhe render ho-menagens. A capital da esperança, como quase todos a conceituam, é uma cinquentona cheia de charme, elegância e beleza. Com sua arquitetura moderna, arrojada e ímpar, é uma cidade democrática e que sintetiza a diversidade do país. Aqui está situado o coração político do Brasil. É nesta cidade onde são tomadas as decisões que influenciam a vida de todos os brasileiros. Como não poderia deixar de ser, a nossa matéria de capa é sobre esse lugar de linhas retas, espaços abertos e horizontes vistos de todos os pontos, que Juscelino Kubitschek quis ardentemente construir; Lucio Costa projetou e Oscar Niemeyer povoou de construções impregnadas de altíssimo bom gosto e de requintados e futurísticos traços arquitetônicos, tão bem apreciados e admirados por pessoas do mundo inteiro. Declarações de amor a esta cidade de oportunidades é o que não faltam entre aqueles que aqui vieram, se apaixonaram e resolveram ficar em definitivo. A reportagem está maravilhosa. As fotos estão lindas. A de capa foi gentilmente cedida pelo repórter fotográfico Bento Viana da Oikos Imagem. A equipe da Plano Brasília agradece a colaboração.

Na matéria sobre o Arquivo Público do DF, mostramos que, para aqueles interessados em saber sobre a história e outras curiosidades da construção de Brasília, o local é o lugar certo e seguro para obter conhecimentos e tirar dúvidas. Lá, está guardada toda a documen-tação que retrata a história da criação da capital federal, do período de interiorização - prevista na Constituição de 1892-, a construção, a inauguração da capital em 1960 até os dias atuais. Visitar o prédio do Arquivo Público, no Setor de Abastecimento e Produção (SAP), é uma verdadeira aventura do conhecimento. O local guarda um acervo histórico de valor cultural inestimável para todos os brasileiros. Criado em 1985, o Arquivo Público guarda, por exemplo, relíquias históricas como as duas cadernetas de anotações do engenheiro da Missão Cruls, Hastimphilo de Moura, datadas de 1894.

A reportagem da editoria Mercado do trabalho: “Sobram vagas, faltam profissionais”, enfocamos que a ausência de trabalhadores qualificados faz com que o número de oportunidades de emprego aumente em vários setores do DF. Pesquisa realizada no final do ano passado pelo Conselho do Trabalho mostra que existem cerca de 20 mil vagas de emprego a serem preenchidas em todo o DF. Os setores da construção civil e de tecnologia são os que mais necessitam de mão-de-obra especializada.

É isso, leitor. Esperamos que todos tenham uma excelente leitura. Até à próxima edição. Tchau!.

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Cartas

Fale conoscoCartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para:SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540Brasília-DFFones: (61) 3202.1357 / [email protected]

Prezados Senhores,

Parabéns a todos que fazem a revista Plano Brasília. Um presente editorial sempre aguardado com expectativa. Gostaria de estabe-lecer contato com a equipe “Mutantes Radicais” mencionada na materia “Vovó Radical”. Se os senhores tiverem esta informação e puderem ajudar-me, fico-lhes desde já grata.

Rolene Bomtempo

Prezados Senhores

Parabéns pela revista. Gostei muito, principalmente da matéria sobre a loucura. Fiquei impressionado quanto à forma que essas pessoas são tratadas no nosso Brasil. A presidente Dilma tem que olhar pra isso para poder mudar urgentemente.

Antônio CarlosAsa Norte

Prezados,

Recebo regularmente a Revista Plano Brasília. Excelente na quali-dade editorial e gráfica.Sou Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/DF que, nesta gestão da OAB/DF, têm o desafio de recuperar a credibilidade dos advogados, julgando mais de 6 mil processos estocados em uma década. O objetivo é dar respostas à sociedade e à classe, punindo os maus profissionais. Para isso fizemos uma série de alterações estruturais e em um ano e meio de mandato já execu-tamos mais de 200 penalidades aplicadas contra advogados do DF ou de fora que atuam aqui.Imagino que os advogados sejam um dos segmentos que mais lêem a revista.Tenho interesse em divulgar as atividades e as novas diretrizes do Tribunal como forma de desistimular práticas antiéticas de parte dos advogados brasilienses, bem como orientar a população sobre como representar perante o Tribunal. Se for do interesse editorial da Revista estou à disposição. Referências meu respeito podem ser dadas pelo Romário e pelo Cerino.

Claudismar Zupiroli

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.

Erramos:Quando dissemos, na edição 88, editoria Gastronomia, que Durley Soares da Silva era dono da Tapiocaria Doce Sertão. O certo é que ele é arrendatário do estabelecimento e que em breve estaria saindo da Doce Sertão para abrir negócio próprio, a Tapiocaria Raízes do Sertão.

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Mesa Redonda

O deputado Wasny de Roure é economista, casado e pai de três filhos. Já foi deputado federal e hoje, como líder do governo, exerce o quarto mandato como deputado

distrital. Sempre defendeu a democracia, a cidadania, a jus-tiça e a ética na política. Na entrevista para a Plano Brasília ele fala do projeto do Plano Diretor de Transporte Urbano e dos desafios de um trabalho de liderança em uma Câmara Legislativa com 17 siglas partidárias.

PB - Como tem sido esse começo de legislatura tendo que conversar com 17 siglas diferentes e fazendo esse trabalho de liderança? Tem sido fácil?Temos um momento delicado. Estamos tentando nos relacionar de outra forma com os parlamentares, em que o elemento balizador seja o interesse público. Entendemos as reivindicações, pleitos, demandas de parlamentares junto à estrutura do estado como também as expectativas deles de participarem dos projetos, principalmente do poder executi-vo. O governador Agnelo tem estado extremamente aberto e bastante acessível. Quem o conhece sabe que ele é até eclético demais. Mas enfim, isso tem sido um elemento capitalizador e de apoio neste momento de retomada de credibilidade do poder legislativo.

PB - Qual é a pauta do momento na Câmara Legislativa? Quais são os projetos que o governo já encaminhou, está ou vai encaminhar? Há espaço para acomodar esses projetos? Qual é a prioridade do governo hoje?A prioridade do governo para o mês de abril é o debate e a votação do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), porque Brasília necessita disputar o parque da mobilidade.

É um montante de recurso considerável de R$ 2.4 bilhões. É um dos pré requisitos e o sistema de transporte é um quadro de caos em Brasília, principalmente o transporte coletivo. Com relação às demais matérias, temos algumas de caráter administrativo, como foi o pacote da saúde, como também são as matérias de natureza orçamentária. Temos um pacote que já foi votado nas comissões e está na pauta e já há entendimento para que nós possamos apreciar. Te-remos a definição do dia na próxima reunião dos líderes de blocos. Portanto, esse pacote são três matérias tributárias. A mudança do tribunal administrativo de recurso fiscal, temos o tratamento de parcelamento de dívida e a mudança do có-digo tributário. São matérias interligadas. Temos ainda dois outros projetos que não estão ainda com a devida celeridade, apesar da sua importância, que é o projeto dos protestos, uma nova modalidade de cobrança da dívida ativa já ajuiza-da, e também a questão do projeto da microempresa que é uma nova modalidade de tratar e priorizar a microempresa em Brasília. Portanto, esse é o complexo de matérias que temos. Ainda há algumas matérias de natureza orçamentária e são esses projetos que tem nos levado ao diálogo com os parlamentares.

PB - Essa questão da microempresa vai agradar bastante Brasília na expectativa de novas oportunidades. Como seria esse apoio?Brasília, como as demais unidades da federação, é repro-dutora de uma legislação de âmbito federal que é a Lei complementar 123 e a Lei complementar 128. A primeira é a guardiã de sintetizar o recolhimento em um único tributo e facilidades nas relações com o estado, alvarás e outros temas correlatos. A Lei 128 deu um avanço em duas direções.

Wasny De RoureRomario Schettino, Virginia Ciarlini, Edson Crisóstomo, Wasny de Roure,Liana Alagemovits e Yuri Achcar | Fotos: Gustavo Lima

PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 11

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Primeiro, a colocação do micro em-preendedor. Ele faz uma digressão da questão da microempresa que é muito genérica. O micro empreendedor são aquelas atividades muito presentes no dia a dia, mas inteiramente informais. É quem arruma bicicletas, faz unha em casa. Então, os chamados micro empre-endedores individuais, os quais inclusi-ve a presidente Dilma recepcionou em grande número no palácio. Em Brasília queremos dar celeridade a isso, porque está muito associado à questão da eco-nomia solidária. Traz um avanço muito importante, que é viabilizar o sistema previdenciário do público brasileiro para essa categoria. Portanto, é uma matéria muito importante, porque não apenas cuida das facilidades fiscais, mas simplifica a participação previdenciária além de dar toda a relação formal ao empreendedor.

PB - O senhor citou uma série de projetos importantes para o GDF. O governo tem na Câmara Legislativa, pelo menos na teoria, uma ampla base de apoio. O que tem acon-tecido que o governo tem dificuldade em negociar e aprovar os projetos?O primeiro elemento que eu pontuaria é o cenário político de Brasília. Nós ainda vivemos os resquícios da crise da Caixa de Pandora. O quadro ainda tem interferência no dia a dia da vida política de Brasília e temos que enfrentar esse cenário com valores e com princípios, tendo o entendimento do direito de defesa das pessoas que estão sendo questionadas e ao mesmo tempo, a postura numa outra forma de relacionar-se com os parlamentares, sabendo respeitá-los no sentido da representação que cada um tem. Agora, é claro que temos que ter compreensão que hoje, o estado brasileiro está bas-tante aparelhado para que essas maté-rias se processem com a profundidade e a intensidade no plano do Ministério Público, da Polícia Federal e da Polícia Civil do DF. Precisamos entender isso, porque nem cabe ao poder executivo e nem ao poder legislativo. O poder le-gislativo tem sim o poder de fazer uma avaliação política dos prejuízos decor-

rentes de má conduta. Portanto, essas pessoas irão responder sobre conduta ética na estância que é a corregedoria. Para isso, precisamos ter fatos e ele-mentos objetivos, e não simplesmente na suspeita fazermos julgamentos de parlamentares.

PB - Sobre os projetos que estão sendo encaminhados, a exemplo o da saúde que foi aprovado em caráter de urgência, como serão definidos os projetos de maior prioridade?A prioridade está associada a uma com-binação, seja de um lado o interesse político do governo de vislumbrar o futuro da cidade, seja do ponto de vista

do governo ter a capacidade gerencial. Para isso, os projetos de natureza de gestão como orçamento e concurso são fundamentais no processo. Então é uma combinação entre os próprios par-lamentares que tem interesse de poder dar a sua contribuição. Agora, creio que temos dificuldade ainda no nosso go-verno que é a definição de quem é base e quem não é base, e o compromisso de quem é base de sustentação do governo

PB - Esse é o problema fundamental? De-finir quem é base e quem não é base? Isso precisa ser agilizado. Já estamos no quarto mês de governo e isso não pode continuar. Em relação aos problemas políticos que

existem na câmara, estes precisam ser atacados imediatamente pelo governo e pelos próprios deputados e resolver o que vão fazer na comissão de ética. O senhor está seguro de que esta base pode resolver esses problemas a curto prazo, ainda nesse semestre?Com toda certeza. Não há dúvida de que o quadro é complexo e que há muitos interesses colocados e o nosso papel é procurar entender esses interesses a partir do interesse público. Tanto é verdade que, até em matéria de discussão de espaço do poder executi-vo, o governador não delegou a mim fazer. Isso é delegação do secretário de governo juntamente com outros integrantes do governo pra fazer esse debate. Eu cuido tão somente dos projetos que tramitam na câmara que é de interesse do poder executivo. Nós já temos uma dezena de leis aprovadas. Temos várias audiências. Passamos a adotar um sistema de coletivização do debate público e das contribuições para que o próprio debate público fique de maneira coletiva com os parlamentares e a assessoria pudesse ser, por si só, um depurador daquilo que é interesse público e daquilo que não é. Eu acho que já é um passo extremamente im-portante, como também uma relação de informação a tempo e hora dos parlamentares. Eles têm todo direito de criticar como o governo está pro-curando se disciplinar para que todas as matérias passem pelas comissões. Agora, nós iremos atuar no sentido de agilizar, de viabilizar quórum, relatórios e informações. Porque o governo, num quadro problemático como o nosso, e no cenário democrático que vivemos, é somente fortalecendo a democracia e a transparência que iremos colher re-sultados satisfatórios. Então o governo necessita do PDTU, por exemplo. Um projeto que podemos até pecar pela agilidade, vamos cometer alguns erros, mas não podemos deixar a cidade pa-rada num quadro caótico que estamos vivendo do transporte público. Para se ter ideia, todo sistema de controle das tarifas, de cobrança, de itinerários e número de veículos, é de absoluto

O poder legislativo tem sim o poder

de fazer uma avaliação política

dos prejuízos decorrentes de

má conduta

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controle da iniciativa privada e essa é uma das exigências para participar do PAC da Mobilidade. O governo fez um decreto passando a Fácil para o contro-le do governo. A matéria é complexa, o estado está despreparado. Nós temos o papel da fiscalização e ainda temos que reeducar os nossos fiscais. Então são dificuldades gigantescas que temos pela frente.

PB - Ainda falando de projetos e obviamente vamos falar de dificuldades, nós sabemos que o senhor tem um projeto que gosta muito que é a implantação de uma universi-dade de Brasília. Temos a nossa capital com essa defasagem e ao lado disso, escolas técnicas. Os empresários, muitas vezes, tentam absorver uma mão de obra que está aí, mas não está qualificada. Então como é que anda esse projeto?Desde o meu primeiro mandato, o tema da universidade pública do DF foi colocado e quando vim para o plano do legislativo local propus trabalhar com algumas metas mais concretas do ponto de vista da população. Fui um dos autores da Fundação de Apoio a Pesquisa que agora estamos trabalhan-do para resgatar os seus parâmetros da sua natureza em si, como também do ponto de vista orçamentário. Mas a uni-versidade pública do DF, num quadro em que temos a presença do governo federal e de um governo extremamente forte no DF, temos que partir de uma estrutura que já existe e de iniciativas que já foram formatadas. Não estamos inaugurando uma novidade. A faculda-de de medicina, que não foi uma inicia-tiva do governo passado do PT. Foi de um dos nossos principais adversários, o Roriz, mas que nem ele soube valorizar que a faculdade de medicina é um modelo inteiramente inovador. Nós, sequer, valorizamos isso. Precisamos reconquistar esse espaço. Temos um dos principais acúmulos na área de se-gurança pública, não apenas pela estru-tura da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, mas temos uma Polícia Civil competente, habilitada. Uma Polícia Militar em que se exige nível superior pra entrar. Temos Corpo de Bombeiros

exemplar. Ou seja, Brasília tem todas as condições de, só nesse setor, ter uma estrutura ótima para atender a popu-lação. Estamos dialogando com esses atores. Temos agenda com o reitor da universidade, temos pedido de agenda com a ministra do planejamento e com o ministro da educação. Já temos até o local para sugerir ser o espaço de início dessa universidade. O importante é que o governo tem que tomar inicia-tivas objetivas e claras. E, diga-se de passagem, o governo Arruda constituiu uma comissão que já fez um debate preliminar sobre essa proposta. A esco-

la técnica é outro exemplo, o governo federal já está com inúmeras iniciativas, projetos até próximos de onde estamos situados. O projeto de escola técnica que já está bastante avançada. Nós temos mais seis projetos. Acabamos de ter a conversão da Escola Agrícola do DF em um instituto de nível superior tecnológico. Hoje, Planaltina é uma cidade que tem duas universidades públicas federais e não tem nenhuma do GDF, por exemplo.

PB - É difícil conseguir fazer avançar essa proposta da universidade pública do GDF

quando a gente tem o ensino básico tão de-ficiente? Com quase 100% de crianças com menos de cinco anos fora de creches, não é preciso primeiro resolver esse problema para aí sim se investir na universidade?Eu creio que a juventude não espera, como as crianças também não esperam. Creio que são atribuições prioritárias do estado. Nós temos nesse governo da presidente Dilma, absorvida pelo governador Agnelo, uma proposta que considero revolucionária que é a políti-ca das creches. Eu estava no Congresso Nacional quando votamos a PEC de transformar a educação infantil numa política pública de estado. Hoje uma criança tem acesso ao computador, à televisão. Ela é alfabetizada mais cedo, portanto, temos que fortalecer esse papel do estado. A política das creches vem não só para disponibilizar o tempo da mulher, da mãe, mas é também para facilitar um cenário social e um cenário criativo para nossas crianças. Portanto, são iniciativas que se complementam, que fortalecem o amadurecimento cultural da nossa população e dá mais capacidade a gerações futuras.

PB - Voltando a questão da qualidade dos profissionais de segurança que o senhor citou, nesse momento está havendo uma expectativa de negociação de reajuste de salários. Outro dia, policiais em frente ao Palácio, e de armas em punho, pediram que o governador os recebesse. O senhor não acha que mesmo essa polícia, com toda essa qualificação, protagonizou um ato grosseiro e de selvageria nesse tipo de

temos dificuldade ainda no nosso governo que é a definição de quem é base e

quem não é base, e o compromisso de quem é base

de sustentação do governo

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imposição para forçar um aumento e ser recebido pelo governador?Veja bem, a Polícia Civil do DF tem uma longa trajetória de um segmento altamente qualificado e que tem o seu respaldo na Constituição Federal junta-mente com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Nós tivemos um avanço gigantesco com a última lei do FHC que foi o nosso Fundo Constitucional. Infelizmente, ele não proporcionou no inicio do governo e deixou, para que ao fechar a porta do palácio, ele tivesse o privilégio de sancionar a Lei que deu autonomia financeira para Brasília. O Fundo Constitucional, depois de oito anos de gestão, 2003 a 2010, está com dois problemas seriíssimos que precisam ser administrados pelo TCU e pelo Governo Federal juntamente com o GDF. Quais são eles: primeiro é o imposto de renda retido na fonte. É constitucional que o estado segure no Tesouro, o imposto retido na fonte. Ocorre que nós recebemos dinheiro federal e esse dinheiro, proveniente do imposto retido na fonte, acumulado ao longo de oito anos, representa mais de R$ 4 bilhões. O TCU está arguindo a devolução dele ao governo federal. Esse é o primeiro grande problema que nós temos que enfrentar. O se-gundo é a contribuição previdenciária dos servidores que recebem do Fundo Constitucional. Todos os servidores da segurança, 11% da civil e 7,5% da PM e Bombeiros foi recolhido e depo-sitado no tesouro do DF, um absoluto equívoco. Esse é um montante de R$

3,4 bilhões. Portanto, são contas gigan-tescas que o governador Agnelo tem que encontrar um equacionamento com o governo federal. Brasília não tem esse montante, portanto, depende do próximo Fundo Constitucional que está em curso a sua execução. Esses são parâmetros técnicos. Qual o parâmetro político? O governo federal adotou uma política de que este ano ele não faria reajustes aos servidores públicos. Qualquer lei para reajuste das polícias civil e militar passa pelo Congresso Nacional. O governo federal adminis-tra a Polícia Federal que tem demandas semelhantes e que tem uma decisão estabelecida. Como resolver o proble-

ma? Creio que o GDF tem que sentar, dialogar, mostrar os parâmetros para a polícia e mostrar como pretende administrar isso no próximo ano. Tenho absoluta convicção que, tanto o sindicato da polícia civil, como o GDF terão maturidade para encontrar uma saída que ainda que contemporizando os problemas políticos e técnicos, nós viremos a ter solução em médio prazo. Portanto, creio que é matéria possível de ser equacionada.

PB - Sobre a proposta de rodízio de carros e diante dos problemas do transporte público deficiente, essa passa a ser uma discussão inócua. O que o senhor acha disso?Entendo que a iniciativa do parlamen-tar deve ser valorizada e reconhecida

e vem num bom momento em que vamos discutir o PDTU. É preciso ver em que tamanho, em que roteiros e de que forma poderia se adaptar um pro-jeto dessa envergadura. Creio que não podemos menosprezar essa proposta que tem sido utilizada em São Paulo e em outras localidades. Quer dizer, nós temos hoje problemas gritantes no que diz respeito ao congestionamento. Por-tanto, são matérias que temos que ouvir os técnicos e levar isso para o plano político para encontrarmos saída.

PB - Brasília é uma cidade de carros. Se uma família tem dois carros com o mesmo final de placa, considerando o poder aquisi-tivo da cidade, certamente haverá compra de mais um com final diferente, e assim haverá um aumento do número de veículos circulando. Então não é melhor priorizar e discutir sobre o transporte coletivo?Essa é a prioridade do PDTU, o trans-porte coletivo. Ele é o grande gargalo que dificulta a pensar num sistema integrado de transporte que não ape-nas no sistema individual. A proposta do deputado prioriza a questão do individual. É verdade e nós não vamos deixar de entender que esta pauta vai ter que ser colocada, até porque ninguém está proibido de comprar veículo. O que nós precisamos é qualificar o transporte e ter o VLT e o metrô funcionando à altura para que nós possamos desestimular o uso do transporte individual.

PB - Agradecemos sua presença e coloca-mos a Plano Brasília, mais uma vez, à dispo-sição da câmara e queremos ressaltar que estamos atentos a todos esses movimentos.Quero agradecê-los primeiro pelo convite, e quero aproveitar e registrar a qualidade que a revista Plano Brasília trouxe para os meios de comunicação da cidade. Sei que vocês entraram não para vender papel, mas para debater ideias, qualificar o leitor, como também suscitar temas relevantes para a cidade. Portanto, estão de parabéns por essa re-vista que aguça o sentimento de paixão e de responsabilidade por Brasília.

O importante é que o governo tem que tomar

iniciativas objetivas e

claras

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16 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

Brasília e Coisa & Tal ROMÁRIO SCHETTINO

Cem dias com AgneloO governador Agnelo Queiroz passou por uma maratona de perguntas

na imprensa falada e escrita. Foi pessoalmente falar sobre seus 100 dias

arrumando a casa, como diz a propaganda, o que fez e o que deixou de

fazer. A esperança no futuro e a vontade de fazer marcaram presença.

Agora, é a vez de a Câmara Legislativa sair da escuridão e dizer para quê

foram eleitos os seus distritais. Debater e votar projetos são as ações que

querem ver os eleitores.

PT reageA Comissão Executiva Regional do PT/DF desaprovou o método como

foi decidida a exoneração de José Julio de Oliveira, do cargo de adminis-

trador Regional de Águas Claras. Segundo a nota petista, “secretários e

administradores regionais são servidores da sociedade, subordinados ao

governador e às diretrizes de um programa político aprovado pela popu-

lação nas urnas. Desta forma, esses servidores “não podem e não devem

transformar suas áreas de responsabilidade pública em arenas de defesa

dos comandos e dos interesses exclusivos de um determinado parlamentar

ou chefe político”.

Outra versãoO deputado distrital Chico Leite (PT) diz que não pediu a demissão do

administrador de Águas Claras, apenas comunicou ao governador a

retirada de seu “apoio político”. “Há um engano em toda essa suposta

crise, por certo fomentada pelo senhor José Júlio, como parte do plano

de vitimização e uso de mais esse artifício (...). O problema é que o senhor

Júlio passou a usar, nesses três meses, a máquina da administração

pública - especialmente em nomeações para cargos comissionados e em

tentativa de cooptação de pessoas – para antecipar a preparação de uma

candidatura a deputado distrital em 2014. Não ‘pedi a cabeça’ de ninguém.

Recomendei ao governador que mantivesse a causa: a luta da Associação

dos Moradores”.

