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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO COMO
INSTRUMENTO DE INTEGRAÇÃO ENTRE A ESCOLA,
FAMÍLIA E COMUNIDADE
MARGARIDA DAS GRAÇAS M. ARAÚJO BARROS
ORIENTADOR(A):
PROFESSOR: ANTONIO FERNANDO
VIEIRA NEY
PINHEIRO – MA
2007
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO COMO
INSTRUMENTO DE INTEGRAÇÃO ENTRE A ESCOLA,
FAMÍLIA E COMUNIDADE
MARGARIDA DAS GRAÇAS M. ARAÚJO BARROS
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para obtenção do Grau
de Especialista em Supervisão Escolar.
PINHEIRO – MA
2007
Aos meus filhos, esposo e de modo especial a todos
os funcionários e participantes do CEEFM José de
Anchieta.
O planejamento é um ato de intervenção técnica e
política, seria essencial que o profissional por ele
responsável estivesse preparado para manter uma
articulação permanente a fim de estabelecer
coordenação entre a esfera técnica, o nível político
e o corpo burocrático.
Calazans
Ao Deus maravilhoso, criador de todas as coisas por conduzir-me e
guiar-me, acreditando que sonhos são possíveis de serem realizados;
Aos pais por tudo o que conquistei na vida pessoal e profissional;
Aos mestres e professores por servirem de referência no percurso
educacional;
Aos colegas, parentes, amigos e companheiros diários pelas
amizades construídas.
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho optou-se pela pesquisa bibliográfica
e pesquisa participante, aplicando questionário para coleta de opiniões, afim de
analisar sistematicamente tais idéias. Usou-se uma análise descritiva, por
compreender que as sugestões e idéias aqui explicitadas irão auxiliar o
entendimento dos pesquisadores, professores e demais profissionais a quem o
tema possa interessar.
RESUMO
O presente estudo faz uma análise do planejamento participativo no Complexo
Educacional de Ensino Fundamental e Médio “José de Anchieta” no município
de Pinheiro, Maranhão. Propõe reflexões sobre o tema e sugere proposta de
mudanças e melhorias na aplicabilidade do mesmo visando uma tomada de
decisões que possam melhorar significativamente a vida escolar de todos os
membros que3 constituem a sociedade educacional.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 07
CAPÍTULO I Planejamento Participativo, instrumento de integração entre a
Escola, Família e Comunidade ----------------------------------------------------------------
10
CAPÍTULO II Planejamento Educacional e o espaço de Participação
Especial -----------------------------------------------------------------------------------------------
20
CAPÍTULO III Pesquisa de Campo: CEEFM (Complexo Educacional de
Ensino Fundamental e Médio) José de Anchieta ----------------------------------------
26
3.1 Historicidade ------------------------------------------------------------------------------------ 26
3.2 Análise dos dados coletados ------------------------------------------------------------- 28
CAPÍTULO IV Sugestões para implementação do processo do Planejamento
Participativo na Escola ---------------------------------------------------------------------------
31
Considerações Finais ------------------------------------------------------------------------- 41
Referências Bibliográficas ---------------------------------------------------------------- 43
Anexos ------------------------------------------------------------------------------------------------- 45
Introdução
Fazer referência sobre a literatura de planejamento participativo é
reconhecer que a vida organizacional contemporânea é extremamente
complexa, bem como os problemas oriundos das vivências e convivências do
cotidiano escolar.
Como se sabe, no final da década de 70, educadores e
pesquisadores de todo mundo começou a prestar maior atenção ao impacto da
gestão participativa tanto nas escolas como em outras organizações.
Concluíram com esses estudos que não é possível a um gestor educacional
solucionar sozinho todos os problemas e questões relativas à sua escola,
passando a adotar a abordagem participativa fundamentada no principio
norteador de que, para a instituição ou organização escolar ter sucesso é
necessário que o gestor busque o reconhecimento especifico e a experiência
de seus companheiros de trabalho.
Esse reconhecimento proporciona aos dirigentes educacionais a
capacidade de conhecer e de aturar, transformar e ressignificar a realidade,
destacando a importância das escolas produzirem dentro de suas realidades e
de forma participativa, seus currículos, planejamentos e propostas político-
pedagógicos.
A esse respeito Gaudêncio Frigoto explicita:
A política curricular é o processo de seleção e de produção de saberes, de visão de mundo, de habilidade, de valores, de símbolos e significados – em suma de culturas. É também a maneira de instruir formas de organizar o que é selecionado, tomando-o ensinável. Tais políticas devem ser planejadas de modo participativo, vivenciadas e reconstruídas em múltiplos espaços e por múltiplos sujeitos no corpo social da educação. (2005. p. 93).
Constata-se também o interesse pelo tema quando GANDIN (1997)
descreve planejamento participativo, seu valor, seus fundamentos, sus
técnicas, processo e instrumentos, como possibilidades de dar sentido à escola
e a participação como formas de as pessoas serem sujeito de seu
desenvolvimento.
Interesse confirmado por VASCONCELLOS (1995) quando se refere
ao planejamento participativo como forma de transformar o cidadão não só em
sujeito de reflexões, mas em sujeito de decisões e ações, e usufruto. Esse
valor participativo gera na humanidade o respeito pelo outro, de
reconhecimento de sua condição de cidadão de sujeito de pensar, agir e sentir.
Confirma-se a essência da temática quando menciona CARVALHO
(1998) ao fazer um resgate histórico da participação social no Brasil nos
últimos anos, reconhecendo como fator decisivo para o processo de
democratização da sociedade, e as mudanças na legislação brasileira
principalmente a partir da metade da década de 80.
Adicionalmente, esse interesse é também manifestado nos PCN´S
(Parâmetros Curriculares Nacionais), ao descrever um dos objetivos do Ensino
Fundamental: compreender a cidadania como participação social e política,
assim como o exercício de direito e deveres políticos, civis e sociais adotando
no dia-a-dia atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças.
Frente a essa realidade, a monografia intitulada Planejamento
Participativo como Instrumento de Integração entre a Escola, Família e a
comunidade objetiva analisar o planejamento participativo como o principal
instrumento de integração entre a comunidade escolar; identificar os níveis e os
espaços de participação da família e da comunidade no âmbito do CEEFM
(Complexo Educacional de Ensino Fundamental e Médio), José de Anchieta no
município de Pinheiro, Estado do Maranhão, bem como os fatores facilitadores
dessa participação e seus respectivos efeitos na resolução de problemas
relacionados ao cotidiano escolar.
Na primeira parte faz-se uma abordagem do planejamento
participativo como instrumento de integração entre a escola, família e
comunidade. Discute-se sobre a ação participativa e a ação decisiva na prática
educativa como espaço de construção, democracia, conceitos e práticas
sociais no Brasil.
Logo em seguida, faz-se uma reflexão sobre a ação do
planejamento educacional, o espaço de participação social e política da escola.
Analisa-se as influências e conquistas quanto ao nível de participação e a
relação com o meio social em diferentes contextos.
Identifica-se também os elementos que compõe o planejamento e
algumas concepções do planejamento participativo. Destaca-se ainda, diversos
tipos de plano e, finalmente, apresenta-se uma síntese do projeto político
pedagógico do CEEFM José de Anchieta e o resultado da pesquisa realizada
na referida instituição, que serviu como pólo norteador para estabelecer a
sistematização do planejamento participativo, definindo o tipo de ação que se
quer realizar na escola.
Objetiva-se ainda, enfatizar o planejamento participativo como um
processo continuo e sistemático, abrindo espaços para críticas e reflexões de
educandos, educadores, pesquisadores, parceiros da escola e outros a quem o
tema interessa.
A relevância do tema estudado deve-se a necessidade de reforçar
junto a escola-campo as discussões sobre a importância da participação
consciente da família e da comunidade na elaboração e execução do plano de
desenvolvimento da escola.
CAPÍTULO I Planejamento Participativo como instrumento de
integração entre a Escola, Família e Comunidade
Nos últimos anos falar de democracia, cidadania e participação tem
sido foco de discussões em todos os âmbitos e esferas educacionais. Discute-
se também que uma das maneiras de participar desse processo é inferir nas
políticas públicas, na tomada de decisões a nível federal, estadual e municipal.
