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PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL E GESTÃO DE RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO

CIVIL – UM ESTUDO DE CASO

P. C. T. CLARO P. S. P. FONTANINI

Estudante de Eng.ª Civil Prof.ª Dr.ª. Eng.ª Civil

PUC Campinas PUC Campinas

Campinas; Brasil Campinas; Brasil

[email protected] [email protected]

RESUMO

Resíduos ou perdas são, muitas vezes, o resultado de processos mal planejados e, necessariamente, devem retornar para

a cadeia de suprimentos, garantindo o seu reaproveitamento e, portanto, a sua logística reversa. Tendo em vista esse

cenário, o presente trabalho tem como objetivo analisar a eficiência do Sistema de Planejamento de diversas empresas

brasileiras de modo a compará-la com as teorias propostas do Sistema Last Planner de Produção. Além disso, se

analisou se as empresas adotam a Gestão de Resíduos nas obras executadas. Para isso, as autoras desenvolveram

questionários referentes aos dois temas em questão e encaminharam a engenheiros de empresas de construção civil do

estado de São Paulo. Com a coleta de dados foi possível elaborar gráficos preliminares e extrair os principais resultados

para, posteriormente, compará-los com as teorias estudadas do Sistema Last Planner e Gestão de Resíduos.

1. INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil sofre com problemas associados a variações do processo interno e externo de gestão e

planejamento que prejudicam o desempenho do projeto e interrompem o fluxo de trabalho, acarretando impactos

negativos sobre a duração, custo e qualidade do projeto [1]. Tais problemas são resultantes de decisões baseadas em

improvisações, inexperiência e outros fatores críticos. Além disso, várias questões que ocorrem durante o projeto

demoram a ser notificado, o que resulta em estouros no custo e cronograma. Com isso, tem aumentado a necessidade de

procurar soluções baseadas na filosofia Lean, a fim de se obter soluções eficazes para esses problemas [2].

Nesse contexto, o Sistema Last Planner surgiu como uma metodologia para auxiliar nos problemas enfrentados no

planejamento convencional. Segundo a referência [1], o sistema foi criado como uma alternativa ao planejamento

tradicional para trabalhar com os níveis táticos e operacionais da gestão de empreendimento. A metodologia merece

destaque, pois a sua aplicação gera maior controle dos prazos da obra e, consequentemente, dos custos, e reduz as

barreiras à execução, o que diminui as incertezas do processo.

Relevante também é a Gestão de Resíduos, que merece ser considerada como aspecto importante do Sistema de Gestão

de Obras. Em um meio onde o setor da construção civil vem crescendo rapidamente, aumentam as preocupações quanto

à destinação final dos resíduos gerados durante a execução das obras. Segundo a referência [3], os dois principais

resíduos vêm da utilização de mais recursos do que o necessário e de saídas indesejadas durante a execução da obra.

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Claro e Fontanini, Processo de Gestão de Planejamento Sustentável Construção Civil a partir da Aplicação do Last

Planner e Gestão de Resíduos da Construção.

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Como o setor da construção civil é reconhecido como um grande gerador de resíduos sólidos, esses resíduos são

enquadrados na denominação de Resíduos da Construção Civil (RCC), que abrange o conjunto de materiais

descartados, fragmentados e os restos provenientes de serviços de demolição, reforma e construção de obras da

engenharia civil [4]. Os RCCs são compostos de diferentes fases de rocha, concretos, argamassas, cerâmicas de

diferentes naturezas, gesso, plástico, madeira, metais de diferentes naturezas etc [5].

Segundo a referência [6], é sabido que o setor da indústria da construção não é ambientalmente amigável, principalmente

por consumir anualmente cerca de 40% dos recursos naturais em todo o mundo. Nesse contexto, está a importância da

redução, reutilização e reciclagem dos resíduos gerados a fim de minimizar efeitos ambientais críticos [7].

