pilares - dimensionamento

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Apostila de dimensionamento de pilares para o cálculo estrutural na Engenharia Civil

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA UNESP - Campus de Bauru/SP

    FACULDADE DE ENGENHARIA Departamento de Engenharia Civil

    Disciplina: 2323 - ESTRUTURAS DE CONCRETO II

    NOTAS DE AULA

    PILARES DE CONCRETO ARMADO

    Prof. Dr. PAULO SRGIO DOS SANTOS BASTOS (wwwp.feb.unesp.br/pbastos)

    Bauru/SP

    Agosto/2015

  • APRESENTAO

    Esta apostila tem o objetivo de servir como notas de aula na disciplina

    2323 Estruturas de Concreto II, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da Universidade Estadual Paulista UNESP, Campus de Bauru/SP.

    O texto apresenta parte das prescries contidas na NBR 6118/2014 (Projeto de estruturas de concreto Procedimento verso corrigida) para o dimensionamento de pilares de Concreto Armado. O dimensionamento dos pilares feito com base nos mtodos do pilar padro com curvatura e rigidez

    aproximadas. Outros mtodos constantes da norma no so apresentados, e so estudados os pilares de

    seo retangular e somente os de ns fixos (contraventados), com ndice de esbeltez at 90.

    A apresentao do dimensionamento dos pilares feita em funo da classificao que os

    individualiza em pilares intermedirios, de extremidade e de canto. Vrios exemplos numricos esto

    apresentados para cada um deles.

    O item 2 (Cobrimento da Armadura) no especfico dos pilares, porm, foi inserido no texto

    porque muito importante no projeto, e contm alteraes em relao verso anterior da norma (2003).

    No item 4 (Conceitos Iniciais) so apresentadas algumas informaes bsicas iniciais e os conceitos

    relativos ao chamado Pilar Padro, cujo modelo utilizado pela NBR 6118 para a determinao aproximada do momento fletor de segunda ordem. Por ltimo so apresentados exemplos numricos de

    dimensionamento de pilares de um edifcio baixo e com planta de frma simples.

    O autor agradece aos estudantes que colaboraram no estudo dos pilares, Antonio Carlos de Souza

    Jr., Caio Gorla Nogueira, Joo Paulo Pila DAloia, Rodrigo Fernando Martins e ao tcnico derson dos Santos Martins, pela confeco de desenhos.

    Crticas e sugestes so bem-vindas.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ........................................................................................................................... 1 2 AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE ......................................................................................... 1 3 QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO ............................................................... 1 4 ESPESSURA DO COBRIMENTO DA ARMADURA .............................................................. 2 5 CONCEITOS INICIAIS .............................................................................................................. 4

    5.1 Solicitaes Normais ........................................................................................................... 4 5.2 Flambagem .......................................................................................................................... 4 5.3 No-linearidade Fsica e Geomtrica .................................................................................. 5 5.4 Equao da Curvatura de Elementos Fletidos ..................................................................... 6 5.5 Compresso Axial ............................................................................................................... 8 5.6 Pilar-Padro ......................................................................................................................... 9

    6 NOES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS ............................................... 11 6.1 Estruturas de Ns Fixos e Mveis ..................................................................................... 12 6.2 Elementos Isolados ............................................................................................................ 14

    7 EXCENTRICIDADES .............................................................................................................. 14 7.1 Excentricidade de 1a Ordem .............................................................................................. 14 7.2 Excentricidade Acidental................................................................................................... 14 7.3 Excentricidade de 2a Ordem .............................................................................................. 15 7.4 Excentricidade Devida Fluncia ..................................................................................... 16

    8 NDICE DE ESBELTEZ ........................................................................................................... 17 9 DETERMINAO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2a ORDEM ................................................ 19

    9.1 Mtodo do Pilar-Padro com Curvatura Aproximada ....................................................... 19 9.2 Mtodo do Pilar-Padro com Rigidez Aproximada ....................................................... 21

    10 SITUAES BSICAS DE PROJETO ............................................................................... 22 10.1 Pilar Intermedirio ......................................................................................................... 22 10.2 Pilar de Extremidade ..................................................................................................... 23 10.3 Pilar de Canto ................................................................................................................ 24

    11 DETERMINAO DA SEO SOB O MXIMO MOMENTO FLETOR ...................... 25 12 SITUAES DE PROJETO E DE CLCULO ................................................................... 26

    12.1 Pilar Intermedirio ......................................................................................................... 27 12.2 Pilar de Extremidade ..................................................................................................... 27 12.3 Pilar de Canto ................................................................................................................ 28

    13 CLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL COM AUXLIO DE BACOS ........... 29 13.1 Flexo Composta Normal .............................................................................................. 29 13.2 Flexo Composta Oblqua ............................................................................................. 30

    14 RELAO ENTRE A DIMENSO MNIMA E O COEFICIENTE DE PONDERAO31 15 CLCULO DOS PILARES INTERMEDIRIOS ............................................................... 32

    15.1 Roteiro de Clculo ......................................................................................................... 32 15.2 Exemplos Numricos..................................................................................................... 33

    15.2.1 Exemplo 1 .................................................................................................................. 33 15.2.2 Exemplo 2 .................................................................................................................. 37

    16 CLCULO DOS PILARES DE EXTREMIDADE .............................................................. 40 16.1 Roteiro de Clculo ......................................................................................................... 40 16.2 Exemplos Numricos..................................................................................................... 41

    16.2.1 Exemplo 1 .................................................................................................................. 41 16.2.2 Exemplo 2 .................................................................................................................. 46 16.2.3 Exemplo 3 .................................................................................................................. 51 16.2.4 Exemplo 4 .................................................................................................................. 54

    17 CLCULO DOS PILARES DE CANTO ............................................................................. 58

  • 17.1 Roteiro de Clculo ......................................................................................................... 58 17.2 Exemplos Numricos..................................................................................................... 58

    17.2.1 Exemplo 1 .................................................................................................................. 59 17.2.2 Exemplo 2 .................................................................................................................. 62 17.2.3 Exemplo 3 .................................................................................................................. 66

    18 DISPOSIES CONSTRUTIVAS ...................................................................................... 70 18.1 Armadura Longitudinal de Pilares ................................................................................. 71

    18.1.1 Dimetro Mnimo ...................................................................................................... 71 18.1.2 Distribuio Transversal ............................................................................................ 71 18.1.3 Armadura Mnima e Mxima..................................................................................... 71 18.1.4 Detalhamento da Armadura ....................................................................................... 72 18.1.5 Proteo contra Flambagem ....................................................................................... 72

    18.2 Armadura Transversal de Pilares ................................................................................... 73 18.3 Pilares-Parede ................................................................................................................ 74

    19 ESTIMATIVA DA CARGA VERTICAL NO PILAR POR REA DE INFLUNCIA ..... 74 20 PR-DIMENSIONAMENTO DA SEO TRANSVERSAL DO PILAR ......................... 75 21 DIMENSIONAMENTO DE PILARES DE UMA EDIFICAO DE BAIXA ALTURA . 76

    21.1 Pilar Intermedirio P8.................................................................................................... 78 21.2 Pilar de Extremidade P5 ................................................................................................ 83 21.3 Pilar de Extremidade P6 ................................................................................................ 89 21.4 Pilar de Canto P1 ........................................................................................................... 93

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    1

    1 INTRODUO

    Pilares so Elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as foras normais de compresso so preponderantes. (NBR 6118/20141, item 14.4.1.2).

    Pilares-parede so Elementos de superfcie plana ou casca cilndrica, usualmente dispostos na vertical e submetidos preponderantemente compresso. Podem ser compostos por uma ou mais

    superfcies associadas. Para que se tenha um pilar-parede, em alguma dessas superfcies a menor

    dimenso deve ser menor que 1/5 da maior, ambas consideradas na seo transversal do elemento

    estrutural. (item 14.4.2.4). O dimensionamento dos pilares feito em funo dos esforos externos solicitantes de clculo, que

    compreendem as foras normais (Nd), os momentos fletores (Mdx e Mdy) e as foras cortantes (Vdx e Vdy) no

    caso de ao horizontal.

    A NBR 6118, na verso de 2003, fez modificaes em algumas das metodologias de clculo das

    estruturas de Concreto Armado, como tambm em alguns parmetros aplicados no dimensionamento e

    verificao das estruturas. Especial ateno dada questo da durabilidade das peas de concreto.

    Particularmente no caso dos pilares, a norma introduziu vrias modificaes, como no valor da

    excentricidade acidental, um maior cobrimento de concreto, uma nova metodologia para o clculo da

    esbeltez limite relativa considerao ou no dos momentos fletores de 2a ordem e, principalmente, com a

    considerao de um momento fletor mnimo, que pode substituir o momento fletor devido excentricidade

    acidental. A verso de 2014 mantm essas prescries, e introduziu que a verificao do momento fletor

    mnimo pode ser feita comparando uma envoltria resistente, que englobe a envoltria mnima com 2

    ordem.

    No item 17.2.5 (Processo aproximado para o dimensionamento flexo composta oblqua) a NBR 6118 apresenta um mtodo simplificado para o projeto de pilares sob flexo composta normal e

    oblqua, que no ser apresentado neste texto.

    Os trs itens seguintes (2,3 e 4) foram inseridos no texto porque so muito importantes no projeto

    de estruturas de concreto, especialmente o cobrimento da armadura pelo concreto.

    2 AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE

    Segundo a NBR 6118 (item 6.4.1), A agressividade do meio ambiente est relacionada s aes fsicas e qumicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das aes mecnicas,

    das variaes volumtricas de origem trmica, da retrao hidrulica e outras previstas no

    dimensionamento das estruturas. Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo

    com o apresentado na Tabela 1 e pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condies de exposio

    da estrutura ou de suas partes (item 6.4.2).

    Conhecendo o ambiente em que a estrutura ser construda, o projetista estrutural pode considerar

    uma condio de agressividade maior que aquelas mostradas na Tabela 1.

    3 QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO

    Conforme a NBR 6118 (item 7.4), a ... durabilidade das estruturas altamente dependente das caractersticas do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura.

    Ensaios comprobatrios de desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e classe de agressividade prevista em projeto devem estabelecer os parmetros mnimos a serem atendidos. Na falta

    destes e devido existncia de uma forte correspondncia entre a relao gua/cimento e a resistncia

    compresso do concreto e sua durabilidade, permite-se que sejam adotados os requisitos mnimos

    expressos na Tabela 2. O concreto utilizado deve cumprir com os requisitos contidos na NBR 12655 e diversas outras

    normas (item 7.4.3). Para parmetros relativos ao Concreto Protendido consultar a Tabela 7.1 da NBR

    6118.

    1 ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. Projeto de estruturas de concreto Procedimento, NBR 6118. ABNT, 2014, 238p.

