pirinne, henri. história econômica e social da idade média

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PIRINNE, HENRI. História Econômica e Social da Idade Média. “Adotei um ponto de vista internacional”. - Os povos bárbaros adotaram o caráter mediterrâneo dos povos antigos. Foi o islão que interrompeu esse caráter, conquistando as costas orientais e ocidentais “do grande lado europeu”. - O mediterrâneo ao contrário de outrora, se transformou numa barreira entre as duas civilizações. “A partir do início do século VIII, o comércio europeu está condenado a desaparecer nesse extenso quadrilátero marítimo... não conseguem que flutue no Mediterrâneo nem uma tábua” p. 8. - Os carolíngios impediram a tomada da Europa pelo islão. “Do século IX ao XI o ocidente, em verdade, permaneceu bloqueado [...] Nada autoriza, portanto, a sustentar, como alguns historiadores, que suas viagens demonstram a persistência da navegação mediterrânea ocidental, após a expansão islâmica” p. 10. “O movimento comercial não sobreviveu, pois a navegação constituía a artéria vital dele” p. 10. - A expansão islâmica foi fator da decadência do comercio ocidental, pois fechou o lago europeu. Enfim, a vida urbana decaiu. “É um erro afirmar que o governo de Carlos Magno foi uma época de progresso econômico... do ponto de vista comercial, foi um período em decadência” p. 11. “Tem-se como absolutamente certo que, a partir do fim do século VIII, a Europa Ocidental regrediu ao estado de região exclusivamente agrícola. É a terra a única fonte de subsistência e a única condição da riqueza. Todas as classes da população, desde o imperador, que não possuíam outras rendas além das suas terras, até o mais humilde de seus servos, todos viviam da terra” p. 13. “O sistema feudal é tão só a desintegração do poder público entre as mãos de seus agentes, que pelo mesmo fato de possuir cada um parte do solo, tornaram-se independente e consideravam as atribuições de que se achavam investidos como parte do seu patrimônio. Em suma, o aparecimento do feudalismo, na Europa Ocidental no decorrer do século IX, nada mais é do que repercussão, na ordem política, do retorno da sociedade a uma civilização puramente rural p.13. “Do ponto de vista econômico, o fenômeno mais notável e característico desta civilização é o latifúndio” p. 13. No entanto, sua origem é remota, “Não foi fato novo. Mas o seu funcionamento, a partir do desaparecimento do comércio e das cidades, foi uma inovação” p. 14. - Os mercadores deixaram de existir, não tinha mais para quem vender. “Deixou de vender, não tanto porque não quisesse vender, mas porque não passavam compradores ao seu alcance” p. 15. “A compra e venda não é a ocupação normal de ninguém... O comércio deixou de ser um dos ramos da atividade social” p.15.

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Page 1: PIRINNE, Henri. História Econômica e Social Da Idade média

PIRINNE, HENRI. História Econômica e Social da Idade Média.

“Adotei um ponto de vista internacional”.

- Os povos bárbaros adotaram o caráter mediterrâneo dos povos antigos. Foi o islão que interrompeu esse caráter, conquistando as costas orientais e ocidentais “do grande lado europeu”.

- O mediterrâneo ao contrário de outrora, se transformou numa barreira entre as duas civilizações.

“A partir do início do século VIII, o comércio europeu está condenado a desaparecer nesse extenso quadrilátero marítimo... não conseguem que flutue no Mediterrâneo nem uma tábua” p. 8.

- Os carolíngios impediram a tomada da Europa pelo islão.

“Do século IX ao XI o ocidente, em verdade, permaneceu bloqueado [...] Nada autoriza, portanto, a sustentar, como alguns historiadores, que suas viagens demonstram a persistência da navegação mediterrânea ocidental, após a expansão islâmica” p. 10.

“O movimento comercial não sobreviveu, pois a navegação constituía a artéria vital dele” p. 10.

- A expansão islâmica foi fator da decadência do comercio ocidental, pois fechou o lago europeu. Enfim, a vida urbana decaiu.

“É um erro afirmar que o governo de Carlos Magno foi uma época de progresso econômico... do ponto de vista comercial, foi um período em decadência” p. 11.

“Tem-se como absolutamente certo que, a partir do fim do século VIII, a Europa Ocidental regrediu ao estado de região exclusivamente agrícola. É a terra a única fonte de subsistência e a única condição da riqueza. Todas as classes da população, desde o imperador, que não possuíam outras rendas além das suas terras, até o mais humilde de seus servos, todos viviam da terra” p. 13.

