planejamento de ensino como ferramenta bÁsica do processo ensino-aprendizagem

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Ed.5 - 2008 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu ISSN: 1980-6116 www.unicentro.br PLANEJAMENTO DE ENSINO COMO FERRAMENTA BÁSICA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Simone Scorsim Klosouski Pós-graduanda do curso de especialização (Pós-Graduação lato sensu) em Gestão Escolar. UNICENTRO.2006-2007. Klevi Mary Reali Professora Orientadora. Mestre em Educação. Departamento de Pedagogia.UNICENTRO. RESUMO O texto focaliza a importância do ato de planejar em todas as ações humanas e especificamente na prática docente. Inicialmente, faz-se uma reflexão sobre alguns conceitos de planejamento; em seguida, procura-se estabelecer diferenças entre as várias dimensões dos planejamentos em educação. O texto também tem como objetivo levar os leitores a pensar sobre planejamento de ensino, sobre suas fases e sua importância no processo ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Planejamento em educação; planejamento de ensino; processo de ensino-aprendizagem. ABSTRACT This text is focused on the importance of the planning act in all of the human actions, and specifically in the educational practice. Initially it is thought over some planning concepts; afterwards, it is established diffrences among the several dimensions of the planning act in education. The text also has as objective to take the readers to a deep thought about teaching planning, on its phases and its importance in the teaching-learning process. Key words: Planning act in education; planning of teaching; teaching-learning process.

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por,Simone Scorsim KlosouskiPós-graduanda do curso de especialização (Pós-Graduação lato sensu) em Gestão Escolar.UNICENTRO.2006-2007.Klevi Mary RealiProfessora Orientadora. Mestre em Educação. Departamento de Pedagogia.UNICENTRO.

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Ed.5 - 2008 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu ISSN: 1980-6116

www.unicentro.br

PLANEJAMENTO DE ENSINO COMO FERRAMENTA BÁSICA DOPROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Simone Scorsim KlosouskiPós-graduanda do curso de especialização (Pós-Graduação lato sensu) em Gestão Escolar.UNICENTRO.2006-2007.

Klevi Mary RealiProfessora Orientadora. Mestre em Educação. Departamento de Pedagogia.UNICENTRO.

RESUMO

O texto focaliza a importância do ato de planejar em todas as ações humanas e especificamente na prática docente. Inicialmente,faz-se uma reflexão sobre alguns conceitos de planejamento; em seguida, procura-se estabelecer diferenças entre as váriasdimensões dos planejamentos em educação. O texto também tem como objetivo levar os leitores a pensar sobre planejamentode ensino, sobre suas fases e sua importância no processo ensino-aprendizagem.Palavras-chave: Planejamento em educação; planejamento de ensino; processo de ensino-aprendizagem.

ABSTRACT

This text is focused on the importance of the planning act in all of the human actions, and specifically in the educationalpractice. Initially it is thought over some planning concepts; afterwards, it is established diffrences among the severaldimensions of the planning act in education. The text also has as objective to take the readers to a deep thought aboutteaching planning, on its phases and its importance in the teaching-learning process.Key words: Planning act in education; planning of teaching; teaching-learning process.

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PLANEJAMENTO DE ENSINO COMO FERRAMENTA BÁSICA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

INTRODUÇÃO

Falar de planejamento de ensino parece ser um assuntotão batido e desgastado, porém, com o passar do tempo éimportante perceber que a maneira de se planejar hoje não éa mesma que há vinte anos, conforme aponta Hernández,“quando não existia a síndrome do excesso de informação,ou há 40, quando se pensava que as disciplinas searticulavam por regras estáveis, ou há 80, quando muitoscampos disciplinares estavam em fase de definição”(HERNÁNDEZ, 1998, p. 63). Percebe-se, assim, que o passardos tempos altera o modo de planejar a vida.

Por isso, mesmo que sejam utilizados conceitossemelhantes, o contexto é diferenciado, e é por isso que emmomentos diferentes o planejamento assume papéissingulares.

A ação de planejar faz parte da história do homem, pois,a vontade de transformar aspirações em realidade objetivaé uma preocupação que acompanha a maioria das pessoas.

