planejamento turístico e o planejamento físico-territorial...
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12º Fórum Internacional de Turismo do Iguassu 20, 21 e 22 de junho de 2018
Foz do Iguaçu – Paraná - Brasil
Planejamento turístico e o planejamento físico-territorial segundo planos
diretores municipais
Rosiane Machado Pradella Helena Losekann Marcon
Pedro de Alcantara Bittencourt César Suane de Atayde Moschen
Resumo: Analisa-se a elaboração/atualização de planos diretores no Rio Grande do Sul,
desde sua contextualização histórica. Atualmente, diversos municípios passam por este processo no que diz respeito aos seus planos diretores. Dentre eles, muitos advêm de diversas assessorias externas. Participa-se assim, um grupo de técnicos para o desenvolvimento deste planejamento, mais especificamente na questão das atividades de lazer e turismo. Analisa-se utilizando de referenciais teóricos e práticos valores para uma Pesquisa-Ação em andamento. Assim tem-se com o objetivo de compreender os estatutos incorporados diretamente com estas atividades. Espera-se assim, contribuir para a discussão da relação entre o planejamento turístico e o planejamento físico-territorial.
Palavras-chave: planejamento; turismo; plano diretor municipal
Abstract: It is analyzed the elaboration/update of the Municipal Master Plans in Rio Grande do
Sul, since its historical contextualization. Nowadays, many counties are in a process in terms of their Master Plans. Among them, some proceed from varied external consultancy. A group of technicians is involved in the development of their planning, specifically on the issues of leisure and tourism. The analysis deploy theoretic and practical referential, values to an Action- Research in process. The objective is the research of the charter embedded directly in these activities. The expectation is to contribute to the discussion of the relation between the tourism planning and the physical-territorial planning.
Key-Words: planning; tourism; municipal master plan
Introdução
A atividade turística, entre outros fatores, se desenvolve baseada no uso
do território e se efetiva com a apropriação deste. Assim, para sua realização
são oferecidos para que o visitante o ocupe como forma de lazer ou outras
necessidades inerentes de seu deslocamento e permanente. Situação que o
qualifica como uma atividade essencialmente territorial (CHEIA, 2010).
Esta associação é observada até mesmo quando, na França, são
elaborados os primeiros planos turísticos posteriormente abordado. A literatura
acadêmica aponta como primeiro o Plano de Desenvolvimento Turístico da
região mediterrânea francesa, composto por uma equipe de profissionais e
chefiado pelo urbanista Pierre Racine (CÉSAR, 2014). Embora atualmente,
muitos dos modelos de Planejamento Turístico afastam-se deste estatuto
fundado no Planejamento Urbano e Regional devem os gestores territoriais, na
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concepção dos Planos Diretores Municipais dar relativa atenção a esta
questão.
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Nesta pesquisa tem-se por objetivo mostrar uma aproximação conceitual
e legal realizada entre o Planejamento Turístico e o Planejamento Urbano
Municipal. Especificamente, foram analisados instrumentos legais para serem
aplicados na elaboração e revisão de planos diretores de distintos municípios
do Rio Grande do Sul pertencentes a um contexto comum.
Procedimento Método
A Pesquisa-Ação normalmente encontra-se em um procedimento
metodológico em áreas que tem uma constante entre o pesquisador e o sujeito.
Neste caso, sua especificidade tem um caráter ímpar.
Dentro da universidade que realiza esta pesquisa, são realizadas uma
série de atividades de assessoria, entre elas destacam-se aquelas destinadas
a auxiliar instituições públicas, estas por sua vez, buscam suporte para
amparar suas políticas urbanas. Neste caso, há décadas, a academia envolve
pesquisadores, dando suporte a prefeituras, governos dos estados entre outras
instâncias específicas. Assim são efetuadas por uma série de ações que
auxiliam mais de uma dezena de Planos Diretores Municipais, todos
localizados no mesmo contexto municipal.
