philodendron schott (araceae): morfologia e taxonomia das

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Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia das espØcies da Reserva Ecológica de MacaØ de Cima - Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil 1 Marcus Alberto Nadruz Coelho 2 RESUMO O presente trabalho trata da morfologia e do estudo taxonômico das espØcies do gŒnero Philodendron Schott, ocorrentes na Reserva Ecológica de MacaØ de Cima, Distrito de MacaØ de Cima, Município de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Foram estudadas 10 espØcies, a saber: P. altomacaense Nadruz et Mayo, P. appendiculatum Nadruz et Mayo, P. edmundoi Barroso, P. eximium Schott, P fragile Nadruz et Mayo, P. hatschbachii Nadruz et Mayo, P. ochrostemon Schott, P. ornatum Schott, P. propinquum Schott e P. roseopetiolatum Nadruz et Mayo sendo 3 endŒmicas da Ærea estudada - P. altomacaense, P. fragile e P. roseopetiolatum. As espØcies P. eximium, P. imperiale, P. dolosum e P. ornatum foram lectotipificadas e P. ambiguum Ø reduzido a sinônimo de P. propinquum. O tratamento taxonômico dado às espØcies do gŒnero em apreço inclui ilustraçıes, descriçıes, distribuiçªo geogrÆfica, uma chave dicotômica para identificaçªo das espØcies, comentÆrios acerca da morfologia e sobre seus ambientes naturais e classificaçªo da categoria conservacionista pelos critØrios da International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN). Palavras Chaves: Araceae/Philodendron/Taxonomia/Rio de Janeiro ABSTRACT This study consists of morphological and taxonomic treatment of the species of the genus Philodendron Schott which occur in the Ecological Reserve of MacaØ de Cima, MacaØ de Cima District, Municipality of Nova Friburgo, Rio de Janeiro State, Brazil. Ten species were studied: Philodendron altomacaense Nadruz et Mayo, P. appendiculatum Nadruz et Mayo, P. edmundoi Barroso, Peximium Schott, P. fragile Nadruz et Mayo, P. hatschbachii Nadruz et Mayo, P. ochrostemon Schott, P. ornatum Schott, P. propinquum Schott and P. roseopetiolatum Nadruz et Mayo. Of which three of these species are endemic to the study area, as far as presently know - P. altomacaense, P. fragile and P. roseopetiolatum. The species names P. eximium, P. imperiale, P. dolosum and P. ornatum are lectotypified and P. ambiguum is reduced to the synonymy of P. propinquum. The taxonomic treatment includes illustrations, descriptions, geographical distribution, a dichotomous key for identification of the species, commentary on the morphology of the species, on their natural habitats, and of their conservation status according to the criteria of the International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN). Keywords: Araceae/Philodendron/Taxonomy/Rio de Janeiro 1 Parte da Dissertaçªo de Mestrado apresentada à Coordenaçªo do Curso de Pós-Graduaçªo (Botânica) do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2 Pesquisador Titular III do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leªo 915, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22460.030

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Page 1: Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia das

Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia dasespécies da Reserva Ecológica de Macaé de Cima - Nova

Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil1

Marcus Alberto Nadruz Coelho2

RESUMOO presente trabalho trata da morfologia e do estudo taxonômico das espécies do gênero

Philodendron Schott, ocorrentes na Reserva Ecológica de Macaé de Cima, Distrito de Macaé deCima, Município de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Foram estudadas 10 espécies,a saber: P. altomacaense Nadruz et Mayo, P. appendiculatum Nadruz et Mayo, P. edmundoiBarroso, P. eximium Schott, P fragile Nadruz et Mayo, P. hatschbachii Nadruz et Mayo,P. ochrostemon Schott, P. ornatum Schott, P. propinquum Schott e P. roseopetiolatum Nadruzet Mayo sendo 3 endêmicas da área estudada - P. altomacaense, P. fragile e P. roseopetiolatum.As espécies P. eximium, P. imperiale, P. dolosum e P. ornatum foram lectotipificadas e P.ambiguum é reduzido a sinônimo de P. propinquum. O tratamento taxonômico dado às espéciesdo gênero em apreço inclui ilustrações, descrições, distribuição geográfica, uma chave dicotômicapara identificação das espécies, comentários acerca da morfologia e sobre seus ambientes naturaise classificação da categoria conservacionista pelos critérios da International Union for Conservationof Nature and Natural Resources (IUCN).

Palavras Chaves: Araceae/Philodendron/Taxonomia/Rio de Janeiro

ABSTRACTThis study consists of morphological and taxonomic treatment of the species of the genus

Philodendron Schott which occur in the Ecological Reserve of Macaé de Cima, Macaé de CimaDistrict, Municipality of Nova Friburgo, Rio de Janeiro State, Brazil. Ten species were studied:Philodendron altomacaense Nadruz et Mayo, P. appendiculatum Nadruz et Mayo, P. edmundoiBarroso, P. eximium Schott, P. fragile Nadruz et Mayo, P. hatschbachii Nadruz et Mayo,P. ochrostemon Schott, P. ornatum Schott, P. propinquum Schott and P. roseopetiolatum Nadruzet Mayo. Of which three of these species are endemic to the study area, as far as presently know- P. altomacaense, P. fragile and P. roseopetiolatum. The species names P. eximium, P. imperiale,P. dolosum and P. ornatum are lectotypified and P. ambiguum is reduced to the synonymy of P.propinquum. The taxonomic treatment includes illustrations, descriptions, geographical distribution,a dichotomous key for identification of the species, commentary on the morphology of the species,on their natural habitats, and of their conservation status according to the criteria of the InternationalUnion for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN).

Keywords: Araceae/Philodendron/Taxonomy/Rio de Janeiro

1 Parte da Dissertação de Mestrado apresentada à Coordenação do Curso de Pós-Graduação (Botânica) do MuseuNacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro.2 Pesquisador Titular III do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro � Rua Pacheco Leão 915, Jardim

Botânico, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22460.030

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INTRODUÇÃOA família Araceae compreende cerca de

105 gêneros e aproximadamente 3300 espéciesde herbáceas e trepadeiras (Grayum 1990,Mayo et al. 1997). Segundo Bogner & Nicolson(1991) as Araceae são divididas em 9subfamílias: Gymnostachydoideae, Pothoideae,Monsteroideae, Calloideae, Lasioideae,Philodendroideae, Colocasioideae, Aroideae ePistioideae. A subfamília Philodendroideaeinclui a tribo Philodendreae a qual pertence ogênero Philodendron Schott. A família possuiampla distribuição e é predominantementetropical, cerca de 10% dos gêneros estendem-se às zonas temperadas do norte. Estárepresentada no Brasil por 30 gêneros, entreos quais Philodendron com,aproximadamente, 155 espécies (Mayo et al.1994).

O gênero neotropical PhilodendronSchott é um dos mais importantes na família,não somente em termos de representatividadecom 350-400 espécies formalmentereconhecidas, sendo o segundo maior depoisde Anthurium Schott, , mas também pela suaimportância para a floricultura, como plantaornamental, pela beleza de sua folhagem. Suasespécies estão subordinadas a 3 subgênerosbem distintos em morfologia floral e vegetativa,anatomia floral e distribuição geográfica, asaber: Meconostigma (Schott) Engler,Pteromischum (Schott) Mayo e Philodendron(Mayo, 1986b). O subgênero Meconostigma,com 15 espécies, é largamente distribuído nosul do Brasil, mas estende-se ao norte pelaBacia Amazônica. Suas espécies sãoadaptadas a ambientes abertos e o subgêneroé caracterizado pela longa zona estéril doespádice. O subgênero Pteromischum,estimado em 75 espécies, ocorre em toda aregião neotropical incluindo México e asAntilhas, sendo que o seu maior centro dedistribuição está nas planícies da AméricaCentral e noroeste da América do Sul. Osubgênero caracteriza-se pela morfologia docaule (composto de unidades simpodiais demuitas folhas), lâmina foliar simples e bainha

foliar comprida. O subgênero Philodendron,com 10 seções e 11 subseções, compreende amaioria das espécies no gênero. Pode sercaracterizado pela morfologia do caule, que écomposto de unidades simpodiais de uma únicafolha, e da inflorescência em que a zona estéril,entre as zonas masculina e feminina, é maiscurta que a zona masculina. As espécies dessesdois últimos subgêneros são, na sua maioria,hemi-epífitas, epífitas e poucas são adaptadasa situações expostas.

Tanto para taxonomistas comohorticultores, a circunscrição e identificaçãodas espécies do gênero Philodendronconstitui-se em um grande problema pelaausência de uma revisão geral mais recenteque o tratamento de Krause (1913). Osconhecimentos taxonômicos das espéciesbrasileiras de que se dispõe permanecem aindasuperficiais, somando-se as poucas coletas eescassas informações de campo.

A maioria dos espécimes exibe umagrande variedade morfológica, resultando emmaior dificuldade no conhecimento do gêneroa nível específico, devido ao reduzido númerode coleções nos herbários. Até mesmo asespécies mais comuns são pouco representadasnos herbários e, da maioria das coleções, faltamanotações de campo adequadas nas etiquetasou de dados complementares como, p.ex.,fotografias, sendo, por esse motivo, de valortaxonomicamente muito limitado. Trabalhos decampo intensivo, em épocas adequadas, sãonecessários para o correto entendimento dataxonomia de Philodendron.

Sendo principalmente um grupo dafloresta tropical, podendo ocorrer em umavariação de outros habitats incluindo brejos,afloramentos rochosos e até em regiões semi-áridas, Philodendron tem sua mais ricadiversidade em algumas das regiõesbotanicamente muito pouco conhecidas daAmérica Tropical, tal como o Chocó daColômbia, Peru subandino, Equador e a parteocidental da Planície Amazônica (Mayo, 1991).Muitos novos taxa certamente esperam serdescobertos ou reconhecidos formalmente. No

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presente é impossível determinar com precisãoa verdadeira dimensão específica do gênero.Sua área de distribuição é essencialmenteneotropical, indo do México Central atéArgentina incluindo as Antilhas (Mayo, 1989).

A escolha da Reserva Ecológica deMacaé de Cima para os estudos com o gênero,se deve ao fato de ser a área um dos poucosremanescentes de vegetação primária de MataAtlântica, possuindo uma grande diversidadede lianas, epífitas e hemi-epífitas das quaisfazem parte o gênero Philodendron. Emconseqüência dos trabalhos realizados porcientistas do Jardim Botânico do Rio de Janeirodesde 1987, relativos ao Programa MataAtlântica, existe facilidade de infra-estruturana área. Foram encontrados, até agora, 10espécies para o gênero ocorrentes na área.

Atualmente, pela falta de especialistas nafamília, no Brasil, torna-se necessário umestudo deste grupo, com a finalidade demelhorar o conhecimento das espécies, tantodo ponto de vista morfológico comotaxonômico, fornecer dados ecológicos paracontribuir com o conhecimento da flora daMata Atlântica e conhecer melhor os recursosnativos de plantas ornamentais brasileiras, comvistas a sua utilização em paisagismo.

1. Descrição da áreaCriada pelo decreto número 156, de 03

de janeiro de 1990, da Prefeitura Municipal deNova Friburgo, a Reserva Ecológica de Macaéde Cima, situada no Município de NovaFriburgo, RJ, possui uma superfície de 7103ha, com latitudes de 22°21�S / 22°28�S elongitude de 42°37�W / 42°35�W, e tem comoafluentes os Rios das Flores e Macaé. Seuspontos culminantes são a Pedra do Faraó (1719m.s.m), a Pedra de São Caetano (1657m.s.m)e a Pedra Bicuda (1499m.s.m). É limitada aosul pelo Município de Silva Jardim e a oestepelo Município de Cachoeira de Macacu,possuindo como referências orográficas aSerra de Macaé de Cima ao norte, ao sul a

Serra de São João e a sudeste a Serra doTaquaruçu (Fig. 1) (Lima et Guedes-Bruni,1997).

O Município de Nova Friburgo faz parteda região sudeste brasileira onde possui umanotável diversidade climática, caracteriza-sepelo predomínio do clima subquente. Oprincipal determinante desta série devariedades climáticas é a orografia desta área,tanto no que se refere à temperatura quanto àprecipitação (Nimer, 1989).

As temperaturas médias anuais doMunicípio de Nova Friburgo, durante o períodode 1961 e 1990, variaram com a mínima de13.8°C e a máxima de 24.3°C. Fevereiroapresentou-se como mês mais quente comtemperatura média de 27.6°C e julho comomês mais frio com temperatura média de 9.5°C.A precipitação total anual é de 1246.3mm, aevaporação total anual é de 605.3mm e aumidade relativa anual é de 80% (Depto.Nacional de Meteorologia, 1992).Provavelmente, já que não se dispõe dos dadosclimatológicos da área, a Reserva Ecológicade Macaé de Cima apresenta-se mais úmidacom temperatura mais baixa que a encontradana cidade de Nova Friburgo.

O substrato rochoso é constituídoessencialmente de rochas intrusivas emetamórficas Pré-Cambrianas, que afloramextensamente na maior parte da área. Suasrochas são gnaisse e milonito nas UnidadesDesengano, São Fidélis e Santo Eduardo,granitóides de estrutura homófana e fluidal naPedra Bicuda e Faraó, e Depósitos Aluvionaresnuma pequena região do Rio Macaé. Os solosda região são do tipo Cambissolo Alico �A�moderado e proeminente. A geomorfologiacompreende faixas de dobramentoremobilizado, modelado de dissecaçãodiferencial, sendo que a dissecação é marcadapor controle estrutural, definido apenas pelavariável aprofundamento da drenagem(Oliveira et al., 1983; Lima et Guedes-Bruni1997).

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Figura 1 - Mapa da Reserva Ecológica de Macaé de Cima - Fonte: Programa Mata Atlântica/JBRJ

2. VegetaçãoO Município de Nova Friburgo, onde está

situada a Reserva Ecológica Macaé de Cima,pertence à Serra do Mar, e consequentemente,sua vegetação se caracteriza pela Mata PluvialTropical Costeira (Hueck, 1972). Esta matadeve sua existência à grande umidade do ar,trazida pelos ventos marítimos, com altasprecipitações (1700 a 2000mm) e temperaturas(médias anuais de 23° a 25°C).

Na área da Reserva Ecológica de Macaéde Cima foram inventariados 1011 táxons defanerógamos, sendo que esse grupo écomposto quase que exclusivamente deAngiospermas, já que apenas duas espéciessão Gimnospermas.

Analisando a distribuição das espéciespelo tipo de hábito, constatou-se que 31% sãoherbáceo/arbustivas e 18% trepadeiras,demonstrando a importância das plantas nãoarbóreas na riqueza de espécies da flora deMacaé de Cima. Esses dados podem sercomprovados através da diversidade e

abundância ali encontradas de famíliasexclusivamente arbustivo/herbáceas comoOrchidaceae, Araceae, Bromeliaceae ePiperaceae (Lima et Guedes Bruni, 1994).

Na área da Reserva as espécies arbóreasrepresentam 51% das fanerógamas até agorainventariadas, distribuídas em 58 famílias, ondeMelastomataceae, Rubiaceae e Leguminosaepossuem o maior número de espécies. Asepífitas correspondem a 17% do total, com 145espécies até agora conhecidas, onde 64 delaspertencem as monocotiledôneas. Esse númeroapresenta-se baixo já que o inventário destegrupo é incompleto na área (Lima et GuedesBruni, 1994).

O interior da mata caracteriza-se pelapresença de 2 estratos arbóreos: O estratoinferior que apresenta arbustos e árvores comalturas entre 2 e 12m e tem entre seusrepresentantes exemplares de Mollinediamicrantha (Monimiaceae), Psychotriavelloziana (Rubiaceae), Hedyosmumbrasiliensis (Chloranthaceae) e Cordia

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ecalyculata (Boraginaceae), entre outros. Oestrato intermediário é formado por árvorescom alturas entre 12 e 20m, tendo comoespécies características, entre outras, Euterpeedulis (Palmae), Mollinedia gilgiana, M.salicifolia (Monimiaceae), Myrceugeniascutellata (Myrtaceae). Sobrepondo-se àscopas, emergem exemplares de Beilschmiediarigida (Lauraceae), Myriocarpus frondosus(Leguminosae), Croton organensis(Euphorbiaceae) e Ocotea porosa(Lauraceae), esta última com um de seusexemplares alcançando a altura de 38m. Amata é rica em epífitas e grupos desamambaias. A grande umidade do ar permiteo desenvolvimento de plantas de várias famílias,e as mais representativas são Orchidaceae,Araceae, Bromeliaceae e Polypodiaceae(Programa Mata Atlântica, 1990).

O estrato superior da mata écaracterizada como típica mata úmida deneblina que, na Reserva, está entre 1200 e1400m de altitude. As árvores apresentam-secom troncos baixos e deformados e densamentecobertos por musgos. A cobertura vegetaltoma a forma de uma mata arbustiva de 6 a8m de altura. As famílias mais importantesdeste tipo de vegetação são Myrtaceae,Melastomataceae, Compositae arbóreas earbustivas, inúmeras epífitas, principalmente asbromélias, orquídeas, líquens e pteridófitas.

Existem lugares em que as matasprimitivas foram destruídas pela ocupaçãohumana, formando uma vegetação secundáriadensa com exemplares de Rubiaceae, Palmae,Flacourtiaceae e Melastomataceae, entreoutras.

A Reserva Ecológica de Macaé de Cimapossui, até o momento, 24 espécies endêmicas,demonstrando a singularidade da flora localcaracterizando a área como reduto dediversidade e endemismo do ecossistema MataAtlântica (Programa Mata Atlântica, 1990).

Através de levantamento nos herbáriosdo Estado do Rio de Janeiro, foramencontradas 3 espécies do gêneroPhilodendron (P. altomacaense, P.

appendiculatum e P. edmundoi) para aReserva, sendo que, com o decorrer dasexpedições à área, principalmente com aimplantação do Programa Mata Atlântica em1987, esse número cresceu para 10, mostrandoa riqueza da família e a importância dacontinuidade e intensificação de coletas paraconstatar a diversidade do grupo na flora local.

MATERIAL E MÉTODOSPara o estudo taxonômico das espécies

do gênero Philodendron ocorrentes naReserva Ecológica de Macaé de Cima, foirealizado um levantamento bibliográfico eutilizados espécimes de coleções vivas eherborizadas, inclusive os tipos e fotos de tipose pranchas depositados nos principaisherbários do Estado do Rio de Janeiro e nosherbários do Royal Botanic Gardens Kew eNatural History Museum (Londres,Inglaterra), cujas siglas encontram-se citadasno texto segundo o Index Herbariorum(Holmgren et al., 1981).

O trabalho de campo foi realizado comintensivas coletas de material botânico durante19 excursões à área entre os anos de 1992 e1994. Essas coletas foram realizadas nasseguintes localidades: estrada que atravessa oSítio Sophronites; área do Sítio Sophronites;Pedra Bicuda; caminho para a Serra dosPirineus; estrada principal que corta aReserva; estrada para o Cassino; FazendaOuro Verde e Sítio Fazenda Velha. O SítioBacchus foi também visitado, apesar de estarfora da Reserva, encontra-se muito próximoda mesma, apresentando uma vegetação bempreservada.

As espécies foram observadas em seushabitats naturais e confeccionou-se fotos paraa ilustração de detalhes das folhas einflorescências, e desenhos a nanquim para aesquematização das estruturas reprodutivascom auxílio de microscópio estereoscópico. Oscaracteres de coloração das partes vegetativase da inflorescência foram utilizados na chavede identificação tendo em vista que os mesmossão importantes para a taxonomia das espécies

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e se perdem após o processo de secagem domaterial.

