planejamento urbano no meio ambiente - aterro da caximb

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PLANEJAMENTO URBANO NO MEIO AMBIENTE - ATERRO DA CAXIMBA SANTOS, Francisco Ferreira dos; CUNHA, Jorge Luis; SANTOS, Eliseu Horta dos. MOTTER, Deisi de Carvalho. RESUMO Várias são as justificativas para que governantes e instituições desenvolvam bons sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos, também chamado de lixo. Não apenas a vertente ambiental, mas também as questões sanitárias. O crescimento demográfico e as atividades humanas nas cidades vêm intensificando-se e tem gerado um acelerado aumento na produção de resíduos sólidos, que constituem um grande problema para a administração pública. Em vista disso, o presente artigo tratará sobre a questão do Planejamento urbano no meio ambiente, mais especificadamente com relação ao problema do lixão no bairro da Caximba, localizado na Cidade de Curitiba. Buscar-se-á fazer uma pesquisa sobre caracterização do Aterro da Caximba, a origem e característica dos resíduos sólidos, bem como sua coleta, transporte, disposição final dos resíduos e seu gerenciamento. Por fim pretende-se tratar sobre a questão do aterro sanitário da Caximba e possíveis soluções para o problema do lixo no local. O objetivo do artigo é demonstrar como o correto planejamento urbano pode atuar positivamente na solução do problema da Caximba. Palavras chave: Planejamento urbano, meio ambiente, Caximba. 1

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PLANEJAMENTO URBANO NO MEIO AMBIENTE - ATERRO DA CAXIMBA

SANTOS, Francisco Ferreira dos;

CUNHA, Jorge Luis;

SANTOS, Eliseu Horta dos.

MOTTER, Deisi de Carvalho.

RESUMO

Várias são as justificativas para que governantes e instituições desenvolvam bons sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos, também chamado de lixo. Não apenas a vertente ambiental, mas também as questões sanitárias. O crescimento demográfico e as atividades humanas nas cidades vêm intensificando-se e tem gerado um acelerado aumento na produção de resíduos sólidos, que constituem um grande problema para a administração pública. Em vista disso, o presente artigo tratará sobre a questão do Planejamento urbano no meio ambiente, mais especificadamente com relação ao problema do lixão no bairro da Caximba, localizado na Cidade de Curitiba. Buscar-se-á fazer uma pesquisa sobre caracterização do Aterro da Caximba, a origem e característica dos resíduos sólidos, bem como sua coleta, transporte, disposição final dos resíduos e seu gerenciamento. Por fim pretende-se tratar sobre a questão do aterro sanitário da Caximba e possíveis soluções para o problema do lixo no local. O objetivo do artigo é demonstrar como o correto planejamento urbano pode atuar positivamente na solução do problema da Caximba.

Palavras chave: Planejamento urbano, meio ambiente, Caximba.

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1. INTRODUÇÃO

O artigo a ser apresentado trata-se sobre planejamento urbano no meio

ambiente aplicado como solução para o problema do lixão do bairro da Caximba, localizado

na Cidade de Curitiba. O trabalho abrange caracterização do aterro da Caximba, a origem e

característica dos resíduos sólidos, bem como sua coleta, transporte, reutilização, disposição

final dos resíduos e seu gerenciamento. Por fim pretende-se tratar sobre a questão do aterro

sanitário da Caximba e possíveis soluções para o problema do lixo no local.

É inquestionável a importância da preocupação com a destinação do lixo nas cidades e

no mundo. Isso porque a falta de políticas corretas para a destinação dos resíduos sólidos

podem ocasionar muitos problemas, não somente para o meio ambiente, mas também para a

saúde das pessoas que habitam próximas aos locais poluídos e para os trabalhadores que

fazem do “lixão” uma forma de sobrevivência. O problema do “lixão” no bairro da Caximba é

um exemplo de falta de um correto planejamento urbano. Este trabalho tem como objetivo

descobrir as possíveis soluções para o problema do acúmulo incorreto de lixo no bairro da

Caximba.

