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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JOÃO PEDRO ALVES DA SILVA PICHAÇÃO E IMPUNIDADE: ARTE OU CRIME? CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

JOÃO PEDRO ALVES DA SILVA

PICHAÇÃO E IMPUNIDADE: ARTE OU CRIME?

CURITIBA

2015

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JOÃO PEDRO ALVES DA SILVA

PICHAÇÃO E IMPUNIDADE: ARTE OU CRIME?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Dr. Roberto Aurichio Junior

CURITIBA

2015

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TERMO DE APROVAÇÃO

JOÃO PEDRO ALVES DA SILVA

PICHAÇÃO E IMPUNIDADE: ARTE OU CRIME?

Este trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado à Coordenação do curso de

Direito da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, para que seja julgado e aprovado

para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Curitiba, de de 2015.

_________________________________

Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografias

.

Prof. Dr. Roberto Aurichio Junior

Orientador Universidade Tuiuti do Paraná - UTP

Professor (a) Examinador (a)

Universidade Tuiuti do Paraná - UTP Professor (a) Examinador (a)

Universidade Tuiuti do Paraná - UTP

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DEDICATORIA

A todos que estiveram ao meu lado de forma direta

ou indireta, em especial a minha amada esposa Marlene,

meus queridos filhos, noras e genro: Thiago e Maria Claudia,

André e Manuela, Letícia e Lucas e Pâmela, e a todos meus parentes

e amigos que sempre me apoiaram e incentivaram, e uma dedicação mais

que especial a nossas lindas e queridas netinhas Luiza e Isabella que vieram

ao mundo em 2015, nos trazendo mais alegria, coroando este final de curso.

“Em memória aos meus queridos e saudosos pais Sebastião e Cristina, pelo ser amor e

dedicação aos filhos!”

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AGRADECIMENTOS

Minha gratidão Àquele que possibilitou minha existência guiou-me nas

conquistas, e, principalmente, sustentou-me em minhas derrotas, DEUS, Senhor da

minha vida, um Pai que nunca nos abandona.

Meu agradecimento especial a minha família, que durante estes cinco anos

me apoiaram e incentivaram, e pela paciência dos meus comentários de cada

retorno das aulas e de finais de semana, também pela minha ausência e atrapalhos

que as vezes causou nas programações de viagens que gostaríamos de ter feito.

A todos, os meus amigos, que também sempre me incentivaram, apoiaram e

ajudaram nas discussões e dúvidas sobre as matérias estudadas, e em especial a

todos os professores e professoras da Faculdade Tuiuti, que sem nominá-los, mas

todos desde o primeiro semestre de 2011 até este final em 2015, com

profissionalismo ímpar nos ensinaram e compartilharam seus conhecimentos

especiais.

Aos amigos e colegas de várias turmas que, desde o inicio desta jornada,

compartilharam comigo momentos de dificuldades e conquistas, numa

demonstração inequívoca de companheirismo e respeito mútuo.

À direção da Faculdade e a todos os funcionários, nosso muito obrigado pelo

acolhimento a nossos eventuais pleitos e pelo ambiente de tolerância e amizade.

Um agradecimento especial ao meu orientador deste trabalho de final de

curso, Prof. Dr. Roberto Aurichio Junior, pela sua sempre e disponível orientação e

conselhos e também a todas as pessoas e amigos que nos ajudaram na realização

desta monografia, assim à minha querida filha Pâmela pelo seu sempre pronto

auxilio técnico na impressão dos trabalhos e apostilas durante todo este curso.

COM ESTAS MAIS SINCERAS E HUMILDES PALAVRAS DEIXO AQUI O

MEU MUITO OBRIGADO!

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“De Tudo Ficam Três Coisas:

A certeza de estarmos sempre começando...

De que é preciso continuar...

E de que podemos ser Interrompidos antes....

de terminarmos...

Portanto Devemos...

Fazer da interrupção um caminho novo...

Da queda um passo de dança...

Do medo uma escada...

Do sonho uma ponte...

Da procura um encontro...

E assim terá valido a pena existir”

Fernando Sabino

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RESUMO

No Brasil, pichar patrimônio alheio (público-privado) se situa no campo da ilicitude e configura crime de menor potencial ofensivo, representando, no Século XXI, uma afronta à Lei penal, civil e administrativa, em relação aos aspectos estético-visuais ambientais, portanto, uma prática, além de poluente, criminosa, impingida contra o patrimônio urbano. É um ato delinquente praticado por pessoas irresponsáveis que visam desqualificar o patrimônio alheio. Uma forma de manifestação diante dos descontentamentos sociais, políticos, sociais ou religiosos, sem reflexão sobre os conteúdos, remetendo o proprietário a arcar com o ônus de revitalização do empreendimento. Este estudo tem como objetivo relatar os principais aspectos históricos e jurídico-legais envolvidos no crime de pichação, cuja prática é extremamente prejudicial à imagem estética e visual dos ambientes urbanos, gerando poluição visual e um estado de sujeira e confusão, utilizando a tinta como via que marca com frases com uma simbologia e significados, Como objetivo específico procura-se, à luz da Constituição da República Federativa do Brasil (1988), da legislação estadual e municipal do município de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil, analisar quais são os pressupostos da pichação propriamente, da pichação como um problema social relevante e identificar as medidas legislativas recentes para punir e conter os vândalos do patrimônio público-privado.

Palavras-chaves: Pichação, Vandalismo, Impunidade, Tipificação Penal, Legislação.

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RESUME

In Brazil, the graffiti at oblivious equity (public-private) it is in the field of illegality and

configures a minor crime of offensive potential, that represents in the twenty-first

century, an affront to criminal, civil and administrative laws, regarding to the aspects

aesthetical and visual of the environment. A practical which causes pollution and it is

also a crime, enforced against the urban heritage. It is criminal acts committed by

irresponsible people with the purpose of disqualify other people's heritage. A way of

manifestation for discontent social, political or religious, without reflecting on the

contents that brings to the owners the costs of revitalizing their enterprises. This

study aims to report the main aspects historical, juridical and legal involved in graffiti

crime. This practice is extremely damaging to the aesthetic and visual image of the

urban environment, creating visual pollution and a state of dirt and confusion. Using

ink to mark phrases with a symbolism and meanings,. As the specific objective, in the

light of the Constitution of the Federative Republic of Brazil (1988), and in the laws of

Paraná state and of Curitiba city, we intend to analyze which are the graffiti

assumption itself, the graffiti as a relevant and social problem and identify the recent

laws that are capable to punish and contain the vandals from the public-private

equity.

Keywords: Graffiti, Vandalism, Impunity, Criminal Grading, Legislation.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Imagem do Cristo redentor pichada........................................................38

FIGURA 2: Mapa das denúncias durante o primeiro semestre de 2014) – Curitiba,

Estado do Paraná, Brasil ........................................................................................... 42

FIGURA 3: Prédios pichados – município de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil ..... 43

FIGURA 4: Demonstração do desafio dos pichadores à monumentos e construções

no município de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil .................................................. 44

FIGURA 5: Prédio histórico do município de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil ..... 51

FIGURA 6: O crime de pichação em túmulos............................................................ 52

FIGURA 7: O crime de pichação em túmulos............................................................ 52

FIGURA 8: Farol do Saber Tom Jobim. Curitiba, Estado do Paraná, Brasil .............. 54

FIGURA 9 – Códigos usados na pichação................................................................27

FIGURA 10 – Códigos usados na pichação..............................................................28

FIGURA 11 – Códigos usados na pichação..............................................................29

FIGURA 12 - Curiosidade em códigos usados na pichação....................................31

FIGURA 13 – Códigos usados na pichação.............................................................32

FIGURA 14 – Pichação em prédio em Nova York –EUA com uso da tecnologia

De um Drone............................................................................................................34

FIGURA 15 – Vítimas de danos recebem comunicado da Guarda Municipal de

Curitiba-PR, para acionarem judicialmente em ação de raparos.............................56

FIGURA 16 – Guarda Municipal de Curitiba com documentos de comunicado as

Vitimas de danos de pichação.................................................................................58

FIGURA 17 – Guarda Municipal de Curitiba em local pichado orientando o

Proprietário do imóvel..............................................................................................59

FIGURA 18 – Mostra de prédio pichado.................................................................57

FIGURA 19 – Prédio histórico Belverede pichado..................................................62

FIGURA 20 – PRISÃO DE PICHADORAS PELA POLICIA E G.MUNICIPAL........64

FIGURA 21 – Materiais de pichação (tintas e spreys) apreendidos.......................65

FIGURA 22 – Prisão de pichadores de outros estados SP/MG/RJ, em encontro

com pichadores em Curitiba...................................................................................66

FIGURA 23 - Materiais (tintas, spreys, pinceis e outros próprios)........................67

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 O MEIO AMBIENTE: UM BEM PÚBLICO ............................................................. 15

2.1 O MEIO AMBIENTE SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

FEDERATIVA DO BRASIL (1988) ............................................................................ 15

2.1.1 O meio ambiente enquanto conceito jurídico ................................................... 17

3 PICHAÇÃO ............................................................................................................. 19

3.1 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A PICHAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL .... 19

3.1.1 Caracterização da pichação ............................................................................. 22

3.1.2 Motivações que conduzem à prática e os riscos .............................................. 25

3.1.3 Perfil dos infratores .......................................................................................... 25 3.1.4 QUAIS OS CÓDIGOS USADOS NA PICHAÇÃO.......................................26

3.1.5 A MAIS NOVA TECNOLOGIA DA PICHAÇÃO NO EXTERIOR(DRONE).....33

4 A PICHAÇÃO COMO PROBLEMA SOCIAL NO BRASIL ...................................... 35 4.1 NO BRASIL ......................................................................................................... 36

4.1.1 No Estado de São Paulo(Estudo relação com a criminalidade) ....................... 38

4.1.2. No Estado do Paraná (municipio de Curitiba) ................................................. 41

4.1.3 Da Impunidade do infrator local........................................................................44

5 LEGISLAÇÃO APLICADA À PICHAÇÃO ............................................................... 44

5.1 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO ........................................................................... 44

5.1.1 Das consequências jurídicas da pichação ........................................................ 47

5.1.1.1 Esfera penal .................................................................................................. 47

5.1.1.2 Esfera civil ..................................................................................................... 49

5.1.1.3 Esfera do município de Curitiba .................................................................... 50

5.1.1.4. JURISPRUDÊNCIA - JULGADOS SOBRE PICHAÇÃO..........................................................68

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 74

REFERENCIAS ......................................................................................................... 78

ANEXO 1 – ENTREVISTA COM PICHADOR PAULISTA - ............................... 80

ANEXO 2 - - PEQUENA AMOSTRA DE COMO ESTÁ HOJE, EM SEQUÊNCIA

DE FOTOS DE CURITIBA (CENTRO CÍVICO, SÃO FRANCISCO, CAMPINA DO

SIQUEIRA, CENTRO) EM FLAGRANTE IMPUNIDADE E OUSADIA DOS

PICHADORES............................................................................................... 85

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INTRODUÇÃO

O trabalho tem como base as pesquisas em livros, publicações em jornais,

revistas, sites de internet, todos os meios de comunicação disponíveis, com citações

de estudiosos, estudos elaborados por autores consagrados na literatura brasileira,

consulta em dissertações, teses e monografias disponíveis em bibliotecas virtuais e

de relatos de autoridades responsáveis pela fiscalização sobre o assunto, bem

como do que consta e determina o nosso ordenamento jurídico que rege as regras

de comportamento e punições aos infratores.

Ao se considerar a PICHAÇÃO como poluição visual, se observa que

somente alguns dos aspectos da matéria poluição visual encontram-se inseridos na

Lei dos Crimes Ambientais Brasileira, como o art. 65, responsável por estipular pena

de até 3 meses a 1 ano e multa àquele que pichar, grafitar ou utilizar de quaisquer

outros meios para conspurcar toda e qualquer edificação ou monumento urbano.

No Brasil, a poluição visual é indiretamente combatida, utilizando-se de

instrumento limitadores da via administrativa, estabelecidas à publicidade comercial,

incluindo o Código de Posturas Municipais, entre outros regulamentos específicos

sobre publicidade e a política da Lei Eleitoral. Esse fato dificulta a avaliação de

determinada conduta no sentido de estabelecer se a atividade importa ou não, em

termos da poluição visual.

Este estudo demonstra a nocividade da pichação e consequência capaz de

produzir à sociedade contemporânea, ao denegrir a propriedade enquanto bem

público-privado, reduzindo, por conseguinte, a qualidade estética das paredes das

construções, bem como dos muros e fachadas externas, quando invadem, sem pedir

licença, até mesmo além dos muros, no sentido de manifestar-se por meio da arte

arrogante, mas encontra-se tipificada em Lei como sendo crime.

Aparentemente, a conduta descaracteriza a originalidade do bem construído,

gerando prejuízos aos proprietários e por extensão ao cidadão, pois o ônus do

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reparo recai sobre os gestores e proprietários de prédios público-privados e, ao final,

é a sociedade quem paga a conta.

Pichar sem que haja autorização do proprietário do imóvel e das autoridades

que representam o Estado, legalmente constituídas, é um ato criminoso, portanto,

um desrespeito às Leis e normas jurídico-sociais instituídas. É uma transgressão por

violar Leis que regem a propriedade público-privada, que postulam sobre direitos e

garantias dos proprietários. É um crime que deve ser denunciado, investigado,

punido e ressarcido, com a devida celeridade e abrangência.

A pichação é um comportamento transgressor e predatório da propriedade,

praticada pelo agente infrator, visualmente, uma conduta agressiva quando contribui

para degradar a paisagem urbana. Não obstante, enquanto atitude de vandalismo

encontra-se desprovida de valor artístico ou comunicativo. É normalmente, realizada

em locais proibidos, à noite, em operações muito rápidas, sem que haja pessoas

presenciando, o que ajuda a configurar ataque sombrio e malfazejo ao patrimônio

público-privado, estando o autor sujeito à prisão e multa.

A Lei penal brasileira (Lei n. 9605/88, art. 65) tipifica como crime a conduta

de pichar edifícios ou monumentos urbanos, prevendo pena, acrescida de multa aos

infratores da norma legal. Mais tarde, a Lei n. 9.099/1995 determina que os crimes

com penas iguais ou menores de dois anos estão suscetíveis à transação penal. Tal

determinação procura aplicar pena decorrente de dano ao patrimônio ao agente

infrator. Porém, diferenciada da pena privativa de liberdade, por estar presente

menor grau ofensivo à conduta, frente os bens atingidos e meio praticados.

O Código Penal Brasileiro estabelece o quantum da reprimenda e enquadra

a pichação em sentido de quadrilha. Pois, normalmente sua prática se desencadeia

por pessoa acompanhada de pelo menos, mais um sujeito em companhia do

pichador, quando não, de diversas pessoas que conjuntamente agem deixando o

patrimônio em estado de completo flagelo. Segundo o Código Penal (1973), nos seu

art. 288, tem como seguinte pressuposto legal, em torno de crimes que reúnem mais

de um sujeito envolvido:

―Art. 288 – Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes: Pena – reclusão, de um a três anos. Parágrafo único – A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.‖

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―Segundo Couy (2011), os crimes de quadrilha não constituem mera

realização de crime praticado por mais de três pessoas, se faz necessário que haja

a prática de dois ou mais crimes indeterminados entre si, por mais de três pessoas

associadas de forma permanente e estável entre elas.‖

A Lei existe e deve ser cumprida no seu rigor, juntamente como outras Leis

extraordinárias presentes no ordenamento jurídico brasileiro. Os crimes envolvendo

pichação ocorrem diariamente no Brasil, especialmente, nas grandes cidades e

capitais brasileiras, sendo as punições mínimas, normalmente tardias, incentivando

o infrator à prática, frente à inconsistência de normas e das consequências que

resultem multa e recolhimento do agente.

É importante conhecer os mecanismos que as autoridades, a sociedade e a

imprensa adotam para que maior número de denúncias sejam feitas e as

reprimendas se tornem rápidas e mais eficientes visando punir os culpados e

ressarcir os prejuízos causados, tendo em vista que a transgressão denigre a

imagem da cidade e avilta às Leis, transformando a estética da propriedade

Em resposta ao problema pretende-se investigar, pesquisar, demonstrar que

a Lei e as poucas medidas e punições aplicadas aos infratores não são suficientes

para corrigir o problema até o momento. Os pichadores flagrados não são obrigados

por Lei a limpar e pintar os locais danificados, o que seria o mínimo a se exigir.

Este estudo discute a prática da PICHAÇÃO nas grandes cidades brasileiras, com

ênfase no município de Curitiba, questionando a IMPUNIDADE e se o ato é Arte ou Crime?

Quer demonstrar este estudo também, que não obstante todo o esforço das

autoridades no combate, já afirmando nos CRIMES de Pichação! infelizmente não

tem surtido muito efeito devido a falta de fiscalização mais constantes e punições

céleres pelas autoridades responsáveis, por outro lado também a denúncia pelos

proprietários lesados, neste caso talvez cansados pelas denúncias e punições

infrutíferas na constatação de falta de aplicação de medidas mais severas e

principalmente o “despiche” de modo exemplar pelos autores e o ressarcimento dos

prejuízos e aborrecimentos causados. No final do trabalho demonstra numa

pequena amostragem de FOTOS recentes (agosto/setembro/2015), como se

encontram “tristemente” pichados alguns prédios, lojas, igrejas, monumentos,

somente no entorno do Centro Cívico em nossa Capital e em alguns bairros de

Curitiba – Paraná.

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Pelos relatos de autores, alguns dos pichadores dizem ser ARTE, mas que

na verdade não existe arte alguma, mas sim um ato de desrespeito as leis, aos

proprietários, aos bens públicos e ao meio ambiente, num emaranhado de riscos,

rabiscos sem sentido lógico, uma demonstração alienante e de difícil e impossível

compreensão a todos nós que somos infelizmente obrigados a ver e que nos

causam prejuízos visuais. Relatam alguns que a linguagem usada é compreendida

somente pelos grupos de pichadores, existindo uma disputa entre eles para quem

―pixar‖ mais visível e nas alturas de prédios, não importando para eles os prejuízos

causados, aborrecimentos, a descaracterização que mancha a estética dos

ambientes urbanos seja qual for, prédios, casas, lojas, postes, muros, bancos de

praças, museus, escolas e monumentos públicos, estes últimos, que infelizmente

quem arca indiretamente é nós (O POVO) mais uma vez.

