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PLANO BÁSICO AMBIENTAL PBA Rodovia BR-242/TO Taguatinga Paranã Peixe TOMO II 2/3

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PLANO BÁSICO AMBIENTAL – PBA

Rodovia BR-242/TO – Taguatinga – Paranã –

Peixe

TOMO II – 2/3

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Tabela 8.1. Espécies Identificadas por Sitio.

FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR Sítios

1 2 3 4 5

Fabaceae (Leguminosae)

Mimosa sp. - x

Fabaceae (Leguminosae)

Mucuna pruriens (L.) DC. Pó-de-mico x

Fabaceae (Leguminosae)

Sclerolobium cf. paniculatum Vog. Carvoeiro x x

Flacourtiaceae Casearia decandra Jacq. Cambroé x

Icacinaceae Emmotum nitens (Benth.) Miers. Sôbre x

Lamiaceae Hyptis sp. - x

Lamiaceae Hyptis sp. 1 - x

Lecythidaceae Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Jequitibá-branco x

Malpighiaceae Banisteriopsis cf. latifolia (Juss.) Gates - x

Malpighiaceae Byrsonima cf. intermedia A. Juss. Murici x

Malpighiaceae Byrsonima fagifolia Nied. Murici x

Malpighiaceae Byrsonima sp. Murici x

Maranthaceae Thalia geniculata L. Caeté x

Melastomataceae Miconia sp. - x

Melastomataceae Tibouchina cf. aegopogon (Naud.) Cogn. - x

Meliaceae Cedrella fissilis Vell. Cedro-rosa x

Moraceae Brosimum gaudichaudii Tréc. Mamacadela x

Myrtaceae Eugenia dysenterica D C. Cagaita x x x

Myrtaceae Indeterminada 1 - x

Myrtaceae Psidium myrsinoides Berg. Araçá-de-veado x

Myrtaceae Psidium sp. 1 Goiabinha x

Ochnaceae Ouratea sp. - x

Poaceae (Gramineae)

Actinocladum sp. Taboca x

Poaceae (Gramineae)

Andropogon bicornis L.* Andropogon x

Poaceae (Gramineae)

Brachiaria decumbens Stapf.* Braquiária x

Poaceae (Gramineae)

Brachiaria sp.* Braquiária x

Poaceae (Gramineae)

Digitaria sp.* - x

Poaceae Echinolaena inflexa (Poir.) Chase Capim-flechinha x

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FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR Sítios

1 2 3 4 5

(Gramineae)

Poaceae (Gramineae)

Eleusine indica (L.) Gaertn.* Capim-pé-de-

galinha x

Poaceae (Gramineae)

Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf.* Capim-jaraguá x

Poaceae (Gramineae)

Indeterminada - x

Poaceae (Gramineae)

Panicum sp. - x

Poaceae (Gramineae)

Paspalum sp.* - x

Proteaceae Roupala brasiliensis Klotz. Carne-de-vaca x

Rubiaceae Alibertia edulis (L.C.Rich.) A. Rich. ex DC. Marmelada x

Rubiaceae Ferdinandusa sp. - x

Rubiaceae Psychotria sp. - x

Rubiaceae Tocoyena formosa (Cham. & Schlecht.) K.

Schum Genipapo-bravo x

Sapindaceae Dilodendron bipinnatum Radlk. Maria-pobre x x

Sapindaceae Magonia pubescens St. Hil. Tingui x

Sapotaceae Pouteria ramiflora Radlk. Guapeva x

Simaroubaceae Simarouba amara Aubl. Marupá x x x

Sterculiaceae Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba x

Sterculiaceae Waltheria sp - x

Styracaceae Styrax ferrugineus Nees & Mart. Laranjinha-do-

campo x

Tiliaceae Apeiba tibourbou Aubl. Jangada x

Tiliaceae Luehea cf. grandiflora Mart. & Zucc. Açoita-cavalo x x

Tiliaceae Luehea grandiflora Mart. & Zucc. Açoita-cavalo x x

Ulmaceae Trema micrantha (L.) Blume Cafezinho x

Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart. Pau-terra-grande x x x x

Vochysiaceae Qualea cf. multiflora Mart. Pau-terra-liso x

Vochysiaceae Qualea multiflora Mart. Pau-terra-liso x x

Vochysiaceae Qualea parviflora Mart. Pau-terra-miúdo x x

Vochysiaceae Vochysia sp. - x

Indeterminada Indeterminada 2 - x

Indeterminada Indeterminada 3 - x x

TOTAL - - 29 26 30 33 21

Nota: * Espécies consideradas invasoras, ruderais ou exóticas

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Fonte: EPIA Ambiental, 2004

Apresentado os principais dados obtidos nos levantamentos realizados na fase de EIA/RIMA para a Pavimentação da Rodovia BR-242/TO, tomou-se como base, a definição dos sub-trechos, conforme consta do Projeto Básico de Engenharia do Projeto (SEINF/TO e DNER) para a elaboração do Programa de Supressão de Vegetação.

Outro procedimento executado foi adotar a legenda do Mapa de Vegetação do empreendimento constante no EIA/RIMA relacionando-a com a delimitação de cada sub-trecho, para obter a relação de cada fitofisionomia identificada com a respectiva área em hectares. Salienta-se que essa relação foi calculada para toda faixa de domínio da rodovia, com largura de 80,0 m numa extensão total de 259,53 km.

Basicamente, a obra da BR-242 ocorrerá dentro dos limites da faixa de domínio da rodovia, a qual apresenta uma área total de 2.076,24 hectares no trecho em estudo, e que potencialmente poderá ter sua vegetação suprimida para fornecer as condições necessárias quanto à implantação do empreendimento. No entanto, objetivando conciliar as atividades da obra e a conservação da vegetação ao longo da rodovia, estimasse que as atividades construtivas ficarão restritas a uma largura de 40 metros na faixa de domínio. Desta maneira, a estimativa de supressão de vegetação a ser realizado durante a etapa de desmatamento e limpeza será calculada para uma faixa de 259,53 km de comprimento por 40 metros de largura (leito estradal + caminhos de serviço), totalizando uma área de 1.038,12 hectares. Foram realizados cálculos referentes à porcentagem de cada legenda (vegetação e forma de uso e ocupação) identificada em relação ao total da área a ser suprimida no sub-trecho respectivo.

As tabelas 8.2 a 8.6 apresentam as áreas em hectares relacionando a legenda que ocorre para cada sub-trecho que poderá ser suprimida totalmente. Com base no novo buffer criado (área de 1038,12 hectares) apresenta-se na Tabela 8.7 a relação geral entre as áreas, em hectares, de cada tipo legenda registrada, bem como a relação percentual para cada item especificado.

Com base no novo buffer criado (área de 1038,12 hectares) apresenta-se na Tabela 8.7 a relação geral entre as áreas, em hectares, de cada tipo legenda registrada, bem como a relação percentual para cada item especificado.

Tabela 8.2. Sub-trecho 1.

LEGENDA Área (ha) %

1 - Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado 58,23 25,7%

2 – Área Antropizada 23,56 10,4%

3 – Cerradão 15,63 6,9%

4 - Cerrado Sentido Restrito (S.R.), Cerrado Denso 60,27 26,6%

5 – Mata Galeria, Mata Ciliar 15,63 6,9%

6 - Matas Secas 3,63 1,6%

7 - Pastagem, Área Agrícola 0,91 0,4%

8 - Campo Úmido, Campo Limpo, Brejo, Vereda 48,71 21,5%

Total 226,57 100,0%

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Tabela 8.3. Sub-trecho 2.

LEGENDA Área (ha) %

1- Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado 49,39 39,6%

2 – Área Antropizada 5,11 4,1%

3 – Cerradão 4,61 3,7%

4 - Cerrado Sentido Restrito (S.R.), Cerrado Denso 18,33 14,7%

5 – Mata Galeria, Mata Ciliar 18,96 15,2%

6 - Matas Secas 9,85 7,9%

7 – Pastagem, Área Agrícola 0,50 0,4%

8 - Campo Úmido, Campo Limpo, Brejo, Vereda 17,96 14,4%

Total 124,72 100,0%

Tabela 8.4. Sub-trecho 3.

LEGENDA Área (ha) %

1- Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado 109,40 45,7%

2 - Área Antropizada 22,50 9,4%

3 – Cerradão 3,83 1,6%

4 - Cerrado Sentido Restrito (S.R.), Cerrado Denso 6,70 2,8%

5 - Mata Galeria, Mata Ciliar 6,46 2,7%

6 - Matas Secas 0,00 0,0%

7 – Pastagem, Área Agrícola 20,35 8,5%

8 - Campo Úmido, Campo Limpo, Brejo, Vereda 70,14 29,3%

Total 239,39 100,0%

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Tabela 8.5. Sub-trecho 4.

LEGENDA Área (ha) %

1- Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado 60,16 29,3%

2 – Área Antropizada 61,19 29,8%

3 - Cerradão 4,31 2,1%

4 – Cerrado Sentido Restrito (S.R.), Cerrado Denso 9,03 4,4%

5 – Mata Galeria, Mata Ciliar 9,65 4,7%

6 - Matas Secas 3,29 1,6%

7 - Pastagem, Área Agrícola 22,38 10,9%

8 - Campo Úmido, Campo Limpo, Brejo, Vereda 35,32 17,2%

Total 205,32 100,0%

Tabela 8.6. Sub-trecho 5.

LEGENDA Área (ha) %

1 - Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado 59,32 24,5%

2 – Área Antropizada 46,49 19,2%

3 – Cerradão 9,20 3,8%

4 - Cerrado Sentido Restrito (S.R.), Cerrado Denso 47,94 19,8%

5 – Mata Galeria, Mata Ciliar 27,84 11,5%

6 - Matas Secas 19,13 7,9%

7 – Pastagem, Área Agrícola 1,45 0,6%

8 – Campo Úmido, Campo Limpo, Brejo, Vereda 30,75 12,7%

Total 242,11 100,0%

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Tabela 8.7. Legenda X Área Total.

LEGENDA Área (ha) %

1 – Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado 336,35 32,4%

2 – Área Antropizada 157,79 15,2%

3 – Cerradão 37,37 3,6%

4 - Cerrado Sentido Restrito (S.R.), Cerrado Denso 142,22 13,7%

5 – Mata Galeria, Mata Ciliar 78,90 7,6%

6 - Matas Secas 36,33 3,5%

7 – Pastagem, Área Agrícola 45,68 4,4%

8 – Campo Úmido, Campo Limpo, Brejo, Vereda 203,47 19,6%

Total 1038,12 100,0%

Analisando os resultados, em relação aos tipos de vegetação e formas de uso e ocupação identificadas ao longo da faixa de domínio da rodovia BR-242/TO, no trecho de projeto, pôde-se constatar inicialmente que para cada sub-trecho ocorrem áreas diferenciadas em termos de vegetação a ser impactada com a necessária supressão da mesma.

As fitofisionomias mais afetadas são as de Cerrado Sentido Restrito (SR), Cerrado Denso com 60,27 hectares, no sub-trecho 1 e Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado nos demais sub-trechos, com 49,39 hectares, 109,40 hectares, 60,16 hectares e 59,32 hectares, respectivamente.

Salienta-se que do somatório das áreas de cada fitofisionomia identificada nos 5 sub-trechos, as mais impactadas serão as de Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado com cerca de 336,35 hectares, o que corresponde a 32,4% do total da área (1.038,12 hectares) - (Tabela 8.7)

A Mata de Galeria, importante fitofisionomia que atua no controle dos processos erosivos que carreiam de sedimentos para as calhas de cursos d’água, será impactada em cerca de 78,90 hectares ao longo de todos os 5 sub-trechos, correspondendo a 7,6% da área total a ser suprimida (Tabela 8.7).

A Mata Seca, fitofisionomia singular na região do Cerrado do Brasil, será impactada nos sub-trechos 1, 2, 4 e 5 (tabelas 8.2, 8.3, 8.5 e 8.6). No sub-trecho 3 não haverá supressão da Mata Seca (Tabela 8.4.). No sub-trecho 5 ocorrerá a maior supressão (19,13 hectares) – (Tabela 8.6).

O total da área de Mata Seca (36,33 hectares) a ser suprimido atinge cerca de 3,5 % da área total do empreendimento (Tabela 8.7).

A legenda da Área Antropizada e a Pastagem - Área Agrícola respondem por 157,79 hectares e 45,68 hectares, respectivamente, o que totaliza 15,2% e 4,4% da área total definida para supressão da vegetação.

Os dados obtidos com a Área Antropizada e Pastagem - Área Agrícola (203,47 hectares) se comparados com o número que responde pela vegetação nativa presente na área (834,64 hectares), denotam que a área ainda não recebeu um impacto maior quanto à forma de ocupação, garantindo um maior percentual de vegetação nativa, ou seja, 80,40% em contraposição de 19,7%.

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O gráfico 8.5 mostra que a presença da ocupação antrópica na área do estudo é bem inferior à ocorrência de vegetação nativa.

157,79

834,64

45,68

Área Antropizada Pastagem/Área Agrícola Vegetação Nativa

Gráfico 8.5. Ocupação Antrópica/Vegetação Nativa x hectares.

No gráfico 8.6 apresenta-se a área total de cada legenda, onde constata-se que a mais impactada será a de Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado (32,4%) e a menor a Mata Seca (3,5%).

32,4

15,23,613,7

7,6

3,5

4,4

19,6

1 2 3 4 5 6 7 8

Gráfico 8.6. Legenda x % da área total.

A legenda do Mapa de Vegetação distingue o tipo de vegetação existente e a forma de uso e ocupação está descrita a seguir. Em função da escala de trabalho, foi também implementada uma associação das formas de vegetação identificadas, que no conjunto apresentam semelhanças em sua constituição e porte.

Legenda do mapa de vegetação:

1. Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Campo Sujo de Cerrado

2. Área Antropizada

3. Cerradão

4. Cerrado Sentido Restrito (SR), Cerrado Denso

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5. Mata de Galeria, Mata Ciliar

6. Matas Secas

7. Pastagem, Áreas Alteradas

8. Campo Úmido, Campo Limpo, Brejo, Vereda

1.6.4. Estimativa de Volume

O volume a ser produzido, com a supressão da vegetação da área, foi baseada nos dados obtidos no levantamento de campo com a demarcação dos sítios de amostragem.

O levantamento de campo demarcou os sítios de amostragem nos sub-trechos, a saber:

a) Sítio 1 – Sub-trecho 5

b) Sítio 2 – Sub-trecho 4

c) Sítio 3 – Sub-trecho 4

d) Sítio 4 – sub-trecho 3

e) Sítio 5 – sub-trecho 1

Não foi demarcado nenhum sítio de amostragem no sub-trecho 2.

Os volumes obtidos para cada sítio de amostragem referenda os números apresentados na tabela 8.8.

Tabela 8.8. Estimativa média de volume de material lenhoso.

Sítio Fitofisionomia

Principal Nº da Parcela

Volume por Parcela (m³)

Volume Total (m³)

Volume Médio por Sítio (m³)

1

Mata Seca

1 3,63

22,01

7,33 2 9,59

3 8,79

2

Mata de Galeria

1 1,50

2,57

0,85 2 0,85

3 0,22

Campo Cerrado

4 0,09

0,71

0,23 5 0,38

6 0,24

3

Cerrado Sentido Restrito

1 0,25

1,48

0,49 2 0,80

3 0,43

4

Cerradão

1 0,41

1,86

0,62 2 0,70

3 0,73

5

Vegetação

1 1,64

2,05

0,68 2 0,36

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Sítio Fitofisionomia

Principal Nº da Parcela

Volume por Parcela (m³)

Volume Total (m³)

Volume Médio por Sítio (m³)

Antropizada 3 0,04

Salienta-se que os volumes encontrados referem-se ao levantamento das parcelas, respectivamente lançadas com dimensões de 10m x 10m (100m²) em cada sítio de amostragem.

Estimativamente, o volume de material lenhoso a ser produzido com a supressão da vegetação na área total do empreendimento, ou seja, 1.038,12 hectares, é apresentado na tabela 8.9, tendo sido calculado para cada legenda.

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Tabela 8.9 Estimativa Total de Volume de Material Lenhoso.

Legenda Área Total

(ha) Volume Médio

(m³) Volume Total

(m³)

- Campo Cerrado/Cerrado Ralo/Campo Sujo de Cerrado 336,35 0,23 77,36

- Área Antropizada (1) 157,79 - -

- Cerradão 37,37 0,62 23,16

- Cerrado Sentido Restrito(SR)/ Cerrado Denso 142,22 0,49 69,68

- Mata Galeria/Mata Ciliar 78,90 0,85 67,06

- Mata Seca 36,33 7,33 266,29

- Pastagem/Área Agrícola (2) 45,68 - -

- Campo Úmido/Campo Limpo/Brejo/Veredas (3) 203,47 - -

Total 1038,12 - -

Notas:

(1) Área Antropizada – área desmatada, ocupada ou não.

(2) Pastagem/Área Agrícola – área desmatada, ocupada ou não, destinada para desenvolvimento de atividades agropecuárias.

(3) Campo Úmido/Campo Limpo/Brejo/Vereda – área caracterizada como de elevada Sensibilidade Ambiental, ou de Preservação Permanente, merecendo avaliação in locu para expedição de autorização específica para supressão da vegetação.

8.6.7. Critérios para remoção da cobertura vegetal

A remoção da cobertura vegetal é iniciada com o estabelecimento das áreas preferenciais para construção de canteiros, trânsito de maquinário e veículos, manobras e manutenção. Os pátios de obra deverão ser instalados em área preferencialmente desprovida de vegetação nativa, sendo as áreas escolhidas e todas as operações executadas em área de cobertura vegetal nativa serão feitas sob supervisão de engenheiro florestal.

Quando inevitável, o corte das árvores nativas ou exóticas deverá ser feito prevendo-se a queda para o lado desmatado, para evitar danos desnecessários à vegetação do entorno.

Será considerada como medida de proteção à vegetação nativa, a manutenção das características do substrato de crescimento das plantas (solo), mantendo-o inalterado, tanto quanto possível. Deve-se evitar o soterramento da vegetação herbácea e do horizonte superficial do solo por material de aterro ou decorrente de carreamento pela drenagem no decorrer das obras. Tanto a serrapilheira, os restos da vegetação removida (ramos e folhas) como o horizonte superficial do solo (horizonte A), deverá ser recolhido e utilizado nas áreas a serem recuperadas ou em substrato para a produção de mudas em viveiro.

A serrapilheira é o material orgânico solto na superfície de formações florestais, composto de folhas, frutos, galhos, dentre outros, em decomposição, e colonizado por microorganismos, insetos, sementes e outros propágulos vegetativos. Sendo este um rico banco genético de toda a vegetação existente no ambiente. Tem ainda a função de proteger a superfície do solo dos raios solares e da perda de umidade, criando um habitat ideal para a sobrevivência da microfauna do solo.

Alguns estudos demonstram que na utilização da serrapilheira para recomposição do substrato do solo em recuperação de pequenas áreas degradadas, as plantas nascidas dela promovem uma cobertura mais rápida e densa ao solo. O crescimento de árvores em áreas que perderam os

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horizonte superficiais do solo é inferior ao desenvolvimento das mesmas espécies em solos não degradados, mesmo quando melhoradas as características físicas e químicas desses substratos.

Todos os resíduos decorrentes das obras e operação do canteiro de obras deverão ser removidos após a desmobilização destes, preparando-se as áreas para recuperação ambiental, através de revegetação ou paisagismo.

a. Remoção da Arborização Existente

Para a remoção das árvores deverão ser tomados os cuidados necessários ao corte de árvores de grande porte: o trabalho deverá ser executado por operador de moto-serra experiente. Deverá ser observada a direção da queda, evitando a pista, as árvores adjacentes (risco de tombamento em cadeia e com direção não controlada) e demais indivíduos que não serão derrubados. Para o abate da árvore, será feita uma boca de corte que pode ser feito de três maneiras: convencional, em vê “V” ou invertido, a profundidade da boca de corte deve ser de aproximadamente de 1/3 a 1/4 do diâmetro da árvore e com uma abertura de aproximadamente 45º. Há necessidade de se fazer um corte traseiro numa altura de 2 cm acima da boca de corte e a profundidade deve ser até sobrar um filete de ruptura de 2 a 5 cm para evitar prender a moto-serra e evitar também o rebote da árvore.

Em caso de área declivosa ou em desnível, deve ser considerada para o isolamento e avaliação de riscos a direção de rolagem possível da árvore ao tombar.

Cabe ressaltar que não será permitido o uso do implemento denominado “correntão” para o desmatamento uma vez que essa técnica foi proibida pelos órgãos ambientais.

b. Equipamentos de proteção individual

Por ser um equipamento de corte (muito perigoso), a moto-serra requer além de treinamento do operador e peças de segurança, requer ainda alguns equipamentos de segurança individual. São eles:

Capacete com viseira e protetor auricular – protege a cabeça do impacto de galhos e mesmo árvores, os olhos e a face de partículas de madeira e o ouvido do excesso de ruído que pode chegar a mais de 100 dBA. Na legislação, só é permitido no máximo 85 dBA para 8 horas de trabalho por dia;

Calça de nylon – é uma calça especial com muitas camadas de nylon que enrola a corrente da moto-serra e não atinge o operador quando esta pega na calça;

Coturno – coturno de couro com biqueira revestida internamente com aço para resistir ao impacto da corrente e nylon na parte superior (na língua);

Luvas – também revestidas com camadas de nylon na parte superior;

Blusa – normalmente de manga comprida de algodão para absorver o suor e com cores que facilitam a visualização do trabalhador no interior da área florestal.

8.7 Recursos Humanos e Materiais

Os recursos humanos e materiais necessários para o bom desenvolvimento deste Programa, encontram-se definidos nas tabelas 8.10 e 8.11.

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Tabela 8.10: Recursos humanos.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

AÇÃO

Engenheiro Florestal 1 24 Coordenação dos trabalhos.

Técnico agrícola 1 24 Acompanhamento direto das

atividades previstas no programa

Operadores de Trator de esteira

2 24 Operação de equipamentos para

derrubada de vegetação.

Operadores de Trator com carreta

2 24 Operação de equipamentos para

transporte da vegetação derrubada.

Operadores de motosserra 3 24 Operação de motosserra.

Trabalhadores braçais 6 24 Coleta de aproveitamento de madeira.

Motorista 1 24 Condução de veículos automotor.

Tabela 8.11: Recursos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

Motoserra 3 24

Corrente reserva 3 24

Sabre 3 24

Ferramentas de Manutenção 1 24

Capacete com viseira 3 24

Calça de nylon 3 24

Coturno de couro com biqueira revestido internamente com aço

3 24

Protetor auricular 6 24

Luvas de nylon 6 24

Blusa de manga comprida de algodão

6 24

Óleo lubrificante 2 tempos 275litros/mês 24

Aluguel de veículo (traçado) 1 24

Combustível (diesel) 275litros/mês 24

8.8. Instituições Envolvidas

DERTINS;

Empresas contratadas e organizações conveniadas;

IBAMA;

NATURATINS.

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8.9. Cronograma de Físico de Implantação

O Programa de Supressão da Vegetação deverá ser executado em conformidade com o cronograma de execução das obras de construção da rodovia BR-242/TO.

Na tabela 8.12 é apresentado o cronograma físico de implantação referente às ações a serem executadas no presente Programa.

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Tabela 8.12: Cronograma físico de implantação.

AÇÃO MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Remoção da cobertura vegetal X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Transporte de material vegetal para a recuperação de áreas alteradas

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Elaboração de relatórios X X X X X X X X X X X X X

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8.10. Estimativa de Custos

Nas tabelas 8.13 e 8.14 são apresentadas às estimativas de custos relativos a contratação de profissionais e o consumo de materiais necessários para o desenvolvimento do Programa.

Tabela 8.13: Estimativa de custos para a contratação dos profissionais.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

PREÇO UNITÁRIO (R$)

PREÇO TOTAL (R$)

Engenheiro Florestal 1 24 4.707,58 112.981,92

Técnico agrícola 1 24 2.379,08 57.097,92

Operadores de Trator de esteira

2 24 800,00 38.400,00

Operadores de Trator com carreta

2 24 800,00 38.400,00

Operadores de motosserra

3 24 300,00 21.600,00

Trabalhadores braçais 6 24 260,00 37.440,00

Motorista 1 24 580,00 13.929,36

TOTAL 319.849,20

Tabela 8.14: Estimativa de custos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

PREÇO UNITÁRIO (R$)

PREÇO TOTAL (R$)

Motoserra 3 24 1.750,00 5.250,00

Corrente reserva 3 24 70,00 210,00

Sabre 3 24 45,00 135,00

Ferramentas de Manutenção 1 24 30,00 30,00

Capacete com viseira 3 24 40,00 120,00

Calça de nylon 3 24 105,00 315,00

Coturno de couro com biqueira revestido

internamente com aço 3 24 178,00 534,00

Protetor auricular 6 24 2,00 12,00

Luvas de nylon 6 24 12,50 75,00

Blusa de manga comprida de algodão

6 24 10,00 60,00

Óleo lubrificante 2 tempos 275L/mês 24 4,00/Litro 26.400,00

Aluguel de veículo (traçado) 1 24 3.353,35/mês 80.480,40

Combustível (diesel) 275litros/mês 24 1,80/litro 11.880,00

TOTAL 125.501,40

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O custo final deste projeto é o somatório dos dois montantes, ou seja, R$ 445.350,60. Quaisquer alterações advindas de modificações de projetos serão realizadas quando da definição dos projetos no momento da obra.

8.11. Implantação, Acompanhamento e Avaliação do Programa

A implantação deste PSV será de responsabilidade do DERTINS, por meio da Coordenação de Gestão Ambiental - CGA. A execução dos serviços, previstos neste programa, será realizada

pelas empreiteiras contratadas para a construção do empreendimento, fiscalizadas pela

equipe técnica do PSV.

O acompanhamento será realizado pelo coordenador do PSV e pela Supervisão Ambiental da obra. A avaliação das atividades será de responsabilidade da equipe do CGA.

Como instrumentos de acompanhamento e avaliação serão emitidos relatórios mensais, elaborados pelo coordenador do PSV. Ao final deste programa será elaborado um Relatório Final de Avaliação a ser encaminhado à CGA.

8.12. Referências Bibliográficas

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LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, v. 1, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000.

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LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, v. 2, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000.

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Referências Virtuais

Http: //www.guiadotocantins.com.br/info_gerais.htm

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9. Programa de Controle de Processos Erosivos - PCPE

9.1. Introdução

O Programa de Controle de Processos Erosivos - PCPE da rodovia BR 242/TO é embasado nas condições ambientais características de todo o trecho Taguatinga-Paranã-Peixe, as quais sofrerão influências e alterações. Sempre correlatas, a retirada da vegetação e as alterações no relevo, aliadas às características morfológicas e geológicas das áreas impactadas, resultam em alterações substanciais nos processos do meio físico.

Dessa forma, é de fundamental importância a execução das obras com o controle dos processos erosivos, além de considerar o fato de que o empreendimento está inserido em um bioma de extrema sensibilidade a processos erosivos, o Cerrado. Cuidados ambientais operacionais deverão ser tomados procurando ao máximo minimizar os impactos negativos gerados pelo processo construtivo da obra.

9.2. Justificativa

A evolução de processos erosivos às margens da estrada, seja nos cortes de taludes ou nos aterros, pode tanto causar danos à estrutura da estrada como acidentes aos usuários. Portanto a execução de programas que visam a contenção destes processos é de suma importância na conservação do corpo estradal e na proteção dos usuários da estrada.

Além dos danos humanos e materiais, a ocorrência de processos erosivos tem influência direta sobre o meio ambiente, afetando os meios físico e biótico, principalmente, devido ao carreamento de partículas e materiais inertes para o interior dos corpos hídricos.

9.3. Objetivos

Este programa visa minimizar os impactos ambientais causados pelos processos erosivos nas etapas construtivas do empreendimento, com a aplicação de ações operacionais específicas de controle.

Estas ações operacionais visam promover a recomposição do equilíbrio em áreas porventura desestabilizadas e com processos erosivos desencadeados, como também evitar a instalação dos mesmos, contribuindo para a redução da perda de solos e do assoreamento da rede de drenagem. Tais ações se traduzem na implementação de um elenco de medidas e dispositivos adequados, associadas a um conjunto de condicionantes a serem observadas no processo construtivo, que possibilitam reduzir as situações específicas de risco de ocorrência de processos erosivos laminares, lineares e de processos ativos preexistentes, assim como de estabilizações, que possam vir a comprometer o corpo estradal ou atingir áreas limítrofes.