Destaca-se assim, o reconhecimento da Pesquisa-Ação. Ela pode ser
desenvolvida tanto em nível microssocial (indivíduos e pequenos grupos) como
a nível macrossocial (sociedades, movimentos e entidades de âmbitos nacional
ou internacional) (THIOLLENT, 1988, p.8). Desta maneira, embora a
abrangência desta pesquisa tenha um caráter macro, sua ação está
direcionada a proposta apresentada à grupos específicos de técnicos. Para as
audiências públicas, pode-se dizer que suas escalas se fazem por uma plena
dialética entre ambas as dimensões. Esta pesquisa apresenta valores para
uma pesquisa-ação em desenvolvimento.
Comumente, seus temas e problemas metodológicos realizam-se por
base empirista, neste contexto, apresentam-se instrumentos legais passíveis
para a realização de intervenções e possibilidades nos territórios por meio de
Planos Diretores, tendo como possibilidade a atividade turística. Entretanto, na
pesquisa, desdobra-se inicialmente uma abordagem weberiana (SELL, 2013),
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ao buscar em localidades chaves que tenham como foco o turismo, na maneira
com que se propõem o reconhecimento, manutenção e gestão turística. Nesta
condição, estuda-se os Planos Diretores de Ouro Preto (MG), Curitiba (PR),
Tiradentes (MG), Caxias do Sul (RS), Gramado (RS) e Bento Gonçalves (RS).
Destaca-se que “na análise comparativa não se trabalha na busca do que seja
comum a várias ou a todas as configurações históricas, mas pelo contrário,
permitirá trazer à tona o que é peculiar a cada uma delas” (COHN, 1997, p,15).
Após análises de artigos selecionados por site acadêmico cujos quais
tivessem apelo turístico e planos diretores, foram identificadas análises destes
para com as legislações presentes nos municípios abordados.
A partir destes documentos pôde-se visualizar se existem estratégias
introdutoras ao desenvolvimento turístico local (DALONSO; LOURENÇO,
2011). Elabora-se com este material hipóteses para as propostas de
intervenção territorial que estão sendo apresentadas nos municípios.
Atualmente, estes encontram-se em fase de audiência pública.
Desenvolvimento de referencial
Para a construção das cidades, inicialmente são percebidas as
necessidades sociais para que se possa ditar regras a fim de se obter uma
ordenação dos locais, são propostos modos de planejamento urbano. Estes
são aspectos geradores de desenvolvimento e de melhores mudanças para
uma determinada localidade. Deste planejamento, provém o planejamento
turístico, que tem como principais objetivos a atividade econômica e o
desenvolvimento de uma determinada região.
Desta maneira, o Planejamento Turístico se origina de modelos de
Planos Diretores Regionais. Com início na Europa no período pós-guerra (a
partir da década de 1950), quando diversos projetos e programas foram
elaborados para a ordenação de espaços turísticos de lazer e recreação para
população, em que se destaca a implantação do Plano de Desenvolvimento
Turístico na região litorânea de Languedoc-Roussillón, em 1961 no sul da
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França (ACERENZA,, 2002), com seu principal embasamento no Enfoque
Urbanístico.
Comumente, segundo César (2011), o planejamento turístico pode
possuir enfoques urbanístico, econômico, de produto turístico, planejamento
turístico regional e participativo e possui como seus principais agentes o estado
e governos. Também, há uma diferenciação entre as dimensões espaciais e
temporais, além de modelo de motivação de viagens e comportamental;
modelo de impactos gerais; modelo de impactos econômicos; modelo de
impactos sócio culturais; e modelo de impactos ecológicos.
Para compreender os efeitos sociais e culturais do turismo, são criadas
uma série de outros modelos de planejamento e gestão. Dividido em
desenvolvimento de área, desenvolvimento de projeto e modelo de gestão e
marketing, além de uma terceira classe baseado em um sistema conceitual
(Getz, 1986).
Segundo César (2011), no Brasil comumente são pontuados alguns
modelos de planejamento turístico definidos nos seguintes enfoques:
Urbanístico: utilizado principalmente na década de 1960, a formação
deste modelo retrata a necessidade da especificidade dos Planos Diretores
com a agregação da atividade turística em seu planejamento. O método teve
início em Languedoc-Roussillón com seu projeto elaborado por um escritório de
planejamento urbano e regional. Este modelo para planos turísticos nada mais
é que uma adaptação do uso do solo, uma vez que ele surge para ordenar os
espaços turísticos existentes, fazer projetos de infraestrutura e propor
equipamentos para a região em questão.
