planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA ACADEMIA MRS LOGÍSTICA S.A. GUILHERME DELGADO DE OLIVEIRA PLANEJAMENTO OPERACIONAL BASEADO EM TEORIA DE FILAS E SIMULAÇÃO DE EVENTOS DISCRETOS Rio de Janeiro 2006

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Page 1: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE

FERROVIÁRIO DE CARGA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

ACADEMIA MRS LOGÍSTICA S.A.

GUILHERME DELGADO DE OLIVEIRA

PLANEJAMENTO OPERACIONAL BASEADO EM TEORIA

DE FILAS E SIMULAÇÃO DE EVENTOS DISCRETOS

Rio de Janeiro

2006

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE FERROVIÁRIO D E CARGA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

ACADEMIA MRS LOGÍSTICA S.A.

GUILHERME DELGADO DE OLIVEIRA

PLANEJAMENTO OPERACIONAL BASEADO EM TEORIA DE FILAS E

SIMULAÇAO DE EVENTOS DISCRETOS

Monografia apresentada no curso de Especialização em Transporte Ferroviário de Cargas do Instituto Militar de Engenharia, como requisito para a obtenção do certificado de conclusão de curso.

Orientador: Profa. Maria Cristina Fogliatti de Sinay – Ph.D

Tutor: José Geraldo Ferreira – M.Sc

Rio de Janeiro

2006

Page 3: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

3

AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que assim como eu sentem-se realizadas neste momento com a

conclusão de mais um desafio em minha vida.

A MRS Logística pelo incentivo e confiança em mim depositada para realização

deste curso e a todos os meus companheiros de trabalho.

Ao Instituto Militar de Engenharia pelos conhecimentos fornecidos.

À professora orientadora Maria Cristina Fogliatti de Sinay pela excelência na

orientação do trabalho e pelo aprendizado a mim repassado.

Ao tutor José Geraldo Ferreira por todo conhecimento e pelo apoio fundamental no

desenvolvimento deste trabalho.

À minha família, em especial meus pais por tudo na vida. Este trabalho também é

deles.

A Mônica, pelo apoio incondicional em todos os momentos e pelo amor.

Page 4: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

4

SUMÁRIO 1 – Introdução ..................................... ...................................................................... 3

1.1 Introdução e justificativa do tema................................................................................. 3

1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 3

1.3 Estrutura do Trabalho.................................................................................................. 3

2 – Transportes.................................... ..................................................................... 3

2.1 Conceitos básicos de transportes................................................................................ 3

2.2 Características dos Modais de Transportes................................................................. 3

2.3 Tipos de Modais de Transportes.................................................................................. 3

2.4 Modal Ferroviário......................................................................................................... 3

2.4.1 Introdução ao Modal Ferroviário ........................................................................... 3

2.4.2 Elementos de uma Ferrovia .................................................................................. 3

2.4.3 Planejamento Ferroviário ...................................................................................... 3

2.4.4 Produtividade em Ferrovias .................................................................................. 3

3 – Ferramentas analíticas e computacionais para o cálculo de produtividade

de sistemas........................................ ....................................................................... 3

3.1 Teoria de Filas............................................................................................................. 3

3.1.1 Introdução............................................................................................................. 3

3.1.2 Objetivos da Teoria de Filas ..................................................................................... 3

3.1.3 Elementos de uma Fila ......................................................................................... 3

3.1.4 Medidas de Desempenho de Filas........................................................................ 3

3.1.5 Notação Kendall ................................................................................................... 3

3.1.6 Modelos Básicos de Filas ..................................................................................... 3

3.1.8 Uso de Simulação para análise de filas ................................................................ 3

4 – Estudo de Caso – MRS Logística................. ..................................................... 3

4.1 Descrição da Empresa ................................................................................................ 3

4.2 Pátio Arará .................................................................................................................. 3

4.2.1 Breve descrição do Arará ..................................................................................... 3

4.2.2 Acesso ao Pátio.................................................................................................... 3

4.2.3 Problemas enfrentados pelo Arará........................................................................ 3

4.2.3 Planejamento de cargas para o pátio do Arará ..................................................... 3

4.4 – Modelagem do sistema............................................................................................. 3

4.5 – O Modelo no Arena................................................................................................ 3

4.6 - Ferramenta proposta ................................................................................................. 3

5 – Conclusões e sugestões......................... ........................................................... 3

Page 5: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

5

Índice de Figuras

Figura 1 – Pavimento Ferroviário ............................................................................................................ 3

Figura 2 – Prejuízos de uma via férrea sem lastro ................................................................................. 3

Figura 3 – Dormente de madeira ............................................................................................................ 3

Figura 4 – Perfil de trilho ......................................................................................................................... 3

Figura 5 - Vagão tanque utilizado para o transporte de combustíveis.................................................... 3

Figura 6 – Centro de Controle Operacional da MRS .............................................................................. 3

Figura 7 – Diagrama típico de ciclo de um trem Heavy Haul.................................................................. 3

Figura 8 - Diagrama típico de ciclo de um vagão de Carga Geral .......................................................... 3

Figura 9 – Grade de Trens de Carga Geral ............................................................................................ 3

Figura 10 – Níveis de planejamento........................................................................................................ 3

Figura 11 – Etapas do ciclo de um trem.................................................................................................. 3

Figura 12 – Elementos de uma fila.......................................................................................................... 3

Figura 13 – Modelo de fila M/M/1............................................................................................................ 3

Figura 14 – Modelo de Fila M/M/c........................................................................................................... 3

Figura 15 – Formas de estudos de sistemas .......................................................................................... 3

Figura 16 – Passos na criação de um modelo a ser simulado ............................................................... 3

Figura 17 – Mapa esquemático da Malha da MRS Logística ................................................................. 3

Figura 18 – Fotografia por satélite do pátio do Arará.............................................................................. 3

Figura 19 – Desenho esquemático do pátio do Arará............................................................................. 3

Figura 20 – Invasão da faixa de domínio da MRS nas de acesso ao pátio do Arará............................. 3

Figura 21 – Modelo de operação do Pátio do Arará ............................................................................... 3

Figura 22 – Estrutura do modelo no Arena .......................................................................................... 3

Figura 23 - Tela do Arena durante a realização da simulação ............................................................ 3

Figura 24 – Fluxograma de funcionamento da ferramenta ..................................................................... 3

Figura 25 – Programação de carregamentos – Ferramenta proposta.................................................... 3

Figura 26 – Chegada de vagões no terminal – Ferramenta proposta .................................................... 3

Figura 27 – Relatório sobre o comportamento do sistema – Ferramenta proposta ............................... 3

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Índice de Gráficos

Gráfico 1 – On time de chegada dos trens da MRS. .............................................................................. 3

Gráfico 2 – Custos dos usuários e da gerência em função do número de postos de atendimento ....... 3

Gráfico 3 - Tamanho médio da fila em função da taxa de utilização ...................................................... 3

Gráfico 4 – Relação dos acionistas da MRS.......................................................................................... 3

Gráfico 5 – Quantidade de vagões por terminal de destino.................................................................... 3

Page 7: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Características dos modais de transporte ............................................................................. 3

Tabela 2 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/1/∞/FIFO ....................................... 3

Tabela 3 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/1/K/FIFO........................................ 3

Tabela 4 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/c/∞/FIFO........................................ 3

Tabela 5 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/c/K/FIFO........................................ 3

Tabela 6 – Situações de demanda x capacidade ................................................................................... 3

Tabela 7 - Distribuição dos intervalos de chegadas nos terminais ......................................................... 3

Tabela 8 - Distribuição dos tamanhos dos blocos de vagões................................................................. 3

Tabela 9 - Distribuição dos tempos de terminal ...................................................................................... 3

Tabela 10 – Modelos de filas gerados .................................................................................................... 3

Tabela 11 – Simplificações adotadas na modelagem............................................................................. 3

Tabela 12 – Parâmetros imputados no modelo ...................................................................................... 3

Page 8: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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Siglas

ATC: Controle de Tráfego Automático

ATO: Operação Automática do Trem

CBTC: Controle de Trens Baseado em Comunicação

CCO: Centro de Controle Operacional

FAR: Sigla Ferroviária do Pátio do Arará

GLP: Gás Liquefeito de Petróleo

PCO: Planejamento e Controle da Operação

PCP: Planejamento e Controle da Produção

Page 9: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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RESUMO

Com o aumento dos volumes de produção em ritmo acelerado, a MRS Logística

está lidando com novos problemas até então não apresentados. Como

conseqüência, a empresa deixa de ganhar produtividade e competitividade no

mercado. Desta forma, para conseguir atingir os patamares de demanda para o

futuro próximo a empresa precisa se estruturar em todos os aspectos.

O processo atual de planejamento da Companhia não possui ferramentas para

enxergar as restrições e, por este motivo, decorrem planejamentos de atendimento

de demandas incompatíveis com a capacidade de produção da Empresa.

Esta monografia modela um sistema envolvendo pátios e terminais ferroviários

através de ferramentas computacionais de simulação e propõe uma ferramenta de

apoio ao planejamento com foco em formação de filas buscando com isso ganho de

produtividade.

Page 10: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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1 – Introdução

1.1 Introdução e justificativa do tema

Cada vez mais se torna necessário que as empresas aumentem sua

produtividade para ganharem competitividade no mercado onde atuam. Nesse

sentido, deve-se buscar reduzir ao máximo as etapas do ciclo de produção que não

agregam valor ao produto.

No caso da MRS Logística que vêm passando por crescimento muito rápido,

estão ocorrendo o surgimento de novos problemas até então desconhecidos pela

empresa, alguns dos quais que provocam perdas de desempenho em virtude do

aumento de etapas no ciclo de produção que não agregam valor.

Dentre estes problemas, pode-se citar o surgimento de filas de trens no decorrer

da malha da Companhia devido ao desbalanceamento entre a demanda e a

capacidade de atendimento dos terminais de descarga. Sabe-se que este fenômeno

se dá devidos a picos de produção, à limitação de infra-estrutura, falta de

previsibilidade, desconhecimento por parte da empresa das características do

sistema em questão e falhas no processo de planejamento e programação que não

enxerga as restrições do sistema nesta etapa.

Em decorrer deste fato, as filas, além de acarretarem prejuízos do ponto de vista

de processos internos através do aumento de custos, também afetam os clientes

com a queda do nível de serviço ofertado uma vez que a previsibilidade da chegada

de sua carga fica prejudicada.

Desta forma, a capacidade de transporte de uma empresa do setor ferroviário

como a MRS está diretamente relacionada ao ciclo do seu vagão, ou seja, ao tempo

de viagem desde a saída do vagão do ponto de carregamento até o seu retorno para

o mesmo.

Page 11: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

11

Essa relação pode ser representada pela fórmula 1 à seguir:

Ciclo

DiasVCCP

×= .

Onde:

CP: capacidade de produção de um vagão em um determinado período

CV: capacidade em toneladas de um vagão

Dias: período que deseja levantar a capacidade

Ciclo: ciclo do vagão

Através desta fórmula podemos perceber que, a redução do ciclo de produção é

inversamente proporcional à sua capacidade de produção. Ou seja, reduzir o ciclo

do vagão significa aumentar a produção sem a aquisição de novos ativos. Assim,

fica evidente que a redução do tempo de ciclo do vagão com a eliminação de etapas

que não agregam valor ao produto, tal como tempo de trem parado na malha devido

a filas é essencial.

Por outro lado, um importante fator de nível de serviço para os clientes é a

previsibilidade que é medida pelo indicador On Time de Chegada, ou acertividade

em relação ao horário de chegada previsto para o cliente.

Na figura a seguir apresenta-se o indicador On Time de Chegada no pátio do

Arará junto com o resultado global da empresa para os demais pátios:

Page 12: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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On time de chegada - Resultado global MRS x Trens d estino Arará

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

FAR Global

Gráfico 1 – On time de chegada dos trens da MRS.

Analisando o gráfico acima, pode-se perceber que os trens com destino ao pátio

do Arará estão com uma acertividade bem inferior à média da empresa. Isso que

dizer que os clientes que são atendidos nesta rota estão recebendo um nível de

serviço abaixo do esperado.

1.2 Objetivos

O objetivo desta monografia é minimizar o problema de geração de filas devido a

falhas no processo de planejamento e programação propondo uma metodologia

para tal com foco em previsão de formação de filas.

Para atingir este objetivo se faz necessário utilizar ferramentas de pesquisa

operacional para analisar o processo gerador de filas na malha ferroviária, em geral,

provocado pelos terminais de carga e descarga e então estudar uma melhor forma

de atender à realidade de programação da MRS.

Page 13: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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Devido à abrangência do tema, será tratado especificamente o pátio do Arará da

MRS Logística situado no porto do Rio de Janeiro.

1.3 Estrutura do Trabalho

Para alcançar os objetivos propostos, esta monografia foi dividida em sete

capítulos.