O trabalho propõe apresentar conceitos referentes ao Sistema Last Planner de Produção e Gestão de Resíduos de

Construção que serviram como base para a elaboração de questionários já realizados pelas autoras. Tais questionários

foram enviados para engenheiros de planejamento de construtoras do estado de São Paulo. O artigo apresenta a

metodologia utilizada no trabalho e, em seguida, por meio de gráficos, os resultados e sua análise. Por fim, comentam-

se os resultados à luz do Sistema Last Planner.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Last Planner

O Sistema Last Planner, desenvolvido por Glenn Ballard e Greg Howell, é um sistema de planejamento e controle de

produção usado para auxiliar na remoção de variações no fluxo de trabalho da construção, com a hierarquização do

planejamento em três níveis que reduzem as incertezas das operações de construção [1]. O sistema auxilia a aumentar a

confiabilidade do planejamento de trabalho semanal ao ligar adequadamente o cronograma mestre ao plano de trabalho

semanal por meio do planejamento de médio prazo (lookahead) [8].

Segundo a referência [9], o sistema vem da adaptação de modelos e teorias da Engenharia Industrial, onde foi

desenvolvido com o propósito de aumentar a confiabilidade dos planos e proteger a produção dos efeitos da incerteza,

buscando incorporar ao processo de Planejamento e Controle de Produção (PCP) a visão de fluxo e consideração

sistemática da variabilidade. Para se conseguir tal resultado, o processo de planejamento e controle é hierarquizado em

três níveis: um planejamento de longo prazo (master planning), um planejamento de médio prazo (lookahead planning)

e um planejamento de curto prazo, denominado de plano de comprometimento (commitment planning) [10].

No planejamento de projeto, o Sistema Last Planner permite planejar com mais detalhes conforme a data de execução

se aproxima, identificando restrições durante o planejamento de médio prazo (lookahead) e removendo-as a tempo de

fazer a execução do trabalho. Desta forma, aumenta a confiabilidade do fluxo de trabalho [8].

O primeiro objetivo do sistema é identificar o que deve ser feito a partir do Planejamento Mestre (Master Scheduling) e

do agendamento de reuniões [11]. O planejamento mestre estabelece os objetivos globais e restrições que governam o

projeto como um todo [9]. O segundo objetivo (planejamento lookahead) é transformar o que foi planejado em um

processo de planejamento factível de execução [11] e controlar o fluxo de trabalho [9]. O objetivo principal do

planejamento é garantir o comprometimento do trabalho, que será feito a partir de metas estabelecidas nas reuniões de

comprometimento. Essas reuniões identificam os trabalhos que devem e podem ser feitos [11]. No Last Planner, o

indivíduo que fará no campo o gerenciamento direto ou a execução do trabalho se compromete a concluir a tarefa. Em

suma, o sistema identifica o trabalho que deve e pode ser feito e monitora o que será feito e o que foi feito [11].

Esse sistema também conta com um indicador conhecido como Percentual de Planos Completos (PPC). Ele é usado

para acompanhar o desempenho do planejamento de curto prazo a fim de estimar sua qualidade em termos de

confiabilidade, medindo as porcentagens de tarefas concluídas em relação às planejadas. Esse indicador não é uma

medida direta do andamento do projeto, mas uma medida que representa a porcentagem de promessas cumpridas ou

não, possibilitando a previsibilidade de cargas de trabalho [1]. Além desse indicador, o sistema também conta com a

análise das causas do não cumprimento dos pacotes de trabalho.

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Planner e Gestão de Resíduos da Construção.

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2.2 Planejamento e Controle de Produção Tradicional e o Sistema Last Planner

O objetivo do controle é fazer com que as atividades se aproximem de uma sequência pré-determinada. O controle se

inicia com um replanejamento sempre que uma sequência estabelecida não é mais possível ou desejável [12].

Segundo a referência [12], os autores fazem uma comparação do Sistema Last Planner com o Controle de Produção

Tradicional, destacando que:

No Sistema Last Planner, as decisões são descentralizadas e o controle é contínuo, enquanto no sistema

tradicional o plano mestre é centralizado e o controle só é realizado depois;

No Sistema Last Planner existe uma melhoria contínua através do aprendizado contínuo, medição do PPC,

análise das causas e troca de experiência; já no tradicional, as lições são aprendidas após a conclusão de

projetos;

No Sistema Last Planner, a técnica de planejamento é simples e manual, enquanto no tradicional utiliza-se

gerenciamento baseado em sistemas computacionais.

