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Capítulo VI Planejando o Ensino

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Page 1: Planejamento e plano de aula EXPLICAÇÕES

Capítulo VI

Planejando o Ensino

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Planejando o ensino – Capítulo 6 2

Sugestão de atividade: Os alunos devem fazer o Planejamento, e executar, uma excursão a algum ponto interessante: um museu, um ponto turístico, uma Universidade, etc. Ao final do passeio um relatório deve ser apresentado pelos alunos apontando os pontos onde o Planejamento feito não se mostrou viável e porque.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 3

Introdução Planejamento virou quase um palavrão dentro do nosso sistema educacional. O Professor encara a atividade Planejamento como uma obrigação e um fardo a ser carregado. Por outro lado, planejar virou sinônimo de atividade de controle onde super - estruturas estão sempre a espreita para interferir no processo educacional.

Historicamente, talvez o Professor tenha razão, em parte. Ao longo da década de 70, houve um excesso de otimismo da tecno - burocracia com as virtudes do planejamento. Parecia, naquele tempo, que o planejamento bem feito (e executado) seria sinônimo de uma boa Educação. É bem certo que neste período, como já vimos no capítulo dedicado aos Fatores que influenciam o Ensino, o tecnicismo desempenhava um papel ideológico.

Tipicamente influenciado pelo Comportamentalismo skineriano e pelo Positivismo comptiano1, muita ênfase era dada na definição de objetivos mensuráveis, a partir dos quais o processo educacional se desenvolveria. Dentro dessa perspectiva, taxionomias, como a de Bloom2, por exemplo, adquiriram grande relevo. Um novo ramo dentro da Educação, a Tecnologia Educacional, veio para a berlinda. Com a abertura democrática dos anos 80 e com o aparecimento da linha de pensamento que se convencionou chamar de Pedagogia Crítica dos Conteúdos, para os quais somente o ato político do processo educacional importa, caímos em outro extremo: a falta total de planejamento dentro do processo educacional.

É certo que muito planejamento é feito. Afinal, temos todas aquelas reuniões de início de ano com formulários e mais formulários a serem preenchidos e planejamentos sendo feitos. Para ficarem dentro de uma gaveta até o próximo ano! De fato não há planejamento no sentido que vamos definir mais adiante. Vamos nos ater a uma situação concreta para tentarmos definir o que se quer entender por planejar. Temos um grupo de alunos de escola de periferia, curso noturno, trabalhadores da construção civil na sua maioria, que nunca estudaram Física. Devemos lhes ensinar os conceitos básicos de Mecânica do Ponto Material. Do próprio enunciado do nosso exemplo, podemos tirar alguns elementos que nos ajudarão na definição do que vem a ser planejamento. Em primeiro lugar temos um conjunto de elementos que chamaremos, tomando a denominação emprestada à Física, de condições de contorno. As chamamos assim porque elas envolvem o nosso problema, lhe dando um pano de fundo. As condições de contorno nos dão um referencial: os alunos são de periferia e, portanto, pertencem a um determinado grupo caracterizado por um conjunto de valores típicos, determinados historicamente. Outro ponto inicial, posto pelo nosso problema, é o fato de que nossos alunos jamais estudaram Física o que nos dá indicações do tipo de conceitos que eles trarão para a sala de aula. Pelo fato de a escola ser de periferia os meios que ela dispõe são diferentes dos de uma escola de uma zona com outro perfil. Como são trabalhadores dentro de um determinado campo específico (construção civil) compartilham de um determinado conjunto de valores construídos pela sua interação social no mundo do trabalho. O enunciado do nosso problema também nos coloca um objetivo bem definido: ensinar Mecânica do Ponto Material a esse grupo de alunos. Agora será que este enunciado é tão bem definido assim? O que significa ensinar Mecânica do Ponto Material? Nós poderíamos 1 Compte 1978. 2 Bloom 1973.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 4

argumentar que isto significa que os alunos seriam capazes de, ao final do curso, saberem resolver problemas do tipo:

Qual a velocidade de uma pedra ao atingir o solo se esta for solta de uma altura de 5 m em relação à superfície da Terra?

Por outro lado, poderíamos argumentar que ensinar Mecânica do Ponto Material a esses alunos significa que eles sejam capazes de compreender o que se passa em um bate estacas no canteiro de construções onde a maior parte deles trabalha ou compreender qual a importância do uso do capacete no canteiro de obras. Ou ainda poderíamos querer ensinar Mecânica do Ponto Material como uma forma de desenvolvermos novas formas de pensar (estruturas mentais).

Estas diferentes concepções do que vem a ser ensinar Mecânica do Ponto Material, que têm origem na forma como encaramos o Ensino, a Aprendizagem, o papel da Escola e do processo educacional como um todo, terão influência direta (ou deveriam ter pelo menos) na forma como vamos desenvolver o nosso Ensino. E isto o nosso enunciado do problema não nos traz: como sair de uma situação inicial e atingir o objetivo que nos colocamos com os meios que temos (ou podemos ter potencialmente).

Pronto! Aí está o que entendemos por planejamento:

Planejar é estabelecer as etapas pelas quais um objetivo pode ser atingido, a partir de uma situação inicial dada, com os meios de que dispomos (de fato ou potencialmente).

Existem alguns mitos e preconceitos sobre o planejamento que, creio, devem ser desfeitos antes de podermos ir adiante. O primeiro que devemos tirar da cabeça é que planejar signifique sucumbir a alguma forma de controle sobre nós, controle este exercido por algum tipo de superestrutura terrível (como o big brother de 1984, livro do escritor George Orwell3). Planejamos para nós e não para os outros. O controle porventura exercido sobre nós não está em nos exigir o planejamento de nossas ações, mas sim em nos impingir concepções de Educação e objetivos a serem atingidos. O Planejamento deve ser visto como um aliado do Professor e um dos pontos onde a sua competência profissional aparece.