O Capítulo 1 dedica-se a uma breve introdução sobre o tema desenvolvido,

apresentando os objetivos e justificativas deste estudo, assim como a composição

da monografia.

No Capítulo 2 apresentam-se alguns conceitos básicos de transportes com

ênfase para ferrovia.

O Capítulo 3 trata de ferramentas analíticas e computacionais para cálculo da

produtividade de sistemas, envolvendo conceitos de Teoria de Filas, e Simulação de

Eventos Discretos.

O Capítulo 4 apresenta um estudo de caso na MRS em que analisa o processo

gerador de filas no pátio ferroviário do Arará utilizando ferramentas analíticas e

propõe uma ferramenta de planejamento e programação voltada para a redução de

filas.

O Capítulo 5 apresenta as conclusões do trabalho e sugestões para

desenvolvimentos futuros.

Page 14: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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2 – Transportes

2.1 Conceitos básicos de transportes

Segundo Bowersox (1986), “O transporte é a área operacional da logística que

movimenta geograficamente o estoque”. A importância dos transportes se dá pelo

fato dos recursos estarem distribuídos pelo mundo de forma desigual, obrigando que

ocorra movimentação destes recursos de um ponto para o outro. De acordo com

Stülp & Plá (1992), o segmento de transporte é um dos que mais interfere na

eficiência dos diversos setores da economia de um país.

Bustamante (2005) afirma que o transporte, no contexto da Economia, é um

setor de serviço ou uma demanda intermediária. Ou seja, isoladamente ele não cria

riqueza, mas atua como um fator viabilizador de tal forma que as potencialidades

econômicas de um determinado local não podem ser desenvolvidas sem sua

presença.

Desta forma, podemos concluir que o transporte é inerente a qualquer atividade

geradora de valor sendo um dos segmentos que mais interfere na eficiência dos

diversos setores da economia de um país, absorvendo entre um e dois terços do

total dos custos logísticos (BALLOU, 2001).

Um sistema de transporte eficiente e barato tem o poder de alterar o sistema

produtivo, baseado em alguns fatores:

• Um transporte barato viabiliza o alcance de mercados mais distantes e a

descentralização das unidades de produção.

• Ele leva a redução dos custos de produção dos produtos aumentando a

competitividade no mercado.

Page 15: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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2.2 Características dos Modais de Transportes

Os modais de transporte apresentam custos e características operacionais

específicas, que os tornam mais adequados para determinados tipos de operações e

produtos. Essas características específicas tornam os diferentes modais

complementares de tal forma que eles devem ser combinados para que o custo total

de transporte seja o mínimo para o seu usuário sem redução dos níveis de serviço.

Nesse sentido, Lício (1995) ressalta que a viabilização e integração dos corredores

modais de transporte (rodovia, ferrovia, hidrovia) aumenta a competitividade dos

produtos, integrando as áreas de produção, centros consumidores e o mercado

internacional.

Citamos a seguir a principais características dos transportes segundo

Bustamante (2005) e Ojima (2004):

• disponibilidade, isto é, capacidade do modal atender os pontos mais

diversos possíveis. Desta forma, o modal rodoviário tem uma alta

disponibilidade por teoricamente poder atingir qualquer lugar. O segundo

em disponibilidade é o ferroviário, dependendo claro da malha ferroviária

do país.

• acessibilidade, ou seja além de estar disponível, um modal deve estar

acessível de tal forma que ele possa ser utilizado nos locais em que está

disponível.

• qualidade de serviço, é um fator subjetivo que serve como diferencial na

hora escolha do modal a ser contratado. Está relacionado à capacidade do

modal em atender e superar as expectativas dos clientes.

• economicidade, está relacionado ao custo benefício do transporte.

Também é um fator subjetivo, mas decisivo na opção pelo modal a ser

contratado.

Page 16: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

16

• velocidade, refere-se ao tempo decorrido de movimentação da carga do

ponto de origem até o destino, também conhecido como transit time, sendo

o modal aéreo o mais rápido de todos. Vale lembrar que, considerando que

dentro deste critério é levado em consideração o tempo de carga e

descarga, a vantagem do modal aéreo só ocorre para distâncias médias e

grandes, Nazário, et al (2000).

• consistência, ela representa a capacidade do modal de cumprir os tempos

previstos. Como afirma Ojima (2004), por não ser afetado pelas condições

climáticas ou por congestionamentos, o duto apresenta uma alta

consistência. Já o modal aéreo tem uma grande sensibilidade a questões

climáticas devido à sua elevada preocupação com questões de segurança

e por isso possui uma baixa consistência (FLEURY, 2002). Esta

característica até certo ponto influencia na qualidade do serviço.

• flexibilidade, isto é, esta dimensão está relacionada à possibilidade de um

determinado modal atender diferentes produtos com volumes distintos.

Cabe aqui um destaque para o modal aquaviário por poder lidar

praticamente com qualquer tipo de produto ou volume.

• freqüência, ou seja, representa o percentual de tempo útil de um modal. Ou

seja o total de tempo que pode ser utilizado num determinado horizonte e

tempo. O duto é o que apresenta o melhor desempenho por poder

trabalhar 24 horas por dia.

Estas dimensões dão uma orientação sobre os pontos forte de cada modal

transporte uma vez que eles não são estritamente concorrentes, mas

complementares, cada um com seu campo de ação mais eficiente (BUSTAMANTE,

2005).

O quadro a seguir avalia os diversos modais segundo suas características,

indicadas pelas suas iniciais indicadas no eixo vertical:

Page 17: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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Ferrovia Rodovia Aquavia Aerovia Dutovia

DI linear linear superficial superficial linear

AC pontual linear pontual pontual linear

QU regular boa baixa ótima ótima

EC boa regular ótima baixa boa

VE boa alta regular ótima baixa

CO boa alta regular baixa ótima

FL alta boa ótima regular baixa

FR boa alta baixa regular ótima

Tabela 1 - Características dos modais de transporte Fonte: Ojima (adaptado) (2004)

Para melhorar o entendimento serão exemplificados os conceitos de

disponibilidade e acessibilidade nos modais ferroviário, rodoviário, aquaviário,

aeroviário e dutoviário, segundo Bustamante (2005):

Disponibilidade

• a ferrovia possui disponibilidade linear, pois ela tem a capacidade de

atender somente os pontos ao longo de suas vias férreas que podem ser

limitadas por fatores de segurança e, principalmente, de topografia;

• a rodovia tem também disponibilidade linear , com restrições de

atendimento em geral reduzidas, ditadas geralmente, assim como as

ferrovias, por fatores de segurança ou de topografia;

• as aquavias apresentam disponibilidade superficial, ou seja, pela

“superfície” da água de oceanos, mares, lagos, rios e canais, etc;

• o transporte aeroviário, apesar de sabermos da existência das vias aéreas

que o classificariam como linear, teoricamente tem disponibilidade

superficial;

Page 18: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

18

• o transporte dutoviário tem disponibilidade linear ao longo dos dutos de

passagem dos produtos transportados.

Acessibilidade

• a ferrovia por razões técnico-operacionais e econômicas só pode ser

acessada em determinados locais pré-definidos. Por isso, diz-se que a

ferrovia tem acessibilidade pontual em terminais, estações, pátios, etc;

• a rodovia devido a sua facilidade de parada e partida em quase todos

locais, pode ser considerada de acessibilidade linear no decorrer de sua

via;

• da mesma forma do que a ferrovia, o transporte aquaviário também possui

acessibilidade pontual em locais como os portos;

• o transporte aeroviário por razões técnicas, topográficas e ambientais de

segurança tem acessibilidade pontual nos aeroportos. Vale lembrar que os

helicópteros têm praticamente uma acessibilidade superficial;

• o transporte dutoviário como oferece poucas restrições de acesso, tem

acessibilidade linear .

2.3 Tipos de Modais de Transportes

Neste item serão tratados os modais Aquaviário, Rodoviário, Aeroviário e

Dutoviário. O modal Ferroviário por ser tema deste trabalho será tratado mais

detalhadamente no tópico 2.4.

Aquaviário : É um modal de transporte altamente limitado por questões

geográficas. Como afirma Ballou (2001), é um transporte, na média, mais lento que

Page 19: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

19

o ferroviário. Quanto aos índices de desempenho disponibilidade e consistência (ver

item 2.2), pode-se afirmar que são diretamente dependentes das condições

climáticas (inverno pode apresentar águas congeladas e verão com períodos de

secas). Algumas barcaças são capazes de transportar até 40 mil toneladas o que

torna o modal como um transporte de alta capacidade e flexibilidade. Os

investimentos feitos nos últimos anos para a melhoria do modal foram: sistemas de

navegação por radar, piloto automático, entre outros.

Rodoviário: É o mais flexível dos modais quanto à entrega para o cliente. É

conhecido por ser um transporte de porta a porta. Devido a sua flexibilidade,

trabalha-se tanto com carga fechada quanto com carga fracionada. O modal possui

limitações na quantidade carregada, não só pelo alto peso próprio (tara), mas

também por leis que regulam o limite de peso nas estradas. No Brasil, é o modal

mais utilizado devido à política de transporte nacional ter privilegiado este tipo de

modal quando na época da formação da infra-estrutura de transportes do país.

Aeroviário: É um modal mais utilizado para o transporte de produtos com alto

valor agregado. Dentre todos os modais é que o que possui o maior preço de

transporte e, apesar do custo associado, sua utilização para o transporte de cargas

está em constante aumento. Caracteriza-se pela alta rapidez, mas o tempo de

entrega não é diretamente proporcional à velocidade do avião (existe o tempo do

embarque e o período em que a aeronave fica taxiando). Vale lembrar que é um

modal de transporte que é afetado diretamente pelas condições climáticas. Por se

tratar de um serviço de transporte considerado nobre sua qualidade é superior.

Dutoviário : Segundo Ballou (2001), é um modal limitado quanto à capacidade e

faixa de serviços. Quanto à consistência pode-se considerar altíssima e requer

apenas uma manutenção preditiva para assegurar esta confiabilidade. Sua

velocidade de transporte é baixa.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres, o transporte Dutoviário

pode ser dividido em:

Page 20: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

20

o Oleodutos , cujos produtos transportados são, em sua grande maioria:

petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e

nafta, entre outros.

o Minerodutos , cujos produtos transportados são: Sal-gema, Minério de

ferro e Concentrado Fosfático.

o Gasodutos , cujo produto transportado é o gás natural.

2.4 Modal Ferroviário

2.4.1 Introdução ao Modal Ferroviário

Segundo Ballou (2001), “a ferrovia é basicamente um transportador de longo

curso e um movimentador lento de matéria prima”. Percebemos que além de

transportador de matéria prima (carvão, bauxita e minérios) este modal também é

especializado no transporte de produtos manufaturados de baixo valor agregado

(produtos siderúrgicos, canos). Já são encontrados serviços especializados de

transporte por meio de ferrovia como, por exemplo, transporte em vagões

climatizados (para perecíveis) e com baixo impacto no produto (que permite o

transporte de produtos com alta tecnologia). Na ferrovia, preferencialmente, é

utilizado o serviço de carga completa com grandes volumes, o que diminui o impacto

do preço do transporte no custo unitário do produto.

2.4.2 Elementos de uma Ferrovia

A Ferrovia é talvez o modal de transporte mais complexo de ser gerenciado uma

vez que o responsável pela sua operação, diferentemente dos outros modais, tem

que lidar com todos os sistemas envolvidos na sua operação. Um administrador de

uma transportadora rodoviária, por exemplo, não precisa se preocupar em gerenciar

a sinalização ou o pavimento da rodovia. O mesmo acontece com uma empresa

área que no geral não é a mesma que administra o aeroporto. De uma forma geral,

um transportador ferroviário tem que lidar com os seguintes elementos:

Page 21: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

21

2.4.2.1 Via permanente

É a via da Ferrovia. Recebeu este nome no passado por ser o único modal

terrestre a manter a operação em época de chuvas. Ela se decompõe em três partes

complementares, a saber:

Figura 1 – Pavimento Ferroviário

(fonte: Álvaro Vieira, apostila Curso Especialização em Transporte Ferroviário de Cargas)

Infra-estrutura: tem a função de suportar a superestrutura ferroviária e permitir

a implantação de obras de arte, tanto especiais quanto as correntes. Corresponde

basicamente das ações de terraplenagem incluindo, subleito, sublastro.

Superestrutura: tem a função de permitir o rolamento seguro dos veículos ao

longo da via. Para isso, recebe a carga da roda e a distribui para a infra-estrutura.

Tem a função também de auxiliar na drenagem superficial. Fazem parte da

superestrutura os seguintes elementos:

Page 22: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

22

Lastro: na maioria dos casos, corresponde à pedra britada. Serve de apoio para

os dormentes, realizando a função de distribuir corretamente os esforços para a

infra-estrutura. Exerce também o papel de drenagem superficial e de reconstituição

do nivelamento da via.

