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SUPLEMENTO DO AÇORIANO ORIENTAL MARÇO DE 2012 n 06 COORDENAÇÃO: GRAÇA BORGES DE SOUSA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE COORDENAÇÃO: GRAÇA BORGES DE SOUSA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE Numa coletânea de ensaios recente (1), Aguiar e Sil- va recorda-nos que a linguagem verbal é o mais poten- te, complexo e refinado sistema semiótico de que o ho- mem dispõe. Por ela, é afirmado n’O Livro do Génesis, o mundo foi criado. Através dela, o Homem diz o mundo e diz-se a si próprio. Produz arrazoados, exprime emoções, inventa mundos; pa- cifica e guerreia; desumaniza-se e eleva-se até Deus. De natureza universal, é também veículo de afirmação da singularidade. Minha pátria é a língua portuguesa, diz Bernardo Soares/Fernando Pessoa, assim verberan- do quem, desrespeitando a ortografia, a sintaxe e a se- mântica, atentava contra o Ser da pátria. É medida do Homem. Escraviza. É poder. A escola tem, pois, de se afirmar como espaço privilegia- do do estudo das Humanidades, das disciplinas que, re- levando as conquistas do Homem enquanto animal que domina o verbo, são a memória de que depende o futuro. Urge, então, criar condições para que os alunos, desini- bidamente, optem pelos cursos de Humanidades e não o façam porque reféns de uma linguagem que não domi- nam: a da Matemática. Urge perceber que o sucesso da Matemática não passa apenas por aumentar a carga horária dessa disciplina, mas também por dar tempo ao estudo da língua. Que um saber humanista e fecundo/Seja a meta por nós alcançada continue a ser o lema da ESLaranjeiras. É preciso humanizar o ensino! Editorial (Des)humanidades Insustentáveis Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo (WITTGENSTEIN) Maria do Carmo Vieira A minha pátria é a língua portuguesa Estreitando laços identitários Escola e Literacia O Plano Anual de Leitura: objetivos e práticas página Escola e Saúde . as Jornadas da Adolescência O que nos faz felizes página Escola e Sociedade Aprender Inglês num mundo global: All we need to fit in página A escola assinalou o Dia Internacional da Língua Materna com a reflexão de Maria do Carmo Vieira sobre o ensino do Português. A sua voz inconformista ecoou no co- ração de quem não confunde docência com facilitismo. Resistir às mudanças impostas em nome das modernas pe- dagogias foi a palavra de ordem. Do professor, espera-se competência científica e pedagógica, seriedade pro- fissional, logo que não nivele por bai- xo. A escola é o lugar onde as assime- trias sociais devem ser dirimidas. Ati- tudes paternalistas são, consequente- mente, iníquas. Do aluno, espera-se esforço, para que cresça intelectual e afetivamente. Na aula de Português, o texto literá- rio, manifestação por excelência das potencialidades da língua, deve, então, ocupar um lugar primacial. Cabe ao professor provocar nos alunos o en- canto sentido por Pessoa ao ler uma pá- gina de Padre António Vieira, o impe- rador da língua Portuguesa. Emulando Pessoa, para quem a língua era factor de identidade cultural (A mi- nha Pátria é a língua portuguesa), os alunos devem amar a sua língua. Afinal, como ensinar Português? A de- fensora das palavras da tribo, recor- rendo à música do filme Missão, dei- xou uma sugestão, assente na correla- ção entre linguagens. Missão impossível? Longe disso. Ninguém pode ficar indiferente ao poder da Literatura Ouvir falar Maria do Carmo Vieira foi uma experiência deveras gratificante, pois a sua emoção, ao falar do papel da literatu- ra e da Arte na for- mação dos jovens, contagiou-nos a todos. Ninguém ficou in- diferente. Defensora da interação permanente entre o professor e o aluno, a palestrante lançou- nos questões, desafiou o nosso poder de in- terpretação e, sobretudo, aguçou a nossa sensibilidade. NOME: Rui Paiva TURMA: 1.º B Maria do Carmo Vieira: uma voz que nos leva à reflexão Maria do Carmo Viei- ra denunciou, de uma forma corajosa e ex- pressiva, alguns dos males do nosso siste- ma educativo: a su- bestimação da litera- tura, o esvaziamento dos autores clássicos dos programas, a resi- gnação e a obediência que impera entre os professores. Defendeu, sobretudo, que a escola deve re- centrar a sua missão no ensinar. Cabe ao professor exigir conhecimento, rigor e espí- rito crítico. NOME: Margarida Gomes PROFESSORA DE FILOSOFIA Valorizemos a língua portuguesa, que é, afinal, a nossa pátria A língua portuguesa é essencial à nossa vida: define-nos como portugueses; ensina-nos a pensar. Devemos amá-la e dominá-la. A nossa li- teratura, porque pa- trimónio cultural, tem de ser afetivamente lida. Banir dos programas de Português au- tores como Antero de Quental é motivo de indignação, especialmente para os açoria- nos, cuja alma é aviltada. Foi um privilégio ouvir M.ª do Carmo Vieira refletir sobre o ensino da língua materna. NOME: Mariana Teves TURMA: 1.º B