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Dilma na ChinaÉ de grande importância a viagem

da presidenta Dilma Rousseff à

China. Por tudo o que representam

os chineses no mundo moderno

e pela quantidade de dinheiro que

eles estão investindo no Brasil,

especialmente no setor agrícola –

diga-se plantação de soja. São bilhões de dólares no Paraná e na Bahia.

A China cresce e leva junto países emergentes como o nosso. As relações

multipolares defendidas pragmaticamente pelo Itamaraty incluem Pequim

em local de destaque, queiram ou não queiram nossos parceiros do Norte.

Os cem dias com Dilma também foram festejados, com popularidade bem

posicionada. Vamos ver como serão os próximos cem dias.

Alô Realengo!

A tragédia de Realengo, Rio de Janeiro, é um alerta para a sociedade

brasileira. Uma oportunidade para que todos possam rever velhos con-

ceitos sobre segurança, educação e cultura. A mídia, em geral, assume,

tardiamente, que foi um erro não ter aprovado, no referendo, a proibição de

venda de armas no Brasil. Foi muito fácil para o assassino comprar arma e

munição. O processo educacional é capenga em muitos aspectos. A cultura

do desrespeito às diferenças atinge todas as classes sociais e o “bullying”

é a porta escancarada da intolerância na infância. Um horror. Entre outras

medidas, o poder público deveria lançar uma campanha nacional com o

lema: Somos diferentes, somos iguais! Os espanhóis fizeram isso há uma

década e os efeitos foram benéficos.

Page 17: Plano Brasília 93

doado pela Funarte, que assim contribui para

a melhoria técnica e artística de espaços de

artes cênicas em todo o país. Em 2011,

são contemplados 20 proponentes. Para

participar, é preciso enviar à Funarte, pelo

correio, um projeto que contenha: os motivos

da necessidade dos equipamentos, a ficha

de inscrição preenchida, o currículo do pro-

ponente e dados relativos ao espaço cênico

– entre outros documentos e informações,

conforme explica o edital. Os projetos são

analisados por uma comissão composta por

três especialistas do Centro Técnico de Artes

Cênicas da Funarte. O investimento total

no programa é de R$ 800 mil. Envie seus

projetos para: Fundação Nacional de Artes

- Centro Técnico de Artes Cênicas - Rua do

Lavradio, 54 – Centro, Rio de Janeiro/RJ -

CEP: 20230-070.

DiferençaA diferença estruturante entre a reunião

dos oprimidos e a dos opressores está na

pauta. Os oprimidos começam o encontro

pela análise da conjuntura; os opressores só

tem um item: tomada de decisões. Por falar

nisso, é sempre bom notar como evoluem

as reuniões dos partidos políticos ditos de

esquerda.

maram que os sete membros do júri, após

o pedido de absolvição feito pelo Promotor

Público, decidiram que “Gegê foi acusado

de um crime que não cometeu e por isso

mesmo injustiçado de forma vergonhosa”.

Apesar dos pesares, pode-se dizer que a

Justiça tarda, mas não falta.

Tolentino presidenteO diretor-geral da Imprensa Nacional,

Fernando Tolentino, foi eleito presidente

da Associação Brasileira de Imprensas

Oficiais (Abio), durante a 24ª reunião da

entidade, realizada em São Paulo. Tolentino

comprometeu-se a, na direção da entidade

que reúne os órgãos de todos os estados

responsáveis pela edição dos diários oficiais,

evidenciar a característica de unidade na

diversidade, uma alusão ao fato de que

instituições dirigidas por partidos de todo o

espectro ideológico terem o mesmo objetivo:

“A busca da transparência governamental”.

Funarte

Cooperativas, companhias, empresas e

outras instituições culturais públicas ou

privadas podem adquirir conjuntos de equi-

pamentos de iluminação cênica. O material é

Comunicando

Sob pressão O deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ)

tem sido vítima de ameaças, inclusive de

morte, por sua defesa das minorias (GLBTT

e outras), contra intolerância e favor da

vida. Grupos religiosos fundamentalistas

e neonazistas mandam e-mails ofensivos

e espalham notícias falsas pela internet.

Uma delas foi publicada no JB Wiki. Jean

divulgou uma nota negando as afirmações

da “notícia” e cobrando responsabilidade do

Jornal do Brasil. “O jornal [que agora é só

virtual] publicou domingo, 10/4, uma matéria

na seção JB Wiki em que acusa o deputado

de declarar guerra aos cristãos e promover

censura na internet por meio de repreensão

ao perfil @crfvendramini, no micro-blog

Twitter. “É de se admirar que um veículo de

comunicação replique uma notícia caluniosa,

difamatória e irresponsável como essa

enviada pelo pseudo-repórter de nome Je-

fferson Nóbrega, de Brasília, DF”, disse Jean.

Todo cuidado é pouco, o deputado precisa

de segurança para continuar seu trabalho e

a sociedade precisa de mais educação para

conviver com as diferenças.

AbsolvidoGegê, o líder da Central de Movimentos Po-

pulares (CMP), que respondia a processo na

Justiça paulista por um suposto assassinato,

foi absolvido por unanimidade no dia 5 de

abril. A CMP nacional e a de Brasília infor-E-mail: [email protected]

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PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 17

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18 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

Dilma: viagem de negócios à China

Panorama Político TARCÍSIO HOLANDA

a presidente Dilma Rousseff chegou a Pequim, na última segunda-feira (dia 11), para uma visita de seis

dias em que tentará abrir uma nova etapa nas relações do Brasil com a China Continental. O ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, ligadíssi-mo à presidente da República desde os tempos da luta armada contra a ditadu-ra militar, comemora o novo ciclo nas relações com os chineses, advertindo: “A China é uma grande compradora de commodities. Nos interessa que continue sendo uma grande compra-dora, mas nos interessa também abrir uma nova etapa nessa relação em que a gente seja parceiro na área de ciência e tecnologia e na área de pesquisa”.

O ministro do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio acrescentou, depois de participar de uma reunião com o CEO de Huawei, Ren Zhengfei: “O objetivo da visita da presidente Dilma é inaugurar uma nova etapa. Não quere-mos perder a China como parceiro, mas queremos qualificar mais nossa relação com a China”. Pimentel anunciou ainda que a empresa chinesa de equipamentos de telecomunicações e computação vai investir cerca de U$ 300 milhões de dólares no Brasil na construção de um centro de pesquisa e tecnologia e tam-bém doar U$ 50 milhões de dólares em equipamentos para universidades brasi-leiras. “Começamos com o pé direito”, comemorou Pimentel.

VOLUME E QUALIDADEConvém lembrar que a busca por

mais e “melhores” investimentos chine-ses coincide com o momento em que a China se transforma em um dos prin-cipais investidores do mundo, o quinto maior, segundo o governo chinês. Em 2010, a China investiu 59 bilhões de dó-lares no exterior, segundo o Ministério da Indústria e do Comércio. A maior parte desses investimentos destinou-se a obter acesso a commodities na área de petróleo e mineração, mas há, de acordo com analistas especializados, potencial para uma maior diversificação. Em Pequim, Dilma terá um encontro com o presidente Hu Jintao para discutir “o aprofundamento da parceria estratégica entre a China e o Brasil”.

O maior desafio de Dilma Rousseff nesta primeira viagem à China como presidente da República é lançar as bases para obter uma maior diversifica-ção da pauta de exportações brasileiras, garantir melhor tratamento a empresas na China, como a Embraer, e atrair in-vestimentos para setores que não apenas o de extração de recursos naturais. “Esta é uma relação que, eu acredito, será bem desenvolvida entre os dois países, porque há algumas áreas em que a China pode ser crucial para o Brasil e outras em que o Brasil pode ser crucial para a China, baseada em um conceito que considero muito importante em uma relação entre iguais: a reciprocidade” – disse Dilma.

PRINCIPAL PARCEIRO DO BRASILVale a pena advertir que os números

que fundamentam a defesa da reci-procidade são bastante claros. A China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil em 2009. Mas as características dessa pauta comercial deixam o Brasil, na opinião dos especialistas, em posição desvantajosa. Basta dizer que 95% das exportações brasileiras para a China são de matérias-primas. A via oposta, isto é, o comércio da China para o Brasil, é do-minado por produtos industrializados. Além de principal parceiro comercial, a China se tornou também o principal investidor estrangeiro no Brasil. Os investimentos diretos refletem a sede chinesa por commodities que sustentem seu crescimento.

De acordo com o Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, 85% dos investimentos no Brasil se concentram nos ramos de mineração e petróleo. Além disso, em-presas como a Embraer, fabricante de aviões, enfrentam grandes dificuldades em suas operações na China. Existe a expectativa de que um acordo entre os dois países seja anunciado, nesta visita, para encomenda de jatos da Embraer por uma empresa chinesa, o que pode-ria representar um avanço na solução de uma questão polêmica que se arrasta há anos. Em entrevista à BBC Brasil, o diretor do Centro de Pesquisa Econô-mica da Universidade de Pequim, Yang

“Esta é uma relação que, eu acredito, será bem desenvolvida entre os dois países, porque há algumas áreas em que a China pode ser crucial para o Brasil e outras em que o Brasil pode ser crucial para a China, baseada em um conceito que considero muito importante em uma relação entre iguais: a reciprocidade” disse a presidente Dilma Rousseff, em viagem à China.

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PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 19

Yao, disse que o Brasil deveria buscar mais cooperação da China em busca de competitividade.

“O que o Brasil realmente precisa é de investir o que ganha com recursos naturais para ampliar sua capacidade industrial” – disse Yang Yao, acrescen-tando: “E a China pode oferecer algum tipo de ajuda nesta área aumentando seus investimentos no país. O Brasil deveria encorajar mais investimentos da China para incentivar sua manufatura e infraestrutura”.

GOVERNO ANULA A OPOSIÇÃOOs partidos de oposição já não

agem unidos no Congresso, como se verificava até recentemente. Ainda que minoritárias, as forças de oposição prolongavam ou interrompiam sessões, utilizando-se inteligentemente de disposições regimentais. Muitas vezes, para vencer a obstrução sistemática, o governo via-se compelido a negociar. Nas últimas sessões, a oposição se apre-sentou descoordenada, o que facilitou a ação do governo, aprovando a medida provisória que libera R$ 25 bilhões para o projeto do trem-bala, que vai ligar o Rio a Campinas, e a autorização do pagamento, ampliado de US$ 120 para US$ 360 milhões de dólares, ao Paraguai por Itaipu.

Na quarta-feira passada, na vota-ção do trem-bala, até o PSDB, maior partido da oposição, se dividiu. Uma corrente ligada ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin votou a favor dos recursos para o trem-bala, que fará escala na capital paulista e terá como destino final Campinas. Ex-governado-res, José Serra e o senador Aécio Neves

manifestaram-se contra o projeto. Os líderes governistas aproveitaram essa oportunidade para acusar a oposição de combater a modernização do país. O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), disse que os tucanos não eram contrários ao projeto, mas estavam questionando a forma de seu financiamento.

COLABORACIONISMOA proposta prevê a concessão de

empréstimo do BNDES ao consórcio que vencer a licitação no valor de R$ 20 bilhões, uma fortuna! E admite a hipó-tese de concessão de subsídios de R$ 5 bilhões do Tesouro Nacional à empresa administradora do empreendimento. O subsídio aparece no caso de a receita se mostrar inferior à prevista na proposta vencedora ou se for inferior à prevista pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Uma corrente expressiva de tucanos, que acompa-nham a orientação de José Serra, não está disposta a seguir a orientação do líder Duarte Nogueira, lembrando ainda os ecos da campanha presidencial do ex-governador.

E O METRô DE BH?Partidários de Aécio Neves também

se opõem ao projeto, talvez motivados pela possibilidade de que se esteja re-tirando dinheiro que poderia financiar o metrô de Belo Horizonte. O governo aproveitou racionalmente a divisão opo-sicionista, eliminando as emendas da área. Uma única emenda oposicionista foi acolhida pela bancada governista – a que obriga o Ministério da Fazenda a enviar ao Congresso uma prestação de

contas semestral. Além do projeto do trem-bala, foi aprovada a criação de uma nova empresa estatal, a Etav (Em-presa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade), que vai administrar esse novo e, para nós, revolucionário meio de transporte de massa.

OBSTRUÇÃO DERROTADAA oposição tentou obstruir a votação,

levando à Mesa um conjunto variado de emendas, mas não teve sucesso. O objetivo era forçar o governo a aceitar uma negociação, condicionando-se a concessão feita ao governo do Paraguai a uma compensação dos vizinhos. Ao pressentir que a oposição estava dividi-da, o governo recusou negociar e optou pela decisão no voto. PSDB e DEM ameaçaram a votação nominal para obrigar todos a expor seus votos no painel eletrônico. Não foi necessário. Com o voto dos parlamentares do PV e do PPS, o consórcio governista topou a votação nominal. O PSDB e o DEM, submetidos à realidade, logo retiraram as suas emendas.

O aumento de tarifas para reservar o dinheiro do Paraguai foi aprovado na Câmara por 285 votos contra 54. O líder de Dilma no Congresso, depu-tado Cândido Vaccarezza (PT-SP), não deu por menos, comemorando o seu êxito: “Agradeço o apoio do PPS e do PV, a oposição de esquerda”. Tudo isso coincidiu com o discurso do senador mineiro Aécio Neves, dando destaque à existência da oposição em uma demo-cracia. E isso coincidiu com o anúncio de que a senadora Kátia Abreu ((TO) es-tava migrando do DEM para o PSB do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

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20 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

São tantas realizações... Para o GDF, os primeiros 100 dias de governo foram tão intensos

que 137 ações em 21 áreas - incluindo as tradicionais saúde,

educação, obras, segurança e esporte - estão divulgadas no

portal da Agência Brasília, fonte oficial das notícias do Distrito

Federal. Em meio a tantas informações, parece que ninguém

releu o texto antes de publicar na internet. Deixaram um pedido

do editor para detalhar melhor quem escapou da lista de exone-

rações no primeiro trimestre de governo Agnelo.

... mas há controvérsias A pequena – mas barulhenta – oposição ao governo na Câmara

Legislativa considera que Agnelo Queiroz ainda não disse a

que veio: 100 dias de governo, sem avanços evidentes para

os brasilienses. A deputada Celina Leão (PMN) considera que

o governo não conseguiu mostrar resultados nem na área

considerada mais fundamental, a saúde. Pela Comissão de Di-

reitos Humanos da Casa, ela já visitou dois hospitais regionais,

em Sobradinho e Samambaia. “A situação da saúde continua

precária. O estado de emergência (decretado pelo governador

no início do ano para dar mais agilidade às ações na área) não

adiantou para nada, não se justifica. Em Samambaia abriram

a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), mas fecharam o

pronto-socorro do hospital. É seis por meia dúzia!,” esbraveja

a deputada.

Celina fortalecida A decisão da Mesa Diretora da Câmara

de arquivar o pedido de representação

contra Celina Leão, apresentado por

ninguém menos que o líder do PT na

Casa, Chico Vigilante, fez a deputada se

sentir mais fortalecida. Vigilante pediu o

afastamento de Celina da presidência

da Comissão de Ética e a abertura de

investigação por suposta quebra de de-

coro parlamentar depois de denúncias

de favorecimento a parentes da depu-

tada em contratos com a administração

de Samambaia. Na época, Celina era

chefe de gabinete da então deputada distrital Jaqueline Roriz, que

detinha o comando sob a administração da cidade. A Mesa entendeu

que faltavam informações sobre a participação de Celina no esquema

que justificassem a abertura de uma investigação. Outra representa-

ção, desta vez contra Chico Vigilante, também foi arquivada. Celina

destacou a isonomia de tratamento: “A Mesa agiu com imparcialidade,

mesmo tratamento para a oposição e a base governista. O fato mostra

a maturidade da Câmara. Sofri uma perseguição forte demais, fiquei

indignada. E agora saio mais fortalecida, com a certeza de que estou

fazendo um bom trabalho.”

Desconfiança Os petistas nem comemoraram o arquivamento da representação contra

Chico Vigilante. Consideraram-na óbvia, já que não havia nem o que ser

investigado. O parlamentar foi acusado por um morador de Ceilândia de

quebrar o decoro por ter recebido doações para a campanha eleitoral

de uma empresa acusada de fraudar licitações de radares eletrônicos,

os pardais. Mas a doação estava na declaração do deputado ao Tribunal

Superior Eleitoral (TSE). O pedido de investigação, vale destacar, foi

apresentado à Comissão de Ética e encaminhado à Mesa por Celina

Leão. O documento, bem escrito e fundamentado no padrão usado no

meio jurídico, despertou a desconfiança de que teria sido produzido no

gabinete da própria parlamentar e assinado por um laranja. O autor

da representação, que trabalha em um box na Feira dos Importados,

jura que não teve ajuda de ninguém para escrever o documento. Celina

considera absurda a hipótese e nega qualquer armação.

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PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 21

Será o Benedito?

Tudo indica que vai sobrar para o deputado distrital Benedito

Domingos (PP) repetir na Câmara Legislativa o papel que cabe

à deputada Jaqueline Roriz na Câmara Federal. A Mesa Diretora

local decidiu encaminhar à Corregedoria da Casa representação

contra o deputado para que seja investigada uma possível quebra

de decoro parlamentar. Benedito é acusado de ter beneficiado

parentes em contratos com o GDF quando era administrador de

Taguatinga. Inclusive, foi indiciado em inquérito da Polícia Civil. O

deputado é um importante aliado do Palácio do Buriti, mas corre o

risco de ser queimado pelos colegas em nome da moralidade, há

tanto tempo procurada na Câmara. O mesmo vale para Jaqueline

Roriz. Em início de mandato, os deputados querem mostrar à

opinião pública que não concordam com antigas práticas – prin-

cipalmente quando elas são reveladas.

Em nome da verdade Benedito Domingos enviou nota à imprensa em que lamenta a deci-

são da Mesa Diretora porque o inquérito ainda está em andamento

na Polícia Civil e não foi concluído. Ele próprio ainda não prestou

depoimento. O deputado não quer falar mais sobre o assunto, mas

garante que vai apresentar a verdade ao corregedor da Casa e,

também, à polícia: “Estou preparado para minha defesa.

Exposição comemora os 51 anos de Brasília

No aniversário da capital, 21 de abril, a Câmara Legislativa

recebe a exposição “Brasília, meio século da capital do Brasil”,

que revela - por meio de fotografias, filmes e documentos

históricos - a origem e a trajetória da cidade. A mostra, que já

passou por Madri e Lisboa, estará aberta ao público até o dia 3

de julho. A exposição traça uma linha do tempo que tem como

marco inicial o ano de 1751, quando surgiu a ideia de levar

a capital do Brasil para o interior do país. A exposição conta

ainda com um projeto pedagógico que vai trazer à Câmara

Legislativa 10 mil estudantes de escolas públicas. Após sua

exibição na CLDF, a exposição segue para Paris. É a primeira

iniciativa cultural na nova sede da Câmara. A entrada é franca.

Informações: 3348-8286 e 3348-8277.

Festa de Aniversário na internet O Governo do Distrito Federal lançou uma página na internet

para as comemorações dos 51 anos de Brasília. No hotsite, bra-

silienses e turistas podem publicar fotos da cidade e declarar

seu amor por Brasília. A página conta ainda com notícias, dicas

de serviços, a história da capital, a programação da festa e

sorteio de convites para as áreas VIPs. O turista recebe infor-

mações sobre como chegar e andar pela cidade usando ônibus,

táxi e metrô, além de sugestões sobre os locais mais visitados.

O endereço é: www.brasilia51anos.df.gov.br.

Força Nacional de volta ao Entorno O governador de Goiás, Marconi Perillo, contou com o apoio da

bancada goiana no Congresso Nacional e do GDF para conseguir

levar a Força Nacional de volta aos municípios de Goiás que estão

no Entorno do DF. O retorno da tropa ficou acertado na semana

passada, em uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo

Cardozo. Entre 2007 e 2008, a Força Nacional passou 180 dias

na região, que é considerada a mais violenta do país. Os índices

de criminalidade caíram, mas voltaram a subir assustadoramente

depois que reforço foi embora. Em 2010, foram 89 homicídios

nos três primeiros meses do ano, nas quatro maiores cidades do

Entorno. No mesmo período deste ano, o número saltou para 125.

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22 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

Menos

Dinheiro MAURO CASTRO

Que imóveis e gasolina está assustando muita gente em Brasília não é novidade. Existe um espanto por parte dos consumidores com relação aos preços

praticados pelos postos e construtoras. O que não muda é o fato que os postos de combustíveis e estandes de lan-çamento de imóveis continuam a ser freqüentados como se nada tivesse acontecido. Reclamações aumentam proporcionais aos preços. O consumo não cai na mesma proporção.

Porém, os consumidores já apontam em pesquisas que não estão mais tão largados para o consumo de bens com alto valor. Carros já apresentam um consumo mais mode-rado do que há seis meses. Talvez as concessionárias da cidade não tenham sentido o impacto. Mas a inflação já vai bater na porta da população de menor renda e forçar a pensar duas ou três vezes antes de comprar qualquer coisa de maior impacto no orçamento doméstico.

O mesmo deve acontecer com o flamejante setor imobiliário que em março deu sinal de cansaço. Diversos negócios foram adiados para pensar melhor. Diversos potenciais compradores não se largaram às compras, como estava acontecendo sistematicamente nos últimos dois anos.

O Distrito Federal se distingue dos demais estados brasileiros. Muitos consumidores daqui estão vacinados contra crises pontuais da economia. O fato é que uma soma de variáveis vieram fazer frente a qualquer otimista de plantão. Perspectiva de inflação, cortes orçamentário da União e redução do crescimento do PIB apontam para uma situação mais restrita. Toda a cadeia de consumo vai sofrer com isso. Os servidores mais afortunados não conseguem, sozinhos, fazer a economia da nossa cidade girar. Já para aqueles que ganham bem, porém sem che-gar a ser uma maravilha de renda, terão que fazer contas. Desde aquelas a pagar até as novas que pretendem fazer.

Em toda essa situação ainda fica um alento. É cedo demais para fazer prognósticos pessimistas. Enquanto o consumidor está reclamando ainda reside um sinal de que o consumo continua. Pior será quando este consumi-dor calar-se e fizer um recolhimento, fechando a carteira, apagando a luz e esperando o pior passar.

Para os que pretendiam comprar imóvel como investi-mento ou carro para fazer uma simples troca, fica a dica: por agora menos imóvel e menos carro; mais orçamentos e fortes argumentos. Quanto às reclamações, continuem reclamando. Vai que alguém toma jeito.

imóveis e carros?

Ilustração: Werley Kröhling

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Brasília porbras ilienses

CapaPor: Virgínia Ciarlini | Fotos: Bento Viana e Victor Hugo Bomfim

“Venturis Ventis” significa “aos ventos que virão”. Essa é a inscrição que consta no centro do Brasão do DF, idealizado pelo poeta Guilher-

me de Almeida. Expressão de força para a nova capital, localizada entre os paralelos 15 e 20 e que hoje está edi-ficada Brasília. Uma cidade democrática e que sintetiza a diversidade do país. Aqui está situado o coração político do Brasil. Aqui são tomadas as decisões que influenciam a vida de todos os brasileiros.

Na Praça dos Três Poderes pulsa a democracia e a po-pulação diversificada abraça os 10 parlamentares eleitos pelo DF e acolhe os demais 584 vindos de fora. Brasília é diferente de tudo. Ar, luz, espaço, jardins e horizonte se mesclam com simplicidade e nobreza com um projeto

arquitetônico que retrata uma expressão do espírito, da imaginação e da poesia. Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Burle Marx e Athos Bulcão são a mistura dessa magia que é a Capital Federal.