Por outro lado, o presente trabalho busca apresentar através de pesquisa

editadas por diversos autores o funcionamento do movimento, a organização dos

grupos e o comportamento dos jovens que praticam a atividade ilegal da pichação.

Os códigos usados na pichação que só esse grupo ―fechado‖ entende, o que

pensam alguns pichadores através de transcrição de uma entrevista com um

pichador chamado: Rodrigo Ogi - R Hip Hop. Morador de São Paulo.

Ainda a título informativo busca apresentar uma matéria sobre pichação onde

foi utilizada uma tecnologia avançada, o chamado ―drone‖ que o grafiteiro KATSU,

conhecido artista de rua americano, fez recentemente em maio de 2015, utilizando

um drone adaptado, deixando sua marca em um imenso outdoor da Calvin Klein, em

Nova York – EUA., o que infelizmente poderá ser um péssimo exemplo para outros

pichadores do mundo inteiro.

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2 O MEIO AMBIENTE: UM BEM PÚBLICO

Este capítulo estuda os fundamentos constitucionais da proteção ao meio

ambiente, como reserva as presentes e futuras gerações, com base na Constituição

da República Federativa do Brasil (1988), ilustrando, jurídicamente, o conceito de

meio ambiente e como se relaciona com o Direito Ambiental, enquanto ramificação

do Direito Geral Brasileiro.

2.1 O MEIO AMBIENTE SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

FEDERATIVA DO BRASIL (1988)

Os fundamentos legais de proteção ao meio ambiente constam na

Constituição da República Federativa do Brasil (1988), no seu art. 225, radicando o

direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo às presentes e futuras gerações.

Segundo esta mesma Constituição, no seu art. 1º. trás apontamentos sobre

a cidadania e dignidade da pessoa humana e no seu art. 3º. fixa como principais

objetivos o seguinte enunciado:

―Construir uma sociedade livre justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, além de promover o bem de todos sem qualquer forma de discriminação.‖

Esse Diploma, ao tratar da ordem econômica (art. 170) assevera sobre a

viabilização do trabalho e a livre iniciativa, garantindo uma existência digna segundo

os ditames da justiça social, em observância ao princípio de defesa a um meio

ambiente equilibrado, em prol do desenvolvimento sustentável. Sendo assim, em

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capítulo específico sobre a matéria demonstra a importância do tema, quando no

seu art. 225 enfatiza que o meio ambiente é um bem conceitualmente jurídico. E,

decorrente de seu valor e interesse no mundo jurídico merece a necessária proteção

visando garantir a existência dos seres vivos. No entanto, enquanto bem jurídico não

é exclusivo, nem superior aos demais, mas se relaciona com os demais

harmonicamente.

É por meio da compatibilização de todos os entes que integram o ambiente

que se pode ter o correto entendimento do que seja o direito a um meio ambiente

equilibrado e os demais direitos, como direito a vida, a propriedade, a saúde, a livre

iniciativa, a educação, entre outros, por meio da interpretação sistemática de textos

de Lei e o texto constitucional, segundo Carlos Maximiliano.

Consiste o Processo Sistemático em comparar o dispositivo sujeito a exegese, com outros do mesmo repositório ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto. Por umas normas se conhece o espírito das outras. Procura-se conciliar as palavras antecedentes com as consequentes, e do exame das regras em conjunto deduzir o sentido de cada uma. Em toda ciência, o resultado do exame de um só fenômeno adquire presunção de certeza quando confirmado, contrastado pelo estudo de outros, pelo menos dos casos próximos, conexos; à análise sucede à síntese; do complexo de verdades particulares, descobertas, demonstradas, chega-se até à verdade geral (MAXIMILIANO, 1993. p. 130).

É necessário verificar os efeitos jurídicos entre o Direito Ambiental e outros

ramos do Direito. No suposto conflito entre normas ambientais e normas de outros

ramos do Direito é necessário analisar, afinal, qual delas irá prevalecer? Seria

possível sua compatibilização? Em resposta, o entendimento da matéria é possível

pela metalinguagem1, em que elementos e requisitos básicos de todos os ramos do

Direito se envolvam, ordenadamente, para que se tenha a regra de relacionamento

entre eles, cujo resultado é uma sistematização imune a sofismas.

O Direito conduz à adaptação da regra de proteção e à importância de cada

bem jurídico em relação aos demais, como ocorre com o Direito Ambiental. No

entanto, as regras ambientais se afastaram do Direito Administrativo e apresentam

disciplina própria.

A criação da sistemática de Estado-nação permitiu delegar a proteção dos

bens de incontestável importância, retirando do particular a possibilidade de obter,

1 Dicionário Aurélio: Linguagem usada para descrever outra linguagem ou outro sistema de

significação, cujo discurso contém definições e regras.

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por meio da força ou meios próprios aplicados, entendido anteriormente como

direito, passando sua gestão e administração ao Poder Público.

A primeira geração desses direitos é ilustrada pelos elementos formadores

da personalidade humana, representados pela vida, intimidade, segurança pessoal,

igualdade, o direito de expressão, entre outros.

Historicamente, a sobrevivência está ligada ao direito de proteção, desde o

mais fraco ao mais forte, ou à proteção e direito às coisas e à elementos que, pois

não são de ninguém, mas do coletivo. Sendo assim, atribui-se ao Estado o dever de

proteção ao chamado interesse coletivo, formando os direitos de terceira geração.

Historicamente, com a implementação dos direitos, passa-se de Estado à

tutelar à garantia dos elementos da persona, mas os direitos possui em razão das

coisas e das obrigações e sua proteção em face às demais pessoas, constituindo a

segunda geração de direitos, por exemplo, o direito de propriedade, as obrigações

de dar, de fazer e de não fazer, entre outros.

O meio ambiente é um direito de terceira geração, cujas regras estão

vinculadas à proteção de uma coletividade desprotegida do elemento geral sem que

haja a posse. No entanto, não se pode instituir uma escala de importância entre

direitos e a geração em que se encaixam esses direitos, devendo ser realizado um

exame e sistemática interpretação aplicando o caso concreto, para não excluir o

outro, mas adaptar o direito fungível para manter vivo o infungível, compatibilizando

ambos.

Neste sentido, manteve-se a proteção do meio ambiente com a existência

obrigatória das matas de preservação permanente (infungível) e manteve-se vivo o

direito de propriedade, convertendo o direito de uso em valor a ser indenizado

(fungível), protegendo ambos os direitos, independentemente da geração que se o

tenha classificado.

Um aspecto a se considerar é o Direito Ambiental como ramo integrante do

Direito Público, enquanto este representa uma disciplina jurídica que regulamenta

obrigações entre o Estado e o particular e àquele em face de sua disposição legal,

apresenta natureza normatizadora.

2.1.1 O meio ambiente enquanto conceito jurídico

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Segundo Buarque de Holanda apud MARTINS SILVA (2004, p. 56), o termo

meio ambiente significa o seguinte:

É o ramo das ciências humanas que estuda a estrutura e o desenvolvimento das comunidades humanas em suas relações com o meio ambiente e sua consequente adaptação a ele, assim como os novos aspectos que os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social possam acarretar para as condições de vida do homem.

Segundo o entendimento de Benjamin apud HERMAN e SÍCOLI (2001), o

termo meio ambiente significa um conjunto de relações, leis, influências e interações

que regem a vida, permitindo perceber que não se trata de um bem corpóreo ou

material e sob tal ponto de vista se considera a flora e a fauna como o meio

ambiente propriamente dito. Nesse sentido, a poluição é um fenômeno que prejudica

o meio ambiente, seja das águas, dos ríos, do ar, da terra ou ainda a poluição visual,

ferindo a dignidade de seus destinatários.

No sentido de explicar a poluição que existe no meio ambiente nota-se que

pode ser abrangente e rumar para além do territorio nacional brasileiro. No entanto,

Paulo Affonso Machado (1961) aponta que inicialmente a atenção do legislador

nacional voltava-se à poluição das águas e por isso o Decreto n. 50.877, de 29 de

junho de 1961, no seu art. 3º., definiu como toda e:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas das águas que possa importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao bem estar das populações e ainda comprometer sua utilização para fins agrícolas, industriais, comerciais, recreativos e principalmente a existência normal da fauna aquática.

Conforme Hely Lopes Meirelles, poluição significa: ―[…] toda alteração das

propriedades naturais do meio ambiente, causadas por agente de qualquer espécie,

prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população sujeita a seus

efeitos‖. Diante do exposto, José Afonso da Silva (1981, p. 443), nessa linha de

pensamento define a poluição ao meio ambiente como toda: ―qualquer modificação

das características […], de modo a torná-lo impróprio às formas de vida que […]

normalmente abriga‖.

Segundo Greco (1975, p. 1), a poluição é representada pelo ato ou efeito de

manchar, conspurcar, alterar substancialmente as características naturais de

determinado objeto ou bem indisponível. No entendimento de Fábio Nusdeo,

poluição tem como pressuposto a redução da qualidade do bem, pela prática do

conspurco, mancha ou sujeira, anterando sua forma original.

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Por outro lado, a conscientização em relação ao meio ambiente, os direitos

humanos e a reivindicação do direito a um meio ambiente ecologicamente

equilibrado iniciou com a Conferência de Estocolmo (1972). Esse evento foi o

primeiro acontecimento que debateu os problemas ambientais do planeta. Embora

não tenha declarado o direito humano ao ambiente, estabeleceu um elo entre meio

ambiente, direitos humanos civis e políticos, incluindo liberdade, igualdade e

dignidade e entre direitos econômicos, sociais e culturais à adequada condição de

vida e bem-estar, ao establecer, segundo Giorillo (2000, p. 29), no seu princípio

primeiro o seguinte:

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras.

Conforme Fiorillo (2000), o estado de consciência ecológica é um fenômeno

social construído recentemente e atinge dimensões planetárias nas últimas décadas,

em razão dos efeitos negativos do modelo de desenvolvimento adotado pela

sociedade moderna.

3 PICHAÇÃO

Este capítulo tem como objetivo trazer questões histórico-jurídico-sociais da

pichação, no Brasil e no mundo, caracterizando-a e identificando os autores da

prática, analisar as motivações que conduzem um sujeito ou grupos de sujeito à

prática da pichação, demonstrando os riscos envolvidos e, finalmente, descrever a

pichação como um problema social que ainda carece que seja resolvido pelo

legislador e pelas autoridades brasileiras.

3.1 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A PICHAÇÃO NO MUNDO E NO

BRASIL

Segundo Oliveira Junior (2011), a pichação surge desde os primórdios da

civilização humana e se perpetua com o homem, encontrando destaque ao se

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expressar em desenhos e escritos em rochedos e paredes de cavernas onde

habitava no início de seus dias. E, muitos sítios arqueológicos preservados

atualmente apontam que desde a época da pedra lascada os artistas pintavam

figuras de animais, preferencialmente, de cavalos, mamutes, bisões e seres

humanos, com destaque à mulher, na forma de deusa. Utilizavam ferramentas

produzidas com osso, pedra e marfim servindo para produzir os desenhos, à caça e

à luta entre grupos inimigos, explicando, quem sabe, a origem da pichação e da

grafitagem, técnicas estas que tentam intervir no meio urbano ao expor a arte de

rua.

Segundo o Guia Enem Atualidades (2010, s/p), as pichações surgiram mais

precisamente no final dos anos 1960, elegendo os Estados unidos como país inicial,

que se propagou como uma mensagem de rebeldia e protesto propalado na forma

de escrita em spray, seja em paredes, muros, ônibus ou trens de metrô.

No Brasil, a pichação manifestadamente impingida contra o patrimônio

alheio ganha força durante as décadas de 70-80, transformando-se em um canal de

expressão questionadora às questões político-sociais da juventude presente nos

grandes centros urbanos. Nesse sentido forma-se uma geração de artistas de rua no

Brasil, integrando Alex Vallauri, Matuk e Zaidler, sendo convidados para expor suas

produções em 1985, na Bienal Internacional de Arte de São Paulo (ENEM, 2010).

Os grafiteiros preferem permanecerem anônimos quanto às produções

artísticas realizadas. Porém, muitos são reconhecidos e ingressaram com suas

produções em ambientes institucionais, sejam brasileiros ou não (ENEM, 2010).

Segundo Lassala (2010), os termos pichação e graffiti modernamente se

caracterizam como condutas penalmente reprováveis, justificadas no dano que

causam ao ambiente em razão da poluição visual e de outros fatores, que somados

se tornam inconvenientes às pessoas de seu meio. No entanto, lentamente, uma

correta avaliação estética separa e redefine ambas as modalidades.

A pichação se despe de referência artística e com vocação clandestina

invade as ruas com palavras hostis ou símbolos agressivos próprios de uma cultura

da geração da transgressão. No entanto, a prática da grafitagem é estruturada por

grupos comprometidos com a arte e busca traçar seu espaço urbano para trabalhar

com a tinta spray e criar paisagens, gravuras e painéis harmônicos, extremamente

coloridos ou cinzentos. É frequente o pedestre admirar a arte de rua, demonstrando

uma interpretação crítica entronizada nos grandes museus (OLIVEIRA JUNIOR,

2011).

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Carvalho (2013) relata que existem estudos que versam sobre a origem da

pichação e confirmam que o graffiti nova-iorquino original equivale à pixação

praticada no Brasil, na atualidade e que ambas mantêm princípios interligados,

como: força, explosão e vazio na sua produção.

Na 26ª. Bienal de Arte de São Paulo (2004) houve pixo em obra do artista

cubano Jorge Pardo, porém, naturalizado americano, porém, em torno do assunto,

seu comentário foi o seguinte:

Se alguém faz alguma coisa no seu trabalho, isso é positivo para mim, porque escolheram a minha peça entre as expostas [...]. Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista fazendo sua própria obra dentro da minha. Pode ser só uma brincadeira [...] pichar a obra de alguém também não é tão incomum. Já é tradicional (JORNAL FOLHA DE SP, 29/09/04).

A partir do depoimento de Pardo nota-se o uso recorrente de movimentos

com padrões estereotipados que se enquadram em formas de expressão impostas e

organizadas pelos elementos do próprio grupo. Nesse cenário, o ato de pichar

considera o sistema que os pichadores se inserem, levando em conta a rivalidade,

hierarquia e disputas de poder entre as gangues (JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO,

29/09/04).

Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim apresentou como tema Forget Fear

prioriza fatos e inquietações políticas da modernidade, quando os pixadores

brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C. estiveram presentes,

convidados a apresentar um workshop sobre na igreja Santa Elizabeth. Porém, não

seguiram as regras impostas pela curadoria ao pixar o monumento. No entanto, ao

aceitar o convite acataram as regras impostas. No entanto, a pichação (pixação) é

uma conduta transgressora e por isso, os organizadores desse tipo de evento

devem pressupor que os pichadores convidados podem ou não seguir os padrões

previamente estabelecidos (JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, 29/09/04).

Alguns movimentos e grupos consideram a pixação um tipo de arte, similar à

arte dos curadores da Bienal de Berlim, porém, existe um questionamento em torno

da realidade dos pichadores: Afinal, será que eles gostariam que sua expressão

venha ser reconhecida como arte? Pois a arte pressupõe a adaptação do estilo a

determinado molde e regras com potencial intervencionista, o que torna improvável

que os pichadores apresentem tal desejo (JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO,

29/09/04).

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A pichação se manifesta, representativamente, como forma destrutiva de

expressão utilizando o patrimônio alheio como veículo de difusão, como uma crítica

ao sistema político, econômico, social, educacional, socialista, entre outros. Porém,

uma forma marginal e extremista de expressão e manifestação pública, principal

pressuposto de sobrevivência desse tipo de arte e do público que aprecia,

funcionando como rejeição do pichador como sujeito que embora seja uma conduta

ignorante, garante uma força intervencionista ao pleito (JORNAL FOLHA DE SÃO

PAULO, 29/09/04).

3.1.1 Caracterização da pichação

No Brasil, segundo Carvalho (2013), acaloradas discussões circundam em

torno da pichação e, por um lado, reconhecem como a ―conduta criminosa‖ que

representa, de outro, um tipo de ―arte‖ contemporânea, uma forma de expressar-se

artisticamente, mas infelizmente traz a punibilidade do agente como consequência

negativa.

Embora considerada delito sua prática o assunto levanta um importante

questionamento: A pichação, enquanto arte contemporânea perde sua essência ao

flagelar patrimônio alheio, tornando-se ato infracional que repercute em

consequências pecuniárias indesejadas e nem sempre passíveis de arcar com o

ônus, quando não, resulta no recolhimento do agente à prisão.

Segundo o entendimento de Sales (2015), no Brasil, pichação e graffiti são

condutas penalmente reprováveis, pecuniariamente valoradas em razão do dano

produzido no ambiente e à poluição visual quando não autorizado pelo proprietário.

Entender os desdobramentos da pichação remete ao resgate de alguns dos

aspectos do graffiti, cujo termo nasceu nos Estados Unidos da América, na década

de 70, um movimento integrante da cultura hip-hop, chegando ao Brasil anos mais

tarde2. Desde esse período até à atualidade ganhou força, criatividade e técnica,

sendo reconhecido no Brasil como um estilo de graffiti artístico, que se consolidou

como arte contemporânea, em 2000 (CARVALHO, 2013).

Nesse cenário se faz necessário compreender a diferença entre o graffiti e

pichação. No primeiro caso, atribuído à arte, no segundo, ao vandalismo e

2 Break, MC, DJ e Graffiti.

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depredação do patrimônio artificial urbano, àquele selecionado pelo agente que

pratica o ilícito, sejam bens públicos ou privados (CARVALHO, 2013).

Costumeiramente, a prática está vinculada à ilegalidade e à marginalidade,

gerando prejuízos aos proprietários dos imóveis urbanos e obrigatoriamente arcam

com o ônus da conduta do agente, pois o infrator atua na calada da noite, nas

madrugadas, feriados ou na ausência de pessoas para guarnecer o local. Portanto,

uma conduta que se caracteriza em ato infracional, tipificado no ordenamento penal

brasileiro e sua distinção motiva-se justamente na institucionalização liberalizada

do graffiti, apontando, inicialmente, seus primeiros resquícios na década de 70

(CARVALHO, 2013).

A mescla de condutas que variam entre o técnico e o formal foi trazida

do graffiti, cuja sistemática artística contribui para perder o potencial subversivo, no

Brasil, inspirados no pressuposto de ser uma manifestação genuinamente de rua,

mas caminha em passos rápidos, para tornar-se arte com intervenção domesticada,

enquadrada nos moldes de um sistema da arte tradicional, sendo uma inverdade,

uma vez que flagela os bens alheios (CARVALHO, 2013).