O segundo mito (preconceito) que devemos exorcizar é a crença de que planejar é uma atividade burocrática. O Planejamento (isto mesmo, com P maiúsculo) deve ser encarado como uma coisa dinâmica. O Planejamento não é uma coisa imutável (ou imexível, como diria certo ex ministro). Ele é vivo e, como todo ser vivo, evolui e pode, em havendo necessidade, se modificar e se adaptar a uma nova situação.

O terceiro mito é de que planejar é uma atividade puramente técnica. Planejar é uma atividade técnica por certo, mas, antes de mais nada, planejar é um ato político. É político porque envolve concepções dos sujeitos sobre o que é a vida e como os seres humanos se relacionam entre si. É político pois quem determina os objetivos do que vai ser estudado e determina a forma como estes objetivos serão atingidos detém o poder dentro do ambiente escolar.

3 Orwell 1948.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 5

Etapas do Planejamento As etapas que listaremos a seguir devem ser entendidas como uma trilha a ser seguida e não como um trilho. Qual a diferença? No primeiro caso podemos nos afastar do caminho traçado para realizar incursões por sítios interessantes. No segundo, este tipo de excursão não nos é permitido.

Avaliando a situação presente A primeira etapa de qualquer ato de planejamento é saber-se com exatidão qual a situação presente. Antes de mais nada, é preciso saber-se onde se está para poder-se avaliar onde queremos chegar. Sem termos um inventário do que se tem como definir o que se quer? Isto envolve um levantamento dos recursos físicos e humanos disponíveis bem como da situação na qual os nossos alunos se encontram. Perguntas que devem ser respondidas nessa fase são do tipo:

1. Quais os equipamentos e materiais que teremos a nossa disposição? 2. Há disponibilidade de fundos para adquirir-se outros? 3. Qual a formação dos Professores? 4. Qual a bagagem de conhecimentos dos alunos? 5. Qual a expectativa que os alunos trazem para o curso? 6. Qual a expectativa da comunidade escolar?

Obviamente que outras questões podem (e devem) ser colocadas de modo a dar conta das realidades particulares.

Definindo Objetivos A segunda fase do Planejamento é definir onde queremos chegar. Perceba-se que temos o pronome nós subentendido na frase anterior. Os objetivos não podem ser colocados somente pelo Professor mas devem estar em sintonia com os anseios daquela comunidade. No ambiente escolar formal, esta é uma característica do Planejamento de difícil execução. Primeiro, porque o tempo de convivência do Professor com os alunos é muito pouco. Em segundo lugar, porque em grandes estruturas hierarquizadas e burocratizadas como os sistemas de Ensino atuais os objetivos são muitas vezes impostos de cima para baixo: seja pelas Secretarias de Educação, seja pelas entidades mantenedoras das escolas. De qualquer modo, sempre há espaço para que o Professor defina ênfases de abordagens dos assuntos a partir das quais o Ensino será ministrado.

Explicitando meios Uma vez que saibamos aonde estamos e aonde queremos chegar é necessário que avaliemos se temos os meios necessários para alcançar aquilo a que nos propomos. Quando falamos de meios incluímos o tempo, de longe o bem mais precioso e de difícil obtenção. De nada adianta querermos desenvolver habilidades experimentais em uma escola sem uma sala de

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Planejando o ensino – Capítulo 6 6

laboratório minimamente equipada. Da mesma forma de nada adianta nos propormos a formar diretores de cinema em uma escola onde não temos pelo menos uma câmera de vídeo.

Avaliando possibilidades De posse do estado atual, dos objetivos que se quer atingir e dos meios disponíveis é chegado o momento de levantar possibilidades. Isto mesmo: no plural. Na vida, dificilmente, encontraremos apenas uma maneira de realizar determinada atividade. Nesta etapa, devemos apenas tentar levantar rotas possíveis, sem nos preocuparmos muito em escolher uma ou outra. Aliás, é até melhor não tentar definir uma neste ponto. Mas apenas permitir que a mente ofereça alternativas.

Definindo estratégias Nesta etapa esboçaremos de forma detalhada o que pretendemos fazer, de que modo o faremos e como mobilizaremos os meios a nossa disposição para atingirmos determinado objetivo. Segundo a enciclopédia Delta Larousse, Estratégia é definida como:

... Arte de coordenar ações e manobras para alcançar um objetivo... Já o dicionário Caldas Aulete nos define estratégia como:

... Habilidade, astúcia, esperteza no conseguimento de um fim; Como podemos ver dessas definições, por trás da palavra estratégia temos a idéia de uma ação organizada e coordenada em direção a um fim bem definido. Elaborar uma estratégia exige conhecimento do terreno no qual a ação se desenvolverá.

Explicitando formas de avaliação Uma vez que objetivos foram propostos e metas foram colocadas é necessário que nos perguntemos se, após a realização das atividades propostas, definidas pela Estratégia adotada, estes objetivos e metas foram atingidos. A isto se chama de avaliação. O ato de planejar se encerra com a avaliação e o ato de avaliar se inicia com o planejamento. São duas faces da mesma moeda. Não pode haver planejamento sem um processo de avaliação definido a priori como, da mesma forma, não existe avaliação sem um planejamento que aponte onde se quer chegar.

