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'I

o PAPEL DA MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA NAS

ORGANIZAÇÕES DE ARTE

Banca examinadoraProf'. Orientadora Cecília W. BergaminiProf. Izidoro BliksteinProf. Roberto Coda

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGASESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

ADRIANA MIGUEL

o PAPEL DA MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA NAS

ORGANIZAÇÕES DE ARTE.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da FGVIEAESPÁrea de Concentração: Organização,Planejamento e Recursos Humanos comorequisito para obtenção de título de mestre emadministração.Orientadora: Prof'. Cecília W. Bergamini

SÃO PAULO1998

-- - - -<::.- . Fund;JiçãO Getulio Varg~~Esco&a de ,Administraçaode EmpreSA!' de São Paulo

Biblioteca

-io \11\\\\\\\\\1\1\1\111\\\\\1199900151

Page 4: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

6?A. \~,EscOla de Administração de

I~Empresas de São Paulo

Data N° de Chamada

D3·a~ ~~'l.qLf2.53

TomboV\(o~r

15).Jqq \)tS·e, .i,

M1GUEL, Adriana. O papel da motivação intrínseca nas organizações de arte. SãoPaulo: EAESPIFGV, 1998. 119p. (Dissertação de Mestrado apresentada ao Cursode Pós-Graduação da EAESPIFGV; Área de Concentração: Organização,Planejamento e Recursos Humanos).

Resumo: O trabalho aborda os conceitos de motivação extrínseca e intrínseca.Discorre sobre o importância e o papel das organizações de arte na sociedade.Apresenta os resultados de pesquisa sobre a motivação intrínseca desenvolvidajunto a grupos de dança brasileiros.

Palavras-Chaves: Motivação Intrínseca - Automotivação - Motivação Extrínseca- Recompensas - Arte - Organizações de Arte - Dança - Grupos de Dança.

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AGRADECIMENTOS~ ", .:-..'·-.:,t:~~,I':'~,-;

, \ ;' '. > • .~ , ~'. .' \,

Ao Clau, meu amado companheiro de todas as horas, pela

compreensão e ajuda incansável para a concretização deste trabalho.~..",.:;

..; ...

Aos meus pais, pelo apoio e incentivo em todos os momentos de

minha vida.

À Prof". Cecília W. Bergamini, CUjas criticas e sugestões foram

sempre objetivas e construtivas.

Às minhas queridas amigas, Carly, pelos momentos de ansiedade

compartilhados, e Lelê,

questionários.

pela enorme ajuda na distribuição dos

Ao Prof.. Reynaldo Canevari, meu solícito mestre, pela revisão da

versão final.

À CAPES pelo apoio financeiro, tomando viável a realização desta

pesquisa.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o alcance

deste objetivo.

v

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 1---------------------------------1.1. JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA 1.------------------1.2. OBJETIVOS DO TRABALHO 8

1.3. METODOLOGIA 9-------------------------------------1.4. HIPÓTESE DA PESQUISA 12-------------------------------1.5. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 14

CAPÍTULO 2. MOTIVAÇÃO ..,--- 16

2.1. MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA, CONDICIONAMENTO E RECOMPENSAS 19

2.2 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA 29-----------------------------2.2.1. A TEORIA DOS INSTINTOS DE KONRAD LORENZ 36

2.2.2. A TEORIA DA MOTIVAÇÃO E HIGIENE DE HERZBERG 41

CAPÍTULO 3. A ARTE 47-------------------------------------3.1. A IMPORTÂNCIA DA ARTE NA SOCIEDADE 47----------3.2. O PAPEL DO ARTISTA NA SOCIEDADE 53

3.3. A DANÇA ENQUANTO ARTE 56

3.4. A ADMINISTRAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DE ARTE 60

3.4.1. AS ORGANIZAÇÕES DE DANÇA 62

CAPÍTULO 4. A PESQUISA 66

4.1. METODOLOGIA DA PESQUISA E DA COLETA DE DADOS 66

~.1.l. LIMITAÇÕES DESTE ESTUDO 66

~.1.2. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E COMPOSIÇÃO DA AMOSTRA __ 68

~.1.3. A ELABORAÇÃO E A APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRlO 69

~.1.4. A ELABORAÇÃO E A APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS 72

4.2. RESULTADOS OBTIDOS NOS QUESTIONÁRIOS. 76

4.3. RESULTADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTAS 85

III

Page 7: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES 87

5.1. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS. 87

5.1.1. QUESTIONÁRIOS 87

5.1.1.1. VALIDAÇÃO DA HIPÓTESE PROPOSTA 89

5.1.2. ENTREVISTAS 91

5.2 CONCLUSÕES FINAIS 93

5.3. CONTRIBUIÇÕES DESTE ESTUDO E RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS _96

BIBLIOGRAFIA 98

ANEXO I - ROTEIRO DE ENTREVISTAS 103

ANEXO 11- MODELO DE QUESTIONÁRIO 104

ANEXO UI - RESUMOS DAS ENTREVISTAS 105

ANEXO IV - RELAÇÃO DE GRUPOS DE DANÇA ENTREVISTADOS 110

ANEXO V- RESULTADOS OBTIDOS NOS QUESTIONÁRIOS 115

IV

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.1. JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA

Muito se tem falado sobre a importância da motivação em todos os

tipos de organizações, mas poucos têm se preocupado ein explorar este

conceito à luz das organizações de arte.

É dificil encontrar uma caracterização mais nítida das organizações

de arte. No seu sentido mais amplo, uma organização pode ser vista como

a detentora de elementos produtivos tais como dinheiro, materiais, pessoas

e muitos outros, de maneira a fazer com que estes elementos se ajustem .

visando a atingir os seus objetivos. Assim, é possível dizer que qualquer

empresa ou grupo seja uma organização social em miniatura,

freqüentemente vivenciando as tensões e conflitos da sociedade na qual

está inserida. O importante é que haja a consciência de um interesse

compartilhado.

"O homem da organização é o homem que pensa em grupo, que

toma decisões em grupo, que trabalha e se diverte em grupo, é o homem

cujos valores e crenças são os valores e crenças da organização que

participa, é o homem cujo comportamento é condicionado pela

Page 9: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

organização. "1 Com isto, o autor ressalta a identidade que deve existir

entre uma organização e seus membros.

Partindo dos conceitos anteriores, é possível definir organizações

de arte como sendo grupos sociais que possuem metas e objetivos comuns

no tocante ao desenvolvimento de qualquer atividade artística, tendo em

vista criar condições e sistemas de operações nos quais as pessoas possam

melhor atingir as suas expectativas, orientando os seus esforços em

direção aos objetivos da organização. Elas devem ser um meio, um

recurso para que as pessoas atinjam os seus próprios objetivos, no

desempenho como atores.

As organizações de arte fogem completamente do conceito de

organização econômica tradicional, na medida em que, na maioria das

vezes, o seu objetivo principal não é a obtenção de lucro. A maioria dos

integrantes destas organizações busca a sua realização pessoal acima de

tudo.

Existem inúmeras organizações de arte, isto é, entidades que visam

a difundir a arte e criar um ambiente propício à realização. Assim,

algumas delas desenvolvem a sua atividade no setor de pintura, música,

artes plásticas, teatro, ópera, dança. É um campo muito amplo, e , assim

I MOTTA F.C.P., PEREIRA, LC.B. Introdução à Organização Burocrática. São Paulo:Brasiliense. 1986. p.16-17.

2

Page 10: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

sendo, é possível estender tal conceito às organizações de dança vistas no

presente trabalho.

Quando se observa a história do desenvolvimento das organizações

de dança vê-se que a sua evolução se deu em diferentes etapas. Ao

contrário das organizações capitalistas, a importância e a valorização do

dinheiro não constituiu fator relevante ao seu desenvolvimento. É possível

perceber que existe alguma força interna, mais profunda e quase

inexplicável que levou tais organizações para frente. Esta força interna

nada mais é do que a motivação, que foi defmida por YOUNG como "um

processo que suscita ou inicia uma conduta, que sustenta uma atividade

em progresso e que regula a sua direção[ ...]. Em um sentido mais amplo, a

análise da motivação deve levar em conta todos os fatores que suscitam,

sustentam e dirigem o comportamento humano e animal. "2

Quando se fala em motivação, o que se procura na verdade é o

porquê das pessoas agirem de uma determinada maneira e não de outra.

Tenta-se identificar e definir as razões que as levaram a exibir um

determinado comportamento, isto é, descobrir os motivos existentes por

trás de qualquer ação humana.

2 citado por MADSEN,K.B. Teorias de la Motivacion: UI1 estudio comparativo de las teoriasmodernas de la motivacion. 2.ed.Buenos Aires: Paidos, 1972,p.49.

3

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"O ser consciente, o homem, pode valorizar os seus desejos, que,

por sua vez, se tomam os determinantes íntimos das reações, os

motivos. "3

O motivo, então, nada mais é do que um fator interno, uma

necessidade ou um desejo, que faz as pessoas agirem, orientando o

comportamento. Isto explica as diferenças existentes entre as motivações

das pessoas, pois cada um possui motivos individuais que são diferentes

uns dos outros.

Assim, é possível dizer que o estudo da motivação é uma tentativa

de especificar os sentimentos, motivos e desejos que sejam relevantes às

ações e também os objetivos e propósitos nelas contidos.'

A motivação, segundo KOONTZ e 0'DONNELL5, é um processo

onde as necessidades dão origem a desejos, que causam tensões, que por

sua vez dão origem a ações que resultam em satisfação.

A motivação então assume um papel muito importante na

energização do comportamento, sendo que a sua direção será atribuída aos

3 DIEL. P. Psychologie de la motivation. 7ed. Paris: Payot, 1991, p.6.

4 HOYENG~ K.B.: HOYENGA, K.T. Motivationai Explanations of Behavior. California: Brooks/Cole Publishing Company, 1984, p.6.

5 KOONTZ, H.; O'DONNELL. C.:WEIHRICH, H. Administração: Recursos Humanos. 14 ed, SãoPaulo: Pioneira, 1987, p.137

4

Page 12: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

estímulos externos e à aprendizagem.v Assim, não se pode confundir

quando o comportamento das pessoas é impulsionado por agentes

externos a elas, e quando ele deriva das suas forças internas e individuais.

Com isto, pode-se diferenciar dois tipos de motivação: a intrínseca

e a extrínseca. A motivação ..extrínseca é conceituada como aquela que

controla os comportamentos dos seres vivos por meio de reforços

externos, como é o caso de pagamento por produtividade. Por outro lado,

a motivação intrínseca é aquela que prescinde de reforçadores, não

havendo nenhum controle feito por variáveis extrínsecas do ambiente.

o presente trabalho explora o conceito de motivação intrínseca e

automotivação, apoiando o exemplo oferecido nas organizações de arte,

identificando os elementos que servirão de base para que seja possível

perceber a importância desse tipo de motivação especificamente nas

organizações de dança.

Com isto, toma-se necessário tentar esclarecer aquilo que leva um

bailarino a ensaiar cinco ou seis horas por dia, além de sábados, domingos

e feriados, sem retomo financeiro algum, na maioria das vezes até

pagando para dançar.

6 NUTfIN, 1. Origine et Développements des Motifs. In: ANCONA, L.ct alli. La Motivation. Paris:Presses U~tailfes de France, 1959. p.lll.

5

Page 13: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Todos aqueles que não foram contaminados por este vírus acham

esta atitude um pouco sem sentido, pois, como ressalta OSCAR WILDE:

"A experiência é uma vela que ilumina apenas a quem a conduz". 7

Realmente, há alguma força que impulsiona o bailarino para frente.

Este trabalho visa a pesquisar esta força que é tão difícil de ser

compreendida, que nada mais é senão um exemplo típico de motivação

intrínseca, um componente sempre presente na maioria das organizações

de arte.

Tendo em vista o objetivo proposto neste trabalho, toma-se

necessário analisar o papel que a arte desempenha na sociedade, para que

seja possível compreender melhor a importância e a contribuição da

presente pesquisa. Assim, este estudo oferecerá um panorama geral da

arte, sua evolução e sua importância, até que se chegue na dança, que

representa o nosso grande ponto de interesse. Será abordado, então, o

papel da motivação intrínseca, principal personagem neste cenário. Serão

utilizados como base os conceitos dos atos instintivos da teoria de Konrad

Lorenz, ganhador do prêmio Nobel de Medicina em 1973, e a teoria dos

fatores higiênicos e motivacionais de Herzberg. Este último, por

conseguinte, dará o embasamento necessário à pesquisa de campo

realizada, pois os questionários aplicados foram montados e analisados,

tendo, principalmente, como base a teoria da higiene de Herzberg.

7 citado por MATT AR, F. N. Pesquisa de Marketing. São Paulo: Atlas, 1993. vol.l p.51

6

Page 14: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Sob um aspecto prático, este trabalho visa a demonstrar a estreita

relação que existe entre a motivação intrínseca e a arte, contribuindo para

que se possa compreender qual é o papel desempenhado pela motivação

intrínseca neste tipo de organizações, e a sua magnitude, pois só assim

poderemos mensurar a sua importância.

7

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1.2. OBJETIVOS DO TRABALHO

o objetivo principal desta dissertação é investigar a relação e

dependência da motivação intrínseca nas organizações de arte, fornecendo

subsídios para pesquisas futuras. Assim, a principal intenção é demonstrar

que a grande maioria dos profissionais de dança são levados somente por

fatores intrínsecos a desenvolver a sua arte. Para tanto foi realizado um

estudo exploratório, que teve como ponto de partida uma revisão

bibliográfica elaborada que pudesse apoiar a pesquisa de campo.

Partindo deste objetivo principal, este estudo tem como objetivos

secundários:

• caracterizar como as organizações de dança são estruturadas,

identificando os elementos que as compõem, bem como as suas

particularidades, como, por exemplo, a seleção, remuneração e

hierarquia;

• explorar os conceitos de motivação intrínseca e extrínseca;

• analisar como as teorias de K. Lorenz e F. Herzberg explicam a

motivação intrínseca.

8

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1.3. METODOLOGIA

A metodologia adotada consiste em um amplo levantamento

bibliográfico complementado por pesquisa de campo. Como são

raríssimos os trabalhos existentes que tratam, especificamente, da

motivação na arte, a pesquisa exploratória foi adotada tendo em vista que:

"...no caso de problemas em que o conhecimento é muito reduzido,

geralmente o estudo exploratório é o mais recomendado. "8

MATTAR9 enriquece este conceito, enumerando vários objetivos

. da pesquisa exploratória, dentre os quais cita-se:

• esclarecer conceitos;

• auxiliar na determinação de variáveis relevantes a serem consideradas

num problema de pesquisa;

• familiarizar e elevar o conhecimento e compreensão de um problema

de pesquisa em perspectiva;

• auxiliar a desenvolver a formulação mais precisa do problema.

No tocante à revisão bibliográfica, foi feita pesquisa em artigos de

,periódicos especializados, livros e materiais, em bibliotecas e associações

8 SELLTIZ, c. WR1GHTSMAN, L. S., COOK. S. W. Métodos de Pesquisa nas Relações Sociais.São Paulo: E.P.U.! EDUSP. 1975. p.59.

9 MATTAR, F. N. Op. Cito p.19

9

Page 17: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

vinculadas à área que ,tratem do assunto, que permitam selecionar,

analisar, articular e sintetizar estas contribuições existentes sobre o tema.

Há que se ressaltar a existência de limitações de bibliografia no tocante às

organizações de dança. É um tema pouco pesquisado na literatura, sendo

raras as revistas especializadas, e, ainda assim, não é dada a devida

importância. A exemplo disto, não foram encontradas pesquisas formais

sobre o assunto.

o tema motivação, entretanto, possui uma vasta e rica bibliografia,

não se pretendendo assim exaurir este assunto e, sim, focalizar os

aspectos relevantes à pesquisa em questão.

A pesquisa de campo foi realizada com grupos de dança, através de

questionários auto-preenchidos e entrevistas com diretores destas

organizações de arte, bem como com profissionais de renome nesta área

que já dirigiram ou, ainda, dirigem um grupo de dança. *

A entrevista continha perguntas abertas previamente definidas, mas

ao mesmo tempo deixou liberdade para o entrevistado responder e

expressar suas opiniões, crenças e valores de uma maneira mais flexível.

Os questionários foram distribuídos entre bailarinos participantes de

festivais nacionais de dança, nas cidades de Santos, Jundiaí, Piracicaba,

* Roteiro das entrevistas e Modelo dos questionários estão disponíveis nos anexos I e Il,respectivamente.

10

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Joinvile e Florianópolis, bem como entre outros bailarinos em escolas de

dança visitadas durante a realização desta pesquisa.

11

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1.4. HIPÓTESE DA PESQUISANeste trabalho procurou-se demonstrar que todos os profissionais

.de dança são levados principalmente por fatores intrinsecos a desenvolver

a sua arte. Ao longo da sua carreira, os bailarinos não se lançam de

maneira exclusiva na busca de fatores extrinsecos. Eles procuram

extravasar todo o sentimento que possuem, compartilhando com o público

que os assiste as suas descobertas e angústias, realizando-se, devido a

isto, como ser humano.

Portanto, a hipótese a ser testada é : "Os profissionais das

organizações de arte devem privilegiar sobretudo a motivação

intrínseca ."

