pílulas digitais - a influencia dos blogs na comunicação

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Page 1: Pílulas digitais - A influencia dos blogs na comunicação

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS,PROPAGANDA E TURISMO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PÍLULAS DIGITAISPÍLULAS DIGITAISPÍLULAS A INFLUÊNCIA DOS BLOGS NA COMUNICAÇÃO

PAULA RICHA ROMANO

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ GUILHERME ANTUNES

SÃO PAULO, 2005

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SumárioPágina

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1. Internet e páginas web . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.1. Internet ≠ páginas web . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2. Servidores e linguagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.3. Publicar páginas web . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.4. E-mail e IM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10

1.5. Discussões on-line . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

2. Blogs e a popularização da expressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12

2.1. O que é um Blog? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14

2.2. Características e anatomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

2.3. Quem tem um Blog? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

2.4. Para que serve um Blog? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

2.5. Organizando a Blogosfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37

2.6. Flogs, Vlogs, Audioblogs, Moblog... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

3. Blogs e o futuro da mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49

4. Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58

Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59

Apêndices

I. Anatomia de um Blog . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61

II. Como fazer um Blog . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62

III. Blogs interessantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64

IV. Dados estatísticos sobre autores de Blogs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68

V. EPIC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80

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IntroduçãoA segunda metade do século XIX foi marcada pela criação e popularização de meios de comunicação eletrônicos. Eles trouxeram a Era da Informação, da qual a quantidade de dados disponíveis e a rapidez e facilidade de acesso são características marcantes. Na metade da década de 90, a popularização da internet e o avanço da tecnologia ampliaram ainda mais o horizonte e mostraram que além de ter acesso ao que era produzido, as pessoas também poderiam produzir conteúdo e interagir umas com as outras através dos novos meios.

Neste contexto, outras formas de relacionamento e de comunicação surgiram. Apesar destas novas ferramentas e tecnologias levarem algum tempo para serem assimiladas ou mesmo estarem acessíveis à grande maioria das pessoas, muitas delas se tornaram indispensáveis, como o e-mail e o telefone celular.

No campo da internet, umas das ferramentas que surgiu no fi nal da década de 90 e se popularizou no início deste século foi o Weblog. Até o surgimento desta ferramenta de publicação, também conhecida somente como blog, a internet ainda era um campo restrito àqueles que possuíam conhecimentos técnicos para produzir e inserir conteúdo na rede.

Os blogs são popularmente conhecidos como versões on-line de diários de adolescentes, mas ao examiná-los detalhadamente pode-se notar que esta ferramenta tem uma atuação maior no campo da comunicação e não está restrita a uma faixa da população.

É possível que a identifi cação com o diário íntimo aconteça por algumas características em comum entre os dois tipos de registro. Os blogs formam um conjunto de relatos e opiniões pessoais organizados por data e não possuem uma regra ou linguagem formal para a publicação dos textos, que podem variar de uma pequena nota ou frase a uma longa refl exão. Sob esse aspecto, são como os diários.

Os dois também têm uma origem semelhante na necessidade de registrar acontecimentos. O diário surgiu de uma tradição coletiva de produzir registros públicos de acontecimentos do dia-a-dia, como os diários de viagem. Mas a noção de diário íntimo e privado só ganhou popularidade na Renascença, apesar de que há registros do mesmo modelo de escrita no Japão do séc.X.

Registro de eventos cotidianos, o diário íntimo é visto como forma de autoconhecimento e de expressão de uma vida interior. Ele revela a identidade do escritor através do texto e também por outros elementos, como a escrita e a bricolage característica de um diário privado escrito à mão.

Os diários íntimos representaram, até certo ponto, uma separação entre o que é de domínio público e privado. A partir do momento em que autores de diários íntimos passaram a publicar seus escritos, iniciou-se uma dissolução desta distinção, que fi cou cada vez menor com o surgimento da internet e da web.

Nestes espaços virtuais pode-se observar duas das características mais marcantes da rede: sua capacidade de impulsionar a troca de experiências e informações e de abrir espaço para o usuário se expressar. Através de seu blog o indivíduo pode mostrar sua identidade, se comunicar com pessoas diferentes, mostrar trabalhos pessoais, ativar uma rede social, manter contatos, contar fatos cotidianos, fazer críticas, ter voz, compartilhar.

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O diário é apenas uma das formas que o blog pode ter, mas, ainda assim, diferente daquele feito com papel, caneta e colagens escondido em algum lugar do quarto. A diferença é que o blog está exposto na rede mundial de computadores, e seu autor sabe disto.

Segundo Nardi, Schiano e Gumbrecht1, existe uma grande diversidade de formatos e caminhos que um blog pode seguir, como atualizar os leitores sobre as atividades do autor; expressar opiniões e formar opiniões; obter comentários; desenvolver suas idéias através da escrita; e aliviar tensões emocionais.

Em três das cinco motivações detectadas, o reconhecimento do leitor é declarado sendo que depoimentos dados pelos participantes da pesquisa mostram a preocupação de não magoar ou constranger o leitor com suas opiniões. Mesmo não declarada, a consciência da existência de leitores infl uencia o que é escrito.

O estudo mostra que mesmo agindo com indiferença, o autor reconhece a presença da audiência. A relação com os leitores dependerá da personalidade do autor, no entanto, muitos buscam gerar visitas para seu blog e também consideram a opinião dos leitores ao escreverem seus textos. Neste sentido, o blog é um meio que incentiva a alternância de papéis entre emissor e receptor, como acontece em uma conversa natural.

O diário íntimo, por sua vez, mesmo que o autor tenha uma vontade secreta de ser lido, não é construído em conjunto com seus leitores e, via de regra, descreve todos os sentimentos e situações vividas pelo autor sem haver seleção do que deve ou não ser colocado ali. Como não há interação, um não pode moldar o outro.

Outra característica que diferencia o diário íntimo do blog é a construção de sua identidade visual. A composição do diário, geralmente feita da colagem de elementos simbólicos, também é muito importante para identifi car o autor. No caso dos blogs, a identidade do autor está melhor caracterizada no seu conteúdo. A identidade visual do blog fi ca condicionada ao uso de linguagens de programação, o que difi culta a personalização e é uma barreira para a total apropriação da internet. Por outro lado, programas mais versáteis estão sendo desenvolvidos para facilitar a vida do usuário e ampliar suas possibilidades.

Considerando que o blog não é apenas a versão digital de um diário íntimo, quais as implicações destes novos meios de expressão na comunicação? O que está mudando? É apenas uma febre passageira ou é um novo meio que está ganhando infl uência? Com o avanço da tecnologia e uso cada vez maior da internet através de telefones celulares, com a difusão de produtos e redes sem fi o, que outros caminhos o blog pode tomar? Neste trabalho será analisada a origem do blog, seus precursores, a grande diversidade de tipos existentes, suas variações e implicações para a comunicação.

1 Dados coletados em pesquisa de campo com 23 blogueiros e relatados em NARDI, Bonnie, SCHIANO, Diane, & GUMBRECHT, Michelle. Blogging as Social Activity, or, would you let 900 million people read your diary? In:Proceedings of Conference on Computer Supported Cooperative Work (CSCW), Chicago, Estados Unidos, 2004.

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1. Internet e páginas webCelebrada como a rede das redes, a internet é defi nida como o mais democrático dos meios de expressão e publicação. Para acessá-la é preciso um computador multimídia conectado a ela e os programas adequados para operá-la, que são de domínio público.

Apesar de ser muito fácil acessá-la, produzir e publicar conteúdo próprio requer algum conhecimento técnico, que se torna mais simples a cada dia. Até pouco tempo atrás, a produção de páginas na internet era restrita àqueles com know-how para operar com intimidade os programas e processos necessários. Hoje isso mudou, mas é sempre importante conhecer a estrutura que sustenta a web.

Como realmente funciona a rede mundial e quais as principais redes que existem através dela?

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1.1. Internet ≠ páginas webÉ fácil confundir os termos Internet e Web, pois estão intimamente ligados. As diferenças serão analisadas a seguir, mas, pode-se afi rmar a princípio que a World Wide Web é parte da internet.

Os primeiros esforços para formar uma rede de comunicação entre computadores surgiram na época da Guerra Fria, com objetivos militares: a proposta era formar uma rede de troca de informação para alimentar os escritórios de defesa. No fi nal da década de 60, alguns anos após sua fundação, a ARPA (Advanced Research Projects Agency), órgão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, iniciou investimentos em um projeto para estabelecer a primeira rede de computadores, a ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network, ou rede da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada).

Em 1983, a ARPANET alterou a tecnologia utilizada para transferência de dados e abriu seu acesso às universidades e centros de pesquisa, defi nindo o formato da internet como é conhecida hoje. No início, a internet se restringia aos meios técnico e acadêmico, que utilizavam a rede para troca de informações sobre pesquisas (essencialmente através de serviços de e-mail e chat, em interfaces de texto puro que envolviam muita programação).

Foi com o surgimento da world wide web que o meio começaria a se popularizar. A web é uma interface gráfi ca para a internet, baseada em estrutura de hipertexto e padrões específi cos para a troca de dados. Seu projeto nasceu no CERN (Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear, em francês) em 1989, mas ainda era uma proposta muito diferente da utilizada hoje.

O projeto formal de criação da web como é conhecida foi publicado pelo pesquisador do CERN Tim Berners-Lee, em 1990. Ele reuniu as tecnologias existentes e criou três ferramentas que tornariam a web viável: o http (código – ou protocolo – para a transferência de hipertexto); o HTML (linguagem para programar páginas em hipertexto); e o sistema de endereçamento URL (um conjunto de quatro números separados por pontos – algo como 154.106.4.255 – únicos e atribuídos a cada endereço da web, servindo para localizá-los).

Apesar de todas essas novas invenções, o acesso à web só se popularizaria três anos mais tarde, com o lançamento do programa Mosaic, que proporcionava uma interface multimídia para a leitura de páginas HTML. Essa categoria de programas (os mais famosos são Internet Explorer, Netscape Communicator, Firefox, Opera e Safari) é chamada de browser (termo em inglês equivalente a fuçador). Berners-Lee tinha inventado toda a estrutura, mas se esquecera de fazer um programa para lê-la. Isso foi inventado por um estudante de graduação, como parte do seu trabalho em um laboratório de universidade.

Apesar de todas as especifi cações técnicas que a sustentam – e de muitas outras fundamentais, como a estrutura de roteadores, redes ethernet, protocolo TCP/IP etc. - a interface da web é baseada na simplicidade o que, aliado à sua abrangência e potência, a tornou o sistema de comunicação que mais conecta pessoas ao redor do mundo.

A web se tornou um dos serviços promovidos pela internet mais utilizados, a ponto de, muitas vezes, serem tomados por sinônimos.

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Quando utilizam a internet, as pessoas navegam por um ambiente virtual. Os computadores operados, no entanto, são bastante reais. Os dados acessados remotamente costumam estar arquivados em uma máquina capaz de se conectar com os outros diversos computadores e aparelhos eletrônicos que estão acessando seu conteúdo. Estes computadores de alta capacidade de conexão e armazenamento são chamados de servidores.

Para que se possa acessar conteúdo da web, o computador, conectado à rede, deve se comunicar com um servidor. Isto acontece através de um código de identifi cação que todos os aparelhos conectados possuem. Quando o usuário digita o endereço de uma página, ele está enviando um pedido de acesso a um servidor que identifi ca a máquina solicitada e envia uma cópia dos dados do site de volta, que são lidos pelo browser e disponibilizados na tela do computador.

Este diagrama mostra de uma forma simples como o processo funciona:.

O modo mais simples e barato de um computador se conectar à internet é através do telefone (processo chamado de conexão discada ou dial-up). As limitações e ruído nas linhas costumam tornar o processo pouco efi ciente.

Outra forma muito mais efi ciente e rápida de conexão e a Banda Larga, que tem esse nome por causa da maior capacidade para a transferência de dados. Uma conexão de banda larga pode ser feita através de uma linha telefônica digital especial (também chamada de DSL – Digital Subscriber Line), por cabo, rádio ou microondas (satélite). Independente do tipo de conexão, o computador deve se comunicar com seu Provedor de Acesso ou Internet Service Provider (ISP). Isso também vale para aparelhos como GPSs, PDAs e telefones celulares que acessam a internet.

No caso de uma empresa ou qualquer outra instituição que possua diversos terminais conectados, forma-se uma rede local ou Local Area Network (LAN) que fará a comunicação com o provedor. Nessas estruturas que se dão as Intranets, redes de comunicação restritas com o mesmo equipamento e interface da internet.

1.2. Servidores e linguagens

COMPUTADOR PESSOAL COM BROWSER

SERVIDOR CONFIGURADO PARA ACESSAR A INTERNET

O BROWSER SE CONECTAAO SERVIDOR E SOLICITA

UMA PÁGINA

O SERVIDOR BUSCA A PÁGINAE A ENVIA AO COMPUTADOR

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Os provedores são conectados em cadeia até grandes concentradores (normalmente em empresas de telefonia ou infra-estrutura) que distribuem o acesso para uma grande área ou mesmo para um país inteiro através de uma rede de fi bra óptica. Essas máquinas se conectam aos backbones, principais canais de conexão que interligam o mundo através de cabos submarinos, redes de fi bra óptica e satélites.

O diagrama abaixo mostra como funciona o esquema descrito:

A linguagem mais usada para formatar as páginas web é o HTML (Hypertext Markup Language), que é uma forma simples de formatar textos, imagens e links e dispô-los em uma página. No entanto, para se ter acesso a recursos mais sofi sticados, como a administração de bancos de dados, existem outras linguagens mais efi cientes.

Outro grupo de linguagens é utilizado para a programação de páginas dinâmicas, atualizadas automaticamente, animações e até para a inclusão de pequenos programas no conteúdo das páginas.

À medida que se utilizam muitos recursos, o acesso pode ser dificultado para usuários que não possuam banda larga ou computadores mais potentes. A definição das limitações técnicas é muito importante para determinar o fluxo da informação e do acesso e para mensurar se, para os usuários finais, os benefícios compensam as barreiras.

LINHA TELEFÔNICA,BANDA LARGA (DSL),

CABO OU SATÉLITE

RESIDENCIAL COMERCIAL

REDELOCAL

LINHADE ALTA

VELOCIDADE(T1, T3)

PROVEDORLOCAL

BACK-BONE

PROVEDORREGIONAL

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Seguem listadas abaixo algumas das principais linguagens e recursos utilizados:

Apesar da web ser estabelecida sobre princípios básicos de simplicidade, existe hoje muita técnica envolvida e diversos conceitos são desconhecidos pelo público leigo. Existe até uma corrente de design chamada tableless que busca fazer a web voltar às suas origens. Sites desenvolvidos segundo seus princípios costumam ser mais compatíveis e fáceis de se usar, mas ela não se aplica para sistemas mais sofi sticados. Sua aplicação pode ser boa para evitar que se use aplicativos de muita memória e complexidade – como Java – para realizar funções simples, como animações.

Linguagem

HTML(Hyper Text Markup Language)

Java

Javascript

CSS(Cascading Style Sheets)

Plug-ins(existem centenas, entre os mais populares estão: Quick Time, Real,iPix e Adobe Reader)

Flash

ASP,PHP

O que é?

Linguagem básica entendida por qualquer programa de acesso à web. É uma linguagem de marcação de layouts, não uma linguagem de programação completa.

Pacote completo de aplicativos e linguagem executados para internet.

Código pequeno, embutido na página HTML, ampliando suas funções.

Conjunto de regras para defi nir estilos de apresentação (tipo de tamanhos de letras, cores, etc.).

Mini-aplicativos instalados no browser para suportar formatos especiais (como vídeo) e expandir a capacidade do mesmo.

Tipo especial de plug-in que permite programação em ações interativas com o usuário.

Programas para leitura de banco de dados e geração de páginas dinâmicas.

Uso

Usada para desenhar páginas web. O HTML organiza a estrutura e formata os elementos de um site.

Bom para gerenciar bancos de dados e comunicação de rede. Trabalha com diversas plataformas e é segura. Usada em sistemas de Home Banking.