Instrumentos úteis ao Planejamento

Nesta seção trataremos de algumas ferramentas úteis ao planejamento. Algumas delas serão úteis não somente ao planejamento mas também a outras atividades ligadas ao processo de Ensino aprendizagem.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 7

Mapas Conceituais Como vimos anteriormente4, o Mapa Conceitual é uma ferramenta extremamente versátil nas mãos do Professor. Podemos utilizá-lo como uma ferramenta de Ensino de modo a promovermos a reconciliação integrativa e a diferenciação progressiva durante as aulas (expositivas, de laboratório, audiovisuais, etc.), podemos utilizá-los como instrumento de avaliação5, e também podemos utilizá-los como ferramentas na fase de preparação de um curso ou de uma aula somente. Gostaríamos de salientar aqui o papel dos Mapas Conceituais como auxiliares poderosos do Professor na fase de planejamento do Ensino. Toda disciplina possui uma rede de significados apoiada sobre uma estrutura organizada e hierárquica, onde conceitos mais gerais envolvem e subordinam conceitos menos gerais. O Mapa Conceitual é uma representação dessa estrutura. Supõe-se que Mapas Conceituais feitos por Professores expressem, o mais próximo possível, a estrutura desse conhecimento. Se os professores de uma disciplina fizerem antes de iniciar o curso um Mapa Conceitual da disciplina ficará mais claro como abordar os assuntos e em qual ordem esses assuntos deverão ser abordados. Dentro dessa perspectiva, o Mapa Conceitual deve ser construído pelo Professor antes de iniciar qualquer atividade de planejamento. Outro uso possível de Mapas Conceituais na fase de planejamento é como instrumento de sondagem das concepções espontâneas que os alunos trazem para a escola e de como estas concepções se organizam na estrutura cognitiva dos sujeitos.

Sondagens (Pré-testes) Uma sondagem é uma verificação exploratória de um terreno. Em Ensino entendemos por sondagem àquele tipo de procedimento pelo qual o Professor faz uma avaliação dos conhecimentos com os quais os alunos iniciam o seu curso. Normalmente, no nosso sistema educacional, quando falamos de sondagem este termo é associado a uma prova de conteúdos. Sem dúvida, este é um tipo de sondagem importante mas que não deve ser sinônimo de sondagem, como hoje em dia. Podemos usar como instrumentos de sondagem os Mapas Conceituais, Testes de Associação de Conceitos, Entrevistas, etc. A sondagem deve ser encarada pelo Professor como um ponto de partida do Ensino, e do Planejamento mais especificamente, e não como mais um papel a ser preenchido pelos alunos. A sondagem é para ser usada para planejar o Ensino. Como instrumento de verificação, a sondagem traz inúmeros elementos para o Professor, tais como: qual o estado dos alunos neste momento, que conceitos devem ser trabalhados primeiro, qual a melhor forma de desenvolver esses conteúdos e os conteúdos a serem desenvolvidos ao longo dos anos, etc. Um ponto importante a respeito da sondagem é que ela deve ser encarada como um instantâneo do estado presente do aluno e não servir para o rotular como bom ou mau. O Professor deve sempre ter em conta que, se o aluno está na escola, ele lá está porque não sabe e deve ser ensinado. Se o aluno tudo soubesse seria Professor e

4 Ver o Capítulo 4, A Teoria de David Ausubel. 5 Esta aplicação será vista mais adiante.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 8

não aluno. A sondagem deve ter este aspecto prospectivo: analisar deficiências atuais como forma de projetar ações que visem à superação destas deficiências.

Informações institucionais Uma fonte bastante pouco utilizada para planejar o Ensino são informações de natureza institucional. Ao matricular-se em uma escola o aluno fornece um conjunto rico de informações que poderão auxiliar o Professor a conhecer melhor a realidade daqueles alunos, suas potencialidades e, a partir disso, planejar o seu Ensino. Essas informações são de caráter sócio - econômico e histórico dos alunos: como vivem, qual grupo social a que pertencem, como seus pais trabalham, por quais escolas passaram e com qual desempenho, etc. Por exemplo, se a partir da ficha dos alunos vemos que temos um grupo majoritário de alunos que têm um histórico de reprovações é claro que a nossa postura deverá ser diferente da que teríamos se estivéssemos diante de um grupo de alunos que nunca experimentaram reprovações.

Informações fornecidas pelos alunos Este é um outro grupo de informações que é relegado pelo Professor, indevidamente, a um segundo plano. As informações que os alunos nos trazem, e o retorno que eles nos proporcionam devem se refletir no planejamento que vai ser feito pelo Professor e (por que não?) pelos alunos. Principalmente, mas não somente, em cursos dirigidos a adultos estas informações são de suma importância porque nos trazem um pouco das aspirações e da realidade vivida por aqueles sujeitos. Nos falam de seus aspectos motivacionais e das suas expectativas.

A História da Ciência A História da Ciência é um rico depósito de informações que ajudarão o Professor a ter um melhor planejamento do curso:

• Como determinado assunto foi desenvolvido historicamente? • Quais foram seus condicionantes? • Quais foram os seus antecedentes? • Que desenvolvimentos possibilitou?