A técnica de coleta e herborização seguiuo descrito por Croat (1985). Todo o materialcoletado encontra-se depositado no herbáriodo Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB);

As medidas das partes vegetativas eflorais foram tomadas apenas dos materiaiscoletados na Reserva Ecológica de Macaé deCima. As medidas do diâmetro do pecíolo,pedúnculo e zonas da inflorescência foramobtidas das regiões medianas desses órgãos.As medidas do óvulo inclui o funículo.

Na descrição da morfologia foliar, usou-se a nomenclatura proposta por Stearn (1993)e, para as lâminas cordiformes e sagitadas, ade Mayo p.p. (1991). As denominaçõesreferentes a inflorescência e infrutescênciaforam baseadas em Mayo (1986 b).

As categorias de ameaçadas ou sobre orisco de extinção, foram baseadas em Carauta(1989).

Os dados referentes à floração,frutificação e observações ecológicas foramobtidos das espécies durante a realização dostrabalhos de campo e das etiquetas de herbáriodaquelas ocorrentes na Reserva.

Os dados referentes a distribuição dasespécies no Brasil foram obtidos através debibliografia e etiquetas de herbário.

Para as fotografias usou-se máquinaCanon AE-1 Program, tanto para fotos empapéis quanto diapositivos.

Segue, abaixo, a lista dos herbáriosvisitados para exame dos materiais: BM -Natural History Museum, Londres, Inglaterra;FCAB - Herbário Friburguensis, NovaFriburgo, RJ; GUA - Herbário �AlbertoCastellanos�, Rio de Janeiro, RJ; HB -Herbarium Bradeanum, Rio de Janeiro, RJ; K- Royal Botanic Gardens, Kew, Londres,Inglaterra; R - Herbário do Museu Nacional,Rio de Janeiro, RJ; RB - Herbário de JardimBotânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,RJ; RBR - Herbário da Universidade FederalRural do Rio de Janeiro, Itaguaí, RJ.

HISTÓRICO DO GÊNEROPhilodendron Schott

A história do gênero Philodendroniniciou-se com a primeira descrição publicada,em 1829, apresentada numa forma muitoabreviada em um jornal vienense, poucoconhecido, chamado �Wiener Zeitschrift fürKunst, Literatur, Theater und Mode� (Mayo1990a). Schott, em seu artigo, preocupou-secom a separação de dois novos gêneros deAraceae, Philodendron e Syngonium, do, atéaqui, heterogêneo Caladium.

Embora, aparentemente trivial à primeiravista, o novo conceito genérico de Schottmarcou, talvez, o mais importante avançohistórico na sistemática da família Araceae.Pouco tempo depois, em 1832, sintetizou seutrabalho em um novo sistema da famíliapublicado no �Meletemata Botanica�. Nestetrabalho ele também apresentou o primeiroesquema infragenérico para o gêneroPhilodendron , que foi baseadoexclusivamente nos caracteres florais, e incluiuduas �secções� monoespecíficas(Meconostigma e Sphincterostigma),caracterizadas pela estrutura do estigma que,mais tarde, foram reunidas por Engler dentrodo subgênero Meconostigma. No total,somente 10 espécies de Philodendron sãomencionadas, e isto durou até 24 anos maistarde quando ele publicou um tratamento maiscompleto (Schott 1856).

Endlicher, em 1837, publicou umtratamento de Philodendron que foi baseadoexatamente no �Meletemata...� de Schott(1856), diferindo somente na inclusão de umadescrição detalhada do gênero. Outra grandecontribuição para a sistemática das aráceasnesse período foi o tratamento dado a famíliapor Blume em 1837. Ele não fez, entretanto,nenhum tratamento com Philodendron .Quatro anos mais tarde, Kunth, em 1841,publicou a primeira classificação do gênero quetratou das espécies individualmente. Seus taxainfragenéricos e seus caracteres diagnósticospermaneceram inalterados, em relação aotratamento do �Meletemata...� de Schott

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(1856). Embora ele tenha incluído espécies queforam, mais tarde, transferidas para outrogênero, o relato de Kunth (1841) foi umaimportante contribuição em que ele sumarizou,completamente, a literatura prévia, publicounovas espécies e combinações e enquadrouno gênero Philodendron as espécies que,mais tarde, seriam reconhecidas para osubgênero Pteromischum.

A primeira revisão completa de Schott(1856), a nível de espécie, foi publicada emseu �Synopsis Aroidearum�, um trabalhoplanejado para cobrir a família toda, mas quenão continuou além do primeiro volume. Naépoca, muito mais espécies de Philodendronforam descritas das coleções enviadas para aEuropa, em números sempre crescentes, dostrópicos do Novo Mundo. No �Synopsis...�foram descritas 99 espécies, um aumento trêsvezes maior que o relato de Kunth (1841). Aclassificação de Schott é aqui completamentediferente do tratamento de 1832, que tinha sidobaseado nos caracteres florais. A classificaçãofinal foi publicada no �Prodromus SystematisAroidearum� (Schott, 1860). Esse tratamentonão difere em caráter essencial do relatoanterior, aumentando somente o número deespécies. Independentemente do publicado, oautor deixou um incomparável arquivo deilustrações que, desde então, tem sido muitousado por importantes estudiosos da família(Schott, 1984). Consiste de cerca de 4400ilustrações a lápis e aquarela, incluindo muitasespécies de Philodendron (208 ilustrações),que são uma referência essencial nainterpretação dos táxons descritos por Schott.As ilustrações coloridas foram feitas usandoplantas cultivadas no Jardim Imperial doPalácio de Schoenbrunn, Viena, e estão entreas mais belas ilustrações botânicas conhecidas.

A primeira classificação de Engler dogênero Philodendron foi publicada notratamento das Aráceas que foi escrito para a�Flora Brasiliensis�, em 1878, onde eleapresentou uma sinopse completa do gêneroanexada ao relato detalhado das espéciesbrasileiras. Ele descreveu poucas novas

espécies em sua publicação e o número deespécies reconhecidas caiu para 116 do totalde 135 dado por Schott em 1860.

Em 1879 Engler publicou um segundotratamento do gênero em sua monografia deAraceae para o �Prodromus� de Alphonse deCandolle. Esse tratamento difere do anteriorapenas pela adição de um pouco mais deespécies, elevando o total para mais de 120(Mayo 1990a). Sua terceira revisão foipublicada 20 anos mais tarde (Engler 1899), eé, essencialmente, a classificação usada hoje.Muitas novas espécies foram descritas,especialmente provenientes da Colômbia,Equador e América Central, onde a exploraçãobotânica estava mais ativa. Como resultado, onúmero total reconhecido tinha crescido para167 espécies.

A revisão de Krause (1913), publicadana grande série de monografias de Englerentitulada �Das Pflanzenreich�, mudou poucoa classificação de 1899 de Engler, masadicionou muitas novas espécies, alcançandoo gênero um total de 222. Sua mais importantecaracterística é o grande número de ilustraçõesno texto, tornando-o mais prático do quequalquer revisão até então realizada. Essa foia última tentativa para um tratamento completodo gênero Philodendron. Os fundamentos daclassificação têm permanecido os mesmosdesde o relato de Schott em 1856, isto é, cercade 20 grupos de espécies são conhecidos pelacombinação de alguns poucos caracteres.

Desde a revisão do �Pflanzenreich...� deKrause (1913), nenhum outro esforço foi feitopara sintetizar sistematicamente dados dentrode uma nova classificação para o gênero.Entretanto, muitos estudos têm sido efetuadose um grande número de informações têm seacumulado desde aquela época.Levantamentos de espécies de muitos paísesneotropicais têm sido feitos, geralmente, nocontexto de uma �flora� regional ou nacional.Acima de 135 novas espécies foram descritasna literatura taxonômica desde 1920, elevandoo total para quase 400, embora esse númeroleve em conta o número das espécies que têm

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caído em sinonímia desde aquela data.Nos últimos anos verificou-se um rápido

crescimento de interesse pelo gênero. Mayo(1986b, 1988, 1989, 1990a e 1991) fez umdetalhado estudo da anatomia da inflorescência,revisou o subgênero Meconostigma,confirmou o subgênero Philodendron comoum táxon bem definido e propôs uma novanomenclatura infragenérica para o gênero.Grayum (Jardim Botânico do Missouri) vemestudando o subgênero Pteromischum e Croat(Jardim Botânico do Missouri) está revisandoas espécies da América Central (apud Mayo,1990a).

De longe, a mais importante contribuiçãopara o moderno conhecimento do gênero temsido feita por G.S. Bunting (1975, 1980, 1984,1986, 1987 e 1988), pelo seu interesse especialem Philodendron por mais de 20 anos. Seutrabalho envolve muitos aspectos, incluindonomenclatura, cultivo de espécies, anatomiavegetativa, bem como taxonomia. Novos dadossobre muitos outros aspectos da biologia dePhilodendron foram publicados no curso delevantamentos gerais da família nas áreas deetnobotânica, citologia, palinologia, química,morfologia, venação foliar, anatomia vasculare floral (Mayo, 1986b).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Considerações Morfológicas1.1. HábitoAs espécies do gênero Philodendron,

ocorrentes na Reserva Ecológica de Macaéde Cima, exibem hábitos hemi-epífitoslianescentes, terrestres rizomatosos e rupícolasrastejantes.

As espécies do subgênero Pteromischumparecem ser exclusivamente hemi-epífitaslianescentes, isto é, elas são conectadas ao solopor raízes alimentadoras embora a maior partedo seu caule desenvolve-se anexado aostroncos de árvores por raízes grampiformes efreqüentemente se reproduz, vegetativamente,por ramos flageliformes.

No subgênero Philodendron, ainda que

a maioria das espécies sejam hemi-epífitaslianescentes, variam grandemente em estaturae no comprimento dos internós. Plantasterrestres e rizomatosas rupícolas ocorremneste subgênero, este último sendo comum naseção Baursia.

1.2. Morfologia do cauleOs caules jovens são monopodiais em

todos os subgêneros, e produzem uma sucessãode folhas alternadas com bainhas bemdesenvolvidas, cada uma subtendendo umsimples botão axilar primário (Fig. 2a.). Namaioria das espécies, após um númeroindeterminado de folhas, a transição paracrescimento simpodial monofilo ocorre. Cadaunidade do simpódio consiste de um profilo,uma folha normal com uma bainha muitoreduzida e uma inflorescência terminal abortada(Fig. 2.b.). O crescimento, então, continuaatravés de um meristema axilar primário, naaxila do profilo, que começa a crescer desde asua formação no meristema apical(crescimento siléptico). Um broto secundárioou adventício também se forma na mesmaaxila, mas este fica dormente, e só desenvolve-se se houver dano no ápice do caule(crescimento proléptico). O caule da plantaadulta é assim um simpódio, composto de umasérie de unidades simpodiais, cada umaconstando de um ramo da unidade anterior. Oramo de prolongamento (a próxima unidade)desenvolve-se na axila da segunda folha abaixoda espata (esta folha no subgên.Philodendron é o profilo).

Após um indeterminado número de taisunidades simpodiais, a planta pode produzir umaou mais inflorescências, dependendo de umnúmero de fatores tais como iluminação,tamanho ou vigor. Quando em floração, omeristema apical, da última unidade simpodial,desenvolve-se inteiramente formando umainflorescência, e a bainha da folha, pelo que ésubtendida, é normalmente maior que aquelasdas folhas em unidades simpodiais precedentes(Fig. 2.c.). Em muitas espécies uma série deunidades simpodiais florais podem resultardepois do desenvolvimento da primeira

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inflorescência terminal. O simpódio floral diferedo vegetativo pelo que cada unidade consiste,somente de um profilo seguido por umainflorescência (Fig. 2.d.). Cada unidade dosimpódio floral desenvolve-se na axila do profiloda unidade anterior. Unidades simpodiais floraissucessivas são formadas na axila ou de umafolha normal ( segunda unidade simpodialfloral) ou do profilo da unidade simpodialprecedente (3, 4, 5... unidades simpodiaisflorais) (Fig. 2.d.).

A arquitetura do sistema caulinar nosubgênero Pteromischum é diferente dopadrão exatamente descrito acima no qual osramos da floração não são unidades simpodiaismonofilos mas �simpódios pleiofilos�, isto é,cada ramo da floração tem um númeroindeterminado de folhas normais antes dainflorescência terminal. As folhas normaissempre têm bainhas bem desenvolvidas, istoé, são homólogas com as folhas jovens dopadrão de crescimento normal dePhilodendron subgên. Philodendron eMeconostigma (Fig. 3.b.).

Nas espécies brasileiras somente umainflorescência terminal simples é produzida nosramos floridos do subgên. Pteromischum.Ocasionalmente, entretanto, um simpódio floralde duas inflorescências pode ser observado.Na revisão do subgênero Pteromischum,Grayum (1996) estabelece uma nova seção quese caracteriza pela presença de simpódiosflorais de 2 ou mais inflorescências, o trabalhoestá em fase de publicação impossibilitandomaiores dados a respeito do assunto. Asegunda unidade simpodial floral surge na axilada última folha normal como em simpódiosflorais nos outros subgêneros (Fig. 3.b.).

Todas as espécies do subgêneroPhilodendron têm crescimento simpodialmonofilo em caules adultos. Os internós de umaunidade simpodial diferem em comprimento Ointernó entre o profilo e a folha normal éextremamente reduzido, enquanto o hipopódio,isto é, o internó entre o profilo da primeiraunidade e o profilo da segunda, é alongado (Fig.2.b. e 2.c.). O internó hipopodial constitui a

principal fonte de alongamento do caule destesubgênero.

O simpódio floral varia um tanto nessesubgênero e requer mais investigação (Mayo,1986b). As inflorescências podem ser solitáriasou podem formar um simpódio com até pelomenos 11 inflorescências. Este normalmentesegue a seqüência descrita anteriormente (Fig.2.d.)

A posição das escamas intravaginais(tricomas multicelulares escamiformesencontrados na região axilar do profilo ou dafolha monopodial ou abaixo destes) tambémdemonstra uma diferença no padrão dealongamento nos dois subgêneros. No subgên.Philodendron as escamas são sempreencontradas imediatamente acima dascicatrizes do profilo nos internós maduros. Emtodas as espécies do subgên. Meconostigmacom internós apreciáveis, as escamas, quandopresentes, são encontradas imediatamenteabaixo do profilo e freqüentemente ao redordas cicatrizes das folhas normais.

1.3. Ramos flageliformesEm algumas espécies de Philodendron

ocorre uma forma modificada de crescimentodo caule, chamado ramos flageliformes. É umeixo que possui a função de deslocar,rapidamente, a posição do meristema apicalno espaço. Isto representa uma estratégia paraexploração do espaço nas condições ecológicaslimitantes. A característica de um ramoflageliforme, não considerando as jámencionada, inclui morfologia do brotomonopodial, a redução das folhas para catafilosou, ao menos, para folhas com lâminas muitoreduzidas e o desenvolvimento de internós finose longos.

1.4. RaízesA raiz primária ou radícula é de curta

duração nas Araceae, e raízes adventíciassubseqüentes desenvolvem-se do caule.Dimorfismo ocorre em raízes dePhilodendron , ou seja, dois tipos sãoapresentados: raízes curtas grampiformes emforma de cabeleira adesiva, geralmenteestendendo-se em ângulo reto ao caule

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prendendo a planta à superfície trepadora; eraízes longas alimentadoras que descem ao solocom a finalidade de absorver água e nutrientes.As raízes alimentadoras atingem grandescomprimento devido às posições altas dasplantas no andar superior das florestas. Umavez no interior de solo úmido e escuro ou defissuras elas se ramificam formando uma densarede. Raízes aéreas desse tipo sãoextremamente flexíveis e fortes.

1.5. FolhasDependendo da posição da folha no ramo,

pode-se ter uma das seguintes formas:·Folha normal: isto é, a folha de uma

planta adulta com lâmina plenamentedesenvolvida;

·Catafilo: folha em que a lâmina falta,restando apenas a parte correspondente abainha peciolar;

·Profilo: a primeira folha de um ramo, emPhilodendron o profilo tem a forma de umcatafilo.

As folhas em Philodendron sãoformadas por pecíolo, bainha e lâmina (Fig.3.a.). O pecíolo possui caráter taxonômicomuito importante; sua forma, em cortetransversal, varia de cilindrico até aplanadocom alas, passando por aplanado a canaliculadona face superior. Pode ser provido deprotuberâncias como verrugas e estrias, atécoberto por pêlos filiformes.

A bainha varia grandemente, dependendodo subgênero. Em Pteromischum possui omesmo comprimento do pecíolo ou quase,podendo ser expandida ou fechada. EmPhilodendron e Meconostigma a bainha nãoultrapassa a metade do comprimento dopecíolo, chegando a ser insignificante em algunscasos e apresenta-se sempre fechada.

A lâmina foliar em Philodendron exibeuma larga variedade na forma. As simpleslinear-lanceolada a ovada, elíptica e obovadasão comuns no subgênero Philodendron e nosubgênero Pteromischum. As formas delâmina mais comuns são as cordadas, sagitadase hastadas, e ocorrem em ambos os subgên.Philodendron e Meconostigma. Outras

formas de lâminas encontradas são lobadas,pinatifidas, trifidas, pedatisectas, pinatisectase trisectas.

Philodendron não é, de modo algum, oúnico gênero das aráceas a exibir folhas dostipos acima mencionadas. Estes tiposdiversificados são encontrados em muitosoutros gêneros, parecendo, conseqüentemente,que a transição entre essas formas éprovavelmente fundamentada em mudançasrelativamente triviais do padrão de ontogeniafoliar.

1.6. InflorescênciaDentro do gênero Philodendron existe

uma grande variação de morfologia dainflorescência. Os caracteres comuns de todasas inflorescências de Philodendron são: opedúnculo quase sempre relativamente curto,espata ereta em completa floração epersistente até o amadurecimento do fruto,normalmente diferenciada numa parteconvoluta inferior - o tubo - e uma partesuperior, mais ou menos expandida - o limboou lâmina. A parte apical da espata abrelargamente na antese e então se fecha emtorno do espádice posteriormente. O espádiceé monóico com flores unissexuais faltandoperigônio. As flores femininas dispostas na basee as masculinas na parte superior, geralmentesão separadas por uma zona de flores estéreismasculinas (estaminodiais). Raramente existeuma zona de flores masculinas estéreis tambémno ápice (Fig. 3.c.). Há secreção de resina nainflorescência durante a antese.

No início da antese o limbo da espatadistende-se acima de uma constrição central,e o tubo dilata-se levemente na maturidade paraformar uma distinta cavidade ao redor dasflores pistiladas. O grau de constrição na junçãoentre tubo e limbo varia consideravelmente.No subgênero Pteromischum a constrição daespata é fraca ou falta, mas no subgên.Philodendron pode ser muito bem marcada.

É possível que a cor interna da espatatenha uma função de atuação na polinização,sendo assim, deve haver uma relação íntimapara a estrutura e funcionamento do espádice

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durante a antese. A pigmentação da superfícieinterna é freqüentemente presente nas espatasdo subgên. Philodendron, normalmentemanifestado com um limbo branco ou verdepálido contrastando com o tubo da espataescuro, geralmente carmim ou vermelho.Possivelmente a cor contrastante ajuda atrairo polinizador para a base da espata. Entretanto,visto que os besouros parecem ser os principaispolinizadores de Philodendron, muitas dúvidasexistem quanto ao efeito funcional da cor daespata em vista da opinião predominante queos besouros respondem mais pelo odor que pelacor. O contraste de cor do tubo da espata e olimbo faltam sempre no subgên.Pteromischum.

1.6.1. Secreções - Os canais de resina(Mayo, 1986) encontrados na zona abaxial daespata são estreitos e comparáveis aos canaisde resina da folha e, provavelmente, têm umafunção protetora. Na superfície adaxial daespata nos subgênero Pteromischum etambém no espádice no subgêneroPhilodendron, a resina é secretada, durantea antese, de canais subepidérmicos maislargos. Nectários extraflorais, tantopigmentados como não pigmentados, ocorremnos profilos, na folha, no pecíolo, na superfícieabaxial da espata e no pedúnculo de muitasespécies.