Figura 2 – Prejuízos de uma via férrea sem lastro

(fonte: http://creative.gettyimages.com)

Dormentes: na sua grande maioria são de madeira, mas existem aplicações em

concreto, aço e polímeros. Suas funções são: 1) oferecer um suporte adequado e

seguro para os trilhos distribuindo ao lastro uniformemente a pressão transmitida

aos trilhos pelas rodas; 2) garantir estabilidade transversal, vertical e longitudinal da

via e; 3) manter a bitola da linha (distância entre trilhos).

Page 23: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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Figura 3 – Dormente de madeira

(fonte: Telmo Giolito Porto, Curso Ferrovias)

Trilhos: estrutura de aço que tem a função de proporcionar uma superfície de

rolamento lisa, guiando as rodas pela via. Eles são representados pelo peso que

apresentam por metro linear; exemplo TR-57 – representa o peso de 57 kg por

metro de trilho. O trilho divide-se em:

Boleto: é a área de apoio das rodas.

Patim: é base de apoio do trilho.

Alma: é a ligação entre o boleto e o patim.

Figura 4 – Perfil de trilho

(fonte: Telmo Giolito Porto, Curso Ferrovias)

Fixação: são as estruturas que permitem que os trilhos fiquem presos aos

dormentes. Elas podem ser rígidas, quando impedem qualquer tipo de

movimentação do trilho em relação ao dormente ou elásticas que permitem uma

oscilação vertical controlada e são mais eficientes.

Page 24: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

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2.4.2.2 Material Rodante

Os veículos na ferrovia são chamados de material rodante. Existem os veículos

de tração e os veículos rebocados. Os primeiros são as locomotivas, automotrizes,

entre outros. Já os veículos rebocados são os vagões de carga e os carros de

passageiro.

As locomotivas variam de acordo com a fonte de energia utilizada para gerar

esforço trator (vapor, diesel, elétrica, etc.) e a potencia capaz de fornecer.

Os vagões são responsáveis por acondicionar a carga rebocada podendo ser

classificado em: fechados, gôndolas, plataformas, hopper, tanques e especiais.

Sendo cada um deles mais adequado para o transporte de um determinado tipo de

carga.

Figura 5 - Vagão tanque utilizado para o transporte de combustíveis

2.4.2.3 Sistemas de Controles Ferroviários

Os controles são responsáveis normalmente por sistemas de sinalização e

licenciamento (permissão de movimento).

O licenciamento é o conjunto de normas e procedimentos que garantem a

circulação segura dos trens e a sinalização é o sistema que realiza o licenciamento.

Page 25: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

25

Os sistemas de sinalização têm a capacidade de aumentar a segurança e

capacidade da via de acordo com a tecnologia empregada. Os primeiros sistemas

de sinalização eram realizados por telex / telegrama / telefone e depois evoluíram

para o sistema staff. O próximo passou foi a evolução para a tecnologia de Controle

de Tráfego Sinalizado – CTC que trouxe grandes impactos positivos na capacidade

das vias. O CTC baseia-se na utilização de circuitos de via, intertravamento, sinais,

sistemas de transmissão de dados e de um Centro de Controle Operacional (CCO).

Figura 6 – Centro de Controle Operacional da MRS

Posteriormente veio o sistema ATC – Controle de tráfego automático – que

proporciona ganho de segurança e capacidade quando comparado com o CTC,

possibilitando maior confiabilidade e proximidade entre trens.

ATC = CTC + {Sinal de Cabine e Controle de sobrevelocidade}

Uma evolução do ATC é o ATO – Operação automática do trem – utilizado no

transporte de passageiros. Ele permite intervalos muito pequenos entre

composições, mas seu custo é extremamente elevado.

Existem também os modernos sistemas denominados CBTC – Controle de

Trens Baseado em Comunicação – que segundo Venâncio (2006) tem como alguns

dos seus fundamentos o controle contínuo da posição do trem e de sua velocidade,

comunicação contínua entre os trens e os equipamentos fixos ao longo da via, a

existência de um Centro de Controle Operacional para integração das comunicações

e a utilização de equipamentos a bordo dos trens e à margem da via.

Page 26: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

26

2.4.2.4 Pátios Ferroviários

No transporte ferroviário, os pátios são pontos de acessibilidade ao modal

através dos terminais e onde os trens são compostos, manobrados, carregados ou

descarregados, revisados ou simplesmente parados por razões operacionais como

em cruzamentos entre trens de sentidos opostos. Podem ser extremos ou

intermediários, conforme sua situação em relação ao trecho da via.

2.4.3 Planejamento Ferroviário

Uma Ferrovia deve se planejar para verificar a capacidade de atendimento à

demanda de transporte e definir como será realizado este atendimento de tal forma

que atenda as expectativas dos clientes. Um planejamento é considerado eficaz

quando envolve todas as áreas de produção da empresa e atende aos requisitos

solicitados pelos clientes. Para melhor entendimento de um planejamento de uma

Ferrovia, utilizaremos com exemplo o PCP da MRS Logística SA.

2.4.3.1 Planejamento Longo Prazo

Anualmente, a área de Planejamento Estratégico atualiza o Plano de Negócios

da empresa. Para isso, a área Comercial repassa para o PCP as estimativas de

demanda dos clientes para os próximos cinco anos considerando um cenário mais

otimista e um outro conservador. Para realizar esta previsão de demanda a área

Comercial baseia-se em: 1) indicadores econômicos do setor de transportes e de

atuação dos seus principais clientes; 2) perspectivas de aumento de participação no

mercado e 3) alguns projetos que estão em desenvolvimento pelos clientes que

sinalizam aumento de demanda.

Com esta demanda em mãos, o PCP dimensiona a necessidade de locomotivas,

vagões e maquinistas para o horizonte de análise. Esses números são repassados

para o Planejamento Estratégico para realização do Plano de Negócios. Além disso,

Page 27: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

27

o planejamento anual também é utilizado como base para realização do orçamento

anual da Companhia.

2.4.3.2 Planejamento Mensal

Mensalmente a área Comercial prospecta junto aos clientes a demanda de

transporte para o mês seguinte e a repassa para o PCP que a transforma em

vagões, locomotivas, vagões, trens e maquinistas.

Planejamento de Vagões

O PCP recebe a demanda e a transforma em vagões para verificar se a

capacidade de transporte é suficiente para atender a demanda. Caso verifique que a

capacidade é maior do que a demanda, a área Comercial deverá ser informada para

que possa buscar no mercado novas cargas. Caso aconteça o contrário, o PCP

negocia com o CCO (tempo de trânsito) e a área Comercial (tempo de carga e

descarga) para verificar a possibilidade de melhorar o ciclo dos vagões ou com o

Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) para avaliar a possibilidade de

disponibilizar mais vagões para o transporte (diminuir imobilização) ou ainda utilizar

outro tipo de vagão com maior capacidade para atendimento ao fluxo. Todo esse

planejamento é realizado baseado em torno da fórmula básica de planejamento

ferroviário:

Ciclo

DiasNVVCD

××= .

Onde:

D: Demanda planejada

CV: capacidade do vagão

NV: número de vagões alocados no fluxo

Dias: Dias do período de análise

Ciclo: ciclo dos vagões

Page 28: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

*Heavy Haul: Minério de Ferro, Carvão e Bauxita

Carga Geral: Outras cargas que não sejam Heavy Haul. Ex.: Contêiner, Soja.

28

Com esta fórmula fica claro que as únicas variáveis possíveis de serem

trabalhadas é a capacidade do vagão (caso seja possível alterar o tipo de vagão

para atender ao fluxo), ciclo dos vagões ou número de vagões alocados no fluxo.

Como exemplo, veremos os números a seguir:

Produto Demanda Dias mês CicloVagão

utilizadoCapacidade

do vagãoNecessidade de Vagões

Disponibilidade de Vagões

Ferro Gusa 40.000 30 4 dias GFS 75 ton. 71 75

P. Siderúrgico 90.000 30 5 dias PES 72 ton. 208 200

Para o caso do Ferro Gusa em que a necessidade de vagões está menor do

que a disponibilidade é viável que a área Comercial busque mais carga para

transporte ou que a Mecânica adiante a manutenção dos vagões que estão

“sobrando”. Já no caso do Produto Siderúrgico a disponibilidade está menor do que

a necessidade e então deve ser negociado com a Mecânica mais vagões para o

transporte ou a redução do ciclo dos vagões com CCO e a área Comercial. Caso

nenhuma dessas ações sejam possíveis, o PCP deve informar a área Comercial,

que irá retornar para o cliente que sua solicitação de transporte não poderá ser

atendida.

Vale lembrar que no caso das cargas denominadas Heavy Haul*, os vagões

são agrupados em tabelas que irão circular em conjunto em trens unitários caso seja

viável. Exemplo:

2640 vagões = 20 tabelas x 132 vagões

Planejamento de Trens

Somente são planejados os trens de Carga Geral* uma vez que os trens

unitários de Heavy Haul não tem horário de partida e chegada nem paradas

intermediárias para anexação ou desanexação de vagões funcionando

operacionalmente semelhante a um carrossel que carrega, viaja, descarrega, viaja e

carrega novamente.

Page 29: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Origem: Carga

Trâ

nsito

Car

rega

do

Trânsito

Vazio

Destino: Descargav

Figura 7 – Diagrama típico de ciclo de um trem Heavy Haul

Já os trens de Carga Geral possuem horários pré-determinados de partida e

chegada e executam paradas em pátios intermediários em horários também pré-

definidos para anexação e desanexação de vagões. Pode-se dizer que de um modo

geral os trens de Carga Geral são trens com diversas origens e destinos que

atendem mais de um cliente em pontos distintos.

v

Origem 1: Carga

Orig

em 2

:

Car

ga

Destino 1: Descargav

Destino 2:

Descarga

Figura 8 - Diagrama típico de ciclo de um vagão de Carga Geral

Para o planejamento destes trens de Carga Geral é desenhada uma Grade de

Trens que irá atender a demanda do mês. Esta grade define todos os trens de Carga

Page 30: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Geral disponíveis, com a freqüência de saída e os pontos de partida, de paradas

intermediárias e chegada com os respectivos horários em cada local.

LOCAL HORA LOCAL HORA

FJC 1,2,3,4 FBP 4

05:00 07:00 14:30 15:00 19:00 21:00 00:30 02:00 07:30 08:30

08:30 09:50 16:00 16:30 21:00 22:30 00:10 00:25 05:00 07:00

FBP 2,4 HRS 1

2FJC 2,3 FOJ 2 FBB 1

FAR 8:30 31:002 RER01 FBO 1:30

FOJ 2,7 FBB 1 HRS 1

1 KCR11 FDM 1:00 FAR 10:00 33:00 3

TrânsitoQTD.

LOCOS P/ TREM

CHEGADA E PARTIDA NOS PÁTIOS ONDE EXISTE PROGRAMA DE ATIVIDADE DO TREM - PAT

N.º TREMORIGEM DESTINO

Figura 9 – Grade de Trens de Carga Geral

(fonte: MRS Logística)

Planejamento de Locomotivas

Para o caso dos trens unitários de Heavy Haul, deve-se levar em consideração a

quantidade de tabelas de vagões que serão necessárias para atender a demanda do

mês e então calcular a quantidade de locomotivas a serem alocadas para cada uma

destas tabelas.

Já a necessidade de locomotivas para os trens de Carga Geral é calculada

baseada na quantidade de trens previstos na Grade de Trens.

Além disso, devem ser planejadas locomotivas para os pátios de manobra e os

helpers que são as locomotivas que ficam em alguns trechos da via com maior

inclinação auxiliando a tração das composições que passam por ali.

Planejamento de Equipagem

Não existe um planejamento mensal de necessidade de equipagem (maquinistas

e auxiliares de maquinista). Todo dimensionamento de quantidade de mão de obra

necessária é feita no plano anual e só é revista caso alguma mudança significativa

de cenário de demanda. Todavia, vale lembrar que atualmente maquinista é uma

mão de obra escassa que necessita de algum tempo para ser formada e por isso,

variações de demanda não podem ser supridas rapidamente.

Page 31: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Desta forma, o único planejamento mensal existente é para adequação do

horário de apresentação dos maquinistas e auxiliares para o mês seguinte de acordo

com as alterações na grade de trens.

2.4.3.3 Planejamento Semanal

Semanalmente são realizados ajustes do Plano Mensal em que o cliente informa

para a área Comercial a demanda para a próxima semana. Caso ocorra alguma

variação em relação ao que foi solicitado no Planejamento Mensal, o PCP atualiza o

dimensionamento de recursos para verificar se existe capacidade de atendimento à

nova solicitação. Caso não seja possível, é verificada a possibilidade de atender os

fluxos com vagões de maior capacidade, redução dos ciclos ou aumento da

disponibilidade de vagões. Não sendo possível aumentar a capacidade de

transporte, a área Comercial deve realizar trade offs indicando quais clientes

deverão ser atendidos.