2.3 Gestão de Resíduos

Nos últimos anos a questão relacionada à geração de resíduos tem se tornado cada vez mais discutida por profissionais

ambientais, devido, principalmente, ao intenso desenvolvimento industrial que gera grandes quantidades de resíduos.

Nesse atual modelo de produção, sempre há geração de resíduos, sejam para bens de consumo duráveis, como edifícios,

pontes e estradas, ou não duráveis, como embalagens descartáveis [13]. O que vem chamando atenção nos últimos anos

é a falta de políticas que visam à Gestão de Resíduos.

Um dos problemas da extração contínua das matérias primas não renováveis de origem natural é sua extinção, caso essa

prática continue. Além disso, com a intensa industrialização, advento de novas tecnologias, crescimento populacional e

aumento de pessoas em centros urbanos e diversificação do consumo de bens e serviços, os resíduos se transformaram

em graves problemas urbanos [13]. Esses resíduos, quando depositados irregularmente, causam enchentes, proliferação

de vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e degradação do ambiente urbano[14]. Segundo a referência [14],

o resíduo da construção é gerado nos vários momentos do ciclo de vida das construções, a saber:

a) Fase de construção;

b) Fase de manutenção e reformas;

c) Demolição de edifícios.

Além do impacto negativo sobre o meio ambiente por meio da geração de resíduos, consumo de aterros e os recursos

naturais irrecuperáveis, os custos do projeto de construção aumenta significativamente devido à quantidade de resíduos

gerados [6]. Em uma tentativa de proteger o meio ambiente e para melhorar a sustentabilidade da indústria da

construção, regulamentos foram desenvolvidos em muitos países para minimizar os resíduos de construção. Em 2002,

no Brasil, foi homologada a resolução CONAMA 307, definindo que grandes geradores públicos e privados são

obrigados a desenvolver e a implantar um plano de Gestão de Resíduos, neste caso, de construção e demolição, visando

a sua reutilização, reciclagem ou outra destinação ambientalmente correta [15].

A reciclagem de resíduos exige que os procedimentos de manejo e estocagem passem a ser controlados, alterando

processos internos de uma instalação industrial. Essas alterações podem ser difíceis de serem implantadas por limitação

de espaço, de custo ou até mesmo por motivos culturais [5].

Segundo a referência [16], para administrar e construir de forma mais produtiva é preciso saber onde está o resíduo e

como controlar e diminuir a quantidade do mesmo. Sua redução é, de fato, o principal foco de qualquer trabalho de

melhoria. E essa melhoria conseguida através da eliminação ou redução de resíduo pode levar a um aumento da

motivação e satisfação no trabalho [17].

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Planner e Gestão de Resíduos da Construção.

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3. METODOLOGIA

Este artigo tem como principal objetivo apresentar uma breve comparação da realidade de gestão e planejamento de

construtoras do estado de São Paulo com teorias do Sistema Last Planner. Além disso, o artigo também teve como

objetivo analisar qual o cenário e consciência que as mesmas construtoras citadas, têm em relação a gestão de resíduos.

A elaboração da pesquisa foi feita em 4 etapas: Revisão Bibliográfica; Elaboração dos Questionários para entrevista;

Escolha das empresas e Análise e Discussão dos Resultados.

A Revisão Bibliográfica feita pelas autoras foi referente ao Planejamento de Obras, mais especificamente o Sistema

Last Planner de Produção, e a Gestão de Resíduos de obras do setor da Construção Civil brasileira. Para a coleta dessas

informações foram consultados artigos científicos nacionais e internacionais, a maioria extraída do banco de dados do

IGLC e de revista relacionada ao Lean Construction, bem como teses e livros dos autores mais conceituados

internacional e nacionalmente.