O grafiteiro, usualmente, é percebido como um artista plástico, apresentando

características peculiares à valorização do artista contemporâneo, seja em relação à

prática ou seu status de criação, aceito como um profissional de moda que

manifesta sua própria revolta e a revolta da população na rua, por meio do

patrimônio alheio. E, além da diferenciação conceitual entre as expressões, embora

compartilhem de mesma matéria-prima (tinta a óleo ou à água), em essência, é uma

prática de natureza intervencionista (CARVALHO, 2013).

Segundo Carvalho (2013), o graffiti nova-iorquino original equivale à pixação

brasileira, mantendo, ambos, um esvaziamento de detalhes. Na pichação não existe

o poético ou significados, apresenta dimensão incomunicativa e fechada, portanto,

não dialoga com a sociedade, somente polui e agride. A rejeição do público motiva-

se na ausência de compreensão e intelecção das inscrições, em vista de que

somente membros da comunidade de pixadores decifram seu conteúdo.

Tanto o significado como a força intervencionista do pixo reside justamente

no pressuposto de que literalmente configura ato infracional, ainda que de menor

potencial ofensivo, evidenciando a impossibilidade de ser inserido em estatuto pré-

estabelecido, pressupondo certa diluição e perda do potencial signo-estético.

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O graffiti como arte é uma expressão estética contemporânea. Porém, a

pichação utiliza o princípio da ilegalidade para fortalecer sua essência material e

cósmica, caracterizada pela transgressão à Lei (CARVALHO, 2013).

Sales (2015) afirma que lentamente a avaliação estética consegue separar e

definir as modalidades e afirma que a pichação se despe de referência artística

quando a vocação clandestina se manifesta e invade as ruas fazendo uso de

símbolos agressivos ou palavras hostis, denominada cultura da transgressão. O

legislador interpreta a vontade popular e retira a grafitagem do limbo ao introduzir no

rol de condutas lícitas, descriminalizando-a por meio da Lei n. 12.408/2011.

Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante a manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional (SALES, 2015).

Diante do exposto, a arte popular ganha força ao fazer vernissage nas ruas

das grandes cidades e exibe conteúdos semelhantes ao das Belas Artes,

demonstrando que a estética se relaciona com a filosofia presente no Belo. Sendo

assim, a arte se manifesta no prazer aos olhos que os visualiza, tendo a aptidão de

encantar pessoas e transportá-las para um ambiente harmônico em que livremente

se possa fazer incursões no imaginário humano, sem ser penalmente reprimida, pois

a Arte não está vinculada ao fazer artístico penalmente proibido, mas livremente

expressado, por meio de uma criação estética onde está presente o Belo artístico

(SALES, 2015).

E, em lugar de existir um muro totalmente branco na cidade, vazio e sem

significado ou ainda envelhecido pelas intempéries, praticamente sem atrativo algum

à comunidade, seria melhor receber um grafiato que retratasse cenas sobre o

amanhecer no pantanal mato-grossense, com pássaros voando e um céu azul

inconfundível, pois elevaria o espírito e transportaria essa comunidade ao estado de

graça. Comparativamente, o grafiti está próximo da arte e a pichação do vandalismo

urbano, portanto, punível enquanto prática (SALES, 2015).

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3.1.2 Motivações que conduzem à prática e os riscos

Giumbelli (2011), os monumentos se tornam temas relevantes, suscitando a

articulação de noções em torno do assunto. Em termos antropológicos, algumas

noções despertam na linha clássica e outras noções recentemente formuladas se

situam em torno do assunto. Em âmbito clássico, remete-se a questão da cultura

material atualmente revitalizada pela antropologia dos objetos. Em âmbito recente

encontram-se as imagens (monumentos) religadas com auxílio da noção de agência,

à problemática clássica da magia e suas operações simbólicas. E, uma vez

relacionados objetos-imagens (os monumentos) se tornam objetos indissociáveis

uns dos outros, impulsionando movimentos que despertam o interesse à

antropologia como ciência contemporânea, conferindo criatividade analítica e de

certa forma, efervescência teórica ao conteúdo.

Segundo Couy (2011), os crimes que envolvem o crime de pichação no

Brasil são reticentes nos grandes centros urbanos, uma vez que a punição é

mínima, aplicada tardiamente, o que ajuda a incentivar os infratores diante da

inconsistência das normas e das consequências entre as quais o infrator enfrenta,

na prática, bem como ante o valor da multa e recolhimento do agente à prisão e que

nem sempre ocorre diante do que a sociedade espera, quanto ao rigor da punição

dos culpados.

3.1.3 Perfil dos infratores

Segundo Lopes (2012), acerca do perfil de pichadores do patrimônio público-

privado, segundo a delegada do município de Belo Horizonte, Estado de Minas

Gerais, Brasil, a Prefeitura local desenvolveu um estudo para levantar informações

concernentes ao perfil dos pichadores, mas os dados não foram encontrados no

ambiente virtual. Porém, relata o seguinte a Delegada: ―pela nossa experiência não

dá para dizer que haja um traço comum. Tem maior de idade, menor, estudante,

trabalhador, tem de tudo, não dá para generalizar‖.

Segundo Marins (2014), ao refletir sobre quem seria o pichador dos centros

urbanos, logo vem à mente, segundo Claudio Frederico de Carvalho, diretor da

Guarda Municipal em Curitiba, um estereótipo de adolescente usando roupas

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costumeiramente largas, toucas ou bonés virados, contudo, esse perfil se torna

coisa de um passado que ficou na história.

Segundo o mesmo diretor da Guarda Municipal de Curitiba: ―a prática de

colocar um terno e gravata e subir no prédio é algo mais habitual do que a gente

pensa. Registramos muitos casos dessa natureza. Com isso você percebe que a

pichação não é só mais uma ‗brincadeira‘ infanto-juvenil‖ [...] – (MARINS, 2014).

Conforme Elisabeth Seraphim Prosser, uma professora e historiadora social

da Arte, no município de Curitiba relata que o estereotipo de pichador é uma atitude

de preconceito, acrescido ao total desrespeito com p patrimônio alheio. Sendo

assim, é visto atualmente como uma: ―ideia que se instalou, mas que não passa de

um prejulgamento infundado‖ [...] - (MARINS, 2014).

Segundo essa professora, o objetivo do pichador é protestar contra algo que

discorda na sociedade ou no governo e uma insatisfação de si próprio. Geralmente,

procura fazer ruído àquilo que está arrumado. O que pretende repassar é que as

coisas não são e não estão limpas ou organizadas, mas tudo é caótico (MARINS,

2014).

Em pesquisa à internet verificou-se que no Facebook existe uma fan page

que se chama Pichadores CWB [Curitiba]. E, um dos internautas em desacordo com

a prática da pichação publicou o seguinte enunciado: ―cuidado pra não tomar um tiro

otário. Subraça‖. O administrador, em resposta, disse para o usuário ―tomar cuidado‖

e que é ―advogado, mas meu dom é pichar seu porco fdp.‖ (MARINS, 2014).

É incontroverso, pois atualmente, segundo a Lei penal, civil e administrativa,

o infrator da pichação se enquadra em crime de dano perpetrado contra o patrimônio

alheio, seja público ou privado, com pena de reclusão prevista e a prestação de

serviços comunitários, acrescidos de multa pecuniária valorada segundo a valoração

do crime e do patrimônio atingido.

3.1.4 QUAIS OS CÓDIGOS USADOS NA PICHAÇÃO?

Autor: Victor Bianchin - de São Paulo

REVISTA ABRIL – MUNDO ESTRANHO

Consultoria João Cunha, ex-pichador e artista gráfico

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Publicação em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-os-codigos-usados-

na-pichacao Data pesquisa: 25.08.2015.

Figura 9 – códigos usados na pichação

São símbolos e siglas empregados para identificar o autor da obra. Uma pichação é

essencialmente a assinatura de um grupo de pichadores, a turma. Pode conter o

nome dela, a abreviação dos apelidos dos integrantes e dados como região e data.

As turmas se relacionam de maneira amistosa ou hostil entre si, e isso também fica

marcado nas paredes (veja nosso guia abaixo). Existem turmas tradicionais que

surgiram na década de 90 e perduram até hoje: ou porque um de seus membros

nunca parou de pichar (sim, existem pichadores com mais de 40 anos), ou porque

ele selecionou algum sucessor para carregar o nome para a frente. Criado na cidade

de São Paulo nos anos 80, o estilo mais popular é chamado de pichação reta e é

respeitado por todos os adeptos. É vandalismo, sim, com marca registrada.

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Figura 10 Códigos usados na pichação

Mensageiros do muro

Conjunto de inscrições é feito sempre na mesma ordem, e serve para o grupo se

afirmar e ganhar respeito

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Figura 11 – Códigos usados na

pichação

ROLÊ DO SPRAY

A inscrição da turma é a principal na pichação reta. Turmas são grupos de

pichadores que usam uma marca em comum e fazem "rolês" (saídas para pichar)

juntos. Os nomes são difíceis de ler, mas dá para decifrar com alguma prática. A

marca da turma não varia e todos os membros têm que saber reproduzi-la com

perfeição

A UNIÃO FAZ A FORÇA

Os grupos de letras são abreviações e funcionam como logotipos. O primeiro

elemento da ordem, da esquerda para a direita, é o logo da "grife". Esse é o nome

dado a um grupo composto de várias turmas aliadas. É praticamente impossível

deduzir o nome pelo logo: só quem picha sabe, de cabeça, identificar uma grife. Mas

nem sempre a turma faz parte de uma.

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É NÓS NA TINTA

A seta significa duas coisas: primeiro, indica que a relação de duas turmas (a que

aponta e a que é apontada) é de amizade. Segundo, significa que ambas fizeram o

"rolê" juntas, e picharam uma seguida da outra. Em outras palavras, a seta deve ser

lida como uma vírgula - como aconteceram na mesma hora, as pichações devem ser

lidas sequencialmente

MARCA PESSOAL

Cada indivíduo que participa do picho também assina suas iniciais, geralmente entre

as letras da turma ou no lado superior direito. Essas iniciais podem ser abreviações,

siglas ou mesmo logotipos. Algumas são decifráveis ("MRC", por exemplo, é uma

abreviação de "Marcos"), outras não. Pichadores datam a pichação para ver quanto

ela vai durar

EM TERRA FIRME

A modalidade mais simples de pichar é com os pés no chão. Em vez de escalar

prédios e estruturas, quem faz do chão tenta alcançar mais alto com o chamado

"jeguerê": uma escadinha humana de até quatro pessoas em pé nos ombros uma da

outra e apoiando as mãos na parede. Comparado a outras modalidades, é

relativamente seguro

RISCO ELEVADO

Nas pichações de "pico", no topo dos prédios, membros da turma sobem pelos

cabos dos para-raios ou pelas próprias escadas internas. São geralmente feitas com

rolos de tinta. Quando se usa spray, dá para distinguir de uma pichação "janela"

porque o fumê fica na parte de baixo.

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PROEZAS SUICIDAS

"Escalada" ou "janela" é a modalidade que mais tira a vida de pichadores. O desafio

é escalar prédios pelas janelas das fachadas, na alta madrugada, o mais alto

possível. Os pichos são feitos com eles geralmente dependurados ou se esticando,

então as partes mais .altas da assinatura ganham um efeito fumê, sinal de que o

spray estava mais longe da parede

TRETA NO PAREDÃO

Colocar sua pichação acima da dos outros é uma forma de dizer que você teve mais

ousadia e escalou mais alto - isso é chamado de "quebra", uma tiração de sarro

inocente. Insulto mesmo é o "atropelo": pichar em cima da assinatura de outra turma.

É um convite à violência, um insulto gravíssimo que acaba em briga ou morte

ATENÇÃO!

Pichar, além de perigoso, é crime, segundo a lei federal 9.605/98, com pena de 3

meses a 1 ano de prisão

Curiosidades - Figura 12 códigos usados na pichação

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FIGURA 13 – Códigos usados na pichação

Quando todos os membros da turma estão juntos, a abreviação usada é "TDS", de

"todos"

Quando uma turma picha em uma região que não é a sua, ela indica a sua

procedência com siglas: "ZL" é "zona leste" e assim por diante

Não há uma modalidade mais importante que outra. A reputação dos pichadores

vem da quantidade: quanto mais lugares pichados, mais notados eles são

Linha evolutiva

Os cinco tipos de intervenção gráfica, em ordem de sofisticação

Xarpi

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Originárias do Rio de Janeiro, essas pichações também são conhecidas como

"carioquinhas". Feitas com giz ou carga de caneta, são assinaturas individuais e

ilegíveis

Pichação Reta

A mostrada abaixo. Começou como uma adaptação dos títulos de banda de metal

dos anos 80 e evoluiu para um conjunto de regras, estética e códigos

Grapixo

Uma pichação reta estilizada como grafite, com várias cores. É uma maneira de

despistar a polícia com o argumento de que "Não é pichação, é arte de rua"

Tag

Surgida em Nova York nos anos 80. É a criação de uma assinatura muito estilizada

de um artista individual. A complexidade varia com o tempo disponível para o

trabalho

Grafite

Há quem argumente que o primeiro da história foi feito na cidade de Éfesos, em 4

a.C. Mesmo que suas raízes estejam no vandalismo, tem se tornado mais

mainstream. (mainstream – Tradução: corrente principal)

3.1.6 A MAIS NOVA TECNOLOGIA DA PICHAÇÃO NO EXTERIOR

TECNOLOGIA

GRAFITEIRO USA DRONE PARA PICHAR OUTDOOR EM NOVA YORK

É a primeira vez que essa tecnologia foi usada para o vandalismo

POR O GLOBO

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04/05/2015 14:26 / ATUALIZADO 04/05/2015 14:28

FIGURA 14 – Pichação prédio Nova York com Drone

O alvo de KATSU fica na esquina das ruas Houston e Lafayette - REPRODUÇÃO

RIO — Entre os grafiteiros, deixar sua marca em locais aparentemente inacessíveis

é questão de status. É isso o que KATSU, conhecido artista de rua americano, fez

na noite da última quarta-feira. Com um drone adaptado, ele deixou sua marca em

um imenso outdoor da Calvin Klein, na esquina das ruas Houston e Lafayette, no

SoHo. É a primeira vez que se tem notícia sobre o uso dessa tecnologia para o

vandalismo.

— Ele foi surpreendentemente bem — disse KATSU, em entrevista à ―Wired‖. — É

emocionante ver pela primeira vez o potencial desse dispositivo para o vandalismo.

O outdoor vandalizado estampa uma fotografia da modelo Kendall Jenner. Ele é um

dos principais pontos publicitários de Nova York, com seis andares de altura em uma

movimentada esquina da cidade.

— Foi um pouco tenso — confessou KATSU.

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KATSU é conhecido pelo uso da ética hacker para o grafite. Em 2011, ele modificou

um extintor de incêndio para usá-lo como spray de tinta. O primeiro alvo foi nada

menos que o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles. No mesmo ano, ele

trocou posteres em cerca de cem cabines telefônicas de Nova York por materiais

produzidos por ele, que misturam celebridades, marcas e o seu tradicional KA.

Em 2013, ele deixou suas marcas dentro do jogo ―Minecraft‖, e, no ano passado, fez

uma demonstração de um drone Phantom DJI modificado, capaz de carregar uma

lata de tinta spray. O piche no outdoor da Calvin Klein foi o primeiro ato público do

equipamento. Segundo o grafiteiro, a tecnologia ainda precisa ser aprimorada.

— 70% da concentração está em manter o equilíbrio — disse KATSU.

O controverso artista promete um novo modelo do drone ―para breve‖, que seja mais

fácil de manobrar. A façanha, claro, foi filmada e publicada no YouTube.

FONTE em http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/grafiteiro-usa-

drone-para-pichar-outdoor-em-nova-york-16053106#ixzz3n4RYvKkf

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4 A PICHAÇÃO COMO PROBLEMA SOCIAL NO BRASIL

Este capítulo aborda o problema da pichação ao patrimônio no Brasil, no

Estado do Paraná e no município de Curitiba, capital de mesmo Estado, em

contraponto com a impunidade do infrator, suas consequências econômicas, sociais

e jurídicas envolvidas e a responsabilidade do infrator de norma constitucional e

infraconstitucional.

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4.1 NO BRASIL

No Brasil, nas grandes cidades e maiores capitais brasileiras a pichação em

prédios, edifícios, casas, escolas e muros parecem impunes, em pleno Século XXI,

especialmente, quando autoridades não conseguem prender os culpados ou,

minimamente, exigir o ressarcimento pelos prejuízos causados aos proprietários de

bens privados e imóveis pertencentes ao Poder Público, resultando em prejuízos

aos seus cidadãos brasileiros, pois são eles quem indiretamente irão pagam a conta,

ao final.

Conforme Lopes (2012), levantar o número de pichadores em determinada

região ou comunidade é fundamental, especialmente, àqueles que estão na mira da

Polícia, tornando possível mensurar o quantum de infratores atuam em campo ainda

desconhecido e sombrio do crime urbano? Embora pareça uma prática invisível e

que não cause malefício para muitos, para muitos outros proprietários de bens

patrimoniais configura, além da poluição visual, um sentimento de bagunça visual

geral, além dos prejuízos ao ter que obrigatoriamente efetuar refazer a pintura no

local pichado.

É necessário identificar a que grupo(s) pertence(m) o(s) pichador(es)? É

necessário identificar, quanto, afinal, foram devidamente punidos ou repararam os

danos causados à degradação de patrimônio alheio? A falta de resposta das

autoridades a essas perguntas mostram a dificuldade da polícia e do poder público

para lidar com a ação de quem hoje espalha a poluição visual pela cidade. A

dificuldade de combater a pichação, caracterizada como crime ambiental pela Lei

Federal 9.605/98 é reconhecida pela Polícia, uma vez que os infratores são detidos,

quando liberados tornam a sujar a cidade. E quando são identificados costumam

não ser punidos com o rigor que a legislação prevê. Segundo a Polícia Civil do Rio

de Janeiro, a experiência aponta que a multa não é aplicada com rigor àquele que

suja a cidade (LOPES, 2012).

De acordo com Giumbelli (2011), nem mesmo o monumento do Cristo

Redentor, situado na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, Brasil,

escapou da pichação dos vândalos espalhados pela cidade, conforme citação.