1.7. Flores1.7.1. Flor masculina fértil - A flor

estaminada é, geralmente, muito simples emPhilodendron, sem nenhum traço de periantoe com tecas extrorsas na maioria das espécies.Num corte transversal através das flores, muitoaproximadas entre si, revela-se o arranjo dosestames ao redor de um eixo floral. O númerode estames por flor varia, mesmo dentro deum único espádice, de 2 a 6, mais comumente3 ou 4, não sendo constante. São sempre livresentre si, embora possa haver uma leve fusãobasal, num grau maior ou menor dependendoda forma do receptáculo floral.

A presença de abundantes canais deresina superficiais, somente abaixo da epidermedo eixo do espádice, é um dos mais notáveis

caracteres da inflorescência de muitas espéciesde Philodendron. A secreção de resina doscanais situados abaixo dos estames ocorresomente no subgênero Philodendron, amedida em que é conhecida no presente. Nossubgêneros Pteromischum e Meconostigmacanais de resina de pequeno diâmetro estãopresentes nos mais profundos níveis do eixodo espádice, mas não existe evidência que elessecretam seu conteúdo na superfície doespádice.

1.7.2. Flor masculina estéril -Estaminódios, como seu nome implica, temsempre sido considerados como estamesmodificados. Estão localizados entre as floresfemininas e masculinas (na zona masculinaestéril mediana) ou acima destas formando umapêndice apical (zona masculina estéril apical).As zonas de flores masculinas estéreis podemestar ligadas ao aumento de calor observadono interior da espata durante a floração e,também, provavelmente como fonte dealimento para os polinizadores. Entre os maisimportantes caracteres que os estaminódios eestames têm em comum estão: 1) ambosdesenvolvem-se como verticilos de órgãosseparados inseridos em um receptáculo floral,2) eles são geralmente mais ou menossimilares na forma, 3) ambos têm um simplesfeixe axilar que pode ou não ramificardistalmente, 4) ambos têm epiderme papilosaapical com muitos estômatos (Mayo 1986b).

1.7.3. Flor feminina - No gêneroPhilodendron as flores pistiladas consistemde 1 gineceu simples aclamideo, faltandoestaminódios ou partes do perigônio. O gineceué sincárpico, superior e composto de 2 a 34carpelos; ovários unicarpelados ou uniovuladosnão têm sido observados.

Uma importante característica do gineceué a presença de um canal estilar separado paracada carpelo. O estigma das flores adjacentespodem ser contíguos ou distantes um dosoutros. Quando contíguos a zona pistiladainteira do espádice forma uma única superfíciefuncional simples. Se estigmas distantesrepresentam um tipo adaptativo distinto,

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possivelmente ligado a diferentes tipos depolinizadores, não é conhecido. Todavia, umexame mais amplo desses caracteres seriaconveniente (Mayo, 1986b).

O número de lóculos em Philodendroné variável. Até dentro do espádice simples onúmero de lóculos normalmente varia em tornode um número modal. Os números maiscomuns são 4, 5 e 6 lóculos por ovário, issojunto com a ocorrência de ovários 2-3 locularsugere que as flores de Philodendron sãobasicamente dímeras e trímeras em proporçõesaproximadamente iguais.

O número de óvulos varia de um paramuitos por lóculo e essa característica é dealgum valor taxonômico. Dados para espéciesdo subgênero Pteromischum indicam opredomínio de lóculos multiovulados. Tricomasocorrem nos funículos dos óvulos e suaocorrência pode ser usada como carátertaxonômico a nível específico.

Placentação apical não tem sidoobservado em Philodendron. Placentaçãobasal e sub-basal são muito difundidas e sãopresumivelmente derivadas de placentaçãoaxilar, que também ocorre.

1.8. PolinizaçãoAs inflorescências de Philodendron

mostram características que indicamestratégias de polinização altamenteespecíficas. Muitas espécies possuemfragrâncias e a liberação do aroma coincide,em tempo, exatamente com o hábito dospolinizadores - besouros pertencentes asfamílias Rutelinae e Dynastinae. Outros insetospodem fazer visitas mas não tem nenhumaimplicação na polinização.

Geralmente a polinização ocorre em duasnoites subsequentes. Na primeira a espatadesabrocha e as flores femininas são expostas.Besouros são atraídos por fragrâncias que sãoemanadas através de um aumento detemperatura provocado pela oxidação delipídios (Mayo, 1991). A espata fechalevemente após a primeira noite, mas não obastante para prender completamente osinsetos. Contudo, dezenas de besouros podem

ser encontrados no tubo da espata após aprimeira noite de sua abertura. Na segundanoite a fragrância e o calor são produzidosnovamente e o pólen é derramado. Nesseestágio os estigmas não estão mais receptivos,assegurando a polinização cruzada.

Logo após a liberação do pólen nasegunda noite, os besouros, provavelmente poralgum mecanismo envolvendo odor, secreçãoou termogênese (Mayo, 1986b), são atraídospara cima na inflorescência, coincidindo como processo de fechamento da espata que ocorreantes da saída dos besouros para novas visitas.

A maior parte dos trabalhos de biologiafloral do gênero tem sido realizada em P.bipinnatifidum (= P. selloum), ondeGottsberger & Amaral (1984) fizeram o maiscompleto estudo de campo em polinização.Dados de outras espécies do gênero são rarose aparentam ser limitados aos relatórios deHubbard, datados de 1895, de P. giganteum ede outras 4 espécies citadas no trabalho deLeick de 1916 (apud Mayo, 1986b).

1.9. Frutos e sementesA espata fecha firmemente em torno das

flores e fica intacta para proteger os frutosaté seu amadurecimento. Os frutos são do tipobagas com uma a muitas sementes. Sementesno subgênero Meconostigma as vezespossuem ou sarcotesta ou funículo arilado ouambos. As sementes de Philodendron são asmenores da família e, talvez, possam aderir-seem seus dispersores (Bown 1988).

2. UsosPor muitos anos, as espécies do gênero

Philodendron têm sido as mais popularesplantas utilizadas em interiores, principalmenteporque, a grande maioria pode resistir a baixosníveis de luminosidade e ainda proporcionaruma destacada coloração verde.

Na natureza essas espécies preferemuma atmosfera relativamente úmida, mas nointerior de casas podem sobreviver comumidade média de 30% e temperaturasinternas razoáveis, exigindo apenas um mínimode cuidado e atenção.

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Algumas espécies de Philodendronpertencem ao grupo mais tropical que nãosuportam frio, mas outras são fortes o bastantepara resistir temperaturas tão baixas como -50C. Outras espécies podem resistir a um curtoperíodo de frio mas não por um longo tempo, ese não congelarem demais podem restabelecere produzir novas folhas na primavera.

As espécies do gênero Philodendron,incluindo as ocorrentes na Reserva Ecológicade Macaé de Cima, são cultivadas ao ar livre,em locais quentes, ou mesmo em climas maistemperados, estas plantas podem ser cultivadasao ar livre durante o período mais quente doano e dentro de casa quando o tempo torna-semais frio.

Algumas espécies de Philodendron(p.ex. P. ochrostemon) são usadas namedicina popular no tratamento de bronquitecrônica e aguda, aplicado como cataplasma oucomo banhos diários com o cozimento dasfolhas. A decocção também é usada como umacompressa para edemas, articulaçõesreumáticas e úlceras. A seiva espremida dasfolhas serve como um rubificante (Plowman,1969).

3. Habitat e Distribuição GeográficaAs espécies encontradas na Reserva

Ecológica de Macaé de Cima distribuem-se,em sua maioria, pela região sudeste do Brasil,podendo eventualmente serem registradaspara as regiões sul, centro-oeste, nordeste enorte (Tabela 1). Os padrões geográficos nossubgêneros Pteromischum e Philodendronsão muito similares. Peru, Venezuela,

regiões Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul estados

espécies AC AM AP PA RO TO RR AL BA CE MA PB PE PI RN SE DF GO MS MT ES MG RJ SP PR RS SC

P. altomacaense xP. appendiculatum x x x x x xP. edmundoi x xP. eximium x x xP. fragile xP. hatschbachii x xP. ochrostemon x x x x x x xP. ornatum x x x x x x x x x xP. propinquum x x x x x x x xP. roseopetiolatum x

Tabela 1 - Tabela de distribuição geográfica, no Brasil, das espécies do gênero Philodendron Schott ocorrentes na ReservaEcológica de Macaé de Cima.

4. EcologiaO gênero é um importante componente

da flora da maioria das florestas tropicaisúmidas, em elevações baixas e médias, eraramente até altitudes de 1500 metros.

Na Reserva Ecológica de Macaé deCima as espécies de Philodendronapresentam-se como ervas rizomatosas à

Colômbia, Panamá e Costa Rica, Equador e aregião ocidental da Amazônia são todasrelativamente ricas em espécies. Fracoscentros de diversidade secundários ocorremno sudeste do Brasil e México. As áreascaribenhas e o sul da América do Sul são todaspobres em espécies. A Bolívia e o Estado deMato Grosso são, provavelmente, poucorepresentados por falta de coleções. Na baciaamazônica o número de espécies é bem menore, nas vertentes pacíficas dos Andes, na partesetentrional da Colômbia, nas Antilhas eAmérica do Norte, o subgênero édesconhecido (Mayo, 1988 e 1990b).

Segundo Mayo (1990b), o gêneroPhilodendron possui um centro dediversidade secundário significante na regiãode Floresta Atlântica, embora, como na maioriados gêneros neotropicais da família Araceae,eles são mais ricos em espécies no noroesteda América do Sul.

Dentre as espécies de Philodendron,representadas no Rio de Janeiro, 10 ocorremna Reserva Ecológica de Macaé de Cima,sendo que 3 são endêmicas da área (P.altomacaense , P. fragile e P.roseopetiolatum), típicas das matas nebularesda região (Tabela 1).

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a b

c d

Figura 2 - Esquemas evidenciando as formas de crescimento do caule encontrados nas espécies do gênero Philodendronocorrentes na Reserva Ecológica de Macaé de Cima. a. Crescimento monopodial - BAP - botão axilar primário; LFL -lâmina foliar com bainha longa; b. Crescimento simpodial vegetativo com inflorescências abortadas - PR - profilo; HI -hipopódio; BAS - botão axilar secundário; LFR - lâmina foliar com bainha reduzida; IA - inflorescência terminal abortadac. Crescimento de simpódio vegetativo com inflorescências desenvolvidas - EPT - espata; EPD - espádice; LFR - lâminafoliar com bainha reduzida; PR � profilo; BAS - botão axilar secundário; d. Crescimento simpodial monofilo comsimpódio floral encontrado no subgênero Philodendron - EPT - espata; EPD - espádice; PR - profilo; BAS - botão axilar

secundário; LFR - lâmina foliar com bainha reduzida.

escandentes com uma variação de exigênciasecológicas. Geralmente apresentam-se comotrepadores apressos em árvores (menosfreqüente em rochas) nos andares inferiores,especialmente nas porções mais baixas nasmatas úmidas até alcançar elevaçõesintermediárias. Produzem, as vezes, formastrepadoras sobre a vegetação baixa eraramente se comportam como ervas

terrestres, à sombra, ou como trepadeiras dodossel. Todavia, outros iniciam suas vidas comoepífitas verdadeiras e, eventualmente,produzem longas raízes que alcançam o solo(desta maneira tornando-se hemi-epífitas).

A ecologia das espécies dos subgên.Pteromischum e Philodendron ocupam,predominantemente, lugares sombreados.Poucas são adaptadas para os nichos

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a

b cFigura 3 - Esquema foliar, caulinar e da inflorescência das espécies do gênero Philodendron ocorrentes na ReservaEcológica de Macaé de Cima a. Esquema foliar - DA - divisão anterior; NLP - nervura lateral primária; NP - nervuraprincipal; NA - nervura acroscópica; DP - divisão posterior; NB - nervura basioscópica; PE � pecíolo, BA - bainha; b.Arquitetura do sistema caulinar no subgênero Pteromischum - EPT - espata; EPD - espádice; LFR - lâmina foliar combainha reduzida; PR - profilo; PRV - principal ramo vegetativo; LFL - lâmina foliar com bainha longa; c. Esquema dainflorescência - EPT - espata; EPD - espádice; ZMEA - zona masculina estéril apical; ZMF - zona masculina fértil;

ZMEB - zona masculina estéril basal; ZF - zona feminina; ET - estípite; PD - pedúnculo

favorecidos por muitas orquídeas e bromélias,na zona mais exposta do dossel.

Os subgêneros Philodendron ePteromischum devem ter se desenvolvido,principalmente, como plantas de florestas. Istoparece particularmente apropriado no caso do

subgênero Pteromischum, que, por causa desuas características morfológicas de ramosmonopodiais é, talvez, o mais completamentedependente no habitat de mata úmida, e podeser considerado como altamente especializado.

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5. Tratamento Taxonômico5.1. Descrição do GêneroPhilodendron SchottSchott in Wiener Zeitschr. Kunst, Lit.,

Theater und Mode 3: 780 (1829), nom. et orth.cons. (�Philodendrum�). Tipo: Philodendrongrandifolium (Jacq.) Schott (Arumgrandifolium Jacq.) lectotipificado por Brittonet Wilson (1923).

= Baursea [Hoffmannsegg, Verzz. Pfl.42. 1824, nom. nud.]; Post et Kuntze, Lexicongen. phanerog. 62 (1903), nom. illegit. Tipo:Caladium bauersia Reichenbach, Icon. bot.exot. 2: 24, t. 160 (1829).

= Caladium subgênero BaurseaReichenbach, Consp. regn. veg. 44. 1828, nom.nud.]

= Bauersea Sterler, Hortusnymphenburgensis seu enumeratio plantarumin horto regio nymphenburgensi cultarum, ed.2, 52. 1826, nom. nud.]

= Telipodus Raf., Fl. Tellur. 3: 66. 1836.Tipo: Arum grandifolium Jacq.

= Thaumatophyllum Schott inBonplandia 7(3): 31. 1859, et Prodr. Syst.Aroid. 581. 1860; Engler in Martius, Fl. bras.3(2): 215. 1878 et in A. et C. De Candolle,Monogr. Phanerog. 2: 636. 1879 et in Engleret Prantl, Naturl. Pflanzenfam. II. 3 :135. 1887;Hooker in Bentham et Hooker, Gen. Pl. 3(2):979. 1883; Krause in Engler, Das Pflanzenreich60: 137. 1913; Mayo et Barroso in Aroideana2(3): 91. 1979. Tipo: Thaumatophyllumspruceanum Schott (1859)

= Elopium Schott in Oest. bot. Zeitschr.15: 34. 1865. Tipo: Elopium surinamense(Miq.) Schott, baseado em Anthuriumsurinamense Miq.

Ervas pequenas a gigantes, hemi-epifíticas escandentes, arborescentes ourosuladas e acaulescentes, com caule trepadorou rastejante a rizomatoso, internó geralmentelongo, as vezes muito curto, as vezesproduzindo ramos flageliformes, escamasintravaginais presentes. Folhas numerosas,pequenas a gigantes, profilos de caulesmaduros marcescentes e decíduos ou

persistentes e membranáceos ou decompostosaté uma rede fibrosa. Pecíolo algumas vezesverrucoso ou coberto com protuberâncias dotipo escamas, as vezes geniculado no ápice;bainha longa com lígula curta em folhasmonopodiais de todos os subgêneros e emfolhas simpodiais do subgên. Pteromischum,mas em folhas simpodiais dos subgên.Philodendron e Meconostigma muito curtae inconspícua. Lâmina com formas muitovariadas; inteira e linear, cordada, sagitada ouhastada, ou trilobada, trifida, trisecta,pinatilobada, pinatifida, bipinatifida, raramentepedatisecta; nervuras laterais primáriaspinadas, raramente pedadas, fundindo-se namargem para formar uma nervura marginal,nervuras laterais secundárias e mais finasgeralmente estritamente paralelas as primárias,as vezes terciárias e mais finastransversalmente reticuladas entre assecundárias, algumas vezes todas as nervurassão finas sem laterais primárias diferenciadas.Ramos floridos unidade simpodial de trêsprincipais padrões: - Subgên. Pteromischum:profilo, muitas folhas normais, 1 (-2)inflorescência; subgên. Philodendron :hipopódio alongado, profilo, internó seguintesuprimido, 1 folha normal, 1-11 inflorescências;subgên. Meconostigma: hipopódio suprimido,profilo, internó seguinte desenvolvido ou muitocurto, 1 folha normal, 1 (-2) inflorescência;Inflorescência 1-11 em cada simpódio floral,secretando resina na antese, ou da espata oudo espádice, raramente de ambos. Pedúnculogeralmente muito mais curto que o pecíolo.Espata ereta, inteiramente persistente, decíduasomente no amadurecimento dos frutos (muitoraramente caduca após a antese), espessa, asvezes extremamente grossa, geralmenteconstricta entre o tubo e a lâmina; tuboconvoluto, cilíndrico à distendido,freqüentemente de coloração púrpura ouvermelho internamente; lâmina geralmentecimbiforme, amplamente aberta na antese,envolvendo posteriormente o espádice,geralmente branca por dentro. Espádice séssilà estipitado; zona feminina livre, raramente

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basalmente adnata a espata, geralmente maiscurta do que a zona masculina fértil e separadadesta pela zona masculina estéril; zonamasculina estéril cilíndrica ou constricta ouelipsoidal, geralmente mais grossa e mais curtado que a zona masculina fértil, as vezes maislonga (subgên. Meconostigma); zonamasculina fértil geralmente cilíndrica oulevemente elipsoidal, branca, geralmente fértilaté o ápice do espádice, ou as vezes com umapêndice estaminodial apical. Floresunissexuais, perigônio ausente. Floresmasculinas com estames 2-6, livres,prismáticos a obpiramidais, às vezes muitoalongados e finos (subgên. Meconostigma),anteras sésseis à subssésseis, teca elipsóide àoblonga, alongada, deiscência por uma curtafenda lateral ou por poro subapical, conectivoespessado, truncado apicalmente eultrapassando as tecas. Pólen expelido emfilamentos ou misturado com resina secretadano eixo do espádice, ou exudado em massasamorfas, inaperturado, elipsóide à oblongo ouocasionalmente alongado, na maioria das vezesperfeitamente psilato, as vezes deminuciosamente verruculado, áspero oufossulado a evidentemente punctado,subfossulado, subfoveolado, raramentedensamente e grosseiramente verrugado.Flores femininas com gineceu ovóide,subcilíndrico, cilíndrico ou obovóide, ovário

(2-) 4-8 (-47) - locular, óvulos 1-50 por lóculo,geralmente hemi-ortótropo, raramente hemi-anátropo, funículos longos a muito curtos comou sem tricomas, placentação axilar ou sub-basal à basal, região estilar geralmente tãolarga quanto o ovário, as vezes levemente maislarga, as vezes atenuada, raramente alongada,lobada no subgên. Meconostigma, estigma asvezes também lobado, discóide hemi-esférico,freqüentemente tão largo quanto a regiãoestilar. Bagas subcilíndricas à obovóides, 1 amuitas sementes, brancas, translúcidasesbranquiçadas, vermelhas, vermelho-alaranjadas. Semente minúscula arelativamente grande, ovóide-oblonga àelipsóide, raramente arilada, testa grossa,costada, raramente sarcotestada, embriãoaxilar, retilíneo, alongado, endospermaabundante.

5.2. Relações InfragenéricasO gênero Philodendron Schott está,

atualmente, subdividido em três subgêneros, dezseções e onze subseções, comaproximadamente 400 espécies (Mayo, 1990a).Esta classificação foi elaborada a partir daclassificação de Krause (1913), tendo por basecaracterísticas como forma da folha,comprimento da bainha, hábito e comprimentoda zona estaminodial entre a zona masculina ea zona feminina, forma dos estames e aestrutura do gineceu.