É claro que a construção do estado democrático está relacionado à
construção da cidadania e da sociedade civil organizada, através da
elaboração de políticas públicas e de criação de mecanismos de sua gestão,
requer ainda o resgate da dignidade humana de todos os cidadãos e o
viabilização da ampla participação do povo. (NBB, 1994). E isso só será
possível quando/se houver a inversão de prioridades econômicas, a partir de
princípios éticos, com a participação das forças populares conforme cita
Freitas:
Por meio da participação e revitalizados movimentos estudantis, partidos políticos e movimentos sociais, os jovens desempenham um papel importantíssimo em prol do retorno da democracia. Esses esforços realizados tem demonstrado maior promoção da participação juvenil e da construção da cidadania. (2003, p. 40 e 47).
Essa participação passa a ter influência decisiva na prática
educativa e conseqüentemente no processo de globalização da educação
através de mudanças profundas que são criadas em cad lugar de forma
democrática.
As mudanças no campo da educação são evidentes e requerem novas formas de gestão da instituição escolar. A educação é algo essencialmente ligado a vida societária. Repensá-la é repensar as relações sociais e as ações individuais e coletivas. Deve-se caminhar na linha do redescobrir o sujeito, como indivíduo autônomo, livre, preparando-o para enfrentar os desafios da vida moderna. (WANDERLEY, 1997, p. 07)
Confirma RODRIGUES:
A democratização da escola é um aspecto de toda sociedade...Não se pode requerer que a escola se democratize enquanto a sociedade inteira não estiver participando dos processos de decisões políticas, sociais, econômicas e culturais...A participação da comunidade no âmbito da escola é um processo de mão dupla, isto é, a escola deve participar dos processos decisórios da totalidade da sociedade, da mesma forma que a sociedade deve participar dos processos
decisórios da totalidade da atividade escolar. (1992, p. 37 e 39).
E afirma GANDIN que:
Não temos um sistema escolar que haja esta participação do povo, sobretudo se pensarmos o povo com sua cultura...Educar é dotar a população de instrumentos básicos para a participação na sociedade.(2000, p. 73)
Percebe-se dessa forma que há um certo consenso entre os autores
acima citados de que não se trata obviamente, de uma participação em
detalhes ou participação-colaboração, mas algo mais vital, chegando a
participação-decisão e a participação construção, como reforçou GANDIN.
A partir da década de 90, assiste-se a uma generalização mais
sólida do discurso da “participação”. Porém, participação, democracia, controle
social e parcerias não são conceitos com igual significado para inúmeros
autores renomados. Vários autores construíram conceitos e práticas, sociais no
Brasil. Com isso, pode-se dizer que:
A participação social nas decisões e ações que diferenciam os destinos da sociedade brasileira tem sido duramente conquistada por esta mesma sociedade, privatista, que mantêm relação simbólica e corporativa com grupos privilegiados. (CARVALHO, 1998, p. 01).
Nessa perspectiva pode-se afirmar que todas as mobilizações e
movimentos sociais são formas de participação, que se diferenciam segundo
as questões reivindicadas, segundo as formas possíveis definidas tanto pelos
usos e costumes de cada época, pela experiência histórica e política dos atores
protagonistas, assim como pela maior ou menor abertura dos governantes ao
diálogo e a negociação.
Com relação aos espaços de participação social, a Constituição
Brasileira de 1988, Capítulo IV, Artigo 29, parágrafo XI, assegura a participação
popular nos diversos espaços de decisões de políticas públicas. O artigo 31
define as formas de participação e os espaços. O § 1º trata dos conselhos,
enquanto o § 3º garante ao contribuinte o direito de fiscalizar as contas
públicas.
No Brasil, especificamente no campo da educação escolar, na visão
de GANDIN (1997), há muita participação da comunidade como colaboradora.
É o modo mais comum de qualquer “autoridade” responder ao apelo das
exigências dos tempos, fazendo crer a comunidade que a sua participação
deve ser através do apoio para a realização de projetos que são definidos e
implementados pela própria comunidade.
Tanto a escola pública estatal como na iniciativa privada isso
acontece. E a comunidade, principalmente os pais e responsáveis de alunos
são chamados para festas, contribuições financeiras, informações,etc. As
formas de participação da comunidade na escola pode se colocar num ponto e
outro de uma linha em cujos extremos está como resultados, de um lado a
conservação e do outro a transformação social.
Na comunidade escolar, por exemplo, a proposta do planejamento
participativo vem sendo discutida principalmente pelas possibilidades que ele
apresenta para a concretização de um efetivo envolvimento de seus membros.
Nesta proposta, há participação nas responsabilidades de elaboração,
execução e avaliação. Assim, pode-se afirmar que o planejamento participativo
é um processo em que as pessoas participam, porque a elas são entregues
não só as decisões específicas, mas os próprios rumos que se deve imprimir à
escola; onde são valorizados saberes; onde cada pessoa se sente construtora
de um todo que vai se fazendo, sentindo à medida que a reflexão e os
resultados práticos são alcançados.
Segundo KUENZER:
O planejamento reveste-se da função pedagógica, enquanto constitui-se o espaço coletivo para discussão, para sistematização, para a apropriação de instrumentos teórico-metodológicos que permitam aos participantes rever suas posições, avaliar suas práticas e transformá-las.(1999, p. 78).
E assumir essa prática é no entender de Paulo Freire a reflexão dos
homens sobre o mundo para transformá-lo. A transformação dessa sociedade
é o enfoque primeiro da educação libertadora. A vivência de uma metodologia
participativa na qual as relações solidárias de convivência pontificam, provoca,
mesmo que lentamente, a concretização de uma nova ordem social, iniciando
pela parcela menor, que é vivenciar uma nova dimensão da vida social, na qual
não participa só na execução, mas também na discussão dos rumos da
instituição escolar.
O encontro de pessoas, por meio do diálogo e do debate, em que
discutir, decidem e assumem as realidades comuns, provoca crescimento
pessoal e comunitário, tornando possível uma educação escolar mais humana
e mais participativa. Trata-se de uma nova maneira de decidir, a fim de tentar
uma saída para a difícil situação em que se encontra a educação formal e o ato
de planejar.
Para GANDIN:
Trabalhar participativamente significa estar um grupo num processo de construção de idéias e de suas práticas, de tal modo que todos estejam caminhando no mesmo rumo, com cada pessoa e cada conjunto menos possa realizar suas próprias tarefas. Isto quer dizer que cada um traz suas idéias, sua paixão, seus anseios e suas dificuldades e todos juntos vão organizando este tesouro e decidindo sobre ela a cada momento. (1994, p. 137)
Para construir tal processo participativo, não é suficiente pedir
sugestões e aproveitar aquelas que pareçam simpáticas ou que coincidam com
pensamentos ou expectativas dos que coordenam, é necessário que o
planejamento se construa com o saber, com o querer e com o fazer de todos.
Logo, o planejamento participativo na escola não pode reduzir-se a
integrar escola-família comunidade, mas também visar a realização das
pessoas e a transformação da comunidade, na qual está inserida.
É importante destacar que no caráter coletivo do planejamento está
firmado o principio de que as tomadas de decisão par a instituição educacional
não depende somente de parâmetros técnico-administratvo sobre o que é o
melhor para ela, mas também e principalmente da clareza social daquilo que
lhe é de competência e função. Se o planejamento pressupõe
fundamentalmente, a questão social, ele não pode ser o ato de decisão de um
único individuo e nem pode também ser uma junção sem critérios, ante
decisões coletivas, cuja responsabilidade é de todos que se incluem no
processo.
O planejamento participativo pode ser caracterizado pela valorização
do trabalho coletivo e cooperativo, valorizando o diagnóstico da situação do
problema a ser resolvido, da forma mais sábia e possível nos diversos setores
da atividade humana. Para tanto, é necessário que haja estratégias, diálogos,
consensos, contribuição pessoal de todos os envolvidos visto que:
O ato de planejar não é um ato de ditadura, mas algo democrático e participativo; não é de imposição, mas discussão e abertura, onde todos envolvidos no processo ensino-aprendizagem agem e
interagem, durante todo o processo. Portanto, a interação deve se dar também no processo do planejar. (MENEGOLLA & SANTANA, 1998, p. 62).
Nesse sentido, compreende-se o planejamento como elo de ligação
entre teoria e prática; aprender e ensinar; agir e refletir; aperfeiçoar e
transformar, delimitando as dificuldades e prevendo alternativas e ao mesmo
tempo, estabelecendo formas de atuação no sistema escolar, buscando uma
política educacional de qualidade.