Talvez seja possível explicar o porquê deste ser motivado pela arte

na grande maioria das vezes tenha que "pagar" para dançar, passe por

enormes dificuldades financeiras e não ganhe o suficiente para viver

decentemente.

Como é ilustrado por BASTIDE: "a dificuldade cada vez maior de

viver à custa da arte, obriga o artista a possuir um segundo oficio."JO

Muitos bailarinos se sujeitam a trabalhar nos mais diversos ramos e

horários para que possam continuar a desenvolver a sua arte. Assim, a sua

10 BASTIDE, R. Arte e Sociedade. 2.ed. São Paulo:USP, 1971, p.81.

12

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tolerância para com fatores de motivação extrínseca, irrisórios, mostra

claramente o quanto ele privilegia a motivação intrínseca.

13

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1.5. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A dissertação é composta de cinco capítulos, sendo que o primeiro

traz uma introdução, a justificativa e importância do tema, os objetivos a

serem almejados e a metodologia utilizada, bem como a organização do

trabalho e a hipótese a ser testada.

Os dois capítulos subseqüentes constam de uma revisão teórica,

com todos os sub-itens pertinentes ao tema. O segundo capítulo discorre

sobre a motivação, intrínseca e extrínseca, sendo que as teorias de Konrad

Lorenz e de Herzberg são estudadas mais profundamente. Mostram as

suas diversas características e o seu papel fundamental na vida de

qualquer pessoa, mas, principalmente, na do artista, objetivando analisar

como a interação artista-motivação se processa.

No terceiro capítulo é abordado o tema arte, tentando identificar a

sua importância na sociedade e, conseqüentemente, a função do artista.

Para que ele possa transmitir sua mensagem a todos, três elementos são

essenciais: a emoção, a espontaneidade e a criatividade, que estão

diretamente ligadas à vida de um artista, sendo, portanto, inerentes a ele.

Na seqüência é estudado um modelo de grupo de dança, mostrando assim

a sua estrutura e o seu funcionamento.

O quarto capítulo corresponde à pesquisa de campo e à tabulação

de seus resultados.

No quinto capítulo são encontradas a análise e a interpretação dos

14

Page 22: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

resultados obtidos na pesquisa, as conclusões e contribuições deste

estudo, recomendações práticas, bibliografia utilizada e anexos.

15

Page 23: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

CAPÍTULO 2. MOTIVAÇÃO

Sou motivado quando sinto desejo, ou carência, ou anseio,ou desejo, ou falta. Ainda não foi descoberto qualquerestado objetivamente observável que se relacionedecentemente com estas informações subjetivas, isto é,ainda não foi encontrada uma boa definiçãocomportamental de motivação. MASLOW 11

Para tentar entender o complexo significado desta palavra, é

necessário tecer algumas considerações mais precisas sobre o tema.

Primeiramente, sabemos que os indivíduos são diferentes uns dos outros.

Cada indivíduo possui experiências individuais únicas, diferentes

expectativas e, conseqüentemente, se comporta de maneira diferente dos

outros.

o estudo da motivação diz respeito à pesquisa de quais os fatores

que os indivíduos perseguem para atender as suas necessidades

intrínsecas. É necessário conhecer as razões que levam as pessoas a

agirem de uma determinada maneira e não de outra. Cada pessoa está

voltada para a busca de fatores individuais que lhe tragam satisfação, e

que diminuam a tensão das suas necessidades mais prementes e menos

atendidas no momento.

As necessidades vanam de pessoa para pessoa, não existindo,

assim, espaço para generalizações. Da mesma forma, as maneiras através

11 MASLOW. A. H. Introdução à psicologia do ser. 2ed. Rio de Janeiro: Eldorado. s.d.,p.48

16

Page 24: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

das quais os indivíduos buscam satisfazer suas necessidades também são

particulares e únicas. Quando se observa com atenção o comportamento

das pessoas ao realizarem um mesmo trabalho, nota-se que elas

apresentam diferentes desempenhos. Isto reflete as diferenças nas suas

motivações individuais. Exemplificando, um trabalhador A pode estar

satisfeito com o seu emprego. Ele é pontual, correto em suas ações, um

profissional habilidoso. Já o trabalhador B, além de possuir as

características do trabalhador A, se envolve completamente no seu

trabalho, não medindo esforços para a sua perfeita realização.

o desempenho, segundo VROOM e DECI12 , representa o produto

da capacidade individual de realizar um trabalho e da motivação de

utilizar esta capacidade. Contudo, os autores frisam que há a necessidade

de uma distinção clara entre a satisfação da pessoa com o seu trabalho e a

sua motivação para realizá-lo eficientemente. Portanto, fica nítido que

motivação e satisfação são elementos diferentes. O trabalhador A está

satisfeito com o seu trabalho, enquanto o trabalhador B, motivado.

Todas as ações das pessoas advêm dos seus desejos, ainda que

estes não estejam muito claros para elas. LEBOYER13 propõe que a

motivação seja um processo que implica vontade de efetuar um trabalho,

ou de atingir um objetivo, o que exige fazer um esforço, manter este

12VROOM, V. H., DECL E. L. Management and Motivation, Great Britain: Richard Clay Ltd.,1970, p.9-12

13LEBOYER, C. L. A crise das motivações. São Paulo: Atlas, 1994, p.40-42.

17

Page 25: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

esforço até que o objetivo seja atingido, e consagrar a ele a energia

necessária. As pessoas consagram mais tempo às atividades para as quais

estão motivadas. Como completa a autora: "A motivação é, em última

análise, uma questão de repartição do tempo disponível."

Esta repartição do tempo disponível nada mais é do que a

disponibilidade interna de qualquer pessoa para atingir o seu objetivo, isto

é, a maneira através da qual ela disponibilizará seus esforços e a sua

energia. Corroborando com o exposto acima, MURRA yl4 propõe que os

usos que uma pessoa dá às suas capacidades humanas dependem da sua

motivação - seus desejos, anelos, carências, necessidades, ambições,

apetites, amores, ódios e medos. Assim, todas as capacidades dos seres

humanos podem ser usadas para uma grande variedade de fins distintos:

para planejar uma guerra, para confortar os enfermos, para gerar amizade

e ódio.

Cada pessoa é um ser único. Não se pode generalizar razões e

motivos pejos quais as pessoas fazem as coisas. "...as fontes de

motivação, assim como as razões de trabalhar e fazer esforços variam de

pessoa para pessoa. "15

14 MURRA Y, E. 1.Motivação e Emoção. 4. ed.Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p.1I

15 LEBOYER L. C. Op. Cit. p.62.

18

Page 26: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

2.1. MOTIVAÇÃO EXTRÍNSEC4, CONDICIONAMENTO ERECOMPENSAS

A falsa crença segundo a qual, através de umcondicionamento adequado, se pode exigir tudo do homeme se pode fazer dele o que se quiser está na base dosmuitos pecados mortais que a humanidade comete não sócontra a natureza em geral, como também contra anatureza do homem e sua mais profunda humanidade.LORENZl6

Em "Motivação", BERGAMINI17 mostra que existem dois tipos

distintos de comportamento: aquele que tipifica reação a estímulos

exteriores, isto é, as ações que são decorrentes de condicionantes externos

aos indivíduos, e o comportamento que tem suas origens nas forças

interiores de cada pessoa, sendo gerado de maneira espontânea como o

resultado de forças impulsoras internas. O primeiro tipo de

comportamento é chamado de condicionamento e o segundo de ato

motivacional.

É vital que se saiba diferenciar estes dois tipos de comportamentos.

Para que ocorra um condicionamento é necessário que exista um fator

externo, isto é, um fator extrínseco que recompense e leve os indivíduos a

agirem de determinada maneira. Na ausência ou eliminação deste fator

externo este comportamento tenderá a desaparecer. Portanto, na falta de

16 LORENZ, K. Os oito pecados mortais do homem civilizado. São Paulo: Brasiliense, 1988, p.97.

17BERGAMINI, C. Motivação. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1993, p. 24-30.

19

Page 27: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

um estímulo externo, isto é, fatores extrínsecos, não haverá a resposta

correspondente, que se traduz no comportamento desejado.

o ponto de partida das teorias do condicionamento foi a publicação

do experimento de Pavlov com cães em 1904, que foi chamado de

"Reflexo Condicionado". A comida foi aliada ao som de uma campainha,

que representa o estímulo externo e, após algum tempo, o cão salivava ao

ouvir a campainha, e não mais ao ver a comida. Esta condição externa,

campainha, fez com que o animal se comportasse da maneira prevista, que

era salivar. Na medida em que estes condicionantes externos eram

retirados, os comportamentos deles decorrentes diminuíam sua freqüência

de aparecimento, chegando até à extinção. Sem o som da campainha, o

cão não se movimentaria.

Seguindo a mesma linha de pensamento de Pavlov, Skinner

publicou ·em 1971 os resultados das suas pesquisas, que foram chamadas

de "Teoria do Condicionamento Operante ", onde foram trabalhados os

conceitos de reforços positivo e negativo. Os ratos e os pombos de seu

experimento eram recompensados com alimentos, considerados como

reforço positivo, caso bicassem, ou acionassem um certo dispositivo. Até

que se sentissem saciados, os animais aumentavam a freqüência da sua

repetição. Posteriormente, estes mesmos animais passaram a ser punidos

por um choque elétrico, reforço negativo, cada vez que acionassem o

mesmo dispositivo, fazendo com que esse comportamento desaparecesse.

Assim, o reforço positivo, vindo imediatamente após uma

determinada ação, tem o poder de aumentar a freqüência da sua repetição.

20

Page 28: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Inversamente, o reforço negativo, quando aplicado após um

comportamento específico, diminui a freqüência do mesmo, até à sua

extinção.

Os experimentos de Skinner foram importantes na medida em que,

a partir deles, deduziu-se que assim como ratos e pombos, as pessoas

também são levadas a se comportarem de maneira previamente planejada,

bastando para tanto que se controlem os reforçadores positivos e

negativos que receberão. Para os behavioristas, através da manipulação

das variáveis do meio ambiente, todos os homens podem ser controlados.

É o (que vem acontecendo hoje em dia com a maioria das

organizações. Assumindo a mesma postura dos behavioristas, elas cada

vez mais~se utilizam de fatores extrínsecos na tentativa de "motivar" os

empregados. 'São apresentados diversos "pacotes" de recompensas:

maiores salários, carros, viagens, prêmios de todos os tipos, é o famoso

"toma fá" dá cá!",que em nada ajuda a realmente motivar os firncionários,

só fazendo com que eles tenham o comportamento esperado enquanto

estes beneficios perdurarem.

Em um artigo de 1993 da Harvard Business Review, KOHN18

discorre sobre um tema essencial para este trabalho: a questão das

recompensas comomotivadores extrínsecos. Segundo ele, as recompensas

18 KOHN,. A . .!RorQue os Planos de Incentivo Não Funcionam. Revista de Administração deEmpresas: Sâo>~o: EAESPIFGV, \'.35, n. 6, nov-dez 95, p. 12 - 19..

21

Page 29: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

não funcionam, só servindo para produzir uma submissão temporária, não

levando assim a nenhuma mudança significativa de atitude e

comportamento. Assim que as recompensas desaparecem, as pessoas

voltam a exibir os seus antigos comportamentos, pois elas não criam um

comprometimento duradouro a nenhum valor ou ação, apenas modificam

temporariamente aquilo que fazem. O autor vai mais longe, dizendo que

ficou comprovado em pesquisas que aqueles que esperam receber uma

recompensa por completar uma tarefa não se desempenham tão bem como

, aqueles que não esperam por nenhuma recompensa, havendo correlações

fracas e até mesmo negativas entre pagamento e desempenho. Enumera os

pontos segundo os quais as recompensas falham:

• "As recompensas punem- assim como as punições, as recompensas

também destroem a motivação, pois ambas são manipuladoras. Tanto a

sensação de ser controlado como o não recebimento da recompensa

esperada é a mesma coisa que ser punido.

• As recompensas rompem os relacionamentos- a luta e a competição

pelas recompensas, bem como a "classificação" de alguns funcionários

em detrimentos dos outros destroem a cooperação entre as pessoas,

onde cada um se toma um obstáculo ao sucesso do outro.

• As recompensas ignoram as razões- o sistema de recompensas se

tomou um substituto de mTI bom gerenciamento. Assim, o papel do

gerente está resumido a dar o incentivo, não havendo mais a

necessidade de oferecer aos funcionários apoio, feedback e

possibilidade de crescimento pessoal.

22

Page 30: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

• As recompensas desestimulam o risco- as pessoas deixam de se

arriscar, de dar palpites, sacrificando assim a sua criatividade e

fazendo exatamente aquilo que são solicitadas a fazer, com o único

intuito de ganharem a recompensa: elas passam a buscar tarefas mais

fáceis e a tentar minimizar seus desafios, para que a recompensa

aumente. "Recompensas são os inimigos das descobertas'"?

• As recompensas corroem o interesse- os motivadores extrínsecos são

um pobre substituto do interesse genuíno pelo trabalho. Quanto mais

focado estiver o empregado na recompensa, menos interessado estará

no trabalho em si, pois é a recompensa que impulsiona o

comportamento e não o trabalho".

É neste costumeiro: "Faça isto e você receberá aquilo", que vemos

toda a energia do funcionário se canalizar "naquilo" representado pela

recompensa, ao invés de se concentrar "nisto", que é o seu próprio

trabalho. " O controle extrínseco, freqüentemente, faz com que as pessoas

focalizem somente os resultados, e isso as leva a caminhos mais curtos

que podem ser antiéticos, ou simplesmente Iamentáveis; fazendo assim,

estão extremamente distantes das experiências revigorantes que a

motivação intrínseca pode trazer. "20

19 CONDRY, 1., Citado em KOHN, A. Op. cu., p.I8

20 DECL E. Por que fazemos o que jazemos: entendendo a automotivação. São Paulo: NegócioEditora. 1998, p.54.

23

Page 31: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Este controle exercido externamente faz com que o homem perca o

seu referencial, anulando-se diante desta situação, perdendo assim toda a

sua autonomia e autenticidade.

o pior de tudo isso é que, sendo manipulado, o homem cada vez

mais passa a ser dependente e condicionado aos fatores externos. Ele

passa a agir levando em conta somente as recompensas que poderá

ganhar, não se sentindo uma pessoa realizada, com alta estima e amor

próprio elevados.

o resultado final de um sistema de recompensas raramente tem um

término feliz. O recompensado continua insatisfeito após um certo '

período, e o recompensador fica decepcionado pelo fato de ter dispendido

tempo, dinheiro e esforços em vão e frustrado por perceber que ele

absolutamente não possui o "poder" de motivar as pessoas.

LEBO VER mostra-nos que pensa desta mesma maneira:" É

necessário dizer que os sistemas de pagamento por peça e os prêmios por

produção, mesmo que sejam amplamente utilizados, têm suscitado

hostilidade do pessoal e a decepção dos executivos."21

KOHN conclui seu artigo frisando que as recompensas não

motivam as pessoas, elas apenas motivam as pessoas a conseguir

21LEBOYER. L. C. Op. Cit. p.132-133.

24

Page 32: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

recompensas; que nenhum incentivo artificial está à altura do poder da

motivação intrínseca.

Neste ponto seria interessante citar a experiência de HARLOW. As

reações de um grupo de macacos manuseando jogos de quebra-cabeças,

sem oferecimento de qualquer recompensa extrínseca, foram observadas

por um certo período. Posteriormente, foi verificado que o fato de fornecer

aos animais recompensa alimentar para a solução do problema não

tomava a aprendizagem mais eficiente, mas fazia com que o

comportamento mudasse: "Os animais recompensados com alimentos só

usaram o quebra-cabeça para obter comida e mostraram pouco interesse

pela manipulação em si. Isto pode ser o que acontece quando uma

atividade intrinsicamente compensadora converte-se numa reação para

obter uma recompensa extrínseca. "22

Pelo exposto anteriormente, é possível dizer que as recompensas

produzem o efeito inverso daquele esperado. As pessoas começam a ver

sua atividade de maneira negativa, fazendo com que elas se desmotivem

paulatinamente, perdendo o interesse naquilo que fazem.

É incômodo admitir que o comportamento humano possa ser

direcionado através da manipulação de fatores ambientais, sendo,

portanto, dirigido por pessoas que controlam as variáveis do meio

ambiente, como se ele não tivesse vontade e liberdade.

25

Page 33: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

SKINNER pondera acerca desta questão:

A dignidade e o valor de uma pessoa parecem ameaçados ao surgiremindícios de que seu comportamento pode ser atribuído a circunstânciasexternas. Realmente, temos tendência a elogiar alguém quando seus feitosse devem a forças sobre as quais ele não tem controle. Confrontamo-nosparcialmente com esses indícios, por admítirmos que o homem não élivre.23

A colocação acima leva a perplexidade. Ela sugere que é como se o

homem caísse todos os dias nas suas próprias armadilhas, deixando de ter

. vontade própria e passando a agir de acordo com os estímulos externos,

indo para onde o vento o leva, ou, como se diz popularmente, "dançando

conforme a música".

Cabe ressaltar que o livro deste autor tem como título original

Beyond Freedom and Dignity (Além da Liberdade e da Dignidade).