Econômico: surge na mesma década também no continente europeu,
como forma de acelerar a economia e o desenvolvimento global e setorial, por
meio da aplicação de instrumentos de políticas econômicas. O modelo possui
etapas, segundo Diaz (1982 apud CÉSAR, 2011): a avaliação do cenário em
que se pretende atingir, seguido de diagnóstico, ou seja, a ordenação de dados
e elementos para que se possa compreender o local em análise; e, por fim, a
fixação de objetivos e metas, onde é descrito detalhadamente aquilo que se
deseja com estratégias a serem implantadas, projetos, políticas e ações. Este
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modelo de planejamento, para Bote-Gómez (1997), pode ser definido em três
escalas: nacional, regional e local; assim como classificado quanto a sua
setorização litorânea, de áreas montanhosas, de área rural entre outros
setores.
Produto turístico: também conhecido como modelo de Pasolp
(Sequência de Análise de Produto para o Planejamento do Turismo e da
Recreação), de Baud-Bovy em 1976 (CÉSAR, 2011), percebe o turismo como
produto e é orientado como planejamento físico de forma mais ampla. Sua
metodologia é dividida em: pesquisa e análise, onde são avaliadas as áreas de
interesse turísticos, comparado com a demanda local, a existência de recursos
e potenciais turísticos; políticas turísticas e determinação de fluxos prioritários,
em que são examinadas as melhores opções de desenvolvimento do setor;
planejamento das instalações e serviços, baseado em Plano Diretor, nas
potenciais áreas, roteiros favoritos e a criação de uma estratégia para a
implantação do programa; e por fim os impactos, onde são apontadas as
políticas necessárias para manter o espaço e o produto turístico.
Estratégias regionais: abordado por Gunn (1988), é o desenvolvimento
turístico com aspecto territorial, que tem como principal contribuição o
relacionamento do produto com a identificação geográfica. Ele prevê a
definição dos objetivos e as diretrizes para alcançá-los, posteriormente é feito
inventário dos bens materiais e imateriais a serem incorporados no programa,
seguido por um diagnóstico da situação encontrada para que se possa definir
soluções a serem tomadas; enfim, recomenda-se o programa e ações para o
local.
Planejamento turístico participativo: de grande importância para o
planejamento turístico nacional, por meio da Embratur, a proposta vem de
encontro com a União Mundial do Turismo (UMT), que busca enfatizar o
envolvimento das comunidades locais no desenvolvimento de projetos
turísticos, principalmente quando se relaciona com programas ambientais.
Neste modelo de planejamento, a comunidade participa ativamente de algumas
etapas do projeto de turismo, como no aperfeiçoamento de propostas.
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Entre os mais diversos modelos criados ao longo dos anos, destaca-se o
modelo urbanístico que, comprometido com os aspectos físico-espacial, possui
uma atenção especial aos elementos naturais como principal objeto de
planejamento. Nele fica clara a importância dada ao setor público para os
projetos de infraestrutura local, bem como a atenção para um projeto turístico
voltado à sustentabilidade, e para a parceria entre setor público e privado
(CÉSAR, 2011).
Porém, um projeto de turístico não necessita seguir apenas uma matriz
de planejamento, mas contemplar intenções dos mais diversos anteriormente
apresentados. Quanto a sua contribuição aos planos diretores municipais,
percebe-se que neste meio século tem se distanciado os fundamentos
territoriais dos Planos Diretores dos objetivos de um Planejamento Turístico.
Atualmente, os marcos regulatórios definem, a elaboração de uma
proposta descentralizadora e municipalista. Situação que tende a favorecer
uma maior participação e entendimento das necessidades do município frente
a suas demandas. Dar-se-ia uma “maior autonomia para que os municípios
construíssem seus próprios instrumentos de planejamento e gestão urbana,
mesmo antes da aprovação do Estatuto da Cidade” (BUENO, 2007, p.27).