Na concepção de VARGAS e ESTEVES (1998. p.69) existem várias
concepções de planejamento. Pode se classificar em duas grandes vertentes
básicas: os tradicionais e os chamados progressistas, descritas da seguinte
forma: Planejamento tradicional – esse tipo de planejamento enfatiza a idéia de
sistema fechado, priorizando a eficiência como principio norteador. Há uma
ênfase maior na organização do ambiente interno da instituição sem uma
preocupação com a integração que ela faz com os demais sistemas e
subsistemas educacionais, sociais e políticos.
A ação metodológica nesse modelo de planejamento, apóia-se no
método dedutivo ou racional. A análise da situação objeto do planejamento se
concentra numa visão retrospectiva. As decisões ficam sob responsabilidade
de um órgão ou da equipe administrativa da instituição. As preocupações com
os resultados estão mais na forma e nos dados qualitativos do que baseados
nos efeitos e na transformação sociais operadas.
Nesse sentido o planejamento numa perspectiva tradicional possui
uma finalidade determinística. Desse modo o produto final do processo de
planejamento culmina com a elaboração do plano que será implantado por
pessoas que não participaram ou pouco participou da sua elaboração.
Planejamento Progressista – as características dessa concepção de
planejamento são opostas à tradicional. A vertente progressista segue as
diretrizes de um sistema aberto. A ênfase maior é dada à relação existente
entre o ambiente interno e externo da instituição. Se preocupa em sabem com
quem e como a instituição mantém vinculo social, legal, técnico. Político. Suas
ações são norteadas pelo paradigma da democratização da escola, como
processo, priorizando a participação, a integração e a dinâmica do
planejamento nos mais diversos segmentos institucionais.
A análise da estrutura e da organização institucional enfatiza uma
visão prospectiva do planejamento. O futuro pe pensado com base nas
tendências sociais, políticas e pedagógicas da escola. Concentra seus esforços
em metas a serem alcançadas a curto, médio ou a longo praza. A metodologia
de ação utiliza como estratégia o método indutivo, em que as decisões críticas
dos gestores do plano são concebidas no processo interativo, priorizando as
metas a curto, médio e longo prazo, tanto quantitativa como qualitativamente.
Acrescenta-se ainda, que o planejamento possui três grandes linhas.
O gerenciamento da qualidade total; o planejamento estratégico e o
planejamento participativo que se soma ao planejamento operacional,
envolvendo as seguintes questões: qualidade, missão e poder. Cada uma
dessas questões está presente em cada uma das linhas acima apontadas.
O planejamento participativo parte da leitura de mundo, na qual é
fundamental a idéia de que a realidade é injusta e de que essa injustiça se
deve à falta de participação em todos os níveis e aspectos da atividade
humana. A instauração da justiça social passa pela participação de todos no
poder, isso quer dizer que a construção de uma sociedade nova, passa pela
participação de todos. Essa participação significa não apenas contribuir com
uma proposta preparada por algumas pessoas, mas representa a construção
conjunta. A participação não poder que é o domínio de recursos para a
realização de sua própria vida não apenas individualmente, mas grupalmente.
O planejamento participativo é o modelo e a metodologia ideal para que isso
aconteça.
O planejamento participativo enquanto instrumento e metodologia,
isto é, enquanto processos especiais para a questão política. As questões da
qualidade, da missão e, obviamente, da participação são especialmente
valorizadas.
Para Vasconcelos:
O planejamento pode ser concebido como processo que envolve a prática docente no cotidiano escolar, durante todo o ano letivo, onde o trabalho de formação do aluno, através do currículo escolar, será priorizado. Assim, o planejamento envolve a fase anterior ao inicio das aulas, o durante e o depois, significando o exercício contínuo da ação-reflexão-ação, o que caracteriza o ser educador. (1995, p. 43)
Essa forma de planejamento ocupa a dimensão humana dentro das
organizações, tornando fundamental para o desenvolvimento de um trabalho
pedagógico de qualidade, buscando implementar ações que proporcionam aos
membros das organizações a oportunidade de expressar e participar nas
decisões.
Não pode pensar em qualidade sem desenvolvimento e o
comprometimento de todos, visto que as pessoas constroem a história quando
tomam parte na definição dos rumos das instituições e sociedades.
Um processo de planejamento participativo exige quando se
pretende o bem de todos, que a participação aconteça em cada momento e em
cada ação. GANDIN (1997, p.100).
Como se sabe, existe uma grande quantidade de métodos
participativos que vem sendo utilizados. As experiências da democratização,
nas esferas públicas e o trabalho desenvolvido por diversas organizações.
Porém, apesar das diferentes formas metodológicas, elas possuem alguns
princípios comuns fundamentais:
1 – FLEXIBILIDADE – os métodos participativos envolvem princípios
que fazem com que os resultados sejam produzidos pelo próprio grupo;
2 – TRANSPARÊNCIA – a finalidade e o desenvolvimento das
atividades devem ser compreendidas por todos os participantes. Os métodos
não são destinados a induzir ou manipular grupos, mas sim transformar a
inteligência individual em inteligência coletiva criadora.
Esse princípios envolvem, de preferência profissionais de várias
áreas do conhecimento. É aconselhável que, na condução destes detalhes,
estejam presentes, profissionais de diversas áreas garantindo uma decisão
mais ampla das situações a serem trabalhadas.
Partindo da afirmação de que a metodologia se refere a como se faz
e ao jeito de fazer, nota-se que existem basicamente três tipos de
metodologias, DALMAS (1998, p. 26) apoiado em Ferreira, Gandin e Sandini,
anuncia linhas diferentes de ação que uma instituição pode assumir:
a) O Primeiro modo de planejar para a comunidade: neste modo de
planejar, o poder é exercido de maneira autocrática, dominadora
e até ditatorial. A participação na preparação e elaboração é nula.
No que se refere à execução, é imposta e de modo idêntico
quanto aos resultados. A gestão, neste modelo, é uma
administração ou direção exercida por alguém e não por todos. É
assumida por um pequeno grupo, uma parte, nunca o todo.
b) O segundo modo de planejar é COM a comunidade: neste
momento o poder está a serviço. A participação da comunidade
na preparação e elaboração do plano, é controlada. A execução
do plano acontece a partir do consenso e do resultado de uma
negociação. Nesse modelo de planejamento existe a co-gestão.
Há um pouco de participação da comunidade através das
pessoas mais ou menos representativas. Este modelo de
planejamento mostra, claramente, que, quem tem o poder nas
mãos, cede alguma coisa, não o essencial, para significar que
existe participação da comunidade no planejamento. Na realidade
a participação é insignificante e pequena. Às vezes, ilusória. O
poder continua nas mãos de poucos, os que o controlam
constantemente;
c) O terceiro modelo é o planejamento DA comunidade: aqui, o
poder é exercido como um serviço. A gestão é a da comunidade e
será chamada de autogestão. A participação da comunidade na
preparação e na elaboração do planejamento em sua execução e
em seu resultado é co-responsável e de comunhão. Este modelo
é o ideal – o planejamento de participação comunitária – útil para
a transformação social, em favor da justiça social, da fraternidade
e da libertação total.
O diálogo – comunicação é elemento essencial no processo de
intercâmbio de vivências, experiências, interações e diálogos entre os
participantes.
Visa-se, desse modo, um planejamento centrado na pessoa, livre e
crítica, sujeito de seu desenvolvimento, mas com decisões comunitárias; um
processo grupal e participativo que considere as pessoas, com seus valores,
sentimentos e situações de ordem sócio-econômico-político-cultural.
Esse modelo de planejamento obriga um posicionamento crítico e de
participação dos envolvidos, uma consciência crítica da realidade,
determinando uma ação coerente e eficaz, a fim de promover as mudanças e
as transformações desejadas, com vistas a uma aproximação do ideal
projetado.
É importante ressaltar que, embora a proposta do planejamento
participativo seja instigante e motivadora, de nada adianta planejar se não há o
FAZER e a VIVÊNCIA dos participantes. GANDIN (1997) reforça essa idéia
dizendo que naturalmente é preciso que exista o saber que vem de um
conjunto de idéias e um querer que nasce da paixão; de qualquer moda, um
contínuo processo de planejamento mantido de forma rigorosa persistente tem
sido fonte de crescimento do grupo, tanto em idéias quanto em informações.
