pinheiro neto - company formation in brazil

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Company Formation in Brazil

O ESCRITRIO Fundado em 1942, PINHEIRO NETO ADVOGADOS reconhecido como um dos maiores escritrios de advocacia da Amrica Latina e um dos mais tradicionais do Pas. Tradio que se revela na solidez de sua estrutura corporativa composta por um corpo jurdico-administrativo de cerca de oitocentos integrantes, com escritrios em So Paulo, Rio de Janeiro e Braslia, aos quais se soma uma rede de correspondentes em todo o Brasil. A partir de uma origem tradicional e preocupao constante com a adoo dos mais elevados padres ticos, buscamos adotar posturas de vanguarda, seja na identificao de solues aos problemas legais submetidos por nossos clientes, seja junto comunidade: somos o primeiro escritrio a promover a neutralizao de emisses de carbono numa evidente demonstrao de nosso compromisso frente s futuras geraes. Nosso objetivo principal sempre foi e ser a busca da excelncia no atendimento aos clientes. Para tanto, desenvolvemos solues criativas e eficazes a uma vasta gama de necessidades jurdicas, das mais simples e rotineiras s mais complexas e sofisticadas. E nosso compromisso vai alm: somos parceiros de nossos clientes, antecipando no s problemas como tambm oportunidades. Consideramos que o maior patrimnio do escritrio o talento de nossos advogados e o relacionamento desenvolvido com nossos clientes.

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PINHEIRO NETO ADVOGADOS atua nas quatro grandes reas do Direito: Empresarial, Contenciosa, Tributria e Trabalhista. Cada uma dessas reas, por sua vez, est subdividida em grupos de especialistas dedicados ao atendimento das mais diversas necessidades de cada cliente. Nossa atuao sempre esteve pautada pelo absoluto compromisso com princpios ticos, pela qualidade das relaes humanas e pelo dever de contribuir para o desenvolvimento e aperfeioamento da sociedade. A gama de projetos de cunho social de que PINHEIRO NETO ADVOGADOS participa extensa. Alm de contribuies a diversas entidades filantrpicas, o escritrio participa ativamente de programas de incentivo capacitao tcnico-profissional, em parceria com outras entidades. Desde 1970, PINHEIRO NETO ADVOGADOS o representante brasileiro no Club de Abogados, organizao que congrega os principais escritrios de advocacia da Europa, Amrica Latina e Japo, com o objetivo de oferecer a seus clientes a assistncia de que necessitam dentro de uma prtica cada vez mais globalizada. Alm disso, PINHEIRO NETO ADVOGADOS tem excelente relacionamento com escritrios na Europa, nos EUA e na sia, o que possibilita o intercmbio de prticas profissionais e o treinamento dos nossos advogados nos melhores escritrios de advocacia do mundo.

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BRASIL: INTRODUO I. - Geografia, Clima e Populao O Brasil o quinto maior pas do mundo em extenso territorial e o maior pas da Amrica Latina, ocupando cerca de 8.547.000 km2 e confrontando com todos os pases da Amrica do Sul, exceto Chile e Equador. Por sua extenso territorial, o Brasil apresenta grande diversidade climtica, que vai desde o clima tropical, mido, o semi-rido do serto nordestino, at o temperado dos estados do sul do pas e das regies serranas. Com uma populao de cerca de 190.000.000 habitantes, ocupa o quinto lugar entre os pases mais populosos do mundo. Mais de 84% de sua populao vive na rea urbana da faixa litornea do Atlntico. A populao urbana economicamente ativa do pas era formada em 2004 por aproximadamente 74 milhes de pessoas. So Paulo e Rio de Janeiro so as maiores cidades do Brasil, com cerca de 19,2 e 11,2 milhes de habitantes, respectivamente, em suas grandes reas metropolitanas. Outras capitais mais populosas com mais de um milho de habitantes so: Braslia, Belm do Par, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Salvador e Recife. A populao brasileira formada pela miscigenao de raas decorrente da imigrao estrangeira, representando diferentes grupos tnicos. Os ltimos 180 anos testemunharam a entrada de mais de 5,5 milhes de imigrantes, principalmente nas regies sul e sudeste do pas. II. - Instituies Polticas Historicamente, o Brasil foi descoberto pelos portugueses em abril de 1500 e colonizado por Portugal, at a independncia em 7 de setembro de 1822. Ao tornar-se pas independente, o Brasil adotou a monarquia constitucional como forma de governo, que prevaleceu at 15 de novembro de 1889, quando foi proclamada a Repblica. Sob o aspecto administrativo, o Brasil uma Repblica Federativa, com poderes concentrados no Governo Federal. A atual Constituio, promulgada em 5 de outubro de 1988, estabelece um sistema presidencial com trs poderes independentes: executivo, legislativo e judicirio. O Presidente eleito pelo voto direto para um mandato de quatro anos, podendo ser reeleito. Ao Presidente foram conferidos amplos poderes, incluindo o de nomear os ministros de Estado e o primeiro escalo de cargos administrativos, polticos e integrantes dos tribunais superiores. O poder legislativo da Unio formado pelo Congresso Nacional (Senado e Cmara dos Deputados), cujos membros so eleitos com base em

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representao proporcional, favorecendo os Estados menos populosos. O poder judicirio exercido pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Tribunal Superior de Justia e por varas federais e tribunais estaduais de instncia inferior. Do ponto de vista administrativo, o Brasil est dividido em 26 estados e um Distrito Federal (Braslia). A nvel estadual, o poder executivo exercido pelos governadores, eleitos para um mandato de quatro anos, podendo ser reeleitos; o poder legislativo exercido pelos deputados estaduais, tambm eleitos para um mandato de quatro anos. Finalmente, em nvel municipal, o poder executivo exercido pelos prefeitos, eleitos para mandato tambm de quatro anos, podendo ser reeleitos. O poder legislativo exercido pelos vereadores, igualmente eleitos para um mandato de quatro anos. O pas, organizado sob o regime democrtico, politicamente estvel. Seu sistema jurdico codificado. O idioma oficial do Brasil o portugus. O Brasil mantm relaes comerciais e diplomticas com praticamente todas as naes do mundo e laos comerciais com todas elas. O Brasil membro de inmeras organizaes internacionais. III. - Informaes gerais sobre a Economia Juntamente com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, o Brasil forma o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), do qual participante ativo. Trata-se de um amplo mercado com mais de cerca de 240 milhes de pessoas. O Brasil o principal exportador para a Argentina e dela o principal importador. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi de US$ 1,313 trilhes em 2007, com reservas internacionais lquidas, no final de 2007, de US$ 180,3 bilhes. As reservas internacionais em abril de 2008 eram de US$ 195,767 bilhes. A participao dos setores no PIB estimada em: Servios 64%, Indstria 30,8% e Agricultura 5,1%. O PIB de cada um dos trs estados brasileiros de maior importncia econmica igual ou superior ao PIB de alguns pases. Em 2005, o PIB do Estado de So Paulo foi de R$ 727 bilhes, representando mais de 31% do PIB nacional. Em 2006, o PIB estimado do Estado do Rio de Janeiro foi de R$ 305 bilhes e o do Estado de Minas Gerais foi de R$ 208,7 bilhes. O Brasil possui um parque industrial diversificado, sendo o maior da Amrica Latina e um dos mais variados do mundo, incluindo o desenvolvimento de produtos de tecnologia de ponta. O crescimento industrial no setor automobilstico vem sendo bastante acentuado, tornando-se o Brasil um dos principais fabricantes de veculos automotores do mundo. Em 2007, a produo de autoveculos foi de 2,9

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milhes de unidades e de mquinas agrcolas de 65 mil unidades, contra uma produo, em 2006, de 2,6 milhes de unidades e 46,1 mil unidades, respectivamente. No primeiro trimestre de 2008, a produo em unidades de veculos automotores, atingiu 783,6 mil, e a produo de mquinas agrcolas foi de 19,1 mil. As exportaes totais de veculos automotores e de mquinas agrcolas em 2007 foram de US$ 13,4 bilhes, com um acrscimo anual em maro de 2008, em relao a maro de 2007, de 13,1%. O Brasil tambm ocupa uma posio de destaque nos setores qumico e txtil, bem como no setor de papel e celulose. O Brasil o maior produtor mundial de celulose de eucalipto. Em 2007, passou a ser o sexto produtor de celulose e o 11 produtor de papel. Em 2007, as exportaes brasileiras de papel e celulose totalizaram US$ 4,7 bilhes. As exportaes de produtos txteis em 2007, por sua vez, equivaleram a US$ 929 milhes. O faturamento estimado do setor txtil para 2008 de US$ 34 bilhes, com acrscimo de 4,1% em relao a 2007. A indstria aeronutica brasileira ocupa a quarta posio mundial em fabricao, sendo a maior indstria do hemisfrio sul. A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronutica) uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo, que j produziu cerca de 4.100 avies que operam em 69 pases. Com uma produo diversificada de aeronaves comerciais, executivas e de defesa e, ainda, com servios aeronuticos, a Embraer teve no 1 trimestre de 2008 um lucro lquido de R$ 63,4 milhes e receita lquida de R$ 2.315 milhes. Em maro de 2008, a Embraer tinha 509 pedidos em carteira representando US$ 20,3 bilhes. O turismo outro setor da economia brasileira que apresenta crescimento significativo, representando assim uma excelente opo de investimentos no pas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) e com o Banco Central do Brasil, esse setor foi responsvel pela gerao de receitas no valor de R$ 4,953 bilhes, em 2007. Nesse mesmo ano o Brasil recebeu cerca 5 milhes de turistas. A partir de abril de 2003, o Governo Brasileiro desenvolveu e vem implementando um Plano Nacional do Turismo, que tem como metas, entre outros aspectos, aumentar para 9 milhes o nmero de turistas estrangeiros no Brasil. Inmeros hotis vem sendo construdos na costa do Nordeste e Sudeste do Brasil para atender demanda do turismo internacional e nacional. Muitos deles receberam investimentos estrangeiros. Em 2008, 6.890 empresas brasileiras obtiveram o certificado ISO-9000. O Brasil possui vastos recursos minerais. Extensas reservas de mangans e de minrio de ferro constituem importantes fontes de matria-prima para a indstria, gerando tambm significativa receita de exportao. Jazidas de nquel, estanho, cromo, bauxita, berilo, cobre, chumbo, tungstnio, urnio, zinco, ouro, prata e pedras preciosas e semipreciosas, bem como de outros minerais mais raros, so exploradas comercialmente.