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    2

    Tabela 1 Classes de agressividade ambiental CAA. (Tabela 6.1 da NBR 6118).

    Classe de

    agressividade

    Ambiental

    Agressividade

    Classificao geral do

    tipo de ambiente

    para efeito de Projeto

    Risco de deteriorao da

    estrutura

    I Fraca Rural

    Insignificante Submersa

    II Moderada Urbana1, 2 Pequeno

    III Forte Marinha1

    Grande Industrial1, 2

    IV Muito forte Industrial1, 3

    Elevado Respingos de mar

    NOTAS: 1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (uma classe

    acima) para ambientes internos secos (salas, dormitrios, banheiros, cozinhas e reas de servio de

    apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com

    argamassa e pintura).

    2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) em obras em regies

    de clima seco, com umidade mdia relativa do ar menor ou igual a 65 %, partes da estrutura

    protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos ou regies onde raramente chove.

    3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em

    indstrias de celulose e papel, armazns de fertilizantes, indstrias qumicas.

    Tabela 2 Correspondncia entre classe de agressividade ambiental e qualidade do Concreto Armado. (Tabela 7.1 da NBR 6118).

    Concreto Classe de agressividade ambiental (CAA)

    I II III IV

    Relao

    gua/cimento

    em massa

    0,65 0,60 0,55 0,45

    Classe de concreto

    (NBR 8953) C20 C25 C30 C40

    4 ESPESSURA DO COBRIMENTO DA ARMADURA

    Define-se cobrimento de armadura a espessura da camada de concreto responsvel pela proteo

    da armadura num elemento. Essa camada inicia-se a partir da face mais externa da barra de ao e se

    estende at a superfcie externa do elemento em contato com o meio ambiente. Em vigas e pilares comum

    a espessura do cobrimento iniciar na face externa dos estribos da armadura transversal, como mostrado na

    Figura 1.

    nom

    nom

    Estribo

    C

    C

    Figura 1 Espessura do cobrimento da armadura pelo concreto.

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    3

    A NBR 6118 (item 7.4.7.1) define o cobrimento mnimo da armadura como o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado.

    Para garantir o cobrimento mnimo (cmn), o projeto e a execuo devem considerar o cobrimento

    nominal (cnom), que o cobrimento mnimo acrescido da tolerncia de execuo (c). As dimenses das armaduras e os espaadores devem respeitar os cobrimentos nominais.

    ccc mnnom Eq. 1

    Nas obras correntes o valor de c deve ser maior ou igual a 10 mm. Esse valor pode ser reduzido para 5 mm quando houver um controle adequado de qualidade e limites rgidos de tolerncia da variabilidade das medidas durante a execuo das estruturas de concreto, informado nos desenhos de projeto.

    A Tabela 3 (NBR 6118, item 7.4.7.2) apresenta valores de cobrimento nominal com tolerncia de

    execuo (c) de 10 mm, em funo da classe de agressividade ambiental.

    Tabela 3 Correspondncia entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal

    para c = 10 mm (Tabela 7.2 da NBR 6118).

    Tipo de

    estrutura

    Componente ou

    elemento

    Classe de agressividade ambiental (CAA)

    I II III IV2

    Cobrimento nominal (mm)

    Concreto

    Armado4

    Laje1 20 25 35 45

    Viga/Pilar 25 30 40 50

    Elementos estruturais

    em contato com o

    solo3 30 40 50

    Notas: 1) Para a face superior de lajes e vigas que sero revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento, como

    pisos de elevado desempenho, pisos cermicos, pisos asflticos e outros tantos, as exigncias desta tabela

    podem ser substitudas pelas de 7.4.7.5, respeitado um cobrimento nominal 15 mm. 2) Nas superfcies expostas a ambientes agressivos, como reservatrios, estaes de tratamento de gua e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes qumica e intensamente

    agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da classe de agressividade IV. 3) No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundao, a armadura deve ter

    cobrimento nominal 45 mm. 4) Para parmetros relativos ao Concreto Protendido consultar a Tabela 7.2 da NBR 6118. No caso de elementos estruturais pr-fabricados, os valores relativos ao cobrimento das armaduras (Tabela 7.2)

    devem seguir o disposto na ABNT NBR 9062.2 (item 7.4.7.7).

    Para concretos de classe de resistncia superior ao mnimo exigido, os cobrimentos definidos na

    Tabela 3 podem ser reduzidos em at 5 mm.

    A NBR 6118 (itens 7.4.7.5 e 7.4.7.6) ainda estabelece que o cobrimento nominal de uma

    determinada barra deve sempre ser:

    nc

    c

    nfeixenom

    barranom

    Eq. 2

    A dimenso mxima caracterstica do agregado grado (dmx) utilizado no concreto no pode

    superar em 20 % a espessura nominal do cobrimento, ou seja:

    nommx c2,1d Eq. 3

    2 ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. Projeto e execuo de estruturas de concreto pr-moldado. NBR

    9062, ABNT, 2001, 36p.

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    4

    5 CONCEITOS INICIAIS

    5.1 Solicitaes Normais

    Os pilares podem estar submetidos a foras normais e momentos fletores, gerando os seguintes

    casos de solicitao:

    a) Compresso Simples

    A compresso simples tambm chamada compresso centrada ou compresso uniforme. A

    aplicao da fora normal Nd no centro geomtrico (CG) da seo transversal do pilar, cujas tenses na

    seo transversal so uniformes (Figura 2).

    CG

    N N

    N

    d d

    d

    Figura 2 Solicitao de compresso simples ou uniforme.

    b) Flexo Composta

    Na flexo composta ocorre a atuao conjunta de fora normal e momento fletor sobre o pilar. H

    dois casos:

    - Flexo Composta Normal (ou Reta): existe a fora normal e um momento fletor em uma direo,

    tal que Mdx = e1x . Nd (Figura 3a);

    - Flexo Composta Oblqua: existe a fora normal e dois momentos fletores, relativos s duas

    direes principais do pilar, tal que M1d,x = e1x . Nd e M1d,y = e1y . Nd (Figura 3b).

    ex x

    y y

    N

    N

    d

    d

    e1x 1xe

    e1y

    a) normal; b) oblqua.

    Figura 3 Tipos de flexo composta.

    5.2 Flambagem

    Flambagem pode ser definida como o deslocamento lateral na direo de maior esbeltez, com fora menor do que a de ruptura do material ou como a instabilidade de peas esbeltas comprimidas. A

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    5

    runa por efeito de flambagem repentina e violenta, mesmo que no ocorram acrscimos bruscos nas

    aes aplicadas.

    Uma barra comprimida feita por alguns tipos de materiais pode resistir a cargas substancialmente

    superiores carga crtica (Ncrt), o que significa que a flambagem no corresponde a um estado-limite

    ltimo. No entanto, para uma barra comprimida de Concreto Armado, a flambagem caracteriza um estado-

    limite ltimo.

    5.3 No-linearidade Fsica e Geomtrica

    No dimensionamento de alguns elementos estruturais, especialmente os pilares, importante

    considerar duas linearidades que ocorrem, uma relativa ao material concreto e outra relativa geometria do

    pilar.

    a) no-linearidade fsica

    Quando o material no obedece Lei de Hooke, como materiais com diagramas x mostrados na Figura 4b e Figura 4c. A Figura 4a e a Figura 4d mostram materiais onde h linearidade fsica.

    O concreto simples apresenta comportamento elastoplstico em ensaios de compresso simples,

    com um trecho inicial linear at aproximadamente 0,3fc .

    = E(HOOKE)

    a) elstico linear

    CARGA

    DESCARGA

    RUPTURA

    b) elstico no-linear

    CARGA

    RUPTURA

    DESC

    AR

    GA

    (CONCRETO)

    c) elastoplstico

    d) elastoplstico ideal

    Figura 4 Diagramas x de alguns materiais.

    b) no-linearidade geomtrica

    Ocorre quando as deformaes provocam esforos adicionais que precisam ser considerados no

    clculo, gerando os chamados esforos de segunda ordem, como o momento fletor M = F . a (Figura 5).

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    6

    F

    a) posio inicial

    y

    F

    r

    a

    y

    x

    b) posio final

    Figura 5 No-linearidade geomtrica originando esforos de segunda ordem.

    5.4 Equao da Curvatura de Elementos Fletidos

    O deslocamento local de 2a ordem aquele que ocorre em um lance3 do pilar, como os

    deslocamentos horizontais da barra indicada na Figura 5b. A NBR 6118 comumente usa os termos efeitos locais de 2a ordem, onde, entre outros, o principal efeito o momento fletor de segunda ordem (M2), gerado a partir do deslocamento lateral da barra, igual a F . a no caso da barra da Figura 5b.

    A determinao dos efeitos locais de 2a ordem em barras comprimidas pode ser feita por mtodos

    aproximados, entre eles o do pilar-padro com curvatura aproximada, como preconizado na NBR 6118

    (item 15.8.3.3.2). Com o intuito de subsidiar o entendimento do pilar-padro, apresentado adiante, e da

    expresso para clculo do momento fletor de 2a ordem, apresenta-se agora a equao da curvatura de

    elementos fletidos.4

    Considerando a Lei de Hooke ( = E . ), a equao da curvatura de peas fletidas, como aquela mostrada na Figura 6, tem a seguinte deduo:

    dx

    dx

    Edx

    dx

    Eq. 4

    Aplicando yI

    M na Eq. 4 fica:

    yIE

    M

    dx

    dx

    dx

    IE

    M

    y

    dx

    O comprimento dx pode ser escrito: dx = r d

    dxIE

    M

    y

    dx

    r

    dxd

    Eq. 5

    3 Lance a parte (comprimento) de um pilar relativa ao trecho entre dois pavimentos de uma edificao. 4 A equao da curvatura geralmente estudada na disciplina Resistncia dos Materiais.

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    7

    Rearranjando os termos da Eq. 5 chega-se a equao da curvatura:

    IE

    M

    r

    1

    dx

    d

    Eq. 6

    x

    v

    y > 0

    d

    dx

    dx + dx

    1

    2

    r

    Figura 6 Curvatura de uma pea fletida.

    Do clculo diferencial tem-se a expresso exata da curvatura (linha elstica):

    2/32

    2

    2

    dx

    dy1

    dx

    yd

    r

    1

    Eq. 7

    Para pequenos deslocamentos (pequena inclinao) tem-se

    2

    dx

    dy

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    8

    s

    1

    2 c

    1/r

    hd

    Figura 7 Relao entre as deformaes nos materiais e a curvatura.

    Para o Concreto Armado a Eq. 10 torna-se:

    dr

    1 cs Eq. 11

    com: s = deformao na armadura tracionada;

    c = deformao no concreto comprimido; d = altura til da pea.