Pensar e planejar são atos que agem concomitantemente.Ao iniciar o dia, o homem pensa e distribui suas atividadesde acordo com o seu tempo e com suas necessidades: o queirá fazer, como fazer, para que fazer e com o que fazer.

Nas mais simples ações humanas do dia-a-dia, quandoo homem pensa de forma a atender seus objetivos, ele estáplanejando, sem necessariamente registrar de forma técnicaas ações que irá realizar durante o dia. Assim, pode-se dizerque a ação de planejar, ou o planejamento, faz parte da vida.Aquele que não mais planeja, corre o risco de realizar ascoisas de forma mecânica, alienada e, como conseqüência,sua ação não ter um sentido definido.

A todo momento se está planejando. Mas, afinal, paraque se planeja?

Segundo Gandin, “a primeira coisa que nos vem à mentequando perguntamos sobre a finalidade do planejamentoé a eficiência”, que segundo ele é “a execução perfeita deuma tarefa que se realiza” (2005, p. 17). Então, pode-sedizer que quando se planeja, independente do que estásendo planejado, quer se obter o melhor resultado, há aintenção de que dê certo, inclusive se é algo que realmenteseja importante que se faça. É por isso que Gandin apontaque além da eficiência, “o planejamento visa também àeficácia” (2005, p. 17)

O planejamento é um processo que exige sistematização,organização, decisão e previsão e ele está inserido em váriossetores da vida: faz-se planejamento urbano, econômico,familiar, habitacional, educacional. E este último, que é oobjeto desse estudo, é um ato político-pedagógico, poisexplicita sua intenções, bem como os objetivos que sepretendem atingir.

Quando se fala em planejamento na área da educação,ouve-se falar nos seguintes termos: planejamento

educacional, planejamento escolar, planejamento de ensino,planejamento curricular. Mas afinal, todos estes termos nãosão relacionados à educação propriamente dita? Existemdiferenças entre esses termos? E antes disso, o que osestudiosos falam sobre o termo planejamento? Quais asfinalidades pedagógicas de um planejamento de ensino?Por que o professor deve planejar? Qual é a sua importânciapara o processo de ensino-aprendizagem?

É a partir destas perguntas que a discussão proposta iráse desenrolar.

Ressaltamos que o tipo de metodologia de pesquisautilizada no presente artigo foi baseada na pesquisabibliográfica.

Sobre esse tipo de pesquisa, vejamos o que nos apontaGonsalves:

Caracteriza-se a pesquisa bibliográfica pelaidentificação e análise dos dados escritos emlivros, artigos de revistas, dentre outros. Suafinalidade é colocar o investigador em contatocom o que já se produziu a respeito do seu temade pesquisa.Na pesquisa bibliográfica o pesquisador vaise deparar com dois tipos de dados: aquelesque são encontrados em fontes de referência(dados populacionais, econômicos, históricosetc.) e aqueles dados especializados em cadaárea do saber, indispensáveis para odesenvolvimento da sua pesquisa (2003, p. 34-35)

A pesquisa bibliográfica foi a modalidade de pesquisamais indicada para ser realizada aqui, em virtude danecessidade de busca de fontes. A intenção era realizar apesquisa bibliográfica, e em seguida, uma pesquisa empírica,através de uma coleta de dados sobre a experiência deprofessores acerca do tema em questão, o que poderá,possivelmente, ser feito posteriormente.

CONCEITOS DE PLANEJAMENTO

As idéias que envolvem o planejamento são amplamentediscutidas atualmente, mas para exercitar a sua prática, faz-se necessário compreender conceitos atribuídos a essetermo. Os conceitos que irão ser explicitados a seguirapresentam variações e contribuem para umacomplementação de idéias. Seguem alguns conceitos deplanejamento, conforme alguns autores:

Planejamento é processo de busca de equilíbrioentre meios e fins, entre recursos e objetivos,visando ao melhor funcionamento de empresas,

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instituições, setores de trabalho, organizaçõesgrupais e outras atividades humanas. O ato deplanejar é sempre processo de reflexão, detomada de decisão sobre a ação; processo deprevisão de necessidades e racionalização deemprego de meios (materiais) e recursos(humanos) disponíveis, visando àconcretização de objetivos, em prazosdeterminados e etapas definidas, a partir dosresultados das avaliações (PADILHA, 2001, p.30)