5.2.1. Chave para a identificação dos subgêneros de Philodendron Schott1. Ramos florescentes maduros consistindo de uma sucessão de muitas folhas com longasbainhas peciolares, terminando por inflorescências solitárias ou, raramente, várias

...................................................................................................subgên. Pteromischum.1�. Ramos florescentes maduros consistindo de uma sucessão de curtos artículos simpodiais,cada um suportando um profilo bicarenado sem lâmina e uma folha com uma curta ou muitoreduzida bainha foliar; inflorescências solitárias a numerosas.2. Zona estaminodial entre a zona masculina fértil e zona feminina do espádice sempre muitomais curta do que a zona masculina fértil; estames menos que 3 vezes mais longos que largos....................................................................................................subgên. Philodendron.2�. Zona estaminodial entre a zona masculina fértil e zona feminina do espádice quase igualou mais longa que a zona masculina fértil; estames geralmente muito finos, ao menos 3 vezesmais longos que largos..................................................................subgên. Meconostigma.

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Subgên. Philodendron

Seção Baursia Seção Calostigma Seção Philodendron

P. edmundoi P. altomacaense P. ornatum

P. appendiculatum

P. eximium

P. fragile

P. hatschbachii

P. roseopetiolatum

Subgên. Pteromischum

P. ochrostemon

P. propinquum

5.2.2. O gênero Philodendron Schottna Reserva Ecológica de Macaé de Cima- O gênero Philodendron está representado

na Reserva Ecológica de Macaé de Cima, por10 espécies situadas nos subgênerosPteromischum e Philodendron, como mostraa tabela 2.

Tabela 2 - Distribuição das espécies de Philodendron Schott, ocorrentes na Reserva Ecológica de Macaé de Cima, dentro

dos subgêneros e seções representados.

5.3. Chave para identificação das espécies de Philodendron na Reserva Ecológica deMacaé de Cima, Rio de Janeiro.

1. Lâmina foliar elíptico-cordada a ovado-cordada a ovado-triangular e sagitada.2. Lâmina foliar elíptico-cordada a ovado-cordada.3. Planta de hábito hemi-epífito; lâmina ovado-cordada; tubo da espata creme internamente;placentação dos óvulos axilar.4. Pecíolo com a presença de verrugas; até 2 inflorescências no simpódio floral; profilopersistente formando uma massa fibrosa e sem a presença de zona masculina estéril apical noespádice ........................................................................................................ 8. P. ornatum.4'. Pecíolo sem a presença de verrugas; de 3-5 inflorescências no simpódio floral; profilo nãopersistente e nem formando massa fibrosa; presença de zona masculina estéril apical noespádice ..................................................................................................... 4. P. eximium.3'. Planta de hábito hemi-epífito a terrestre; lamina foliar elíptico-cordada; tubo da espatacarmim internamente; placentação dos óvulos sub-basal ...................... 1. P. altomacaense.2�. Lâmina foliar ovado-triangular ou sagitada.5. Lâmina foliar ovado-triangular; simpódio floral com até, raramente, 2 inflorescências;ausência de zona masculina estéril apical; presença de tricomas nos funículos dos óvulos ......................................................................................................................5. P. fragile.5�. Lâmina foliar sagitada; simpódio floral com até 3 inflorescências; presença da zonamasculina estéril apical; ausência de tricomas nos funículos dos óvulos.

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Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia das espécies da Reserva Ecológica deMacaé de Cima - Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil

6. Espata externamente verde-esbranquiçada à branca e internamente branca com forteconstrição mediana ........................................................................ 2. P. appendiculatum.6�. Espata externamente verde claro à escuro à levemente rosado e internamente brancacom base carmim, sem constrição mediana ...................................10. P. roseopetiolatum.1�. Lâmina foliar estreitamente elíptica, lanceolada à oblongo-lanceolada, oblongo-elíptica aovado-oblonga.7. Lâmina oblongo-elíptica a ovado-oblonga; número de lóculos 10-12 com 4 óvulos por lóculoe placentação sub-basal ..................................................................... 6. P. hatschbachii.7�. Lâmina foliar estreitamente elíptica, lanceolada, oblongo-lanceolada; número de lóculos 3-7 com 14 a numerosos óvulos por lóculo e placentação axilar.8. Lâmina foliar sem nervuras laterais primárias diferenciadas, bainha menor que o pecíolo,estreitamente elíptica a oblongo-lanceolada; presença de nectários extraflorais vinosos nopecíolo; base interna da espata carmim .................................................... 3. P. edmundoi.8�. Lâmina com 5-9 pares de nervuras laterais primárias, bainha do mesmo comprimento dopecíolo, de estreitamente lanceolada a ovado-oblonga; ausência de nectários extraflorais vinososno pecíolo; base interna da espata esbranquiçada.9. Bainha foliar alada e aberta ............................................................. 9. P. propinquum.9�. Bainha foliar alada e fechada com margens eretas até curvadas ............ 7. P. ochrostemon.

5.4. Descrição das espécies5.4.1. Philodendron altomacaense

Nadruz & Mayo, Bolm. Botânica Univ. SãoPaulo 17: 48. 1998. Typus: Brasil, Rio deJaneiro, Nova Friburgo, Macaé de Cima, SítioSophronitis, estrada principal., M. Nadruz 779et al., 03.XI.92 (holotypus RB, isotypus K).Figs. 4, 5 e 6.

Caule cilíndrico, 4.0-7.0cm diâm., verdequando jovem, tornando-se castanhoposteriormente. Internós (1-) 4.0-5.0cm compr.Raízes adventícias novas vermelhas, de ápiceamarelado, as mais velhas com 6.0mm diâm.Profilo ca. 30cm compr., 1.5cm larg., carnoso,

avermelhado, tornando-se castanhoposteriormente, caduco, pronunciadamentebicarenado. Pecíolo achatado na face adaxialcom as margens levemente carenadas, 48.0-69.5cm compr., 1.7cm diâm., verde na porçãomédio proximal e avermelhado no ápice, opaco,estrias concolores a levemente mais escuras.Bainha verde 5.0cm compr., em unidadesimpodial adulta em flor. Lâmina cartácea,elíptico-cordada, (37.0-)45.0-47.5cm compr.,(20.0-)26.0-27.0(-34.0)cm larg., verde escura

Figura 4 - Philodendron altomacaense Nadruz & Mayo-

Hábito

Figura 5 - Philodendron altomacaense Nadruz & Mayo- Detalhe da inflorescência

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brilhante na face adaxial e opaca na faceabaxial, margem inteira, verde-amarelada ouarroxeada. Divisão anterior 26.5-37.0cmcompr., 16.0-24.5(-31.0)cm larg., ápice agudoe levemente cuspidado. Nervura principalimpressa na face adaxial e saliente na faceabaxial, verde, sendo mais clara que a lâminana face adaxial e de verde-avermelhada avermelha na face abaxial. Nervuras lateraisprimárias 6-7(-9) pares, impressas na faceadaxial e salientes na face abaxial, concoloresa mais claras que a lâmina ou verde-avermelhadas e opacas na face abaxial,freqüentemente com nuanças vermelhas.Nervuras interprimárias impressas na faceadaxial e bem desenvolvidas na face abaxial.Divisão posterior (8.0-)12.0-18.0cm compr.,(14.2-)18.0-29.0(-36.4)cm larg., lobosretrorsos, superpostos ou quase, denudação2.0-3.5cm compr., nervuras primáriasacroscópicas 0-1(2) e primárias basioscópicas2-3. Sinus parabólico-espatulado. Simpódiofloral com até 3 inflorescências. Pedúnculo4.5cm compr., 1.1-1.2cm diâm. no ápice, verde,tornando-se carmim no ápice. Espata 12.0-19.0cm compr., 1.6-2.3cm larg. na porçãomediana, sem diferenciação entre tubo elâmina, cilíndrica, cuspidada no ápice,decorrência de 4.5-5.3cm compr.,externamente creme-esverdeada a verde-avermelhada com faixa avermelhada no dorsoda base até quase o ápice, internamente cremecom a metade inferior carmim, com pontosmais claros. Espádice 13.0-17.0cm compr.,séssil, com canais de resina ferrugínea no eixoabaixo das flores estaminadas; zonaestaminada estéril apical creme, 0.8-0.9cmcompr., 0.6cm diâm., zona estaminada fértilcreme, 6.0-7.9cm compr., 1.5cm diâm., zonaestaminada estéril basal creme, 1.3-1.5cmcompr., 1.5cm diâm., zona pistilada verde,5.8-6.8cm compr., 1.6cm larg., conspicuamenteadnada a espata por 4.3cm compr. Estames4-5, 2.0-2.5mm compr., 1.2-1.8mm larg. noápice, levemente atenuados em direção à base.Estaminódios ca. 2.0mm compr., 2.0-2.5mmlarg. no ápice, atenuados em direção à base.

Gineceu 4.5mm compr., 1.8mm larg. na regiãomediana, oblongo-obovado, ovário branco,lóculos (7-)8-10, óvulos 2-3 por lóculo, 0.7mmcompr., placentação sub-basal, com tricomasnos funículos. Infrutescência madura 8.8-10.0cm compr., 1.7-2.2cm diâm., bagascilíndrico-obovais, esverdeadas a creme, 0.6-0.7cm compr., 0.35-0.40cm larg., estigmapersistente; sementes esverdeadas numerosas,agrupadas aos pares, cilíndrico-elipsóides, ca.1.5mm compr., 0.8mm larg.

Figura 6 - Philodendron altomacaense Nadruz & Mayo- a. Flores masculinas férteis, em vista apical, com 4-6estames; b. Detalhe do estame em vista frontal; c. Detalheda flor masculina em vista frontal; d. Detalhe dosestaminódios basais em vista frontal; e. Flor masculinaestéril basal em vista apical; f. Flores femininas em vistaapical; g. Detalhe do gineceu em vista frontal; h. Detalhedo gineceu em seção longitudinal mostrando lóculos comóvulos; i. Detalhe do gineceu em seção transversalmostrando lóculos com óvulos; j. Detalhe dos óvuloscom a presença de tricomas nos funículos; l. Bagas emvista frontal; m. Bagas em vista apical; n. Conteúdo deum lóculo de um fruto maduro: sementes envolvidas commaterial gelatinoso; o. Detalhe da semente (Nadruz 779,539).

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Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia das espécies da Reserva Ecológica deMacaé de Cima - Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil

Material examinado: Brasil, Rio deJaneiro, Nova Friburgo, Distrito de Macaé deCima: Sítio Sophronites, área do Projeto MataAtlântica, 07.III.89, Nadruz et al. 481(Paratypus - RB); Picada da Pedra Bicuda, ,28.XII.89 Nadruz et al. 539 (Paratypus -RB); Estrada do Hotel Fazenda São João,02.XI.92, Nadruz et al. 757 (Paratypus - RB,K); Estrada principal do Sítio Sophronites,27.XII.93, Nadruz et al. 979 (Paratypus -RB); Fazenda Ouro Verde, mata secundária,25.VI.93, Vieira et al. 287 (Paratypus - RB).

Hemi-epífita escandente a terrestrerastejante, encontrada em floresta pluvialatlântica montana em local bastante úmido esombreado, em altitude acima dos 1000m.Espécie freqüente na área e, até o momento,endêmica da região de Macaé de Cima. Possuigrande valor ornamental devido à coloraçãoe brilho de suas grandes folhas. Caracteriza-se, entre outros aspectos, pelo grande númerode nervuras laterais primárias e interprimárias.

Espécie muito próxima de P. apparicioiBarroso, diferindo desta por apresentar pecíoloe espata não maculados, margem da lâminafoliar inteira, com 6-7 (-9) nervuras lateraisprimárias enquanto que 5 em P. apparicioi(Barroso 1957), zona estéril apical no espádicee número menor de lóculos no ovário.

Conforme os critérios da IUCN, aespécie é considerada em perigo; apesar deencontrar-se em unidade de conservação,acha-se mal protegida e ocorre em árearestrita.

5.4.2. Philodendron appendiculatumNadruz & Mayo, Bolm. Botânica Univ. SãoPaulo 17: 50. 1998. Typus: Brasil, Rio deJaneiro, Nova Friburgo, Macaé de Cima, SítioSophronites, estrada e picada, Nadruz et al.780 , 03.XI.92 (Holotypus RB, Isotypus K);Figs. 7, 8 e 9.

Caule cilíndrico a levemente anguloso noápice, 1.3-3.0cm diâm., verde pouco brilhanteno ápice, tornando-se verde acinzentado acinéreo. Internós (1.3-)3.0-4.0(-6.0)cmcomprimemnto. Raízes 3.0-4.0mm diâm.,verde claras a amarelo esverdeadas tornando-

Figura 7 - Philodendron appendiculatum Nadruz &Mayo - Hábito

Figura 8 - Philodendron appendiculatum Nadruz &Mayo - Detalhe da inflorescência

se castanho posteriormente claras. Profiloesverdeado quando novo tornando-se verderosado a rosado com as carenas esverdeadas,10.5-29.0cm compr., 5.5cm larg. na base.Pecíolo cilíndrico a levemente achatado na faceadaxial, 32.5-39.5cm comp e 0.6-1.0cm diâm.,verde com estrias longitudinais escuras,levemente lúcido. Bainha 3.0-5.5cm compr., naunidade simpodial adulta em flor. Lâmina foliarjovem ovado-cordada 17.0-18.5cm compr., 9.0-

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Rodriguésia 51(78/79): 21-68. 2000

12.0cm larg., adulta sagitada, (24.0-)29.0-36.5cm compr., (12.0-)14.0-18.7cm larg.,cartácea, verde discolor, sendo mais clara naface abaxial e lúcida em ambos os lados,margem inteira podendo ser amarelada arosada. Divisão anterior (17.5-) 20.5-27.0cmcompr., 10.4-15.5(-19.5)cm larg., ápice obtusoa levemente acuminado. Nervura principalconcolor em ambos os lados. Nervuras lateraisprimárias 3-5 pares, impressas na face adaxial,salientes na face abaxial e concolores a maisclaras em ambos as faces, com linhasglandulares na face abaxial. Nervurasinterprimárias desenvolvidas. Divisão posteriorcom lobos retrorsos, (5.5-)7.2-11.5 cm compr.,(12.0-)13.4-17.2 cm larg., nervurasacroscópicas 0-2 e nervuras basioscópicas 0-2. Sinus parabólico-espatulado. Simpódio floralcom 2-3 inflorescências. Pedúnculo (2.5-)4.5-6.5cm compr. e 0.9cm diâm. no ápice, junçãopedúnculo/espata verde escura e raramentearroxeada. Espata 10.0-11.5cm compr.,externamente verde esbranquiçada a brancae internamente branca com pontos mais claros,pequenos e numerosos, pronunciadamenteconstricta com forte diferenciação entre lâminae tubo, lâmina 5.0-6.8cm compr., 1.3cm larg.,tubo 4.4-4.8cm compr., 1.2cm larg. Espádice8.5-11.5cm compr., com canais de resinaabaixo das flores masculinas, zonaestaminada estéril apical branca, 3.5cmcompr., 1.0cm diâm., zona estaminada fértilbranca, 2.9cm compr., 0.9cm diâm., zonaestaminada estéril basal branca, 1.7cmcompr., 0.5cm diâm., zona pistilada verde,3.3cm compr. e 0.8cm diâm. Estames 3-4(-6)por flor, com 1.0mm compr., 0.8-1.0mm larg.no ápice. Estaminódios apicais 1.3mm compr.,1.0mm larg. no ápice, basais 1.8-2.1mm compr.,0.3-1.1mm larg. no ápice. Gineceu 1.5mmcompr., 1.0mm larg. no ápice, ovário branco,lóculos (7-)8-9, óvulos 0.6mm compr., 2-3(-4)por lóculo, inseridos na base do septo saindode um mesmo ponto, região estilarintensamente verde e estigma discóide.

Material examinado: Brasil, Rio deJaneiro, Nova Friburgo, Distrito de Macaé deCima: Sítio Sophronites, área do Projeto MataAtlântica . , 07.III.89, Nadruz 481 et al(Paratypus - RB); Picada da Pedra Bicuda.,28.XII.89, Nadruz 541 et al (Paratypus -RB); Estrada do Hotel Fazenda São João,02.XI.92, Nadruz 758 et al (Paratypus - RB,K); Estrada que leva até a entrada do SítioSophronites, 03.XI.92, Nadruz 773 et al(Paratypus - RB, K); Picada para a PedraBicuda, 23.III.94, Nadruz et al. 1003(Paratypus - RB); Estrada entre hotel SãoJoão e o Sítio Fazenda Velha, na beira do RioMacaé, 26.IX.94, 980m, Nadruz et al. 1065(Paratypus - RB).

Figura 9 - Philodendron appendiculatum Nadruz &Mayo - a. Flores masculinas férteis, em vista apical, com4 estames; b. Detalhe da flor masculina em vista frontal;c. Detalhe do estame em vista frontal; d. Flores masculinasestéreis basais em vista apical; e. Detalhe dosestaminódios basais em vista frontal; f. Flores Masculinasestéreis apicais em vista apical; g. Detalhe dosestaminódios apicais em vista frontal; h. Flores femininasem vista apical; i.Detalhe do gineceu em vista frontal; j.Detalhe do gineceu em corte longitudinal mostrandolóculos com óvulos. l. Detalhe do gineceu em cortetransversal mostrando lóculos com óvulos; m. Detalhedos óvulos (Nadruz 1065, 780, 758, 541).

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Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia das espécies da Reserva Ecológica deMacaé de Cima - Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil

Caule cilíndrico, opaco, verde no ápicetornando-se de cor de palha a castanho,2.0-2.5cm diâm. Internós 2.0-3.0cm compr.Raízes adventícias 0.2-0.3cm diâm., decastanho avermelhado a vermelhas, tornando-se castanhas com o passar do tempo. Profilo(3.5-)15.3-20.0cm compr. e 4.0-5.0cm larg. nabase, muito pouco persistente, verde quandonovo com nuanças carmim, principalmente nabase, e nectários esparsos carmim, tornando-se cor de palha a castanho com o passar dotempo. Pecíolo esverdeado, opaco comnectários extraflorais vinosos, tornando-searroxeado ou formando somente um distintoanel roxo na junção com lâmina, (28.0-)33.0-40.0cm compr. e 0.5-0.6cm diâm., esponjoso,aplanado na face superior e arredondado nainferior, com estrias mais escuras a arroxeadassendo mais freqüente no ápice. Lâmina foliarlevemente coriácea (27.0-)37.0-55.2cm compr.e (9.2-)10.5-11.0cm larg., estreitamente elípticaa oblongo-lanceolada, base de cuneada aarredondada, verde discolor quando jovem,face superior verde opaca a levemente lúcidae levemente rugosa conforme a nervação finae na face inferior levemente glaucescente eopaca quando adulta. Nervura centrallevemente convexa na face superior,pronunciadamente proeminente na face inferiore mais clara que a lâmina em ambas assuperfícies, as vezes concolor na face superiorou em ambas as faces e apresentandonectários extra florais em ambas as faces ouna inferior somente. Nervuras laterais

5.4.3. Philodendron edmundoi G.M.Barroso in Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro, 15:90, t. II. 1957; Engler in Martius FloraBrasiliensis III. 2:152. 1878; Krause in Engler,Das Pflanzenreich IV. 23. Db :60. 1913. TIPO:Brasil, Rio de Janeiro, Serra dos Órgãos, cult.Jard. Bot. Rio de Janeiro nº 6863, E. Pereiras/n (RB 97070 Holotypus); Figs. 10, 11 e 12.

Philodendron appendiculatum tem suadistribuição na região sudeste do Brasil e nosestados do Paraná e Santa Catarina (Mayo etal 1994). Espécie hemi-epífita, crescendo emlocal bastante úmido e sombreado, em florestapluvial atlântica montana, acima de 1100m,sendo freqüente na área de Macaé de Cima.