    A NBR 6118 aplica esta equao no clculo do momento fletor de 2a ordem (M2), com as

    deformaes s e c substitudas por valores numricos (ver Eq. 19).

    5.5 Compresso Axial

    Este item apresenta a deduo da equao simplificada da curvatura de uma barra comprimida (Eq.

    16), necessria ao dimensionamento de pilares.

    Considere a barra comprimida como mostrada na Figura 8. Como definida na Eq. 8, a equao

    simplificada da curvatura :

    2

    2

    dx

    yd

    r

    1

    y

    F

    r

    a

    y

    x

    Figura 8 Curvatura de uma barra comprimida engastada na base e livre no topo.

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    9

    O momento fletor externo solicitante Mext = F . y. Considerando a Eq. 9 (IE

    M

    dx

    yd2

    2

    ), com

    material elstico linear, e fazendo o equilbrio entre o momento fletor externo e o momento fletor interno

    (Mext = Mint) tem-se:

    ykyIE

    F

    dx

    yd 22

    2

    0ykdx

    yd 22

    2

    com k2 = F/EI.

    A soluo geral para a equao diferencial tem a forma:

    y = C1 sen k x + C2 cos k x Eq. 12

    As condies de contorno para definio das constantes C1 e C2 so:

    a) para x = 0 y = 0 C1 . 0 + C2 . 1 = 0 C2 = 0

    A Eq. 12 simplifica-se para:

    y = C1 sen k x Eq. 13

    b) para x = 0dx

    dy

    0kcosCkxkcosCkdx

    dy1x1

    x

    Eq. 14

    Para barra fletida, a constante C1 na Eq. 14 deve ser diferente de zero, o que leva a:

    cos k = 0 k = /2 k = /2

    A Eq. 13 toma a forma:

    x2

    senCy 1

    Eq. 15

    Para x = , o deslocamento y igual ao valor a (ver Figura 8). Portanto, aplicando a Eq. 15:

    a2

    senCy 1

    , donde resulta que C1 = a.

    Sendo 2 = e (e = comprimento de flambagem) e com a determinao da constante C1 , define-se a equao simplificada para a curvatura da barra comprimida:

    e

    xsenay

    Eq. 16

    5.6 Pilar-Padro

    O pilar-padro uma simplificao do chamado Mtodo Geral5, o qual Consiste na anlise no linear de 2a ordem efetuada com discretizao adequada da barra, considerao da relao momento-

    curvatura real em cada seo e considerao da no linearidade geomtrica de maneira no aproximada.

    O mtodo geral obrigatrio para > 140. (NBR 6118, 15.8.3.2).

    5 O Mtodo Geral no geralmente estudado em profundidade em curso de graduao.

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    10

    O pilar-padro uma barra engastada na base e livre no topo, com uma curvatura conhecida

    (Figura 9). importante salientar que o mtodo do pilar-padro aplicvel somente a pilares de seo

    transversal constante e armadura constante em todo o comprimento do pilar.

    A verificao da segurana feita arbitrando-se deformaes c e s tais que no ocorra o estado limite ltimo de ruptura ou alongamento plstico excessivo na seo mais solicitada da pea. (FUSCO, 1981).

    x

    y

    Nd

    e2

    Figura 9 Pilar-padro.

    Como simplificao a linha elstica pode ser tomada pela funo senoidal definida na Eq. 16, onde

    a considerada igual a e2 (deformao de 2a ordem), conforme mostrado na Figura 9:

    e2

    xseney

    A primeira e a segunda derivada da equao fornecem:

    xcosedx

    dy

    ee2

    yx

    senedx

    yd2

    e

    2

    e2

    2

    e2

    2

    Considerando a Eq. 8 (2

    2

    dx

    yd

    r

    1 ), da segunda derivada surge o valor para y em funo da curvatura

    1/r:

    r

    1y

    dx

    yd2

    e

    2

    2

    2

    r

    1y

    2

    2e

    Tomando y como o mximo deslocamento e2 tem-se:

    r

    1e

    2

    2e

    2

    Com 2 10 e sendo 1/r relativo seo crtica (base), o deslocamento no topo da barra :

    base

    2e

    2r

    1

    10e

    Eq. 17

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    11

    O deslocamento mximo e2 chamado excentricidade de 2a ordem e ser considerado no dimensionamento dos pilares, como se ver adiante. Devido excentricidade local e2 surge o momento

    fletor de segunda ordem:

    M2d = Nd . e2 =base

    2e

    dr

    1

    10N

    Eq. 18

    Tomando a Eq. 11, o ao CA-50, s = 1,15 e c = 3,5 = 0,0035, pode-se determinar o valor da curvatura 1/r na base (seo crtica) do pilar-padro:

    dr

    1 cs =

    d

    00557,0

    d

    0035,000207,0

    d

    0035,021000

    15,1/50

    d

    0035,0E

    f

    s

    yd

    A NBR 6118 (item 15.8.3.3.2) toma uma expresso aproximada para a curvatura na base, como:

    h005,0

    5,0h

    005,0

    r

    1

    Eq. 19

    com (ni) sendo um valor adimensional relativo fora normal (Nd):

    cdc

    d

    fA

    N Eq. 20

    onde: h = altura da seo na direo considerada;

    Ac = rea da seo transversal;

    fcd = resistncia de clculo do concreto compresso (fck/c).

    Aplicando a Eq. 19 na Eq. 18 tem-se o mximo momento fletor de segunda ordem local, a ser

    aplicado no dimensionamento de pilares pelo mtodo do pilar-padro com curvatura aproximada:

    5,0h

    005,0

    10NM

    2e

    dd2

    Eq. 21

    6 NOES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

    Os edifcios devem ser projetados de modo a apresentarem a necessria estabilidade s aes

    verticais e horizontais, ou seja, devem apresentar a chamada estabilidade global. Os pilares so os elementos destinados estabilidade vertical, porm, necessrio projetar outros elementos mais rgidos

    que, alm de tambm transmitirem as aes verticais, devero garantir a estabilidade horizontal do edifcio

    ao do vento e de sismos (quando existirem). Ao mesmo tempo, so esses elementos mais rgidos que

    garantiro a indeslocabilidade dos ns dos pilares menos rgidos.

    Com essas premissas classificam-se os elementos verticais dos edifcios em elementos de

    contraventamento e elementos (pilares) contraventados.

    Define-se o sistema de contraventamento como o conjunto de elementos que proporcionaro a estabilidade horizontal do edifcio e a indeslocabilidade ou quase-indeslocabilidade dos pilares

    contraventados, que so aqueles que no fazem parte do sistema de contraventamento. A NBR 6118 (item 15.4.3) diz que, Por convenincia de anlise, possvel identificar, dentro da estrutura, subestruturas que, devido sua grande rigidez a aes horizontais, resistem maior parte dos esforos decorrentes

    dessas aes. Essas subestruturas so chamadas subestruturas de contraventamento. Os elementos que

    no participam da subestrutura de contraventamento so chamados elementos contraventados. Os elementos de contraventamento so constitudos por pilares de grandes dimenses (pilares-

    parede ou simplesmente paredes estruturais), por trelias ou prticos de grande rigidez, ncleos de rigidez,

    etc., como mostrados na Figura 10.

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    12

    As lajes dos diversos pavimentos do edifcio tambm podem participar da estabilidade horizontal,

    ao atuarem como elementos de rigidez infinita no prprio plano (o que se chama diafragma rgido),

    fazendo a ligao entre elementos de contraventamento formados por prticos, por exemplo.

    Segundo SSSEKIND (1984, p. 175), Toda estrutura, independentemente do nmero de andares e das dimenses em planta, deve ter seu sistema de contraventamento estudado e adequadamente

    dimensionado.

    Pilares ou Elementos de Contraventamentos

    Pilares Contraventados

    Figura 10 Pilares contraventados e elementos de contraventamento (FUSCO, 1981).

    6.1 Estruturas de Ns Fixos e Mveis

    No item 15.4.2 a NBR 6118 define o que so, para efeito de clculo, estruturas de ns fixos e de

    ns mveis. A Figura 12 e a Figura 13 ilustram os tipos.

    a) Estruturas de ns fixos

    So aquelas quando os deslocamentos horizontais dos ns so pequenos e, por decorrncia, os efeitos globais de 2a ordem so desprezveis (inferiores a 10 % dos respectivos esforos de 1a ordem),

    Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais e localizados de 2a ordem. No item 15.4.1 a NBR 6118 apresenta definies de efeitos globais, locais e localizados de 2a

    ordem: Sob a ao das cargas verticais e horizontais, os ns da estrutura deslocam-se horizontalmente. Os esforos de 2a ordem decorrentes desses deslocamentos so chamados efeitos globais de 2a ordem. Nas

    barras da estrutura, como um lance de pilar, os respectivos eixos no se mantm retilneos, surgindo a

    efeitos locais de 2a ordem que, em princpio, afetam principalmente os esforos solicitantes ao longo delas.

    Em pilares-parede (simples ou compostos) pode-se ter uma regio que apresenta no retilinidade

    maior do que a do eixo do pilar como um todo. Nessas regies surgem efeitos de 2a ordem maiores,

    chamados de efeitos de 2a ordem localizados (ver Figura 15.3). O efeito de 2a ordem localizado, alm de

    aumentar nessa regio a flexo longitudinal, aumenta tambm a flexo transversal, havendo a necessidade

    de aumentar a armadura transversal nessas regies. (ver Figura 11).

    Figura 11 Efeitos de 2a ordem localizados (NBR 6118).

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    13

    b) Estruturas de ns mveis

    So aquelas onde os deslocamentos horizontais no so pequenos e, em decorrncia, os efeitos globais de 2a ordem so importantes (superiores a 10 % dos respectivos esforos de 1a ordem). Nessas

    estruturas devem ser considerados tanto os esforos de 2a ordem globais como os locais e localizados. As subestruturas de contraventamento podem ser de ns fixos ou de ns mveis, de acordo com as

    definies acima (Figura 12).

    Para verificar se a estrutura est sujeita ou no a esforos globais de 2a ordem, ou seja, se a

    estrutura pode ser considerada como de ns fixos, lana-se mo do clculo do parmetro de instabilidade

    (NBR 6118, item 15.5.2) ou do coeficiente z (item 15.5.3). Esses coeficientes sero estudados na disciplina Estruturas de Concreto IV.

    Para mais informaes sobre a estabilidade global dos edifcios devem ser consultados FUSCO

    (2000) e SSSEKIND (1984).

    Pilares

    Contraventados Elementos de Contraventamento

    ns mveis ns fixos

    Figura 12 Pilares contraventados e elementos de contraventamento (FUSCO, 1981).

    a) Estrutura deslocvel b) Estrutura indeslocvel

    Figura 13 Estruturas de ns fixos e mveis (FUSCO, 1981).