Na educação escolar, existe planejamento em diferentes níveis de
abrangência:
v Planejamento do Sistema de Educação: é o de maior
abrangência, incluindo os níveis nacional, estadual e
municipal, incorporando as grandes políticas educacionais;
v Planejamento da Escola: também chamado de projeto
educativo, é o plano global da escola. Compõe-se de marco
referencial, diagnóstico e programação. Envolve todos os
membros da instituição.
v Planejamento Curricular: proposta geral das experiências que
serão oferecidas pela escola, incorporando os diversos
componentes curriculares, série/disciplina.
v Planejamento de Ensino: é o mais próximo da prática do
professor e da sala de aula. Subdivide-se:
ü Plano de Curso- tem a função de delinear globalmente
toda ação a ser apreendida;
ü Plano de Unidade – disciplina as partes da ação pretendida
no plano geral;
ü Plano de Aula – especifica as realizações diárias para a
concretização dos planos anteriores.
Em suma pode-se dizer que todos os modelos apresentados
carecem das devidas adaptações cabíveis em suas aplicabilidades em
diferentes instâncias educacionais.
CAPÍTULO II Planejamento Educacional e espaço de
participação social
Os movimentos sociais têm, apesar das inúmeras limitações e
precariedades, construído equivalências que colocam num outro patamar de
dignidade e respeito, rompendo as fronteiras autoritárias e excludentes dos
lugares sociais. Esses espaços e instrumentos de participação social são
conquistas e construções da sociedade.
A disputa desses espaços na opinião pública é resultado da
incidência de praticidades participativamente ativas, que constroem e
modificam valores sociais.
A participação é hoje, contudo, um conceito que serve a três
desastres extremamente graves: a manipulação das pessoas pelas
“autoridades”,através de simulacro de participação; a utilização de metodologia
inadequadas, como o conseguinte desgaste da idéia, e a falta de compreensão
do que seja realmente a participação. Portanto, vale apenas verificar quais os
níveis em que a participação pode ser exercida.
1 – O nível da colaboração. É o mais freqüente na prática concreta
atualmente, embora, não seja a participação ideal. É também o nível em que a
autoridade chama as pessoas a trazerem sua contribuição para o alcance do
que esta mesma autoridade decidiu como proposta. Nesse nível pessoas
devem colaborar e participar o seu trabalho, com o seu apoio ou pelo menos,
com o seu silencia, para que as decisões da autoridade tenham bons
resultados e, ao final, para que o “status-quo” não seja rompido. O que esse
nível de participação alcança é que as pessoas se esforcem, trabalhem com
vigor, sem discutir quais os benefícios que advirão do trabalho e que deles vai
se apropriar. É decorrente de um pensamento ainda ligado às idéias do senhor
– súdito e de rei-povo que, embora superado no discurso, pertencem a mesma
realidade.
2 – O nível da decisão. Vai além da colaboração e tem uma
aparência democrática mais acentuada. O “chefe” decide que todos vão
decidir, leva então, algumas questões a um grande plenário ou a alguns grupos
e “manda” que todos decidam. Em geral, são decididos aspectos menores,
desconectados da proposta mais ampla, e a decisão se realiza como escolha
entre alternativas já traçadas, sem afetar o que realmente importa. Não se
pode condenar as precárias manifestações democráticas criadas nesse nível.
Mas, é preciso fazê-la diminuir criando forças transformadoras e transferindo
para os outros o real sentido da verdadeira participação.
Existe um terceiro nível de participação, embora, na prática, seja
pouco freqüente. É o chamado construção em conjunto. As estruturas
existentes normalmente dificultam esse tipo de participação, mesmo quando as
pessoas, inclusive os governantes, a desejam. É o que todo sistema social
estruturado sobre outras premissas e o próprio pensamento das pessoas não
está orientado para esse modo de convivência. Geralmente, as pessoas não
acreditam na igualdade fundamental que tem entre si; acreditam mais no sábio,
no mais rico, no mais poderoso, no mais forte, visto que:
A construção em conjunto acontece quando o poder está com as pessoas, independentemente dessa diferenças menores e fundamentadas na igualdade real entre as pessoas. Todos crescem juntos transformam a realidade, criam o novo, em proveito de todos e com o trabalho coordenado. (GANDIN, 1999, p. 56).
Desse modo, compreende-se a educação como um processo de
desenvolvimento multidimensional que envolve a formação com qualidade no
plano físico, moral, intelectual, estético e humano de modo geral, tendo em
vista a orientação da atividade do indivíduo na sua relação com o meio social
num determinado contexto. É claro que essa formação congrega uma gama de
influências direcionadas para uma concepção de mundo, de idéias, de valores,
modos de agir que se traduzem em convicções ideológicas, morais e política,
capacitando o ser humano para enfrentar as diversidades de situações e
desafios da vida prática.
Nesse sentido, a educação compreende ainda os processos
formativos que ocorrem no meio social, na convivência humana, gerando um
processo dinâmico e contínuo que busca promover o homem, tornando-o
capaz de conhecer, participar e transformar sua realidade.
Segundo ALBA,apud VASCONCELLOS educação é:
A síntese de elementos culturais (conhecimentos, valores, costumes, crenças, hábitos) que conformam uma proposta político-pedagógica,
pensada e impulsionada por diversos grupos sociais, cujos interesses são diversos e contraditórios. (2000, p. 99)
Compreende-se desse modo que tanto e educação quanto a ação
de planejar devem ser instrumentos para que o professor, possa juntamente
com os alunos alcançarem objetivos tanto na sala de aula, quanto na escola e
nos demais setores pedagógicos-administrativos.
Como se sabe, o planejamento é um ato de intervenção técnica e
política, sendo essencial que o profissional responsável por ele esteja
preparado para manter uma articulação permanente a fim de estabelecer
coordenação entre a esfera técnica, o nível político e o corpo burocrático.
Assim, a articulação seria indispensável par que o planejador se prepare para
manter uma postura autônoma nas estruturas e no sistema de relações das
instituições e da sociedade.
Assim é possível verificar que as variações apresentadas nos
conceitos de planejamento não as tornam mutuamente excludentes, mas sem,
complementares entre si, porque expressam em última instância, uma
preocupação única: a de que as ações significativas sobre dada realidade
sejam praticadas de forma sistemática, a partir de uma visão clara da
necessidade dos objetivos e ordenados de modo a obter o máximo de
resultados com o melhor uso de recursos. Expressam, pois uma orientação
para a superação da ação improvisada que se direciona, conforme conceitua
GANDIN (in DALMAS,).
Planejar é transformar a realidade numa direção escolhida; Planejar é organizar a própria ação (de grupo sobretudo); Planejar é implantar um processo de intervenção na realidade; Planejar é dar clareza a precisão à própria ação (de grupo sobretudo); Planejar é pôr em ação um conjunto de técnicas para racionalizar a ação; Planejar é realizar um conjunto de ações propostas para aproximar uma realidade de um ideal. (1998, p. 24)
Apesar dos riscos tem-se a convicção de que a escola é o lugar
possível de educação consciente, crítica, criativa e participativa, desde que
seus integrantes acreditem em um processo político de educação e possa
produzir mudanças nas relações interpessoais e sociais.
A própria escola cria seu espaço de participação social, amparada
pelo artigo 2º da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) nº
9394/96, quando se refere a educação com “dever da família e do Estado”, o
que assegura a participação da família no processo ensino-aprendizagem,
Reforçado pelo art. 13, parágrafo VI que responsabiliza aos docentes colaborar
com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. O
artigo 14, atribui aos sistemas de ensino a definição das normas de gestão
democráticas do ensino público na educação básica, de acordo com suas
peculiaridades e conforme princípios, com o parágrafo II do mesmo artigo, que
garante a participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares
ou equivalentes.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´S) reforçam como
objetivos:
Compreender a cidadania como participação social e política, assim como o exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando no dia-a-dia atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito, posicionando-se de maneira responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas. (1999, P. 07)
A conquista desses objetivos propostos principalmente para o ensino
fundamental é cumprimento da Lei 9.394/96, passando necessariamente por
uma prática educativa que tenha como eixo a formação de um cidadão
autônomo e participativo.