Os personagens se destacam por entre a imponência do concreto, armado por anos e hoje palco de manifes-tações civis e justas reivindicações. A Brasília do terceiro milênio tem uma população de pouco mais de dois mi-lhões de habitantes e metade desta é de jovens. Mas todas as gerações vivem intensamente cada metro quadrado da cidade expoente das artes, da música, dos esportes, da poesia e de tudo mais que consolida a personalidade de cada cidadão e da cidade.

Para o pioneiro candango, que veio do Ceará, Adirson

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bras iliensesCapital da esperança,

asas e eixos do Brasil...

(Plebe Rude)

Vasconcelos, jornalista e escritor, Brasília é o maior projeto do Brasil. “O mundo todo aplaudiu. Pedro Álvares Cabral descobriu o litoral e Juscelino Kubits-chek descobriu o interior”. Adirson destaca que as estradas ligando a cidade de norte a sul e cruzando o país, a capital foi o grande pólo de desenvolvi-mento. “Foi a coisa mais acertada que houve. Trouxe desenvolvimento econômico, social e cultural. Uma capital administrativa, consciente e iluminada. O sinal da cruz de Lúcio Costa significa que a cidade é o símbolo da espiritualidade”.

As ressalvas desse pioneiro ficam por conta da ação de homens que na própria ganância prejudica-ram alguns propósitos de alta qualidade de vida da

cidade. Mas ainda assim, nos mantemos acima do padrão da maioria das capitais. Segundo ele, é preciso mais sen-sibilidade dos administradores para recuperar esse tempo perdido e encontrar caminhos para a cidade continuar saudável. Isso não impede que Brasília cumpra a grande missão civilizadora a que foi destinada e idealizada para marcar um novo momento do Brasil e do mundo.

As profecias de dom Bosco, de Varnhagen e Hipólito da Costa, todos esses brasileiros que estavam em evidência ao longo do tempo, dizem que Brasília é um grande pólo irradiador de desenvolvimento e civilização. “Intuições que eu mesmo vivo plenamente”, revela Adirson.

“Brasília foi inaugurada, caminhou com orgulho e en-trou no terceiro milênio”. Ele considera que os primeiros dez anos foram de depuração e a juventude, a partir do ano 2000, passou a ter grande influência ocupando luga-res de destaque nos cargos públicos, posições da imprensa e outros. São jovens que vieram cedo ou nasceram aqui. São os pioneiros da nova civilização. “Eu fui pioneiro da construção e vejo nitidamente que estamos vivendo um novo ciclo, um novo tempo, uma mudança para melhor”.

A esperança que move Adirson Vasconcelos é que os jovens brasilienses de hoje formem uma nova civilização do pensamento, do amor, de fé, de esperança e de otimis-mo. Com esse pensamento, Brasília vai ser a capital do mundo. “Esse é o papel da população de hoje da cidade. Aqui se consolida um novo tipo de brasileiro, uma nova cultura de conceitos de todos os cantos. Um tipo síntese do Brasil. Um tipo diferente, resultado de uma integração nacional”.

Partilhando desse pensamento, Ronaldo Alves, pre-sidente da ONG Rodas da Paz, entidade que há nove anos trabalha para a implantação do sistema ciclo viário na capital, destaca que a Brasília do Futuro vai andar de bicicleta. A frase é um desafio para uma cidade construída para o automóvel. Mas com um pouco de boa vontade, boa reza e disciplina no trânsito, é possível desfrutar deste lugar que o acolheu há 25 anos.

Pedalar entre monumentos tombados, céu aberto e vento no rosto, dá uma enorme sensação de liberdade. As ruas largas e planas são um convite para o uso da bicicleta. E Brasília tem muitos ciclistas. De todos os tipos e tribos. Ele destaca que há os que se encontram nas trilhas do cerrado e se juntam na vendinha das antenas perto da Cachoeira do Tororó. Há os que apreciam a brisa gostosa nos passeios noturnos observando pontos turísticos com as luzes brilhantes e param para curtir o cachorro quente da Ponte JK ou churrasquinho da 412 Norte. Também há os que usam o asfalto para treinos de alto desempenho e fazem uma grande algazarra no postinho da QI 2 do Lago Sul.

Mas a maioria mesmo, diz Ronaldo, usa a bicicleta para trabalhar. São os candangos modernos, que ocupam

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26 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

a cidade e espalham, com a presença nas ruas, um pedido por ciclovias e mais apoio. Mas seguem em frente, ensinando aos não ciclistas que esta cidade linda, nascida de um sonho, tem agora um novo rumo que é o acolhimento da bicicleta como solução de transporte e cidadania. “Uma Brasília com mais bicicletas será mais colorida e mais humana”.

Esse apaixonado pela cidade diz que a capital terá um futuro sobre duas rodas e um coração forte para os desafios de mais 50 anos e também dá um conselho, “lembrem-se de quando pegarem uma bicicleta pedalem no mesmo sentido da via. Sinalizem as mudanças de direção. Usem o capacete e luzes de alerta. Sigam as regras de trânsito e respeitem os pedestres. Pedala Brasília”.

Mas nem só de asfalto e concreto vivem os habitantes da cidade. O Lago Paranoá, cartão postal de Bra-sília, foi criado para amenizar o clima seco do cerrado e tem sido muito bem explorado por banhistas e esportistas. Homero Martins, empresário e iatis-ta, mora na capital desde os três anos. Cresceu, trabalhou muito e criou as filhas na cidade. “Hoje dedico espe-cial atenção ao Lago. Como ciclista, motociclista e velejador aproveito tudo que Brasília sempre ofereceu. Clima civilizado, ruas largas, céu sem nuvens e rajadas de ventos inconstan-tes fazem parte da minha história em sintonia com a cidade”.

Ele acampava na beira do Lago e pedalava a cidade inteira. Mas o prazer que nutre pela água é latente. Mesmo antes de ter barco, sempre observou e admirou a beleza e o movimento das águas da cidade. Começou a explorar o lago com a prática do windsurf até que no fim da década de 70, pintou o prazer pela vela.

Assim, com o passar do tempo sempre se viu envolvido com o iatismo, estimulando e ajudando o fortalecimento do esporte na capital. “É certo que todos os finais de semana estou velejando, participando das competições náuticas dos clubes da orla, fazendo amigos e interagindo forte com a cidade”, revela.

E as águas do lago não são as únicas freqüentadas pela população. Rodrigo Rodrigues é ecólogo e chegou aqui no começo de 2005. “Essa cidade magnífica me aco-lheu de braços e sorrisos abertos”. Ele lembra que nas primeiras semanas ficou impressionado com a quantida-de de chuvas, quando todos diziam que aqui era muito seco, e mais impressionado ainda ficou quando após

esse período a cidade estava toda verde, magnífica. “Entre um período de chu-vas e outro, o que mais impressiona é a amplitude do céu de Brasília e a incrível cor azul, todos os dias nos presenteando com fabulosas tardes multicoloridas”.

Passado o deslumbramento geográ-fico e climatológico, Rodrigo revela que começou a conhecer com mais profun-didade esta Brasília. Sempre apreciador de passeios em meio à natureza e banhos em cachoeiras, encontrou aqui lugares esplêndidos a poucos quilômetros do Plano Piloto ou mesmo dentro da cidade. Conheceu alguns condomínios no entorno, principalmente os da bacia do São Bartolomeu, com vastas áreas verdes banhados por córregos de águas cristalinas. O que concede uma peculiar qualidade de vida aos habitantes.

Atualmente, já mais acostumado ao fácil acesso a essas áreas, tem uma rotina de natação na piscina da água mineral e caminhadas nas belas trilhas do Parque Nacional de Brasília. Ele diz que quando o tempo é muito curto uma alternativa é a caminhada ao Parque da Cidade ou

no Parque Olhos D’Água na 413 Norte. Nos finais de semana corridos, um destino certo é a Chapada Imperial que fica a 30 Km de Brasília. Lá, é possível apreciar as várias cachoeiras e rios cristalinos, como o Poço Azul e outros. Nos fins de semana mais prolongados a pedida é o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Destino certo dos amantes da natureza que desejam curtir com a família e amigos os bons prazeres com os quais a natureza presenteia quem vive por aqui. “Hoje, passados seis anos e quatro meses, sou apaixonado por essa cidade e todos os peculiares atrativos. Não penso em mudar tão cedo daqui. Sou um amante apaixonado por esta Brasília”, revela.

O que mais impressiona é a amplitude do céu de Brasília

e a incrível cor azul, todos

os dias nos presenteando com fabulosas

tardes multicoloridas

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PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 27

E os encantos dessa capital do terceiro milênio também envolvem a cultura em todas as vertentes. Sobre a música, o paulista Marcos Nardon, que chegou em 1978, destaca que é frequentador, apreciador e grande incentivador da música de concerto e ópera na capital. Faz do hobby uma bandeira. “Brasília tem que ser reconhecida como uma cidade realiza-dora de espetáculos de qualidade”.

E com uma atitude simples e o firme propósito de dis-seminar essa ideia da boa música para todos, estruturou um espaço em que divulga, opina e chama a atenção para a grande experiência que é conhecer o que Brasília tem em termos de música de concerto. Semibreve é o blog (http://marcosnardon.blogspot.com/). Nome que, segundo ele, deixa claro que o con-teúdo é composto de notas não especializadas e breves. “Sou um diletante, um integrante do público. Não sou músico, mas um apaixonado pela música de concerto”, ressalta.

Como exemplo de uma Brasília com importância cul-tural, ele cita a “A tragédia de Salomé”, do francês Florent Schmitt (1870-1958), e um concerto para piano e orquestra do também francês, André Jolivet (1905-1974). Peças pouco executadas mundialmente, que foram apresentadas aqui em primeira audição e cujos videos no YouTube já totalizaram mais de cinco mil visualizações.

Por meio do Semibreve, que já teve mais de 60 mil aces-sos, recebeu comentários, entre os quais se destacam alguns vindos da França, parabenizando a iniciativa da execução dessas peças, pois mesmo lá estas são rarissimamente exe-cutadas. “Acredito que comentários como esses são motivo de alegria e reconhecimento para os músicos, responsáveis pela realização daqueles espetáculos, e para a capital, que abraça a música”.

Nardon compreende que a música é uma linguagem etérea, intangível e de apreensão fortemente influenciada pelo universo interior de cada ouvinte, razão pela qual pode emocionar mesmo a quem não enten-da de música

Outro apaixonado pela cidade é o artista plástico Paulino Aversa. Ele ressalta que é um brasiliense que presa muito a tradição e descreve uma rotina da vida na capital. “Nada como um passeio ao Nicolândia, um pastel na Rodoviária, uma cerva no Beirute, uma pizza na Dom Bosco e assistir a um filme no drive in com a família. O nosso drive in é o último no Brasil. Gosto muito de ir aos sábados com meu filho tomar um frapê na Vitamina Central e depois dar uma es-ticada até a Feira do Guará para comprar frutas e verduras. Vivo a cidade intensamente em todas as particularidades e essa minha vivência está retratada na minha arte”.

E a poesia de outro amante de Brasília pode servir de reflexão para todos que aqui habitam e para todo país que

ainda não teve a oportunidade de conhecer os encantos da cidade. Nicolas Behr é escritor e expressa, em versos, a síntese do que a Capital Federal representa para a maioria dos candangos, dos moradores que chegaram há pouco e dos brasilienses nascidos e criados na cidade.

“Tudo o que sou devo a Brasília. Minha dívida, impagável. Tento fazer versos, na esperança de que ela os aceite. Se não houvesse Brasília eu não seria poeta. Ela é a minha musa, tão

maltratada, esse amor exigente. Por-que Brasília não é pra qualquer um. E não tente gostar dela assim tão rápido.

Deixe esse amor sedimentar, criar camadas. Que assim ele será para sempre. E esqueça o Poder, que não a merece. E os políticos que a usam e dela abusam.

Bola pra frente, minha gente, Brasília é a nossa cidade. Sim, nossa!!!. Aqui tudo é tão forte, ci-dade cheia de signos e significados.

Esta cidade traçada no ar - que um dia foi ideia modernis-ta, que nos escolhe e acolhe. E que precisa tanto de nós, do nosso amor, esse concreto carente. Brasília - maior realiza-ção coletiva do povo brasileiro - não nos esqueçamos disso. Brasília - símbolo maior da nossa capacidade criativa - não nos esqueçamos disso também. Não deixe que a ousadia de Brasilia se burocratize.”

Divu

lgaç

ão

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Arquivo Público do DF preserva memória candanga

imaginem uma obra de arte em que os autores registraram todos os momen-tos de sua criação, desde a concepção

até a atualidade? E se essa obra for uma cidade cinquentona, prestes a completar 51 anos? Guardar na memória todas as etapas da construção de Brasília em fotos, vídeos, slides e documentos, desde quando tudo não passava de rabiscos é um verdadeiro desafio para o Arquivo Público do Distrito Federal. No espaço, guardados em estantes, escrivaninhas, gavetas de mesa e outros está reunida toda documentação que retrata a his-tória da criação da capital federal, do período de interiorização -prevista na Constituição de 1892-, a construção, a inauguração em 1960 até os dias atuais. Visitar o prédio do Arquivo Público de Brasília, localizado no Setor de Abstecimento e Produção (SAP), é uma verdadeira aventura do conhecimento. Quem vai ao local não imagina que o prédio simples guarda um acervo histó-rico de valor cultural inestimável para todos os brasileiros. Criado em 1985, o local guarda muitas relíquias históricas. Talvez, as mais antigas delas seja os dois pequenos diários de campo do enge-nheiro da Missão Cruls, Hastimphilo de Moura, datadas de 1894. As duas agen-

CidadaniaCidadania

das são apenas umas dos muitos objetos guardados no local da Missão, iniciada em 1892 e liderada pelo astrônomo Luiz Cruls, que recebeu do então presidente da republica, Floriano Peixoto o encargo de explorar o Planalto Central para de-marcar a região que veio abrigar a nova capital do Brasil em 1960. As duas cader-netas são apenas uma pequena amostra do acervo. Daquela época, ainda tem documentos, relatórios e fotos tiradas da Missão Cruls há mais de 100 anos. Mas o tesouro vai além da Missão Cruls. Entre milhares de documentos, no Arquivo Público são preservadas as fotos, documentos, banners, filmes, livros, plantas arquitetônicas das prin-cipais obras da capital, idealizada pelo então presidente Juscelino Kubitschek. Segundo o superintendente do Arquivo, Gustavo Chauvet, a principal função do órgão é preservar e divulgar a história e a memória recente de Brasília. Além disso, é o órgão é o responsável para orientar os outros 96 órgãos do GDF para melhor arquivar os documentos e memórias. Mesmo conservando como foco a história do passado, o Arquivo Público está de olho no futuro e na era digital. Segundo Chauvet, o grande desafio agora é digitalizar parte do acervo e dis-

ponibilizar em um site da internet nas versões inglês, espanhol e português, para que mais pessoas possam ter acesso às informações da construção da capital. O projeto grandioso não tem data pra ficar pronto. Mas ele assegura que em três meses a população poderá contar com um site em português com uma amostra da historia da cidade. “Quere-mos desenvolver para a população de Brasília a história de Brasília”, diz. Para ele, o grande diferencial de Brasília é que, por ser uma cidade planejada, nasceu bem documentada e retratada. É numa sala climatizada com tem-peratura em 18 graus e dois aparelhos que retiram as partículas de água do ar que ficam armazenadas parte dessa história. No local, são guardadas mais de seis milhões de fotografias, plantas arquitetônicas, documentos, filmes e negativos de fotos. A guarda de parte desse material fica por conta do servidor público Marcelo Gomes Durães. Há 17 anos, quando Marcelo passou em um concurso, o seu grande sonho era ser apenas funcionário do GDF. Foi no Arquivo Público que a paixão por fotografia foi despertada. Formado em administração de empresa, o chefe da Gerencia de Documentos Não Textual

Por: Veronica Soares | Fotos: Victor Hugo e Arquivo Público

História viva

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tem pós-graduação em artes visuais. É ele o responsável por manter em perfeita condições as seis milhões de fotos, cerca de 850 mil tiras de negativos, filmes, slides e películas cinematográficas sobre a história da capital. Do tempo em que trabalha no local, ele guarda muitas histórias. “Quando pensava em ser fun-cionário público não imaginava que um dia iria trabalhar guardando a memória de Brasília”, lembra. “Quando cheguei aqui me apaixonei pela fotografia. Espe-cializei e hoje é o meu orgulho trabalhar com a história viva”, confessa. Segundo ele, uma das grandes curiosidades são as imagens registradas por Mário Fontenelle. Ele lembra que 60% das imagens da construção da capital preservadas no Arquivo foram registradas pelas lentes do fotógrafo que veio para Brasília em 1956 na comitiva de Juscelino Kubitschek. Fontenelle também é o autor da conhecida ima-gem em forma de cruz do traçado dos Eixos Monumental e Rodoviário, que é preservada intacta. “A grande diferença, talvez a mais interessante, é que poucas cidades tem memória viva e bem conser-vada como a capital”, ressalta. Marcelo explica que desde 2006, o arquivo está trabalhando para digita-lizar as imagens. Mas até hoje, menos de 0,01%, aproximadamente 4 mil fotos antigas é que foram para a memória do computador. Para a gerente de Documentação Textual do órgão, Sandra Torres, a preservação dos documentos da capital passa pela questão de acesso à informa-ção intelectual. Como Brasília é uma cidade planejada, pesquisadores de

todo mundo, arquitetos, engenheiros, jornalistas, estudantes de vários cursos tem o órgão como referência bibliográ-fica. Conforme ela, por mês, cerca de 300 pessoas recorrem ao Arquivo para pesquisar sobre a cidade. “Estamos em posse dos documentos que contam a his-tória da construção e da documentação da cidade em que eu nasci. Isso é muito gratificante”, lembra. Sandra diz que, até mesmo folhas de pagamentos dos funcionários da época da construção são guardadas no local. Numa função social. “Era comum que muitas pessoas quando queriam apo-sentar e que trabalharam na construção de Brasília nos procuravam a fim de obter documentos que comprovassem o tempo de serviço”, relata. No local, são guardadas 38.500 mil plantas arquitetônicas de projetos das construções e mais de cinco milhões de folhas de documentos textuais históri-cos. Para lidar com todo esse material, os funcionários precisam usar máscaras e luvas. Diferente das fotos, os textos ainda não têm previsão para serem digitalizados. Conforme Gustavo Chauvet, além de disponibilizar parte do acervo em uma página na Internet, a outra grande meta do GDF é a construção de uma sede própria do Arquivo Público no Eixo Monumental. A ideia é que a sede seja construída e inaugurada antes da Copa do Mundo de 2014.

ServiçoArquivo Público do dFSAP Lote B Bl. 41 – Novacap(61) 3361.1454

História viva

Sandra TorresGustavo ChauvetMarcelo Gomes Durães

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GentePor: Edson Crisóstomo

Sandra de Sá e Moreno

Argemiro Neto e Aurélio Rios

Política

Tânia Aliz

Herança maldita Depois do Presidente da Câmara Legislativa, deputado Patrício (PT), anun-ciar que a CPI do DFTrans não era prioridade, mais denúncias envolvendo o órgão vieram a tona. Dessa vez, o suposto esquema de direcionamento na contratação de guinchos. Com as denúncias, mais uma sindicância interna foi aberta e, até agora, as investigações que ainda estão em fase inicial apontaram para o rombo de R$ 1,1 milhão no serviço de reboque terceirizado.

CPIs em vista Parece que as pressões para instaurações de Comissões Par-lamentares de Inquérito (CPI) surtiram enfeito. Depois de sofrer duras críticas, inclusive por parte de seus aliados, o presidente da CLDF, deputado Patrício, mandará publicar o requerimento para abertura de três CPIs: Saúde, DFTrans e Pró-DF. Tomara que essas não tomem o mesmo destino das outras investigadas anteriormente pela Casa. Três pizzas de uma só vez é demais para o cidadão engolir.

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Geleia GeralCaixa Rápido

Clementino Cruz e Ria UkiMarcelo Rosenbaum, Marcelo Martins e Jackson Araujo

Ronaldo L’acostaFernanda e Bruna von Sperling

Jardim ZoológicoA Administração do Jardim Zoológico adotou uma medida para incentivar o recebimento da Nota Fiscal dentro das suas dependências. Depois de anos de entrar e sair do Zoológico de Brasília sem ter ne-nhum comprovante do dinheiro que comprovasse o pagamento para entrar no local, hoje já é possível ver placas para orientar os usuários do espaço a pedirem a nota fiscal. A pergunta que não quer se calar. Como era feito o controle do dinheiro anteriormente.

DançaNo dia 30 abril, Brasília receberá o “Movimentos da Dança 2011”. O evento, na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional, será promovido pelo Fórum de Dança do DF e Entorno, que completa 10 anos. O espetáculo contará com a participação de grandes nomes do balé clássico, dança contemporânea, dança de salão, sapateado, dança árabe e popular, hip hop e dança cigana. Será um espetáculo para mostrar ao brasiliense que a dança que se faz na capital é competente e produtiva, assim como a própria arte da cidade. Mais informações: Studio de Dança Regina Maura www.reginamaura.com Tel: (61) 3245.1000

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ParadaCidadePor: Maíra Elluké | Fotos: Gustavo Lima

Torre de TV é mais que umsímbolo da cidade. É umcaldeirão de culturas

O monumento já é por si só um atrativo e tanto para quem quer ver Brasília de cima. Aos pés da atração, fica a famosa

feira que acompanha a Torre de TV. Há 40 anos, o local é uma das paradas obrigatórias para quem quer conhecer Brasília por intei-ro. De pastel com caldo de cana, passando pelas comidas típicas e chegando às roupas e bijuterias artesanais, o local reserva boas surpresas para quem deseja sentir um pouco da mistura de raças e culturas que formaram o povo que hoje vive na capital.

Da Torre é possível distinguir cla-ramente o desenho da cidade - na forma de avião. Construída em aço, ela atinge a altura de 224 metros. Aos 25 metros funciona o Museu Nacional de Gemas

Obrigatória

e aos 75 metros, o mirante – com capa-cidade para 150 pessoas. Além disso, a fonte luminosa é também outra atração à parte para quem visita a feira.

O encantamento que o mo-numento traz para muitos não fica restrito aos turistas que vêm de outras cidades e de outros países, mas também está ao alcance prin-cipalmente de quem mora na capi-tal. Prova disso é a dona de casa e moradora do Paranoá, Silvanete Araújo, 30 anos, que vai com frequência ao local para passar o dia com a família. “Gosto muito daqui. É um local que traz paz”,

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declara. Acompanhada de duas amigas e sua filha Isabelle, 2 anos, as duas aproveitam o passeio para se refrescar com os pingos de água que jorram da fonte luminosa, que voltou a funcionar em setembro do ano passado, depois de uma longa reforma.

A torre de TV é um dos pontos turísticos mais visi-tados da capital. Dados da Secretaria de Turismo, revalam que o local chega a receber 50 mil pessoas por mês. Para a advogada mineira, Rosana Fernandes, 39 anos, o monu-mento é a expressão máxima de que o Brasil é uma mis-tura de povos. “Quando eu cheguei aqui me identifiquei de cara com a feira. O que não falta aqui é diversidade”, conta. Rosana visita a Torre de TV pela terceira vez com seu marido carioca, Oscar Mendonça, 42 anos, que ficou encantado com a diversidade de móveis de madeira dispo-níveis na feira. “Se eu morasse aqui ia levar muito móveis daqui da feira. Mas vou me restringir às lembranças da cidade”, revela.