2. CARACTERIZAÇÃO DO ATERRO DA CAXIMBA

A cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná, tem aproximadamente 1.800.000

habitantes, distribuídos em 78 bairros. Um dos setenta e oito bairros de Curitiba leva o nome

de Caximba, palavra de origem tupi-guarani, que significa “mato que gruda”. Caximba é um

dos bairros mais antigos de Curitiba. A diferença gritante entre Caximba e os 77 bairros de

Curitiba é que no primeiro está instalado o aterro sanitário municipal. Diariamente o aterro

sanitário da Caximba recebe perto de 2.400 toneladas de lixo da cidade de Curitiba e de mais

15 municípios paranaenses. (RAFFIN, 2004). Próximo ao Aterro sanitário existem igrejas,

creches, posto de saúde e casas dos moradores. Estes são obrigados a conviver diariamente

com o problema do lixo depositado no local.

O Aterro Sanitário da Caximba está localizado, a curtíssima distância do rio Iguaçu,

cujas águas margeiam as cidades de Curitiba e Fazenda Rio Grande e abastecem outros

municípios do Paraná. O tema do encerramento do Aterro Sanitário da Caximba é mais do

que polêmico. Segundo Raffin (2004), além de envolver as áreas de meio ambiente e saúde

pública, o Aterro Sanitário da Caximba é alvo do poder econômico. Ainda é possível encontrar

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pontos de acumulação de lixo de forma indevida prejudicando o meio ambiente, a saúde

pública e a imagem da cidade como atrativo turístico, diante de seus visitantes.

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

Os Resíduos Sólidos podem ser de diversas origens: industrial, doméstica, hospitalar,

comercial, agrícola, de limpeza de vias públicas e outras. O crescimento demográfico e as

atividades humanas vêm intensificando-se e tem gerado um acelerado aumento na produção

de resíduos sólidos, que constituem um grande problema para a administração pública.

(BOMFIN E JUNIOR, 2009). O principal fator para caracterizar os resíduos sólidos é a origem,

podendo ser agrupados em cinco diferentes tipos de lixo: doméstico ou residencial; lixo

comercial; lixo público; lixo domiciliar especial: Entulho de obras, Pilhas e baterias, lâmpadas

fluorescentes e Pneus; lixo de fontes especiais: lixo industrial; lixo radioativo; lixo de portos,

aeroportos e terminais; rodoferroviários; lixo agrícola e resíduo de serviços de saúde.

2.1.1 Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos

Monteiro (2001) define coleta de lixo como o recolhimento do lixo acondicionado por

quem o produz para encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma possível estação de

transferência, a um eventual tratamento e à disposição final. Coleta-se o lixo para evitar

problemas de saúde que ele possa propiciar. A coleta e o transporte do lixo domiciliar, imóveis

residenciais, estabelecimentos públicos e no pequeno comércio normalmente são efetuados

pelo órgão municipal encarregado da limpeza urbana.

De acordo com Zablonsky et all (2010) na década de 90, Curitiba iniciou o

gerenciamento integrado dos resíduos sólidos, os quais até então eram depositados nos

lixões de Lamenha Pequena, na Cidade Industrial, e no município vizinho de São José dos

Pinhais. Em 1989 iniciou-se a operação do Aterro Sanitário localizado no Município de

Curitiba, no bairro da Caximba. O Aterro possui área total de 410 mil m², e recebe os resíduos

de 18 municípios da Região Metropolitana.

Com relação à coleta seletiva, sabe-se que Curitiba possui um programa conhecido

como “Lixo que Não é Lixo”. Há 21 anos a Prefeitura realiza a coleta de resíduos em

residências, estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços. Papéis, vidros, plásticos

e metais são os principais materiais recolhidos.

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Além disso, o programa câmbio verde promove a troca de recicláveis recolhidos pela

população por hortigranjeiros e por cadernos e brinquedos, em pontos de coleta, como

escolas municipais. (ZABLONSKY et all, 2010).