Porém, sua fragmentação pode dificultar maiores articulações
necessárias, onde o planejamento territorial municipal passa a ter um papel
diretamente ligado ao executivo e a regionalização, mesmo que as unidades
municipais tenham, teoricamente, mais controle de sua gestão seriam ainda
muitas vezes, distante da realidade. “Do ponto de vista dos municípios, o
Estatuto da Cidade instituiu o Plano Diretor em um novo e estratégico patamar:
ele se transformou no principal instrumento para a gestão territorial, que regula
o uso e a ocupação do solo, define direitos de propriedade e – principalmente –
os parâmetros através dos quais esta deve desempenhar sua função social”
(BRUNO, CYMBALISTA, 2007, p.8).
Nesse contexto que o desenvolvimento de matrizes econômicas deve
ser fortalecido e também nessa temática o turismo deve ser abordado. Os
olhares, como usualmente retrata-se na academia, para as dimensões
urbanísticas, fornecem para a análise diversas maneiras temáticas e objetos.
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Todos eles devem favorecer, inclusive como totalidade, a sociedade e sua
reprodução no espaço. Porém, apesar de as aglomerações urbanas
atualmente atenderem as exigências instruídas no Estatuto das Cidades, no
caso de Joinville, por exemplo, não fica claro a estratégia de um apelo turístico
como planejamento salvo a temáticas como qualificação do ambiente
construído, onde o patrimônio histórico ou quando “a maior parte do Plano se
direciona muito mais ao reordenamento territorial da cidade” (DALONSO;
LOURENÇO, 2011).
A cada dia tem se tornado mais frequentes envolvendo o fluxo (eventual
ou permanente) de pessoas, se reconhece no estudo das cidades, os centros
históricos, modernos e tradicionais, os conjuntos habitacionais, as relações de
lazer, cultura entre muitas outras possibilidades. O momento atual, dito pós-
moderno, agrega a esta sociedade urbana (LEFEBVRE, 2000) a relação
continua de formas definidas pela visitação, estabelecendo uma urbanização
turística (MULLINS, 1991, CESAR, 2010).
Frente a isso, Bueno (2007) reforça algumas questões importantes que
devem contemplar o Plano Diretor, entre elas a de que não se deve pensar em
todos os usos construtivos do solo, pois alguns vazios podem prestar “serviços
ambientais fundamentais” (2007, p.16). Soma-se a necessidade que “a
abertura de frentes de atividade produtiva (e lucrativa) precisa estar associada
ao fortalecimento dos valores culturais, artísticos e histórico” (2007, p.16).
Neste século elabora-se ferramentas para que governos democráticos
tenham instrumentos para o desenvolvimento de práticas de planejamento.
Em julho de 2001, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei Federal 10.257/01, conhecida como o Estatuto da Cidade, que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal (capítulo de política pública) e institui a nova moldura institucional que regula a política urbana a ser feita pela União, Estados e Municípios. (FONTES, SANTORO; CYMBALISTA, 2007, p.59).
Embora todos os municípios da União, possam e devam estabelecer
Planos Diretores, sua obrigatoriedade segundo Estatuto da Cidade, se detém
aqueles que possuam mais de 20 mil habitantes, integram regiões
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metropolitanas ou aglomerações urbanas, possuam áreas de interesse turístico
ou por questões ambientais específicas.
Interessante observar esta relação entre as obrigatoriedades e a
atividade turística. Ainda que exista esta condição associada ao turismo, dois
pontos se sobressaem, como a falta de clareza legal acerca das “áreas de
interesse turístico” (BRASIL, 2001) apesar de existirem diversos documentos
esparsos nas esferas dos municípios para esta questão. Outra observação se
trata da literatura produzida e referenciada com relação aos Planos Diretores,
nela, com razão, se dá um grande enfoque a universalidade da moradia,
entretanto, não são vistas reflexões referentes ao turismo com a mesma ênfase
que sua exigência é feita.