Gera comandos para automatizar tarefas de rotina. Alivia o servidor e realiza tarefas no computador do usuário. Pode travar algumas máquinas menos potentes.

Usado em códigos HTML para torná-los mais simples, uniformes e efi cientes.

Usados para leitura de determinados formatos específi cos e efeitos especiais. Sobrecarregam a memória e difi cultam a transmissão – devem ser usados somente quando essenciais.

Usado geralmente em sites com botões e ações animadas.

Usados geralmente em sites atualizados automaticamente ou que envolvam grandes bancos de dados.

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A tecnologia listada no tópico anterior é necessária para que a internet funcione. Para publicar conteúdo é preciso, no entanto, outro conjunto de tecnologias e linguagens.

Como já foi visto, para se estabelecer uma página na web seu conteúdo deve estar arquivado em um servidor conectado à internet. Este conteúdo recebe uma identidade, composta por quatro números. Para facilitar a memorização, criou-se o registro de domínio, que nada mais é que um nome e categoria associados a esse número. Por exemplo: bradesco.com.br e assim por diante.

No Brasil, a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) é a instituição responsável pela administração e registros de domínio. Existem algumas convenções para registrar um domínio que podem ser encontradas no site http://www.fapesp.org, mas as principais são: ausência de registro anterior ativo; respeitar as regras de nomenclatura (evitar palavras de baixo calão, espaços e certos caracteres especiais são algumas delas - domínios com extensão .br já podem utilizar acentos e cedilhas); as diferenças de extensões (.com para registros comerciais, .org para ONGs, etc.) e algumas regras específi cas para pessoas físicas e jurídicas.

Após o registro do domínio é necessário selecionar conteúdo e produzir a página, normalmente em HTML. Páginas geradas em HTML se adaptam aos recursos disponíveis, por isso podem gerar resultados diferentes conforme o computador utilizado, versão e tipo de browser, tamanho da janela para visualização, aplicativos instalados e assim por diante. Portanto, o material produzido deve ser testado em vários equipamentos e browsers antes de sua publicação.

Cumpridas as etapas de produção e publicação, a página deve ser administrada para corrigir problemas de conteúdo e atualizar informações. Tarefas mais simples como estas, que não envolvem alteração de estrutura da página ou do banco de dados, podem ser feitas por alguém sem conhecimento técnico, mas que saiba utilizar um programa de administração de páginas. Estes programas, normalmente feitos sob encomenda, costumam possuir uma interface amigável para alteração e publicação de conteúdo, sem interferir na estrutura no site.

Assim, para publicar uma página web a ponto de poder controlar e confi gurar todos os detalhes dela é preciso contratar equipes especializadas, adquirir programas caros e realizar treinamentos, o que torna este tipo de publicação restrito a empresas com bom volume de recursos.

Existem alguns serviços de hospedagem gratuitos para páginas pessoais, como o GeoCities da Yahoo!, e mesmo para usuários registrados de alguns portais nacionais como o Terra e o UOL, mas eles possuem limitações de espaço e de tecnologia, obrigando o usuário a lidar com programas específi cos para confi gurar e produzir conteúdo para o site.

Analisar estes aspectos torna a internet menos atrativa para a publicação individual e mostra que ela não é tão democrática como parece. Mas como é um meio em constante evolução, novas tecnologias começam a surgir para tornar a produção de páginas mais popular e interessante.

1.3. Publicar páginas web

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Existem outras duas aplicações da internet que não fazem parte da web e são tão usadas quanto ela, se não mais. São os serviços de e-mail (Eletronic Mail) e IM (Instant Messaging).

Amplamente utilizados na internet, esses serviços têm como diferencial a troca de mensagens entre indivíduos ou grupos restritos, não abertos para o público.

Enquanto a web é uma rede de informações disponível para acesso público, e-mail e IM são serviços de comunicação privada entre indivíduos e grupos fechados.

É possível determinar qual desses serviços é mais utilizado? Quanto tempo um indivíduo gasta com cada um deles? Estas questões mostram que o uso da internet não está restrito à web. O tempo dispendido on-line a escrever e-mails, respondê-los e utilizar ferramentas de IM costuma ser maior do que o tempo gasto navegando pela web, o que mostra a importância que essas ferramentas de comunicação aquiriram.

Sistemas de e-mail e IM são killer applications, termo usado para designar ferramentas que se tornam muito populares e acabam formando um importante nicho de mercado. O e-mail surgiu na década de 60, antes mesmo da internet, como forma de comunicação entre os múltiplos usuários de um computador mainframe. Logo depois começou a ser usado para passar mensagens entre diferentes computadores. Com o surgimento da web, apareceram os serviços de webmail, que permitem o acesso a e-mail direto de um website, sem a necessidade de se confi gurar a máquina que os recebe. O serviço Hotmail, da Microsoft é o mais popular, mas Google (Gmail) e Yahoo! também oferecem este serviço.

Ainda que os serviços de correio eletrônico possam ser confi gurados e acessados via web, os mesmos formam uma rede distinta, para qual cada usuário possui sua identifi cação e senha de acesso.

O IM possui como princípio a troca de mensagens instantâneas e estaria para o telegrama assim como o e-mail está para a carta. O primeiro programa de IM para a internet surgiu em 1996, o ICQ, uma brincadeira com a frase em inglês I seek you. Depois do ICQ muitas outras versões surgiram, entre eles, MSN Messenger e Yahoo! Messenger. Em 1998 a empresa America Online (AOL) comprou o ICQ e em 2002 patenteou nos Estados Unidos o termo instant messenger.

Para utilizar um programa de IM, o usuário deve instalar em seu computador o aplicativo do serviço que escolher. A troca de mensagens também ocorre através de um protocolo ou código, mas, neste caso, cada empresa desenvolveu um código próprio e não há um padrão como existe para a troca de e-mails ou para a web.

Através de IM é possível trocar mensagens escritas, arquivos e mesmo realizar uma vídeo conferência em tempo real, se os dois computadores possuírem webcam e o sistema compatível para utilizar esta funcionalidade. De certa forma, para alguns usos, o IM substituiu o e-mail pela facilidade e rapidez que possui.

Estas duas formas de comunicação digital ajudam a manter e ampliar o círculo social do indivíduo, mas além delas existem outros meios de conviver em um ambiente virtual.

1.4. E-mail e IM

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Os dois sistemas de comunicação citados, e-mail e IM, são formas de interação e troca de informações em grupos fechados. Os temas são os mais diversos e variam conforme o interesse do indivíduo, mas geralmente são usados para mensagens e assuntos pontuais, que não se estendem por longos períodos nem costumam alcançar abrangência ou profundidade.

Outros sistemas de comunicação foram criados para darem suporte à discussão em grupo mediada por computadores, como os fóruns on-line e listas de e-mail. Os fóruns costumam ser mediados e ter temas fi xos de discussão ou até permitir que eles surjam com a interação de seus usuários. A função do mediador (ou moderador) é assegurar que a discussão mantenha o foco no tópico estabelecido e evitar propagandas, mensagens pessoais e outros tipos de conteúdo indesejado.

Já nas listas de e-mail, a dinâmica das conversas funciona de uma forma um pouco diferente, pois os participantes recebem em suas caixas postais as mensagens enviadas para o grupo, enquanto os participantes do fórum costumam visitar o site em que o mesmo está hospedado. Elas têm diversos fi ns, de amigos mantendo contato a veículos e empresas divulgando novidades.

Assim como o fórum, a lista de e-mail pode ser moderada ou aberta para qualquer interessado que se cadastre.

Neste sentido, a expressão individual fi ca limitada às convenções e limites daquele espaço virtual. E-mails pessoais e IM são mais livres, porém menos abrangentes. As páginas pessoais poderiam ocupar este espaço, mas como já foi visto, limitações técnicas restringem a publicação de conteúdo a poucos experts.

A internet, nesses termos, parece bem menos democrática. É uma rede mundial conectando pessoas, na qual poucos indivíduos com conhecimentos técnicos podem publicar conteúdo e moderar grupos de discussão. A produção de mensagens continua restrita a alguns pontos de discussão, nos quais os indivíduos se expressam de forma fragmentada e/ou moderada.

Doc Searls e David Weinberger2 acreditam que existem três princípios básicos da internet que contribuíram para a importância, infl uência e tamanho que ela possui hoje: ninguém é proprietário da rede; todos podem utilizá-la; qualquer um pode contribuir para sua melhoria. É justamente a sua característica anárquica que faz com que a internet cresça organicamente e não exista forma de medir, controlar seu tamanho ou direcionar os caminhos que a comunicação toma através dela. É uma bela promessa, mais ainda não foi cumprida. A internet e a web ainda estão sofrendo mudanças e ganhando acesso para que no futuro seus três princípios básicos sejam realidade, acessíveis e usufruídos por todos.

Um formato novo de página pessoal e publicação é um passo nessa direção. Ele começou a aparecer em meados dos anos 90, mas sua popularização só aconteceu após 2001. Ele ainda não tem forma defi nida e novas soluções e propostas têm surgido a cada instante. Este formato será analisado nas próximas páginas.

1.5. Discussões on-line

2 SEARLS, Doc, WEINBERGER, David. World of Ends. What the Internet Is and How to Stop Mistaking it for Something Else. 2003. http://www.worldofends.com

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A velocidade com que novas tecnologias aparecem pode ser assustadora. No entanto, mais assustadora é a rapidez com que novas ferramentas são assimiladas e passam a fazer parte do cotidiano dos usuários da internet. Como foi o Orkutem 2004. Esta ferramenta de relacionamento ou social networking se popularizou rapidamente entre os usuários de internet brasileiros e gerou uma febre, a ponto de ser impensável alguém não participar dela.

Os weblogs, ou simplesmente blogs, fazem parte deste universo. Esta ferramenta de publicação de páginas pessoais está mostrando uma nova forma de encarar a troca de informações e a construção da opinião pública. A onda de blogs começou no Brasil aproximadamente no início do ano 2000, embora tenha tomado a forma pela qual é conhecida hoje em 1997 com o Scripting News3 de Dave Winer, programador que criou uma das primeiras ferramentas para a publicação de blogs. Ele mantém seu blog até hoje.

Os blogs começaram a ganhar maior audiência em 2001, após os ataques de 11 de Setembro, em razão da guerra contra o terrorismo iniciada pelos EUA. Muitos deles apoiavam o governo norte-americano, que iniciou suas ações com a invasão do Afeganistão em Outubro de 2001. Em 2002, essa forma de expressão continuou a ganhar leitores e o número de blogueiros, como são chamados os autores de blogs, aumentou com as ameaças de invasão do Iraque. Estes que ganharam projeção na mídia tradicional foram chamados, devido à discussão que alimentavam, de warblogs (blogs de guerra). O termo foi cunhado por Matt Welch, jornalista que iniciou seu blog em 17 de Setembro de 2001. Seu primeiro texto mostra o clima em que surgiram os warblogs4:

Bem-vindos à Guerra. Soa como uma coisa estranha e desagradável de dizer, mas estes são tempos estranhos e desagradáveis, pedindo respostas incomuns. Como muitos de vocês, eu leio, ouço e assisto a muita coisa sobre o horror de 11 de Setembro, e acho um desafi o entender a forma como isso muda nossas vidas. A grande questão para os americanos e outros povos decentes é como o mundo civilizado e o seu país mais forte deveriam responder a esse assassinato em massa. Eu, pelo menos, defendo uma Guerra Global para abolir o terrorismo. Muitos de vocês provavelmente discordam. Existem – graças aos valores defendidos pelos Estados Unidos – muitos fóruns para se discutir sobre os vários assuntos que estão surgindo, de preocupações sobre as reduzidas liberdades civis a um incrível aumento de segredos governamentais. Este será o meu... e o seu também, se você quiser me enviar um e-mail e concordar com que eu divida isso com os outros. Não existem muitos que podem pensar e escrever claramente em razão desta terrível tristeza, e eu não digo que sou um deles, mas tentarei. Este site também será uma forma de acompanhar a imprensa, permitindo que você e eu possamos monitorar e reagir à cobertura dada e às opiniões conforme elas forem acontecendo. Eu sempre esperei conduzir meus assuntos sem utilizar os blogs, mas novos tempos pedem novas mídias. Vamos nos mexer.

09/17/2001 0:00

2. Blogs e a popularização da expressão

3 http://www.scripting.com

4 http://mattwelch.com/archives/week_2001_09_16.html

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Muitos dos blogs que adotaram as discussões sobre a guerra também assumiram caráter político pouco depois. Em 2004, ganharam notoriedade por seu papel nas eleições dos EUA e também pela derrubada de dois grandes ícones do jornalismo norte-americano, Dan Rather da CBS e Eason Jordan, diretor executivo da CNN. O jornalista da CBS anunciou que se aposentaria após uma série de críticas iniciadas em blogs a uma reportagem que se baseava em documentos falsos. Quanto ao executivo da CNN, seu pedido de demissão resultou de uma declaração dada durante o Fórum Econômico Mundial que desencadeou protestos entre blogueiros e, a seguir, na mídia tradicional.

Os blogueiros também tiveram papel importante na identifi cação de vítimas da Tsunami, no fi nal de 2004 e início de 2005, assim como na arrecadação de doações. Também foi por causa de seu blog que um jornalista iraniano, Sina Motallebi, foi preso em 2003. Ele escrevia livremente sobre a situação no país e sua prisão mobilizou blogueiros a pedirem sua libertação. Na Califórnia, no início de 2005, foi iniciado um processo judicial que devia decidir se os blogueiros são ou não jornalistas e se podem manter suas fontes em segredo. No fi nal de 2004, na Coréia do Sul, foi detectado que 30% dos usuários de internet (ou 11 milhões de pessoas) possuíam um blog. Uma porcentagem maior que dos EUA, onde, na mesma época, estimava-se em 7% (ou 8 milhões de pessoas).

Nunca houve um meio de comunicação como a internet, pela facilidade de publicação, alcance, velocidade e democracia que esta nova mídia proporciona. Até pouco tempo atrás, o privilégio de divulgar informações e opiniões estava restrito a alguns veículos de grande circulação que faziam parte de grandes conglomerados de comunicação. A multiplicidade de opiniões fi cava prejudicada e o leitor tinha uma atitude passiva diante destes grandes meios. Com a web e, mais tarde, com a popularização do blog esta situação começou a mudar.

Os próximos tópicos buscam analisar as principais características e peculiaridades dos blogs.

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O termo surgiu da contração de web (rede) e log (registro). Foi Jorn Barger, que escreve o Robot Wisdom, um blog que disponibiliza diariamente diversos links para notícias, eventos e sites interessantes, quem utilizou a palavra weblog pela primeira vez, em 1997. Logo, a ferramenta passou a ser chamada simplesmente de blog. A palavra também ganhou derivações: escrever um blog é blogar; o autor é o blogueiro; e blogosfera é utilizado para se referir ao universo que abrange todos os blogs existentes.

Um blog pode ser descrito como uma página pessoal na internet que é atualizada frequentemente e possui informações datadas organizadas em ordem cronológica inversa (iniciando pelos acontecimentos mais atuais). Mas ainda é uma descrição superfi cial daquilo que o blog pode representar. Como não existe uma defi nição exata de blog, algumas serão apresentadas aqui.

Dave Winer, autor de um dos primeiros blogs existentes dá sua defi nição:

Weblogs são sites frequentemente atualizados que se referem a artigos em algum lugar da web, geralmente com comentários, e a artigos no próprio site. Um weblog é um tipo de tour contínuo, com um guia humano que você acaba conhecendo. Existem muitos guias para escolher e cada um desenvolve uma audiência. Existe camaradagem e política entre as pessoas que o dirigem. Eles se referem uns aos outros através de todos os tipos de estruturas, gráfi cos, curvas, etc.5

Em Março de 2003, o Oxford English Dictionary incluiu as palavras weblog, weblogginge weblogger. A defi nição de weblog dada: um site frequentemente atualizado que consiste em observações pessoais, excertos de outras fontes, etc., tipicamente dirigido por uma pessoa, e geralmente com hyperlinks para outros sites; um jornal ou diário on-line. O dicionário on-line da Merriam-Webster, registrou que a palavra blog foi a mais procurada em 2004. No Brasil, o novo dicionário Caldas Aulete traz a seguinte defi nição para blog: página da internet com conteúdo livre que depende da autorização do criador para que os visitantes possam adicionar comentário.