Às luzes da manhã do dia 15 de abril de 2010 trouxeram à vista uma imagem inusitada: a estátua do Cristo Redentor, mundialmente conhecida, estava pichada. As inscrições espalhavam-se pelo rosto, braços e peito da

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escultura – e foram perpetradas graças (ironicamente) aos andaimes que a cercavam, lá postos para possibilitar mais uma das reformas pelo qual passava o monumento situado no Corcovado, um dos pontos mais altos da cidade do Rio de Janeiro. Não houve testemunhas e as câmaras do circuito de segurança estavam desligadas. Já há alguns dias, por conta das fortes chuvas que atingiram a cidade, com muitos prejuízos humanos e materiais, o monumento estava fechado aos visitantes. Nos jornais, o episódio suscitou uma condenação generalizada 0- vandalismo, covardia, estupidez, insanidade, desrespeito, anti-cidadania, incivilidade, foram os epítetos proferidos por autoridades e leitores. Alguns empresários articulam-se para oferecer uma recompensa por informações que rendessem pistas sobre os autores da façanha. Denúncias anônimas e investigações policiais levaram a dois ou três nomes. Cerca de umas duas semanas depois, um dia após o outro, dois homens se entregaram às autoridades [locais]. A rendição veio acompanhada de pedidos de desculpas. Embora tenham sido indiciados, os homens não foram presos e as notícias não deixaram claro se iriam responder a processos criminais. Certo mesmo é que no dia 30 de abril, puderam ser vistos, com macacões azuis, luvas, aventais e óculos especiais, na entrada de um dos túneis mais movimentados da cidade. Acompanhados, inclusive, do prefeito, estavam lá, ratificando seu arrependimento, para ajudar a limpar as paredes do túnel e suas imediações: o ato fazia parte do lançamento de mais um programa oficial anti-pichação.

Ao refletir sobre o vandalismo da pichação impingida contra o monumento

histórico brasileiro em repercussão mundial esboçado a arte em pedra, no alto da

montanha no Rio de Janeiro, remeter-se ao conceito de drama social proposto por

Swartz et al. (1966), que entendem a premente necessidade de compreender o

fenômeno da pichação, a partir do campo político-social, prosseguindo as fases que

conduzem à ruptura da ordem social e sua restauração por meio dos movimentos

que retratem determinada época e os anseios sociais que por meio dela se

manifestam, registrando a história da vida urbana, que também é um pouco da

história de vida do povo que na cidade habita.

O monumento do Cristo redentor foi friamente atacado por atos de pichações,

o mesmo que vandalismo, que se enquadra no conceito de ilicitude, tendo,

assertivamente, as autoridades locais, em conjunto com a sociedade carioca, que se

mobilizarem para chegar aos verdadeiros culpados pelo feito, os quais

posteriormente se entregaram à Polícia Civil, confessando o crime, embora tenham

se declarado arrependidos, ainda assim foram culpados segundo a Lei territorial

carioca, seja estadual ou local, vigente à época do ilícito (FIGURA 1).

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FIGURA 1: Imagem do Cristo redentor pichada Fonte: Google (2015).

Ao analisar estudos críticos que versam sobre a religião e o credo praticado

por povos antigos e contemporâneos, Michael e Taussig (1977) apud GIUMBELLI

(2013) registram transgressões em torno de monumentos religiosos, cujo

vandalismo contra o monumento do Cristo Redentor não é único. Nestes tempos,

transgrediram, além de uma norma social, perpetraram uma conduta antijurídica que

ferem normas de intelecção e liberdade à adoração e fé, peculiares aos seus

devotos, manifestando-se, os infratores, seus sentimentos e contrariedades, por

meio do drama de representação social e religioso de época, enquanto o Brasil

atravessa problemas no campo político, econômico, social e religioso, entre outros.

4.1.1 No Estado de São Paulo Um estudo do perfil psicológico dos pichadores, extraído do trabalho “ENTRE MUROS, PRÉDIOS E TINTAS – O Perfil do pixador paulistano, em trabalho de TCC para a Faculdades Integradas Rio Branco, das autoras: ANA PAULA FEREIRA OLIVEIRA, GRAZIELA ROBERTA MORENO PRIMIANI E LAÍSA CAMARGO ALVES, (pags. 30 à 33).

Relação com a criminalidade ―A prática de crimes não é regra, mas uma realidade dentro dos grupos de

pixadores. Furtos de latas de tinta spray e de pequenos objetos para financiar a

compra de material para pichar estão entre os delitos mais comuns. Há também

aqueles que praticam crimes mais graves, como assalto a mão armada e até tráfico

de entorpecentes. O uso de drogas, aliás, é uma característica bastante presente.

De acordo com Barbosa (2010, p.152), que frequentou points durante sua pesquisa,

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maconha, cola e solvente são as mais utilizadas. "Se tem lata e tem maconha, eu

vou saindo e vou fazendo", (BASTARDO, da crew 120, informação verbal)

Em entrevista concedida às autoras deste trabalho em 02.out.2014.

Como a transgressão é uma característica marcante do reforço de sua

identidade, os jovens costumam adotar essa postura não apenas em relação ao pixo,

mas em seu cotidiano. Um exemplo deste comportamento é a prática de utilizar o

transporte público sem pagar passagem. Barbosa (2010, p. 144) afirma que a

negociação com o cobrador costuma começar pacífica, mas não hesitam em fazer

ameaças para conseguirem pular a catraca.

―O melhor termo para analisá-los seria o da transgressão, pois há uma valorização desta ideia [...] Embora nem todos os pixadores admitam praticar furtos, menções a estes apareceram algumas vezes em conversas nos points. Eles se referem a esta prática pelo seu artigo no código penal, o 155. Criou-se até uma grife exaltando o furto, a Love 155. (BARBOSA, 2010, p. 152) ―

Spinelli (2007) aborda o tema de outra perspectiva. Para ele, o pixador é

menos ofensivo em relação à maneira como é visto pela sociedade e seus grandes

feitos (invadir prédios e escalar marquises) acabam por revelar a falta de

policiamento e insegurança.

―Porém, o pichador não é, em geral, um ladrão, e seu tipo de comportamento não é comum entre os membros da tribo que pratica essa intervenção visual urbana. Mas, é certo que o simples fato de indicar a possibilidade de invasão ao patrimônio privado já inocula um medo constante à população que cada vez mais está sujeita aos estímulos paranóides de vídeo vigilância e da violência totalitária. (SPINELLI, 2007, p. 118) ―

A pesquisa de Ceará e Dalgalarrondo16 (2008, p. 283) confirma que legislação

desfavorável para a prática é um dos principais elementos para sua intensificação.

Cinquenta e seis por cento dos jovens entrevistados apontaram como a pixação

mais significativa de suas trajetória uma que envolveu riscos com autoridades

policiais ou civis. Para 78%, as leis são relativas, e podem ou não fazer sentido. Os

22% restantes acham necessário obedecer à legislação, embora não o façam. Cem

por cento afirmaram ser vistos pela sociedade e autoridades como marginais. Esta

última questão revela o estereótipo que possuem de si e que reafirma sua

identidade.

Outro fator que precisa ser considerado é a postura policial. Ainda tratando da

pesquisa, 78% disseram ver a polícia de maneira negativa, violenta e corrupta. É

comum os pixadores relatarem histórias de violência policial, que incluem agressões

físicas e verbais. Além de ameaças, a polícia costuma pintar o rosto e o corpo do

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pixador com a tinta que ele carrega. Nem sempre os casos são registrados ou

chegam às delegacias. Barbosa (2010. p.153) aponta que "o modo como a polícia

procede com eles nas ruas - quase sempre com violência - acaba por tornar a opção

pela criminalidade ainda mais atraente".

―Quando a polícia pega é só coisa ruim. Já apanhamos, já tomamos ameaça com arma na

cara, já grudaram arma na nossa barriga, já deram soco na cara, disso pra pior.

(BASTARDO, da crew 120, informação verbal)

Acho que o pior foi o da (Rodovia) Raposo (Tavares). A gente foi fazer uma oficina, ai a

gente tava indo embora, já tava dentro do carro, fomos embicar na Raposo, a polícia parou

a gente. Aí já era. Tava com maconha, cheio de lata no carro, tinha cinco nego. Os

moleques tinham passagem de 155. Tomamos um esculacho , a gente tava no meio do

nada, não tinha ninguém. Eles pegava a arma e ficava enfiando na barriga. Apanhamos

muito. É melhor tomar enquadro quando tem gente vendo, mas você ta ai pra isso. (VISH,

da Crew 120, informação verbal) em entrevista concedida às autoras deste trabalho em

02.0ut.2014.

Motivação e identidade

O estudo do perfil psicológico realizado por Ceará e Dalgalarrondo (2008, p.

281) revelou que, para a maioria dos entrevistados (37%), o pixo é uma necessidade

de expressão. Vinte e um por cento apontam que a maior motivação é o desejo de

se tornar conhecido, e outros 21% afirmam que o prazer do desafio aos riscos é a

principal razão para a prática.

Estes dois últimos fatores, de acordo com a psicóloga Lilian Amaral19, são o

que movem o pixador a buscar o local mais difícil e com maior destaque para pixar,

pois essa ação produz adrenalina no corpo. ―A adrenalina é a forma mais rápida de

ter prazer, pois ela causa uma sensação muito boa nas pessoas quando elas

conseguem concretizar algo que desejam‖, explica.

Nesse contexto, além do desejo pelo desafio de transgredir as regras, pode-

se afirmar que as tradições da pixação, ter Ibope e ser respeitado no grupo a que

pertencem tornam-se fatores determinantes das ações destes jovens.

Apesar da intencionalidade da ação dos pichadores e da sua exata noção do dano

proporcionado ao patrimônio de outrem, na verdade esses atores gostariam que

todos admirassem seus feitos, rendendo-lhes comentários acerca do estilo e da

dificuldade dos alvos escolhidos. Sua intenção não é a de sabotar outras pessoas,

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mas de aumentar seu prestígio dentro de uma elaborada rede de pares. (SOUZA,

2007, p. 21)

O reconhecimento e destaque que os pixadores ganham dentro do grupo

possui relação com sua formação de identidade.

A partir do momento em que o pixador se envolve com o movimento, ele tem como

foco a busca pelo reconhecimento, e tenta sair do anonimato que vive em sua

realidade fora do contexto.

A busca pelo destaque se inicia na definição do nome que ele espalhará pela

cidade. Com o tempo, esses apelidos, que se transformam em tags, tornam-se parte

da identificação do pixador e, muitas vezes, é incorporado no seu dia-a-dia‖.

Ao longo da vida esse nome é modificado, acrescentado, transformado, substituído. [...] Isso quando

não é totalmente por outro, um apelido - nome que, aos olhos dos outros, parece ser mais compatível

com as características físicas/ psicológicas de alguém. (MARTINO, 2010, p. 53)

Lilian Amaral explica que a identidade na área social se dá quando o indivíduo

busca um grupo com o qual se identifica para pertencer. A partir do momento em

que ele encontra e faz parte deste grupo, ele seguirá as normas e regras impostas

para ser aceito, como é o caso dos pixadores.

Nota: ― Estudo feito em Campinas sobre o perfil dos jovens pichadores. Apesar de a

pesquisa ter sido realizada com menores do interior de São Paulo, o perfil dos

pixadores da capital se assemelha bastante pois, em ambos os casos, os

entrevistados são moradores da periferia. Os pesquisadores apontam Campinas

como uma cidade rica, com bons recursos tecnológicos e oportunidades, o que

contrasta com a realidade dos jovens. Em São Paulo, a situação também é similar.

Vale ressaltar que o campo da pesquisa quantitativa foi um projeto de recuperação

de menores infratores. Logo, todos os pixadores em questão também já haviam

praticado outros crimes, o que difere do cenário geral.‖

Em entrevista concedida às autoras deste trabalho em 02.out.2014.

4.1.2 No Estado do Paraná (município de Curitiba)

Segundo Marins (2014), os bairros mais visados do município de Curitiba,

Estado do Paraná, Brasil, em 2014, foram, respectivamente, em primeiro lugar o

centro, com 117 denúncias, seguido do bairro São Francisco, com 55 denúncias,

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seguido do bairro Cajuru, Boqueirão, Cidade Industrial, Sítio Cercado, Bacacheri,

Água Verde, Capão Raso, Xaxim, Pinheirinho, Alto Boqueirão, Boqueirão,

Fazendinha e Portão, equiparados em relação ao número de denúncias/período,

variando em, pelo menos, 25 a 29 no primeiro semestre de 2014 (FIGURA 2).

FIGURA 2: Mapa das denúncias durante o primeiro semestre de 2014) – Curitiba, Estado do Paraná, Brasil Fonte: Gazeta do Povo (2014).

Conforme Marins (2014), no total, foram 189 no primeiro semestre de 2013 e

170 no segundo semestre de 2014. Em relação às multas aplicadas, totalizaram em

torno de 250 mil reais no primeiro semestre de 2013 e 288 mil no primeiro semestre

de 2014.

De acordo com a Prefeitura Municipal de Curitiba (2015), a gestão municipal,

conjuntamente com a Associação Comercial do Paraná desenvolveu um projeto que

teve como objetivo limpar a pichação dos vândalos à cidade de Curitiba. Em 29 de

março de 2015, dia em que se comemoraram os 322 anos de existência do

município de Curitiba, aproximadamente cem voluntários munidos de pincéis e latas

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de tinta participaram da terceira edição do mutirão contra a pichação, tendo como

ponto de partida a esquina da Rua XV de Novembro com a Rua Presidente Faria,

estando presente na atividade o prefeito Gustavo Fruet à revitalização e re-

embelezamento da cidade.

O objetivo do projeto foi pintar as portas dos estabelecimentos da Rua das

Flores, trecho este que integra o calçadão da Rua XV de Novembro, localizado ao

cento da cidade, mas que estava severamente danificado pelo vandalismo e

pichação mediante a autorização dos proprietários do comércio local (70% dos

lojistas) para revitalizar as fachadas, os quais doaram o material utilizado pelos

voluntários, estendendo-se o evento até a Boca Maldita (CURITIBA, 2015).

Segundo o prefeito municipal, em 2015: ―no dia do aniversário de 322 anos

este [foi] o melhor presente que a cidade poderia ganhar. Estes voluntários estão

dando uma demonstração de amor e respeito à cidade e eu só tenho a agradecer a

eles‖ (CURITIBA, 2015).

FIGURA 3: Prédios pichados – município de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil Fonte: Imagens Google (2015).

Camilo Turmina, vice-presidente da ACP, coordenador Conselho do

Comércio Vivo, afirma que aproximadamente 50 lojas tiveram suas fachadas limpas

a partir do evento: ―no dia do aniversário de Curitiba queríamos dar este presente à

cidade. Nosso objetivo é conscientizar a sociedade e os próprios lojistas sobre a

importância da luta contra a pichação que, não devemos esquecer, é crime [...]‖.

O mutirão do despiche contou com a Polícia Militar do Estado do Paraná,

com o Conselho de Segurança da Área Central (CONSEG), com a Associação dos

Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB), com o Rotary Clube do Centro e da

Associação de Revendedores de Veículos Automotores do Estado do Paraná

(ASSOVEPAR) e com o Balaroti Materiais de Construção, como patrocinador em

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termos provimento de materiais para pintar e outras necessidades, como instruções

aos voluntários que participaram do mutirão.

4.1.2.1 Da Impunidade do infrator local

Os vândalos, ao praticar a ação criminosa pensam que permanecer

impunes, pois atuam na calada da noite ou na ausência de pessoas da sociedade

civil ainda de segurança que guarnecem o patrimônio público.

FIGURA 4: Demonstração do desafio dos pichadores à monumentos e construções no município de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil Fonte: Google imagens (2015).

5 LEGISLAÇÃO APLICADA À PICHAÇÃO

À luz da legislação brasileira contemporânea este capítulo traz relatos sobre

a evolução dos aspectos jurídico-normativos da conduta de pichar o patrimônio

público-privado, independentemente da intenção internalizada no ato, seja ela arte

(grafiti) ou não, mas que configure crime.

5.1 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO

Segundo a Lei n. 6.938/81, no seu art 3º., inciso I, traz que o meio ambiente

está relacionado integralmente a um: ―conjunto de condições, Leis, influências e

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interações de ordem física, química e biológica, que permitem abrigar e reger a vida

em todas as suas formas‖ e esferas no ambiente (CARVALHO, 2011).

É fato que além das reservas naturais disponíveis no ambiente natural,

existe ainda o meio ambiente artificial, àquele planejado, criado e transformado pelo

próprio homem, no sentido de preparar espaços habitacionais à sobrevivência digna

do ser humano e ao trabalho seguro, por consequência, organização e manutenção

do estado e da sociedade. Sendo assim, o espaço urbano construído nada mais é

que as edificações erigidas com o fito de servir ao homem, na sua forma de morar

ou trabalhar, ou ainda com fins de lazer.

De outro lado, os equipamentos públicos são espaços urbanos abertos,

incluindo todo tipo de construção realizada pelo homem em espaços naturais, ou

seja, uma transformação do que seria o meio ambiente natural, porém, quando

transformado, é o ambiente artificial (CARVALHO, 2011).

A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) tem a prerrogativa

de assegurar o direito de o homem desfrutar de um meio ambiente ecologicamente

equilibrado, pois representa um bem de uso comum e inestimável, sendo essencial à

permanente e sadia qualidade de vida dos seres humanos. O legislador constituinte

seguiu preceitos constitucionais e por meio deles estabelece o respeito ao direito de

se desfrutar de um meio ambiente físico limpo e equilibrado no país.

No Brasil, um rol de legislações ordinárias e extraordinárias contemporâneas

segue princípios mandamentais constitucionais e se constituem para proibir

comportamentos ambientais nocivos à saudável interação dos seres vivos, principal

elemento constitutivo do ambiente, sendo o respeito mútuo um dos valores básicos à

digna sobrevivência humana. E, seguindo esses preceitos e mandamentos

constitucionais nota-se que é dever da coletividade preservar integralmente o meio

ambiente em seu todo, bem como adquirir consciência sobre a essencialidade da

vida humana, incumbindo ao Poder Público a responsabilidade de fiscalizar e punir o

infrator contra possíveis ataques ou lesões em desfavor dos bens disponíveis na

natureza, sendo a propriedade público-privada um deles, à qual cumpre função

social determinada no ordenamento pátrio. Percebe-se que compreender o meio

ambiente e sua relação com os crimes de pichação é fundamental para o legislador

e para o cidadão, que poderá ser enquadrado como infrator ou sofrer consequências

decorrentes das atitudes humanas (CARVALHO, 2011).

Nesse cenário, a legislação brasileira aponta para sanções penais, civis e

administrativas em âmbito municipal, às atividades que se tornem lesivas ao

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ambiente de uso e fruição do homem (Lei n. 9.605/98, art. 65) e consequentemente,

que venham ser contra a humanidade (CARVALHO, 2011).