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O Brasil o maior produtor mundial de minrio de ferro beneficiado, com uma das maiores reservas de minrio de ferro do mundo (cerca 17 bilhes de toneladas, quando consideradas as medidas, indicadas e inferidas), representando 8,3% das reservas mundiais, sendo a quinta do mundo. O minrio de ferro registra uma produo mdia de 350 a 360 milhes de toneladas por ano. A mdia da produo brasileira de petrleo e gs natural em abril de 2008 foi de 2.381.045 barris/dia. A Petrobrs hoje uma empresa multinacional, tendo chegado posio de terceira maior companhia de mercado das Amricas com o valor de R$ 430 bilhes e sexta do mundo. Dentre as empresas petrolferas cotadas em bolsa, a Petrobrs possui a 4 maior reserva comprovada de petrleo, com 11,7 bilhes de barris, no se incluindo as recentes descobertas nos campos de Tupi, Jpiter, Carioca e Bem-te-vi. Possui a stima maior produo de gs. A Fitch acaba de elevar o rating da Petrobrs para BBB. A rede fluvial brasileira a mais extensa do mundo e movimenta o maior volume de gua doce disponvel no globo, colocando o pas entre os maiores produtores de energia hidreltrica. As usinas hidreltricas fornecem quase toda a energia eltrica do pas, cuja capacidade instalada de 101.063.856 kW de potncia. Est prevista para os prximos anos uma adio de 27.440.138 kW na capacidade de gerao do pas, proveniente de 141 empreendimentos atualmente em construo e mais 474 outorgadas pela Agncia Nacional de Energia Eltrica. A agricultura marca presena tradicional e significativa no quadro econmico brasileiro, apresentando a mais elevada produtividade do mundo: algodo, caf, cana de acar, soja, laranja, fumo, cacau, carne e frango so seus principais produtos. O Brasil um dos maiores produtores e exportadores de produtos agrcolas. A agricultura responsvel por 23% do PIB. Estima-se que o PIB do setor foi de US$ 348,37 bilhes em 2007. O Brasil possui um dos principais rebanhos de gado do mundo. As indstrias de carne bovina, aves e pesca esto entre as mais importantes da economia mundial. O Brasil o maior produtor mundial de laranjas, e responsvel por metade do suco de laranja concentrado produzido mundialmente. O valor exportado na safra de 2006/2007 foi de 2.066.104.976 de kg de suco de laranja, equivalendo a US$ 2,2 bilhes. A economia brasileira bastante dinmica, com base importante nos recursos naturais e um grande setor industrial moderno e verticalmente integrado, que busca atingir os melhores ndices de produtividade. O Brasil desenvolveu tecnologia inovadora que permite a um s tempo abastecer veculos para que estes utilizem lcool, gs e gasolina, alm de desenvolver tecnologia para utilizao de biocombustveis. A Petrobrs possui a tecnologia mais avanada para a explorao de petrleo em guas profundas. O Brasil tem o segundo mercado de celulares do mundo

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e o quinto em telefonia fixa instalada. O Brasil dispe de um sistema financeiro altamente desenvolvido. Dos maiores bancos do mundo, 18 so brasileiros. Grande parte da produo brasileira comercializada na BM&F Bovespa S.A., com sede na Cidade de So Paulo. Tambm as aes de companhias abertas so negociadas na mesma Bolsa. Essa Bolsa terceira maior bolsa do mundo em valor de mercado e a segunda maior das Amricas. Nela so negociados 80% do volume do mercado de aes na Amrica Latina e mais de US$ 67 bilhes so negociados no mercado futuro. O Brasil destino de significativos fluxos de capital estrangeiro, graas s atraentes oportunidades de investimento que oferece. O investimento estrangeiro direto total foi de US$ 34,6 bilhes em 2007, e at abril de 2008 foi de US$ 12,6 bilhes. O Brasil vem demonstrando um desempenho positivo nas exportaes sem precedentes em sua histria. Entre junho de 2007 e maio de 2008, as exportaes brasileiras totalizaram US$ 172,6 bilhes, representando um crescimento de 17,3% em relao a esse perodo. As importaes, por sua vez, totalizaram US$ 140,6 bilhes durante o mesmo perodo, representando um crescimento de 41,1% no perodo. A corrente comercial foi de US$ 313,2 bilhes no referido perodo. Nos primeiros cinco meses de 2008 a corrente comercial foi de US$ 135,453 bilhes e o saldo comercial foi de US$ 8,655 bilhes. Em maio de 2008, o Brasil exportou US$ 8,359 bilhes em produtos bsicos, US$ 7,861 em produtos manufaturados, e US$ 2,603 em produtos semi-manufaturados, com crescimento, em relao a maio de 2007, de 110,2%, 21% e 53,1%, respectivamente. O Brasil continua a ser pas prioritrio para investimentos estrangeiros Amrica Latina. Depois da China, o pas em desenvolvimento que mais tem recebido investimentos externos diretos. A inflao em 2007 foi de 3,7% e o combate inflao preocupao constante das autoridades monetrias brasileiras. Desde a criao do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL, por meio da assinatura do Tratado de Assuno em 26 de maro de 1991, o Brasil tem assumido uma posio de destaque neste bloco econmico. Aps mais de dezessete anos de sua criao, o bloco representa um mercado potencial de mais de 240 milhes de habitantes e um PIB acumulado de mais de cerca de US$ 1,5 trilho, contribuindo para a promoo comercial e integrao regional. As exportaes brasileiras ao Mercosul atingiram US$ 17,353 bilhes em 2007. No mesmo ano, o intercmbio comercial entre Brasil e o Mercosul resultou em um saldo positivo de US$ 5,727 bilhes. Atualmente, a economia brasileira vem demonstrando solidez e confiana dos investidores internacionais. Duas agncias internacionais acabam de

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classificar o Brasil com grau de investimento (investment grade). As contas externas do pas, a manuteno de uma poltica macroeconmica firme, a expanso das exportaes, o dinamismo da produo e do consumo, so fatores relevantes para demonstrar a pujana da economia. Com considerveis reservas naturais, um parque industrial diversificado, uma estrutura financeira sofisticada e um grande mercado, o Brasil hoje um dos pases que melhor se apresenta em oportunidades ao investidor estrangeiro, principalmente porque o Governo e a sociedade esto determinados a prosseguir na modernizao do pas e na consolidao da moeda, embora se faam necessrias diversas reformas estruturais tais como a fiscal, tributria, trabalhista, previdenciria, eleitoral. Bem avaliadas as realizaes acima expostas, inevitvel concluir que o Brasil constitui excelente mercado para os investidores. Os notveis resultados na rea econmica, o cumprimento dos compromissos internacionais, as liberdades democrticas e a estabilidade poltica so realidades concretas que mudaram a imagem do pas. A retomada do crescimento do Brasil efetiva, segura e necessria para reduzir as desigualdades sociais. A economia brasileira est consolidada.

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1. - O CAPITAL ESTRANGEIRO NO BRASIL O capital estrangeiro no Brasil regido pelas Leis ns 4.131 (Lei do Capital Estrangeiro) e 4.390, de 3 de setembro de 1962 e 29 de agosto de 1964, respectivamente. Ambas foram regulamentadas pelo Decreto n 55.762, de 17 de fevereiro de 1965, tendo sido posteriormente alteradas. Segundo a Lei n 4.131/62, capitais estrangeiros so "os bens, mquinas e equipamentos entrados no Brasil sem dispndio inicial de divisas, destinados produo de bens ou servios, bem como os recursos financeiros ou monetrios, introduzidos no Pas, para aplicao em atividades econmicas, desde que, em ambas as hipteses, pertenam a pessoas fsicas ou jurdicas residentes, domiciliadas ou com sede no exterior." O incio de 2005 foi marcado pela alterao definitiva das normas cambiais culminando com uma grande liberdade cambial at ento jamais vista. Neste sentido, em 4 de maro de 2005, o Conselho Monetrio Nacional editou a Resoluo 3.265. Com o advento da nova regulamentao, foram (i) estabelecidos os princpios a serem observados pelos bancos em cada operao, quais sejam: validade da operao, bases econmicas da operao e responsabilidade das partes definida em documentao conexa; (ii) feitas restries de operaes de cmbio realizadas atravs de contas bancrias de titularidade de no-residentes (estas contas somente podem apenas ser utilizadas em operaes contratadas pelo titular da conta, sendo vedada sua utilizao para operaes de cmbio em que terceiros sejam beneficirios); e (iii) criadas novas classificaes para as operaes de cmbio, as quais devem ser informadas eletronicamente ao Banco Central do Brasil de acordo com cdigos especficos determinados pela legislao aplicvel. 1.1. - Restries ao Investimento Estrangeiro A reforma da Constituio Federal, na parte econmica, aprovada em 1995: (a) eliminou a definio de empresa brasileira de capital nacional e restabeleceu a definio tradicional, qual seja, aquela constituda sob as leis brasileiras e que tem sede e administrao no Brasil; (b) permitiu a explorao direta ou por concesso, autorizao ou permisso, a empresas privadas, dos servios de telecomunicaes, de radiodifuso sonora, de som e imagem; (c) flexibilizou o monoplio do Estado de maneira a permitir a contratao de capital privado para a explorao, pesquisa, refino, comrcio, transporte de petrleo e explorao de gasoduto; (d) permitiu aos Estados explorar os servios de gs canalizado, diretamente ou por concesso; e (e) eliminou as restries constitucionais s empresas estrangeiras na navegao de cabotagem. A lei ordinria dever regulamentar vrias dessas matrias. Destacamos abaixo algumas vedaes e restries participao do capital estrangeiro na economia brasileira.

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(A)

Vedaes

Est proibida a participao do capital estrangeiro nas seguintes atividades: energia nuclear; servios de sade; servios de correios e telgrafos; concesso de linhas areas domsticas; e indstria aeroespacial1. (B) Restries

Propriedade de reas Rurais Em conseqncia da j mencionada reforma constitucional de 1995, as sociedades brasileiras, mesmo sob controle estrangeiro, podem adquirir, explorar e arrendar terras rurais. Todavia, a aquisio de imveis rurais por estrangeiro residente no pas ou pessoa jurdica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil sujeita-se a condicionamentos previstos em lei, e autorizao do Congresso Nacional. Negcios em Zona de Fronteira Adicionalmente aos comentrios do item anterior, destacam-se restries no que se refere aquisio de propriedades localizadas em reas de fronteira, consideradas indisponveis segurana nacional, terras estas cuja aquisio depender de prvio consentimento da Secretaria Geral do Conselho de Segurana Nacional. Empresas Jornalsticas H tambm restries quanto propriedade e administrao de jornais, revistas e outras publicaes, bem como de redes de rdio e televiso.2 Instituies Financeiras Existem restries participao do capital estrangeiro em instituies financeiras, embora tais restries possam ser afastadas caso seja provada a relevncia do investimento para o Sistema Financeiro Nacional. A comprovao do interesse nacional se d1

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Referente a lanamento e colocao em rbita de satlites, veculos, aeronaves, entre outras atividades, nas quais no esto includas a produo ou comercializao daqueles, ou de seus acessrios. Foi assinada em 28.5.2002 a emenda constitucional n. 36/02, que modifica a redao do art. 222 da Constituio Federal. Segundo a nova redao do referido artigo, regulamentado pela Lei n 10.610, de 20.12.2002, obrigatrio que ao menos 70% do capital total e do capital votante das empresas jornalsticas e de rdiodifuso pertena, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados h mais de 10 anos, permitindo-se a participao de estrangeiros em at 30% do capital total e votante dessas empresas. Tambm a cargo de brasileiros natos ou naturalizados h mais de 10 anos ficaro a gesto de atividades e o estabelecimento do contedo da programao.