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MARÇO DE 2012

n 06

COORDENAÇÃO: GRAÇA BORGES DE SOUSA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE

COORDENAÇÃO: GRAÇA BORGES DE SOUSA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE

Numa coletânea de ensaios recente (1), Aguiar e Sil-va recorda-nos que a linguagem verbal é o mais poten-te, complexo e refinado sistema semiótico de que o ho-mem dispõe. Por ela, é afirmado n’O Livro do Génesis, o mundo foi criado. Através dela, o Homem diz o mundo e diz-se a si próprio. Produz arrazoados, exprime emoções, inventa mundos; pa-cifica e guerreia; desumaniza-se e eleva-se até Deus. De natureza universal, é também veículo de afirmação da singularidade. Minha pátria é a língua portuguesa, diz Bernardo Soares/Fernando Pessoa, assim verberan-do quem, desrespeitando a ortografia, a sintaxe e a se-mântica, atentava contra o Ser da pátria. É medida do Homem. Escraviza. É poder. A escola tem, pois, de se afirmar como espaço privilegia-do do estudo das Humanidades, das disciplinas que, re-levando as conquistas do Homem enquanto animal que domina o verbo, são a memória de que depende o futuro. Urge, então, criar condições para que os alunos, desini-bidamente, optem pelos cursos de Humanidades e não o façam porque reféns de uma linguagem que não domi-nam: a da Matemática. Urge perceber que o sucesso da Matemática não passa apenas por aumentar a carga horária dessa disciplina, mas também por dar tempo ao estudo da língua. Que um saber humanista e fecundo/Seja a meta por nós alcançada continue a ser o lema da ESLaranjeiras. É preciso humanizar o ensino!

Editorial (Des)humanidades Insustentáveis

Os limites da minha linguagem significam

os limites do meu mundo (WITTGENSTEIN)

Maria do Carmo Vieira A minha pátria é a língua portuguesa

Estreitando laços identitários

Escola e Literacia O Plano Anual de Leitura: objetivos e práticas

página

Escola e Saúde .as Jornadas da Adolescência O que nos faz felizes

página

Escola e Sociedade Aprender Inglês num mundo global: All we need to fit in

página

A escola assinalou o Dia Internacional da Língua Materna com a reflexão de Maria do Carmo Vieira sobre o ensino do Português. A sua voz inconformista ecoou no co-ração de quem não confunde docência com facilitismo. Resistir às mudanças impostas em nome das modernas pe-dagogias foi a palavra de ordem. Do professor, espera-se competência científica e pedagógica, seriedade pro-fissional, logo que não nivele por bai-

xo. A escola é o lugar onde as assime-trias sociais devem ser dirimidas. Ati-tudes paternalistas são, consequente-mente, iníquas. Do aluno, espera-se esforço, para que cresça intelectual e afetivamente. Na aula de Português, o texto literá-rio, manifestação por excelência das potencialidades da língua, deve, então, ocupar um lugar primacial. Cabe ao professor provocar nos alunos o en-canto sentido por Pessoa ao ler uma pá-

gina de Padre António Vieira, o impe-rador da língua Portuguesa. Emulando Pessoa, para quem a língua era factor de identidade cultural (A mi-nha Pátria é a língua portuguesa), os alunos devem amar a sua língua. Afinal, como ensinar Português? A de-fensora das palavras da tribo, recor-rendo à música do filme Missão, dei-xou uma sugestão, assente na correla-ção entre linguagens. Missão impossível? Longe disso.