Como se sabe, a escola por ser uma instituição social com propósito
explicitamente educativo, tem compromisso de intervir efetivamente para
promover o desenvolvimento e socialização de toda a comunidade. Ao tomar
para si o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com competência e
ética na sociedade, buscará eleger como objetivo de ensino, contudo que
estejam em consonância com as questões sociais e garanta um conjunto de
práticas planejadas com o propósito de contribuir, para os alunos se
apropriarem das mesmas maneiras críticas e construtivas.
Para ser uma organização eficaz no cumprimento de seus
propósitos estabelecidos em conjunto pela comunidade escolar e garantir a
formação coerente de seus alunos ao longo da escolaridade é imprescindível
que cada escola discuta e construa seu próprio projeto educativo.
Segundo GANDIN:
...é um processo em que as pessoas realmente participam porque a elas são entregues não só as decisões específicas, mas os próprios rumos que se deve imprimir a escola. Os diversos saberes são valorizados, cada pessoa se sente construtiva – e realmente o é – de um todo que vai fazendo sentir à medida em que a reflexão atinge a prática e esta vai esclarecendo a compreensão, e à medida em que os resultados práticos são alcançados em determinado rumo. (1998, p. 21)
E esse projeto deve ser entendido como um processo que inclua a
formação de todas as pessoas que dele depende, bem como a formulação de
metas e meios, segundo a particularidade e necessidade de cada escola, por
meio da criação e da valorização de rotinas de trabalho pedagógico em grupo e
da co-responsabilidade de todos os membros que fazem parte da comunidade
escolar.
Deve-se ressaltar que a ação coletiva não é algo que se atinge de
uma hora para outra e a escola é uma realidade complexa, não sendo possível
tratar as questões como se fosse simples de serem resolvidas. Cada escola
encontra uma realidade, uma trama, um conjunto de circunstâncias e de
pessoas. É preciso que haja incentivo à participação, o que será possível num
clima institucional favorável e com condições objetivas de realização.
Logo, o processo de informar e discutir temas de interesse da escola
e da família necessita de um vinculo entre escola, família e comunidade.
Quando a família participa das atividades da escola, ela está colaborando com
a socialização e a educação de seus filhos. É de suma importância a formação
na tarefa de democratização do ensino escolar fazendo com que professores,
alunos e pais de alunos sejam todos envolvidos ativamente no processo de
educação. O que significa reconhecer também a educação como tarefa de
todos como uma ação coletiva entre os sujeitos do processo.
A escola pode exercer o papel do centro de convívio social,
promovendo eventos que moralizem e atraiam a comunidade. A salutar
integração entre a equipe escolar alunos, pais de alunos e outros agentes
educativos possibilita a construção de projetos que visam a melhor e mais
eficiente participação da família e da comunidade no dia-a-dia da escola.
Assegurar a efetiva participação da família na escola requer muito
mais que ocasionais pedidos de colaboração. O respeito a cultura dos grupos
sociais se manifesta na maneira de organizar e conduzir as reuniões de pais.
Desde a definição de horários até a forma de convocação, a linguagem
utilizada nos encontros, podem se traduzir o reconhecimento da escola sobre
as importância da presença destes no processo de educação de seus filhos.
CAPÍTULO III Pesquisa de Campo: CEEFM José de Anchieta
3.1 Historicidade
O Complexo Educacional de Ensino Fundamental e Médio José de
Anchieta está localizado na Rua Tiradentes, s/n, no centro da cidade de
Pinheiro, Maranhão, servindo a comunidade e todas as pessoas
indistintamente que a procuram em busca de instrução e conhecimentos para
seu desempenho profissional. O CEEFM José de Anchieta, é uma edificação
majestosa com 13 salas de aulas, 01 sala de professores, 01 biblioteca, 01,sala
de diretores, 01 pátio coberto, 01 sala de coordenação pedagógica, 01 sala de
vídeo/DVD, 01 almoxarifado, 02 despensas, 05 banheiros, 01 secretaria e 01
cozinha.
Construída no período de 1973 por iniciativa do governo do Estado
do Maranhão na gestão do Secretário de Educação Magno Bacelar, Decreto nº
5287 de 28/02/79 C.E.E em 04/05/79, e reconhecido pela Resolução nº 390/83
C.E.E. Em 20/02/2004, segundo Decreto nº 20.286 foi transformada a Unidade
Escolar José de Anchieta em CEEF(Complexo Educacional de Ensino
Fundamental e Médio) José de Anchieta.
Iniciou suas atividades letivas com aula inaugural em 17 de março
do ano de 1974. Passou a ser gerenciado pelo Coordenador Geral, o professor
José Herculano Arruda, para o cargo de secretária geral foi indicada a
professora Teresinha da Costa Leite Guterres, auxiliar da secretária Maria
Benedita Fernandes Leite e a datilógrafa Marizete de Jesus Ferreira.
Atualmente, o CEEFM José de Anchieta é composto por 01 Diretor
Geral, a professora Maria do Carmo Costa, 02 Diretores Adjuntos, as
professoras Julieta Viegas Moreira e Ana Tereza Ribeiro Dantas, 01
coordenador Pedagógico, a professora Ana Cristina Abreu Araújo, 01
secretária a senhora Maria da Conceição Diniz da Silva, 03 agentes
administrativos, 03 auxiliares de serviços gerais 03 vigias e 1, 224 alunos,
sendo 556 do Ensino Fundamental e 668 do Ensino Médio.
O corpo docente do CEEFM José de Anchieta funciona com 28
professores do Ensino Fundamental e 25 professores do Ensino Médio. Os
docentes, sempre que têm oportunidade participam de cursos de capacitação a
fim de melhorar a qualidade do ensino, atendendo assim, as necessidades dos
alunos.
O funcionamento da escola dá-se em 03 turnos assim distribuídos:
v Matutino: 13 turmas de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental;
v Vespertino: 03 turmas de 8ª série do Ensino Fundamental e
09 turmas do Ensino Médio;
v Noturno: 08 turmas do Ensino Médio.
O CEEFM José de Anchieta, num esforço conjunto, tem procurado
buscar soluções para atender a juventude mostrando à sociedade que é
preciso encontrar coletivamente uma saída para atender as deficiências da
educação.
Entre as várias atividades que a escola desenvolve, o que mais
chama atenção é o projeto Leitura Infanto-juvenil. As demais atividades
desenvolvidas são:
v Carnaval na escola;
v Família na escola;
v Coroação de Nossa Senhora;
v Festas Juninas;
v Semana no Trânsito.
A escola realiza ainda os seguintes projetos:
v Alfabetização para os pais e responsáveis dos alunos;
v Preservação do meio ambiente (Rio Pericumã);
v Feira Cultural;
v Reforço Escolar.
Os pais dos alunos comparecem bimestralmente para avaliar o
desempenho dos filhos, durante as palestras educativas e de ação social, bem
como nas datas comemorativas, torneios, dias de laser, shows artísticos e
cursos profissionalizantes proporcionados pelo mesmo educandário para
atender as necessidades dos pais dos alunos.
3.2 Análise dos dados coletados
Análise Quantitativa e Qualitativa
Do universo de 850 pais, que, segundo a direção da escola
costumam participar e requentar dos eventos promovidos pela escola, 380
foram contactados diretamente em duas oportunidades distintas.
Por meio das questões abordadas, quis-se saber sobre a
participação; como ela é efetivada; fatores que dificultam; seus efeitos e como
ampliá-la nas escolas.
O cruzamento dos dados coletados junto aos pais, revela que não
há de fato uma participação-construção comum, trata-se de uma participação-
colaboração, confirmando assim com o pensamento de GANDIN, (2000).
Apesar de o CEEFM José de Anchieta, possuir um Projeto Pedagógico
completo, nota-se que a participação de tida a comunidade, ainda é um desafio
a ser superado e enfrentado. Uma vez que isso implica numa melhor ou maior
capacitação técnica e política dos gestores e comunidade em geral sobre o
assunto, além da existência de experiência de planejamento realmente
participativo na escola.
Conforme teoria dos autores pesquisados não há no Município de
Pinheiro um referencial, ou seja, uma escola no local ou próxima, que possa
servir de modelo ou ponto de referência.
Durante a pesquisa, foi possível perceber o visível esforço da gestão
escolar, em proporcionar à comunidade um espaço de participação mais eficaz,
assim como foi notável também por parte dos professores e servidores em
geral. o desejo de transformar o referido estabelecimento de ensino num
referencial que possa servir ao conjunto da demais escolas.