Muitos pontos reincidentes na literatura foram observados. E devido à importância destacada por vários autores, as

pesquisadoras compilaram os aspectos teóricos destacados do Sistema Last Planner e Gestão de Resíduos para servir

como um roteiro norteador para os questionários aplicados aos profissionais do setor da construção civil. Os principais

aspectos teóricos destacados foram a periodicidade com que a empresa faz o planejamento, a frequência com que são

realizadas reuniões de planejamento, a existência de um controle formal do planejamento, a utilização de algum

indicador de produtividade e o treinamento da equipe da ferramenta de planejamento. Quanto à Gestão de Resíduos, foi

indagada se as empresas a adota, se reutiliza esses resíduos na obra e se elas tratam os resíduos sólidos antes do

descarte.

Formularam-se vinte e nove perguntas fechadas e duas abertas; as últimas se referiam à eficácia ou não do Sistema de

Planejamento adotado pela empresa. Os questionários foram enviados a empresas de médio e grande porte do estado de

São Paulo. Feita isso, as autoras entraram em contato com os engenheiros de planejamento de uma determinado obra da

empresa. Por fim, as autoras transformaram os resultados mais expressivos em gráficos para posterior discussão.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A figura 01 mostra o percentual das empresas que possuem uma área específica para estrategiar o planejamento dos

projetos. Ao analisar esse indicador verifica-se que mais da metade das empresas entrevistadas tem grande preocupação

com a definição de uma área específica para controle dos processos.

Figura 01: Área específica de planejamento

Ao analisar os dados apresentados na Figura 02, observou-se que a maioria das empresas tem um área de planejamento

destinada ao acompanhamento dos indicadores de produtividade e da análise das ações para o desenvolvimento das

atividades programadas.

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Planner e Gestão de Resíduos da Construção.

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Figura 02: Análise do planejamento das empresas

Também se observou a preocupação das empresas em adotar planejamento com uma certa periodicidade (mensal e

semanal) para a correção de eventuais problemas observados nas reuniões semanais. O controle formal do planejamento

também pode ser comprovado a partir da identificação dos indicadores, que normalmente ficam disponíveis em áreas

comuns e nos sistemas informatizados da empresa.

Quanto à ocorrência de reuniões periódicas de planejamento, verifica-se que apenas 15% das empresas não a realizam.

Também foi questionado às empresas qual a frequência da realização dessas reuniões, obtendo que 8% realizam

reuniões trimestrais, 50% semanais e 66% mensais, sendo que algumas empresas realizam tanto reuniões semanais

quanto mensais.

Quando se questionou se a empresa fornecia treinamento das ferramentas de planejamento aos envolvidos na obra, em

76% das empresas, a resposta foi positiva. No entanto, algumas poucas empresas alegaram que o treinamento era dado

apenas à equipe de planejamento e não a todos os envolvidos na obra. Quanto ao cronograma das atividades

programadas para um determinado período, verificou-se que 85% das empresas o deixam a vista para qualquer

funcionário acompanhar o desenvolvimento da obra. Verificou-se também que a maioria das empresas tem algum tipo

de indicador para medir a produtividade da obra e que seus resultados são divulgados para que todos tenham

conhecimento.

Nos questionários também se abordou o modo como as empresas se comportam quando o planejado não é o executado e

se há uma análise das causas que a geraram. Em 100% dos casos a resposta foi positiva e afirmou-se que as principais

causas de problemas na execução do planejado são referentes a problemas com a empreiteira, mão de obra, chuva,

material, projeto, cliente e planejamento. Os respondentes afirmaram também que sempre que um problema é detectado,

a equipe de planejamento adota um tratamento das causas para que não se repitem.

Com relação à preocupação da gestão de resíduos, as empresas já mostram um planejamento específico quanto à

segregação e destinação dos resíduos. Dentro do universo amostral estudado observou-se uma preocupação de cerca de

80% dos entrevistados (Figura 04) com relação à formalização da Gestão de Resíduos. O número encontrado é relevante

e comprova a necessidade de incorporar parâmetros sustentáveis nos aspectos de gestão de recursos em obra.