Há autores que interpretam a colocação de Skinner:

"A impressão geral é a de que haja sempre uma necessidade de se

estar constantemente precisando empurrar ou puxar as pessoas para que

elas se ponham em movimento. Caso esses agentes externos desapareçam,

as pessoas param, pois sua energia pessoal está fora delas. "24

22 MUiRRAY, E. Op. Cit. p.126.

23 SKINNER. B.F. () mito da liberdade. Rio de Janeiro: Bloch, 1971. p.39.

24 BERGAMINI. C. Op. cu. p. 32.

26

Page 34: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Dessa forma, é possível verificar que, através do controle adequado

das variáveis extrínsecas, toma-se viável levar os indivíduos a exibir ou

não um determinado comportamento. Entretanto, isto nada mais é do que

uma reação aos fatores externos, e, sendo assim, não é motivação, pois a

energia empregada na respectiva ação não vem dentro da pessoa.

Conclui-se, então, que os fatores extrínsecos, tais como salários,

segurança, condições de trabalho, políticas organizacionais, estabilidade

no emprego e outros agem apenas como fatores de condicionamento e

movimento, isto é, como reforçadores do comportamento, não

aumentando assim a satisfação motivacional.

Há grande diferença entre o Movimento causado pelas reações aos agentescondicionantes extrínsecos ao indivíduo e a Motivação que nasce dasnecessidades intrínsecas e que encontra sua fonte de energia nasnecessidades e emoções. Sob esse aspecto só se pode falarem verdadeiramotivação quando ela for compreendida como algo interíor a cadapessoa.ê>

LEBOYER ilustra estas colocações de uma maneira bem peculiar.

Diz a autora: "Assim como não se muda a sociedade por decreto, não se

motiva os indivíduos com regulamentos e punições, com cenouras e

bastões.(. ..). A prova disso é que existem tarefas que se está pronto a

25 Ibidem, p. 39.

27

Page 35: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

cumprir de maneira totalmente desinteressada e outras que não se levará a

cabo nem por todo o ouro deste mundo. "26

Caso se analise com atenção o parágrafo anterior, descobre-se que

a autora faz uma distinção clara e lógica entre a motivação extrinseca e a

motivação intrínseca. Em outras palavras, não há nada oriundo do meio

ambiente que possa motivar uma pessoa a fazer alguma coisa que ela não

queira. Embora talvez até a faça, isto não quer dizer que ela está

motivada. Conclui-se daí que somente uma genuína motivação intrínseca

leva uma pessoa a lutar pelo seu próprio objetivo sem se preocupar com

os fatores extrínsecos, pois estes não são essenciais para a sua realização.

O profissional das organizações de dança, pelo fato de não possuir,

na maioria das vezes, remuneração ou recompensas, é um exemplo típico

de um trabalhador intrinsicamente motivado. Nada mais importa para ele,

desde 'que possa desenvolver o seu trabalho com empenho e dedicação.

26 LEBOYER, L. C. Op. Cito p.13.

28

Page 36: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

2.2 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA

As atividades intrinsicamente motivadas são aquelas para as quais nãoexiste recompensa aparente, exceto a atividade em si mesma. As pessoasdemonstram engajar-se a essas atividades em seu próprio beneficio e nãoporque elas levem a recompensas extrínsecas(. ..). Pode-se observar quenão existe recompensa aparente e que a pessoa está conseguindosatisfação na atividade em si. DECI27

Segundo ARCHER28, a motivação pode ser conceituada como uma

inclinação para a ação que tem origem em um motivo, que é a

necessidade. Esta necessidade é chamada de motivador. A antítese da

motivação é a satisfação, isto é, quando a necessidade é satisfeita o

motivo desaparece, fazendo com que outro surja em seu lugar, passando a

ser o centro de organização do comportamento.

Portanto é possível definir satisfação como sendo o atendimento de

uma necessidade ou a sua eliminação. Exemplificando, a água é o fator de

satisfação de uma necessidade denominada sede: o motivador é a sede,

sendo esta a necessidade que está motivando o comportamento de busca

do fator de satisfação, e não aquilo que satisfaz a necessidade, que no

caso, é a água. Dando um outro exemplo, a necessidade de afeto motiva

lUTIapessoa a buscar o seu respectivo fator de satisfação representado

pelo reconhecimento.

27DECI. E.L. lntrinsic motivation. New York: Plenum Press, 1975, p.19

28 ARCHER. Ernest R. o Mito da Motivação. In: BERGAMINL Cecília. CODA. Roberto.Psicodinámica da Vida Organizacional: Motivação e Liderança. 2.ed. São Paulo: Atlas.1997, p.23-'+6.

29

Page 37: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

o autor em seu trabalho " O mito da motivação", expõe algumas

interpretações enganosas a respeito do assunto. Dentre elas, a crença de

\ que uma pessoa pode motivar a outra.

~ Ele propõe que a motivação nasça somente das necessidades

humanas e não daquelas coisas que satisfazem estas necessidades. Sendo

assim, as necessidades humanas são conseqüência da natureza intrínseca

da pessoa. Ela é (mica, pessoal e intransferível. Portanto, ninguém pode

criar uma necessidade dentro de outra pessoa, como também não pode

criar a fome, a sede ou o impulso sexual, que são os motivadores. Só é

possível oferecer fatores de satisfação como comida e água, ou fatores de

contra-satisfação como areia e vinagre.

Assim, a única coisa que se pode oferecer à pessoa motivada são os

fatores de satisfação e de contra-satisfação, urna vez que as necessidades

humanas não são conseqüência direta nem da satisfação e nem da contra-

satisfação. O fator de satisfação diminui a tensão da necessidade através

da elevação do nível de satisfação. Já o fator de contra-satisfação aumenta

a tensão da necessidade através da diminuição do nível de satisfação.

Conclui-se, então, que as necessidades existem porque a pessoa

existe. Não é possível fazer com que uma necessidade ou que uma

motivação passe a existir.

Ora, se a motivação nasce das necessidades humanas, depreende-se

que nào é possível criar necessidades dentro de uma pessoa. Assim sendo,

não é possível motivá-la.

30

Page 38: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

A motivação tem como principal função a energização do

comportamento, mas são os fatores de satisfação e de contra-satisfação os

determinantes do comportamento dos indivíduos, tanto positiva quanto

negativamente. Ele será positivo se o intelecto assegurar satisfação para a

necessidade, e será negativo se o intelecto se confrontar com fatores de

contra-satisfação no atendimento desta necessidade.

É aqui que se encontra a chave da principal discussão sobre o tema.

Ao ver as pessoas se comportarem positivamente devido ao oferecimento

de fatores de satisfação extrínsecos tais como prêmios ou recompensas,

conclui-se, prepotentemente, que elas estão motivadas, ou pior, que

alguém as motivou.

BERGAMINJ29 sugere que a motivação é um impulso que vem de

dentro e que tem suas fontes de energia no interior de cada pessoa. Para

isso, ela precisa estar envolvida espontaneamente neste processo:

Parece mais cientificamente justo considerar que a motivação do serhumano seja uma função tipicamente interior a cada pessoa, como umaforça propulsora que tem suas fontes freqüentemente escondidas nointerior de cada pessoa e cuja satisfação ou insatisfação fazem parteintegrante de sentimentos experimentados tão-somente dentro de cadauma.

Com isso, se pretende evidenciar que as pessoas não fazem as

mesmas coisas pelas mesmas razões, tendo em vista que são diferentes

29BERGAMINI. C. Op. Ciro p.38

e

31

Page 39: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

umas das outras desde o momento da sua fecundação, o que lhes confere

personalidades distintas. Assim, cada indivíduo possui expectativas

particulares e está empenhado na busca dos seus próprios fatores de

satisfação motivacional que são ímpares.

É muito fácil perceber no dia-a-dia das pessoas que há uma

incessante corrida para a realização de seus desejos, o que faz com que

muitas atitudes, vistas de fora, pareçam sem sentido. Assim, cada um

busca dentro de si aquilo que necessita para alcançar o que tanto deseja.

GOOCH e MCDOWELL30 têm opiniões que seguem esta mesma linha:

"A motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa e

que pode estar ligada a um desejo. Uma pessoa não pode jamais motivar

outra, o que ela pode fazer é estimular a outra. "

NUTTIN, com o intuito de exemplificar a motivação intrínseca,

transcreve uma frase do místico Bernard de Clairvaux, que escreveu no

século XII: "O amor não precisa nem de causa nem de uma recompensa

externa; sua recompensa está em amar. Eu amo porque amo. Eu amo para

amar":"

Assim, toda atividade intrinsicamente motivada é espontânea e

gratuita, isto é, não necessita de reforços para se manter. É baseada,

,.)

\'../

30GOOCH, B.G.; McDOWELL, P.l Use anxiety to motivate. Personnel JournaI. USA, Apr.1988,p.51

31NUTTIN,l Teoria da A/ativação Humana: da necessidade ao projeto de ação. São Paulo: Loyola,1983, p.99.

32

Page 40: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

fundamentalmente, nas necessidades do organismo de ser competente e

autodeterminado.v Toda pessoa precisa se sentir eficaz naquilo que faz, e

a ação é autônoma, isto é, não ocorre devido a controles e recompensas.

DECI propõe que uma pessoa motivada é um ser autônomo, isto é,

age de acordo com o próprio ser, sentindo-se livre e volitivo em suas

ações. "Quando autônomas, as pessoas estão inteiramente dispostas a fazer

o que estão fazendo e elas abraçam a atividade com um senso de

interesse e comprometimento. Suas ações emanam do verdadeiro senso de

si mesmas, portanto elas estão sendo autênticas. "33 O autor frisa a

importância da autonomia e da autenticidade, pois somente através delas o

ser humano se torna o autor de suas próprias ações, agindo de acordo com

o seu eu verdadeiro. A automotivação, que advém da criatividade,

responsabilidade, comportamento saudável e mudança duradoura, tem

como base a escolha feita por cada um, representando assim a chave da

autodeterminação e autenticidade. 34

É possível afirmar que os profissionais das organizações de arte são

automotivados, pois, em sua grande maioria, se entregam por completo às

suas atividades, deixando-se envolver completamente. Eles assumem a sua

32 DECL E. L., RYAN, R. M. intrinsic Motivaüon and Self- Determination in HUl11anBehavior.New York: Plenum Press, 1985, p.5-~O.

33 DECI, E. Por que fazemos (} que fazemos: entendendo a automotivação. São Paulo: NegócioEditora, 1998, p.14.

34 Ibidem, p.2I.

33

Page 41: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

arte como opção de vida, fazendo com que todo o restante não tenha

importância.

Quando se fala de motivação, também não se pode deixar de

analisar o importante papel que as emoções e os sentimentos

desempenham em um comportamento intrinsicamente motivado. Assim, os

processos emocionais - interesse, excitação, alegria, e outros, constituem a

base de um comportamento intrinsicamente motivado. Não existe, por esta

razão, motivação sem emoção. Ela vem de dentro de cada um, e faz

sentido quando a pessoa se dedica a atividades de que gosta

"simplesmente pelas sensações de emoção, realização e satisfação pessoal

que as acompanham. "35

Também pode-se citar as teorias hedonistas de motivação, onde

esta seria entendida como uma constante busca do prazer ou uma

constante fuga da dor. Segundo COFER 36, os trabalhos de Young. e

McClelland procuraram buscar esta associação mostrando que fatos

desagradáveis tendem a ser evitados a qualquer preço. Young defende que

este prazer é um importante fator na organização, direção e energização

do comportamento. McClelland, utilizando-se dos mesmos conceitos, diz

que a maneira de uma pessoa se comportar associada com as experiências

35 Ibidem. p.31.

36 COFER. C.N. Motivation & Emotion. USA: Scott, Foresman and Company, 1972, p.94.

34

Page 42: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

de prazer, ou de dor, pode provocar antecipações dos mesmos,e, portanto,

faz com que o seu significado a aproxime ou a faça evitar aquela situação.

VERNON propõe que a motivação parece variar, quanto à

obtenção de um objetivo, desde a que move os indivíduos mais altamente

dotados até a do trabalhador eventual que passa sem objetivo de um

trabalho para outro. "Estas marcantes diferenças individuais são em parte

uma função da inteligência e da habilidade, mas também em parte uma

função de variadas formas de motivação e do grau de energia ou ativação

destas formas. "37 O autor afirma que a atividade orientada para um fim é

controlada por uma intenção consciente de se alcançar certos objetivos

por meio de ações especificamente escolhidas.

Assim, a motivação persistente voltada para um objetivo opera mais

fortemente na escolha e busca de carreiras profissionais que envolvam,

além de um grande interesse, motivação criativa e exploratória: "...as

pessoas que desejavam fazer carreira na arquitetura, no teatro e nas artes

possuíam ardentes desejos de auto-expressão e criatividade. "38 Neste

contexto, a necessidade de realização com a necessidade de

autodesenvolvimento dá lugar a uma forma específica de comportamento

intrinsicamente motivado.

37 VERNON, M. Motivação Humana: aforça interna que emerge, regula e sustenta todas as nossasações. Petrópolis: Vozes. 1992. p.199-224

38 Ibidem, p.22~\-,

35

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É justamente aqui que as organizações de dança se encaixam, pois

os seus integrantes buscam a sua realização e o seu autodesenvolvimento

acima de tudo, o que faz com que seus comportamentos sejam

intrinsicamente motivados. As pessoas buscam no ambiente aquilo que é

necessário para o atendimento de suas necessidades ou carências pessoais.

Isto é o que diferencia uma pessoa da outra, fazendo que cada um seja um

ser completo e diferente do outro.

É possível reforçar a afirmação anterior com esta frase de Lorenz:

" O amor próprio do homem normal exige, com todo o direito, a

afirmação de sua individualidade. "39

Somente através desta individualidade inerente ao homem é que ele

conseguirá descobrir, no seu interior, aquilo que ele deseja atingir, bem

como os caminhos que deverá percorrer.

2.2.1. A TEORIA DOS INSTINTOS DE KONRAD LORENZ

Não é possível falar que a motivação seja lUTI fenômeno interno

caso se deixe de citar a enorme contribuição de Konrad Lorenz.

Assim como outros etologistas, ele observou detalhadamente o

comportamento de animais, procurando descobrir e sistematizar as causas

de seus comportamentos em seus hábitats naturais. Daí surgiu o conceito

39 LORENZ, K. Op. cu.. p.30.

36, ,l

I 'I

Page 44: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

de. instinto:" um comportamento inato, específico e estereotipado(...),

que tem a sua própria energia que é liberada,( ...), por um estímulo

específico vindo do meio ambiente."40. Segundo ele, os sistemas de

instintos amnentam a habilidade do homem em adaptar-se ao ambiente.

Contudo, diferencia instintos de outras formas de reações inatas, como

reflexos e movimentos endógenos involuntários, como salivar ou respirar,

que representam mecamsmos de respostas espontâneas para a

sobrevivência do indivíduo e da espécie, e preservação do equilíbrio

homeostático.

É necessário entender que o instinto, como sendo um padrão de

comportamento que é inerente a uma espécie específica, possui uma

energia própria a ser liberada de dentro para fora. Ele passa, assim, a

governar e orientar a motivação. Assim, existe um tipo de energia interna

em cada indivíduo que gera uma tensão e o leva a adotar um

comportamento que visa a atender e rebaixar esta tensão interior.

". a cada uma dessas designações para estados de alma e/ou disposiçõespara certas ações corresponde um sistema real de estímulos no qual, a umprimeiro contato, não é necessário estabelecer a proporção do que égeneticamente determinado ou culturalmente adquirido. Podemos admitirque cada um destes impulsos é membro de um sistema que trabalhaordenada e harmoniosamente e, como tal, é indispensável+

40 COFER. C.N.: APPLEY. M.H: Motivation: Theory and Rechearch. USA: 101m Wiley & Sons Inc,1964. p.60.

41 LORENZ. K. Op.Cit. p.16.

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i •

37

Page 45: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

o estímulo, como se pode notar, faz o caminho inverso do instinto:

ele parte do meio ambiente para dentro do indivíduo, fazendo-o dirigir-se

na busca da satisfação deste estímulo específico.

A teoria etológica afirma que os atos instintivos são governados,

principalmente, pelo sistema nervoso central, e não pelos periféricos. É

como se existisse uma energia controlada e acumulada, sendo ela

descarregada à medida em que as necessidades mais latentes fossem

surgindo.s-

Pode-se notar aqui uma certa semelhança entre os estudos dos

etologistas, e os estudos de Maslow e Archer, onde, embora não falassem

de instintos, desenvolveram também uma hierarquia de necessidades, onde

a necessidade de uma pessoa com nível mais alto de energia é aquela que

apresenta o menor grau de satisfação e então será tomada como o centro

ou organizador do comportamento. Após a sua satisfação, deixa de ser

uma prioridade, e outra necessidade surge em seu lugar, e assim por

diante.

Entretanto, ARCHER43 propõe que a necessidade, não podendo

cnar satisfação por si mesma, e nem dirigir o comportamento, vai

depender diretamente do intelecto. Assim, a energia da necessidade é

transmitida ao intelecto, que terá todos os seus processos e funções

42 COFER. C.N.: APPLEY. M.H. Op. Cit. p.86.

43 ARCHER. E. R. Op. Cit. p.31-33.

38

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dirigidos no sentido da satisfação das necessidades mais prementes não

satisfeitas. A função do intelecto é detectar as necessidades das pessoas,

priorizar estas necessidades e encontrar satisfação para elas.