Constata-se também que há ainda, um certo distanciamento entre a
escola e o conjunto da comunidade, a partir da reação dos pais quando
abordados sobre aspectos administrativos e pedagógicos da escola. Mesmo a
escola expondo seus balancetes aprovados pelo Colegiado e Caixa Escolar, e
o seu Projeto de desenvolvimento, demonstraram não ter conhecimento mais
preciso sobre o assunto.
Constata-se ainda que o grau ou nível de entendimento da
comunidade sobre gestão e planejamento participativo é incompatível com as
exigências do momento. Nota-se que realmente que a participação deve partir
de pequenas descobertas de necessidades e é um processo lento e gradativo.
E a “queima” de etapas compromete a qualidade e a eficácia da participação.
A análise feita acerca do que causaria a ausência de muitos pais no
cotidiano escolar revela duas opiniões distintas. Alguns pais afirmam que é,
simplesmente a falta de interesse pela educação dos filhos, a causa da não
participação dos mesmos, enquanto outros afirmam, que o desconhecimento
da importância dessa participação que a escola pede às famílias e que ainda
não são suficientes ou não facilitam o envolvimento dos pais na vida escolar
dos filhos. É isso que se confirma, quando os mesmos sugerem que a escola
provoca que envolvam de fato todos os pais, não só como participantes
passivos, mas ativos, que decidam, que em conjunto aos demais servidores.
De acordo com o PPPE (Projeto Político Pedagógico Escolar do
CEEFM José de Anchieta):
No nível de envolvimento dos pais e dos membros das comunidades, nos projetos e problemas da escola, está faltando mais participação dos responsáveis pelos alunos, uma vez que a freqüência dos mesmos é pequena na comunidade escolar. (PPPE, 2007, P. 11).
A falta de familiaridade dos pais com a escola impede que eles
manifestem suas reivindicações de maneira objetiva. E isso é percebido
quando demonstram insegurança sobre o que realmente pretendem expressar.
É evidente que a melhoria da escola e conseqüentemente do ensino
e conforme um pequeno mais significativo grupo de pais, essa melhoria está
relacionada também à participação dos mesmos, embora ainda limitada diante
das demandas não conseguem conter o “orgulho”, a satisfação e o prazer de
sentir-se parte do todo, confirmando o pensamento de CRUZ, quando afirma
que a participação por si só já é muito importante.
Segundo o corpo administrativo e pedagógico do CEEFM José de
Anchieta, a escola não mede esforços para oferecer um ensino de qualidade,
procurando minimizar as dificuldades surgidas com uma ação pedagógica,
comprometida com o processo ensino-aprendizagem para aumentar a
competência de todos os componentes do referido educandário.
Entre as mudanças ocorridas, foram mencionadas várias, entre elas,
o jeito de ser da escola no cotidiano; o rendimento maior da aprendizagem dos
alunos e principalmente a convivência entre professores, alunos, dirigentes,
pais – servidores, inclusive pais e filhos.
Vale ressaltar que vários projetos, entre eles: O Projeto Literatura
Infanto-Juvenil; Feira Cultural e Preservação do Meio Ambiente, já
mencionados, são, portanto, apontado como um dos momentos de maior e
mais interessante participação da família na escola. A convivência de uma
metodologia participativa, na qual as ralações solidárias de convivência
pontificam e provoca, mesmo que lentamente, a concretização de uma nova
ordem social, iniciada pela parcela menor que é a escola, ou seja, o primeiro
enfoque da educação libertadora.
CAPÍTULO IV Sugestões para implementação do processo de
Planejamento Participativo na Escola
Como se sabe, o planejamento serve de suporte para o
encaminhamento das mudanças que se fazem necessárias em qualquer esfera
ou setor da sociedade. Ajuda a concretizar aquilo que se almeja e, em certa
medida cria para os participantes e parceiros, principalmente da escola as
possibilidades de interferir e mudar a realidade.
Portanto, compreende-se o planejamento como instrumento
importante na prática pedagógica, e não prisão. Um bom planejamento é
flexível o bastante para colher imprevistos e novas possibilidades.
v Entende-se que não se deve fazer planejamento para:
v Ter um plano bonito e bem traçado;
v Constar no arquivo da escola;
v Comprovar aos grupos e pessoas que a escola planeja;
v Obrigar os servidores a trabalharem do mesmo jeito;
v Ficar proibido de criar coisas novas.
De acordo com o pensamento de GADIN (S/d)
O planejamento como tarefa natural ao ser humano, é o processo de divisar o futuro e agir no presente, para construí-lo. Assim, planejar é organizar um conjunto de idéias que representem esse futuro desejado e transformar a realidade para que esse conjunto nela se realize no todo ou em parte.
Nessa proposta de planejamento sugere-se que o planejamento
deve ser feito com o objetivo de:
v Para melhorar o trabalho diário;
v Não perder de vista os objetivos previstos;
v Confrontar tudo o que acontece na realidade e com o objetivo
que se pretende alcançar;
v Aproveitar melhor os recursos disponíveis;
v Evitar esforços múltiplos, duplicados e inúteis;
v Entender com mais clareza o próprio trabalho;
v Situar-se melhor no cotidiano escolar;
v Considerar mudanças que ocorrem na sociedade;
v Discutir problemas de caráter político-social;
v Considerar a aprendizagem como um saber contínuo;
v Remover com a burocracia da desordem pedagógica.
Segundo Veiga (1999) o planejamento é provimento de condições
facilitadoras para o efeito cumprimento dos fins da escola. Essas condições
proporcionam em planejamento participativo em três grandes níveis:
1- Planejamento para o grupo: o dirigente ou sua equipe faz o plano
e explica ao grupo o que deve ser realizado;
2- O planejamento com o grupo: o grupo é chamado a dar opinião, é
consultado sobre algumas questões menos essenciais, mas o
processo continua sendo conduzido pelo gestor, é ele quem tem
claro aonde se deve chegar e que usa as reuniões de
planejamento como uma forma de comprometer o grupo com
aquilo que se deseja.
3- Planejamento do grupo: o grupo planeja junto com o gestor e
dentro daquilo que é capaz de compreender, perceber e
executar.
Como se sabe, a verdadeira participação dá muito mais trabalho,
tanto para quem coordena o grupo como para o grupo inteiro. Existem gestores
que são muito eficientes e até conseguem a gratidão do povo que ver as coisas
andarem em ordem.
Segundo a direção geral do CEEFM José de Anchieta:
Um planejamento participativo permite a todos os membros da instituição emitirem suas opiniões, idéias e pontos de vistas: possibilita o desenvolvimento de ações futuras a serem implementadas ao longo do trabalho.
Mas a participação real, efetiva, de todos, é mais importante que
essas considerações, por vários motivos:
v A participação é uma necessidade humana e, portanto direito
e dever de todos;
v A participação social tem um valor significativo, não somente
pelo resultado;
v A participação desenvolve o senso-crítico;
v A participação promove a partilha do poder;
v Participação se aprende com a coletividade, com a própria
participação;
v Participação leva o grupo a promover o seu próprio
desenvolvimento;
v A participação gera uma dinâmica de comunhão de saberes e
experiências;
v A participação gera adição de idéias criativas e inovadoras.
Quem não é capaz de participar do planejamento também não é
capaz de executar o que foi planejado. Não adianta ter um plano magnífico
sem pessoas capazes de executá-lo. E as pessoas só se tornam mais capazes
de participarem.