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mediante a emisso de um decreto pelo Presidente da Repblica. Portanto, quando um estrangeiro desejar constituir uma instituio financeira no Brasil ou adquirir participao em uma instituio financeira brasileira detida por residentes no Brasil, ser necessrio formalizar um pleito junto ao Banco Central do Brasil, o qual ser posteriormente submetido apreciao da Presidncia da Repblica. H ainda o Decreto Presidencial sem nmero de 9.12.1996 que j considera de interesse nacional a participao de capital estrangeiro em instituio financeira na forma de aes sem direito a voto nos casos de instituies financeiras que lanam suas aes no mercado. Ttulos e Valores Mobilirios O investimento estrangeiro no mercado interno de ttulos e valores mobilirios, a partir de 31 de maro de 2000, passou a ser realizado sob a forma de um portal nico de investimento em renda fixa ou varivel, por meio do qual os recursos externos ingressados no Pas, por parte do investidor no residente, podem ser aplicados nos instrumentos e modalidades operacionais dos mercados financeiro e de capitais disponveis ao investidor residente, seja em renda fixa, seja em renda varivel. Minerao As empresas brasileiras, mesmo sob controle estrangeiro, podero solicitar e obter permisso para operar no setor de minerao. Concesses A Lei n 9.074/95 de 7.7.1995, conforme alterada, definiu que a Lei de Concesses (Lei n 8.987/95) se aplica participao de empresas privadas na gerao e transmisso de energia eltrica e na explorao de estaes aduaneiras e terminais alfandegrios, auto-estradas e barragens, no existindo qualquer restrio quanto participao de capital estrangeiro em referidas empresas privadas. 1.2. - Registro de Capital Estrangeiro O capital estrangeiro deve ser registrado perante o Banco Central do Brasil, atravs do Mdulo RDE-IED (Registro Declaratrio Eletrnico Investimento Externo Direto). O registro de capital estrangeiro exigido para ingresso de recursos no Pas, bem como para a remessa de lucros ao exterior, repatriamento de capital e registro de reinvestimentos. Os investimentos sero sempre registrados na moeda estrangeira em que forem efetivamente realizados, ou em moeda nacional, caso os recursos sejam provenientes de conta de no-residente devidamente mantida no Brasil ou ainda decorrentes de ativos localizados no Pas.

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1.3. - Investimentos em Moeda No h necessidade de autorizao oficial prvia para investimentos em moeda. O investimento para subscrio de capital ou para a compra de participao numa sociedade brasileira j existente ser enviado ao Brasil por intermdio de qualquer estabelecimento bancrio autorizado a operar em cmbio. Entretanto, para se realizar a operao de fechamento de cmbio, o binmio empresa receptora brasileira-investidor estrangeiro dever estar devidamente cadastrado no Mdulo RDE-IED. Ademais, o estrangeiro investidor dever obter nmero junto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica (CNPJ), nos termos da lei fiscal. A mesma regra se aplica para as pessoas fsicas que devero obter o nmero do Cadastro da Pessoa Fsica (CPF). O registro do investimento em moeda ser feito em declaraes a serem prestadas pelo representante da empresa nacional receptora e/ou pelo representante do investidor externo, por meio do Mdulo RDE-IED, no prazo de 30 dias aps o evento que lhe deu origem. Na hiptese de investimento externo proveniente de conta de noresidente devidamente mantida no Brasil, o registro do referido investimento ser feito em moeda nacional. Qualquer movimentao relacionada ao referido investimento dever ser efetuada por meio da respectiva conta de no-residente, sendo o registro do investimento atualizado por meio do Mdulo RDE-IED. 1.4. - Investimento Externos mediante Converso de Crditos

Os crditos externos podem ser convertidos em investimento. Nesta hiptese, ser necessrio obter do credor externo uma manifestao concordando com a converso do crdito em investimento e tambm efetuar operaes simultneas de cmbio representando a compra e venda da moeda estrangeira. Caso o investimento no esteja registrado no sistema do Banco Central do Brasil, necessrio efetuar o registro do investimento com base em informaes/registros contbeis que evidenciem a titularidade do investimento estrangeiro. Feito o registro, o procedimento para converso do crdito ser o mesmo descrito no pargrafo anterior. 1.5. - Investimento mediante Importao de Bens sem Cobertura Cambial O investimento sob a forma de Importao de Bens sem Cobertura Cambial, efetuado para a integralizao de capital social e desde que o bem seja tangvel, no exige a aprovao prvia do Banco Central. Os produtos, mquinas e equipamentos devero ser destinados fabricao de bens ou prestao de servios. No caso de importao de bens usados, os bens no podero ter similares brasileiros. Os bens

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usados sero necessariamente utilizados em projetos que promovam o desenvolvimento econmico do Brasil. Aps o desembarao aduaneiro dos bens tangveis assim importados, a empresa brasileira ter 90 dias para efetuar o registro do correspondente investimento no Mdulo RDE-IED. Na hiptese de bens intangveis, o respectivo registro do investimento externo depender da aprovao prvia do Banco Central do Brasil. 1.6. - Remessa de Lucros e Tratados para Evitar a Bitributao No h, em geral, restries distribuio e remessa de lucros ao exterior. Os lucros e dividendos apurados e distribudos a partir de 1996 esto isentos de imposto de renda. O Brasil assinou tratados para evitar bi-tributao com os seguintes pases: Alemanha, Argentina, ustria, Blgica, Canad, China, Coria do Sul, Dinamarca, Equador, Espanha, Filipinas, Finlndia, Frana, Holanda, Hungria, ndia, Itlia, Japo, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Repblica Tcheca, Eslovquia, Sucia, Estado de Israel, Ucrnia, frica do Sul e Mxico. 1.7. - Reinvestimento de Lucros De acordo com a Lei do Capital Estrangeiro, os reinvestimentos so lucros "auferidos por empresas estabelecidas no Pas e atribudos a residentes e domiciliados no exterior, que forem reaplicados no Pas. Se o investidor estrangeiro decidir reinvestir em vez de remeter os lucros, estes sero passveis de registro como capital estrangeiro junto com o investimento original, atravs do Mdulo RDE-IED. 1.8. - Repatriamento de Capital O capital estrangeiro registrado pelo Banco Central poder ser repatriado, a qualquer tempo, sem autorizao prvia. As remessas que excederem a quantia registrada sero consideradas ganhos de capital para o investidor estrangeiro, estando portanto sujeitas reteno de 15% a ttulo de imposto de renda. Dependendo do pas onde investidor tem sede, a alquota do imposto pode ser 12,5% (como o caso do Japo, por exemplo). 1.9. - Remessas ao Exterior As remessas em moeda estrangeira ao exterior sofrero restries quando no houver o registro de tais recursos perante o Banco Central, uma vez que a remessa de lucros, o repatriamento de capital so todas baseadas na quantia registrada como investimento estrangeiro. Cabe lembrar, no entanto, que o referido registro poder ser efetuado, com base em informaes/registros contbeis que evidenciem a titularidade do investimento estrangeiro.

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A transferncia internacional de fundos em moeda brasileira entre residentes (incluindo subsidirias de empresas estrangeiras) e no residentes livre e dispensa autorizao prvia, desde que as operaes sejam intermediadas por bancos autorizados a operar com cmbio no Brasil. A remessa de moeda estrangeira para fins de investimento no exterior, para pessoas jurdicas privadas no financeiras, totalmente livre. Exigese apenas que as remessas sejam intermediadas por bancos autorizados a operar com cmbio no Brasil e que sejam observadas as formalidades necessrias a esse fim especfico, assim como a prestao da declarao anual de capitais brasileiros no exterior. 1 . 1 0 . - T r a n s f e r n c i a E x t e r na d e I n v e s t i m e n t o s n o B r a s i l Os direitos de participao detidos pelo investidor estrangeiro em empresa brasileira podero ser alienados no estrangeiro, havendo, porm, implicaes de natureza fiscal no Brasil, conforme explicaremos nos pargrafos abaixo. Nesse caso, o comprador estrangeiro, por intermdio de seu representante residente no Brasil, dever cadastrar-se no Mdulo RDE-IED para, em seguida, realizar o registro de sua aquisio. Ao mesmo tempo, o vendedor estrangeiro dever atualizar o seu registro junto ao Banco Central do Brasil, tambm via Mdulo RDE-IED, de forma a refletir o cancelamento dos valores referentes parcela alienada. Esse registro necessrio para que o novo investidor possa remeter/reinvestir lucros e repatriar o capital. Anteriormente vigncia da Lei n 10.833, de 29 de dezembro de 2003, conforme alterada, operaes envolvendo alienao ou disposio de bens ou direitos localizados no Brasil, realizadas por pessoas naturais ou jurdicas sediadas no exterior, no se sujeitavam incidncia do Imposto sobre a Renda. Dispe a Lei n 10.833/03, todavia, que a partir de 1 de fevereiro de 2004 o adquirente, pessoa fsica ou jurdica residente ou domiciliada no Brasil, ou o procurador, quando o adquirente for residente ou domiciliado no exterior, fica responsvel pela reteno e recolhimento do IR incidente sobre o ganho de capital a que se refere o artigo 18 da Lei n 9.249, de 26 de dezembro de 1995, auferido por pessoa fsica ou jurdica residente ou domiciliada no exterior que alienar bens localizados no Brasil. A Receita Federal editou a Instruo Normativa n 407, de 17 de maro de 2004, regulamentando mencionada Lei. No obstante a edio de mencionada Instruo Normativa, discutvel a interpretao desse dispositivo legal, ensejando dvidas quanto hiptese de tributao que parece estabelecer. 1.11. - Emprstimos Externos Nos termos da Resoluo do Banco Central no 2.770, de 30 de agosto de 2000, e da Circular do Banco Central no 3.027, de 22 de fevereiro de 2001, as condies financeiras para operaes de emprstimo externo entre residentes ou domiciliados no Brasil e residentes ou domiciliados no

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exterior devem ser submetidas e registradas no Banco Central, pois tais operaes implicam a entrada de capital estrangeiro no Brasil. O registro perante o Banco Central faz-se, por meio do Mdulo Registro de Operaes Financeiras (ROF). A obteno do registro no depende de prvia aprovao do Banco Central, sendo ele concedido automaticamente assim que as condies gerais da operao estejam em conformidade com os padres estabelecidos pelo Banco Central. Caso contrrio, o pedido ser encaminhado para anlise do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro e Gesto da Informao (DESIG), que ter cinco dias para se manifestar acerca das alteraes necessrias. Caso o DESIG no se manifeste dentro desse prazo, o registro ser considerado concedido. O prazo de validade de cada ROF de 60 dias consecutivos, aps o qual, no havendo qualquer ingresso de recursos, ser automaticamente cancelado. No caso de sada de recursos, passados 120 dias de seu vencimento, apenas o Banco Central poder autorizar o pagamento do emprstimo. Para os emprstimos externos, o credor precisar obter o Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica (CNPJ).