9.4. Metas

As metas principais a serem alcançadas com a execução do presente Programa são:

Reduzir a perda de solo e de outros materiais das áreas trabalhadas na implantação da obra;

Impedir o carreamento de materiais particulados e inertes para os cursos hídricos provenientes das atividades operacionais do processo construtivo do empreendimento;

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9.5. Alvo

Este Programa atuará diretamente nas seguintes etapas construtivas do empreendimento:

Obras de terraplenagem;

Obras de drenagem;

Execução de aterros, cortes e bota-foras;

Exploração de jazidas e caixas de empréstimo;

Instalação e operação de Canteiros de Obra, instalações industriais e equipamentos em geral;

Execução de desmatamento e limpeza de terrenos;

Construção e operação de caminhos de serviço;

9.6. Metodologia e Descrição do Programa

9.6.1. Identificação dos Elementos Caracterizadores da Região

a. Elementos Naturais de Desencadeamento do Processo Erosivo

Para a atuação no controle dos processos erosivos é importante que se conheça quais são os elementos naturais responsáveis pelo seu desencadeamento e como este se comporta dentro do processo.

O processo erosivo é desencadeado em um ambiente fisicamente equilibrado mediante a alteração de pelo menos um dos quatro elementos destacados a seguir:

Chuva

A precipitação, importante indicador do quadro climático, atua no tempo de formação do processo erosivo dependendo de sua regularidade, duração e intensidade. Chuvas torrenciais ou pancadas de chuvas intensas constituem a forma mais agressiva de impacto da água no solo. Durante estes eventos, a aceleração da erosão é máxima, acirrando processos ativos de ravinamento e voçorocamento de maneira extremamente rápida, criando, muitas vezes, situações emergenciais. Na área em estudo, com precipitações pluviométricas da ordem de 1.500mm/ano, estão presentes eventos dessa natureza.

Relevo

As características do relevo refletem-se na intensificação de processos erosivos. Maiores velocidades de erosão podem ser esperadas em relevos acidentados, como morros, do que em relevos suaves, como colinas amplas, pois declividades mais acentuadas favorecem a concentração e maiores velocidades de escoamento das águas superficiais, aumentando sua capacidade erosiva. Associativamente, os serviços de terraplenagem nesses terrenos, com retirada ou acúmulo de materiais, modificando as condições topográficas, a geometria e o estado de tensões originais, seja pelo alívio de cargas ou carregamento, podem dar origem a processos do meio físico ao desestruturar solos e expor seus horizontes mais sensíveis, levando à erosão laminar mais intensa, sulcos, ravinas e, inclusive, voçorocas. Em terrenos inclinados, a modificação da geometria e da resistência mecânica do solo e da rocha potencializa a formação de processos de escorregamento ou quedas de blocos, enquanto que, em terrenos sujeitos a rastejos, o processo pode ser intensificado, particularmente em corpos de tálus.

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Solo

A natureza dos solos constitui um dos principais fatores indicativos da suscetibilidade dos terrenos à erosão. Quando resultantes de processos pretéritos de erosão, transporte, deposição e sedimentação em encostas, formam os tálus ou colúvios, constituídos por composição e granulometria bastante heterogênea e a presença de materiais originários de matrizes argilosas e arenosas. Esses terrenos são altamente instáveis quando processadas alterações em sua geometria (cortes e aterros) e em seu sistema de infiltração e percolação de água. Quanto mais arenosa a textura do solo, menor o grau de coesão de suas partículas e maior o potencial de instalação e desenvolvimento de processos erosivos, comparativamente aos solos argilosos. Esses processos apresentam-se fundamentalmente associados a deficiências do sistema de drenagem e da proteção vegetal.

Vegetação

A cobertura vegetal exerce importante papel na estabilidade do solo, na medida em que amortece o impacto da chuva, regulariza e reduz o escoamento superficial, a remoção e o transporte de partículas de solo e favorece a infiltração da água no solo. As culturas agrícolas e pastagens oferecem relativa proteção superficial ao solo, embora, em áreas declivosas, essa proteção seja mais efetiva quando há sistemas radiculares profundos. O manejo inadequado do solo e também as deficiências na drenagem de áreas agrícolas são causas freqüentes da instalação de processos erosivos.

b. Determinação dos Locais de Incidências Potenciais a Instalação de Processos Erosivos

Para identificação das áreas mais sensíveis à ocorrência dos processos erosivos, deverão ser realizados os seguintes levantamentos ao longo de todo o traçado do empreendimento:

Mapeamento, indicativo das áreas de ocorrência de afloramentos rochosos com os seus respectivos estágios de alteração, a tipologia da rocha e outras particularidades notáveis como fraturas, friabilidade etc;

Indicação dos talvegues a montante eixo da rodovia ou com influência nas áreas de corte/aterro;

A existência de taludes em processo de instabilização, onde o movimento de massas possa alterar as contribuições dos talvegues para os taludes considerados;

Indicação da existência de sulcos de erosão em qualquer estágio de desenvolvimento;

Mapeamento do tipo de recobrimento vegetal com o detalhamento das diferentes espécies de plantas ocorrentes na faixa de domínio da rodovia;

Indicação das áreas mais elevadas com conformação de contrafortes definidores das bacias de captação de precipitações pluviométricas;

O zoneamento das ocorrências de horizontes de solos diferenciados como colúvios, solos residuais, depósitos de tálus.

9.6.2. Descrição das Atividades e Metodologias de Trabalho

As atividades concernentes à implantação do Programa agregam a execução de medidas de caráter preventivo e corretivo e deverão observar durante a execução das obras, o disposto nos dispositivos estabelecidos neste Programa.

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a. Cuidados Ambientais nas Principais Etapas Construtivas da Obra

A seguir serão apresentados os principais cuidados ambientais a serem seguidos pelas empresas construtoras, contratadas para execução das obras, de maneira a controlar os processos erosivos, de acordo com cada etapa construtiva da obra.

Instalação dos Canteiros de Obras

Apesar dos Canteiros de Obras serem objeto de licenciamento a parte pelas empreiteiras, segue uma listada de recomendações que serão cobradas pela fiscalização ambiental do empreendimento:

A área de implantação dos canteiros não pode ser susceptível à instalação de processos erosivos;

A instalação do canteiro-de-obras deverá contemplar a implantação de um sistema de drenagem específico para cada local, de contenção de erosão específico, e de estabilização, dentre outros;

Quando da necessidade de realização de serviços de terraplenagem no pátio do Canteiro de Obras, estes deverão ser objeto de planejamento prévio, com a finalidade de se evitar e/ou minimizar a exposição desnecessária dos solos à ação das águas superficiais. O solo orgânico deverá ser raspado e estocado em pilhas ou leiras de até dois metros de altura, protegidas do carreamento pelas águas pluviais. Este material deverá ser posteriormente utilizado no Programa de Recuperação de Áreas Alteradas;

Quando da necessidade de realização de cortes e aterros no Canteiro, estes deverão estar previstos em projetos específicos, os quais contemplarão sistema de drenagem apropriado a proteção com cobertura vegetal de espécies gramíneas e arbustivas.

Obs.: Todo e qualquer serviço de implantação do Canteiro, desde a limpeza do terreno até a edificação dos componentes do mesmo, deverá ser realizada após a obtenção da Licença de Instalação do Canteiro de Obra e precedida de autorização formal da Fiscalização Ambiental do DERTINS.

Desmatamento e de Limpeza

Este serviço deverá ser orientado a limitar-se ao estritamente necessário à implantação das obras na faixa estradal (pista + acostamento + aceiros laterais);

Limitar a abertura de canchas;

Manter a execução do corte estritamente no limite definido na Nota de Serviço;

Para os espécimes vegetais com DAP > 10 cm fazer o corte seletivo com moto-serra e proceder o empilhamento da madeira para posterior transporte. A madeira oriunda do corte só poderá ser transportada com a respectiva ATPF (Autorização para o Transporte de Produtos Florestais) a ser obtida no órgão florestal licenciador;

O desmatamento nas Áreas de Preservação Permanente deverá se restringir ao mínimo de vegetação ciliar, inclusive na implantação de pontes e/ou bueiros.

Caminhos de Serviço

As áreas selecionadas para a abertura de trilhas, caminhos de serviço e entradas de acesso não devem ser susceptíveis a processos erosivos;

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Sempre deverão ser priorizados traçados que não transponham as cotas do terreno de maneira abrupta, de maneira a não criar locais que dificultem o acesso de máquinas e caminhões;

Quando da implantação dos caminhos de serviço, deverão ser utilizados os artifícios necessários para escoamento das águas pluviais de seu leito, tais como: canaletas; lombadas; “bigodes”; bueiros provisórios etc;

Quando do acúmulo de águas pluviais no leito da estrada ou caminho de serviço, deverá ser realizada a elevação do nível da mesma nos pontos específicos;

Áreas de Instalação de Jazidas, Caixas de Empréstimo e Bota-foras

Essas áreas não podem ser susceptíveis a cheias e inundações, bem como as áreas de instalação de jazidas de materiais argilosos não devem apresentar lençol freático aflorante.

No caso de jazidas de materiais minerais, a empreiteira deverá elaborar um plano de explotação e recuperação da área a ser explorada.

Obs.: As áreas destinadas a exploração de qualquer uma das modalidades deste item que se encontrem fora dos limites da Faixa de Domínio da rodovia, será objeto de licenciamento ambiental a parte pela empreiteira do trecho em questão.

Terraplenagem

Esses serviços deverão ser objeto de planejamento prévio, com a finalidade de se evitar e/ou minimizar a exposição desnecessária dos solos à ação das águas superficiais;

Todo solo orgânico do leito proveniente da limpeza dos “off-sets” deverá ser raspado e estocado em pilhas ou leiras de até dois metros de altura, protegidas do carreamento pelas águas pluviais. Este deverá ser reaplicado nos locais de empréstimo, bota-foras e demais áreas a serem recuperadas, conforme estabelecido no Programa de Recuperação de Áreas Alteradas;

Deverá ser limitada ao máximo a abertura de novas frentes de terraplenagem do corpo estradal, sem que as já abertas, tenham os elementos de proteção estabelecidos (drenagem, cobertura de proteção, bacias de sedimentação etc.);

Os taludes de corte e aterro da rodovia, das áreas de exploração mineral, das caixas de empréstimo e bota-foras deverão ser revegetadas.

Adotar sistema temporário de drenagem e captação de águas pluviais nas áreas com operação de atividades de terraplenagem. Recomenda-se, para este fim, a construção de bacias de sedimentação (ou caixas de siltagem) – a qual se constituem em pequenas e temporárias estruturas de contenção formadas por escavação e/ou dique, que interceptam e retêm sedimentos carreados pelas águas superficiais, evitando o assoreamento de cursos d’água, banhados etc.;

Tais bacias deverão ser construídas próximas ao pé dos taludes dos aterros ou nas proximidades das saídas das descargas dos drenos das águas superficiais, de fontes de sedimentos de aterros, cortes e bota-foras, não devendo ser construídas no leito de cursos d’água. A vida útil recomendada para esses dispositivos é de 18 meses, constando em seqüência, algumas informações sobre o dispositivo.

Para uma primeira estimativa, o volume (V) mínimo das bacias pode ser calculado através da expressão a seguir:

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V = 0,4 x A x h, onde

V = volume da bacia, em m³

A = superfície da área de contribuição, em m²;

h = altura máxima, em m.

Para a região em estudo, recomenda-se que o volume mínimo da bacia seja de 190m³/ha de área de contribuição.

Os sedimentos depositados na bacia, devem ser removidos e dispostos em local apropriado (bota-fora controlado, corpo de aterro da rodovia) e a bacia deve ser recuperada nas suas dimensões originais.

A operação de remoção dos sedimentos deve ser realizada no momento em que a metade da altura útil da bacia for alcançada pelo material depositado.

O dique das bacias de sedimentação deverá ser construído com os materiais da própria obra ou disponíveis no local específico (rocha sã, argila, rocha alterada etc.)

O dique não deverá ter altura maior do que 2,0 m, na parte onde a topografia do terreno natural é a mais baixa.

A plataforma de topo deverá ter um mínimo de 1,5 m de largura e os taludes inclinação 2H:1V, ou mais abatidos, dependendo do material de construção.

O vertedor da bacia, pode ser constituído de argila, de tubo, de pedra ou de concreto. Para cada local deve ser estudado o tipo de material a ser empregado, observando-se sempre, a garantia da sua não erodibilidade. Como medida prática, pode ser adotada a largura de 4 m do vertedor para uma área de contribuição de 0,8 ha.

Após a estabilização das áreas afetadas pela construção da Rodovia, recuperar e revegetar o local ocupado pelas bacias.

Taludes de Corte e Aterro

Executar medidas que objetivem evitar a evolução de erosões no caso de aterro em encostas. Estas medidas deverão incluir: implantação de um sistema de drenagem, se necessário, antes de lançar qualquer material (colchão drenante); conformação do pé de aterro em forma de dique, com material razoavelmente compactado e, quando próximo a cursos d’água, proteger o dique com enrocamento; compactação do aterro, conforme definido no Projeto, em camadas, além da proteção e drenagem superficial;

Executar medidas de proteção contra processos erosivos e desmoronamentos, em aterros de encontros de pontes e em aterros que apresentem faces de contato com o corpo hídrico. As medidas de proteção pertinentes envolvem a construção de terra armada, enrocamento, pedra argamassada, argamassa projetada etc., devendo se estender até a cota máxima da cheia;

Revegetação de taludes expostos e com alta declividade, terraceamento, drenagem, amenização da declividade de taludes, manejo e compactação do solo etc.

Cuidados de Cunho Geral

Em qualquer que seja o serviço, deverá ser respeitada a legislação de uso e ocupação do solo vigente dos municípios envolvidos;

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As áreas destinadas à implantação de usinas e britagem, à abertura de trilhas, caminhos de serviço e estradas de acesso, à instalação de jazidas e de caixas de empréstimo e áreas terraplenadas e de bota-fora não podem estar sujeitas às instabilidade físicas passíveis de ocorrência em cotas superiores, como por exemplo escorregamentos de materiais instáveis.

Condicionar a abertura de novas frentes de obras à ocorrência de condições climáticas satisfatórias. Sempre que possível o engenheiro responsável pela obra, deverá ter acesso aos dados meteorológicos da região, para realizar o seu planejamento;

Sempre deverão ser adotadas providências para a implantação de dispositivos que impeçam o carreamento de sedimentos para os corpos d’água, tais como: o enleiramento do material removido; a construção de valetas para condução das águas superficiais; valetas paralelas ao corpo d’água, etc;

Sempre que houver a necessidade de disciplinamento do fluxo de águas pluviais para se evitar ou corrigir processos erosivos ou o carreamento de material particulado para os cursos hídricos, deverão ser construídos sistemas de captação, drenagem ou acumulação.

b. Atividades de Proteção da Vida Útil da Rodovia e Faixas Lindeiras

Essas atividades envolvem um conjunto de medidas preventivas relativas problemas decorrentes da instalação de processos erosivos, que visam a proteção do empreendimento durante toda sua vida útil. Compreende a execução de dispositivos de drenagem, bem como à proteção da camada superficial do solo por meio da execução de revestimento vegetal de taludes de corte e aterro, conforme estabelecido no Projeto de Engenharia.

Atividades voltadas para Execução da Drenagem

Essas atividades, que envolvem a construção de dispositivos vários, que são definidos, em termos de modalidades, localizações, funções específicas, quantitativos e processos construtivos constam no Projeto de Engenharia em capítulos específicos relativos à execução da drenagem, à execução das obras-de-arte correntes, à execução das obras-de-arte especiais e, eventualmente em outros capítulos.

No caso do Projeto de Drenagem Superficial são definidos dispositivos com a finalidade de proteger a infra-estrutura viária, assegurando a adequada drenagem das águas pluviais em todas as suas formas de ocorrência, dos quais os mais usuais se destacam:

Valetas de proteção, dispostas a montante dos “off-sets” do corpo estradal, para interceptar as águas que poderão atingir o talude do corte ou do aterro;

Sarjetas, utilizadas na plataforma da estrada para coletar a água que incide sobre a mesma, conduzindo-a até lançá-la em ponto adequado para afastá-la do corpo estradal;

Descidas d’água, empregadas nos pontos baixos dos aterros e nos locais onde o fluxo d’água na sarjeta estiver próximo da capacidade de escoamento da mesma;

Dissipadores de energia, para atenuar a velocidade das águas, diminuindo o risco de erosão no terreno natural; meios fios e demais dispositivos;

Da mesma maneira, são definidos todos os elementos e dispositivos referentes à Drenagem Profunda (que resguarda os maciços da eventual ocorrência de erosão interna e de estabilizações em cortes) e as obras-de-arte correntes (bueiros destinados a assegurar a continuidade do fluxo dos talvegues naturais e que recebem a contribuição da Drenagem Superficial da Rodovia).

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Neste sentido, o Álbum de Projetos Tipo de Dispositivos de Drenagem, que contém os modelos padrões vigentes no DNIT (versão de abril/88), adotados nos Projetos de Engenharia contempla os seguintes dispositivos principais:

Dispositivos para a drenagem superficial: valetas de proteção de cortes, valetas de proteção de aterros, banquetas, sarjetas, meios-fios, entrada para descidas d’água, descidas d’água, dissipadores de energia e caixas coletoras;

Dispositivos para drenagem subterrânea: drenos profundos (em solo e em rocha) e bocas de drenos;

Dispositivos para drenagem para travessias de talvegues: corpo de bueiros tubulares, bocas de bueiros tubulares e bueiros celulares.

Incorporam-se a estes dispositivos as medidas voltadas ao Controle de Processos Erosivos Ativos Lineares – medidas que têm por objetivo a reintegração de áreas à paisagem original, com a eliminação de processos ativos de ravinamentos profundos e voçorocamentos e, em conseqüência, otimizar as condições de trafegabilidade da rodovia, as melhorias da segurança de tráfego, as condições ambientais dessas áreas, mediante a implantação de medidas de controle, basicamente corretivas, definidas pela norma DNIT, e que compreendem:

Proteção da face externa da voçoroca por muro de arrimo;

Preenchimento da face externa da voçoroca com pedra de mão e implantação de dreno invertido, minimizando o efeito de carreamento de material granular.

Implantação de barreira na face externa da voçoroca, composta de saco de aniagem cheios de solos arenosos;

Implantação de drenos profundos, minimizando ou atenuando o processo evolutivo;

Preenchimento dos vazios localizados a montante da barreira física com solos adequados;

Dissipação da energia do fluxo de águas superficiais no ponto de descarga, onde se propõe a construção de barreiras constituídas de enrrocamento;

Conformação final do terreno e preparo para a introdução da cobertura vegetal.

Atividades de Proteção Superficial dos Taludes

De forma conjugada com a construção dos dispositivos de drenagem superficial, é tratada a proteção superficial dos taludes de cortes e aterros, dado o papel que desempenha na estabilização dos maciços, impedindo a formação de processos erosivos e diminuindo o escoamento superficial de água no mesmo.

Tal proteção superficial, no Projeto de Engenharia é, em geral, tratada no Capítulo de Obras Complementares, sendo que por questões técnicas, econômicas e estéticas é ordinariamente adotado, como no caso do presente Projeto, o revestimento vegetal dos taludes de cortes e de aterros, com a utilização de enleivamento (plantio de grama em placas), hidrossemeadura e o plantio de arbustos.

Obs.: Cabe esclarecer que a metodologia de revestimento vegetal de taludes, assim como a proteção vegetal dos canteiros-de-obra, dos caminhos de serviços, e de todas as demais unidades instaladas na Faixa de Domínio está contemplada no Programa de Recuperação de Áreas Alteradas.

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Ocorrências de Deslizamento e Solapamentos

Destacam-se os casos de queda de blocos, que se desprendem da superfície exposta e os de arrastes ou deslizamentos de massas, por ruptura ao cisalhamento, decorrentes freqüentemente da saturação do maciço pelas águas em época de chuvas intensas. As medidas de caráter preventivo e corretivo preconizadas na literatura que trata do assunto, envolvem a proteção dos taludes instáveis através de estruturas apropriadas, em geral associadas à adoção de procedimentos ordinários, tais como:

Reintrodução de cobertura vegetal, envolvendo os estratos herbáceos e arbustivo-arbóreo;

Remoção de todo material escorregado e, quando possível, de rochas e matacões com potencial de escorregamento;

Retaludamento e conformação da superfície escorregada;

Construção de banquetas nos taludes;

Implantação de sistema de drenagem nas banquetas dos taludes.

Em casos onde a implantação destes dispositivos preventivos não sejam suficientes para a proteção do corpo estradal e ocorram deslizamentos, serão tomadas as seguintes providência:

Remoção do material abatido;

Reconstituição da área abatida com a recomposição do aterro;

Recomposição do sistema de drenagem superficial;

Recomposição do corpo estradal;

Reintrodução de cobertura vegetal na saia do aterro.

9.7. Recursos Humanos e Materiais

Os recursos humanos e materiais necessários para o bom desenvolvimento deste programa, encontram-se definidos nas tabelas 9.1 e 9.2.

Tabela 9.1. Recursos humanos.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

AÇÃO

Engenheiro civil 1 26 Acompanhamento da obra

Engenheiro florestal 1 26 Acompanhamento da obra

Técnico agrícola 1 26 Acompanhamento direto das atividades

previstas no programa

Auxiliares 6 19 Plantio e manutenção de mudas

Motorista 1 26 Condução de veículo automotor

Cabe ressaltar que a previsão de recursos humanos não inclui a equipe de fiscalização da obra, restringindo-se apenas à equipe de execução dos serviços.

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Tabela 9.2. Recursos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

Trator D-6 ou D-8 1 26

Subsolador 1 26

Enxadas e enxadões 4 26

Carrinho de mão 2 26

Pás e picaretas 4 26

Insumos (adubos: orgânicos e químicos, calcário)

- 26

Mudas de árvores, arbustos e sementes

- 26

Aluguel de veículo (traçado) 1 26

Combustível 150 litros/mês 26

9.8. Instituições Envolvidas

DERTINS;

Empresas contratadas e organizações conveniadas;

IBAMA;

NATURATINS.

9.9. Cronograma Físico de Implantação

Para o desenvolvimento das atividades, de modo a atender plenamente aos objetivos almejados pelo Programa, foram convenientemente equacionadas as modalidades de encargos, de caráter genérico, correspondentes à execução das obras, ao acompanhamento físico da execução das mesmas e ao monitoramento do Programa de Controle de Processos Erosivos.

Os trabalhos deverão ser iniciados e executados em todas as suas etapas, pari-passu com a execução de todos os serviços de cada frente de obra de implantação e pavimentação em que, de acordo com o Projeto de Engenharia, está prevista a execução de dispositivos destinados ao controle de erosão. O avanço longitudinal das obras deverá coincidir, em todas as etapas, com o avanço longitudinal dos serviços de proteção contra erosão, de sorte que, para cada segmento, a conclusão das obras venha a corresponder, igualmente, à conclusão dos serviços de proteção contra erosão identificados nos respectivos segmentos. O Monitoramento deverá se estender por um ano após o término das obras, oportunidade em que deverá ser avaliada a necessidade de sua continuidade.

Na tabela 9.3 é apresentado o cronograma físico de implantação referente às ações a serem executadas no presente Programa.

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Tabela 9.3. Cronograma físico de implantação.

AÇÃO

MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Levantamento das áreas susceptíveis à ocorrência de processos erosivos

X X X X X X X X

Atividade para evitar o aparecimento e a evolução de processos erosivos

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Atividade de proteção das estradas e faixas lindeiras

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Drenagem pluvial X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Proteção superficial dos taludes

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Estabilização de encostas e maciços

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

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AÇÃO

MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Manutenção do plantio X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Monitoramento das áreas estabilizadas

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Elaboração de relatórios X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

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9.10. Estimativa de Custos

Nas tabelas 9.4 e 9.5 são apresentadas às estimativas de custos relativos a contratação de profissionais e o consumo de materiais necessários para o desenvolvimento do Programa.

Tabela 9.4. Estimativa de custos referente à contratação dos profissionais.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

PREÇO UNITÁRIO (R$)

PREÇO TOTAL (R$)

Engenheiro civil 1 26 4.707,58 122.397,08

Engenheiro florestal*

1 26 - -

Tratorista* 2 26 - -

Técnico agrícola 1 26 2.379,08 61.856,08

Auxiliares 6 19 260,00 29.640,00

Motorista 1 26 580,39 15.090,14

TOTAL 228.983,30

* Os custos referentes à contratação destes técnicos estão previstos no Programa de Recuperação de Áreas Alteradas.

Tabela 9.5. Estimativa de custos materiais.

MATERIAIS QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

PREÇO UNITÁRIO (R$) PREÇO TOTAL (R$)

Trator D-6 ou D-8* 1 26 - -

Subsolador* 1 26 - -

Enxadas e enxadões 4 26 26.00 104,00

Carrinho de mão 2 26 100,00 200,00

Pás e picaretas 4 26 26,00 104,00

Insumos (adubos orgânicos e químicos,

calcário) - 26 - 200.000,00

Mudas de árvores, arbustos e sementes

- 26 - 200.000,00

Plantio - 19 - 150.000,00

Manutenção 19 - 200.000,00

Aluguel de veículo (traçado)

1 26 3.353,35/mês 80.480,40

Combustível 150 litros/mês 26 1,80/litro 6.480,00

TOTAL 837.368,40

* O custo referente à compra ou aluguel destes equipamentos está previstos no Programa de Recuperação de Áreas Alteradas.

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O custo final deste projeto é o somatório dos dois montantes, ou seja, R$ 1.066.351,70. Quaisquer alterações advindas de modificações de projetos serão realizadas quando da definição dos projetos no momento da obra.

9.11. Implantação, Acompanhamento e Avaliação do Programa

A implantação deste PCPE será de responsabilidade do DERTINS, por meio da Coordenação de Gestão Ambiental - CGA. A execução dos serviços, previstos neste programa, será realizada

pelas empreiteiras contratadas para a construção do empreendimento, fiscalizadas pela

equipe técnica do PCPE.

O acompanhamento será realizado pelo coordenador do PCPE e pela Supervisão Ambiental da obra. A avaliação das atividades será de responsabilidade da equipe do CGA.

Como instrumentos de acompanhamento e avaliação serão emitidos relatórios mensais, elaborados pelo coordenador do PCPE. Ao final deste programa será elaborado um Relatório Final de Avaliação a ser encaminhado à CGA.

9.12. Referências Bibliográficas

Corpo Normativo Ambiental para Empreendimento Rodoviário – Instruções de Serviço Ambiental – ISA – 07; Impactos na Fase de Obras Rodoviárias – Causas/Mitigação/Remediação.

Especificações Gerais do DNIT, Especificações Complementares, Especificações Particulares e ECA’s – Especificações Complementares Adicionais.

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10. Programa de Recuperação de Áreas Alteradas - PRAA

10.1. Introdução

O Programa de Recuperação de Áreas Alteradas consiste no planejamento e posterior execução de ações de reabilitação ambiental das áreas de apoio às obras, tais como os canteiros de obra, jazidas e pedreiras, para a obtenção de materiais de construção e os bota-foras de materiais inservíveis, que deverão ter suas condições originais alteradas na fase de obras da rodovia.

Esse Programa possui um estreito vínculo com o Projeto Geométrico, que destina as áreas a serem exploradas, devendo-se sempre buscar o menor número de áreas alteradas, otimizando as necessidades de material com a disponibilidade do mesmo. Desta forma um Projeto Geométrico ambientalmente bem dimensionado, facilita o planejamento e execução deste Programa.

São aqui considerados como canteiros-de-obra o conjunto de instalações: alojamento de pessoal, administração (escritório, almoxarifado, oficina), atividades industriais (usinas de solo, asfalto, fábrica de pré-moldados, britagem), pátio de estocagem, depósitos, posto de abastecimento etc.

As áreas utilizadas para a deposição de material inservível, proveniente de cortes de terraplenagem, de solos moles em fundação de aterros, de entulhos resultantes de demolição de construções, de obras de arte especiais, materiais resultantes de desmatamento, destocamento e limpeza, além de outros, correspondem aos bota-foras.

