planejamento tributário e seus limites - cogeae abr_2011
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TATHIANE PISCITELLIDoutora e mestre em Dire i to pe la USP
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E SEUS
LIMITES
Que é planejamento tributário?
PLANEJAMENTO
TRIBUTÁRIO
Elisão tributária
Evasão fiscal
Elusão
Fraude à lei Simulação
Opção fiscal
Que é planejamento tributário?
CONDUTAS
LÍCITAS
Redução da carga
tributária
• O que determina a licitude?
• Todas as condutas lícitas resultam em planejamento tributário?
• Há limites para a criatividade do contribuinte?
O que não é planejamento tributário
Nem toda redução lícita de tributos resulta em planejamento... Extrafiscalidade e incentivos
Hipóteses de substituição material Opção fiscal
Tributação do IR pelo lucro real ou presumido A opção resulta em tributo menor comparativamente à
regra PF autônoma que constitui PJ exerce opção fiscal?
O que não é planejamento tributário
Prática de atos ilícitos Venda subfaturada = Redução do ICMS devido
Crime contra a ordem tributária! Artigo 1º, inciso III, Lei 8.137/1990
ATOS ILÍCITOS
Abuso de direito
Ilícito tributário
EVASÃOFISCAL
Simulação e Fraude
à lei
Voltando ao planejamento...
Quais os requisitos? Prática de atos lícitos Prática de condutas negativamente reguladas pelo
ordenamento Nem permissão, nem proibição
Girassol S.A.
Violeta Ltda.
INCORPORAÇÃO“ÀS AVESSAS”
Utilização de prejuízos fiscais
Voltando ao planejamento...
Postura atual da jurisprudência administrativa: Planejamento = Conjunto de condutas que resultam
na menor carga tributária legalmente possível. Condutas de acordo com a lei e com o Direito
Observância de valores, normas e princípios
LIBERDADE DE NEGOCIAR
Menor carga tributária possível
Há limites para essa liberdade?
O abuso de direito excede a liberdade de negociar
Art. 187, Código Civil: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
Contaminação do planejamento. Não observância do requisito relativo à licitude dos atos. Logo, evasão fiscal
Uma outra interpretação possível...
Abuso do direito de auto-organização Marco Aurélio Greco – Teoria do propósito negocial Interpretação liberal do princípio da capacidade contributiva Ofensa ao princípio da isonomia
“[...] os negócios jurídicos que não tiverem nenhuma causa real e predominante, a não ser conduzir a um menor imposto, terão sido realizados em desacordo com o perfil objetivo do negócio e, como tal, assumem um caráter abusivo”. O ônus da prova é do Fisco. Busca pela finalidade
predominantemente fiscal.
O abuso de direito excede a liberdade de negociar
IRPJ - TRANSFERÊNCIA DE ESTOQUE DE IMÓVEIS NO INTUITO EXCLUSIVO DE EVITAR A CORREÇÃO MONETÁRIA DE BALANÇO - EVASÃO TRIBUTÁRIA COM ABUSO DE DIREITO - É abusiva, e não produz efeitos perante o Fisco, a formalização de contrato particular, em 28 de dezembro, para transferência do estoque de imóveis à empresa ligada, com subseqüente rescisão do contrato no mês de janeiro do ano seguinte, com o intuito exclusivo de afastar a correção monetária das demonstrações financeiras que incide sobre os custos dos imóveis do Ativo Circulante.(Recurso Voluntário nº 114.164, 8ª Câmara do 1º CC)
Fraude à lei e o excesso à liberdade negocial
2 normas: Norma contornada indesejada Norma de contorno possibilita a obtenção dos
resultados queridos
“É proibida a
importação de veículos”(norma 01)
“É permitida a importação
de peças para
reposição”(norma 02)
Importação de todas as peças necessárias à montagem de um
veículo
Fraude à lei
Consequência: nulidade do negócio
“Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:[…]VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
[…]”
Problema: que é “lei imperativa”? Norma cuja incidência independe da vontade das
partes A OT é ex lege... Logo, norma sobre o FG é imperativa Qualquer norma tributária, proibitiva ou não
Nulidade e tributação
“Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”.
Ou seja, o Fisco pode desconsiderar o negócio nulo e tributar de acordo com a norma contornada. Ônus da prova!
Uma última hipótese: simulação
2 negócios: real e aparente Consequentemente: um motivo real que não corresponde ao motivo aparente
“Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas
daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não
verdadeira;III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Conclusão preliminar...
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO REDUÇÃO DE TRIBUTOS
COMO? Utilização de atos lícitos (sem abuso de direito ou
fraude à lei) Existência de um motivo extratributário (teoria do
propósito negocial) Concepção de Estado em que o direito tributário
constitui e viabiliza as garantias dos cidadãos. Não há Estado sem tributos
Como o artigo 116, parágrafo único do CTN se encaixa nisso tudo?
“Art. 116: [...]Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”.
Como se daria a “dissimulação”?
Abuso de direito A desconsideração depende da regulamentação do
parágrafo único do artigo 116, CTN? Não, já que é ato ilícito e enquadrado na hipótese do
artigo 149, inciso VII, CTN.
Fraude à lei A desconsideração depende da regulamentação do
parágrafo único do artigo 116, CTN? Não, já que haveria, de todo modo, consideração da
norma contornada para fins de tributação.
A que veio o parágrafo único do art. 116?
Norma geral antielisiva. Desconsideração apesar da inexistência de ilícitos ou
nulidades que contaminem o negócio ou ato jurídico Avaliação, apenas, da capacidade contributiva.
Como? Procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária
Resultado: restariam as opções fiscais, a extrafiscalidade e os incentivos…