Ninguém pode ficar indiferente ao poder da Literatura

Ouvir falar Maria do Carmo Vieira foi uma experiência deveras gratificante, pois a sua emoção, ao falar do papel da literatu-ra e da Arte na for-mação dos jovens, contagiou-nos a todos. Ninguém ficou in-diferente. Defensora da interação permanente entre o professor e o aluno, a palestrante lançou-nos questões, desafiou o nosso poder de in-terpretação e, sobretudo, aguçou a nossa sensibilidade.

NOME: Rui Paiva TURMA: 1.º B

Maria do Carmo Vieira: uma voz que nos leva à reflexão

Maria do Carmo Viei-ra denunciou, de uma forma corajosa e ex-pressiva, alguns dos males do nosso siste-ma educativo: a su-bestimação da litera-tura, o esvaziamento dos autores clássicos dos programas, a resi-gnação e a obediência que impera entre os professores. Defendeu, sobretudo, que a escola deve re-centrar a sua missão no ensinar. Cabe ao professor exigir conhecimento, rigor e espí-rito crítico.

NOME: Margarida Gomes PROFESSORA DE FILOSOFIA

Valorizemos a língua portuguesa, que é, afinal, a nossa pátria

A língua portuguesa é essencial à nossa vida: define-nos como portugueses; ensina-nos a pensar. Devemos amá-la e dominá-la. A nossa li-teratura, porque pa-trimónio cultural, tem de ser afetivamente lida. Banir dos programas de Português au-tores como Antero de Quental é motivo de indignação, especialmente para os açoria-nos, cuja alma é aviltada. Foi um privilégio ouvir M.ª do Carmo Vieira refletir sobre o ensino da língua materna.

NOME: Mariana Teves TURMA: 1.º B

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02 MARÇO DE 2012

A capacidade de ser feliz passa pela construção de uma autoimagem positivaÀs 15h do dia 27 de fevereiro, a Coordenadora da Equipa de Saúde Escolar da ESLaranjeiras, Drª Fátima Silva, declarou aber-tas as 6.as Jornadas da Adoles-cência e apresentou o respetivo lema: "Desenvolver a autoestima é expandir a nossa capacidade de ser feliz". Após os agradecimen-tos a diversas entidades, tanto públicas como privadas, a Presi-dente das 6.as Jornadas congra-tulou-se com o envolvimento de toda a comunidade educativa no Programa Saúde Escolar e sa-

lientou a elevada frequência do Gabinete de Apoio ao Jovem, por parte dos nossos alunos. Em seguida, tomaram a palavra o representante da Presidente da Câmara Municipal de Ponta Del-gada, que destacou o vasto pro-grama cultural e social que a edi-lidade tem ao dispor da popula-ção jovem, a Diretora Regional da Saúde, que salientou as ações de sensibilização para estilos de vida saudável realizadas no âm-bito do Programa Regional de Saúde Escolar, e a Diretora Re-

gional de Educação, que apre-sentou dados referentes ao Pro-grama Regional de Combate à Obesidade Infanto-Juvenil e à sua implementação nas escolas. A sessão de abertura terminou com a preleção do Professor José Luís Pio Abreu, médico psiquia-tra da Universidade de Coimbra, intitulada Quem nos faz como somos. De acordo com o palestrante, a construção da nossa identidade depende de três variáveis: os ge-nes, que nos conferem determi-

nados traços físicos e psicológi-cos; a cultura, que nos condicio-na pela língua que falamos, pela pátria a que pertencemos, pelas formas de arte que apreciamos e pelos media que controlam o que ouvimos, vemos ou lemos; e as interações e relações pessoais, que dão sentido aos nossos valo-res e às escolhas que fazemos du-rante a vida, pois, mesmo que se revelem ineficazes, são passíveis de ser reformuladas, uma vez que se assumem como a nossa "únicamargem de liberdade".