A professora Maria de Melo, 40 anos, moradora de Taguatinga aproveitou o final de semana para levar seus tios, os cariocas João Braz, 71 anos e Helena dos Santos, 72 anos, ao alto do mirante. “Aqui dá pra ver a cidade por inteiro. Por mim, eu ficava horas aqui em cima”, diz Maria. Para melhorar a recepção aos turistas, a professora sugere aumentar o número de atrações artísticas. “Eu sinto

falta de uma programação cultural mais intensa por aqui”, completa. Pela quarta vez na cidade, a tia dela, a costureira Helena, ainda não se acostumou com a beleza da cidade e se diz “maravilhada” quando subiu à Torre. “Toda vez que venho aqui vejo alguma coisa nova. Brasília é sensacional. Um colírio para os olhos”, elogia.

São muitos os personagens que compõem essa fa-ceta multicultural da cidade. Entre eles, está uma peque-na senhora de passos delicados e fala mansa. Trata-se de Jacirema de Almeida, 84 anos, dona da Barraca do Pará, que há 30 anos oferece aos turistas um pouco do gostinho de sua terra natal, com os pratos típicos como o Tacacá, Pato no Tucupi e Maniçoba. “Aqui eu me sinto feliz, pois posso trazer para cá um pouquinho da cultura da minha cidade para os brasilienses”, diz ela. Graças ao seu amor pelo que faz, Jacirema conquistou inúmeros clientes ilustres, como o músico João Donato. “Tem clientes que me ligam para saber como estou. Ele, por exemplo, me avisa quando estará por aqui”, revela. Ao ser questionada sobre o que precisa mudar para melhorar o local de onde vem o ganha pão de muitos feirantes, a delicada senhora aumenta o tom de voz. “Precisa ter mais investimento e mais shows e eventos. É preciso fazer o brasiliense querer vir para a Torre”, desabafa.

“Gosto muito daqui. É um local que traz paz”, diz Silvanete (blusa cinza)

Vista panorâmica da nova feira de artesanato

A paraense Jacirema: 30 anos de Torre de TV

A professora Maria de Melo e os cariocas João Braz e Helena dos Santos

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Mercado de TrabalhoPor: Maíra Elluké | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Sobram vagas, faltam profissionaisA falta de trabalhadores qualificados faz com que o número de oportunidades

de emprego aumente em diversos setores do Distrito Federal

Já é a terceira semana seguida que a auxiliar de servi-ços gerais Ana Paula*, 34 anos vai ao posto do Sistema Nacional de Emprego (SINE/DF), em Taguatinga para

“achar um trabalho”, como ela mesma diz. Com o Ensino Médio completo e algumas experiências na Carteira de Trabalho, Ana Paula não entende o motivo pelo qual está sem trabalhar. Na outra ponta da fila está o marceneiro Fernando Ferreira*, 32 anos, que vai ao local pela oitava segunda-feira seguida. “E até agora, nada”, afirma ele. Morador do Recanto das Emas, ele estudou até a 7ª série do Ensino Fundamental e atribui à “falta de sorte” ainda estar na fila de emprego. Ana Paula e Fernando são ape-nas dois entre milhares de pessoas que estão em busca de uma ocupação no Distrito Federal.

Na contramão dos que estão sem trabalhar, existem cerca de 20 mil vagas de emprego a serem preenchidas em todo DF. Os dados são do Conselho do Trabalho do DF (CTDF), instituição ligada à Secretaria de Trabalho. Os números são resultado de uma pesquisa feita no final de 2010, com empresas de grande porte – públicas e privadas. A pesquisa ainda conseguiu identificar que dois segmentos são os que mais têm vagas em aberto: construção civil e tecnologia. O estudo mostra ainda que 78% das companhias que sofrem com o problema adotam cursos de capacitação para tentar suprir a demanda por profissionais. No entanto, 52% das empresas industriais indicaram que a má qualidade na educação básica é uma das principais dificuldades que enfrentam para qualificar o trabalhador.

A busca por emprego na Agência do Trabalhador, no Setor Comercial Norte

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A escassez de profissionais qualificados impacta direta-mente na competitividade da indústria brasileira, afetando a produtividade e a qualidade, aponta a pesquisa. Mas para quem coordena os processos seletivos dia após dia, sobram vagas por falta de profissionais disponíveis para muitos cargos. “A falta de mão de obra qualificada é o principal motivo de existirem tantas vagas ociosas no mercado de trabalho da cidade”, é o que diz a coordenadora de vagas do Sine, Maria do Socorro Neves. Há 20 anos na área, ela afirma que nunca viu tantos postos de trabalho em aberto como nos últimos anos. “O que eu vejo é que não há inte-resse por parte de quem procura emprego. Falta vontade de se qualificar, de buscar conhecimento”, ressalta. A carência de profissionais capacitados aumenta a rotatividade em diversas áreas. É o que explica o pro-fessor de administração da Universidade Católica de Brasília (UCB) Paulo Chagas. “O mercado não consegue especializar profissionais na mesma velocidade em que a demanda por serviços cresce, e quem tem qualificação passa a ser pleiteado”. Além da rotatividade, o professor afirma que o país precisa melhorar sua educação básica para aumentar a competitividade da indústria brasilei-ra. “A incorporação de novas tecnologias no processo produtivo e de novos produtos requer uma força de trabalho apta a aprender e a desenvolver novas técnicas. A educação básica é a base do processo da formação de profissionais qualificados”, destaca.

FALTA EXPERIêNCIA Apesar da importância dos cursos profissionalizantes, a realidade mostra que eles não são o suficiente para garantir uma vaga no disputado mercado de trabalho – disputa essa que a cada dia que passa fica mais acirrada. A prova disso é o estudante do 5º semestre de administração de empresas João Paulo Menezes, 23 anos. Capacitado em telemarketing e marketing pessoal, ele procura emprego há nove meses, depois que deixou o último emprego, como office boy, em que ganhava R$ 680, sem benefícios por um trabalho de oito horas por dia. “O que eu recebia mal pagava minhas contas, precisei sair para ter tempo de procurar outra oportunidade”, revela. Há cinco sema-nas seguidas ele vai à Agência do Trabalhador, no Setor Comercial Sul, em busca de um emprego melhor do que o que acabou de deixar. Desde então, não encontra nada que o interesse. “Quando vejo uma vaga que me interessa, o valor do salário é baixo demais. Tá difícil”, conta. Além de pagar água, luz e aluguel, o jovem depende do salário para pagar a faculdade. “Eu me qualifico, mas as empresas exigem experiência comprovada em carteira em qualquer área. Não há como ter experiência se ninguém dá uma oportunidade”, reclama. A coordenadora do Sine, Maria do Socorro Neves analisa ainda que de fato há uma resistência das empresas em contratar jovens inexperientes. De acordo com ela, no entanto, a questão está sendo resolvida aos poucos, com diálogo para uma mudança de cultura, e por meio de ini-ciativas como o programa Primeiro Emprego, do governo federal. O problema também chega às empresas privadas de recursos humanos. É o que diz Carmen Cavalcanti, sócia-diretora da empresa Rhaiz. “O problema da mão de obra não qualificada é grave no DF. Muitas vezes, temos que trazer gente de fora para nossos clientes. Brasília não dispõe de um sistema de educação para técnicos”, destaca. Quanto à exigência de experiência por parte das empre-sas, ela afirma que cada vez mais grandes contratantes buscam novatos no mercado para ministrar treinamento. “Acho que falta comunicação e uma atitude mais proativa dos jovens que buscam emprego”, finaliza.

“Cobram experiência, mas não dão oportunidade”, diz João Paulo

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36 PLANO BRASÍLIA 22 DE MARÇO DE 2011

No ano em que Brasília completa 51 anos, o aniversário de uma ilustre vaca genuína brasiliense marca os avanços científicos no Brasil. Foi em Brasília que, há 10

anos, nasceu o primeiro animal fruto de clonagem em toda a América Latina. O nascimento da vaca Vitória, no dia 17 de março de 2001, em um laboratório da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia colocou o Brasil na linha de frente das pesquisas de clonagem e reprodução animal.

De acordo com o pesquisador Ricardo Alamino Figueire-do, a equipe de reprodução animal da Embrapa percorreu um longo caminho até o nascimento da bezerra clonada da raça simentral. Diferente da ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado com sucesso na Escócia, a partir de célula adulta, o pesquisador diz que a vaca criada pela Embrapa tem todo

um diferencial, pois foi gerada a partir de uma célula embrionária. “A Vitória foi criada a

partir de uma célula de um em-brião e não de uma célula de um animal adulto, como foi o caso da Dolly”, explica.

Mesmo assim, o pes-quisador alerta que a Técnica

de Transferência Nuclear, usada na clonagem da vaca da Embrapa ainda não está totalmente dominada. Para entender melhor o processo pelo qual os cientistas chegaram ao nas-cimento de Vitória, o pesquisador explica que o primeiro passo foi retirar o óvulo de uma vaca doado-ra. Com uma agulha, os pesquisa-

dores retiraram o material genético (DNA) e em seguida, foi injetado nele parte da célula embrionária do doador que daria origem a Vitória. Depois desse processo, foram dados pequenos choques elétricos para fundir o óvulo e o material genético, formando assim o embrião genetica-mente idêntico ao do segundo animal doador. Depois de sete dias, o embrião foi inseminado no útero de uma tercei-

ra vaca, a mãe de aluguel. Após o período normal de gestação do bovino, nasceu Vitória, o primeiro clone da América latina.

Apesar de ter se passado 10 anos do desenvolvimento do clone nos laboratórios da Embrapa, para os pesquisadores, a técnica de clonagem ainda não está totalmente dominada e muitas perguntas ainda devem ser respondidas. Um dos sinais de fragilidade do procedimento é o grande número de embri-ões que são abortados e a morte prematura de muitos animais clonados. No caso da Vitória, por exemplo, de 24 embriões em estado avançado de desenvolvimento, apenas 15 foram inseminados em mães de aluguel e, 35 dias após a fecundação, apenas uma vaca estava gestante.

Vitória mora na Fazenda Sucupira, um campo experimen-tal da Embrapa, no Riacho Fundo II. Já gerou um casal de filhos e de netos. Para os pesquisadores, isto comprova a sua capacidade reprodutiva.

Depois do nascimento, a vaca não recebeu tratamento diferenciado. “Ela teve a capacidade de criar e amamentar perfeitamente normal, tal qual os outros animais. O seu desenvolvimento também foi igual aos outros animais da raça simentral”, relata.

O pesquisador lembra que o nascimento da Vitória foi um grande passo para a Embrapa e para a pesquisa no Brasil. Segundo o pesquisador, uma das motivações em trabalhar com a clonagem é a preservação de espécies de animais em vias de extinção.

Depois do primeiro passo da Embrapa, hoje, no Brasil, já existem empresas privadas que trabalham com a técnica de clonagem animal. “A técnica da clonagem já está aprendida, mas ainda há muitos fatores que ainda está desconhecida dentro do método”, lembrou o pesquisador. Além de Vitória, os pesquisadores já desenvolveram, com sucesso, outros bezerros de animais de raças que estão em processo de extinção. Por questões éticas, a Legislação não permite a clonagem humana.

TecnologiaPor: Veronica Soares | Fotos: Cláudio Bezerra/Divulgação

Serviçoembrapa Recursos Genéticos e BiotecnologiaParque estação BiológicaAv. W/5 Norte (final)(61) 3448.4700

completa 10 anosVaca criada pela Embrapa

Vitória, o primeiro bovino clonado do Brasil nasceu em Brasília

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Como bem disse o célebre es-critor e jornalista americano Gay Talese, “notícias, se não

contadas, não tem impacto. Poderiam muito bem nem ter acontecido”. E foi noticiando o que ninguém parava para perceber sobre a cidade de Nova Iorque, que Talese fez fama nos anos 50. Seus ensaios cheios de detalhes e curiosidades sobre o cotidiano da me-trópole eram um contraponto às man-chetes imediatistas dos jornais. Mas afinal de contas, o que são notícias? No caso de Brasília, o termo é comu-mente associado aos acontecimentos das esferas legislativa, executiva ou judiciária e seus personagens. No entanto, ao contrário do que pensa quem mora fora do DF, a Capital da República não se resume aos prédios públicos, palácios, seus políticos e políticas. Como em qualquer outro lugar, são pessoas anônimas e peque-nas coisas que passam despercebidas, que compõem os glóbulos vermelhos do sistema sanguíneo das grandes cidades. E é exatamente de algumas delas que fala este texto. Aqueles que fazem a “Brasília cidade” funcionar, enquanto a “Brasília capital” aparece nas manchetes.

Brasília é uma cidade de gente que acorda bem cedo. Quando às 7h30 da manhã os primeiros cami-nhões saem da Ceasa com hortaliças, frutas e verduras para abastecer os supermercados e mercearias da ci-dade, três mil carros já atravessaram o Eixo Monumental. Nesse mesmo horário, os mais animados pesca-dores amadores do Lago Paranoá já estão em seus postos em um dos três

píeres mais utilizados para esse fim. Lambaris, acarás, saguris, traíras, tucunarés, tilápias e carpas podem ser encontradas no lago. Em 2009, o maior peixe já retirado daquelas águas foi uma carpa prateada de 27 kg fisgada por Eron de Almeida. Ele vendeu o animal para a Caesb por R$ 150. A empresa empalhou o peixe.

Brasília é também uma cidade de ambulantes e trabalhadores infor-mais. Às 8h, o flanelinha José Gon-çalo Rodrigues, 54 anos, começa seu turno de 12 horas vigiando os carros em frente ao Hospital de Base. Seu espaço de trabalho se resume a duas fileiras de vagas. Todos os estaciona-mentos – e fileiras – do Setor Comer-cial Sul (SCS), foram rigorosamente divididos entre os vigias de carros há mais de 30 anos. “Já me ofereceram R$ 15 mil pelo meu espaço, mas não tenho interesse em vender”, afirma José, que trabalha no mesmo local há duas décadas. Hoje, os flanelinhas pioneiros que não mais aparecem por lá arrendam ou terceirizam seus espa-ços. No mesmo Setor Comercial Sul, desde 1995, Wagner Silva, 29 anos, é pioneiro no serviço de tele-engraxate. Ele circula pelos prédios de escritó-rios com o número de seu telefone celular no uniforme. Em média, ele engraxa de 20 a 40 pares de sapatos por dia, cobrando R$ 5 por cada serviço. Ocasionalmente, a praça que lhe serve de escritório, em frente a Galeria do Metrô é dividida com o pastor Francisco Moura, 53 anos, que prega o evangelho a céu aberto e a plenos pulmões para quem queria ou não queira ouvir, por pelo menos

duas horas ininterruptas. “Todo lugar é lugar para a palavra do Senhor”, diz. Mais a frente, em uma cami-nhada na passarela de 200 metros que separa o Conjunto Nacional do Conic, é possível receber uma média de 13 flyers de anúncios variados das mãos de panfleteiros, que cercam os mais distraídos. Cooperativas de construção de moradias de baixo custo, empréstimos para funcionários públicos, compra e venda de ouro e pedras preciosas, cartomantes e cursos de informática são alguns dos panfletos mais comuns.

Brasília é também uma cidade do turismo. Em seu turno de 6h, a ascensorista do elevador panorâmico da Torre de TV, Jucineia Matias pode repetir 170 vezes por dia a sentença: “Boa tarde, estamos subindo até o mirante da Torre de TV, a uma altura de 75 metros. O que equivale a um prédio de 25 andares. A torre tem ao todo, 224 metros de altura”. Segundo seus cálculos, Jucineia acredita que divide o elevador com cinco mil tu-ristas por dia. Ainda na torre, por R$ 5 é possível ter seu nome registrado em um grão de arroz pelo goiano natural de Rio Verde, Akira. O artista garante que sua técnica aprendida após um período vivendo no Japão é a mais refinada entre os concorrentes. “Consigo fazer nomes, frases, poesias e até paisagens em um único grão de arroz”, assegura. A vários metros dali, na Catedral Dom Bosco, a cada dois anos, funcionários descem o lustre principal de 2,5 toneladas e desmon-tam cada uma das oito mil peças de vidro murano que compõem a obra

Anônimos que fazem a Capital da República

CotidianoPor: Michel Aleixo | Ilustração: Werley Kröhling

Brasília e seus personagens

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mortos que se chocam com a fachada espelhada do prédio desenhado por Oscar Niemeyer. Já a centena de pombos da Praça dos Três Poderes tem uma vida mais digna. O arquiteto desenhou para eles um pombal em forma de pregador de roupas de 25 metros de altura que lhes serve de condomínio. A obra foi um pedido da primeira dama do presidente Jânio Quadros, Dona Eloá, que afirmou que toda praça deve ter pombos. Quando a noite cai, eles se recolhem ao pombal, enfileirados grunhindo em seus pequenos apartamentos. A essa altura, a maioria dos funcionários do Congresso Nacional já deixaram o prédio. Entre as várias lendas urbanas acerca da construção de Brasília, uma das mais latentes se refere ao grande número de candangos que supos-tamente morreram na construção dos monumentos. Até hoje, muitos dos funcionários do Congresso não gostam de ficar no prédio depois do expediente. Para eles, os corredores e

salas são habitados por fantasmas de muitos desses operários.

Vida bem mais difícil levam os cerca de 25 mil funcionários dos ho-téis, bares e restaurantes da cidade no período noturno. Souza dos Santos é um deles. Há quatro anos serve as mesas do Bar do Piauí na 403 sul. De segunda a sábado, ele deixa o estabe-lecimento por volta das 4h da manhã e se junta à legião de trabalhadores que esperam os corujões nas paradas de ônibus e na rodoviária. Em média, ônibus para lugares como Brazlândia e Planaltina passam em um intervalo de duas em duas horas. Enquanto o coletivo não chega, os motoboys pas-sam zunindo com os jornais diários recém saídos das prensas, trazendo quase sempre nas páginas principais, manchetes com decisões que, de uma maneira ou de outra, afeta a vida de flanelinhas, ascensoristas, funcioná-rios públicos, garçons, enfim todos que, há 51 anos, são os verdadeiros pilotis da capital.

do arquiteto Alvimar Moreira. Para a limpeza, a comunidade da igreja faz um mutirão para um trabalho de uma semana. No Palácio do Planalto, duas vezes por mês, as moedas do espelho d’água são retiradas para não prejudicar a saúde dos peixes. Um funcionário do local não soube dizer se alguém conta as moedas. Enquanto isso, a sentinela em sua guarita, permanece imóvel por duas horas ininterruptas, com direito e in-tervalos de quatro horas de descanso.

Diariamente, funcionários do jardim da Procuradoria Geral da Re-pública recolhem pássaros feridos ou

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Páscoa combina com um bom peixe! Pensando nisso, o grupo Dom Francisco preparou uma programação especial para a data. Asbac, Academia de Tênis, 402 Sul e ParkShopping trazem diferentes opções.

Quem escolher passar o almoço de Páscoa nas casas do Dom Francisco da Asbac e Academia de Tênis, terão como opções, além dos pratos tradicionais do cardápio, duas novas combinações criadas pelo chef Francisco Ansiliero especiais para a data e com preços promocionais.

O famoso bacalhau vem em nova versão, com postas finais e acompanhado de arroz com brócolis. A versão especial de Páscoa serve duas pessoas e sairá R$ 86,00. A outra novidade é o lombo de pirarucu com feijão manteiguinha, em versão individual, que estará com preço promocional de R$ 41,00.

Em fevereiro deste ano, as casas da 402 Sul e ParkShopping ganharam novidades em seus cardápios. Dos seis novos pratos, dois prometem ser as estrelas desta Páscoa: o bacalhau dourado em cama de batatas e cebolas alouradas; e o Confit de bacalhau, que deve ser pedido sob encomenda porque o peixe vai ao forno por quatro horas, a 120°C, coberto por azeite extra virgem e acompanhado de batatas, dentes de alho e cebolas.

Os dois pratos custam R$ 98,00, cada.

Planos e Negócios ALEx DIAS

Serviço MY PLACeBoulevard Shopping – Té[email protected]

Serviço Fleury Centro Integrado de Cirurgia PlásticaCentro Clínico Via Brasil – 710/910 Sul Sl 209www.fleurycirurgiaplastica.com.br

Serviço dom FranciscoSCLS 402 Bl. B lj. 9 a 15(61)3224.1634

SCeS Tr. 2 Cj. 31 - Asbac(61) 3224.8429

SCeS Tr. 4 Cj. 05 Lt. 1B - Academia de Tênis(61) 3316.6285

SAI/SO Qd. 01 Área 6580 Lj. 246j - Praça de Alimentação ParkShopping(61) 3363.3079/2972

MY PLACE

CRISTIANO FLEuRY

DOM FRANCISCO

Voltada para o público feminino, a marca foi inaugurada na capital no último dia 12, trazendo peças de roupas e acessórios para mulheres modernas e estilosas. Localizada no Boulevard Shopping, a marca abre as portas com novidades da nova coleção Outono/Inverno.

Criada no Rio de Janeiro com o propósito de confeccionar peças únicas e que traduzam a feminilidade da mulher, a marca tem conquistado espaço no país com suas criações descoladas. O diferencial da My Place está nas viagens Internacionais para pesquisas em Londres, Nova Iorque e Tókio, onde também ficam os correspondentes especiais. Além disso, a empresa conta com a parce-ria de um dos melhores escritórios de designer da Europa, que desenvolve junto à equipe de estilo, estampas, bordados e modelos exclusivos especialmente para cada coleção.

No mercado da moda há dois anos e meio, a My Place possui 37 lojas, sendo sete próprias e 30 franquias espalhadas pelo Brasil. A escolha do local, o Boulevard Shopping, segundo o franqueado se deu pela expansão e perfil do público do empreendimento.

Dr. Cristiano Fleury, cujo currículo inclui residência no Inca e cursos de ex-tensão na Harvard Medical School e no serviço do renomado Ivo Pitanguy, comanda no complexo Via Brasil um Centro Integrado de Cirurgia Plástica. A clínica, que leva seu nome, foi concebida para prestar assistência especializada ao paciente que busca a cirurgia plástica como recurso estético ou reparador. Com esse objetivo, o médico investiu em uma equipe interdisciplinar de ampla assistência, com a participação de psicólogos, nutricionistas, nutrólogos, fisioterapeutas e incentivo à prática esportiva. A iniciativa permite que o paciente torne-se mais consciente de seu papel e que, ao mesmo tempo, o procedimento alcance resultados melhores e mais duradouros.

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A CJ FITNESS é uma academia completa, com aparelhos de última gera-ção, e um time de professores formados para propiciar a todos, conforto necessário para manter sua forma física e saúde em perfeita harmonia.

Conveniada à Body Systems, é uma referência mundial em treinamento e programas para academias, aumentando cada vez mais o conhecimento dos professores e com isso melhorando o desempenho dos alunos.

Inaugurada há quase dois anos, a Unique Fitness não pára de crescer. Equipamentos modernos, profissionais capacitados e infraestrutura de ponta são alguns dos diferenciais da academia. Agora, com o intuito de inovar mais uma vez, a academia disponibiliza para os alunos totens eletrônicos com a grade horária das atividades.

Ipads estão sendo instalados no interior da academia com os horários das atividades e nome dos respectivos professores, de acordo com os dias da semana. Além disso, o aluno pode, ainda, conhecer mais sobre os benefícios da aula que deseja fazer.

A Unique Fitness é a primeira academia de Brasília a inovar com esse tipo de tecnologia. O objetivo é facilitar e trazer comodidade para o aluno com apenas um toque. O aparelho também disponibiliza um quadro com avisos relacionados à saúde e esporte. “A tecnologia está invadindo o nosso dia a dia e é pensando nisso que estamos investindo em produtos modernos para os nossos alunos”, afirma o diretor da Unique Fitness, Diogo Salim.