Oliveira Filho (2014) afirma que a Lei n. 12.408/2011 alterou a Lei n.

9.605/98, cuja redação traz o seguinte apontamento legal: ―pichar ou por outro meio

conspurcar edificação ou monumento urbano: pena de detenção de 3 (três) meses a

1 (um) ano e multa‖ e nos seus § 1º e 2º. afirma ainda que:

§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. § 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

A Lei n. 9.605/98 foi modificada pela Lei n. 12.408/11, em vigor, dispõe

sobre crimes praticados contra o ordenamento urbano e contra o patrimônio cultural,

que pichar edificação ou monumento público urbano sujeita o infrator a pena de

detenção, além do pagamento de multa, aumentada de seis meses a um ano, sem

prejuízo da multa, caso o vandalismo venha ser praticado contra monumento ou

bem tombado motivado em valor artístico, cultural, arqueológico ou histórico. A

legislação referida exclui de punir o grafite enquanto manifestação artística, tão

somente quando consentida por proprietário de imóvel ou pela autoridade

legalmente constituída, quando feita em bem público (LOPES, 2012).

Nesse cenário, nota-se que a Lei n. 12.408/2011 dispõe sobre a proibição de

comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol a pessoas menores de 18

anos no território nacional (LOPES, 2012).

Segundo Edison Vidigal, meio ambiente, representativamente, consiste de

um: ―conjunto no qual o homem está inserido, dele dependendo para sobreviver

biológica, espiritual e socialmente‖. Tendo como parâmetro ambas as definições

visualiza-se claramente sua relação (meio ambiente) com o Crime de Pichação,

deste modo, seguimos para outro entendimento de suma importância que vem a ser,

quais os ramos do Direito que atuam diretamente quando do cometimento de uma

pichação.

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5.1.1 Das consequências jurídicas da pichação

5.1.1.1 Esfera penal

Segundo a Lei penal, as relações entre o cidadão, a sociedade e o Estado

Democrático de Direito devem ser prioritariamente harmônicas em todas as esferas,

à qual define os crimes e suas condutas, prevendo sanções que couber, quando

necessárias.

A Lei penal tem como principal fundamento legal tornar possível e proveitosa

a vida em sociedade. E, caso haja insuficiência do Direito Penal ao se relacionar

com outras ciências utilizará dos conhecimentos oriundos de outros ramos do Direito

Geral até se completar integralmente à prática sócio-jurídica.

O crime é uma contravenção penal que trás a contrariedade entre

determinada conduta humana, fazendo um contraponto com os ditames do

ordenamento jurídico vigente. A infração penal se caracteriza como sendo gênero,

sendo espécies o crime (delito) e a contravenção penal. A infração penal é

classificada no âmbito de um sistema bipartido em que o legislador considera de

maior ou menor potencial de gravidade, tipificando determinada ação ou omissão no

pressuposto de crime ou ainda como uma contravenção penal (CARVALHO, 2011).

O crime (delito) é considerado infração de natureza grave, nasce na conduta

ilícita do sujeito, em contraste com os valores e interesses vigentes na sociedade,

decorrentes de uma ação ou omissão definida em Lei, mas necessária caso surja o

jus puniendi, prática esta que compete ao Estado Democrático do Direito, cujos

infratores se sujeitam à pena de detenção e reclusão. O crime ainda não se

consolidou quanto à definição legal (CARVALHO, 2011).

A contravenção penal é uma infração de menor gravosidade, um crime de

pequeno potencial ofensivo, punido com multa ou prisão simples, encontra-se

arrolada na Lei de Contravenções Penais (CARVALHO, 2011). Fundamentalmente,

a diferença residual entre crime e contravenção se funda na violação do bem jurídico

determinado, mais ou menos grave. É considerado crime as infrações de maior

gravidade, consequentemente, contravenção são infrações que apresentem menor

potencial ofensivo, segundo a tipificação penal recebida, quando as penas incluem a

pena de reclusão e a pena de detenção (prisão simples) e multa aplicada à

contravenção penal (CARVALHO, 2011).

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No Brasil, segundo a Lei n. 8.069/90 que estatui o Estatuto da Criança e do

Adolescente, no seu art. 103 e seguintes, quanto ao ato infracional, dispõe no art.

103 e 104 o seguinte:

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.

Segundo Carvalho (2013), no âmbito da infância e da juventude, quando o

infrator que pratica pichação for criança ou adolescente o procedimento legal inicial

é acionar o Conselho Tutelar para acompanhar o fato e realize as ações jurídico-

legais costumeiras. Ademais, afirma-se que o Conselho Tutelar é o órgão

competente para atuar junto a Vara da Infância e Juventude. Sendo o ato infracional

uma ação contrária à norma penal e quando praticada por pessoa menor de 18

(dezoito) anos, as punições serão aplicadas utilizando como método a medida sócio-

educativa.

Segundo Carvalho (2013), é prevista punição àquele que: ―pichar, grafitar ou

utilizar outro meio, conspurcar edificação ou monumento urbano‖, cuja pena varia de

3 meses a 1 ano de prisão, sendo aumentada em 6 meses a 1 ano quando a prática

é contra monumento ou coisa tombada em virtude do valor artístico, arqueológico e

histórico computado. Neste mesmo sentido, a Legislação Penal e, especialmente, a

Lei de Crimes Ambientais, estabelecida pela Lei n. 9.605/98 relaciona que pichar é

crime, conforme seu art. 65:

Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção e multa.

O ato de pichar, grafitar ou realizar qualquer ao ou forma que conspurque

edificação ou monumento urbano induz seu infrator à detenção de até 1 ano, além

de ter que pagar multa por infração ao patrimônio público-particular. Porém, quando

o ato é realizado em monumento ou prédio tombado frente o valor artístico,

arqueológico ou histórico a pena pode variar entre 6 meses a 1 ano de detenção,

com o pagamento de multa (CARVALHO, 2011).

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Cumulativamente, emprega-se o art. 134, do Código Penal (1973), quando

trata do perigo à vida e à saúde de outrem. E quando presente dois ou mais

infratores, estando um incentivando (induzindo) o outro a colocar em risco sua

própria vida, preenche a proibição contida na norma jurídica, ao afirmar no art. 132º

seguinte pressuposto legal: ―expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e

iminente‖. Nesta hipótese específica, caso um dos infratores denuncie seu

companheiro por indução (exposição) ao vandalismo pode considerar-se o

dispositivo legal. No entanto, ao concretizar a ação delitiva da pichação os infratores

escalam, se equilibram ou colocam suas vidas em perigo, sejam quais forem às

maneiras possíveis aplicadas à consecução do intento de pichar (CARVALHO,

2011).

Nota-se que se pode somar ao crime de pichação ao dano, tendo em vista

pichar e danificar são verbos absolutamente distintos entre si. Por um lado, caso

haja crime de dano ao patrimônio na trajetória de escalada ou projeção de objetos

ou ainda na ação de pichar, grafitar ou conspurcar durante a permanência dos

pichadores no local, pode-se aplicar à conduta ilícita (dano) o seguinte dispositivo

legal: ―art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: pena - detenção, de um

a seis meses, ou multa‖, porém, quando houver dano qualificado aplica-se o

Parágrafo Único do mesmo artigo.

Parágrafo único - Se o crime é cometido: i. com violência à pessoa ou grave ameaça; ii. com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não

constitui crime mais grave; iii. contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa

concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; iv. por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: v. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena

correspondente à violência.

Os danos praticados contra o patrimônio público estão qualificados em Lei,

aumentando em até 3 anos a detenção quando da aplicação da pena (CARVALHO,

2011).

5.1.1.2 Esfera civil

Segundo o Código Civil Brasileiro (2002), considera-se dano o ato ilícito e

seu causador deverá obrigatoriamente reparar os prejuízos causados, transferindo a

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responsabilidade, caso o agente seja considerado incapaz, para o responsável legal

pelo feito danoso. A reparação civil independe da existência de responsabilidade

criminal, ambas se situam em esferas distintas e deve ser avaliado o juízo

competente para ingressar com ação de indenização (CARVALHO, 2011).

Segundo este mesmo Código, no seu art. 186 estabelece que: ―aquele que

por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito e causar

dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito‖.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Segundo o art. 944: a indenização mede-se pela extensão do dano.

5.1.1.3 Esfera do município de Curitiba

Em se tratando do crime de pichação ao patrimônio perpetrado em desfavor

do patrimônio pertencente ao município de Curitiba, na esfera administrativa esboça-

se a evolução da legislação contemporânea em relação ao infrator.

O Código de Posturas e Obras do Município de Curitiba, por meio da Lei

Municipal n. 699/53 tratava do tema com exclusividade, nos arts 770/808/827,

quando a pichação se torna destaque no art. 808, sendo as demais condutas

tratadas na Lei de Crimes Ambientais, como espécies do gênero e os demais crimes

ambientais estão descritos nos demais artigos.

Art. 770 - Sob pena de multa e obrigação de ressarcir o dano causado, é proibido nas praças: [...] d) - danificar bancos ou removê-los de um lugar para outro ou neles escrever ou gravar nomes ou símbolos; e) - cortar ou por qualquer modo danificar muros, grades, pérgulas ou obras-de-arte; i) - colocar anúncios ou símbolos.

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O Código de Posturas e Obras do Município de Curitiba (1953), no seu art.

808 estabelece o seguinte pressuposto legal-normativo municipal (FIGURA 5):

Art. 808 - As Igrejas, os templos e as casas de culto são locais tidos e havidos por sagrados e, por isso, devem ser respeitados, sendo proibido pichar suas paredes e muros, ou neles pregar cartazes.

Segundo o Jornal Gazeta do Povo/PR (2015), a fachada da Igreja do Senhor

Bom Jesus do Cabral, em Curitiba, amanheceu totalmente pichada em 2 de abril de

2015. O Padre Leudes Aparecido de Paula estava no local quando a paroquiana

avisou da ação vândala ocorrida na madrugada.

Relatou a secretaria paroquiana que é uma situação que entristece os

paroquianos da Igreja, pois desde dezembro do ano anterior os fiéis vinham

trabalhando para arrecadar R$ 400 mil para reformar o teto da igreja, e até o

momento da pichação haviam arrecadado somente R$ 100 mil. Porém, depois da

atitude vândala foram necessários levantar ainda mais recursos para pintar a

fachada pichada também.

FIGURA 5: Prédio histórico do município de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil Fonte: Google imagens (2015).

Neste mesmo sentido, segundo o Código de Posturas e Obras do Município

de Curitiba (1953), existem proibições legais em relação aos cemitérios sobre a

depredação aos monumentos e lápides dos mortos, configurando crime tipificando

atualmente no rol de Leis vigentes.

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Art. 827 - Nos cemitérios é proibido: [...] c) rabiscar nos monumentos ou nas lápides tumulares; [...] e) praticar atos de depredação de qualquer espécie nos túmulos ou dependências; [...] g) pregar cartazes ou fazer anúncios nos muros ou portões; h) prejudicar, danificar ou sujar as sepulturas; i) gravar inscrições ou colocar epitáfios sem o visto da administração;

FIGURA 6: O crime de pichação em túmulos Fonte: Google imagens (2015).

FIGURA 7: O crime de pichação em túmulos Fonte: Google imagens (2015).

Em 1996, a Prefeitura Municipal de Curitiba proíbe o comércio de tinta spray

e a prática da pichação seja por artistas de rua, por meio da Lei n. 8984/96, como

forma de prevenção ao vandalismo, utilizando como método a punição pecuniária,

acrescida de multa, explicitando com o seguinte texto legal:

Art. 1º. Fica proibida, aos estabelecimentos comerciais e pessoas físicas ou jurídicas em geral, a venda de tintas acondicionadas em recipientes de pressão (tinta spray) para menores de 18 (dezoito) anos de idade, no Município de Curitiba. Pena: multa de 1.785,50 UFIRs. Reincidência: multa de 3.571 UFIRs; Segunda reincidência: cancelamento do alvará de funcionamento, e multa de 3.571 UFIRs.

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No sentido de cumprir a Lei em questão os estabelecimentos e pessoas que

comercializam a tinta spray utilizada para pichar o patrimônio público e privado

devem preencher o cadastro de comprador, devendo o proprietário exigir a carteira

de identidade quando da aquisição do produto e extrair a Nota Fiscal em nome do

consumidor que fez a aquisição do produto. O comerciante fica obrigado a repassar,

mensalmente o relatório de cadastro dos compradores à Polícia Civil do Estado do

Paraná e à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, do mesmo Estado.

Art. 4º. As pessoas que forem surpreendidas pichando imóveis do patrimônio histórico, monumentos, bancos de praças, viadutos, casas, prédios, muros, e outros bens públicos ou particulares, sem autorização do proprietário, ficarão sujeitas à multa de 714,20 UFIRs (setecentas e quatorze, vírgula, vinte Unidades Fiscais de Referência), independente da indenização pelas despesas e custas da restauração. §1º Se o infrator tiver menos de 18 (dezoito) anos de idade, a responsabilidade pelo pagamento da multa prevista no "caput" deste artigo e da indenização das despesas e custas da restauração, cabe aos seus pais ou responsáveis legais. § 2º Se o infrator tiver mais de 18 (dezoito) anos de idade, além das cominações previstas no "caput" deste artigo, fica impedido de participar em concurso público municipal pelo prazo de 02 (dois) anos, contados da data da infração.

Segundo o Jornal Gazeta do Povo (2014), Cynthia Werpachowski,

presidente da AMORSQ, procurou artistas plásticos para cobrir as pichações com

pinturas artísticas no Farol do Saber, no município de Curitiba, configurando crime

do patrimônio público. Conforme Werpachowski, o bairro Santa Quitéria adotou

mediadas de contenção à pichação perpetrada contra o patrimônio público e

particular, em 2014 (FIGURA 8).

Santa Quitéria promove evento para combater ações de pichadores. A Associação dos Moradores de Santa Quitéria (AMORSQ) e o conselho da unidade de saúde local fizeram, em meados de agosto, uma campanha para combater a pichação. Durante o evento, eles distribuíram panfletos, conversaram com a população e deram um grito de ―chega‖. Isso porque o bairro viu diversos atos de vandalismo em seus muros. O Farol do Saber Tom Jobim, por exemplo, foi pichado no dia em que estava recebendo uma nova pintura. Eles chegaram à noite, subiram no andaime que os pintores estavam usando e fizeram os rabiscos [...].

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FIGURA 8: Farol do Saber Tom Jobim. Curitiba, Estado do Paraná, Brasil Fonte: Gazeta do Povo (2014).

A Lei n. 11.095/04 revogou a Lei n. 699/53 e manteve a proibição

administrativa prevista na Lei n. 8984/96, fixando em R$ 400,00 (quatrocentos reais)

a multa e acrescenta a possibilidade de grafitagem quando autorizada pelo

proprietário do imóvel. Ressalta-se que os demais dispositivos da Lei n. 8984/96

permanecem em vigor ficando afastada a aplicabilidade de qualquer dispositivo

contrário à nova Lei municipal.

Art. 100. É proibido pichar, desenhar ou escrever em muros, fachadas, colunas, paredes, postes, árvores, abrigos de paradas de coletivos, placas de sinalização, equipamentos de mobiliário urbano, monumentos ou qualquer lugar de uso público e privado. Parágrafo único: Mediante autorização do proprietário do imóvel e obedecida a legislação específica, poderá ser executada a pintura artística em muros e fachadas de edificação. Pena - Multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais) (Art. 301). Parágrafo único. A multa será aplicada ao responsável.

Conforme o entendimento de Lopes (2012), a Lei Federal n. 9.605/98, sendo

posteriormente alterada pela Lei n. 12.408/11, dispõe sobre os crimes praticados

contra o patrimônio urbano e cultural, afirmando que o ato de pichar edificação ou

monumento urbano, seu infrator está sujeito a pena de detenção de 3 meses a 1

ano, além de ser condenado ao pagamento de multa, aumentada em 6 meses a 1

ano sem prejuízo da multa quando praticado contra monumento ou bem tombado

tendo em vista seu peculiar valor artístico, arqueológico ou histórico. A Lei n.

12.408/11, art. 1º. altera o art. 65, da Lei n. 9.605/98 dispondo sobre a comercialização de

tintas em embalagens aerossol para menores de 18 (dezoito) anos.

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Art. 2º. Fica proibida a comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol em todo o território nacional a menores de 18 (dezoito) anos. Art. 3º. O material citado no art. 2º. da Lei só poderá ser vendido a maiores de 18 (dezoito) anos, mediante apresentação de documento de identidade. Parágrafo único. Toda nota fiscal lançada sobre a venda desse produto deve possuir identificação do comprador. Art. 4º. As embalagens dos produtos citados no art. 2º. desta Lei deverão conter, de forma legível e destacada, as expressões pichação é crime (art. 65 da Lei n. 9.605/98), sendo proibida a venda a menores de 18 anos. Art. 5º. Independentemente de outras cominações legais, o descumprimento do disposto nesta Lei sujeita o infrator às sanções previstas no art. 72 da Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Art. 6º. O art. 65 da Lei n. 9.605/98 passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. § 1º. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. § 2º. Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

Segundo a Prefeitura Municipal de Curitiba (2015), a Câmara Municipal

aprovou em 2014 os novos valores de multas motivadas na prática da pichação

urbana, que antes variavam entre R$ 400,00 e R$ 714,20, mas que acabaram

causando algumas distorções importantes, segundo informa o diretor da Guarda

Municipal de Curitiba, inspetor Cláudio Frederico de Carvalho. Sendo assim, a

Câmara dos Vereadores do Município de Curitiba eleva para R$ 1.693,84 o mínimo

da multa motivada em pichação do patrimônio urbano.

O texto prevê novos valores para os comerciantes que venderem a tinta

spray para menores de 18 anos ou que descumpram as exigências da apresentação

do cadastro de comprador o qual deve ser repassado mensalmente à Polícia Civil do

Estado do Paraná e à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Nesse caso, os

valores passam R$ 1.785,50 para R$ 4.234,60 caso haja reincidência a multa será

de R$ 8.469,21, na terceira punição o Alvará será definitivamente cassado pela

Prefeitura Municipal de Curitiba.

A medida legislativa municipal corrige os valores das multas no sentido de

evitar dupla interpretação, pois a Lei n. 11.095/04, em um de seus artigos proíbe o

ato de pintar, rabiscar ou desenhar em equipamentos públicos ou particulares,

prevendo em outro artigo a punição para atos de pichação propriamente ditos. A

iniciativa altera o art. 301 da Lei municipal n. 11.095/04 que trata da sanção ao

delito.