Conforme aponta Lück, planejamento é o:Processo de estruturação e organização da ação

intencional, realizado mediante:· Análise de informações relevantes do presente edo passado, objetivando, principalmente, oestabelecimento de necessidades a serem atendidas;· Estabelecimento de estados e situações futuros,desejados;· Previsão de condições necessárias aoestabelecimento desses estados e situações;· Escolha e determinação de uma linha de ação capazde produzir os resultados desejados, de forma amaximizar os meios e recursos disponíveis paraalcançá-los (2002, p. 24)

Segundo Gandin:a) Planejar é transformar a realidade numa direçãoescolhida.b) Planejar é organizar a própria ação (de grupo,sobretudo).c) Planejar é implantar “um processo de intervençãona realidade” (ELAP).d) Planejar é agir racionalmente.e) Planejar é dar certeza e precisão à própria ação (degrupo, sobretudo).f) Planejar é explicitar os fundamentos da ação dogrupo.g) Planejar é por em ação um conjunto de técnicaspara racionalizar a ação.h) Planejar é realizar um conjunto orgânico de ações,proposto para aproximar uma realidade a um ideal.i) Planejar é realizar o que é importante (essencial) e,além disso, sobreviver... se isso for essencial(importante) (2005, p. 19-20)

De acordo com as citações descritas, pode-se perceberque cada autor se utiliza de uma forma específica paraconceituar o termo planejamento, mas todas elas concordamque o planejamento seja a previsão de uma ação a serdesenvolvida e o pensar sobre os melhores meios paraatingir os fins.

Planejamento Educacional

Sobre planejamento educacional, tem-se a seguintecitação:

O planejamento da Educação, no Brasil, temsido entendido tanto como numa acepçãomacro – em nível sistêmico, governamental, etc.,quanto na acepção micro – em nível escolarou mesmo de sala de aula.No primeiro caso, há duas vertentes principais.A primeira denomino aqui de governamental(envolvida diretamente com as políticaspúblicas em nível federal, estadual oumunicipal). São várias as instituições(Conselhos de Educação, Secretarias,Ministérios, Planos de Governo) e são váriospesquisadores (Pedro Demo é um exemplorecente) que se ocupam em estudar, propor edivulgar planos (estratégicos, tácitos eoperacionais) para dar conta dos problemaseducacionais brasileiros. A segunda vertentemacro denomino de acadêmica, não só pelosobjetivos a que se dispõe, mas, também, pelaestrutura do discurso que utiliza;Na acepção micro, vamos identificar tambémduas vertentes, mas com um recorte diferentedo anterior; tratam-se de dois enfoquesdistintos: uma vertente tecnicista e outra quedenomino de participativa ou crítica. Ambasse ocupam do planejamento e da avaliaçãofocados na escola e na sala de aula; [...](XAVIER, 2000, p. 34-35)

Como pode-se perceber, o planejamento educacionalcompreende o processo contínuo que se preocupa com aeducação em modo geral, a fim de atender às necessidadesindividuais e coletivas dos membros da sociedade,estabelecendo o caminho adequado através de açõespensadas e estratégicas atribuídas para alcançar objetivos.

Ainda, relaciona o desenvolvimento do sistemaeducacional com o desenvolvimento econômico, político,social, cultural que se encontra o país e ealbora condiçõesbásicas para o aperfeiçoamento dos fatores que influenciamno sistema educacional (administração, recursos humanos,estrutura, financiamentos, etc.).

Planejamento Escolar

Segundo Libâneo, Planejamento Escolar “é um processode racionalização, organização e coordenação da açãodocente, articulando a atividade escolar e a problemáticado contexto social” (1992, p. 221) O planejamento escolar,

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portanto, como o seu próprio nome evidencia, é oplanejamento global da instituição escolar, que envolve oprocesso de refletir e decidir sobre a estrutura, a organização,o funcionamento e as propostas pedagógicas desta.

Planejamento curricular

Tendo uma visão do que a educação, no geral, tem comoproposta, e o que cada escola tem como objetivo, o educadordeve ter a preocupação com o currículo.