Biz Stone, blogueiro independente que depois foi contratado pela Google para conduzir o blog do Blogger.com, uma das ferramentas e provedores de hospedagem para blogs mais populares, publicou em seu livro Who Let The Blogs Out a seguinte passagem:

Então, o que é um Blog?

O blog é um meio de se expressar, uma publicação pessoal, um diário, jornalismo amador, a maior invenção tecnológica desde o e-mail, uma comunidade on-line, mídia alternativa, currículo para estudantes, uma estratégia de relacionamento com o consumidor, gestão do conhecimento, refl exão inútil, uma solução para o tédio, um trabalho dos sonhos, um estilo de escrita, uma forma de mandar e-mail para todos, uma febre, a resposta para o analfabetismo, uma identidade on-line, uma rede social, local para divulgação de currículo, local para fotos de celular, ou algo para esconder de sua mãe? É tudo isso e mais.

2.1. O que é um Blog?

5 http://www.scripting.com

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Um blog é uma coleção de conteúdo digital que, examinado durante um período de tempo, mostra a alma intelectual do autor ou dos autores. Blogar é o ato de criar, compor e publicar este conteúdo; e um blogueiro é a pessoa atrás da cortina. Parte software social e parte construção da web, blogar é uma publicação P2P (entre amigos) – o futuro das nossas vidas conectadas.6

Está é talvez uma das explicações mais completas do que seja um blog. Mas não pode ser considerada uma defi nição exata.

Outra tentativa de defi nição pode ser feita através da listagem dos tipos de blogs, pois eles podem tomar caminhos e ter personalidades completamente distintas. Na Wikipedia, enciclopédia on-line editada por qualquer usuário da internet, há uma tentativa de categorizar os tipos de blogs pelo seu conteúdo ou formato:

Tipo

Pessoal

Tópico

Refl exivo

FriendBlog

Informativo

Colaborativo

Político

Legal

Diretório

Corporativo

Conteúdo

Diários íntimos nos quais são publicadas experiências do dia-a-dia, histórias pessoais, pensamentos, comentários relativos ao indivíduo, poemas, textos etc.

Textos sobre um único tipo de assunto, às vezes técnico.

Comentários de caráter mais fi losófi co sobre assuntos gerais.

Rede de amigos com os mesmos interesses em que os blogs estão conectados. O que for publicado em um aparecerá nos outros.

Resumos, comentários e links paranotícias diversas.

Textos, geralmente sobre um tópico específi co, escritos por mais de uma pessoa.

Comentários sobre política.

Conteúdo legal e questões judiciais.

Blog que recomenda websites.

Produzidos por funcionários das empresas ou pelas próprias empresas como forma de se comunicar com seus públicos.

Exemplo

http://www.meurefrigerador.blogger.com.br

http://www.brunasurfi stinha.com/blog

http://10paezinhos.blog.uol.com.br

http://eternalchild.blogspot.com

http://www.funchain.com

http://www.nominimo.com.br

http://www.despropaganda.blogger.com.br

http://www.markun.weblogger.terra.com.br

http://crimlaw.blogspot.com

http://robotwisdom.com

http://www.microsoft.com/communities/blogs/PortalHome.mspx

6STONE, Biz. Who Let the Blogs Out? A Hyperconnected Peek at the World ofWeblogs. Griffin: St. Martin’s, Nova Iorque, EUA, 2004, pp.34-35.

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A classifi cação da tabela é arbitrária, já que muitos blogs podem ser categorizados em mais de um dos tipos listados. As possibilidades de categorização dos blogs são infi nitas, pois é possível ter subtipos. Por exemplo, em blogs pessoais é possível identifi car desde blogs de produção literária pessoal a blogs de garotas de programa. E mesmo nestes subtipos serão encontradas diferenças signifi cativas.

Independente do tipo de blog, ele é um espaço aberto para discussões. Uma das características mais marcantes da internet é sua capacidade de impulsionar a troca de experiências e informações assim como abrir espaço para o usuário expressar sua opinião. Neste sentido, pode-se dizer que o blog é uma evolução das primeiras formas de troca on-line. Fóruns e listas de e-mail são, sob este aspecto, precursores dos blogs. Nestes espaços virtuais os usuários começaram a exercitar a possibilidade de discutir sobre os mais variados tópicos, dar sua opinião e ser reconhecido. Mas ainda eram limitantes do ponto-de-vista da expressão individual. O blog funciona como uma ferramenta mais elaborada que permite ao usuário criar suas próprias discussões, expressar suas opiniões com maior profundidade, continuidade e compartilhá-las com vários outros, conhecidos ou não.

Geralmente o blogueiro é independente. Não costuma existir compromisso com linha editorial ou códigos de ética, senão os do próprio autor. Além disso, a própria estrutura do blog incentiva a interação. Ao fi nal de cada post (texto inserido no blog) existe um canal para que o leitor deixe seus comentários e indique o endereço de seu próprio blog para dar início a uma possível discussão ou relacionamento. Estes comentários fi cam disponíveis para todos os que tiverem interesse.

O blog também costuma exibir uma lista de links para outros blogs, indicando que existe uma conversa ou algum interesse nos links apontados. Outras ferramentas populares, que serão detalhadas em outro tópico, permitem indicar ao blogueiro que seu texto foi citado em outro blog. Por tudo isso, a blogosfera é um ambiente propício para a interação e participação.

Tipo

Dicas

Formatos Especiais

Áudio

Fotografi a(fotolog)

Vídeo

Conteúdo

Sugestões sobre determinado assunto.

Blogs com forma de apresentação especial. O moblog (mobile blog) é baseado essencialmente em conteúdo multimídia gerado por telefones celularers (fotos, sons, textos, vídeos).

Blogs que disponibilizam sons, normalmente em formato MP3.

Para divulgar e compartilhar fotos.

Conteúdo complementados (ou até substituído) por vídeos.

Exemplo

http://ksuweb.kennesaw.edu/~showard

http://www.jamieoliver.com/moblog

http://www.curry.com

http://www.fotolog.net/tonemai

http://michaelverdi.com/index.htm

Mais informações sobre fóruns e listas de e-mail no tópico 1.5.

Mais informações no tópico 2.2, página 23.

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É verdade que nem todos os blogs disponibilizam espaços para comentários, mas estes são uma minoria e, mesmo assim, costumam disponibilizar um endereço de e-mail para contato.

O blog Dooce é um exemplo: a autora disponibilizava um espaço para comentários na área em que publicava fotos, mas teve que desligá-la porque a quantidade visitas diárias e o número de comentários estavam sobrecarregando seu servidor. Seu blog é um dos mais visitados.

http://www.mindgap.blogger.com.br

Na esquerda estão links para outros blogs e o link para deixar comentários está no fi nal do primeiro texto, onde se lê “2 Oooooops!”. A estrutura é simples e todos os blogs seguem quase o mesmo padrão, por isso se torna intuitiva para o leitor.

Quando se clica no link de comentários, uma janela se abre com espaço para o leitor deixar suas opiniões. Lá também estão listados os comentários já deixados por outros usuários.

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O blog pode ser defi nido, portanto, como um local para se expressar e construir relacionamentos. A blogosfera, conjunto de conteúdo e interação formado pelos blogs, é um como organismo vivo em constante transformação. Através das visitas regulares a outros blogs, dos comentários deixados, das discussões geradas e links feitos para blogs ou posts surgem afi nidades e conversas, delas emergem naturalmente pequenas comunidades, que desenvolvem cumplicidade e também códigos internos.

Essa rede de blogs é como uma cidade do interior de tamanho monumental7

Desta interação entre os blogueiros que ora são autores, ora leitores, decorre a multiplicidade de idéias. Os papéis se invertem e a construção do blog é feita em conjunto com a audiência, que comenta, discute e dá idéias.

No entanto, manter um blog não é simples. Exige paciência e vontade. Por isso é grande o número de blogs que surgem diariamente, mas poucos os que duram por um longo tempo e se mantêm atualizados. Justamente porque para mantê-los vivos e ativos é necessário ser sincero, ter o que dizer e paixão pela atividade. O blog acaba por funcionar como uma persona digital do autor e é isso que o mantém vivo.

Diante disso, existe uma outra questão que pode ser apresentada: muitos veículos tradicionais adicionaram um blog à sua versão on-line, como a revista americana Business Week ou o jornal inglês The Guardian. São páginas com a estrutura de um blog, que contêm posts curtos em linguagem informal feitos por um ou mais jornalistas, links e espaço para comentários dos leitores. Estes meios podem realmente ser considerados blogs? De uma forma ou de outra existe uma linha editorial a ser cumprida e regras do veículo, como no Blogspotting da Business Week em que os comentários são lidos e fi ltrados antes de serem publicados.

Pode-se dizer destes que seriam pseudoblogs? E o que dizer de blogs criados para campanhas de relações públicas, como o do desodorante Sparkle Body Spray? Ou o projeto Vespablogs, que reunirá conteúdo escrito por blogueiros contratados pela divisão dos EUA da fabricante das motos Scooter?

http://www.dooce.com

7 SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2004, p.91.

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O blog Sparkle Body Spray, lançado pela empresa Procter & Gamble como parte de sua campanha publicitária para atrair consumidoras pré-adolescentes e adolescentes. O site funciona como um blog coletivo em que cada uma das quatro fragrâncias do desodorante é transformada em um personagem fi ctícia, na faixa etária do público-alvo, e publica textos relacionados ao dia-a-dia de uma adolescente.

O projeto Vespablogs pretende reunir blogs temáticos dirigidos ao publico jovem, consumidor da Scooter, que serão escritos por pessoas que já possuem blogs. A idéia é contratar autores que tenham intimidade com o produto e a blogosfera.

Não está no escopo deste trabalho defi nir se estes podem realmente ser considerados blogs. Estas questões foram levantadas para discussão e devem ser abordadas em futuros questionamentos. Da mesma forma, não se pretende chegar a uma conclusão defi nitiva do que é um blog, pois o meio ainda não chegou a um formato defi nitivo, se é que um dia chegará ou que a expressão formato defi nitivofaz algum sentido quando se trata do assunto. Chegar a tal resposta mudaria o foco desta análise que pretende verifi car o impacto dos blogs na comunicação e analisar as suas variações. É o que será visto a seguir.

http://www.sparklebodyspray.com

http://www.vespablogs.com

Mais informações sobre esse case no tópico 2.4, página 34.

Mais informações sobre esse case no tópico 2.4, página 35.

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Como qualquer outro meio de comunicação, os blogs possuem elementos essenciais que possibilitam denominá-los como categoria, diferenciando-os das páginas pessoais, websites individuais programados e desenhados por seus autores. Neste tópico serão listadas algumas dessas características nem todas recorrentes e fundamentais.

Cada blog possui traços próprios, que defi nem sua identidade e o diferenciam dos outros. O tema abordado, estilo de escrita, design, formatação da página, funções disponíveis, formas de mostrar links e indicações, são os principais elementos que são apropriados por cada blogueiro de uma forma diferente dos outros e determinam a personalização do seu blog sem que deixe de fazer parte desta categoria, identifi cada pela fl exibilidade e facilidade de uso.

Por ordem de complexidade:

Post – é o texto publicado pelo autor. Formado pelo título (em algumas ferramentas, opcional); link, referência a algum arquivo do próprio blog ou outra página da web (não obrigatório, mas muito usado); e descrição ou corpo do texto. São organizados na página em ordem cronológica inversa (iniciando pelo texto mais recente).

Comentários – normalmente dispostos em outra janela, que se abre para dispor os comentários deixados por outros leitores e as respostas do autor. Para deixar comentários, é preciso, normalmente, preencher três campos com as seguintes informações, não obrigatórias: nome, e-mail e endereço do seu site ou blog.

2.2. Características e anatomia

http://www.casadochico.blogspot.com

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Arquivos – a home page do blog costuma possuir um limite máximo da quantidade de posts a exibir (15 textos ou o conteúdo dos últimos 7 dias, dependendo da confi guração do autor). Quando o conteúdo excede o limite, ele passa a ser arquivado por data em outra página, com link disponibilizado na home page.

Arquivo em forma de calendárioem http://todos.apostos.com

Arquivos disponibilizados por mêsem http://www.odeioescolherurl.blogspot.com

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Permalinks – cada texto publicado geralmente possui um permalink (permanent link), ou endereço que permite fazer o link direto para este texto sem a necessidade de buscá-lo entre os arquivos. Esta função é confi gurada pelo autor e, normalmente, o endereço pode ser exibido clicando o sinal # ou a hora em que o post foi publicado. Um exemplo de permalink: http://pilulasdigitais.blogspot.com/2005/05/o-que-um-blog.html - o endereço do blog, o mês e ano de publicação seguido do título, para identifi car o texto específi co.

Envie o post por e-mail – esta ferramenta possibilita que um leitor envie facilmente por e-mail um link para o texto de sua escolha para algum amigo.

Templates – são os padrões de formatação e design utilizados para cada tipo de informação localizada no blog. Os serviços de blog costumam oferecer modelos para que o usuário escolha o seu. Para alterá-los, no entanto, o usuário deve ter conhecimentos técnicos de programação. Com alguma experiência não é difícil, mas ainda é uma barreira para a total apropriação do meio.

http://pilulasdigitais.blogspot.com/2005/05/podcast-ser-transmitido-por-estao-de.html

Neste exemplo, o permalink pode ser obtido clicando no horário de publicação do post

Exemplo de e-mail enviado indicando o post.

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Categorias – algumas ferramentas também permitem a categorização dos posts que, em vez de serem arquivados por ordem cronológica, fi cam organizados por assunto. O blogueiro cria suas próprias categorias.

Site Feed – é uma forma de obter notifi cações sobre a atualização da página sem precisar acessá-la. Isso é feito através de programas leitores de formato RSS (Really Simple Syndication). Um endereço ou URL que mostra o conteúdo em RSS é disponibilizado e somente é necessário cadastrar o endereço no programa do usuário. O link também pode aparecer em forma de selos escritos XML, ATOM, RSS ou como syndication.

Pings – quando um blog é atualizado ele pode ser confi gurado para enviar, automaticamente, um aviso para alguns sites como Weblogs.com, Technorati ou blo.gs. Estes sites agregam informações sobre blogs para serem disponibilizadas para os blogueiros, por exemplo, uma lista dos últimos blogs cadastrados que foram atualizados. Ping é a palavra utilizada para designar esta notifi cação.

Trackback – é uma ferramenta que possibilita ao autor de um blog notifi car outro blog sobre uma referência feita ao post publicado originalmente por este. Os links e a notifi cação fi cam expostos junto ao post para que um leitor possa seguir a discussão sobre aquele tópico. Os dois blogs precisam ter a ferramenta instalada.

Notifi cação via e-mail – algumas ferramentas possibilitam o envio de um e-mail avisando sobre a atualização do blog para membros de comunidades ou outros autores do mesmo blog.

Estatísticas – indicam a quantidade de visitas, páginas visitadas e duração de cada visita e permitem identifi car de onde veio o link para o blog (por exemplo, de algum outro website). Alguns serviços de blogs possuem suas próprias estatísticas e aplicativos independentes, como o Sitemeter, realizam a mesma tarefa. A quantidade e profundidade dos dados variam conforme o serviço.

Blogroll – é uma lista de links para outros blogs ou sites que o autor considere interessante. Segundo Dave Winer8, aqui é possível observar as relações políticas entre os blogueiros tomando forma.

No lado direito é possível ver uma lista de links com endereços já adaptados a cada um destes programas leitores de RSS.

http://www.micropersuasion.com

8 WINER, Dave. What Makes a Weblog a Weblog? Weblogs At Harvard Law School, Cambridge, Estados Unidos, 2003. http://blogs.law.harvard.edu/whatMakesAWeblogAWeblog

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Os blogs também possuem características diversas em relação a seu sistema editorial:

Níveis de acesso – certas ferramentas possibilitam que os membros de um blog tenham níveis de acesso distintos, que variam conforme o tipo de alteração que podem fazer no blog.