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O Projeto-de-Lei elaborado pelo Executivo municipal modifica os dispositivos

da Lei n. 8.984/96, propondo novo valor à multa e altera o artigo que previa a

sanção, valorado em Unidades Fiscais de Referência (UFIR) aos estabelecimentos

responsáveis por comercializar tinta spray e que descumpram com a legislação

urbana local vigente.

Conforme o site da Prefeitura Municipal de Curitiba (2015) primeiro: ―havia

conflitos de interpretação já que a punição [aplicada] era a mesma para ambos os

casos. Isso será evitado [...]‖, segundo Cláudio Frederico de Carvalho, pois o

reajuste ajudará a coibir atos de pichação contra o patrimônio público-particular na

cidade de Curitiba.

No município de Curitiba a pichação e o grafite no patrimônio artificial

encontram-se tipificados em Lei municipal, prevendo pena de reclusão e pena

pecuniária cominada com a proibição de participar de concursos públicos municipais

durante dois anos.

A referida Lei é empregada quando o pichador é detido pelos guardas

municipais ou por fiscais da Secretária Municipal do Urbanismo. Sendo assim, o ato

de pichar, além de ser uma prática totalmente ilegal e criminosa, traz inúmeras

consequências e complicações ao seu infrator, segundo a apreciação do juiz da

causa e conforme o patrimônio atingido.

Em Curitiba a Guarda Municipal ao prender os infratores de Pichações e

Graffiti ilegais está adotando as medidas, conforme retrata a matéria abaixo:

VÍTIMAS DE PICHAÇÃO SÃO ORIENTADAS A ACIONAR JUDICIALMENTE O

INFRATOR EM CURITIBA

Foto: Cesar Brustolin/ SMCS – FIGURA 15 Comunicado GM

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02/03/2015- Curitiba- PR, Brasil- A partir desta segunda-feira (02), em todos os

flagrantes de pichação realizados pela Guarda Municipal de Curitiba, a vítima

receberá um comunicado para que possa acionar judicialmente o infrator com

uma ação de reparação de danos.

Foto: Cesar Brustolin/ SMCS figura 18

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FONTE DA PESQUISA em 21.08.2015.

http://fotospublicas.com/vitimas-de-pichacao-sao-orientadas-acionar-judicialmente-o-infrator-

em-curitiba/ FIGURA 17 - GM com documento comunicado as vítimas

Defesa Social Vítimas de pichação são orientadas a acionar judicialmente o infrator

13/04/2015 16:02:00

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figura 17 – guarda municipal em local pichado orientando proprietário do imóvel pichado

Na tarde desta segunda-feira (13), a proprietária de uma loja de roupas e acessórios

femininos localizada no Bacacheri, Sirlei Bernadete Moraes, recebeu da Guarda

Municipal um comunicado com orientações sobre como acionar judicialmente a

pessoa que pichou a fachada do seu comércio, com uma ação de reparação de

danos. A pichação aconteceu no último final de semana.

―Não sabia que eu poderia entrar na Justiça contra o criminoso, mas certamente

farei isso‖, disse a comerciante. ―É muito importante que a Guarda Municipal esteja

nos dando esta orientação‖, disse. Além da loja de Sirlei, a sorveteria localizada ao

lado, na Rua Holanda, também foi pichada. ―Ainda nem fizemos o orçamento para

saber quanto custará a restauração da fachada, que havia sido pintada há pouco

tempo‖, comentou Sirlei.

Desde o início do mês passado, em todos os flagrantes de pichação realizados pela

Guarda Municipal de Curitiba, a vítima recebe o comunicado para que possa acionar

judicialmente o infrator com uma ação de reparação de danos. Desde o início deste

ano, a Guarda já realizou 73 flagrantes de pichação, que resultaram em 47 adultos

presos e 26 adolescentes apreendidos.

―Neste caso do comércio no Bacacheri, como a pichação aconteceu no período da

noite e num final de semana, viemos durante o expediente comercial da segunda-

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feira para conversar com a proprietária‖, explicou a supervisora da Guarda

Municipal, Maribel Farias.

―Com este documento em mãos, ela poderá ir até a Secretaria Municipal da Defesa

Social e pegar a cópia do processo do flagrante, o que permitirá que dê entrada

judicial numa ação indenizatória‖, disse a supervisora. Ela informou que o pichador

flagrado era maior de idade. Ele já foi autuado e punido com multa de R$ 1.804,88.

Na tentativa de coibir o crime de pichação, além da multa e do incentivo aos

proprietários para que acionem juridicamente os pichadores, outra punição é

aplicada aos estabelecimentos que vendem spray para menores. Flagrados, eles

pagam R$ 4.512,20 e R$ 9.024,40, em caso de reincidência. Na terceira punição, o

alvará comercial do vendedor é cassado, de acordo com o decreto 1429/2014.

A pichação é um crime previsto no artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais. Além da

multa, os menores de idade cumprem pena alternativa e os maiores são

encaminhados à delegacia do Meio Ambiente e ao Juizado Especial Criminal. Os

infratores também ficam impedidos de participar de concurso público municipal pelo

período de dois anos.

Para os adolescentes detidos em flagrante, a participação em uma palestra é uma

das medidas sócio-educativa impostas. Eles ainda participam de atividades de

limpeza e pintura de imóveis pichados.

Desde o início de 2015, a população de Curitiba fez 375 denúncias relacionadas a

crimes de pichação. A Guarda Municipal realizou 73 flagrantes, sendo 47 adultos

presos e 26 adolescentes apreendidos. Em 2014, foram registradas 1474 denúncias

que possibilitaram 246 flagrantes de pichação. A população pode e deve fazer

denúncias através do fone 153.

Fonte: http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/vitimas-de-pichacao-sao-orientadas-a-acionar-

judicialmente-o-infrator/36117 data: 21.08.2015.

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61

A GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA – PARANÁ, PASSA A AVISAR DONO

QUE TEVE IMÓVEL PICHADO EM CASO DE PRISÃO DO PICHADOR

Fonte: 2 de março de 2015 by BandNews FM Curitiba

A Guarda Municipal de Curitiba vai passar a avisar o proprietário do imóvel pichado

em caso de prisão em flagrante do pichador. A medida passa a valer a partir desta

segunda-feira (2). Segundo o decreto 1429/2014, a multa é de R$ 1.804,88 para

quem for pego pichando e de R$ 4.512,20 para a loja que vender tinta spray para

menor de idade. Em caso de reincidência, a multa ao estabelecimento sobe para R$

9.024,40. No ano passado, segundo a Guarda Municipal, foram 1.474 denúncias ao

telefone 153. Foram realizados 246 flagrantes.

Fonte: http://bandnewsfmcuritiba.com/guarda-municipal-passa-a-avisar-dono-que-

teve-imovel-pichado-em-caso-de-prisao-do-pichador/

Pesquisa: 10.09.15

FIGURA 18 – PRÉDIO PICHADO

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62

Fonte

PICHAÇÃO NÃO PERDOA NEM OBRAS DE ARTE

Figura 19

Em prédios históricos, como o Belvedere, não é possível passar uma simples demão de tinta

PATRIMÔNIO PÚBLICO

Limpeza de monumentos públicos custa caro e é difícil porque exige cuidados

especiais

14/09/2013 -21h07 - Osny Tavares Texto publicado na edição impressa de 15 de setembro de 2013

Comportamento

Monumentos ficam fora do código que respeita manifestações artísticas

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―Existe um código de honra entre os pichadores que proíbe inscrições sobre as de

colegas. Para eles, o próprio ato é uma ―manifestação artística‖, que não poderia ser

maculada. Mas a regra parece não valer para outros estilos de arte, como os

monumentos públicos. O grafiteiro Michael Devis, 28 anos, acredita que o pichador

não reconhece a legitimidade das obras atacadas. ―Ele entende que é uma obra de

arte, mas questiona o porquê daquela homenagem naquele espaço‖, analisa o

artista, que é co-autor do retrato de Paulo Leminski na Galeria Julio Moreira, no

Largo da Ordem. Pichador no início da adolescência, ele rechaça as ações de

vandalismo. ―É um alvo fácil. Só que os pichadores mais ousados vão buscar

lugares de difícil acesso, como o topo de prédios.‖

O Barão do Rio Branco nada conseguiu fazer, estático, no meio da Praça Generoso

Marques, no Centro de Curitiba. O casal da 19 de dezembro, nu em pedra, está

ainda mais vulnerável. Estátuas, painéis e obras de arte em vias públicas são alvos

frequentes da ação de pichadores. Entre as diversas ocorrências que a Guarda

Municipal atendeu em 2013 estão estragos no Museu Metropolitano de Arte (Muma),

no Portão, no Teatro Paiol, no Prado Velho, e no Bondinho da Rua das Flores, no

Centro. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, apesar de não manter registro dos

casos identificados, coloca a pichação de estátuas como uma das principais

demandas da equipe de manutenção.

O número de ocorrências é menor se comparado a terminais e estações-tubo,

escolas e creches. Porém, o tempo gasto na limpeza de um monumento é maior. A

remoção do picho exige trabalho minucioso, específico para obras de arte. ―Cada

material precisa de um removedor específico. Chamamos um expert da Fundação

Cultural para trabalhar junto‖, conta José Eduardo Conter, gerente de manutenção

de praças, parques e logradouros públicos da Secretaria do Meio Ambiente.

Em um trabalho recente na Praça 19 de Dezembro, a equipe da prefeitura precisou

de três dias para retirar inscrições do painel de azulejos de Poty Lazarotto. Eram

símbolos grandes pintados de alto a baixo da obra, de aproximadamente sete

metros de altura. Foram gastos 10 litros de removedor, aplicados com escova de

aço, esponja e lavadora de alta pressão. ―É preciso ir limpando devagar e verificar

como está reagindo. Se não, corremos o risco de acabar estragando a obra‖,

ressalta Conter.

A placa de bronze na estátua do Barão do Rio Branco, na praça Generoso Marques,

não é mais o que era. O departamento de conservação da prefeitura acredita que

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alguém tentou remover uma pichação e, ao aplicar um produto químico, alterou a cor

do bronze. A pichação saiu, mas ficou um tom amarelado.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/despiche/pichacao-nao-

perdoa-nem-obras-de-arte-c0ayzs0lu5vom7rnd5qiv9wem - pesquisa em 21.08.2015.

POLICIA - GUARDA MUNICIPAL

PICHAÇÃO É COISA DE 'PIÁ'? QUE NADA! GM FLAGRA DUAS MULHERES

COM O SPRAY NA MÃO

Redação TwitterFacebookE-mail Publicado18/09/2015 - 08h06 Atualizado18/09/2015 -

08h29

Mulheres foram detidas e encaminhadas à Delegacia do Meio Ambiente. Fotos:

Divulgação/GM.

FIGURA 20 – PRISÃO DE PICHADORAS

Uma denúncia de pichação feita para a Guarda Municipal de Curitiba deu

resultado. Na noite de ontem, por volta das 23h30, duas mulheres, uma de 34

anos e outra de 21, foram flagradas pela GM na Rua Paula Gomes, no Bairro

São Francisco, em Curitiba.

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Ambas foram detidas com os materiais utilizados para a prática da pichação.

Elas foram encaminhadas para a Delegacia do Meio Ambiente.

FIGURA 21 – APREENSÃO DE MATERIAIS TINTAS E SPREYS

Pichação é coisa de 'piá'? Que nada! GM flagra duas mulheres com o spray na mão

Fonte: http://www.paranaonline.com.br/editoria/policia/news/906319/?noticia=PICHACAO+E+COISA+DE

+PIA+QUE+NADA+GM+FLAGRA+DUAS+MULHERES+COM+O+SPRAY+NA+MAO Pesquisa em

26.09.2015

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FIGURA 22 – PRISÃO DE PICHADORES

Pichadores organizavam encontro nacional de pichação neste fim de semana DENÚNCIA

GRUPO DE PICHADORES É DETIDO NO CENTRO DE CURITIBA

Eles planejavam um "encontro nacional" na capital paranaense com

pichadores de SP, MG e RJ. Foram apreendidos vários materiais de pichação

17/04/2011 - 11h35 - Gabriel Bozza

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Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/grupo-de-pichadores-

e-detido-no-centro-de-curitiba-54b6ewh9k1j5s1dmyx63twjf2

Grupo de pichadores é detido no centro de Curitiba

FIGURA 23 – APREENSÃO DE MATERIAIS DE PICHAÇÃO

Fora apreendidos rolos de pintar, pincéis e latas e garrafas com tintas

A Guarda Municipal de Curitiba com apoio da Polícia Militar (PM) prendeu 10

adultos e apreendeu outros 20 adolescentes na noite deste sábado (17) próximo

a Catedral, no Centro. Eles planejavam realizar pichações pela cidade no que

descreveram como um ―encontro nacional‖ de pichadores em Curitiba, marcado

pela internet, e que reuniria jovens e adultos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de

Janeiro neste fim de semana.

Uma denúncia levou os guardas até o Largo da Ordem, onde realizaram a prisão de

dez adultos que foram encaminhados à Delegacia do Meio Ambiente. Os outros 20

adolescentes foram levados à Delegacia do Adolescente. Dos 30 detidos, dois eram

de São Paulo.

Os menores serão liberados na presença de um responsável e após o pagamento

de R$ 714,20. Na próxima semana, eles responderão a um processo junto à Vara da

Infância, podendo receber uma punição sócio-educacional.

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5.1.1.4 – JURISPRUDÊNCIA SOBRE PICHAÇÃO

Em complemento a este Trabalho de Conclusão de Curso, sobre a

PICHAÇÃO E A IMPUNIDADE: ARTE OU CRIME? Corroborando com o tema

proposto, transcrevemos vários julgados dos Tribunais TJ-PR, TJ-RS, TJ-DF e do

STF, todos sobre crimes tipificados (ARTIGO 65 DA LEI 9065/98) de PICHAÇÃO,

onde fica demonstrado através dos julgamentos a punição dos infratores quando

existe a materialidade e autoria comprovada do ilícito, tendo vários julgados a

exemplo do julgado TJ-PR - Apelação APL 12376653 PR 1237665-3 (Acórdão)

(TJ-PR), abaixo descrito, que no item PICHAÇÃO o réu foi absolvido por

materialidade delitiva não comprovada e dúvidas quanto a autoria delitiva a

testemunha que declarou ―Ouviu dizer‖, onde foi aplicado o principio in dúbio pro

reo.

TJ-PR - Apelação APL 12376653 PR 1237665-3 (Acórdão) (TJ-PR)

Data de publicação: 29/05/2015

Ementa: DECISÃO: ACORDAM os integrantes da 2ª Câmara Criminal do Tribunal

de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar parcial

provimento ao recurso, nos termos do voto. EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL.

CRIMES DE PICHAÇÃO, USO DE DROGAS E RESISTÊNCIA.

CONDENAÇÃO.RECURSO. 1 CRIME PREVISTO NO ARTIGO 65 , CAPUT, DA LEI

N. 9.605 /98. MATERIALIDADE DELITIVA NÃO COMPROVADA. CRIME QUE

DEIXA VESTIGÍOS.NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PROVA TÉCNICA, OU

EQUIVALENTE. ABSOLVIÇÃO. 2 CRIME PREVISTO NO ARTIGO 65 , CAPUT, DA

LEI N. 9.605 /98. DÚVIDAS QUANTO A AUTORIA DELITIVA. IMPOSSIBILIDADE

DE CONDENAÇÃO APENAS COM BASE EM DEPOIMENTO DE TESTEMUNHA

DE "OUVIR DIZER". APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO.

ABSOLVIÇÃO. 3 DELITO PREVISTO NO ART. 28 DA LEI Nº 11.343 /06.AUTORIA

E MATERIALIDADE DELITIVAS EVIDENCIADAS. PALAVRAS DOS POLICIAIS,

ALIADAS A APREENSÃO DE PEDRAS DE CRACK E DE PETRECHOS

UTILIZADOS PARA O USO DE DROGAS.PROVAS SUFICIENTES A ENSEJAR UM

DECRETO CONDENATÓRIO. 4 DELITO PREVISTO NO ART. 329 , CAPUT, DO

CÓDIGO PENAL . NÃO COMPROVAÇÃO DE INTENÇÃO DOLOSA DE RESISTIR

À PRISÃO.AUSENCIA DE QUALQUER DANO OU LESÃO CAUSADO PELA

ALEGADA RESISTÊNCIA.ABSOLVIÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

(TJPR - 2ª C.Criminal - AC - 1237665-3 - Apucarana - Rel.: Laertes Ferreira Gomes -

Unânime - - J. 23.04.2015)

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TJ-PR - APELAÇÃO : APL 12376653 PR 1237665-3 (ACÓRDÃO)

DECISÃO: ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª CÂMARA CRIMINAL DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ, POR UNANIMIDADE DE

VOTOS, EM DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO

VOTO. EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE PICHAÇÃO, USO DE

DROGAS E RESISTÊNCIA. CONDENAÇÃO.RECURSO.

Publicado por Tribunal de Justiça do Paraná

TJ-PR - PROCESSO CRIMINAL Recursos Apelação APL

000626939201181600050 PR 0006269-39.2011.8.16.0005/0 (Acórdão) (TJ-PR)

Data de publicação: 08/03/2015

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL ? DENÚNCIA ? LEI DE CRIMES AMBIENTAIS -

ARTIGO 65, CAPUT, DA LEI N.º 9.605/1998 ? PICHAÇÃO - MATERIALIDADE E

AUTORIA COMPROVADAS - IMPOSSIBILIDADE DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA

A MODALIDADE TENTADA. SENTENÇA MANTIDA. Recurso conhecido e

desprovido. , decidem os Juízes Integrantes da 1ª Turma Recursal dos Juizados

Especiais do Estado do Paraná, conhecer do recurso e, no mérito, negar- lhe

provimento, nos exatos termos do vot (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0006269-

39.2011.8.16.0005/0 - Curitiba - Rel.: Eveline Zanoni de Andrade - - J. 02.03.2015)

Encontrado em: DE CRIMES AMBIENTAIS - ARTIGO 65, CAPUT, DA LEI N.º

9.605/1998 ? PICHAÇÃO - MATERIALIDADE E AUTORIA.