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    14

    6.2 Elementos Isolados

    A NBR 6118 (item 15.4.4) define que so considerados elementos isolados os seguintes:

    a) elementos estruturais isostticos;

    b) elementos contraventados;

    c) elementos que fazem parte de estruturas de contraventamento de ns fixos;

    d) elementos das subestruturas de contraventamento de ns mveis, desde que, aos esforos nas

    extremidades, obtidos em uma anlise de 1a ordem, sejam acrescentados os determinados por anlise

    global de 2a ordem. Nesta apostila so apresentados somente os chamados elementos (pilares) contraventados.

    7 EXCENTRICIDADES

    Neste item so apresentadas outras excentricidades alm da excentricidade de 2a ordem, que

    podem ocorrer no dimensionamento dos pilares: excentricidade de 1a ordem, excentricidade acidental e

    excentricidade devida fluncia.

    7.1 Excentricidade de 1a Ordem

    A excentricidade de 1a ordem (e1) devida possibilidade de ocorrncia de momentos fletores

    externos solicitantes, que podem ocorrer ao longo do comprimento do pilar, ou devido ao ponto terico de

    aplicao da fora normal no estar localizado no centro de gravidade da seo transversal, ou seja,

    existncia da excentricidade inicial a, como indicada na Figura 14.

    Considerando a fora normal N e o momento fletor M (independente de N), a Figura 14 mostra os

    casos possveis de excentricidade de 1a ordem.

    N suposta

    centrada e M = 0

    N suposta aplicada

    distncia a do CG,M = 0

    N suposta

    centrada

    N suposta aplicada

    distncia a do CG

    1e = aM

    e = 1e = a +1

    M

    1e = 0

    aa

    MM

    y y y y

    x x x x

    NN

    N

    N

    N

    N

    Figura 14 Casos de excentricidade de 1a ordem.

    7.2 Excentricidade Acidental

    No caso do dimensionamento ou verificao de um lance de pilar, dever ser considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilinidade do eixo do pilar [...]. Admite-se que, nos casos usuais de

    estruturas reticuladas, a considerao apenas da falta de retilinidade ao longo do lance de pilar seja

    suficiente. (NBR 6118, 11.3.3.4.2). A imperfeio geomtrica pode ser avaliada pelo ngulo 1 :

    H100

    11 Eq. 22

    com: H = altura do lance, em metro, conforme mostrado na Figura 15;

    1mn = 1/300 para estruturas reticuladas e imperfeies locais;

    mx1 = 1/200

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    15

    H

    pilar de

    contraventamentopilar

    contraventado

    Hi/2

    ea

    ea

    1

    1 1 1i

    elemento de

    travamento

    a) Elementos de travamento b) Falta de retilinidade c) Desaprumo do pilar

    (tracionado ou comprimido) no pilar

    Figura 15 Imperfeies geomtricas locais.

    A excentricidade acidental para um lance do pilar resulta do ngulo 1 :

    2

    He 1a Eq. 23

    7.3 Excentricidade de 2a Ordem

    A anlise global de 2a ordem fornece apenas os esforos nas extremidades das barras, devendo ser realizada uma anlise dos efeitos locais de 2a ordem ao longo dos eixos das barras comprimidas, de

    acordo com o prescrito em 15.8. Os elementos isolados, para fins de verificao local, devem ser

    formados pelas barras comprimidas retiradas da estrutura, com comprimento e , de acordo com o estabelecido em 15.6, porm aplicando-se s suas extremidades os esforos obtidos atravs da anlise

    global de 2a ordem. (NBR 6118, item 15.7.4). Conforme a NBR 6118 (15.8.2), Os esforos locais de 2a ordem em elementos isolados podem ser

    desprezados quando o ndice de esbeltez for menor que o valor-limite 1 [...]. O valor de 1 depende de diversos fatores, mas os preponderantes so:

    - a excentricidade relativa de 1a ordem e1 /h na extremidade do pilar onde ocorre o momento de 1a ordem

    de maior valor absoluto;

    - a vinculao dos extremos da coluna isolada;

    - a forma do diagrama de momentos de 1a ordem.

    O valor-limite 1 :

    b

    1

    1h

    e5,1225

    Eq. 24

    com: 35 1 90, onde: e1 = excentricidade de 1a ordem (no inclui a excentricidade acidental ea);

    h/e1 = excentricidade relativa de 1a ordem.

    No item 15.8.1 da NBR 6118 encontra-se que o pilar deve ser do tipo isolado, e de seo e

    armadura constantes ao longo do eixo longitudinal, submetidos flexo-compresso. Os pilares devem ter ndice de esbeltez menor ou igual a 200 ( 200). Apenas no caso de elementos pouco comprimidos com fora normal menor que 0,10fcd Ac , o ndice de esbeltez pode ser maior que 200. Para pilares com ndice

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    16

    de esbeltez superior a 140, na anlise dos efeitos locais de 2a ordem, devem-se multiplicar os esforos

    solicitantes finais de clculo por um coeficiente adicional n1 = 1 + [0,01( 140)/1,4].

    O valor de b deve ser obtido conforme estabelecido a seguir (NBR 6118, 15.8.2):

    a) para pilares biapoiados sem cargas transversais:

    4,0M

    M4,06,0

    A

    Bb Eq. 25

    sendo: 0,4 b 1,0

    MA e MB so os momentos de 1a ordem nos extremos do pilar, obtidos na anlise de 1a ordem no

    caso de estruturas de ns fixos e os momentos totais (1a ordem + 2a ordem global) no caso de estruturas

    de ns mveis. Deve ser adotado para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o

    sinal positivo, se tracionar a mesma face que MA , e negativo, em caso contrrio.

    b) para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura:

    1b

    c) para pilares em balano:

    85,0M

    M2,08,0

    A

    Cb Eq. 26

    sendo: 0,85 b 1,0, MA = momento de 1a ordem no engaste;

    MC = momento de 1a ordem no meio do pilar em balano.

    d) para pilares biapoiados ou em balano com momentos menores que o momento mnimo estabelecido em

    11.3.3.4.3:

    1b

    O fator b consta do ACI 318 (1995) com a notao Cm (item 10.12.3.1). Porm, ao contrrio da NBR 6118, que tambm considera a excentricidade relativa e1/h, tanto o ACI como o Eurocode 2 (1992) e

    o MC-90 (1990) do CEB, calculam a esbeltez limite em funo da razo entre os momentos fletores ou

    entre as excentricidades nas extremidades do pilar.

    7.4 Excentricidade Devida Fluncia

    A considerao da fluncia deve obrigatoriamente ser realizada em pilares com ndice de

    esbeltez > 90 e pode ser efetuada de maneira aproximada, considerando a excentricidade adicional ecc dada a seguir: (NBR 6118, 15.8.4)

    1718,2eN

    Me sge

    sg

    NN

    N

    asg

    sgcc Eq. 27

    2e

    ccie

    IE10N

    Eq. 28

    onde: ea = excentricidade devida a imperfeies locais;

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    17

    Msg e Nsg = esforos solicitantes devidos combinao quase permanente;

    = coeficiente de fluncia; Eci = mdulo de elasticidade tangente;

    Ic = momento de inrcia;

    e = comprimento de flambagem.

    8 NDICE DE ESBELTEZ

    O ndice de esbeltez a razo entre o comprimento de flambagem e o raio de girao, nas direes

    a serem consideradas (NBR 6118, 15.8.2):

    i

    e Eq. 29

    com o raio de girao sendo: A

    Ii

    Para seo retangular o ndice de esbeltez :

    h

    3,46 e Eq. 30

    onde: e = comprimento de flambagem; i = raio de girao da seo geomtrica da pea (seo transversal de concreto, no se

    considerando a presena de armadura);

    I = momento de inrcia;

    A = rea da seo;

    h = dimenso do pilar na direo considerada.

    O comprimento de flambagem de uma barra isolada depende das vinculaes na base e no topo,

    conforme os esquemas mostrados na Figura 16.

    EngasteA. Simples

    A. Simples

    A. Simples

    Engaste

    Engaste

    E. Elstico

    E. Elstico

    E. MvelLivre

    F FF

    F

    e = 0,7 Le = 0,5 L

    e 0,5 L < < L e = 2 L = Le

    F

    B

    A A

    B

    A

    B

    A

    B

    B

    A

    L

    Figura 16 Comprimento de flambagem.

    Em edifcios, a linha deformada dos pilares contraventados apresenta-se como mostrada na Figura

    17a. Uma simplificao pode ser feita como indicada na Figura 17b.

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    18

    1

    2

    FUNDAO

    1 TETO

    2 TETO

    n TETO

    n2 TETO

    1 TETO

    FUNDAO

    n

    n TETO

    () en

    2e

    23 1e

    2

    1

    a) situao real; b) situao simplificada.

    Figura 17 Situao real e simplificada de pilares contraventados de edifcios (SSSEKIND, 1984).

    Nas estruturas de ns fixos, o clculo pode ser realizado considerando cada elemento comprimido isoladamente, como barra vinculada nas extremidades aos demais elementos estruturais que

    ali concorrem, onde se aplicam os esforos obtidos pela anlise da estrutura efetuada segundo a teoria de

    1a ordem. (NBR 6118, 15.6).

    Assim, o comprimento equivalente (e), de flambagem, do elemento comprimido (pilar), suposto vinculado em ambas as extremidades, deve ser o menor dos seguintes valores:

    hoe Eq. 31

    com: o = distncia entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais, que vinculam o pilar (Figura 18);

    h = altura da seo transversal do pilar, medida no plano da estrutura em estudo;

    = distncia entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar est vinculado.

    h

    h+

    Figura 18 Valores de o e .

    Para casos de determinao do comprimento de flambagem mais complexos recomenda-se a

    leitura de SSSEKIND (1984, v.2).

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    19

    Em funo do ndice de esbeltez, os pilares podem ser classificados como:

    a) Pilar curto se 35;

    b) Pilar mdio se 35 < 90;

    c) Pilar medianamente esbelto se 90 < 140;

    d) Pilar esbelto se 140 < 200.

    Eq. 32

    Os pilares curtos e mdios representam a grande maioria dos pilares das edificaes. Os pilares

    medianamente esbeltos e esbeltos so bem menos frequentes.