Outro fator que deve ser levado em conta são os recentes desenvolvimentos da área de concepções espontâneas que apontam um paralelismo entre os desenvolvimentos da Ciência histórica e a forma como os conceitos espontâneos se desenvolvem na mente das crianças. Se tomarmos, por exemplo, a concepção espontânea usual em Mecânica:

F α v (força proporcional à velocidade) podemos observar que esse conceito se encontra também na Física de Aristóteles. Será que isto quer dizer que Aristóteles pensava como uma das nossas crianças de 10 anos? Obviamente que não. As bagagens culturais de um e de outro são completamente diferentes e, portanto, o que uma criança dos nossos dias pensa não pode ser o mesmo que um homem maduro do século V antes de Cristo pensava quando em face de uma proposição desse tipo. Mas Aristóteles chegou a essa conclusão a partir de observações do mundo. Exatamente como a nossa criança de 10 anos. É esse tipo de informação que a História da Ciência nos traz. Podemos, a partir do seu estudo, inferir pontos pelos quais o

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Planejando o ensino – Capítulo 6 9

estudante naturalmente passará e que tipo de conclusões tirará dos eventos que observa ao longo da sua vida.

Construindo o Plano de Ensino Bem, finalmente estamos em condições de construir o plano de Ensino. Uma primeira observação: convém lembrar que os livros texto devem se adequar aos programas e não o contrário, como muitas vezes observamos nas escolas, onde o plano de Ensino é uma cópia do sumário do livro texto utilizado pelo Professor (ou que utilizam o Professor? Eis aí uma boa questão). Vamos aqui fazer uma diferenciação entre Plano de Curso e Plano de Aula. Por Plano de Curso entendemos o planejamento de um conjunto de atividades que se desenrolarão por um período longo de tempo (semanas ou meses) e que versará sobre vários tópicos distintos enquanto que por Plano de Aula entendemos o planejamento das atividades a serem desenvolvidas em um período de tempo usual diário de classe (1 ou 2 horas) e que versará sobre um tópico específico.

Plano de Ensino de Curso Não há um formulário ou receita que nos diga como fazer isto. Entretanto um bom Plano de Ensino deve conter alguns elementos que o tornem útil tanto para o Professor como para os alunos. O Plano de Ensino deve ser visto como um contrato entre o Professor e os seus alunos. Ele estabelece as regras do jogo. Este contrato, no entanto, não deve ser visto como uma via rígida. Como já afirmado anteriormente, ele é uma trilha e não um trilho. O Plano deve estar em constante avaliação e deve ser modificado na medida em que a realidade o exigir. É claro que um Plano que exija modificações constantes e profundas indica um mau planejamento do Ensino. Os elementos que compõe um plano de Ensino de um curso são os seguintes: Módulo I - Identificação do Curso Neste módulo deverão constar elementos identificadores do curso como:

•o nome da escola •o nome do Professor •a identificação da (s) turma (s) •o ano a que o plano se refere •o nome da disciplina •a carga horária semanal e total (previstas)

Módulo II - Ementa e Objetivos Aqui vai ser definido o objeto a que o Ensino se refere. A ementa diz quais os conteúdos (grandes tópicos) que serão estudados enquanto que os objetivos apontarão para o que se espera que o aluno aprenda e quais habilidades ele deve apresentar ao final do curso.

Podemos fazer aqui uma diferenciação entre objetivos gerais e específicos. Os objetivos gerais são aquelas metas de longo prazo que se espera alcançar. Os objetivos específicos são as metas de curto prazo.

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Enquanto um objetivo geral pode ser expresso por proposições de difícil verificação, os objetivos específicos devem ser expressos por proposições verificáveis objetivamente, operacionais. Por exemplo, a proposição:

Tornar os alunos críticos quanto ao trabalho infantil.

pode ser a expressão de um objetivo geral. Esta é uma questão de difícil mensuração. Já um objetivo específico de uma unidade desse curso como, por exemplo, o estudo da situação do trabalho infantil nas carvoarias de MS poderia ser:

Enunciar as conseqüências sobre o desenvolvimento cognitivo do trabalho nas carvoarias de MS.

Outro exemplo: em um curso de Biologia um objetivo geral poderia ser:

Desenvolver a compreensão dos processos de divisão celular enquanto o objetivo específico da unidade Meiose:

Saber descrever com precisão as etapas da meiose Em ambos os problemas apresentados os objetivos gerais são de difícil observação direta enquanto que os objetivos específicos envolvem capacidades que podem ser observadas (e medidas eventualmente). Módulo III - Unidades e Subunidades As unidades são as grandes áreas nas quais o conteúdo é dividido enquanto que as subunidades são divisões menores das unidades e se caracterizam por serem operacionais. Cada unidade deverá explicitar o tempo previsto para a sua execução. Na primeira vez que se faz um plano de Ensino de uma disciplina esta avaliação de tempo pode ser difícil. Procure colegas mais experientes. A medida que você for pegando experiência esta tarefa ficará mais fácil. Módulo IV - Procedimentos de Ensino Neste ponto do Plano de Curso o Professor explicita os procedimentos que serão utilizados para o desenvolvimento dos conteúdos apresentados no módulo anterior. Pode valer a pena distribuir este item ao longo dos itens do módulo anterior. Esta escolha fica a critério do Professor e do bom senso.