As áreas utilizadas para retirada de materiais a serem utilizados na obra, podem ser classificadas como jazidas, pedreiras ou caixas de empréstimo, designando-se como empréstimos as escavações de solo com características suficientes para atender às necessidades de terraplenagem e, como jazidas a exploração de solos selecionados ou materiais mais nobres, adequados aos serviços de pavimentação e outros, tais como, solo arenoso fino, areia (areais) e rocha (pedreiras).

Cabe ressaltar que a utilização de áreas fora da faixa de domínio para retirada de material, assim como a implantação de Canteiros de Obra, estão sujeitas à autorizações, aprovações e licenciamentos específicos, por parte de órgãos federais, estaduais e municipais, aos quais cabem, nas respectivas áreas de atuação, a fiscalização, a constatação de prática de irregularidades e a imposição de penalidades previstas na legislação pertinente.

As autorizações e licenciamentos, bem como as competências para a fiscalização encontram-se explicitados em diplomas legais e normas que disciplinam as práticas, atividades e instalações, e exigem providências no sentido de garantir a regularidade das mesmas perante os órgãos competentes.

10.2. Justificativa

A pavimentação de uma rodovia, qualquer que seja sua dimensão, traz consigo uma série de problemas para o meio ambiente em todos os seus níveis podendo estar relacionado ao meio biótico, socioeconômico ou físico. A formação de benfeitorias, a abertura de clareiras, a utilização dos recursos naturais para agregado são alguns exemplos de atividades geradoras de impactos que advêm com a implantação deste tipo de empreendimento.

Justifica-se, portanto, um programa destinado à recuperação de áreas alteradas, pois o desenvolvimento do país não mais deve estar atrelado à destruição de recursos naturais, muito menos do bem estar das pessoas que terão suas vidas modificadas com a pavimentação da rodovia.

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10.3. Objetivos

Este Programa objetiva a recomposição o equilíbrio das áreas desestabilizadas com a construção do empreendimento, por meio da utilização de obras de arte de engenharia e a adoção de técnicas agronômicas de plantio e de manejo do solo, de maneira a reduzir progressivamente os processos erosivos e o assoreamento das redes de drenagem.

10.4. Metas

O Programa tem por meta o estabelecimento de procedimentos e medidas que adaptam a utilização e a reabilitação das áreas exploradas pelo empreendimento, visando sempre que possível o uso original das áreas afetadas, assim como resgatar, o mais fielmente possível, as características paisagísticas originais.

Este Programa, quando bem aplicado, reduz consideravelmente gastos futuros com recuperação de áreas cada vez mais instáveis reduzindo sensivelmente ou, até mesmo, eliminando a necessidade de elaboração de Planos de Recuperação Áreas Degradadas (PRADs) específicos para as áreas em estado degradado pelas atividades inerentes ao processo construtivo do empreendimento.

10.5. Alvo

Áreas que foram alteradas pela exploração mineral, áreas de empréstimo, áreas desmatadas, áreas destinadas aos bota-foras, assim como as estradas e caminhos de serviço temporários e os Canteiros de Obra.

10.6. Metodologia e Descrição do Programa

Inicialmente deverá ser realizado um planejamento das atividades deste Programa em função à previsão do cronograma de implantação das etapas construtivas ao longo de toda extensão do empreendimento.

10.6.1. Aspectos Gerais

Com objetivo de recompor ou recuperar, da forma eficaz, as áreas diretamente alteradas pela obra, são listados abaixo alguns procedimentos genéricos a serem adotados nas diferentes etapas construtivas do empreendimento.

As áreas que sofrerão intervenções e/ou alterações, deverão sofrer medidas de isolamento em relação ao trânsito de animais domésticos e pessoas, devendo ser controlado e permitido somente o acesso do pessoal especializado e envolvido especificamente na área;

Em casos específicos, onde for constatada a necessidade, deverá ser executada a construção de rede de drenagem;

Sempre que constatada a necessidade, a descompactação do solo deverá ser realizada mediante o uso de escarificadores ou subsoladores, visando ao rompimento de camadas compactadas;

O solo orgânico proveniente de alguma limpeza que se fizer necessária, de escavações para fins de corte e aterro ou ainda de área de empréstimo, deverá ser estocado adequadamente fora da área trabalhada para efeito de reaproveitamento futuro, como revestimento vegetal de superfícies a serem recuperadas. Torna-se imprescindível o efetivo controle da remoção, disposição e acondicionamento do solo orgânico, prevendo-se para tanto a conveniência de

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acompanhamento profissional específico para a escolha de locais estratégicos para os depósitos do citado material. Esta medida permitirá o controle da manutenção das características de fertilidade do solo orgânico, fundamentais para a recomposição posterior, que constitui o destino final desse material. Eventuais trabalhos de gradeamento nestes depósitos podem favorecer o controle de processos erosivos superficiais;

Deverá ser realizada uma análise das condições físico-químicas, por amostragem, das diferentes áreas alteradas. Quando constatada a necessidade, deverão ser aplicados fertilizantes, calcário e adubos orgânicos, de forma a se obter a correção do solo;

As espécies vegetais a serem utilizadas para a revegetação devem ser preferencialmente gramíneas e leguminosas, que fixam o nitrogênio no solo, além de espécies arbustivas e arbóreas;

A revegetação das áreas afetadas deverão ser realizadas preferencialmente com a utilização de espécies vegetais nativas, de forma a propiciar a aceleração do processo de regeneração natural e não introduzir ao ambiente espécies vegetais exóticas de hábito agressivo;

A revegetação cujo principal objetivo é propiciar a cobertura eficiente do solo, protegendo da erosão e favorecendo a recuperação de suas propriedades físico-químicas deve, inicialmente, contemplar o desenvolvimento das espécies herbáceas e arbustivas, vindo a favorecer a formação de vegetação arbórea, recuperando parte da vegetação existente;

As medidas a serem implementadas devem ser particularizadas para cada caso guardando consonância com a situação de cada área degradada existente e devendo ser aplicadas na ordem sugerida, sem defasagem prolongada entre elas, o que poderia provocar intensificação dos processos erosivos;

No caso de jazidas, quando originarem grandes depressões no terreno, estas poderão ser utilizadas como locais de bota-fora de materiais excedentes, não contaminados e retrabalhados de forma a permitir a uniformização, antes da aplicação da camada de solo fértil;

Os taludes e rampas deverão ter sua declividade suavizada, a fim de evitar a intensificação dos processos erosivos, facilitando a recuperação destas áreas. Na recuperação de taludes de corte deve ser utilizada, preferencialmente, hidrossemeadura de espécies com raízes superficiais, como as gramíneas. No caso de taludes de aterro, recomenda-se controle da erosão e utilização de grama em placa, sugerindo-se a escolha de espécies com raízes profundas, especialmente arbustos, com prioridade a espécies nativas pioneiras e de rápido desenvolvimento;

10.6.2. Exploração de Jazidas e Áreas de Empréstimo

As atividades de mineração para a extração de areia, cascalho, argila, solo, saibro e aterro são grandes causadores de impacto. A exploração do cascalho é muitas vezes realizada sem os devidos estudos prévios que poderiam otimizar o uso dos materiais disponíveis e a posterior recuperação da área.

A utilização correta de técnicas de exploração mineral possibilita a utilização desses recursos naturais de maneira otimizada, assim como redução nos custos de recuperação ambiental dessas áreas, principalmente no que diz respeito ao gasto com horas máquina para reafeiçoamento do terreno, assim como no gasto com insumos para readequação do solo ao estabelecimento de plantas.

Dessa maneira, sugere-se que o método de exploração a ser aplicado seja o de “Lavra em tiras”. Este método permite a recuperação concomitante à exploração da jazida, onde esta é dividida em

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faixas com cerca de 30 a 40 metros de largura, paralelas às curvas de nível. O avanço da lavra é realizado seguindo-se as cotas inferiores para as superiores dentro de cada tira.

A seguir é apresentada, seqüencialmente, as atividades necessárias à exploração racional dessas áreas:

a. Das Jazidas de Cascalho

A caracterização espacial e volumétrica de uma jazida deve ser realizada buscando-se agrupar as áreas e camadas em grupos homogêneos quanto à classificação e ao comportamento, de modo a propiciar uma maior racionalização do uso do material disponível, maior preservação do meio ambiente e menor custo de recuperação das áreas alteradas.

b. Remoção da Cobertura Vegetal e Exploração do Cascalho

O trabalho é iniciado com a retirada da vegetação, remoção e armazenamento da camada de solo vegetal (camada fértil do solo que apresenta espessura média de 20 cm) até atingir o nível do material de interesse à exploração. A camada de solo vegetal deve ser preservada, mesmo havendo presença de material de interesse misturados.

A remoção da cobertura vegetal e do “solo fértil” separadamente com capeamento do estéril – solo com concreções ferruginosas – é realizada até o nível do cascalho laterítico, observando-se que a remoção da cobertura vegetal deve ocorrer por etapas, em função do avanço da extração, no intuito de se proteger o solo.

O solo fértil deve ser acumulado em “leiras”, contornando toda porção topograficamente inferior e lateral da “tira”, a uma distância mínima de 5 m da escavação, de modo a criar uma plataforma com largura suficiente para permitir a suavização do talude da cava com o trator de esteiras antes do seu espalhamento sobre a área a ser recuperada e permitir o posterior abatimento do talude de 1V:4H (30% ou 3:1).

Ao término da primeira “tira”, inicia-se o desmatamento e o recolhimento da camada de solo fértil da faixa seguinte, acumulando-a em leiras a uma distância de 35 a 45 metros do barranco frontal da lavra. Ao mesmo tempo que ocorre a exploração da Segunda faixa é iniciado a recuperação do solo da faixa explorada anteriormente, através do retaludamento dos barrancos, regularização topográfica, escarificação e o retorno da camada de solo fértil enleirado nas bordas recobrindo o fundo da cava, repetindo-se, sucessivamente até atingir a última “tira”. Havendo solo estéril, este deve ser separado do solo fértil, utilizando-o para recobrir fundo da cava e utilizando o solo fértil cobrindo por cima do estéril.

A preservação de espigões no interior da cava separando as “tiras” adjacentes funcionam como uma barreira ao escoamento superficial da água durante as chuvas, que favorecem sua infiltração no solo e diminui a lixiviação do solo.

c. Recomposição Topográfica

Estabelecer uma comunidade vegetal em uma área minerada não é possível sem o manejo adequando de sua topografia e de seu substrato. Os trabalhos de recuperação de um local que será revegetado se inicia pelo ordenamento da água que escoa. Curvas de nível e barreiras têm como objetivo evitar que as águas das chuvas acumulem e escoem sob a forma de enxurradas.

A recomposição topográfica do terreno é um trabalho prévio de controle de erosão e consiste em espalhamento de acumulações de materiais estéreis amontoados no interior da tira explorada e na suavização dos taludes nas laterais das escavações (1V:4H), executado com o auxílio de um trator de esteiras tipo D-6 ou D-8.

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d. Descompactação do solo

A escarificação é uma prática, juntamente com a gradagem, utilizada com o objetivo de descompactar o fundo da cava, com a utilização de um ripper do trator de esteira, atingindo uma profundidade de 0,50 m, cobrindo toda a área, principalmente as áreas com o solo mais compactado. Esta prática favorece a aeração e a infiltração de água no solo.

e. Terraceamento

O Terraceamento tem a finalidade de diminuir a velocidade das enxurradas, diminuindo sua força, aumentando a infiltração de água no solo, de modo a evitar a perda da camada fértil. Esta é uma prática executada com trator de esteiras ou motoniveladora, após o retorno da camada de solo fértil. Sua construção é feita de acordo com a declividade do terreno e sua capacidade de infiltração, tem o espaçamento vertical e horizontal entre os terraços definidos através de tabelas específicas para solos agricultáveis, onde se adota 3m para a base mínima, 0,50 m de altura mínima e canais de 0,40m de profundidade.

f. Retorno da Camada de Solo Vegetal

O retorno da camada ocorre após todos os serviços de explotação e terraplanagem, com a finalidade de recompor parte do horizonte biológico do solo, incluindo nutrientes, sementes e outros propágulos vegetativos que possibilitarão a regeneração da vegetação rasteira ou até a arbórea. Este procedimento deve ser feito o mais rápido possível após os serviços de exploração e terraplanagem para evitar degradação do material fértil.

A ausência de horizontes superficiais do solo, como ocorre em áreas mineradas, pode ser contornada por meio da adição de resíduos orgânicos. A respostas a corretivos químicos, como calcário, é dependente da quantidade de matéria orgânica no solo. Os efeitos da adubação orgânica, ao contrário da química, estendem-se por longo tempo.

Entre as matérias orgânicas disponíveis, pode-se citar o esterco de gado, de galinha, húmus de minhoca, composto de lixo e o lodo de esgoto.

A retenção de sedimentos, matéria orgânica e sementes nos locais escavados é de grande importância para a aceleração de sua regeneração. A indução da regeneração por meio da escarificação dos substratos compactados, sem a incorporação de matéria orgânica ou plantio de uma camada vegetal protetora, não é eficiente. A cava voltará a um estado parecido com a de substrato recém abandonado. Compactação e erosão são os processos que atuarão no local com substratos descobertos e sem matéria orgânica.

g. Medidas para Controle de Erosão

Um dos principais problemas em áreas que foram mineradas e abandonadas é a erosão.

Os solos das regiões de cerrado são muito susceptíveis à erosão após a retirada da cobertura vegetal. Após a escavação, o substrato exposto também é altamente erodivel e permite um rápido aprofundamento de voçorocas e desmoronamento, quando há a canalização de água pluvial.

Para a drenagem das vias de acesso às jazidas, quando existentes, é necessária a abertura de valetas de drenagens laterais, provida de saída d’água (bigodes) onde necessários, com o objetivo de promover a drenagem das águas superficiais no curso das vias de acesso.

As medidas a serem adotadas para as áreas fontes estão descriminadas no Programa de Controle de Processos Erosivos, integrante deste PBA.

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10.6.2. Elaboração dos Projetos de Recuperação

Os trabalhadores de recuperação das áreas deverão ser elaborados obedecendo os principais aspectos a seguir relacionados:

Levantamento topográfico – planialtimétrico da área a ser utilizada, em escala 1:1.000 ou eventualmente outra quando mais adequada;

Projeto geométrico em plantas e seções transversais gabaritadas;

Terraplenagem complementar (regularização da área): desenho esquemático e/ou planta em escala compatível, contendo a configuração final da área.

Estudos de estabilidade geotécnica: avaliação das condições de suporte das fundações (no caso de bota-foras) e de estabilidade dos taludes preconizados para os empréstimo e bota-foras, quando necessário. Caso seja previsto um uso seqüencial para as áreas utilizadas como bota-foras, devem ser estabelecidos critérios para compactação desses aterros;

Projeto de drenagem (conforme Programa de Controle dos Processos Erosivos) para escoamento superficial das águas pluviais, contemplando: descrição das operações visando o restabelecimento do escoamento pluvial e fluvial perturbados pela atividade. O plano de utilização deve indicar o caimento da área, com vista à definição do sistema de drenagem superficial; indicação dos dispositivos previstos para captação, disciplinamento e condução das águas de escoamento superficial. Os dispositivos das drenagens superficiais devem ser dimensionados quanto à capacidade de escoamento (vazão), indicando-se o sentido de escoamento e grau de inclinação. No projeto devem ser indicados os locais de escadas d’água (quando necessário), e as medidas necessárias para garantir a integridade do terreno, nas saídas d’água;

Recomposição vegetal: identificar e quantificar as espécies vegetais a serem utilizadas para a recomposição da paisagem. Quando necessário (no caso de supressão de vegetação e invasão de Área de Preservação Permanente), apresentar plano de plantio compensatório, devidamente acordado com o órgão licenciador;

Quantidade de serviço e cronograma executivo: cronograma de execução dos trabalhos;

Descrição da sistemática de acompanhamento e monitoramento a ser implementada durante a utilização das áreas de apoio e execução dos serviços com a finalidade de verificar o cumprimento das medidas propostas e a introdução de eventuais ajustes e adaptações em relação aos planos originais, bem como acompanhar a execução das medidas propostas para recuperação e recomposição das áreas utilizadas. Tal descrição de sistemática deverá conter, também, modelo de Relatório referente à execução dos trabalhos efetuados, a ser apresentado aos Órgãos Responsáveis. Referido Relatório deverá estar ilustrado com fotos datadas, inclusive com informações de eventuais modificações que venham a ser realizada em relação ao plano original, autorizado pelos órgãos ambientais responsáveis.

Efetuar a remoção da camada superficial de solo orgânico, das áreas de apoio e demais áreas que venham a sofrer terraplenagem juntamente com a vegetação do mesmo local, que será convertida mecanicamente em cobertura morta, ou incorporada ao volume final;

Depositar o solo orgânico, de preferência, em leiras de aproximadamente 1,5 m de altura e de 3 a 4 m de largura, com qualquer comprimento, selecionando locais planos e protegidos das "enxurradas" e erosão e evitando a compactação do solo durante a operação de armazenagem. Este solo estocado deverá ser protegido por uma cobertura morta (produto de podas, restos de capim, folhas etc.);

Armazenar o solo orgânico durante o período de exploração das áreas, considerando que o tempo de estocagem deverá ser o menor possível, pois há uma relação direta de queda na

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qualidade do solo orgânico com o passar dos anos, quando fora das condições biológicas naturais;

Transferir o solo orgânico diretamente para a área preparada previamente em banquetas e/ou em curva de nível, para a recuperação. Esta transferência direta minimiza as perdas microbiológicas de nutrientes e maximiza o número de sementes que sobreviverão a esta ruptura provocada;

Realizar correção do pH do solo, caso ocorra constatação de mudança do pH original.

Execução dos serviços de extração ou deposição de materiais:

Obedecer ao Plano de Recuperação aprovado pelos órgãos licenciadores competentes;

Justificar as Eventuais Alterações Necessárias Introduzidas.

10.6.3. Passos para Readequação das Áreas Alteradas

Consiste nas atividades a serem desenvolvidas quando da desmobilização de áreas de Canteiros de Obra, jazidas, caixas de empréstimo e bota-foras, além de áreas de instalações industriais, caminhos de serviço, etc.

O preparo definitivo dessas áreas deverá ser realizado através das seguintes atividades:

Remoção de todos os prédios, pisos e bases de concreto, caso não exista reaproveitamento previamente acordado destas instalações pelas populações lindeiras ao empreendimento;

Vedação satisfatória ou enchimento de fossas e sumidouros;

Remoção de cercas internas da área a ser recuperada;

Erradicação de áreas propícias ao acúmulo de águas pluviais;

Remoção de quaisquer barramentos ou obstáculos decorrentes das obras;

Desobstrução da rede de drenagem natural;

Implantação de um sistema de drenagem superficial;

Remoção de bueiros provisórios.

As terras de baixa capacidade de produção que devam ser recuperadas e que são naturalmente muito suscetíveis à erosão deverão ser recobertas com vegetação nativa e permanente densa, capaz de exercer o controle dos processos erosivos e de recuperar o aspecto cênico dessas áreas.

A sucessão secundária é o mecanismo pelo qual as florestas se auto-renovam; a implantação de uma floresta com finalidades conservacionistas deve obedecer a este modelo, com a combinação de diferentes grupos de espécies, com vistas à obtenção de um recobrimento rápido, eficiente e com baixos custos de manutenção.

Desta maneira, de forma cronológica, seguem os passos previstos neste Programa:

a. Adequação Física do Terreno

Com objetivo de preparar o terreno para receber o plantio das espécies previamente selecionadas, o executor do empreendimento deverá promover uma adequação geométrica dos terrenos, colocando-os em uma inclinação favorável, assim como implementando redes de drenagens provisórias ou definitivas, quando necessárias, impedindo assim o aparecimento de focos de erosão.

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b. Instalação ou Adaptação de Rede de Drenagem nas Áreas Alteradas

Consiste na verificação do grau de alteração da drenagem local promovida pelo processo construtivo e, se for o caso, na implantação de rede de drenagem para contenção de processos erosivos, considerando-se as características de cada área a reabilitar. No caso dos depósitos de bota-foras, que serão em forma de bancadas com berma ou em calotas, conforme a natureza do material, deverão ser instaladas no pé dos taludes canaletas com 0,50 m de largura e 0,4 m de profundidade, no mínimo. As canaletas têm a finalidade de coletar águas pluviais e de escorrimento superficial, de modo a direcioná-las para um sistema composto por descidas d’água e bacias de sedimentação adequadamente posicionadas.

c. Análise do Solo

Para análises físico – químicas do solo, serão feitas amostragens, coletas nas áreas a reabilitar, adquirindo com isso dados importantes para uma porventura correção do solo, em nível de pH ou nutrientes, proporcionando uma garantia quanto ao favorável desenvolvimento da vegetação.

d. Preparação do Solo

Deverão ocorrer práticas de caráter mecânico, usadas através de estrutura artificiais, mediante a disposição adequada das porções de terra, com a finalidade de melhor incorporação de nutrientes e corretivos. No caso de solos muito compactados, a descompactação deverá ser realizada através do uso de subsoladores, criando sulcos de no mínimo 0,50 m de profundidade. Já em solos encharcados, este dependerá do grau de empossamento e disponibilidade da água.

Realizar a capina e/ou roçagem para melhor determinação dos pontos demarcados. A partir deste, delimitar pontos das covas, abrindo-as conforme recomendação das espécies que serão usadas no processo.

e. Recomposição da Camada de Solo Orgânico

Consiste no recobrimento das superfícies dos terrenos a serem revegetadas com a camada de solo orgânico previamente removida e armazenada. Esta capa de solo constitui-se em fator preponderante para o pleno desenvolvimento da cobertura vegetal introduzida nas áreas alteradas. Estas áreas são representadas, basicamente, pelos terrenos terraplenados, caixas de empréstimos, de bota-fora, áreas que sofreram exploração mineral e pelos taludes de aterros que receberão cobertura vegetal na forma de grama em placas. Recomenda-se que este solo seja espalhado numa camada de espessura média em torno de 0,20 m e nunca inferior a 0,10 m.

f. Seleção de espécies para Revegetação

Respeitando as condições de espécies características da região, estas capazes de se reproduzir no ambiente sugerido, tem-se como objetivo a recuperação ambiental viável ao solo em diagnóstico.

As características biológicas, químicas e físicas das plantas deverão ser consideradas, correlacionadas à taxa de crescimento, compatibilidade com outras espécies, tipo de clima local, assim como forma final das espécies a serem selecionadas e introduzidas ou replantadas nas áreas alteradas. A seleção de espécies deverá ser orientada para sua auto-sustentação, levando-se em conta também à relação da espécie selecionada com a fauna local. As características de maiores importâncias, estes desejáveis da vegetação são a seguir relacionadas:

Agressividade;

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Rusticidade;

Rápido desenvolvimento;

Fácil propagação;

Fácil implantação com baixo custo;

Pouca exigência quanto a condições do solo;

Fácil integração na paisagem;

Inocuidade às condições biológicas da região;

Fator de produção de alimento para a fauna.

Preferencialmente deverão ser utilizadas plantas nativas dos estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo. Algumas plantas possuem características ideais para uma sustentação do equilíbrio físico do solo. A vegetação herbácea protege essencialmente contra a erosão superficial, ravinamento, dissecação, alteração da superfície, agrega as camadas superficiais numa espessura variável, em média de 0,5 m a 0,25 m, participa na formação do húmus e se implanta rapidamente. Já a vegetação arbustiva e arbórea, com raízes mais fortes e estruturadas, permitem a coesão das camadas de solo em profundidade e facilitam a percolação da água em profundidade, alimentando o lençol freático. Na tabela 10.1 são apresentadas as espécies recomendadas para composição da cobertura vegetal.

Tabela 10.1. Lista de Espécies.

NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR APLICAÇÃO *

Abutilon umbellifuorum Barba de bode BQ, BA

Aristida pallens são joão BQ, BA

Brachiaria decumbens Braquiária TC, TA

Brachiaria humidicola Braquiária TC, TA

Desmodium sp Pega-pega TC, TA

Macfadyena ungüis-cati Cipó unha-de-gato TC

Jacaranda micrantha Caroba BQ, BA

Cynodon dactylon Grama bermuda TA, TC

Paspalum saurae Grama pensacola TA, TC

Pirostegia venusta Cipó BQ, BA

Tabebuia chrysotricha Ipê-amarelo BQ,BA

Tibouchina sellowiana Quaresmeira BQ, BA

*TC – Talude de Corte; TA – Talude de Aterro; BA – Berma de Atero; BQ – Banquetas.

Obs.: Vale ressaltar que as relações de espécies indicadas nas tabelas 10.1 e 10.2 poderão sofrer modificações, devidamente autorizadas, em função de disponibilidade de mudas e da adaptabilidade das espécies.

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g. Produção de Mudas

Com a disponibilidade de sanidades e vigor de mudas, formadas através de produção satisfatória, com qualidades que sustentem suas características, o objetivo desta etapa é a eficaz produção destas. Esta produção implica uma determinação para projetos de reflorestamento e de recomposição das áreas alteradas no evento, feitas em viveiros próprios instalados no canteiro-de-obras, ou em hortos existentes na região. Existe a pretensão de instalação da produção próxima aos canteiros e instalações administrativas, devido às características da região e disponibilidade de distribuição. A obtenção de mudas em viveiros existentes na região da obra deverá ser priorizada, uma vez verificada a capacidade de atendimento à demanda, bem como a compatibilização das distâncias destas às áreas a reabilitar e a produção das espécies requeridas.

É recomendável evitar alto custo de aquisição e transporte mediante diminuição de perdas por locomoção e adaptação, bem como manter um perfeito relacionamento entre os locais de plantio e as espécies indicadas, buscando-se assim alcançar qualidade e produção adequadas aos programas propostos.

Na tabela 10.2 acham-se listadas as espécies recomendadas para recomposição da cobertura vegetal através de vegetação arbórea.

Tabela 10.2. Lista de espécies recomendadas para a recomposição de áreas alteradas.

NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR APLICAÇÃO

AllopHulus edulis Chal-chal BF, AE, CO, ET, JZ

Bauhinia forticata Pata de vaca BF, AE, CO, ET, JZ

Cabraela canjerana Canjerana BF, AE, CO, ET, JZ

Campomanesia xanthocarpa Guabiroba BF, AE, CO, MC

Casearia sylvestris Carvalinho MC

Cecropia catharinensis Embauba BF, AE, CO, ET, JZ

Cedrela fissilis Cedro BF, AE, CO, ET

Erythrina crista-galli Corticeira MC

Eugenia uniflora Pitanga BF, AE, CO, ET, JZ, MC

Ficus spp Figueiras MC

Inga marginata Ingá-feijão BF, AE, CO, ET, JZ

Inga spp Ingás MC

Jacaranda micrantha Caroba BF, AE, CO, ET, JZ

Lantana Câmara Lantana BF, AE, CO, ET, JZ

Leucaena leucocepHala Leucena BF, AE, CO, ET, JZ

Lithraea brasiliensis Pau-de-bugre BF, AE, CO, ET, JZ

Luehea divaricata Açoita-cavalo MC BF, AE, CO, ET

Myrsine ferruginea Capororoca MC

Ocotea porosa Canela-sassafrás BF, AE, CO, ET

Parapiptadenia rigida Angico BF, AE, CO, ET, JZ

Patogonula americana Guajuv Ira MC

Pterocarpus violaceus Pau-sangue MC

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NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR APLICAÇÃO

Salix humboldtiana Salso MC

Sapium glandulatum Leiteiro BF, AE, CO, ET, JZ

Sebastiania klotzschiana Branquilho MC

Schinus terebinthifolius Aroeira-vermelha BF, AE, CO, ET, JZ

Schyzolobium parahyba Guapuruvu BF, AE, CO, ET

Sloanea guianensis Laranjeira-do-mato BF, AE, CO, ET

Tabebuia spp Ipês BF, AE, CO, ET, MC

Terminalia australis Sarandi MC

Tibouchina sellowiana Quaresmeira BF, AE, CO, ET, JZ

Virola oleifera Bocuva BF, AE, CO,ET

Bota-foras – BF; áreas de empréstimo – AE; jazidas – JZ; canteiros-de-obra desativados – CO; estradas, caminhos e trilhas de serviço – ET; cabeceiras de pontes e matas ciliares alteradas – MC.

h. Plantio

Nesta fase, englobam-se atividades tanto de adubação como de plantio de espécies pré-selecionadas requeridas do estudo. Determinado pelas características da região do empreendimento o revestimento com gramíneas será efetuado preferencialmente através de hidrossemeadura nos taludes de cortes e através de plantio de gramas em placas e sementes.