    9 DETERMINAO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2a ORDEM

    De acordo com a NBR 6118 (15.8.3), o clculo dos efeitos locais de 2a ordem pode ser feito pelo

    Mtodo Geral ou por mtodos aproximados. O Mtodo Geral obrigatrio para elementos com > 140. A norma apresenta diferentes mtodos aproximados, sendo eles: mtodo do pilar-padro com

    curvatura aproximada (item 15.8.3.3.2), mtodo do pilar-padro com rigidez aproximada (15.8.3.3.3), mtodo do pilar-padro acoplado a diagramas M, N, 1/r (15.8.3.3.4) e mtodo do pilar-padro para

    pilares de seo retangular submetidos flexo composta oblqua (15.8.3.3.5). Sero agora apresentados

    os mtodos do pilar-padro com curvatura aproximada e com rigidez aproximada, que so simples de

    serem aplicados no dimensionamento. O pilar-padro foi apresentado no item 5.6.

    9.1 Mtodo do Pilar-Padro com Curvatura Aproximada

    Conforme a NBR 6118 (15.8.3.3.2), o mtodo pode ser empregado apenas no clculo de pilares com 90, com seo constante e armadura simtrica e constante ao longo de seu eixo. A no linearidade geomtrica considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformao da barra seja

    senoidal. A no linearidade fsica considerada atravs de uma expresso aproximada da curvatura na

    seo crtica. A equao senoidal para a linha elstica foi definida na Eq. 16, que define os valores para a

    deformao de 2a ordem (e2) ao longo da altura do pilar. A no linearidade fsica com a curvatura

    aproximada foi apresentada na Eq. 11 e na Eq. 19.

    O momento fletor total mximo no pilar deve ser calculado com a expresso:

    A,d1

    2e

    dA,d1btot,d Mr

    1

    10NMM

    Eq. 33

    onde: b = parmetro definido no item 7.3; Nd = fora normal solicitante de clculo;

    e = comprimento de flambagem. 1/r = curvatura na seo crtica, avaliada pela expresso aproximada (Eq. 19):

    h

    005,0

    )5,0(h

    005,0

    r

    1

    A fora normal adimensional () foi definida na Eq. 20:

    cdc

    d

    f.A

    N

    Embora o item 15.8.3.3.2 da verso de 2014 da NBR 6118, diferentemente da verso de 2003, no

    apresente diretamente, deve-se considerar que:

    M1d,A M1d,mn Md,tot M1d,mn

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    20

    com: M1d,A = valor de clculo de 1a ordem do momento MA , como definido no item 7.3;

    M1d,mn = momento fletor mnimo como definido a seguir;

    Ac = rea da seo transversal do pilar;

    fcd = resistncia de clculo compresso do concreto (fcd = fck /c); h = dimenso da seo transversal na direo considerada.

    Na verso de 2003, a NBR 6118 introduziu um parmetro novo no clculo dos pilares: o momento

    fletor mnimo, o qual consta no cdigo ACI 318 (1995) como equao 10-15 e: a esbeltez levada em considerao aumentando-se os momentos fletores nos extremos do pilar. Se os momentos atuantes no

    pilar so muito pequenos ou zero, o projeto de pilares esbeltos deve se basear sobre uma excentricidade

    mnima, dada pelo momento mnimo. Na verso de 2014 da NBR 6118 (11.3.3.4.3), como na verso de 2003, consta que o efeito das

    imperfeies locais nos pilares e pilares-parede pode ser substitudo, em estruturas reticuladas, pela

    considerao do momento mnimo de 1a ordem dado a seguir (item 11.3.3.4.3):

    )h03,0015,0(NM dmn,d1 Eq. 34

    com h sendo a altura total da seo transversal na direo considerada, em metro (m).

    A NBR 6118 ainda informa que ao se considerar o momento fletor mnimo pode-se desconsiderar

    a excentricidade acidental ou o efeito das imperfeies locais, e que ao momento mnimo devem ser

    acrescidos os momentos de 2a ordem.

    A rigor, o momento fletor total mximo deve ser calculado para cada direo principal do pilar. Ele

    leva em conta que, numa seo intermediria onde ocorre a excentricidade mxima de 2a ordem, o

    momento fletor mximo de 1a ordem seja corrigido pelo fator b. Isto semelhante ao que se encontra no

    item 7.5.4 de FUSCO (1981), com a diferena de que novos parmetros foram estabelecidos para b . Se o momento fletor de 1a ordem for nulo ou menor que o mnimo, ento o momento fletor mnimo, constante

    na altura do pilar, deve ser somado ao momento fletor de 2a ordem.

    Ainda no item 11.3.3.4.3 da NBR 6118: Para pilares de seo retangular, pode-se definir uma envoltria mnima de 1 ordem, tomada a favor da segurana, conforme mostrado na Figura 19.

    1M

    M

    M

    M2

    yy,mn,d1

    y,mn,d1

    2

    xx,mn,d1

    x,mn,d1

    Eq. 35

    M1d,mn,xx = Nd (0,015 + 0,03h)

    M1d,mn,yy = Nd (0,015 + 0,03b)

    sendo: M1d,mn,xx e M1d,mn,yy = componentes em flexo composta normal;

    M1d,mn,x e M1d,mn,y = componentes em flexo composta oblqua.

    Figura 19 Envoltria mnima de 1 ordem (NBR 6118).

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    21

    Neste caso, a verificao do momento mnimo pode ser considerada atendida quando, no dimensionamento adotado, obtm-se uma envoltria resistente que englobe a envoltria mnima de 1

    ordem. Quando houver a necessidade de calcular os efeitos locais de 2 ordem em alguma das direes do

    pilar, a verificao do momento mnimo deve considerar ainda a envoltria mnima com 2 ordem,

    conforme 15.3.2. No item 15.3.2 a norma reapresenta o diagrama da Figura 19, mas com a envoltria mnima

    acrescida dos efeitos da 2a ordem, e mostrando tambm a envoltria resistente (Figura 20). Para pilares de seo retangular, quando houver a necessidade de calcular os efeitos locais de 2 ordem, a verificao

    do momento mnimo pode ser considerada atendida quando, no dimensionamento adotado, obtm-se uma

    envoltria resistente que englobe a envoltria mnima com 2 ordem, cujos momentos totais so calculados

    a partir dos momentos mnimos de 1 ordem e de acordo com item 15.8.3. A considerao desta envoltria

    mnima pode ser realizada atravs de duas anlises flexo composta normal, calculadas de forma

    isolada e com momentos fletores mnimos de 1 ordem atuantes nos extremos do pilar, nas suas direes

    principais.

    Figura 20 Envoltria mnima com 2 ordem (NBR 6118).

    9.2 Mtodo do Pilar-Padro com Rigidez Aproximada

    Conforme a NBR 6118 (15.8.3.3.3), o mtodo pode ser empregado apenas no clculo de pilares com 90, com seo retangular constante e armadura simtrica e constante ao longo de seu eixo. A no linearidade geomtrica deve ser considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformao da

    barra seja senoidal. A no linearidade fsica deve ser considerada atravs de uma expresso aproximada

    da rigidez.

    O momento total mximo no pilar deve ser calculado a partir da majorao do momento de 1a

    ordem pela expresso:

    A,d12

    A,d1btot,Sd M

    /1201

    MM

    Eq. 36

    sendo o valor da rigidez adimensional dado aproximadamente pela expresso:

    d

    tot,Rdaprox

    N.h

    M5132 Eq. 37

    Em um processo de dimensionamento, toma-se MRd,tot = MSd,tot . Em um processo de verificao, onde a armadura conhecida, MRd,tot o momento resistente calculado com essa armadura e com Nd = NSd

    = NRd .

    As variveis h, , M1d,A e b so as mesmas definidas anteriormente. A varivel representa o

    ndice de esbeltez e o coeficiente adimensional relativo fora normal (Eq. 20).

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    22

    Substituindo a Eq. 37 na Eq. 36 obtm-se uma equao do 2o grau til para calcular diretamente o

    valor de MSd,tot , sem a necessidade de se fazer iteraes:

    0cMbMa tot,Sd2

    tot,Sd Eq. 38

    A,d1b2

    d

    A,d1b

    2ed

    d2

    MhNc

    Mh5320

    NNhb

    h5a

    Eq. 39

    a2

    ac4bbM

    2

    tot,Sd

    Eq. 40

    O clculo do momento fletor total pode ser feito aplicando as trs equaes acima (Eq. 38, Eq. 39 e

    Eq. 40), ou tambm com a equao do segundo grau (com Md,tot ao invs de MSd):

    0MNh3840M)M19200NhNh3840(M19200 A,d1dbtot,dA,d1bd2

    d2

    tot,d Eq. 41

    10 SITUAES BSICAS DE PROJETO

    Para efeito de projeto, os pilares dos edifcios podem ser classificados nos seguintes tipos: pilares

    intermedirios, pilares de extremidade e pilares de canto. A cada um desses tipos bsicos corresponde uma

    situao de projeto diferente.

    10.1 Pilar Intermedirio

    Nos pilares intermedirios (Figura 21) considera-se a compresso centrada na situao de projeto,

    pois como as lajes e vigas so contnuas sobre o pilar, pode-se admitir que os momentos fletores

    transmitidos ao pilar sejam pequenos e desprezveis. No existem, portanto, os momentos fletores MA e MB

    de 1a ordem nas extremidades do pilar, como descritos no item 7.3.

    y

    x

    Nd

    Figura 21 Arranjo estrutural e situao de projeto dos pilares intermedirios.

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    23

    10.2 Pilar de Extremidade

    Os pilares de extremidade, de modo geral, encontram-se posicionados nas bordas das edificaes,

    sendo tambm chamados pilares laterais ou de borda. O termo pilar de extremidade advm do fato do pilar ser extremo para uma viga, aquela que no tem continuidade sobre o pilar, como mostrado na Figura

    22. Na situao de projeto ocorre a flexo composta normal, decorrente da no continuidade da viga.

    Existem, portanto, os momentos fletores MA e MB de 1a ordem em uma direo do pilar, como descritos no

    item 7.3.

    O pilar de extremidade no ocorre necessariamente na borda da edificao, ou seja, pode ocorrer

    na zona interior de uma edificao, desde que uma viga no apresente continuidade no pilar.

    Nas sees de topo e base ocorrem excentricidades e1 de 1a ordem, na direo principal x ou y do

    pilar:

    d

    AA,1

    N

    Me e

    d

    BB,1

    N

    Me Eq. 42

    dN

    x

    y

    e1

    Figura 22 Arranjo estrutural e situao de projeto dos pilares de extremidade.

    Os momentos fletores MA e MB so devidos aos carregamentos verticais sobre as vigas, e obtidos

    calculando-se os pilares em conjunto com as vigas, formando prticos planos, ou, de uma maneira mais

    simples e que pode ser feita manualmente, com a aplicao das equaes j apresentadas em BASTOS

    (2015).6 Conforme a Figura 23, os momentos fletores, nos lances inferior e superior do pilar, so:

    vigasupinf

    infenginf

    rrr

    rMM

    Eq. 43

    vigasupinf

    supengsup

    rrr

    rMM

    Eq. 44

    6 BASTOS, P.S.S. Vigas de Concreto Armado. Disciplina 2123 Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista, jun/2015, 56p.

    http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm

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    24

    com: Meng = momento fletor de engastamento perfeito na ligao entre a viga e o pilar;

    r = I/ = ndice de rigidez relativa; I = momento de inrcia da seo transversal do pilar na direo considerada;

    = vo efetivo do tramo adjacente da viga ao pilar extremo, ou comprimento de flambagem do pilar.