A diminuição da extração de recursos naturais, a limpeza urbana e saúde pública, são

alguns exemplos dos benefícios provenientes da coleta seletiva realizada em parceria com a

população. Desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e Fundação de

Ação Social (FAS), o projeto Eco-cidadão tem por objetivo organizar a coleta de materiais

recicláveis feita por catadores em Curitiba. O projeto conta com a criação de Parques de

Reciclagem. O sistema ambiental da cidade possui 21 centros de triagem, onde é feita a

separação dos resíduos recicláveis. Apesar da implementação de programas, a cidade vem

enfrentando nos últimos anos sérios problemas relativos à disposição dos resíduos gerados.

(ZABLONSKY et all, 2010).

2.1.2 Lixão, aterros sanitários e aterros controlados

O lixão é uma mera disposição do lixo a céu aberto, sem critério sanitário de proteção

ao ambiente, que possibilita o pleno acesso de vetores de doenças como moscas, mosquitos,

baratas e ratos ao lixo. Segundo a ABNT/NBR-8849/85, um aterro controlado caracteriza-se

pela disposição do lixo em local controlado, onde os resíduos sólidos recebem uma cobertura

de solos ao final de cada jornada. Ao contrário dos aterros sanitários, os aterros controlados

geralmente não possuem impermeabilização dos solos nem sistema de dispersão de chorume

e gases, sendo comum nestes locais a contaminação de águas subterrâneas. (IPT/CEMPRE,

1995).

De acordo com Fadini (2001) Dentro do aterro sanitário, o resíduo sólido municipal

sofre uma decomposição promovida por bactérias que metabolizam a matéria orgânica,

produzindo dióxido de carbono e usando para isso alguma espécie química como receptor de

elétrons. Tal processo pode ser classificado como um processo de respiração, no qual o

agente oxidante que comumente atua como receptor de elétrons é o oxigênio atmosférico

(O2).

Como os aterros sanitários sãs cobertos com solo e são compactados com tratores, de

modo a minimizar o acesso de vetores de doenças ao resíduo, o oxigênio atmosférico

também encontra dificuldade em entrar em contato com o lixo e a sua concentração diminui

até valores não significativos, à medida que a matéria orgânica é oxidada.

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As Figuras 1 e 2 apresentam imagens de um lixão e de um aterro sanitário,

respectivamente.

2.1.3 Disposição Final de Resíduos Sólidos

Segundo o Portal do Governo do Estado de São Paulo (2011), a disposição final é o

último método de gerenciamento de resíduos e deve ser restrita aos que não sejam

reutilizáveis, recicláveis ou recuperáveis. A recomendação é que a eliminação final seja

realizada em aterros sanitários ou em incineradores, para a redução do volume. Com o

crescimento das cidades, o desafio da limpeza urbana não consiste apenas em remover o lixo

de logradouros e empreendimentos, mas, principalmente, em dar um destino final adequado

aos resíduos coletados.

É comum observar nos municípios de menor porte a presença de "lixões", ou seja,

locais onde o lixo coletado é lançado diretamente sobre o solo sem qualquer controle e sem

quaisquer cuidados ambientais, poluindo tanto o solo, quanto o ar e as águas subterrâneas e

superficiais das vizinhanças.

Os lixões, além dos problemas sanitários com a proliferação de vetores de doenças,

também se constituem em sério problema social, porque acabam atraindo os catadores,

indivíduos que fazem da catação do lixo um meio de sobrevivência, muitas vezes

permanecendo na área do aterro, em abrigos e casebres, criando famílias e até mesmo

formando comunidades.

Vale ressaltar que em um lixão todos os resíduos são dispostos juntos, sem qualquer

cuidado para com aqueles tidos como perigosos. Um aterro deve utilizar as unidades

operacionais, criando células distintas para cada resíduo característico. O aterro sanitário

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ainda evita a presença de catadores, que arriscam suas vidas estando vulneráveis a doenças

e disputando lugar com os abutres e as máquinas responsáveis por espalhar o lixo. (BONFIN

E JUNIOR, 2009).