Perfi l do autor – uma página pode ser disponibilizada com dados sobre o autor, ou caso existam mais autores pode ser disponibilizada uma página para cada um. As informações contidas nesta página são gerenciadas pelo blogueiro, que decide o que será divulgado.

Grupos de discussão – algumas ferramentas também disponibilizam um grupo de discussão entre os autores do blog, para o qual cada post publicado também é enviado.

E, em relação ao conteúdo:

Texto – o texto completo pode estar disponível na página principal ou apenas um resumo e um link para a leitura em outra página.

Imagens – dependem do padrão de cada ferramenta. Algumas permitem a publicação através de outros aplicativos (como o programa Hello, disponível para o Blogger.com). Imagens também podem ser publicadas através do celular, neste caso o blog é chamado de Moblog. Existem também os Fotologs, uma variação na qual as imagens possuem destaque e são o elemento principal - textos são usados como legendas ou comentários às fotos.

Blog utilizando uma imagem para complementar o post

http://www.blowg.pixelzine.com

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Audio - através de aplicativos também é possível disponibilizar arquivos de áudio no blog. O podcast é uma tecnologia que ampliou esta possibilidade ao utilizar o formato RSS: o usuário cadastra o endereço e recebe os novos arquivos de áudio à medida que forem publicados, sem precisar acessar a página.

Fotolog.

http://www.fotolog.com/tonemai/?pid=10007295

Moblog.

http://www.bloggerme.co.uk/alistairs_moblog/

No lado direito abaixo da imagem está o link para o podcast

http://www.cliqueaqui.com.br/impressoes/

Mais informações sobre RSS na página 23.

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Vídeo – em alguns blogs, vídeos complementam os textos ou até os substituem.

Em relação às características essenciais que faz um blog ser realmente um blog, Dave Winer tem uma opinião interessante:

(...) [Os blogueiros] escrevem sobre suas próprias experiências. Se existe edição, isso não interfere no estilo da escrita. As personalidades dos autores vêm à tona. Este é o elemento essencial da escrita de um weblog. Quase todos os outros elementos podem faltar e até mesmo as regras [que conhecemos] podem ser violadas, contanto que a voz de uma pessoa se sobressaia. Isto é um weblog.9

Videolog.

http://michaelverdi.com/index.htm

9 WINER, Dave. What Makes a Weblog a Weblog? Weblogs At Harvard Law School, Cambridge, Estados Unidos, 2003. http://blogs.law.harvard.edu/whatMakesAWeblogAWeblog

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Já que os blogs são mais que simples versões de diários on-line e que não são criados e mantidos só por adolescentes. Quem seriam, então, os outros autores da blogosfera?

Denise Schittine10, jornalista que desenvolveu sua tese de mestrado sobre blogs, realizou uma pesquisa de campo ao longo do seu trabalho e constatou que a maioria dos blogueiros brasileiros era composta por adultos. O mesmo fato foi constado pelas pesquisas a seguir.

No Brasil, o Jornal do Blogueiro11, página popular na comunidade, realizou uma enquete sobre o uso de blogs através de seu site e de uma comunidade no Orkutdurante o período de Outubro de 2004 a Janeiro de 2005. As respostas foram enviadas por e-mail ou respondidas on-line. Por sua informalidade, não pode ser considerada uma pesquisa científi ca (nem o número de pessoas entrevistadas está disponível), mas a pesquisa é signifi cativa pela popularidade do site entre os blogueiros e pelas questões elaboradas.

Das pessoas que responderam à pesquisa do Jornal do Blogueiro, 66,37% tinham entre 19 e 33 anos e 77,5% deles possuíam mais de 18 anos12.

Na mesma pesquisa, 66,92% dos que responderam eram mulheres. Contudo, a pesquisa também questionava o tipo de blog que o autor escrevia e o resultado foi que 53,38% classifi caram seu blog como pessoal. Considerando que não houve amostragem para a pesquisa e que esta recebeu respostas espontaneamente, talvez o dado mostre que mulheres tendam a escrever blogs mais pessoais, por isso a grande quantidade de blogs femininos detectados pelo Jornal do Blogueiro.

O Jornal também fez outra questão interessante: o tempo de blog que os respondentes possuíam. 38,98% afi rmaram que escrevem seu blog há um ou dois anos. Os que tinham menos de 6 meses representavam 19,49%. Considerando que muitos blogs são iniciados e abandonados com pouco tempo de vida, o último dado reforça o que Denise Schittine já havia constatado:

... a exigência de escrever com regularidade aliada à necessidade de leitura pelo público desencoraja a maioria.13

Neste sentido, a blogosfera pode ser um pouco instável fora do núcleo representado por autores mais antigos e consolidados. Sabe-se que muitos blogs surgem diariamente, como mostrou o dado da pesquisa aproximadamente um em cada cinco dos participantes eram autores de blogs recentes, mas poucos são mantidos por um longo período.

Outra questão feita pela mesma pesquisa mostrou que um terço dos respondentes possuíam mais de um blog, o que pode mostrar intensa atividade, provavelmente dividida entre blogs temáticos, fotográfi cos, individuais e/ou coletivos.

Outros dados foram obtidos através do IBOPE/Netratings, e se referem ao período de Janeiro de 2005.

A pesquisa realizada pelo IBOPE/NetRatings mostrou que 41,75% dos blogueiros brasileiros têm entre 18 e 34 anos e 66,5% deles, mais de 18 anos. Os dados mostram que a maioria dos autores de blogs não é adolescente. Também mostram

2.3. Quem tem um Blog?

12 Veja gráficos comparativos no apêndice IV.

11 http://jornaldoblogueiro.blogger.com.br

10 SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2004.

13 SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2004, p.14.

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que apesar da informalidade da pesquisa realizada pelo Jornal do Blogueiro, eles chegaram próximo do que parece ser a realidade brasileira.

Com relação ao sexo dos autores, o IBOPE/NetRatings constatou que 54,71% dos autores de blogs são homens, enquanto 45,29% são mulheres. Considerando que os blogs costumam ser identifi cados, erroneamente, com diários on-line, este dado é surpreendente, pois diários íntimos são geralmente escritos por mulheres. Para entender melhor o dado seria necessário identifi car tipos de blogs existentes entre os brasileiros.

Algumas pesquisas feitas nos Estados Unidos, apesar de se tratar de outro país, outra cultura, na qual o fenômeno blog ganhou proporções diferentes do Brasil, trazem algumas informações interessantes.

O Pew Internet & American Life Project14, responsável pela sondagem, é uma fundação que estuda o impacto social da internet nos Estados Unidos. O centro de estudos realiza pesquisas por telefone com usuários de internet acima de 18 anos, com amostra que abrange todo o país. As perguntas sobre blogs foram iniciadas em meados de 2002, o que possibilita uma visão histórica dos dados.

Em Junho de 2002, 3% dos usuários adultos de internet afi rmaram ter um blog. No início de 2004 este número era 5%; no fi nal daquele ano estava em 7%15; e na última pesquisa realizada, entre Janeiro e Março de 2005, a porcentagem de blogueiros entre os usuários adultos de internet era de 9%, o que representa mais de 10 milhões de pessoas16. Em relação aos autores de blogs adultos, com idade superior a 18 anos, 57% são homens. Os blogueiros também são jovens, 48% deles possuem entre 18 e 30 anos.

Outros dados interessantes sobre os autores de blogs são: 82% usam a internet há seis anos ou mais; 39% possuem diplomas de curso técnico ou universitário; 70% possuem banda larga em casa. Isto mostra que grande parte daqueles que usam a internet com desenvoltura a ponto de manter uma publicação adquiriu intimidade com o meio, o que também implica algum conhecimento técnico, além de acesso a uma conexão que permita transitar pela rede sem problemas.

E quanto aos leitores de blogs? O Pew Internet & American Life Project incluiu questões sobre a leitura de blogs, pela primeira vez, em 2003. Os primeiros resultados mostraram que 11% dos usuários adultos de internet leram blogs. No início de 2004, os leitores de blogs chegaram a 17% dos usuários; no fi nal daquele ano a porcentagem subiu para 27%. Não se pode esquecer que em 2004 aconteceram as eleições nos Estados Unidos e os blogs participaram ativamente das discussões, ganhando exposição na mídia e, consequentemente, atraindo leitores. Por esse motivo, talvez, a última pesquisa feita, entre Janeiro e Março de 2005, após as eleições, tenha detectado uma leve diminuição na porcentagem de leitores de blogs entre os usuários da internet, 25%, devido à ausência de temas polêmicos que demandem opiniões individuais.

Quanto às demais características, os leitores de blogs mantêm os mesmos traços dos próprios blogueiros, pela própria intersecção existente entre os dois grupos: formado em sua maioria por homens, entre 18 e 30 anos, com bom nível educacional e usuários da internet há um bom tempo.

E quanto aos usuários de internet em geral, eles sabem com segurança o que signifi ca a palavra blog? Segundo os dados da pesquisa, 38% dos usuários afi rmaram que sim, enquanto 62% confessaram não ter certeza do signifi cado da palavra. A pesquisa ainda detectou que os 38% que conheciam o termo eram antigos usuários que acessam a internet com freqüência e possuem um bom nível

14 http://www.pewinternet.org

15 RAINIE, Lee. The State of Blogging. Pew Internet & American Life Project, 2005. http://www.pewinternet.org/PPF/r/144/report_display.asp.

16 Atualização encontrada em: RAINIE, Lee. New Data on Blogs and Blogging. Pew Internet & American Life Project, 2005. http://www.pewinternet.org/PPF/p/1083/pipcomments.asp

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de escolaridade. Já os 62% que não tinham certeza sobre o signifi cado da palavra blog, mostraram ter menos intimidade com a rede e nível de escolaridade menor.

A grande porcentagem de usuários que desconhecem o signifi cado correto da palavra blog, 62%, surpreende pelo fato da pesquisa ter sido feita no fi nal de 2004, que, como já foi dito, fi cou marcado pela presença e participação dos blogs na disputa política dos Estados Unidos.

Apesar dos dados apresentados mostrarem um panorama mais completo sobre os blogs nos Estados Unidos, algumas informações coincidem com o Brasil: maior número de blogueiros homens; concentrados na faixa etária dos 18 aos 30 anos; e, também constatado pelo IBOPE/NetRatings, um bom nível de escolaridade.

Estas informações demográfi cas ajudam a contestar a visão de que o blog é um diário íntimo na internet feito por adolescentes e, por outro lado, levantam diversas questões: por que as mulheres são menos ativas na blogosfera? Já que a maioria dos blogs é feita por homens, o gênero infl ui no tom ou conteúdo? Quais as motivações para se escrever um blog? Por que muitos desistem de escrevê-los? Quantos blogs são criados diariamente, e quantos abandonados? O que os leitores de blogs procuram?

Estas e muitas outras questões precisam ser feitas para tornar a blogosfera menos obscura e descobrir possíveis tendências indicadas pelos resultados, não somente em relação aos blogs, mas também referentes ao futuro da relação das pessoas com os meios de comunicação e através deles.

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O mundo globalizado vive um acelerado processo de modernização e urbanização. Nesta sociedade em transformação, o indivíduo se confronta com a massifi cação, o anonimato (típico das grandes cidades) e, recentemente, com uma cultura digital emergente que, entre outras coisas, dá acesso a um enorme volume de informações e a novas ferramentas de comunicação e expressão.

Neste contexto, nota-se entre as pessoas uma grande necessidade de expressar sua personalidade, que se manifesta de diversas formas: modifi cações no corpo (como tatuagem, piercing, cirurgia plástica); diferentes estilos de se vestir (seguindo a moda ou misturando referências); gírias; atitudes de identifi cação com um grupo ou de destaque entre seus membros; e assim por diante. Esta necessidade de fi xar uma identidade tem relação com o momento histórico atual:

Em oposição ao panorama cético proposto por Baudrillard, Frederic Jameson defende o homem que habita o ambiente pós-moderno e o classifi ca não como alienado, mas fragmentado. Segundo ele, a noção de alienação presume um “eu” unitário e centralizado que poderia fi car perdido. Mas se, de ponto de vista pós-modernista, esse “eu” é descentralizado e múltiplo, o conceito de alienação se desfaz e o que sobra é uma ansiedade por identidade.17

O blog é mais uma forma para o indivíduo se expressar, libertar-se da massifi cação e do anonimato e dar voz à sua personalidade. Pode servir, portanto, como ponto de partida para estabelecer conexões e expressar opiniões, funcionando como uma extensão do autor no ambiente virtual.

Mais do que nunca, nesse ambiente os usuários terão acesso a novos campos de expressão pessoal, uma vez que poderão ser senhores de sua própria forma. Ao mesclar aparência física e linguagem em uma imagem construída surge uma miríade de recursos para a (re)construção de sua identidade.18

Para isso, no entanto, é preciso ter algo para dizer, pois manter um blog ativo, atualizado, interessante e com alta visitação acarreta muito trabalho, paciência e determinação. O blog por si só não é uma solução para a necessidade de manifestação de identidade, mas pode funcionar como um efi ciente meio de expressão. O autor deve verifi car se esta ferramenta é adequada para seus propósitos e se conseguirá utilizá-la de forma efi ciente para mostrar sua identidade.

Também é preciso destacar que o blog é construído ao longo do tempo. Funciona, assim, como um organismo vivo que se desenvolve e toma forma aos poucos. Independente do estilo que o autor inicialmente escolha, somente após um período esta identidade estará consolidada:

Os diferentes “estilos de blog” não são estanques, e a tendência é que, com o tempo e o amadurecimento do blogueiro, eles comecem a se misturar cada vez mais até que se chegue a um tom totalmente específi co e pessoal de escrita.19

2.4. Para que serve um Blog?

17 ANTUNES, Luiz. Cyrano Digital. A Busca por Identidade em uma Sociedade em Transformação. Tese de doutorado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 2002, p.43.

18 ANTUNES, Luiz. Cyrano Digital. A Busca por Identidade em uma Sociedade em Transformação. Tese de doutorado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 2002, p.54.

19 SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2004, p.161.

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Não existem formatos e regras fi xas para o uso que cada blogueiro faz da sua página. Às vezes o blog começa com diretrizes defi nidas, em outras vezes o tom vai se desenvolvendo ao longo do tempo até chegar à sua forma fi nal. É necessário tempo para que a identidade do autor seja sólida. Como se trata de um organismo vivo, muitas vezes acaba por tomar um formato diferente do imaginado no começo, como pode ser visto no exemplo abaixo:

Cacofonias e Desafi nos19/04/2005

::::::::::Ediorial

Relembrando as origens deste blog, vejo que depois de mais de um ano e meio, ele não tem nenhuma de suas serventias originais. Quando abri isso aqui, tinha acabado de encerrar um outro blog. Passara mais de mês sem escrever, e resolvi parar.

O Cacofonias não começou por uma necessidade minha de escrever, embora, de repente, eu tivesse um monte de temas e assuntos novos sobre os quais falar. Era um lance meio terapêutico, mas acima de tudo era um pretexto pra falar algumas coisas para algumas pessoas. Posso dizer que ele tinha duas funções, mas não me comprometo dizendo quais eram. É por isso que existe um diferença tão grande dos primeiros posts pros mais atuais (sim, existem alguns posts atuais). Acho que ele foi passando da pessoalidade para a impessoalidade, no mesmo ritmo que fui resolvendo um monte de problemas na minha cabeça.

Acho que a pouca freqüência de posts aqui é porque agora que o blog não é mais utilizado como muro das lamentações, acabou fi cando mais voltado para fora, para quem (ainda) lê. Tento colocar coisas que eu considere interessantes ou divertidas por aqui; vez ou outra um protesto besta ou uma pequena declaração, mas o fi ltro é mais severo. Então, na maioria das vezes que paro pra escrever, acabo sem publicar nada, simplesmente porque considero que o que saiu não vale a pena.

Tá vendo, eu publico pouco hoje, mas é pro seu bem! Cacofonias, trabalhando por você.20

Assim mesmo, muitos blogueiros têm necessidade de iniciar seu blog explicando para quais objetivos servirá aquela página, como uma tentativa de mostrar e defi nir quem é ou quem será naquele espaço.