    Na determinao dos momentos fletores de 1a ordem que ocorrem nos pilares de edifcios de

    pavimentos deve-se considerar a superposio dos efeitos das vigas dos diferentes nveis (Figura 23).

    Considerando-se por exemplo o lance (tramo) do pilar compreendido entre os pavimentos i e i + 1, os

    momentos fletores na base e no topo do lance so:

    1iinf,isup,base M5,0MM

    isup,1iinf,topo M5,0MM

    Eq. 45

    Se os pavimentos i e i + 1 forem pavimentos tipo, ou seja, idnticos, os momentos fletores na base

    e no topo sero iguais e:

    Msup,i = Minf,i+1

    Mbase = Mtopo = 1,5 Msup,i = 1,5 Minf,i+1

    Eq. 46

    + 12 MM

    inf

    tramo extremo

    sup,i-1

    + 12 Msup,i-1M inf,i nvel (i - 1)

    inf,i

    viga

    infM

    M

    12 M sup

    supM

    pilar de extremidade

    + 12 M

    + 12 MM sup,i

    M inf,i+1

    inf,i+1 nvel i

    sup,i nvel (i + 1)

    Figura 23 Momentos fletores nos pilares de extremidade provenientes da ligao com a

    viga no contnua sobre o pilar (FUSCO, 1981).

    Os exemplos numricos apresentados no item 21 mostram o clculo dos momentos fletores

    solicitantes por meio da Eq. 43 a Eq. 46.

    10.3 Pilar de Canto

    De modo geral, os pilares de canto encontram-se posicionados nos cantos dos edifcios, vindo da o

    nome, como mostrado na Figura 24. Na situao de projeto ocorre a flexo composta oblqua, decorrente

    da no continuidade das vigas apoiadas no pilar. Existem, portanto, os momentos fletores MA e MB de 1a

    ordem, nas suas duas direes do pilar, ou seja, e1x e e1y . Esses momentos podem ser calculados da mesma

    forma como apresentado nos pilares de extremidade.

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    25

    Nd

    e1,x

    y

    x

    e1

    ,y

    Figura 24 Arranjo estrutural e situao de projeto dos pilares de canto.

    11 DETERMINAO DA SEO SOB O MXIMO MOMENTO FLETOR

    Sendo constante a fora normal (Nd) ao longo da altura do pilar, no dimensionamento deve ser

    analisada qual seo do pilar, ao longo de sua altura, estar submetida ao maior momento fletor total,

    segundo as direes principais do pilar. Normalmente basta verificar as sees de extremidade (topo e

    base) e uma seo intermediria C, que aquela correspondente ao mximo momento fletor de 2a ordem

    (M2d).

    A Figura 25 mostra alguns casos diferentes de atuao dos momentos fletores de 1a ordem (M1d,A e

    M1d,B), e mostra tambm os momentos fletores mnimo e de 2a ordem. No caso de momento fletor de 1a

    ordem varivel ao longo da altura (lance) do pilar, o valor maior deve ser nomeado M1d,A , e considerado

    positivo. O valor menor, na outra extremidade, ser nomeado M1d,B , e considerado negativo se tracionar a

    fibra oposta de M1d,A . O momento fletor de 1a ordem existente deve ser comparado ao momento fletor

    mnimo (M1d,mn), e adotado o maior.

    -

    +

    ++

    +

    C

    (M >1d,A M )1d,B

    +

    M1d,mn1d,AM

    OU

    0

    M1d,A

    1d,BM

    1d,AM

    1d,BM

    1d,AM = M1d,B

    M 2,mx

    B

    A A

    B

    base

    topo

    1d,CM

    seo

    intermediria

    +

    OU OU OU

    Figura 25 Momentos fletores de 1a ordem com o de 2a ordem nas sees do lance do pilar.

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    SITUAO DE PROJETO

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    26

    Na determinao do mximo momento fletor total, da base ao topo do pilar, em cada direo, e

    considerando as sees de extremidade e a seo intermediria C, tem-se:

    a) Sees de extremidade (topo ou base)

    mn,d1

    A,d1

    tot,dM

    MM Eq. 47

    b) Seo intermediria (C)

    d2mn,d1

    d2C,d1

    tot,dMM

    MMM Eq. 48

    Com o momento de 1a ordem M1d,C avaliado como:

    A,d1

    B,d1A,d1

    C,d1M4,0

    M4,0M6,0M Eq. 49

    A Eq. 49 tem os coeficientes 0,6 e 0,4 relativos varivel b , definida no item 7.3.

    12 SITUAES DE PROJETO E DE CLCULO

    O clculo dos pilares pode ser feito diretamente dos valores da fora normal e do momento fletor

    total solicitante no pilar, sem se explicitar as excentricidades da fora Nd . Por outro lado, clculo tambm

    pode ser feito explicitando as excentricidades, que so funo dos momentos fletores.

    No dimensionamento dos pilares, conforme a antiga NB 1/78, o clculo era feito considerando-se

    as excentricidades. J a NBR 6118 de 2003 introduziu o momento fletor mnimo e a equao do momento

    fletor total (Md,tot), direcionando de certa forma o clculo via momentos fletores e no via as

    excentricidades. Claro que o clculo correto, em funo dos momentos fletores ou das excentricidades,

    conduz aos mesmos resultados. Nos itens seguintes procura-se ilustrar os dois modos de clculo, deixando-

    se ao estudante a escolha do modo a aplicar.

    Nos itens seguintes esto mostradas as excentricidades que devem ser consideradas no

    dimensionamento dos pilares, em funo do tipo de pilar (intermedirio, de extremidade ou de canto) e

    para mx 90. As excentricidades a serem consideradas so as seguintes:

    a) Excentricidade de 1a ordem

    d

    A,d1A,1

    N

    Me

    d

    B,d1B,1

    N

    Me Eq. 50

    b) Excentricidade mnima

    e1,mn = 1,5 + 0,03 h , com h em cm Eq. 51

    c) Excentricidade de 2a ordem

    h5,00005,0

    e2

    e2

    Eq. 52

    com definido na Eq. 20.

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    27

    d) Excentricidade de 1a ordem na seo intermediria C

    A,1

    B,1A,1

    C,1e4,0

    e4,0e6,0e Eq. 53

    12.1 Pilar Intermedirio

    A Figura 26 mostra a situao de projeto (S.P.) e as situaes de clculo (s.c.) dos pilares

    intermedirios com mx 90. Na 1a s.c. esto indicadas as excentricidades que ocorrem na direo x, e na 2a s.c. as excentricidades na direo y.

    Como no se considera a existncia de momentos fletores de 1a ordem, a situao de projeto de

    Compresso Simples (ou Uniforme). Se o pilar tiver 1 nas duas direes, tem-se que e2x = 0 e e2y = 0, e as excentricidades de 2a ordem mostradas na Figura 26 no existiro. Neste caso basta considerar a

    excentricidade mnima em cada direo. Por outro lado, se > 1 em uma ou ambas as direes, a excentricidade de 2a ordem deve ser somada excentricidade mnima. A excentricidade mnima

    corresponde ao momento fletor mnimo, apresentado no item 9.1 (Eq. 34).

    1 s.c.S.P.

    Nd

    e

    2 s.c.

    1y,mn

    Nd

    e

    x

    y

    Nd

    1x,mn

    x

    e

    e 2yeye

    2x

    Figura 26 Situao de projeto e situaes de clculo de pilares intermedirios com mx 90.

    Para cada situao de clculo deve ser determinada uma armadura longitudinal, considerando-se,

    porm, o mesmo arranjo (posicionamento) das barras da armadura na seo transversal. Isso importante

    porque a armadura final deve atender s situaes de clculo existentes. A armadura final a maior entre

    as calculadas.

    12.2 Pilar de Extremidade

    No pilar de extremidade ocorre a Flexo Composta Normal na situao de projeto, com existncia

    de excentricidade de 1a ordem em uma direo do pilar. As sees de extremidade (topo e base) devem

    sempre ser analisadas (Figura 27). A seo intermediria C deve ser analisada somente na direo em que

    ocorrer excentricidade de 2a ordem (Figura 28).

    Na base e topo do pilar, devido aos apoios (vnculos), no ocorre deslocamento horizontal, de

    modo que a excentricidade de 2a ordem zero. Nas sees ao longo da altura do pilar ocorrem

    excentricidades de 2a ordem, mas se 1 , as excentricidades so pequenas e podem ser desprezadas. Por

    outro lado, se ocorrer > 1 , a mxima excentricidade de 2a ordem (e2x ou e2y na seo intermediria C) deve ser considerada, e a excentricidade de 1a ordem deve ser alterada de e1x,A para e1x,C (ou de e1y,A para

    e1y,C) na situao de projeto (Figura 28).

    Do mesmo modo como no pilar intermedirio, para cada situao de clculo deve ser calculada

    uma armadura, considerando-se o mesmo arranjo (posicionamento) das barras na seo transversal, e a

    armadura final ser a maior entre as calculadas.

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    28

    1x,A

    x

    y

    2 s.c.

    Nde1y,mn

    e e{ 1x,mn

    1x,Ae

    dN dN

    S.P. 1 s.c.

    Figura 27 Situao de projeto e de clculo para as sees de extremidade (topo e base) dos pilares de extremidade.

    e2x

    1y,mne

    e y

    dN

    2 s.c.

    e2y

    1x,Ce

    x

    1x,mn

    1x,C{ee

    e

    S.P. 1 s.c.

    Nd Nd

    Figura 28 Situao de projeto e situaes de clculo para a seo intermediria

    dos pilares de extremidade.

    12.3 Pilar de Canto

    No pilar de canto a solicitao de projeto a flexo composta oblqua, com a existncia de

    excentricidade de 1a ordem nas duas direes principais do pilar. Na seo de extremidade A, como

    mostrado na Figura 29, apenas uma situao de clculo suficiente, comparando-se as excentricidades de

    1a ordem com as excentricidades mnimas em cada direo.

    Na seo intermediria C as excentricidades de 1a ordem alteram-se de e1,A para e1,C , como

    apresentado na Figura 30. Existindo as excentricidades de 2a ordem, elas devem ser acrescentadas s

    excentricidades de 1a ordem, segundo a direo em que existir.

    A armadura final do pilar ser a maior calculada entre as situaes de clculo, considerando-se as

    barras distribudas de modo idntico no clculo das armaduras.