Lorenz fez um experimento com periquitos, onde um macho exibia

uma conduta de cio quando era pendurada dentro de sua gaiola uma bola

de plástico verde, no lugar da fêmea. Daí, concluiu que o periquito possuía

um estado interno de carência, representado pelo cio, que depois de

atribuído o seu valor, gerou uma conduta de busca visando encontrar no

meio-ambiente o esquema produtor representado pela bola verde

pendurada.

No momento em que o esquema produtor atende à carência interna

específica dá-se o ato instintivo e aquela conduta de busca desaparece . É

interessante notar que se busca no meio ambiente um objetivo que é

específico e único, por ter um conjunto de características particulares. No

exemplo do periquito, possuir cor verde, ser uma esfera, e estar suspensa.

Se alguma destas características não existir, o ato instintivo não ocorre.

É importante ressaltar que não foi o esquema produtor, isto é, a bola verde.e pendurada que despertou a conduta de busca, mas o estado interno decarência que fez com que o animal valorizasse esse esquema produtorespecífico externo a ele. Se a carência interna fosse outra, certamente oesquema produtor perseguido também seria outro.v'

44 BERGAMINl C. Op. Cit. p. 40-41.

39

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Assim como o periquito da experiência anterior, os profissionais

das organizações de arte buscam um esquema produtor específico para as

suas carências internas.

As atividades passam, assun, a ser independentes de estímulos

externos, pois existe uma fonte excitante e ativa que influencia todo o

organismo, o qual podemos chamar de motivo ou propósito. O

comportamento tenta, então, por diferentes movimentos, atingir um

objetivo específico. O que irá determinar o seu término será o atendimento

do objetivo, ou a completa exaustão do animal."

Fazendo uma ponte entre os atos instintivos e os atos motivacionais,

o ser humano também possui um estado de carência que só será suprido

através da busca do seu esquema produtor, que nada mais é do que o seu

fator de satisfação. Quando há o encontro da necessidade com o fator de

satisfação, dá-se o .ato motivacional. A direção da busca é determinada

por um fator interno e individual, isto é, dentro de situações idênticas, os

indivíduos possuem atitudes diferentes. Outro fator importante a ser

considerado é que caso haja a ausência de algum destes dois elementos,

ou seja" necessidade interna e fator de satisfação, o ato motivacional não

ocorrerá, e, conseqüentemente, a necessidade continuará a existir.

45 LORENZ, K An Energy Model of Instinctive Actions. In: BINDRA D.: STEWART, JMotivation. 2ed. Great Britain: Hazell Watson&Viney Ltd, 197Lp24-26

(

40

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Convém novamente acrescentar que não se cria a necessidade pelo

oferecimento do fator de satisfação, tendo em vista que ela surge de

dentro para fora, como resultado das carências internas.

2.2.2. A TEORIA DA MOTIVAÇÃO E HIGIENE DE HERZBERG

... posso carregar a bateria de um funcionário, depoisrecarregá-la e tomar a carregá-la cada vez mais. Massomente quando ele tiver o seu próprio gerador é quepoderemos falar em motivação. Não precisará, então, deestímulo externo. Ele terá vontade de executar as tarefas.HERZBERG46

Herzberg realizou um estudo no qual ele testou o conceito de que o

homem tem dois tipos de necessidades: suas necessidades como um

animal para evitar o sofrimento, e suas necessidades como um humano

para crescer psicologicamente.t? Neste estudo foram entrevistados 200

engenheiros e contadores de um determinado setor industrial, onde eles

relataram fatos que lhes trouxeram um aumento na sua satisfação no

trabalho, e outros que por sua vez a reduziram. Os resultados desta

pesquisa foram demonstrados no quadro da Figura 1.

Através deste estudo, Herzberg notou que alguns fatores

demonstraram ser fortes determinantes de satisfação no trabalho. Foram

eles o reconhecimento, a realização, o trabalho em si, a responsabilidade, \) ;

46 HERZBERG, F. Novamente: como se faz para motivar funcionários? Biblioteca Harvard deAdministração de Empresas. \'.1. n.l3. USA 1975. p.4.

47 HERZBERG, F. The Motivation-Hygiene Theory. In: VROOM, Y.H. ; DECI. E.L. Managementand motivation. Inglaterra: Richard Clay Ltd.. 1970.p.86-90

,~"

41 .~.. i

Page 49: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

o desenvolvimento e o progresso, sendo que os três últimos foram de

grande importância para uma mudança de atitude duradoura. Já os fatores

que causaram insatisfação, tais como políticas e administração da

companhia, supervisão, salários, relações interpessoais e situação,

segurança e condições de trabalho, produziam mudanças efêmeras nas

atitudes no trabalho.

Fatores que provocaram extrema insatisfação Fatores que provocaram extrema satisfação

40% 30 20 10 O 10 20 30 40%Realizaçãb

I JReconh tcim ento

l JTraball1.o em si

I IRespon abilidade

I JPrQNedo

, I_I olítica e adr i in istracão da emnreaar J

SuoervisãJ técnicaI

.SalárloI

R.e ações intern lessoaisI I

Coddições de II balhoI I

oMotivadores

OHigiênicos

Figura 1 - Comparação entre fatores higiênicos e motivadores. Adaptado deMcGregor, Douglas, Motivação e Liderança. São Paulo: Brasiliense, 1973,. p. 221.

É possível notar que os fatores que causam satisfação descrevem a

relação do homem com aquilo que ele faz, como,por exemplo, o conteúdo

do seu trabalho, a realização de uma tarefa, o reconhecimento por esta

42

Page 50: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

realização, a natureza e a responsabilidade envolvidas, e o progresso e o

crescimento de suas capacitações.

Por sua vez, os fatores de insatisfação descrevem a relação do

homem com o ambiente e o contexto no qual ele o realiza. Estes fatores,

tendo pouco efeito sobre atitudes positivas, servem basicamente para

prevenir a insatisfação no trabalho, e, por isso, foram chamados de fatores

de higiene. Eles, basicamente, satisfazem os anseios do homem de evitar

aborrecimentos, tomando as suas vidas higienicamente limpas."

Os fatores de satisfação tomam as pessoas realizadas com seus

serviços, porque atendem à necessidade básica e humana de crescimento

psicológico, uma necessidade de se tomar mais competente-v. Assim,

foram chamados de motivadores, pois eles são eficazes em motivar as

atitudes e esforços no trabalho.

ti Por sua própria natureza, os motivadores, em oposição aos fatores

de higiene, exercem um efeito muito mais duradouro nas atitudes dos

empregados.v".

O estudo conclui, então, que são os fatores de higiene que afetam a

insatisfação no trabalho, e os fatores de motivação que afetam a

48 HERZBERG. F. o conceito da higiene como motivação e os problemas do potencial humano detrabalho. In: HAMPTON. D. Conceitos de comportamento na administração. São Paulo: EPU. 1973.p.S8.

49 Ibidem. p.S8.

"':

43

Page 51: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

satisfação. Assim, Herzberg tentou mostrar que os fatores capazes de

produzir satisfação e motivação no trabalho são independentes e distintos

dos fatores que conduzem à insatisfação no trabalho. Estes dois

sentimentos não são opostos um ao outro, pois "o oposto de satisfação

profissional não seria a insatisfação, mas, sim, nenhuma satisfação

profissional, e da mesma maneira,o oposto da insatisfação profissional não

seria a satisfação, e, sim, nenhuma insatisfação no trabalho>'. Isto significa

que "aquilo que deixa as pessoas insatisfeitas quando está ausente, não as

satisfaz quando presente. E aquilo que deixa as pessoas satisfeitas quando

presente, não as deixa insatisfeitas quando ausente."52

Os fatores higiênicos, assim, neutralizam os efeitos da insatisfação,

garantindo que as pessoas se sintam bem e motivadas para atingir seus

verdadeiros objetivos.

Segundo Herzberg, não há nada de errado em oferecer o máximo de

vantagens higiênicas ao empregado. O que está errado é a soma de

necessidades humanas em termos higiênicos. O que realmente poderia

motivar os empregados a trabalharem de uma maneira eficaz, seria dar-

lhes condições propícias para que seu serviço permita um sentimento de

50 Idem. Novamente: como se faz para motivar funcionários? Op. Ci t. p.13.

51 Idem.. O conceito da higiene como motivação e os problemas do potencial humano de trabalho.Op. Cit. p.54.

52BERGAMINI. C. A dificil administração das motivações. Revista de Administração de Empresas,São Paulo: EAESPIFGV \'.38. n. I, p.13, jan./mar. 1998.

44

Page 52: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

realização, responsabilidade, crescimento, promoção, prazer com o

próprio trabalho e reconhecimento merecido».

Há autores que analisam a questão dos fatores de higiene de

Herzberg, dizendo que fatores extrínsecos como salários, segurança,

políticas organizacionais, relacionamentos interpessoais e condições

ambientais de trabalho não motivam ninguém, eles apenas fazem com que

as pessoas se movimentem ao buscá-los, ou a lutar por eles quando os

perderem. Assim, eles não trazem satisfação, mas a sua inexistência causa

grande insatisfação. As condições extrínsecas favorecem simplesmente um

bom tratamento às pessoas, neutralizando e mantendo suas insatisfações

em níveis baixos, mas não oferecem oportunidade de satisfação das

verdadeiras necessidades psicológicas. 54

É possível concluir, então, que fatores higiênicos e motivacionais

são diferentes e opostos por natureza. A insatisfação no trabalho advém

dos fatores higiênicos ou extrínsecos, que não motivam, pois vêm do meio

ambiente. Sua presença não garante a satisfação, e, sim, nenhuma

insatisfação. Os fatores motivacionais, por sua vez, garantem a satisfação

no trabalho. Correspondem aos fatores intrínsecos, tendo sua origem no

interior de cada indivíduo, sendo que somente eles são capazes de

conduzir à verdadeira motivação.

53 MYERS. M.S. Quem são os seus trabalhadores motivados? In: HAMPTON. D. Conceitos decomportamento na administração. São Paulo: EPU, 1973, p.63.

45

Page 53: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Na arte, e, especificamente, nas organizações de dança, os fatores

de higiene postulados por Herzberg tais como salário, segurança,

condições de trabalho, entre outros, não assumem um papel de destaque

na consecução dos objetivos destas organizações. Os fatores

motivacionais, por sua vez, aparecem como primordiais e indispensáveis.

Estes profissionais buscam a auto-realização, o reconhecimento, e

consideram a sua atividade insubstituível.

54 BERGAMINJ, C. Motivação. Op. Cit. p. 33-34.

46

Page 54: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

CAPÍTULO 3. A ARTE

3.1. A IMPORTÂNCIA DA ARTE NA SOCIEDADE

o objetivo de pintar um quadro não é fazer uma pinturapor mais estranho que isso possa parecer. O quadro, se foresse o resultado, é um subproduto que pode ser útil,valioso e interessante como um sinal do que se passou. Oobjetivo, que está por trás de toda verdadeira obra de arte,é a realização de um estado de ser, um alto estado defuncionamento, um momento de existência mais do que oordinário. HENRI55

Talvez um dois maiores desafios deste trabalho seja fornecer uma

definição de arte. Mesmo partindo do pressuposto que todos saibam, ou

presumam saber o que é arte, nota-se que há muitas divergências nesta

definição, que esta palavra vem sendo utilizada de modo errôneo e

divergente. A razão disto se deve ao uso desta palavra ao longo da história

ocidental.

Segundo GALEFFJ56, os antigos clássicos faziam uma distinção

entre arte e não-arte. Assim, todo produto advindo do homem consciente

era considerado como arte. A não-arte se resumia, então, a todo produto

decorrente da natureza ou do acaso. Nota-se aqui que não havia uma

distinção entre arte e técnica, isto é, não se reconhecia diferença alguma

entre o artista criador e o artesão habilidoso. Também não existia o

55 In: DECL E. Op. cu. p.31.

56 GALEFFL R. Fundamentos da criação artística. São Paulo: Melhoramcntos.1977. p.152-153.

47 , ~}

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Page 55: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

conceito de belas artes; todas as artes eram artes de USO.57 As artes eram

produtos com propósitos específicos como quaisquer outros produtos,

sendo julgadas pela eficácia na consecução dos objetivos para os quais

tinham sido feitas.

A partir do século XIX, adotou-se uma distinção entre as belas-

artes e todas as outras artes. Somente as belas-artes foram rotuladas com

o nome de arte em contraposição aos oficios, que não foram considerados

dignos desta nomenclatura. Este divórcio dos artistas e dos artesões não

perdurou muito tempo, já que no fim deste mesmo século, a reabilitação

dos oficios invalidou novamente a distinção entre artes e oficios, fazendo

com que o conceito clássico de arte, com toda a sua ambigüidade, voltasse

a ressuscitar.

Ora, toma-se dificil traçar lllna definição objetiva se é levado em

conta, isoladamente, a habilidade técnica, ou o sentimento estético que

advém de um impulso criador. "Mas a arte e o valor artístico não são

garantidos apenas em função de definições extrínsecas, como se, em

virtude de suas respectivas fmalidades, as artes belas fornecessem

suficiente prova de autenticidade estética e como se - pelo contrário - as

chamadas artes menores determinassem uma radical impossibilidade de

realização do valor artístico".58O que realmente importa é a qualidade do

57OSBORNE. H. Estética e Teoria da Arte: lima introdução histórica. 2.ed. São Paulo: Cultrix,1974. p.31.

58GALEFFI. R Op. Cit. p.I53.

48

Page 56: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

ato criador artístico, onde o artista ou artífice expresse e exteriorize para

os outros um autêntico sentimento estético, que se liberte de toda

limitação preliminar. O autor termina por definir a arte como toda a

produção de beleza pela mão do homem, que implica um ato de expressão

e se completando numa subseqüente comunicação. O valor intrínseco de

uma obra de arte não deve ser medido exclusivamente pelo resultado, mas

também pelo grau de consciência que dirigiu o processo criativo .

... não existe, a rigor, nenhuma obra de arte que não tenha tido origem deum pessoal e singular ato de escolha; o qual não poderá nunca confundir-se com a pura mecanicidade, nem com o simples automatismo do instinto,nem com o simples acaso. 59

Paralelamente, o conceito de sociedade é igualmente vago e

ambíguo. Alguns filósofos, entre os quais Platão, "consideram a arte e a

sociedade como conceitos inseparáveis - que a sociedade, como entidade

orgânica viável, é decerto modo dependente da arte como uma força

aglutinadora eenergizante.rw. De acordo com o autor, tanto a arte como a

sociedade têm sua origem nas relações do homem com o seu ambiente

natural" :e, ao longo da história, é impossível conceber uma sociedade sem

arte, ou \l!l11laarte sem significação social. Entretanto, existem

características de nossa civilização que são claramente contrárias às artes,

como a alienação, a atrofia da sensibilidade, e o fato dos valores da arte

59 Ibidem. ,p.lI.

49

Page 57: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

serem essencialmente aristocráticose', pOIS não são determinados pelo

nível geral de sensibilidade estética, mas pela "melhor sensibilidade

estética existente em um determinado momento", que é determinado por

um grupo relativamente pequeno de pessoas.

"Sem a arte, não saberíamos que a verdade existe, pois ela só se

toma visível, apreensível e aceitável, nas obras de arte".62 A arte, assim,

assume um caráter eminentemente revolucionário e perturbador, sendo

acima de tudo, um produto social.

Existem, basicamente, duas correntes acerca da finalidade da arte.

Uma afirma que a arte deve contribuir para o desenvolvimento da

consciência humana, para a melhoria do regime social. A outra, por sua

vez, diz que a arte é um objetivo em si , e que convertê-la em um meio de

alcançar outros objetivos que lhe são estranhos, mesmo que sejam os mais

nobres, equivale a rebaixar o seu mérito'». Mas esta última visão tira da

arte uma significação que lhe é essencial, que é a de difundir

conhecimentos na sociedade, reproduzindo a vida e ajuizando os seus

fenômenos.

') ,

60 READ. H. Arte e Alienação: ()papel do artista na sociedade. 2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1983, )'p.19

61 Ibidem. p.25

62 Ibidem. p.25

63 PLEKHANOV, G.A Arte e a lida Social. 2.ed.São Paulo: Brasiliense. 1969. p.II-l2.

50

Page 58: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

o homem tem a necessidade de se desenvolver, ele anseia absorver

o mundo que o circunda para que se sinta mais completo. "A arte é o meio

indispensável para essa união do indivíduo com o todo; reflete a infinita

capacidade humana para a associação, para a circulação de experiências e

idéias. "64. Esta visão da arte é um pouco romântica, pois, segundo o autor,

a obra de arte deve apoderar-se da platéia não através da identificação

passiva, mas através de um apelo à razão que requeira ação e decisão. Ela

é um instrumento de apelo que chama os homens à reflexão, ela é

. necessária para que o homem se tome capaz de mudar o mundo, sem ser,

, contudo, uma mera descrição clínica do real.

Toda obra de arte reflete as idéias, necessidades e aspirações da

humanidade de uma situação histórica particular. Embora a razão de ser

da arte nunca permaneça inteiramente a mesma, há alguma coisa que

expressa uma verdade permanente. É por isso que ainda hoje as pessoas

se comovem com pinturas pré-históricas e as consideram, em certos

aspectos, como norma e modelo insuperável. 65

"A arte é a tranqüilidade que nos faz perceber as coisas. Ela toma o

invisível visível'w.