A criação do aplicativo para o Ipad foi desenvolvido pela empresa Infor-mações e Soluções Inovadoras - ISI. O empreendimento é cadastrado na Apple e têm acesso às ferramentas disponibilizadas para a criação de novos softwares. “A ideia é trazer para dentro da academia mais tecnologia e acessibilidade dos alunos à informação”, explica o diretor de Tecnologia da ISI, Bruno Fernandes.

Serviço (61) 3591.4657www.cjfitness.com.br

Serviço Shopping IdSCN Qd. 06 Conj. “A” - Asa Norte(61) 3328-1400 – 3328-0615.

Serviço Academia Unique Fitness Family ClubSIG Qd. 08 Lote 2045 ao lado da SQSW 100(61) 3343.2002www.uniquefitness.com.br

CJ FITNESS

SHOPPING ID

uNIQuE FITNESS

Em 21 de abril de 2011, o Shopping ID comemora quatro anos de revitalização. O shopping, um dos mais completos em lojas de móveis e produtos de design e decoração do Centro Oeste, funciona onde, por mais de 20 anos existiu o Venân-cio 3000, primeiro shopping de Brasília especializado em móveis e decoração.

Depois de intenso trabalho, repleto de análises e diagnósticos de mercado, o Venâncio 3000 se tornou no Shopping ID, com renovação da identidade, melhorias na infraestrutura, profissionalização e recrutamento de capital humano especializado. Uma das mais importantes mudanças no processo foi a readequação do mix de lojas, focado na oferta de novidades e oportunidades de mercado, demandas reprimidas; e por meio de estratégias de marketing mais agressivas e direcionadas ao público-alvo, as dinâmicas comerciais e promocionais foram aprimoradas.

A expectativa era que, em cinco anos, o ID conseguisse fazer o seu reposi-cionamento de marca por completo. Mas, em dois anos, já foi possível colher como resultado, uma maior valorização do metro quadrado; baixo percentual de vacâncias (lojas vagas), com projeção de 100% do mall locado até novembro de 2010; aumento no faturamento bruto de locações (de 32%); diminuição da inadimplência de aluguel e encargos; aumento da arrecadação do fundo de propaganda (FPP) de 10% para 20%; aumento de 20% do tráfego de clientes; melhorias de infraestrutura das operações (reforma de 45% das lojas); geração de maior credibilidade e confiança, junto aos lojistas; e start no planejamento para expansão da área de 4.000 m2 destinados a gastronomia e cozinha gourmet (este em fase de aprovação na administração regional).

O ID inicia o ano de 2011 recolhendo os bons frutos de 2010, quando houve um significativo aprimoramento em seu mix de lojas. Abriram as portas no Shopping, a home store paulista Etna; a loja de decoração infantil Dolce Spazzio; a vidraçaria Cortina de Vidro; e a loja Cenário Luz, para citar alguns. Neste ano, foi inaugurada a loja Emporium, especializada em tapetes finos; e a Solevita, voltada à linha de móveis infanto-juvenis. Além disso, o shopping já começou as obras de reforma e melhoria dos seus quatro pavimentos de estacionamento. Serão investidos, ao todo, R$ 1 milhão em concretagem, pintura, sinalização e iluminação para as 900 vagas do local. A previsão é que tudo fique pronto ainda no 2º semestre de 2011.

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A frase do subtítulo foi retirada de um anúncio de lançamento do Volkswagen Brasília. O ano era 1973. O Brasil estava sob o comando do presidente Emílio Gar-rastazu Médici. As calças boca de sino estavam na moda. Emerson Fittipaldi era o mais jovem campeão da história da Fórmual 1 e os Secos & Molhados, era um dos grupos de rock mais famosos do país. Economicamente, vivia--se o último ano do período conhecido como “milagre econômico”, quando o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu a uma taxa média acima dos 10%. “Brasil, ame-o ou deixe-o” era o mote do governo militar. Foi nesse

cenário, que a Volkswagen do Brasil lançou o primeiro carro projetado e construído fora da matriz da fábrica na Alemanha. Nesta edição, a editoria Automóvel da revista Plano Brasília faz honras ao carro que foi batizado em homenagem à capital federal.

DESIGNAs informações da época eram de que o Brasília fora

projetado para aliar a robustez do Fusca – um carro já que-rido pelos brasileiros – com o conforto de um automóvel maior e com desenho mais arrojado. O resultado foi um

AutomóvelPor: Michel Aleixo | Fotos: Divulgação e arquivo pessoal

Volkswagen

“Conseguimos por um carro grande dentro de um carro compacto”

Brasília

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carro pequeno, de linhas retas, grande área envidraçada e amplo espaço interno. “Estar nele é como estar em um aquário”, elogia o engenheiro Laurence da Cunha, 57 anos, colecionador de carros há várias décadas. Ele é proprietário de um Brasília amarelo, ano 77, apelidado carinhosamente de Dorotéia. “A ideia era produzir um fusca mais sofisticado e eles foram bem sucedidos nisso”, conta.

O design do Brasília foi concebido pelo estilista Marcio Piancastelli que uniu os traços do fusca com um outro carro da marca, o Karmann-Ghia. Todo o processo de desenvolvimento do veículo, desde o projeto de estilo da carroceria até os protótipos, estiveram a cargo de enge-nheiros e técnicos brasileiros.

VERSÕES E MERCADOA mecânica do Brasília era praticamente a mesma do

fusca, com um motor traseiro de 1600 cc e 60 hp. A velo-cidade máxima era de 130 km/h e um consumo médio de 11 quilômetros por litro de gasolina. Também foi lançada uma versão 4 portas, que não agradou o mercado interno e que rejeitava esse tipo de carro na época. A maioria dos veículos nessa versão foram então transformados em táxis. Para Laurence, que possui apenas há três anos sua Doro-téia, o grande atrativo do carro sempre foi a robustez e confiabilidade associada à marca Volkswagen. “Ainda hoje a manutenção é de fácil acesso e peças baratas”, explica.

Entre 1973 a 1982, foram produzidos um milhão e 60 mil Brasílias. Apenas cerca de 100 mil delas foram para o mercado externo. “Muitas foram para o México e poucas podem ser encontradas no museu da Volks na Alemanha”, informa Laurence. Apesar dos números satisfatórios, a intenção da fábrica para que o carro substituísse o fusca

como favorito entre os brasileiros não se concretizou. Mas o projeto foi elogiado por suas linhas elegantes e por sua qualidade de construção e durabilidade. O veículo ainda inspirou a criação da versão mais moderna da Variant, a Variant II, em 1975.

A produção do carro perdeu força quando os veículos da linha “a ar” da fábrica começaram a perder mercado para os modelos refrigerados a água. Entretanto, de acordo com o site Oficina VW, a Volkswagen do Brasil optou por “refazer” o Brasília, colocando o tradicional motor refrigerado a ar à frente. Nascia então a primeira geração do Gol (família BX). Alguns ainda acreditam que os projetistas da Volkswagen inspiraram-se em parte no desenho do Brasília para projetar o hatchback, no final da década de 70.

É correto dizer que o Brasília foi um dos veículos mais influentes no mercado automobilístico brasileiro. Não é por menos que, mesmo com um grande número de carros produzidos, um Brasília bem conservado tem um alto valor no mercado de colecionadores. É um carro clássico que, apenas pelo fato de ser o primeiro projeto 100% nacional da grande indústria automobilística deve receber todas as honrarias. Soma-se a isso, o fato de que, em 1973, poucas marcas apostavam na indústria nacional. Laurence acrescenta “Deve-se reconhecer o mérito da fábrica em apostar em um projeto assim”.

Curiosos também são os anacronismos de algumas informações quando do lançamento, comparadas ao que temos hoje. “O Brasília sai de fábrica e do seu revendedor completamente equipado, pronto para rodar. Com trava de direção, bolsa de ferramentas, macaco, triângulo de segurança, extintor de incêndio e até parafusos para a fixação das placas de licenciamento.”

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Vida ModernaPor: Tássia Navarro | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Aparelhos eletrônicos de

Película personaliza, enfeita e protege aparelhos contra arranhões e suor Customizar o celular, notebook, câmera fotográ-

fica e até mesmo um pen drive com as mais variadas estampas é a nova mania entre adolescentes, jovens e até mesmo o público mais velho de Brasília. Além dos dese-nhos modernos, a película térmica protetora utilizada na personalização dos aparelhos eletrônicos é resistente a arranhões, suor, quedas e sujeira de alimentos.

As ilustrações vão de flor-zinhas a estampas de animais e cartoons famosos que fazem a cabeça da garotada como Bob Esponja, Pantera Cor de Rosa e os Simpsons. A SkinJam, empresa internacional espe-cializada em customização e personalização de eletrôni-cos, possui um portfólio com mais de mil estampas, mas é possível colocar fotografias ou figuras que não estão no acervo da empresa. “Além das nossas estampas o cliente pode colocar,

cara novapor exemplo, a foto do filho”, explica Fernando Rodri-gues, gerente geral da SkinJam de Brasília.

A personalização é feita a pronta entrega e enco-menda. Depende da estampa escolhida pelo cliente. De acordo com Fernando, nos casos de encomenda é neces-sário um sinal de 50% do pagamento antes da chegada

da estampa, que demora até cinco dias. Quando a estampa chega, é feita a customização e o cliente paga o restante do valor na entrega do aparelho. Quando se trata de pronta entrega,

o eletrônico é personalizado na hora. “Em celular o processo de customização demo-ra de 20 a 30 minutos, em notebook de 45 minutos a uma hora”, conta o gerente.

Fácil de retirar, a película permite uma troca constante de ilustrações, não tira a anatomia e nem deixa resíduos no aparelho. As estampas são impressas com tecnologia importada de Taiwan di-retamente na película térmica, que não possui cola e é afixada no aparelho. “A gente joga o calor na película com um secador, vai envelopando o aparelho

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ServiçoSkinJam!Parkshopping, 1° piso - (61) 3328.5623brasí[email protected]

e depois corta todos os detalhes”, descreve Fernando.

Além das ilustrações, ainda é pos-sível colocar cristais nos aparelhos. A SkinJam trabalha com cristais Swa-rovskis genuínos, implantados junto a uma camada do filme protetor. A estudante Juliana Sampaio, 20 anos, colocou no seu celular estampa de flores e, no meio de três delas, um cristal. “Eu achei a coisa mais linda e moderna”, afirma. Outro adepto da customização, Amauri Dias, 30 anos, já colocou umas três estampas diferentes. “Coloquei no meu celular e no notebook e ainda levei o celular da minha namorada para personali-zar também”, conta.

A película pode ser colocada em todo tipo de material, com exceção dos emborrachados, pois segundo Fernando, a película não adere bem. Os equipamentos coloridos necessitam antes de uma película base, que é feita do mesmo material só que toda branca. A ilustração é colocada em cima da base. Ainda existe a possibilidade de colocar no visor do equipamento uma película transparente que funciona também como proteção contra arranhões. A duração do material depende da forma como o aparelho é manuse-ado. “Em celular a película dura de oito a 12 meses e em notebook de três a cinco anos”, diz Fernando.

Para o outono/inverno a SkinJam lançou a coleção “Bicharada Solta” que acompanha a moda de roupas, bolsas e sapatos da estação. “São es-tampas exóticas como a de oncinha, zebrinha, guepardo, pavão e cobra que estão fazendo sucesso entre a mulherada, principalmente as mais senhoras”, relata o gerente.

Além dos celulares e computa-dores portáteis, Fernando conta que já passaram pela loja clientes que pediram para personalizar chave de carro, pen drive e até mesmo um ar condicionado. Ele explica que equipamentos maiores requerem um tempo maior para o processo de

impressão da película e aderência, o que leva em torno de cinco dias.

Criada em 2006, em Taiwan, a SkinJam está no Brasil há dois anos e, apenas quatro meses em Brasília. A primeira franquia implantada no país foi no Rio de Janeiro, onde a marca ganhou popularidade por aparecer na novela “Viver a Vida” da Rede Globo, nos notebooks das personagens Helena e Luciana, interpretadas por Taís Araújo e Aline Morais. “A estampa de Londres do notebook da Luciana faz muito sucesso até hoje”, conta Fernando. Com lojas espalhadas por vários pa-íses como França, Rússia, Filipinas, China, Turquia, Egito, entre outros, a SkinJam é hoje, a maior rede de personalização de aparelhos eletrô-nicos do mundo.

Devido ao sucesso da persona-lização, a marca lançou o cartão fidelidade, que a cada dez pontos computados dá ao cliente o direito a uma personalização grátis. “Mas os pontos variam de acordo com os aparelhos customizados. Notebook, por exemplo, vale três pontos, Ipad e netbook dois”, esclarece Fernando. O preço das personalizações também varia de acordo com os aparelhos, a cor e o serviço que será realizado. A básica custa R$ 49,90 e as aplicações têm garantia de 30 dias.

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EsportePor: Ana Paula Resende | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Corda bambaradical

Slackline, a nova onda do cerrado

O slackline está cada vez mais popular. Na capital do Brasil, a fita bamba vem tomando conta do cenário esportivo de diferentes ma-neiras. Pelo perigo que a modalidade pode expor ao praticante,

ela exige muita concentração e trabalha em conjunto o corpo e a mente de quem se aventura.

Trata-se de uma fita suspensa, presa em duas extremidades, sobre a qual o atleta imprime, de movimentos simples a manobras impressio-nantes. O esporte é bastante praticado em montanhas, parques e praias. Nos últimos tempos, virou febre entre os brasilienses, que o praticam até na água. “Na água é bom para perder o medo e tentar manobras mais difíceis”, conta o praticante Élber Queiroz, de 23 anos. “Aqui em Brasília a gente pratica o “waterline” no Lago Paranoá e em várias cachoeiras, como o Poço Azul”. Élber conheceu o slackline há um ano, por meio da escalada, esporte que pratica há quatro anos e meio.

Mas a história de Élber não é inédita. Na verdade, o slackline surgiu

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Modalidade Shortline Longline Trickline Highline

Comprimento da fita De 7 m a 15 m A partir de 15 m De 3 m a 7 m –

Distância do solo De 30 cm a 60 cm – De 30 cm a 60 cm Superior a 5 m

Características Permite manobras por apresentar menos riscos.

Ideal para iniciantes.

Utiliza polias de escalada no sistema de tensão da fita.

A fita é bem tensionada, possibilitando movimentos e

saltos mais difíceis.

Necessita prática e um sistema de segurança de

escalada, além de uma corda tensionada perto da fita para maior segurança nas quedas.

na Califórnia, na década de 70. O frio da região impedia os esportistas de escala-rem. Então, para não perderem o ritmo e o condicionamento físico, eles inventa-ram uma nova forma de se exercitarem em contato com a natureza, utilizando os mesmos equipamentos da escalada. como a fita de ancoragem. Com o tempo, a modalidade veio ganhando forma e até nomenclaturas próprias. Hoje em dia, o slack tem variações, determinadas pela altura em que a fita é instalada, além do comprimento e da largura dela. (veja quadro)

Já existem campeonatos de slackline no Brasil, que adaptam as regras origi-nais dos Estados Unidos, de acordo com as características locais, como o clima e o ambiente. Em Brasília, o próximo cam-peonato está agendado para acontecer em 29 de maio, no Parque da Cidade, um dos locais preferidos entre os aman-tes do esporte na capital.

O slackline é considerado um esporte radical e vem conquistando os brasilienses que procuram por adrenalina e desafios. O competidor Breno Pinheiro, de 23 anos, ressalta a importância de conhecer o equipamen-to utilizado: “por questão de segurança é preciso conhecer a procedência e as

condições do material para saber até onde pode forçá-lo”. É um esporte que necessita de muita concentração, equilíbrio, flexibilidade e condiciona-mento físico. “Andar na fita me traz um aprendizado que eu transporto para o meu dia a dia”, reconhece Breno, que também é professor do esporte.

Gabriel Bello, praticante de slack há três anos conta como faz para vencer a dificuldade de lidar com tanta adre-nalina: “Tenho medo. Mas ter medo é bom, assim não tento nenhuma loucura em cima da fita bamba. Quando estou na fita eu esqueço os problemas e esvazio a cabeça, não penso em nada. É como uma meditação, uma terapia”, classifica ele que tem uma loja na 114 norte, a Rock Supplier, onde podem ser encontrados equipamentos para a prática do slackline.

A modalidade permite várias pos-sibilidades aos praticantes, que treinam posições e movimentos na fita bamba, influenciados pelo surf, skate, break e etc. Segundo o professor Breno, qualquer pessoa, independente da idade, sexo ou biotipo físico pode praticar o slackline, desde que com acompanhamento de um profissional e com equipamento de qualidade. “Só é preciso força de von-

tade e persistência. O resto se aprende aqui (na corda)”, assegura. Para crianças e idosos, ele recomenda um cuidado especializado do profissional. “É essen-cial lembrar também da importância do alongamento antes e depois da prática, como em todos os esportes”, adverte.

De acordo com o professor, alguns alunos aprendem rápido e já começam a tentar manobras nos primeiros dias. Outros demoram mais. É difícil dizer o tempo que se leva para aprender. Quem quiser fazer aula de slackline pode procurar o Diretório Central dos Estu-dantes (DCE) do Centro Universitário UniCEUB. A matrícula custa R$20, a mensalidade R$10 e as vagas são limita-das. “O mais indicado é que o praticante calce um tênis de solado liso para andar na fita”, adverte Breno.

ServiçoRock SupplierSCLN 114, Bl. C, Lj. 7, Subsolo(61) 8410.2744

dCe (UniCeUB)SePN 707/709, Campus do CeUB, Bl. 10(61) 3447.8899

Na página ao lado, o professor Breno Pinheiro. Acima, Rafael Miura, 23

Gabriel Bello, 25 anos Élber Queiroz, 23 anos

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PersonagemPor: Virginia Ciarlini | Fotos: DivulgaçãoPersonagemPor: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima

a projeto ainda saía do papel. Brasília era um canteiro de obras e só se via o imenso cerrado se

juntando ao céu formando lá bem longe a linha do horizonte. Um cenário de céu azul com nuvens brancas contras-tantes, árvores tortas e muita poeira vermelha ilustrava, em 1957, a chegada de José Adirson Vasconcelos ao local que, hoje, é Brasília. Além de jornalista, advogado, administrador de empresas e pesquisador, Adirson Vasconcelos, como é conhecido, é hoje o maior historiador da capital do Brasil.

Cearense de Santana do Acaraú, Adirson iniciou sua carreira de jornalista em Recife (PE), aos 17 anos, quando destemido, foi à redação do “Jornal Commércio” e se ofereceu para ser repórter. Foi aos 20 anos que, como repórter do jornal “Correio do Povo”, veio para Brasília fazer a cobertura da primeira missa. A que daria início ao tempo das obras que iriam levantar o que hoje vem a ser a capital federal.

Quando retornou a Recife, propôs ao dono do jornal que ele fosse ser cor-respondente em Brasília. Proposta acei-ta. Adirson, um dos primeiros jornalistas na cidade, começou a fazer a cobertura de assuntos importantes relacionados à capital para enviar a Recife.

Entre as idas e vindas de Recife

a Brasília, a vontade de morar aqui aumentava. Logo, em 1958, se mudou em definitivo. Como a maioria dos pioneiros, morava na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante. Ele conta que em sua primeira estadia passou por maus bocados. Só havia um hotel de madeira na Cidade Livre e este estava lotado. “Tinha gente dormindo até na sala e eu tive que dormir na jardineira (pequeno ônibus)”, relata.

Depois de uma viagem tranqüila de avião que o levou de Recife a Goiânia, a segunda etapa para chegar a Brasília seria de jardineira. Na época, o que hoje se faz em menos de três horas, durava mais de meio dia. Primeira vez no local, onde a construção caminhava a todo vapor. Sem lugar para dormir, cansado e coberto de poeira vermelha, o jornalista procurou um local para tomar banho. “O dono do hotel foi gentil e deixou que eu tomasse banho lá. E você imagina mês de maio, eu do nordeste, clima tropical, quando puxei a alavanca que caiu aquela água gelada eu comecei a pular. Aquilo pra mim foi um choque. Eu nunca tinha tomado um banho tão gelado daquele que eu não conseguia ficar parado”, relembra gargalhando.

Com a vinda para a capital, Adirson começou a crescer como jornalista. Trabalhava como Assessor de imprensa

do Instituto dos Bancários, correspon-dente da Agência Meridional e do jornal “Correio do Povo”. “Eu estava ganhando bem. E aqui se ganhava em dobro. Então comprei um “jeep willys” em 1958, o que facilitou mais ainda a minha profissão”, conta.

Grande admirador de Juscelino Kubitschek, Adirson considera um dos momentos mais marcantes de sua vida o dia em que, após a cassação do presiden-te, foi visitá-lo em Paris. “Foi em 1964 e, na época, a revolução massacrava quem ia para lá. Então, peguei um avião para Frankfurt e de lá fui a Paris de trem. Passeei de carro pelas ruas da belíssima Paris com o Juscelino dirigindo para mim. Imagina só o presidente como meu motorista”, conta empolgado.

Quando pequeno, Adirson traba-lhou na loja que vendia de tudo de seu pai. Ao concluir o primário foi para Fortaleza, pois havia passado no exame de admissão do Colégio Liceu, onde fez o primeiro ano do ginásio. No segundo ano, os padres do colégio achavam que ele tinha vocação para a vida sacerdotal, então o encami-nharam para o Seminário Marista do bairro Apipucos, em Recife.

Mas sua verdadeira vocação não era ser padre. Mas foi no seminário que ele descobriu, ao dirigir o jornalzinho do

Mais de 50 anosescrevendo Brasília

Jornalista, historiador e apaixonado por Brasília, Adirson Vasconcelos, se dedica a narrar a trajetória da capital.

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local, que queria ser jornalista. Quan-do, aos 16 anos, deixou o seminário e foi morar com seu irmão mais velho Ayrton, foi incentivado pelo mesmo a procurar um emprego como jornalista. Foi então que ele tomou a atitude de bater na porta do “Jornal Commércio” atrás de emprego.

Já habituado a Brasília, em 1960, ano da inauguração da capital, Adirson lançou seu primeiro livro, “O Homem e a Cidade”, que trata historicamente da formação dos primeiros aglomera-dos, surgimento das primeiras capitais e revela os indícios de uma pré-história de Brasília.

Seis anos depois, ele lança “Um Sonho Que Se Fez Realidade”. Neste livro, questões como o comportamento dos primeiros habitantes e as influências urbanísticas, arquitetônicas, sociais e políticas da nova capital no contexto nacional são relatadas.

Seu ultimo livro, lançado em 2010, “Cruls e o Planalto Central de Goiás”, faz parte das mais de 30 obras compos-tas por este “constante apologista de Brasília” como o descreveu o sociólogo Gilberto Freyre.

Em novembro de 1998, Adirson Vas-concelos foi homenageado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal com o título de Cidadão Honorário de Brasília. Como reconhecimento de sua dedicação e amor por Brasília, o pioneiro recebeu como homenagem o batizado com seu nome de um prédio residencial na 214 norte. Em 2006, o Governo do Distrito Federal concedeu ao escritor o Mérito

Cultural de Brasília, assinado pela governadora Maria de Lourdes Abadia.

Hoje, o pioneiro define a capital como a cidade que tem mais futuro do que passado. “Brasília da minha esperança, templo da união nacional, construtora de um novo tempo! És cidade do sol nascente, capital do novel milênio! Minha terra, meu céu, meu mar!” Assim como no trecho citado do poema Exaltação a Brasília, o jornalista explicita em grande parte de suas obras sua paixão pela capital federal.