Observe-se que é aqui, principalmente, que entra a Teoria de Ensino a que nos referimos na Introdução. É a Teoria de Ensino que vai apontar a partir das características do conteúdo e dos alunos a melhor forma de abordagem. É aqui que o saber profissional do Professor entra em cena. Módulo V - Bibliografia Neste módulo deverão ser listadas as possíveis fontes de consulta. No ambiente da escola de ensino médio, normalmente, o que é uma lástima, as possíveis fontes de consulta se restringem ao livro texto. Em cursos superiores é mais comum (embora nem tanto, infelizmente também) que o Professor tenha que utilizar várias fontes: livros diversos,

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Planejando o ensino – Capítulo 6 11

artigos de revistas especializadas, manuais técnicos, jornais, revistas, etc. Este é o local para listá-las. Convém apontar onde as fontes podem ser encontradas: se na biblioteca, se com o Professor, se na Internet, etc. de modo que o aluno tenha noção da facilidade (ou falta dela) de encontrar determinada fonte. Módulo VI - Avaliação Neste módulo listamos as formas pelas quais verificaremos se os objetivos listados no Módulo II foram ou não atingidos. Devemos explicitar como a avaliação será feita (prova individual ou em grupo, trabalhos escolares, entrevistas, etc.) bem como suas datas prováveis. Deve ser dito claramente a que unidades do programa (listadas no Módulo II) cada avaliação se refere. Outro item que deve ser tornado claro é o peso de cada avaliação, seja um teste seja uma prova, e a maneira pela qual estes escores serão combinados de modo a formar o escore total de aprovação do aluno. Podemos resumir todas estas informações em um formulário modelo como o que é mostrado na Figura 1.

PLANO DE ENSINO DE CURSO MÓDULO I DISCIPLINA: ANO: CURSO: SÉRIE: PROFESSOR: CARGA HORÁRIA: SEMANAL: ANUAL: MÓDULO II - EMENTA E OBJETIVOS EMENTA: OBJETIVOS MÓDULO IV - PROCEDIMENTOS DE ENSINO MÓDULO V - BIBLIOGRAFIA MÓDULO VI - AVALIAÇÃO

Figura 1 Um modelo de formulário para o plano de curso.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 12

Como um exemplo apresentamos, no final deste capítulo, o plano de Ensino da disciplina Instrumentação Para o Ensino de Física como ministrada na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul no ano de 19976.

Plano de aula Enquanto o Plano de Ensino de Curso diz respeito ao planejamento do curso como um todo o Plano de Ensino de Aula diz respeito ao que o Professor pensa atingir com determinada aula:

• Qual o objetivo daquela aula? • Como ela se relaciona com o conteúdo como um todo? • Como aquela aula se articula com os objetivos gerais da disciplina?

Todas estas questões devem estar contempladas no Plano de Aula. Sabemos que nas condições atuais de trabalho a que o Professor se vê submetido fica difícil fazer para cada aula um planejamento detalhado por escrito de modo a que os alunos a ele tenham acesso, o que seria a situação ideal. No entanto, cremos que seja possível fazer esse planejamento pelo menos mentalmente de modo a que a atividade do Professor seja dirigida a um objetivo claro e bem definido.

O Plano de aula deve seguir um planejamento feito pelo Professor com base em um levantamento prévio da dificuldade do assunto em relação àquele grupo de alunos:

• Quais as concepções espontâneas apresentadas por aquele grupo? • Quais pontos daquele conteúdo são potencialmente de difícil compreensão? • Qual (is) o (s) esquema (s) de assimilação necessários para o estudo daquele

assunto? • Que conceitos anteriores são necessários à compreensão daquele conteúdo? • Que pontos são fundamentais naquele conteúdo? • O tempo é adequado ao volume de conteúdos a serem trabalhados? • Qual a utilidade daquele conhecimento (ou habilidade) específico?

Estas são questões que devem ser respondidas a priori, antes de começar o planejamento da aula. O tipo de Plano de Aula que será elaborado pelo Professor é uma função do tipo de aula que será ministrada: expositiva, de laboratório, atividades externas, etc. Entretanto há alguns elementos que são comuns aos vários tipos de aulas possíveis. É sobre estes elementos que discorreremos a seguir. Objetivo

•Toda aula deve ter um objetivo claro. •O conteúdo e a metodologia devem ser escolhidos de tal modo que sejam relevantes aos objetivos gerais do curso, postos no Plano de Curso. •Os conteúdos devem pertencer ao conjunto dos conteúdos a serem abordados no curso.

6 Aqui cabe o comentário de que na UFMS, regimentalmente, devem haver duas avaliações de tipo escrito por semestre.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 13

•As habilidades dos alunos a serem trabalhadas devem pertencer ao conjunto das habilidades postas no Plano de Curso. •Deve haver uma articulação entre conteúdos e habilidades desenvolvidas naquela aula em particular e os conteúdos e habilidades colocados no Plano de Curso.

Aqui o Mapa Conceitual elaborado por ocasião da confecção do Plano de Curso pode ser de grande ajuda na explicitação destas interrelações. Metodologia A metodologia deve expressar a concepção de Educação e a Teoria de Ensino seguida pelo Professor. Se quisermos que os alunos desenvolvam determinada habilidade de nada adianta falar sobre ela: é necessário que os alunos executem alguma atividade onde a habilidade será necessária. Desenvolvimento Toda aula tem um período no qual o tema proposto é desenvolvido pelo Professor ou pelos alunos, dependendo da metodologia que se está aplicando. Este é o momento mais extenso da aula7. Nele o tema da aula é apresentado e desenvolvido. O desenvolvimento da aula possui três momentos principais:

I - Introdução Neste momento o Professor apresenta o tema, estabelecendo ligações entre os assuntos já desenvolvidos e o tema daquela aula. Na linguagem de Ausubel é um momento de Reconciliação Integrativa. É um bom momento para discussão do Mapa Conceitual do curso de forma a localizar aquele conteúdo no contexto da disciplina. Esta etapa não deve consumir mais do que 10 minutos do tempo da aula8. II - Desenvolvimento próprio Nesta etapa o assunto novo é apresentado. Esta etapa tem características diferentes conforme o tipo de atividade a ser desenvolvida pelo Professor e pelos alunos. Nessa etapa o Professor promoverá a Diferenciação Progressiva dos Conceitos, explorando a Zona de Desenvolvimento Proximal dos alunos. III - Conclusão Este é outro momento onde o uso do Mapa Conceitual pode ser de grande valia. Neste momento da aula, o Professor deve resgatar os pontos apontados na Introdução e, com a ajuda do Mapa Conceitual promover a Reconciliação Integrativa dos Conceitos.