Autoestima e Otimismo

Do treino físico à valorização da imagem corporalAtividade Física e Saúde

Integrado nas 6.as Jornadas da Adolescência, o Ateliê Movi-mento foi, mais uma vez, dina-mizado pelo Departamento de Educação Física e Desporto. Neste âmbito, procedeu-se à exposição de trabalhos dos alunos, à disponibilização de informação sobre a utilização dos materiais desportivos apresentados, à divulgação do equipamento desportivo "ofi-cial" da escola e à apresentação de fotografias relativas à 7ª Maratona de Dança. Durante a visita ao Ateliê Mo-vimento, o público interessado podia realizar um percurso de treino físico com máquinas de cárdio e modernos materiais de trabalho de força, assistin-do, ainda, a filmes alusivos à te-mática da atividade física e saúde. Saliente-se que a organização do espaço e controlo das ativi-dades estiveram a cargo dos

alunos do Curso Tecnológico de Desporto, aplicando os conteúdos lecionados e des-envolvendo atitudes de coo-peração. Contamos, ainda, com ateliês de Relaxamento e Massagens Ayurvédicas, a cargo de Ale-xandra Feijó, e de tratamentos de Reflexologia e Acupunctu-ra, da responsabilidade da Mestre Margarida Oliveira, sendo facultadas informações acerca dos benefícios daquelas práticas. Ao nível da imagem corporal, a empresa Guida Cabeleireiros executou penteados, muito apreciados por todos. Finalmente a Escola Profissio-nal de Capelas disponibilizou, através das suas alunas, orien-tadas pela formadora Eduarda Almeida, serviços de Manicu-ra, contribuindo para a valori-zação da imagem do público que ali acorreu.

Preservar a saúde: um dever de todosEntre 27 de fevereiro e 2 de março, a ESLaranjeiras foi pal-co das 6.as Jornadas da Adoles-cência e a Equipa de Saúde Es-colar, consciente do papel que a escola desempenha na forma-ção integral dos alunos, dina-mizou múltiplas atividades promotoras do Otimismo, da Autoestima, do Exercício Físico e da Saúde Mental. Neste contexto, realizaram-se conferências sobre temáticas tão diversas como a saúde mental ou a vivência de uma sexualidade responsável; inaugurou-se a Ex-po Saúde, ofereceu-se um Lan-che Saudável, confecionado e servido pelos nossos alunos dos PROFIJ; disponibilizaram-se ateliês para a promoção da qua-lidade de vida e organizou-se a Caminhada pela Saúde. Conta-mos, ainda, com a presença da PSP- Escola Segura e da institui-ção Arrisca que divulgaram os seus serviços.

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03MARÇO DE 2012

COMPANHIA DOS LIVROSLeitor do mês

A minha vida ainda não é um livro...

...mas os livros fazem parte da minha vidaMestre Joaquim Machado, pro-fessor de História, que já de-sempenhou o cargo de sub-se-cretário do governo regional, deu-nos a honra de vir à Biliote-ca da nossa escola partilhar as suas leituras. Por ter feito parte da comissão instaladora da Escola Secundá-ria das Laranjeiras, expressou o seu prazer por se encontrar entre nós, no ano em que esta celebra 25 anos de existência. Apresen-tou-se como uma pessoa irre-quieta, principalmente a nível intelectual, o que se manifesta no seu currículo, pois, para além de ser professor, é um ativista polí-tico, já foi presidente da assem-bleia-geral da Associação de Atlestismo, foi atleta com alguns títulos ganhos (foi campeão na-cional de salto em altura), é membro da direção dos Bombei-ros de Ponta Delgada, canta num grupo coral… Talvez esta "irrequietude" com que se autocaracterizou expli-que a dificuldade em identificar um livro que o tenha marcado mais, tendo afirmado o seguin-te: "Eu não tenho um livro na minha vida, a minha vida ainda não é um livro, mas os livros fa-zem parte da minha vida". Con-sidera-se um "leitor conserva-dor", pois gosta de fazer leituras por autor, não seguindo as mo-das da literatura. Fez referência,

por exemplo, a Richard Bach, evidenciando, a propósito do li-vro Fernão Capelo Gaivota, que a escola nos ensina a voar, na medida em que nos prepara para a vida. Já leu muitos livros, embora não tantos como gosta-ria, e manifestou a sua predile-ção por alguns autores, espe-cialmente latino-americanos. De entre eles, salientou Luís Se-

púlveda, que considerou o seu autor preferido, do qual tomou conhecimento quando se en-contrava de férias na ilha de São Jorge. A partir daí, leu todos os livros deste autor: O Velho que lia Romances de Amor, História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar, Memórias do que fomos,… O último livro que leu foi Já não

se escrevem cartas de amor, de Mário Zambujal, e, neste mo-mento, está a ler o livro Zorro, de Isabel Allende. A frase-lema da sua vida é da au-toria do escritor argentino Rolo Diez: "Viver intensamente com-pensa todo o esforço e quase to-dos os sacrifícios; viver a meias sempre foi a função e o castigo dos medíocres".