64 FISCHER, E. A Necessidade da Arte. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar,197Lp.13.

65 Ibidem.p.16.

66 BRlLL. Alice. Da Arte e da Linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1988, p.69. \. \. \

51

Page 59: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

É também através da arte que ocorre uma interação entre a alma do

artista e a alma do receptor, bem expressa nesta frase de Rodin: "Não

existe talvez nenhuma obra de arte que extraia o seu encanto apenas do

equilíbrio das linhas e dos tons e se dirija unicamente à vista. Também ela

deve ser criada pela alma e para a alma - e exprimi-la, nutri-la, enriquecê-

la."61

67 In: HUYGHE, René. A arte e a Alma. Paris: Bertrand, 1960, p.7.

52

Page 60: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

3.2. O PAPEL DO ARTISTA NA SOCIEDADE

Dar forma concreta àquilo que é interior, representá-lo detal modo que o vejamos como a imagem exteriorizada decoisas interiores - essa é a capacidade mais rara.BURCKHARDT68

Sendo a arte um meio através do qual o homem se toma capaz de

compreender a realidade, ajudando-o a transformá-la e a tomá-la mais

humana, o artista toma-se um elemento fundamental neste processo. Para

tanto, ele deve ser consciente de sua função social. Entretanto, um artista

só exprime a experiência daquilo que o seu tempo e as suas condições

sociais oferecem. "Por essa razão, a subjetividade de um artista não

consiste em que a sua experiência seja fundamentalmente diversa da dos

outros homens de seu tempo e de sua classe, mas consiste em que ela seja

mais forte, mais consciente e mais concentrada. "69 Assim, ele pode

expressar a sua individualidade, captando os traços essenciais de seu

tempo, e retratar os novos processos que ocorrem na sociedade. Ele deve

ser o porta-voz desta sociedade, expondo ao público a significação dos

acontecimentos.

Segundo READ70, o que se busca em uma obra de arte é um certo

elemento pessoal, onde o artista, através de sua sensibilidade distinta, ('\..

68 In: READ, H. Op. Cit. p.24

69 FISCHER, E. Op. Cito.p.56.

70READ, H. O Sentido da Arte. 2.ed. São Paulo: Ibrasa, 1972, p.28.

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53

Page 61: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

revele algo de original. O artista, então, dá forma concreta às sensações e

percepções através da imagem, pois sem imagens não há idéias e uma

civilização morre, lenta mas inevitavelmente. Ele é estimulado pelos

grandes acontecimentos, embora deles não participe e nem mesmo os

celebre diretamente em suas obras." O meio no qual todo artista está

inserido, assim, é de extrema importância para a consecução de suas

obras. Ele sempre está pensando no público, mesmo quando diz o

contrário. Não se pode esquecer que o artista deve viver de sua arte, daí

novamente a importância do público. Isto faz com que se desmistifique um

pouco a imagem de um artista, pois ele " ...não é somente herói ou mágico,, . d -"72e am a artesao... .

FISCHER 73, contrariamente a alguns autores, propõe que o trabalho

para um artista é um processo consciente e racional. A obra de arte

resultante, assim, advém de uma realidade dominada e, de modo algum,

de um estado de inspiração embriagante. Não basta somente ter emoção, é

preciso saber dominá-la e transmiti-la. A arte precisa ser trabalhada e

construída, tomando forma através da objetividade.

o artista como pária social, passando fome numa mansarda, persiste comouma idéia comum de um tipo social, e assim uma forma particular de umafigura histórica e transformada em definição universal. Não é dificil

\.....•,.

71 READ. H. Arte e Alienação: o papel do artista na sociedade. Op. Cit. p.30.

72 BASTIDE, R. Op. Cit. p.79

73 FISCHER, E. Op. Cit. p.l-l-.

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54 r\

Page 62: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

mostrar que essa ideologia que cerca a produção artística é, ela própria,produto de um período particular e de um certo conjunto de relaçõessociais. Mais especificamente, descende da noção romântica de artista doséculo XIX.74

o artista, assim, deixa de ser aquele ser marginalizado, excêntrico

e visto como uma pessoa incomum, que possui uma inspiração divina,

sendo, assim, superior aos outros. Passa a ser uma pessoa normal, que

precisa trabalhar e viver de sua arte, sendo que esta nada mais é do que

um produto, uma manufatura, feita com criatividade mas também com

muita transpiração.

74 WOLFF, Janet. A produção social da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. p.24-25.

55 , ,, ,

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3.3. A DANÇA ENQUANTO ARTEDe todas as artes, a dança é a única que dispensamateriais e ferramentas, dependendo só do corpo. Por issodizem-na a mais antiga, aquela que o ser humano carregadentro de si desde tempos imemoriais. Antes de polir apedra, construir abrigo, produzir utensílios, instrumentos earmas, o homem batia os pés e as mãos ritmicamente parase aquecer e se comunicar. Trata-se de uma história queabrange todas as grandes civilizações, do Mediterrâneo aoPacífico. Dançava-se por alegria e luto, para homenageardeuses e chefes, para treinar guerreiros e educarcidadãos.75

LIFAR 76 propõe que o homem conheceu este modo de expressão,

não somente antes de fazer uso da palavra, e, sim, antes de conhecer

qualquer exteriorização melódica. Não é a música que se dança, e sim o

ritmo interior que está nela inserido. "Aos que querem saber quando

comecei a dançar, respondo: no ventre materno"."?

A dança é uma arte emotiva por excelência, ela somente pode

indicar através de seus passos, gestos, movimentos e expressões de

fisionomia, a situação e os sentimentos de cada personagem, deixando a

cada espectador a tarefa de lhe emprestar um diálogo que faça jus à

emoção por este recebida.

Numa cornposiçao musical, romance ou balé, o público participa daexploração e desdobramento de uma situação, da construção ou

75 PORTINARL M. .Historia da Dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989,p. 11.

76 LIFAR. S. La Danse. Pays Bays: Gonthier, 1965. p.12-21.

77 DUNCAN. I. Minha Vida. 10 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, p.3.

56

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eliminação de uma estrutura, da solução de um problema, e assim pordiante. Eles são, essencialmente, ação pura.78

Os hindus consideram que a dança está em toda a parte. Ela pode

ser vista refletida nos movimentos das ondas do mar, nas estações do ano,

nas nuvens, nos rios, na energia destruidora dos vulcões, no crescimento

das plantas; na vida humana, cada gesto comunica sentimentos e emoções,

traduz estados da alma. 79

Segundo SACHS, a música e a poesia existem no tempo, e a pintura

e arquitetura no espaço. A dança, por sua vez, vive no tempo e no espaço.

Ela quebra as barreiras existentes entre o corpo e a alma, tomando o

corpo um mero receptor do poder advindo desta alma em erupção. Não

existe, assim, uma arte tão completa. 80

Existem muitas maneiras de se ver a dança. Ela pode ser

considerada como uma forma de expressão artística, onde o artista

expressa em gestos o que ele sente ao deixar se envolver pela música;

como uma forma de comunicação não verbal, criando símbolos e desenhos

que serão interpretados diferentemente por quem a recebe.

Uma excelente definição de dança foi dada por KRAUS,

HILSENDAGER & DIXON. Dizem eles: "A dança é uma arte praticada

78 ARNHEIM, R.. Intuição e Intelecto na Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p.69.

79 ANDRÉS, M. H. Os Caminhos da arte. Petrópolis: Vozes, 1977, p.64.

80 SACHS, C .. Wor/d History ofthe Dance. New York: WW. Norton & Company Inc., 1973, p3-5.

57

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por indivíduos ou grupos de seres humanos, envolvendo o tempo, espaço,

força e fluidez, e no qual o corpo humano é o instrumento e o movimento

é o meio. O movimento é estilizado e todo o trabalho da dança é

caracterizado por uma forma e estrutura. A dança normalmente é

acompanhada por música ou qualquer outro acompanhamento rítmico, e

tem um propósito primário de expressar os mais profundos sentimentos e

emoções, embora seja utilizada para eventos sociais, religiosos, populares,

educativos, e também para terapia."81

Não há povo sem dança, e neste final de século e milênio, todas as

suas formas são apreciadas. Basicamente, segundo ACHCAR82,é possível

classificar as formas de dança da seguinte maneira:

Clássica: é o produto da fusão de outras artes (música, pintura e

poesia) com a dança. É também a única forma de dança que não se limita

às dimensões da terra, pois seus movimentos e figuras no ar são muito

constantes.A dança clássica é composta de passos diferentes, de ligações,

de gestos e de figuras previamente elaborados para um ou mais

intérpretes;

Moderna: constitui-se numa autêntica revolução aberta contra o

sistema de regras rígidas da dança clássica, caracterizando-se, por isso

81KRAUS, R.; H1LSENDAGER. S.; DIXON, B. History ofthe Dance in Art and Education. 3.ed.New Jersey: Prentice Hall, 199 L p.24

82ACHCAR, D. Ballet: Arte. Técnica e Interpretação. 2.ed. Rio de Janeiro: Cia. Brasileira de ArtesGráficas, 1985, p.41-73.

58

Page 66: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

mesmo, pela inteira liberdade de movimentos e de expressão, mas com o

necessário cuidado para não prejudicar a beleza de formas, de linhas e de

equilíbrio estético. Procura transmitir com mais ênfase os sentimentos, os

sonhos, as fantasias, as idéias e as emoções do homem;

Folclórica ou etnológica: é a expressão artística de um povo.

Nasceu de danças populares e cresceu para se transformar em formas de

arte. Embora essas danças estejam revestidas da vontade de um povo,

essa vontade é apresentada por artistas treinados, e através da influência

de professores que atuam como modeladores do talento e guardiões da

tradição;

Caráter: são passos e movimentos inspirados em danças folclóricas

e de época, adaptados para serem usados em balés e óperas. Tem como

exercícios quase os mesmos do balé clássico, apenas adaptados às

necessidades dessa dança (polka, minueto, mazurka, etc.);

Sapateado: é um tipo de dança caracterizada pela rápida batida no

chão com as pontas dos pés e calcanhares, dançado com sapatos

especiais, com pedaços de metal nas extremidades da sola para sonorizar

as batidas;

Pantomima: é composta para ser exclusivamente representada por

gestos e atitudes, sem o recurso da voz. Esta forma de representação é a

mímica sob a forma de movimentos cênicos, que visa a expressar as idéias

e os sentimentos traduzidos pelos movimentos da fisionomiae do corpo.

59

Page 67: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

3.4. A ADMINISTRAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DE ARTE

Como já foi visto anteriormente, a arte pode ser considerada como

uma "manufatura". Assim, toda atividade artística, sob o capitalismo,

perdeu aquela idéia de superioridade sobre todas as outras formas de

trabalho por ser uma atividade livre e criativa, pois segundo MARX, na

sua teoria da abelha e do arquiteto, todo o trabalho humano é

essencialmente criativo.

A semelhança entre a arte e o trabalho está, portanto, na sua relaçãocomum com a essência humana, isto é, são ambos atividades criativas pormeio das quais o homem produz objetos que o expressam, que falam porele e sobre ele. Não há, portanto, uma oposição radical entre arte etrabalho. 83

É possível verificar estes conceitos quando o artista passa a ceder

às exigências do mercado que absorve as suas obras de arte, afetando o

seu conteúdo e a sua forma. O artista passa a ficar mais limitado, a sua

individualidade é sufocada, e o seu trabalho artístico passa a ficar também

mais alienado.

CAPLIN84 diz que a arte não é feita por nenhuma outra razão senão

a expressão pessoal do artista. Negócios, por outro lado, são feitos

tradicionalmente com o intuito de ganhar dinheiro. E completa: "... o

83 Citado em WOLFF, J. Op. Cito p.28-29.

84CAPLIN, L. The Business of Art. 2.ed. New Jersey: Prentice Hall, 1989,p.7.\

\"

60

Page 68: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

problema surge quando um artista começa a vender alguma coisa: a partir

daí ele se conecta com os negócios e sua vida não se livra mais deste

envolvimento."

Uma variante moderna dessa idéia, segundo WOLFF85, é a situação

comum de pintores que lecionam em escolas de arte para ganhar a vida,

fazendo o seu trabalho "real", isto é, a pintura, nas horas vagas. Segundo

a autora, tudo o que o homem faz é afetado pelas estruturas sociais nas

quais ele está inserido. Isto não quer dizer que para que o homem seja

livre, ele tenha que se liberar destas estruturas e agir fora delas, pois são

estas mesmas estruturas que lhe permitem toda e qualquer atividade.

A questão fundamental é encontrar uma organização democrática,

flexível e não burocrática que não tolha a motivação intrínseca e a

criatividade do artista. Não é possível afirmar se este tipo de organização

já existe ou não.

"Mas um ponto importante, é que ela evolua para uma consciência

total, comunitária. Não são os currículos nem a burocracia que a fazem

crescer, mas antes de tudo o entusiasmo e a força criadora de seus

líderes."86

85WOLFF, 1. Op. Cito p.3l.

86 'ANDRES, M. H. Op. Cito p.109.

61

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3.4.1. AS ORGANIZAÇÕES DE DANÇA

A dança pode contar com dois tipos de estrutura organizacional:

escolas de dança ou grupos de dança. Em ambos os casos ela se encontra

hierarquizada, departamentalizada, com uma divisão de trabalho clara e

definida e com um objetivo a ser alcançado.

No que tange ao corpo administrativo, pode-se diferenciar as

escolas de dança dos grupos de dança da seguinte maneira:

Escolas de dança: possuem no mínimo um diretor que acumula as

funções administrativas e fmanceiras - que por se tratar de uma empresa

pequena, na maioria das vezes, é o próprio proprietário -, uma secretária,

uma faxineira e um corpo de professores especializados. Geralmente a

seleção, o treinamento e a remuneração são feitos de maneira informal

pelo proprietário e os demais departamentos de controle são absorvidos

por uma empresa de contabilidade.

Grupos profissionais de dança: Possuem um quadro bem mais

extenso do que uma escola. O exemplo a seguir mostra um modelo de um

organograma adotado por um grupo profissional. Naturalmente, esta

estrutura tem um caráter ilustrativo, que somente servirá de base para a

análise das entrevistas, e para que seja possível ter uma idéia do quão

complexa é esta estrutura.

62

Page 70: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Segundo ROBATT087, os grupos de dança no Brasil, com

exceções no eixo centro-sul do país, funcionam em condições precárias,

em geral nada favoráveis às atividades profissionais de dança, o que toma

quase impossível o exercício regular da profissão. As únicas companhias

particulares que conseguem manter-se regularmente estão vinculadas a

escolas de dança que fornecem toda a infra-estrutura necessária, tal como,

salas de ensaios, equipamentos de som, e um mercado de trabalho para os

bailarinos nas atividades didáticas da escola.

A seleção dos bailarinos de um grupo profissional é feita através de

uma audição, que é lUna aula de balé, onde uma banca examinadora

seleciona os melhores elementos. A remuneração de um grupo de dança

profissional difere muito, podendo ser variável, isto é, ajuda de custo mais

porcentagem da bilheteria, ou fixa, onde o salário é estipulado de acordo

com a função executada. No Brasil, são raros os grupos que percebem

uma remuneração fixa. São grupos que já atingiram um alto nível de

maturidade e contam com um patrocínio constante.

A estrutura de uma companhia de dança americana, como ilustrado

no organograma da Figura 2, possui duas ramificações paralelas, a

artística e a administrativa. Elas são interdependentes, isto é, uma não

consegue viver sem a outra. Um grupo de dança acima de tudo é um time,

87ROBATTO, Lia. Dança em Processo linguagem do indizível. Salvador: UFBA, 1994, p.333

63

Page 71: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

onde cada pessoa tem um papel específico a cumprir. É interessante notar

o quão complexa e burocrática pode vir a ser uma organização de dança.

Staff Administrativo

Staff Artístico

Figura 2 - Adaptado de WhitehiIl, A; Noble W. The Young Professional's Book ofBaIlet. New Jersey: Princeton Book Company, 1990.

A relação do bailarino com a companhia é formalizada através de

um contrato. Nele, tudo fica pactuado: o número de espetáculos, o horário

de trabalho, a remuneração, aulas, ensaios, maquiagem, inclusive o tipo de

transporte e acomodação em caso de viagens.

A grande maioria dos grupos de dança no Brasil não

64

Corpo de Baile

\

Page 72: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

possui uma estrutura tão complexa como a mostrada no organograma

anterior. Muitos nem sequer chegam a possuir dois níveis. É o caso de um

grupo em que o diretor é também professor e bailarino. Nonnalmente,

também não é pactuado um contrato com os integrantes. As relações são

informais, e os problemas vão sendo discutidos e administrados conforme

vão aparecendo.

.,

65

Page 73: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

CAPÍTULO 4. A PESQUISA

4.1. METODOLOGIA DA PESQUISA E DA COLETA DE DADOS

A presente pesquisa de campo foi realizada com grupos de dança.

Ela foi dividida em duas etapas.

A primeira parte desta pesquisa foi feita através de questionários

preenchidos por integrantes destes grupos de dança. Na segunda foram

utilizadas entrevistas com profissionais que são, ou já foram diretores de

algum grupo de dança.

Para isso, buscou-se coletar dados que confirmassem ou não a

hipótese levantada, isto é, os profissionais das organizações de arte devem

privilegiar sobretudo a motivação intrínseca.

De acordo com esta posição, as pessoas que trabalham neste tipo

de organização não buscam fatores externos de satisfação, e, sim,

internos.

Portanto, a pesquisa teve por objetivo verificar se existe uma

correlação estreita entre pessoas que trabalham em organizações de arte e

este tipo de motivação.

