peticao dano material indenizacao dos honorarios convencionais-modelo

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1 *Petição elaborada pelo Dr. Élvio de Freitas. Advogado e Professor em Direito Previdenciário EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA ___ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE XXXXXXXX, SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO XXXXXXXXX. QUALIFICAÇÃO , por seu procurador e Advogado que esta subscreve, ut mandato incluso, com escritórios profissionais na ENDEREÇO DO ESCRITÓRIO, onde recebe avisos e intimações, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor a presente: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS/MORAIS em face de o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos seguintes fatos e fundamentos: 1. SÍNTESE FÁTICA.

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Page 1: Peticao Dano Material Indenizacao Dos Honorarios Convencionais-Modelo

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*Petição elaborada pelo Dr. Élvio de Freitas. Advogado e Professor em Direito

Previdenciário

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA ___ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL DA

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE XXXXXXXX, SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO XXXXXXXXX.

QUALIFICAÇÃO, por seu procurador e Advogado que esta subscreve, ut

mandato incluso, com escritórios profissionais na ENDEREÇO DO ESCRITÓRIO, onde recebe

avisos e intimações, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor a

presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS/MORAIS

em face de o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos seguintes fatos e

fundamentos:

1. SÍNTESE FÁTICA.

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O Autor requereu, em XXXXXXXXXX, junto à Autarquia/Ré, o benefício de

Aposentadoria por Tempo de Contribuição, com reconhecimento de atividade rural,

tombado sob o nº XXXXXXXX, que restou indeferido.

A razão do ilícito indeferimento se deu, segundo o Réu, em razão do

reconhecimento administrativo do tempo de labor como lavrador em regime de economia

familiar, no período de XXXXXXXXXXX a XXXXXXXXXXX, sob a alegação de inexistirem ao

menos início de prova material, para todo o período. Igualmente, o tempo laborado em

condições especiais não fora assim reconhecido, impossibilitando também, sua conversão

em comum, não obstante, constar, expressamente, a atividade desenvolvida pelo Autor no

Decreto nº 53.831/64.

O ato ilícito – indeferimento administrativo – pautou-se, portanto, no não

reconhecimento do período laborado como lavrador em regime de economia familiar, qual

seja de XXXXXXXX até setembro de XXXXXXXX, pelo Instituto/Réu, sob a alegação de

inexistirem ao menos início de prova material, bem como não reconhecimento do tempo de

desempenho de atividades especiais e sua posterior conversão em tempo comum.

No entanto, para fazer valer seu direito e ver reconhecido seu pleito a

aposentadoria por tempo de contribuição, reconhecendo e averbando o tempo de trabalho

prestado no meio rural, bem como aquele a em condições desfavoráveis a sua saúde e

integridade física, e diante do ato ilícito perpetrado pelo Réu, o Autor necessitou

constituir/contratar advogado, com vistas a propor a competente medida judicial, que fora

proposta perante a Vara XXXXXXXXX, Estado do XXXXXXXXX, tombada sob nº xxxxxxxxxxx.

Obviamente, que para a prestação de tal serviço, o Autor teve que

remunerar o profissional de advocacia contratado, desembolsando a importância

equivalente a R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX).

O certo é que tal numerário caso o Réu cumprisse corretamente a

legislação previdenciária, não deveria ter sido desembolsado pelo Autor com o pagamento

pela prestação de serviços de profissional de advocacia (honorários advocatícios

contratuais), uma vez que, na data em que requereu o beneficio previdenciário já havia

cumprido os requisitos para a aposentadoria por tempo de contribuição.

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Portanto, ao desembolsar o valor de R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX) para

pagamento dos honorários advocatícios contratuais, o Autor teve seu patrimônio reduzido,

acarretando-lhe evidentes danos materiais, devendo ser indenizado pelo Réu.