Avaliação

7 Estamos considerando o tempo da aula como compreendendo também o tempo de preparação e planejamento (anterior ao tempo de classe) e o tempo de avaliação (que pode ser posterior, em parte, ao tempo de classe). 8 Não há outra razão que a experiência para a indicação desse número.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 14

Na avaliação o Professor tenta responder à questão: os objetivos a que me propus atingir com esta aula realmente o foram? Existem muitas formas de avaliação. Em um capítulo seguinte analisaremos detalhadamente estas diferentes formas. Aqui, queremos apenas ressaltar que a Avaliação é parte integrante do Planejamento da mesma forma que o Planejamento é parte integrante da Avaliação. A divisão aqui feita é puramente para fins didáticos e, de certo modo, artificial.

Conclusão Neste capítulo procuramos mostrar a importância do Planejamento dentro do processo educacional e as formas de executá-lo. Mais uma vez gostaríamos de salientar que o planejamento deve ser visto como um auxiliar do Professor e não como um juiz de suas ações ou como uma ferramenta que vá tolher a liberdade do Professor. A liberdade real do Professor está em determinar que objetivos devem (podem) ser atingidos e não em planejar como atingir objetivos postos por outrem.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 15

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MS PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO

COORDENADORIA DE DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DO ENSINO DIVISÃO DE APOIO PEDAGÓGICO

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PLANO DE ENSINO

I) Identificação

Disciplina: Instrumentação para o Ensino de Física Carga Horária: 136h Centro: CCET Curso: Lic. Física Série: 3a. Ano Letivo: 1997 H/Aula Semanais : 04h Duração: Anual (X) Semestral ( ) 1° ( ) 2° ( ) Professor(a)(es): Paulo Ricardo da Silva Rosa Turma: 01

II) Ementa

Teorias de aprendizagem e o Ensino de Física. Resultado das Pesquisas nas áreas de Ensino de Física. Análise e crítica de material bibliográfico. Preparação e elaboração de módulos de Ensino de Física. O Ensino experimental de Física. Elaboração das atividades de Laboratório. Técnicas de Ensino. Construção e validação de instrumentos de avaliação.

III) Objetivos

Ao ser aprovado na disciplina ministrada, o aluno deverá ser capaz de:

1. Analisar criticamente aspectos básicos do processo Ensino - aprendizagem (metodologias, técnicas, recursos didáticos e instrumentos de avaliação). 2. Analisar criticamente o Ensino praticado em Física sob a ótica de algumas teorias de aprendizagem. 3. Discorrer sobre alguns aspectos básicos de pesquisa em Ensino de Física, fundamentalmente em concepções espontâneas, e suas implicações. 4. Discutir a importância do Ensino experimental e desenvolver meios para efetivá-lo. 5. Elaborar um projeto de Ensino e desenvolvê-lo em situações reais de Ensino.

IV) Programa

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Planejando o ensino – Capítulo 6 16

Unidades e sub-unidades

Parte 1 - A teoria do processo Ensino - aprendizagem - 72 horas

Unidade I Objetivos do Ensino de Física - 02 horas

1.1 Por que e para quem ensinar Ciências nas escolas de primeiro e segundo graus. 1.2 A importância do Ensino de Ciências e a formação do cidadão. 1.3 Áreas possíveis de atuação do Licenciado em Física.

Unidade II

Fatores que condicionam o Ensino de Física - 06 horas

2.1 Fatores sócio - econômicos - culturais. 2.2 O currículo. 2.3 A natureza da escola. 2.4 Histórico de vida dos alunos: concepções espontâneas.

Unidade III

Teorias de Aprendizagem - 10 horas 3.1- Teorias comportamentalistas (Skinner). 3.2- Teorias cognitivistas (Piaget e Ausubel). 3.3 - Teorias sociais (Vygotsky e Paulo Freire).

Prova 1 - Unidades I, II, III

Unidade IV Planejando o Ensino - 06 horas

4.1 Por que temos que planejar? 4.2 Etapas do planejamento. 4.3 Instrumentos úteis ao planejamento.

4.3.1 Mapas conceituais; 4.3.2 Sondagens (pré - testes); 4.3.3 Informações institucionais; 4.3.4 Informações fornecidas pelos alunos. 4.3.5 A História da Física

4.4 O plano de Ensino. Prova 2 - Unidade IV

Unidade V Executando o Ensino I: técnicas de Ensino - 10 horas

5.1 Aula expositiva. 5.2 Aula de demonstração. 5.3 Trabalho em grupo. 5.4 Instrução programada. 5.5 Técnica de leitura.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 17

Prova 3 - Unidade V

Unidade VI Executando o Ensino II: Trabalho experimental - 06 horas.

6.1 A importância do Ensino experimental. 6.2 Objetivos do Ensino experimental. 6.3 A estrutura de um experimento: o “V” epistemológico. 6.4 Laboratório estruturado versus laboratório não estruturado. 6.5 Roteiros experimentais. 6.6 Avaliando o Ensino de laboratório: relatórios. 6.7 Feiras de Ciências, visitas a indústrias e museus e atividades afins.

Prova 4 - Unidade VI

Unidade VII Executando o Ensino III - Informática e Educação - 06 horas

7.1 Tipos de Computadores; 7.2 Tipos de Aplicativos; 7.3 Possíveis usos de micros na escola; 7.4 Internet e o Ensino de Física.