2.4.3.4 Programação Diária

É o nível de planejamento mais operacional que existe. Diferentemente dos

outros planejamentos que são de maior prazo, a programação diária define como

deverá ser realizada a execução de acordo com o cenário mais atualizado da

realidade. Ou seja, ela existe para programar o atendimento de acordo com a

demanda do cliente para no curtíssimo prazo, ajustando baseado nas anomalias

diárias que acontecem na operação. A programação define, por exemplo, para onde

serão destinados os vagões, qual locomotiva e maquinista irá para qual trem, que

horário os vagões serão entregues e devolvidos para os terminais, entre outros. É

papel da programação buscar o alinhamento com o que foi planejado nas etapas

anteriores.

Page 32: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Figura 10 – Níveis de planejamento

2.4.4 Produtividade em Ferrovias

Conforme afirma Corrêa (2004), num ambiente crescentemente competitivo, só

uma operação com alta produtividade permitirá que mercadologicamente se possa

ser agressivo em reduções de preço. No caso das ferrovias, que possuem como

diferencial competitivo o preço das tarifas, este conceito torna-se ainda mais

importante. Corrêa (2004) menciona também os fatores internos de uma empresa

que podem influenciar na sua produtividade e que devem ser considerados:

a) grau de utilização do estoque disponível de bens de capital e tecnologia;

b) atualidade, intensidade e adequação tecnológica;

c) grau de economias de escala;

d) estratégia competitiva;

Page 33: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

e) sistema de avaliação de desempenho da força de trabalho e da gestão;

f) métodos gerenciais e organização do trabalho;

g) políticas de recursos humanos;

h) habilidade, qualificação, motivação e composição da força de trabalho.

A produtividade, portanto, é uma medida que relaciona as entradas (insumos) e

as saídas de um sistema:

entradas

saídasadeprodutivid =

Os principais insumos para a realização de um transporte ferroviário, são as

locomotivas, vagões e maquinistas e, como vimos anteriormente, a capacidade de

produção (saídas) de uma ferroviária é dada pela fórmula:

Ciclo

DiasNVVCD

××= .

Sendo assim, fica claro que quanto menor o ciclo dos trens menor será a

necessidade de vagões, locomotivas e maquinistas para realizar o mesmo volume.

Ou seja, um ciclo menor significa menos insumos para realizar a mesma produção.

Desta forma, a operação de uma ferrovia deve buscar intensamente a redução do

ciclo dos trens para aumentar sua produtividade. O ciclo de um trem é composto

pelas seguintes etapas:

Page 34: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Carga

Via

gem

Car

rega

do

Viagem

Vazio

Descarga

Figura 11 – Etapas do ciclo de um trem

Sendo:

Carga: tempo em que o vagão fica no terminal de carga.

Viagem Carregado: tempo em que o vagão fica em trem viajando com a carga

até o destino.

Descarga: tempo em que o vagão fica no terminal de descarga.

Viagem Vazio: tempo em que o vagão viaja vazio retornando para a carga.

Se um trem fica em fila aguardando ser recebido para carga ou descarga, as

etapas do ciclo viagem carregado ou viagem vazio crescem, ocasionando perda de

produtividade. Daí a importância de se controlar as filas de trens.

Quando uma operação estiver otimizada de tal forma que ganhos de ciclo não

são possíveis de serem atingidos somente com melhorias operacionais, deve-se

buscar realizar investimentos de forma a aumentar a capacidade de produção do

sistema como um todo.

Page 35: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

3 – Ferramentas analíticas e computacionais para o cálculo de

produtividade de sistemas

3.1 Teoria de Filas

3.1.1 Introdução

Todas as pessoas detêm um certo conhecimento empírico do fenômeno de filas

uma vez que é um acontecimento inerente à atividade humana. Enfrentam-se filas

nos supermercados, nas estações de ônibus, para ligar para centrais de

atendimento, entre outras. Cabe ressaltar também que não só as pessoas lidam com

filas, os produtos em uma linha produção, por exemplo, estão também sujeitos a

este tipo de fenômeno. Além disso, as filas podem ser abstratas, tais como dados

esperando espaço na memória dos computadores, como também podem ser

organizadas de forma não “enfileirada” como as pessoas esperando para serem

atendidas em um consultório médico.

Desta forma, segundo Sinay (2005) um sistema de filas é qualquer processo

onde os usuários oriundos de uma determinada população chegam para receber um

serviço pelo qual esperam, se for necessário, saindo do sistema assim que o serviço

é completado. Essa espera acontece quando a demanda é maior do que a

capacidade de atendimento oferecido, em termos de fluxo.

O grande problema das filas é que, quando se fala de empresas que prestam

serviços, sua ocorrência acarreta em insatisfação para o cliente que acaba

retornando o prejuízo para o fornecedor do serviço. Por outro lado, as filas em linhas

de produção são responsáveis pelo aumento da parcela de tempo do ciclo que não

agrega valor ao produto. Por isso, o gerenciamento dos sistemas de processamento

de fluxo, de sua capacidade e das filas que eventualmente sejam formadas é uma

parte fundamental da determinação do nível de serviço que uma unidade produtiva

oferece (CORREA, 2004).

Page 36: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

A Teoria de Filas é um método analítico que tem como objetivo determinar e

avaliar as medidas de desempenho de um sistema que expressam sua

produtividade/operacionalidade. Entre essas medidas podem-se citar:

⇒ número médio de elementos na fila;

⇒ tempo médio de espera pelo atendimento;

⇒ tempo médio de atendimento;

⇒ taxa de utilização dos servidores.

Pode-se perceber a importância do conhecimento destas medidas uma vez que

elas auxiliam nas tomadas de decisão da companhia fornecendo informações

estratégicas sobre o sistema.

3.1.2 Objetivos da Teoria de Filas

As decisões a serem tomadas a partir das medidas de desempenho fornecidas

pela Teoria de Filas podem ser vistas sob duas óticas distintas: do fornecedor do

serviço e do usuário. Para o fornecedor do serviço os indicadores importantes são

taxa de utilização dos servidores e tempo médio de atendimento que traduzem o

desempenho do serviço. Já para o usuário/cliente o que importa é o número médio

de clientes na fila, tempo médio de espera pelo atendimento e velocidade média do

atendimento. Pode acontecer ainda de dentro de um grupo destes existirem

interesses distintos: um cliente preocupa-se com o tempo que ele ficará no sistema e

outro com a probabilidade de ele ficar no sistema mais do que x minutos. Cabe

lembrar que no caso de filas em linhas de produção, onde o cliente também é o

fornecedor do serviço os objetivos são os mesmos.

Tomar decisões baseado somente em uma destas óticas pode ocasionar em

perdas para os envolvidos. Sendo assim, o grande objetivo dos gestores quando na

tomada das decisões é buscar um ponto de equilíbrio (gráfico 2) de tal forma, que as

receitas da empresa sejam crescentes a longo prazo. Segundo Sinay (2005), o

correto dimensionamento do serviço no que se refere ao número de postos de

atendimento e à velocidade de processamento é essencial para se manter um

Page 37: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

equilíbrio entre o capital disponibilizado no sistema e o nível de serviço / retornos

pretendidos.

Postos de Atendimento em Paralelo

Cus

tos

Custos gerência Custos usuários Custo total

Gráfico 2 – Custos dos usuários e da gerência em função do número de postos de atendimento

fonte: Sinay (Adaptado) (2005)

Como se pode perceber no gráfico 2, com o aumento do número dos postos de

atendimento em paralelo os custos decrescem para os usuários do sistema

ocasionado em maior satisfação para o cliente. Todavia, caso esses custos sejam

incrementados à formação do preço do produto e repassados para os clientes eles

podem inviabilizar seu valor no mercado. Por outro lado, uma menor quantidade de

postos de atendimento em paralelo reduz os custos para a empresa, mas a partir de

um determinado nível pode causar insatisfação para os usuários deste sistema pelos

tempos de espera crescentes, que naturalmente procurarão um serviço concorrente.

Sendo assim, torna-se necessário a modelagem da curva de custo total. De posse

dos parâmetros desta curva, o gestor deve modelar seu sistema de tal forma que o

custo total seja mínimo. Este é o ponto de equilíbrio.

Page 38: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

3.1.3 Elementos de uma Fila

Um sistema de fila é formado por uma população de onde surgem os clientes ou

produtos que formam uma fila aguardando para serem atendidos pelos servidores.

População Fila

Servidor

Servidor

Servidor

Atendimento

Figura 12 – Elementos de uma fila

(fonte: Prado, 2004)

A seguir as principais características de uma fila serão apresentadas:

Clientes e tamanho da população

Um cliente é proveniente de uma população que pode ser de fonte finita ou

infinita. Dizemos que uma população é infinita quando ela é grande ao bastante ao

ponto de um de seus elementos ingressarem no sistema de filas e ela não ser

afetada por isso. Como exemplo podemos citar uma população de onde são

originados clientes que ingressam em uma agência bancária. No caso de uma

população finita, ela é pequena o suficiente tal que a saída de um elemento da

população fonte faça diferença. Seria o caso de uma mineração, na qual um silo

carrega com minério os trens que chegam. Se existem 5 trens e, se ocorrer de todos

eles estarem na fila do silo, então não chegará nenhum outro trem.

Page 39: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Processo de Chegada ou Modelo de Chegada:

O processo de chegada define como os clientes ingressam no sistema. De

acordo com o modelo de chegada ele pode ser classificado como determinístico ou

estocástico. Ele é dito ser determinístico quando se conhece exatamente o número

de chegadas e os instantes de tempo que elas ocorrem. Um modelo é estocástico

quando as chegadas ocorrem de forma aleatória obedecendo a um modelo de

distribuição de probabilidade.

O processo de chegadas geralmente é especificado pela taxa média de

chegadas e o intervalo médio de chegadas no sistema.

Processo de Atendimento ou Modelo de Serviço O processo de atendimento é especificado pelo tempo médio de atendimento e

taxa de atendimento que na verdade representam a velocidade com que o servidor

do sistema está realizando o atendimento. Seu comportamento é análogo ao

processo de chegadas.

Número de servidores Representa a quantidade de locais para a realização do atendimento. Pode ser

um número finito no caso de guichês de atendimento de praças de pedágio ou

infinito nos atendimentos do tipo “self service” em que o próprio cliente realiza seu

atendimento.

Capacidade do sistema

Esta característica indica o número máximo de usuários que o sistema

comporta, tanto clientes em atendimento quanto em fila, também pode ser chamado

de buffer do sistema. Esta capacidade pode ser finita como no caso de peças

aguardando para serem torneadas em uma linha de produção como também infinita

Page 40: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

no caso de trens aguardando na ferrovia para ingressarem no porto. No caso de

sistemas com capacidade finita, caso ela seja atingida, novos clientes serão

rejeitados em virtude da incapacidade de atendimento.

Disciplina das filas

Define a regra de atendimento dos usuários no sistema. Podem ser dos

seguintes tipos:

FIFO ou PEPS (“First in First Out” ou “Primeiro a Entrar Primeiro a Sair”): os

usuários são atendidos de acordo com a ordem de chegada isto é, atendimento de

acordo com a ordem de chegada.

LIFO ou UEPS (“Last in Firs Out” ou “Último a Entrar Primeiro a Sair”): isto é,

quem chega por último é o primeiro a ser atendido. É um tipo de disciplina mais

aplicado a modelos de estoque.

PRI (“priority service”): os atendimentos acontecem de acordo com uma

prioridade pré-estabelecida. Como exemplo pode-se citar o ingresso de mulheres

grávidas em um ônibus ou trânsito de cargas para navios com vencimento do dead

line.

SIRO (“service in random order”): é o caso em que os atendimentos ocorrem de

forma aleatória. Exemplo: contemplação de consórcios.

3.1.4 Medidas de Desempenho de Filas

Neste item serão apresentadas as principais medidas de desempenho que

podem ser obtidas a partir da Teoria de Filas. Medidas de desempenho são

indicadores a partir dos quais é possível conhecer as principais características do

sistema estudado. São elas:

Page 41: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

λ: taxa de chegada

µ: taxa de atendimento

1/λ: intervalo entre chegadas sucessivas

1/µ: tempo médio de atendimento

Lq: número médio de usuários na fila

L: número médio de usuários no sistema

Wq: tempo médio de espera na fila

W: tempo médio de espera no sistema

c: número de atendentes

ρ: taxa de utilização dos atendentes (ρ = λ / (c*µ))

i: Intensidade de tráfego (i: λ/µ)

3.1.5 Notação Kendall

A notação Kendall, proposta por David Kendall em 1953, é utilizada para

descrever as principais características do sistema de fila. Esta notação é da seguinte

forma: A/B/c/K/Z,

onde:

A: descreve a distribuição de chegada;

B: descreva a distribuição de atendimento;

c: número de servidores em paralelo;

K: capacidade máxima do sistema;

Z: disciplina da fila.