O planejamento participativo não é somente uma questão técnica,
trata-se de uma nova mentalidade – crítico-participativa – sem a qual, qualquer
técnica será apenas um novo rótulo colocado num produto que continua o
mesmo. Para que a escola entre na aventura de planejamento participativo é
preciso assumir, de verdade, algumas atitudes fundamentais:
a) Promover a intervenção e integração de todos: se alguém foi
considerado capaz de participar do grupo, sua voz tem que ser
ouvida ou levada em consideração e ele têm o direito ou
obrigação de intervir e se integrar no planejamento. Se alguém da
escola for incapaz de merecer essa confiança, vale repensar os
critérios de seleção de agentes, do que negar a participação a
quem vai fazer a parte mais importante que é a ação visada pelo
planejamento.
b) Descentralizar a ação: quem participa do planejamento percebe a
importância dos OBJETIVOS e acompanha todo processo. Então
tem condições de tomar decisões próprias numa hora de
necessidade. Gestores ou dirigentes que tem medo de tudo que
acontece fora de sua vista e do seu controle não se sentirão à
vontade com o método participativo.
c) Entender o poder como um serviço e não como posto:
planejamento participativo supõe circulação de poder entre todos
os membros da escola e rodízio de lideranças. Onde só muda de
diretor, de fato em profundidade, nada muda.
d) Confiar na capacidade e criatividade de todos: o novo aparece de
baixo para cima: a rotina tende a se estabelecer de cima para
baixo porque? Com já “sabe” aplica o que aprendeu, quem ainda
não “sabe” freqüentemente inventa.
e) Dar tempo para que os frutos amadureçam: planejamento
participativo não se faz com pressa, em prazos rígidos. Há
necessidades de respeitar o ritmo do grupo. Queimar etapas para
o plano ficar pronto no tempo certo é matar todo o processo e
enganar o grupo, trata-se de um processo de crescimento e não
de uma solução mágica para resolver problemas imediatos.
f) Amar a verdade em vez de cultivar as aparências: um trabalho
feito com planejamento participativo terá o rosto da escola
estampado com suas grandezas e limitações. Crescerá e se
aperfeiçoará na exata medida em que a massa cresce e se
aperfeiçoa. Não se presta a quem gosta de fazer exibição de
serviço bem feito, varrendo a sujeita para debaixo do tapete;
promove o aprimoramento do trabalho e não uma simples
maquiagem para fazer ficar bonito o que está com defeito.
Enfrenta com sinceridade os problemas e conflitos que aparecem
sabendo que só esta atitude pode levar ao real crescimento.
Antes de se iniciar um planejamento participativo é necessário
observar e seguir etapas e discutir ou responder perguntas muito importantes,
como:
v Afinal, o deve se fazer?
v Para que fazer tal trabalho?
v A que interesse quer se servir?
v Que comportamento deve se incentivar?
v Que tipo de relacionamento humano pretende se criar?
v Que tipo de prioridade deve se privilegiar e por quê?
v Que tipo de recursos estão disponíveis?
v Que dificuldades pode se prever?
v Que resultado terá a curto, médio e longo prazo?
Ainda é preciso saber que o planejamento vislumbra uma situação
futura propondo a construção de nova realidade:
a) Em que situação estamos?
b) Quem somos?
c) Com quem vamos lidar?
d) Onde queremos chegar?
e) A que distância estamos do que desejamos?
Essas indagações permite determinar o marco da realidade, a meta
ou marco doutrinal e o diagnóstico da realidade. A reflexão e o estudo desses
aspectos formam a primeira etapa do trabalho que, nos termos próprios da
teoria do planejamento participativo, chama-se de marco referencial.
Só depois de ter isso bem claro para todo o grupo é que podemos
passar para a segunda parte e tomar decisões sábias e inteligentes sobra: O
que fazer? Como fazer? Quando faze? Com quem fazer? A teoria do
planejamento, participativo cama essa segunda parte do marco operacional.
O marco operacional tem em vista, o tempo necessário; o que foi
percebido no marco referencial. Todas as atividades vão ser pensadas como
modos de atingir o que se quer (marco doutrinal) dentro da realidade exigida
(marco da realidade) enfrentando os problemas e dificuldades percebidas
(diagnóstico).
Como se sabe, essas etapas devem obedecer os seguintes passos:
1) Marco da realidade: Visualizar a realidade não é tão simples
quanto parece. Corre-se o risco de transformar preconceitos em opiniões e
opiniões em afirmações sobre os fatos. A instituição escolar deve ser alertada
para ver a realidade de modo mais exato possível, não generalizando a partir
de poucos exemplos e não se deixando levar por observações precipitadas.
Seria conveniente para o estabelecimento elaborar uma lista dos
aspectos da realidade que se quer conhecer e dar um tempo, par que, o
mesmo escolha o maior número possível de dados sobre esses aspectos.
Quanto aos métodos para a escolha desses dados, sugere-se:
v Observação pessoal;
v Entrevistas;
v Questionamentos;
v Pesquisas bibliográficas, etc.
v Consulta comunitária (quem conhece a comunidade), etc.
Durante as pesquisas, convém analisar os aspectos pessoais, como:
a) Quem são as pessoas com quem se lida?
b) Quais são os seus sonhos, medos, problemas, conquistas e
alegrias?
c) Como vivem, de que gostam e que influencias sofrem?
Com relação aos aspectos sociais pode ser abordado os seguintes
itens:
v Como as pessoas se relacionam?
v Como são as famílias?
v Que valores são vividos e apreciados?
v Que preconceitos têm e enfrentam?
v Que tipo de laser é procurado e proporcionado?
v No que diz respeito aos aspectos sócio-econômicos poder-se
ia indagar.
v De que vivem e onde trabalham?
v A que tipo de classe social pertencem?
v Que tipo de educação escolar recebem?
v Como e onde moram?
v Que tipo de governantes têm e desejam?
v Qual é o nível de participação na comunidade?
Direcionados aos aspectos culturais e religiosos pode-se questionar:
v Que experiências religiosas e culturais têm a comunidade?
v Em que as pessoas acreditam?
v Qual o nível da prática religiosa e cultural da maioria?
v No que diz respeito as experiências anteriores vividas pela
escola é importante saber:
v O que já foi feito na escola, o que deu certo e o que deu
errado?
v Quais foram as grandes conquistas e dificuldades?
A partir dessas sugestões, compreende-se o planejamento
participativo com um processo educativo, não só da classe educacional, mas
de toda sociedade.
Como se sabe, não existe formulas mágicas de se fazer educação
instantânea. Ou se gasta tempo educando ou ninguém aprende nada.
2) Marco Doutrinal: É o marco que define onde chegar. Não deve ser
confundido com conteúdo doutrinário a ser ensinado aos membros da escola
ou comunidade. Esse marco envolve:
v Idéias e valores sociais, políticos, etc;
v O tipo de comunidade que se quer estimular;
v O tipo de pessoa que se deseja formar;
v A qualidade das relações humanas que quer se viver na
escola;
v Que posição quer se tomar diante da realidade.
O marco doutrinal é a ponte que liga os objetivos, alguns serão
gerais e específicos.
Os fatores mais importantes nesses objetivos são:
a) A participação de todos na discussão e elaboração;
b) A compreensão de que esses objetivos devem estar presentes
na hora de pensar nos conteúdos e executar as atividades.
3) Diagnóstico: Momento em que se faz o confronto entre o marco
da realidade com o marco doutrinal, para descobrir o que se separa daquilo
que se realiza.
Esse diagnóstico deve ser feito para:
v Comparar o macro da realidade como o macro
doutrinal, procurando identificar os problemas que vão
ser enfrentados pela escola ou comunidade;
v Analisar os problemas com maior precisão possível,
discutindo, entre outras coisas:
ü Como aparece o problema;
ü Suas causas possíveis;
ü Como a escola se posiciona frente a essas
questões;
ü Que prioridades deverão ser tomadas e atendidas
pela comunidade escolar para combater os
problemas detectados e os objetivos desejados.
4) Marco Operacional: É o momento decisivo para o que fazer.
Conhecendo a realidade e sabendo o que se quer, pode-se começar a pensar
no que fazer para conseguir o que se deseja. Hora também de pensa na
programação. Essa programação deve ser o jeito de correr atrás do objetivo,
levando em conta os dados concretos da realidade.
A programação pode abranger vários tipos de projetos. Alguns
poderão ser realizados através de atividades sistemáticas; outros terão
duração mais limitada e objetivos mais específicos. Um outro aspecto pode ser
a organização do conteúdo que se quer trabalhar com alunos e com a
comunidade.
Para cada projeto é necessário definir:
PROJETO
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
O QUE
FAZER
QUANDO QUEM COMO COM QUEM ONDE
É necessário também harmonizar os diferentes projetos ao longo do
tempo. Para isso é preciso uma visão de conjunto das atividades escolares,
para evitar coincidência de eventos e acúmulos de tarefas para as mesmas
pessoas.
Para cada tipo de projeto é necessário prever uma avaliação, que
leve em conta tudo o que foi refletido e acordado no marco referencial.