2.1.4 Lixo: uma questão de gerenciamento

Para o Manual de Gerenciamento Integrado (IPT/CEMPRE,1995), gerenciar o lixo é

adotar um conjunto articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de

planejamento, com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos para coletar, tratar

e dispor o resíduo sólido municipal urbano. A execução de ações planejadas, de forma

racional e integrada, leva ao gerenciamento adequado do lixo, assegurando saúde, bem-estar

e economia de recursos públicos, além de ir ao encontro de um desejo maior que é a melhoria

da qualidade de vida das gerações atuais e futuras. (CUNICO, 2004).

De acordo com o Portal do Governo do Estado de São Paulo (2011), a solução para os

problemas de gerenciamento de resíduos não deve ser delegada a um único tipo de sistema

de eliminação, mas a uma rede integrada de medidas capazes de satisfazer as necessidades

da eliminação, das correntes primárias de resíduos e também das correntes secundárias

(como os resíduos derivados de tratamento e de usinas de eliminação de outros resíduos) a

curto e a médio prazo.

Ainda de acordo com o portal, a hierarquia dos princípios de Sistemas de

Gerenciamento Integrado de Resíduos (SIGR) aceita é baseada no que se denomina de

Quatro Rs: Redução (ou Prevenção), Reutilização, Reciclagem e Recuperação (do material

ou da energia). A disposição final em um aterro significa que o lixo ou frações dele é

considerado inaproveitável.

Conseqüentemente, um SIGR apropriado deve minimizar os resíduos duplamente, ou

seja, deve minimizar o volume de resíduos depositados em aterros, bem como a

periculosidade dos mesmos. A redução na fonte objetiva diminuir a quantidade de resíduos

sólidos gerados, enquanto as demais tecnologias de redução se aplicam ao resíduo

efetivamente gerado.

A prevenção, em matéria de resíduos, deve permanecer como prioridade, seguida pelo

reaproveitamento (considerado em suas três dimensões: reutilização, reciclagem e

recuperação de energia) e, finalmente, a eliminação segura de resíduos (limitada àqueles

para os quais não existir mais possibilidade de reaproveitamento).

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Os atuais sistemas de recuperação e reciclagem demonstram que o resíduo pode ser

valorizado. Desta forma, pode-se transforma-lo em um recurso econômico ao ser separado e

transportado para um novo local ou passar por um beneficiamento. Esta é a maneira mais

viável de se aproveitar o lixo reciclável, além de representar uma alternativa de emprego a

muitas pessoas que vivem da coleta de lixo.

A Tabela 1 apresenta a identificação das fontes e dos resíduos gerados e os

responsáveis pela destinação final sanitariamente adequada.

Tabela 01: Geração e destino de resíduos Fonte: http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/lixo.pdf

Observa-se que todas as alternativas de tratamento de lixo apresentam vantagens e

desvantagens, o que por si só já é uma boa justificativa para considerar a não geração como

a melhor opção. Uma avaliação crítica das alternativas de destinação final de lixo é

apresentada na Tabela 2.

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Tabela 02: Vantagens e desvantagens de diferentes destinações de resíduos. Fonte: http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/lixo.pdf

De acordo com Cunico (2004), para o que gerenciamento do lixo seja eficiente, é

necessária também a existência de um programa de educação ambiental que contemple a

recusa de consumo de produtos com alta capacidade de geração de resíduos, redução do

consumo, reuso e reciclagem. Ou seja, o verdadeiro desafio pertinente à questão do lixo, seja

ele de que natureza for, diz respeito, não a como evitar seu impacto no ambiente, mas como

minimizar sua geração. É sabido que o melhor seria não gerar lixo, mas essa é uma

alternativa nem sempre viável, uma vez que o modelo de vida adotado globalmente é

pautado na produção e no consumo, que têm como conseqüência a geração de resíduos.