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2. - TIPOS DE ORGANIZAES SOCIETRIAS O estabelecimento de uma filial estrangeira para operar no Brasil est sujeito s disposies da Lei n 10.406, de 10.1.20023 (artigos 1.123 a 1.141) e da Instruo Normativa DNRC n 81, de 5 de janeiro de 1999. A empresa estrangeira dever apresentar um pedido ao Governo Brasileiro, que, se aprovado, expedir decreto do poder executivo federal. Somente aps o cumprimento de todas as formalidades, que incluem publicao na imprensa oficial e arquivamento no Registro Pblico de Empresas Mercantis dos documentos relacionados abertura da filial, que esta poder iniciar suas atividades. A empresa estrangeira dever tambm nomear um representante, que no precisa ser brasileiro, mas necessariamente residente no Pas, com poderes para agir em seu nome. A filial est sujeita s leis brasileiras e deve manter um capital destacado para as operaes no Brasil. Tal capital constitui investimento externo direto, deve ser integralizado e est sujeito a registro perante o Banco Central do Brasil. O registro, por sua vez, permite eventual remessa de lucros ao exterior, repatriamento de capital e registro de reinvestimentos. Como o processo demorado e a burocracia e despesas envolvidas maiores do que aquelas relativas constituio de uma empresa brasileira, o estabelecimento de uma filial no Brasil no recomendado, exceto em circunstncias muito especiais. A legislao brasileira contempla vrias formas de organizao societria, sendo as mais adotadas a sociedade limitada (Limitada) e a sociedade por aes (Sociedade Annima). Tanto Limitadas como Sociedades Annimas representam tipos societrios em que a responsabilidade dos scios restrita ao valor que despenderam para pagamento do preo de integralizao, conforme o caso, de suas quotas ou aes, sem que, em princpio, seus scios sejam responsveis, exceto em caso de prtica de atos ilcitos, por qualquer quantia alm daquela desembolsada para compor o capital social da empresa. Independentemente do tipo jurdico adotado, importante destacar que h determinados traos comuns entre as sociedades. Primeiramente, necessrio que haja ao menos dois scios, que podem ser tanto pessoas naturais ou jurdicas, que no precisam ser domiciliadas no Brasil. Todavia, sendo residentes ou domiciliados no exterior, necessrio que os scios mantenham um procurador no Brasil, com poderes para represent-las na condio de scios da empresa brasileira. Ademais, necessrio que scios estrangeiros, tanto pessoas fsicas como jurdicas, mantenham cadastro perante a Secretaria da Receita Federal no Brasil.

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A Lei n 10.406 de 10.1.2002 instituiu o Novo Cdigo Civil Brasileiro, que entrou em vigor em 11.1.2003.

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A princpio, no h requisitos estabelecendo o capital social mnimo para constituio das sociedades, sendo que o mesmo poder ser distribudo entre os scios conforme estes desejarem. Finalmente, destacamos que, no que tange tributao de empresas, a legislao brasileira tradicionalmente utiliza como critrio diferenciador, no estabelecimento de tributos e suas respectivas alquotas, o porte da empresa, e no o tipo societrio sob o qual ela se reveste, no sendo esse especfico critrio relevante para a adoo de determinado tipo societrio. O tratamento tributrio de Limitadas e de Sociedades Annimas basicamente igual. 2.1. - Limitadas As Limitadas previstas no direito brasileiro assemelham-se s limitedliability companies, limited partnerships e closely-held companies contempladas pelas leis inglesas e norte-americanas. As Limitadas so regidas pelo Cdigo Civil, podendo ainda ser subsidiariamente reguladas por dispositivos da Lei das Sociedades Annimas. Enquanto o capital social no estiver integralizado, todos os scios respondem solidariamente pela integralizao do capital social. Uma vez integralizado o capital, a responsabilidade fica limitada ao montante correspondente ao valor das quotas de cada scio. No contrato social da Limitada devero constar, entre outros, a qualificao de cada um dos scios, a denominao da sociedade, dando a conhecer o objeto social, acompanhada das expresses Limitada ou Ltda., o objeto social, endereo da sede social, seu perodo de durao, o capital social total, sua diviso entre os scios e forma de integralizao. As participaes em uma Limitada figuram no prprio contrato social da sociedade. Assim, o contrato social precisa ser alterado sempre que houver qualquer alterao na composio societria ou no capital social, de modo a refletir exatamente a titularidade do capital da Limitada. Conforme anteriormente mencionado, no h exigncia quanto ao capital mnimo a ser integralizado quando da subscrio inicial, salvo raras excees. Convm notar que na Limitada somente poder haver novo aumento de capital aps o anterior ter sido integralizado. De acordo com a legislao, sero empresrias as sociedades que se dedicam a atividades econmicas de maneira organizada e sistemtica, objetivando a produo ou a circulao de bens ou de servios. Por outro lado, no sero consideradas empresrias aquelas que no apresentem elevado grau de complexidade organizacional, bem como as que se dedicarem a atividades intelectuais, de natureza cientfica, literria ou artstica, salvo se tais atividades constiturem elemento de empresa. A Limitada poder ser administrada por todos os scios, por alguns ou

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por um deles apenas, ou por terceiros, designados pelos scios no contrato social ou em ato separado. O contrato social dever estabelecer a quem incumbir a administrao da Limitada; a designao dos administradores depender da aprovao da unanimidade dos scios, caso o capital no esteja totalmente integralizado, ou de scios titulares de, no mnimo, dois teros do capital social, caso o capital esteja integralizado. Os administradores no precisam ser brasileiros, mas devem necessariamente ser residentes e domiciliados no Brasil. O estrangeiro poder ser designado administrador desde que possua visto de permanncia no Brasil. Independentemente de quem seja o administrador da Limitada, os scios podero controlar determinadas decises mediante a reserva de certos direitos e a imposio de restries atuao da administrao. Embora no sejam rgos de carter obrigatrio para Limitadas, o Contrato Social poder prever a existncia de outros rgos administrativos tais como Conselho Consultivo e Conselho Fiscal. A Limitada no precisa publicar suas contas, alteraes contratuais ou outros atos constitutivos, exceto no caso de reduo de capital, incorporao, ciso ou fuso. Alm de possveis outras matrias indicadas no Contrato Social, a Lei determina que a tomada de decises acerca de certos assuntos depende de uma deliberao de scios, a ser tomada em reunio ou assemblia. So eles: (i) (ii) (iii) (iv) a aprovao de contas; a designao, destituio e remunerao dos administradores; a modificao do contrato social; a incorporao, a fuso e a dissoluo da sociedade, ou a cessao do estado de liquidao; a nomeao e destituio dos liquidantes e o julgamento das suas contas; e o pedido de concordata.

(v)

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A deliberao acerca dos assuntos acima mencionados dever ser feita por meio de uma Assemblia de Scios, caso a Limitada em questo possua mais de dez scios. Trata-se de um instituto sujeito a um nmero maior de formalidades que as Reunies de Scios, estas mais flexveis e desburocratizadas. Reunies ou assemblias devem ser convocadas pelos administradores, nos casos previstos em lei e no contrato social da empresa. Assemblias de scios em Limitadas devem ser convocadas por meio de anncio, que deve ser publicado na imprensa oficial, e em jornal de grande circulao, por pelo menos trs vezes. No obstante, as formalidades de convocao referentes a Assemblias de scios so

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dispensveis, sempre que a totalidade dos scios comparecer Assemblia, ou se declarar, por escrito, ciente dos respectivos local, data, hora e ordem do dia. A realizao de reunio ou assemblia de scios poder ser dispensada sempre que todos os scios decidirem, por escrito, sobre os assuntos que, de outro modo, seriam objeto de deliberao por reunio ou assemblia. Em sociedades que devam deliberar sob a forma de Assemblia, esta ser de realizao obrigatria ao menos uma vez por ano, no decorrer dos quatro meses subseqentes ao trmino do exerccio social. O objetivo desta Assemblia anual de scios tomar as contas dos administradores, deliberar sobre o balano patrimonial e o de resultado econmico da empresa, eventualmente designar administradores, e tratar de outros assuntos de interesse da sociedade. Em geral, a adoo desse tipo societrio implica maior economia e um certo grau de sigilo com relao aos negcios da sociedade. O contrato social, no entanto, permanece pblico, pois terceiros podero solicitar uma cpia ao Registro Pblico de Empresas Mercantis onde devam ser arquivados o contrato social e suas alteraes. 2.2. - Sociedades Annimas Brasileiras A Sociedade Annima brasileira uma forma societria que se assemelha bastante joint-stock company ou corporation. Ela regida pela Lei n 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e modificaes posteriores ("Lei das Sociedades por Aes"). As Sociedades Annimas podem ser abertas ou fechadas conforme seus valores sejam ou na adminitdos negocio no mercado de valores mobilirios. Compete Comisso de Valores Mobilirios (CVM) a fiscalizao e normatizao do mercado de valores mobilirios. Tal como anteriormente mencionado, a Sociedade Annima precisa ter, no mnimo dois acionistas, que so responsveis apenas pelo capital por eles subscrito e ainda no integralizado. Por disposio expressa em lei, as Sociedades Annimas so sempre empresrias. A Sociedade Annima poder ser organizada mediante subscrio pblica ou privada. Em qualquer dos casos, no mnimo dez por cento de seu capital precisar ser integralizado desde logo. O capital integralizado dever ser depositado junto a um banco comercial at que todas as formalidades para a constituio da sociedade sejam concludas. A constituio de Sociedade Annima mediante subscrio pblica depende dos seguintes procedimentos: registro preliminar da emisso de aes junto CVM; intermediao de uma instituio financeira;