Outros exemplos:

Impressões Imprecisas10/07/2002

Jeito estranho de começar um blog

Você leu a nota aí de baixo? Estranha forma de começar um blog, não acha? Mas eu tinha de começar de algum jeito, e a falta de assunto (ou de saco, apesar do saco que a NET me deu) prevaleceu e fez-me começar assim, com essa nota meio chinfrim, meio esquisita, coisa de quem não tem nada para dizer. Por ora. Ou por meses: a data da nota anterior prova isso, irrefutavelmente.

20 http://cacofoniasedesafinos.blogspot.com/2005_04_01_cacofoniasedesafinos_archive.html#111392341914953032

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Mas aqui estou de volta, querido diário, prometendo tudo, menos assiduidade.

...

E agora vejo-me aqui, enchendo lingüiça neste blog que, diferente do meu diário anterior, lá no Mesozóico, é para ser despudoradamente lido por qualquer navegante que, incautamente, caia nestas páginas. Vou dividir minha falta de assunto com vocês. Só não me perguntem até quando.21

Homem é tudo Palhaço30/01/2002

No Aurélio......

[Do it. pagliaccio] S.m.

1. Artista que, em espetáculos circenses ou em outros, se veste de maneira grotesca e faz pilhérias e momices para divertir o público.2. Fantasia de palhaço3. Fig. Pessoa que por atos ou palavras faz que os outros riam4. Pop. Pessoa que só diz tolices ou faz papel ridículo; pessoa sem importância, títere5. Fig. V. fantoche (3) Não se pode confi ar no que ele diz, é um palhaço.

Homem é tudo palhaço

Cada vez mais tenho certeza disso. E acontecimentos recentes da minha vida me deram essa certeza. Mas a inspiração para o blog veio de uma conversa telefônica. Liguei pra minha amiga Camila:

– Camlinha, é isso mesmo? Homem é tudo palhaço?– É amiga, é tudo palhaço. Quando não c**** na entrada c**** na saída.22

Jesus me Chicoteia07/02/2002

L’aventure commence, como diz aquela mina do Pulp Fiction.

Pois é. Aqui estou eu fazendo blog. Quem diria. Eu não queria fazer blog. Juro que não. Tô falando que não, p****! Imagina, fazer blog... Parece que é algum barulho que o cara faz. “Olha, aquele ali faz blog”. “Sério? Por onde???”. Triste, triste. Mas meu cérebro anda sofrendo um ataque de escorpiões sádicos e eu preciso fazer algumas punções no pobre coitado pra deixar escorrer o veneno. Ou vai ver nem é nada disso, vai ver é só a veadagem de sempre. De um modo ou de outro, sejam quais forem as conseqüências, a culpa é da Bárbara, que tanto insistiu para que eu me tornasse essa abjeção, um fazedor de blog. Humpf!23

21 http://www.cliqueaqui.com.br/impressoes/archives/week_2002_07_07.html#000151

22 http://tudopalhaco.blogspot.com/2002_01_01_tudopalhaco_archive.html#9209458

23 http://www.jesusmechicoteia.com.br/archives/002897.html

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Meu Refrigerador Não Funciona07/08/2004

histórias reais, inventadas, e um pouco de cada. sejam bem vindos ao meu pequeno mundo. bem pequeno agora. Finalmente.24

Pura Goiaba06/11/2001

Boa noite, ladies and gentlemen (na expectativa absurdamente otimista de que alguém esteja lendo o que escrevo). Bem-vindos ao puragoiaba. Aqui vocês não correrão, nunca, o risco de encontrar algo interessante.25

Nemonox(sem data)

Diálogo da Megalópole by Nemo Nox - 1998

Depois de ter morado em cidades tão diferentes entre si como Santos, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Madrid, Lloret de Mar, London, Caxias do Sul, Lisboa e Águas de Lindóia, instalei-me em fi ns de março de 1998 em São Paulo, o maior aglomerado urbano do Brasil. Este é o meu diário da megalópole.26

Uma Dama Não Comenta23/08/2001

Bom, bom, bom, mais um blog que eu participo, mais um com uma GRANDE amiga minha. Nossa intenção não é arrasar ninguém, mas sim publicar nossas viagens coletivas. Esperamos divertir... (não, não vou largar meu biririzinho querido = )27

BlogCount06/03/2003

BlogCount FAQ - Blogcount charter

Qual o tamanho da blogosfera? Como é seu formato, cor e sua natureza?

O Blogcount relaciona esforços feitos para responder a essas perguntas. Nós coletamos e organizamos as melhores reportagens e análises sobre estes assuntos, inspirados no grande trabalho feito pela Nua Internet Surveys.28

Os objetivos e características iniciais, no entanto, sofrem mudanças e adaptações ao longo do tempo até alcançarem sua forma fi nal como extensão do autor:

24 http://www.meurefrigerador.blogger.com.br/2004_08_01_archive.html#30432873

25 http://www.wunderblogs.com/puragoiaba/archives/002531.html

26 página de abertura do blog iniciado em 19/04/1998 - http://www.nemonox.com/megalopole/

27 http://www.dama.blogspot.com/2001_08_01_dama_archive.html#5245276

28 http://dijest.com/bc/2003/03/blogcount-faq.html

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Weblogs, no entanto, foram desenhados para uma audiência. Eles têm voz. Eles têm personalidade. De uma forma simples, eles são uma extensão interativa de quem você (o blogueiro) é.29

Os blogs individuais ou coletivos que não possuam objetivos comerciais (pelo menos não a princípio) podem servir à necessidade do autor de se destacar e se distinguir socialmente através da expressão de idéias e opiniões, ainda que somente no ambiente virtual.

Por outro lado, desde que a blogosfera passou a ter exposição na mídia tradicional, algumas empresas pararam para prestar um pouco mais de atenção ao fenômeno.

Desde então têm sido concebidos blogs com objetivos corporativos e/ou comerciais. Algumas empresas, principalmente as de tecnologia de consumo, disponibilizam e incentivam seus funcionários a criarem blogs sobre assuntos relacionados à área de atuação da corporação, darem idéias e as discutirem, como a IBM (http://www.ibm.com/developerworks/blogs). Outras estão utilizando blogs para promover seus produtos, como a Microsoft (http://www.microsoft.com/communities/blogs/PortalHome.mspx).

Em um discurso feito em Maio de 2004, Bill Gates, presidente da Microsoft, fala da estrutura dos blogs e como ela pode ser útil para as corporações:

Outro novo fenômeno que se conecta a este é um que começou fora do mundo dos negócios, mas no espaço entusiasmado corporativo e técnico, uma coisa chamada blog. E um padrão ao redor disso chamado RSS que notifi ca o usuário de que alguma coisa mudou. (...) Blogs e essas notifi cações signifi cam que fi ca muito fácil escrever alguma coisa que você precise, como um e-mail, mas enviá-lo para uma página web. Pessoas que se interessam pelo assunto recebem uma pequena notifi cação. (...) A idéia mais importante [por trás desse processo] é que deveríamos conseguir a informação que quisermos quando quisermos. Nós estamos progressivamente nos tornando melhores nisso observando seu comportamento [o dos blogs], ordenando as coisas de formas diferentes.30

Os blogs podem servir de canal de relacionamento com os consumidores. A Microsoft possui um portal com blogs escritos por seus funcionários sobre produtos e tecnologias da empresa que, como descrito na página de apresentação da comunidade, podem ajudar os clientes com idéias e opiniões para utilizarem os serviços oferecidos por ela.

Outro tipo de blog tem surgido com o objetivo de promover produtos e buscar identidade com seus públicos. Como mencionado anteriormente, foi lançado em Março de 2005, pela empresa Procter & Gamble, um blog para divulgação do desodorante feminino Secret Sparkle Body Spray, destinado a adolescentes. Para acampanha de relacionamento com o público-alvo, cada uma das quatro fragrâncias do produto foi transformada em um personagem da faixa etária das consumidoras. Elas publicam posts sobre sua vida pessoal relacionando confl itos e desejos comuns às adolescentes.

29 BARRETT, Cameron. Anatomy of a Weblog. CanWorld.1999. http://www.camworld.com/journal/rants/99/01/26.html – O CamWorld foi um dos primeiros blogs a existir e continua ativo até hoje em http://www.camworld.com

30 MICROSOFT CEO SUMMIT 2004. http://www.microsoft.com/billgates/speeches/2004/05-20CEOSummit.asp

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A questão persiste: as adolescentes realmente se identifi carão? Por mais que o redator ou redatora por trás destes personagens conheça o universo das jovens, não é uma delas, nem está verdadeiramente envolvido com os quesionamentos postados. Além de ser uma obra de fi cção, nos textos fi ca clara a falta de naturalidade das personagens.

O blog da Procter & Gamble se distancia de algumas características originais que fazem da categoria um espaço de expressão de idéias e mesmo de sentimentos sem função comercial. Uma ação de venda disfarçada, como a citada, pode ter o mesmo tipo de efeito que os SPAMs têm sobre o uso de e-mails: ser ignorada ou abertamente rejeitada, com efeito contrário ao planejado. Ainda é cedo para saber se há algum tipo de formato de blog que sustente uma ação comercial, mas sabe-se que qualquer tipo de ação de venda disfarçada não agrada o consumidor.

Outro exemplo de blog feito para promover um produto é o Vespablogs31. A agência responsável pelas ações de relações públicas da fabricante de motos modelo scooter, Vespa USA, divulgou um projeto para o lançamento de sua nova campanha envolvendo a contratação de blogueiros para escreverem blogs temáticos sobre assuntos relacionados a adolescentes e motos e criar intimidade com eventuais consumidores. Como estes blogs ainda não foram publicados, resta saber se conseguirão ganhar naturalidade para se relacionarem com o público-alvo da campanha. Se os blogueiros conseguirem gerar empatia, prover conteúdo relevante ou interessante, e manter razoável independência editorial da empresa, é provável que tenham sucesso.

Um exemplo bastante interessante nessa linha é o inesperado blog iniciado por um cliente da Nokia. Dono de um novo modelo de telefone celular, sua página permite que outras pessoas que possuam o mesmo modelo publiquem comentários sobre experiências vividas com o aparelho. O blog ganhou notoriedade e suspeitou-se que era uma ação promocional da empresa, mas logo a informação foi desmentida. Independente da origem do conteúdo, a empresa ganhou divulgação gratuita devido à emergência natural do relacionamento e das conversas entre clientes.

O que destaca este caso dos demais é a naturalidade com que surgiu a discussão entre clientes e a força da informação que é transmitida através do blog, pois é feita por pessoas reais relatando suas experiências, o que reforça a veracidade da informação e o vínculo com a marca.

31 http://www.vespablogs.com

http://rodrigo.typepad.com/nokia7710

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Vale a pena ressaltar que esse tipo de ação deve ser espontânea e só pode ser utilizada por marcas e produtos de valor inquestionável.

Observando este caso em detalhe, percebe-se que independente do tipo de blog utilizado, ele é uma extensão virtual da personalidade um indivíduo ou de um grupo, pois através deles se reproduzem relações existentes na sociedade. Para que estas conexões se estabeleçam naturalmente elas precisam ser verdadeiras. Ou pelo menos verossímeis.

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Como a web, a blogosfera não possui limites defi nidos crescendo de forma orgânica e sem muitas restrições. Navegar e descobrir fontes interessantes neste mar de informações se torna, portanto, complicado sem ferramentas que ajudem a organizar e pesquisar o ambiente virtual. As ferramentas de busca, listas de links e referências de usuários são peças-chave para se conseguir a informação procurada em meio à infi nidade de blogs.

Os sites de busca, como o Google, também servem para conteúdo em blogs, mas existem ferramentas específi cas para estabelecer, mensurar e organizar suas relações. Estes serviços são importantes para facilitar a interação entre os usuários e as conversas que se desenvolvem. Eles também indicam uma forma de encontrar algum tipo de organização em um ambiente que se desenvolve sem controles ofi ciais e sem regras. Os principais tipos de ferramentas são:

Medição de estatísticas: um tipo de serviço já conhecido antes da existência dos blogs é o de medição de acesso. As principais ferramentas fazem a contagem do número de visitas; verifi cam se existem outras páginas direcionando links para o blog; e identifi cam o endereço através do qual o visitante acessou o blog. O serviço pode ser oferecido pela própria ferramenta de criação dos blogs ou contratado à parte.

Estatísticas de visitas do blog Despropaganda, em http://www.sitemeter.com/default.asp?action=stats&site=s16despropaganda

2.5. Organizando a Blogosfera

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Identifi cação de temas: outro tipo de ferramenta rastreia as conversas que são desenvolvidas entre os blogs. Isto é feito através de tags, que são como etiquetas anexadas em cada arquivo. Alguns álbuns de foto virtuais permitem que, ao publicar a foto, o usuário adicione uma tag a ela, determinando a categoria em que será arquivada. Em álbuns públicos de fotografi a e vídeos, isso possibilita que a imagem seja disponibilizada num banco de dados sob a categoria determinada, como uma palavra-chave para busca.

Para os blogs, as tags funcionam de forma similar. As ferramentas de publicação que possibilitam a organização dos arquivos por categoria, já incluem automaticamente uma tag a cada um deles, correspondente à categoria criada pelo autor.

A questão mais importante na determinação destas categorias é a sua relevância para o assunto abordado pelo post, pois ela servirá como palavra-chave para arquivar e buscar conversas relacionadas àquele tema.

As tags são resultado do trabalho colaborativo dos usuários que produzem listas e bancos de dados em uma relação ativa com o meio.

Baseados nas tags, o site Technorati busca categorias nos blogs de seu banco de dados (cujo cadastro é aberto) e as disponibiliza em uma lista, que funciona como um indicador dos principais temas publicados, dando acesso a eles. É uma maneira simples de descobrir o que os blogs estão comentando sobre um tema como entretenimento, por exemplo.

Estatísticas fornecidas pelo Blogger.com, embaixo no canto esquerdo. Dados dehttp://www.blogger.com/profi le/4889750

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Já o Blogdex, um projeto de pesquisa do MIT Media Laboratory para determinar os fatos mais comentados pelos blogs, rastreia conversas de uma forma diferente. Apesar de também trabalhar com blogs cadastrados em seu banco de dados, sua lista se refere aos sites que receberam maior número de links em posts, dando acesso tanto ao site mencionado quanto aos blogs que colocaram o link.

http://www.technorati.com/tagAs categorias, ou tags, são dispostas por ordem alfabética e o tamanho da letra indica quantidade de referências a ela.

http://blogdex.net

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Identifi cação de atualizações: serviços como o Weblogs, listam os blogs que foram atualizados nas últimas horas. Alguns funcionam com blogs cadastrados, outros, como o Weblogs, identifi cam as mudanças nas bases de dados de grandes ferramentas, como Blogger.com. Para cada publicação feita, uma notifi cação é automaticamente enviada para o serviço.

Esses sites e funcionalidades agregam informações sobre toda a blogosfera. Mas também existem outras ferramentas utilizadas pelos blogueiros individualmente e que reúnem informações sobre suas conversas e preferências.

Uma delas é a já mencionada ferramenta trackback, que permite ao blogueiro saber quem leu seus posts e escreveu referências a eles. Para isso é preciso instalar a ferramenta no blog e quem fi zer a referência deve identifi car a fonte.

http://weblogs.com

http://www.loiclemeur.com/english/2005/05/a_french_blogge.html#trackback

Abaixo do post estão links para as referências feitas a ele por outros blogs.

Tal ferramenta foi mencionada no tópico 2.2., página 23.

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A ferramenta de trackback permite que posts de outros blogs, referentes ao assunto abordado pelo autor, sejam listados e disponibilizados para o leitor. Funciona como uma espécie de lista de discussão que, inicialmente, gira em torno do blog que iniciou a publicação, mas pode se desdobrar para outros blogs. Neste sentido,é uma ferramenta mais completa que o campo de comentários.

Outra funcionalidade que permite ao blogueiro estreitar laços, estabelecer uma comunidade informal e divulgar seus interesses são os links que disponibiliza. Eles podem ser feitos através dos chamados blogrolls ou das social bookmarks. Os blogrolls são listas de links para outros blogs ou sites, conforme o autor desejar. Geralmente fi cam expostos nas laterais do blog.