Para espécies arbustivas ou arbóreas, o plantio das mudas será feito diretamente nas covas.

Estas covas serão previamente abertas, nas quais deverão ser efetuadas adubações segundo as características e resultados das análises do solo. A seguir temos as seguintes características:

As covas para plantio de mudas de espécies arbóreas deverão ter as dimensões de 0,60 m x 0,60 m x 0,60 m, com espaçamento de 3 m x 3 m para áreas planas e extensas (botaforas, empréstimos, jazidas) e de 2 m x 2 m as banquetas de cortes e bermas de aterro (plantio em linha).

Para o plantio de mudas de espécies arbustivas:

As covas deverão ter as dimensões de 0,30 m x 0,30 m x 0,30 m, espaçadas de 2 m x 3 m, orientadas segundo a natureza do plantio, se de recuperação, paisagístico ou ambos.

O espaçamento entre mudas adotado para a formação dos maciços será de 2 m x 2 m. Nos casos em que seja utilizado adensamento, a densidade de plantio será variável, de acordo com o estágio de formação a ser enriquecida.

O plantio das mudas de raízes nuas será realizado durante os meses chuvosos. Quando forem empregadas mudas de raízes embaladas, poderão ser plantadas em qualquer época do ano. A muda deverá ser aprofundada na cova até a altura do colo da planta e escorada com tutor.

i. Preparo das Covas e Plantio

Para toda a região, a presença de solos orgânicos (superficial), estes provenientes da abertura das covas será separado daquele mais profundo e reservado para posterior e integral aproveitamento na fixação das mudas. Antes do plantio, o solo será corrigido mediante aplicação de calcário dolomítico e fertilizado com adubo químico, de acordo com a recomendação expressa

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nos laudos analíticos. Tal adubação poderá ser complementada com adição de composto orgânico bem curtido.

j. Replantio

Caso ocorra a morte das mudas replantadas devido a fatores diversos, tenha sido realizada a inspeção e tenham se passado quarenta dias a partir do plantio, a planta deverá ser replantada, exigindo, porém, uma maior atenção nas recomendações de adubação e manejo.

k. Revegetação com Herbáceas

Enleivamento ou Plantio de Gramas em Placas

Consiste no plantio direto, em placas, nos taludes de aterros previamente preparados, bem como nas áreas destinadas à reconformação paisagística.

Para evitar a degradação de áreas, assim como a ocorrência de processos erosivos, o uso de leivas é recomendado, este para o tratamento de taludes estáveis e com recuperação paisagística. O enleivamento dos taludes requer um trabalho contínuo, pois áreas eventualmente expostas por longo tempo, serão degradadas pela manifestação de processos erosivos.

Este método de enleivamento é bastante indicado por ser eficiente e utilizar vegetação herbácea, predominando gramíneas. Estas são transportadas e fixadas ao substrato, empregando placas enraizadas com espessura entre 0,7 e 0,10. As leivas são normalmente oriundas das áreas de formação campestre, localizadas nas proximidades da rodovia. As placas, de dimensões variáveis (em média 0,20 m x 0,20 m) são extraídas normalmente por processo manual. Eventualmente, a extração pode ser procedida com equipamento mecânico, resultando placas de maior área.

Para o transplante das leivas extraídas, recomenda-se o uso de dias mais úmidos. Caso seja em dias de predomínio de seca abundante, será necessário o uso de uma irrigação específica, aspersão, propiciando à superfície maior teor de umidade necessária ao desenvolvimento das plantas.

Hidrossemeadura

Através de um estudo preliminar, com detalhamento climático e de solo da região estudada, a hidrossemeadura se define como sendo a implantação de vegetação herbácea através do lançamento de uma emulsão, contendo sementes em mistura com adubos minerais, massa orgânica e adesivos, utilizando a água como veículo. Uma outra questão importante é a escolha correta das espécies com potencial favorável ao desenvolvimento.

Predominantemente, utiliza-se uma mistura de gramíneas e leguminosas, normalmente perenes, com a finalidade de provocar um revestimento permanente sobre as superfícies sujeitas à erosão.

Para facilitar a fixação de nitrogênio do ar pelas leguminosas, impõe-se, em alguns casos, a readubação que, com o decorrer do tempo, provoca o melhoramento do substrato, tornando-o apto a receber outras sementes nativas.

As gramíneas recomendadas e que poderão ser utilizadas na hidrossemeadura são as que seguem: Cynodon dactylon (grama-bermuda), Brachiaria humidicola (braquiária) e Paspalum saurae (pensacola). A leguminosa de interesse, que deve ser associada às demais espécies é Desmodium sp. (pega-pega).

A hidrossemeadura oferece melhores resultados quando executada a partir do mês de setembro até fevereiro, observando-se sempre boas condições de umidade do substrato. A proteção das bermas é particularmente menos crítica, em função da área exposta ser plana e normalmente menos atingida pelos processos erosivos.

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É importante atentar para o valor cultural das sementes, realizando os testes de germinação que se fizerem necessários, de forma a atingir 100%, podendo-se para isso aumentar a quantidade/ha.

Semeadura Convencional

A implantação de cobertura vegetal através de semeadura convencional exige cuidados na preparação do substrato. A camada superficial deverá estar devidamente escarificada, corrigida e fertilizada, de acordo com as exigências indicadas nos laudos analíticos desse material.

As gramíneas recomendadas são as seguintes: Paspalum saurae (pensacola), Brachiaria humidicola (braquiária) e Cynodon dactylon (grama bermuda).

Recomendam-se as densidades de semeadura a seguir referidas:

Pensacola: 5,0 g semente/m²;

Braquiária: 1,0 g semente/m²;

Bermuda: 1,0 g semente/m².

A época preferencial de semeadura para as espécies mencionadas são os meses primaveris (a partir de setembro).

l. Irrigação

Consiste na irrigação das áreas plantadas, através de carro-pipa ou outro meio adequado, na época de seca, durante o primeiro ano do plantio.

m. Manutenção dos Plantios – Tratos Culturais

Abrange, basicamente, a capina (coroamento) das áreas plantadas, o combate sistemático a pragas e doenças (formiga, fungos e outros), a adubação em cobertura ao final do primeiro ano do plantio e o replantio de falhas observadas durante o desenvolvimento da vegetação introduzida.

Além dessas atividades, as áreas plantadas, bem como toda a extensão da pista de rolamento, deverão ser monitoradas com o objetivo de prevenir possíveis ocorrências de espécies invasoras, capazes de competir com a vegetação introduzida.

Os tratos culturais dispensados às mudas constam do coroamento e do controle sistemático à formiga cortadeira. Nos períodos de estiagens prolongadas, as mudas devem ser regadas com freqüência diária. O replantio adota a substituição da muda eventualmente perdida por outra, de preferência contendo raiz embalada.

n. Conclusão dos Serviços de Recuperação Ambiental

As áreas de apoio situadas externamente à faixa de domínio, após sua utilização e posterior recuperação ambiental, devidamente comprovada em vistoria pelos técnicos dos órgãos ambientais competentes, devem ser formalmente devolvidas aos seus titulares, através de um "termo de encerramento e devolução", cessando as responsabilidades do Estado/empreiteiras, quanto a eventuais degradações ambientais posteriores, promovidas por terceiros.

É recomendável que, depois de concluídos os serviços de recuperação ambiental conforme recomendações anteriormente explicitadas, e atendidas eventuais exigências apresentadas pelos órgãos ambientais competentes, garantindo a comprovação da total recuperação ambiental dessas áreas, deva ser negociada com os órgãos licenciadores ambientais a formalização do encerramento do processo de licenciamento das mesmas. Essa possibilidade, passível de aplicação no caso das áreas utilizadas externamente à faixa de domínio, não cabe às áreas

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utilizadas dentro da faixa de domínio, onde Estado/empreiteira são os responsáveis por evitar a degradação ambiental.

10.7. Recursos Humanos e Materiais

Nas tabelas 10.3 e 10.4 são apresentados os recursos e materiais necessários para o desenvolvimento deste programa.

Tabela 10.3. Recursos humanos.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

AÇÃO

Engenheiro florestal 1 30 Acompanhamento da obra

Técnico agrícola 1 30 Acompanhamento direto das

atividades previstas no programa

Tratorista 2 30 Operação de trator agrícola e de

esteira e espalhadeira

Auxiliares 6 30 Abertura e adubação de covas

Auxiliares 6 19 Plantio e manutenção de mudas

Motorista 1 30 Condução de veículo automotor

Tabela 10.4. Recursos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

Trator D-6 ou D-8 1 30

Subsolador 1 30

Implementos agrícolas (espalhador de calcário, grade aradora)

1 30

Insumos (adubos: orgânicos e químicos, calcário)

1 30

Mudas de árvores/arbustos e sementes de herbáceas

1 30

Aluguel de veículo (traçado) 1 30

Combustível (diesel) 150L/mês 30

10.8. Instituições Envolvidas

DERTINS;

Empresas contratadas e organizações conveniadas;

IBAMA;

NATURATINS.

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10.9. Cronograma Físico de Implantação

As etapas de implantação deverão aguardar correspondência com o cronograma de execução das obras da rodovia.

Os trabalhos de licenciamento, utilização e recuperação das áreas alteradas deverão ser executados pari-passu com execução de todos os serviços de cada trecho de obras de implantação e pavimentação em que, de acordo com o Projeto de Engenharia, está prevista a execução dos serviços de recuperação da área degradada.

O avanço longitudinal das obras deverá coincidir, em todas as etapas, com o avanço longitudinal dos serviços de recuperação de áreas alteradas, de sorte que, para cada segmento, a conclusão das obras corresponde, igualmente, à conclusão dos serviços de recuperação de áreas alteradas identificados nos respectivos segmentos.

Cabe ressaltar que algumas alterações poderão ocorrer no cronograma físico de implantação apresentado a seguir, tendo em vista a sazonalidade climático, o que influência diretamente na época de plantio, além de possíveis modificações no cronograma de execução da obra.

Na tabela 10.5 é apresentado o cronograma físico de implantação referente às ações executadas no presente Programa.

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Tabela 10.5. Cronograma físico de implantação.

AÇÃO MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Adequação física do terreno

X X X X X X X X X

Analise do solo X X X X X

Preparação do solo X X X X X X X X X X

Seleção de espécies X X

Produção de mudas X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Plantio X X X X X X X X X X X

Manutenção do plantio X X X X X X X X X X X X X

Monitoramento das atividades

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Elaboração de relatórios X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

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10.10. Estimativa de Custos

Nas tabelas 10.6 e 10.7 são apresentadas às estimativas de custos relativos a contratação de profissionais e o consumo de materiais necessários para o desenvolvimento do programa.

Tabela 10.6. Estimativa de custos para a contratação de profissionais.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

PREÇO UNITÁRIO (R$) PREÇO TOTAL (R$)

Engenheiro florestal 1 30 4.707,58 141.227,40

Técnico agrícola 1 30 2.379,08 71.372,40

Tratorista 2 30 700,00 42.000,00

Auxiliares 6 30 260,00 46.800,00

Auxiliares 6 19 260,00 29.640,00

Motorista 1 30 580,39 17.411,70

TOTAL 348.451,5

Tabela 10.7. Estimativa de custos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERIODO (MESES)

PREÇO UNITÁRIO (R$)

PREÇO TOTAL (R$)

Trator D-6 ou D-8 1 30 - 180.000,00

Subsolador 1 30 - 50.000,00

Implementos agrícolas (espalhador de calcário,

grade aradora) 1

30 - 100.000,00

Insumos (adubos orgânicos e químicos,

calcário) - 30 - 200.000,00

Mudas de árvores, arbustos e sementes

- 30 - 250.000,00

Aluguel de veículo (traçado)

1 30

3.353,35/mês 80.480,40

Combustível (diesel) 150 litros/mês 30 1,80/litro 6.480,00

TOTAL 866.960,40

O custo final deste projeto é o somatório dos dois montantes, ou seja, R$ 1.248.411,90. Quaisquer alterações advindas de modificações de projetos serão realizadas quando da definição dos projetos no momento da obra.

10.11. Implantação, Acompanhamento e Avaliação do Programa

A implantação deste PRAA será de responsabilidade do DERTINS, por meio da Coordenação de Gestão Ambiental - CGA. A execução dos serviços, previstos neste programa, será realizada

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pelas empreiteiras contratadas para a construção do empreendimento, fiscalizadas pela

equipe técnica do PRAA.

O acompanhamento será realizado pelo coordenador do PRAA e pela Supervisão Ambiental da obra. A avaliação das atividades será de responsabilidade da equipe do CGA.

Como instrumentos de acompanhamento e avaliação serão emitidos relatórios mensais, elaborados pelo coordenador do PRAA. Ao final deste programa será elaborado um Relatório Final de Avaliação a ser encaminhado à CGA.

10.12. Referências Bibliográficas

WANDELLI, E.V., GARCIA S., PERIN R., GALLARDO J., TÁPIA-CORAL, S. & FERNANDES, E. Sistemas agroflorestais na recuperação de solos de áreas de pastagens degradadas da Amazônia. Rede Latino Americana de Agricultura Conservacionista, Florianópolis, 1999.

BARBOSA, L.M. Estudos ecofisiológicos integrados visando o repovoamento vegetal em áreas sob impacto ambiental. São Paulo, SP. Relatório de Pesquisa, 1996.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa, SP. 1992.

RODRIGUES, R.R. & GANDOLFI, S. Recomposição de florestas nativas: princípios gerais e subsídios para uma definição metodológica, Brás. Hort. Orn. 2(1). 1996.

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11. Programa de Monitoramento dos Corpos Hídricos - PMCH

11.1. Introdução

O Programa de Monitoramento dos Corpos Hídricos contempla os estudos de qualidade das águas dos principais rios que cruzam ou se aproximam do trecho da BR-242/TO que liga as cidades de Peixe, Paranã e Taguatinga no Estado de Tocantins, ou ainda que correspondem aos mananciais para abastecimento público das comunidades atingidas pelo empreendimento.

11.2. Justificativa

As obras de pavimentação da BR-242/TO podem causar impactos ao meio ambiente, como já diagnosticado anteriormente durante os estudos desenvolvidos para a elaboração do EIA/RIMA do empreendimento.

Entre os impactos detectados, há a possibilidade de ocorrer impacto nos recursos hídricos, e portanto, seus usos serem afetados, por ações ocorridas durante as etapas construtivas do empreendimento. Visando minimizar tais impactos, foi sugerida a elaboração do Programa de Monitoramento dos Corpos Hídricos.

11.3. Objetivos

Este Programa visa atender aos seguintes objetivos básicos:

Complementar as informações consideradas relevantes para o diagnóstico das bacias no trecho sob influência do empreendimento especificamente com relação aos parâmetros que podem ser afetados;

Verificar, a partir dos dados coletados, a qualidade das águas anterior à implantação do empreendimento e durante a sua construção, especificamente com relação aos parâmetros físico-químicos que podem ser afetados;

Com base nas observações realizadas, sugerir ao empreendedor medidas eficazes de controle ambiental, visando a minimização dos impactos decorrentes das atividades de construção na qualidade da água dos cursos hídricos atingidos a jusante do empreendimento (redução do aporte de sedimentos, cuidados com efluentes, definição das destinações finais adequadas a efluentes potencialmente poluidores tais como lixo, águas servidas, óleos, graxas, sucatas dentre outros, etc.).

Foram estabelecidos neste programa os locais a serem amostrados, de acordo com as possíveis áreas críticas, a freqüência de coleta e análise de amostras, e os parâmetros que devem ser analisados.

Foram considerados os seguintes pontos com possível sensibilidade ambiental que merecem atenção com relação a possível contaminação dos recursos hídricos durante a implantação do empreendimento:

Canteiros-de-obra;

Alojamentos (se existentes);

Usinas de asfalto, pedreiras e demais jazidas;

Movimentação de terra (etapa de terraplenagem).

Vale ressaltar que tanto os canteiros de obra quanto os alojamentos e demais instalações de obra devem obedecer a critérios técnicos estabelecidos em normas específicas para este tema. Essas

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estruturas deverão também ser fiscalizadas quando a sua adequação, localização e atendimento às normas existentes.

No que se refere ao período de operação do empreendimento, os possíveis impactos aos recursos hídricos causados pelo empreendimento dizem respeito a probabilidade de acidentes na rodovia, especialmente com caminhões transportando produtos perigosos. Estes aspectos serão abordados no Programa de Transporte de Produtos Perigosos.

Deste modo o presente programa visa identificar e acompanhar:

Alterações nas características físicas das águas em decorrência de processos erosivos e carreamento de sólidos;

Alterações nas características bióticas e químicas da água em função de problemas nos canteiros-de-obra e demais instalações ou eventualmente acidentes;

A qualidade atual e predominante dos rios e mananciais e durante o período de implantação das obras, visando verificar e assegurar a não degradação desses corpos hídricos por atividades do empreendimento;

Ressalta-se que de forma alguma serão viabilizados pontos nas margens dos cursos d’água para lavagem de máquinas ou veículos automotores, relacionados ao empreendimento.

11.4. Metas

Como se trata de um programa ambiental que visa o monitoramento de parâmetros que determinam a qualidade das águas da região, há que se ter um padrão de qualidade antes do monitoramento em si. Portanto, assume-se como metas para a conclusão do programa:

A determinação da qualidade das águas da região antes do início das obras;

O monitoramento dos corpos hídricos relevantes para a detecção de possíveis interferências da obra com os rios e lagos.

É importante frisar que a obra trás consigo a alteração de vários aspectos do comportamento humano que refletem na alteração dos parâmetros aqui determinados para monitorar a qualidade dos corpos hídricos, como por exemplo o grau de ocupação, bem como a alteração ou intensificação nas atividades econômicas da região.

O programa assume estas modificações como decorrentes do desenvolvimento regional (atualmente tão almejado pelo Governo Federal), o que nada tem a ver com a progressão das obras de pavimentação da BR-242/TO. Neste sentido, as atividades que atualmente são poluidoras, não são objetos de remediação por parte deste programa, são sim passíveis de serem detectadas.

11.5. Alvo

Os corpos hídricos que cruzam ou se aproximam do trecho da BR-242/TO que liga as cidades de Peixe, Paranã e Taguatinga no Estado de Tocantins e os mananciais de abastecimento público das comunidades atingidas pelo empreendimento.

11.6. Metodologia e Descrição do Programa

As seguintes etapas foram realizadas para a elaboração do Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos:

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a. Verificação dos Dados Disponíveis

Nesta etapa foram verificados os dados disponíveis apresentados no EIA/RIMA referentes à qualidade da água dos principais cursos hídricos atravessados pelo empreendimento, informações relativas aos usos da água e dos solos diagnosticados na região e dados adicionais foram incorporados quando da visita à região.

b. Identificação de Áreas Críticas com Sensibilidade Ambiental

Nesta etapa foram identificadas as áreas consideradas críticas sob o ponto de vista ambiental e da qualidade dos recursos hídricos: travessias sobre rios de maior porte; proximidade com lagoas ou áreas de proteção ambiental, rios considerados mananciais, dentre outras. A identificação foi realizada a partir do levantamento dos dados primários e dos dados secundários disponíveis no Estudo de Impacto Ambiental, fontes pesquisadas e ainda, durante a verificação aos locais diretamente atingidos.

c. Reconhecimento da Área

Nesta etapa, foi realizado um reconhecimento da região de estudo, considerando as seguintes informações:

Levantamento de dados secundários na Universidade de Brasília;

Mapas cartográficos e desenhos esquemáticos;

Visita ao trecho estudado, com observações mais detalhadas dos aspectos relevantes dos pontos com sensibilidade ambiental voltados para o objeto deste programa;

Entrevistas com técnicos do DERTINS e projetistas da rodovia. Ressalta-se que as informações prestadas foram relevantes para a identificação de problemas pontuais.

d. Seleção dos Locais de Amostragem

Considerando as áreas críticas e os prováveis locais de implantação das estruturas necessárias às obras, foram selecionados os locais de amostragem. Para tanto, considerou-se também o porte dos rios, a situação atual de contaminação dos corpos hídricos, além da importância local e regional destes mesmos recursos.

Foram considerados os principais rios atravessados pelas obras de pavimentação da rodovia BR-242/TO no trecho entre Peixe, Paranã e Taguatinga. Também foram incluídos os rios e lagoas que são consideradas e classificadas como mananciais para abastecimento doméstico, bem como corpos hídricos em estudo para futuro manancial.

Ressalta-se que este Programa limita a sua abrangência espacial a trechos de rios imediatamente a montante do empreendimento, e a jusante (em maior ou menor distância). Não deverão ser monitorados pontos de amostragem que não ofereçam relação direta e próxima com o empreendimento.

Os mananciais localizados a jusante do empreendimento (lagoas) e que possuem relação direta com o empreendimento foram também considerados. Os mananciais localizados a montante do empreendimento não foram considerados. Todos os pontos de amostragem estão localizados em área de influência direta do empreendimento, distando menos de 10 km do traçado da rodovia.

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e. Seleção dos Parâmetros

Para a seleção de parâmetros a serem estudados, foram consideradas as atividades decorrentes da implantação e operação do empreendimento que possam vir a causar impactos sobre a qualidade das águas locais.

Um conjunto de parâmetros foi então estabelecido:

Parâmetros básicos (realizados em todos os locais).

f. Freqüência de Amostragem e Duração do Programa

O programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos foi elaborado considerando-se a sua execução em duas fases distintas, perfazendo um total de vinte e cinco meses:

FASE 1 - Anterior as obras de pavimentação da Rodovia BR-242/TO, uma coleta visando determinar as condições prévias existentes nos rios e lagoas (“background”)

FASE 2 - Durante a realização das obras (estimadas em 2 anos), com vistas a observar as alterações nos cursos hídricos e locais determinados, decorrentes das obras e até o seu término. Serão realizadas coletas quadrimestrais.

Para estas fases, foram percebidas necessidades iguais de freqüência para o monitoramento da qualidade das águas.

g. Seleção de Laboratório e Equipe

Durante a visita de reconhecimento de campo, foi também selecionado o local para a execução dos ensaios de qualidade da água. Alguns pré-requisitos eram necessários para a seleção do laboratório:

Proximidade com a região em estudo;

Capacidade técnica;

Capacidade material (equipamentos, instalações, etc);

Experiência em questões ambientais.

Laboratório

Após a realização de uma visita ao laboratório da Universidade de Brasília - UnB, este foi selecionado para a execução deste programa, por atender aos critérios estabelecidos.

Este laboratório conta com equipamentos de última geração, e com equipe técnica altamente capacitada, sendo plenamente adequado para a realização de todos os ensaios físico-químicos e bacteriológicos propostos neste programa.

As principais áreas de atuação do laboratório selecionado são:

Caracterização físico-química da águas de abastecimento;

Monitoramento de estações de Tratamento de água e de esgotos;

Bacteriologia Sanitária;

Hidrobiologia;

Qualidade das Águas.

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Equipe Técnica

A equipe contratada poderá responder pela coleta das amostras, análise do material, emissão de laudos e participação nos relatórios do programa.

Os técnicos do laboratório selecionados para integrar a equipe deste programa deverão estar capacitados para as ações previstas acima, entre as quais destacam-se: coleta e preservação de amostras no campo; realização de medições in situ; realização de ensaios em laboratório e emissão de laudos e relatórios.

Para tanto, o laboratório deverá possuir uma equipe técnica formada de químicos e técnicos de laboratório com experiência na avaliação de impactos ambientais de atividades industriais em sistemas hídricos, já tendo atuado em:

Caracterização físico-química da águas de abastecimento;

Monitoramento de estações de tratamento de água e de esgotos;

Bacteriologia sanitária;

Hidrobiologia;

Qualidade das Águas;

Proteção e melhoria da qualidade ambiental;

Prestação de serviços à entidades públicas e privadas;

Desenvolvimento de projetos de pesquisas relacionadas com a qualidade das águas, o tratamento de águas de abastecimentos, residuárias domésticas e industriais, e a disposição e o tratamento de resíduos sólidos.

h. Atividades e Ações Para Implantação do Programa

Situação Atual

Para realização do programa e posterior seleção dos locais de amostragem, foi esboçada a situação atual dos recursos hídricos da região, baseada nas informações obtidas em fontes secundárias e nas observações realizadas durante a viagem de reconhecimento à área em estudo.

Rios

Alguns dos rios observados já apresentam problemas de qualidade ambiental bastante severa (má qualidade de suas águas devido a lançamento de efluentes a montante da rodovia, ocupação de suas margens, remoção de matas ciliares), não devendo ser, portanto, expressiva a interferência causada pelas obras nestes locais.

A região que estará sujeita aos impactos durante a fase de pavimentação da rodovia localiza-se às margens da rodovia BR-242/TO. No que se refere a este programa os pontos críticos podem ser descritos como a intersecção entre as drenagens e a rodovia.

Vale ressaltar que as bacias são atravessadas pela rodovia em seus baixos cursos, normalmente já bastante poluídos, conforme já discutido.

Lagoas

Não existe lagoa na região, somente o Lago da UHE de Peixe.

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Locais de Amostragem

Os locais selecionados obedeceram a critérios de tamanho, porte, representatividade e importância local e regional. Neste caso se incluem a maior parte dos rios selecionados. Foram selecionados os principais rios atravessados pela rodovia BR-242/TO que podem vir a sofrer impactos com a implantação da rodovia. Foram ainda incluídos rios de pequeno porte, mas que devido aos usos previstos para os mesmos, se tornaram irrelevantes para este estudo.

Observa-se, na diretriz da BR-242/TO, que há um número significativo de drenagens intermitentes que para este Programa não são relevantes, motivo pelo qual determinou-se que serão avaliados apenas os rios maiores que possuem caráter permanente:

Rio Palma;

Rio Paranã;

Rio Tocantins.

Sendo que o ponto de intersecção destas drenagens com a rodovia é o local de interesse das análises químicas.

As informações disponíveis sobre os produtos perigosos que serão transportados nesta rodovia dão conta da predominância de líquidos inflamáveis. O programa de Transporte de Produtos Perigosos tratará mais especificamente destes assuntos.

Parâmetros Analisados

A seleção dos parâmetros que serão analisados neste Programa está em consonância com as atividades executadas pelo empreendimento durante as suas várias fases de implantação. Deste modo, parâmetros que não tem estreita vinculação com o projeto não serão estudados.

Um conjunto básico de parâmetros será analisado em todos os locais de coleta, e nos mananciais de jusante, visando especificamente acompanhar os efeitos das obras sobre os recursos hídricos. Parâmetros complementares serão analisados na lagoa da UHE de Peixe, onde vários usos existentes podem ser direta ou indiretamente afetados pelo empreendimento.

Os parâmetros básicos são:

Temperatura;

Oxigênio Dissolvido;

pH;

Condutividade Elétrica;

Cor;

Turbidez;

Sólidos.

DBO;

DQO;

Nitrato e Amônia;

Fosfato;

Cloretos;

Hidrocarbonetos;

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Coliformes Fecais e Totais.

Algumas dessas análises podem ser realizadas com equipamentos portáteis, permitindo respostas rápidas que subsidiarão ações corretivas imediatas, caso seja constatado que as alterações observadas na qualidade da água sejam originárias da implantação do empreendimento.

A seguir estão apresentados de maneira sintética a descrição dos parâmetros selecionados e sua relação com a área em estudo.

Temperatura

Os corpos hídricos sofrem variações de temperatura de acordo com as flutuações climáticas normais. Estas variações ocorrem com as estações do ano e também, durante o dia. Os lagos apresentam ainda variações ao longo das profundidades, podendo ocorrer estratificação da temperatura ao longo da coluna d’água. A temperatura das água superficiais é influenciada pela latitude, altitude, estação, horário, circulação atmosférica, cobertura de nuvens, além da profundidade e vazão do corpo hídrico. Por sua vez, a temperatura afeta os processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem nos corpos hídricos, e desta forma, a concentração de várias variáveis, pois afeta as taxas de reação química (solubilização, evaporação, metabolismo, etc).

A temperatura das águas superficiais varia mundialmente entre 0 ºC e 30 ºC, com mínimos nos períodos de inverno e máximas nos períodos de verão. Deve ser medida no próprio local, no momento da amostragem, com o uso de um termômetro ou sensor para temperatura. Como a temperatura é um parâmetro que possui uma influência em vários processos aquáticos e em outras variáveis, é importante incluí-la na amostragem, anotando sempre o horário em que a amostra foi tomada.