Conferência

A disciplina de Português, pela sua transversalidade e pelo seu elevado grau estruturante, tem por missão contribuir para a educação literária dos alunos. Neste sentido, as práticas de sala de aula, no que concerne à Lei-tura, deverão radicar num Plano Anual de Leituras da Turma, que deverá ser exequível e ser-vir os critérios de diversidade ti-pológica, de progressão, de re-presentatividade e de integrida-de textual, preconizados no NPPEB. Assim, paralelamente a uma leitura orientada de obras de literatura portuguesa e uni-versal, clássica e contemporâ-

nea, selecionadas de entre as que são propostas pelo programa, deverão figurar obras constantes dos planos Nacional e Regional de leitura, que serão objeto de uma leitura recreativa. Neste caso, apesar de ser uma leitura autónoma, voluntária e pessoal, não dispensa o trabalho do do-cente, a quem cabe promover atividades que impliquem os discentes, como forma de esti-mular a sua vontade de ler. Com este percurso, os alunos atingirão uma "literacia plena" e terão hábitos duradouros de leitura, alicerçados em experiên-cias gratificantes.

Plano Anual de Leitura Uma estratégia ao serviço da literacia

Novos Programas de Português do Ensino Básico

NOME: Cristiana Patrícia Teixeira IDADE: 1 ANOS TURMA: B

De Winnie de Pooh até Haruki Murakami

Persistente, como forma de disfarçar a minha teimosia, é assim que me caraterizo. Vivo cativada pelo mundo e por cada pormenor da sua diver-sidade cultural. Sou uma apaixonada pelos livros e pela música. Tinha 3 ou 4 anos quando me ofereceram o meu primeiro livro: era um livro do Winnie de Pooh, o qual ainda guar-do com todo o carinho e que me fez querer aprender, que-rer ler mais, saber mais. Os romances são os livros que mais gosto de ler. Uma boa história prende-me a cada página que leio, impe-lindo-me a conhecer o seu desenlace. Por isso, é difícil nomear o li-vro que mais me marcou,

porque de todos consegui re-tirar uma lição para a minha vida. Tenho dificuldade em referir o nome de um escritor favori-to, no entanto, Oscar Wilde, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, ou ainda Camilo Cas-telo Branco, são, sem dúvi-da, escritores que me cativam pela sua visão peculiar do mundo, a qual me marcou in-delevelmente. Apesar de não dispor de mui-to tempo para dedicar à leitu-ra de autores não contempla-dos no programa de Literatu-ra Portuguesa, faço um esforço para me atualizar. Assim, atualmente, estou a lerKafka à beira mar, de Ha-ruki Murakami. Um livro é um incentivo à re-flexão sobre o mundo, propi-ciando um conhecimento mais profundo do Eu.

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04 MARÇO DE 2012

Comunicar para ser cidadão do mundo All we need is… English

A atual transformação do mun-do vincula o professor ao dever de preparar os alunos, dando-lhes as qualificações necessárias ao exercício pleno da cidadania numa sociedade em processo de globalização irreversível. A capacidade comunicativa em Inglês é, cada vez mais, uma fer-ramenta indispensável à inte-gração no mercado de trabalho. É consensual que a Língua In-glesa adquiriu o estatuto de pri-meira língua na comunidade mundial: no mercado de traba-lho, nos negócios, nas tecnolo-

gias, na comunidade científica, no lazer, etc. Todos os dias nós convivemos com uma série de palavras em inglês - hamburger, rating, messenger, download ou fitness - o que nos leva a perce-ber a sua influência na nossa cultura. Assim, faz todo o sentido dina-mizar atividades em Inglês, que permitam a participação dos alunos dos vários ciclos de en-sino, explorando as suas moti-vações e interesses. Fomentar o gosto pela língua inglesa é, portanto, uma priori-

dade. Deste modo, privilegia-mos as iniciativas de caráter lú-dico, como, por exemplo, con-cursos de ortografia (Spelling Bee), de abóboras no Dia das Bruxas (Halloween), de «Calen-dários do Advento», de cha-péus, à semelhança dos usados nas corridas de cavalos de As-cot; lanches de Ação de Graças (Thanksgiving Day) e ainda corridas de panquecas (Pan-cake Races). A par destas aprendizagens mais aliciantes, também orientamos pesquisas, suscitando a partilha de infor-