Cabe lembrar que A e B descrevem distribuições de probabilidade:

M: Exponencial ou Marcoviana ou Poisson

Ek: Distribuição Erlang do tipo K.

G: Distribuição Geral

Page 42: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Por exemplo, a notação M/E2/2/∞/FIFO significa que a distribuição de

probabilidades de tempo entre chegadas sucessivas é do tipo Exponencial, as

probabilidades de tempos de atendimento são Erlang do tipo 2, existem dois

servidores em paralelo, o sistema possui capacidade infinita e a disciplina de

atendimento é FIFO. Quando se omitem os dois últimos termos desta notação K e Z

quer dizer que o sistema possui capacidade infinita e a disciplina de atendimento é

FIFO.

3.1.6 Modelos Básicos de Filas

3.1.6.1 Modelo M/M/1/ ∞∞∞∞/FIFO

Neste modelo, tanto os intervalos entre chegadas quanto os tempos de

atendimento são markovianos. É o caso de apenas um servidor para realizar os

atendimentos, que ocorrem de acordo com a ordem de chegada e a capacidade do

sistema é infinita.

Figura 13 – Modelo de fila M/M/1

(fonte: Prado, 2004)

Principais indicadores de desempenho do Modelo

Nome Descrição Fórmula

ρ Taxa de utilização µλρ =

P0 Probabilidade do sistema ficar

ocioso ρ−=10P

Pn Probabilidade de n usuários no )1( ρρ −= nnP

Page 43: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

sistema

L Número médio de usuários no

sistema )1( ρρ−

=L

Lq Número médio de usuários na fila )1(

2

ρρ−

=qL

W Tempo médio de espera no sistema λµ −= 1

W

Wq Tempo médio de espera na fila λµρ−

=qW

Wq (t) Função de probabilidade acumulada

de tempo de espera na fila

tqq etTPtW )(1)()( λµρ −−−−=≤=

W (t) Função de probabilidade acumulada

de tempo de espera no sistema

tetW )1(1)( ρ−−−−=

Tabela 2 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/1/∞/FIFO

(Fonte: Sinay, 2005)

Cabe lembrar que, conforme cita Prado (2005), sistemas estáveis exigem um

valor de λ menor que µ o que é equivalente a dizer uma taxa de utilização ρ < 1. Isso

acontece pois, quando ρ tende para 1, a fila tende a aumentar infinitamente,

conforme demonstração a seguir:

)1( ρρ−

=L

Pela fórmula, pode-se verificar que se ρ tender para 1, L tende para infinito,

saturando o sistema.

Page 44: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Taxa de Utilização

Tam

anho

Méd

io d

a F

ila

Gráfico 3 - Tamanho médio da fila em função da taxa de utilização

(Fonte: Prado, 2004)

3.1.6.2 Modelo M/M/1/K/FIFO

Como no caso anterior, os tempos entre chegadas sucessivas e os tempos

de atendimento seguem distribuições markovianas (ou exponenciais) de parâmetros

λ e µ respectivamente. Trata-se também de um modelo com um único servidor que

realiza os atendimentos de acordo com a ordem de chegada. A diferença em relação

ao modelo anterior é que neste caso o sistema possui capacidade finita. Isso implica

que a taxa de ingresso ao sistema, λn’ difere da taxa de chegada quando a

capacidade máxima do sistema é atingida. Neste caso, as taxas de ingresso e de

atendimento são dadas por:

λn’ = λ, ∀ 0<= n <= K

0, n >= K

µn = µ

onde n = número de usuários no sistema

Page 45: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Principais indicadores de desempenho do Modelo

Nome Descrição Fórmula

ρ Taxa de utilização µλρ =

P0 Probabilidade de sistema vazio

11

10 =→

+= ρse

KP

11

110 ≠→

−−=

ρρ se

kP

Pn

Probabilidade de n usuários no

sistema

11

1 =→+

= ρsen K

P

11

)1(1

≠→−−= + ρ

ρρρ se

k

n

nP

L Número médio de usuários no

sistema

12

=→= ρseKL

( )[ ])1)(1(

111

1

≠→−−

+−+= +

+

ρρρ

ρρ seK

KK KKL

Lq Número médio de usuários na fila 01 PLLq +−=

W Tempo médio de espera no sistema )1(

1

KPW

−=

λ

Wq Tempo médio de espera na fila µ1−= WWq

Wq (t) Função de probabilidade

acumulada de tempo médio de espera

na fila

∑∑=

−−

=+−=

n

i

tiK

nnq e

i

utqtW

0

2

01 !

)(1)( µ

qn Série Pn truncada devido à restrição

de capacidade do sistema k

nn P

Pq

−=

1

Tabela 3 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/1/K/FIFO

(Fonte: Sinay, 2005)

Page 46: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

3.1.6.3 Modelo M/M/c/ ∞∞∞∞/FIFO

v

v

v

Figura 14 – Modelo de Fila M/M/c

(Fonte: Prado, 2004)

Neste modelo, os intervalos entre chegadas sucessivas (λ) seguem uma

distribuição exponencial. Os atendimentos são realizados por c servidores com

tempo médio de duração (1/µ) que também seguem uma distribuição exponencial.

Neste caso, tem-se que:

λn = λ, ∀ n >= 0 e

µn = nµ, se 1 <= n < c

cµ, se n >= c

Page 47: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Principais indicadores de desempenho do Modelo

Nome Descrição Fórmula

ρ Taxa de utilização do sistema µλρc

=

R Relação entre a taxa de chegada e

a taxa de atendimento µλ=r

P0 Probabilidade de sistema vazio

11

00 )(!!

−−

=

−+= ∑

c

n

cn

rcc

cr

n

rP

Pn

Probabilidade de n usuários no

sistema

cnn

rPP se

n

n ≤≤→= 1!0

cncc

rPP se

cn

n

n ≥→= − !0

L Número médio de usuários no

sistema 02

1

)(!P

rcc

crrL

c

−+=

+

Lq Número médio de usuários na fila 2

10

)(! rcc

crPL

c

q −=

+

W Tempo médio de esperado sistema 02)()!1(

1P

cc

rW

c

−−+=

λµµ

µ

Wq Tempo médio de espera na fila 02)()!1(P

cc

rWq

c

λµµ

−−=

Wq (t) Função de probabilidade

acumulada do tempo de espera na fila tc

c

q ec

rPtW )(

0 )1(!1)( λµ

ρ−−

−−=

Tabela 4 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/c/∞/FIFO

(Fonte: Sinay, 2005)

3.1.6.4 Modelo M/M/c/K/FIFO

Neste modelo, os tempos entre chegadas sucessivas e os tempos de

atendimento seguem distribuições exponenciais. Esses atendimentos são realizados

por c servidores que obedecem a política de atendimento de acordo com a chegada.

Este modelo possui características marcantes dos modelos M/M/1/K/FIFO e

M/M/c/∞∞∞∞/FIFO. Ou seja, capacidade finita do sistema e quantidade de servidores

Page 48: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

diferente de 1. Desta forma, a taxa de ingresso ao sistema λn’, difere da taxa de

chegada quando a quantidade de usuários no sistema é maior ou igual do que a

capacidade do mesmo (n >= K) tendo em vista sua limitação. As taxas de ingresso e

atendimento são dadas por:

λn’ = λ, ∀ 0<= n <= K

0, n >= K

e

µn = nµ, se 1 <= n < c

cµ, se c <= n <= K

Principais indicadores de desempenho do Modelo

Nome Descrição Fórmula

ρ

Taxa de

utilização do

sistema µλρc

=

R

Relação entre

a taxa de

chegada e a

taxa de

atendimento

µλ=r

P0

Probabilidade

do sistema

vazio

1!

)1(

!

11

00 =→

+−+=−−

=∑

c

r

c

cKr

n

rP se

cc

n

n

1)1(!

1

!

11

1

00 ≠→

+=

−+−

=∑

c

r

c

rc

c

rr

n

rP se

cKc

c

n

n

Pn

Probabilidade

de n usuários

no sistema

11!0 −≤≤→= cn

n

rPP se

n

n

Page 49: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Knccc

rPP se

cn

n

n ≤≤→= − !0

L

Número médio

de usuários no

sistema

∑−

=

−++=1

0

)(c

nnPcncLqL

Lq

Número médio

de usuários na

fila

12

))(1(

!0 =→−+−=

c

rcKcK

c

rPL se

c

q

( )

1

111

! 2

1

10 =→

−+

+−

=

+−−

+

c

r

c

r

c

r

c

rcK

c

r

cc

rPL se

cKcK

c

q

W

Tempo médio

de espera no

sistema )1( KP

LW

−=

λ

Wq

Tempo médio

de espera na

fila )1( K

qq P

LW

−=

λ

Tabela 5 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/c/K/FIFO

(Fonte: Sinay, 2005)

3.1.7 Outros modelos de filas:

Na medida em que o sistema real vai se tornando mais complexo ou ficando

mais denso, os modelos de filas básicos não são uma boa aproximação e assim, se

faz necessária outra ferramenta de apoio. A Simulação, assim como a Teoria de

Filas é uma ferramenta de Pesquisa Operacional que deve ser utilizada para a

análise e solução de problemas através da representação de uma situação real em

um modelo. A Simulação, contudo, utiliza softwares especializados e permite inserir

determinados detalhes no modelo que por necessidade de simplificação do modelo

criado em Teoria de Filas não são detalhados e com isso permite uma

representação mais fiel da realidade.

Page 50: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

3.1.8 Uso de Simulação para análise de filas

Prado (2004) define simulação computacional como sendo a técnica de solução

de problemas pela análise de um modelo que descreve o comportamento de um

sistema utilizando para isso computadores. Já Freitas (2001), afirma que simulação

consiste na utilização de técnicas matemáticas com o auxílio de computadores, para

imitar operações e sistemas do mundo real. Existem várias definições para

simulação, mas para Pegden (1990) “simulação é o processo de projetar um modelo

computacional de um sistema real e conduzir experimentos com este modelo com o

propósito de entender seu comportamento e/ou avaliar estratégias para sua

operação”.

Sistema Real

Intervenção direta sobre a

operação

Uso de protótipos

Modelagem Matemática

Soluções analíticas

Simulação

Experimentação com modelos

Figura 15 – Formas de estudos de sistemas

(Fonte: Law e Kelton, 2000_

A simulação consiste em nada mais do que representar através de um modelo

um sistema real e inserir neste modelo dados reais sobre o sistema. Neste ponto a

simulação se diferencia da Teoria de Filas pois ao invés de utilizar valores médios

para a representação do sistema, ela permite que sejam vinculadas distribuições

estatísticas geradas a partir da coleta de dados.

Page 51: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Uma das grandes vantagens da simulação é que ela permite analisar um

sistema sem afetar o modelo que está sendo estudado. Além disso, é também

possível analisar sistemas que ainda não existem tornando-se capaz de verificar

seus impactos e seu modo de funcionamento antes mesmo de sua operação

economizando tempos e recursos financeiros. Todavia, cabe lembrar que a

simulação ao contrário dos modelos de otimização, não busca uma solução ótima,

mas sim busca reproduzir um modelo para que sejam feitas análises que subsidiem

tomadas de decisão. Desta forma, segundo Freitas (2001) a demanda por uma

simulação pode ser motivada pelos seguintes fatores: 1) O sistema real ainda não

existe; 2) Realizar experimentações com o sistema real é oneroso e; 3) Em alguns

casos, como por exemplo em situações de emergência, realizar simulações com o

sistema real torna-se inapropriado.

Devido a estes fatores, a simulação está cada vez mais sendo utilizada como

uma ferramenta de suporte à decisão. Soma-se a isto a evolução que sofreram os

softwares nos últimos tempos, com a melhora da interface com o usuário e

permitindo uma maior representação da realidade, aliado ao crescente poder de

processamento dos computadores atuais.

3.1.8.1 Passos na criação de um modelo a ser simula do

Para a criação de um modelo envolvendo simulação, existe um roteiro básico

sugerido por diversos autores que tratam do tema. Este roteiro pode ser resumido na

figura abaixo:

Page 52: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Etapa de Planejamento Etapa de ModelagemEtapa de

Experimentação

Reconhecimento do problema

Documentação do modelo

Coleta de dados

Interpretação e análise estatística dos

resultados

Tradução do modelo

Verificação e validação do modelo

Experimentação

Formulação e análise do problema

Formulação do modelo conceitual

Figura 16 – Passos na criação de um modelo a ser simulado

(Fonte: adaptado, Freitas, 2001)

1. Reconhecimento do problema: antes da criação do modelo, o primeiro passo

é identificar que um problema existe e que pode ser solucionado com a ajuda de

técnicas de simulação. Nesta etapa deve-se levantar todos os aspectos que se

pretende considerar na formulação do problema.

2. Formulação e análise do problema: neste etapa busca-se identificar as

características do problema e delimitar o objetivo do estudo. Isso implica em definir o

seu escopo, os parâmetros de análise, as restrições, etc.