Já as ferramentas de social bookmarks, como o site del.icio.us33, têm um conceito mais elaborado e dinâmico. Primeiramente, os links não fi cam expostos no blog, para acessá-los o leitor deve clicar no link representado por My del.icio.us links exposto na página. Os links selecionados podem ser organizados em categorias, as tags, e o autor pode adicionar comentários a eles. Diferentemente do blogroll, estes links tendem a ser mais dinâmicos e, portanto, alterados com mais freqüência, além de serem mais numerosos e detalhados. Os links de todos os usuários cadastrados estão disponíveis através do site del.icio.us, organizados pelas categorias, ou tags, defi nidas pelos autores.

Os blogrolls e social bookmarks são, além de referências para os leitores, fontes de informação sobre os interesses do autor e uma forma de relacionamento político com aqueles sites indicados pelos links.

Outra ferramenta que muda a forma de se consumir informações na internet são os programas leitores de RSS, já mencionados. Esta nova forma de distribuição de notícias e informações, ainda que pouco difundida, altera a relação entre o leitor e os veículos de comunicação. Com estes programas, os usuários cadastram os sites dos quais têm interesse em receber atualizações eliminando a necessidade de visitar um por um, correndo o risco de não encontrar novidades. Através destes aplicativos o leitor customiza sua fonte de informação.

A publicação e consulta de material em RSS, apesar de não se restringir aos blogs, é um tipo de prática comum entre blogueiros, tanto que muitos dos serviços de blogs já produzem automaticamente a versão RSS dos textos.

http://del.icio.us

RSS foi mencionado no tópico 2.2., página 23.

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As funcionalidades acima agregam serviços à blogosfera e são como catalisadores das conexões e conversas que se formam, pois facilitam encontrar informações sobre algum assunto, organizar temas e rastrear referências. Como o blog, são ferramentas de acesso público, mas têm seu uso e construção de contexto feitos pelo próprio usuário.

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Apesar de ser publicado em um meio com recursos multimídia, o blog tradicional favorece o uso da escrita (o formato mais simples, com relação à tecnologia). Considerando as limitações desta forma de comunicação, não é difícil imaginar que um leitor possa interpretar de forma errada o que o autor tentou mostrar. Mesmo quando emissor e receptor estão presentes fi sicamente, pode ocorrer um mal-entendido.

Pensado nisso que linguagem se deve utilizar para se transmitir os pensamentos e a personalidade de um blogueiro através de um meio frio como o computador? Segundo Steve Pinker32, o pensamento é um conjunto de conceitos representados por símbolos e relacionados logicamente entre si por outros arranjos de conceitos. Em outras palavras, pensamento e linguagem funcionariam de forma semelhante. Desenvolvendo essa idéia, o autor defende que existe uma linguagem própria do pensamento. Ela seria comum a todas as pessoas e funcionaria independente da língua falada.

A esta linguagem universal o autor chama de mentalês e defende que, por sua natureza, sempre que é traduzida para a linguagem oral perde um pouco de seu sentido.

Pense a respeito. Todos tivemos a experiência de enunciar ou escrever uma frase, parar e perceber que não era exatamente o que queríamos dizer. Para que haja esse sentimento, é preciso haver um o que queríamos dizer diferente do que dissemos. Nem sempre é fácil encontrar as palavras que expressam adequadamente um pensamento. Ao escutar ou ler, geralmente recordamos o ponto principal, não as palavras exatas, portanto deve haver algo como um ponto principal que é diferente de uma coleção de palavras.33

No mesmo livro, Pinker cita a descrição de Albert Einstein sobre o pensamento:

As entidades físicas que parecem servir de elementos para o pensamento são certos indícios e imagens mais ou menos claros, que podem ser “voluntariamente” reproduzidos e combinados... Esse jogo combinatório parece ser o aspecto essencial do pensamento produtivo – antes de qualquer conexão com construções lógicas expressas em palavras ou outros tipos de signos que possam ser comunicados aos outros. Os elementos acima mencionados são, no meu caso, de tipo visual e um pouco muscular. Somente numa segunda fase é que as palavras convencionais ou outros signos têm de ser laboriosamente buscado, quando o jogo associativo mencionado estiver sufi cientemente estabelecido e puder ser reproduzido à vontade.34

Pinker mostra que mesmo que se utilizem todos os tipos de signos e representações, ainda há riscos de não se reproduzir fi elmente o que foi pensado. Mesmo que a reprodução seja perfeita, existe ainda a possibilidade de má interpretação do receptor e interferência do contexto na compreensão.

2.6. Flogs, Vlogs, Audioblogs, Moblogs...

32 PINKER, Steven. O Instinto da Linguagem. Como a mente cria a linguagem.Martins Fontes, São Paulo, 2004.

33 Id. Ibid, p. 62.

34 Id. Ibid, p. 80.

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Neste sentido, o blog tradicional, por mais que tenha recursos gráfi cos (cores, tipos e tamanhos de letras, links e fotografi as), ainda oferece muitas limitações para o autor, que tem toda sua força de expressão restrita ao design de seu blog e à retórica de seu texto, habilidades de persuasão não comuns a todos. Para algumas idéias, portanto, outros artifícios devem ser utilizados para que a força inicial não se perca.

As variações que surgiram após os blogs são uma tentativa de usar recursos de hipermídia (hipertexto combinado à multimídia) para suprir tais necessidades de comunicação.

FOTOLOGS

O primeiro Fotolog (blog para a exposição de fotografi as e imagens) publicava fotos de bares, eventos, pessoas e lugares com curtas legendas e comentários sobre cada uma delas. A idéia se tornou popular em 2002 e hoje é quase tão comum quanto os blogs. Aliás, muitos blogueiros mantêm um fotolog em paralelo.

Nos fotologs mais populares, não existe uma ordem cronológica das fotos, que são publicadas conforme a vontade do autor e dependendo do que quer dizer. Para cada foto o autor possui espaços para descrever a imagem e receber comentários, além de arquivo de posts antigos, links para outros fotologs, um campo para publicar seu perfi l etc.

Eles funcionam como os blogs tradicionais, usando software e servidores apropriados para a publicação de fotos. Alguns fotologs publicam ilustrações, outros fotos pessoais, alguns publicam fotos temáticas. Como nos blogs, não existe regra, apenas ter algo para mostrar.

http://www.fotolog.net/metro

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Existem também aqueles que usam o próprio blog para publicação de fotos e o fazem com freqüência, sendo este o elemento principal da página, como um fotolog, o que talvez demande mais trabalho técnico.

http://fotolog.terra.com.br/lordelobo

http://www.narua.org/blog

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MOBLOGS

Outra variação do blog é o Moblog, nome da publicação de um post através do telefone celular. É possível publicar textos, fotos, arquivos de áudio e vídeo, tudo depende de aplicativos compatíveis com o software do blog e com o aparelho celular do usuário.

Também existem serviços confi gurados diretamente para a publicação de moblogs, como o http://moblog.co.uk, que permite a publicação de posts sem o uso de um computador conectado à rede.

A publicação pode ser feita de onde o autor estiver através do celular, contanto que exista conexão disponível. O moblog pode ser utilizado para divulgar informações imediatas de algum evento.

VIDEOLOGS (ou VLOGS)

O Vlog, como já foi dito, é um blog que publica vídeos. Existe uma controvérsia sobre a defi nição correta de vlog. Um blog com apenas alguns vídeos pode ser realmente um vlog? E quanto a vídeos produzidos por terceiros e não pelo próprio autor? Podem ser reproduzidos? Apesar da discussão poder se estender aos fotologs e aos próprios blogs, ela parece ser restrita aos produtores de vlogs.

O fato é que o formato ainda não está popularizado e existem poucos vlogs, provavelmente por limitações de equipamento, espaço para armazenamento e largura de banda para transmissão. Além disso, como as outras variações de blogs, o meio está em constante evolução.

A grande diferença desta forma de blog para os tradicionais diz respeito à tecnologia utilizada: para se manter um blog não é necessário nem mesmo ter seu

http://joi.ito.com/moblog

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próprio computador, já que os posts podem ser publicados de um cibercafé ou de qualquer outra máquina pública ou compartilhada.

Já o vlog requer acesso a uma câmera de vídeo digital, além de todas as etapas anteriores à publicação: gravação; cópia para o computador; edição; trilha etc. Por esses motivos o formato ainda oferece limitações e não é tão democrático quanto o blog. Mas para quem possui acesso a estes aparelhos já é possível produzir um vlog gratuitamente. O site http://freevlog.org explica passo a passo o que é necessário fazer.

AUDIOBLOGS

O Audioblog permite que arquivos sejam disponibilizados como posts em formato MP3 (o mais popular para distribuição de arquivos de áudio pela internet). Alguns sites fazem seleção e comentários sobre música, como o exemplo abaixo:

http://www.fluxblog.org

http://ryanedit.blogspot.com

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Outros produzem seus próprios programas informativos de rádio:

O audioblog também pode ser divulgado via podcast (distribuição de arquivos MP3 no formato RSS).

Com exceção do fotolog, os outros formatos citados não são muito populares, pois requerem o uso de equipamentos e tecnologias mais sofi sticadas, não acessíveis a todos. O próprio uso do fotolog possui certa limitação em relação ao blog tradicional, pois o autor deve ter acesso a uma câmera digital ou scanner(aparelho que captura a imagem digital de um documento). Por outro lado, a existência desses recursos de hipermídia é excitante, pois amplia as possibilidades de comunicação do autor e, dependendo do uso, sua forma pode se aproximar do mentalês de Pinker.

O conteúdo deste audioblog é, em parte, captado por telefone celular.

http://show.ericrice.com

A tecnologia podcast foi apresentada no item 2.2, página 26.

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Os blogs mostram que a internet está entrando em uma nova fase, em que colaboração, participação e interatividade são elementos-chave. Percebe-se que essas características começam a infl uenciar outros meios de comunicação, que passam a chamar o público para maiores detalhes de alguma matéria de um programa de jornalismo na internet, responder enquêtes pelo site, ou mesmo enviar sugestões de reportagem referente ao conteúdo editorial.

O caderno Link do jornal O Estado de S. Paulo frequentemente disponibiliza conteúdo complementar na internet, as revistas Veja e Exame também seguem este modelo.

A mesma matéria no website do jornal.

(acima) Trecho do jornal O Estado De S. Paulo, edição de 17/01/2005

3. Blogs e o futuro da mídia

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O programa Blog21, que estreou recentemente no Canal 21, tem um formato que incentiva a participação do público através de telefone; internet (utilizando a sala de bate-papo do programa, e-mail ou webcam para enviar mensagens de vídeo); ou mensagens escritas enviadas via telefone celular.

Por outro lado, a emissora MTV, mesmo existindo no país desde 1990, tem boa parte de seu conteúdo em formato interativo. Voltados para adolescentes, muitos programas estão abertos para votações, comentários e participação através de telefone e internet. Um exemplo é o programa Control-Freak,que tem muitas atividades baseadas em votações que acontecem ao vivo.

A revista Exame disponibiliza, em sua versão impressa, uma lista de tópicos de conteúdo complementar que podem ser encotrados em seu website.

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Ainda que veículos off-line tentem seguir um formato mais participativo, a internet é o ambiente mais adequado para se desenvolver comunicação interativa. Neste contexto os blogs merecem destaque, devido à sua estrutura democrática que permite que qualquer um publique suas opiniões.

É importante notar que o uso da internet é mais popular entre as gerações mais novas, talvez porque seus indivíduos tenham crescido em contato com computadores e, portanto, a linguagem hipertextual e o imenso volume de informação são mais facilmente compreendidos e manipulados.

Esta nova mentalidade se refl ete em mudanças no consumo, produção de informação e no uso dos meios de comunicação, já percebidas por algumas corporações tradicionais. Rupert Murdoch, chefe de um dos maiores conglomerados de mídia, a News Corporation, admitiu recentemente que o formato da mídia tradicional está ultrapassado e que os responsáveis pela produção de conteúdo estão desconectados dos seus leitores. Segundo reportagem35 da revista inglesa The Economist:

... Murdoch afi rma que os produtores de notícias, assim como sua própria organização, deveriam se preocupar em adquirir conhecimentos sobre a web e parar de catequizar sua audiência, tornando-se espaços para conversas, em um destino para o qual blogueiros e podcasters se reuniriam para levar repórteres e editores a uma discussão mais extensa.

Esta preocupação é baseada em um conjunto de fatores: a queda na venda de jornais impressos associada a um hábito cada vez mais difundido, principalmente entre os mais jovens, de se obter informações através da internet, sejam os grandes portais de notícias ou blogs. Outro dado apresentado pela reportagem mostra que 44% dos americanos entre 18 e 29 anos lêem blogs frequentemente.

http://mtv.terra.com.br/controlfreak

35 Vários Autores in Yesterday’s Papers. The Economist. 21.04.2005. http://www.economist.com/business/displayStory.cfm?story_id=3896039

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Além desses fatores, novos modelos de negócios surgem e desviam o investimento em publicidade para os blogs. Entre os mais populares estão:

• Google AdSense - o blog deve se cadastrar na página do serviço (http://www.google.com/adsense) para submeter seu conteúdo a uma análise antes da aprovação. Uma vez aprovado, o serviço permite que a propaganda seja relacionada com o conteúdo de cada post. O pagamento é feito com base nos cliques recebidos pelos anúncios colocados no blog.

• BlogAds – o autor cadastrado no serviço escolhe quais anunciantes poderão utilizar o seu espaço, mas ao contrário do AdSense, os anúncios não são automaticamente relacionados ao conteúdo dos textos. Exclusivo para blogs, o serviço ganha uma porcentagem do preço do anúncio, que pode ser fi xado pelo autor do site.

http://www.andrewsullivan.com

Exemplo de uso do Google AdSense em http://kibeloco.blogspot.com

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• Amazon Associates – após ser cadastrado, o blog recebe um link especial que direciona o leitor para o site de e-commerce Amazon.com. Vendas efetuadas através deste link pagam comissão para o dono do blog.

Blogs com grande fl uxo de visitação podem se manter ou até lucrar com a venda de espaço publicitário através dos modelos não-convencionais apresentados acima.

A circulação de notícias on-line também está sendo alterada não só pelos blogs. Páginas como Google News, Yahoo! News e Newsbot são geradas automaticamente baseadas em sistemas de busca que destacam os principais fatos e informações que circulam na rede. Assim a versão on-line de jornais e revistas é prejudicada por um serviço que agrega informações gerais e direciona o leitor para diversas fontes de informação.

Por outro lado, a produção de notícias como é conhecida (em redações de jornais) já vem sofrendo alterações proporcionadas pela interatividade do meio. O site OhmyNews, fundado na Coréia do Sul há cinco anos, se baseia na idéia de produzir jornalismo com a participação de cidadãos comuns. Ele possui um pequeno grupo de funcionários e milhares de voluntários que produzem artigos, chamados de repórteres cidadãos.

A emergência deste modelo espontâneo de colaboração não é um fenômeno específi co da blogosfera, mas sim uma característica da nova estrutura conectada dos meios de comunicação que, depois do surgimento da internet, ganharam condições necessárias para este tipo de interação.

http://examinedlife.typepad.com/johnbelle

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Outro tipo de página web que também segue o princípio da colaboração são as Wikis, sites com uma estrutura específi ca que permite que qualquer leitor adicione informação ou edite o conteúdo existente. O mais famoso deles é a Wikipedia, espécie de enciclopédia on-line gratuita construída coletivamente através da web. Para participar da construção da Wikipedia não é preciso ser cadastrado, mas a grande maioria dos autores possui uma conta, através da qual pode gerenciar suas contribuições. Cada artigo da enciclopédia possui também: uma página contendo o histórico das alterações feitas no texto; um espaço para discussão, através do qual as pessoas envolvidas na construção daquele texto debatem sobre possíveis alterações; e uma página de edição que permite que qualquer leitor facilmente altere o conteúdo do artigo.

