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Peter Eisenman Nunotani Headquarters Building Tóquio, Japão 1990 Hilmar Diniz Paiva Filho Junho 2009

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Escrito por Hilmar Diniz

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Peter Eisenman

Nunotani Headquarters Building Tóquio, Japão 1990

Hilmar Diniz Paiva Filho

Junho 2009

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Peter Eisenman Apesar de haverem seguidores de Aldo Rossi nos Estados Unidos, o Neo-Regionalismo que este pregava não influenciou a evolução arquitetônica do país. A idéia da “continuidade do movimento” que a Tendeza sustentava, entrava em choque com o contexto norte-americano. Contudo, nos anos 60, já florescia a tentativa de uma vigorosa produção técnica e artística, que na arquitetura fez surgir em Nova York, o grupo Five Architects, uma associação de arquitetos liderados por Peter Eisenman. Segundo Kenneth Frampton, dois desses arquitetos, Peter Eisenman e Jonh Hejduk, fundamentaram suas práticas numa experimentação estética vanguardista tomando como modelos Giuseppe Terragni e Theo Van Doesburg, enquanto Michel Graves, Charles Guathmey e Richard Meier assimilaram o período purista de Le Corbusier. Os primeiros passos para uma arquitetura deconstrutivista que tentava se distanciar do funcionalismo nos são dados por Eisenman, que mais tarde, com sua proposta para o bairro de Cannaregio, em Veneza, influenciou a obra de Bernard Tschumi, em sua proposta para o Parc de La Villete em París. Porém ainda segundo Kenneth Frampton, a discussão técnica em que se embasa o deconstrutivismo se apresenta elitista e neutra. A desilusão do legado do Iluminismo nos leva para um caminho, onde o reconhecimento da modernização está questionando a ordem tecnocrática. Cabe a Peter Eisenman a teorização da deconstrução na arquitetura. O arquiteto sustenta a idéia de que a perspectiva linear limitou nossa percepção de espaço. Somado a isto, a arquitetura consolidou conceitos sobre seus elementos impossibilitando o restabelecimento de novos significados. Portanto, existe na obra de Eisenman uma constante procura da reconstrução do olhar, reflexo das novas relações de tempo-espaço.

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Einstein, nas suas teorias, questionando a existência de somente um ponto ordenador, questiona a origem. Não temos mais, apenas um evento acontecendo de cada vez, mas sim uma infinidade deles ocorrendo simultaneamente. É o presente se apresentando de várias maneiras ao mesmo tempo. As novas questões trazidas pelo desenvolvimento humano estão presentes na filosofia Pós-Estruturalista, que tem como expoentes Gilles Deleuze e Jacques Derrida. Eisenman se utilizou dos conceitos de Deleuze, como a dobradura, para restabelecer novas relações entre os pares clássicos, horizontal/vertical, figura/fundo, interior/exterior. Já de Derrida a incerteza aparece nos volumes da sua obra nos deslocamentos espaciais e temporais e na constante mutação. Existe, portanto, uma subversão da tradicional percepção do tempo/espaço. Na sua arquitetura é fundamental o percurso, o olhar não pode ser mais uniocular, se faz fundamental o movimento e deste surge a mutação. Nos seus diagramas podemos perceber estes questionamentos que surgiram na pós-modernidade. A ordem está no limiar tênue entre o caos e a complexidade. Neste processo projetual buscam-se novas formas e não a sua explicação. A partir de formas simples se procura as complexas, através de um processo de retroalimentação. Aqui surge um outro interessante questionamento na sua obra. A geometria euclidiana não é mais capaz de representar os conceitos da nova ordem, mas sim a geometria topológica. Eisenman cria assim uma série de possíveis respostas para a arquitetura onde tenta responder questionamentos levantados pela contemporaneidade.

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NUNOTANI HEADQUARTERS BUILDING Tóquio, Japão 1990