O currículo é a ferramenta que orienta o trabalho doprofessor, no sentido de prever todas as atividades que oaluno deve realizar dentro de cada área do conhecimento.Lembramos que as atividades devem favorecer o processode aprendizagem e que levem a atingir os fins da educação,que não se resumem na aquisição dos conhecimentospretendidos, através da repetição e da “decoreba”, comoera no ensino tradicional, mas que traga aos educandoscompetências para atuarem no mundo de forma pensante eaprendente.

Portanto, o currículo de hoje deve serfuncional. Deve promover não só aaprendizagem de conteúdo e habilidadesespecíficas, mas também fornecer condiçõesfavoráveis à aplicação e integração dessesconhecimentos. Isto é viável através daproposição de situações que favoreçam odesenvolvimento das capacidades do alunopara solucionar problemas, muitos dos quaiscomuns no seu dia-a-dia.A previsão global e sistemática de toda ação aser desencadeada pela escola, em consonânciacom os objetivos educacionais, tendo por focoo aluno, constitui o planejamento curricular.Portanto, este nível de planejamento é relativoà escola. Através dele são estabelecidas aslinhas-mestras que norteiam todo o trabalho.[...] (TURRA et alii, 1995, p. 17)

O planejamento curricular exige do professor constantebusca e atualização, já que os conteúdos a todo momentose renovam e as propostas curriculares acompanham esteprocesso. Portanto, o planejamento curricular constitui,segundo Turra et alii,

uma tarefa contínua a nível de escola, emfunção das crescentes exigências de nossotempo e dos processos que tentam acelerar aaprendizagem. Será sempre um desafio a todosaqueles envolvidos no processo educacional,para busca dos meios mais adequados àobtenção de maiores resultados (1995, p. 18)

Planejamento de Ensino

Em se tratando da prática docente, faz- se necessárioainda mais desenvolver um planejamento. Neste caso, oensino, tem como principal função garantir a coerência entreas atividades que o professor faz com seus alunos e, alémdisso, as aprendizagens que pretende proporcionar a eles.Então, pode-se dizer que a forma de planejar deve focar arelação entre o ensinar e o aprender.

Dentro do planejamento de ensino, deve-se desenvolverum processo de decisão sobre a atuação concreta por partedos professores, na sua ação pedagógica, envolvendoações e situações do cotidiano que acontecem através deinterações entre alunos e professores.

O professor que deseja realizar uma boaatuação docente sabe que deve participar,elaborar e organizar planos em diferentes níveisde complexidade para atender, em classe, seusalunos. Pelo envolvimento no processo ensino-aprendizagem, ele deve estimular aparticipação do aluno, a fim de que este possa,realmente, efetuar uma aprendizagem tãosignificativa quanto o permitam suaspossibilidades e necessidades.O planejamento, neste caso, envolve a previsãode resultados desejáveis, assim como tambémos meios necessários para alcançá-los.A responsabilidade do mestre é imensa. Grandeparte da eficácia deseu ensino depende da organicidade, coerênciae flexibilidade de seu planejamento (TURRA etalii, 1995, p. 18-19)

O planejamento de ensino é que vai nortear o trabalhodo professor e é sobre ele que far-se-á uma reflexão maiorneste texto.

FASES DO PLANEJAMENTO DE ENSINO E SUAIMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

O planejamento faz parte de um processo constanteatravés do qual a preparação, a realização e oacompanhamento estão intimamente ligados. Quando serevisa uma ação realizada, prepara-se uma nova ação numprocesso contínuo e sem cortes. No caso do planejamentode ensino, uma previsão bem feita do que será realizado emclasse, melhora muito o aprendizado dos alunos e aperfeiçoaa prática pedagógica do professor. Por isso é que oplanejamento deve estar “recheado” de intenções e

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objetivos, para que não se torne um ato meramenteburocrático, como acontece em muitas escolas. A maneirade se planejar não deve ser mecânica, repetitiva, pelocontrário, na realização do planejamento devem serconsiderados, combinados entre si, os seguintes aspectos:

1) Considerar os alunos não como uma turmahomogênea, mas a forma singular de apreender de cadaum, seu processo, suas hipóteses, suas perguntas apartir do que já aprenderam e a partir das suas histórias;2) Considerar o que é importante e significativo paraaquela turma. Ter claro onde se quer chegar, que recortedeve ser feito na História para escolher temáticas eque atividades deverão ser implementadas,considerando os interesses do grupo como um todo.