Este tipo de construção coletiva chega a gerar desconfi ança, pois não há referência sobre o nível de conhecimento que os autores possuem. No entanto, uma reportagem feita pelo caderno Link do jornal O Estado de São Paulo mostrou como alguns dados incorretos publicados são rapidamente retirados:

Página de edição de conteúdo da Wikipedia.

http://en.wikipedia.org

No website OhmyNews, as reportagens enviadas pelos repórteres cidadãos são checadas e publicadas. Eles têm seu nome nos créditos, recebem comentários dos leitores e sabem quantas pessoas leram seu artigo. A versão em inglês está disponível em

http://english.ohmynews.com

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Pesquisa feita pela IBM mostra que os atos de “vandalismo” são geralmente expurgados em cinco minutos. Em 27 de setembro, às 23h23, um usuário de nome Hitler propôs que o verbete “judaísmo” fosse totalmente removido. Às 23h29, outro usuário retirou a proposta, e às 23h44 “Hitler” havia sido impedido de usar o site.

Na mesma reportagem há um depoimento sobre o uso da Wikipedia como fonte de informação:

“Não creio que alguém tenha dito alguma vez que a Wikipedia seja um substituto perfeito para a enciclopédia tradicional. Mas constatei que ela é tão precisa quanto qualquer outra fonte de consulta”, diz Dan Gillmor, autor de We the Media.36

Com relação aos blogs, existe o mesmo tipo de desconfi ança, mas a blogosfera também está atenta às informações incorretas. Um exemplo dessa situação aconteceu com um post incorreto do Blogspotting, blog publicado por jornalistas da revista Business Week. No dia seguinte à publicação da notícia, o próprio Blogspotting corrigiu a informação. Logo, outros blogs publicaram a correção.

Não se pode negar, no entanto, que exista a possibilidade do erro não ser corrigido. No caso de um fato muito importante, provavelmente o leitor encontrará outras fontes de informação comentando o assunto e facilmente poderá descobrir a falha. Já fatos menos relevantes podem correr o risco de não serem corrigidos. Em uma época em que a publicação de informação pode ser feita por qualquer pessoa e os leitores têm o poder de customizar a forma de receber notícias, o importante talvez seja ter múltiplas fontes – com diferentes níveis de confi abilidade – através das quais possa checar a veracidade do fato.

Ainda em relação à desconfi ança gerada por esse modelo de produção de informação, um controverso fi lme de fi cção produzido por Robin Sloan e Matt Thompson com especulações sobre o futuro da mídia evidencia um pouco das preocupações existentes. Ele está disponível em http://www.robinsloan.com/epic e sua transcrição está disponível no apêndice V.

O fi lme mostra um futuro em que as empresas Google e Amazon se unem e passam a oferecer um serviço completo de personalização de informações e anúncios, além de um espaço de armazenamento e publicação de conteúdo pessoal para cada usuário. A consequência desta ferramenta, chamada EPIC (Evolving Personalized Information Construct - agrupamento de informação personalizado e evolutivo, em inglês), é um conjunto de notícias e informações superfi ciais distribuídas para a grande maioria das pessoas que supera em importância a mídia tradicional.

O futuro visualizado pelos autores do vídeo pode ser alarmante, entretanto algumas considerações devem ser feitas:

Analisando as características da internet e da web, é difícil imaginar um cenário em que a tecnologia fornecida por uma única empresa monopolize a audiência. Outro fato que reforça esta limitação são os aplicativos open-source que são mantidos e melhorados via uma rede de colaboração mundial, descentralizada e independente, cujos produtos ganham sempre mais adeptos, tanto voluntários como usuários.

Por outro lado, empresas como Microsoft, Google e Amazon, dominam a produção e distribuição de sistemas operacionais, serviços de busca e vendas on-line, respectivamente. Estas empresas já concentram uma grande parte do tráfego da

36 WALDMAN, Simon. Wiki: Uma Enciclopédia Feita por Nós. In: O Estado de S. Paulo, caderno Link, 13.12.2004. http://www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=1872

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internet, que é naturalmente direcionado para os demais serviços continuamente agregados a elas. Esta situação talvez represente uma migração do sistema de produção existente off-line, representado pelas grandes corporações da mídia, para o ambiente virtual.

Mas, como já visto, a internet é um meio que favorece a publicação e a expressão individual, diferente de outros meios que surgiram até hoje: jornal, cinema, rádio e televisão. Estes meios se complementam - assim como a internet também é mais um elemento desse conjunto, mas com algumas características inovadoras que fazem dela um meio com potencial mais amplo. Este potencial talvez seja o contraponto que impeça a reprodução on-line do sistema de produção off-line sem alterações signifi cativas na sua estrutura.

A blogosfera, por exemplo, forma uma comunidade independente, descentralizada e viva. Enquanto muitos autores de blogs são despreparados, outros são especialistas na sua área e, no entanto, todos têm o mesmo poder de publicação. A rede de informação proporcionada pela blogosfera é sólida e independente, reproduz a estrutura democrática da internet, o que não signifi ca que todos terão a mesma audiência, pois naturalmente aqueles que publicam conteúdos mais interessantes, atualizados e confi áveis atraem mais leitores. E, no entanto, ela favorece a multiplicidade.

Todos estes pontos devem ser considerados para analisar perspectivas para o futuro da mídia. Talvez exista hoje um medo levemente paranóico quanto ao futuro, o que é compreensível diante de um contexto de mudanças em que novos modos de compreender e produzir estão despontando. O mesmo tipo de desconfi ança surgiu quando outros meios de comunicação passaram a fazer parte do cotidiano, como a televisão (ela não substituiu o rádio ou o cinema, mas somou-se a eles). O medo é gerado por desconhecimento, pois é mais fácil suspeitar e evitar o desconhecido do que tentar entendê-lo. Em relação à internet e aos blogs não é diferente. Como o próprio Rupert Murdoch afi rmou, é preciso se adaptar às mudanças.

Neste cenário, a mídia tradicional deve tentar digerir e entender as novidades para acompanhar a evolução da internet em todos os aspectos, inclusive o comportamento de consumo de informação dos leitores. Mesmo porque ainda são incertos quais serão os formatos do futuro. Aqueles que irão congregar produção da informação, lucros com publicidade, venda de produtos, participação, etc.

Os passos iniciais para um novo formato já foram dados. A Creative Commonsé uma organização não lucrativa ofi cialmente lançada em 2001 que tem como objetivo fl exibilizar a publicação na internet de produções com copyright. As

Página de licenciamento de conteúdo da CreativeCommons

http://creativecommons.org

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licenças de publicação emitidas pela Creative Commons variam da garantia total de direitos sobre a obra, como o copyright, até a total liberação da obra para uso, cópia e edição, conforme a escolha do autor. A iniciativa busca adaptar um modelo tradicional de garantia de direitos autorais à nova realidade representada pela internet, em que as informações são compartilhadas.

O modelo do site OhmyNews talvez seja outra dica de como será a produção do futuro. Uma reportagem já se arriscou a afi rmar que os meios de comunicação irão se parecer cada vez mais com os blogs. No que diz respeito à participação do cidadão na divulgação e discussão de fatos, é possível. O que os blogs trazem de novidade não é seu desenho ou estilo de formatação, mas sim a possibilidade de expressão que abre para o público em geral. O mesmo tipo de estrutura que é utilizado pelo OhmyNews.

Com relação ao lucro dos grandes veículos de comunicação, talvez ele migre da venda do produto principal (informação) para outro modelo de negócio do qual participam publicidade e serviços agregados àquele produto-base. Muitos veículos hoje já disponibilizam seu conteúdo on-line gratuitamente e agregam em sua página serviços pagos relacionados ao tipo de informação inicial que publicam. O site da revista Business Week (http://www.businessweek.com) é um exemplo.

Já o portal da revista Exame (http://portalexame.abril.com.br) controla seu conteúdo através de acessos em diferentes níveis para usuários cadastrados no portal / assinantes ou compradores da revista / somente assinantes / serviços pagos oferecidos pelo portal. Outro exemplo pode ser observado nas empresas que produzem software de blogs. O produto básico é gratuito e para obter acesso a outras funcionalidades é necessário pagar.

Dar acesso é um elemento chave na internet, pois suas múltiplas fontes de informação sempre apresentam uma alternativa para o usuário. É preciso iniciar um relacionamento com o leitor, oferecer a ele um motivo para utilizar o serviço, talvez uma das características da nova lógica que se desenvolve na internet.

Estes são alguns cenários possíveis para o futuro das mídias como as conhecemos. O blog demonstra claramente uma dessas tendências, a necessidade do cidadão de ter voz, participar e expressar sua personalidade e suas opiniões.

KYOURadio, uma estação de rádio de São Francisco, amplia esta capacidade de expressão. Ela terá a primeira programação feita por ouvintes através de podcast, em que as pessoas poderão produzir seu próprio conteúdo e enviar para o veículo. Os programas escolhidos serão transmitidos pela rádio e também poderão ser ouvidos pelo site emissora37.

Aos poucos percebe-se uma tímida mudança nos formatos tradicionais, mas ainda haverá muita transformação e os blogs estão impulsionando esta tendência.

Diferente de outros processos, pode ser que esta mudança iniciada pela internet e potencializada pelos blogs tenda a dar maior poder de refl exão às massas, pois, pela primeira vez, existe a real possibilidade de todos serem atores ativos no processo de comunicação e não meros espectadores em atitude passiva e alienante.

Em outras palavras, não é impossível o surgimento de um EPIC, nem mesmo que seja um grande sucesso. Acreditar, porém, que tenha o poder massifi cante que uma vez foi dos jornais, do rádio ou da TV não passa de especulação que, mesmo usando tecnologia do século XXI, é apoiada em elementos de dominação e propaganda ideológica do século XX. O mundo mudou e o público mudou com ele.

37 http://www.kyouradio.com

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Quando Tim Berners-Lee idealizou a world wide web, a rede era um meio para se obter e produzir informação - o primeiro projeto da web possuía uma interface para a produção de páginas. No entanto, ela se tornou principalmente um meio para se encontrar informação. Publicar um site era privilégio de quem possuía conhecimento técnico (para trabalhar com linguagem HTML, pelo menos). E-mails, grupos de discussão e até mesmo páginas dinâmicas (como wikis) eram meios que possibilitavam a produção de conteúdo para a web, mas estavam restritos às redes de relacionamento que se formavam ao redor deles e a um formato limitado que não favorecia a expressão individual.

Somente com os blogs a web se tornou o meio particiátivo idealizado por seu criador. Seu uso se espalhou tão rapidamente que hoje eles são considerados como categoria e possuem uma grande força de expressão. Além de democratizarem a publicação de páginas, os blogs possibilitaram a interação entre pessoas conectadas, pois neles a construção do conteúdo acontece em parceria com o leitor. O contato com a audiência ajuda o autor a moldar o conteúdo publicado, como em uma conversa à distância.

Através desta dinâmica, os blogs mostram que estão começando a exercer uma grande infl uência na forma como a comunicação se desenvolve na internet. A rede de informação que surgiu através deles desafi a o antigo formato de consumo de notícias que acontecia através dos meios tradicionais, apoiada na dinâmica emissor – receptor.

Este cenário foi descrito ao longo do trabalho buscando indicar que lentamente estão ocorrendo mudanças na dinâmica de comunicação. A popularização da web deu início a esse processo, os blogs foram responsáveis por impulsionar esta mudança e estão no núcleo dela.

Ainda é uma mudança lenta, com barreiras além da tecnologia, entre as quais a exclusão digital. Mesmo assim vale notar que está ocorrendo uma revolução silenciosa na comunicação; uma conversa mundial através da web. Ela se dáentre pessoas que se sentem cada vez menos dependentes de uma fonte única de informação e descobrem novos caminhos para a expressão.

O futuro provavelmente será mais conectado e colaborativo. Além da exclusão digital, uma série de dasafi os ainda são presentes: o risco de grandes corporações monopolizarem o tráfego de audiência da internet, a falta de alfabetização midiática que existe hoje, a ausência de audiência crítica e assim por diante. Mas tudo indica que há um novo caminho sendo descoberto. Cabe a nós estarmos prontos para ele.

Conclusão

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GlossárioAudioBlog – blog no qual o autor disponibiliza arquivos de áudio para substituir ou complementar os posts escritos.

Backbones – formado por cabos submarinos, redes de fibra óptica e satélites, são os principais canais que conectam países e continentes.

Blog – página pessoal atualizada com freqüência e disposta em ordem cronológica inversa (iniciando pelo post mais atual). Pode ser escrita por uma ou mais pessoas e costuma expressar as opiniões e idéias de quem a escreve. Caracterizadaística pelo tom informal e pela diversidade de temas que pode abordar.

Blogosfera – ambiente virtual formado pelos blogs e as relações entre eles.

Blogueiro – autor do blog.

Blogroll – lista de links para outros blogs ou sites geralmente disposta na lateral do blog.

Browser – programa leitor de HTML que proporciona uma interface multimídia de acesso à web.

Comentários – ferramenta que possibilita aos visitantes deixarem comentários sobre o que o autor escreveu.

Domínio – nome ou categoria utilizado para facilitar a memorização de um endereço da web, que originalmente é formado por um conjunto e números.

DSL (Digital Subscriber Line) – linha telefônica digital especial que permite a conexão com internet banda larga.

Flog ou Fotolog – tipo de blog no qual o elemento principal é a fotografia.

HTML (Hypertext Markup Language) – linguagem simples de marcação que determina a estrutura da página e formata seus elementos.

Intranet – redes de comunicação restritas que utilizam a mesma tecnologia e interface da internet.

Killer Applications - Programas cuja performance ou popularidade é tão grande que se tornam sinônimos de sua categoria, como Word ou Photoshop.

LAN (Local Area Network) – rede formada por diversos computadores conectados a um provedor de acesso.

Metablog – ato de publicar posts sobre blogs.

Moblog (Mobile blog) – blog ou área de um blog onde são publicados tpequenos extos, sonsposts ou imagens através do celular.

Ping – notificação enviada para algum site ou blog a fim de avisar sobre uma atualização feita.

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Permalink (Permanent Link) – link de acesso direto a um texto. Evita a necessidade da busca entre diversos arquivos.

Podcast – tecnologia que permite que o usuário se cadastre para receber atualizações de arquivos de áudio em formato RSS que permite a gravação e publicação de arquivos de áudio no blog. Não ficou clara a diferença entre ele e um AudioBlog.

Post – nome dado a cada texto (ou imagem?) publicadao pelo autor.

Provedor de Acesso ou Internet Service Provider – empresa que disponibiliza um pacote de serviços para o acesso à internet. Pode ser paga ou gratuira.

RSS (Really Simple Syndication) – formato de página que pode ser lido por programas especiais a fim de identificar atualizações em sites cadastrados.

Servidores – equipamentos com alta capacidade de armazenamento que arquivam o conteúdo de sites e se conectam a diversos computadores para dar acesso a essas páginas.

Site Feed – link para um endereço da internet, ou URL, que apresenta a página em formato RSS. Sites com esta opção podem ser lidos por aplicativos instalados no computador do usuário que, conectado à internet, recebe a notificação de que houve alguma atualização nos sites de seu interesse. O link para o endereço também pode estar identificado como RSS, XML ou ATOM.

Social Bookmarks – serviço que disponibiliza uma lista on-line de links escolhidos e comentados pelos usuários cadastrados.

Tableless – conjunto de regras que buscam simplificar a construção de um site a fim de que seja compatível com diversos equipamentos e programas e fáceis de usar.

Trackback – ferramenta que possibilita indicar a um blog que seu texto foi mencionado por outro blog.

Vlog ou Vídeo Blog – tipo de blog no qual os posts escritos são substituídos ou complementados por vídeos.

URL (Uniform Resource Locator) – conjunto de números que únicos e atribuídos a cada endereço da web.

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Apêndice I. Anatomia de um BlogEste exemplo foi baseado em um blog hospedado pelo Blogger.com, site que disponibiliza o software de publicação e o servidor para armazenagem do conteúdo. Ele foi escolhido por ser o serviço gratuito mais utilizado pelos blogueiros.