Veja-se que o ilícito ficou devidamente comprovado perante o Poder

Judiciário, já que, não obstante a formalidade do requerimento administrativo, o devedor da

prestação previdenciária tem o dever, em face da natureza jurídica da proteção, de prestar,

ante a multiplicidade de direitos subjetivos, a melhor prestação, mesmo diante da ausência

de requerimento específico, inclusive indicando as provas a serem produzidas para o

reconhecimento específico de determinados períodos de labor.

Foi o que reconheceu, portanto, o juízo de primeiro grau, bem como o

Tribunal Regional Federal da 4ª Região no acórdão proferido na Apelação/Reexame

Necessário nº XXXXXXXXXXXXX, da qual era apelado o Autor. Veja-se a ementa:

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Ademais, verifica-se o quão ilegal foi a atitude do apelado, pois em

desconformidade inclusive com a orientação emitida através do Enunciado nº 05 FR/CRPS,

assim redigido: “a previdência social deve conceder o melhor benefício a que o segurado

fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse sentido”. Assim, caberia ao servidor, quando

do atendimento inicial ao Autor, informá-lo e orientá-lo para que seu benefício fosse

deferido da melhor forma. No caso em apreço, o Réu deveria conduzir o processo

administrativo de forma a permitir o processamento da justificação administrativa, fazendo

com que o tempo de trabalho rural fosse devidamente reconhecido e averbado. Igualmente,

o tempo de serviço prestado em condições especiais deveria ser convertido em tempo

comum, já que em conformidade com a lei, o que não aconteceu. Essa é orientação também

do Prejulgado nº 01, emitido com base na Portaria nº 3.286/73:

Constituindo umas das finalidades primordiais da Previdência Social assegurar os meios indispensáveis de manutenção do segurado, nos casos previstos legalmente, deve resultar, sempre que ele venha a implementar as condições para a adquirir o direito a um ou outro benefício, na aplicação do dispositivo mais benefício, e na obrigatoriedade de o instituto segurador orientá-lo nesse sentido.(grifos nossos)

Portanto, como devidamente demonstrado, o Réu evidentemente violou as

normas do direito previdenciárioe cometeu um ato ilícito.

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Assim, mediante os argumentos acima expostos, requer seja condenado a

autarquia Ré ao pagamento dos valores gastos a título de honorários advocatícios pelo

Autor, em razão da propositura da ação previdenciária a título de danos materiais.

2. FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO.

2.1 Os Danos Materiais. Perdas e Danos. Dano Emergente.

Ressarcimentos dos Valores Despendidos a Título de Honorários

Advocatícios pelo Autor. Aplicação do Princípio da Restituição

Integral.

A Constituição Federal de 1988, nos incisos V e X, de seu art. 5º, assegura o

direito à indenização por dano moral ou material decorrente de violação à intimidade, à vida

privada, à honra e à imagem das pessoas. Veja-se:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

[...]

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

[...]. (grifos nossos)

O Código Civil ao tratar do dano material é claro, quando preleciona em

seu arts. 186 e 187 que:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

E no art. 927 dispõe que: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),

causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

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Em vista de dos atos ilícitos praticados pelo Réu, já delineados no tópico

próprio, o Autor, para fazer valer seus direitos, necessitou contratar advogado, acarretando-

lhe danos/diminuição patrimonial. Então, diante da conduta do Réu que causou danos ao

Autor, tem este direito de se ver ressarcido pelos valores despendidos a título de honorários

advocatícios contratuais, que soma, conforme comprova o documento anexo (recebido de

pagamento), a importância correspondente a R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX).

Eis a dicção do art. 389, do Código Civil: “Não cumprida a obrigação,

responde o devedor por perdas e danos, mais [...] honorários de advogado” (grifos nossos).

O art. 395, também do Código Civil não destoa: “Responde o devedor pelos prejuízos a que

sua mora der causa, [...], e honorários de advogado”(grifos nossos). O art. 404, igualmente

do Código Civil enfatiza: “As perdas e danos, nas obrigações em dinheiro, serão pagas [...]

abrangendo [...] honorários de advogado [...]”(grifos nossos).