Oxigênio Dissolvido - OD

O oxigênio é essencial a todas as formas de vida aquática, incluindo os organismos responsáveis pela auto-purificação da água em processos naturais. O conteúdo de oxigênio dissolvido varia com a temperatura, salinidade, atividade fotossintética e pressão atmosférica. Em águas doces o conteúdo de oxigênio tende a variar entre 15 mg/l (0 ºC) até 8 mg/l (25 ºC).

Descargas de efluentes ricos em matéria orgânica podem causar o decréscimo da concentração de OD, podendo inclusive levar a condições anaeróbicas. Concentrações de OD inferiores a 5mg/l podem causar efeitos adversos em comunidades biológicas, e concentrações inferiores a 2 mg/l podem causar a morte de peixes.

A determinação da concentração de oxigênio dissolvido é portanto primordial em estudos de qualidade da água, uma vez que o oxigênio está envolvido ou influencia praticamente todos os processos químicos e biológicos que ocorrem em um corpo hídrico. A determinação de OD pode ser utilizada ainda como indicador do grau de poluição por matéria orgânica.

A medição da concentração de oxigênio dissolvido deve ser realizada no campo, através de equipamentos portáteis.

Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO

A DBO é uma medida aproximada da quantidade de matéria orgânica biodegradável presente em uma amostra de água. Águas não poluídas apresentam em geral teores de DBO inferiores a 2 mg/l O², enquanto que águas que recebem efluentes podem apresentar teores superiores a 20 mg/l O², especialmente se a amostra for tomada próximo ao local do lançamento.

Este parâmetro pode ser minimizado ou controlado de acordo com a quantidade de supressão de vegetação nas margens dos rios, evitando que sejam depositados no leito do rio

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Demanda Química de Oxigênio - DQO

A DQO é amplamente utilizada como medida da susceptibilidade a oxidação de materiais orgânicos e inorgânicos presentes na água. Embora não represente o conteúdo total de carbono orgânico presente na água, é um bom indicador para despejos industriais. A concentração de DQO em águas superficiais varia entre 20 mg/l O² ou menos em águas limpas, até valores superiores a 200 mg/l em águas poluídas. Efluentes industriais apresentam valores entre 100 mg/l até 60.000 mg/l O².

Este parâmetro pode ser minimizado ou controlado de acordo com a quantidade de supressão de vegetação nas margens dos rios, evitando que sejam depositados no leito do rio

Potencial Hidrogeniônico - pH

O pH é uma variável importante na avaliação da qualidade da água, uma vez que influencia vários processos biológicos e químicos em corpos hídricos, assim como os processos associados ao abastecimento e tratamento da água.

Alterações no pH podem indicar a presença de efluentes, mais facilmente identificável se forem registrados de maneira contínua e conjunta com a condutividade elétrica. Variações de pH ao longo do dia devem estar associadas com ciclo de respiração de algas. O pH em águas naturais varia entre 6,0 e 8,5, podendo ocorrer valores mais elevados nos casos de águas subterrâneas ou lagos salgados.

O pH deve ser medido no campo uma vez que é afetado por vários fatores naturais. A temperatura da água deve ser também anotada, visto ser o pH dependente da temperatura.

Condutividade Elétrica

Corresponde a capacidade da água em transmitir corrente elétrica, e portanto reflete de maneira indireta o conteúdo de sais dissolvidos na água. Pode também ser utilizado como indicador de despejos industriais e/ou águas poluídas. Em águas doces, a condutividade elétrica varia entre 10 a 1.000 uS/cm, podendo exceder 1.000 uS/cm no caso de águas poluídas ou em rios que recebem grande descarga de sólidos.

Cor

A cor e a turbidez da água determinam a profundidade até a qual a luz é transmitida. A luz controla a produtividade primária que é possível pelo controle da taxa de fotossíntese das algas presentes.

Compostos que ocorrem naturalmente, como hidróxido de ferro, e substâncias orgânicas, como os ácidos húmicos, dão cor verdadeira à água. A cor aparente é causada por substâncias particuladas coloridas e pela reflexão e refração da luz em substâncias suspensas. Águas poluídas podem, portanto, ter cor aparente expressiva. Diferentes espécies de fito e zooplâncton podem dar cor aparente à água (algas verde-azuis, diatomáceas, etc.).

A cor é medida por comparação com padrões de sal de platina e cobalto, sendo portanto, a unidade de medida em mg/l Pt. Em águas naturais, a cor pode variar de inferior a 5 unidades até 300 unidades. Como os compostos que dão cor à água são em geral instáveis, recomenda-se a medição de cor no campo, ou em até 2 horas após a coleta da amostra.

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Turbidez

O tipo e a concentração de material em suspensão controla a turbidez da água. Os materiais em suspensão correspondem a silte, argila, partículas finas de compostos orgânicos e inorgânicos, plâncton e outros organismos microscópicos. A turbidez é medida pelo espalhamento e absorção da luz incidente em uma amostra, e deve ser medida no campo, uma vez que alterações de pH e da luz podem levar a precipitação de materiais e alterações nos resultados.

A medição de turbidez pode ser afetada pela presença de fortes chuvas na bacia de captação da estação de monitoramento. Ações antrópicas na bacia, tais como, remoção de solos, também mostram efeitos na turbidez da água.

Sólidos Sedimentáveis

Os sólidos sedimentáveis correspondem as grandes partículas transportadas na água. Os sólidos em suspensão aumentam a turbidez da água, ocasionando a redução da penetração da luz, e conseqüentemente da produtividade do ecossistema. A amostra deverá ser analisada o mais rapidamente possível, de modo a evitar a precipitação de materiais (Cone de Imhoff).

Nitrato e Amônia

O nitrogênio é um elemento de grande importância para os organismos. O acúmulo de nitrogênio, principalmente nas suas formas nitrato e amônia, decorre da poluição orgânica e da drenagem de solos adubados.

Em águas naturais, o teor de nitrato é da ordem de 0,1 mg/l. Quando influenciado por ação humana, pode elevar as concentrações para cerca de 1 a 5 mg/l. Concentrações acima de 5 mg/l mostram a contaminação por poluição humana, uso de fertilizantes ou runoff. Em casos de poluição extrema, as concentrações podem atingir 200 mg/l.

Fosfato

O fósforo é um nutriente essencial para os organismos existentes no meio aquático em formas dissolvidas e particuladas. O aumento artificial em sua concentração é devido às atividades humanas: efluentes domésticos (principalmente contendo detergentes), efluentes industriais, uso de fertilizantes, etc. Em águas naturais, sua concentração varia de 0,005 a 0,020 mg/l PO4-P. Águas salinas (lagos) podem apresentar concentrações da ordem de 200 mg/l PO4-P.

Como o fósforo é um componente essencial aos ciclos biológicos nos corpos hídricos, é freqüentemente incluído em programas de avaliação da qualidade da água, para conhecimento das características dos rios (“background”).

Cloretos

Em águas doces e limpas, o conteúdo de cloretos é inferior a 10 mg/l. Concentrações mais elevadas ocorrem próximas ao lançamento de efluentes, drenos de irrigação, intrusão salina, áreas áridas ou áreas úmidas costeiras. Como o cloreto é freqüentemente associado com efluentes domésticos, é um parâmetro em geral incorporado em estudos de avaliação ambiental como indicador de contaminação fecal.

Coliformes Fecais e Coliformes Totais

O risco mais comum à saúde humana associada à água decorre da presença de microorganismos causadores de doenças. Vários desses microorganismos são decorrentes da poluição das águas

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por efluentes domésticos (esgotos): as fezes humanas contém grande variedade de patogênicos que podem causar doenças, variando entre simples distúrbios gástricos até disenteria e tifo.

Efluentes domésticos em geral apresentam de 10 a 100 milhões de coliformes por 100 ml. O monitoramento para a presença de bactérias patogênicas, neste caso, utilizando as bactérias do grupo coliforme como indicadoras da contaminação, é um componente essencial de programas de avaliação de qualidade da água, onde o uso da água leva direta ou indiretamente a ingestão da água. Nestes casos estão incluídos os usos de potabilidade, usos domésticos, recreação, irrigação de culturas, etc.

Os usos existentes para a água na região de implantação do empreendimento, bem como os usos dados aos solos, causam direta ou indiretamente, alterações à qualidade das águas que podem ser detectadas pelas alterações observadas nos parâmetros medidos.

As alterações nos parâmetros de qualidade da água apresentam muitas vezes mais de uma agente causador, de difícil determinação. A tabela 11.1 apresentada a seguir sumariza as causas prováveis das alterações que podem ser observadas na qualidade da água dos rios e dos mananciais.

Tabela 11.1. Síntese das alterações na qualidade da água.

PARÂMETRO ALTERAÇÃO OBSERVADA CAUSA PROVÁVEL

Temperatura Aumento na temperatura da

água Lançamento de efluentes industriais ou acidentes envolvendo cargas perigosas

DQO Aumento na DQO Lançamento de cargas orgânicas (industriais

ou domésticas)

pH Diminuição ou aumento

acentuado do pH Alteração nos processos bioquímicos da água

Cor Alteração de cor Alterações químicas e físico-químicas

Turbidez Aumento da turbidez Movimento de terra

Sólidos Sedimentáveis Aumento de sólidos Movimento de terra

Condutividade Elétrica Aumento da condutividade

elétrica Lançamento de efluentes

Nitrato e Amônia Aumento dos níveis Lançamento de efluentes

Fosfato Aumento dos níveis Lançamento de efluentes ou atividades

agropecuárias

Cloretos Aumento dos níveis Lançamento de efluentes

Oxigênio Dissolvido Redução no nível de oxigênio dissolvido

Lançamento de cargas orgânicas (industriais ou domésticas)

DBO Aumento na DBO Lançamento de cargas orgânicas (industriais

ou domésticas)

Hidrocarbonetos Análises positivas Derramamento deste tipo de material nos

corpos d’água

Coliformes Fecais e Totais

Aumento na contagem de bactérias

Lançamento de efluentes domésticos ou atividades agropecuárias

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Freqüência de Monitoramento e Extensão do Programa

Considerando a execução do Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos em duas fases distintas, perfazendo um total de vinte e cinco meses, foi determinada a seguinte freqüência para o monitoramento (tabela 11.2).

Tabela 11.2. Freqüência de monitoramento.

FASES DURAÇÃO FREQÜÊNCIA

OBSERVAÇÃO RIOS LAGOAS

FASE 1:

Anterior as obras 1 mês --- ---

Análise bacteriológica e físico-química

FASE 2:

Durante as obras 2 anos Quadrimestral Quadrimestral

Análise bacteriológica e físico-química

As datas apresentadas são estimativas, sabendo-se que as obras (Fase 2) poderão levar tempo superior a 2 anos em função de dificuldades burocráticas, financeiras e governamentais. Durante a Fase 2, as campanhas deverão estar de acordo com o cronograma das obras, de modo a abarcar as atividades mais impactantes aos recursos hídricos (terraplenagem, montagem de canteiros-de-obra), prevendo-se em qualquer caso (2 anos) campanhas quadrimestrais, com duração de 15 dias cada.

As campanhas para coleta de material deverão ter duração máxima de 4 dias, em virtude da necessidade de análise rápida de alguns parâmetros.

Recomendações Gerais

Considerando que as obras para pavimentação da rodovia envolverão intenso movimento de terra, construção de canteiros e alojamentos, bota-foras, exploração de jazidas, entre outras atividades, algumas recomendações de caráter geral devem ser adotadas pelas empreiteiras, visando a manutenção da qualidade das águas dos rios e lagos afetados pelas obras. Entre essas recomendações, destacam-se:

Localização adequada das instalações da obra (canteiros, alojamentos), obedecendo aos critérios e normas técnicos existentes;

Disposição adequada de esgotos sanitários dos alojamentos e canteiros-de-obra (fossas sépticas afastadas de locais de captação de água e de cursos d’água);

Implantação de sistemas coletores para efluentes industriais (óleos e graxas, combustíveis) tais como caixas separadoras de água e óleo/combustíveis, canaletas de condução e etc;

Disposição adequada dos resíduos sólidos gerados pelas obras, de modo a evitar a contaminação dos corpos hídricos;

Controle de erosão e das atividades de terraplenagem e possível adequação do cronograma aos períodos de menor pluviometria;

Caracterização pré-obra dos corpos hídricos onde será feito o lançamento de efluentes dos canteiros-de-obra. Esta caracterização deverá estar a cargo das empreiteiras vencedoras do

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processo licitatório, e, portanto, deverão constar do edital de licitação para contratação dos serviços de construção.

11.7. Recursos Humanos e Materiais

Os recursos humanos e materiais necessários para o bom desenvolvimento deste programa, encontram-se definidos nas tabelas 11.3 e 11.4.

Tabela 11.3. Recursos humanos.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO AÇÃO

Químico 1 6 campanhas Realização de trabalhos técnicos

Técnico de nível médio 1 6 campanhas Apoio técnico

Motorista 1 6 campanhas Condução de veículo automotor

Tabela 11.4. Recursos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO

Equipamento portátil de medição de parâmetros físico-químicos

1 6 campanhas

Laboratório (incluindo os reagentes para confecção das análises)

1 6 campanhas

Análises Bacteriológicas 3 6 campanhas

Análises Físico-Químicas 3 6 campanhas

Aluguel de veículo (sedan) 1 6 campanhas

Combustível (gasolina) 100 litros/campanha 6 campanhas

11.8. Instituições Envolvidas

DERTINS;

Empresas contratadas e organizações conveniadas;

IBAMA;

NATURATINS

DNIT.

11.9. Cronograma Físico de Implantação

Etapa 1

O início desta etapa está condicionado ao início das obras de pavimentação. Nesta fase será privilegiada a época de chuvas.

Etapa 2

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Na tabela 11.5 é apresentado o cronograma físico de implantação referente às ações executadas no presente Programa.

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Tabela 11.5. Cronograma físico de implantação.

AÇÃO MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Planejamento X

Coleta de Amostra X X X X X X

Análises X X X X X X

Relatórios X X X X X X X

11.10. Estimativas de Custo

Nas tabelas 11.6 e 11.7 são apresentadas às estimativas de custos relativos a contratação de profissionais e o consumo de materiais necessários para o desenvolvimento do programa.

Tabela 11.6. Estimativa de custos para a contratação de profissionais.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO PREÇO

UNITÁRIO (R$)

PREÇO ETAPA 1

(R$)

PREÇO ETAPA 2

(R$)

PREÇO TOTAL (R$)

Químico 1 6 campanhas 4.707,58/mês 4.707,58 14.122,74 18.830,32

Técnico de nível médio

1 6 campanhas 1.289,75/mês 1.289,75 3.869,25 5.159,00

Motorista 1 6 campanhas 580,39/mês 580,39 1.741,17 2.321,56

TOTAL 26.310,88

* Cálculo realizado considerando-se que cada campanha possui duração de 15 dias.

Tabela 11.7. Estimativa de custos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO PREÇO UNITÁRIO

(R$) PREÇO TOTAL

(R$)

Análises Físico-Químicas 18 6 campanhas 100,00 1.800,00

Análises Bacteriológicas 18 6 campanhas 50,00 900,00

Frascos (Análises Físico-Químicas)

18 6 campanhas 5,00 90,00

Frascos (Análises Bacteriológicas)

18 6 campanhas 5,00 90,00

Aluguel de veículo (sedan)

1 6 campanhas 120,00/dia 10.800,00

Combustível (gasolina) 100L/campanha 6 campanhas 2,50/Litro 1.500,00

TOTAL 15.180,00

O custo final deste projeto é o somatório dos dois montantes, ou seja, R$ 41.490,88. Quaisquer alterações advindas de modificações de projetos serão realizadas quando da definição dos projetos no momento da obra.

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11.11. Implantação, Acompanhamento e Avaliação do Programa

A implantação deste PMCH será de responsabilidade do DERTINS, por meio da Coordenação de Gestão Ambiental - CGA. A execução será realizada pela equipe técnica deste PCMP.

O acompanhamento será realizado pelo coordenador do PMCH e pela Supervisão Ambiental da obra. A avaliação das atividades será de responsabilidade da equipe do CGA.

Como instrumentos de acompanhamento e avaliação serão emitidos relatórios após o término de cada campanha definida neste programa, elaborados pelo coordenador do PMCH. Ao final deste programa será elaborado um Relatório Final de Avaliação a ser encaminhado à CGA.

11.12. Referências Bibliográficas

LOPES, J.A.U. e outros,EIA/RIMA do Projeto de Ampliação da Capacidade Rodoviária das Ligações com os Países do Mercosul - BR-242 Trecho Florianópolis (SC) - Osório (RS).

ENGEMIN Eng e Geologia Ltda . Convênio DNER/IME.

CHAPMAN, D. (ed). - Water Quality Assessments - A guide to the use of biota, sediments and water in environmental monitoring. 2nd. Ed., London, UNESCO/WHO/UNEP, E& FN Spon. 1996.

APHA/AWWA/WPCF - Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 17st. Ed., Washington, 1989, 1268 pp.

GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA/SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE - Bacias Hidrográficas do Estado de Santa Catarina - Diagnóstico Geral. Florianópolis, 1997, 163p.

CHESF - COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO - Usina Hidrelétrica de Xingó - Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Rio de Janeiro, Enge-Rio Engenharia e Consultoria AS, 1993.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA) - Resolução CONAMA 20/86 de 18 de Junho de 1986. Diário Oficial, Brasília, 30/06/86, Seção1, p.11356-61.

MARGALEF, R. - Limnologia. Barcelona, Omega, 1983.

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12. Programa de Paisagismo - PP

12.1. Introdução

Ao longo do trecho em questão, a paisagem de grande parte do percurso já sofreu algumas ações antrópicas, estando, portanto, alterada. Neste contexto, o projeto paisagístico tem muito a contribuir tanto na preservação de um patrimônio paisagístico que se encontra em bom estado, quanto na recuperação de paisagens degradadas, servindo de medida compensatória à supressão de vegetação necessária à implantação do corpo estradal.

O tratamento paisagístico não é abordado apenas por um enfoque estético. É considerado por diferentes aspectos, incluindo o funcional e estrutural, e principalmente reconhecida a sua importância para uma melhor integração ambiental e ecológica da rodovia no grande ecossistema na qual ela se insere.

Para este fim, o programa de paisagismo para a implementação do trecho Peixe-Paranã-Taguatinga, da BR-242/TO, enfoca prioritariamente a revegetação da faixa de domínio por meio dos diferentes estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo, indicando diretrizes de projeto quanto ao formato e conteúdo. Cabe ressaltar ainda que este programa ambiental é materializado através do Projeto de Paisagismo que se insere no âmbito do Projeto de Engenharia, e apresenta ainda interface com outros programas, tais como o Programa de Recuperação de Áreas Alteradas e o Programa de Controle de Processos Erosivos.

12.2. Justificativa

A implantação do Programa de Paisagismo justifica-se não apenas por melhorar a beleza cênica da rodovia, mas também por cumprir com a função de proteger suas margens contra a formação de processos erosivos, além de contribuir com a recuperação das áreas alteradas e com a segurança de seus usuários.

12.3. Objetivos

Em termos específicos, este programa tem os seguintes objetivos:

Auxiliar na manutenção e no enriquecimento da cobertura vegetal ao longo da faixa de domínio, recompondo na medida do possível pequenas amostras de vegetação nativa;

Promover a recomposição das formações ciliares na faixa de domínio, oferecendo proteção adicional contra o assoreamento e condições propícias à fauna aquática e terrestre;

Contribuir com a segurança rodoviária utilizando o potencial da vegetação como sinalização viva;

Ser aplicado como medida compensatória da perda do patrimônio biótico das áreas alteradas devido à implementação do empreendimento;

Como barreira vegetativa na redução do run-off da drenagem superficial de proteção do corpo estradal.

12.4. Metas

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A meta a ser atingida por este Programa é a implantação de um projeto paisagístico bem sucedido, funcional e durável de forma a requerer o mínimo de manutenção.

12.5. Alvo

Devem ser identificados como alvo as margens da rodovia alteradas devido às obras.

12.6.Metodologia e Descrição do Programa

A elaboração deste programa seguiu as seguintes etapas sob o aspecto metodológico:

Análise detalhada do tratamento paisagístico incorporado à minuta do projeto de engenharia, verificando a qualidade, a pertinência e a adequação dos procedimentos relativos ao segmento rodoviário do projeto;

Estabelecimento das diretrizes e recomendações gerais para a elaboração do projeto de paisagismo em sua versão final;

Acompanhamento e ação interativa com a equipe técnica do projeto de engenharia rodoviária, objetivando a consolidação do projeto executivo de paisagismo.

Ação interativa na seleção das espécies vegetais com os contextos do ecossistema da região do segmento rodoviário, como também, dos segmentos vizinhos, respeitando-se a dominância cênica das matizes atuais.

As atividades e ações previstas neste Programa serão retratadas através do Projeto de Paisagismo, que deverão integrar o Projeto Final de Engenharia das obras.

Este Programa é apresentado ou sob o sistema modular (projetos-tipo) ou de representação específica para cada situação trabalhada; a opção por uma ou outra forma de apresentação coube às consultoras contratadas para a elaboração do Projeto de Engenharia.

Independente da forma de apresentação, o Projeto de Paisagismo deverá contemplar as diretrizes básicas estabelecidas por este programa ambiental para as diversas situações presentes nos diferentes segmentos da rodovia.

Os itens subseqüentes referem-se à versão simplificada de apresentação do projeto, que é estruturado nos seguintes elementos básicos:

Projeto-tipo/módulos paisagísticos (sua estrutura espacial e quantitativos);

Planilhas de localização do módulo e suas repetições e constituindo os projetos-tipo;

Especificações de espécies vegetais e seus quantitativos;

Instruções de plantio e monitoramento;

Pesquisa de mercado para obtenção das espécies selecionadas, objetivando orientar o proponente construtor do segmento. Este formato visa uma representação gráfica que seja ao mesmo tempo sucinta e eficiente, trazendo economia de tempo e de recursos sem comprometer a qualidade do trabalho em todas as suas etapas.

a. Projetos-Tipo/Módulos Paisagísticos

Os projetos-tipo são constituídos por módulos paisagísticos que serão implantados ao longo da rodovia, atendendo os objetivos do Programa e considerando as situações típicas encontradas.

Os módulos paisagísticos que compõem um projeto-tipo são constituídos por um conjunto de espécies vegetais arbóreas e arbustivas, definidos em função da variação geométrica da pista ou

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de seus dispositivos ambientais, com objetivos específicos tais como controle de erosão, sinalização viva, proteção ambiental.

Cabe destacar a importância do projeto-tipo para as áreas de preservação permanente tais como matas ciliares e margens de lagoas. Estas áreas irão receber especial atenção, onde o tratamento paisagístico tem fundamentalmente uma proposta de caráter ambiental e recuperação ecológica. Cada projeto-tipo a ser apresentado em prancha formato A3, no projeto de engenharia, deverá contemplar as seguintes características em termos de conteúdo:

Planta baixa do projeto-tipo, indicando a localização dos volumes arbóreos e/ou arbustivos ao longo da faixa de domínio;

Quadros ou planilhas indicando:

1. Espécie vegetal pelo nome científico e nome vulgar;

2. Quantitativo das mudas por espécie (árvores e palmeiras) por unidade e arbustos por m²;

3. Características solicitadas para o porte das mudas;

4. Compasso de plantio das árvores e palmeiras.

Os locais de implantação dos projetos-tipo e de seus módulos paisagísticos ao longo da rodovia são indicados por meio de uma tabela contendo, no mínimo, a localização (km), o lado e o módulo paisagístico a implantar.

É apresentada na tabela 12.1 a descrição de cada uma das situações a serem consideradas no Projeto de Paisagismo.

Tabela 12.1: Descrição das situações consideradas no projeto de paisagismo.

SITUAÇÃO CONSIDERADA

OBJETIVOS CARACTERIZAÇÃO

Curvas horizontais acentuadas.

Sinalizar a longa distância as curvas horizontais e locais perigosos.

Plantio de maciços arbóreos homogêneos um pouco antes da curva, acompanhando-a pelo lado externo.

Cabeceiras de obras de arte (pontes).

Sinalizar obras de arte a longa distância e oferecer estímulos à redução de velocidade.

Plantio de árvores dispostas em diagonal em relação à direção do tráfego, trazendo uma sensação de afunilamento. No caso de pontes, deverá ser compatibilizado com o projeto-tipo de matas ciliares.

Quebra de monotonia em retas.

Diminuir a monotonia e o cansaço visual, estimulando visualmente o motorista.

Maciços arbóreos heterogêneos, dispostos aleatoriamente ao longo das grandes retas.

Drenagens e passagens em nível inferior.

Sinalizar a presença destes equipamentos a longa distância.

Maciços arbóreos e conjuntos arbustivos.

Curvas verticais acentuadas.

Sinalizar a longa distância as curvas verticais, buscando dar ao motorista a impressão de afunilamento da estrada.

Plantio de maciços arbóreos heterogêneos em curva, localizados no ponto mais alto da curva vertical da estrada.

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SITUAÇÃO CONSIDERADA

OBJETIVOS CARACTERIZAÇÃO

Defensa natural em curvas e taludes decorte em rocha.

Oferecer uma proteção adicional aos usuários quando o terreno estiver num nível mais baixo que o da rodovia, e tratar paisagisticamente os cortes.

Maciços arbóreos e arbustivos no nível inferior, e conjuntos de arbustos ou trepadeiras nos taludes de corte.

Retornos.

Sinalizar a presença destes dispositivos a longa distância, estimulando a redução de velocidade.

Vegetação de baixo porte nas ilhas e arbórea na faixa de domínio, visando sinalização viva compatível com a segurança rodoviária.

Acessos.

Sinalizar a presença destes dispositivos a longa distância, estimulando a redução de velocidade.

Vegetação de baixo porte nas ilhas e arbórea na faixa de domínio, visando sinalização viva compatível com a segurança rodoviária.

Defensa natural em retas.

Alertar os motoristas quanto ao desnível existente entre a pista e o terreno natural.

Maciços arbóreos heterogêneos com copa densa.

Placas de sinalização.

Destacar as placas de sinalização e evitar o aparecimento de vegetação inadequada na frente das mesmas.

Vegetação homogênea herbácea ou arbustiva de baixo porte, apresentando cores ou texturas que a destaquem na paisagem.

Paradas de ônibus.

Oferecer sombreamento e sinalização da presença dos abrigos de ônibus a longa distância.

Vegetação arbórea de médio a grande porte, com copa densa, dispostos junto ao abrigo de modo a não bloquear a visão da pista de chegada dos ônibus. Iluminação e telefone público.

Matas ciliares/ áreas marginais de lagunas costeiras.

Oferecer proteção adicional contra o assoreamento das margens, promover condições propícias para a presença da fauna aquática e terrestre.

Conjuntos arbóreos ou arbustivos heterogêneos, implantados cada lado das pontes ao longo dos rios na faixa de domínio. Deverá ser compatibilizado com o projeto-tipo pontes. No caso de áreas marginais de lagunas costeiras, estes conjuntos serão implantados na faixa de domínio quando esta se situa em margem de lagoa.

Barreira antiofuscamento.

Oferecer uma vegetação adequada, servindo de barreira contra luz, melhorando assim as condições de visibilidade.

Conjuntos homogêneos de arbustos de fácil manejo e manutenção.

O paisagismo das interseções, travessias urbanas e belvederes deverá ser apresentado em projetos específicos.

b. Intrusão Visual, Segregação Urbana e Segurança Operacional

Destina-se a orientar e especificar ações, que devem ser implementadas às soluções do projeto final de engenharia da rodovia BR-242/TO, trecho Taguatinga-Paranã-Peixe, voltadas a eliminar ou minimizar não apenas os problemas já existentes decorrentes da inserção da rodovia com as

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comunidades lindeiras, assim como sua potencialização pelas obras de adequação de capacidade.

As ações previstas terão como enfoque orientar e especificar ações, voltadas às demandas, conforto e segurança das muitas comunidades interferentes / usuários da rodovia, componentes do tráfego local ou de longa distância.

Objetivo

Os objetivos compreendem:

Dispor o projeto de soluções que contemplem a segurança operacional, considerando não apenas os aspectos técnicos, já previstos nas normas do DERTINS, mas também o uso da rodovia por atividades sócio-econômicas regionais;

Reduzir ou eliminar a intrusão visual pela seleção e localização de espécimes vegetais, considerando:

A coerência no tratamento paisagístico ao longo do percurso;

As características ambientais e paisagísticas das regiões percorridas pela rodovia;

As condições específicas de solo e de alteração da topografia original acarretadas pela execução da rodovia;

As oportunidades de comunicação visual exigida pela segurança viária;

As possibilidades de propiciar proteção contra-vento, propagação de ruídos, proteção de áreas de interesse específico;

Ampliação das áreas vegetadas, procurando dar continuidade às matas ciliares e veredas remanescentes no limite da faixa de domínio, propiciando condições para a recolonização espontânea da fauna terrestre atingida pelas obras.