    1x,A

    1y,A

    e

    ee

    1y,A

    1y,mne{

    1x,A

    1x,mn

    e{ed

    N

    S.P. 1 s.c.

    Nd

    y

    x

    Figura 29 Situao de projeto e de clculo para as sees de extremidade dos pilares de canto.

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    29

    2 s.c.S.P. 1 s.c.

    dN d

    N

    dN

    e 2ye y

    e{e

    1y,mn

    1y,C

    e{e

    1x,mn

    1x,C

    e1x,C

    e1y,C

    ex

    y

    x

    2x

    e

    1x,C

    1x,mn

    e{e

    1y,C

    1y,mn

    e

    {e

    Figura 30 Situao de projeto e situaes de clculo para a seo intermediria dos pilares de canto.

    13 CLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL COM AUXLIO DE BACOS

    No dimensionamento dos pilares feito manualmente, os bacos so imprescindveis, porque

    permitem a rpida determinao da taxa de armadura, sem necessidade de aplicar as equaes tericas da

    Flexo Composta Normal ou Oblqua. Alm disso, os bacos proporcionam a fcil escolha de diferentes

    arranjos de armadura na seo transversal.

    Nesta apostila sero aplicados os bacos de VENTURINI (1987)7 para a Flexo Composta Normal

    e de PINHEIRO (1994)8 para a Flexo Composta Oblqua. Esses bacos devem ser aplicados apenas no

    dimensionamento de pilares com concretos do Grupo I de resistncia (fck 50 MPa), porque foram desenvolvidos com alguns parmetros numricos que no se aplicam aos concretos do Grupo II .

    Para cada caso de solicitao, bacos diferentes podem ser utilizados, no entanto, o baco deve ser

    escolhido de modo a resultar na menor armadura, e assim a mais econmica.

    13.1 Flexo Composta Normal

    A Figura 31 mostra a notao aplicada na utilizao dos bacos de VENTURINI (1987) para a

    Flexo Composta Normal (ou Reta). A distncia d paralela excentricidade (e), entre a face da seo e o

    centro da barra do canto. De modo geral tem-se d = c + t + /2, com c = cobrimento de concreto, t =

    dimetro do estribo e = dimetro da barra longitudinal.

    Nd

    d

    h/2

    h/2

    d

    e

    b

    Figura 31 Notao para a Flexo Composta Normal (VENTURINI, 1987).

    7 VENTURINI, W.S. Dimensionamento de peas retangulares de concreto armado solicitadas flexo reta. So

    Carlos, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de So Carlos USP, 1987. Disponvel em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm 8 PINHEIRO, L.M. ; BARALDI, L.T. ; POREM, M.E. Concreto Armado: bacos para flexo oblqua. So Carlos,

    Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de So Carlos USP, 1994. Disponvel em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm

  • UNESP, Bauru/SP Pilares de Concreto Armado

    30

    As equaes para a construo dos bacos foram apresentadas na publicao de VENTURINI

    (1987). A determinao da armadura longitudinal iniciada pelo clculo dos esforos adimensionais (ni)

    e (mi). O valor adimensional foi definido na Eq. 20:

    cdc

    d

    f.A

    N

    O valor de , em funo do momento fletor ou da excentricidade, :

    cdc

    tot,d

    fAh

    M , ou Eq. 54

    h

    e Eq. 55

    com: Nd = fora normal de clculo;

    Ac = rea da seo transversal do pilar;

    fcd = resistncia de clculo do concreto compresso (fck/c); Md,tot = momento fletor total de clculo;

    h = dimenso do pilar na direo considerada;

    e = excentricidade na direo considerada.

    Escolhida uma disposio construtiva para a armadura no pilar, determina-se o baco a ser

    utilizado, em funo do tipo de ao e do valor da relao d/h. No baco, com o par e , obtm-se a taxa

    mecnica . A armadura calculada pela expresso:

    yd

    cdcs

    f

    fAA

    Eq. 56

    13.2 Flexo Composta Oblqua

    A Figura 32 mostra a notao aplicada na utilizao dos bacos de PINHEIRO et al. (1994) para a

    Clexo Composta Oblqua. As distncias dx e dy tm o mesmo significado de d, porm, cada uma em uma direo do pilar.

    M

    h

    xMd

    yd

    d

    x

    yh

    dN

    x

    yd

    Figura 32 Flexo Composta Oblqua (PINHEIRO, 1994).

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    31

    A determinao da armadura iniciada pelo clculo dos esforos adimensionais e , com segundo as duas direes principais do pilar:

    cdc

    d

    f.A

    N

    x

    x

    cdcx

    x,tot,dx

    h

    e

    fAh

    M Eq. 57

    y

    y

    cdcy

    y,tot,dy

    h

    e

    fAh

    M Eq. 58

    Escolhida uma disposio construtiva para a armadura no pilar, determina-se o baco a ser

    utilizado, em funo do tipo de ao e dos valores das relaes dx/hx e dy/hy . No baco, com o trio (, x ,

    y), obtm-se a taxa mecnica . A armadura calculada com a Eq. 56:

    yd

    cdcs

    f

    fAA

    14 RELAO ENTRE A DIMENSO MNIMA E O COEFICIENTE DE PONDERAO

    Os pilares com seo transversal retangular so diferenciados dos pilares-parede em funo da

    relao entre os lados, conforme a regra (Figura 33):

    h 5 b pilar

    h > 5 b pilar-parede Eq. 59

    b

    h

    Figura 33 Classificao dos pilares e pilares-parede de seo retangular.

    A NBR 6118 (item 13.2.3) impe que A seo transversal de pilares e pilares-parede macios, qualquer que seja a sua forma, no pode apresentar dimenso menor que 19 cm. Em casos especiais,

    permite-se a considerao de dimenses entre 19 cm e 14 cm, desde que se multipliquem os esforos

    solicitantes de clculo a serem considerados no dimensionamento por um coeficiente adicional n , de acordo com o indicado na Tabela 13.1 e na Seo 11. Em qualquer caso, no se permite pilar com seo

    transversal de rea inferior a 360 cm2., o que representa a seo mnima de 14 x 25,7 cm. A Tabela 4 apresenta o coeficiente adicional. importante salientar que o texto indica que todos os esforos

    solicitantes atuantes no pilar devem ser majorados por n , ou seja, a fora normal e os momentos fletores que existirem.

    Tabela 4 Coeficiente adicional n para pilares e pilares-parede (Tabela 13.1 da NBR 6118).

    b 19 18 17 16 15 14

    n 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25

    Nota: O coeficiente n deve majorar os esforos solicitantes finais de clculo quando de seu dimensionamento.

    n = 1,95 0,05 b b = menor dimenso da seo transversal (cm).

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    32

    15 CLCULO DOS PILARES INTERMEDIRIOS

    Apresenta-se o roteiro de clculo dos chamados pilares intermedirios, com a aplicao do

    Mtodo do pilar-padro com curvatura aproximada e do Mtodo do pilar-padro com rigidez aproximada. Em seguida so apresentados dois exemplos numricos de aplicao.

    15.1 Roteiro de Clculo

    No pilar intermedirio, devido continuidade das vigas e lajes sobre o pilar, tem-se que os

    momentos fletores de 1a ordem so nulos em ambas as direes do pilar (MA = MB = 0), portanto, e1 = 0.

    a) Esforos solicitantes

    A fora normal de clculo pode ser determinada como:

    Nd = n . f . Nk Eq. 60

    onde: Nk = fora normal caracterstica do pilar;

    n = coeficiente de majorao da fora normal (Tabela 4);

    f = coeficiente de ponderao das aes no ELU (definido na Tabela 11.1 da NBR 6118).

    b) ndice de esbeltez (Eq. 29 e Eq. 30)

    i

    e , A

    Ii para seo retangular:

    h

    3,46 e

    c) Momento fletor mnimo (Eq. 34)

    M1d,mn = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h = dimenso do pilar, em cm, na direo considerada.

    d) Esbeltez limite (Eq. 24)

    b

    1

    1

    h

    e12,5 25

    , com 35 1 90

    e1 = 0 para pilar intermedirio.

    1 no considera-se o efeito local de 2 ordem na direo considerada;

    > 1 considera-se o efeito local de 2 ordem na direo considerada.

    e) Momento de 2a ordem

    e1) Mtodo do pilar-padro com curvatura aproximada

    Determina-se Md,tot com a Eq. 33:

    mn,d1

    A,d12e

    dA,d1btot,dM

    M

    r

    1

    10NM.M

    , e M1d,A M1d,mn

    e2) Mtodo do pilar-padro com rigidez aproximada Determina-se Md,tot com a Eq. 41:

    0MNh3840M)M19200NhNh3840(M19200 A,d1dbtot,dA,d1bd2

    d2

    tot,d

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    33

    15.2 Exemplos Numricos

    Os exemplos numricos a seguir so de pilares intermedirios, biapoiados na base e no topo, de

    ns fixos (contraventados) e sem foras transversais atuantes. Os clculos sero feitos em funo dos

    momentos fletores solicitantes e, a ttulo de exemplo, sero feitos tambm em funo das excentricidades,

    segundo as sees de extremidade e intermediria, como mostrado no item 11.

    Os seguintes dados so comuns em todos os exemplos: concreto C20; ao CA-50 ;

    d = 4,0 cm ; coeficientes de ponderao: c = f =1,4 e s = 1,15.

    15.2.1 Exemplo 1

    Dimensionar a armadura longitudinal vertical do pilar mostrado na Figura 34, sendo conhecidos:

    Nk = 785,7 kN ; seo transversal 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)

    comprimento equivalente (de flambagem): ex = ey = 280 cm

    =

    280 c

    mey

    ey

    =

    280 c

    m

    dN

    x

    y

    h = 50 cmx

    h =

    20 c

    my

    Figura 34 Posio do pilar em relao s vigas, vnculos na base e no topo nas direes x e y, dimenses da seo transversal e situao de projeto.

    RESOLUO

    Embora a armadura longitudinal resultar do clculo segundo a direo de menor rigidez do pilar

    (dir. y), a ttulo de exemplo ser demonstrado tambm o clculo segundo a direo x.

    a) Esforos solicitantes

    A fora normal de clculo (Eq. 60): Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 785,7 = 1.100 kN

    com n determinado na Tabela 4, em funo da largura da seo transversal do pilar. Tratando-se de um pilar intermedirio, no existem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem em ambas as direes do

    pilar.

    b) ndice de esbeltez (Eq. 30)

    O ndice de esbeltez deve ser calculado para as direes x e y, conforme os eixos mostrados na

    Figura 34. A fim de padronizar e simplificar a notao, aqui considera-se a direo, e no o eixo do pilar, o

    que pode ser diferente de consideraes adotadas em outras disciplinas.