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O cliente para este edifício localizado em Edogawa, subúrbio de Tóquio, é uma Companhia Internacional de Projetos. O presidente da companhia desejava uma imagem contemporânea e agressiva para um programa que consistia de espaços para escritórios, uma sala de apresentação multimídia, biblioteca, cafeteria, “open spaces” e tradicionais salas de descanso japonês. A maior parte da ilha do Japão esta localizada em cima de um ponto de colisão entre a placa continental do pacifico oeste e a placa do oceano pacífico. A fricção desses movimentos subterrâneos dessas duas placas, a milhões de anos, criou a ilha do Japão através da atividade vulcânica. Hoje esta atividade continua e dos movimentos das placas tectônicas temos os terremotos. Para Peter Eisenman, a zona do edifício Nunotani é visto como uma gravação metafórica das ondas contínuas desse movimento. Ainda, segundo o arquiteto, simultaneamente a esta analogia, o projeto representa uma tentativa de repensar o simbolismo dos edifícios verticais para escritórios. Tradicionalmente o edifício vertical teve duas conotações metafóricas, uma como uma metáfora do antropocentrismo – a vértebra humana ereta, simétrica e estruturada - a outra, símbolo do poder e dominação, em particular o falocentrismo, a estrutura sexual de poder e dominação. A construção, simbolicamente, tenta minar esses dois centrismos, primeiro produzindo um edifício que não é um esqueleto e segundo, tentando-se produzir uma imagem que paira em algum lugar numa condição inusitada.

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Nunotani Headquarters Building Tóquio, Japão 1990

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Nesta primeira proposta, podemos observar como o contexto influenciou o resultado plástico do edifício. Partindo de um esquema onde está presente a falha geológica, Eisenman chega a um resultado que nitidamente nos remete a quase uma metáfora do contexto que ele dá ao projeto. Placas inteiriças que dão a sensação de estarem comprimidas nas suas extremidades se “elevam” dando uma conotação de um acidente geológico. A falha natural aparece no edifício como uma abertura contínua por onde se tem a iluminação natural (ver elevações). É importante salientar que esse resultado cria um paradoxo. O arquiteto afirma em depoimentos futuros a este projeto, que a sua busca por novas formas não se dá através de uma imagem inicial. Porém, claramente se percebe nesta primeira proposta que a busca sempre foi de que na forma do edifício estivesse contido o seu contexto.

Primeiro Esquema

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Modelo da primeira proposta.

Modelos para estudos.

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Modelos para estudos.

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Modelos para estudos.

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Modelos para estudos.

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Perspectiva Interna.

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Implantação.

Pavimento Térreo.

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Elevação Norte.

Elevação Oeste.

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Neste segundo esquema já podemos notar algumas novas questões relacionadas ao edifício. Agora o projeto consolidando algumas questões lançadas no primeiro esquema, se apresenta mais vertical e mais aberto para o exterior, mas em nenhum momento se perde a intenção já esboçada no primeiro estudo. Ainda podemos notar o aparecimento do seu conceito de “solo ativo”, como questionamento dos pares hierárquico base/figura. Porém, se torna mais paradoxal a sua busca pela forma. Mesmo se alterando os diagramas é clara a busca por um resultado, ainda que um pouco mais abstrato, da metáfora. Continua ainda uma massa sendo cortada por uma falha (ver elevações).

Segundo Esquema

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Diagramas.

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Modelo.

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Pavimento Térreo.

Pavimento Tipo.

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Corte A-A.

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Corte B-B.

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Elevação Norte.

Elevação Leste.

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Elevação Sul.

Elevação Oeste.

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Neste esquema pouca coisa foi alterada. Já se percebe a consolidação do partido adotado. Existem alterações internas, o “core” está agora centralizado, dando-nos a impressão de que existe ainda uma necessidade de ajustar o projeto ao programa. Externamente as alterações limitam-se basicamente as suas aberturas.

Terceiro Esquema

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Modelo.

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Pavimento Térreo.

2º Pavimento.

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A necessidade destes diagramas finais aparecem como um a forma de legitimar o processo projetual do arquiteto, já que nos diagramas anteriores já estavam consolidadas as questões de contexto. Internamente o deslocamento do “core” para uma das extremidades do edifício parece que resolve satisfatoriamente as necessidades do programa.

Esquema Final

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Striated context. Integer Overlap.

Integer translation. Integer imprint.

Integer Imprint overlap.

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Pavimento Térreo.

Planta espelho térreo.

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4º Pavimento.

7º Pavimento.

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Modelos Internos.

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Elevação Norte.

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Elevação Sul.

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Elevação Leste.

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Elevação Oeste.

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Corte E-E.

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Perspectiva Interna.

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Modelos Finais.

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Modelos Finais.

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Modelo Final.

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Bibliografia

EISENMAN, Peter. Diagram Diaries. New York: Universe, 1999.

FRAMPTON, Kenneth. História Crítica da Arquitetura Moderna.

São Paulo: Martins Fontes, 2000.

HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1992.

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 1947-1997.

São Paulo: Universidade Mackenzie, 1997.

A+U Architecture and Urbanism nº 252. Tóquio: A+U Publishing Co., Ltd., 1991.