Linguas Germânicas

Sprechen sie deutsch? Para que esta pergunta não fique sem resposta e para que o mundo caiba cada vez mais na nossa es-cola, os professores de Alemão, grandes entusiastas da língua e da cultura de Goethe, tudo têm feito para incentivar a aprendi-zagem desse idioma. Cientes de que o domínio do Ale-mão abrirá novas oportunidades aos nossos jovens, o grupo des-envolve atividades que ultrapas-sam o âmbito das aulas. Para este objetivo, muito tem contribuído o Instituto Alemão, que, ao abrigo do protocolo de cooperação "Escolas-Piloto do

Ensino do Alemão", nos tem fa-cultado valiosos materiais peda-gógicos, formação contínua de professores, apoiado concursos e patrocinado bolsas de estudo na Alemanha. No passado mês de agosto, e na sequência da participação num concurso promovido pelo Goethe Institut, Henrique Fon-seca, aluno do 11º ano, Curso de Línguas e Humanidades, foi contemplado com uma viagem de três semanas a Bona. Sobre essa experiência, disse o seguin-te: Tive excelentes aulas de Ale-mão, pude fazer bastante turis-mo em zonas muitíssimo inte-

Sprechen Sie Deutsch? A Embaixada da Alemanha e o Goethe Institut incentivam o estudo do Alemão

Having fun on Pancake Day!

Nos países de expressão in-glesa, Terça-feira Gorda é de-nominada Pancake Day. An-tes dos jejuns quaresmais, comem-se as últimas pan-quecas e realizam-se as tra-dicionais Pancake Races, re-lembrando uma mulher de Olney que, em 1445, ao fazer panquecas, ouviu o sino da igreja e correu, rua abaixo, de frigideira na mão. No dia 15 de fevereiro, os nossos alunos, munidos de avental e de frigideira, aventuraram-se nestas cor-ridas, demonstrando habi-lidade na técnica de virar a panqueca. No final desta tarde diverti-da, foram servidas panquecas com molho de chocolate, de caramelo e compotas. Os vencedores receberam Certificados de Participação.

mação e a reflexão sobre uni-versos linguísticos e sociais di-ferenciados. Com o intuito de alargar o uni-verso cultural dos nossos alunos, procuramos comemorar os dias mais marcantes dos calendários britânico e americano, levando os jovens à descoberta dos mo-dos de pensar, agir, sentir e criar das culturas-alvo. Como estas festividades são ocasiões para desenvolver a criatividade, os discentes escrevem poemas de Halloween, notas de agradeci-mento no Thanksgiving e par-tilham os seus sonhos no Dia de Martin Luther King, expondo-os no English Bulletin Board da escola, espaço destinado quer à divulgação de trabalhos, quer ao contacto com o vocabu-lário relacionado com os temas abordados. Mas não é só na sala de aula que se aprende inglês. Através de fil-mes ou séries televisivas, músi-cas, livros e revistas, cada um, de acordo com o seu gosto e em-penho, pode consolidar e alar-gar os seus conhecimentos da língua. Atualmente, é de importância extrema o domínio escrito e fa-lado do idioma de Shakespea-re, se se quiser ter sucesso nes-ta aldeia global. English is all we need !

ressantes do ponto de vista histórico e, acima de tudo, tra-vei conhecimento com jovens de todo o mundo. Jamais esquece-rei essas três semanas. Agora, é altura de mais alunos poderem fazer as malas, uma vez que a Embaixada da Alemanha e o Goethe Institut acabam de nos comunicar que os prémios para o incentivo do estudo do Ale-mão continuarão este ano, no quadro da comemoração dos 200 anos da primeira publica-ção dos contos dos irmãos Grimm. Auf geht´s Leute! (Mãos à obra!)

FICHA TÉCNICA: Equipa Editorial: Graça Meneses e Margarida Freire de Andrade. Colaboraram neste número: Gabriela Porto, Gabriela Almeida, Margarida Viveiros, Fernanda Raposo, Ana Paula Benevides, Helena Lopes, Lúcia Cordeiro e Maria José Costa.