Abaixo está um exemplo de template, formatação padrão da página, disponível no Blogger.com para qualquer usuário registrado. Ele apresenta os principais elementos presentes em um blog:

1. Endereço ou URL do blog.

2. Nome do blog. Não é obrigatório ser igual à URL, mas isso ajuda a identifi cá-lo.

3. Espaço para descrever o objetivo do blog.

4. Informações sobre o blogueiro. É possível selecionar quais informações estarão disponíveis, ou mesmo não disponibilizar nenhuma informação.

5. Links para outros blogs ou páginas interessantes que o blogueiro visite e queira recomendar.

6. Links para arquivos de posts antigos.

7. Link para o conteúdo do blog em formato RSS. Utilizando um aplicativo leitor de RSS, o usuário pode receber as atualizações da página sem precisar visitá-la regularmente.

8. Cabeçalho indicando a data de atualização.

9. É possível publicar fotos através de outros aplicativos.

10. Linha que fi naliza o post. Indica, nesta ordem, quem publicou a nota, a hora de publicação (pode

haver mais de uma publicação por dia), link para o leitor deixar comentários, link para o leitor enviar por email este post.

11. Título do post. É opcional.

12. O texto do post.

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Apêndice II. Como fazer um BlogO primeiro passo é escolher um serviço que disponibilize a hospedagem do conteúdo e a ferramenta de publicação. No Brasil, os mais populares são UolBlog, Weblogger Brasil e Blogger Brasil. Nosso exemplo é com o Blogger.com,por ser gratuito e ter parte de seu conteúdo em português.

Após escolher qual serviço utilizar é preciso se cadastrar:

O próximo passo é escolher nome e um modelo da página (o template do blog):

As ferramentas de publicação costumam ser simples e fáceis de usar. O usuário pode utilizar os campos de confi guração para personalizar seu blog.

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Após defi nir o formato do blog, é hora de começar a inserir conteúdo:

O blog é um ambiente livre para o usuário se expressar, mas se o objetivo é atrair visitantes e movimentar o campo de comentários, é preciso ter foco, atualizar o blog com freqüência e escrever bem.

Uma forma de atrair visitantes é começar a conhecer outros blogs e deixar comentários, assim como se cadastrar em diretórios como o Technorati. Tal diretório foi mencionada no

tópico 2.5., página 38.

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Apêndice III. Blogs interessantesOs blogs abaixo foram conhecidos ao longo do trabalho e fazem parte desta lista por, juntos, apresentarem um panorama diversifi cado da blogosfera.

Brasileiros:

http://www.homemchavao.com

Blog sobre chavões e lugares-comuns utilizados no dia-a-dia. Os autores do site coletam material da imprensa e publicam sugestões de leitores.

http://www.blowg.pixelzine.com

Blog de Marina W., autora de O caderno de cinema de marina W.. A autora escreve sobre sua vida e seu cotidiano com leveza e sofi sticação.

http://www.lamenha.blogger.com.br

O autor faz refl exões sobre sua vida como se estivesse escrevendo para uma amiga íntima, que, no caso, é a escritora Clarice Lispector.

http://tudopalhaco.blogspot.com

Amigas escrevem sobre situações vividas em relacionamentos com homens e abrem espaço para que eventuais leitoras contem suas histórias.

http://www.despropaganda.blogger.com.br

Grupo de amigos publicitários comentam os principais anúncios veiculados de forma divertida.

http://www.jesusmechicoteia.com.br

O autor reescreve trechos da bíblia satirizando os personagens.

http://kibeloco.blogspot.com

O publicitário Antônio Pedro Tabet publica montagens com imagens veiculadas na mídia e as transforma em forma de humor.

http://www.meurefrigerador.blogger.com.br

Blog pessoal e refl exivo de uma adolescente do Rio de Janeiro. Ana fala sobre seus confl itos e descobertas com muita sinceridade.

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http://www.nominimo.com.br - No mínimo Weblog.

Blog informativo escrito por Pedro Doria, é parte do site homônimo que publica notícias.

http://10paezinhos.blog.uol.com.br

Blog dos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon. Falam sobre quadrinhos e novidades da área, assim como seus trabalhos em desenvolvimento.

http://puragoiaba.wunderblogs.com

Ruy Goiaba comenta fatos, notícias e literatura através de uma crítica radical, inteligente e bem-humorada.

http://www.penalidade.com

Blog escrito em conjunto, faz comentários sobre esporte, com destaque para o futebol.

http://www.dama.blogspot.com

Blog faz comentários e críticas curtas, mas bem-humoradas sobre assuntos do cotidiano.

http://www.nemonox.com/ppp

Artista brasileiro que mora no exterior e escreve um blog desde 1998, o primeiro blog brasileiro. Em seu blog, Por um Punhado de Pixels, ele faz comentários sobre fi lmes, exposições, shows, etc.

http://todos.apostos.com

Comunidade de blogs. O apostos abriga 4 blogs individuais e um coletivo, onde os quatro blogueiros podem publicar posts. Eles fazem comentários sobre notícias do dia-a-dia, escrevem crônicas, publicam curiosidades, entre outras coisas.

http://www.brunasurfistinha.com/blogs

Blog escrito por uma garota de programa. Ela fala sobre sua vida e também relata os programas que faz. É um blog muito popular.

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Internacionais (em inglês):

http://michaelverdi.com/index.htm

Um autodenominado videoblogger, muito ativo. Interessante para conhecer uma modalidade de blog ainda pouco popular.

http://www.curry.com

Adam Curry publica um programa de rádio informativo todo o dia em seu blog, ou audioblog.

http://www.jamieoliver.com/moblog

Famoso escritor de livros de culinária inglês, ele publica fotos através de seu celular frequentemente (também chamado de moblog).

http://robotwisdom.com

Jorn Barger, o primeiro a utilizar o termo weblog, atualiza todo o dia uma lista de links interessantes encontrados na web.

http://www.scripting.com

Escrito por Dave Winer, foi um dos primeiros blogs a existirem. Publica comentários e links para notícias interessantes, muitas sobre tecnologia e internet.

http://doc.weblogs.com

Co-autor do livro Cluetrain Manifesto, escreve sobre novidades que envolvem tecnologia e negócios.

http://www.rebeccablood.net

A autora do livro The Weblog Handbook faz comentários sobre notícias em geral.

http://www.dooce.com

Heather Armstrong perdeu seu emprego por post publicados em seu blog. Ela continua escrevendo e seu blog é um dos mais visitados da blogosfera. Seu estilo sarcástico e sincero é o principal atrativo.

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Metablogs

Blogs que divulgam e comentam informações referentes à blogosfera:

http://dijest.com/bc

Blog que publica e comenta notícias e novidades sobre blogs.

http://www.loiclemeur.com/english

Vice-presidente da Six Apart (empresa que desenvolve software para blogs) européia, fala sobre as novidades da blogosfera.

http://www.micropersuasion.com

Vice-presidente da empresa de relações públicas CooperKatz & Company. Escreve sobre o impacto dos blogs no trabalho de relações públicas.

http://redcouch.typepad.com/weblog

Shel Israel e Robert Scoble escrevem um livro sobre blogs e negócios. A construção do livro está sendo feita junto com o blog e com a participação dos leitores.

http://www.businessweek.com/the_thread/blogspotting

Publicado por dois jornalistas da revista Business Week, o blog comenta e divulga notícias sobre a blogosfera.

http://jornaldoblogueiro.blogger.com.br

Novidades e curiosidades da blogosfera brasileira.

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Apêndice IV. Dados estatísticos sobre autores de Blogs

Sexo dos blogueiros:

Amostragem: 1.861 pessoas

Amostragem: 3.208 pessoas

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Idade dos blogueiros:

Parte dos dados da pesquisa realizada pela Pew Internet era de acesso restrito e não esteve disponível para este trabalho.

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Escolaridade dos blogueiros:

Parte dos dados da pesquisa realizada pela Pew Internet era de acesso restrito e não esteve disponível para este trabalho.

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Apêndice V. EPICA seguir a transcrição da narração do fi lme de fi cção produzido por Robin Sloan e Matt Thompson com especulações sobre o futuro da mídia e criação da ferramenta fi ctícia EPIC (Evolving Personalized Information Construct - agrupamento de informação personalizado e evolutivo, em inglês):

É o melhor dos tempos. É o pior dos tempos.

No ano 2014 as pessoas têm acesso a uma variedade e profundidade de informações que seriam inimagináveis em épocas passadas.

Todos contribuem de alguma maneira.

Todos participam para criar um mundo de mídia vivo e pulsante. No entanto, a Imprensa, como você a conhece, deixou de existir. As fortunas do Quarto Poder se foram. As empresas de notícias do Século XX mudaram muito, uma reminiscência solitária de um passado não tão distante.

A estrada para 2014 começou em meados do Século XX.

Em 1989, Tim Berners-Lee, um cientista de computação do laboratório de física de partículas CERN, na Suíça, inventou a World Wide Web.

1994 vê a fundação da Amazon.com. Seu jovem criador sonha com uma loja que vende de tudo. O modelo da Amazon, que viria depois a estabelecer o padrão para vendas pela Internet, é baseado em recomendações personalizadas automáticas – uma loja que pode oferecer sugestões.

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Em 1998, dois programadores de Stanford criam o Google. Seu algoritmo é um eco da linguagem da Amazon, tratando links como recomendações e, a partir deste fundamento, impulsiona a mais efetiva máquina de busca do mundo.

Em 1999, TiVo transforma a televisão libertando-a das restrições do tempo – e dos comerciais. Quase ninguém que experimenta volta atrás.

Naquele ano, uma empresa “ponto-com” iniciante chamada Pyra Labs lança o Blogger, uma ferramenta pessoal de publicação.

Friendster é lançado em 2002 e centenas de milhares de jovens avançam para povoá-lo com mapas incrivelmente detalhados de suas vidas, seus interesses e suas redes sociais.

Também em 2002, Google lança o Google News, um portal de notícias. As redes de notícias reclamam. Google News é editado inteiramente por computadores.

Em 2003, Google compra o Blogger. Os planos da Google são um mistério, mas seu interesse pelo Blogger não é sem razão.

2003 é o Ano do Blog.

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2004 seria lembrado como o ano em que tudo começou.

A revista Reason envia a seus assinantes um exemplar que traz na capa uma foto-satélite de suas casas, contendo informações personalizadas e direcionadas para cada assinante.

Sony e Phillips lançam o primeiro jornal eletrônico do mundo produzido em larga escala.

Google lança o Gmail, com um gigabyte de espaço gratuito para cada usuário.

Microsoft lança o Newsbot, um fi ltro de notícias sociais.

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Amazon lança o A9, uma máquina de busca baseada em tecnologia Google que também incorpora as recomendações da Amazon, sua marca registrada.

E então, Google lança suas ações na bolsa.

Com novo capital sobrando, a companhia faz uma grande aquisição. Google compra a TiVo.

2005 – Em resposta aos recentes lances da Google, a Microsoft compra a Friendster.

2006 – Google combina todos os seus serviços – TiVo, Blogger, Google News e todas as suas buscas em algo chamado Google Grid, uma plataforma universal que oferece uma quantidade funcionalmente ilimitada de espaço para armazenamento e largura de banda, para compartilhar e armazenar mídias de todo tipo.

Sempre on-line, acessível de qualquer lugar. Cada usuário seleciona seu próprio nível de privacidade, podendo armazenar seu conteúdo com segurança no Google Grid, ou publicá-lo para que todos o vejam. Nunca foi tão fácil para qualquer um, para todos, criar e consumir mídia.

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2007 – A Microsoft responde ao crescente desafi o da Google com o Newsbotster, uma rede de notícias sociais e uma plataforma de jornalismo participativo. Newsbotster gradua e ordena notícias, baseado no que estão lendo e vendo os amigos e colegas de cada usuário, permitindo que todos comentem sobre o que vêem.

O e-Paper da Sony é mais barato do que o papel real neste ano. É o meio escolhido para o Newsbotster.

2008 vê surgir a aliança que desafi ará as ambições da Microsoft. Google e Amazon juntam forças para formar a Googlezon. Google fornece o Google Grid aliado a uma tecnologia de busca insuperável. Amazon fornece a máquina de recomendações sociais e sua gigantesca infra-estrutura comercial.

Juntos, eles utilizam os conhecimentos detalhados sobre a rede social de cada usuário, dados demográfi cos, interesses e hábitos de consumo para prover uma personalização total de conteúdo e de propagandas.

A Guerra das Notícias de 2010 é particularmente notável, pois nenhuma rede de notícias participa dela.

Googlezon fi nalmente dá um xeque-mate na Microsoft, oferecendo facilidades que a gigante do software não pode igualar. Utilizando um novo algoritmo, os computadores da Googlezon constroem novas matérias e artigos dinamicamente, pinçando sentenças e fatos de todas as fontes de conteúdo e recombinando-as. O computador escreve um novo texto para cada usuário.

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Em 2011, o dormente Quarto Poder desperta para tomar uma drástica decisão. A empresa The New York Times processa judicialmente a Google, alegando que os robôs que capturam fatos da companhia são uma violação à lei de direitos autorais.

O caso vai até a Suprema Corte [dos Estados Unidos] que, em 4 de agosto de 2011 dá ganho de causa à Googlezon.

No domingo, 9 de março de 2014, Googlezon lança o EPIC.

Bem-vindo ao nosso mundo.

EPIC signifi ca “Evolving Personalized Information Construct”, um sistema pelo qual nosso vasto e caótico universo de mídia é fi ltrado, ordenado e transmitido.

Todos contribuem agora – desde entradas de blog, até imagens de câmeras de telefones, passando por reportagens em vídeo e investigações completas. Muitas pessoas são pagas também – uma pequena fatia do imenso faturamento da Googlezon, proporcional à popularidade das contribuições de cada um.

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EPIC produz um pacote de conteúdo personalizado para cada usuário, utilizando suas escolhas, seus hábitos de consumo, seus interesses, seus dados demográfi cos, sua rede social – para moldar o produto.

Surge uma nova geração de editores-freelancer, pessoas que vendem sua habilidade de se conectar, fi ltrar e priorizar o conteúdo do EPIC.

Todos nós recebemos conteúdo de vários editores; EPIC nos permite mesclar e comparar suas escolhas sejam elas quais forem.

Na melhor das hipóteses, editado para os leitores mais capacitados, EPIC é um resumo do mundo – mais profundo, mais amplo e com mais nuances do que qualquer coisa antes disponível. Mas na pior das hipóteses, e para muita gente, EPIC é meramente uma coleção de curiosidades, em sua maioria inverídica, um conjunto de informações inteiramente estreito, superfi cial e sensacionalista. Mas EPIC é o que queríamos, é o que escolhemos. E seu sucesso comercial abafou quaisquer discussões sobre mídia e democracia, ou ética jornalística.

Hoje, em 2014, The New York Times deixou de estar on-line, num débil protesto contra a hegemonia da Googlezon, o Times se tornou um jornal exclusivamente impresso destinado apenas à elite e aos mais velhos.

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Informações complementares:

TiVo (principal equipamento da categoria DVR – Digital Video Recorder) – Equipamento lançado em 1999 que, ao acoplar um disco rígido à caixa de sintonia de tv a cabo, permite ao usuário arquivar programas de TV de seu interesse em formato digital. Possui um aplicativo que permite a gravação de programas selecionados e também identifi ca programas com conteúdo que possam interessar ao usuário.

Friendster – Ferramenta de relacionamento social lançada em 2002 que permite que cada usuário cadastrado crie seu perfi l e tenha uma galeria na qual estão amigos que possuem cadastros no site. No início de 2005 o site adicionou um serviço de blogs para seus usuários, assim como um álbum de fotos.

http://www.tivo.com

http://www.friendster.com

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Newsbot – Serviço lançado pela Microsoft em 2004 que pesquisa cerca 4.800 fontes na internet para descobrir que notícias ou imagens são mais populares e relevantes. O aplicativo disponibiliza uma lista de links para os sites que publicaram as histórias. Google News e Yahho! News funcionam de forma semelhante.

A9 – Ferramenta de busca lançada em 2004 pela loja on-line Amazon.com que agrega diversas tecnologias e categorias de busca. Se o usuário for cadastrado no site, a busca incluirá um histórico de pesquisas feitas e outros serviços como leitura de trechos de livros sobre o assunto pesquisado.

http://newsbot.msnbc.com

http://www.a9.com

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