Propostas do Plano – Escopos e Métodos

As atividades deste item referem-se às etapas de detalhamento do Projeto de Engenharia onde serão considerados, sem se limitar, os seguintes fatores:

Segurança Operacional

Interseções e Acessos

Normas para projeto vigentes no DNIT ou no próprio DERTINS;

Executar ostensivo projeto de sinalização, não apenas para a BR-242/TO, mas também às vias interceptantes;

Executar Projeto de Paisagismo;

No dimensionamento do dispositivo, considerar os aumentos dos fluxos de veículos e pedestres relativos a turismo, colheitas de safras, períodos letivos, festas regionais e outros de aspectos locais;

Travessias Urbanas

Normas para projetos vigentes no DERTINS;

Os segmentos correspondentes às travessias urbanas devem ser objeto de estudos e análises das demandas das populações envolvidas, para dimensionamento dos dispositivos;

Executar ostensivo projeto de sinalização;

Executar Projeto de Paisagismo;

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No dimensionamento do dispositivo, considerar os aumentos dos fluxos de veículos e pedestres relativos a turismo, colheitas de safras, períodos letivos, festas regionais e outros de aspectos locais;

Planos de expansão industrial, implantação de loteamentos para novas áreas comerciais, residências, laser;

Estabelecer os fluxos de pedestres e veículos dos núcleos urbanos, para posicionamento e caracterização dos dispositivos das travessias.

Intrusão Visual

Compreende a exigência de elaboração e execução de projeto paisagístico para todos os trechos de construção da rodovia, abrangendo:

Características ambientais e paisagísticas da região;

Condições específicas de solo e de alteração da topografia natural acarretada pela execução da rodovia;

Condições da biota nas áreas remanescentes limítrofes à via;

Caracterização da vegetação, visando a utilização de espécies nativas e/ou adaptadas às condições regionais;

Verificação da existência de bancos de mudas e sementes locais em viveiros de órgãos estaduais, municipais e particulares;

Necessidades de sinalização verde (nos cruzamentos em nível), criação de barreiras visuais e proteção aos ruídos e à poluição;

Esquivar-se da utilização de espécies vegetais frutíferas, evitando a aproximação de animais à rodovia;

Realização de projeto executivo com locação, especificação e quantificação das espécies vegetais a serem implantadas; especificações de plantio, correção do solo, cuidados de manutenção.

Dispor no projeto de padrões paisagísticos que, em obras rodoviárias, são pequenos módulos de vegetação especialmente escolhidos para cada variação geométrica da pista, com objetivos específicos de controle da erosão, sinalização viva, proteção ambiental.

Os segmentos rodoviários urbanos são geradores de sérios conflitos com o espaço urbano, inclusive em termos de intrusão visual. Os impactos decorrentes da implantação da rodovia e seus equipamentos operacionais são potencializados pela estrutura viária urbana.

Infelizmente as iniciativas por parte dos órgãos rodoviários de amenizar ou mesmo erradicar este impacto, com soluções indicadas em Projetos de Paisagismo, têm se mostrado ineficazes pela atuação isoladamente ou em sinergia de, no mínimo, os seguintes fatores:

Demora no crescimento das mudas de espécies arbóreas;

Roubo e vandalismo, facilitados pelo pequeno porte das mudas;

Longo convívio das populações e usuários da rodovia com paisagens urbanas estéreis, em face de demora do crescimento dos espécimes;

Utilização de espécimes exóticas à biota local.

Em decorrência destes fatores negativos, o Projeto Final de Engenharia deverá prever a utilização de espécimes vegetais adultos obtidos, por seleção e remoção prévia às atividades da obra, em áreas a serem desmatadas.

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Foto 12.1: Final do trecho terraplenado próximo ao ponto 110, no Município de Arraias. Coordenadas UTM: 290975E / 8623230N.

c. Especificação das Espécies Vegetais

No processo de revegetação da faixa de domínio, é de fundamental importância o conceito de heterogeneidade para a especificação das espécies vegetais que serão definidas nos módulos paisagísticos. Nesta perspectiva, busca-se trabalhar com a maior diversidade possível de espécies vegetais nativas e que sejam representativas dos diversos estágios temporais e estruturais dos diferentes ecossistemas presentes da área em questão. Além disso, a seleção de espécies estará direcionada para sua auto-sustentação.

Dessa forma o processo de revegetação deverá ser feito a partir de módulos de plantio, isto é, combinações de espécies com diferentes papéis no processo de sucessão ecológica. Deste modo as espécies pioneiras, de crescimento mais rápido, criam condições edáficas e microclimáticas para o desenvolvimento das espécies intermediárias e tardias. Esta é a base do conceito de sucessão secundária, que tem sido uma estratégia de revegetação para áreas alteradas pelo uso antrópico utilizada com sucesso em empreendimentos de grande porte, incluindo rodovias.

Além disso, ressaltam-se ainda como características desejáveis da vegetação a ser implantada, seu rápido desenvolvimento, fácil implantação a baixo custo e conseqüente manutenção, e reduzida exigência quanto às condições do solo.

Gramíneas

O plantio de gramíneas visa proporcionar um rápido recobrimento do solo, evitando sua compactação, a formação de processos erosivos, além de diminuir o impacto visual da atividade perante a população do entorno e usuários da via.

Devido à escassez de gramíneas nativas no mercado, o que representa um gargalo quando o assunto é implantação de projetos paisagísticos e, principalmente, recuperação de áreas degradadas, as espécies recomendadas para o plantio nas margens da estrada são a Paspalum saurae (grama pensacola), Cynodon dactylon (grama-bermuda), Brachiaria humidicola (braquiária) e a Paspalum notatum (grama batatais).

Arbóreas

O plantio das espécies arbóreas deverá ser realizado em conformidade com as normas definidas pelo DNIT, a fim de evitar potenciais problemas após a implantação efetiva do projeto paisagístico, com ênfase na ocorrência de acidentes devido a colisões com veículos automotores.

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Recomenda-se um destaque especial na indicação para o plantio de palmeiras ao longo do trecho a ser implementado, com destaque para palmáceas características da região do empreendimento.

As palmeiras são extremamente importantes no tratamento paisagístico da rodovia por diversos motivos: pelo aspecto ecológico e ambiental, pois são as plantas mais características da flora tropical, e representam um importante suporte alimentar para a avifauna; pelo aspecto estético, seu porte altaneiro e elegante fazem com que seu emprego judicioso possa trazer uma identidade paisagística ao local onde são implantadas. Além disso, são plantas que não exigem cuidados especiais em termos de manutenção. Recomenda-se, portanto, a especificação de diversas palmeiras no tratamento paisagístico de um empreendimento desta natureza. Entre as espécies de palmeiras nativas da região, sugere-se a utilização das relacionadas na tabela 12.2.

Tabela 12.2: Sugestão de palmeiras para plantio.

NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR OBSERVAÇÕES

Bactris setosa Tucum Matas de galeria

Butia capitata Butiá ou cabeçuda Palmeira mais típica do cerrado

Euterpe edulis Palmito Frutos comestíveis e apreciados pela fauna

Syagrus romanzoffiana Jerivá Frutos apreciados pela fauna

Butia capitata Butiá Cerrado

Syagrus flexuosa - Espécie de cerradão, cerrados e campos ,

de alto valor ornamental

Cabe destacar que todas as espécies relacionadas acima são comumente utilizadas em projetos paisagísticos e, portanto, encontradas sem dificuldade na região.

d. Instruções de Plantio

Gramíneas

Para o plantio, a camada superficial deverá estar devidamente escarificada, corrigida e fertilizada.

O plantio de gramíneas poderá ser realizado utilizando-se de técnicas variadas, dependendo da espécie a ser implantada, podendo ser:

A lanço, com utilização de sementes. Utilizada principalmente para o plantio de braquiária;

Em planas, onde a semeadura, a germinação e o desenvolvimento da grama ocorrem em local específico, para posterior transplantio para as áreas de destinação final, no formato de placas de grama;

Em mudas, onde, também, a semeadura, a germinação e o desenvolvimento da grama ocorrem em local específico, para posterior transplantio para as áreas de destinação final, no formato de mudas.

Arbóreas

Este item descreve as etapas e os procedimentos necessários para a realização dos plantios de espécies arbóreas previstos no futuro projeto paisagístico (Tabela 12.3).

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Tabela 12.3. Instruções para o plantio de espécies arbóreas.

ATIVIDADE AÇÃO

Preparo do terreno

Remoção de todo o lixo e restos de obra, tais como tocos, galhos, pedras, plantas indesejáveis.

O solo deverá ser todo revolvido numa camada de 5 a 10 cm, visando sua aeração e descompactação. Em solos muito compactados, a descompactação deverá ser executada a, no mínimo, 50 cm de profundidade.

Estaqueamento

Definição da posição exata de cada muda (quando árvore ou palmeira) ou da área (quando arbustos ou cobertura de solo) através de estacas com a identificação de cada espécie, conforme o projeto. O compasso de plantio das árvores e palmeiras não deverá ser inferior a 5,00 m.

Abertura de covas

As covas para plantio de espécies arbóreas deverão ter no mínimo, 0,50 m x 0,50 m x 0,50 m, com o espaçamento definido conforme o projeto. As covas deverão ser deixadas abertas pelo menos por 24 horas, visando a aeração e ação bactericida do sol.

Adubação das covas

A camada de solo orgânico existente deverá ser retirada na ocasião da abertura da cova e depositada separadamente do restante do solo.

Concluída a escavação, deve ser recolocada uma camada de terra descompactada de, aproximadamente, 0,50 m. O adubo orgânico deve ser curtido, e seu volume deverá corresponder a 1/3 do volume da cova. Após a colocação do adubo na cova, deve-se adicionar 1/3 do restante do solo retirado quando da abertura da cova, promovendo-se sua mistura com o adubo orgânico.

Aquisição de mudas

A obtenção de mudas em viveiros existentes na região da obra deverá ser priorizada, uma vez verificada a capacidade de atendimento à demanda. Deve-se evitar o alto custo de aquisição e transporte, mediante diminuição de perdas por locomoção e adaptação.

Plantio e tutoramento de

árvores

Após o preparo das covas, o plantio deverá ser executado retirando-se as embalagens, evitando perda de terra vegetal que vem com o torrão. As mudas deverão ser cuidadosamente colocadas nas covas, evitando batidas para que suas raízes não sofram lesões. Completar a cova com terra vegetal adubada.

O tutoramento visa garantir um crescimento retilíneo e proteger a muda contra ações ou situações que possam danificá-la. Consiste na colocação de estacas de bambu, que são amarradas no tronco das mudas através de fita de plástico ou de borracha em forma de 8 e colocada em 2 pontos com intervalo de 50cm, frouxa o suficiente para não danificar o tronco durante seu crescimento.

As mudas deverão ser regadas imediatamente após o plantio.

Irrigação Consiste na aspersão de água nas áreas plantadas, através de carro pipa ou outro meio adequado, cuja periodicidade deverá ser diária quando não for época de chuva.

Manutenção do plantio

Abrange as seguintes atividades: limpeza de folhas secas, espécies invasoras e capina das áreas plantadas, combate sistemático às pragas e doenças (formigas, fungos e outros), e rega sistemática. No final do primeiro ano do plantio, deverá ser verificada a necessidade de adubação adicional e reposição de falhas da vegetação introduzida.

Cabe ressaltar que imediatamente antes do plantio das mudas deverá ser cortado o fundo de todos os saquinhos a 1 ou 2 cm do fundo, de modo a se podar as pontas das raízes, caso haja enovelamento das mesmas no saquinho, retirando a embalagem da muda com cuidado para não desmanchar os torrões. A muda deve ser plantada dentro da cova, bem na posição vertical,

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observando a altura do torrão com relação ao solo cobrindo o fundo da cova com a terra de cima misturada até que o torrão fique nivelado com o solo, para não cobrir o colo ou coleto e evitar ataque de fungos. Segurar a muda sem encostá-la no chão e ir jogando a terra por cima para não enovelar a raiz.

Todo o material descartado e de natureza poluidora (restos de saquinhos, dentre outros) devem ser recolhidos e acondicionados em locais apropriados.

12.7. Recursos Humanos e Materiais

Os recursos humanos e materiais necessários para o bom desenvolvimento deste Programa, encontram-se definidos nas tabelas 12.4 e 12.5.

Tabela 12.4. Recursos humanos.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO AÇÃO

Engenheiro Florestal 1 30 campanhas Coordenação dos trabalhos, escolha das

espécies a serem utilizadas, etc.

Trabalhadores braçais 10 24 campanhas Realização dos plantios.

Motorista 1 30 campanhas Condução de veículos automotor.

Tabela 12.5. Recursos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO

Projeto paisagístico 1 -

Enxadas e enxadões 4 30 campanhas

Carrinho de mão 2 30 campanhas

Pás e picaretas 4 30 campanhas

Grama - 30 campanhas

Mudas 20.000 30 campanhas

Insumos - 30 campanhas

Aluguel de veículo (traçado) 1 30 campanhas

Combustível (gasolina) 100 litros/campanha 30 campanhas

12.8. Instituições Envolvidas

DERTINS;

Empresas contratadas e organizações conveniadas;

IBAMA;

NATURATINS.

12.9. Cronograma Físico de Implantação

O cronograma de implantação do Projeto Paisagístico deverá guardar correspondência com o cronograma de execução da rodovia. Deverão ser realizadas campanhas mensais com duração

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de quinze dias cada para o desenvolvimento das atividades. O monitoramento deverá se estender, pelo menos, por seis meses após o término das obras, quando então deverá ser reavaliada a necessidade de sua continuidade.

Cabe ressaltar que os plantios deverão ser executados no início do período das chuvas, no intuito de favorecer o sucesso destas atividades. Dessa forma, podem ocorrer mudanças no cronograma apresentado neste documento, tendo em vista a possibilidade de alterações no cronograma de execução das obras.

Na tabela 12.6 é apresentado o cronograma físico de implantação referente às ações a serem executadas no presente programa.

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Tabela 12.6. Cronograma físico de implantação.

AÇÃO MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Elaboração do projeto X X X

Execução dos projetos de paisagismo

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Monitoramento X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

Elaboração de relatórios parciais

X X X X X X X

Relatório final X X

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12.10. Estimativa de Custos

Os custos de implantação do Programa de Paisagístico variam em função das características geométricas da rodovia e da composição dos módulos paisagísticos utilizados.

Nas tabelas 12.7 e 12.8 são apresentadas às estimativas de custos para a contratação de profissionais e para o consumo de materiais necessários para o desenvolvimento do programa.

Tabela 12.7. Estimativa de custos para a contratação de profissionais.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO PREÇO UNITÁRIO

(R$) PREÇO TOTAL

(R$)

Engenheiro Florestal 1 30 campanhas 2.353,79 70.613,70

Trabalhadores braçais 10 24 campanhas 130,00 31.200,00

Motorista 1 30 campanhas 290,20 8.706,00

TOTAL 110.519,70

Tabela 12.8. Estimativa de custos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO PREÇO UNITÁRIO

(R$) PREÇO TOTAL

(R$)

Projeto paisagístico 1 - 20.000,00 20.000,00

Enxadas e enxadões 4 30 campanhas 26,00 104,00

Carrinho de mão 2 30 campanhas 100,00 200,00

Pás e picaretas 4 30 campanhas 26,00 104,00

Grama - 30 campanhas - 15.000,00

Mudas 20.000 30 campanhas 5,00 100.000,00

Insumos - 30 campanhas - 50.000,00

Aluguel de veículo (sedan) 1 30 campanhas 120,00/dia 54.000,00

Combustível (gasolina) 100

litros/campanha 30 campanhas 2,50/litro 7.500,00

TOTAL 246.908,00

O custo final deste projeto é o somatório dos dois montantes, ou seja, R$ 357.427,70. Quaisquer alterações advindas de modificações de projetos serão realizadas quando da definição dos projetos no momento da obra.

12.11. Implantação, Acompanhamento e Avaliação do Programa

A implantação deste PP será de responsabilidade do DERTINS, por meio da Coordenação de Gestão Ambiental - CGA. A execução dos serviços, previstos neste programa, será realizada

pelas empreiteiras contratadas para a construção do empreendimento, fiscalizadas pela

equipe técnica do PP.

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O acompanhamento será realizado pelo coordenador do PP e pela Supervisão Ambiental da obra. A avaliação das atividades será de responsabilidade da equipe do CGA.

Como instrumentos de acompanhamento e avaliação serão emitidos relatórios após o término de cada campanha definida neste programa, elaborados pelo coordenador do PP. Ao final deste programa será elaborado um Relatório Final de Avaliação a ser encaminhado à CGA.

12.12. Referências Bibliográficas

BELLIA, V. E BIDONE, E.D. (1993) Rodovias: recursos naturais e meio ambiente. Rio de Janeiro: DNER / EDUFF.

LORENZI, H. E SOUZA, H. M. de (1996) Palmeiras no Brasil: nativas e exóticas. São Paulo: Ed. Plantarum.

Sano, S.M.; Almeida, S.P.. (1998) ed. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA - CPAC.

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13. Programa de Controle de Material Particulado, Gases e Ruídos - PCMP

13.1. Introdução

O presente programa contempla medidas que contribuirão para minimizar os impactos ambientais estimados e, principalmente, os efeitos na saúde da mão-de-obra e dos moradores próximos, pela exposição a níveis elevados de poluentes atmosféricos e de ruídos. Durante o período de construção da rodovia serão implementadas atividades de controle em todos os pontos de emissão de poluentes considerados chaves. Serão controladas as pedreiras, usinas de asfalto, caminhos de serviços, frentes de terraplenagem, de pavimentação e os veículos e equipamentos utilizados nos serviços. Será realizado também, um monitoramento permanente que possibilitará o acompanhamento da eficiência e eficácia das medidas de controle adotadas.

Após a conclusão das obras, o empreendedor deverá manter conservada a rodovia em perfeitas condições, o que contribuirá para um melhor deslocamento dos veículos, reduzindo desta forma a emissão de ruídos e de poluentes do ar. Deverão também ser realizadas gestões junto à Polícia Rodoviária e aos Órgãos Ambientais Estaduais, para que sejam desenvolvidas Campanhas de Fiscalização dos veículos que trafegam pela rodovia.

13.2. Justificativa

A pavimentação da BR-242 em Tocantins traz preocupação quanto às emissões de gases, poeira e ruídos, que poderão causar danos ao meio ambiente e à população vizinha ao empreendimento, se não tratada com os cuidados necessários.

Conforme previsto no Estudo de Impacto Ambiental - EIA, estima-se um aumento nos níveis de emissão de ruídos, poeiras e gases no período da construção, desde a mobilização de equipamentos até a conclusão das obras, fase de grande impacto em decorrência das atividades desenvolvidas, com destaque as que envolvem terraplanagem, aterros, exploração de jazidas, transporte de material (emissões fugitivas), emissão pelo escapamento dos veículos, pedreiras, britagens e usinas de asfalto. Já na fase de operação do empreendimento, a emissão de ruídos e gases deverá se situar, provavelmente, em níveis pouco abaixo do atual, pois a pavimentação proporcionará maior fluidez ao tráfego.

A ocorrência de elevados níveis de ruídos, vibrações e poluição do ar pela emissão de gases e material particulado pode causar danos à saúde humana como a surdez por ruído, doenças respiratórias e inconvenientes sociais, tais como “stress” e insônia. A poluição do ar por material particulado pode diminuir a visibilidade na estrada provocando acidentes, pode também ocasionar efeitos adversos à saúde dos usuários da rodovia e interferir na qualidade de vida das comunidades próximas, acumulando-se sobre alimentos e móveis, dentro das residências, escolas. A poluição do ar também afeta a biota, visto que o acúmulo de poeira e hidrocarbonetos sobre as folhas e solos, principalmente, quando apresentam concentração de metais pesados, matam a vegetação, reduzem a disponibilidade de alimentos ou oferecem alimentos contaminados para a fauna, quebrando o ciclo alimentar. A poluição sonora acaba interferindo no ruído de fundo afugentando a fauna local.

Esses impactos, que ocorrerão na fase de construção, serão sentidos não só ao longo da área diretamente afetada pela construção da nova pista, mas também junto às áreas próximas das jazidas e áreas de empréstimos. Dessa forma, torna-se necessário o planejamento e a implementação de medidas de controle que reduzam a emissão dos poluentes atmosféricos e sonoros, bem como a implantação de monitoramento permanente, que permita acompanhar a eficiência e eficácia das medidas adotadas.

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13.3. Objetivo

O objetivo deste programa é, por meio da implantação de uma série de medidas de controle, não só reduzir as emissões de gases, poeira e ruídos, como também reduzir seu impacto nas comunidades lindeiras, faunísticas, florísticas e humanas. Com o objetivo de proteger a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como não ocasionar danos à flora, à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral, o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, através da Resolução nº 03, de 28 de junho de 1990, fixou em nível nacional os padrões de qualidade do ar como metas a serem atingidas em todo o território nacional.

O nível de poluição do ar é medido pela quantificação das substâncias poluentes presentes no mesmo. A variedade dessas substâncias, presentes na atmosfera, é muito grande tornando difícil a tarefa de se estabelecer uma classificação.

De uma forma geral, foi estabelecido um grupo de poluentes que servem como indicadores da qualidade do ar. Esses poluentes consagrados universalmente são: dióxido de enxofre, material particulado em suspensão, monóxido de carbono, oxidantes fotoquímicos expressos em ozônio, hidrocarbonetos totais e óxidos de nitrogênio. A razão da escolha desses parâmetros como indicadores de qualidade do ar está ligada à sua maior freqüência de ocorrência e aos efeitos adversos que causam ao meio ambiente. Um dos componentes do diagnóstico da qualidade do ar é a comparação das concentrações medidas com os parâmetros estabelecidos. Um padrão de qualidade do ar define legalmente um limite máximo para a concentração de um componente atmosférico, que garanta a proteção da saúde e o bem estar das pessoas. Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos produzidos que possam propiciar uma margem de segurança adequada. A tabela 13.1, a seguir mostra os padrões de qualidade do ar para alguns dos poluentes atmosféricos normalmente analisados.

Tabela 13.1. Padrões de Qualidade do Ar.

Poluente Padrão Valor Origem

Partículas totais em suspensão

Padrão Anual 80 μg/m3 Resolução CONAMA nº 03/90

Padrão Diário 240 μg/m3

Dióxido de enxofre Padrão Anual 80 μg/m3 Resolução CONAMA nº 03/90

Padrão Diário 365 μg/m3

Monóxido de Carbono

Padrão 1 hora 35 ppm Resolução CONAMA nº 03/90

Padrão 8 horas corridas 9ppm

Chumbo Padrão Mensal 1,5 μg/m3 Califórnia, USA

Sulfato Padrão Anual 4 μg/m3 USA

Padrão Diário 12 μg/m3

Benzopireno

Padrão Anual 10 ng/m3 Agência de Meio Ambiente da

Alemanha

Atmosfera não poluída e

não urbana 24 horas 0,1 a 0,5 ng/m

3

Atmosfera poluída 24 horas

74 ng/m3

Padrões de referência estabelecidos em estudos de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos realizados em Atenas /96

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Da mesma forma, o CONAMA fixou padrões de ruídos através da Resolução 01, de 08 de março de 1990, a qual menciona a NBR 10151 - Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto das comunidades. A tabela 13.2 mostra os padrões de ruídos fixados pelo CONAMA.

Esta norma fixa as condições exigidas para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades. Ela especifica o método para medição de ruídos, a aplicação de correlações nos níveis medidos e uma comparação dos níveis corrigidos, com um critério que leva em conta os vários fatores ambientais.

Tabela 13.2. Padrões de Ruídos – dB (A).

Classes de Ruídos Zonas de Hospitais

Residencial Urbana Centro de Cidade Área Industrial

Ruído externo diurno 45 55 65 70

Ruído externo noturno 40 50 60 65

Ruído interno diurno 35 45 55 60

Ruído interno noturno 30 40 50 55

Fonte: Resolução CONAMA nº 01 de 08 de março de 1990.

Em síntese, a implementação do presente programa visa não só reduzir a emissão de poluentes atmosféricos e sonoros (material particulados, gases e ruídos), como também reduzir seu impacto nas comunidades lindeiras, nos usuários das rodovias e nos trabalhadores das obras. O controle e o monitoramento das atividades aqui apresentadas e o atendimento aos limites estabelecidos pela legislação vigente, irá garantir a preservação da saúde e do bem estar de toda comunidade.

13.4. Metas

As metas para o Programa de Controle de Material Particulado, Gases e Ruídos podem ser resumidas em:

Criação de procedimentos de controle de emissão do material particulado, nos locais considerados críticos;

Criação de procedimentos de controle de emissão de gases e ruídos na detonação de explosivos;

Criação de procedimentos para o monitoramento de gases e ruídos durante a implantação e implementação das obras.

13.5. Alvo

O alvo deste programa são os operários contratados para a implementação da obra, dadas as condições insalubres a que estão submetidos, nos canteiros-de-obra, nas pedreiras, entre outros locais críticos de emissão de gases poeiras e ruídos.

Além destes, é também alvo do programa a população lindeira que estará submetida às condições de obra durante o período de duração da pavimentação da BR 242/TO.

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13.6. Metodologia e Descrição do Programa

A elaboração do programa ora apresentado teve como base a utilização de vários elementos obtidos em etapas distintas abaixo descritas:

Levantamento e Análise dos Dados Existentes:

Estudo de Impacto Ambiental apresentado;

Implantação de um sistema de drenagem para captação de urgências d’água, se necessário, antes de lançar qualquer material (colchão drenante);

Conformação do pé de aterro em forma de dique, com material razoavelmente compactado e, quando próximo a cursos d’água, proteger o dique com enrrocamento;

Plano de Monitoramento da Nova Dutra no Rio de Janeiro;

Rodovias, Recursos Naturais e Meio Ambiente, Vitor Bellia e Edison D. idone – Editora Universitária , Universidade Federal Fluminense;

Manual de Procedimentos do Meio Ambiente/Qualidade do Ar e Ruído – DER/SP, de Eduardo Murgel;

Corpo Normativo Ambiental para Empreendimentos Rodoviários, do DNER;

Reconhecimento de Campo

Reconhecimento de campo, por todo o percurso atual entre Peixe, Paranã e Taguatinga.

Contatos Institucionais

Repasse de informações adquiridas em contatos mantidos durante visitas técnicas realizadas junto aos órgãos de controle ambiental do Estado do Tocantins e com o Departamento de Estrada de Rodagens - DERTINS.

Elaboração do Programa de Controle de Material Particulado, Gases e Ruído

O Estudo de Impacto Ambiental do trecho em questão propõe a implantação de medidas preventivas e de monitoramento descritas a seguir.

Na fase de construção, deverão ser observadas as seguintes medidas:

Orientação na adequada localização dos canteiros de obra e outras estruturas de apoio;

Acompanhamento do planejamento para o transporte de materiais e equipamentos, evitando-se os horários de pico na rodovia e o período noturno próximo às aglomerações urbanas;

Acompanhamento do controle do teor de umidade do solo, com aspersões periódicas, inclusive nos acessos às obras;

Fiscalização da utilização de equipamentos de segurança, como máscaras, botas, fones de ouvido, luvas, capacetes, etc, pelos funcionários das obras;

Fiscalização da utilização de equipamentos antipoluentes e redutores de ruídos nas instalações de britagem, usinas de solo e asfalto e da regulagem dos motores de veículos e maquinários.

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Na fase de operação, as medidas indicadas pelo EIA/RIMA são:

Acompanhamento do monitoramento dos níveis de efluentes e ruídos das descargas dos motores e combustão, ao longo da rodovia;

Fiscalização de controle das velocidades médias e níveis de emissões dos veículos nas rodovias direta e indiretamente beneficiadas;

Divulgação dos resultados do monitoramento e do controle dessas rodovias às comunidades da região, através do Programa de Comunicação Social.

O Corpo Normativo Ambiental do DNER, em sua Instrução de Serviço Ambiental - ISA-07, aborda os impactos da fase de obras rodoviárias, indicando as causas e as medidas para sua mitigação ou eliminação.