TJ-PR - PROCESSO CRIMINAL - RECURSOS - APELAÇÃO : APL

000626939201181600050 PR 0006269-39.2011.8.16.0005/0 (ACÓRDÃO)

APELAÇÃO CRIMINAL ? DENÚNCIA ? LEI DE CRIMES AMBIENTAIS -

ARTIGO 65, CAPUT, DA LEI N.º 9.605/1998 PICHAÇÃO - MATERIALIDADE E

AUTORIA COMPROVADAS - IMPOSSIBILIDADE DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA

A MODALIDADE TENTADA. SENTENÇA MANTIDA.

Publicado por Tribunal de Justiça do Paraná

TJ-RS - Apelação Cível AC 70061647061 RS (TJ-RS)

Data de publicação: 04/11/2014

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Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .

ATOS INFRACIONAIS EQUIPARADOS A ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO

DE ARMA BRANCA TENTADO, ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE

PESSOAS CONSUMADO E PICHAÇÃO DE EDIFICAÇÃO URBANA. PROVA

EVIDENCIADA DA PARTICIPAÇÃO DO APELANTE NOS TRÊS FATOS.

DEPOIMENTO DAS VÍTIMAS E DOS POLICIAIS MILITARES QUE ATENDERAM

AS OCORRÊNCIAS. VALIDADE DA PROVA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.

INAPLICABILIDADE. Ainda que o bem tenha pequeno valor ou, até mesmo,

insignificante, o princípio da insignificância ou da bagatela não se aplica aos

procedimentos regidos pelo ECA , tendo em vista o escopo maior do estatuto, qual

seja, a ressocialização dos menores infratores. Além disso, o próprio ato praticado

pelo menor - roubo - afastaria a aplicação de tal benefício. APLICAÇÃO, NA

SENTENÇA, DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE SEMILIBERDADE. VIOLÊNCIA E

CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS QUE AUTORIZARIAM APLICAÇÇÃO DE MEDIDA

RIGOROSA. AUSÊNCIA DE RECURSO MINISTERIAL. MANUTENÇÃO DA

DECISÃO. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70061647061, Sétima

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em

29/10/2014).

TJ-RS - APELAÇÃO CÍVEL : AC 70061647061 RS

APELAÇÃO CÍVEL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.

ATOS INFRACIONAIS EQUIPARADOS A ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO

DE ARMA BRANCA TENTADO, ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE

PESSOAS CONSUMADO E PICHAÇÃO DE EDIFICAÇÃO URBANA. PROVA

EVIDENCIADA DA PARTICIPAÇÃO DO APELANTE NOS TRÊS FATOS.

DEPOIMENTO DAS VÍTIMAS E DOS POLICIAIS MILITARES QUE ATENDERAM

AS OCORRÊNCIAS. VALIDADE DA PROVA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.

INAPLICABILIDADE.

Publicado por Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

Dados Gerais

Processo: AC 70061647061 RS

Relator(a): Jorge Luís Dall'Agnol

Julgamento: 29/10/2014

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

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71

Publicação: Diário da Justiça do dia 04/11/2014

EMENTA

APELAÇÃO CÍVEL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATOS

INFRACIONAIS EQUIPARADOS A ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE

ARMA BRANCA TENTADO, ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE

PESSOAS CONSUMADO E PICHAÇÃO DE EDIFICAÇÃO URBANA. PROVA

EVIDENCIADA DA PARTICIPAÇÃO DO APELANTE NOS TRÊS FATOS.

DEPOIMENTO DAS VÍTIMAS E DOS POLICIAIS MILITARES QUE ATENDERAM

AS OCORRÊNCIAS. VALIDADE DA PROVA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.

INAPLICABILIDADE.

Ainda que o bem tenha pequeno valor ou, até mesmo, insignificante, o princípio da

insignificância ou da bagatela não se aplica aos procedimentos regidos pelo ECA,

tendo em vista o escopo maior do estatuto, qual seja, a ressocialização dos menores

infratores. Além disso, o próprio ato praticado pelo menor - roubo - afastaria a

aplicação de tal benefício. APLICAÇÃO, NA SENTENÇA, DE MEDIDA

SOCIOEDUCATIVA DE SEMILIBERDADE. VIOLÊNCIA E CIRCUNSTÂNCIAS

PESSOAIS QUE AUTORIZARIAM APLICAÇÇÃO DE MEDIDA RIGOROSA.

AUSÊNCIA DE RECURSO MINISTERIAL. MANUTENÇÃO DA DECISÃO.

APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70061647061, Sétima Câmara

Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em

29/10/2014).

TJ-DF - Apelacao Criminal no Juizado Especial APJ 20130610025215 DF

0002521-74.2013.8.07.0006 (TJ-DF)

Data de publicação: 05/06/2014

Ementa: PENAL. PICHAÇÃO. ARTIGO 65 DA LEI 9065/98. PRISÃO EM

FLAGRANTE. APREENSÃO DA LATA DE TINTA. DEPOIMENTO DO POLICIAL.

MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. 1. NO CRIME DE PICHAÇÃO, A

AUSÊNCIA DE PERÍCIA NÃO IMPEDE NEM INVALIDA O DECRETO

CONDENATÓRIO LASTREADO NO DEPOIMENTO PRESTADO EM JUÍZO PELO

POLICIAL MILITAR QUE EFETUOU A PRISÃO EM FLAGRANTE DO ACUSADO

COM QUEM FOI ENCONTRADA E APREENDIDA LATA DE TINTA. 2. "PELO

PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO, O JULGADOR NÃO ESTÁ ADSTRITO

A QUAISQUER DOS MEIOS DE PROVAS. NESTE PASSO, É POSSÍVEL O

AFASTAMENTO DO LAUDO PERICIAL REALIZADO DA LATA DE TINTA,

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72

QUANDO A PROVA TESTEMUNHAL É IRREFUTÁVEL QUANTO AO FATO DO

AUTUADO EM FLAGRANTE SER O AUTOR DA PICHAÇÃO. ADEMAIS, AS

CONCLUSÕES DESFAVORÁVEIS DA PERÍCIA FORAM APENAS PORQUE

FALTAVA À VÁLVULA DA LATA DE TINTA, QUANDO DE SUA REMESSA AO

INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA. 3 -RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO."

(ACÓRDÃO N.780303, 20120910071337APJ, RELATOR: LUÍS GUSTAVO B. DE

OLIVEIRA, 1ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E

CRIMINAIS DO DF, DATA DE JULGAMENTO: 18/03/2014, PUBLICADO NO DJE:

24/04/2014. PÁG.: 197) 3. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 4.

SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, NOS TERMOS DO

ARTIGO 82 , § 5º , DA LEI 9.099 /95.

TJ-DF - APELACAO CRIMINAL NO JUIZADO ESPECIAL : APJ 20130610025215

DF 0002521-74.2013.8.07.0006

PENAL. PICHAÇÃO. ARTIGO 65 DA LEI 9065/98. PRISÃO EM

FLAGRANTE. APREENSÃO DA LATA DE TINTA. DEPOIMENTO DO POLICIAL.

MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS.

STJ - HABEAS CORPUS HC 313039 SP 2014/0344603-5 (STJ)

Data de publicação: 13/05/2015

Ementa: HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO. NÃO CABIMENTO.

LESÃO CORPORAL, DESACATO E PICHAÇÃO DE MONUMENTO HISTÓRICO.

MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO APÓS A RESPOSTA À ACUSAÇÃO.

AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. NULIDADE PROCESSUAL. NÃO

OCORRÊNCIA. AÇÃO PENAL. TRANCAMENTO POR INÉPCIA DA DENÚNCIA.

IMPOSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. O Superior Tribunal

de Justiça, seguindo o entendimento firmado pela Primeira Turma do Supremo

Tribunal Federal, não tem admitido a impetração de habeas corpus em substituição

ao recurso próprio, prestigiando o sistema recursal ao tempo que preserva a

importância e a utilidade do writ, visto permitir a concessão da ordem, de ofício, nos

casos de flagrante ilegalidade. 2. A manifestação do Ministério Público sobre as

matérias apresentadas na resposta à acusação, não constitui nulidade processual.

Precedentes do STF e do STJ. 3. Prevalece o entendimento de que o trancamento

da ação, por meio de habeas corpus, é medida excepcional, que somente deve ser

adotada nos casos de absoluta ausência de provas da materialidade e de indícios de

autoria do crime, evidente atipicidade da conduta e existência de causa de extinção

da punibilidade. Precedentes. 4. Na espécie, a denúncia individualiza a conduta dos

acusados, descrevendo os fatos, de forma clara, com suporte nas provas existentes

nos autos, suficiente para deflagrar a ação penal, consoante dispõe o art. 41 do

Código de Processo Penal . Ademais, a descrição fática permite o efetivo

Page 73: PICHAÇÃO E IMPUNIDADE ARTE OU CRIME? - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/03/PICHACAO-E-IMPUNIDADE... · 2016-03-28 · patrimônio urbano. É um ato delinquente praticado

73

enquadramento da conduta praticada nas figuras tipificadas no art. 129 , caput, e art.

331 , ambos do Código Penal , e no art. 65 , § 1º , da Lei n.º 9.605 /1998, bem como

o efetivo exercício do direito de defesa, não havendo motivos para a interrupção

prematura da persecução penal. 5. Habeas corpus não conhecido.

TRF-1 - APELAÇÃO CIVEL AC 00181823720084013800 (TRF-1)

Data de publicação: 20/02/2015

Ementa: CONSTITUCIONAL E AMBIENTAL. PICHAÇÃO. INFRAÇÃO

ADMINISTRATIVA. MULTA. LEGALIDADE. I - Em que pese a leitura do art. 72 , § 3º

da Lei nº 9.605 /98 indicar a observância de suposta gradação entre as penalidades

administrativas de advertência e multa simples, verifica-se que não há qualquer

interdependência entre as cominações descritas na espécie, notadamente, em face

da regra descrita no § 2º, deste mesmo artigo que garante a aplicação da penalidade

de advertência, "sem prejuízo das demais sanções previstas". II - Afigura-se legítima

a lavratura do Auto de Infração, bem como a multa administrativa imposta ao

recorrido, em razão do cometimento de infração ambiental, consistente na pichação

de edificação urbana, tipificada no artigo 65 da Lei nº 9.605 /98 e no artigo 52 do

Decreto nº 3.179 /99 (atualmente prevista no Decreto 6.514 /2008), não havendo o

que se falar em ausência de lesão ao bem jurídico protegido, mormente tendo em

vista que o ato administrativo impugnado encontra-se em consonância com o

princípio da prevenção. III - Por fim, verifica-se que o valor fixado a título de multa,

no montante de R$ 1.000,00 (um mil reais), não se mostra excessivo ou exorbitante,

posto que corresponde ao valor mínimo previsto para a infração, nos termo do

aludido art. 52 do Decreto nº 3.179 /99. IV - Apelação provida. Sentença reformada.

TJ-RS - Apelação Cível AC 70063538540 RS (TJ-RS)

Data de publicação: 30/03/2015

Ementa: ECA. ATO INFRACIONAL. DANO. PICHAÇÃO. PROVA. AUTORIA E

MATERIALIDADE. 1. Tratando-se da prática de fato tipificado como dano, que

consiste na pichação de uma porta do salão comunitário da cidade, que ficou

cabalmente comprovada, é dispensável perícia específica para comprovar a

materialidade. 2. Como o dano restou é incontroverso e foi admitido pelo próprio

infrator, sendo também apontado pelas testemunhas, resta esvaziada a

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inconformidade, pois o adolescente efetivamente praticou o ato infracional que lhe é

imputado. 3. Não se pode cogitar de fragilidade da prova quando o adolescente foi

apreendido em flagrante, portando consigo um tubo de "spray" utilizado para praticar

o ato infracional e confessou a prática do dano, ou seja, a confissão está em

harmonia com o quadro probatório produzido. 4. Tratando-se de adolescente que

praticou o ato infracional tipificado como dano, é adequada a aplicação da medida

socioeducativa de prestação de serviços à comunidade para que tome consciência

de que deve respeitar o patrimônio alheio, mostrando a ele a censura que repousa

sobre a conduta desenvolvida com manifesto o propósito de reeducá-lo. Recurso

desprovido. (Apelação Cível Nº 70063538540, Sétima Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em

25/03/2015).

CONCLUSÃO

No decorrer de nossa pesquisa constatamos que o crime de pichação existe

nas maiores cidades brasileiras, num desenfreado descumprimento da lei por jovens

menores de idade adultos e que a maioria fica impune por falta de maior atenção

das autoridades governamentais e investimento em educação. Causando a pichação

reflexos negativos do ponto de vista ambiental a patrimonial, este afetando ao

particular e ao ente público e quando afeta o ente público os prejuízos quem paga é

o povo.

A pichação que é caracterizada como crime ambiental desde quando a lei nº 9.605,

de 12 de fevereiro de 1998, entrou em vigor. Essa lei foi alterada com a aprovação do

Projeto-de-Lei n. 706/07, que foi transformado na Lei n. 12.408, de 25 de maio de

2011, alterando o artigo 65, com a redação no ― Art. 6º - O art. 65 da Lei nº 9.605,

de 12 de fevereiro de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento

urbano: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. § 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude

do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.

§ 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística,

desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou

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arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização

do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela

preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional."

Com isso, equipara o grafite à pichação, colocando ambos na vala das

condutas ilegais no Brasil, portanto, passível de punição cumulada de multa,

configurando um tipo de crime embora tenha menor potencial ofensivo, ao pichar

patrimônio alheio sem autorização, exceto, o grafite, quando consentido pelo

proprietário ou autoridade constituída no caso de bens públicos, é descriminalizada,

deixando assim de ser crime.

―De acordo com Lassala (2010), a pixação é uma maneira de chamar

atenção para si ou para alguma causa, privilegiando sempre a palavra. Sendo

assim, não existem preocupações estéticas e estilísticas. A exemplo desta definição,

temos as pichações realizadas durante os protestos de junho de 2013 contra o

aumento do preço da passagem de ônibus na capital paulista.‖

A Diferença entre pixação e grafite ―O grafite e a pixação integram a paisagem urbana com suas manifestações e

particularidades. Ruas, muros, portas, construções, tapumes, pontos de ônibus,

portões, e tantos outros locais são preenchidos de tintas na maioria das capitais.

No Brasil, a lei reconhece o grafite como arte, desde que feito com

autorização do proprietário – no caso de espaço privado –, ou da prefeitura – no

caso de espaço público. Já a pixação é reconhecida como crime ambiental, uma

manifestação transgressora‖.

Segundo o presidente da OAB seção São Paulo, Luiz Borges D'Urso, considera que: ―A pichação é criminalizada, pois mais se assemelhada ao vandalismo gratuito ao patrimônio público e privado, pois se centra em frases e letras desconexas, sem qualquer dimensão estética. Na maioria das vezes, nem o argumento da liberdade de expressão a justifica, pois ―a mensagem‖ não é sequer decifrada pela população. (D'URSO, comunicação verbal, 2014) Em entrevista concedida às autoras do trabalho Título ENTRE MUROS, PRÉDIOS E TINTAS - O perfil do pixador paulistano em: 25.nov.2014. (OLIVEIRA, ANA PAULA FERREIRA, PRIMIAN, GRAZIELA ROBERTA MORENO E ALVES, LAÍSA CAMARGO).

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Se apreendidos em grupos de quatro ou mais pessoas, podem ser enquadrados também no artigo 288 do Código Penal, pois configura-se formação de quadrilha. A pena para este crime pode chegar a três anos de reclusão. Caso os pixadores estejam armados ou se houver participação de menores, a pena poderá ser aumentada pela metade para os adultos. Em São Paulo existe, ainda, a lei municipal nº 14.451, de 22 de junho de 2007, que institui o programa anti-pichação na cidade de São Paulo e determina a existência de um serviço de limpeza dos muros da cidade. Esta prevê também que a pintura poderá ser realizada pelos pixadores como medida sócio-educativa. D'Urso considera ainda que a distinção da arte e do vandalismo é necessária, mas ainda há falhas, e diz:

―O dano ambiental existe, mas será muito mais adequado que sejam

definidos parâmetros mais claros, que sirvam para conscientizar e educar os jovens

e a sociedade sobre os limites que separam a pichação da grafitagem, distinguindo

o que é delito e o que é forma de expressão artística‖. (D'URSO, comunicação

verbal, 2014)

E, sendo crime, encontra respaldo na esfera penal, civil e administrativa,

aduzindo a entender que um sujeito adulto que pichar muros e paredes de escolas,

igrejas, bancos de praça, prédios, casas e outros, sejam bens públicos ou

particulares e seus equivalentes, se apanhados na prática ou descobertos e presos

em flagrante serão automaticamente encaminhados pela Polícia Militar ou pela

Guarda Municipal à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. No entanto, o

pichador adolescente é apreendido e encaminhado à Delegacia do Adolescente e

ao Juizado Especial Criminal.

A discussão do presente tema abrange a ausência de Leis severas que

tipifiquem esse tipo de crime que, com frequência ocorre no dia-a-dia,

inesperadamente, mas ainda não estão adequadamente enquadrados no

ordenamento jurídico brasileiro. Busca-se, portanto, analisar a legislação brasileira

para visualizar quais as condutas são enquadradas como delito no atual

ordenamento e àquelas que ainda não previstas como crime.

A pichação urbana se despe de qualquer referência artística, nutrindo-se na

clandestinidade, invadindo ruas, prédios paredes ou praças com palavras hostis e

símbolos agressivos, rabiscos não decifráveis a população em geral, tendo algum

significado somente a eles, os pichadores, fundamentada na cultura da

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transgressão. A violação de um bem alheio, por meio da conduta da pichação

demonstra claramente às autoridades a necessidade de que haja mudanças no

cumprimento das Leis relacionadas ao assunto, seja em âmbito da maior celeridade

e rigor, para proteger a sociedade com o auxílio da imprensa por meio da atuação e

divulgação das denúncias e cobranças das autoridades, ajudando na

conscientização da sociedade como um todo.

A falta do cumprimento da Lei, apurações policiais que logrem êxito na

identificação e punição aos que inundam a cidade com pichações, e graffiti não

autorizado, a falta de comprometimento dos pais ou responsáveis pelos jovens que

dilapidam o patrimônio urbano, traz sérias consequências ao desafiar o poder

atualmente constituído, desrespeitando a sociedade civil, aos pais e educadores de

forma geral.