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aprovao da constituio da sociedade em assemblia geral convocada pelos fundadores, ao trmino do perodo de subscrio; e avaliao de quaisquer bens conferidos sociedade para o pagamento das aes, se efetuado em bens e no em dinheiro. A constituio por meio de subscrio privada poder ocorrer em assemblia geral dos fundadores ou mediante escritura pblica de constituio, lavrada simultaneamente subscrio das aes. Caso quaisquer aes no sejam integralizadas em dinheiro, uma assemblia geral dever ser convocada para avaliar o aporte em bens. Todos os documentos relativos constituio da sociedade devero ser arquivados na Junta Comercial e, em seguida, publicados no Dirio Oficial e em outro jornal de grande circulao no local da sede social da empresa. O capital social poder ser subscrito ou autorizado. No caso das sociedades com capital subscrito, o estatuto social far constar o capital realmente subscrito pelos acionistas, independentemente de sua efetiva integralizao. O estatuto social de sociedade com capital autorizado estabelecer o limite at o qual o capital realmente subscrito pelos acionistas poder ser aumentado sem necessidade de alterao estatutria. O limite do capital autorizado poder tambm figurar em nmero de aes em vez de quantia expressa em moeda. O capital social dividido em vrios tipos de aes, conforme as diferentes vantagens, direitos ou restries que lhes so atribudos. As aes ordinrias das sociedades de capital fechado podem pertencer a diferentes classes, dependendo: de sua no conversibilidade em aes preferenciais; da exigncia de o acionista ser brasileiro; ou do direito de voto em separado na eleio de determinados diretores da sociedade. As aes preferenciais das sociedades fechadas ou abertas podem pertencer a uma ou mais classes, com direitos e/ou privilgios que podem incluir o direito de eleger alguns membros dos rgos administrativos, mesmo que tais aes no gozem de qualquer outro direito de voto. A emisso de aes preferenciais sem direito de voto est limitada a 50% do total de aes da companhia, sendo resguardado s companhias existentes anteriormente edio da Lei 10.303/01 o direito de manter, se previsto no estatuto, at 2/3 do capital em aes preferenciais sem direito de voto. Aos titulares de aes preferenciais devem ser conferidas vantagens, as quais podem consistir, cumulativamente ou no, em: (i) prioridade na distribuio de dividendo, fixo ou mnimo; ou (ii) prioridade no reembolso do capital, com prmio ou sem ele. Ademais, para que

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sejam admitidas negociao no mercado de valores mobilirios, as aes preferenciais que no tiverem direito a voto, ou tiverem qualquer restrio relativa a esse direito, devero conceder aos seus titulares ao menos uma das seguintes vantagens: (i) participao nos dividendos correspondente a pelo menos 25% do lucro mdio do exerccio, ou (ii) recebimento de dividendos pelo menos 10% superiores queles atribudos s aes ordinrias, ou (iii) direito de serem includas na oferta pblica de alienao de controle, recebendo dividendo pelo menos igual quele das aes ordinrias. As aes no necessitam ter valor nominal e podem ser representadas por certificados. As aes tero sempre a forma nominativa e a sua propriedade presume-se pelo registro no livro de aes nominativas. As aes podero ser integralizadas em dinheiro ou em bens cujo valor seja passvel de avaliao. A avaliao dos bens obrigatria e o correspondente relatrio dever ser aprovado pelos acionistas reunidos em assemblia geral. As aes das companhias abertas s podero ser negociadas aps 30% do seu preo de emisso ter sido pago. A companhia no poder adquirir suas prprias aes, salvo nos casos previstos em lei. O estatuto social da companhia fechada poder restringir a circulao das aes, desde que no proba sua transferncia. Caso as restries sejam impostas por meio de alterao estatutria, elas somente sero aplicveis s aes dos acionistas que as tenham expressamente aceitado. A Sociedade Annima poder emitir outros ttulos, a saber: partes beneficirias, bnus de subscrio e debntures. As normas relativas a titularidade e circulao das aes aplicam-se tambm a esses ttulos, embora eles no faam parte do capital. 2.3. - Partes Beneficirias As partes beneficirias so ttulos sem valor nominal, emitidos exclusivamente pelas companhias fechadas, que conferem a seus titulares o direito de participar em at 10% dos lucros anuais. Tais ttulos no oferecem qualquer dos direitos atribuveis aos acionistas, exceto o direito de fiscalizar os atos dos administradores da sociedade. O estatuto social poder prever o resgate das partes beneficirias mediante capitalizao de reserva especialmente criada para esse fim. 2.4. - Bnus de Subscrio A companhia com capital autorizado poder emitir ttulos negociveis, denominados "bnus de subscrio". Esses ttulos conferem aos seus titulares o direito de subscrever aes em aumento de capital, sujeito s condies estabelecidas nos correspondentes certificados.

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2.5. - Debntures As debntures so ttulos que conferem a seus titulares direitos de crdito contra a companhia emissora, sendo livre aos debenturistas, ainda, receber em pagamento dinheiro, bens ou direitos. As condies do direito de crdito detido pelo titular da debnture contra a companhia devero constar da escritura de sua emisso e, se houver, do respectivo certificado. Caso haja certificado, dele tambm devero constar o valor nominal, os direitos e as garantias dos titulares, bem como a data de vencimento. Tal certificado poder conter clusula de correo monetria, inclusive com base em variao cambial. As debntures podero ser conversveis em aes, sendo obrigatoriamente garantidas pela companhia emissora. Salvo disposio legal em contrrio, o total de debntures emitidas e em circulao no poder exceder o capital social. 2.6. - Direitos dos Acionistas Os acionistas tero os seguintes direitos essenciais: participao nos lucros da companhia; participao na distribuio dos ativos da companhia se esta for liquidada; fiscalizao da gesto dos negcios sociais; preferncia na subscrio de aes, partes beneficirias, debntures conversveis e bnus de subscrio; e retirada da sociedade, nos casos previstos em lei. A resoluo de conflitos, seja entre os acionistas, seja entre estes e a companhia, pode ser feita por meio de arbitragem. As aes de mesma classe conferem direitos iguais aos seus titulares. Cada ao ordinria corresponde a um voto nas assemblias gerais da companhia. Nenhuma classe de acionistas poder ter voto plural. Os titulares de aes preferenciais tero os mesmos direitos atribudos s aes ordinrias inclusive o direito de voto embora seus direitos possam ser restringidos fora do limite dos direitos essenciais. As aes preferenciais sem direito a voto ou com direito de voto restrito passaro a ter pleno direito de voto caso a companhia deixe de distribuir dividendos fixos ou mnimos pelo prazo previsto no estatuto (no superior a trs exerccios consecutivos), conservando-o at o efetivo pagamento desses dividendos. 2.7. - Acordos de Acionistas Os acionistas podem celebrar acordos envolvendo a compra e venda de aes, direito de preferncia, exerccio do direito de voto ou do poder de controle da companhia. Os acordos de acionistas arquivados na sede da companhia devero ser observados pela companhia e so oponveis a

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terceiros, e em caso de descumprimento dos seus termos, as partes podero executar seus termos. Os acordos no podero ser invocados para eximir o acionista de responsabilidade no exerccio do direito de voto ou do poder de controle. O presidente de assemblias gerais ou de rgos colegiados de deliberao de sociedades annimas no poder computar votos proferidos com infrao a acordos de acionistas devidamente arquivados na sede da companhia. 2.8. - rgos Decisrios e de Fiscalizao Constituem rgos decisrios e de fiscalizao: a Assemblia Geral dos Acionistas, o Conselho de Administrao, a Diretoria e o Conselho Fiscal. 2.9. - Assemblias Gerais Os acionistas participaro das assemblias gerais, convocadas e instaladas de acordo com as leis aplicveis e o estatuto social, e tero poderes para decidir todos os negcios sociais, bem como para tomar quaisquer resolues que julgarem convenientes defesa e desenvolvimento da companhia. Tais poderes, contudo, esto sujeitos aos objetivos e negcios sociais, s leis aplicveis e ao estatuto social. Incumbe s assemblias gerais ordinrias: verificar as contas dos administradores; examinar, discutir e votar as demonstraes financeiras; eleger os administradores e os membros do Conselho Fiscal; deliberar sobre a destinao do lucro lquido de cada exerccio fiscal e a distribuio de dividendos; e aprovar a correo da expresso monetria do capital social. Os demais casos exigem a convocao de Assemblia Geral Extraordinria. Assemblias gerais especiais podero ser convocadas para discutir assuntos especificamente relacionados aos titulares de aes preferenciais, debntures, partes beneficirias ou bnus de subscrio. Em regra, as deliberaes tomadas por acionistas de Sociedades Annimas dependem de aprovao por titulares da maioria absoluta dos votos da companhia, ou seja, aqueles representando 50% do valor do capital social votante, acrescidos de mais um voto. Compete ao Conselho de Administrao, se houver, ou aos diretores, observado o disposto no estatuto, convocar a Assemblia Geral. Sem prejuzo, a convocao poder tambm ser realizada: (i) (ii) pelo Conselho Fiscal, nos casos previstos em Lei; por qualquer acionista, quando os administradores no realizarem a convocao em tempo; por acionistas que representem ao menos 5% do capital social, quando os administradores no atenderem a pedido de convocao por eles formulado; e por acionistas que representem ao menos 5% do capital votante,

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ou por aqueles que representem ao menos 5% dos acionistas sem direito a voto, quando os administradores no atenderem a pedido de convocao de assemblia para instalao do Conselho Fiscal. A convocao deve ser feita por meio de anncio publicado, contendo informaes acerca do local de realizao, data e hora da assemblia, bem como a ordem do dia, e, no caso de reforma do estatuto, a indicao da matria. Independentemente das formalidades acima referidas, todavia, ser considerada regular a assemblia a que comparecerem todos os acionistas. As pessoas presentes assemblia devero provar a sua qualidade de acionista, sendo possvel sua representao por meio de procuradores. Dos trabalhos e deliberaes da assemblia dever ser lavrada em livro prprio a respectiva ata, assinada, entre outros, pelos acionistas presentes. O documento societrio dever ainda ser levado a registro perante o Registro Pblico de Empresas Mercantis. 2.10. - rgos Administrativos Nos termos da lei, os acionistas podero, no estatuto, dividir os rgos administrativos da sociedade em at dois rgos: Conselho de Administrao e Diretoria. Se a companhia optar por no ter Conselho de Administrao, a Diretoria desempenhar todas as funes administrativas e fixar a orientao geral dos negcios sociais, cumprindo-as de acordo com o estatuto social. Ao contrrio da Diretoria, os membros do Conselho de Administrao podero ser residentes no exterior, desde que constituam, por um perodo no mnimo 3 anos superior ao mandato do conselheiro, procurador residente no Brasil, com poderes para receber citao em aes propostas com base na legislao societria. Caso haja a instalao de um Conselho de Administrao, a Diretoria dever submeter-se s suas decises. Os diretores tero a liberdade necessria para desincumbir-se de suas atribuies. O Conselho de Administrao obrigatrio para as companhias abertas, para aquelas de capital autorizado e para os bancos. 2.11. - Conselho de Administrao O Conselho de Administrao age como elo entre a Assemblia Geral e a Diretoria. Ele possui plena autoridade para estabelecer as diretrizes econmicas, societrias e financeiras a serem seguidas pela companhia, cabendo-lhe supervisionar permanentemente os membros da Diretoria. Os membros do Conselho de Administrao podero ser residentes no exterior, desde que constituam procurador residente no Brasil, com poderes para receber citao em aes propostas com base na legislao societria. Os membros do Conselho de Administrao devem ser acionistas.