O Superior Tribunal de Justiça em recentes julgados, interpretando os

dispositivos do Código Civil mencionados, aplicando o princípio da restituição integral,

reconheceu que os honorários convencionais devem integrar o valor das perdas e danos e

serem restituídos aquele que os pagou, tendo em vista a necessidade de propositura de

ação judicial com o fim de resguardar direitos sonegados/violados por outrem, como no caso

em apreço. Vejam-se os arestos:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. VALORES DESPENDIDOS A TÍTULO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. PERDAS E DANOS. PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO INTEGRAL. 1. Aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores despendidos pela outra parte com os honorários contratuais, que integram o valor devido a título de perdas e danos, nos termos dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02. 2. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1134725/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/06/2011, DJe 24/06/2011) (grifos nossos)

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COTEJO ANALÍTICO E SIMILITUDE FÁTICA. AUSÊNCIA. VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. HONORÁRIOS CONVENCIONAIS. PERDAS E DANOS. PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO INTEGRAL. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CÓDIGO CIVIL. 1. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados, não obstante a interposição de embargos de declaração, impede o conhecimento do recurso especial. 2. O dissídio jurisprudencial deve ser comprovado mediante o cotejo analítico entre acórdãos que versem sobre situações fáticas idênticas. 3. A quitação em instrumentos de transação tem de ser interpretada restritivamente. 4. Os honorários convencionais integram o valor devido a título de perdas e

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danos, nos termos dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02. 5. O pagamento dos honorários extrajudiciais como parcela integrante das perdas e danos também é devido pelo inadimplemento de obrigações trabalhistas, diante da incidência dos princípios do acesso à justiça e da restituição integral dos danos e dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02, que podem ser aplicados subsidiariamente no âmbito dos contratos trabalhistas, nos termos do art. 8º, parágrafo único, da CLT. 6. Recurso especial ao qual se nega provido. (REsp 1027797/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 23/02/2011) (grifos nossos)

O Tribunal de Justiça das Araucárias não discrepa e segue a mesma linha

traçada pelo Superior Tribunal de Justiça:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÕES CONEXAS. CAUTELAR INIBITÓRIA E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACADEMIA DE GINÁSTICA. EMISSÃO DE RUÍDOS ACIMA DO TOLERÁVEL. CORREÇÃO DO LIMITE IMPOSTO NA SENTENÇA (NBR 10.151). INCIDÊNCIA DA LEI QUE INDEPENDE DAS PARTES. CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E DE MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE DETERMINAÇÃO JUDICIAL AOS VIZINHOS AUTORES. APELO 02 - ACADEMIA. AGRAVO RETIDO. INÉPCIA DA INICIAL POR INADEQUAÇÃO DO RITO. INOCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DO NÍVEL DE RUÍDO ATESTADO POR LAUDOS DO IAP E DA SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE. VALIDADE. COMPLEMENTAÇÃO PELA PROVA TESTEMUNHAL. DANO MORAL CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. DANOS CAUSADOS À ACADEMIA PELOS VIZINHOS LITIGANTES. NÃO COMPROVAÇÃO. ATO ILÍCITO. JUROS MORATÓRIOS. INCIDÊNCIA DESDE A OCORRÊNCIA. ART. 398 DO CÓDIGO CIVIL E SÚMULA 54 DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS COM RAZOABILIDADE. MANUTENÇÃO. APELO 01 - CESAR GRADELLA E OUTROS. PRETENSÃO DE ELEVAÇÃO DA MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE EMISSÃO DE RUÍDO NÃO SUPERIOR A 40 DECIBÉIS. MANUTENÇÃO DO VALOR FIXADO. DANO MORAL. PRETENSÃO DE AUMENTO DO VALOR ARBITRADO. DANO AGRAVADO EM VIRTUDE DE PATOLOGIA DE UM DOS AUTORES, ACOMETIDO DE "SÍNDROME DO PÂNICO". AMENIZAÇÃO DA CULPA DA ACADEMIA. MANUTENÇÃO DO VALOR FIXADO. DESPESAS COM CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO PARA DEFESA NAS AÇÕES. RESSARCIMENTO. POSSIBILIDADE. AGRAVO RETIDO DESPROVIDO. RECURSO 01 NEGA PROVIMENTO E 02 PARCIALMENTE PROVIDO, EM AMBOS VENCIDO EM PARTE O RELATOR.(TJPR - 8ª C.Cível - AC 722217-3 - Cascavel - Rel.: Fernando Wolff Filho - Unânime - J. 27.10.2011) (grifos nossos)