3. Formulação do modelo conceitual: visualizar um esboço do sistema é objetivo

desta etapa. Deve-se definir que tipo de simulação será realizada e quais recursos

serão utilizados. Recomenda-se iniciar com um esboço simples do sistema e evoluir

até chegar ao nível de detalhe necessário para responder aos objetivos do estudo.

4. Coleta de dados: é importante levantar aonde se encontram os dados

necessários para realizar a simulação. Deve-se coletar estes dados, verificar a

necessidade de trabalhá-los estatisticamente para que eles possam, posteriormente,

serem utilizados na alimentação do modelo. É necessária além da coleta de dados,

a coleta de informações que ajudarão a melhor interpretar o modelo.

Page 53: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

5. Tradução do modelo: significa traduzir o modelo para relações lógicas e

matemáticas em uma linguagem de programação adequada. Com os atuais

softwares de simulação, esta etapa fica bastante simplificada caso as anteriores

tenham sido seguidas corretamente.

6. Verificação e validação do modelo: significa avaliar se não existe nenhuma

inconsistência na lógica de programação do modelo. Verificar também se está

respondendo resultados condizentes com a realidade.

7. Documentação do modelo: esta é uma parte fundamental de qualquer

simulação pois é aonde entra a gestão do conhecimento. Ela permite que pessoas

que não participaram do projeto de criação do modelo, possam estudá-lo e utilizá-lo

posteriormente e também torna mais simples mudanças futuras. Para isso, devem

ser consideradas na documentação: 1) os objetivos e suposições levantadas; 2) a

lógica de programação computacional adotada; 3) detalhes do modelo conceitual; 4)

ferramentas utilizadas; 5) informações sobre a amostra de dados; 6) análise dos

resultados obtidos.

8. Experimentação: realizar as simulações para gerar os resultados desejados e

fazer as análises de sensibilidade.

9. Interpretação e análise estatística dos resultados: significa fazer inferências

em cima dos resultados gerados pela simulação. Caso não seja possível chegar a

nenhuma conclusão com a confiabilidade estatística desejada, pode ser necessário

realizar mudanças na simulação, alterando, por exemplo, a quantidade de

replicações, o tempo de período simulado, entre outras.

3.1.8.2 Vantagens e Desvantagens da Simulação

Vantagens:

• Experimentação em curto espaço de tempo: Como o modelo é simulado

computacionalmente, o tempo real pode ser simulado em segundos. Esta é a

Page 54: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

maior vantagem, uma vez que alguns processos poderiam levar meses ou até

anos para completar.

• Poucos requerimentos de análise: Antes de existir a modelagem

computacional, as ferramentas analíticas eram os únicos recursos disponíveis

para a análise de sistemas. Desta forma, apenas os sistemas simples com

elementos probabilísticos eram mais convenientes de ser estudados e

analisados. Análises de sistemas mais complexos eram consideradas um

domínio restrito da matemática e da pesquisa operacional. Adicionalmente, os

sistemas podiam ser analisados apenas em um ponto estático de tempo. O

advento da simulação computacional permitiu que sistemas pudessem ser

analisados dinamicamente, com representação do tempo real. Além disso, o

avanço dos pacotes de simulação (softwares) contribuiu para que sistemas

complexos pudessem ser modelados sem a necessidade de experiência em

programação computacional por parte do analista. Esta reduzida necessidade

de requerimentos proporcionou uma disseminação da técnica para os mais

diversos campos de aplicação.

• Modelos de fácil demonstração: A capacidade de representar

graficamente de forma dinâmica um processo é considerada um dos recursos

mais valiosos da simulação nos tempos atuais. O uso da animação durante

uma apresentação estabelece a credibilidade do modelo. Ela pode ser usada

para descrever a operação e a interação dos processos do sistema

simultaneamente. Além disso, ela é um importante recurso para o analista, que

pode verificar através dela se o comportamento do modelo está correto, e

mesmo descobrir o que está errado.

Desvantagens:

• A Simulação não pode dar resultados acurados com inputs de má

qualidade: Não importa o quanto um modelo é bem desenvolvido, se ele não

possuir os dados de input bem trabalhados, analista não pode esperar obter

Page 55: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

dados plausíveis. A coleta de dados é considerada a etapa mais difícil do

processo de simulação. Ainda assim, os projetos que envolvem simulação

muitas vezes reservam pouco tempo para esta etapa. Em muitos casos, a má

qualidade dos dados é o fundamento do insucesso de projetos de simulação.

• A Simulação não gera respostas simples para problemas complexos: se o

sistema analisado tiver muitos componentes e interações, a melhor alternativa

de operação é considerar cada elemento do sistema. É possível fazer

simplificações com o propósito de desenvolver um modelo razoável num

espaço de tempo razoável. Entretanto, se elementos críticos do sistema forem

ignorados, os resultados obtidos não serão satisfatórios.

• Somente a Simulação não resolve problemas: A simulação não resolve

problemas por si só; ela fornece ao tomador de decisão soluções potenciais

para o problema. Cabe ao analista avaliar e implementar as mudanças que são

propostas. Por esta razão, é importante manter os stakeholders envolvidos com

o projeto.

3.1.8.3 Utilização do Software Arena para realização de Simulações

Segundo (Prado, 1999), o Arena é um dos softwares mais utilizados em todo o

mundo, tanto por empresas como por universidades para resolver problemas de

filas. No Brasil ele é o mais popular. O software Arena foi lançado pela Systems

Modeling (USA) em 1992, utilizando a linguagem de programação Visual Basic da

Microsoft. Por se tratar de um software computacional, um modelo do Arena executa

sequencialmente e de maneira repetitiva um conjunto de instruções (FREITAS,

2001).

Na verdade o que um simulador computacional como o Arena faz é provocar

alterações em alguns eventos do programa na medida em que o tempo progride,

fazendo com que determinadas variáveis do programa que são responsáveis por

informar a mudança nas condições do modelo sofram alterações.

Banks et. al. (1984) afirmam que o Arena trabalha com módulos interligados

entre si em uma região denominada área de trabalho. Uma vez interligados, é

Page 56: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

possível que as entidades (objetos de interesse do sistema) percorram os módulos a

partir de um determinado evento. Para facilitar a visualização e compreensão do

modelo ao longo do seu desenvolvimento, a modelagem no Arena é feita por meio

da descrição do fluxograma da entidade ao longo do sistema. Cada módulo possui

um conjunto específico de parâmetros que podem ser configurados de acordo com

as especificações do modelo. Este tipo de interface permite que o projetista

desenvolva um modelo somente com o auxílio do mouse sem a necessidade de

digitação dos comandos de programação na linguagem SIMAN que o Arena utiliza

para a construção de modelos.

A empresa Paragon, representante do Arena no Brasil, indica de forma sucinta

as etapas para a construção de uma simulação no Arena:

1. Realizar um estudo sobre o comportamento do sistema a ser

simulado, coletando-se as informações de tempo necessárias;

2. Construir o modelo no Arena, alimentado com os tempos coletados

na etapa anterior;

3. Fazer funcionar no Arena o modelo e gerar resultados sobre o seu

comportamento;

4. Analisar os resultados e, baseado nas conclusões, fazer novas

mudanças no modelo para aperfeiçoar o processo.

5. Neste ponto, retorna-se para a etapa 3, gerando novos resultados.

Este ciclo se repete até que o modelo se comporte de forma satisfatória.

Como se trata de uma réplica fiel do sistema original, os resultados obtidos pelo

modelo serão válidos também para a situação real.

Page 57: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

4 – Estudo de Caso – MRS Logística

4.1 Descrição da Empresa

A MRS Logística é uma empresa do setor ferroviário que foi constituída em 1996

partir de uma concessão da Rede Ferroviária Federal S. A. para atuação na Malha

Sudeste (antiga Superintendência Regional 3 - SR3). Os trechos que foram

concedidos para a exploração do transporte ferroviário de cargas, estão distribuídos

nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e são aqueles que

pertenceram às antigas ferrovias, Estrada de Ferro Central do Brasil, nas linhas que

ligam Rio de Janeiro a São Paulo e a Belo Horizonte, bem como a Ferrovia do Aço e

aqueles pertencentes à Estrada de Ferro Santos-Jundiaí excluídas, em ambos os

casos, as linhas metropolitanas de transporte de passageiros no Rio de Janeiro e

em São Paulo, totalizando extensão de 1.674 km distribuídos.

Figura 17 – Mapa esquemático da Malha da MRS Logística

(Fonte: www.mrs.com.br)

A localização da empresa é considerada estratégica por estar em uma região

que concentra aproximadamente 65% do produto interno bruto do Brasil e onde

Page 58: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

estão instalados os maiores complexos industriais do país. Além disso, a MRS

possui acesso a portos importantes do Brasil como o porto de Sepetiba, do Rio de

Janeiro e o de Santos (o mais importante da América Latina).

Apesar de possuir uma carteira de clientes diversificada, os grandes volumes de

produção da empresa estão concentrados no transporte de produtos para seus

acionistas.

Gráfico 4 – Relação dos acionistas da MRS

(Fonte: MRS Logística)

Em decorrência deste fato, sua produção é fortemente impulsionada pelo

transporte de cargas denominadas Heavy Haul (aproximadamente 75% de sua

produção) ou seja, Minério de Ferro para o Mercado Interno e Externo, Carvão,

Coque de Petróleo e Bauxita. Apesar disso, a empresa vêm crescendo seu volume

no transporte de Cargas Gerais que são os commodites, produtos siderúrgicos,

cimento, contêineres, entre outras. A produção da Companhia em 2005 foi de

aproximadamente 108,1 milhões de toneladas, um crescimento aproximado de

10,2% em relação a 2004.

4.2 Pátio Arará

4.2.1 Breve descrição do Arará

Page 59: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

O pátio do Arará (sigla FAR) é o responsável pelo acesso ferroviário em bitola

larga (1,60 m) ao Porto do Rio de Janeiro. Este pátio faz parte da concessão da

MRS Logística e faz conexão com importantes terminais de carga e descarga

viabilizando a importação e exportação de diversos produtos via ferrovia.

Arará

Figura 18 – Fotografia por satélite do pátio do Arará

(Fonte: Google Earth)

Dentre as atribuições do Arará podemos destacar:

- Recebimento dos trens e separação dos vagões de acordo com o terminal de

destino;

- Posicionamento de vagões nos terminais;

- Fechamento com os terminais da quantidade de vagões para descarga e

carga;

- Recebimento dos vagões devolvidos pelos terminais e manobras para

formação dos trens originados do pátio;

Page 60: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

- Registro no sistema de informações operacionais da MRS (Sislog) de todas as

informações da operação.

Dentre os terminais atendidos pelo acesso ferroviário, podemos destacar como

maiores operadores de carga:

- Operador: Triunfo Operadora Portuária

Principais produtos: Produtos Siderúrgicos e Ferro Gusa.

- Operador: Multitex Logística Integrada

Principais produtos: Produtos Siderúrgicos.

- Operador: Petrolog Serviços e Armazéns Gerais

Principais produtos: Produtos Siderúrgicos e Contêineres

- Operador: Multiportos Operadora Portuária

Principais produtos: Produtos Siderúrgicos

- Operador : Multi-Rio Operações Portuárias (Multiterminais)

Principais produtos: Contêineres.

4.2.2 Acesso ao Pátio

Devido aos tipos de cargas operadas pelos terminais atendidos pelo pátio do

Arará, o acesso ferroviário ao pátio é feito por trens de Carga Geral utilizando a

própria malha da MRS. A chegada ao Arará apresenta diversos problemas

operacionais devido, principalmente, à cruzamentos com os trens de passageiros da

Supervia e invasão pelas comunidades locais da faixa de domínio da MRS nas

regiões próximas ao porto do Rio de Janeiro restringindo a velocidade de cruzeiro do

trem nesta região.

Page 61: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

O ingresso do trem no pátio se dá da seguinte forma: Caso haja disponibilidade

de espaço nas linhas de manobra do Arará, o trem entra no pátio pela linha 2 (ver

figura 19). Não havendo capacidade do pátio para recebimento do trem, ele fica

aguardando em outro pátio na malha da MRS até que possa ser recebido (percebe-

se que este é um fator causador de filas). A partir daí, os vagões são manobrados

nas linhas do pátio e levados aos respectivos terminais de destino. Caso o terminal

não possa receber a carga, o vagão fica aguardando em uma das linhas do pátio

diminuindo sua capacidade de manobra (outro gerador de filas). Após o vagão ser

entrega ao terminal, a MRS aguarda que ele seja carregado ou descarregado para

então realizar a manobra de busca do vagão, formar o trem de retorno e sair do

pátio pela linha 3.

Desta forma, caso haja um desbalanceamento entre a taxa de chegada de

vagões no pátio do Arará e sua capacidade de manobra, serão geradas filas. De

forma análoga, não havendo capacidade de recebimento vagões nos terminais de

destino, eles ocuparão o pátio do Arará diminuindo sua capacidade de recebimento

de novos vagões. Resumindo: as filas podem ser geradas pelo próprio pátio do

Arará e pelos terminais de descarga.