4.l.l. LIMITAÇÕES DESTE ESTUDO

Talvez a maior limitação deste estudo tenha sido a falta de dados

oficiais no que tange às organizações de dança. Não se sabe ao certo

66

Page 74: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

quantos bailarinos existem no Brasil.

A Fundação Nacional de Arte - FUNARTE, órgão dedicado à

difusão de cultura no Brasil, interrompeu em 1990, devido ao corte de

recursos por ocasião do Plano Collor, o levantamento do número de

bailarinos que vinha sendo feito. Atualmente está desenvolvendo uma

pesquisa para quantificar os grupos de dança existentes no país, mas

infelizmente.não dispõe de um número, ainda que aproximado, dos

bailarinos em atividade.

Segundo Ivan Grandi, diretor do jornal Dança Brasil, veículo oficial

de divulgação de dança no Brasil, com uma tiragem gratuita mensal de dez

mil exemplares, calcula-se que existam em tomo de 350.000 bailarinos,

distribuídos em 12.000 escolas, sendo que 50% deste número está

localizado nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Mas para o

universo considerado nesta pesquisa, esta informação não é de grande

valia, pois o número em questão considerou como "bailarinos" todos os

alunos de dança a partir de 12 anos de idade, não levando em

consideração se levam a dança à sério, se a têm como uma profissão, se

participam de um grupo de dança ou não. Por isso, não é possível avaliar

se a amostra estudada é significativa ou não.

Há também uma questão relevante a ser abordada. Como não há,

ainda, no Brasil, uma cultura onde a dança possa ser considerada como

atividade profissional, a maioria dos grupos são considerados amadores,

não pela qualidade de seus trabalhos ou integrantes, mas, sim, pelo fato de

não possuir patrocínio, estabilidade, e precisar de outra fonte de renda

67

Page 75: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

para sobreviver. "O profissional difere do amador por estar sobrevivendo

do seu trabalho artístico (salários ou cachês)."88

Grupos profissionais, isto é, aqueles que dão a seus integrantes

condições de sobrevivência, são raros no nosso país. Assim, quando os

questionários foram distribuídos, não houve mna preocupação em tentar

diferenciar os "profissionais" dos "amadores".

4.1.2. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E COMPOSIÇÃO DA

AMOSTRA

Embora não haja estatísticas precisas sobre o número de

profissionais de dança, pode-se considerar que a amostra de 669

bailarinos corresponde a mna parcela representativa da população em

questão.

No que tange à aplicação dos questionários, optou-se por buscar

profissionais de grupos de dança em diversos festivais no país e também

em escolas de balé.

As entrevistas assmniram um caráter mais formal. A metodologia

para a seleção dos entrevistados foi explicitada no primeiro capítulo deste

88ROBATTO, L. Op. Cito p.336

68

Page 76: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

trabalho. Foram selecionados profissionais que dirigem ou dirigiram algum

grupo de dança.

o intuito destas entrevistas era avaliar, além da motivação

intrínseca de seus participantes, questões como seleção, remuneração,

horário de trabalho e estrutura deste tipo de organização.

4.1.3. A ELABORAÇÃO E A APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

No período de março a setembro de 1998 foram pesquisados 669

bailarinos, que correspondem a 187 grupos de dança*. Os questionários

foram distribuídos em festivais nacionais de dança, e em outros eventos da

área. Os principais festivais onde os questionários foram distribuídos são:

• Festival R.V. Promoções em Santos- Teatro municipal- 21 a 24 de

maIO

• Dança Ribeirão Preto- Teatro Municipal- 01 a 07 de junho

• VI Mostra Nacional de Dança de Florianópolis- Centro de Cultura- 17

a 21 dejunho

• Festival de dança de Joinvile- Centreventos Cau Hansen- 17 a 29 de

julho

• II Encontro de Sapateado de Piracicaba- Shopping Center-14 e 15 de

agosto

* listagem dos grupos disponível no anexo IV.

69

Page 77: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

o questionário* foi elaborado com um sistema de perguntas abertas,

visando a dar ao pesquisado espaço para que este pudesse ser espontâneo,

tendo a liberdade de escrever o que quisesse.

Foram elaboradas oito perguntas básicas, que tratavam

especificamente das seguintes-variáveis:

• Grupo de dança.

Esta variável teve por finalidade poder mensurar o número de

grupos envolvidos nesta pesquisa, para que se pudesse levar em conta a

diversidade de estilos e também de regiões do país.

• Tempo de dança.

Este fator dizia respeito ao número de anos de envolvimento com a

dança. É notório para a maioria das pessoas que a vida útil de um

bailarino é curta, não ultrapassando os 35 anos de idade. Obviamente, há

exceções, mas devido a inúmeros fatores pessoais e fisicos, esta carreira

não é muito longa. Para esta pesquisa, o tempo de dança mostrou em que

faixa se concentra a maioria dos pesquisados.

• Fontes de satisfação na dança.

Esta pergunta, sem dúvida, é a mais significativa do questionário.

Cada pesquisado forneceu três fontes. Através de uma classificação destas

• modelo do questionário disponível no anexo 11.

O

70

Page 78: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

respostas, foi possível separá-las em fatores higiênicos e motivacionais, de

modo que a hipótese pudesse ser testada.

• Atividade fora da dança.

Esta pergunta tinha por objetivo verificar quantos pesquisados

possuíam uma atividade paralela à dança. Nos casos de existência de uma

segunda atividade, esta foi destacada, para que fosse possível agrupá-las

por ramo de atividade.

.• Abandono da segunda atividade.

O objetivo desta variável foi analisar se os respondentes

abandonariam esta segunda atividade se pudessem, passando a dedicar-se

apenas à dança.

• Fontes de insatisfação da segunda atividade.

Cada pesquisado forneceu· três fontes de insatisfação que

encontrava nesta segunda atividade. As respostas foram agrupadas para

possibilitar a comparação destes fatores de insatisfação na segunda

atividade com os fatores de satisfação na dança.

o Substituição da dança por alguma outra atividade.

Esta pergunta objetivou analisar o lugar que a dança ocupa na vida

dos pesquisados, se ela é substituível ou não. No caso da resposta ser

afirmativa, as atividades substitutas também foram agrupadas por ramo de

atividade.

o Caracterização em uma palavra do que faz com que uma pessoa dance.

71

Page 79: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

As respostas a esta pergunta foram agrupadas segundo o sentido,

para posteriormente caracterizá-las como fatores intrínsecos e extrínsecos,

reforçando os fatores de satisfação na dança e, conseqüentemente,

reforçando a hipótese proposta.

Após a compilação dos resultados, a Teoria da Motivação e

Higiene de Herzberg foi testada com o intuito de se validar a hipótese.

4.1.4. A ELABORAÇÃO E A APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS

As entrevistas* foram realizadas em julho de 1998.

Foram entrevistados os seguintes profissionais:

• Ady Addor

• Victor Aukstin

• Mario Nascimento

• Eleusa Lourenzoni

• Luiz Ferron

Por se tratar de uma amostra relativamente pequena, estas

entrevistas tiveram um caráter ilustrativo, para que se pudesse levantar e

comparar as estruturas dos grupos de dança apresentadas nas entrevistas.

* roteiro da entrevista disponível no anexo I.

72

Page 80: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Não houve a intenção de se tirar conclusões gerais e estendê-la a todos os

outros grupos.

As questões abordadas nas entrevistas tiveram o objetivo não só de

abranger a teoria já estudada e explorada pelos questionários, mas

também explorar o conceito da organização de dança, para que se possa

tecer algumas considerações sobre o funcionamento das mesmas e

compará-las com o modelo apresentado no capítulo anterior.

As entrevistas visavam a abordar as questões referentes ao

funcionamento do grupo de dança com relação à:

• Estrutura do grupo:

Refere-se a quantos bailarinos o grupo possui, com a respectiva

faixa etária. O objetivo era verificar se há alguma semelhança entre os

grupos estudados;

• Quadro Funcional e Espaço Físico:

A intenção era de verificar se o grupo contava com um quadro

funcional regular, composto por professores, coreógrafos, secretárias e

faxineiras. Em caso negativo, tomou-se verificar se o grupo se utilizava do

quadro funcional da escola a qual pertencia. Da mesma forma, a questão

do espaço fisico utilizado pelo grupo foi verificado, isto é, se este era

próprio, alugado ou emprestado;

• Horário de trabalho:

O objetivo desta pergunta era verificar se os !,1fUpOSde dança

73

Page 81: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

possuíam um horário fixo de trabalho, como outras organizações possuem;

• Seleção:

A questão da seleção dos integrantes de um grupo de dança foi

analisada com o intuito de se verificar o tipo de relacionamento existente

entre eles, isto é, se assmne um caráter mais formal, sendo feita através de

uma audição, ou informal, sendo feita entre alunos e amigos;

• Remuneração:

Esta variável teve por objetivo analisar se os membros destes

grupos de dança percebem algum tipo de remuneração fixa, ou ainda, uma

ajuda de custo, participação na bilheteria, etc. Estas respostas constituem

uma parte essencial desta pesquisa, pois o objetivo é provar que os

bailarinos são levados a desenvolver a sua profissão somente por fatores

intrínsecos;

• Patrocínio:

Esta pergunta teve a intenção de verificar se os grupos em questão

contam com algum tipo de patrocínio que lhes dê suporte para a

consecução de seus objetivos;

• Principais dificuldades encontradas:

Esta pergunta foi aberta, de maneira que o entrevistado pudesse,

através da sua experiência, transmitir aquilo que representa as maiores

dificuldades pelas quais os grupos de dança passam para sobreviver.

Para que seja mais fácil a visualização, as entrevistas foram

74

Page 82: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

resumidas e inseridas em quadros, que se encontram disponíveis no anexo

IH.

75

Page 83: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

4.2. RESULTADOS OBTIDOS NOS QUESTIONÁRIOS.A seguir, serão apresentados os resultados obtidos por pergunta

específica. A compilação completa de todas as respostas abertas está

disponível no anexo V.

• Há quanto tempo dança?

Menos de 01 ,De1.a5anos De6_a10 Oe11a15 Oe16a20 Mais de 21 Niloan e anos anos anos anos respondeu

Pode-se notar que a maioria dos respondentes se situa na faixa que

compreende os períodos de I a 5 e de 6 a 10 anos, representando 33% e

39,3% do total de entrevistados respectivamente.

Figura 3 - Gráfico da Distribuição dos pesquisados por tempo de atividade

É interessante observar que a partir de 10 anos de atividade o

número de entrevistados cai conforme o tempo de dança cresce. Aqueles

que possuem mais de 21 anos de atividade representam somente 2,5% dos

entrevistados. Fatores como idade, limitações fisicas e outros ligados às

suas vidas pessoais talvez possam explicar este decréscimo. Deve ser

76

Page 84: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

considerado, também, o fator da vida útil de um bailarino, já discutido

anteriormente.

• Três fontes de satisfação pessoal na dança

Esta questão, muito relevante deste estudo, indica se os 1852

fatores de satisfação obtidos correspondem, segundo a teoria de Herzberg,

a fatores de higiene ou fatores motivacionais. Eles foram agrupados por

afinidades, respeitando-se a divisão entre os fatores.

Pelos dados apresentados, é possível perceber que os fatores

motivacionais corresponderam a 75% das respostas, em oposição aos

fatores higiênicos, que totalizaram 22%, aproximadamente.

Respostas75%

FATORES DE HIGIENE22%

2%Sem resposta

1%

Figura 4 - Fontes de satisfação pessoal na dança

Devido à enorme diversidade, as respostas foram interpretadas e

agrupadas pelo sentido, para facilitar o entendimento. Algumas questões

tiveram que ser desconsideradas, pois não representavam um fator de

77

Page 85: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

satisfação. Respostas como "tudo" "magia" "é vital" etc foram, , ,.,

desconsideradas.

Os fatores motivacionais totalizaram 1391. Dentre os mais citados,

pode-se citar "sentir-se bem, satisfação, prazer, amor pela dança, emoção,

expressão." Nota-se que estes fatores são internos aos indivíduos,

representando os fatores intrínsecos.

Os fatores de higiene, por sua vez, obtiveram 402 respostas. Eles

correspondem a fatores extrínsecos, oriundos do meio ambiente. Os itens

mais destacados foram: "culto ao corpo, postura, companheirismo, união,

sociabilidade. "

• Tem outra atividade fora da dança ?

SIM61%

Nilo39%

Figura 5 - Existência de uma segunda atividade

Conforme o esperado, 61% dos respondentes afirmam possuir uma

78

Page 86: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

atividade paralela à dança, em oposição aos 39% restantes.

Sabendo-se que a maioria dos bailarinos não consegue sobreviver

só com a dança, e levando em conta outros fatores, como a necessidade deestudo, questões familiares e a própria urgência em se manter para poder

continuar dançando, é natural que grande parte dos respondentes tenham

que possuir uma segunda atividade. Os 39% que afirmaram não possuir

uma atividade paralela provavelmente possuem um suporte familiar ou

alguma outra razão que viabilize só fazer o que gostam .

• Qual?

Figura 6 - Atividades paralelas à dança

Outro aspecto a ser analisado é com relação a qual atividade

paralela os bailarinos possuem. É interessante notar que 45% dos

respondentes possuem, como segunda atividade, outras profissões ligadas

ao esporte ou às artes, que podem ser consideradas atividades afins em

relação à dança.

79

Page 87: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

'Observando o gráfico, as "atividades sem qualificação" receberam

esta nomenclatura por agrupar atividades diversas, como pintor, pedreiro,

balconista, garçonete, entre outros.

SEMRESP....

Figura 7 - Abandono da segunda atividade

• Se pudesse viver sem desempenhar essa 2a atividade você a deixaria?

Dentre as pessoas que possuem uma segunda atividade, 52%

aproximadamente não a deixariam, mesmo que pudessem viver sem

desempenhá-la. Embora cause uma certa surpresa, o resultado desta

pergunta esconde atrás de si alguns fatores, que não devem ser

desconsiderados. É necessário que se leve em conta o padrão

socioculturalsociocultural, o fato da dança não ser reconhecida neste país,

obrigando as pessoas a terem "um trabalho e não um hobby", a questão do

tempo de carreira curta de um bailarino, entre outros.

• Cite três fontes de insatisfação que você reconhece nessa 2a atividade.

80

Page 88: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Sem resposta17%

Permdetel!1>O9%

Fazer o que nSo gJsta.falia de prazer

9%

Figura 8 - Fontes de insatisfação encontradas na segunda atividade

Aqui também houve a necessidade de desconsiderar algumas

respostas. Neste caso, o pesquisado se confundiu e respondeu à questão

em relação à dança, e não em relação à segunda atividade. Assim,

respostas como "falta de incentivo", "maus professores ","não é

reconhecido", "pagar para dançar", etc., foram desconsideradas.

Embora 7,5% das respostas afirmem que a segunda atividade não

gera insatisfação, 17,3% não tenham sido respondidas e 14,1% das

respostas tenham sido desconsideradas pelas razões expostas no parágrafo

precedente, o que somadas totalizou quase 40%, os resultados obtidos

nesta pergunta foram muito significativos.

Com exceção dos itens "baixa remuneração" e "excesso de

competitividade", todas as outras respostas demonstraram que as fontes

de insatisfação da segunda atividade são exatamente o oposto das fontes

de satisfação citadas com relação à dança, como, por exemplo, "falta de

prazer, perda de tempo, obrigação, não gosta do que faz, falta de

81

Page 89: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

liberdade e falta de emoção", em oposição a "prazer, dedicação, amor

pela dança, liberdade, emoção."

• Você substituiria a dança por alguma outra atividade?

NÃOBB%

Figura 9 - Substituição da dança por outra atividade

Os 87,7% de respostas negativas demonstraram o quanto os

respondentes possuem apreço pela dança e a impossibilidade de a

substituírem por outra atividade.

Os resultados obtidos nesta pergunta comprovam mais uma vez que

os bailarinos optaram livremente por ela e não se realizariam

completamente sem a sua existência.

• Em caso afirmativo, qual?

Entre os 10,5% de respondentes que afirmaram que substituiriam a

82

Page 90: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

dança por outras atividades, é interessante notar mais uma vez que 58% o

fariam por outras atividades artísticas e esportivas, que, de certa forma,

estão relacionadas com a dança.

Outro aspecto relevante é que pela primeira vez apareceu um fator

extrínseco latente, representado por "atividade melhor remunerada",

embora seu resultado não tenha sido expressivo no conjunto, composto

por apenas três respondentes.

Outras AtividadesArtísticas

38%

Estudo17%

Atividade MelhorRemunerada

4%

Outras profissões17%

Figura 10- Atividades substitutas da dança

83

Page 91: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

• Se você pudesse definir em uma palavra o que o faz dançar ...

Sem resposta5%

Figura 10 - Fatores que o faz dançar

Aqui também houve a necessidade de agrupamento, devido à

enorme diversidade de respostas. É possível notar que a maioria dos

fatores listados são intrínsecos, representando 93% do total das respostas.

As palavras "amor, prazer, satisfação, vida", representaram mais de 51%

do total das respostas. As respostas que representam fatores extrínsecos

foram agrupadas no item "Outros - Extrínsecos", correspondendo a 2,4%

das respostas.