Uma outra questão a ser resolvida na programação é a distribuição
de tarefas e responsabilidades entre os membros da equipe. Nesta fase, o
grupo vai dizer quem faz o quê. Porém, como se trata da mentalidade
participativa, é necessário dar a cada membro, autoridade correspondente a
tarefa que foi determinada e pela qual será realmente o responsável. É
indispensável que isso seja feita com muita clareza, para que cada um saiba o
que dele se espera.
Com se sabe, o trabalho que não tem coordenação ou pessoa
responsável acaba não sendo feito. Logo, é indispensável também que seja
feita a avaliação para que o processo melhore seqüencialmente. A escola
precisa conhecer os resultados da avaliação que faz e decidir o que precisa
mudar e melhorar a partir do que foi constatado.
Na concepção de FREIRE:
Se a vocação antológica do homem é a de ser sujeito e não objeto, só poderá desenvolvê-la na medida em que refletindo sobre suas condições espaços – temporais, introduz-se nelas, de maneira crítica. Quanto mais for levado a refletir sobre sua situacionalidade, sobre seu enraizamento espaço – temporal, mais “emergirá” dela conscientemente carregado de compromisso com a realidade, da qual porque é sujeito, não deve ser simples expectador, mas deve investir cada vez mais. (1979, p. 61)
Assim, é preciso entender que a avaliação visa verificar se os
objetivos foram alcançados ou não a partir dos seguintes passos:
v Identificar problemas, erros e acertos durante a
execução da programação;
v Confrontar os resultados obtidos com o que tinha sido
planejado, especialmente em atenção aos objetivos;
v Procurar descobrir as causas dos erros para acertar da
próxima vez.
Num processo participativo, é claro que todos os membros do grupo
avaliam. É importante ouvir também os parceiros do projeto, se possível,
CAPÍTULO V Considerações Finais
Por entender o planejamento participativo como instrumento de
integração entre escola, a família e sociedade, considera-se a educação como
um fator essencial de inclusão e participação para o desenvolvimento da
sociedade.
Compreende-se também que uma sociedade participativa,
materializa sua vontade de transformação da realidade em situações palpáveis,
graças aos envolvimento dos membros nas diferentes tarefas.
Com isso, pode se concluir que as diferentes concepções de
planejamento, denominadas de tradicionais e progressistas, estão presentes no
cotidiano escolar, com ênfase maior da percepção tradicional. A gestão escolar
ainda é centralizada e determinística, não há espaço para a participação
consciente e eficaz conforme teoria do planejamento progressista ou
participativo em que a comunidade institucional participa de todas as fases do
planejamento e o plano emerge de uma ação colegiada.
Os sujeitos do processo vão desde os que constroem o
estabelecimento educacional (prédio) até a funcionalidade e organicidade em
esfera regional, estadual e nacional. Por isso, o planejamento enquanto
processo, permite o desenvolvimento da educação pela definição de princípios
e diretrizes. Enquanto função administrativa, o planejamento apóia-se no
processo decisório, orientando o curso de ações, permitindo maior
racionalidade nas decisões a serem tomadas.
Como instrumento do planejamento, o plano é o documento de
maior abrangência dentro do processo de planejamento. Emergem dos planos
os programas, sempre voltados as mesmas diretrizes estabelecidas no plano
global. A implementação dos programas se dá através dos projetos e de
atividades que irão viabilizar as intenções educacionais em ações concretas
objetivas.
No Complexo Educacional de Ensino Fundamental e Médio José de
Anchieta, a metodologia participativa vem sendo desenvolvida, embora ainda
limitada, mas já se constitui um referencial importante ao conjunto das demais
escolas do mesmo nível. Pois, a relação integradora entre escola, família e
comunidade vem proporcionando maturidade, iniciativa, colaboração social e
espontânea de toda clientela do referido estabelecimento.
Encerra-se aqui um trabalho que partiu de uma curiosidade em
relação ao planejamento participativo e que muito contribui para reflexões o
que planejar, com quem e porque planejar coletivamente.
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FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise (orgs). Ensino
Médio Integrado: Concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2005.
GANDIN, Danilo. A Prática do Planejamento Participativo: Na educação e
em outras instituições, grupos e movimentos dos campos cultural, social,
político, religioso e governamental. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
KUENZER, Acácia Zeneida. Política Educacional e Planejamento no Brasil: os
descaminhos da transição. IN. KUENZER, A. et. AL. Planejamento e
Educação no Brasil. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
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MELO, Osvaldo Ferreira. Teoria e Prática do Planejamento Educacional. 3.
ed. Revista ampliada. Porto Alegre: Globo. 1979.
MENEGOIA, Maximiliano; SANT’ANNA, Ilza Martins. Porque planejar? Com
planejar? Currículo: Área – aula. 6. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
SAVIANI, Demerval. Da nova LDB ao Novo Plano Nacional de Educação:
Por uma Outra Política Educacional. Campinas – SP: autores associados,
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TURRA, Claudia Maria Godoy et. al. Planejamento de ensino e avaliação. 11.
ed. Porto Alegre Sagra Luzzato, 1998.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de ensino-
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ZABALA, Antoni. A prática educativa como ensinar. Trad. Ernani F. da F.
Rosa. Porto Alegre: ArtMéd, 1998.
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PAIS DE ALUNOS DO CEEFM JOSÉ DE
ANCHIETA.
Prezado pai ou mãe
O questionário a seguir tem o intuito o planejamento participativo na
escola do seu filho. Por essa razão, sua participação é de grande relevância
para o desenvolvimento deste. Contamos com a sua colaboração e
desempenho para fornecer as informações necessárias.
1º) Você participa das atividades da escola de seu filho?
� Sim
� Não
Justifique________________________________________________________
2º) Quais os momentos em que você mais participa?
� Reunião de pais e mestres.
� Comemoração do plano de ação da escola.
� Reuniões e assembléias do colegiado escolar.
� Acompanhamento do aluno na sala de aula.
� Outros.Especificar ______________________________________________
3º) Quais fatores impede você de participar mais do dia-a-dia da escola de seu
filho?
_______________________________________________________________
4º) Na sua opinião, a participação da família e da comunidade nesta escola é
suficiente? Justifique:
_______________________________________________________________
5º) O que facilita a participação da família e da comunidade nas ações da
escola? Explique:
_______________________________________________________________
6º) O que a direção da escola deve fazer para garantir a participação ativa da
família e da comunidade na escola? Como fazer isso?
_______________________________________________________________
QUESTIONÁRIO APLICADO AO DIRETOR(A) DA CEEFM JOSÉ DE
ANCHIETA.
Prezado(a) Diretor(a)
O questionário a seguir tem por intuito enfocar o planejamento
participativo na escola. Por essa razão, sua participação é de grande
relevância para o desenvolvimento deste. Contamos com a sua colaboração e
desempenho para fornecer as informações necessárias.
1º) O que você entende por planejamento participativo e porque é importante?
_______________________________________________________________
2º) Como ocorre a participação da família e da comunidade nesta escola?
_______________________________________________________________
3º) Você acha que a participação da família e da comunidade é suficiente?
_______________________________________________________________
4º) Que contribuições a participação da família e da comunidade dão à escola?
_______________________________________________________________
5º) O que a direção da escola deve fazer para garantir a participação ativa da
família na escola? Como?
_______________________________________________________________
6º) Que tipo de sugestão você daria para que o planejamento na sua escola se
tornasse mais participativo?
_______________________________________________________________
7º) Que tipo de projeto a sua escola desenvolve e como acontece?
_______________________________________________________________
QUESTIONÁRIO APLICADO JUNTO AOS PROFESSORES DO CEEFM
JOSÉ DE ANCHIETA
Prezado(a) Professor(a)
O questionário a seguir tem a intenção de abordar o planejamento
participativo neste estabelecimento. Por essa razão, sua participação é de
grande relevância para o desenvolvimento deste. Contamos com a sua
colaboração e desempenho para fornecer as informações necessárias.
1º) Na sua concepção o que é planejamento participativo?
_______________________________________________________________
2º) Qual a importância do planejamento participativo na escola?
_______________________________________________________________
3º) Que tipo de sugestões você daria para que o planejamento na sua escola
se tornasse mais participativo?
_______________________________________________________________
4º) O que a escola deve fazer para garantir a participação ativa da família e da
comunidade na escola?
_______________________________________________________________
5º) Que contribuições a participação da família e da comunidade dão a escola?
_______________________________________________________________
6º) Que tipo de projeto a sua escola desenvolve e como acontece?
_______________________________________________________________