Todas estas informações foram consideradas e, são partes integrantes das proposições apresentadas no presente plano, que adequadamente implementadas irão garantir a mínima degradação da qualidade ambiental, qualidade do ar e ruídos, das áreas de influência direta do empreendimento.

O monitoramento permanente da efetiva implementação das diversas ações de controle aqui propostas, garantirão a mínima emissão de poluentes do ar e de ruído com o mínimo efeito na população lindeira e ao meio ambiente em geral.

Todas as atividades com potencial de emissão de poluentes do ar e ruídos, pedreiras, usinas de asfalto, frentes de obras, terraplanagem, veículos e equipamentos utilizados na obras, terão suas emissões controladas.

13.6.1. Atividades Previstas

Neste item serão descritas as atividades que serão desenvolvidas durante as fases de construção da rodovia.

Convém destacar, que na fase de planejamento da obra, mais especificamente na etapa de elaboração do projeto final de engenharia, recomenda-se a utilização de revestimento asfáltico de baixa rugosidade nas travessias urbanas, como medida mitigadora da emissão de ruídos nestes locais. Na fase de obras as atividades estão voltadas basicamente para as ações de controle e monitoramento da eficiência das áreas de exploração mineral, usinas de asfalto, frentes de terraplanagem, pavimentação e caminhos de serviço.

a. Áreas de Exploração Mineral

As principais operações desenvolvidas nestes locais são: retirada de expurgo, movimentação de máquinas, perfuração, utilizando marteletes e/ou perfuratrizes de carreta; extração do bem mineral, utilizando explosivos variados.

Seguem-se processos de beneficiamento físico: britagem, rebritagem, peneiramento e, finalmente a estocagem dos produtos em pilhas ao tempo ou em silos e transporte do material para seu destino.

A emissão de material particulado, gases e ruídos ocorrem a seguinte forma:

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Material Particulado

Perfuração: As emissões de partículas provenientes da perfuração ocorrem durante o trabalho da perfuratriz em contato com a rocha. Essa operação é feita com injeção de ar, que promove a retirada dos detritos sólidos do interior do furo, gerando grandes quantidades de pó de pedra.

Desmonte e fogacheamento da rocha com uso de explosivos: A detonação dos explosivos provoca a emissão de material particulado proveniente da desintegração mecânica dos minerais constituintes da rocha.

Núcleo de beneficiamento: As operações de britagem, rebritagem, peneiramento, manuseio e transferência provocam grande geração de material particulado, contribuindo com cerca de 80% do total das emissões geradas na atividade.

Emissões fugitivas: São quaisquer poluentes lançados ao ar ambiente, sem passar primeiro por alguma chaminé ou duto projetado para dirigir ou controlar seu fluxo. As principais fontes de emissões fugitivas são: pilhas de estocagem, carregamento dos caminhões, tráfego nas vias e pátios internos pavimentados ou não, fogo de bancada e fogacho.

Gases

Detonação de explosivos: emissão de gases tóxicos

Operação de compressores e queima de combustíveis nos veículos: emissão de óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre, monóxido de carbono e hidrocarbonetos.

Ruídos

As principais fontes de emissão de ruído são: compressores, marteletes, explosivos, britadores, movimentação de veículos e seus respectivos motores.

a.1. Medidas de controle

As principais exigências para o controle das atividades de produção mineral são:

Emissões visíveis deverão ficar circunscritas aos limites da unidade industrial;

Umidificar o material extraído antes de sua transferência do caminhão basculante para a moega de carga;

Implantar bicos aspersores na moega de carga e no alimentador vibratório, nas laterais e parte posterior;

Enclausurar os britadores e rebritadores implantando sistema de exaustão e filtragem, ou umidificar as bases e moegas de carga dos mesmos;

Enclausurar as peneiras intermediárias e seletora final implantando sistema de exaustão e filtragem. Caso tenha se optado pela umidificação nos pontos anteriores, fechar apenas as laterais, parte posterior e parte superior;

Umidificar o material pétreo estocado, antes da pá mecânica transferi-lo para os caminhões basculantes;

Pavimentar ou molhar as vias de tráfego interno;

Molhar antes de cada desmonte a praça onde ocorre a queda do material;

Efetuar o planejamento de fogo de bancada visando minimizar as emissões advindas de extração de blocos de grandes dimensões;

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Recuperação das áreas alteradas após a exploração;

Efetuar a exploração de jazida de maneira tal, que após sua paralisação, seja facilitada sua recuperação ambiental;

Manutenção de veículos e equipamentos;

As operações ruidosas somente poderão ser desenvolvidas em horários diurnos.

Poderão ser feitas exigências complementares para os marteletes e perfuratrizes de carreta, caso a concentração de partículas em suspensão no local, excedam os padrões estabelecidos pelo CONAMA;

b. Controle de Usinas de Asfalto

É uma instalação que normalmente inclui: estocagem, dosagem e transferência de agregados frios; secador rotativo com queimador; transferência, peneiramento, estocagem e pesagens de agregados quentes: transferência e estocagem de “filler”; sistema de estocagem e aquecimento de óleo combustível e de cimento asfáltico e misturador. Usinas de asfalto deste tipo emitem partículas e gases nas seguintes fontes:

Material Particulado

A principal fonte é o secador rotativo. Outras fontes são: peneiramento, transferência e manuseio de agregados, balança, pilhas de estocagem e tráfego de veículos em vias de acesso.

Gases

Combustão do óleo: óxidos de enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e hidrocarbonetos.

Misturador de asfalto: hidrocarbonetos.

Aquecimento do cimento asfáltico: hidrocarbonetos.

Tanques de estocagem de óleo combustível e de cimento asfáltico: hidrocarbonetos (eventualmente).

b.2) Medidas de Controle

Deverão ser observadas as seguintes orientações ambientais na escolha do local de instalação das usinas de asfalto:

o As áreas de implantação das usinas não podem estar sujeitas à instabilidades físicas passíveis de ocorrência em cotas superiores (escorregamentos, deslizamentos, depósitos de tálus, etc.);

o As áreas das usinas de asfalto, concreto e solos não podem ser susceptíveis a cheias e inundações;

o As áreas das usinas de asfalto, concreto e solos não podem situar-se próximas a nascentes de cursos d’água, núcleos urbanos e cavernas;

o Deve ser evitado que as usinas de asfalto, concreto e solos sejam instaladas em linha com a direção predominante dos ventos e nucleamentos urbanos;

o A instalação das usinas de asfalto, concreto e solos obedecerá à legislação de uso e ocupação do solo vigente nos municípios envolvidos;

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o Na instalação das usinas de asfalto, concreto e solos, será implementado um sistema de sinalização, envolvendo advertências, orientações e riscos de acidentes.

As principais medidas para o controle da poluição do ar na fase de operação das Usinas de Asfalto são:

A descarga de material particulado para atmosfera, no processo de produção de asfalto a quente, não poderá apresentar concentração superior ao padrão fixado pelo Órgão Ambiental do Estado;

Instalar sistemas de controle de poluição do ar constituído de ciclone e filtro de mangas ou de equipamentos que atendam ao padrão estabelecido;

Dotar os silos de estocagem de agregados frios de proteções laterais e cobertura, para evitar a dispersão das emissões fugitivas durante a operação de carregamento;

Enclausurar a correia transportadora de agregados frios;

Adotar procedimentos de forma que a alimentação do secador seja feita sem emissão visível para a atmosfera;

Manter pressão negativa no secador rotativo, enquanto a usina estiver em operação, para que sejam evitados emissões de partículas na entrada e saída do mesmo;

Dotar o misturador, os silos de agregados quentes e as peneiras classificatórias de sistema de exaustão conectado ao sistema de controle de poluição do ar, para evitar emissões de vapores e partículas para a atmosfera;

Fechar os silos de estocagem de massa asfáltica;

Pavimentar ou molhar e manter limpas as vias de acesso internas;

Dotar os silos de estocagem de “filler” de sistema próprio de filtragem a seco;

Adotar procedimentos operacionais que evitem a emissão de partículas provenientes dos sistemas de limpeza dos filtros de mangas e de reciclagem do pó retido nas mangas;

Acionar os sistemas de controle de poluição do ar antes de dar partida nos equipamentos de processo;

Manter em boas condições de operação todos os equipamentos de processo e de controle;

Dotar as chaminés de instalações adequadas para realização de medições.

As Usinas de Asfalto que estiverem prestando serviço às obras, deverão executar amostragens em suas chaminés. Serão coletadas amostras trimestrais, com objetivo de analisar a concentração de material particulado que é lançado para a atmosfera. A amostragem deverá seguir o princípio da isocinética.

As atividades desenvolvidas nas áreas de exploração mineral e usinas de asfalto são potencialmente poluidoras do ar e as exigências de controles específicos à essas atividades requerem um sistema de fiscalização constante para que sejam integralmente cumpridas.

c. Controle dos Caminhos de Serviço e das Frentes de Terraplenagem e Pavimentação

Os caminhos de serviço são abertos para uso provisório durante as obras, seja para permitir uma operação mais eficiente das máquinas e equipamentos de construção, seja para garantir o acesso a área de exploração de materiais e insumos (água, areia, pedra, etc.).

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As obras de terraplanagem normalmente exigem o movimento de grandes volumes, gerando tráfego intenso de veículos pesados. As nuvens de poeira e a lama, nos trechos rurais, e a interferência com o público nas áreas mais povoadas podem causar acidentes como também elevar consideravelmente a emissão de poeira e gases.

A emissão de ruídos resulta principalmente da operação dos veículos e equipamentos de construção.

c.1. Medidas de Controle

Lavagens periódicas dos equipamentos e veículos minimizando a quantidade de sedimentos transportados para as vias;

Todas as caçambas de caminhões de transporte de terra e brita, deverão ser protegidas com lonas, evitando-se a emissão de poeira em suspensão;

Executar manutenção periódica dos veículos e equipamentos para que se minimize a emissão de gases poluentes.

Umidificar as vias de acesso às obras, e os desvios de tráfego não pavimentados, através de caminhões-pipa, evitando-se a geração de poeira em suspensão.

Para os cortes em rocha, observar, no que couber as medidas de controle indicados para as operações em pedreiras;

Dar prioridade à escolha de veículos e equipamentos que apresentam baixos índices de ruídos, realizando manutenção periódica para eliminar problemas mecânicos operacionais;

Operações ruidosas só poderão ser executados em horários diurnos;

Em áreas próximas às residências, deverão ser atendidas todas as exigências formuladas pela Portaria nº 92 de 19/06/80 do IBAMA, e níveis de ruídos aceitáveis da NB-95 da ABNT, bem como cumprimento da legislação estadual e posturas municipais.

d. Monitoramento

Durante a fase de construção da rodovia deverão ser desenvolvidas ações que visam monitorar a implementação e a eficiência das medidas de controle adotadas.

d.1. Acompanhamento Visual da Emissão de Poeira

Sempre que a execução de alguma atividade estiver emitindo uma quantidade significativa de poeira, visualmente verificada, deverá ser molhado imediatamente o local até que a emissão de material particulado seja sanada.

d.2. Monitoramento de Ruídos nas Pedreiras

Avaliação de todas as pedreiras que darão suporte as obras da rodovia, através de medições dos níveis de sob-pressão (AIR-BLAST) e os níveis de vibração “velocidade de vibração”. Segundo critérios adotados pela NBR 9653, de novembro de 1986 - Guia para a avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas urbanas

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Estender o monitoramento de ruído às centrais de britagem “britadores primário e secundário” - Segundo critérios adotados pela Resolução CONAMA nº 01/90, de 8 de março de 1990. Deverá ser efetuado um conjunto de medições a cada semestre, durante todo o período de construção, como parte do sistema de autocontrole descrito adiante.

O monitoramento de ruídos nas pedreiras que darão suporte as obras da rodovia, deverá ser executado através de medições dos níveis de sob-pressão (AIR-BLAST) e os níveis de vibração “velocidade de vibração”. Segundo critérios adotados pela NBR 9653 de novembro de 1986 - Guia para a avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas urbanas.

Estender o monitoramento de ruído às centrais de britagem “britadores primário e secundário” - Segundo critérios adotados pela Resolução CONAMA nº 01/90, de 8 de março de 1990. Deverá ser efetuado um conjunto de medições a cada semestre, durante todo o período de construção.

13.7 Recursos Humanos e Materiais

Os recursos humanos e materiais necessários para o bom desenvolvimento deste programa, encontram-se definidos nas tabelas 13.3 e 13.4.

Tabela 13.3. Recursos humanos.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO AÇÃO

Químico 1 8 campanhas Elaboração e condução dos trabalhos

Motorista 1 8 campanhas Condução de veiculo automotor

Tabela 13.4. Recursos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO

Decibelímetro 1 8 campanhas

Aluguel de veículo (sedan) 1 8 campanhas

Combustível (gasolina) 150 litros/campanha 8 campanhas

13.8. Instituições Envolvidas

DERTINS;

Empresas contratadas e organizações conveniadas;

IBAMA;

NATURATINS.

13.9. Cronograma Físico de Implantação

O cronograma de implementação do Programa de Controle de Material Particulado, Gases e Ruídos, na fase de obras, deverá guardar correspondência com o cronograma de execução da rodovia.

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Para o desenvolvimento dos trabalhos deverão ser realizadas quatro campanhas com duração de quinze dias cada. As amostragens de chaminé deverão ser realizadas de trimestralmente.

O monitoramento do Programa se encerra com a conclusão das obras.

Na tabela 13.5 é apresentado o cronograma físico de implantação referente às ações executadas no presente Programa.

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Tabela 13.5. Cronograma físico de implantação.

AÇÃO MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Monitoramento de ruídos X X X X

Amostragem de chaminé X X X X X X X X

Elaboração de relatórios X X X X X X X X X

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13.10. Estimativa de Custos

Nas tabelas 13.6 e 13.7 são apresentadas às estimativas de custos relativos a contratação de profissionais e o consumo de materiais necessários para o desenvolvimento do programa.

Tabela 13.6. Estimativa de custos para a contratação de profissionais.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO PREÇO UNITÁRIO

(R$) PREÇO TOTAL

(R$)

Químico 1 8 campanhas 2.353,79 18.830,32

Motorista 1 8 campanhas 290,20 2.321,56

TOTAL 21.151,88

Tabela 13.7. Estimativa de custos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍDO PREÇO UNITÁRIO

(R$) PREÇO TOTAL

(R$)

Decibelímetro 1 8 campanhas 2.000,00 2.000,00

Aluguem de veículo (sedan)

1 8 campanhas 120,00/dia 14.400,00

Combustível (gasolina) 150

litros/campanha 8 campanhas 2,50/litro 3.000,00

Amostragem de chaminé

8 8 campanhas 2.000,00 16.000,00

TOTAL 35.400,00

O custo final deste projeto é o somatório dos dois montantes, ou seja, R$ 56.551,88. Quaisquer alterações advindas de modificações de projetos serão realizadas quando da definição dos projetos no momento da obra.

13.11. Implantação, Acompanhamento e Avaliação do Programa

A implantação deste PCMP será de responsabilidade do DERTINS, por meio da Coordenação de Gestão Ambiental - CGA. A execução dos serviços, previstos neste programa, será realizada

pelas empreiteiras contratadas para a construção do empreendimento, fiscalizadas pela

equipe técnica do PCMP.

O acompanhamento será realizado pelo coordenador do PCMP e pela Supervisão Ambiental da obra. A avaliação das atividades será de responsabilidade da equipe do CGA.

Como instrumentos de acompanhamento e avaliação serão emitidos relatórios após o término de cada campanha definida neste programa, elaborados pelo coordenador do PCMP. Ao final deste programa será elaborado um Relatório Final de Avaliação a ser encaminhado à CGA.

13.12. Referências Bibliográficas

Rodovias, Recursos Naturais e Meio Ambiente. Vitor Bellia e Edison D. Bidone – Editora Universitária, Universidade Federal Fluminense.

Instrução de Serviços Ambientais: Impactos da Fase de operação de Rodovias - DNER. Portaria 85/IBAMA, que dispões sobre o controle de opacidade na frota de veículos a diesel.

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Lei n° 6. 938/1981 e seu decreto regulamentador nº 88 821/1983 : define as regras gerais para políticas ambientais, para o sistema de licenciamento e cria o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, que tem a responsabilidade de estabelecer padrões e métodos ambientais.

Resolução CONAMA n° 018/86, de 06/05/86, que estabelece os limites máximos de emissão para motores e veículos novos, bem como as regras e exigências para licenciamento para fabricação de uma configuração de veículo ou motor e para a verificação da conformidade da produção.

Resolução CONAMA n° 003/90 de 28/06/90, na qual o IBAMA estabelece os padrões primários e secundários de qualidade do ar e ainda os critérios para episódios agudos de poluição do ar.

Resolução CONAMA n° 01/90 que estabelece os padrões de ruídos em conformidade com a NBR 10.151.

Diretriz para Controle da Poluição do Ar em pedreiras de produção de brita - DZ -528/Feema.

Norma técnica que estabelece padrões de emissão de partículas e exigências de controle da poluição do ar provenientes de usinas de asfalto a quente - NT - 506 . R.6/ Feema.

Da Diretriz de Implantação do Programa de Autocontrole de Emissões para a Atmosfera - Procon - Ar - DZ - 545 R.5/ Feema.

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14. Programa de Criação de Unidade de Conservação - PCUC

14.1. Introdução

A definição de áreas de unidades de conservação e a manutenção de corredores ecológicos foram as medidas sugeridas no EIA-RIMA do projeto de Terraplanagem e Pavimentação da rodovia BR-242/TO para compensar os impactos oriundos de ações influenciadas pelo empreendimento. A instalação da rodovia BR-242/TO trará como conseqüência a facilitação da instalação de atividades antrópicas, o incremento da exploração de madeira, do corte raso ou seletivo de espécies da flora, incremento das atividades agropastoris, da retirada de animais e o favorecimento na invasão de espécies exóticas. Na matriz de impactos previstos no EIA-RIMA foram definidos seis impactos principais para o Meio Biótico: (1) a perda de habitats; (2) a fragmentação de habitats; (3) a extinção local de espécies da flora; (4) a extinção local de espécies da fauna; (5) a invasão de espécies exóticas; (6) o incremento dos números populacionais de espécies silvestres transmissoras de zoonoses.

A importância desses impactos é grande e comum às rodovias instaladas no cerrado e todos são deletérios, negativos. Entretanto, apenas o primeiro, a perda de habitats, tem caráter irreversível. Os demais podem ser revertidos com medidas mitigadoras expostas nos programas ambientais. A perda de habitats, no entanto, pode ser compensada com a criação de grandes Unidades de Conservação, com mais de 10.000 ha, com o rígido controle de desmatamento em toda a região.

De acordo com a legislação ambiental brasileira e o EIA/RIMA do projeto de Terraplanagem e Pavimentação da rodovia BR-242/TO, deverá ser criada (delimitada e implantada) uma Unidade de Conservação de Proteção Integral na região atingida direta ou indiretamente pela rodovia federal BR 242/TO. Sugere-se neste programa que seja criada a Reserva Biológica do Vale do Rio Palma (nome provisório).

14.2. Justificativa

O estabelecimento de um sistema de reservas para preservação “in situ” da biodiversidade e variabilidade genética da flora e fauna regional, justifica-se devido a quatro razões básicas, a saber : (1) boa parte do terreno ao redor do empreendimento tem habitats íntegros; (2) a rodovia vai destruir e fragmentar habitats com baixa representatividade em unidades de conservação da região; (3) há necessidade de manter corredores ecológicos na região; (4) não existe unidade de conservação representativa na região mais imediata.

14.3. Objetivos

Todas as atividades detalhadas neste documento têm como objetivo final minimizar as interferências geradas com a implantação do empreendimento sobre a biota existente no entorno e em áreas limítrofes do mesmo, bem como apresentar um conjunto de procedimentos que, quando efetuados, representarão uma compensação por impactos gerados no trecho em estudo resultante direta ou indiretamente da implantação da rodovia federal.

O presente programa sugere diretrizes e ações que visam a criação da Reserva Biológica do Vale do Rio Palma (nome provisório), atendendo a um dos conjuntos de recomendações de mitigação e compensação apresentadas no Estudo de Impacto Ambiental da BR-242/TO.

14.4. Metas

Efetivar a criação da Reserva Biológica para compensar a perda de habitat decorrente da implantação do empreendimento.

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14.5. Alvo

Áreas que, durante a elaboração do estudo, apresentaram características relevantes no tocante à diversidade, beleza cênica, refúgios de fauna.

14.6. Metodologia e Descrição do Programa

a. Definição da unidade de conservação

Segundo a Lei nº 9.985/ 2000 (SNUC) , entende-se por:

unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;

conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;

diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas;

Em acordo com o Estudo de Impacto Ambiental da BR-242/TO, entende-se que a criação de uma Reserva Biológica na região afetada pelo empreendimento (Vale do rio Palma) satisfaça as recomendações de mitigação e compensação apresentadas. Segundo o SNUC (Lei nº 9.985/ 2000, Art. 10.), a Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

b. Delimitação da área

A definição das áreas prioritárias para a conservação caracteriza-se como um processo dinâmico, revisto e atualizado sistematicamente, que depende de uma base consistente de informações e de um esforço organizado de análise que deve envolver os princípios básicos da biologia da conservação: a) o processo de evolução biológica; b) o caráter dinâmico e não equilibrado do processo ecológico, e c) a consideração do homem no planejamento da conservação (Brito, 2000).

Para se definir áreas prioritárias de conservação deve-se buscar informações quanto ao:

Potencial de conservação da Biodiversidade, avaliando-se a dimensão das área naturais as bacias hidrográficas, áreas naturais protegidas já existentes, capacidade técnico-administrativa para gestão das unidades, conectividade das áreas naturais protegidas regime de manejo do entorno, principais hipóteses biogeográficas, distribuição da diversidade genética, específica, de ecossistemas e de paisagens, espécies chaves e ameaçadas de extinção;

Potencial de antropização, incluindo perda do habitat, fragmentação do habitat, concessão do habitat, exploração extrativista da vida silvestre, tendência dos investimentos

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econômicos, dinâmica da população humana, orientação política para a conservação (Brito, 2000).

As características bióticas da região justificam a criação de uma unidade de conservação de proteção integral englobando habitats representativos de todos os ambientes. Considerando o estado de conservação regional do solo, informações temáticas como sistema hidrográfica, cobertura vegetal, uso atual do solo, importância biótica (fauna e flora), interesses cênicos e paisagísticos, conclui-se que:

1. A área do município de Arraias, apresentada em SEPLAN (1999), poderia ser destinada à criação de uma Área de Proteção Ambiental (unidade de conservação de uso indireto), que funcionaria como zona de amortização e onde estariam restritas as atividade agropecuárias e de desenvolvimento urbano, segundo as projeções do governo estadual;

2. Como compensação ambiental dos impactos oriundos da pavimentação da BR-242/TO, deve-se criar uma unidade de conservação proteção integral que resguarde relevante diversidade paisagística e biológica de sua área de influência (Reserva Biológica do Vale do rio Palma).

Em acordo com os dados obtidos e programas propostos no EIA da BR-242/TO, propõe-se a criação da Reserva Biológica do Vale do rio Palma, seguindo algumas diretrizes:

1. A área destinada à Reserva Biológica deve preservar as nascentes da bacia do rio Palma (ribeirão do Inferno e rio Palmeiras) até o encontro com o rio Arraias, situando-se entre a cidades de Arraias, Combinado, Aurora e Taguatinga, no extremo Sudeste do Estado de Tocantins, e abrangendo cerca de 250.000 ha;

2. A área deve abranger variadas formas de relevo, incluindo as superfícies tabulares estruturais dos pontos mais elevados, próximos à Serra Geral e, ainda tipos de relevos dissecados das baixadas;

3. A área deve englobar todas as fitofisIonomias presentes na região (campos limpos e sujos, veredas e cerrado sensu stricto, cerradão, matas de galeria) e, em especial, as florestas estacionais (matas secas);

4. Recomenda-se que sejam destinadas para a unidade de conservação áreas contínuas de vegetação ainda conservada, mantendo paisagens íntegras e representativas da região;

5. Os sítios considerados deverão conter habitats representativos da área atingida diretamente pela rodovia e para facilitar a dispersão de organismos silvestres, tanto ao longo da BR-242/TO, como através dela, conectando grandes áreas ainda não alteradas. Assim devem ser mantidas áreas preservadas de ambos lado da estrada. Nestes pontos seriam investidos esforços para transposição e/ou contenção de animais, visando minimizar os impacto de atropelamentos decorrentes da concretização do empreendimento;

6. A escolha da área destinada à criação da unidade (ou unidades) de conservação deve ser definida por Estudo Ambiental Prévio a ser conduzido pelo empreendedor. O estudo abrangerá todas as áreas de conhecimento relacionadas (meios físico, biótico e antrópico) e objetivará diretamente a seleção, delimitação e criação da Reserva Biológica. O conjunto de dados produzidos para o EIA/RIMA da Pavimentação da rodovia BR-242/TO poderiam servir como subsídios para um novo estudo de campo, mais refinado e objetivo. Será realizado um novo diagnóstico ambiental com os princípios básicos da Avaliação Ecológica Rápida – AER. Neste objetiva-se coletar, analisar e disseminar informações sobre áreas pouco conhecidas e potencialmente importantes do ponto de vista da conservação da biodiversidade com esforços de campo limitados. Assim, é possível otimizar e reunir grande esforço de técnicos no tempo disponível, buscando um maior número de indicadores de qualidade ambiental, seja por meio de detecção de espécies e registros importantes ou pela análise da estrutura de habitat e de processos ecológicos. O estudo contará com a elaboração do Mapa de Vegetação – escala 1:250.000 a partir de imagens de satélite Landsat e base cartográfica do

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IBGE e, ainda informações primárias. Deverão ser considerados os ambientes geológicos da região, as variadas formas de relevo, os tipos de solos, as bacias hidrográficas, as regiões fitoecológicas, e a diversidade biológica (fauna e flora). Deverão ser obtidos e avaliados mapas de vegetação e uso do solo, apresentados com nova versão, destacando os fragmentos de habitats especiais e os sítios de passagem na estrada, áreas de proteção da própria rodovia e sítios "ameaçados" pela expansão urbana e agropecuária. Este estudo deve considerar também a escolha da área para a criação do Monumento Natural das Matas Secas (Programa de Socorro aos Habitats Especiais, inserido neste Programa).

c. Planejamento, criação e implantação

Os sistemas de áreas naturais protegidas devem ser estabelecidos de forma a melhor representar a biodiversidade e a responder aos requerimentos para sua conservação, objetivando o desenvolvimento humano sustentável. As áreas naturais protegidas devem encontrar as necessidades das pessoas mas não devem ser ilhas num mar de desenvolvimento; precisam ser parte das estratégias de manejo sustentável e do sábio uso dos recursos naturais, fazendo parte do contexto do planejamento regional (Brito, 2000).

O enfoque do planejamento regional tem caráter integrado, contemplando as áreas de estudo em seu conjunto, utilizando variáveis físicas, econômicas, sociais e ambientais e suas inter-relações. Seu processo deve ser seqüencial e interativo, realimentando-se constantemente, e, portanto, cíclico. Deve gerar soluções e propostas num processo contínuo de tomada de decisões. Sua missão é a de coordenar os objetivos e receber as recomendações da participação pública para a tomada de decisões (Brito, 2000).

O SNUC (Lei nº 9.985/2000, Art. 5º) é regido por diretrizes que:

Asseguram a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das unidades de conservação;

Asseguram que o processo de criação e a gestão das unidades de conservação seja feitos de forma integrada com as políticas de administração das terras e águas circundantes, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais;

Consideram as condições e necessidades das populações locais no desenvolvimento e adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável dos recursos naturais.

De acordo com o Decreto n.º 4.340/2002, Art. 33: “a aplicação dos recursos da compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei n º 9.985/2000, nas unidades de conservação, existente ou a serem criadas, deve obedecer à seguinte ordem de prioridade: I – regularização fundiária e demarcação de terras; II – elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo; III – aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento, e proteção da unidade, compreendendo sua área de amortecimento; IV – desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de conservação; e V – desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo de unidade de conservação e área de amortecimento”.

d. Reserva da Biosfera

A construção de grandes empreendimentos é importante ao desenvolvimento econômico e ao fortalecimento social do país. A integração das regiões sócio-econômicas brasileiras por meio de rodovias é viável e deve ser planejado e implantado dentro do novo modelo mundial, com base no desenvolvimento sustentável, protegendo o patrimônio biológico natural e garantindo assim o futuro das novas gerações.