Espécie muito próxima de P. inops da qualdifere na forma da lâmina foliar, onde a divisãoanterior não é alongada, e pelo maiorcomprimento do pecíolo em relação à lâmina,pela presença de um estrangulamento naporção mediana da inflorescência tanto noespádice quanto na espata, em P. inops espatae espádice cilíndricos (Schott, 1859) e porapresentar uma zona terminal estéril noespádice. O nome deriva do apêndice estérilterminal do espádice.

Conforme os critérios da IUCN, a espéciefoi considerada protegida, tendo em vista suaextensa ocorrência comprovada por coleçõesbotânicas.

Figura 10 - Philodendron edmundoi G.M. Barroso -Detalhe da inflorescência

Figura 11 - Philodendron edmundoi G.M. Barroso -Hábito

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primárias ausentes. Simpódio floral com umaúnica inflorescência. Pedúnculo (17.0-)21.5-23.5cm compr. e 1.3cm diâm., verde levementelúcido com estrias mais escuras e pequenosnectários esparsos roxos a vinosos. Espataereta 9.0-15.0cm compr., verde externamentecom pequenos nectários esparsos, tubo 4.5cmcompr. e 2.5cm larg., carmim internamente,lâmina 10.0cm compr. e 1.7cm larg., de brancaa verde-amarelada com pontos brancosinternamente. Espádice 7.5-11.5(-14.5)cmcompr., estípite 0.7cm de compr., zonamasculina fértil creme a alaranjada emcondição pós-floral, 6.2-11.1cm compr. e 1.2-1.4cm diâm. na região mediana, presença decanais de resina amarelada abaixo dosestames, zona masculina estéril alba 1.5-2.7cm compr. e 1.4-1.8cm diâm., zonafeminina 2.2-2.7cm compr. e 1.5cm diâm.,verde claros (amarelados - Martinelli 12972 etal.) Estames 4-6 por flor, 2.0-3.0mm compr. e1.5-2.5mm larg. no ápice. Estaminódios comcanais de resina na base, 3.0-4.0mm de compr.e 2.0-2.3mm larg. no ápice. Gineceu 1.0-3.0mm compr. e 1.0-2.5mm larg., ovário debranco a creme, lóculos 6-7(-8), óvulos 14 porlóculo em 2 fileiras paralelas, placentação axilar,estigmas lobados, número de lobos igual aonúmero de lóculos. Frutos jovens, 5.0mmcompr. e 4.0mm larg., bagas verde no ápice ebranca do meio para a base, estigmapersistente ferrugíneo. Infrutescência 4.2 cmcompr. e 2.0 cm diâm.

Material examinado: Rio de Janeiro, NovaFriburgo, Macaé de cima: Margens do RioMacaé, 03.01.60, Pabst 5241(HB!); Nascentedo Rio das Flores, mata atlântica, 1000msm,23.06.88, Martinelli 12972(RB); Picada paraa Pedra Bicuda, 28.12.89, Nadruz 556; SítioSophronites, área da parcela, 23.03.92, Nadruzet al. 740(RB); Sítio Bacchus, picada atrásdo alojamento, 02.11.92, Nadruz et al.755(RB); Estrada que leva até a entrada doSítio Sophronites, 03.11.92, Nadruz776(RB,K); Sítio Sophronites, mata atlânticade encosta, 22.03.94, Nadruz et al. 993(RB);Idem, idem, 22.03.94, Nadruz et al. 994; Idem,

idem, 22.03.94, Nadruz et al. 996(RB); Picadapara a Pedra Bicuda, 23.03.94, Nadruz et al.1005(RB); Idem, idem, 23.03.94, Nadruz etal. 1006(RB); Estrada principal que corta aReserva, entre o Hotel São João e o sítio doJoão Luís, beirando o Rio Macaé, 19.04.94,Nadruz 1013(RB); Estrada do Cassino,10.11.94, Nadruz et al. 1078(RB); Caminhopara a nascente do Rio Macaé, depois daentrada para o sítio do João Luís, 17.01.91,Pessoa et al. 558(RB); Sítio Sophronites, trilhapara a parcela 1, 28.10.90, Sylvestre et al.381(RB); Estrada que leva a Lumiar, Vieiraet al. 415; Teresópolis, Cultivada no JardimBotânico do Rio de Janeiro sob o nº 6863, s/d,Pereira s/n (RB: 97070, Holotypus).

Espécie conhecida vulgarmente por

Figura 12 - Philodendron edmundoi (Nadruz 1013, 1005,776, 556) - a. Flores masculinas férteis, em vista apical,com 4 estames; b. Detalhe do estame em vista frontal; c.Detalhe da flor masculina em vista frontal; d. Floresmasculinas estéreis em vista apical; e. Detalhe dosestaminódios em vista frontal; f. Flores femininas emvista apical; g. Detalhe do gineceu em vista frontal; h.Detalhe do gineceu em corte longitudinal mostrandolóculos e óvulos; i. Detalhe do gineceu em cortetransversal mostrando lóculos e óvulos; j. Detalhe dosóvulos.

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Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia das espécies da Reserva Ecológica deMacaé de Cima - Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil

�imbirana�. Tem a sua distribuição geográficanos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro.Possui o hábito hemi-epifítico podendo crescertambém em rochas expostas. Encontrada emmata atlântica de encosta em locais bastanteúmidos e sombrios até ensolarados, podendochegar à 1400msm. Espécie freqüente na áreaem estudo.

Espécie muito próxima a P.longilaminatum, P. crassinervium e P.glaziovii, todas pertencentes ao subgêneroPhilodendron seção Baursia , a qual secaracteriza pela ausência de nervuras lateraisprimárias, presença de lóbulos estigmáticos,placentação axilar e óvulos numerosos.P. longilaminatum é conhecida apenas naregião de mata atlântica dos estados da Bahiae Pernambuco, possuindo o pecíoloestreitamente sulcado na face superior,ocorrendo em restingas e matas úmidas comaltitudes de até 200msm, enquanto que em P.edmundoi o pecíolo encontra-se aplanado naface superior e sua ocorrência está acima dos800msm. Difere de P. crassinervium porpossuir nervura central muito menos robusta,folhas mais longas e mais largas e pecíolo maislongo, e de P. glaziovii difere pela ausênciada zona estéril masculina no (ápice do)espádice, pelo maior número de óvulosdispostos bisseriados em toda a extensão doslóculos e pelo maior comprimento dopedúnculo.

De acordo com os critérios deconservação da natureza, a espécie éconsiderada em perigo já que apesar de tersido encontrada na natureza nos últimos 50anos ocorre em área restrita.

5.4.4. Philodendron eximium Schott inOesterr. bot. Wochembl. 3(48): 378. 1853;Vellozo Fl. Flumin. 9: t. 112. 1831; C. Koch etSauer in Index Sem. Hort. Berol. 8. 1854;Schott, Ic. Aroid., 40 plates, tt. I-V. 1857a etProdr. Syst. Aroid. 251-252; 1860. Krause inEngler, Das Pflanzenreich 60 (IV, 23 Db) :80.1913. TIPO: �Schott Icones Aroidearum� nº2486 (lectotypus W!). Figs.13, 14 e 15.

= Arum amphibium Vellozo [Fl. Flumin.9: t. 112. 1831 (1827), nom. nud., sem análisena figura.]; in Arch. Mus. Nac. Rio de Janeiro5 :387, 1881.

= Philodendron amphibium (Vellozo)Kunth ex Stellfeld, in Arq. Mus. Paranaense8:185. 1950.

= P. eximium Schott in Oest. bot.Wochenbl. 3: 378. 1853. TIPO: �Brasilia S. -v.v. spont. et cult.� ???

= P. cardiophyllum C.Koch et Sello inIndex Sem. Hort. Berol. app. 4. 1853. TIPO:Provavelmente uma planta cultivada no JardimBotânico de Berlim. �...ex America tropica sinedubio allatam�.

= P. eximium C. Koch et Sauer in loc.cit. 8. 1854. TIPO: Provavelmente uma plantacultivada no Jardim Botânico de Berlim. Nãoexiste exsicata nem localidade citada.

= P. saueranum C. Koch in loc. cit. 3.1855. TIPO: Provavelmente uma plantacultivada no Jardim Botânico de Berlim.Localidade não citada.

= Philodendron eximium var.cardiophyllum (C. Koch & Sello) Engler inEngler�s Bot. Jahrb. 26 :536. 1899. TIPO:�Brasilia: prov. Rio de Janeiro, ad rupesregiones Floresta dictae in monte Tijuca (Ule.- Florif. m. Nov. 1896).�

Caule verde quando jovem tornando-secor de palha, levemente aplanado em uma dasfaces, opaco 4.0-5.6cm diâm. Internós 1.0cmde compr. sendo 4.0-5.6cm compr. no ápicedo caule. Raízes adventícias 0.3-7.0mm diâm.,de castanha a castanho-ferrugíneas opacas.Profilo persistente 20.0-21.5cm compr. e 2.8cmlarg. na base, verde esbranquiçado com estriasmais claras, levemente lúcido, carnoso,pronunciadamente bicarenado e alado. Pecíolo(22.0-)30.0-46.0cm compr. e 1.4cm diâm. naregião mediana, aplanado na face superior earredondado na inferior, esverdeado comestrias pouco mais escuras a mais claras,levemente lúcido, sem nectários extraflorais.Bainha em unidade simpodial adulta florida5.5-7.0cm compr., involuta. Lâmina foliarovado-cordada, ápice acuminado, 26.0-30.0(-

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46.2)cm compr. e 19.0-22.0(-33.0)cm larg.,verde lúcido na superfície inferior e opaco alevemente lúcida na superior, cartácea,margem inteira, presença de linhas glandularesna face inferior. Divisão anterior (17.5-)25.0-28.0(-32.8)cm compr. e (19.0-)28.0-29.0(-37.0)cm larg. Nervura principal um pouco maisclara que a lâmina na superfície superior,saliente e concolor na superfície inferior.Nervuras laterais primárias concolores emambos os lados, 5-7 pares, patentes, impressasna face superior e salientes na inferior.Nervuras interprimárias bem evidentes. Divisãoposterior com lobos não superpostos, retrorsos,arredondados, (6.5-)17.2-19.2(-24.0)cm compr.e 8.8-10.0(-28.0)cm larg., nervuras primáriasacroscópicas 0-1 e basioscópicas 1-2. Sinusparabólicos. Simpódio floral com até 5inflorescências. Pedúnculo (4.0-)8.5-10.5cmcompr. e 1.1cm de diâm., verde claro,apresentando estrias mais claras. Espataexternamente verde-esbranquiçada,internamente branca com pontos mais claros,16.2-24.0cm compr., sem diferenciação de tuboe lâmina, em pré-antese parte basal 1.8cmdiâm. e parte apical 1.4cm diâm., decorrência3.0-4.8cm compr. Espádice estreitando-se parao ápice 19.2-23.0cm compr., presença deglândulas de resina abaixo das flores das zonasmasculinas estéril e fértil, zona masculina estérilapical esbranquiçada 1.5cm compr. e 0.5cmdiâm., zona masculina fértil esbranquiçada,12.5cm de compr. e 1.1cm diâm., zonamasculina estéril basal esbranquiçada, 1.2cm

compr. e 1.3cm diâm., zona feminina verdeclaro 6.8cm compr. e 1.2cm diâm., área adnatada zona feminina com a espata 3.0-4.8cmcompr. Estames 3-5 por flor, 1.0-1.5mm compr.e 1.1-1.5mm larg. Estaminódios 1.6 mm compr.e 1.4 mm de larg. Gineceu 3.0 mm compr. e2.0 mm larg., ovário albo, estilete verde, estigmagloboso, lóculos 9-10, óvulos 0.7mm de compr.,3-5 por lóculo, inseridos próximo a base dosepto, presença de tricomas nos funículos.

Material examinado: Rio de janeiro, NovaFriburgo, Macaé de Cima: Remanescente deFloresta Pluvial Tropical Costeira, transiçãoentre matas baixo e alto montanas, nascentedo Rio das Flores, 1000-1100msm, 25.05.87,Martinelli et al. 12044 (RB), Estrada que levaaté a entrada do Sítio Sophronites, 03.11.92,Nadruz et al. 777 (RB, K). Estrada principalque corta a Reserva, entre Hotel São João esítio do João Luís, beirando o Rio Macaé,19.04.94, Nadruz 1018, (RB); Estrada entreo hotel São João e o Sítio Fazenda Velha, nabeira do Rio Macaé, 980msm, 29.09.94,Nadruz 1067 (RB);

Espécie conhecida vulgarmente pelonome �imbé�, distribui-se pelos estados dePernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. NoRio de Janeiro é encontrada nas cidades doRio de Janeiro, Nova Friburgo e Petrópolis.

Figura 13 - Philodendron eximium Schott - Hábito

Figura 14 - Philodendron eximium Schott - Detalhe dainflorescência

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América Tropical e comentou sua proximidadecom P. cardiophyllum salientando o tamanhoda folha como a única diferença entre ambos.Em 1855 Koch concordou com o erro quecometeu considerando o nome supérfluo P.eximium já publicado por Schott e mudando onome da planta para P. saueranum. Porém,ele não comentou o fato de P. eximium Schotte P. saueranum Koch serem a mesmaespécie. Em 1860 Schott cita P. eximium eressalta P. saueranum como sinônimo e, citatambém, P. cardiophyllum como espécieválida colocando P. macrophyllum (nomemnudum) como sinônimo deste. Em 1899 Englercita P. eximium colocando P. saueranumcomo sinônimo, destacando ser esta umespécime jovem (�stirps juvencula�), e cria avariedade cardiophyllum.

O Ícone de Schott número 2666 daespécie P. cardiophyllum é similar a P.eximium em relação a forma da folha.

Para o estabelecimento de P. eximiumvar. cardiophyllum, Engler destaca comocaracterística a cor da espata �tornando-severde�. Esse caráter não é suficientementeforte para considerar um novo táxon,observando que a espata pode variar de cordependendo do seu estágio dedesenvolvimento.

Não foram observados os typus dasespécies Philodendron saueranum eP. eximium, provavelmente destruídos durantea II Guerra Mundial, sendo que as conclusõespara a sinonimização destas espécies com P.eximium foram baseadas nas comparações dasdescrições originais.

Segundo Vellozo, em sua curta descriçãode Arum amphibium (apud Stellfeld, 1950),publicado na Flora Fluminensis com mais 24espécies da família Araceae, a espécie écaulescente, radicante, com as folhascordiformes, asas separadas, espataesbranquiçada e abraçando com suas raízesas árvores que encontra�. Essascaracterísticas, juntamente com a estampa quemostra a forma da folha com as nervurasprimárias e secundárias se alternando e o

Figura 15 - Philodendron eximium Schott. (Nadruz 1067,777, Martinelli 12044 et al) - a. Flores masculinas férteis,em vista apical, com 3-4 estames; b. Detalhe da flormasculina em vista frontal; c. Detalhe do estame em vistafrontal; d. Flores masculinas estéreis basais em vistaapical; e. Detalhe dos estaminódios basais em vistafrontal. f. Flores masculinas estéreis apicais em vistaapical; g. Detalhe dos estaminódios apicais em vistafrontal; h. Flores femininas em vista apical; i. Detalhe dogineceu em vista frontal; j. Detalhe do gineceu em cortelongitudinal mostrando lóculos com óvulos; l. Detalhedo gineceu em corte transversal mostrando lóculos comóvulos. m Detalhe dos óvulos com a presença de tricomasnos funículos.

Hemi-epífita, ocorrente em matas de brejo efloresta pluvial atlântica baixo montana emontana em local bastante úmido e sombreado.Pode chegar até 1100m.s.m. Pouco freqüentena região da Reserva Ecológica de Macaé deCima.

Schott publicou P. eximium em 1853citando como localidade Brasil (�Brasilia S. -v.v. spont. et cult.�) e, no mesmo ano, Koch etSello publicaram P. cardiophyllummencionando que esta espécie, sem dúvidanenhuma, viera da América Tropical indicando,ainda, a proximidade com P. punctatum. Em1854 Koch publicou, novamente, o nome P.eximium colocando como localização a

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número de inflorescências no simpódio floral(5), nos leva a crer que seja Philodendroneximium, este, segundo descrição de Schott(1853), apresenta os seguintes caracteres:�lamina rotundado-cordiforme undata�, �venisfrequentis subaproximatis�, �inflorescentiaplures� e �spathae lamina lanceolata, alba�.

Tendo em vista que Vellozo publicou Arumamphibium em 1831 sem qualquer descrição,somente com a estampa, mas que a mesmanão continha uma análise, tratava-se então deum nomem nudum, tornando-se válido apenasem 1881, com a publicação, pela primeira vez,do texto completo da Flora Fluminensis. Kunth,em 1841, publica a combinação Philodendronamphibium (Vellozo) Kunth citando apenas A.amphibium (Vellozo, 1831), tratando-setambém de um nome ilegítimo, já que foibaseado em um nomem nudum, sem qualquerdiagnose. A curta descrição de A. amphibiumé traduzida no trabalho de Stellfeld (1950) ondea espécie é tratada como P. amphibium(Vellozo) Kunth. Sendo assim, ficaprevalecendo o epíteto Philodendroneximium de Schott, publicado em 1853.

Todas as descrições estudadas,juntamente com os ícones e material deherbário, das espécies acima mencionadas, nãoapresentaram diferenças significativassugerindo a sinonimização das mesmasprevalecendo o epíteto de Schott, P. eximium.

Os ícones de números 2484, 2485-2493,2680 e 2681 foram preparados de uma plantacultivada nos Jardins Imperiais do Palácio deSchoenbrunn em Viena, como todas as outraspranchas coloridas da coleção dos Ícones deSchott (Mayo, 1990a: 49). Não existe materialem herbário já que a coleção de Schott,depositada no herbário do Museu de Viena,foi destruída durante a Segunda Grande Guerra.Em vista disto, o protólogo consta da descriçãooriginal junto com os (13) ícones acima citados.Para simplificar a tipificação do nomePhilodendron eximium Schott, seria desejávelescolher um destes ícones para servir comolectotypus, visto que o material herborizadooriginal não existe mais. Assim sendo,

escolheu-se o ícone nº 2486 como lectotypus,porque apresenta importantes caracteres doovário, número de lóculos e dos óvulos, tipo deplacentação, etc. É necessário, porém, deixarbem claro que o entendimento preciso daespécie deve ser fundamentado no conjuntototal dos ícones desta espécie, desde que afolha e até o próprio hábito contêm, também,importantes caracteres diagnósticos, como namaioria das espécies deste gênero.

De acordo com os critérios deconservação da natureza a espécie éconsiderada protegida por se encontrar emextensa área geográfica com muita ocorrênciacomprovada por coleções de herbário.

5.4.5 - Philodendron fragile Nadruz etMayo, Bolm. Botânica Univ. São Paulo 17: 52.1998. Typus: Brasil, Rio de Janeiro, NovaFriburgo, Macaé de Cima, estrada entre apousada da Ana e a entrada da Reserva, mataatlântica, ca. 1100m, Nadruz 1292 et al.,29.XI.96 (Holotypus RB); Figs. 16, 17 e 18.