O combate a PICHAÇÃO tem de ser levado mais a sério, como por exemplo

campanhas de conscientização e educação nas escolas, direcionadas às crianças e

adolescentes, o poder público deveria incentivar, disponibilizar meios materiais,

humanos e financeiros em campanhas junto a população, a todos os meios de

comunicação, jornais, revistas, teatros, televisão, internet e outros, celebrar

convênios com a sociedade civil organizada, convênios com taxistas que estão

sempre nas ruas principalmente à noite, para quando flagarem pichadores,

acionarem a policia, ajudando assim na prisão e na identificação dos infratores,

incentivar a população a fazer denuncias quando constatar as pichações, alertando

aos possíveis infratores e a policia e guardas municipais ter mais rigor nas

fiscalizações para identificar e adotar as medidas cabíveis, mas principalmente que

os infratores no mínimo se obrigassem a reparar de imediato o dano aos

proprietários dos imóveis privados e públicos atingidos, fazendo o despiche,

responsabilizando tambem aos pais e responsáveis pelos menores e adolescentes.

Impunidade + Ociosidade + Pais Ausentes -

Educação!

=

P I C H A D O R E S!!!

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REFERENCIAS

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Em campanha para a restauração, Igreja Bom Jesus do Cabral é pichada. Jornal Gazeta do Povo (2015). Disponível em < http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/colunistas/entrelinhas/em-campanha-para-a-restauracao-igreja-bom-jesus-do-cabral-e-pichada-cob1r766mh1jt98syelvyowjd>. Acesso em 8 set 2015. FIORILLO, Celso A. P. Curso de direito ambiental brasileiro . São Paulo: Saraiva, 2000. FIORILLO, Celso A. P. Curso de direito ambiental brasileiro . São Paulo: Saraiva, 2000. LEITE, José Rubens Morato.Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial . São Paulo: RT, 2003.

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FERREIRA, Buarque de Holanda apud SILVA, Américo Luís Martins. Direito do meio ambiente e dos recursos naturais. São Paulo: Revista do Tribunais, 2004, p. 56. GRECO, Marco Aurélio Greco, Disciplina jurídica da poluição, São Paulo: Resenha Tributária, 1975. GIUMELLI, Emerson. O Cristo pichado. Ponto Urbe. 2013. 31 jul 2013. Disponível em <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/106607/000936536.pdf?sequence=1>. Acesso em 5 set 2015. Guia de Estudos Enem. Atualidades 2010. Disponível em <http://guarujaweb.blogspot.com.br/2010/12/arte-das-ruas-chega-aos-museus.html>. Acesso em 9 set 2015. LASSALA, Gustavo. Pichação não é pixação. São Paulo: Altamira, 2010. MARINS, Lucas Gabriel. Multa aumenta, mas pichação continua (2014). Em seis meses de 2014, pichadores pegos em flagrante pagaram R$ 288 mil, mais do que em todo o ano passado. Porém, flagrantes se equiparam ao de 2013. Disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/multa-aumenta-mas-pichacao-continua-ed8r4vsudnlhqo12l4fzwbw3y>. Acesso em 9 set 2015. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1993, p. 130. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito de construir. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1983, p. 178. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 1998. NUSDEO, Fábio, Desenvolvimento e ecologia, São Paulo: Saraiva, 1975. OLIVEIRA JUNIOR, Quintino, Eudes de. Pichação é crime, grafitagem é arte. (2011). Disponível em: <http://eudesquintino.jusbrasil.com.br/artigos/133226868/pichacao-e-crime-grafitagem-e-arte>. Acesso em 7 set 2015. Pichações e impunidade. (2013). Disponível em <http://odiariodemogi.inf.br/opiniao/editorial/12763-pichacoes-e-impunidade.html>. Acesso em 7 set 2015. SWARTZ, M.; TURNER, V.; TUDEN, A. Introducion. In: SWARTZ, M.; TURNER, V.; TUDEN, A. (ors). Political antopology. Chicago: Aldine Publishing Companhy, 1966. SALES, Maria. Relicário das artes (2015). Disponível em < http://relicariodeartes.blogspot.com.br/>. Acesso em 5 set 2015.

SILVA, José Afonso da. Direito urbanístico brasileiro. São Paulo: Revista dos tribunais, 1981.

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ANEXO 1 - ENTREVISTA COM PICHADOR PAULISTA – RODRIGO apelido HIP HOP

TRANSCRIÇÃO DE UMA ENTREVISTA COM UM PICHADOR Autoras:

OLIVEIRA, ANA PAULA FERREIRA, PRIMIANI, GRAZIELA ROBERTA MORENO

E ALVES, LAISA CAMARGO – Título: O perfil do pixador paulistano

FONTE: TCC DA FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO – Autoras:

PERFIL DE UM PICHADOR PAULISTA

Entrevista Rodrigo Ogi - R Hip Hop

O Pixador - Qual seu nome, seu codinome, e quando começou?

R Hip Hop - Meu nome é Rodrigo e eu comecei a fazer uns rabiscos em 95,

inicialmente, nasci em São Paulo no bairro do Ipiranga, no Sacomã. E o que eu

assino é R-HIPHOP.

OP - Qual é a relação com sua família, você é casado?

R Hip Hop - A minha família é uma família como qualquer uma, eu tenho contato

com os meus tios. Eu sou filho único, meu pai e minha mãe já faleceram. Hoje eu tô

casado, e tenho 34 anos de idade.

OP - Você fez faculdade?

R Hip Hop - Eu estudei, eu fiz algumas faculdades, mas nunca me formei em

nenhuma o máximo que eu fiz de uma faculdade foram 3 anos. Só que pra mim

nunca foi muito interessante estudar dentro de uma universidade, pela filosofia que

eles adotam, eu tive que estudar por mim mesmo. Já estudei PP, RTV e por incrível

que pareça, eu já fiz Direito também.

OP - Como é sua rotina profissional e pessoal.

R Hip Hop - Minha rotina é não ter hora pra dormir, e ficar muito tempo escrevendo e

ouvindo música de vários estilos. Assim, eu escuto muito RAP que é a música que

me deu formação, escuto muito jazz, muita música brasileira, muito samba, muita

musica brega, muito soul. E hoje em dia eu tenho escutado uns raps mais atuais,

mas basicamente isso. Minha rotina é acordar, acordar minha mulher, e algumas

vezes ela me serve o café, e algumas vezes eu sirvo o café dela, brincar com os

meus cachorros e ficar fazendo música.

OP - Qual sua preferência musical e o que você gosta de fazer nas horas

vagas?

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R Hip Hop - No meu bairro, onde eu morava, a gente jogava bola num campinho. E

um dia um cara apresentou uma fita com uma música que se chamava "Pânico na

Zona Sul", que no caso o cara que cantava era Brown, e toda vez que a gente ia pro

campo ele levava o radinho e ficava tocando a fita do Racionais ali. E ali eu comecei,

eu não sabia que tipo de música era aquele porque não tocava rádio e depois que

eu fui me ligar que era rap, que eram os Racionais. E foi ali que eu comecei a gostar

de rap e também devido ao irmão de um grande amigo meu, o Edvan, o irmão dele

era o Edilson que ele já conhecia mais. Ele conhecia muita coisa de rap e

apresentava pra gente. Foi mais ou menos em 89, começo de 90, foi onde começou

a minha formação, mas, antes disso tinha uma moça que trabalhava em casa que

escutava muito sertanejo e música brega. A minha tia já era cantora da jovem

guarda, e é daí de onde vem tudo isso.

OP - Como você conheceu o movimento pixação?

R Hip Hop - Eu andava muito de carro com a minha mãe pra cima e pra baixo, e eu

sempre reparei nos muros, mas eu não entendia o que era aquilo, E a pixação que

eu via, várias vezes, pelos lugares que eu passava, eu falava "puts, esse nome de

novo?‖, por exemplo, um nome em Santana, depois outro lá em Santo Amaro.

Depois eu fui entender o que era com um grande amigo, o Bugalú, que ele me

explicou como funcionava o esquema da pixação. E o primeiro rolê que eu fiz de

pixo mesmo, real, não tinha nenhum nome pra lançar e como eu era muito fã de rap,

eu já colecionava muito CDs, já conhecia muita coisa internacional. Foi em 95, e eu

inventei meu nome no mesmo dia e comecei a fazer. Depois que eu senti aquela

adrenalina, dali pra frente eu levantei o nome que eu inventei. Eu nunca lancei turma

de ninguém, eu inventei a minha.

OP - As pessoas de seu convívio atual conhecem sua vida de pixador? O que

elas acham disso?

R Hip Hop - Minha família nunca aceitou isso, minha mãe nunca aceitou isso. Tanto

que minha mãe me mandou pros EUA pra vê se eu conhecia outra cultura, e pra vê

se eu parava de pixar. Quem conhece esse movimento é marginalizado e quem não

conhece descrimina, e onde eu morava por exemplo, não tinha uma biblioteca, não

tinha um centro de esporte decente. E meus amigos que já morreram a maioria ia

por crime e usava droga e eu nunca fui de usar droga e nem de ir pro crime, mas eu

queria ser bom em alguma coisa. Pixando você se expõe, você põe sua cara na rua.

Você vê alguém vendo uma coisa que você fez na noite anterior e pensa "pô, eu to

vivo", essa que é a pegada.

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OP - A pixação tem alguma influência no seu trabalho ou na relação com

pessoas que não pixam?

R Hip Hop - Pixação me ensinou muita coisa, me ensinou coisa que muita escola

não ensina. Que é andar na rua, que é saber se portar nos lugares. Hoje em dia eu

já não me considero pixador, eu já sou pixador das antigas, não tô mais na atividade

como antes, mas é uma coisa também que a gente pode parar 10 anos e depois

voltar a fazer. Hoje em dia tem aquela coisa mais nostálgica que eu não deixo

atrapalhar muito a minha vida, sempre que você é muito nostálgico você acaba se

atrapalhando e fica preso no passado. E das experiências que a pixação me deu eu

já usei muita coisa na vida e hoje em dia eu não sei se a pixação influi tanto assim

na minha vida.

OP - Por que você acha que o grafite é aceito e o pixo não?

R Hip Hop - O grafite é aceito por estética, um nego que vê no muro um desenho

colorido vai gostar mais do que um rabisco que ele não entende. Mas existe grafite

ilegal também que é igual pixação.

OP - Você já foi pego pela polícia? Qual foi a história mais marcante?

R Hip Hop - A pior surra que eu já tomei na minha vida foi quando eu era novo. Eu

era um moleque meio brigão, gostava de brigar. Eu nunca tomei uma surra igual em

Santo André, em 1996. Tava eu, o "RBS Goiaba", "Cambada", "Xandi", que hoje em

dia se encontra preso, infelizmente, e um moleque que já faleceu. Aí a gente

pixando em Santo André falando e acontecendo e aqueles guardinhas de rua

pegaram a gente pela primeira vez e a lei que eles colocaram era: "a cada vez que

vocês forem pegos, vocês vão tomar uma paulada na mão." São Paulo fazia muito

frio naquela época em 96, e a cada vez que eles pegassem a gente, a gente ia

tomar porrada na mão. Só que é você toma paulada e saí fora só que se eu te pego

de moto, eu te bato de novo, imagina você andando uma avenida inteira levando

paulada? E eu escolhi só a mão esquerda, minha mão ficou desse tamanho. Beleza,

tava sujeito a acontecer isso, ai apanhamos a vida inteira, mas já tava acostumado a

apanhar, a polícia batia mesmo, morador batia, taxista batia. Aí a gente inventou de

pular em uma casa pra se limpar, aí a gente pulou e saiu um monte de mulher da

casa lá fora. Ai a gente pediu desculpa e saiu pra se lavar porque a gente tava sujo

de tinta, quando a gente chegou lá fora já tinha chego as viaturas, e imagina assim:

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se eu encontrar esse cara na rua eu vou lembrar do rosto dele, porque quem apanha

nunca esquece. Era um alemão e mais dois e eles falaram pra gente: "a cada vez

que eu ameaçar bater e vocês se esquivarem, é um pisão no pé sem tênis" e nossos

tênis jogaram no córrego. Aí imagina, quando eu encolhia ele pisava no pé, sai com

a cara desse tamanho e eu nunca vou esquecer desse alemão. Quando eu

encontrar ele na rua eu vou falar 'alemão, se um dia você ver essa entrevista, seu

filho vai apanhar igual eu apanhei de você". Brincadeira, eu não desejo o que você

fez comigo pro teu filho.

OP - Como você lida com as palavras ego e vaidade? Você acredita que existe

isso na pixação? Por quê?

R Hip Hop - Pixação é só isso hoje em dia, é vê quem tem mais que o outro. Eu

pixava pra me sentir vivo, nunca foi pra me sentir mais que o outro. Se alguém

sentiu isso quando eu pixei problema dele. Eu já pixei muita quebrada e já fiz muito

cara sentir isso, e no Point não deixavam a gente assinar a folhinha porque a gente

pixava todas as quebradas, em 98 isso. Eu nunca pixei por isso. Porque hoje eu

posso pixar muito e tirar alguém e amanhã alguém pode fazer melhor que eu, então

pixação pra mim é só pela adrenalina e tirar stress.

OP - Você não tem medo que a pixação comprometa sua carreira (processos,

exposição negativa na mídia)?

R Hip Hop - Sempre né, a pixação ao olhar dos meus familiares e das minhas

pessoas sempre ia me atrapalhar, sempre acharam que eu ia virar um marginal

pixando. Sempre acharam que eu ia debanda pro lado errado. Mas a pixação

sempre me ensinou, como eu disse antes, foi a escola que eu não tive. No meu

bairro tinham caras que usavam drogas, que roubavam e eu escolhi ser bom em

alguma coisa e foi pixando, deixando meu nome por ai, nunca vai ser desvantagem

pra mim. Vantagem é eu ―ta‖ fazendo o que eu tô fazendo hoje, sei lá, eu também

não gosto de cagar regra. A lei é: pixe pra aliviar a adrenalina, pra que o negócio

tenha alguma coisa positiva pra você. Eu não sou um cara da velha escola como os

outros são, mas é meu modo dever a parada hoje em dia, então.

OP - Pra você existe protesto na pixação?

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R Hip Hop - Isso existe, pixação também é protesto indiretamente, mesmo que não

tenha uma frase escrita no muro "foda-se Alckimin" é protesto quando o cara

escreve o nome dele porque ele quer protestar que ele tá vivo e na comunidade dele

ninguém enxerga ele. E de repente ele começa a ser visto pelas coisas que ele faz

no muro, vão falar "puts, aquele nome daquele cara eu sempre vejo, o filha da puta

que pixou aqui que sujou toda a quebrada", foi aquele cara, tentando se destacar,

esse é o protesto. É fazer igual era antigamente, esse é o meu ver.

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ANEXO 2 - PEQUENA AMOSTRA DE COMO ESTÁ HOJE, EM SEQUÊNCIA DE

FOTOS DE CURITIBA (CENTRO CÍVICO, SÃO FRANCISCO, CAMPINA DO

SIQUEIRA, CENTRO) EM FLAGRANTE IMPUNIDADE E OUSADIA DOS

PICHADORES

FOTO JP - Av. Cândido de Abreu – Centro Cívico - próximo a PM Curitiba

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FOTO JP - Av. Cândido de Abreu – Centro Cívico - próximo a PM Curitiba

FOTO JP - Av. Cândido de Abreu – Centro Cívico - ao lado do Fórum em Curitiba

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FOTO JP - Av. Cândido de Abreu – Centro Cívico - ao lado do Fórum em Curitiba

Foto JP – Av. Cândido de Abreu – C Cívico – ao lado FÓRUM

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Foto JP – Av. Cândido de Abreu – C Cívico – ao lado FÓRUM

Foto JP–Praça Gibran Khalil Gibran - Centro Cívico –Av. João Gualberto/ frente ao Passeio Público

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Foto - JP - Av. Cândido de Abreu – Centro Cívico - ao lado Passeio Público

Foto Dezenove de dezembro - Centro Cívico – Rua Riachuelo

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Foto JP – AV BARÃO SERRO AZUL – PROXIMO PRAÇA DEZENOVE DEZEMBRO

FOTO JP – AV BARÃO SERRO AZUL C/INÁCIO LUSTOSA – CENTRO CÍVICO

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FOTO JP – PRAÇA DEZENOVE DE DEZEMBRO – C CÍVICO

FOTO JP – PRAÇA DEZENOVE DEZEMBRO - CENTRO CÍVICO (ESCULTURA PÚBLICA E PICHAÇÃO!!)

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FOTO JP 21.08.15 – PRAÇA DEZENOVE DEZEMBRO - C. CÍVICO(ESCULTURA PÚBLICA E PICHAÇÃO!!)

FOTO JP 21.08.15 – PRAÇA DEZENOVE DEZEMBRO - CENTRO CÍVICO

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FOTO JP 21.08.15 – RUA INACIO LUSTOSA – SÃO FRANCISCO

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FOTO JP – 21.08.15 – RUA INACIO LUSTOSA – PROXIO SHOPPING MULLER

FOTO JP 21.08.15 – Rua Mario Tourinho -Bairro Campina do Siqueira – Curitiba-PR

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FOTO JP – 21.08.15 – RUA DR. ROBERTO BARROSO C/MATEUS LEME (uma obra de arte.............ao lado PICHAÇÃO!!)

FOTO JP 21.08.15 RUA SÃO FRANCISCO –PRIXIMO IGREJA DA ORDEM

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FOTO JP 21.08.15 – R.MATEUS LEME C/R SÃO FRANCISCO – IGREJA DA ORDEM

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FOTO JP 21.08.15 – R.MATEUS LEME C/R SÃO FRANCISCO – IGREJA DA ORDEM

FOTO JP 21.08.15 – RUA MATEUS LEME

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FOTO JP – 21.08.15 RUA MATEUS LEME

FOTO JP – 21.08.15 RUA MATEUS LEME - LOJA ARGUS

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FOTO JP – 21.08.15 RUA DR. ROBERTO BARROSO – CENTRO CÍVICO

FOTO JP – 21.08.15 – AV CÂNDIDO DE ABREU – PROXIMO A PM CURITIBA

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FOTO JP – 21.0-8.15 - RUA PAPA JOÃO XVIII - PRÓXIMO PM CURITIBA (GRAFIT.......I E PICHAÇÃO)

FOTO JP – 21.08.15 – AV CANDIDO DE ABREU – PERTO DO FÓRUM – C CÍVICO

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FOTO JP 21.08.15 – R. Barão Serro Azul C/R SÃO FRANCISCO – COLUNA TRINFAL NS.DA LUZ

FOTO JP 21.08.15 – RUA RIACHULEO – PRAÇA DEZENOVE DE DEZEMBRO

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FOTO JP – LOJA: SAPATARIA FARIAS DA RUA SALDANHA MARINHO (10.09.15)

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Fonte