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Os conselheiros sero eleitos pela Assemblia Geral, que os poder destituir, no todo ou em parte. O estatuto social dever estabelecer o nmero de conselheiros (no mnimo trs), o modo de substituio destes, o prazo de gesto (no superior a trs anos, permitida a reeleio) e as normas para convocao, instalao e funcionamento do Conselho de Administrao. Observadas as condies estabelecidas em Lei, acionistas representando certa parcela do capital social votante ou de aes preferenciais, em companhias abertas, podero eleger e destituir um membro do Conselho e seu suplente, em votao em separado na Assemblia Geral, excludo o acionista controlador. 2.12. - Diretoria A Diretoria ser composta de dois ou mais diretores, eleitos e destituveis a qualquer tempo pelo Conselho de Administrao. Os membros do Conselho de Administrao, at o mximo um tero, podero ser eleitos para cargos de diretores. Os diretores esto diretamente subordinados ao Conselho de Administrao, ou Assemblia Geral no caso de no haver Conselho de Administrao. Os diretores so os representantes da companhia perante terceiros. Os diretores no precisam ser acionistas, mas devem necessariamente ser residentes e domiciliados no Brasil. O estatuto social dever estabelecer o nmero de diretores permitido, o modo de substituio destes, o prazo de gesto (no superior a trs anos, permitida a reeleio) e as atribuies e poderes de cada diretor. Os diretores desempenharo suas funes individualmente, de acordo com suas atribuies e poderes, mas acompanhando os outros diretores, e no sero responsabilizados por quaisquer obrigaes assumidas em nome da companhia, ou por atos rotineiros necessrios administrao desta ltima. 2.13. - Conselho Fiscal O Conselho Fiscal um rgo obrigatrio, cujo funcionamento, todavia, no precisa ser permanente. Se o Conselho Fiscal no for permanente, ele dever ser instalado, a critrio dos acionistas, em assemblia geral. O Conselho Fiscal dever ser composto de no mnimo trs e no mximo cinco membros, e suplentes em igual nmero, acionistas ou no. A lei estabelece as condies para a eleio de integrantes do Conselho Fiscal, que devem ser pessoas naturais, residentes no Brasil, e os impedimentos para o exerccio do cargo. Este Conselho ser responsvel pela fiscalizao dos administradores, fornecendo Assemblia Geral informaes a respeito. O Conselho Fiscal poder solicitar aos administradores a indicao de peritos para a apurao

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de fatos cujo esclarecimento seja necessrio ao desempenho de suas funes. Caso a companhia tenha auditores independentes, os membros do Conselho Fiscal podero solicitar-lhes esclarecimentos ou informaes, bem como a apurao de fatos especficos. Dessa forma, o Conselho Fiscal revela-se um importante instrumento na defesa da companhia e de seus acionistas, ao fiscalizar os atos dos administradores de modo a garantir que estes desempenhem suas funes legais e societrias. As funes do Conselho Fiscal no podero ser delegadas nem atribudas a qualquer outro rgo da companhia. 2.14. - Responsabilidades dos Administradores Os membros do Conselho Fiscal, Conselho de Administrao e Diretoria sero responsveis por quaisquer prejuzos decorrentes de omisso no cumprimento de suas funes, negligncia ou m-f, ou atos que violem a lei e os estatutos sociais, podendo inclusive ser responsabilizados na esfera penal. Neste sentido, so vedados ao administrador, entre outros: (i) (ii) atos de liberalidade custa da companhia; atos sem prvia autorizao da Assemblia Geral ou do Conselho de Administrao, quando tal for necessrio; emprstimo de recursos ou bens da companhia; ou recebimento de terceiros, sem a devida autorizao, de qualquer vantagem pessoal, direta ou indireta, em razo do exerccio de seu cargo.

(iii) (iv)

Ademais, vedado ao administrador intervir em qualquer operao social em que tiver interesse conflitante com o da companhia. Eles no sero responsveis por atos ilegais de outros membros, a no ser que atuem em conluio com estes ou que de fato participem de tais atos. Para as companhias abertas, caso a Comisso de Valores Mobilirios entenda necessrio, poder ser aberto, em nvel administrativo, processo para apurar eventuais irregularidades. Cumpre mencionar que, nos casos em que se verifique a responsabilidade de qualquer administrador, a Lei assegura companhia, mediante prvia deliberao por meio da Assemblia Geral, o ajuizamento da respectiva ao de responsabilidade, pelos prejuzos causados ao patrimnio da sociedade. Referida ao, proposta pela companhia, no exclui possveis outras medidas judiciais que couberem a acionistas ou terceiros diretamente prejudicados por atos dos administradores. 2.15. - Transformao A sociedade pode ser transformada de um tipo em outro, sem qualquer soluo de continuidade nos negcios sociais, dissoluo ou liquidao. Por exemplo, uma Sociedade Annima pode ser transformada em

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Limitada e vice-versa. A aprovao dos acionistas deve ser unnime, salvo outro quorum previsto no estatuto social. facultado aos acionistas dissidentes retirar-se da sociedade. Muitas vezes vantajoso constituir uma Limitada, por ser um processo mais simples e menos oneroso do que a constituio de uma Sociedade Annima. A companhia poder ser facilmente transformada numa Sociedade Annima, numa etapa posterior. 2.16. - Incorporao, Fuso e Ciso A incorporao, fuso ou ciso pode ser operada entre sociedades de tipos iguais ou diferentes. A incorporao a operao pela qual uma ou mais sociedades so absorvidas por outra que lhes sucede em todos os direitos e obrigaes, com a conseqente extino das sociedades incorporadas. A fuso a operao pela qual h a extino de duas ou mais sociedades que se unem para formar uma nova sociedade, que lhes sucede em todos os direitos e obrigaes. A ciso a operao pela qual os ativos e passivos de uma companhia so transferidos, no todo ou em parte, para uma ou mais sociedades j existentes ou constitudas para esse fim especfico, ficando seu capital dividido, em caso de ciso parcial. Caso sejam transferidos todos os ativos e passivos da sociedade, ela ser ento extinta. Os direitos e obrigaes da sociedade cindida sero proporcionalmente absorvidos pelas companhias que receberem seu patrimnio lquido. Os motivos da incorporao, fuso ou ciso de uma ou mais sociedades devero ser explicados e justificados num Protocolo de Justificao assinado pelos administradores das sociedades envolvidas. O protocolo dever ento ser aprovado em assemblia geral dos scios dessas sociedades. Os acionistas dissidentes deciso da assemblia geral que aprovar a incorporao, fuso ou ciso devem ter o direito de retirar-se da sociedade. A avaliao do patrimnio lquido da sociedade ou sociedades a serem incorporadas, fundidas ou cindidas obrigatria e dever ser aprovada pelos scios em assemblia geral. 2.17. - Subsidiria Integral A Subsidiria Integral a sociedade cuja totalidade do capital social possuda por uma outra companhia. Este o nico meio que permite a um s acionista deter a totalidade do capital social de uma sociedade. O proprietrio da subsidiria dever ser uma sociedade brasileira. A constituio por escritura pblica exigida. De outra forma, possvel que uma companhia j existente seja transformada em subsidiria integral mediante aquisio, por sociedade brasileira, da totalidade de suas aes.

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2.18. - Associaes (Joint Ventures) A legislao brasileira no define especificamente as associaes. Na atividade empresarial brasileira, a associao a empresa que se origina do acordo de duas ou mais partes visando ao desenvolvimento conjunto de um empreendimento econmico. Esse objetivo pode ser atingido pela formao de uma nova sociedade ou pela subscrio ou aquisio de aes ou quotas de uma sociedade j existente. A associao pode tomar a forma de qualquer organizao societria reconhecida pelas leis brasileiras.

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3. - INSTITUIES FINANCEIRAS As instituies financeiras brasileiras so reguladas pelas Leis n 4.595, de 31 de dezembro de 1964 ("Lei dos Bancos"), e n 4.728, de 14 de julho de 1965 ("Lei do Mercado de Capitais"), conforme alteradas. As instituies financeiras privadas incluem bancos comerciais, bancos de investimento, bancos mltiplos, bancos de cmbio; sociedades de crdito, financiamento e investimento; distribuidoras de ttulos e valores mobilirios e sociedades corretoras de valores. A constituio das instituies financeiras privadas est sujeita a certas restries como, por exemplo, a obrigatoriedade de autorizao prvia por parte do Banco Central para operar. Alm disso, cabe notar que, nos termos da Constituio Federal, a participao do capital estrangeiro em instituies financeiras, est sujeita no s prvia aprovao do Banco Central, como tambm expedio de um decreto por parte do Presidente da Repblica confirmando o interesse nacional e autorizando tal participao. No obstante, o Decreto Presidencial sem nmero de 9.12.1996 j considera de interesse nacional a participao de capital estrangeiro em instituio financeira na forma de aes sem direito a voto nos casos de instituies financeiras que lanam suas aes no mercado. Por fim, instituies financeiras estrangeiras podem, conforme o caso, constituir escritrios de representao no Pas, sobre os quais se comentar mais abaixo. Todos os documentos societrios, alteraes estatutrias, aumentos de capital e outros atos societrios no rotineiros das instituies financeiras devero ser previamente aprovados pelo Banco Central do Brasil. O valor do capital social e do patrimnio lquido das instituies financeiras deve sempre ser compatvel com as regras de capital e capitalizao mnima, impostas pelo Banco Central do Brasil para cada tipo de instituio financeira. O Banco Central do Brasil, nos termos da Resoluo no 2.099, de 17.8.1994, conforme alterada, adotou os princpios de adequao de capital constantes do Acordo da Basilia. Tais princpios prevem que as instituies financeiras devem ter, proporcionalmente aos riscos que correm em suas operaes, nveis mnimos de capital prprio (atualmente a regulamentao do Banco Central a este respeito encontra-se em fase de atualizao com base no Acordo de Basilia II). 3.1. - Bancos Comerciais Bancos comerciais so instituies financeiras autorizadas a oferecer servios bancrios, principalmente o recebimento de depsitos em dinheiro do pblico e a concesso de emprstimos a curto prazo. Uma vez satisfeitos os requisitos aplicveis, esses bancos podero ser tambm autorizados a operar em cmbio.

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3.2. - Bancos de Investimento Os bancos de investimento esto autorizados a conceder financiamentos a mdio e longo prazos e investir fundos de terceiros. Os bancos de investimento tambm podem operar em cmbio, desde que preenchidos os requisitos necessrios e concedida a correspondente autorizao pelo Banco Central. 3.3. - Sociedades de Crdito, Investimento ("Financeiras") Financiamento e

As sociedades conhecidas como "financeiras" tm como objetivo principal a realizao de operaes de financiamento para a aquisio de bens e servios e para capital de giro. 3.4. - Distribuidoras de Ttulos e Valores Mobilirios As distribuidoras de ttulos e valores mobilirios subscrevem ttulos para revenda ou distribuio no mercado, estando tambm autorizadas a administrar recursos de terceiros. 3.5. - Corretoras de Valores Mobilirios As sociedades corretoras de valores mobilirios tm exclusividade para operar em bolsa de valores com ttulos autorizados e outros valores mobilirios. Podem tambm atuar na intermediao de leiles de converso de dvida. 3.6. - Bancos Mltiplos Os bancos mltiplos so entidades que podem, desde que autorizados, exercer todas as funes dos bancos comerciais e de investimento, sociedades de crdito, financiamento e investimento, sociedades de crdito imobilirio e sociedades de arrendamento mercantil. As atividades inerentes a cada tipo de sociedade so executadas por carteiras distintas do banco, cada uma das quais est sujeita s mesmas normas legais e regulamentares aplicveis s correspondentes instituies. O banco mltiplo deve ser constitudo de incio com, no mnimo, duas carteiras, sendo uma delas obrigatoriamente comercial ou de investimento. 3.7. - Sociedades de Arrendamento Mercantil As sociedades de arrendamento mercantil esto sujeitas basicamente s mesmas normas que regem as instituies financeiras em geral. As operaes de arrendamento restringem-se s sociedades de arrendamento mercantil, aos bancos mltiplos, de investimento e desenvolvimento e caixas econmicas (nestes ltimos casos desde que tenham um departamento especializado em arrendamento mercantil); e, no caso de arrendamento imobilirio, s sociedades de crdito imobilirio e associaes de poupana e emprstimo.