Segundo RIBEIRO (2013), o Plano Diretor estabelece diretrizes para
diversos enfoques como, esporte, lazer, moradia, comércio e equipamentos
urbanos que precisam de organização territorial para seu uso, desta forma a
ordenação espacial se dá a partir de um estudo e mapeamento para que se
criem diretrizes de implantação de por exemplo, de parques, ciclovias, teatros,
centros de eventos ou estádios, assim como a localização prévia de hotéis,
pousadas ou restaurantes, chegando-se a conclusão de que “por onde o turista
caminha, circula e usufrui seus momentos de lazer acontecem a partir de sua
vivência na cidade posterior ao que foi traçado e planejado às pessoas”.
Resultados
A relação dos Planos Diretores para com a temática do turismo é
evidenciada em legislações que contemplam diretrizes e ações para uma
melhor política municipal. Estas abordam como ação a elaboração de Planos
de Turismo para as cidades que ainda não os possuem. Segundo artigo
referente a influência dos planos territoriais no desenvolvimento turístico
(DALONSO; LOURENÇO, 2011), “O turismo, por se apresentar como uma
atividade eminentemente social implica na apropriação e uso o território”, desta
forma sob uma ótica de análise temporal e espacial do lugar associado à
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políticas públicas pode se desenvolver um planejamento do nível de
desenvolvimento turístico nos destinos a serem explorados.
O caráter deste planejamento deve ter abordagem que contemple
aspectos urbanos e rurais, abrangendo as relações existentes e as demandas
específicas locais, para que se tenha um olhar que ultrapasse fronteiras
geográficas e também os aspectos físico-espaciais, objetivando resultados
assertivos no âmbito regional. Para TIRADENTES (2015):
Art.14 – A política municipal de turismo será regida por um conjunto de diretrizes com as respectivas linhas de ações estratégicas específicas, de forma a maximizar a contribuição socioeconômica da atividade turística e minimizar seus impactos negativos, garantir a sua sustentabilidade, fortalecer a sua identidade e fomentar sua competitividade. (TIRADENTES, 2015, p.10).
A política municipal de turismo pode ainda, desempenhar um papel
significativo perante a sociedade, uma vez que as diretrizes podem conter
ações que incluam o esporte e o lazer. É com essa premissa que acontece a
inclusão do cidadão no turismo de sua cidade, reconhecendo seu papel e
tomando para si esta prática. Ainda assim, ressalta-se o envolvimento do
cidadão através destes enfoques, somando-se o incremento de qualidade de
vida presente nesse tipo de atividade, para CURITIBA (2015) torna-se
importante:
[...] ações visando a preservação de tradições folclóricas e onde sejam estimulados os costumes locais, fazendo com que estes espaços possam receber melhorias na infraestrutura viária e de lazer visando a melhora do conforto de moradores locais e turistas que os visitam. (CURITIBA, 2015, p.59)
A qualificação do turismo passa pelo aprimoramento de sua administração,
desta forma é através de instrumentos de governo que o município tem acesso
às políticas públicas existentes. Esta por sua vez, surge como forma de
legislar, se tratando de um conjunto de ações e decisões estabelecidas pelo
Estado para que se possa resolver problemas da sociedade e promover seus
interesses (TONINI; LAVANDOSKI; BARRETO, 2011). Assim, torna-se tarefa
do poder público municipal incorporar o turismo em sua estratégia de
desenvolvimento para que assim esta atividade ganhe estrutura e organização.
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O planejamento e a gestão são a base do fortalecimento de uma matriz
econômica. Complementando esta temática, temos o INVTUR como importante
ferramenta para o reconhecimento do potencial existente auxiliando na
promoção das atividades ligadas ao turismo através de base de informação
objetivando os objetivos e metas pretendidos. Os planos diretores ainda
complementam esse viés ressaltando a necessidade da elaboração dos Planos
Municipais de Turismo apoiados por seus conselhos municipais, conforme
TIRADENTES (2015):
Art.18 – O município deverá construir um sistema de gestão turística do destino integrado à sua gestão ambiental, capaz de direcioná-lo à sustentabilidade e a um grau de diferenciação e competitividade desejável em relação a outros destinos. (TIRADENTES, 2015, p.11).
Para tanto, complementando os resultados pretendidos quanto ao
planejamento e à gestão existentes, conta-se com instrumentos legais que
auxiliam na condução das atividades turísticas. Passa-se pela estruturação dos
atrativos e roteiros turísticos, responsáveis pelo fortalecimento e articulação
institucional.