84

Page 92: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

4.3. RESULTADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTASOs resultados das entrevistas foram resumidos e compilados em um

quadro único, mostrado a seguir. Para melhor visualização, as respostas

de caráter subjetivo que não dizem respeito à estrutura de um grupo de

dança foram suprimidas. As entrevistas completas individuais estão

disponíveis no anexo IH.

Grupo de Dança Ady Addor Grupo de Grupo de Grupo de Sgruvis Cia.Cia. de Dança Dança Mário Dança de Dança.Dança Maria Nascimento BaIlet

Olenewa EleusaLorenzoni

Diretor Ady Addor Victor Mário Eleusa Luiz FerronAukstin Nascimento Lorenzoni

Tempo de 5 anos 10 anos 5 anos 3 anos 9 anosDireçãoOrigem do Grupo Iniciativa Iniciativa Iniciativa Iniciativa Iniciativa

das alunas. das alunas. própria e dos própria e própria e dosalunos. dos alunos. alunos.

Quant. de 8 12 5 6 Sem corpoBailarinos (média) fixo. Varia

de acordocom otrabalho.

Equipe de Apoio Não Não Não Não NãoProcesso Seletivo Entre Entre Entre alunas. Entre Entre alunas.

alunas. alunas. alunas.Remuneração Não Não Não Não NãoBailarinos têm Sim Sim Sim Sim Simoutra atividade?Espaço Próprio Alugado Emprestado Alugado Próprio.Patrocínio Não Não Não Não Não tem.

Obteve umavez doGoverno daFrança.

Principais Financeiras Financeiras Financeiras Financeiras FinanceirasDificuldades

Tabela 1 - Resumo das entrevistas

É possível visualizar neste quadro que os grupos de dança em

85

Page 93: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

questão possuem um número reduzido de bailarinos, podendo ser

considerados, na média, oito integrantes. O processo seletivo, em todos os

grupos, é feito entre alunos. Somente um grupo afirmou que,

eventualmente, faz uma audição para recrutar novos integrantes.

Nenhum dos grupos apresenta um quadro funcional regular, isto é,

eles não contam com equipe de apoio especificamente para este fim.

Os bailarinos não possuem remuneração fixa, havendo em alguns

casos, quando a situação assim o permite, uma ajuda de custo ou um

pequeno cachê. Neste caso, os homens têm prioridade sobre as mulheres,

pois acredita-se que estas possuam melhores condições financeiras e

melhor suporte familiar. Paralelamente, é possível notar que todos estes

integrantes desenvolvem uma segunda atividade, quer seja dando aulas, ou

dançando em boates.

Os problemas financeiros foram apontados como a maior

dificuldade de todos os grupos. Nenhum deles conta com patrocínio de

qualquer natureza, o que justifica esta dificuldade. Um grupo recebeu uma

vez um patrocínio restrito do governo francês, que consistiu em passagens

e hospedagem aos integrantes para que pudessem participar de um festival

de dança na França.

86

Page 94: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES t

5.1. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS.Tendo sido os resultados dos questionários e das entrevistas

tabulados, passa-se, agora, à análise dos mesmos. Os resultados

relevantes dos questionários foram examinados sobre a proposição da

hipótese. Os resultados das entrevistas foram comparados com a estrutura

de organização de arte apresentada.

5.1.1. QUESTIONÁRIOS

Os entrevistados destes 187 grupos, na sua maioria, participaram

dos festivais nacionais de dança explicitados no capítulo anterior. Não foi

julgado relevante, para os objetivos deste trabalho, dividi-los por estados,

ou regiões do país, e também classificá-los nas categorias clássica,

moderna, contemporânea, street dance, sapateado.

Estes grupos, na sua maioria, são atrelados a uma escola de dança,

onde eles a representam em festivais e encontros, ou são grupos

independentes, formados por pessoas que possuem um objetivo comum.

Em ambos os casos, nota-se que são grupos sem fins lucrativos,

lutando contra as adversidades para que possam se manter.

Apenas 8% dos entrevistados possuem mais de 15 anos de

profissão, o que prova que a vida útil de um bailarino geralmente é curta,

pois o desgaste físico é muito intenso, e a energia e a vitalidade são, ,

87

Page 95: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

essencrais.

Outro aspecto verificado foi a existência de uma segunda atividade

para a maioria dos entrevistados, de modo a assegurar a sobrevivência, já

que somente o exercício da dança não os mantém. A segunda atividade

apresentou uma enorme diversidade, mas quase a metade mostrou estar

dirigida para outras atividades ligadas à dança, isto é, esportes e artes.

A maior parte dos entrevistados afirmou não abandonar esta

. segunda atividade, ainda que pudessem. Existe uma grande insegurança no

,meio artístico, pelas razões já expostas anteriormente. A dança não é

reconhecida no Brasil, e para que os bailarinos sejam respeitados como

cidadãos economicamente ativos, toma-se necessário que exista uma outra

profissão.

No mais, sendo curta a carreira de um bailarino, é natural que ele se

preocupe com o futuro, possuindo uma segunda profissão. Apesar disto,

os fatores de insatisfação declinados com relação a esta atividade

indicaram que, ainda que inconscientemente, ele a compara com a dança,

apontando a falta dos fatores de satisfação da dança como sendo as fontes

insatisfatórias da segunda atividade.

Esta preferência e apreço pela dança foi comprovado pelo fato de

que aproximadamente 90% dos entrevistados a consideram insubstituível,

não a trocando por nenhuma outra atividade

88

Page 96: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

5.1.1.1. VALIDAÇÃO DA HIPÓTESE PROPOSTA

A hipótese testada, isto é, "Os profissionais das organizações de

arte devem privilegiar sobretudo a motivação intrínseca", teve como

embasamento a teoria da motivação e higiene de Herzberg vista no

capítulo 2. Os fatores de higiene correspondem aos fatores extrínsecos,

servindo apenas para neutralizar a insatisfação. Os fatores motivacionais,

por sua vez, correspondem aos fatores intrínsecos dos indivíduos,

conduzindo os indivíduos à verdadeira motivação.

Nesta pesquisa, notou-se que 75% dos fatores de satisfação

apontados correspondiam a fatores motivacionais, em oposição a 22%,

representados pelos fatores higiênicos.

Sendo os fatores motivacionais os responsáveis pela satisfação da

maioria dos respondentes, e sendo eles internos aos indivíduos, pode-se

concluir, concretamente, que os bailarinos entrevistados, em sua grande

maioria, estão intrinsicamente motivados.

Da mesma maneira, a caracterização em uma palavra do que faz

com que uma pessoa dance confirmou novamente a hipótese. De todas as

respostas dadas, somente 2,39% mencionaram fatores extrínsecos,

conforme é possível visualizar no gráfico seguinte:.•,.',

89

Page 97: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Figura 11 - O que o faz dançar

Foi possível verificar que o suporte teórico relativo à teoria da

higiene pôde ser constatado nesta amostragem.

Assim, de acordo com a teoria proposta por Herzberg, a análise dos

resultados obtidos nos questionários permitiu a verificação e a validação

da hipótese proposta.

90

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5.1.2. ENTREVISTAS

Analisando os resultados obtidos nas entrevistas, é possível notar

que as respostas foram muito semelhantes em praticamente todos os itens

abordados.

Todos os grupos em questão foram originados pela vontade e

iniciativa dos bailarinos, ou dos professores de se unirem para realizar um

trabalho que lhes desse prazer. A quantidade de integrantes não é elevada

em nenhum dos grupos, e a seleção de seus integrantes na maioria das

vezes é feita de maneira informal entre as alunas da escola ou entre

colegas.

Outro aspecto a ser levado em conta é a inexistência de uma equipe

de apoio para o grupo de dança. Dois entrevistados afirmaram que,

felizmente, podiam contar com a estrutura da escola, no tocante ao

espaço, limpeza e secretária.

Nenhum dos grupos possuía um organograma, talvez pela

inexistência desta equipe de apoio. Os diretores destes grupos acumulam

grande parte das funções administrativas e artísticas.

Os grupos estudados apresentaram diferenças em relação ao espaço

fisico do trabalho. Dois eram próprios, dois alugados e um emprestado.

Os grupos apresentaram horários de trabalho regulares, como qualquer

outro tipo de organização.

Com relação aos quatro últimos itens, as respostas foram

91

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absolutamente iguais.

Não há remuneração fixa em nenhum dos grupos estudados, e todos

os profissionais possuem outras atividades para que possam se manter.

Nenhum grupo tem algum tipo de patrocínio, embora um dos entrevistados

já tenha recebido um patrocínio do governo francês. Como era de se

esperar, a principal dificuldade apontada por todos é a precária situação

financeira na qual se encontram.

Apesar de não representarem um número expressivo da população

em questão, pode-se inferir, através destas entrevistas e dos questionários,

que a maioria dos grupos de dança particulares e independentes no Brasil

possua esta mesma estrutura.

Levando em consideração o exposto, e sem levar em conta o

aspecto motivacional já abordado anteriormente, pode-se concluir que as

organizações de dança estudadas apresentam características internas

semelhante a grupos informais, pois eles são suficientemente pequenos e a

comunicação é feita diretamente, face a face, entre os elementos do grupo.

Há que se considerar também a existência de uma estrutura não muito

definida e valores e crenças compartilhadas. As pessoas se reúnem para

produzir algo novo e valorizado. Também protege seus membros contra as

92

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interferências externas, oferecendo caminhos alternativos para a aquisição

de status. 89

5.2 CONCLUSÕES FINAIS

Através dos resultados das fontes de satisfação dos entrevistados

foi possível constatar que eles desenvolvem a sua arte movidos somente

por fatores intrínsecos. Este fato é muito bem ilustrado na frase: "... parece

, que o tempo colapsa e desaparece, quando a intensidade no processo

domina e a emoção é tão grande que não se quer que termine e não se

pode esperar para voltar a ela. Jogadores de tênis podem senti-la, bem

como cirurgiões, escritores, pintores e dançarinos. "90

Foi também verificado que houve muita coincidência entre a teoria

levantada e o panorama geral apresentado. Os entrevistados, com

pequenas nuances, testemunharam basicamente os mesmos problemas, por

exemplo, dificuldades com relação à manutenção de um grupo e a falta de

uma cultura de dança no país, acarretando pequenos investimentos em

arte. Por outro lado, o prazer de fazer aquilo de que se gosta, a satisfação

de ver um objetivo realizado foram determinantes para que continuassem

e continuem lutando contra todas estas adversidades.

89 MOTTA, F.C.; PEREIRA F.C.P. Op. Cit. pp. 67-82.

90 DECI, E. Op. Cito p.54 , .\,

93

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" Há um aspecto da motivação intrínseca que a põe um tanto quanto

distante do controle extrínseco.( ...).É um aspecto quase espiritual. Tem a

ver com a vida em si: sua vitalidade, dedicação e transcendência. "91

Sem dúvida nenhuma, não há nada mais prazeroso e que dê mais

prazer para a alma, do que possuirmos uma atividade que vá de encontro

às nossas necessidades mais profundas, realizando-nos por completo. Esta

experiência, que a maioria dos profissionais de dança vivenciam, faz com

que os efeitos dos agentes externos sejam neutralizados, e tenham pouca

importância na condução de sua vida profissional.

o bailarino, através de seu dom, tem o privilégio e a obrigação de setransmitir aos homens. Ele deve desenvolver sua intuição e sentimento,que são as essências da arte. Sua realização será plena quando eleconseguir transmitir àqueles que só enxergam com os órgãos da visão umpouco da luz misteriosa. Luz que para estes é imperceptível, mas é a únicaluz verdadeira, a luz que vem das profundezas e que apazigua a ansiedadee as buscas do espírito.92

Talvez, agora, seja mais fácil esclarecer a razão pela qual se dança.

Por amor, pela auto-realização, pela energia que emana desta arte e de seu

publico, ou, mais claramente, porque "a motivação intrínseca está por trás

de toda verdadeira obra de arte. "93

91 Ibidem, p.54

92 BÉJART, M. Uma viagem iniciatória. O Correio da Unesco. mar 1996, n.3

93 DECI, E. Op. Cit. p.55.

94

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Todo homem tem necessidade da dança, isto é, ele está

naturalmente motivado para a dança. Entretanto ela não existe mais como

autêntico ritual, como não existe mais a comunhão nas praças das aldeias

nem nas igrejas, onde as pessoas se davam as mãos para entregar o

coração. Ela se encontra no dia-a-dia de cada pessoa, em cada atividade.

Privado da dança, o ser humano perde a dimensão de sua presença

no mundo, pois ela é um meio de liberar as forças naturais e é necessária

para o equilíbrio interior.

Assim, a celebração poética da dança pode dissipar a desgraça do homemmoderno. Esse milagre é possível porque o homem possui em si mesmotodos os componentes dessa luz, dessa metamorfose. Esta arte apenas osrevela."94

o que toma este tema tão interessante é o fato de que a dança é

uma arte em que todos os seus adeptos são levados por impulsos e

instintos, que são completamente intrínsecos aos indivíduos: é aquilo que

vem de dentro, que não se deixa influenciar por fatores externos, isto é,

extrínsecos: não se dança para ganhar dinheiro, para morar em uma bela

casa, para se vestir bem.

E este bailarino jamais abandonará a dança, mesmo que seu corpo

não acompanhe mais o ritmo, mesmo que ele tenha uma segunda atividade

,,'/ /~.'

94 'BEJART, M. Op. Cit

\1

95 '\i,

Page 103: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

para que possa sobreviver: é a dança que o faz mover-se, é a dança que o

motiva, e é através dela que todo bailarino vive.

5.3. CONTRIBUIÇÕES DESTE ESTUDO E RECOMENDAÇÕESpRATICAS

Sendo a área da motivação intrínseca nas organizações de arte

pouco estudada, esta pesquisa é pioneira dentro deste campo, sendo base

de apoio para eventuais pesquisas futuras.

Trata-se de uma área muito ampla para o desenvolvimento de

estudos, quer seja no tocante à motivação intrínseca, quer seja no âmbito

das organizações de arte enquanto tal.

Com relação às organizações de arte, primeiramente, deve-se ter a

preocupação de levantar o maior número de dados possíveis sobre toda a

sua população, para que os estudos específicos deste tipo de organizações

possam ser validados.

Especificamente, com relação à dança, toma-se necessário saber

quantos bailarinos existem, e quantos possuem a dança como profissão,

ainda que possuam uma segunda atividade. É imperativo também um

levantamento de quantos grupos de dança existem, classificando-os

quanto à sua estrutura e tamanho, se recebem ou não patrocínio, se há uma

remuneração ou não, e a sua forma de seleção.

Outros estudos também podem ser feitos objetivando elucidar como

estes bailarinos se sentem em relação à sua arte, isto é, que lugar a dança

ocupa em suas vidas, o como e o porquê a fazem.

96

Page 104: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

Com isto, espera-se que as entidades competentes se sensibilizem

com as organizações de arte, dando-lhes mais apoio, incentivo, investindo

em novos projetos, e estimulando a população, sobretudo os jovens, a se

enveredarem neste caminho.

Se este trabalho vier a alcançar algumas destas sugestões, ele já terá

cumprido o seu papel, e já estará naturalmente validado.

\

97

Page 105: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

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102

Page 110: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

ANEXO I - ROTEIRO DE ENTREVISTAS

• Nome

• Breve Histórico

• Três fontes de satisfação pessoal na dança

• Qual a atividade que você trocaria pela dança? Por quê?

• Dirige ou dirigiu algum grupo de dança? Qual?

• Por quanto tempo ?

• Como surgiu ? Por iniciativa de alguém ?

• Quantos bailarinos ? Idade média ?

• Conta com equipe de apoio? (secretária- faxineira-professores-coreógrafos)

• Tem organograma definido?

• Qual o horário de trabalho deste grupo ?

• Como é feita a seleção destes bailarinos ?

• Como é feita a remuneração destes bailarinos? Recebem alguma ajudade custo? Participação na bilheteria?

• Possuem outras atividades remuneradas ? Quais ?

• Se tivessem que dançar sem receber por algum tempo eles o fariam?

• Espaço próprio- alugado- emprestado

• Principais dificuldades encontradas pelo grupo

• Recebe ou recebeu algum tipo de patrocínio?

103

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ANEXO 11 - MODELO DE QUESTIONÁRIO

• Nome:-----------------------------------------• Grupo de Dança ao qual pertence: _

• Há quanto tempo dança ?~-------------------------• Três fontes de satisfação que você valoriza pessoalmente na dança:

a) _

b) ~----c) _

• Tem outra atividade fora da dança?

() sim Qual ?

() não

• Se pudesse viver sem desempenhar essa 23 atividade você a deixaria ?

() sim

() não

• Cite três fontes de insatisfação que você reconhece nessa 23 atividade:a) _

b) _

c) _

• Você substituiria a dança por alguma outra atividade?

() sim

() não

Em caso afirmativo, qual ? _

• Se você pudesse definir em UMA palavra o que o faz dançar:

104

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ANEXO III - RESUMOS DAS ENTREVISTAS

Entrevista n" 1

Nome Ady AddorBreve Histórico Primeira Bailarina do Ballet do IV Centenário; Primeira

Bailarina do American Ballet Theater; PrimeiraBailarina do Ballet Nacional de Cuba.

Fontes de Sensação; nervoso que dá por dentro; adrenalina;Satisfação reconhecimento; aplausos; vaidade gostosa; prazer de

sentir que o objetivo foi atingido, que o sacrificio foiválido.