Atualmente aposentado, há cerca de sete anos, pai de sete filhos, todos cria-dos em Brasília, o historiador se dedica as suas duas paixões: o jornalismo e a escrever a história de Brasília. “Mesmo aposentado eu continuo fazendo jor-nalismo. É por amor. Mas eu o aliei à literatura”, salienta.

E quem define tão bem a trajetória de vida de Adirson é o jornalista e crítico literário Ézio Pires. “Quando Brasília nasceu, Adirson já estava aqui. Viu o seu primeiro choro de vida. Viu o seu primeiro sorriso. Tem visto e senti-do nestes anos, todo o chorar e todo o sorrir de Brasília”.

Mesmo aposentado eu

continuo fazendo jornalismo. É por amor. Mas eu o aliei à literatura

Adirson Vasconcelos, homenageado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal com o título de Cidadão Honorário de Brasília

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SaúdePor: Veronica Soares | Fotos: Victor Hugo Bonfim

“Doar sangue é um gesto de amor”. A frase chamativa e normalmente veiculada

em propagandas é apenas mais um ar-tifício que a Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) usa para sensibilizar as pessoas a doarem sangue. Muito mais do que um ato de amor, o hemocentro de Brasília desenvolve trabalhos para salvar vidas diariamente em todo o Distrito Federal.

Engana-se quem pensa que os tra-balhos da Fundação estão restritos ape-nas a doação e distribuição de sangue. Segundo a presidente da Fundação Hemocentro de Brasília, Beatriz Mac Dowell, a instituição funciona como um centro de coleta, processamento, testagem, armazenamento e distribui-ção do sangue para a rede pública de hospitais e para outros conveniados da rede privada. O trabalho conta, principalmente, com a parceria da sociedade. Pois são cidadãos comuns que, sensibilizados, doam sangue. Mais do que isso, a instituição desenvolve outros projetos para a área de saúde. Por exemplo, a realização de exames sorológicos dos doadores, que passam por uma bateria deles, para detectar doenças que são transmitidas pelo san-gue, como HIV, sífilis e hepatite. Além do exame de sorologia, a instituição passou a realizar exames imunológicos para o transplante de órgão: o HLA, exame de alta sensibilidade que verifica a compatibilidade do órgão doado com a pessoa que vai receber o transplante.

Outro grande passo da Fundação é a doação de medula óssea. Com cam-panhas regulares, a instituição tenta disseminar a cultura da importância da doação voluntária e periódica de me-

dula óssea. Nos registros do centro, tem hoje, aproximadamente, três mil doa-dores voluntários cadastrados. Também está em fase de implantação na insti-tuição, o Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP). Com isso, o hemocentro passou a recolher sangue de cordão umbilical de crianças que nascem na rede pública de saúde e placentas de parturientes. Segundo a Dra. Beatriz, o banco ainda está em fase de implantação, mas a instituição vai capacitar profissionais da saúde que trabalham com a coleta desses materiais. O principal argumento para a utilização do serviço é o avanço da ciência em relação aos estudos das células-tronco, presentes no cordão umbilical e que podem transformar-se em diversas outras células. Logo, inicia-rá campanhas na rede pública de saúde para sensibilizar as mães a doarem o

material genético do cordão umbilical e da placenta para o banco que ficarão armazenados no hemocentro.

SANGUE é VIDAMesmo com tantos projetos, uma

das prioridades da Fundação é a doação de sangue. Hoje, a instituição desenvolve ações que promovem a captação e a fidelização de doadores voluntários e multiplicadores de in-formação sobre a doação de sangue. Segundo Beatriz, a meta é angariar cada vez mais, doadores para atender à demanda de hospitais. Conforme ela, o centro distribui diariamente, cerca de 250 bolsas de sangues para os hospitais da rede pública e alguns da rede privada de saúde. Para man-ter esse estoque, são necessárias que pelo menos 300 pessoas doem sangue todos os dias.

Doação de SangueHemocentro é referencia na captação e distribuição de sangue no DF

O cabo da policia militar Edilson Rodrigues é doador há 20 anos

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Mas é em épocas de feriados prolongados e férias que o trabalho do Hemocentro é colocado em xeque. “Nesses períodos, o número de doado-res diminui e, por causa dos acidentes de trânsitos, o número de pessoas que necessitam de sangue aumenta”, relata. Para manter o estoque em dia, principalmente nessas datas, são veiculadas campanhas publicitárias para estimular o gesto da doação. Para preparar e deixar o estoque de sangue em dia para o próximo feriado prolongado, o de 21 de abril, já está sendo divulgada na mídia local a campanha para sensibilizar as pessoas a doarem sangue. “Apenas nos dois dias de feriado, o hemocentro ficará fechado. Mas reabriremos no sábado para a doação”, avisa.

Apesar de realizar campanhas periódicas, a Fundação tenta outros métodos para, cada vez mais, captar doadores. Como a coleta externa, onde, periodicamente Unidades Móveis da Fundação realiza coletas em empresas e instituições públicas do Distrito Federal. Outra medida é o Trote Solidário, que objetiva a substi-tuição dos tradicionais trotes feitos em faculdades por ações solidárias. Neste caso, a doação de sangue.

A cada quatro meses, o cabo da policia militar Edilson Rodrigues, 45 anos, faz um gesto de amor ao próxi-mo. Há 20 anos, ele doa sangue. Ele diz que a sua motivação para ser doador surgiu ao assistir na TV propagandas a respeito. “Me sensibilizei. Há 20 anos pratico esse gesto com a sensação de que estou salvando vidas”, ressaltou.

Foi o marido da psicóloga Shirley Magna Bernardes, 41 anos, que há 15 anos a incentivou a doar sangue. Por sua vez, foi Shirley quem incentivou a filha mais velha a ser doadora tam-bém. Além de doar sangue, Shirley e a filha estão se cadastrando para serem doadoras de medula óssea. “Eu acredi-to que o trabalho é fundamental para os hospitais. Mais do que um gesto de amor, é um gesto de caridade. Na medida em que você doa parte do seu corpo, estamos praticando a caridade e amor ao próximo”, enfatiza.

Foi numa coleta externa que a secretária Priscila Barbosa, 22 anos, doou sangue pela primeira vez. Segundo ela, quando uma unidade móvel do hemocentro foi até a empre-sa onde ela trabalha, não pensou duas vezes. Agora já é a segunda vez que vai ao hemocentro fazer a sua doação. “Doar sangue é um gesto de amor e de

doação ao próximo. Minha mãe já teve a necessidade de receber um órgão, e pela demora em encontrar um doador, não foi possível”, lembra.

ServiçoFundação Hemocentro Setor Médico Hospitalar Norte, Qd. 03, Cj. A, Bl. 03(61) 160.3327.4424

PARA DOAR SANGuE É PRECISO:Não estar usando medicamentos;Pesar acima de 50 quilos;Ter dormido pelo menos 6 horas na

noite anterior;Não realizar exercícios físicos antes

da doação;Não ter ingerido bebida alcoólica nas

últimas 24 horas;Não ter colocado piercing ou feito tatu-

agem nos últimos 12 meses;Evitar fumar 2 horas antes da doação;Alimentar-se bem antes. Pela manhã,

não ingerir leite e seus derivados (manteiga, margarina, queijo, iogurte) ou alimentos gordurosos até três horas antes da doação.

Para doação à tarde, alimentar-se com carnes grelhadas, saladas, arroz, feijão, não ingerindo alimentos gordurosos (fritu-ras, ovos, massas, maionese, sorvete, chocolate, etc).

A secretária Priscila Barbosa doou sangue pela segunda vez: gesto de amor ao próximo

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ModaPor: Maíra Elluké | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Encontre seuestilo

Com a ajuda de um personal stylist comprar fica mais fácil e prezeroso

Que mulher, muitas vezes, não se sente 100% segura na hora de escolher uma roupa para determinado evento ou até mesmo para uma reunião de traba-

lho? Poder contar com uma ajuda profissional na hora de encarar o guarda-roupa é um luxo que nenhuma mulher desprezaria. Na busca por exclusividade, um crescente número de pessoas vem se interessando pelos serviços oferecidos por um personal stylist. O que antes era visto até mesmo como uma futilidade, passou a ser uma neces-sidade, já que vestir-se bem traz visíveis melhorias na vida de qualquer pessoa. Pensando nessa demanda, a Basic Collection passa a oferecer um serviço gratuito para toda mulher que deseja receber dicas de como valorizar seu corpo. A partir de agora, elas terão à sua disposição uma

“personal stylist”, que irá ajudar a montar seus “looks” de acordo com o tipo físico e personalidade de cada uma.

A importância do profissional no mercado é crescente já que a aparência possui hoje indiscutível valor e cada vez mais as pessoas tem menos tempo para se preocupar com detalhes do tipo: onde comprar peças adequadas para seu perfil ou mesmo descobrir o que falta ou sobra em seu guarda-roupa. Para a stylist, trend hunter e consultora de moda e de estilo da loja, Patrícia de Carvalho, a con-sultoria servirá para otimizar os modelos de acordo com as necessidades de cada cliente. Ela destaca, ainda, que a principal dica na hora de se vestir é respeitar a idade e usufruir do que ela oferece de melhor. “Não existe nada de mais elegante e glamouroso do que uma mulher que

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ServiçoBasic CollectionSCLN 112 Bloco B Loja 12(61) 3349-3767 / (61) 3327-3295

Patrícia de CarvalhoPersonal Stylist(61) 8135-6697

se veste de acordo com a sua faixa etária, com classe e jovialidade”, afirma.

A personal destaca, ainda, a importância dos aces-sórios em qualquer produção. “Eles são essenciais, sem eles a roupa não tem vida. Eles fazem toda a diferença, a imagem cria vida e o look se ilumina. Ao mudar os aces-sórios, é possível criar produções completamente novas e diferentes”, completa Patrícia. “Sabe aquela história de usar o mesmo vestidinho preto por toda a semana e ter um visual diferente a cada dia? Isso é possível graças aos acessórios”, destaca.

Patrícia já acompanhou várias celebridades como Sha-ron Stone, Jessica Alba, Alicia Keys, Shakira e trabalhou com marcas importantes mundo afora. Com toda essa experiência, a personal stylist auxiliará suas clientes a encontrar sua imagem ideal, descobrindo quais roupas, formas e cores caem bem de acordo com o biótipo e estilo. A consultoria começa com a avaliação corporal da cliente por meio de fotos e de um questionário – que deve ser respondido pela cliente, antes do encontro. Dessa forma, a profissional mostrará que o ato de vestir pode ser simples e envolvente, a partir do momento em que se adquire roupas e acessórios de forma correta e bem pensada. “Isso me possibilita conhecer um pouco mais da cliente, além de otimizar o nosso tempo juntas para criar looks e tirar dúvidas”, afirma Patrícia.

Contando pela primeira vez com uma ajuda especiali-zada na hora de escolher as peças que melhor se adequam ao seu corpo e personalidade, a médica Verônica Maria aprovou a ajuda personalizada. “Um especialista para dar dicas sobre o que fica bem em você não melhora apenas o visual, mas a própria autoestima”. A médica afirmou, ainda, que ao sair de casa, todas as mulheres desejam se sentir bem e “a ajuda da personal stylist na escolha das peças é uma garantia a mais”, celeba.

Além da consultoria personalizada, as clientes recebe-rão uma mini apostila com dicas de como valorizar seu tipo físico. Os encontros serão semanais, sempre com uma hora de duração. Sendo necessário um agendamento prévio. Uma ótima pedida para aquelas que desejam encontrar seu próprio estilo.

A personal stylist Patrícia de Carvalho escolhe os modelos de acordo com a necessidade do cliente

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ComportamentoPor: Afrânio Pedreira | Fotos: Gustavo Lima

Melhor IdadeBaile da

Diversão garantida com música de primeira

Bailes para ninguém botar defeitos. Com direito a tudo: pessoas bonitas, excelente música, muita bebida e gostosos petiscos. Baile de gente bem

grande. Com idades acima dos 45 anos e que só pensam, puramente, em se divertir. Para que isso aconteça, basta o músico paraguaio, radicado no Brasil, Roberto Baez e sua banda darem os primeiros acordes sonoros. O enorme salão do clube da Associação dos Servidores Aposentados da Câmara dos Deputados (Asa CD), localizado na 610 Sul é o convite perfeito para que senhoras e senhores da melhor idade formem pares “perfeitos” e se deixem levar por ritmos “calientes” como a rumba, o tango, o samba e outros mais.

“As pessoas vem aqui para dançar. Faz bem ao corpo e à alma”, garante o artista plástico hispânico brasileiro Gil Marcelino, morador de Brasília há mais de 30 anos, dançarino incansável. Em parte ele está certo. É inegável que todos ali têm no DNA uma musicalidade latente e são verdadeiros “pés de valsas”. Mas também é fato, que a paquera e uma possível e tórrida “love story” não estão descartadas. “Venho aqui para dançar mesmo. Mas se pintar algo sério, estou aberta”, declarou a funcionária pública divorciada, Márcia Muniz, 46 anos. Frequenta-dora do local há uns meses, ela diz que embora aberta a paixões, o motivo maior de ir sempre ao baile é dançar mesmo. “A energia aqui é outra. Não tem essa coisa de estar ficando”, lembrou.

A afirmação de Márcia é atestada por muitos dos habituais e certos frequentadores dos bailes, que já são promovidos por Roberto Baez há cerca de oito anos, todos os sábados. Durante cinco anos, os encontros musicais aconteceram na 102 Norte e atualmente, no Asa CD, há dois anos e meio. “O pessoal aqui gosta mesmo de dançar. Aqui todo mundo se conhece, mas já aconteceram vários encontros amorosos”, revela Baez.

E foi num desses bailes que o militar Tárcio Soares e a funcionária pública Ruth Cabral se conheceram e desco-briram o amor. O casal de cinquentões - ele viúvo e ela

Roberto Baez (à esq) e banda

Gil Marcelino e Márcia Muniz

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divorciada -, sentiram que queriam ficar juntos ao som da primeira mú-sica dançada. “Foi no dia 30.12.2007. A gente se encontrou no baile. Ele esbarrou no meu pé. Nos olhamos e ele me tirou para dançar”, lembrou ela. “Não nos separamos mais. Dois meses depois juntamos nossas coisas. Já fazem três anos”, disse ele. E agora?, indagamos. “Está ótimo. Uma relação muito boa”, responderam.

E histórias como a de Tárcio e Ruth é o que não faltam no local. “Muita gente já se juntou e também se separou aqui”, observa Roberto. Conforme ele, os motivos que costu-ma unir e separar as pessoas, estão a atração física, a musicalidade de cada um, o gosto pela dança e a química que rola quando os pares se juntam. Que o diga a auditora, divorciada, Ruth Moura, 58 anos. Há três anos que ela, deliberadamente, salvo ex-ceções, reservou os seus sábados para frequentar os bailes promovidos pelo músico paraguaio Roberto que, há 22 anos, solta a potente voz para embalar sonhos de compasso de muita gente. “Nunca fiz aulas de dança. Aprendi a dançar de tudo porque sempre gos-tei”, conta Ruth. Segundo ela, embora a maioria das pessoas frequentem o local só para dançar, acontece de um ou outro conhecerem um grande amor durante a festa. “Aqui eu conheci e vivi

uma grande paixão”, revela. A relação durou por seis anos e só não persistiu por causa do grande amor que ela tem pela dança. No caso, o seu par, apesar de gostar de música, a dança não era bem o seu forte. Conclusão? Fim de romance.

“Ele continua vindo aqui. Mas não dá mais nada não”, assegura a dançarina nata.

E nos bailes da 3ª Idade do Asa CD que acontecem aos sábados, das 21h às 2h da manhã, dançarinos natos é maioria. Enquanto a música preenche todos os espaços vazios dos quatro cantos do salão, povoado por belas e elegantes “senhoras” e distintos “cavalheiros”, o que menos se vê são pessoas paradas e sentadas. É praticamente impossível resistir a um “Besame mucho” ou aos vários tangos da terra de Carlos Gardel, tão bem cantados e musicados por Ro-berto Baez e sua Banda. Sem nunca ter ocorrido um desentendimento, a troca de pares são comuns e muito bem resolvidas no local. Enquanto o marido Roberto soltava a voz em um tango chorado, Esmeralda Borges do Nascimento, a fiel companheira, era quase intimada a mostrar o que sabia da dança argentina por um distinto senhor cheio de pose e com jeito de quem dominava o assunto com maestria. Dito e feito. Os dois deram

longas e demoradas voltas pelo salão mostrando a arte da sedução e en-trelaçamento dos corpos que o tango exige. Ao final, merecidos aplausos a todos os dançarinos. Mas engana-se quem pensa que no baile só tem gente de 40 e 50 anos. O casal Maria de Fá-tima Lima, 25 anos e Carlos Eduardo Ramos, 21, foram até o local para acompanhar duas amigas e se encanta-ram com o que viram e ouviram. “Nós preferimos esse ambiente do que o de discoteca”, disseram. “O que me atrai aqui é a música mesmo. Todos aqui se conhecem. É uma grande família”, ressaltou o militar Pedro Lucena, 68 anos e que há cinco anos vai ao local, sempre acompanhado da esposa.

“Fico feliz em ver que as pessoas gostam da música que a gente faz”, diz Baez. Para ele, o segredo da frequência e fidelidade das quase 400 pessoas que costumam ir aos bailes está na seleção das músicas e na mis-tura dos ritmos como a rumba, bolero e caribenhos. “Música para se dançar junto, principalmente”, arremata.

todos vão para dançar, mas a paquera e

uma possível e tórrida “love

story” não estão descartadas

ServiçoBaile da 3ª Idade – Roberto BaezAssociação dos Servidores Aposentados da Câmara dos deputados.SGAS 610 Sul, Conj. C, Módulo 70(61) 3242- 1701/3244-5391

Ruth Moura não perde um baile

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CulturaPor: Virginia Ciarlini e Michel Aleixo | Fotos: Andreia Cristinne Aguiar e Arquivo Pessoal

do Rock de BrasíliaPersonagens explicam os bastidores da “capital do rock”

Brasília, uma cidade nova, pul-sante, com muito espaço e onde as pessoas ainda não estavam

acostumadas com a liberdade de expressão, jovens com muito conheci-mento musical, cultural, muita atitude e pensamentos progressistas começaram a se encontrar.

Victor Babu, que ainda faz parte desse grupo, explica que surgiram três grandes núcleos na capital que deram origem as bandas que até hoje estão na memória daquela geração e dos filhos desta.

“Estamos falando de atitude, de coisa nova que tinha vindo principal-mente da Europa”, diz Babu. Segundo ele, havia um núcleo de onde se originou a Terceiro Pólo, uma banda formada por Paulinho Lixo, Victor Babu, Alex Podrão e Danilo. “Paulinho, Podrão e eu, até hoje estamos fazendo rock”. Desse Ter-ceiro Pólo surgiram várias bandas como Frete, Anti Tédio, Subdivisão, Detrito Federal, Mantenha Distância que deu origem as bandas Smegma, Diamante

Cor de Rosa, Peter Perfeito e Dentes Kentes, e Filhos de Mengele que deu origem aos Raimundos.

Um outro núcleo era formado pelos chamados mal educados se formou a banda Elite Sofisticada. E por fim, do núcleo dos metralhas, que eram os filhos de diplomatas, surgiram bandas como Plebe Rude, Metralhas, Finis Afri-cae, Os Virgens, Arte no Escuro e Blitz 64 que depois virou XXX, que virou Escola de Escândalo.

Victor Babu também faz questão de dizer que as bandas satélites como Detrito Federal, que chegou a gravar um disco pela Polygram, Mantenha Dis-tância, Dentes Kentes, Elite Sofisticada, Diamante Cor de Rosa, Peter Perfeito, Terceiro Pólo e Disenteria Social, foram bandas muito importantes na formação de uma platéia e de um segmento de rock que findou na explosão do Rock Brasília 80.

E como o mote desse Rock Brasília dos anos 80 é a força da amizade, outro músico daquele tempo dá o depoi-

mento. Paulo Coelho foi integrante da banda Arte no Escuro. Segundo ele, uma banda forjada no rastro da influ-ência da cena punk/pós-punk dos anos 80 por pessoas que, antes de músicos eram amigas que se juntavam “pra levar um som”, “Do it yourself ”, lema batido que todo mundo repete, mas que era a palavra de ordem naqueles anos.

“Momentos de glória e realização, muita diversão, e outros nem tanto, mas que de qualquer forma foram marcantes e deixaram grandes histó-rias. Acabou. Bola pra frente, o mundo gira. Hoje dispersos pelo Brasil e pelo mundo ainda compartilham o amor pela música e muitas outras afinidades”, diz. O que nem todos perceberam sobre o Rock Brasília dos anos 80, é que ele não diferiu de várias outras cenas musi-cais que explodiram anteriormente em todo o mundo: Na base da pirâmide das bandas que ficam famosas, existem uma outra dezena delas que mesmo em menor alcance, também mandaram o seu recado.

O Lado B

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Jogando a palavra-chave “Brasília” no campo de buscas do site myspace.com, a mais popular comunidade da internet para bandas e músicos é possível receber mais

de 280 resultados indicando artistas da cidade. Sendo preguiçosamente sucinto, só esse dado resumiria em variados níveis, o abismo de 30 anos entre a cena musical candanga da geração Coca-cola de Renato Russo e sua trupe comparada à cena atual, onde vários agentes menos conhecidos tentam firmar seu espaço em uma dinâmica de mercado que ninguém sabe explicar exatamente como funciona. Contextualizando, a Legião Urbana, Capital Inicial e posteriormente os Raimundos foram expoentes de um mercado fonográfico a pleno vapor. A fórmula era simples: “olheiros” buscavam artistas promissores que assinavam contratos com grandes gravadoras. Essas ban-das mudavam-se para o eixo Rio-São Paulo para gravar álbuns com produtores de renome, e eram apoiados por grandes ações de marketing: Estava criado um produto de sucesso.

“Legião e Raimundos viveram uma época em que o mercado mainstream – das grandes gravadoras – era a única opção ao artista que quisesse o reconhecimento popular. Ele concentrava toda a tecnologia de produção e distribuição da música”, afirma Rafael Lamim, vocalista da banda Enema Noise. “Hoje em dia, a internet, o down-load gratuito e novas plataformas de trocas de informa-ção tem regido outra ordem de consumo e distribuição cultural. Isso é pouco notado, mas hoje com a internet, o

músico tem a liberdade de criar e divulgar o seu trabalho sem as amarras de antes”, completa o músico de 23 anos. Rafael é um bom exemplo do artista dos anos 2000. Não basta ser apenas músico. Os jovens que vivem a realida-de da velocidade da informação e tecnologias digitais também são DJ’s, designers, produtores. Essa geração está sendo chamada pelos especialistas como “Geração do Milênio”. “Hoje o mercado é louco e desconhecido”, acredita o produtor do festival Porão do Rock, Gustavo Sá. Para o empresário, a indústria da música atravessa um período de transição para um formato ainda indefinido. “O que é certo dizer é que quem só quiser ser músico não vai chegar a lugar nenhum. As bandas hoje precisam de um bom site, blog, rede social, envolvimento de todos os integrantes. Não existe mais espaço para amadorismo”, avisa.

Em busca desse profissionalismo, a cultura dos coletivos musicais está em voga no DF. “Os coletivos são formados por várias bandas que compartilham das mesmas ambições. Através de uma rede de contatos e parcerias com coleti-vos de outros estados, nós organizamos shows, turnês e divulgamos nossos trabalhos”, explica Everaldo Maximus, co-fundador do Coletivo Cultcha de Taguatinga. Enquanto uma estabilidade de mercado musical não se materializa, os novos músicos da capital buscam seu lugar ao sol cada um à sua maneira. Certo é dizer que mesmo com menor exposição na grande mídia, o Rock Brasília continua ativo como sempre foi.