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Figura 04: Gestão de resíduos

A figura 05 mostra dois tópicos do questionário que obtiveram resultados relevantes na pesquisa. Tanto a reutilização

dos resíduos em obra quanto o tratamento de resíduos sólidos antes do descarte são adotados pelas empresas em 57%

dos casos. Mesmo o diagnóstico apresentando um resultado positivo, ainda existe um percentual grande de empresas,

cerca de 43%, que necessita repensar formas de reutilização e reaproveitamento dos seus resíduos.

Figura 05: Análise da Gestão de Resíduos

Além desses dois tópicos também foi indagado se as empresas seguem a resolução do CONAMA n 307. Verificou-se

que todas as empresas pesquisadas a seguem.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em uma primeira análise, os resultados apresentados mostram que a maioria das empresas possuem um sistema de

planejamento e controle de produção coerente e adotam a Gestão de Resíduos em suas obras. Mesmo com esses

resultados positivos, no entanto, todos os respondentes alegaram problemas que, considerados por eles, são relevantes a

respeito do Sistema de Planejamento adotado pela empresa. Entre os mais citados, destacou-se a falta de mão de obra

qualificada, que tem impacto na qualidade dos serviços e dos prazos apresentados para os clientes finais.

Os respondentes destacaram a falta de um setor direcionado ao planejamento de cada obra em particular e não um só

setor geral para controlar todas as obras executadas pela empresa. Isso difere da estrutura do Sistema Last Planner, que

tem um setor de planejamento responsável por cada obra e que é dividido em três níveis de planejamento, a fim de se

obter um maior controle sobre as atividades programadas e reduzir as incertezas do processo. Para isso, utiliza os

indicadores PPC e causas do não cumprimento dos pacotes de trabalho.

Também destacaram que a rotatividade frequente dos profissionais que trabalham na área de planejamento impacta

negativamente nas metas e nos planos de ação, que acabam sendo definidos sempre pelos seus antecessores.

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Outro problema citado foi o baixo preço pago aos empreiteiros, o que os impossibilita de suprirem a obra com equipes

qualificadas e em grande número, ou seja, o empreiteiro não consegue dispor de profissionais capacitados e em número

suficiente, pois não consegue pagar em função do baixo preço pago a eles. Outros pontos mencionados foram o de

aceitar prazos inexequíveis para conseguir ganhar o contrato e o de algumas metas serem arrojadas demais, a ponto de

serem inexequíveis. O problema relacionado a prazos é solucionado com a utilização do Sistema Last Planner de

produção, uma vez que ele é caracterizado por atualizar constantemente as planilhas de planejamento sempre que ela

não é mais válida e por adotar um sistema de tratamento as causas geradoras de atraso na entrega da obra, a fim de

evitar que os problemas se repitam e atrasem ainda mais o que foi programado. E quanto à problema em determinar as

metas, no Sistema Last Planner, isso é difícil de ocorrer já que as metas são estabelecidas nas reuniões semanais e a

equipe participa das decisões para que não se corra o risco de programar atividades difíceis de serem cumpridas.

Apesar dos problemas citados, também se observaram pontos considerados essenciais no planejamento da empresa. O

mais citado foi referente ao planejamento e acompanhamento diário da obra que, segundo eles, deve ter controle diário e

tomada de ações contínuas para correção de possíveis desvios no andar das obras. Outro ponto mencionado como

essencial é o de o planejamento ser discutido com a equipe de execução e as de apoio. Isso faz a equipe assumir o

planejamento da obra. A realização das reuniões semanais da equipe de produção, controlando o que foi produzido e

preparando as ações para atingir as metas pré-definidas faz com que a equipe resolva, ela mesma, os seus problemas.

Esse cenário revela que muitos pontos do Sistema Last Planner têm sido adotados pela maioria das empresas, mesmo

que indiretamente, enquanto outros, mesmo sendo adotados, ainda não são plenamente compreendidos pela equipe de

planejamento a ponto de poder evitar que alguns problemas de planejamento se repitam. Com a comparação feita, pode-

se observar que alguns problemas alegados pelos respondentes, poderiam não ter existido se as empresas aplicassem as

teorias do Sistema Last Planner em suas obras. Já em relação à Gestão de Resíduos, o cenário apresentado pelas

empresas pesquisadas foi positivo, mesmo havendo empresas que ainda precisam se conscientizar ambientalmente.