    4,1950

    28046,3

    h

    46,3

    x

    exx

    4,4820

    28046,3

    h

    46,3

    y

    eyy

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    34

    c) Momento fletor mnimo

    O momento fletor mnimo, em cada direo, calculado com a Eq. 34:

    M1d,mn = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h em cm.

    Dir. x: M1d,mn,x = 50.03,05,11100 = 3.300 kN.cm ; e1x,mn = 1100

    33003,00 cm

    Dir. y: M1d,mn,y = 20.03,05,11100 = 2.310 kN.cm ; e1y,mn = 1100

    23102,10 cm

    Esbeltez limite (Eq. 24)

    b

    1

    1

    h

    e12,5 25

    , com 35 1 90

    Nos pilares intermedirios no ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, da e1 =

    0 e b = 1,0 (ver item 7.3). Assim:

    1,x = 1,y = 25 35 1,x = 1,y = 35

    Desse modo:

    x = 19,4 < 1,x no so considerados os efeitos locais de 2 ordem na direo x;

    y = 48,4 > 1,y so considerados os efeitos locais de 2 ordem na direo y.

    Em pilares retangulares correntes, geralmente h a necessidade de considerar a excentricidade de

    2a ordem na direo da largura do pilar.

    e) Momento de 2a ordem

    O momento de 2a ordem ser avaliado pelos mtodos do pilar-padro com curvatura aproximada e

    do pilar-padro com rigidez aproximada.

    e1) Mtodo do pilar-padro com curvatura aproximada (Eq. 33)

    mn,d1

    A,d12e

    dA,d1btot,dM

    M

    r

    1

    10NMM

    , e M1d,A M1d,mn

    Fora normal adimensional (Eq. 20): 77,0

    4,1

    0,21000

    1100

    f.A

    N

    cdc

    d

    Curvatura na direo y sujeita aos momentos fletores de 2a ordem (Eq. 19):

    1-41-4 cm 10.5,2

    20

    005,0cm 10.9685,1

    5,077,020

    005,0

    50,0h

    005,0

    r

    1

    ok!

    A excentricidade mxima de 2a ordem na direo y (Eq. 17):

    54,110.9685,110

    280

    r

    1

    10e 4

    22e

    y2 cm

    Com b = 1,0 e fazendo M1d,A = M1d,mn em cada direo, tem-se os momentos fletores totais em cada direo principal do pilar:

    Dir. x: Md,tot,x = M1d,mn,x = 3.300 kN.cm

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    35

    Dir. y: 008.410.9685,110

    28011002310.0,1M 4

    2

    y,tot,d kN.cm

    Md,tot,y = 4.008 kN.cm M1d,mn,y = 2.310 kN.cm ok!

    O clculo de dimensionamento da armadura longitudinal do pilar pode seguir aps determinados os

    momentos fletores totais, como mostrados na Figura 35. No entanto, a ttulo de exemplo, so mostradas

    tambm as excentricidades (Figura 36), calculadas em funo dos momentos fletores. O valor admensional

    pode ser calculado em funo do momento fletor ou da excentricidade, como feito na sequncia.

    Dir. x Dir. y

    1d,mn,xM

    3.300 2.310

    M1d,mn,y

    1.698

    +

    2d,mx,yM

    Figura 35 Momentos fletores atuantes no pilar, nas direes x e y.

    Nd

    e 1x,mn

    y

    x

    Nd

    S.P.

    e = 3,64y

    1y,mne = 2,10

    2ye = 1,54

    Nd

    1 s.c.a 2 s.c.a

    3,00

    Figura 36 Situao de projeto e situaes de clculo do pilar intermedirio.

    A anlise dos momentos fletores totais e das excentricidades permite observar que a direo crtica

    do pilar a direo y, dado que o maior momento fletor total (Md,tot,y de 4.008 kN.cm) relativo menor

    dimenso do pilar (largura hy = 20 cm). A 2 s.c., com a maior excentricidade total, na direo da largura

    do pilar, tambm mostra o fato, comprovado pelo clculo da armadura longitudinal. A armadura pode ser

    calculada apenas para a direo crtica y, porm, com o objetivo de ilustrar os cuidados que devem ser

    tomados, a armadura calculada para as duas direes principais do pilar.

    Com = 0,77 e utilizando os bacos de VENTURINI (1987)9 para Flexo Reta, faz-se o clculo de

    (Eq. 54 ou Eq. 55) e d/h, segundo as direes x e y: Dir. x:

    9 Os bacos podem ser encontrados em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm

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    36

    = cdcx

    x,tot,d

    f.A.h

    M = 05,0

    4,1

    0,21000.50

    3300 ou 05,0

    50

    00,377,0

    h

    e

    x

    x

    x

    x

    h

    'd =

    50

    0,4 = 0,08 0,10 com o baco A-25: = 0,05

    Outros bacos diferentes do A-25 podem ser utilizados, no entanto, este baco interessante

    porque no fixa o nmero de barras a serem dispostas na seo transversal, fixa apenas as faces do pilar

    que devem alojar as barras. Neste caso, o baco A-25 proporciona que as barras sejam distribudas no lado

    maior do pilar.

    Observe que o baco A-25 tem a armadura posicionada na direo paralela excentricidade e (ver figura no baco) da fora normal Nd , portanto, na direo horizontal paralela excentricidade e1x,mn

    da 1a s.c., coincidente com o lado maior do pilar.

    Dir. y:

    = cdcy

    y,tot,d

    f.A.h

    M=

    4,1

    0,21000.20

    4008 0,14 ou 14,0

    20

    64,377,0

    h

    e

    y

    y

    y

    y

    h

    'd =

    20

    0,4 = 0,20 com o baco A-4: = 0,38

    Para a solicitao na direo y o baco A-4 compatvel com o baco A-25 da direo x, pois

    proporciona o mesmo arranjo de barras do baco A-25 na seo transversal, ou seja, as barras distribudas

    ao longo do lado maior do pilar. Isso mostrado na figura do baco A-4, onde a armadura posicionada na

    direo perpendicular excentricidade da fora normal Nd , portanto, na direo horizontal perpendicular

    excentricidade total da 2a s.c., e coincidente com o lado maior do pilar.

    A maior armadura resulta do maior valor de , de 0,38 da 2a s.c., como esperado:

    As = yd

    cdc

    f

    fA = 49,12

    15,1

    50

    4,1

    0,21000.38,0

    cm2

    e2) Mtodo do pilar-padro com rigidez aproximada

    Aplicando a Eq. 41 numericamente para a direo y, com M1d,A = M1d,mn, tem-se:

    0MNh3840M)M19200NhNh3840(M19200 A,d1dbtot,dA,d1bd2

    d2

    tot,d

    02310.1100.20.0,1.3840M)2310.0,1.192001100.20.4,481100.20.3840(M19200 tot,d22

    tot,d

    010.951488,1M11408320M19200 11tot,d2

    tot,d

    010164000M2,594M tot,Sd2

    tot,d

    A raiz positiva da equao de 2o grau :

    Md,tot = 3.500 kN.cm M1d,mn,y = 2.310 kN.cm ok!

    Com = 0,77 e utilizando os bacos de VENTURINI (1987) para Flexo Reta:

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    37

    = cdcy

    y,tot,d

    f.A.h

    M=

    4,1

    0,21000.20

    3500 = 0,12

    y

    y

    h

    'd =

    20

    0,4 = 0,20 com o baco A-4: = 0,30

    As = yd

    cdc

    f

    fA = 86,9

    15,1

    50

    4,1

    0,21000.30,0

    cm2

    15.2.2 Exemplo 2

    Este segundo exemplo (Figura 37) igual ao primeiro, com exceo da maior fora normal de

    compresso. So conhecidos:

    Nk = 1.071 kN

    seo transversal 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)

    comprimento de flambagem:

    ex = ey = 280 cm

    coeficientes de ponderao:

    c = f = 1,4 ; s = 1,15

    dN

    x

    y

    h = 50 cmx

    h =

    20 c

    my

    Figura 37 Dimenses da seo transversal e posio da fora normal.

    RESOLUO

    a) Esforos solicitantes

    A fora normal de clculo : Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 1071 = 1.500 kN, com n da Tabela 4.

    b) ndice de esbeltez

    4,1950

    28046,3

    h

    46,3

    x

    exx

    4,4820

    28046,3

    h

    46,3

    y

    eyy

    c) Momento fletor mnimo

    O momento fletor mnimo em cada direo :

    M1d,mn = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h em cm.

    Dir. x: M1d,mn,x = 50.03,05,11500 = 4.500 kN.cm ; e1x,mn = 1500

    5004 3,00 cm

    Dir. y: M1d,mn,y = 20.03,05,11500 = 3.150 kN.cm ; e1y,mn = 1500

    50312,10 cm

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    38

    d) Esbeltez limite

    b

    1

    1

    h

    e12,5 25

    , com 35 1 90

    Tem-se que b = 1,0 e e1 = 0, portanto, do mesmo modo como no exemplo anterior:

    1,x = 1,y = 25 35 1,x = 1,y = 35

    Desse modo:

    x = 19,4 < 1,x no so considerados os efeitos locais de 2 ordem na direo x;

    y = 48,4 > 1,y so considerados os efeitos locais de 2 ordem na direo y.

    e) Momento de 2a ordem

    O momento de 2a ordem ser avaliado pelos mtodos do pilar-padro com curvatura aproximada e

    do pilar-padro com rigidez aproximada.

    e1) Mtodo do pilar-padro com curvatura aproximada

    mn,d1

    A,d12e

    dA,d1btot,dM

    M

    r

    1

    10NMM

    , e M1d,A M1d,mn

    Fora normal adimensional: 05,1

    4,1

    0,21000

    1500

    f.A

    N

    cdc

    d

    Curvatura na direo y sujeita a momentos fletores de 2a ordem:

    1-41-4 cm 10.5,2

    20,0

    005,0cm 10.6129,1

    5,005,120

    005,0

    50,0h

    005,0

    r

    1

    ok!

    A excentricidade mxima de 2a ordem na direo y :

    r

    1

    10e

    2e

    y2

    26,110.6129,1

    10

    280 42

    cm

    Fazendo M1d,A M1d,mn em cada direo, tem-se os momentos totais mximos:

    Dir. x: Md,tot,x = M1d,mn,x = 4.500 kN.cm

    Dir. y: 047.510.6129,110

    28015003150.0,1M 4

    2

    y,tot,d kN.cm

    Md,tot,y = 5.047 kN.cm M1d,mn,y = 3.150 kN.cm ok!

    Os momentos fletores atuantes no pilar, nas direes x e y, esto indicados na Figura 38. A

    situao de projeto e as situaes de clculo esto mostradas na Figura 39.

  • UNESP, Bauru/SP