A fragmentação das paisagens naturais rompe o movimento natural de animais, sementes, esporos e pólen de plantas, bem como o fluxo de nutrientes e de energia dentro diferentes partes

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da paisagem e entre elas (Soulé & Terborgh, 1999). A retenção de corredores como conexões de fragmentos remanescentes tem sido identificada como um meio de amenizar os efeitos deletérios da fragmentação por providenciar rotas de dispersão através de áreas distintas, possibilitando com isso a manutenção do fluxo gênico entre as populações, a recolonização de fragmentos, o aumento efetivo do tamanho das populações e um equilíbrio no número de espécies (Bentley & Catterall, 1997). Os corredores devem abranger diversas porções de habitats, num mosaico de paisagens para permitir o movimento diário ou a dispersão sazonal de espécies e assegurar a conservação de habitats naturais ao longo de rotas migratórias de espécies chave (Soulé & Terborg, 1999).

O artigo 5º do capítulo III a Lei nº 9.985/2000 (SNUC), aponta diretrizes para grupo das unidades de conservação de proteção integral:

permitir o uso das unidades de conservação para a conservação in situ de populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas domesticados e recursos genéticos silvestres;

proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.

Atualmente, as unidades de conservação do cerrado vêm se tornando ilhas de áreas preservadas imersas numa matriz de espaços totalmente antropizados pela expansão urbana e pela agropecuária. Populações animais e vegetais isoladas nestes fragmentos estão sujeitas à perda de variabilidade genética, elevando a probabilidade de extinção local. Um grande desafio hoje é promover a interligação das unidades de conservação por meio de corredores ecológicos que permitam o fluxo gênico entre as populações e facilitem os eventos de migração, dispersão e até de recolonização das áreas naturais (Bagno et al., no prelo).

Estudos demonstram que as áreas protegidas devem permanecer como o componente central das estratégias de conservação, pois que grande parte da biodiversidade tropical seria incapaz de sobreviver sem essa proteção efetiva (Bruner et al., 2001). A deficiente representatividade da grande heterogeneidade regional do bioma cerrado é conseqüência da distribuição irregular e da baixa proporção de terras protegidas em unidades de conservação federais. Certos tipos de ecossistemas, como campos rupestres e as matas secas, estão mal representados nas atuais unidades (Dias, 1993).

A Reserva da Biosfera do Cerrado, conjunto de áreas de conservação reconhecida internacionalmente pela Unesco, foi criada em 1994 e assim como as demais Reservas da Biosfera espalhadas pelo mundo tem por desafio conciliar a proteção da natureza com o bem-estar da população (MMA, 1996; SEMARH, 1996). As florestas estacionais freqüentes nas encostas da Serra Geral dos estados de Tocantins e Goiás representam ambientes de extrema importância biológica, tidos como as áreas prioritárias para conservação do cerrado, compondo a Reserva da Biosfera do Cerrado (MMA, 1999).

A região considerada no EIA/RIMA do projeto de Terraplanagem e Pavimentação da rodovia BR-242/TO destaca-se pela grande diversidade biológica, com notável número de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, pela presença de taxa associados às matas secas e afloramentos calcários, fisionomias não representadas em outras unidades de conservação do bioma cerrado. Sob o ponto de vista ambiental, interligar remanescentes naturais existentes na região de influência do empreendimento, em especial cursos d’água e corredores de florestas, às grandes áreas preservadas mais próximas seria a melhor estratégia de conservação.

As unidades de conservação presentes no Estado de Tocantins mais próximas à área de influência do empreendimento são: 1) o Parque Estadual do(PE) Jalapão, com 158 mil hectares; 2) a Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins, com cerca de 700 mil ha; e 3) Área de Proteção Ambiental da Serra do Tabatinga (TO/MA/PI/BA), com 35 mil ha. As três unidades estão

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situadas na porção leste do Estado, distam mais de 200 km ao norte do empreendimento. Ao sul tem-se apenas: 1) o Parque Estadual de Terra Ronca – GO, com cerca de 32 mil ha; o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – GO, em torno de 230 mil ha e Parque Nacional Grande Sertão Veredas – MG/BA, com 84 mil ha. Destes parques apenas o PE de Terra Ronca resguarda remanescentes de florestas estacionais e está situado perto da Serra Geral do Goiás. Os três parques citados localizam-se mais de 300 km ao sul da área de influência do empreendimento.

A criação da Reserva Biológica do Vale do rio Palma permitiria a preservação de áreas verdes nas bacias dos rios Palma e Paranã, englobando conexões de ambientes florestais e campestres das baixadas e encostas da Serra Geral do Tocantins, por através da BR-242/TO, com unidades de conservação situadas ao norte e ao sul. A criação da Reserva Biológica do Vale do rio Palma feita de maneira racional complementará a realização prática do projeto de Reserva da Biosfera do Cerrado, planejado para o sul do Tocantins, e de um sistema nacional integrado de unidades de conservação idealizado pelo IBAMA (SNUC, 2000).

Sugere-se, também, a criação da Área de Proteção Ambiental de Arraias (unidade de conservação de uso indireto) na região classificada como área com potencial para conservação pela Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente do Estado do Tocantins (1999). Esta região funcionaria como zona de amortização para a Reserva Biológica e nela estariam restritas atividades relacionadas ao desenvolvimento e expansão urbanos e atividades de exploração mineral. A referida área seria eficiente para resguardar fitofisionomias mais comuns do Cerrado (campos limpos e sujos, veredas e cerrado sensu stricto).

14.7. Recursos Humanos e Materiais

Os recursos humanos e materiais necessários para o bom desenvolvimento deste programa, encontram-se definidos nas tabelas 14.2 e 14.3.

Tabela 14.2. Recursos humanos.

PROFISSIONAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES) AÇÃO

Biólogo 1 24 Realização de trabalhos técnicos

Técnico em meio ambiente

1 24 Apoio ao coordenador geral

Motorista 1 24 Condução de veiculo automotor

Tabela 14.3. Recursos materiais.

MATERIAL QUANTIDADE PERÍODO (MESES)

Estudos ambientais prévios 1 24

Aquisição e regularização de terras

24

Implantação de infra-estrutura básica

1 24

Plano de manejo 2 24

Aluguel de veiculo (sedan) 1 24

Combustível (gasolina) - 24

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14.8. Instituições Envolvidas

DERTINS;

Empresas contratadas e organizações conveniadas;

IBAMA;

NATURATINS;

Prefeituras municipais;

Secretarias municipais de meio ambiente;

DNIT;

IPHAN.

14.9. Cronograma Físico de Implantação

O Programa de Criação de Unidades de Conservação deverá ter sua implantação no início das obras e ter duração mínima de 24 meses.

Na tabela 14.4 é apresentado o cronograma físico de implantação referente às ações executadas no presente programa.

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Tabela 14.4. Cronograma físico de implantação.

AÇÃO MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Elaboração de estudos prévios X X X X X X

Aquisição e regularização de terras X X X X X X

Criação da Reserva Biológica do Vale do Rio Palma

X X X X X X

Criação da Área de Proteção Ambiental de Arraias

X X X X X X

Implantação da Reserva e da APA X X X X X X

Elaboração dos planos de manejo X X X X X X X X X X X X

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14.10. Estimativa de Custos

Em acordo com a legislação vigente e com o EIA/RIMA do projeto de Terraplanagem e Pavimentação da rodovia BR-242/TO são responsabilidades fundamentais do empreendedor:

1) realizar os estudos ambientais prévios essenciais à delimitação e a criação da nova unidade de conservação;

2) resolver a regularização fundiária e demarcação de terras, em acordo com as normas legais de desapropriação de terras e afins;

3) gerir a implantação da nova unidade provendo bens e serviços essenciais à gestão inicial e proteção da unidade, considerando toda sua extensão e, também, sua área de amortecimento;

4) realizar o Plano de Manejo, visando a coordenação e eficiência das ações de conservação, avaliando a criação da nova unidade de conservação e sugerindo planos de recuperação dos locais degradados e de monitoramento da fauna e flora.

A definição dos prazos e orçamentos para as questões referentes a: demarcação de terras, regularização fundiária, bens e serviços exigidos para criação, implantação, gestão e proteção da unidade, bem como, a certificação das ações e relatórios dependem da aprovação das autoridades competentes, órgãos ambientais licenciadores em suas esferas estaduais e federais.

Pelo exposto, o custo final para este programa será fixado pelo órgão licenciador, quando da definição do percentual que cabe ao empreendimento para a compensação ambiental. No entanto, sugere-se neste estudo a adoção da porcentagem definida pelo SNUC, ou seja, 0,5% do custo total do empreendimento.

14.11. Implantação, Acompanhamento e Avaliação do Programa

A implantação deste PCUC será de responsabilidade do DERTINS, por meio da Coordenação de Gestão Ambiental - CGA. A execução será realizada pela equipe técnica deste PCUC.

O acompanhamento será realizado pelo coordenador do programa e pela Supervisão Ambiental da obra. A avaliação das atividades será de responsabilidade da equipe do CGA.

Como instrumentos de acompanhamento e avaliação serão emitidos relatórios mensais, elaborados pelo coordenador do PCUC. Ao final deste programa será elaborado um Relatório Final de Avaliação a ser encaminhado à CGA.

Todo o processo deverá ocorrer sob o acompanhamento efetivo de representantes dos órgãos ambientais estaduais e federais. A busca por parcerias com instituições de ensino, parques zoológicos, organizações não governamentais, entre outros, poderia trazer benefícios em forma de contrapartida de experiência, esforço técnico, atividades operacionais e, até, de materiais permanentes, previamente definidos em convênios. Benefícios e interesses são evidentes para o meio acadêmico e para organizações que atuam na área ambiental. Esta procura por parceiros também está sob responsabilidade do empreendedor e deve estar sob acompanhamento dos órgãos ambientais.

14.12. Referências Bibliográficas

Lei nº 9.985/ 2000 (SNUC) que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.

Resolução Nº 02/1996 do CONAMA.

Decreto Nº 4.340 de 22 de agosto de 2002, que regulamenta artigos da Lei 9.885/2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, e dá outras providências.

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15. Programa de Proteção ao Patrimônio Arqueológico - PPPA

15.1. Introdução

O asfaltamento da BR-242/TO teria sido iniciado no ano de 2000 e 2001, em alguns trechos, e com o término das obras previsto para dezembro de 2001, o que não ocorreu (Fotos 15.1 e 15.2). No entanto, somente alguns trechos foram terraplenados – cerca de 30 km na área próxima a Paranã; outros 30 km já mais próximo de Arraias; e alguns poucos outros na saída da cidade de Taguatinga. Trechos pontuais encontram-se já pavimentados, apenas uns 6 km, também na saída de Taguatinga; e mais outros 6 km em Paranã.

Foto 15.1. Foto do painel com a indicação da obra no subtrecho Taguatinga.

Foto 15.2. Foto do painel com a indicação da obra no subtrecho Peixe / Paraná.

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15.2. Justificativa

Os estudos realizados na região central do Brasil indicam um rico patrimônio arqueológico, pré-histórico e histórico; decorrente de uma ocupação continua de, no mínimo, 11.000 anos. As últimas datações obtidas revelam a presença humana no território brasileiro desde o final do Pleistoceno e os vestígios de ocupações humanas se intensificam em períodos posteriores. A presença de arte rupestre, sepulturas, fragmentos líticos e cerâmicos e de diferentes vestígios de bandeiras, fazendas de escravos e formação das cidades formam um patrimônio arqueológico inestimável e único nessa região do Brasil, patrimônio este que vem sendo estudado através de pesquisas e prospecções realizadas a partir da década de 70.

Nos diversos momentos da história da região, variados vestígios são identificados e eles devem ser estudados e preservados para a própria compreensão do passado da humanidade.

A Constituição Brasileira de 1988 define como patrimônio cultural como: "os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória, dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (...)" incluindo-se, entre outros, os "conjuntos urbanos, sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico" (capítulo III, seção II, art. 216). Desta forma, os sítios arqueológicos constituem-se em bens da União, cabendo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a fiscalização, proteção e preservação deste patrimônio, através dos dispositivos legais explícitos na Lei n° 3924 de 1961 e na Resolução CONAMA n° 001/86.

No âmbito do programa de proteção ao patrimônio arqueológico, a Constituição Brasileira, de acordo com a Lei n° 3.924, de 26 de julho de 1961, dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos:

Art. 1° - Os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda e proteção do Poder Público, de acordo com o que estabelece o art. 180 da Constituição Federal.

Art. 2° - Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos:

a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos da cultura dos paleoameríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais, jazigos, aterrados, estearias e quaisquer outras não especificadas aqui, mas de significado idêntico, a juízo da autoridade competente;

b) os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos paleoameríndios, tais como grutas, lapas e abrigos sob rocha;

c) os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeamento "estações" e "cerâmicos", nos quais se encontram vestígios humanos de interesse arqueológico ou paleoetnográfico;

d) as inscrições rupestres ou locais como sulcos de polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de paleoameríndios;

e) Artigo 7° - As jazidas arqueológicas ou pré-históricas de qualquer natureza, não manifestadas e registradas na forma dos arts. 4° e 6° desta Lei são consideradas, para todos os efeitos, bens patrimoniais da União.

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15.3. Objetivos

a. Objetivo Geral

O objetivo principal deste programa é a proteção de sítios arqueológicos na área da construção da rodovia BR-242/TO, seja por uma proposta de alteração de projeto ou, quando tal medida for inviável, por um projeto de salvamento arqueológico, salvaguardando o material coletado e retornando posteriormente à comunidade os dados referentes ao seu patrimônio cultural.

b. Objetivos Específicos

Estudo dos processos de ocupação e desenvolvimento de grupos na região desde a pré-história até os períodos históricos mais recentes;

Identificação de sítios arqueológicos presentes na região afetada direta ou indiretamente pelo empreendimento;

Análise da área suscetível a abrigar novos sítios ainda não registrados;

Monitoramento das atividades de engenharia, especialmente as nas áreas do traçado da rodovia;

Desenvolvimento de um projeto de pesquisa voltado para a elaboração de um "horizonte arqueológico" na área. Os sítios identificados não devem ser analisados isoladamente. É necessário um estudo sistemático entre eles para que se possa compor uma visão das diferentes ocupações existentes na região, através de enfoques culturais específicos. De acordo com os sítios localizados, seria indispensável estender a pesquisa a outras áreas, mesmo que não sejam afetadas diretamente pelo empreendimento, com o objetivo de avaliar a sua dispersão cultural, sugerindo eventualmente migrações ou contatos entre grupos etno-culturais distintos;

Divulgação de relatórios onde os resultados das pesquisas arqueológicas possam ser consultados pela comunidade.

15.4. Metas

A meta do programa é a proteção de sítios arqueológicos na área de implantação da rodovia BR-242/TO e o salvamento quando couber.

15.5. Alvo

O alvo deste programa são os sítios arqueológicos já identificados, ou não e interceptados pelas áreas de influência da rodovia.

15.6. Metodologia e Descrição do Programa

15.6.1. Área Objeto de Intervenção Arqueológica

A área do traçado da BR-242 atravessa uma região do sul do Estado de Tocantins, não muito distante da fronteira com Goiás, cortando diretamente os municípios de Peixe, Paranã, e Taguatinga, não excluindo, contudo, a interferência indireta de outros municípios próximos à

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localidade em questão, como por exemplo, o município de Arraias que, economicamente, muito se beneficiará com a construção do empreendimento.

Os estudos preliminares sobre a região indicam a presença de um grande patrimônio arqueológico próximo a área afetada pela construção da rodovia. Diagnosticar a atual situação do meio ambiente da área onde será implantada a rodovia, juntamente com as áreas de influência, é um ponto fundamental no que tange a localização de sítios arqueológicos, cadastrados ou não.

a. Análise Arqueológica da Área

A região central do Brasil por si só já é uma evidência de potencial arqueológico. Estudos comprovam que o cerrado, com seus inúmeros recursos naturais – hidrografia, fauna e flora – representou o ambiente ideal para a ocupação humana desde o Pleistoceno. Tal fato pode ser comprovado pelo grande número de sítios registrados nos Estados de Mato Grosso (363), Goiás (896) e Tocantins (84), sítios estes já cadastrados no banco de dados do IPHAN.

A ocupação da região central do Brasil pode ser estimada em torno de 12.000 anos BP, e fósseis como o "Homem da Serra do Cafezal", encontrado em Serranópolis (GO) em 1996, é um dos marcos desta ocupação. Datado de 11.000 anos BP, ele permanece hoje como o segundo mais antigo fóssil humano já encontrado em todas as Américas.

Mesmo se a região central do Brasil não é o ambiente ideal para a conservação de ossadas, diante das características de seu próprio sedimento, outros vestígios arqueológicos são facilmente identificados: líticos, fragmentos de cerâmica, arte rupestre, e diferentes elementos de habitação.

Estudos relativos a esses diversos vestígios propõem cada vez mais a divisão de tradições para melhor compreender a contextualização de cada elemento arqueológico na área geográfica e temporal a ele pertencente. E, para se analisar a tradição da área do empreendimento em questão, é necessário analisar a região do norte de Goiás e sul de Tocantins – lembrando-se sempre que no passado às barreiras políticas entre Estados não existiam e que os homens pré-históricos migravam de acordo com as características naturais do ambiente. E, em particular, o ambiente do sul de Tocantins pode ser considerado como uma simples extensão do norte de Goiás.

A tradição lítica da área norte de Goiás e sul de Tocantins ainda não é totalmente definida é há variações em função da antiguidade da ocupação. As informações relativas aos sítios líticos indicam, em geral, a presença de centenas de fragmentos diversos, sendo os mais freqüentes as lascas, os choppers, os raspadores, as lesmas e os seixos lascados. Estes últimos podem até mesmo ser considerados raros na região que predominantemente apresenta artefatos produzidos sobre lascas retocadas.

As matérias-primas mais utilizadas na produção dos artefatos lascados foram o quartzo, quartzito, sílex e o arenito silicificado. As dimensões das peças eram variadas, desde microlascas até artefatos com mais de 10 cm.

Os sítios líticos já registrados da região que será afetada pelo empreendimento são heterogêneos e até o momento não é viável classificá-los em tradições líticas; principalmente por indicarem épocas bem distintas, alguns sendo inclusive de grupos recentes ceramistas. No entanto, segundo pesquisas realizadas na área, é possível que alguns sítios sejam pertencentes à Tradição Itaparica, tendo em vista o grande número de lascas e artefatos plano-convexos. Esta tradição, que ocupa uma vasta área do Planalto Central Brasileiro, é associada aos caçadores-coletores e sua datação poderia chegar a 10.000 anos BP.

Já em relação à cerâmica pertencente aos sítios da região afetada pela rodovia, é possível classificá-la como heterogênea, mas com uma certa predominância de peças decoradas: pintura com engobo branco ou vermelho e linhas formando motivos diversos.

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As formas e as dimensões são bem variáveis. Alguns fragmentos são bem espessos, com mais de 2,5 cm, enquanto outros, bem mais finos, não ultrapassam os 0,5 cm. O antiplástico utilizado era formado por cacos moídos.

Algumas outras peças não apresentavam decoração, a superfície era mais escura e com antiplástico cariapé ou mineral.

Em um dos sítios de Tocantins, Serra do Boqueirão, foi encontrada uma vasilha de 33cm de altura por 31cm de largura, praticamente intacta, com a cerâmica avermelhada e bem lustrada, que continha ossadas humanas.

Realmente, comparações feitas entre o nordeste do Estado de Goiás e o sul de Tocantins revelaram muitas semelhanças no nível arqueológico, principalmente no que concerne à arte rupestre: gravuras sobre rochas areníticas sempre à proximidade de rios e/ou riachos (Finamor Vanderlei, 2000). Os sinais são extremamente numerosos, e a temática é baseada nos círculos em suas mais diversas composições. Os rios associados às duas regiões arqueológicas pertencem à bacia do Paranã, rio afluente do Tocantins, e é muito possível que todos os rios e riachos tenham servido como meio de penetração natural para os caçadores-coletores do território central brasileiro.

Assim, no que tange à arte, os sítios rupestres da região são a céu aberto, localizados em blocos de arenito à proximidade de rios e compostos por gravuras definidas como pertencentes à Tradição Geométrica.

A Tradição Geométrica ocupa grande parte da região central do Brasil e é caracterizada pela quase total ausência de representações figurativas e pela forte predominância de gravuras geométricas. Devido à sua grande extensão, ela foi dividida em dois grupos – manifestações meridionais e setentrionais, sendo os sítios rupestres da área afetada pela construção da rodovia associados às manifestações setentrionais: gravuras polidas, formadas essencialmente por cupuliformes, nas imediações de rios e principalmente em cachoeiras. Há ainda uma concentração de sinais geométricos diversos. Algumas representações figurativas – homens esquemáticos e lagartos – poderiam estar presentes em alguns sítios da região.

Há um grande número de sítios rupestres identificados no extremo norte do Estado de Goiás e todos eles compartilham praticamente do mesmo contexto arqueológico – gravuras em blocos de arenito às margens de rios e / ou córregos ligados ao eixo fluvial do rio Paranã. Este ambiente é idêntico ao da região afetada direta ou indiretamente pela rodovia BR-242/TO (Figura 15.1).

A análise de 4 sítios rupestres abaixo expostos pode revelar indícios importantes a respeito do potencial arqueológico, especialmente se a análise for baseada em um tipo de estudo comparativo, cujo objetivo seja, ao estudar os sítios à pintura ou gravura, tentar identificar as ligações temáticas constitutivas de diferentes dispositivos parietais, compreendendo assim as relações que poderiam ter existido entre os sítios rupestres de uma mesma região, promovendo, inclusive, a construção de uma possível rota migratória.

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Figura 15.1. Mapa da região com a localização de sítios rupestres.

b. Localização de Sítios Rupestres

1) Córrego Doce

O sítio Córrego Doce encontra-se na região nordeste do Estado de Goiás, no município de Cavalcante (Figura 15.2), próximo à fronteira de Tocantins. Apesar de ser um grande sítio rupestre, Córrego Doce foi relativamente pouco estudado pelos arqueólogos. As primeiras menções científicas remontam à década de 70, como resultado de prospecções. Em 1979, A. Mendonça de Souza publica um artigo sobre as pesquisas que ele realizou em alguns sítios rupestres de Goiás, entre eles a Córrego Doce e vários outros sítios do norte do Estado (Projeto Bacia do Paranã II).

Um total de 101 gravuras foi localizado sobre uma rocha, na margem direita do córrego Doce, um afluente do Ribeirão dos Bois. A rocha é em arenito e a quase totalidade das gravuras (98 %) foram localizadas numa superfície de 28m2. A largura dos sulcos pode atingir 4 cm, mas os traços são pouco profundos (menos de 0,5 cm).

Os sinais compõem o essencial do conjunto iconográfico do sítio. A temática não é heterogênea. Os círculos são dominantes: círculos com cúpula central e mais raramente, círculos com raios internos ou preenchidos com um eixo médio. Existe também um número importante de cúpulas e alguns sulcos lineares. Ocasionalmente, alguns círculos estão ligados através de sulcos retilíneos (Figura 15.2).

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Figura 15.2. Relevé do sítio Córrego Doce (Mendonça de Souza, 1979).

2) Ribeirão dos Bois

Este sítio está localizado a apenas 2 km do Córrego Doce, ainda no município de Cavalcante (Figura 15.3). Ribeirão dos Bois também é conhecido como Pedra Lavada e foi estudado pela primeira vez por Mills em 1975, e depois em 1979, por A. Mendonça de Souza (Projeto Bacia do Paranã II).

As gravuras estão localizadas numa rocha, em arenito, cuja superfície é de 4700m2. Esta rocha encontra-se na margem direita do ribeirão que dá o nome ao sítio. Algumas poucas gravuras foram encontradas na margem esquerda.

As gravuras foram realizadas através de polimento e a largura dos sulcos pode ultrapassar 2 cm. Um número total de 86 figuras foi identificado e os sinais compõem a grande parte das representações. Algumas figuras estão isoladas, enquanto que as outras estão agrupadas. A temática é baseada principalmente nos círculos: com raios internos, concêntricos, traços tipo “sol” e com cruz interna (Figura 15.3).

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Figura 15.3. Relevé do sítio Ribeirão dos Bois (Mendonça de Souza, 1979).

3) Corredeira do Paranã

O sítio Corredeira do Paranã está localizado na divisa de três municípios na região nordeste de Goiás: Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresinha de Goiás (Figura 15.4). Seu estudo também fez parte do Projeto Bacia do Paranã II, coordenado por A. Mendonça de Souza, em 1979.

As gravuras estão localizadas sobre uma rocha em arenito, cuja superfície está extremamente alterada, rocha que é constantemente submergida durante as subidas das águas do rio Paranã. Este rio escavou pouco a pouco um pequeno abrigo na parte inferior da rocha. Algumas figuras foram gravadas no teto deste abrigo o que comprova a antiguidade do sítio em questão. No entanto, a grande parte das gravuras encontra-se na parte externa do abrigo, concentradas numa superfície de 36m2. Em alguns lugares, as gravuras parecem estar superpostas. Elas foram realizadas por polimento e a largura e profundidade dos sulcos não ultrapassam os 2,5cm.

Nenhuma representação figurativa foi identificada e um total de 125 sinais foi numerado. A temática é relativamente heterogênea: círculos simples, círculos com cúpula central, círculos com cruz interna, ovais com traços internos, diversos sulcos cruzados (cruzes, traços angulares...) e mais raramente cúpulas (Figura 15.4).

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Figura 15.4. Relevé do sítio Corredeira do Paranã (Mendonça de Souza, 1979).

4) Rio Sucuri

O último sítio pesquisado também está localizado na região nordeste do Estado, no município de Monte Alegre de Goiás (Figura 15.5). Ele foi visitado por Mills em 1975 e, posteriormente, em 1979, foi estudado por A. Mendonça de Souza (Projeto Bacia do Paranã II).

Este sítio, conhecido também como Pedra Escrita possuí as mesmas características dos três últimos citados anteriormente: rocha em arenito localizada nas margens de um rio, suporte alterado, sinais gravados por polimento, sulcos cuja profundidade não ultrapassa os 2 cm. A rocha é vasta, com uma superfície de aproximadamente 430m2, mas as representações estão concentradas numa superfície de 72m2.

Um total de 191 sinais foi identificado. A temática é baseada nas formas circulares e um grande número de círculos com cúpula central foram representados. Outros círculos estão ligados por sulcos ou acorrentados (Figura 15.5).

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Figura 15.5. Relevé do sítio Rio Sucuri (Mendonça de Souza, 1979).

c. Localização dos Sítios Arqueológicos na Área Afetada pelo Empreendimento

A área de implantação do empreendimento é caracterizada pela presença de cerrado e por inúmeros pontos de água (rios e córregos), ambiente assim ideal para a ocupação do homem pré-histórico que baseava sua vida no sistema de caça e coleta. Inclusive, em certas áreas atingidas diretamente pela rodovia, há uma grande presença de formações calcárias que são bons indicadores para a presença de sítios pré-históricos.

Grandes grutas também já foram identificadas na região, algumas transformadas em pontos turísticos. Mas, em nenhuma delas, evidências arqueológicas foram localizadas. Contudo, informações dos moradores da região revelaram a presença de um sítio de arte, associado a uma destas formações calcárias, localizado próximo ao Povoado Morro Azul, a uns 25km de distância de Taguatinga.

Este sítio rupestre, não catalogado pelo IPHAN, ainda não teria sido alvo de pesquisas de arqueólogos; ele é, no entanto, conhecido como “Morro dos Tapoio”. Moradores relatam que haveria imagens de animais, os chamados zoomorfos, e provavelmente de humanos esquemáticos, os antropomorfos. Seriam pinturas realizadas em paredões através da utilização de pigmentos vermelhos, muito provavelmente de origem mineral (hematita).

Uma visita ao local das obras revelou que a região próxima à Taguatinga possui extensas formações calcárias (Foto 15.3), algumas das quais chegando inclusive na área já terraplenada. Há cinco exemplos que merecem um destaque especial. Uma pequena formação calcária encontra-se às margens da futura rodovia (23L 0340428 / UTM 8626404), mas uma análise superficial na referida área não revelou a presença de arte rupestre nos paredões ou de fragmentos líticos e cerâmicos em superfície. No entanto, o potencial arqueológico é grande e prospecções devem ser realizadas em toda essa área de interesse.