“O sistema feudal é tão só a desintegração do poder público entre as mãos de seus agentes, que pelo mesmo fato de possuir cada um parte do solo, tornaram-se independente e consideravam as atribuições de que se achavam investidos como parte do seu patrimônio. Em suma, o aparecimento do feudalismo, na Europa Ocidental no decorrer do século IX, nada mais é do que repercussão, na ordem política, do retorno da sociedade a uma civilização puramente rural ” p.13.

“Do ponto de vista econômico, o fenômeno mais notável e característico desta civilização é o latifúndio” p. 13. No entanto, sua origem é remota, “Não foi fato novo. Mas o seu funcionamento, a partir do desaparecimento do comércio e das cidades, foi uma inovação” p. 14.

- Os mercadores deixaram de existir, não tinha mais para quem vender. “Deixou de vender, não tanto porque não quisesse vender, mas porque não passavam compradores ao seu alcance” p. 15.

“A compra e venda não é a ocupação normal de ninguém... O comércio deixou de ser um dos ramos da atividade social” p.15.

- De resto, os únicos mercadores profissionais eram os judeus. “Somente eles, a partir da época carolíngia, exerciam com regularidade o comércio” p. 17. Mercador e judeu eram a mesma coisa.

“A Europa Ocidental, desde o século IX, oferece o aspecto de uma sociedade essencialmente rural e na qual o intercâmbio e a circulação das utilidades se restringiram ao grau mais baixo a que podiam atingir” p. 17.

“Quem possuía terra possuía ao mesmo tempo liberdade e poder” ´p.18.

“Como regra geral, a servidão é a condição normal da população agrícola... O fato essencial não é a condição jurídica, mas a condição social, e esta reduz à condição de dependência e de explorados, mas ao mesmo tempo de protegidos” p. 18.

“A finalidade do trabalho não é enriquecer” p. 19. A riqueza era avareza, pecado mortal. A Usura\ empréstimo a juro era proibido.

Page 2: PIRINNE, Henri. História Econômica e Social Da Idade média

CAP. 1 – O RENASCIMENTO DO COMÉRCIO (p.21)

“A vida urbana, com todas as necessidades de luxo que acarreta, não havia desaparecido no império bizantino, como acontecia no carolíngio” p. 22.

- Aqui também o avanço islâmico interrompera a evolução econômica.

- Em Veneza, a servidão era pouca, a cidade era repleta de marinheiros, artesãos e mercadores. Veneza era uma potência nos séculos X-XI. Detinha o monopólio de quase todo o transporte da Europa e Ásia.

- A pirataria foi a primeira etapa do comércio. Após as CRUZADAS o lago europeu voltou a atividade.

“O domínio islâmico sobre suas águas terminou” p. 36.

- O resultado das Cruzadas foi dar às cidades Italianas o domínio do Mediterrâneo.

“A partir do século XII, termina a supremacia que o Império Bizantino exercia ainda no Mediterrâneo Oriental” p. 38.

- A tecelagem flamenga é destaque – Flandes (sec XII). Pré-industria.

CAP. II – AS CIDADES (p.45)

- Nas cidades italianas o comércio se manteve com as cidades bizantinas.

- Após a queda do império carolíngio “A Europa Ocidental cobre-se de castelos fortificados edificados pelos príncipes feudais para servir de refúgio aos seus homens” p. 47.

- A vida dos mercadores era muito perigosa, já que o saque, era uma das principais fontes de renda da nobreza. Por isso, eles escolhiam ficar próximos às fortificações feudais e eclesiásticas.

“Nesse sentido, é rigorosamente exato dizer que a cidade da Idade Média teve seu berço nos arredores do castelo ou burgo”.

“O comércio e a indústria tiveram de recrutar-se, em sua origem, entre homens desprovidos de terra e que viviam, por assim dizer, à margem de uma sociedade em que somente a terra garantia a existência” p. 51.

“Não se compreenderia como a Europa Ocidental, imobilizada em sua civilização agrícola, pudesse por si só iniciar-se, tão rapidamente, em uma vida nova, sem um estímulo e um exemplo VINDOS DE FORA” p. 54.

- Até o século XV as cidades eram os únicos centros de comércio.

“Impulso capitalista deste fim da idade média” p. 219.