Unidade VIII

Executando o Ensino IV - Outros recursos instrucionais - 06 horas

8.1 O livro. 8.1.1 A ideologia no livro didático. 8.1.2 Ênfases curriculares.

8.2 Recursos audiovisuais. 8.3 A História da Física como recurso didático

Prova 5 - Unidades VII e VIII

Unidade IX Avaliando o Ensino - 08 horas

9.1 Importância e objetivos do processo de avaliação. 9.2 Avaliação subjetiva e objetiva. 9.3 Avaliação formativa, somativa e diagnóstica. 9.4 Construindo testes: a tabela de especificações e a taxionomia do domínio cognitivo de Bloom. 9.5 Instrumentos de avaliação. 9.5.1 Testes de múltipla escolha. 9.5.2 Testes dissertativos. 9.5.3 Fichas de observação. 9.5.4 Questionários. 9.5.5 Fichas de leitura. 9.5.6 Entrevista. 9.6 Fidedignidade e validade de testes.

Prova 6 - Unidade IX

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Page 18: Planejamento e plano de aula EXPLICAÇÕES

Planejando o ensino – Capítulo 6 18

Parte 2 - Projeto de Ensino - 64 horas Nesta parte, cada aluno deverá desenvolver um projeto de mini - curso a ser desenvolvido em duas sessões de 4 (quatro) horas aula cada. Este projeto versará sobre um tema de Física, escolhido a partir da lista fornecida pelo Professor da disciplina, distribuída juntamente com este plano de Ensino (ver folha em anexo). Neste projeto, o aluno deverá desenvolver o tema em quatro sessões de duas horas, a nível de segundo grau. Cada projeto deverá usar as seguintes técnicas de Ensino: aula expositiva (giz e quadro), aula de laboratório (estruturado), aula com o uso de recursos audiovisuais e uma aula onde deverá ser usada alguma nova tecnologia no Ensino (computadores, redes de comunicação, p. ex.).

Para cada projeto deverá ser elaborada (usando recursos de edição de texto, gráficos e figuras em computador) uma apostila contendo os seguintes tópicos:

1. Apresentação do tema com o delineamento claro da teoria de aprendizagem que será utilizada. 2. Histórico do desenvolvimento do tema pela Física. 3. Uma pequena dissertação sobre o assunto. 4. O plano do curso. 5. Os planos de cada aula (quatro no total). 6. Avaliações a serem aplicadas aos alunos assistentes do curso. 7. Avaliação de cada aula e do curso como um todo por parte do aluno ministrante de curso.

Os projetos deverão seguir o seguinte cronograma:

a. Tópicos de 1 a 3 - entrega da versão final até o dia 31 de julho de 1997. b. Tópicos de 4 a 6 - entrega da versão final até o dia 31 de agosto de 1997. c. Primeira aplicação do curso: primeira semana de setembro de 1997. d. Tópico 7 - entrega da versão final até 30 de setembro de 1997. e. Discussão em grupo dos mini cursos: outubro de 1997. f. Segunda aplicação do curso: primeira semana de novembro. g. Entrega das apostilas em sua versão final: novembro de 1997.

Obs.: As versões finais deverão ser passadas ao Professor via rede de computação interna do DFI. V) Procedimentos de Ensino (Técnicas, recursos e avaliação) As aulas serão desenvolvidas através das seguintes atividades:

1. Aulas expositivas. 2. Discussão de textos. 3. Elaboração, por parte dos alunos, de experimentos, seminários e trabalhos escritos, em grupo ou individuais. 4 Apresentação de seminários por parte dos alunos. 5. Trabalhos práticos.

VI) Recursos (humanos, técnicos e materiais necessários para o Ensino a serem viabilizados pelo Departamento)

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Planejando o ensino – Capítulo 6 19

1. Professor;

2. Sala de Aula;

3. Giz;

4. Copiadora;

5. Retroprojetor;

6. Vídeos;

7. Laboratórios;

8. Computadores e rede de comunicação.

VII) Bibliografia básica ( * existente na biblioteca ; ** a ser adquirida)

• Alves, R. Estórias de quem gosta de ensinar, 6a. Ed. Cortez, São Paulo, 1984 (Coleção Polêmicas do nosso tempo)

• Brandão, C.R. O que é método Freire, 10a. ed. Ed. Brasiliense, São Paulo, 1986 (Coleção primeiros passos n. 38)

• *Bloom, B. et alli. Taxionomia dos objetivos educacionais. Domínio cognitivo, Ed. Globo, Porto Alegre, 1973.

• Faria, A.L.G. Ideologia no livro didático, 2a. ed., Ed. Cortez, São Paulo, 1984.

• *Freire, P. Pedagogia do oprimido, 13a. ed., Ed. Paz e Terra, Rio de janeiro, 1983.

• *Menegolla, M. & Sant’Anna, I. M. Por que planejar? Como planejar? Currículo-Área- Aula. Petrópolis, Vozes, 1993. 2a ed.

• *Moreira, M.A. Uma abordagem cognitiva ao Ensino de Física. Ed. Universidade, Porto Alegre, 1983.

• ____________ Atividade Docente na Universidade - Alternativas Instrucionais, Ed. da Universidade, Porto Alegre, 1985.

• _____________. Avaliação da aprendizagem. enfoques teóricos. Porto Alegre, Ed. Universidade, 1983.

• ______________. Ação docente na Universidade. Textos relativos à componentes básicos do Ensino. Porto Alegre, Ed. Universidade, 1983.