Figura 19 – Desenho esquemático do pátio do Arará

(Fonte: MRS Logística)

Page 62: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

4.2.3 Problemas enfrentados pelo Arará

Com os crescentes volumes de transporte de Cargas Gerais pela MRS

Logística, o pátio do Arará é um dos locais que mais está sendo impactado por

essas mudanças. Atualmente o pátio é um dos maiores gargalos operacionais da

Companhia por enfrentar um desequilíbrio entre a demanda e sua capacidade de

produção. A restrição de capacidade se dá em virtude da insuficiente estrutura física

e de pessoal, por questões de limitações do layout do pátio e também pelo fato de

lidar com terminais operados terceiros.

Além disso, existem problemas de chegada de trens no pátio uma vez que os

vagões não chegam agrupados por terminal de destino e, portanto, precisam ser

separados no próprio pátio ocasionando maior ocupação das linhas de manobra.

Vale lembrar também que, como o pátio ativo mais próximo do Arará é o de Rocha

Sobrinho que fica a uma distância de 28 km, o Headyway (espaço temporal entre

trens sucessivos) é alto, diminuindo, desta forma, a capacidade do pátio. Para

agravar ainda mais este problema, entre estes dois pátios ocorrem cruzamentos com

trens de passageiros da Supervia que têm prioridade de circulação sobre os trens de

carga garantida por legislação.

Por outro lado, existem os impasses de cunho social que acabam por limitar a

operação no pátio. Ou seja, de forma geral, as áreas próximas às ferrovias e as

áreas portuárias são regiões em que o índice de pobreza é alto e na maioria dos

casos o poder público não se encontra presente. No caso do acesso ao Arará, essa

ausência do governo vêm gerando graves problemas de invasão da faixa de domínio

que forçam a diminuição da velocidade do trem nesta região e dificultam

manutenção da via ou a expansão física da ferrovia, além de ocorrem em furtos de

carga.

Page 63: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Figura 20 – Invasão da faixa de domínio da MRS nas vias de acesso ao pátio do Arará

Por fim, como quase todos os terminais que possuem interface com o pátio do

Arará não são contratados pela MRS, incluindo neste caso a Triunfo que representa

o maior volume, o pátio não exerce muita influência na operação dos terminais.

Como conseqüência, o pátio enfrenta dificuldades de planejamento pois pouco se

sabe sobre a previsão de recebimento de vagões dos terminais ou a necessidade de

entrega de vagões para descarga. Essa dificuldade acaba por prejudicar todo o

planejamento da Companhia uma vez que nem sempre a necessidade de vagões

vazios da MRS para atender outros clientes está alinhada com o que os terminais

irão descarregar.

4.2.3 Planejamento de cargas para o pátio do Arará

Atualmente o processo de planejamento mensal e semanal da MRS não possui

ferramentas para visualizar se o pátio e os terminais são capazes de atender a

demanda de vagões solicitada para ele. Esta deficiência é uma das grandes

responsáveis pela ocorrência de filas pois podem ser programados carregamentos

que o sistema não é capaz de suportar. Todavia, isto acontece não só pela falta de

uma ferramenta adequada para auxiliar na visualização destas restrições como

também pelo fato da capacidade do sistema como um todo não estar claramente

definida. Este trabalho visa tratar justamente deste ponto.

Page 64: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Demanda Disponível

Capacidade Descrição

Situação 1 Situação indesejável para a Companhia. Existe capacidade ociosa.

Situação 2Situação em que a demanda é maior do que capacidade. Nestecaso é necessária a realização de investimentos para aumentar acapacidade de produção.

Situação 3É o ideal para a Companhia pois não existe demanda reprimida nemcapacidade ociosa.

Situação Atual MRS

É a situação atual na MRS. Não se sabe se com a demandadisponível a Empresa terá capacidade de atendimento. Issoacontece por dois motivos: desconhecimento da capacidade real epor falta de visualização do comportamento do sistema frente acapacidade empírica e a demanda planejada.

?

Tabela 6 – Situações de demanda x capacidade

4.3 Coleta de dados para análise do sistema

Para análise do sistema, foram coletados dados do período de julho a dezembro

de 2005 diretamente das bases de dados do Sislog, que é o sistema Logístico da

MRS que concentra e operacionaliza as várias atividades referentes ao

planejamento, execução e controle da Produção. Além de permitir uma maior

compreensão do sistema, essa massa de dados estatisticamente analisada foi

utilizada para alimentar o modelo de simulação representativo da realidade.

Foram coletados dados relativos a intervalos entre chegadas de vagões nos

terminais do Arará, a blocos de vagões destinados por terminal e os respectivos

tempos de permanência em cada terminal. Os tempos de manobra de

posicionamento e retorno desses vagões foram adotados como constantes de

acordo com informação passada pela operação do pátio do Arará.

Page 65: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Quantidade de vagões por terminal

74%

5%

12%3% 6%

Triunfo Multitex Petrolog Multiportos Multiterminais

Gráfico 5 – Quantidade de vagões por terminal de destino

(Fonte: MRS Log;istica)

Após a coleta dos dados, eles foram lançados no Input Analyser que faz parte do

pacote do Arena para analisar qual distribuição de probabilidade mais se adequava

à amostra. A seguir o resumo dos resultados emitidos pelo Arena.

INTERVALO ENTRE CHEGADAS NOS TERMINAIS

Terminal Distribuição Expressão Erro Quadrado

Triunfo Beta 205 + 635 * BETA(0.878, 1.5) 0,001542

Multitex Beta 455 + 2.85e+003 * BETA(0.81, 1.26) 0,015274

Petrolog Beta 210 + 1.48e+003 * BETA(0.853, 1.43) 0,006036

Multiportos Exponencial 585 + EXPO(1.19e+003) 0,011369

Multiterminais Weibull 330 + WEIB(1.16e+003, 1.13) 0,004289 Tabela 7 - Distribuição dos intervalos de chegadas nos terminais

\

TAMANHOS DOS BLOCOS DE VAGÕES

Terminal Distribuição Expressão Erro Quadrado

Triunfo Beta 7.5 + 37 * BETA(1.18, 1.25) 0,003229

Multitex Beta 1.5 + 11 * BETA(0.967, 1.46) 0,005711

Petrolog Triangular TRIA(0.5, 1.17, 17.5) 0,003437

Multiportos Triangular TRIA(0.5, 7.67, 8.5) 0,162591

Multiterminais Beta 0.5 + 13 * BETA(1.15, 1.37) 0,007866 Tabela 8 - Distribuição dos tamanhos dos blocos de vagões

Page 66: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

TEMPO DE TERMINAL

Terminal Distribuição Expressão Erro Quadrado

Triunfo Gamma 76 + GAMM(251, 0.889) 0,001973

Multitex Beta 60 + 390 * BETA(0.578, 1.5) 0,007789

Petrolog Exponencial 96 + EXPO(355) 0,001657

Multiportos Weibull 51 + WEIB(143, 1.09) 0,005443

Multiterminais Exponencial 39 + EXPO(222) 0,002687 Tabela 9 - Distribuição dos tempos de terminal

Podemos perceber que todas as distribuições de probabilidades sugeridas pelo

Arena apresentam um Erro Quadrado baixo tornando as expressões muito

confiáveis para a representação da amostra.

4.4 – Modelagem do sistema

Com já foi dito anteriormente que uma das grandes dificuldades de planejamento

é saber a capacidade do sistema Arará como um todo e não só as capacidades

isoladas dos terminais e do pátio, partiu-se para a análise do sistema com o auxílio

de ferramentas matemáticas de modelagem.

Lógica do modelo

Os trens destinados ao pátio do Arará são formados por blocos de vagões

agrupados por terminal de destino. Esses blocos de vagões chegam ao Arará a uma

taxa λci e são manobrados para serem entregues aos terminais a uma taxa µmi.

Dentro do terminal de descarga os blocos de vagões são descarregados com uma

taxa µdi e então retornam para o pátio com uma taxa de retorno λri. Finalmente, os

vagões devolvidos pelo terminal são manobrados a uma taxa de µri e então os

blocos de vagões formam um novo trem e saem do sistema. Podemos perceber que

no modelo existem duas taxas de chegada: taxa de chegada dos vagões para

descarga e taxa de chegada dos vagões devolvidos pelo terminal para o pátio após

Page 67: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

a descarga. Existem três taxas de atendimento: manobra dos vagões para serem

posicionados para o terminal, descarga nos vagões e manobra dos vagões para

formação do trem de retorno. A figura 21 ilustra o processo descrito.

Page 68: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

Figura 21 – Modelo de operação do Pátio do Arará

Page 69: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

69

Além dessas já características descritas, vale ressaltar que sistema possui

teoricamente uma capacidade infinita pelo fato dos trens poderem formar filas ao

longo da linha da MRS e a disciplina da fila é FIFO. Tendo as distribuições de

probabilidade de chegada e atendimento (tabelas 7 e 9), o número de servidores, a

capacidade do sistema e a disciplina de chegada, representamos na notação de

Kendall para verificar em qual modelo de fila o sistema se encaixava.

Tabela 10 – Modelos de filas gerados

Como pode ser verificado, os modelos do sistema em questão não são

exatamente como os modelos de filas básicos apresentados no capítulo 3 deste

trabalho. A partir desta constatação, da verificação da variabilidade e complexidade

do sistema, chegou-se a conclusão que a utilização de ferramentas de simulação

com o auxílio do Arena poderiam ser mais efetivas para o problema.

Cabe lembrar que, visando simplificar o sistema e torna-lo possível de ser

modelado matematicamente, algumas simplificações foram adotadas:

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70

Realidade Simplificação Justificativa

Existem vários terminais atendidos pelo pátio do Arará.

Considerados somente 5 terminais.

São os 5 terminais mais representativos em termos de quantidade de vagões.

Os tempos de manobra não são constantes.Adotados os tempos de manobra como constantes.

Não existe a informação do tempo de manobra real no Sislog.

Terminais operam cargas distintas (ex.: P. Siderúrgico, Ferro Gusa, Contêiner)

Cargas não foram diferenciadas.

Simplificação do modelo.

Prioridade para algumas cargas para cumprimento de dead line de navios.

Adotada a política de atendimento FIFO.

Não representa diferença nos resultados do modelo.

Nem todos os terminais trabalham em finais de semana e 24 horas por dia.

Desconsiderado. Simplificação do modelo.

Existem terminais com mais de um ponto de descarga.

Considerados todos os terminais com 1 servidor de atendimento.

A diferença foi refletida na taxa de atendimento.

Tabela 11 – Simplificações adotadas na modelagem

4.5 – O Modelo no Arena

As características operacionais do processo de chegada e atendimento dos

vagões no Arará foram representadas no Arena de acordo com o modelo da figura

a seguir:

Page 71: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

71

Figura 22 – Estrutura do modelo no Arena

A partir deste fluxograma operacional de chegada e atendimento dos vagões no

sistema, foram inseridos os seguintes parâmetros no modelo:

Tabela 12 – Parâmetros imputados no modelo

Como todos os parâmetros imputados, foi feita uma simulação equivalente a 100

dias de operação.

Parâmetros imputados

Arará Triunfo Multitex Petrolog Multiportos Multitermina is

Distribuição da Taxa de Chegada NA205 + 635 *

BETA(0.878, 1.5)455 + 2.85e+003 * BETA(0.81, 1.26)

210 + 1.48e+003 * BETA(0.853, 1.43)

585 + EXPO(1.19e+003)

330 + WEIB(1.16e+003, 1.13)

Distribuição da Taxa de Atendimento

NA76 + GAMM(251,

0.889)60 + 390 *

BETA(0.578, 1.5)96 + EXPO(355)

51 + WEIB(143, 1.09)

39 + EXPO(222)

Distribuição Tamanho dos Blocos de Vagões

NA7.5 + 37 *

BETA(1.18, 1.25)1.5 + 11 *

BETA(0.967, 1.46)TRIA(0.5, 1.17, 17.5) TRIA(0.5, 7.67, 8.5)

0.5 + 13 * BETA(1.15, 1.37)

Capacidade estática 170 vagões 55 vagões 25 vagões 25 vagões 18 vagões 10 vagões

Tempos de manobra 5 min/vagão 5 min/vagão 5 min/vagão 5 min/vagão 5 min/vagão 5 min/vagão

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Figura 23 - Tela do Arena durante a realização da simulação

Pela animação foi possível acompanhar ao longo do tempo o tamanho da fila

(ex.: 92), a ocupação do pátio do Arará (barra vermelha) e dos Terminais (azul).

Além disso, também foi montado um gráfico que indicava a evolução do tempo de

permanência dos vagões no sistema.