Para considerar os conhecimentos dos alunosé necessário propor situações em que possammostrar os seus conhecimentos, suas hipótesesdurante as atividades implementadas, para queassim forneçam pistas para a continuidade dotrabalho e para o planejamento das açõesfuturas (XAVIER, 2000, p. 117)

É preciso pensar constantemente para quem serve oplanejamento, o que se está planejando e para quê vãoservir as suas ações.

Algumas indagações auxiliam quando se estáconstruindo um planejamento. Seguem alguns exemplos:

n O que pretende-se fazer, por quê e para quem?n Que objetivos pretendem-se alcançar?n Que meios/estratégias são utilizados para alcançartaiso bjetivos?n Quanto tempo será necessário para alcançar osobjetivos?n Como avaliar se os resultados estão sendoalcançados?

É a partir destas perguntas e respectivas respostas quesão determinadas algumas fases dentro do planejamento:

n Diagnóstico da realidade;n Definição do tema e Fase de preparação;n Avaliação.

Dentro desta perspectiva,Planejar é:

elaborar – decidir que tipo de sociedade e de homemse quer e que tipo de ação educacional é necessáriapara isso; verificar a que distância se está deste tipode ação e até que ponto se está contribuindo para oresultado final que se pretende; propor uma sérieorgânica de ações para diminuir essa distância e paracontribuir mais para o resultado final estabelecido;executar – agir em conformidade com o que foiproposto; e

avaliar – revisar sempre cada um desses momentos ecada uma das ações, bem como cada um dosdocumentos deles derivados”(GANDIN, 2005, p.23).

Fases do Planejamento

Diagnóstico da Realidade:

Para que o professor possa planejar suas aulas, a fim deatender as necessidades dos seus alunos, a primeira atitudea fazer, é “sondar o ambiente”. O médico antes de dizer comcerteza o que seu paciente tem, examina-o, fazendo um“diagnóstico” do seu problema. E, da mesma forma, deveacontecer com a prática de ensino: o professor deve fazeruma sondagem sobre a realidade que se encontram os seusalunos, qual é o nível de aprendizagem em que estão e quaisas dificuldades existentes. Antes de começar o seu trabalho,o professor deve considerar, segundo Turra et alii, algunsaspectos, tais como:

- as reais possibilidades do seu grupo de alunos, a fimde melhor orientar suas realizações e sua integração àcomunidade;- a realidade de cada aluno em particular, objetivandooferecer condições para o desenvolvimento harmônicode cada um, satisfazendo exigências e necessidadesbio-psico-sociais;- os pontos de referência comuns, envolvendo oambiente escolar e o ambiente comunitário;- suas próprias condições, não só como pessoa, mascomo profissional responsável pela orientaçãoadequada do trabalho escolar (1995, p. 28)

A partir da análise da realidade, o professor temcondições de elaborar seu plano de ensino, fundamentadoem fatos reais e significativos dentro do contexto escolar.

Definição do tema e preparação

Feito um diagnóstico da realidade, o professor podeiniciar o seu trabalho a partir de um tema, que tanto pode serescolhido pelo professor, através do julgamento danecessidade de aplicação do mesmo, ou decidido juntamentecom os alunos, a partir do interesse deles. Planejar dentrode uma temática, denota uma preocupação em nãofragmentar os conhecimentos, tornando-os maissignificativos.

Na fase de preparação do planejamento são previstostodos os passos que farão parte da execução do trabalho, afim de alcançar a concretização e o desenvolvimento dosobjetivos propostos, a partir da análise do contexto darealidade. Em outras palavras, pode-se dizer que esta é afase da decisão e da concretização das idéias.

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A tomada de decisão é que respalda aconstrução do futuro segundo uma visãodaquilo que se espera obter [...] A tomada dedecisão corresponde, antes de tudo, aoestabelecimento de um compromisso de açãosem a qual o que se espera não se converteráem realidade. Cabe ressaltar que essecompromisso será tanto mais sólido, quantomais seja fundamentado em uma visão críticada realidade na qual nos incluímos. A tomadade decisão implica, portanto, nossa objetiva edeterminada ação para tornar concretas assituações vislumbradas no plano das idéias(LÜCK, 2002, p. 27)

Nesta fase, ainda, serão determinados, primeiramenteos objetivos gerais e, em seguida, os objetivos específicos.Também são selecionados e organizados os conteúdos, osprocedimentos de ensino, as estratégias a serem utilizadas,bem como os recursos, sejam eles materiais e/ou humanos.