Caule cilíndrico, verde levemente lúcidono ápice tornando-se paleáceas a castanho,1.2-2.2cm diâm. Internós 0.8-2.1(-5.5)cmcompr. Raízes adventícias amarelo-esverdeadas quando novas, tornando-sepaleáceas até castanhas, 2.0-4.0mm diâm.Profilo caduco, esverdeado externamente,creme esbranquiçado a esverdeadointernamente quando novo, 21.5cm compr.,5.3cm larg. na base. Pecíolo subroliço aaplanado na face adaxial e arredondado nainferior, verde com estrias mais escuras, 17.0-27.5cm compr., 0.6-0.7cm diâm. Bainha 4.0-6.5cm compr. em unidade simpodial adulta emflor. Lâmina quando nova membranáceatornando-se cartácea posteriormente,alongado-ovada a triangular, base subcordada,(15.0-)21.0-25.5(-37.0)cm compr., (5.0-)9.9-24.0cm larg., fortemente discolor, mais clarana face abaxial, lúcida em ambas as faces,com linhas glandulares visíveis na face abaxial.Divisão anterior 18.8-25.0cm compr., 14.1-18.0cm larg. Nervura central levemente maisclara e aplanada na face adaxial e saliente na

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abaxial. Nervuras laterais primárias impressasna face adaxial e salientes na face abaxial, damesma cor que a lâmina a levemente maisclaras na face adaxial, 4-5 pares. Nervurasinterprimárias evidentes. Divisão posterior 1.7-2.5 (-4)cm compr., 11.0-15.3cm larg., lobosretrorsos, nervura lateral basioscópica 1 eacroscópica 0. Simpódio floral com 1 a, raro, 2inflorescências. Pedúnculo 3.0-5.5cm compr.,0.6-1.1cm diâm. na região mediana,esverdeado com estrias mais claras. Espatana antese 12.5cm compr., 4.5cm larg.,fracamente diferenciada entre tubo e lâmina,externamente alva, as vezes rósea na lâminae verde claro a verde no tubo, internamentecreme-esverdeada a creme com pontos maisclaros na lâmina e verde tornando-se róseo-avermelhada em direção a base no tubo.Espádice em pré-antese 8.5-13.4cm compr.,na antese 11cm compr., com canais de resinaferrugínea abaixo dos estames, zonaestaminada fértil esverdeada, 4.4-7.1cmcompr., 0.5-1.1cm diâm., zona estaminadaestéril creme, 0.6-1.7cm compr., 0.7-1.5cmdiâm., zona pistilada esverdeada 3.7-4.5cmcompr., 0.7-1.5cm diâm. Estames 2-6 por flor,1.0-2.0mm compr., 0.9-1.9mm larg. no ápice.Estaminódios 1.6-3.0mm compr., 1.2-3.0mmlarg. no ápice. Gineceu 1.5-2.0mm compr., 1.2-

1.7mm larg., ovário verde esbranquiçado,estilete esverdeado, estigma globoso, lóculos7-9 no ovário, óvulos 3 (-5) por lóculo, 0.6mmcompr., com tricomas nos funículos,placentação sub-basal

Material examinado: Brasil, Rio deJaneiro, Nova Friburgo, Distrito de Macaé deCima: Sítio Sophronites na beira de estrada,03.XI.92, Nadruz 775 et al. (Paratypus -RB); idem, Nadruz 1002 et al. (Paratypus -RB); Fazenda Ouro verde, picada para a torre,30.VII.93, Vieira 332 et al. (Paratypus - RB);Estrada que corta o Sítio Sophronites, emárvore na beira da estrada, 29.IX.94, Nadruz1066 (Paratypus - RB); Estrada que liga oSítio do João Luiz ao Sítio Sophronites, 10.XI.94,Nadruz 1076 (Paratypus - RB);

Philodendron fragile só foi coletado noMunicípio de Nova Friburgo, Estado do Rio deJaneiro. Espécie hemi-epífita muito rara naárea, onde foram realizadas, até o presente,somente 2 coletas da espécie. Cresce emlocais úmidos e sombreados na floresta pluvialatlântica montana, acima de 1000m.

Philodendron fragile é espécie próximade P. elongatum, podendo ser diferenciadapela lâmina alongado-ovada a triangular, basesubcordada, lobos posteriores 1.7-2.5 (-4)cmcomprimento, 11.0-15.3cm largura e tubo da

Figura 16 - Philodendron fragile Nadruz & Mayo -Hábito

Figura 17 - Philodendron fragile Nadruz & Mayo -Detalhe da inflorescência

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espata internamente verde tornando-se róseoavermelhado em direção a base, enquanto P.elongatum possui lâmina alongado-hastado-oblonga, lobos posteriores com 12.0-15.0cmcomprimento, 5.0-7.0cm largura e coloraçãodo tubo da espata internamente creme. Onome deve-se à fragilidade de suas folhas ecaule.

Conforme critérios da IUCN, a espécieé considerada em perigo por encontrar-se malprotegida em unidade de conservação eocorrer em área restrita.

5.4.6 - Philodendron hatschbachiiNadruz & Mayo, Bolm. Botânica Univ. SãoPaulo 17: 52. 1998. Typus: Brasil, Rio deJaneiro, Nova Friburgo, Macaé de Cima,Estrada que leva até a entrada do Sítio

Figura 18 - Philodendron fragile Nadruz & Mayo(Nadruz 775, 1066) - a. Flores masculinas férteis, emvista apical, com 3-4 estames; b. Detalhe da flor masculinaem vista frontal; c. Detalhe do estame em vista frontal; d.Flores masculinas estéreis em vista apical; e. Detalhedos estaminódios em vista frontal; f. Detalhe do gineceuem vista frontal; g. Flores femininas em vista apical; h.Detalhe do gineceu em corte longitudinal mostrandolóculos com óvulos; i. Detalhe do gineceu em cortetransversal mostrando lóculos com óvulos; j. Detalhe

dos óvulos com a presença de tricomas nos funículos.

Sophronitis, Nadruz 773 et al., 03.XI.92(Holotypus RB, Isotypus K); Figs. 19, 20 e21.

Figura 19 - Philodendron hatschbachii Nadruz & Mayo- Hábito

Caule cilíndrico, 1.0-1.7cm diâm., verdeclaro quando jovem tornando-se escuro, lúcidoa opaco, cinza a paleáceo. Internós 0.8-10.0cmcompr. Raízes amarelas, amarelo-esverdeadasou verde claras quando novas tornando-sepaleáceas a castanhas posteriormente, 0.1-0.3cm diâm. Profilo caduco, verdeexternamente, mais claro com pontos alvosinternamente, 17.5cm compr., 1.5cm larg. nabase. Pecíolo aplanado a levemente sulcadona face adaxial e arredondado na abaxial(12.0-)18.0-27.0cm compr., 0.5-0.8cm diâm.,verde com estrias pouco mais escuras, junçãoda base da lâmina com ápice do pecíoloproeminente com anel esverdeado. Bainha emunidade simpodial adulta em flor 3.5-9.0cmcompr. Lâmina elíptica, oblonga, oblongo-lanceolada a levemente ovada, margem inteira,base arredondada a levemente cuneada,15.0-31.5cm compr., 5.2-12.0cm larg., verdefortemente discolor, mais clara na inferior,lúcida em ambos as faces a pouco lúcida naface abaxial, cartácea, linhas glandularesproeminentes na face abaxial. Nervuraprincipal impressa na face adaxial, saliente na

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abaxial, concolor. Nervuras laterais primáriasimpressas na face adaxial, salientes na abaxial,4-5 pares. Nervuras interprimárias poucodesenvolvidas. Simpódio com uma únicainflorescência. Pedúnculo 4.0cm compr., 1.0cmdiâm. no ápice, verde com estrias claras. Espataem antese ca. 13.0cm compr., ca. 3.5cm diâm.,pré-antese (5.5-) 8.0-9.5cm compr., com levediferenciação entre tubo e lâmina, curvada,externamente verde na região do tubo comlinhas pontilhadas brancas, lâmina verdeesbranquiçada a branca com estrias maisclaras, internamente totalmente branca compontos brancos. Espádice curvado, 13.0cmcompr., zona estaminada estéril apical cremeesverdeada 0.5cm compr., 1.4cm diâm., zonaestaminada fértil 6.5cm compr., 1.0cm diâm.,verde clara, com canais de resina ferrugíneaabaixo dos estames, zona estaminada estérilbasal creme esverdeada 2.0cm compr., zonapistilada esverdeada com 4.5cm compr.,1.4cm diâm., região adnata com a espata de2.0-3.5cm compr. Estames 3 (-5) por flor,2.0mm altura e 1.5-1.8mm larg. no ápice.Estaminódios 3.0-3.5mm compr., 1.5-2.0mmlarg. no ápice. Gineceu verde esbranquiçado,3.5mm altura e 2.5mm larg., ovário oblongo,lóculos 10-12, óvulos 4 por lóculo, placentaçãosub-basal, 0.5mm compr., estigma globoso.Frutos jovens de cor creme.

Material examinado: Brasil, EspíritoSanto: Muniz Freire, rod. BR 262, crescendoao longo do tronco de árvores da mata pluvial,

Figura 20 - Philodendron hatschbachii Nadruz & Mayo- Detalhe da inflorescência

Figura 21 - Philodendron hatschbachii Nadruz & Mayo(Nadruz 1064, 773, Gomes 438, 437) - a. Floresmasculinas férteis, em vista apical, com 4-5 estames; b.Detalhe da flor masculina em vista frontal; c. Detalhe doestame em vista frontal; d. Flores masculinas estéreisbasais em vista apical; e. Detalhe dos estaminódios basaisem vista frontal; f. Flores masculinas estéreis apicais emvista apical; g. Detalhe dos estaminódios apicais em vistafrontal; h. Flores femininas em vista apical; i. Detalhe dogineceu em vista frontal; j. Detalhe do gineceu em cortelongitudinal mostrando lóculos com óvulos; l. Detalhedo gineceu em corte transversal mostrando lóculos comóvulos; m. Detalhe dos óvulos.

05.XII.84, G. Hatschbach & J.M. Silva48621 (Paratypus - K, MBM); Ibatiba, 21kmleste de Ibatiba, alt. 900m, cresce ao longo dotronco de árvore, mata pluvial, 04.VIII.83, G.Hatschbach 46686 (Paratypus - MBM, K);Conceição do Castelo, Alto Bananal., cresceao longo do tronco de árvores de mata pluvial,10.VIII.85, G. Hatschbach & J.M. Silva49945 (Paratypus - K, MBM). Rio de Janeiro,Nova Friburgo, Distrito de Macaé de Cima:Próximo ao Hotel Garlipp., 19.X.91, Gomes438 et al (RB); idem, Gomes 437 et al.(Paratypus - RB); Estrada que chega ao SítioSophronites, 15.VII.92, Nadruz 751 et al.(Paratypus - RB); Sítio Bacchus, estrada doHotel Fazenda São João, 02.II.92, Nadruz 754et al. (Paratypus - RB, K); Picada para Pedra

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Bicuda, 23.III.94, Nadruz 1004 et al.(Paratypus - RB); Estrada principal. que cortaa Reserva, entre o Hotel Fazenda São João eo sítio do João Luís, beirando o Rio Macaé,19.IV.94, Nadruz 1014 (Paratypus - RB);Idem, 19.IV.94, Nadruz 1017 (Paratypus -RB); Estrada entre o Hotel Fazenda São Joãoe o Sítio Fazenda Velha, na beira do Rio Macaé,980m, 26.IX.94, Nadruz 1064 (Paratypus -RB); Fazenda Ouro Verde, mata secundária,25.VI.93, Vieira 291 (Paratypus - RB);

Philodendron hatschbachii distribui-sepelos estados do Espírito Santo e Rio deJaneiro. Hemi-epífita da floresta pluvialatlântica montana, cresce em locais úmidos esombreados, mas por vezes é encontrada apleno sol, podendo chegar a 1100 m.

Philodendron hatschbachii é próximade P. fragile, diferenciando-se pela lâminaelíptica, oblonga, oblongo-lanceolada alevemente ovado-oblonga, com a basearredondada a levemente cuneada, espata eespádice curvos, tubo da espata brancointernamente com pontos leitosos e 10-12lóculos no ovário, enquanto P. fragile possuilâmina alongado-ovada a triangular, basesubcordada, espata e espádice retos, tubo daespata verde internamente, tornando-se róseoavermelhado em direção à base e 7-9 lóculosno ovário.

O epíteto específico homenageia o Dr.Gert Hatschbach, cujas coletas de Araceae(e de outras famílias) têm enriquecido nossoconhecimento da flora brasileira. Esta espéciefoi primeiramente coletada por ele no estadodo Espírito Santo.

5.4.7. Philodendron ochrostemonSchott, Prodr. Syst. Aroid. 229. 1860; VellozoFl. Flum. IX: t. 115. 1827; Engler in C.F.P. vonMartius, Flora Brasiliensis 3(2) :25-224, tt. 2-52; Krause in Engler, Das Pflanzenreich IV23 Db. 60: 9. 1913. Typus: � Schott IconesAroidearum� no 2412 (Lectotypus W!). Figs.22, 23 e 24.

Caule levemente 2-angular, com uma dasfaces aplanada a levemente sulcada, de verde

Figura 22 - Philodendron ochrostemon Schott - Hábito

claro a verde escuro lúcido tornando-se corde palha opaco, 0.4-0.9(-1.1)cm diâm. noflagelo e 0.6-1.8cm diâm. no caule não flagelar.Catafilos do flagelo esverdeados discolores,nervuras dos catafilos muito levementediscolores com o catafilo. Internós 1.0-6.5(-19.0)cm compr., sendo até 20.5cm de compr.no flagelo. Raízes de creme a creme levementeesverdeada a verde-amareladas com ápicevermelho quando novas, tornando-se castanhascom o passar do tempo, 1.0-2.5mm diâm.Profilo do simpódio floral persistente,membranáceo, verde sendo mais clarointeriormente tornando-se castanho com opassar do tempo, 6.5-13.0cm compr. e 1.0-1.7cm larg. na base. Pecíolo de verde brilhantea pouco brilhante, levemente estriado comestrias mais escuras em ambos os lados,arredondado na face inferior e de aplanado araramente levemente sulcado na face superior,(5.8-)12.0-22.0cm compr. e 0.2-0.4cm diâm.no ápice, sendo 0.3-2.9cm compr. livre. Bainhaconcolor, pouco lúcida, com estrias maisescuras, alongada até 0.3cm da base da lâmina,(5.8)12.7-20.8cm compr. e 0.6-0.8cm larg.,fechada com margens eretas, levementeexpandida na base quando em floração.Lâmina foliar de levemente ovado-oblonga aoblongo-lanceolada a elíptico-lanceolada, (8.0-)20.0-36.0cm compr. e (2.8-)5.0-8.7(-15.4)cm

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larg., verde de muito a levemente lúcida emambos os lados quando nova a lúcida na facesuperior, e verde mais claro e lúcida alevemente lúcida na face inferior,membranácea a levemente cartácea, ápicerostrado, base de levemente cordada aarredondada a obtusa a atenuada, margeminteira. Nervura central, em relação à lâmina,levemente discolor a concolor na face superiore discolor, sendo mais clara, na inferior,impressa na face superior e saliente na inferior.Nervuras laterais primárias concolores,impressas na face superior e salientes, masnão muito evidentes, na inferior, 4-6 pares.Simpódio floral 1-2 inflorescências. Pedúnculoverde com estrias de mais escuras a maisclaras no ápice, anguloso, 1.5-5.0cm compr. e0.8cm diâm. Espata 10.5-16.5cm compr., levediferenciação entre tubo e lâmina, lâminaexternamente verde, verde amarelada a cremee internamente creme com canais de resinaamarelados, tubo externamente verde clarocom linha dorsal verde escuro da base até omeio, internamente creme com canais de resinaamarelados. Espádice 13.1cm de compr.,estípite presente 1.3-2.0cm compr.,decorrência da espata 1.7-2.3cm compr., zonamasculina fértil creme, (4.5-)5.6-11.0cmcompr. e 0.8-1.1cm diâm., zona masculina

estéril creme levemente mais claro, 0.5-1.0cmcompr. e 1.0-1.9cm larg., zona femininaesverdeada, 4.0-5.5cm compr. e 1.6cm dediâm. Estames 2-3 por flor, (1.1-)2-2.5mm decompr. e 1.0-1.5 (-1.8)mm de larg. no ápice.Estaminódios 4.0mm compr. e 1.5-2.0mm larg.no ápice, afilados na base. Gineceu com ovárioesverdeado, 4.0mm de compr. e 1.2-1.5mm delarg., lóculos 3-4, óvulos vários por lóculo,0.6mm de compr., placentação axilar, estigmagloboso castanho. Infrutescência madura, 7.0-8.0cm compr. e 2.3-3.4 cm diâm. Frutosimaturos verdes e maduros de verde-amarelados a amarelados, 7.0-8.0mm decompr. e 2.0-2.5mm de larg. na região mediana,sementes não observadas por estaremgalhadas.

Figura 23 - Philodendron ochrostemon Schott - Detalheda inflorescência

Figura 24 - Philodendron ochrostemon Schott. (Nadruz1074, 1020, 1011, 996, 993) - a. Flores masculinas férteis,em vista apical, com 2-3 estames; b. Detalhe da flor emvista frontal; c. Detalhe do estame em vista lateral; d.Flores masculinas estéreis em vista apical; e. Detalhe deestaminódios em vista frontal; f. Flores femininas emvista apical. g. Detalhe do gineceu em vista frontal; h.Detalhe do gineceu em corte longitudinal mostrandolóculos com óvulos; i. Detalhe do gineceu em cortetransversal mostrando lóculos com óvulos; j. Detalhedos óvulos em placentação axilar; l. Bagas em vista frontal;m. Bagas em vista apical.

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Material Examinado: Rio de Janeiro, NovaFriburgo, Macaé de Cima: Caminho para anascente do Rio Macaé, depois da entrada parao Sítio do João Luís, 17.01.91, Pessoa et al.558 (RB); Sítio Sophronites, área da parcela,23.03.92, Nadruz et al. 740 (RB); SítioBacchus, estrada do Hotel Fazenda São João,02.11.92, Nadruz et al. 755 (RB, K); SítioSophronites, mata atlântica de encosta,22.03.94, Nadruz et al. 993 (RB); Idem, idem,22.03.94, Nadruz et al. 994 (RB); Idem, idem,22.03.94, Nadruz et al. 996 (RB); Estrada deSanta Fé, 19.04.94, Nadruz 1011 (RB);Estrada principal que corta a Reserva, entreHotel Fazenda São João e Sítio do João Luís,beirando o Rio Macaé, 19.04.94, Nadruz 1020(RB); Idem, idem, 19.04.94, Nadruz 1022(RB); Estrada principal do Sítio Bacchus,10.11.94, Nadruz 1074 (RB); SítioSophronites, trilha para a parcela 1, 28.10.90,Sylvestre et al. 381 (RB);

Conhecida vulgarmente como �imbémiúdo�, �cipó de imbé�, �cipó guimbé�,�tracuá� e �curuba�, P. ochrostemon tem suadistribuição geográfica nos estados do DistritoFederal, Espírito Santo, Rio Grande do Sul,Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeironos municípios de Magé, Nova Friburgo, Paraty,Petrópolis, Rio Bonito, Rio de Janeiro, SantaMaria Magdalena.

Espécie hemi-epífita, podendo serencontrada em floresta pluvial atlântica baixomontana, de encosta e cerradão em locaisúmidos e sombreados, chegando a 1100msm.

Até o momento o nome P. ochrostemonvinha sendo confundido e utilizado para aquelaespécie que possui, principalmente, a bainhalarga e aberta, erroneamente denominada P.sonderianum (hoje P. propinquum Schott).Segundo as observações feitas nos Icones deSchott números 2410, 2411, 2412 e 2712, e nasestampas de Krause (1913) e Engler (1878),conclui-se que as bainhas, paraP. ochrostemon, são largas e fechadas. Alémdeste caráter, há outros descritos por Schott(1860), como: bainha não atingindo o limite dopecíolo com a lâmina; lâmina foliar adulta

oblongo-ovada ou oblonga, com basearredondada e ápice curtamente cuspidado,levando a crer ser essa, sem dúvida nenhuma,a espécie por mim coletada na área.

Engler (1878) coloca, duvidosamente, P.ambiguum, como sinônimo de P. ochrostemon.Contudo a descrição original de P. ambiguum,Schott (1860) cita �vagina latiuscula, ...,explanata�, característica essa facilmenteobservada nos Ícones de números 3588 e 3590,confirmando assim as duas espécies comodistintas.