6. AGRADECIMENTOS

A PROPESQ – Pró-Reitoria de Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Campinas pela bolsa FAPIC de

Iniciação Científica, e disponibilização dos dados para a pesquisa.

7. REFERÊNCIAS

[1] Ballard, G. et al., “Rethinking Lookahead Planning to Optimize Construction Workflow”, Lean Construction

Journal, 2012, pp 15-34.

[2] Alarcón, L. F. et al., “Using Last Planner Indicators to Identify Early Signs of Project Performance”. Proc. 22nd,

Annual Conference of International Group for Lean Construction (IGLC 22), 2014, Oslo:Dinamarca.

[3] Koskela, L. et al., “The Wastes of Production in Construction – A TFV Based Taxonomy”. Proc. 22nd, Annual

Conference of International Group for Lean Construction (IGLC 22), 2014, Oslo:Dinamarca.

[4] Fernandes, M. P. M. “Apreciação de Boas práticas visando a Geração de um modelo para a Gestão municipal dos

Resíduos de Construção Civil”. Tese (Doutorado em Engenharia) – Pós Graduação em Engenharia Civil,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre: Brasil.

[5] Angulo, S. C.; John, V. M. "Metodologia para desenvolvimento de reciclagem de resíduos." Coletânea Habitare 4

(2003): pp 9-71.

[6] Dajadian, S. A.; Koch, D. C, “Waste Management Models and Their Applications on Construction Sites”.

International Journal of Construction Engineering and Management 2014, 3(3): pp 91-98

[7] Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 307. disponível em <

http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/LivroConama. pdf>, acessado em 10 de janeiro de

2015.

[8] Hamzeh, F. R.; Aridi, O. Z. “Modeling the Last Planner System Metrics: A Case Study of an AEC Company”.

Proc. 21st, Conference of the International Group for Lean Construction (IGLC 21), 2013, Fortaleza: Brasil.

[9] Ballard, G. “The Last Planner System of Production Control”. Thesis (Doctor of Philosophy) – School of Civil

Engineering, Faculty of Engineering. University of Birmingham. 2000.

[10] Laufer, A.; Tucker, R. L. Is Construction planning really doing its job? A critical examination of focus, role and

process. Construction Management and Economics, EUA, v. 5, p. 243-266, 1987.

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Planner e Gestão de Resíduos da Construção.

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[11] Frandson, A. et al, “Takt-Time Planning and the Last Planner”. Proc. 22nd

, Annual Conference of the International

Group for Lean Construction (IGLC 22), 2014, Oslo: Dinamarca.

[12] Kalssas, B. T. et al., “Integrated Planning VS. Last Planner System". Proc. 22nd, Annual Conference of the

International Group for Lean Construction (IGLC 22), 2014, Oslo: Dinamarca.

[13] John, V. M. et al., “Desenvolvimento sustentável e a reciclagem de resíduos na construção civil”. Seminário

Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil – Materiais Reciclaveis e suas Aplicações.

CT206. IBRACON. Anais. São Paulo (2001): pp 45-56.

[14] John, V. M. et al., “Reciclagem de residues de construção”. Seminário Reciclagem de Resíduos Sólidos

Domésticos (2000).

[15] Angulo, S. C. et al., “A reciclagem de resíduoas de construção e demolição no Brasil: 1986-2008.” Ambiente

Construído 9.1 (2009): 57-71.

[16] Koskela, L. et al., Waste and labor productivity in production planning case Finnish construction industry.”

Procceedings of the 18th Annual Conference of the International Group for Lean Construction, 2010, Haifa: Israel.

[17] Kalssas, B. T. et al., “Measuring Waste and Workflow in Construction”. Proc 21st, Annual Conference of the

International Group for Lean Construction (IGLC 21), 2013, Fortaleza: Brasil.