Avaliação

É por meio da avaliação que, segundo Lück, poder-se-á:a) demonstrar que a ação produz alguma diferençaquanto ao desenvolvimento dos alunos;b) promover o aprimoramento da ação comoconseqüência de sugestões resultantes da avaliação(2002, p. 75)

Além disso, toda avaliação deve estar intimamente ligadaao processo de preparação do planejamento, principalmentecom seus objetivos. Não se espera que a avaliação sejasimplesmente um resultado final, mas acima de tudo, sejaanalisada durante todo o processo; é por isso que se deveplanejar todas as ações antes de iniciá-las, definindo cadaobjetivo em termos dos resultados que se esperam alcançar,e que de fato possa ser atingível pelo aluno. As atividadesdevem ser coerentes com os objetivos propostos, parafacilitar o processo avaliativo e devem ser elaboradosinstrumentos e estratégias apropriadas para a verificaçãodos resultados.

A avaliação é algo mais complexo ainda, pois está ligadaà prática do professor, o que faz com que aumente aresponsabilidade em bem planejar. Dalmás fala sobreavaliação dizendo que:

Assumindo conscientemente a avaliação, vive-se um processo de ação-reflexão-ação. Emoutras palavras, parte-se do planejamento paraagir na realidade sobre a qual se planejou,analisam-se os resultados, corrige-se oplanejado e retorna-se à ação para

posteriormente ser esta novamente avaliada(1994, p. 105-106)

Como se pode perceber, a avaliação só vem auxiliar oplanejamento de ensino, pois é através dela que se percebemos progressos dos alunos, descobrem-se os aspectospositivos e negativos que surgem durante o processo ebusca-se, através dela, uma constante melhoria naelaboração do planejamento, melhorandoconseqüentemente a prática do professor e a aprendizagemdo aluno. Portanto, ela passa a ser um “norte” na práticadocente, pois, “faz com que o grupo ou pessoa localize,confronte os resultados e determine a continuidade doprocesso, com ou sem modificações no conteúdo ou naprogramação” (DALMÁS, 1994, p. 107)

Importância do planejamento no processo deensino-aprendizagem

Nos últimos anos, a questão de como se ensina tem sedeslocado para a questão de como se aprende.Freqüentemente ouvia-se por parte dos professores, aseguinte expressão: “ensinei bem de acordo com oplanejado, o aluno é que não aprendeu”. Esta expressão eramuito comum na época da corrente tecnicista, em que seprivilegiava o ensino. Mas quando, ao passar do tempo,foi-se refletindo sobre a questão da construção doconhecimento, o questionamento foi maior, no sentido dapreocupação com a aprendizagem.

No entanto, não se quer dizer aqui que só se deve pensarna questão do aprendizado. Se realmente há a preocupaçãocom a aprendizagem, deve-se questionar se a forma comose planeja tem em mente também o ensino, ou seja, devehaver uma co-relação entre ensino-aprendizagem.

A aprendizagem na atualidade é entendida dentro deuma visão construtivista como um resultado do esforço deencontrar significado ao que se está aprendendo. E esseesforço é obtido através da construção do conhecimentoque acontece com a assimilação, a acomodação dosconteúdos e que são relacionados com antigosconhecimentos que constantemente vão sendoreformulados e/ou “reesquematizados” na mente humana.

Numa perspectiva construtivista, há que se levar emconta os conhecimentos prévios dos alunos, a aprendizagema partir da necessidade, do conflito, da inquietação e dodesequilíbrio tão falado na teoria de Piaget. E é aí que oprofessor, como mediador do processo de ensino-aprendizagem, precisa definir objetivos e os rumos da açãopedagógica, responsabilizando-se pela qualidade do ensino.