Com esta simulação foram obtidos os seguintes resultados:

o Tempo médio de permanência dos blocos no pátio Arará em manobras: 45,18

min.

o Tempo médio de permanência dos blocos no Terminal T riunfo: 624,24 min.

o Tempo médio de permanência dos blocos no Terminal Multitex: 34,68 min.

o Tempo médio de permanência dos blocos no Terminal P etrolog: 40,14 min.

o Tempo médio de permanência dos blocos no Terminal Multiportos: 30,95 min.

o Tempo médio de permanência dos blocos no Terminal M ultiterminais: 4,07

min.

Vermelha �

Barras azul �

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73

o Tempo médio de fila: 276,73 minutos

o Tempo máximo de fila: 6447,35 minutos

o Número médio de blocos na fila: 2,60 blocos

o Quantidade Média de Vagões no Pátio do Arará: 88,33 vgs.

o Quantidade Média de Vagões na Triunfo: 38,30 vgs.

o Quantidade Média de Vagões na Multitex:: 0,15 vgs.

o Quantidade Média de Vagões na Petrolog: 0,43 vgs.

o Quantidade Média de Vagões na Multiportos:: 0,10 vgs.

o Quantidade Média de Vagões na Multiterminais: 0,001 vgs.

o Quantidade Máxima de Vagões no Pátio do Arará: 170 vgs.

o Quantidade Máxima de Vagões na Triunfo: 54,99 vgs.

o Quantidade Máxima de Vagões na Multitex:: 20,63 vgs.

o Quantidade Máxima de Vagões na Petrolog: 24,68 vgs.

o Quantidade Máxima de Vagões na Multiportos: 11,88 vgs.

o Quantidade Máxima de Vagões na Multiterminais: 9,96 vgs.

o Utilização Média do Pátio do Arará: 51,96%

o Utilização Média do Terminal da Triunfo: 69,64%

o Utilização Média do Terminal da Multitex:: 0,06%

o Utilização Média do Terminal da Petrolog: 1,7%

o Utilização Média do Terminal da Multiportos: 0,6%

o Utilização Média do Terminal da Multiterminais: 0,0 1%

o Utilização Máxima do Pátio do Arará: 100%

o Utilização Máxima do Terminal da Triunfo: 100%

o Utilização Máxima do Terminal da Multitex:: 82,53%

o Utilização Máxima do Terminal da Petrolog: 98,76%

o Utilização Máxima do Terminal da Multiportos: 66,04%

o Utilização Máxima do Terminal da Multiterminais: 99 ,67%

o Tempo médio de permanência no sistema dos vagões da Triunfo: 2.115 min.

o Tempo médio de permanência no sistema dos vagões da Multitex: 588 min.

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o Tempo médio de permanência no sistema dos vagões da Petrolog: 563 min.

o Tempo médio de permanência no sistema dos vagões da Multiportos:

547,12 min.

o Tempo médio de permanência no sistema dos vagões da Multiterminais: 82,45

min.

Análise dos resultados

Analisando os principais indicadores de desempenho do sistema decorrentes da

simulação, podemos verificar que os blocos de vagões estão ficando em média 4

horas e meia em fila aguardando para ingressar no sistema. Ou seja, podemos

interpretar que todo vagão destinado ao Arará perde esse tempo que não agrega

nenhum valor ao ciclo do produto. Outra verificação importante é que ficam em

média 2,6 blocos de vagões aguardando em fila no sistema, considerando que a

amostra dos blocos tem média de 28,31 vagões com desvio padrão de 13 vagões,

podemos aproximar que na média sempre existe um trem aguardando em fila para

ingressar no sistema.

O terminal da Triunfo por ser o maior concentrador de cargas (aproximadamente

75% do volume) e por trabalhar com lotes maiores de vagões, é o que apresenta o

maior tempo médio de permanência. Os outros terminais apresentam tempos de

permanência relativamente baixos sendo que em alguns casos tempos fora da

realidade, indicando a ocorrências de problemas de qualidade da informação na

base de dados.

Outra informação importante é que a quantidade média de vagões no pátio do

Arará foi de 88. Isso representa uma utilização do pátio de 51,96%. Já os terminais

da Triunfo, Multitex, Petrolog, Multiportos e Multiterminais tiveram uma utilização de

69,64%, 0,06%, 1,7%, 0,6% e 0,01%, respectivamente. Com essas informações

concluímos que o pátio do Arará e o Terminal Triunfo estão com utilizações bem

adequadas ao sistema. Já os outros terminais estão sendo muito pouco utilizados

mas como são terminais de terceiros isso não representa um problema de

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75

ociosidade para a MRS. Além disso, sabe-se que estes terminais operam cargas

transportadas por carretas e na verdade não ficam ociosos.

Os resultados gerados foram analisados por especialistas da MRS e mostraram-

se bastante convincentes uma vez que é de conhecimento de todos que as filas

geradas no sistema Arará ocorrem devido a picos de demanda ou reduções

temporárias na taxa de descarga, conforme pode ser concluído pelos resultados da

simulação.

4.6 – Especificação da Ferramenta proposta

Criado um modelo no Arena que representa com precisão o comportamento do

sistema, propõe-se a criação de uma ferramenta de planejamento baseada neste

modelo para auxiliar nas tomadas de decisão de carregamentos que permita

visualizar previamente na programação semanal o comportamento do sistema com a

demanda disponível. A intenção é permitir ao usuário realizar algumas análises de

sensibilidade entre demanda e as taxas de descarga para poder negociar junto à

comercial, pátios e os terminais o atendimento da próxima semana baseado em

algumas premissas.

Resumindo, com o modelo validado pelas respostas geradas, a ferramenta tem

como premissa fazer alterações nos parâmetros de entrada de acordo com a

demanda para gerar novas respostas que serão analisadas e poderão levar a novas

entradas de acordo com o comportamento do sistema. O fluxograma abaixo resume

a idéia básica da ferramenta:

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Figura 24 – Fluxograma de funcionamento da ferramenta

Características da ferramenta

Como no processo de programação semanal atual, deverão ser informados para

os sistema a quantidade de vagões a serem carregados por dia em cada origem

separados por terminal de destino. Segue exemplo de uma tela característica para o

sistema proposto:

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Programação Semanal

Programação de carregamentos

Origem Destino TerminalPrevisão Chegada

Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom

FDM FAR Triunfo D + 2 40 30 30 36 45 33 40

FDT FAR Triunfo D + 2 30 20 20 10 5 12 10

IEF FAR Triunfo D + 3 26 34 30 20 12 15 0

IEF FAR Petrolog D + 3 23 15 5 16 15 15 10

FBO FAR Petrolog D + 2 15 10 10 10 0 10 0

FCA FAR Multitex D + 3 0 8 0 0 0 10 0

FBO FAR Multiportos D + 2 0 12 0 0 0 0 0

FBO FAR Multiterminais D + 2 0 0 10 5 15 0 0

FDT FAR Multiterminais D + 2 0 0 10 10 2 10 0

Figura 25 – Programação de carregamentos – Ferramenta proposta

Baseado nas informações de carregamento o sistema deverá calcular a previsão

de chegada das cargas no destino e então calcular a taxa média de chegada de

vagões por minuto e por terminal de destino naquela semana. Essa informação de

taxa de chegada será lançada no modelo do Arena para visualizar o seu

comportamento.

Desta forma, o sistema irá substituir em um primeiro momento no modelo

original (entradas) as taxas de chegadas, alterando expressões de probabilidade por

valores constantes, buscando visualizar o comportamento do sistema sem alterar

nesta etapa as expressões que representam as taxas de descarga. Com os

parâmetros lançados, deve-se rodar a ferramenta que irá processar o modelo de

simulação no Arena.

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Programação Semanal

Chegada de cargas no Arará

Terminal Seg Ter Qua Qui Sex Sáb DomTaxa de Chegada

(vagões / min)Descarga

Triunfo 50 60 90 76 84 76 70 0,0500 76 + GAMM(251, 0,889)

Multitex 10 0 15 0 8 0 0 0,0033 60 + 390 * BETA(0,578, 1,5)

Petrolog 22 30 15 33 25 15 16 0,0155 96 + EXPO (355)

Multiportos 8 9 0 12 0 0 0 0,0029 51 + WEIB (143, 1.09)

Multiterminais 15 10 0 0 20 15 17 0,0076 39 + EXPO (222)

Simular

Figura 26 – Chegada de vagões no terminal – Ferramenta proposta

Após rodar a simulação o sistema deverá gerar um relatório informando os

tempos previstos de permanência do vagão no sistema e as informações relativas a

filas.

O planejador deverá neste momento analisar os resultados e caso as saídas

estejam de acordo com o esperado, ele poderá validar a programação. Caso

contrário, ele terá a opção de negociar junto aos terminais novas taxas de descarga

e alterar os dados de entrada do modelo com novos parâmetros de descarga. Não

sendo possível alterar as taxas de descarga, será necessário reduzir a demanda

programada e gerar novas taxas de chegada de vagões. Este balanceamento

deverá feito até se chegar a uma situação desejada de comportamento do sistema.

Programação Semanal

Relatório de comportamento do sistema

TerminalTempo médio de permanência no terminal (min)

Tempo médio de permanência em

fila (min)

Tempo médio de permanência no

pátio (min)

Tempo médio de permanência no

sistema (min)

Número médio de vagões em fila

Triunfo 1.560 320 120 2.000 50

Multitex 1.200 320 120 1.640 50

Petrolog 1.340 320 120 1.780 50

Multiportos 840 320 120 1.280 50

Multiterminais 1.300 320 120 1.740 50

Parâmetros

Alterar taxa de chegada

Alterar taxa de descarga

Simular

Alterar taxa de chegada

Alterar taxa de descarga

Alterar taxa de chegada

Alterar taxa de descarga

Alterar taxa de chegada

Alterar taxa de descarga

Alterar taxa de chegada

Alterar taxa de descarga

Figura 27 – Relatório sobre o comportamento do sist ema – Ferramenta proposta

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79

Após validado os resultados, a programação poderá ser efetivada e os clientes,

o pátio e os terminais deverão ser informados do que foi planejado para se

prepararem no decorrer na semana para seu cumprimento. Como pôde ser

percebido, a ferramenta não é capaz propor uma solução e sim testar as soluções

propostas pelo usuário informando como o sistema se comporta com ela.

A ferramenta deverá ser criada em uma linguagem de programação que

possua algum tipo de interface com o Arena para garantir a interface desejada.

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80

5 – Conclusões e sugestões

Pode-se afirmar que os objetivos inicialmente traçados para este trabalho foram

plenamente atingidos. Fica claro que atual processo de planejamento e

programação da MRS não será capaz de suportar a demanda prevista para os

próximos anos e por isso torna-se necessário o incremento de novas ferramentas

para dar suporte a este crescimento. Dentre as limitações existentes uma delas é a

incapacidade de enxergar algumas restrições do sistema tal como os terminais de

descarga.

No início desta monografia, partiu-se com uma idéia de que com a utilização de

técnicas de Teoria de Filas seria possível analisar o sistema e utilizar a modelagem

matemática como base para uma ferramenta de apoio as atividades de

planejamento e programação. Todavia, no decorrer das pesquisas verificou-se que

em sistemas complexos como o caso de pátios ferroviários em contatos com

diversos terminais a simulação é a ferramenta mais adequada uma vez que ela

permite a representação de algumas realidades que a Teoria de Filas não é capaz

de conduzir, sem com isso, perder a qualidade da informação.

A execução da simulação utilizando o software Arena gerou, de fato,

resultados coerentes sobre o funcionamento operacional do sistema Arará e permitiu

a proposição de uma ferramenta de apoio a programação semanal utilizando como

plataforma este modelo. A idéia básica é auxiliar o processo de programação

semanal através da previsão de comportamento do sistema frente à demanda e as

taxas de descarga disponíveis. A expectativa é de que com uma ferramenta como

essa se diminuía os tempos de trem hora parado aguardando em fila para descarga

e, consequentemente, aumente a produtividade dos ativos da MRS através de

ganho de ciclo.

Vale lembrar contudo que o papel da simulação e desta ferramenta proposta,

não é obter uma solução otimizada para o problema, mas sim fornecer informações

importantes que servirão de suporte para os planejadores da Companhia intervirem

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81

no sistema com antecedência, visando evitar a tomada decisões baseadas em

empirismos.

Sendo assim, sugere-se para a MRS implementar esta ferramenta com caráter

de projeto piloto na área de planejamento da Empresa e então repetir este mesmo

tipo de trabalho para outros sistemas geradores de filas na empresa, tais como

Cremalheira, Manoel Feio, Transbordo com Estrada de Ferro Vitória Minas em

Lafaiete Bandeira, entre outros de forma que se possa implementar um processo de

planejamento integrado visualizando todas as restrições do sistema. Para isso, será

necessária a modelagem através da simulação de todos estes sistemas. Além disso,

sugere-se também implantar este mesmo tipo de ferramenta para outros horizontes

de planejamento tal como mensal e anual.

Page 82: planejamento operacional baseado em teoria de filas e simulação

82

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