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CinemaPor: Ana Paula Resende | Fotos: Divulgação

Os 168 versos da música Faroes-te Caboclo, da banda Legião Urbana, vão ganhar adaptação

para o cinema. As filmagens do longa metragem em Brasília tem agitado a população. Dirigido por René Sam-paio, a película não tem previsão de estréia, mas promete movimentar o cenário cinematográfico da capital. “Os fãs de Legião Urbana terão uma surpresa”, garante.

O filme Faroeste Caboclo vai dar vida à história de João de Santo Cristo, um jovem cansado de sofri-mento, pobreza e discriminação, que se muda para a capital do país em busca de uma vida melhor, mas acaba se tornando um bandido. No filme, quem interpreta João é o ator Fabrício Boliveira ao lado de nomes conhecidos como Isis Valverde, que vive o papel de Maria Lúcia, por quem João se apaixona e Felipe Adib que encarna o traficante Jeremias. Mas o elenco conta, ainda, com atores da cidade como Jorge Paz, de 25 anos, que está tendo a chance de estrelar uma produção nacional de grande porte, gravada na capital do país, aonde ele mora. “Em Brasília não temos muitas oportunidades no âmbito do cinema”, lamenta. Segundo ele, a compensação é que atores formados aqui se destacam quando vão para São Paulo e Rio de Janeiro, grandes pólos do cinema no país.

Durante algumas semanas, o elenco passou por um período de preparação. O objetivo era o de vivenciar a realidade dos persona-gens como se fosse a vida real. Os atores foram submetidos a oficinas e laboratórios intensivos antes que

as filmagens começassem. “Fomos à rodoviária. Passamos alguns dias na Ceilândia, para aprender como as pessoas de lá falam, agem etc.”, lembra Jorge Paz, que irá interpretar um dos capangas de Pablo, o primo de Santo Cristo.

Jorge é ator há 9 anos e sempre quis participar deste filme. “Quando eu tinha 14 anos eu escutava a música Faroeste Caboclo e pensava: “esta música daria um filme, porque ninguém fez isso ainda?”, recorda--se. Ele conta que assim que soube que o longa seria rodado entrou em contato com a produção para tentar participar. “Fiz um curso com o Sérgio Pena, que é o preparador de atores deste filme e ele me convidou para os testes de elenco”, conta. “Fiz teste para o protagonista Santo Cristo e acabei não conseguindo o papel, mas o importante é ganhar experiência e ter a vivência de um longa-metragem. Estar no filme era meu objetivo principal”, diz o ator, que já estrelou alguns curtas e ence-nou várias peças de teatro.

Em Faroeste Caboclo, o Filme, a cidade de Brasília é o plano de fundo do enredo que envolve crime, romance, política, morte e muito mais. Porém, na opinião do diretor René Sampaio, de 37 anos, a capital é uma das personagens principais da trama. “Brasília estará presente em todos os aspectos”, revela, “mas não somente a Brasília de cartões postais ou a que aparece nos noticiários de TV, focada no Congresso Nacional. Vamos evidenciar a Brasília real, Plano Piloto, Entorno e cidades saté-lites, com pessoas que têm dramas e desejos pessoais”.

Segundo René, esse filme só faria sentido sendo filmado em Brasília. Para ele, retratar a capital do país nos anos 70 e 80 requer um cuidado apurado com os detalhes, relacionado à preparação de atores, figurino e cenário. “O tombamento do Plano Piloto torna grande parte das locações em um set de época, pois os prédios públicos, casas e a distribuição espacial estão preser-vados. Mas a parte que mostra a Ceilândia, por exemplo, teve que ser reconstruída”, conta.

A produção cinematográfica inspirada na canção de Renato Russo ficou a cargo da Gávea Filmes, que divide o trabalho com as produtoras República Pureza, também do Rio de Janeiro, e Fogo Cerrado, do Distrito Federal. O projeto conta, ainda, com a parceria da Fulano Filmes, encarregada da parte de divulgação e publicidades relacionadas ao filme.

Quem quiser saber mais a res-peito do processo de filmagem, sobre os atores, notícias e detalhes do filme Faroeste Caboclo, pode entrar no site oficial www.faroestecaboclo.com.br.

CabocloLuz, câmera, ação!

Faroeste

Isis Valverde, que vive Maria Lúcia e oator Fabrício Boliveira que interpreta João

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Com a palavra o diretorPB Como está sendo o início das filma-gens do Faroeste Caboclo?RS: Começamos nesta semana e até aqui tudo bem. Temos uma equipe sensacional, que mistura profissio-nais de Brasília e de diversos outros estados em diferentes funções. Esta-mos reunindo o melhor de diferentes experiências para produzir o filme.

René Sampaio, diretor do filme

PB: É o seu primeiro longa como diretor?RS: Sim. Esta é minha estréia em lon-gas metragens. Já dirigi alguns curtas, com destaque para o premiado Sinis-tro (2000), recordista em prêmios no Festival de Brasília, além de diversos outros em festivais pelo Brasil.

PB: Antes de ser cineasta você trabalhava com vídeos comerciais. Como é a experi-ência de dirigir um filme tão significativo para o cinema brasileiro?RS: Sou formado em Audiovisuais e em Publicidade e Propaganda. É difícil ava-liar a transição de filmes publicitários e curtas no meio do caminho, para um longa. Como diretor, já fiz mais de 300 comerciais nacionais, dentre eles filmes para grandes marcas como Fiat, Bras-temp, Petrobrás, Banco Santander entre tantos outros. Mas nada se compara ao desafio de rodar o Faroeste Caboclo. Ver a história da música na telona é um sonho que eu tenho desde menino.

PB: Adaptar uma história de uma lin-guagem (música) para outra (cinema) é complicado e polêmico. Como foi esse processo? RS: O trabalho de construção do roteiro levou quatro anos e envolveu alguns dos melhores profissionais do mercado. Acho que esse processo ainda não acabou, pois é algo que trabalhamos inclusive durante as fil-magens. Mas acredito que chegamos a um excelente resultado.

PB: De que forma a história da música será retratada no filme? RS: Isto é algo que prefiro aguardar a estréia para falar. Mas vale dizer que a nossa adaptação é uma reação ao sentimento que a canção de Renato Russo desperta. Ela pro-cura manter a essência da história contada em mais de 9 minutos de música e criar uma boa narrativa cinematográfica.

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GastronomiaPor: Fernanda Azevedo | Fotos: Victor Hugo Bomfim

Restaurante RomaA culinária italiana que nasceu junto com Brasília

O restaurante Roma foi fundado pelo italiano Luigi, no dia 15 de abril de 1960. Seis dias

antes da inauguração de Brasília. Em 1964, o belga Simon Pitel adquiriu o restaurante que, segundo ele, um negócio para toda vida. Hoje, mais de 50 anos depois, ainda é o orgulhoso proprietário do local. Pitel conta que nesses 50 anos do Roma, viu a historia de Brasília passar diante de seus olhos. No mesmo lugar, sentado em uma das mesas do restaurante. Conforme ele, a partir dos anos 60, quase todos os pre-sidentes da republica já saborearam a culinária do Roma, inclusive o ex- pre-sidente Lula. “Nunca entrou aqui um presidente no exercício de sua função, mais todos eles faziam pedidos por intermédio de funcionários”, conta. Segundo Simon, toda juventude dos anos 70 passou pelo Roma, em pleno regime militar. Personalidades como o ex- presidente Fernando Collor e o ex- senador Luis Estevão passaram pelo local. “Se você não freqüentava o Roma nos anos 70, você não era de Brasília”, observa Pitel. O restaurante

também já foi palco de brigas entre personalidades da cidade. “Cenas desagradáveis”, como classifica Simon. Mas ele não revela nomes. “Dono de restaurante é igual a estatua do STF, na Praça dos Três Poderes: é cega, surda e muda”.

O cardápio do Roma consiste em refeições ítalo- brasileiras. Pitel garante que a sua casa segue a mesma linha a 50 anos. O cardápio é simples e tradicional. O carro chefe é o filé à parmegiana; feito à milanesa com molho de tomate, gratinado com quei-jo mussarela e o tempero especial da casa, que é segredo e que Simon não revela nem sob tortura. O filé pode vir acompanhado com arroz branco e fri-tas, obedecendo a vontade e a fome do cliente. Um prato que dá para duas ou três pessoas. Conforme o proprietário, os grelhados são os que tem mais saí-das. Hoje, o estabelecimento atende a classe média da cidade, geralmente famílias. Um restaurante que pode se encontrar até quatro gerações de fre-qüentadores sentados em uma mesa, saboreando o tradicional filé da casa.

ServiçoRestaurante RomaSHCS/CR 511- Bloco “B”- loja 61, Brasília dFFone: (61) 3346- 3434/ 3346-1214

Page 61: Plano Brasília 93

PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 61

Pastelaria ViçosaGostosura e tradição

Um belo dia, em meados da década de 60, Tião padeiro e o vendedor de pastéis, Eugenio Apolônio, se encontraram na rodoviária de Brasília. Um local que cruza os caminhos da maioria dos candangos, desde sem-

pre. Sebastião, o padeiro, tinha concessão para abrir um estabelecimento lá, e seu Apolônio tinha a técnica de fazer pasteis. Foi o que bastou para que os dois formassem uma sociedade e construíssem a Pastelaria Viçosa. Nesses mais de 50 anos, a maioria dos brasilienses, pelo menos, já experi-mentou os pasteis da dupla. O que começou com um pequeno negócio de pasteis cresceu e, mais de cinco décadas depois, a Viçosa conta com três lojas localizadas em pontos estratégicos de Brasília. Duas na Rodoviária e a terceira na Asa Norte. Hoje, a empresa emprega mais de 200 funcionários em serviços diretos e indiretos. E historias sobre o local é que não faltam. Quem garante é a atual administra-dora da rede Viçosa, Patrícia Rosa, filha do seu Sebastião. Conforme ela, muitas personalidades como políticos e juízes já comeram na pastelaria. “Quando eu vou a eventos, pessoas importantes me param para relembrar os tempos

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da juventude. Quando não tinham muitos recursos, comiam sempre na pastelaria”, conta. Para Patrícia, a Viçosa proporciona um lanche barato, gostoso e rápido. Ideal para quem está passando pela rodoviária. O cardápio é o pastel, junto com o tradicional caldo de cana, embora a pastelaria ofereça outras opções de bebida. Existem pasteis dos sabores mais variados e com tama-nhos diferentes. Na loja da Asa Norte, por exemplo, o cliente pode escolher os acompanhamentos e pedir os mini pasteis. Mas, os preferidos pela popu-lação são os tradicionais, com recheio de carne, queijo, frango e palmito. Vale conferir!

Page 62: Plano Brasília 93

62 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

a Câmara Legislativa do Distrito Federal dá início a um calendário de eventos culturais no dia 20 de abril com a abertura da exposição “Brasília, Meio século

da Capital do Brasil”, que revela, por meio de fotografias, filmes e documentos históricos a origem e a trajetória da cidade. A mostra, que já passou por Madri e Lisboa, estará aberta ao público de 21 de abril a 3 de julho, das 9h às 18h. Nos fins de semana e feriados a visitação têm início às 14h. A exposição traça uma linha do tempo que tem como marco inicial o ano de 1751, quando surgiu a idéia de levar a capital do Brasil para o interior do país. Seguem-se seis blocos temáticos que mostram toda a riqueza da capital, sua história e configuração atual. Outros destaques são a maquete de Brasília, com 30 metros quadrados, quatro instalações de artistas plásticos locais e a realização de um ciclo de cinema sobre a capital, com a presença de seus diretores, além de conferências. De acordo com a curadora, Danielle Athayde, a exposi-ção foca não apenas o plano arquitetônico e monumental, mas também seus protagonistas, como o presidente Jus-celino Kubitscheck, o urbanista Lucio Costa, o arquiteto Oscar Niemeyer, o paisagista Burle Marx, o artista Athos Bulcão, entre outros. “Concebi uma exposição de caráter

ServiçoVisitação: 21 de abril a 3 de julho, das 9h às 18h, de 2ª a 6ª feiraFinais de semana e feriados - das 14h às 18hAberto ao público com entrada francaLocal: Foyer do Plenário, térreo inferior da Câmara Legislativaendereço: Praça Municipal Qd. 2 Lt. 5 Setor de Indústrias GráficasInformações: (61) 3348.8286 / (61) 3348.8286 / (61) 3348.8277

ExposiçãoDa Redação | Fotos: Divulgação

didático e estético, com planos arquitetônicos, mapas, fo-tografias artísticas, projeções, textos explicativos e acervos de grande valor histórico”, explica a curadora. As imagens da construção de Brasília são dos fotógrafos Jean Manzon, Marcel Gautheraut e Mario Fontenelle. João Facó expõe Brasília a partir de imagens aéreas e Fabio Colombini retrata a arquitetura da cidade ao completar 50 anos. A exposição “Brasília, Meio século da Capital do Brasil” conta ainda com um projeto pedagógico que pretende trazer à Câmara Legislativa 10 mil estudantes de escolas públicas de nível fundamental e médio. A abertura oficial para convidados está marcada para quarta-feira (20), às 19h30 no hall do plenário. Após sua exibição na CLDF , a exposição segue para Paris.

comemorar aniversáriode Brasília

Exposição para

Maquete de Brasília feita por Antônio José Oliveira

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PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 63

No concerto de 29 de março, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional homenageou o fun-

dador, Cláudio Santoro, executando três obras do seu volumoso catálogo. A primeira, “Impressões de uma Usina de Aço”, escrita entre 1942/43 num estilo chamado realismo socia-lista (tendência estética da filosofia comunista da então União Soviética), enalteceu os operários ao transformar ruídos típicos de fábricas em sons musicais. A peça seguinte, “Para Ju-ventude – Concerto nº. 3 para piano e orquestra”, composta em 1960, tem caráter diferente, quase giocoso (divertido). A interpretação do solo pelo filho do autor aprofundou a compreensão da obra. O concerto terminou com “Sinfonia nº. 7 – Brasí-lia” (1959/60), última das sinfonias de cunho nacionalista do autor, que, com linguagem atonal, séries dodecafôni-cas e densa instrumentação, homena-geou a cidade que despontava.

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*BOHUMIL MED Professor emérito da Universidade de Brasília.Com a colaboração de Regina Ivete Lopes

Música

Música Erudita em Brasíliaestudo do violino. Aluno aplicado, aos 18 anos foi nomeado professor de violino e harmonia em uma escola superior. Atuou como solista e integrou o naipe dos primeiros violinos da recém-criada Orquestra Sinfônica Brasileira, no Rio de Janeiro. Lecionou vários anos em universidades na Alemanha e em Brasília onde instituiu e foi chefe do Departamento de Música da UnB. Em 1980, fundou a Orquestra Sinfô-nica do Teatro Nacional. Embora importante como regente, foi como compositor que Santoro se sobressaiu. Empregando diversas técnicas – da dodecafo-nia ao nacionalismo, da música eletrônica ao estilo próprio livre de regras – ele compôs sinfonias, sonatas, canções, bailados, peças instrumentais, camerísticas e eletroacústicas e até uma ópera. Sua obra, executada e gravada em vários países, conquistou respeito internacional, proporcionando-lhe prêmios e condecorações. A produ-ção frenética foi interrompida por um infarto fulminante no dia 17

de março de 1989, durante ensaio da orquestra. O Brasil perdeu um dos compositores mais talentosos, expressivos e produtivos.

RECONHECIMENTO E aqui, sua contribuição para a cultura brasileira foi reconhecida? Em parte. Além de placas, discursos e o título de doutor honoris causa concedido pela UnB, o teatro onde ele regia e várias salas e espaços culturais pelo país ostentam seu nome. Falta, porém, o mais impor-tante. Grande parte da imensa obra continua inédita, em forma de ma-nuscritos que, com o tempo, vão se deteriorar. Uma verdadeira home-nagem seria a revisão e publicação dessa obra. Vejo isso como obrigação patriótica do Ministério de Cultura ou outras instituições culturais, que tanto falam e tão pouco produzem. A posteridade agradeceria.

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64 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

Por: Ana Paula Resende | Fotos: Victor Hugo Bonfim | Ilustração: Werley KröhlingMeio Ambiente

O Parque Olhos D’água vai ganhar um Eco Parque, voltado para a educação ambiental, física e artísti-ca de crianças de seis aos 10 anos de idade. Nele,

crianças de escolas públicas e particulares terão a opor-tunidade de entrar em contato direto com a natureza, aprender práticas de reconstrução sustentável, além de desenvolver habilidades motoras e mentais. Localizado na 413/414 norte, o Eco Parque do par-que Olhos D’água está sendo construído em uma área que antes era depósito de entulho. “Os restos foram

reutilizados e já fazem parte da estrutura do local”, conta Pedro Henrique Vinhal, responsável pela cons-trução do espaço. Profissional de Educação Física, Pedro Henrique é também o idealizador do projeto. Juntamente com estu-dantes e profissionais de diferentes áreas, ele formou o grupo de estudos teóricos do Centro de Estudo e Troca de Saberes. O grupo é responsável pelas partes técnica e teórica que abrange o Eco Parque, além de realizar atividades de capacitação profissional, com oficinas

Eco ParqueDepósito de entulho vira parque de ecoeducação para crianças

Estações Eco Parque

Sistema Agroflorestal Sucessional

Biodiverso

A plantação imita uma floresta de alimentos.

Possui espécies de vários estratos, desde

rasteiras e arbustos, até arbóreas como são

chamadas as árvores maiores. O objetivo

desta etapa é recuperar a área degradada e

ocupá-la com uma mini agrofloresta. Nela, a

criança irá conhecer diferentes tipos de

plantas alimentícias, como bananeira,

amora, abacaxi, mandioca e hortaliças.

Túnel

É feito de adobe (terra crua, misturada com palha, água e fibras naturais) e iluminado com a luz solar, através da reutilização de garrafas e pratos de vidro. Esta estação estimula o engatinhar e o rastejar, que são movimentos que compõem habilidades básicas para um crescimento saudável.

Torre de Escalada

Equipada com muros de escalada, cano de

bombeiro e estruturas de corda. A torre de

escalada deve desenvolver o lado motor da

criança, além de habilidades como o equilí-

brio e a criatividade, que serão transporta-

das para o dia a dia delas. Terá o auxílio de

profissionais e de equipamentos próprios

para escalar.

Passarela:

Até a passagem de uma estação para a

outra é um atrativo para as crianças. A

divertida passarela exige atenção e equilí-

brio dos garotos e garotas.

Torre do EscorregadorInspirada num típico brinquedo de

parquinho. O diferencial desta torre é o

desafio. Voltada para as crianças maiores -

de seis a 10 anos, mais ou menos - a torre

terá várias maneiras de subir, como esca-

das feitas com pneu, corda e madeira.

Todos reutilizados de forma sustentável.

Cama de Gato

O espaço terá uma gama de elásticos, que irá formar a tradicional brincadeira da cama de gato, meio por onde a garotada terá o desafio de atravessar. Um exercício de movimentação, flexibilidade e raciocínio lógico.

Anfiteatro

Construído com superadobe (tecnologia de

baixo impacto ambiental) e ornamentado

com trabalhos de mosaico, o anfiteatro vai

servir para receber os alunos para a realiza-

ção de atrações artísticas como jogos

teatrais, apresentações de música e narra-

ções de histórias.

Espaço IntegraçãoErguido em cima de uma estrutura feita

com entulho, o espaço é composto por

Pedras de Pirenópolis. É um local voltado

para práticas corporais livres como ioga,

capoeira, dança circular, tai chi chuan e

jogos corporativos.

Viveiro de Mudas

Aqui as próprias crianças terão a oportuni-

dade de vivenciar todo o ciclo de plantio,

desde o nascimento da muda e o cresci-

mento, até o momento em que ela irá para

um canteiro definitivo. O viveiro deve abrigar

espécies nativas como Ipê, Jacarandá do

Cerrado e Jatobá e exóticas como Pau

Ferro, Angico e plantas ornamentais e

medicinais como Boldo, Alecrim e Manjer-

icão.

Canteiro de Ervas MedicinaisEsta estação tem o objetivo de trabalhar os

sentidos da visão, tato e olfato. As crianças

irão conhecer e aprender a diferenciar as

plantas através deles. Além disso, vão aprender o valor medicinal de cada uma

delas.

Page 65: Plano Brasília 93

PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 65

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para as pessoas envolvidas no pro-cesso. “Nós construímos tudo isto, com nossas próprias mãos”, relata Maria Izabel Cruxen, integrante do grupo. “De 8h da manhã até escurecer, sempre tem alguém trabalhando por aqui”, completa. O Eco Parque foi projetado para receber escolas tanto da rede pública quanto da rede privada, de segunda a sexta-feira. Nos fins de semana, as atividades serão voltadas para a comunidade. Dividido em nove estações, todas construídas de maneira biossus-tentável. “Cada uma delas traz uma experiência diferente para a criança, sempre agregando de-senvolvimento do corpo, mente e integração com a natureza”, infor-ma Pedro Henrique. Ele enfatiza também a importância de integrar a busca pelo conhecimento com a diversão: “Aqui as crianças vão aprender brincando”. Na era digital, com video games e computadores de última geração, as crianças estão cada vez mais distantes do ecossistema e das responsabilidades socioambientais. Para Maria Izabel, “o Eco Parque vai resgatar a movimentação do

corpo através de atividades trans-disciplinares”. O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) é o financia-dor desta fase de construção do projeto. Entretanto, o Eco Parque precisa de uma captação maior de recursos para se manter. “É necessário que outras empresas se interessem em patrocinar o projeto”, ressalta Pedro. Segundo ele, até o momento, são parceiros no projeto o restaurante Crepe au Chocolat, a agência de consultoria Brasil Consult e a empresa de reu-tilização de resíduos orgânicos Mi-nhocasa. Embora a previsão para que o Eco Parque fique pronto só no final de maio e que as escolas e a própria comunidade comecem a ser agendadas para ter aulas de educação ambiental e a visitarem o parque, Pedro Henrique teme que o projeto não tenha sustentabili-dade se não tiver recursos. “Uma ideia tão legal como esta tem que perdurar por muito tempo”, torce. Conforme Pedro, o primeiro colé-gio que deve ser contemplado com as aulas de educação ambiental e visitação do Eco Parque é a Escola Classe 415 Norte.

Estações Eco Parque

Sistema Agroflorestal Sucessional

Biodiverso

A plantação imita uma floresta de alimentos.

Possui espécies de vários estratos, desde

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Túnel

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Torre de Escalada

Equipada com muros de escalada, cano de

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Passarela:

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Torre do EscorregadorInspirada num típico brinquedo de

parquinho. O diferencial desta torre é o

desafio. Voltada para as crianças maiores -

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Cama de Gato

O espaço terá uma gama de elásticos, que irá formar a tradicional brincadeira da cama de gato, meio por onde a garotada terá o desafio de atravessar. Um exercício de movimentação, flexibilidade e raciocínio lógico.

Anfiteatro

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Anfiteatro Torre de escaladaTorre do escorregador

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66 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

ExistE um jEito EspEcial dE dEmonstrar o sEu amor

ExistE um jE ito intEl igEntE dE sE hospEdarDescubra o jeito inteligente de se hospedar. São mais de 4.000 hotéis conveniados no Brasil e no exterior para você utilizar até 35 diárias* por ano. Além disso, você conta com a assistência em viagens e com o Clube de Vantagens. Com o Clube Bancorbrás é assim: todo mundo viaja e se hospeda bem.