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3.8. - Cooperativas de Crdito As cooperativas de crdito so instituies financeiras, sociedades de pessoas, com forma e natureza jurdica prprias, de natureza civil, sem fins lucrativos e no sujeitas a falncia, constitudas com o objetivo de propiciar crdito e prestar servios aos seus associados. As cooperativas dividem-se em: cooperativas de crdito rural, cujo quadro social formado por pessoas que desenvolvam, na rea de atuao da cooperativa, de forma efetiva e predominante, atividades agrcolas, pecurias ou extrativas, ou se dediquem a operaes de captura e transformao do pescado; e cooperativas de crdito mtuo, cujo quadro social formado por pessoas que exeram determinada profisso ou atividades, ou estejam vinculadas a determinada entidade. 3.9. - Sociedades de Crdito ao Microempreendedor As sociedades de crdito ao microempreendedor foram criadas atravs da Medida Provisria n 1.958-26 de 6 de janeiro de 2000, posteriormente regulamentadas pela Resoluo n 2.874 de 26 de julho de 2001, conforme alterada, e tm o objetivo de prover um modelo de financiamento sem assistencialismo, que atenda com um mnimo de burocracia a grande parcela da populao que no tem acesso ao sistema bancrio tradicional. Recentemente, o Governo brasileiro adotou uma srie de medidas para expandir a disponibilidade de crdito para a populao de baixa renda, pequenos negcios e empresrios. Atravs da Lei n 10.735 de 11 de setembro de 2003, conforme alterada, e da Resoluo do Conselho Monetrio Nacional n 3.422, de 30 de novembro de 2006, o Governo Federal estabeleceu que os bancos comerciais, os bancos mltiplos com carteira comercial e a Caixa Econmica Federal devero manter aplicados em operaes de microcrdito 2% dos recursos oriundos dos depsitos vista captados junto ao pblico. Dentre as condies adotadas pelas instituies financeiras, destacam-se as taxas de juros efetivas, que no podem exceder 2% ao ms, e o prazo de pagamento, que no pode ser inferior a 120 dias. 3.10. - Bancos de Cmbio A Resoluo 3.426/06 autorizou a criao de instituies financeiras especializadas na realizao de operaes de compra e venda de moeda estrangeira; transferncia de recursos do e para o exterior; financiamento de importao e exportao; adiantamento sobre contratos de cmbio; e outras operaes, inclusive de prestao de servios, j previstas na regulamentao do mercado de cmbio.

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Alm de tais operaes, os bancos de cmbio podem tambm atuar no mercado financeiro brasileiro, inclusive em bolsas de mercadorias e futuros e em mercados de balco, a fim de realizar operaes referenciadas em moeda estrangeira ou vinculadas a operaes de cmbio. facultado ainda que tais bancos efetuem depsitos interfinanceiros, sendo que o Banco Central poder estender o rol de atividades facultadas aos bancos de cmbio. Em suas operaes, os bancos de cmbio podem usar recursos de seu prprio capital ou de terceiros, obtidos por meio de repasses interbancrios, depsitos interfinanceiros, ou de captaes no exterior. A Resoluo 3.426/06 no prev a possibilidade de captao de recursos atravs de depsitos vista ou a prazo. No entanto, autoriza a manuteno de contas de depsito nos bancos de cmbio, sem remunerao e no movimentveis pelos clientes, destinadas apenas ao trnsito de recursos reservados para a realizao de operaes ou contratao de servios disponibilizados por tais instituies financeiras. Os bancos de cmbio esto sujeitos s mesmas condies de constituio e funcionamento aplicveis s demais instituies financeiras, inclusive aos limites de imobilizao, de exposio por cliente e de Patrimnio de Referncia (PR) conforme o grau de risco de suas operaes, devendo ser observados para sua constituio e funcionamento os limites mnimos de capital realizado e de patrimnio lquido de R$ 7 milhes. 3.11. - Licena Financeira de Funcionamento da Instituio

O Banco Central estipula os procedimentos para obteno da licena de funcionamento de uma instituio financeira, podendo tambm dispor sobre requisitos especiais para cada tipo de instituio. Caso a parte interessada no cumpra as exigncias dentro do prazo fixado pelo Banco Central, o pedido de licena prescrever. Como pr-requisito para obter a licena de funcionamento como instituio financeira, a sociedade dever atender os dispositivos tanto da lei das sociedades por aes como das leis dos bancos e normas emitidas pelo Conselho Monetrio Nacional do Banco Central. Nos termos da Resoluo n 3.040 de 28 de novembro de 2004, as autorizaes para funcionamento so concedidas pelo Banco Central do Brasil em carter inegocivel, intransfervel e sem nus, desde que satisfeitas as seguintes condies: (i) inexistncia de restrio cadastral aos administradores e controladores; (ii) existncia de capital integralizado em montante correspondente, no mnimo, ao limite fixado para a instituio nos termos da regulamentao em vigor; (iii) comprovao, pelos controladores diretos e indiretos, de situao

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econmico-financeira compatvel com o empreendimento; e (iv) comprovao da origem dos recursos que os controladores iro alocar para fazer face ao empreendimento. Um mnimo de 50% do capital subscrito precisa ser integralizado em dinheiro e depositado junto ao Banco Central do Brasil at que a autorizao para funcionamento seja obtida pela instituio requerente. 3.12. - Agncias/Filiais A abertura de uma agncia/filial da instituio financeira brasileira no exterior requer autorizao prvia do Banco Central do Brasil. A agncia/filial autorizada deve iniciar suas atividades comerciais dentro de 360 dias a contar da publicao oficial da autorizao, notificando ao Banco Central o cumprimento de tal requisito na data de sua efetiva abertura, sob pena de cancelamento automtico da respectiva autorizao. O processo para a abertura, no Brasil, de filial de instituio financeira sediada no exterior est sujeito aos mesmos requisitos estabelecidos no art. 52 do ADCT, ou seja, declarao de interesse nacional e obteno de decreto presidencial. Alm disso, a filial estrangeira dever, nos termos da Instruo Normativa no 81 de 5.1.1999, do Departamento Nacional de Registro do Comrcio DNRC, submeter aprovao do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior, atravs de pedido protocolado junto ao DNRC, solicitao de autorizao para instalao de filial. 3.13. - Escritrios de Representao Cumpre comentar que tambm possvel a instituies financeiras estrangeiras constituir escritrios de representao no Brasil, mediante aprovao do Banco Central do Brasil. A funo de tais escritrios somente atuar como um contato entre a sede da instituio financeira e seus clientes porventura domiciliados no pas. Assim, no lhe ser permitido desempenhar qualquer atividade privativa de instituio financeira brasileira, tal como aquelas explicadas acima, sob pena de perda da autorizao anteriormente concedida pelo Banco Central do Brasil, sem prejuzo de outras sanes administrativas e penais aplicveis. importante ressaltar que h uma tendncia de que a atual regulamentao dos escritrios de representao sofra alteraes. O mais recente entendimento do Banco Central do Brasil o de que as entidades estrangeiras que j possuem instituio financeira no Pas no precisam constituir escritrios de representao no Brasil, posto que a prpria instituio financeira brasileira por elas detidas pode tambm desempenhar a funo de representao.

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4. - MERCADO DE VALORES MOBILIRIOS O mercado de valores mobilirios regulamentado e fiscalizado pela Comisso de Valores Mobilirios - CVM, rgo dotado de autoridade administrativa independente, bem como autonomia financeira e oramentria, com atuao e funes semelhantes s da Securities and Exchange Commission SEC norte-americana. A CVM tem poderes para disciplinar, regular e fiscalizar a atuao dos diversos integrantes do mercado. Seu poder regulador abrange todas as matrias referentes ao mercado de valores mobilirios, incluindo registro de companhias abertas; registro de distribuies de valores mobilirios; credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores mobilirios; organizao, funcionamento e operaes das bolsas de valores; negociao e intermediao no mercado de valores mobilirios; administrao de carteiras e custdia de valores mobilirios; suspenso ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizaes; suspenso de emisso, distribuio ou negociao de determinado valor mobilirio; e decretao de recesso de bolsa de valores. CVM tambm compete apurar, julgar e punir irregularidades eventualmente cometidas no mercado. Diante de qualquer suspeita, a CVM pode iniciar um inqurito administrativo, por meio do qual recolhe informaes, toma depoimentos e rene provas com vista a identificar claramente o responsvel por prticas ilegais, oferecendo-lhe, a partir da acusao, amplo direito de defesa. A atividade de fiscalizao da CVM realiza-se pelo acompanhamento da veiculao de informaes relativas ao mercado, s pessoas que dele participam e aos valores mobilirios negociados. Dessa forma, podem ser efetuadas inspees destinadas apurao de fatos especficos sobre o desempenho das empresas e dos negcios com valores mobilirios. Uma companhia brasileira considerada aberta quando, atravs de registro apropriado junto CVM, est autorizada a ter seus valores mobilirios negociados tanto em bolsas de valores, quanto no mercado de balco. Para que uma empresa esteja apta a abrir seu capital, deve estar constituda na forma jurdica de uma sociedade por aes (tambm referida como sociedade annima). A companhia interessada em abrir o capital, oferecendo valores mobilirios ao pblico, dever solicitar CVM o seu registro como companhia aberta, bem como o registro para oferta pblica de distribuio de valores mobilirios no mercado. A CVM pode dispensar o concomitante registro de distribuio pblica. Para a concesso do registro de companhia aberta, a companhia dever submeter CVM os seguintes documentos: ata de reunio do Conselho de Administrao ou da Assemblia Geral que houver designado o diretor de relao com investidores; atas de todas as assemblias gerais de