Contudo, com alguma reflexão e auxílio de programas de educação ambiental, pode-se

habituar-se enquanto consumidores a exercer determinados tipos de escolha de embalagens

de produtos dando preferência a embalagens retornáveis em detrimento às descartáveis,

bem como minimizando desperdícios dentro de casa. A recusa de tais produtos com

múltiplas embalagens representa a consolidação de um quarto e importante ‘R’ ao programa,

que força a indústria a ter uma atitude ambientalmente responsável por pressão do mercado

consumidor. (FADINI, 2001).

Atitudes como essas, segundo um recente estudo realizado por Teixeira (1999),

podem reduzir em até 50% a quantidade de resíduos sólidos domésticos encaminhados aos

aterros. Uma vez minimizada a geração, parte-se para a avaliação do reuso dos resíduos,

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que se nas casas apresenta um leque de opções relativamente limitado, pode apresentar um

maior número de opções em relação a resíduos industriais e agrícolas.

Ainda segundo Fadini (2001), a terceira etapa da minimização do descarte envolve a

reciclagem, que é facilmente explicada pela já difundida teoria de que resíduo nada mais é

do que um material não adequadamente localizado no espaço e no tempo. Ou seja, aquilo

que é considerado um resíduo hoje pode não sê-lo amanhã, assim como o que uma

determinada pessoa ou grupo de pessoas classifica como resíduo pode ser matéria-prima

para outra.

2.1.5 Possíveis soluções para o Problema do Lixão na Caximba

De acordo com estudos realizados por Remedio, Mancini e Zanin (2002), grande parte

da população não dá importância à cultura dos 3R: reduzir, reutilizar e reciclar, que serve

basicamente, para melhorar a qualidade de vida da sociedade. Essa cultura poderia ser

aplicada ao Bairro da Caximba, já que, segundo os autores, alguns sistemas de

reaproveitamento e reciclagem demonstram que há certo valor que pode ser agregado ao

resíduo. Assim sendo, pode-se transformar o resíduo em um recurso econômico ao ser

separado e transportado para um novo local ou passar por um beneficiamento.

Uma cooperativa de catadores e o beneficiamento de resíduos, por exemplo, mesmo

que em pequena escala, poderia ser aplicável ao Município de Curitiba. Mesmo sabendo das

dificuldades que um programa como esse enfrenta (falta de recurso, criação e gestão da

cooperativa e etc), tal programa beneficiaria a muitos catadores que atual trabalham em

condições desumanas e que são excluídos.

Para Pedro Sérgio Fadini e Almerinda Antonia Barbosa Fadini (2001) a solução de

problemas relacionados aos resíduos gerados por aglomerações urbanas, processos

produtivos e mesmo em estações de tratamento de esgoto não depende apenas de atitudes

governamentais ou decisões de empresas; deve ser fruto também do empenho de cada

cidadão, que tem o poder de recusar produtos potencialmente impactantes, participar de

organizações não governamentais ou simplesmente segregar resíduos dentro de casa,

facilitando assim processos de reciclagem. Para o autor, o conhecimento da questão do lixo é

a única maneira de se iniciar um ciclo de decisões e atitudes que possam resultar em uma

efetiva melhoria da qualidade ambiental e de vida.

Fadini (2001) considera que o entendimento da necessidade da separação adequada

dos tipos de resíduos por seus geradores, é essencial para facilitar o trabalho do reciclador,

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assim como a colocação do material reciclado no mercado, enquanto matéria-prima ou

produto acabado.

A reciclagem no entanto, não pode ser vista como a principal solução para o lixo. É

uma atividade econômica que deve ser encarada como um elemento dentro de um conjunto

de soluções. Estas são integradas no gerenciamento do lixo, já que nem todos os materiais

são técnica ou economicamente recicláveis. A separação de materiais do lixo aumenta a

oferta de materiais recicláveis. Entretanto, se não houver demanda de produtos reciclados

por parte da sociedade o processo é interrompido, os materiais abarrotam os depósitos e, por

fim, são aterrados ou incinerados como rejeitos (IPTCEMPRE, 1995).