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Jornalista AprendizPor: Railde da Silva Nascimento

Fé motiva voluntáriosem espetáculo tradicional

de PlanaltinaAnônimos de várias profissões contribuem todos os anos para

encenação da Paixão de Cristo

Comerciantes, professores, funcionários públicos, técnicos, artistas plásticos. Estas são algumas pes-soas que trabalham o ano inteiro para promover a

tradicional via sacra da Paixão de Cristo, em Planaltina. Ao todo são 1.400 integrantes, entre os quais 1.100 atores e 300 técnicos, divididos em uma diretoria e mais 23 coordenações que são responsáveis pela programação da Semana Santa.

Mas afinal, o que faz tanta gente dedicar tempo e, em alguns casos, dinheiro do próprio bolso para garantir a realização de um dos mais tradicionais eventos religiosos da cidade? A fé é a resposta unânime entre os entrevis-tados e cada um deles tem uma história para contar. São relatos que envolvem fé, amor, dedicação ao próximo e satisfação pessoal.

O técnico em iluminação Paulo Micula representa bem a dedicação desses voluntários. Morador de São Paulo, ele

vem a Brasília todos os anos para participar dos quatro ensaios. Chega domingo, ensaia e volta na segunda-feira. Está no grupo há 26 anos e diz que a distância não é pretexto para deixar de vir participar. “Ver uma pessoa subindo o morro de joelhos. Ver aquela multidão aqui reunida para assistir à encenação não tem preço”.

Outro exemplo de dedicação é o servidor público Do-nizete Coelho, membro do grupo desde 1979. O curioso é que Donizete sempre atua com sua cadela Gisa. “O animal convivia com os mendigos na época. Essa foi a minha ideia - a de trazer um cachorro todos os anos para a encenação”, conta. Curado de um câncer recentemente, ele afirma com convicção em uma palavra o que o motiva a participar até hoje: “Jesus”.

Além da fé e do amor que motivam a festa, a Via Sacra ajuda na profissionalização. É o caso do cenógrafo Anderson Silva, criador das armaduras dos soldados ro-

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PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 67

ExistE um jEito EspEcial dE dEmonstrar o sEu amor

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ServiçoRailde da Silva Nascimento é estudante do 5° semestre de jornalismo do IeSB.

manos que se apresentam no morro da capelinha. Ele aperfeiçoou o figurino em busca de uma aproximação com o padrão do cinema holywoodiano. Além de muito estudo, ele contou com a orientação de alguns professores durante sua graduação em artes plásticas. Hoje, ele mantém um site onde divulga seu trabalho.

Como toda história, a paixão de Cristo envolve personagens que des-pertam sentimentos de amor e ódio, com destaque para a figura de Cristo. Interpretado pelo professor Saulo Humberto Soares, 37 anos, ele é a maior atração do evento. Porém, diz ter medo de se tornar um “ator estrela”. “Retrato a imagem de Cristo, mas nunca vou ser ele”, conta com humildade. Saulo par-ticipa do grupo há 19 anos e atua no papel de Cristo pela nona vez. Segundo ele, nestes anos muita coisa mudou, inclusive seu papel na encenação: depois de ser apóstolo, tornou-se Cristo.

Diferente de Cristo, Judas é discriminado e repudiado pelas pessoas. In-terpretado por Preto Rezende (um dos poucos atores profissionais do grupo), ele conta que o personagem é um dos que mais atrai a atenção do público. “Uma vez recebi uma pedrada”, conta aos risos. No entanto, essa reação não o incomoda. “Procuro entender, pois é o reflexo do meu trabalho. Estou no caminho certo”, diz ele.

Apesar do voluntarismo e do sacrifício, de acordo com o coordenador geral Carlos Alberto, entrar para o grupo da via sacra não é fácil, pois existe uma longa fila de interessados. “Não há requisito individual, mas temos que respeitar a capacidade de 1.400 membros”, ressalta.

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68 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

Propaganda e Marketing CARLOS GRILLO*

*CARLOS GRILLO Sócio Diretor da Monumenta Comunicação e Estratégias SociaisEmail: [email protected]: @carlosgrillo

Tenho dedicado boa parte do meu tempo a estudar e entender as novas dinâmicas do mercado. Em especial, aquelas que circunscrevem as relações

entre as empresas e os consumidores. Ou, num paralelo natural, entre o setor público e a sociedade. Nessa em-preitada, chamou minha atenção uma proposta conhe-cida como brand utility. Apesar de não ser um conceito novo, ele nunca foi tão atual e adequado. Sua proposta é simples: por que não conferir ao marketing uma utilida-de tangível? Por que não utilizar os talentos criativos da publicidade para buscar formas de devolver algo voltado para a comunidade? Por que não? As pessoas estão fartas de mensagens vazias, indesejadas e auto-elogiosas. O novo consumidor quer diálogos e experiências. Benjamin Palmer, co-fundador do Barbarian Group e entusiasta do conceito, diz que o brand utility é praticado quando “a marca se compromete com um relacionamen-to e, a partir daí, cria algo que é útil para você e que traz benefícios para sua vida. O foco não está tanto na relevância, mas na utilidade”. De fato, nada pode ser mais efetivo para uma marca do que criar em torno de si um ambiente de cumplicidade, confiança e interação. Mais ainda, quando baseado em experiências focadas no bem estar e no bem comum. Outra colocação do próprio Palmer esquenta o debate: “pelo mesmo dinheiro que se gasta nos modelos atuais de publicidade, poderíamos criar algo mais tangível, útil e reutilizável, que tivesse um papel mais importante na vida dos consumidores”. Sem-pre que ligo a TV ou abro um jornal, tendo a concordar com ele. Vejamos alguns exemplos interessantes de brand utili-ty citados por Max Lenderman, diretor do departamento experimental da premiada agência Crispin Porter + Bo-gusky, em seu ótimo livro “Admirável Marketing Novo”. Outdoor do banco sul africano Nedbank: uma única peça colocada em um bairro pobre de Alexandria. Bem simples, ele trazia a seguinte frase sobre um fundo liso:

“E se um banco realmente desse força às pessoas?”. Ao redor da placa, no entanto, foram instalados painéis solares que produziam energia suficiente para abastecer vários equipamentos comunitários, incluindo um prédio escolar. O outdoor levou o Grand Prix do badalado festi-val de Cannes de 2007. Ação do sabão em pó Tide em New Orleans: enquanto o governo estadunidense, submerso na burocracia, assis-tia inerte à destruição provocada pelo furacão Katrina, a Tide, marca da Procter & Gamble, resolveu agir. Ela criou o programa “Clean Start” em que um caminhão especial, munido de 14 máquinas de lavar e 18 secadoras, ia até as famílias desabrigadas e sem acesso a serviços básicos, lavar suas roupas. Uma ação simples, mas que mudou completamente a relação do povo do Mississipi com a marca. Campanha “Poupe suas tampas para poupar vidas” da empresa de laticínios Yoplait: para cada tampa devol-vida pelos consumidores, a Yoplait doava dez centavos de dólar para uma fundação envolvida com a cura do câncer de mama. Parece pouco, mas até 2009 o programa já havia levantado mais de US$ 18 milhões para a causa. Em outras palavras, o brand utility desafia o profis-sional de marketing a pensar ações capazes de encurtar o abismo entre o discurso e a prática. A agir mais do que falar. A oferecer mais experiências do que promessas. Um desafio que é ainda mais instigante para quem trabalha com contas de governo e do terceiro setor. Ou seja, na medida para os profissionais do mercado de Brasília. O desafio está lançado. Vamos tentar? Até a próxima semana.

MARKETING? PARA QUE SERVE ISSO, MESMO?

Page 69: Plano Brasília 93

PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011 69

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70 PLANO BRASÍLIA 19 DE ABRIL DE 2011

Continuando a visita ao Chile, fiquei surpreso com a quantidade de brasileiros por lá. Pensei que estava no Mercado de São Paulo, tal a algazarra e as inú-

meras pessoas que trajavam camisas de clubes de futebol de times brasileiros. Conversando com o Francisco, este me informou que 70% do turismo chileno é de brasileiros. O Chile tem uma bela estrutura enoturística. Para se ter uma ideia, li, não me lembro onde, que Santiago acaba de ser escolhida, pelo New York Times, como o melhor destino turístico do mundo para 2011. É uma cidade segu-ra, excelente serviço de limpeza urbana, muitas atrações culturais e magníficos restaurantes. Mas como nosso assunto é vinho, outra coisa que me chamou a atenção foi o fato dos produtores entenderem que não há mais espaço para os vinhos com 14/15 graus. Estes vinhos cansam. Bebe-se uma garrafa e pronto. Estão preocupados e começando a elaborar vinhos com menor teor alcoólico e mais frutados. Será que estão rompendo com Robert Parker? Hoje procuram elaborar vinhos delicados e mais finos no estilo francês. Dentro dessa linha, de baixar o teor alcoólico, dona Maria Luz Marins é uma das pioneiras e outros vêm seguindo-a, como é o caso da Couciño Macul , Tarapacá e etc. Aliás, por falar em francês, me lembrei da crescente qualidade que as castas Shiraz e Carménère estão tendo no novo mundo. A Cabernet Sauvignon que se cuide. Aqui estão usando bem as barricas de carvalho e os vinhos conservam muita fruta e são macios. Os vinhos de corte chilenos estão ficando excelentes e talvez os melhores do Novo Mundo. Cortes de Cabernet Sauvignon com Car-ménère e/ou Shiraz estão na moda. Destaco dois vinhos de corte que provei: Albis da Haras de Pirqué – um blend de Cabernet Sauvignon com Carménère produzido em parceria com o italiano Marchese Piero Antinori cujas famílias são muito amigas. É um excepcional vinho. Aliás, mesmo os mais baratos impressionam bem como o Haras Elegance.

E o outro bom corte e de preço barato é o Montes Seleccion Limitada, também Cabernet com Carménère e Merlot da Viña Montes. A Montes tem, no meu enten-dimento, uma das melhores relações qualidade/preço do mercado. No Brasil deve custar em torno de R$ 50,00 a R$60,00 reais. Também chama a atenção que hoje estão buscando novas fronteiras, como por exemplo, as possibilidades que oferecem as alturas da cordilheira dos Andes e as terras do sul. Atualmente, querem produzir vinhos mais frescos e ligeiros, mas sem perder a complexidade. Este é realmente um bom momento de visitar o Chile. Se em 2010 tiveram uma ótima safra que ajudou a minimi-zar os problemas causados pelo terremoto, o ano de 2011 dá pistas que podemos esperar uma safra excepcional ! Existem muitas vinícolas ao redor de Santiago, de fácil acesso e que vale a pena visitar. Eis algumas: Concha y Toro - de segunda a sexta das 10h às 17h Haras de Pirqué - tem que agendar a visita Indômita - todos os dias das 10h às 17h Matetic - tem 3 tipos de visita inclusive com opção de almoço. (Almocei lá e vale a pena) Casa Apostole, Viña Montes, Viu Manent Casa Marin - degustação entre U$17,00 a U$30,00 Altair - visita de segunda a sábado das 10h às 20h Os restaurantes - o melhor é o Astrid y Gaston - impe-cável!! A melhor comida de Santiago. Menciono também o Nolita - um dos melhores de comida italiana Mercado Municipal - excelente para os frutos do mar Adra - no Hotel Ritz Carlton e o Boragó na Avenida Vitacura 8369 E por fim, um alerta aos nossos produtores: o Chile está investindo pesado em novos mercados como a Rússia e a China.

um destino cobiçado II

Vinho ANTôNIO DUARTE*

Chile

*ANTôNIO DUARTEPresidente da filial brasiliense da Associação Brasileira de Sommeliers

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taA proposta deste livro é abordar as correlações entre estratégia de negócio, estratégia de RH e Cultura Organizacional e discutir como o alinhamento entre os três impacta na competitividade da empresa. O livro propõe discutir sobre Estratégia de Negócios, Cultura Organizacional e Gestão de Recursos Humanos de forma sistêmica, demonstrando que apenas com o alinhamento da Cul-tura Organizacional e da Estratégia de RH à Estratégia de Negócio, o RH estará agregando valor e competiti-vidade para a empresa.

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Frases

Brasília é uma cidade inóspita.

José Serra

Se o horário oficial é de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta?

Marta SuplicyQuando se vierem a escavar as minas escondidas no

meio destas montanhas, aparecerá neste sítio a terra prometida, donde fluirá leite e mel.

Dom Bosco

A criação de Brasília é um ato de afirmação humana que constitui um acontecimento na história da humanidade.

Arnold Toynbee

O céu é o mar de Brasília.

Lúcio Costa

Espero que Brasília seja uma cidade de homens felizes; homens que sintam a vida em toda sua plenitude, em toda sua fragilidade; homens que compreendam o valor das coisas simples e puras, um gesto, uma palavra de afeto e solidariedade.

Oscar Niemeyer

A maior agressão para um jovem é morar em Bra-sília, porque você vê aquelas coisas acontecendo no Planalto e Congresso e não pode fazer nada.

Renato Russo

O ruim de Brasília é que quando a gente chega lá percebe que a cidade está inacabada.

Oscar Niemeyer

A criação de Brasília, a interiorização do governo, foi um ato democrático e irretratável de ocupação efetiva do nosso vazio territorial.

Juscelino Kubitschek de Oliveira

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i nocência é a ausência total ou par-cial de discernimento ao praticar algum ato. A palavra inocência

é bonita e nos remete facilmente à imagem das crianças e do mesmo modo deve também ser carinhosa-mente associada aos doentes mentais.

A Lei 10.216/2001 assegura maior respeito aos que sofrem de problemas psíquicos, inibindo discriminações, garantindo tratamento, preservando direitos, mas instituições públicas estão longe de garantir cuidados e tranquilidade aos pacientes e fami-liares. A população, por sua vez, não conta com informação suficiente para lidar com pessoas que possuem com-portamentos peculiares.

O Código Civil reconhece a necessidade de adequação das leis e, quando trata da capacidade dos cidadãos, leva em conta a existência de perturbação mental e gradua a responsabilidade de acordo com a percepção da realidade e o enqua-dramento às normas de conduta que regem a vida em sociedade. Assim, uma pessoa só pode ser responsabili-zada por seus atos na medida de seu discernimento.

De maneira parecida, o Código Penal utiliza o termo “inimputável” para aquele que embora tendo cometido um crime, não estava no

momento do ato, com capacidade de reconhecer a sua ilicitude e nem lhe poderia ser exigida conduta dife-rente. O julgamento de pessoas que sofrem doenças mentais é delicado e por isso tem merecido toda cautela de nossos magistrados. Para o julga-mento de réu, cuja defesa sustenta a tese de doença mental, é necessário contar com a ajuda de psiquiatras e peritos profissionais da área de saúde, além da criteriosa análise das circuns-tâncias do crime. Diversas pessoas com diagnóstico de psicopatologia possuem pleno conhecimento do que é certo ou errado. Outras levam uma vida comum, mas por algum motivo alheio a sua vontade são tomadas por impulsos incontroláveis. Assim, há de ser apurado cada caso específico.

Embora a história aponte uma evolução quanto ao respeito aos por-tadores de transtornos mentais, o fato é que a maioria ainda está à margem da sociedade, sofrendo discriminação e sem acesso a tratamentos de saúde dignos e capazes de promover o bem estar e a integração à sociedade. Os familiares também sofrem com abandono dos poderes públicos. Por falta de conhecimento específico, a confusão que a maioria faz entre as diversas enfermidades – esquizofre-nia, psicopatia, paranóia, demência

etc – é fonte de preconceito e o incômodo faz com que nossos olhos permaneçam fechados.

O Art. 3o da Lei 10.216/2001 diz que o Estado é responsável pelo desenvolvimento da política de saúde mental e que a promoção de ações de saúde será prestada em instituições ou unidades que ofereçam assistência. Ocorre que o governo está gradativa-mente encerrando as atividades dos antigos locais de tratamento, os quais eram absolutamente inadequados e desumanos, mas não está oferecendo alternativa para aqueles que não podem contar com a família ou não possuem condições financeiras para arcar com o pagamento de clínicas particulares.

O Poder Público deve fazer a sua parte e promover assistência ade-quada além de instituir uma política séria de conscientização quanto às características dos transtornos e aos diversos tipos de medicação e trata-mentos eficazes. Hoje os cuidados estão entregues à boa vontade dos serviços comunitários, que embora se empenhem heroicamente, não podem atender toda a demanda.

Justiça MôNICA PONTE*

*Pós graduada em Processo Civil, especialista em Direito do Consumidor. Sócia do escritório PONTE SOARES & FERRAZ - Advocacia Empresarial

A inocênciade quem sofretranstorno mental

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Diz Aí, Mané

“Eu acho que vieram os extraterrestres e abduziram a

ética nacional”

“é vergonhoso ver o dinheiro enfiado em certas partes dos

senadores”

“Os corruptos desonestos…”

“Políticos que degrinem a imagem do país”

“A corrupção tinha que ter uma pena mais vitoriosa”

“Somos obrigados a viver de forma fantasiada” “Então eles cometem atos

flatulentos”

“O que mais falta no Brasil é a falta de ética”

“é hora dos brasileiros se revolucionarem”

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Cresça e Apareça ADRIANA MARQUES*

*Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.

dos nossos ideaisA busca

Vivemos, permanentemente, nos impondo objetivo e metas a serem alcançadas. Seja na vida pessoal, como pai, mãe, filho ou amigo, seja na vida pro-

fissional, como parceiro, sócio ou membro de um time de trabalho. A vida gira em torno dos resultados que nos propomos obter.

Existem aqueles objetivos que buscamos constante-mente. Trabalhamos, dia após dia, pensando no com-promisso em prover uma educação de qualidade para as crianças, pagar a parcela do carro novo e atender as ex-pectativas da família em relação a alimentação, moradia e qualidade de vida. Isso engloba o tipo de restaurante freqüentado, a academia, o combustível e todo o uni-verso de coisas necessárias para se manter o padrão de qualidade estabelecido.

Existem, ainda, os objetivos pontuais, como a viagem dos sonhos no final do ano, a casa nova ou a expansão dos negócios. Eles contribuem com o nosso crescimento. Somos motivados a buscar soluções, sermos mais assertivos e agir-mos de forma inteligente frente às nossas dificuldades.

Esta busca incessante nos torna pessoas mais capazes e mais preparadas para a vida.

A questão que quero colocar aqui é a consciência sobre a importância desta trajetória: a necessidade da busca por melhoria contínua. Trabalhamos arduamente para termos sucesso em um projeto. Uma vez que consegui-mos, o que isso nos traz além dos “lucros” e da satisfação por concluirmos, com êxito, nossa empreitada?

Precisamos fomentar a necessidade por metas mais ambiciosas. Pense sobre o quanto ganha, em termos financeiros, por mês. Numa linha do tempo, há quanto tempo ganha isso? Qual foi a melhora percentual? E em relação aos resultados das pessoas com as quais você convive, como foi a trajetória delas em relação a sua? E se falássemos sobre outros ganhos além do financeiro; o quanto você teve de êxito nos relacionamentos pessoais

ou profissionais? E a qualidade de comunicação e alinhamento de ex-pectativas com a sua família? Quanto a sua auto estima, ela vem crescendo ou diminuindo ao longo do tempo?

Propor este tipo de reflexão nos faz criar parâmetros sobre o tipo de sucesso que buscamos em nossas vidas. Além disso, é uma forma de redefinirmos aonde colocar nossa energia e foco, uma vez que encon-tremos pontos carentes.

O sucesso é um caminho e não um destino. O que quero dizer é que a jornada tem que valer a pena. Nossos troféus, além de muito co-memorados, devem servir de apoio e motivação para ações futuras mais audaciosas. Se existe algo que te impede de celebrar plenamente suas vitórias, vá atrás da resolução cabível. Busque estar inteiro.

Na vida, não existe um ponto de chegada e, sim, uma caminhada recheada de grandes conquistas, enormes feitos e a busca constante por resultados que nos façam cada vez mais orgulhosos da nossa história!

Fica o desafio: Qual é o seu pró-ximo passo?

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Menos burocraciapara quem empregae gera renda para o DFO Distrito Federal vive momentos de agonia intensa

em diversos setores. Alguns, inclusuive, ameçam o desenvolvimento econômico e a geração de empego

e renda. Brasília geme com gargalos crescentes em sua estrutura urbana, que ameaçam o patrimônio cultural da humanidade: transporte público de baixa qualidade, violência urbana batendo na porta; aumento da popula-ção de rua, em sua maioria, usuários de drogas como o crak. Um mal que devasta famílias inteiras. E desemprego crescente. Realidade que nos impele a repensar Brasília e sua infraestrutura urbana urgentemente. Não podemos continuar indiferentes a esse quadro desolador nem esperar apenas do Estado. Dados da Fe-comércio apontam que cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do DF vem da iniciativa privada. Mesmo assim milhares de estabelecimentos estão ameaçados de fechar as portas por conta da burocracia na emissão do al-vará de funcionamento, prejudicada por leis equivocadas, consideradas inconstitucionais. Uma Portária da Secretara de Governo suspendeu, em maio do ano passado, o efeito do alvará precário. Um verdadeiro tsunami na vida dos empresários. A Justiça considerou inconstitucional um artigo da Lei Nº 4457/9, em vigor, que substitui a carta de habite-se por um laudo técnico. Foram quase 12 mil alvarás revogados de lá para cá. Como consequência disso, a Agência de Fiscalização (Agefis) interditou diversos estabelecimentos comerciais e gerou um pânico generalizad nos comerciantes. Milhares de empresários e empreendedores no DF inteiro temem pelo futuro dos negócios e pela ameça iminente de desem-pregos.A novela dos alvarás em Brasília precisa ter um desfecho imediato. Para isso, governo e representantes do setor pre-cisa afinar o discurso e encontrar o melhor caminho. Os comerciantes não podem trabalhar com essa espada afiada

sobre as cabeças nem suportar mais tantas ingerências sob os ditames de leis equivocadas, que são substituídas umas por outras. Todas derrubadas pela Justiça. Consideradas inconstitucionais. Em três décadas foram quatro leis, sendo que a última, em vigor, espera decisão da Justiça. A Câmara Legislativa, por minha iniciativa, discutiu o assunto no dia 10 de março, em Comissão Geral que lotou o auditório da Casa com empresários, comerciantes, empreendedores e representantes da categoria de todas as regiões do DF, além de entidades representativas como Associação Comercial do DF (ACDF), Fecomércio e Fedaração da Indústria e do Comércio (Fiibra). A Procura-doria Geral do DF esteve presente a audiência pública. A Agefis, a Secretaria de Micro e Pequenas Empresas e a de Desenvolvimento Econômico também. Além de 16 dos 24 deputados. Sendo que dois deles se fizeram representar por meio de nota: Evandro Garla (PRB) e Roney Nemer (PMDB), que oficializaram o apoio deles ao tema em dis-cussão. O secretário de Governo, Paulo Tadeu, em nome do governador do DF, prometeu empenho do Estado junto ao Tribunal de Justiça para que a Lei em vigor, sobjudice, seja apreciada imediatamente. O secretário foi enfático: se a lei for considerada inconstitucional, o governo imediatamen-te apresenta um novo dispositivo na Câmara Legislativa. O procurador adjunto, Leandro Zannoni, também presen-te, adiantou que o material está preparado caso haja esta necessidade. Mas o secretário de Governo enfatizou que a expectativa e torcida de todos e, portanto, do governo também é para que a lei seja considerada constitucional. Nesse caso seriam feitas algumas formatações no corpo da lei e ponto final.

CHICO VIGILANTE*Ponto de Vista

*CHICO VIGILANTE Deputado, líder do bloco PT e PRB na Câmara Legislativa do Distrito Federal

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Eixo Monumental

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