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acionistas, realizadas nos doze meses anteriores data de registro na CVM; requerimento do Diretor de Relaes com Investidores; estatuto social atualizado da companhia; demonstraes financeiras e notas explicativas; relatrio da administrao referente ao ltimo exerccio social; parecer de auditor independente, relativo s demonstraes financeiras do ltimo exerccio social; formulrio de Informaes Anuais (IAN); formulrio de Informaes Trimestrais (ITR); formulrio de Demonstraes Financeiras Padronizadas DFP; entre outros. A partir da concesso do registro, a empresa fica obrigada a efetuar a atualizao do registro atravs da apresentao de informaes peridicas, tais como os formulrios IAN, ITR e DFP, bem como de informaes eventuais, tais como fatos relevantes, deliberaes societrias e outras informaes, no formulrio IPE. Todos os arquivos e informaes encaminhados CVM e s bolsas de valores esto disponveis ao pblico por meio destas instituies. 4.1. - Listagem na BOVESPA Alm do registro na CVM, para que possa ter suas aes negociadas em bolsa de valores a companhia deve ter suas aes admitidas para negociao na BOVESPA. Atualmente, a listagem de novas companhias que pretendam realizar distribuio pblica primria ou secundria de valores mobilirios, exceto no caso de distribuio pblica secundria em que o acionista controlador no participe como vendedor, somente admitida s companhias que aceitem oferecer aos seus investidores melhorias nas prticas de governana e de transparncia, aderindo aos "Nveis Diferenciados de Governana Corporativa" da BOVESPA, definido como um conjunto de normas de conduta para empresas, administradores e controladores. A adeso a essas prticas distingue a companhia como Nvel 1 ou Nvel 2, dependendo do grau de compromisso assumido pela empresa. As Companhias Nvel 1 comprometem-se, principalmente, com melhorias na prestao de informaes ao mercado e com a disperso acionria. Assim, as principais prticas das companhias listadas no Nvel 1 so: adio de demonstraes financeiras consolidadas e a demonstrao dos fluxos de caixa s Informaes Trimestrais (ITRs); manuteno em circulao de uma parcela mnima de aes, representando 25% do capital; adio de demonstrao dos fluxos de caixa s Demonstraes Financeiras Padronizadas (DFPs); adio, s Informaes Anuais (IANs), da quantidade e caracterstica dos valores mobilirios de emisso da comapnhia detidos pelos grupos de acionistas controladores, membros do Conselho de Administrao, diretores e membros do Conselho Fiscal, bem como a evoluo dessas posies;

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realizao de ofertas pblicas de colocao de aes por meio de mecanismos que favoream a disperso do capital; realizao de reunies pblicas com analistas e investidores, ao menos uma vez por ano; disponibilizao de um calendrio anual de eventos corporativos. Para a classificao como Companhia Nvel 2, alm do cumprimento das obrigaes contidas no Nvel 1, a empresa e seus controladores precisam adotar um conjunto mais amplo de prticas de governana relativas aos direitos dos acionistas minoritrios. Resumidamente, as companhias listadas no Nvel 2 tm como obrigaes adicionais legislao: mandato unificado de at dois anos, para todo o Conselho de Administrao, com mnimo de cinco membros e permitida a reeleio. Ao menos 20% dos membros devero ser conselheiros independentes; direito de voto s aes preferenciais em algumas matrias como transformao, incorporao, ciso e fuso da companhia e aprovao de contratos entre a companhia e empresas do mesmo grupo econmico; extenso para todos os acionistas detentores de aes ordinrias das mesmas condies obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia e de, no mnimo, 70% deste valor para os detentores de aes preferenciais; obrigatoriedade de realizao de uma oferta de compra de todas as aes em circulao, no mnimo pelo valor econmico, nas hipteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociao neste Nvel; e adeso Cmara de Arbitragem para resoluo de conflitos societrios. Todas essas regras esto consolidadas em um Regulamento de Listagem, cuja adeso voluntria. Os compromissos assumidos pela companhia, seus controladores e administradores so firmados em contrato entre essas partes e a BOVESPA. Alm dos Nveis 1 e 2, a BOVESPA tambm criou um segmento de listagem denominado Novo Mercado, destinado negociao de aes emitidas por empresas que se comprometem, voluntariamente, com a adoo de prticas de governana corporativa e prestao de informaes adicionais em relao ao exigido pela legislao e pelos Nveis 1 e 2. A principal inovao do Novo Mercado, em relao legislao e aos Nveis 1 e 2, a exigncia de que o capital social da companhia seja composto somente por aes ordinrias.

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4.2. - Oferta Mobilirios

Pblica

de

Distribuio

de

Valores

As ofertas pblicas de distribuio de valores mobilirios nos mercados primrio e secundrio so reguladas principalmente pela Instruo n 400 da CVM, de 29 de dezembro de 2003. A Instruo n 400 trouxe inovaes regulamentao de distribuies pblicas e a imposio CVM de prazos mais curtos para anlise de determinados processos, em particular no que se refere aos procedimentos especiais (procedimento simplificado e anlise de suplemento no mbito de programa de distribuio). Alm disso, foi ampliada a responsabilizao da instituio-lder, que passa a ter o dever de tomar todas as cautelas e agir com elevado padro de diligncia para assegurar a veracidade, a consistncia, a correo e a suficincia das informaes prestadas pelo ofertante, permitindo uma tomada de deciso fundamentada pelo investidor. A Instruo CVM n 400 exige que as ofertas realizadas no territrio brasileiro, dirigidas a pessoas naturais ou jurdicas, fundo ou universalidade de direitos, residentes, domiciliados ou constitudos no Brasil, devero ser submetidas previamente a registro na CVM. A dispensa de registro, exceo da regra geral, poder ocorrer por deliberao da CVM, desde que observados o interesse pblico e a adequada informao e a proteo ao investidor. Assim, a CVM tem o poder de dispensar o registro ou alguns dos requisitos para determinadas ofertas, considerando, para esse fim, dentre outras condies especiais, a categoria do registro de companhia aberta, o montante da oferta e o pblico destinatrio (especialmente se a oferta for dirigida exclusivamente a investidores qualificados). Nas ofertas secundrias de aes em que o registro da companhia emissora esteja atualizado e em certas ofertas primrias de aes de sobras, o ofertante poder requerer a adoo do procedimento simplificado, com prazos abreviados para concesso de registro e menor quantidade de informaes. A Instruo CVM n 400 inovou ao estabelecer que a companhia aberta que j tenha efetuado distribuio pblica de valores mobilirios poder submeter para arquivamento na CVM um Programa de Distribuio de Valores Mobilirios, com o objetivo de efetuar futuras ofertas pblicas, dentro do prazo mximo de dois anos contado do seu arquivamento pela CVM. A adoo do programa de distribuio confere ao emissor maior flexibilidade e agilidade na anlise das suas ofertas, possibilitando melhores chances de aproveitamento de janelas de oportunidade mais curtas que aparecerem no mercado, alm de representarem uma potencial reduo na burocracia e nos custos de transao para as companhias que tm necessidade ou interesse em distribuir valores mobilirios regularmente.

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Para o arquivamento de novo Programa de Distribuio, dever ser informado CVM o montante mximo dos valores mobilirios a serem emitidos ao amparo do programa, podendo ser postergado para o momento da oferta a definio do tipo, espcie ou classe do valor mobilirio a ser distribudo e o seu respectivo preo, bem como as demais condies especficas da oferta. Aps o arquivamento do programa de distribuio, o ofertante e a instituio lder podero requerer o registro de distribuio de valores mobilirios mediante a apresentao de um suplemento ao prospecto, o qual dever conter a atualizao das informaes do prospecto, podendo ser includa por referncia toda e qualquer informao j apresentada CVM e disponvel ao pblico. Os pedidos de registro de ofertas pblicas de distribuio efetuados com base em suplemento possuem prazos de anlise mais curtos que os prazos de anlise convencionais, o que, de maneira geral, torna o procedimento mais clere e atrativo para companhias que distribuam valores mobilirios regularmente. A responsabilidade pela elaborao do suplemento do ofertante, em conjunto com a instituio lder da distribuio. Entretanto, a instituio lder tem o dever de verificar se as informaes anteriormente prestadas no mbito da emisso so verdadeiras, consistentes, corretas e suficientes. A Instruo CVM n 400 prev expressamente o mecanismo conhecido como green shoe ou lote suplementar. Nesses casos, o ofertante poder outorgar instituio intermediria a opo de distribuio de lote suplementar que, caso exercida, possibilitar a tal instituio aumentar a quantidade de valores a distribuir junto ao pblico, nas mesmas condies e preo dos valores mobilirios inicialmente ofertados, caso a demanda assim justifique. A opo de distribuio de lote suplementar dever ter um montante pr-determinado que constar obrigatoriamente do prospecto e que no poder ultrapassar a 15% da quantidade inicialmente ofertada. Adicionalmente ao lote suplementar e a critrio do ofertante, a quantidade de valores mobilirios a serem distribudos poder ser aumentada em um montante de at 20% da quantidade inicialmente requerida, a critrio do ofertante e sem a necessidade de novo pedido ou de modificao nos termos da oferta. A princpio, a oferta dever ser irrevogvel, mas permitida a oferta sujeita a condies que correspondam a um interesse legtimo do ofertante, que no afetem o funcionamento normal do mercado e cujo implemento no dependa de atuao direta ou indireta do ofertante ou de pessoas a ele vinculadas. O preo dos valores mobilirios ofertados ser nico, mas a CVM poder autorizar, em operaes especficas, a possibilidade de preos e condies diversos consoante tipo, espcie, classe e quantidade de valores mobilirios ou de destinatrios, fixados em termos objetivos e em

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funo de interesses legtimos do ofertante, admitido gio ou desgio em funo das condies do mercado. A Instruo passa a prever expressamente que o ofertante poder estabelecer que o preo e, tratando-se de valores mobilirios representativos de dvida, tambm a taxa de juros, sejam determinados no dia da apurao do resultado da coleta de intenes de investimento (procedimento de bookbuilding), desde que sejam indicados os critrios objetivos que presidem sua fixao no prospecto preliminar. Caso no haja a distribuio total dos valores mobilirios previstos na oferta, o ofertante poder determinar a distribuio parcial em quantidade mnima pr-determinada, para a qual ser mantida a oferta, desde que o investidor tenha aceitado tal condio. Verdadeira inovao da Instruo CVM n 400 a possibilidade de consulta a potenciais investidores pelo ofertante e pela instituio lder da distribuio para apurar a viabilidade ou o interesse de uma eventual oferta pblica de distribuio, o que antes poderia ser considerado como incio de oferta e configurar infrao. A referida consulta dever estar limitada a 20 investidores, no poder ser vinculante e dever ter critrios razoveis para o controle da confidencialidade e do sigilo. O prospecto dever ser elaborado pelo ofertante em conjunto com a instituio lder da distribuio, sob a forma preliminar ou definitiva, e ser obrigatrio nas ofertas pblicas de distribuio de que trata a Instruo CVM n 400. Ele dever conter informao completa, precisa, verdadeira, atual, clara, objetiva e necessria, em linguagem acessvel. No poder omitir fatos de relevo, nem conter informaes que possam induzir em erro os investidores, e dever conter, alm de informaes adicionais a serem eventualmente solicitadas pela CVM, informaes bsicas sobre: (i) a oferta; (ii) os valores mobilirios objeto da oferta e os direitos que lhes so iner