Nome do Grupo Ady Addor Cia. de DançaTempo de 5 anosDireçãoOrigem do Iniciativa de um grupo de alunas que acreditaram eGrupo incentivaram.Quant. de 6 - 12 bailarinosBailarinosIdade Média 20 - 30 anosEquipe de Apoio Não contava com equipe de apoio. Alguma ajuda de

amigos coreógrafos.Organograma Não tem.Horário Seg a Sex - 14:00 às 19:00 hProcesso Seleção entre as alunas.SeletivoRemuneração Não. Divisão de sobras de bilheteria, quando havia.Bailarinos têm Sim.outra atividade?Dançariam sem Sim. Por amor.receber?Espaço Próprio.Patrocínio Não.Principais Dificuldades financeiras.Dificuldades

105

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Entrevista n" 2

Nome Victor AukstinBreve Histórico Estudou com Maria Olenewa (1947); Solista do Ballet

do IV Centenário; Primeiro Bailarino do Ballet TeatroMunicipal do Rio de Janeiro; Dançou e lecionou emTóquio e Bogotá.

Fontes de "Allure" - dançar com alma; amar o que faz.SatisfaçãoNome do Grupo Grupo de Dança Maria OlenewaTempo de 10 anosDireçãoOrigem do Iniciativa dos alunosGrupoQuant. de 12Bailarinos(média)Idade Média 20 ~ 25 anosEquipe de Apoio Não tem equipe de apoio - utiliza estrutura da escola.Organograma Não possui.Horário 3 vezes por semana e aos finais de semana.Processo Alunos da escolaSeletivo

j Remuneração Não há. Eventualmente pequeno cachê para os homens.Bailarinos têm Sim. Dão aulas; dançam em boates.outra atividade?Dançariam sem Sim, com certeza.receber?Espaço Alugado.Patrocínio Sem patrocínio.Principais Falta de verba.Dificuldades

106

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Entrevista n" 3

Nome Mario Nascimento.Breve Histórico Dançou na Europa; Ballet da Cidade de São Paulo;

coreógrafo.Coreógrafo residente de companhias como o CisneNegro.

Fontes de Usar a criatividade; entrar em cena.SatisfaçãoNome do Grupo Grupo de Dança Mario NascimentoTempo de 5 anosDireçãoOrigem do Vontade própria e dos bailarinos.GrupoQuant. de 5Bailarinos(média)Idade Média 20 ~ 25Equipe de Apoio Não possui.Organograma Não, ele era o administrador, professor, ensaiador e

coreógrafo.Horário Todos os dias - 14:00 às 19:00 h.Processo Alunas e colegas de trabalho.SeletivoRemuneração Não havia. Repartia igualmente quando recebia cachê.Bailarinos têm Sim. Davam aulas.outra atividade?Dançariam sem Sim. São fiéis companheiros movidos a sonhos. Têm areceber? dança como uma religião.Espaço Emprestado.Patrocínio Nunca recebeu.Principais Falta de verba. Dificuldade de participar de eventosDificuldades oficiais e conseguir teatros públicos.

107

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Entrevista n" 4

Nome Eleusa LourenzoniBreve Histórico Escola Municipal de Bailados. Especialização em

Londres. Professora registrada da RoyaI Academy ofDancing.

Fontes de Prazer; nasci fazendo isso; está na alma.SatisfaçãoNome do Grupo Grupo de Dança BaIlet Eleusa LourenzoniTempo de 3 anosDireçãoOrigem do Iniciativa própria. Forma de motivar os alunos.GrupoQuant. de 6Bailarinos(média)Idade Média 14 ~ 20 anosEquipe de Apoio Não possui. Utiliza estrutura da escola.Organograma Não tem.Horário Segunda, Quarta e Sexta - 12:00 às 15:00 h.Processo Alunas da escola. Eventualmente audição.SeletivoRemuneração Não tem. Sistema de cooperativa. Obtenção de recursos

através de bingos, rifas e sorteios.Bailarinos têm Sim. Estudantes e professores.outra atividade?Dançariam sem Sim. Sem dúvida.receber? .Espaço Alugado.Patrocínio Não.Principais Falta de verbas. Instalações precárias.Dificuldades

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Entrevista n" 5

Nome Luiz FerronBreve Histórico Coreógrafo. Fisioterapeuta. Professor.Fontes de Prazer. Busca do conhecimento do corpo. Pesquisa.SatisfaçãoNorne do Grupo Sgruvis Companhia de Dança.Tempo de 9 anos.DireçãoOrigem do Iniciativa própria e dos alunos.GrupoQuant. de Sem corpo fixo. Varia de acordo com o trabalho.Bailarinos(média)Idade Média 25 ~ 30 anosEquipe de Apoio Não. Conta com ajuda de amigos.Organograma Não tem.Horário Flexível.Processo Alunos.SeletivoRemuneração Não há. Eventualmente é dado uma ajuda de custo.Bailarinos têm Sim. Dão aula, dançam, se viram.outra atividade?Dançariam sem Sim. Com certeza.receber?Espaço Próprio.Patrocínio Não tem.Obteve uma vez do Governo da França.Principais Falta de cultura da dança no país. Falta de incentivo eDificuldades estímulo. Falta de investimento em artes.

109

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ANEXO IV RELAÇÃO DE GRUPOS DE DANÇAENTREVISTADOS

1 A Consciência Corporal2 Academia Ballet e Cia.3 Academia Danflex4 Academia de Ginástica e Dança Tóra5 Academia Panteras6 Actus Cênicus7 Adágio8 Adriana Mazza9 Albertina Ganzo10 Alquimia11 Andança12 Andréa Maciel13 Aracy de Almeida14 Art Dance15 Art de Rua16 Azzo Dança17 B.G. Cia. de Dança18 Balé Cidade de Teresina19 Ballerine Escola de Dança20 Ballet Clássico de São Paulo21 Ballet da Ilha22 Ballet Elisa23 Ballet Halina Biemacka24 Ballet Ilara Lopes25 Ballet Nacional do Brasil26 Ballet Teatro Fred Astaire27 Beth Lissa28 Black Time29 Black-Out r,30 Bnmo Fitness j'

,31 Bueno e Volga32 Camila Ballet \\33 Carla Petroni \~)

34 Carmem SoIlo

110

Page 118: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

35 Casa da Cultura36 CEFEC37 Centro de Dança Rio38 Centro Mineiro de Danças Clássicas39 Cia. Belintani de Dança40 Cia. da Dança41 Cia. Dançarumo42 Cia. Dance Rio43 Cia. das Danças44 Cia. Experimental de Dança - Galpão Academia45 Cia. H46 Cleusa de Araújo47 Colégio São José48 Compasso - SBS49 Compasso Cia. de Dança50 Conexão51 Conservatório Villa Lobos52 Corpo Total53 Cristina Cará54 Curso Permanente de Dança UFPR55 Cylene Penavel56 Dança de Rua do Brasil57 Dança de Rua Nova Era58 Danc'Art59 Dani La Dance60 Ebateca61 Edilton Gomes62 Edson Nunes63 EI Marrounei64 Eleusa Lourenzoni65 Eliane Fetzer66 Elmaranni67 Emoção68 Escola Cia. de Ballet i f'!

69 Escola de Bailados Dançar70 Escola Municipal de Bailado Ourinhos71 Especial Academia de Ballet72 Essência Cia. de Dança73 Faculdade de Dança - Unicamp

111

Page 119: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

74 Firetti e Riva75 Flash Company76 Flavia Lopez77 Flávia Vargas78 Força e Expressão79 Fundação Cultural de Rio do Sul80 G.B.A. Gisele Bellot81 Galpão82 Gayia83 Ginga Cia. de Dança84 Gritinho85 Grito86 Grupo A.M.A.87 Grupo AME88 Grupo Bele Fusco89 Grupo Cel. Barbosa90 Grupo Cidade de Joinvile91 Grupo da Faculdade FMU92 Grupo Dançarte93 Grupo de Sapateado do SPFC94 Grupo Enigma95 Grupo Essencial96 Grupo Experimental de Dança de Rua97 Grupo Experimental do Recife98 Grupo Folclórico da FURB99 Grupo Ilusão e Vida100 Grupo Independente / BH101 Grupo Inovação102 Grupo Jovem do Teatro Municipal103 Grupo Rhytimus104 Grupo Vida105 Grupo Vivere106 In Dance107 Inês Amaral108 Interacdance109 Iris Ativa Dança110 Isabel Grisman111 Isadora Duncan112 Ivone Freire

112

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113 Jazz Factory114 Kaiowas Grupo de Dança115 Khala Grupo de Dança116 KIanemos - Hortência Mello117 La Ballerina118 Lilith119 Lina Penteado120 Luciana Junqueira121 Mahabhutas Cia. de Dança122 Manuela Leite123 Marcia Bueno124 Maria Dolores125 Maria Helena Nepomuceno126 Master Class127 Matisse128 Meia-Ponta129 Millenium130 Mineco de Danzas Clássicas131 Misiones - Danza132 Mitti Warange133 Mônica Ballet134 Narcisa Coelho e Cia.135 Nova Forma - Arujá136 Nova Geração do Natura Essência137 Núcleo de Dança Marianne138 Oficina de Dança139 Oficina de Dança - Piracicaba140 Oficina Ginástica Dança Pe. Luiz141 Opus Ballet Studio142 Paiel143 Paineras do Morumbi "Emanawe"144 Palco Dance Works145 Patrícia Pessenda146 Patrícia Saran de Camargo147 Pavilhão "D"148 Performance149 Ponteio150 Power Fit151 Projeto Dançar - São Carlos

113

Page 121: Página 6 - onde se lê: até que se chegue na dança, leia-se

152 Quality Sport153 Quartier Latin154 Raça Cia. de Dança155 Real Ballet Diocisano156 Rhythons157 Ruslan158 Silvana Yara159 Sollo Cia. de Dançá160 Soma Cia. de Dança161 Spasso Corpo e Dança162 Spir163 Street Factory - CBS164 Street Heartbeat165 Street Power166· Street Santos Anjos167 Streeter's Tribe168 Studio Dançarte - Goiânia169 Studio Harlem Academia170 Studio Joaquim Ribeiro171 Studio Terezinha Goulart172 Tânia Ferreira173 Tap Studio174 Teatro Gestus175 Teatro Guaíra176 Tempo Grupo de Dança Neusa Martinotto177 Thalle178 The Boys Street Dance179 Top Physical180 Top Troup181 Transforma182 Tribo de Dança Street Jazz183 UNICSUL184 Versátil185 Vértice Cia. de Dança de Verve186 Vira Passos187 Voga Cia. de Dança

114

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ANEXO V- RESULTADOS OBTIDOS NOS QUESTIONÁRIOS

.. ,.-,"·:<"";TEMPO DEDANÇA --.>, j':F~';'~"

-'".~-;FA1XA . ..-. n ..__> <%~.Menos de O1 ano 13 1,9%De 1 a 5 anos 221 33,0%

263 39,3%De 6 a 10 anosDe 11 a 15 anos 108 16,1%

37 5,5%De 16 a 20 anosMais de 21 anos 17 2,5%

10 1,5%Não respondeuTOTAL 669 100,0%

Tabela 2 - Distribuição do número de pesquisados por tempo de atividade.

115

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" 'c - ---,c FONTESDESATISFACÃO ,.c'C:': ,'OC", :.~-".'-_,":',.:, ,~ ;·cc,.E

- '.RESPOSTA~:, :.->'~.~".~: ;~ '.::'~,.:'.~-' "" I~.%'i,;;;;c-- . ~-- -~n;c ,

MOTIVADORES - '1391 c 75;1%- ,.,,', c'' ' ,

Sentir bem, satisfação, prazer 195 10,5%Amor pela dança, dedicação, emoção, paixão 182 9,8%Expressão 106 5,7%Reconhecimento, aplausos, sucesso, subir ao palco 105 5,7%

Vontade de vencer, persistir, determinação, força, raça, energia 86! 4,6%Movimento 72 3,9%DisciPlina 65 3,5%Arte, cultura 48 2,6%Beleza, elegância do movimento I 46 2,5%Desempenhar, praticar, interpretar, criatividade, performance 43 2,3%Realização pessoal 39 2,1%Relaxamento, descontração 37 2,0%Liberdade 34 1,8%Aml'litude da alma, espiritual, harmonia 33 1,8%Leveza, suavidade, delicadeza I 31' 1,7%Autoconhecimento, equilíbrio 26 1,4%Alegria, alto astral 25 1,3%Música I 17 0,9%Al'_erfeiçoamento, busca da perfeição 16 0,9%Sensibilidade

I 15 0,8%II

Concentração I 11 0,6%paz I 10 0,5%Liberação de energia física e mental 9 0,5%Capacidade de ultrapassar limites 8 0,4%Intelectual 8 0,4%Terapia 8 0,4%Maturidade, responsabilidade 7 0,4%Aprender coisas novas 6 0,3%Consciência 6 0,3%Fascínio 5 0,3%Felicidade 5 0,3%Intercâmbio, troca de energia bailarino-platéia 5 0,3%Referencial de vida 5 0,3%Outros fatores 77 4,2%Tabela 3 - Fontes de satisfação que correspondem a fatores motivacionais.

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,I·.····:,· ..;~.i·'··-,~·~:.~.:~~~~=~g'~'~~~,J~~:;~_FAl'OJ,ffiS:DEJIlGIENE:;,-. ..<~.-;;;~,'c -;:~:i" ~.;<.,;~;"::" ;-':iJ, :4Q2t'~~-7~Deixa em forma, condicionamento, coordenação, postura, culto 123 6,6%ao corpoCompanheirismo, amizade, união, apoio, sociabilidade 5,3%99Técnica, estilo i

1,1%Ritmo, sincronismo I

0,8%

45 2,4%20

SaúdeLazer, diversão

0,6%

20 1,1%14

0,7%Descoberta do corpoProfissionalismo, fonte de renda

1312/

Participar de concursos, competição i8

11 0,6%Carisma dos professores 0,4%Melhora na qualidade de vida 7 0,4%

0,3%Desenvolvimento de coordenação motora 6: 0,3%Ensaios 6

Poder viajarOutros fatores I

6 0,3%12 0,6%

Tabela 4 - Fontes de satisfação que correspondem a fatores higiênicos._.

QUADRO RESUMO· - -,-o.- __ o

. ,, ".<

MOTIVADORES i 1391 75,1%FATORES DE mGIENE 402 21,7%Respostas desconsideradas 33 1,8%Sem resposta 26 1,4%TOTAL 1852 100,0%

117

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.RELAÇÃO DA SEGIJNDAATIYIDADE .:::"'.

..

--ATIVIDADE . ->,%,,-;. '-_,c".,_,. n::Atividades Esportivas 118 29%Outras Atividades Artísticas 65 16%Profissões Liberais 65 16%Atividades sem Qualificação 54 13%.

Estudo 49 12%._-Atividades de Ensino 27 70;óProfissões Nível Técnico 21 5%Sem resposta I 8 2%TOTAL 407 100%Tabela 5 - Relação de atividades paralelas.

FONTES DE INSATISFAÇÃO NA SEGUNDA ATIVI][)ADERESPOSTA N %

Cansativa, chata, stress 60 9,2%Perda de tempo, tempo gasto que poderia utilizar nal 58 8,9%dança I

Fazer o que não gosta, falta de prazer, fazer 57 8,7%forçado, obrigaçãoNão tem insatisfação 49 7,5%Baixa remuneração 24 3,7%Conviver com o sofiimento 14 2,1%Desunião, brigas, discórdia, deslealdade 12 1,8%Não satisfaz, não gosta do~ue faz 11 1,7%Preguiça de acordar cedo 11 1,7%Rotina 11 1,7%Excesso de competitividade 10 1,5%Discriminação 7 1,1%Sem liberdade 5 0,8%Não traz emoção 4 0,6%Outros 116 17,7%Respostas desconsideradas 92 14,1%Sem resposta I 113 17,3%TOTAL 654 100,0%

f.

Tabela 6 - Fontes de insatisfação encontradas na segunda atividade

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POR~QUAL~ATIVIDADE SUB~1rITUIRIAA .. -,., ".: . .,,' D' 'AN' J'Ç.:A'.'. ' .'. ',-C':, . ' ,. r--~- ..:-~-E-,-: ---- __ :.." . ---

. "

Outras Atividades Artísticas 26 37,1 %Atividades Esportivas 14 20,0%Estudo 12 17,1%Outras profissões 12 17,1 %Atividade Melhor RemlU1erada 3 4,3%Sem resposta 3 4,3%)ror AL 70i 100,0%Tabela 7 - Atividade substituta da dança

O-QUE O "FAZ"DANÇAJR·RESPOSTA n %.

Amor , 158 23,60/0Prazer, satisfação I 119 17,8%Vida I 69 10,3%Paixão 52 7,8%Liberdade I 21 3,10/0!

Vontade,

211 3,10/0IEmoção I 20 3,00/0Alegria ! 12 1,80/0Alma I 91 1,3%I

Gostar I 9 1,30/0Felicidade I 91 1,3%Beleza do movimento I 8 1,2%Realização I 8 1,20/0Sentimento I 5 0,7%Outros - Intrínsecos I 102 15,20/0Outros - Extrínsecos I 16 2,4%Sem resposta i . 31 4,6%I

TOTAL 1 669 100,00/0Tabela 8 - O que o faz dançar

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DOAÇÃODE:.s:E./ÇP.G. .....DATA:~.~:l ~:.9..8..

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