Essa forma de planejar considera aprocessualidade da aprendizagem cujo avançono processo se dá a partir de desafios e

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problematizações. Para tanto, é necessário,além de considerar os conhecimentos prévios,compreender o seu pensamento sobre asquestões propostas em sala de aula (XAVIER,2000, p. 117)

O ato de aprender acontece quando o indivíduo atualizaseus esquemas de conhecimento, quando os compara como que é novo, quando estabelece relações entre o que estáaprendendo com o que já sabe. E, isso exige que o professorproponha atividades que instiguem a curiosidade, oquestionamento e a reflexão frente aos conteúdos. Alémdisso, ao propiciar essas condições, ele exerce um papelativo de mediador no processo de aprendizagem do aluno,intervindo pedagogicamente na construção que o mesmorealiza.

Para que de fato, isso aconteça, o professor deve usar oplanejamento como ferramenta básica e eficaz, a fim de fazersuas intervenções na aprendizagem do aluno. É através doplanejamento que são definidos e articulados os conteúdos,objetivos e metodologias são propostas e maneiras eficazesde avaliar são definidas. O planejamento de ensino, portanto,é de suma importância para uma prática eficaz econseqüentemente para a concretização dessa prática, queacontece com a aprendizagem do aluno.

Se de fato o objetivo do professor é que o aluno aprenda,através de uma boa intervenção de ensino, planejar aulas éum compromisso com a qualidade de suas ações e a garantiado cumprimento de seus objetivos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pôde perceber durante o texto, o ato de planejarfaz parte da vida do ser humano e sem ele não se chega alugar algum, pois é preciso estabelecer metas e objetivosdo que se quer alcançar.

O planejamento na educação assume várias facetas, masa que faz a enorme diferença no todo é a faceta doplanejamento de ensino, pois de nada adianta ter um bomplanejamento da educação no geral, se o ensino não vaibem e se não acontece a aprendizagem.

O planejamento de ensino esboça uma situação futura apartir da situação atual e prevê o que, como, onde, quandoe o porquê se quer realizar tal objetivo, a fim de garantir aobjetividade, a funcionalidade, a continuidade, aprodutividade e a eficácia das ações planejadas, tornandoo ensino produtivo e a aprendizagem garantida.

Um planejamento de ensino eficaz só funciona se há ocomprometimento do professor, a busca de sempre estaratualizado e de querer o melhor para suas aulas.

O professor, ao planejar o trabalho, deve estarfamiliarizado com o que pode pôr em prática,de maneira que possa selecionar o que é melhor,adaptando tudo isto às necessidades einteresses de seus alunos. Na maioria dassituações, o professor dependerá de seuspróprios recursos para elaborar seus planosde trabalho. Por isso, deverá estar beminformado dos requisitos técnicos para quepossa planejar, independentemente, semdificuldades.Ainda temos a considerar que as condições detrabalho diferem de escola para escola, tendosempre que adaptar seus projetos àscircunstâncias e exigências do meio.Considerando que o ensino é o guia dassituações de aprendizagem e que ajuda osestudantes a alcançarem os resultadosdesejados, a ação de planejá-lo épredominantemente importante paraincrementar a eficiência da ação a serdesencadeada no âmbito escolar (TURRA etalii, 1995, p. 20)

Finalizando, é necessário que na prática docenteaconteça simultaneamente à preocupação com a melhoriada qualidade da educação. Só assim se planejará melhor, seensinará melhor e se aprenderá melhor.

REFERÊNCIAS

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GANDIN, D. Planejamento como práticaeducativa. 10. ed. São Paulo: Loyola, 1999.

GONSALVES, E. P. Conversas sobre Iniciaçãoà Pesquisa Científica. 3. ed. Campinas: Alínea,2003.

HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança naEducação: os projetos de trabalho. Porto Alegre:Artmed, 1998.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar:teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Alternativa, 2001

LÜCK, H. Planejamento em orientaçãoeducacional. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como

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PLANEJAMENTO DE ENSINO COMO FERRAMENTA BÁSICA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

construir o projeto político-pedagógico da escola.São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.

TURRA, C. M. G.; ENRICONE, D.; SANT´ANNA,F. M.; ANDRÉ, LENIR CANCELLA. Planejamentode ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre:Sagra-DC Luzzato, 1995.

XAVIER, M. L. M.; ZEN, M. I. H. D. Planejamentoem destaque: análises menos convencionais.Cadernos Educação Básica 5. Porto Alegre:Mediação, 2000.