Os resultados alcançados representam avanços de cunho local e
principalmente ganhos no planejamento regional. Ainda, considerando os
instrumentos legais, as zonas de interesse turístico constituem um papel
importante no que diz respeito ao desenvolvimento do turismo. É através dessa
demarcação legal que se definem espacialmente os locais que receberão
atenção especial e serão propícios ao desenvolvimento dessas atividades.
Muitas vezes estão ligadas há algum patrimônio cultural, histórico, arquitetônico
e até mesmo de imagem. A paisagem, seja ela natural ou mesmo edificada,
também compõem essa premissa, e através das Paisagens Notáveis
desempenham essa função. Nesse contexto, o Plano Diretor é um instrumento
que consegue atentar para cuidados que vão além do engessamento sobre o
direito de construir, contemplando atenção até mesmo a elementos do entorno.
Para CAXIAS DO SUL (2008):
Art. 63. Consideram-se paisagens notáveis os ambientes naturais ou edificados, localizados na área urbana ou rural, que guardem valores culturais, históricos e ecológicos e aqueles reconhecidos pela
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comunidade, [...] sem prejuízo de outros que assim sejam considerados. (CAXIAS DO SUL, 2008, p. 26)
Segundo as autoras TONINI, LAVANDOSKI e BARRETO (2011), sob uma
pesquisa documental buscou-se analisar os planos diretores dos municípios da
Região do Vale dos Vinhedos, observando-se pouca unicidade entre
legislações das cidades participantes e consequentemente pouca abordagem
da questão do turismo. Sendo assim, apenas o município de Bento Gonçalves
trata com maior empenho diretrizes turísticas em sua redação, instituindo a
Zona de Preservação da Paisagem do Vale dos Vinhedos onde coloca:
Segundo o art. 204, a Área Rural tem uso predominantemente agrícola,
turístico, agro-industrial e de conservação, podendo sediar outras
atividades, tais como residenciais, artesanais, comerciais e de serviços,
desde que associadas às atividades predominantes (...). (TONINI;
LAVANDOSKI; BARRETO, 2011)
Aliando ainda a exploração comercial de atividades de lazer que se
relacionam com funções do cotidiano, existem planos que contemplam
instrumentos que configuram corredores temáticos. Trata-se das margens de
vias com características propícias ao desenvolvimento de práticas comerciais
que podem ser relacionadas ao turismo. Para CURITIBA (2015) deve existir:
[...] preferência para fechamento de ruas em datas comemorativas específicas, conforme calendário oficial do Município, entre outras formas de incentivo na área de turismo, lazer e gastronomia. (CURITIBA, 2015, p. 61)
Um exemplo desses corredores são os Corredores Gastronômicos, vias
que possuem apelo comercial voltado às atividades gastronômicas que por
possuírem concentração de inúmeras ofertas da mesma temática acabam
ganhando destaque não somente local, mas também fora dos limites
municipais. Há ainda as ruas de lazer que propiciam apropriação dos espaços
públicos, e é nesse intuito que se realizam atividades voltadas a população.
Tratam-se de vias que em dias específicos são tradicionalmente das pessoas e
deixam de ter seu papel na mobilidade do município.
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De modo geral, a estruturação legal do planejamento territorial contribui
ao desenvolvimento dessa matriz econômica, o turismo. Nesse âmbito, a
gestão da atividade turística tem recorrente relação com as diretrizes
constantes nas legislações municipais. A intenção de englobar capítulos
específicos nos planos diretores referente a assuntos no âmbito da política de
turismo e promover esta discussão no zoneamento dos municípios tem por
objetivo fazer valer o que a Constituição e o Estatuto da Cidade pretendem
como garantia de qualidade de vida aos cidadãos (RIBEIRO, 2013). A
regionalização é embasada por estratégias demarcadas especificamente em
território municipal nesse contexto, carecem de articulação demarcada nestes
estatutos. As políticas municipais particulares ao turismo encontram respaldo
dos planos diretores diferenciando a abordagem em cada município e é dessa
forma que efetivamente demonstram o comprometimento com o seu
desenvolvimento.
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