Do voto do Eminente Relator extrai-se:

[...]

V - De resto, procede o pedido de condenação por danos materiais, consistentes nas despesas com a contratação de advogado para a defesa nas ações existentes entre as partes.

Os artigos 389, 395 e 404 do CCB/02 autorizam a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, os quais só podem ser os contratuais, posto que os sucumbenciais, por constituírem crédito

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autônomo do advogado, não têm o condão de causar dano à parte. Pensar de forma diferente implicaria aceitar que a vítima sofresse um desfalque em seu patrimônio, em evidente afronta ao princípio da restituição integral.

Confira-se, a propósito, o recente julgado do STJ:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. VALORES DESPENDIDOS A TÍTULO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. PERDAS E DANOS. PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO INTEGRAL. 1. Aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores despendidos pela outra parte com os honorários contratuais, que integram o valor devido a título de perdas e danos, nos termos dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02. 2. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1134725/MG, Relª. Minª. Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 14/06/2011, DJe 24/06/2011).

[...] (grifos nossos)

A Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado do Paraná segue,

igualmente, a mesma posição:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. REEMBOLSO DE CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DESPENDIDOS EM AÇÃO ANTERIOR. AS DESPESAS ANTECIPADAS EM PROCESSO JUDICIAL DEVEM SER COBRADAS NOS PRÓPRIOS AUTOS, POSTO QUE, NOS TERMOS DO ART. 20 DO CPC, A SENTENÇA DEVERÁ CONDENAR O VENCIDO A PAGAR AO VENCEDOR AS DESPESAS QUE ANTECIPOU. QUANTO AOS HONORÁRIOS, O STJ TEM SE POSICIONADO NO SENTIDO DE QUE OS HONORÁRIOS CONVENCIONAIS INTEGRAM O VALOR DEVIDO A TÍTULO DE PERDAS E DANOS. ALEGAÇÕES QUE DENEGRIRAM A IMAGEM DO RECLAMANTE PERANTE A COMUNIDADE. DANO MORAL CONFIGURADO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ORALIDADE. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Recurso conhecido e parcialmente provido. Decidem os Juízes integrantes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, conhecer e dar parcial provimento ao recurso, nos exatos termos deste voto. (TJPR - 1ª Turma Recursal - 59200903378-3/09 - Juiz Relator Leo Henrique Furtado Araujo - Guaratuba - Data da Publicação: 05/08/2011)

Do voto do Relator extrai-se:

[...]

4. Com relação aos danos materiais pleiteados, destaco que recentemente o STJ se posicionou no sentido de que os honorários convencionais integram o valor devido a título de perdas e danos, vejamos as decisões:

EMENTA: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. VALORES DESPENDIDOS A TÍTULO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. PERDAS E DANOS. PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO INTEGRAL. 1. Aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores despendidos pela outra parte com os honorários contratuais, que integram o valor devido a título de perdas e danos, nos termos dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02. 2. Recurso especial a que se nega

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provimento. (REsp 1134725/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/06/2011, DJe 24/06/2011)

EMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COTEJO ANALÍTICO E SIMILITUDE FÁTICA. AUSÊNCIA. VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. HONORÁRIOS CONVENCIONAIS. PERDAS E DANOS. PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO INTEGRAL. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CÓDIGO CIVIL. (...). 4. Os honorários convencionais integram o valor devido a título de perdas e danos, nos termos dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02. 5. O pagamento dos honorários extrajudiciais como parcela integrante das perdas e danos também é devido pelo inadimplemento de obrigações trabalhistas, diante da incidência dos princípios do acesso à justiça e da restituição integral dos danos e dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02, que podem ser aplicados subsidiariamente no âmbito dos contratos trabalhistas, nos termos do art. 8º, parágrafo único, da CLT. 6. Recurso especial ao qual se nega provido. (REsp 1027797/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 23/02/2011)

5. Desta forma, são reembolsáveis os valores despendidos pelo autor para a contratação do advogado que defendeu seus interesses nos autos 420/2003, o qual tramitou perante a Vara Cível da Comarca de Guaratuba.

Assim, requer a Vossa Excelência que condene o Réu a pagar ao Autor as

perdas e danos (danos materiais) em razão da necessidade de contratação de advogado na

importância equivalente a R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX), que atualizado segundo a

Súmula nº 43, do Superior Tribunal de Justiça,1 acrescidos de juros desde a data do evento –

data do desembolso – conforme a Súmula nº 54, do Superior Tribunal de Justiça,2 segundo o

art. 398, do Código Civil, no percentual de 1% (Código Civil, art. 406, c/c Código Tributário

Nacional, art. 161, § 1º), até a presente data, no molde da planilha anexa, perfaz a

importância de R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX).

Ademais, não se deve deixar passar in albis que o valor da indenização

deve ser integrado pelos valores referentes aos honorários advocatícios contratuais no

percentual de 30% (trinta por cento), incidentes sobre R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX),

relativosà propositura da presente ação, em razão do que determina o princípio da

restituição integral, o que perfaz R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX)

Assim, derradeiramente, requer a Vossa Excelência que condene o Réu a

pagar ao Autor a importância de R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX), por ser expressão do mais

escorreito DIREITO.

1 INCIDE CORREÇÃO MONETARIA SOBRE DIVIDA POR ATO ILICITO A PARTIR DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO. (Súmula 43, CORTE ESPECIAL, julgado em 14/05/1992, DJ 20/05/1992 p. 7074).

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3. PEDIDOS E REQUERIMENTOS.

Depois de tudo posto, pede e requer o Autor a Vossa Excelência, digne-se

a:

a) Determinar a citação da Autarquia/Ré, na pessoa do seu representante

legal, para, na forma do art. 18, da Lei nº 9.099/95, compareça a audiência de conciliação a

ser designada, e, em querendoe no prazo legal, apresente defesa, sob pena de revelia e

confissão, acompanhando a presente até seus ulteriores termos;

b) JULGAR PROCEDENTE o pedido, condenando o Réu ao pagamento de

indenização por DANOS MATERIAIS no valor de R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX), nos

termos da fundamentação;

c) Condenar o Réu ao pagamento das custas e despesas processuais,

acrescidas de honorários advocatícios de sucumbência no percentual, mínimo, de 20% (vinte

por cento) do valor da condenação;

d) Conceder os benefícios da assistência judiciária gratuita nos termos da

Lei nº 1.060/51.

4. REGIME JURÍDICO DAS PROVAS.

Requer e protesta provar o alegado por todos os meios de provas

permitidas em direito, notadamente pela juntada dos documentos e provas pré-constituídas

que acompanham a inicial, juntada de novos documentos, sem prejuízo de outras provas

que sejam necessárias, nos termos do art. 332, do Código de Processo Civil.

5. VALOR DA CAUSA.

Dá a causa, o valor R$ XXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX).

Termos em que pede e espera DEFERIMENTO.

XXXXXXXX – XX, XX de XXXXX de XXXX.

2 OS JUROS MORATORIOS FLUEM A PARTIR DO EVENTO DANOSO, EM CASO DE RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL.(Súmula 54,CORTE

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XXXXXXXXXXXXXXXX Advogado – OAB/XX nº XXXXXX

ESPECIAL, julgado em 24/09/1992, DJ 01/10/1992 p. 16801)