• ______________. Mapas conceituais. Instrumentos didáticos de avaliação e de análise de currículo. São Paulo, Ed. Moraes, 1987.

• ______________ e Levandowski, C. E. Diferentes abordagens ao Ensino de laboratório. Porto Alegre, Ed. Universidade, 1983.

• *Cadernos Catarinenses de Ensino de Física - Textos escolhidos. • *Revista Brasileira de Ensino de Física (SBF) - Textos escolhidos. • Ramos, M. “Avaliação”: Instrumento para melhoria da aprendizagem escolar:

TE - Sala de aula, n.08, I-9, 1988 (ABT). • *Gonçalves, E. S. e Moreira, M. A. “Laboratório estruturado versus não

estruturado: um estudo comparativo em um curso convencional”- Revista Brasileira de Física; 10(02), 389-402, 1980.

• Costa, M. P. P. Técnicas de dinamização de grupos. TE - Sala de aula, n. 06, 1-8, 1987 (ABT) .

• Romiszowski, A. J. O que é instrução individualizada? Tecnologia Educacional, n. 49, 35-46, 1982.

• *Piaget, J. & Inhelder, B. O desenvolvimento das quantidades físicas na criança, 2a. ed. zaha Editores, rio de Janeiro, 1975.

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Planejando o ensino – Capítulo 6 20

• Saviane, D. Escola e democracia, 6a. ed. Ed. Cortez, São Paulo, 1985 (Coleção Polêmicas do nosso tempo).

• Pades/UFRGS. Monografias da série Melhorias de Ensino, 1982 . • Textos de pesquisa diversos.

VII) Avaliação

Primeira parte:

• Provas escritas sobre os conteúdos. • Testes escritos sobre o conteúdo dos textos distribuídos e discutidos. • Elaboração de dissertações sobre temas a serem definidos pelo Professor.

A cada área concluída, área entendida como sendo o conteúdo desenvolvido entre duas provas consecutivas, será atribuída uma nota (Nj) qual será a média aritmética ponderada da nota da prova daquela área (Np), com peso 2, a média dos testes (Mtestes) sobre os textos, com peso 1, e a média dos trabalhos executados (Mtrabalhos), com peso 1. Portanto:

NN M M

jp testes trabalhos=

× + +24

Na Parte 2 será atribuída uma nota ao Projeto de Ensino desenvolvido. A média anual (Ma) será calculada por:

MN N N N N N N

aprojeto=

+ + + + + + ×1 2 3 4 5 6 410

=Mf se ≥7,0

Mf - Média Final Ma - Média das notas dos trabalhos escolares e provas Nj - nota das áreas e Nprojeto é a nota atribuída ao projeto de Ensino. EPE - Exame de primeira época. Caso a média anual Ma não seja maior ou igual a 7,0 o aluno poderá fazer um exame desde que a média anual seja maior que 2,5. A nova média final será dada pela equação abaixo:

MM EPE

fa=

+2

Caso a média final assim calculada não for maior ou igual a 5,0 o aluno terá direito a um segundo exame (ESE), em data definida no calendário escolar. A nova média final será então calculada por:

MM ESE

fa=

+2

Obs. Para efeitos de contagem de carga horária atribui-se um tempo de 2 (duas) horas para cada avaliação. Datas prováveis das provas:

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Planejando o ensino – Capítulo 6 21

1a. área - 14/05/97 2a. área - 28/05/97 3a. área - 18/06/97 4a. área - 02/07/97 5a. área - 08/08/97 6a. área - 03/09/97

Exame de primeira época: 10/12/97. Exame de segunda época: 04/02/98. Professor: ________________________ Data: __/__/____ .

Lista de Temas possíveis para os Projetos de Ensino

1. Leis de Newton. 2. Conservação da Energia. 3. Conservação do Momento Linear. 4. Colisões. 5. Hidrostática. 6. Transformações de Estados Físicos. 7. Termodinâmica. 8. Teoria Cinética dos Gases. 9. Gravitação e o Sistema Solar. 10. Eletrostática. 11. Eletrodinâmica. 12. Eletromagnetismo. 13. Efeito fotoelétrico. 14. Ondas Mecânicas. 15. Ótica Geométrica. 16. Ótica Física. 17. Estrutura da Matéria. 18. Movimento Harmônica Simples. 19. Lei de Hooke. 20. Física das Radiações. Aprovação Conselho de Departamento Em ___/____/____ ( Art. 18 Res. 46/92-COEPE e Art. 44 Inc. IV, V NRT UFMS) Colegiado do Curso Em __/____/____ ( Art. 20 Res. 46/92 e Art. 95-Inc. I, II NRT UFMS)

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Planejando o ensino – Capítulo 6 22

Sugestões de atividades

1. Quais são os elementos que devem estar presentes em um Plano de Ensino? Descreva-os. 2. Analise o Plano de Ensino do seu curso de Instrumentação para o Ensino (ou Prática de Ensino, se for o caso). 3. Analise o Plano de Ensino de uma disciplina que você já cursou. 4. Analise um plano de Ensino de uma escola próxima de sua Universidade. O plano contempla os pontos que apontamos acima? 5. Escolha, com a ajuda do Professor, um tema importante da sua área. Planeje um curso e uma aula sobre este tema (em nível de segundo grau noturno em uma escola de classe pobre). Explicite a teoria de aprendizagem que você estará utilizando e, para a aula, a técnica de Ensino (uma das seguintes: aula expositiva, demonstração, instrução programada, leitura, trabalho de grupo). Indique as ações que você realizará em sala e as justifique.

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