Engler (1878) e Krause (1913) citam,erroneamente, Philodendron nervosumSchott como sinônimo também. Segundo Croat(1986), Kunth (1841) interpretou mal aortografia do nome Pothos venosa Willd eilegitimamente criou a combinaçãoP. nervosum Schott, sendo seguidoerroneamente por Engler e Krause. A espécieocorre do nordeste da Venezuela até Trinidad.

O Ícone de número 2412 para lectotypusfoi escolhido por M. Grayum (1996). Schott(1860) citou �Insula St. Catharinae, Brasiliael. Brasilia Australior - v. v. cult.� comoreferência do local do material original, masnão citou um tipo detalhadamente. SegundoGrayun (1996), é de supor que Schott,aparentemente, baseou sua descrição emmaterial vivo deste local que tinha em cultivo.Presumivelmente, Schott preparou espécimensde herbário de suas próprias plantas, mas essasteriam sido destruídas, em Viena (W), durantea Segunda Guerra Mundial. Em vista disto,Grayum optou pela lectotipificação do Íconede Schott de número 2412 por reunir ascaracterísticas principais, lembrando que oconjunto dos Icones (i.e. números 2408-2412e 2417) é indispensável para a corretaidentificação taxonômica da espécie.

De acordo com os critérios deconservação da natureza a espécie éconsiderada protegida por encontrar-se bemprotegida em unidade de conservação e commuita ocorrência comprovada por coleções deherbário.

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Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia das espécies da Reserva Ecológica deMacaé de Cima - Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil

5.4.8. Philodendron ornatum Schott inOesterr. bot. Wochenbl. 3: 378. 1853; C. Kochin Index sem. hort. bot. reg. berol. Appendix14. 1853. Appendix 8. 1854. Appendix 3. 1855.Schott, Prodr. Syst. Aroid. 247. 1860. Krausein Engler (ed.), Das Pflanzenreich 60(IV.23Db):51. 1913. Typus: �Schott IconesAroidearum� nº 2417 (lectotypus W!),�Brasilien...�; Figs.: 25, 26 e 27.

= Zantedeschia asperata C. Koch inIndex sem. hort. bot. reg. berol. appendix 5.1853. Typus: Espécie cultivada no HortoBerolinensis, mas sem o registro de localidade.

= Philodendron asperatum (C. Koch)C. Koch in Index sem. hort. bot. reg. berol.appendix 4. 1855.

= Philodendron imperiale Schott inOesterr. bot. Zeitschr. 15: 71. 1865. Typus:�Schott Icones Aroidearum� nº 3620(LECTOTIPO W!) �Provincia BahiensisBrasiliae�.

= Philodendron dolosum Schott inOesterr. bot. Zeitschr. 15: 71. 1865. Typus:�Schott Icones Aroidearum� nº 2676(LECTOTIPO W!) �Brasilia�.

= Philodendron muschlerianum K.Krause in Engler, Das Pflanzenreich 60: 50.1913. Typus: Brasil, Rio Acre, near SãoFrancisco, na floresta, Abril 1911, E. Ule 9226(B, MG, K, G).

Caule verde opaco 4.0-4.5cm diâm.Internós 1.0-3.5cm de compr. no ápice docaule. Raízes adventícias novas vináceas comápice amarelado, tornando-se castanhas,opacas, 0.3-0.4cm diâm. Catafilo persistente,logo apodrecendo e formando massa fibrosacastanho escuro. Profilo creme levementerosado a verde-rosado tornando-seavermelhado em direção a base com estriasverdes no dorso, 26.5-33.0cm compr. e 2.3-10.0cm larg. na base. Pecíolo quando jovemverde e, quando adulto verde, sendo, raramente,vinoso na base e no ápice, presença deverrugas mais claras com pontasesbranquiçadas no ápice, 45.0-60.0cm compr.e 1.3cm diâm., opaco, aplanado na superfíciesuperior e arredondado na inferior. Bainha

foliar verde, raramente verde rosado, emunidade simpodial adulta florida 7.0-8.5cm decompr. Lâmina cartácea, ovado-cordada, lúcidaem ambos os lados, verde discolor sendo maisclara na face inferior. Divisão anterior 36.0-39.2cm compr. e 30.8-31.0cm larg., ápiceobtuso apiculado. Nervura principal verde clarae aplanada na superfície superior e rosada avinácea com estrias claras e proeminentes nasuperfície inferior. Nervuras laterais primáriasimpressas e concolores na superfície superiore salientes e rosadas a vináceas na inferior, 5-7(-9) pares. Nervuras interprimárias poucovisíveis. Divisão posterior 13.0-15.0cm compr.e 29.0-30.0cm larg., nervuras primáriasacroscópicas 1-2 e basioscópicas 3, lobossuperpostos a levemente superpostos, retrorsosa levemente introrsos, Sinus parabólico.Simpódio floral com 1-2 inflorescências.Pedúnculo verde, creme-esverdeado a rosacom estrias brancas, 2.5-3.8cm compr. e 1.2-2.0cm diâm. Espata 19.0-19.5cm de compr.,em antese levemente diferenciada em tubo elâmina, tubo externamente verde a verde-rosado com estrias brancas e internamentecreme, lâmina externamente verde mais claracom estrias brancas e internamente creme compontos brancos, área adnata da espata, (3.5-)4.2-4.8cm compr. Espádice (10.0-)15.0-16.3cm de compr., com estípite de 0.8-1.0cmde compr. Zona masculina fértil creme, 8.0-

Figura 25 - Philodendron ornatum Schott - Hábito

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8.4cm de compr. e 1.1-1.3cm de diâm. Zonamasculina estéril creme, 1.5cm de compr. e1.5cm de diâm. Zona feminina verde, 4.7-6.2cm de compr. e 1.2-1.8cm de diâm.Estames 4-6 por flor, canais de resinaferrugínea na base dos estames, 2.0mm decompr. e 1.5-1.9mm de larg. no ápice.Estaminódios com raros canais de resinaferrugínea na base, 2.3-2.5mm de compr. e 2.2-4.0mm de larg. no ápice. Gineceu: ovário4.0mm de compr. e 1.1mm de larg. no ápice,creme-esverdeado, estigma globoso, lóculos(3-)4(-5), óvulos vários por lóculo, 0.6mm decompr., placentação axilar. Infrutescênciamadura, 9.5cm compr. e 3.0cm diâm. na zonamediana, bagas oblongas estreitando-se paraa base, 5.5-6.0mm de compr. e 3.0mm de larg.no ápice, cremes com várias sementes.

Material Examinado: Rio de Janeiro,Nova Friburgo, Macaé de Cima: SítioSophronites, estrada e picada, 03.11.92,Nadruz et al. 778 (RB, K). Estrada principalque corta a Reserva, entre Hotel São João eSítio João Luís, beirando o Rio Macaé,19.04.94, Nadruz 1015 (RB); Estrada principalda Reserva, logo após o Hotel Fazenda SãoJoão, a beira do Rio Macaé, 10.12.94, Nadruz1087 (RB);

Espécie conhecida pelo nome vulgar de�filodendro�, distribuindo-se pelos estados do

Acre, Amazonas, Pará, Rondônia,Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, EspíritoSanto, São Paulo e Rio de Janeiro nosmunicípios de Itatiaia, Macaé, Magé, NovaFriburgo e Paraty.

Espécie hemiepífita, ocorrendo emfloresta pluvial atlântica baixo-montana, deencosta, matas de restinga e florestaamazônica em locais úmidos e sombreadospodendo chegar a 1100msm.

Koch, em 1853 (ou possivelmente 1854),publica, como espécie nova e somente baseadaem caracteres vegetativos, Zantedeschiaasperata citando que �não havia dúvida sobreesta espécie, que está no Horto Berolinensis eque já havia sido coletada com o nome dePhilodendron asperatum�. Em 1855 (ou

Figura 26 - Philodendron ornatum Schott - Detalhe da

inflorescência

Figura 27 - Philodendron ornatum Schott. (Nadruz1087) - a. Flores masculinas férteis, em vista apical, com4-6 estames; b. Detalhe da flor masculina em vista frontal;c. Detalhe do estame em vista frontal; d. Flores masculinasestéreis em vista apical; e. Detalhe de estaminódios emvista frontal; f. Flores femininas em vista apical; g.Detalhe do gineceu em vista frontal; h. Detalhe do gineceuem corte longitudinal mostrando lóculos com óvulos; i.Detalhe do gineceu em corte transversal mostrando lóculoscom óvulos; j. Detalhe dos óvulos em placentação axilar;l. Bagas em vista frontal; m. Bagas em vista apical.

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possivelmente 1856), publicou a novacombinação Philodendron asperatum, a qualviu vivo e cultivado (�v.v. cult.�), ondedescreveu somente os dados de inflorescênciacolocando em sinonímia Zantedeschiaasperata. (Não se conhece a data exata dapublicação do �Index Seminum horto botanicoregio berolinense� e seus �Appendix�. Autoresanteriores (p.ex. Mayo 1985) propuseram queo mesmo foi publicado até o final do ano ou noinício do ano seguinte àquele impresso na capa.Com isto, o nome P. ornatum Schott temprioridade, sendo seguramente publicado no dia1º de dezembro de 1853. Provavelmente Koch(1855) fez duas descrições da mesma plantamas em épocas diferentes, esperando, talvez,a floração na espécie da qual observou 2 anosapós a primeira citação. Infelizmente o tipodesta espécie foi destruído, sobrando apenasos ícones de Schott (números 2477, 2658 e2659) para Philodendron asperatum quemostra, sem dúvida nenhuma, ser a mesmaespécie de Philodendron ornatum.

Schott, em 1865, publica Philodendronimperiale e Philodendron dolosum , eobserva que em Philodendron dolosum, asdiferenças em relação a P. ornatum seriam�as lâminas mais produzidas, as nervuraslaterais secundárias obsoletas, nervuras lateraisprimárias esverdeadas no dorso, não brancoamareladas, e tubo da espata colorido e ocúspide mais curto�, características estas nãosuficientes para a manutenção desta espécie.Em Philodendron imperiale, ele cita máculasirregulares esverdeadas esparsas na facesuperior da lâmina como única diferença emrelação a P. ornatum, sendo que não é forte obastante para manutenção da espécie. Comas descrições originais juntamente com asestampas (Peyritsch, 1879) e os ícones deSchott (Schott, 1984), conclui-se que ambasas espécies possuem caracteres semelhantesa Philodendron ornatum sendo, portanto,sinônimos deste.

Na citação das obras princeps em P.imperiale e P. dolosum foi acrescentada aobra de Peyritsch (1879) já que as descrições

foram feitas por Schott e as estampasrealizadas sob sua orientação, apesar dademora na conclusão destas, 14 anos depoisda publicação, por Schott (1865), das espéciescitadas. Portanto considera-se quase que umacomplementação da descrição original (Schott1865), além de apresentar com mais detalhesa localidade de coleta permitindo uma melhorinterpretação do material typus. Os tipos deP. imperiale e P. dolosum foram destruídos(Mayo, com. pess.) restando apenas os íconesde Schott nº 3618-3627A e 2448-2450, 2675-2677 respectivamente, sendo assim os Ícones3620 para P. imperiale e 2449 para P.dolosum foram escolhidos para os respectivosLectotypus porque apresentam caracteresmarcantes que são as verrugas ao longo dopecíolo e pelos grandes catafilosmembranáceos persistentes em massa fibrosa,sem com isso desprezar o conjunto total dosícones que contém, também, importantescaracteres diagnósticos.

Mayo (1986a), na Flora de Trinidad eTobago, cita P. rubens como mais um sinônimode P. ornatum, entretanto Croat (1986) duvidadesta colocação, já que não observou oscatafilos persistentes (que em adição aospecíolos verrucosos é o caráter mais distintode P. ornatum) nem a forma mais estreitadada porção pistilar em relação a estaminodial(Schott, 1856) nos ícones de Schott (nº 2723 e2733). Sendo assim, seria melhor nãoconsiderar P. rubens como sinônimo de P.ornatum.

Outra espécie muito próxima a P.ornatum é P. muschlerianum, do Acre, citadapor Krause (1913). Segundo sua citaçãooriginal: �Foliorum petiolus supra latiusculecanaliculatus... praesertim apicem versusverruculis minutis densiusculis asperatus; floresmasculi plerumque 3-4-andri� juntamente como fototypus de nº 12246 (F!), constata-se queesta espécie está bem de acordo com P.ornatum, considerando-se, portanto, mais umsinônimo para esta.

Espécie caracterizada pelos pecíolosverrucosos apicalmente e pelos grandes

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catafilos membranáceos persistentes emmassa fibrosa.

Philodendron ornatum foi cultivado noPalácio de Schoenbrunn, Viena eprovavelmente originalmente coletado no Brasilpor Schott. Não existe material em herbário jáque a coleção de Schott, depositada no herbáriodo Museu de Viena, foi destruída durante aSegunda Grande Guerra. Em vista disso, oprotólogo consta da descrição original junto comos ícones de Schott de número 2453, 2454,2713, 2714 e 2715. Para simplificar a tipificaçãodo nome Philodendron ornatum, optou-se porescolher um destes ícones para servir comolectotypus, visto que o material herborizadonão existe mais. Assim sendo escolheu-se oícone de número 2714 como lectotypus, poreste apresentar importantes caracteres daespata, do espádice e das flores. É necessário,porém, deixar claro que o entendimento precisoda espécie deve ser fundamentado no conjuntototal dos ícones desta espécie, desde que afolha e até o próprio hábito contenham,também, importantes caracteres diagnósticos,como na maioria das espécies deste gênero.

De acordo com os critérios deconservação da natureza a espécie éconsiderada protegida por encontrar-se bemprotegida em unidade de conservação e commuita ocorrência comprovada por coleções deherbário (Carauta, 1989).

5.4.9. Philodendron propinquumSchott, Synopsis Aroidearum: 78. 1856; Icon.Aroid. t. I-V. 1857a; Prodr. Syst. Aroid. 2261860; Engler in Martius, Flora Brasiliensis III.2 :133, 147. 1878; Krause in Engler DasPflanzenreich 60 (IV. 23. Db): 60. 1913. Typus:Brazil, Rio de Janeiro, Tijuca, nov. 1836,Gardner s.n. (K �sheet 1�, lectotypus,escolhido por Grayum, no prelo); Figs.: 28 e29.

= Monstera cuspidata Gardner in Hook.Lond. Journ. Bot. I :540. 1842. Typus: Brazil.Rio de Janeiro, �on trees woods Gavea,� Nov1836, Gardner s.n. (BM).

= Philodendron ambiguum Schott,

Prod. Syst. Aroid. 227. 1860. Typus: Brasil(�Brasilia�) �Caladium, in arborib.�, Riedel s.n.(holotypus LE, representado pela pranchaÍcone Schott Aroideae, catalogada pelo número6018 na edição microfichas - Schott 1984).

Ramos flageliformes longos. Caulecilindrico raramente levemente aplanado,0.6-0.8cm diâm., de verde, verde escuro,castanho esverdeado a cor de palha, de opaco,levemente lúcido a, raramente, lúcido. Internósem plantas jovens 1.9-13.0cm compr., emplantas adultas (0.6-)5.5-7.0(-11.0)cm compr.,claros quando novos. Raízes adventícias novasde verde-amareladas a amarelas com o ápicerosado a vermelho, tornando-se castanho como tempo, 1.0mm diâm. Profilo membranáceo,verde claro com estrias verde escuras, caduco,4.5-8.5cm de compr. e 1.1-2.1cm de larg. nabase. Catafilo verde claro a verde com estriasmais escuras, com a face superior da bainha

Figura 28 - Philodendron propinquum Schott � Hábito

mais lúcida. Pecíolo 6.0-9.5cm compr. e adulto5.7-23.5cm compr. e 0.2-0.3 cm diâm. noápice, de aplanado na face superior earredondado na inferior a aplanado em ambasas superfícies, verde quando jovem com estriasde concolores a mais escuras na face superior,e mais escuras na face inferior. Bainha verdeconcolor com o pecíolo, lúcida a levementelúcida na face superior e opaca na face inferior,5.6-22.5cm compr. e 1.0-1.9 cm larg., distânciaaté 1.0cm da lâmina, podendo se prolongar atéa inserção com a lâmina, levemente fechadana base do pecíolo e aberta e expandida até a

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base da lâmina, presença de lígula que podeultrapassar a base da lâmina, face inferiordistintamente estriada com linhas verdesescuras e mais claro sobre o eixo central.Lâmina foliar membranácea a levementecartácea, jovem estreitamente lanceolada elongamente acuminada, 10.5-14.0cm compr. e2.5-3.5cm larg., adulta lanceolada, oblongo-lanceolada a oblongo-elíptica, (10.0-)14.5-17.5(-25.5)cm compr. e 4.2-7.3(10.5)cm larg.,verde com a face inferior mais clara, baselevemente cordada a arredondada, acuminada,lúcida na face superior e opaca na inferior,lúcida em ambas as faces a raramente opacaem ambas as faces. Nervura central impressana face superior e saliente na inferior,levemente mais clara a concolor na facesuperior e mais clara a levemente mais clarana superior. Nervuras laterais primárias 6-9pares, levemente impressas na face superiore levemente salientes na inferior, levementemais clara a concolor na superfície superior emais clara a levemente mais clara na inferiorem relação a lâmina. Simpódio floral com umaúnica inflorescência. Pedúnculo verde comestrias mais escuras, 2.0-4.0cm compr. e 0.7cm larg. Espata 8.0-16.5cm compr. e 1.3cmlarg. na região mediana, cilíndrica, cuspidada,com leve diferenciação entre tubo e lâmina,externamente verde quando fechada e quandoaberta de alba a creme esverdeada com muitasestrias verde escuras na base e uma linhadorsal verde escuro saindo da base até a regiãomediana, internamente creme com canais deresina amarelados, decorrência de 1.2-2.3cmcompr. Espádice 6.5-9.2cm compr., presençade estípite de 1.0cm compr., zona apicalraramente com 3 estames parcialmenteestéreis, zona masculina fértil creme, sem apresença de resina ferrugínea, 3.5-5.0cm decompr. e 0.5-1.1cm diâm., zona masculinaestéril creme esbranquiçado, 0.5-1.0cm compr.e 1.1-1.3cm diâm., zona feminina esverdeada,2.5-3.4cm compr. e 1.0-1.1cm diâm. Estames2(-3) por flor, 1.5-2.0mm altura e 1.0-1.5mmlarg. no ápice. Estaminódios cremes, 2.0-2.3mm altura e 0.9-2.0 mm larg. no ápice,

afilando-se para a base. Gineceu com cercade 2.0-3.9 mm altura e 1.0-1.9 mm larg. noápice, ovário esverdeado oblongo a oblongo-obovado, verde claro, lóculos 3-4, óvulos váriospor lóculo, placentação axilar, estigma globosode verde claro a castanho. Infrutescênciamadura com bagas verde amareladas,amarelas a laranjas, 5.5-7.5cm compr. e 2.5cmdiâm. na região mediana, bagas 7.0-8.0mm decompr. e 2.0-3.0mm de larg. no ápice, comvárias sementes, estigma persistente, sementesoblongas a oblongo-lanceoladas, 1.0mm decompr. e 0.4-0.5mm de larg. na regiãomediana. Algumas sementes foram observadasgalhadas.

Figura 29 - Philodendron propinquum Schott. (Nadruz1075, 1068, 1012) - a. Flores masculinas férteis, em vistaapical, com 4 estames; b. Detalhe do estame em vistafrontal; c. Flores masculinas férteis em vista lateral; d.Detalhe do estame em vista lateral; e. Flores masculinasestéreis em vista apical; f. Detalhe dos estaminódios emvista lateral; g. Flores femininas em vista apical; h.Detalhe do gineceu em vista frontal; i. Detalhe do gineceuem corte longitudinal mostrando lóculos com óvulos; j.Detalhe do gineceu em corte transversal mostrando lóculoscom óvulos; l. Detalhe dos óvulos em placentação axilar;m. Bagas em vista frontal; n. Bagas em vista apical; o.Detalhe da semente.