Apenas quando estiverem esgotadas as alternativas de redução de consumo, reuso e

reciclagem é que se deve fazer a opção pelo tratamento, levando-se em consideração o fator

ambiental de cada alternativa que possa vir a ser adotada.

No caso do Bairro da Caximba, o Aterro sanitário foi inserido sem um correto

planejamento urbano, pois desde seu surgimento, continuou havendo entulhamento de lixo de

todos os tipos em sua superfície, o que acabou gerando aparecimento de ratos, baratas e

outros insetos que transmitem doença à população.

Planejamento urbano é o processo de criação e desenvolvimento de programas que

buscam melhorar ou revitalizar certos aspectos (como qualidade de vida da população) dentro

de uma dada área urbana ou do planejamento de uma nova área urbana em uma dada

região, tendo como objetivo propiciar aos habitantes a melhor qualidade de vida possível.

(SEGUNDO, 2002).

No caso da Caximba, deve haver Gerenciamento correto do lixo, aplicando por

exemplo a técnica do SIGR -Sistemas de Gerenciamento Integrado de Resíduos- em que se

baseia nos Quatro Rs: Redução (ou Prevenção), Reutilização, Reciclagem e Recuperação (do

material ou da energia). O restante dos resíduos que fossem considerados inaproveitáveis

seria disposto no Aterro Sanitário. Estes aterros deveriam ser cobertos com solo e

compactados com tratores, de modo a minimizar o acesso de vetores de doenças ao resíduo.

Dessa maneira, o restante do lixo seria minimizado, diminuindo sua concentração até valores

não significativos.

Para que isso ocorresse de maneira efetiva, deveria haver um planejamento em

conjunto, elaborado pelos responsáveis pelo setor de coleta e transporte de resíduos,

juntamente com a prefeitura do Município e, ao mesmo tempo, um trabalho de

conscientização da população sobre a correta separação do lixo e maneiras de como

reaproveitá-lo. Essa iniciativa, juntamente com a idéia de montar cooperativas de catadores

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de lixo e uma boa fiscalização no local para evitar acumulo de mais lixo, poderia constituir

uma alternativa para solucionar o problema da Caximba e melhorar muito a qualidade de vida

do Município.

3 CONCLUSÃO

O trabalho foi de grande importância, pois através dele pôde-se obter um pouco mais

de conhecimento acerca do lixo no ambiente. Foi através do estudo do problema do Bairro da

Caximba, que pensou-se como seria realizado o Planejamento Urbano do local, contribuindo

com possíveis soluções para o Município. Para tanto foi preciso pesquisar sobre o Bairro e

sobre o problema do Lixo, a destinação dos resíduos sólidos, coleta, transporte, sua

reutilização e gerenciamento.

É interessante notar que os resíduos sólidos podem se transformar em importantes

recursos econômicos ao serem separados e transportados para um novo local e passar por

um beneficiamento, ou reciclagem. É sabido que a geração de lixo não pode ser totalmente

contida, ainda mais em um mundo capitalista em que o consumo é cada vez maior e mais

voraz. O que se pode fazer é minimizar sua geração a partir de iniciativas que incentivem a

reutilização e reaproveitamento do lixo, além de sua separação correta e da reciclagem.

Com relação ao Aterro Sanitário da Caximba, a solução seria aplicação de um correto

planejamento ambiental, visando ganhos para a própria população, como a construção de

cooperativas de catadores de lixo e a fiscalização do Aterro da Caximba por parte das

autoridades, já que infelizmente o Aterro continua sendo utilizado como Lixão.

O objetivo do artigo foi alcançado, já que o trabalho proporcionou informações

importantíssimas relacionadas ao lixo no meio ambiente e ao final ofereceu possíveis

soluções para o problema do Aterro da Caximba, baseando-se no conceito de planejamento

urbano no meio ambiente.

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