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Material Examinado: Rio de Janeiro,Nova Friburgo, Macaé de Cima: SítioSophronites, 26.07.88, Nadruz et al. 392 (RB);Sítio Sophronites, 22.11.88, Nadruz et al. 416(RB); Sítio Sophronites, área do projeto mataatlântica, 07.03.89, Nadruz et al. 484 (RB);Idem, área da parcela, 23.03.92, Nadruz etal. 739 (RB); Sítio Bacchus, Estrada do HotelFazenda São João, 02.11.92, Nadruz et al. 756(RB, K); Sítio Sophronites, mata atlântica deencosta, ±1300msm, 22.03.94, Nadruz et al.995 (RB); Estrada de Santa Fé, 19.04.94,Nadruz 1010 (RB); Estrada principal que cortaa Reserva, entre Hotel São João e Sítio do JoãoLuís, 19.04.94, Nadruz 1012 (RB); Idem,Idem, 19.04.94, Nadruz 1016 (RB); Estradaentre o hotel São João e o Sítio Fazenda Velha,na beira do Rio Macaé, 980msm, 29.09.94,Nadruz 1068 (RB); Estrada principal do SítioBacchus, 10.11.94, Nadruz 1075 (RB);Fazenda Ouro Verde, mata secundária,25.06.93, Vieira s/n (RB); Friburgo, 20.11.22,Kuhlmann s/n° (RB).

Philodendron propinquum distribui-sepelos estados do Minas Gerais, Espírito Santo,Paraná e Rio de Janeiro nos municípios deCachoeiras de Macacu, Itatiaia, Magé, NovaFriburgo, Nova Iguaçu, Petrópolis, Rio Bonito,Rio de Janeiro, Teresópolis.

Espécie hemiepífita ocorrente na florestapluvial atlântica de encosta e baixo montanaem locais úmidos e sombrios.

Pertencente ao subgênero Pteromischume muito próxima de P. ochrostemon, P.sonderianum e P. obliquiifolium A suacaracterística principal é a bainha expandida etotalmente aberta, P. ochrostemon difere pelabainha fechada, P. sonderianum pela formada folha oblongo-obovada e pelos óvulosdispostos em 4 séries, em P. propinquumdispostos em duas séries de acordo com Engler(1878) e Krause (1913) e P. obliquifolium pelonúmero maior de pares de nervuras lateraisprimárias (de 11-18).

A folha pode apresentar uma pequenavariação na forma da lâmina que vai deoblongo-lanceolada a oblonga ou oblongo-

ovada, o mesmo acontecendo com o tamanhodo cúspide.

Schott ao descrever P. propinquumignora sua característica mais marcante que éa bainha alada, mas ao citá-la mais tarde noProdromus (Schott 1860), menciona �vaginalatiuscula... explanata�. Essa característicatambém é notada nos Ícones de Schott números2415-2419.

Até então, P. ambiguum Schott vinhasendo tratada como uma espécie distinta dentrodo subgênero Pteromischum. Através deestudos de comparação, tanto da bibliografia(Schott 1856, 1860; Engler 1878 e Krause1913) quanto dos ícones de Schott números3588, 3589, 3590 (P. ambiguum) e material deherbário, concluiu-se que as diferenças, comoforma foliar e comprimento do estípite, não sãosuficientes para distinguir as duas espécies.Conforme mostra a descrição acima, a lâminada folha pode sofrer uma variação consideráveldentro do mesmo indivíduo. O mesmo acontececom o tamanho do estípite no espádice e essavariação é comum em várias espécies dogênero. Assim sendo optou-se pelasinonimização.

Em seu recente trabalho, Grayum (1996)notou a existência de dois materiais de Gardnerno herbário K, possuindo o número 227,etiquetados como �sheet 1� e �sheet 2� mascom datas e localidades diferentes. Os mesmosforam combinados na composição da ilustraçãodo ícone da espécie (Schott, 1984: 47 d7). Aescolha do material denominado �sheet 1�,para lectotipificação, deveu-se aos dados maiscompletos na etiqueta original e também dasanotações de Schott.

De acordo com os critérios deconservação da natureza a espécie éconsiderada protegida por encontrar-se bemprotegida em unidade de conservação e commuita ocorrência comprovada por coleções deherbário.

5.4.10 - Philodendron roseopetiolatumNadruz & Mayo, Bolm. Botânica Univ. SãoPaulo 17: 55. 1998. Typus: Brasil, Rio de

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Janeiro, Nova Friburgo, Macaé de Cima,Estrada entre Hotel São João e o Sítio FazendaVelha, na beira do Rio Macaé, 980m, Nadruz1063 et al., 26.IX.94 (Holotypus RB); Figs.30, 31 e 32.

Caule cilíndrico, 1.7-2.7(-5.0)cm diâm.,opaco, verde arroxeado, tornando-se verde-acastanhado a castanho claro. Internós 2.5-5.0cm compr. Raízes adventíciasavermelhadas quando novas, tornando-secastanhas, 0.2(-0.7)cm diâm. Escamasintravaginais castanhas, triangulares, 0.15cmcompr., 0.1-0.2cm larg. na base. Profilocaduco, verde a creme-esverdeado com estriasverdes mais escuras a avermelhadas, 13.5-15.0cm compr., 1.3cm larg. na base. Pecíolo29.5-33.9(-57.0)cm compr., 0.5-0.9(-1.6)cmdiâm., subroliço a aplanado na face adaxial earredondado na face abaxial, rosado a roxo-avermelhado na porção apical, com estriasverde escuras, levemente mais claras aavermelhadas no ápice. Bainha em unidadesimpodial adulta em flor 3.0-6.5(-9.0)cmcompr., verde, fechada. Lâmina sagitada, 26.0-34.0cm compr., 17.5-21.0cm larg., cartácea,verde lúcida, clara, com linhas glandulares maisescuras na face abaxial, margem inteira,rosada a levemente avermelhada. Divisão

Figura 30 - Philodendron roseopetiolatum Nadruz &Mayo - Hábito

anterior 20.0-26.0cm compr., 18.5-21.0cm larg.,ápice agudo, cuspidado. Nervura central poucomais clara que a lâmina, impressa na faceadaxial, concolor a levemente discolor, rosadaa verde, saliente na face abaxial. Nervuraslaterais primárias 4 pares, levemente discolorese impressas na face adaxial, concolores alevemente discolores e salientes na faceabaxial. Nervuras laterais interprimáriasevidentes. Divisão posterior com lobos nãosuperpostos, retrorsos, 11.5-12.5cm compr.,19.0-23.5cm larg., denudação no ladobasioscópico de 1.0-1.5cm compr., nervurasprimárias acroscópica 1 e basioscópicas 1-2.Sinus parabólico oblongo. Simpódio floral comaté 4 inflorescências. Pedúnculo verde a verdeclaro, vinoso no ápice, com estrias mais clarastornando-se avermelhadas na junção com aespata, 3.5-5.0 (-7.0)cm compr., 0.8-1.0cmdiâm. Espata 15.0-19.5cm compr., 0.9-1.1cmlarg. na região mediana, com leveestrangulamento mediano, com nuança vináceoe estrias mais claras no tubo e alvo a levementerosado na lâmina ou com nuanças irregularesvermelhos arroxeados no dorso formando anelvinoso na base externamente, carmim no tuboe branco na lâmina internamente. Espádicecilíndrico, séssil, (12.5-)14.0-19.0cm compr.,zona estaminada estéril apical creme

Figura 31 - Philodendron roseopetiolatum Nadruz &Mayo - Detalhe da inflorescência

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amarelada (1.0-)3.3-5.0cm compr., 0.6-0.7cmdiâm., zona estaminada fértil creme-esbranquiçada, com canais de resina abaixodos estames, 3.7-5.2cm compr., 0.8(-1.3)cmdiâm., zona estaminada estéril basal branca,1.0-1.2(-1.4)cm compr., 1.1-1.2(-1.5)cm diâm.,zona pistilada verde 4.9-5.2(-7.0)cm compr.,1.0-1.1(-1.6)cm diâm., área da zona pistiladaadnata com a espata 2.5-3.3cm compr.Estames 3-4(-6) por flor, 1.5mm altura, 0.9-1.5mm larg. na região apical. Estaminódiosbasais 1.8-4.0mm compr., 1.0-3.7mm larg. naregião apical; apicais 1.8-1.9mm compr., 1.0-2.5mm larg. na região apical. Gineceu 2.5mmcompr., 1.5-2.0mm larg. na região mediana,lóculos 7-9, óvulos 3-4 por lóculo, saindo domesmo ponto próximo a base do septo, 0.6mmcompr., com tricomas nos funículos. Frutospouco maduros de cor verde. Infrutescência5.5-6.3cm compr., 2.0-2.3cm diâm., sementesbrancas, oblongas 0.4cm compr.

Material examinado: Brasil, Rio deJaneiro, Nova Friburgo, Distrito de Macaé deCima: Sitio Sophronites, área do Projeto MataAtlântica, 07.III.89, Nadruz 482 et al (RB);idem, Nadruz 486 et al. (RB); SitioSophronites, 26.II.92, Nadruz 738 et al. (RB);Estrada que leva até a entrada do SitioSophronites, 03.XI.92, Nadruz et al. 774 (RB,K). Estrada principal que corta a Reserva, entreHotel Fazenda São João e sítio do João Luís,beirando o Rio Macaé, 19.IV.94, Nadruz 1019(RB)

Philodendron roseopetiolatum foi, atéo momento, coletado apenas no Município deNova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro.Espécie hemiepífita da floresta atlântica pluvialde encosta, em locais bastante sombreados eúmidos, podendo chegar a 1100m.

Espécie próxima de P. appendiculatum,sendo perfeitamente diferenciada pelo pecíolorosado, em direção ao ápice, pela coloraçãointerna carmim do tubo da espata e ausênciado estrangulamento acentuado mediano entrea espata e o espádice.

O epíteto específico refere-se a um dosaspectos mais marcantes desta espécie, ou seja,

os pecíolos rosados. De acordo com oscritérios de IUCN, a espécie é consideradaprotegida por encontrar-se em unidade deconservação e de ocorrência freqüentecomprovada pelas coleções de herbário.Conclusões

Os estudos que vem sendo realizados naReserva Ecológica de Macaé de Cima, desde1986, registra, até o momento, a ocorrência de10 espécies do gênero Philodendron para aárea. Esse levantamento é um estudopreliminar, já que se pretende realizar uminventário da família na Reserva.

Uma das espécies registradas, para aReserva Ecológica de Macaé de Cima,baseada numa coleção de Glaziou (Krause,

Figura 32 - Philodendron roseopetiolatum Nadruz &Mayo (Nadruz 1009, 774, 738, 482) - a. Floresmasculinas férteis, em vista apical, com 3-5 estames; b.Detalhe do estame em vista frontal; c. Detalhe da flormasculina com 4-5 estames; d. Flor masculina estéril apicalem vista apical; e. Detalhe de estaminódios apicais emvista frontal; f. Flor masculina estéril basal em vista apical;g. Detalhe de estaminódios basais em vista frontal; h.Detalhe do gineceu em vista frontal; i. Flores femininasem vista apical; j. Detalhe do gineceu em cortelongitudinal mostrando lóculos com óvulos; l. Detalhedo gineceu em corte transversal mostrando lóculos comóvulos; m. Detalhe dos óvulos.

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1913), foi Philodendron crassinervium Lindl.Espécie freqüente em restinga e mataspróximas ao mar, não foi encontrada apósvárias visitas à área da Reserva, onde conclui-se que o exemplar não ocorre em áreasserranas, sendo errônea a informação de suaocorrência na área citada.

O gênero Philodendron é representadona área por 2 subgêneros: subgêneroPhilodendron onde enquadra-se P. edmundoina seção Baursia , as espécies P.appendiculatum, P. altomacaense, P. fragile,P. hatschbachii, P. eximium e P.roseopetiolatum na seção Calostigma e P.ornatum na seção Philodendron e subgêneroPteromischum com as espécies P.ochrostemon e P. propinquum. Pode-seesclarecer a identificação correta com relaçãoas espécies do subgênero Pteromischum, istoé, as espécies P. ochrostemon e P.propinquum , erroneamente denominadascomo P. sonderianum e P. ochrostemonrespectivamente, e a sinonimização deP. ochrostemon com P. ambiguum éapresentada.

As espécies P. appendiculatum, P.altomacaense, P. fragile, P. hatschbachii eP. roseopetiolatum foram consideradas novaspara a ciência e P. edmundoi teve sua segundacoleta após o tipo, constatando-se uma novaocorrência no estado.

Com relação a distribuição geográfica dasespécies, observou-se que P. altomacaense,P. fragile e P. roseopetiolatum são endêmicasà área da Reserva Ecológica de Macaé deCima, P. edmundoi e P. hatschbachiiocorrem somente nos estados do Espírito Santoe Rio de Janeiro e P. eximium além dos estadosdo Rio de Janeiro e São Paulo, também foiencontrado em Pernambuco (matas de brejo)mostrando a importância do estudo da biologiada dispersão das Aráceas sul-brasileiras parao conhecimento da dispersão de sementesdessas espécies através de barreiras devegetação ou de clima (Mayo, 1984). P.appendiculatum é encontrada nos estados dosudeste, Paraná e Santa Catarina. P.

ochrostemon distribui-se pelos estados deRoraima, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio deJaneiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.P. propinquum e P. ornatum apresentamdistribuição mais ampla, desde Pernambucoaté Santa Catarina, estendendo-se até o Acre,Amazonas, Roraima, Pará e Mato Grosso.Todas as espécies de Macaé de Cima sãopredominantes em mata de encosta.

As 10 espécies estudadas possuem ohábito hemi-epífito secundário, ou seja, iniciamsuas vidas na terra, trepando, em seguida, nasárvores onde, quando em estágio adulto,perdem a ligação com o solo (Putz & Holbrook1986, Kress 1986). Pouco se sabe sobre opadrão de crescimento hemi-epífito secundáriosendo necessário maiores observações decampo para a confirmação do desenvolvimentodestas espécies (Putz & Holbrook 1986). Aúnica exceção foi P. altomacaense queapresentou-se, também, como terrestre.

Foram utilizados, para a separação eidentificação das espécies, caracteresvegetativos como forma de lâmina foliar (muitovariável no gênero Philodendron), forma eornamentação do pecíolo, e caracteresreprodutivos tais como número deinflorescências por simpódio floral (podendochegar até 5), coloração e grau de constriçãoda espata, número de lóculos e óvulos no ovárioe a presença ou ausência de tricomas nofunículo dos óvulos. A coloração dos frutosmaduros certamente contribuiria para aseparação das espécies mas, infelizmente,somente nas espécies P. propinquum,P. ochrostemon e P. altomacaense foramobservados. No caso dos frutos deP. ochrostemon encontravam-se disformes, decoloração branca e de consistência maciça noseu interior, devido a desova realizada,provavelmente, por vespas dentro do ováriona fase receptiva do estigma, provocando aformação de galhas (Mayo, 1986b).

Segundo Mayo (1989) a presença detricomas no funículo dos óvulos é um carátercomum no gineceu das Aráceas, mas atravésde observações feitas com as espécies em

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estudo foram notados a ocorrência dessespêlos somente em três espécies (P.altomacaense, P. eximium e P. fragile) dentreas dez. Sugere-se um estudo detalhado paradeterminar, com mais exatidão, o ocorrênciados tricomas na família.

Tendo em vista que a última revisão geraldo gênero Philodendron foi realizada porKrause em 1913, são grandes os problemasna sistemática de suas espécies, tornando-senecessária a consulta de material tipos emforma de estampas ou obras princeps, já quemuitos espécimes tipos em herbários europeusforam destruídos durante a segunda guerramundial.

Em relação as espécies consideradasendêmicas esta colocação deve serconsiderada provisória. Até o momento poucascoletas foram efetuadas para o grupo, sendoassim imprescindível a continuação do trabalhode campo nas áreas e municípios adjacentespara se certificar da distribuição das mesmase sua classificação na categoria de �emperigo� pelos critérios da IUCN.

Como a grande maioria das espécies dogênero Philodendron são de áreassombreadas e úmidas, não suportando viverem locais secos ou degradados e sua grandediversificação dá-se na floresta pluvial tropical,a conservação destas áreas é imprescindívelpara a preservação dessas espécies.

Das cinco espécies novas descritas paraa área, quatro - P. altomacaense,P. roseopetiolatum, P. appendiculatum, P.hatschbachii são consideradas freqüentes porserem encontradas em vários pontos decoletas. P. fragile, porém, é muito poucofreqüente sendo encontrada somente em doispontos de coleta. P. edmundoi foi registradapela segunda vez no estado após suapublicação. Isso mostra quanto é insuficienteo conhecimento sobre as espécies de Araceaena Mata Atlântica.

Todas as espécies ocorrentes na Reservaforam consideradas potencialmenteornamentais, como a grande maioria dasespécies da família Araceae, tendo em vista

seus portes e suas folhas vistosas semmencionar suas inflorescências tãocaracterísticas.

AGRADECIMENTOSÀ Prof.a Dr.a Graziela Maciel Barroso

pela orientação e incentivo nos trabalhos coma família Araceae; ao Prof. Dr. Simon J. Mayopela valiosa coorientação e amizade ao longodas pesquisas com o grupo; aos amigos Dra.Denise P. da Costa, Prof. Bruno C. Kurtz,Profa Angela S. da F. Vaz, Profa Andrea Kurtz,Prof. Dr. Jorge Fontella Pereira, Dra. NildaMarquete, Dra. Maria da Conceição Valentee Profa Marli Pires M. de Lima pelas valiosascríticas e sugestões dadas; às Dras. CássiaSakuragui (Universidade Estadual de Maringá),Profa Flávia C. Ramalho (Universidade FederalRural de Pernambuco) e Profa Dra. ReginaHelena Potsch pela amizade, incentivo esugestões em todos os momentos; ao Prof.Eduardo Dalcin, Profa Adriana Schnoor e todaa equipe do CISMA/NCC (Jardim Botânicodo Rio de Janeiro) pela ajuda na organizaçãodos dados em computador; aos amigos Davide Isabel Miller pela amizade e apoio nasexcursões à Reserva Ecológica de Macaé deCima; à Coordenação do Programa MataAtlântica (IBAMA/SHELL) pelo apoio narealização das excursões; à ilustradora MariaTeresa Reif pelas maravilhosas estampas emaquarela e nanquim; ao Prof. Dr. Jorge PedroPereira Carauta pela ajuda na organizaçãonomenclatural de algumas espécies; aoscoletores Jorge Caruso e Luiz Cláudio S. Silvapela ajuda na coleta dos materiais; aoscuradores dos herbários nacionais eestrangeiros e suas equipes no prontoatendimento no envio dos materiais botânicossolicitados; às bibliotecas do Jardim Botânicodo Rio de Janeiro, Museu Nacional do Rio deJaneiro e do Royal Botanic Gardens, Kew pelocarinho e atenção dos seus funcionários noempréstimo e envio das bibliografias tãonecessárias a realização deste trabalho; aoscolegas da turma de mestrado que sempreestiveram prontos para apoiar e incentivar; ao

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Philodendron Schott (Araceae): morfologia e taxonomia das espécies da Reserva Ecológica deMacaé de Cima - Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil

CNPq e FAPERJ pelo apoio financeiro; àFundação Botânica Margaret Mee pela bolsaconcedida para os trabalhos realizados noRoyal Botanic Gardens, Kew; à Coordenaçãode Pós-Graduação em Botânica do MuseuNacional pelo pronto atendimento àsnecessidades que, porventura, aparecerampara a realização da dissertação.

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