pessoas com deficiÊncia. a inclusÃo social e a...

8

Click here to load reader

Upload: truongdieu

Post on 08-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A …fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/yN6SV3TNtbu... · Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A INTEGRAÇÃO: O RETRATO DO SÉCULO XXI

ROSTELATO, Telma Aparecida

Mestre em Direito Constitucional pela Instituição Toledo de Ensino de Bauru-SP. Especialista em Direito Constitucional, pela ESDC – Escola Superior de Direito Constitucional. Professora do Curso de Direito da FAIT – Faculdades Integradas de

Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva-SP. Procuradora Jurídica Municipal.

RESUMO

O presente estudo almeja focar a inalcançada inclusão social das pessoas com deficiência, ainda percebida no século XXI, opondo-se aos preceitos constitucionalmente asseverados, objetivando estabelecer tratamento igualitário, com o fito de consagrar o princípio da dignidade da pessoa humana, que deve ser usufruído irrestritamente pelas pessoas com deficiência, seja de qual natureza for, possibilitados através da atuação estatal, por meio da efetivação destes direitos, a qual demonstra-se desditosamente, ainda ineficaz, ensejando a ausência do pleno exercício da cidadania. Para a coleta de dados, utiliza os institutos jurídicos, que tratam do tema e de questões correlatas, bem como de doutrinas nacionais e estrangeiras, revistas, jurisprudências e outras publicações. Conclui que o significado do termo inclusão das pessoas com deficiência distancia-se do termo integração, que muitas vezes é equivocadamente utilizado como sinônimo, mas que em suma, objetivam ambos, o alijamento da marginalização social, enfrentada por estas pessoas.

Palavras-chave: Pessoas com Deficiência. Inclusão Social. Integração.

TEMA CENTRAL: DIREITO

ABSTRACT

The present study unachieved to focus the social inclusion of people with disabilities, still seen in the twenty-first century, as opposed to asserted constitutional precepts, aiming to stablish equal treatment with the aim of enshiring the principles of human dignity, which should be unrestricted enjoyed by persons with disabilities, which either of nature is made possible through state action, trough the realization of these rights, which proves to be unfornate, yet ineffective, allowing for the absence of full citizenship. For data collection, using the established laws that address the topic and related issues, and doctrines of national and foreign journals, case law and other publications. It concludes that the meaning of inclusion of disables people away from the term integration, which is often mistakenly used synonymously, but in short, aim to the rejection of social marginalization, faced by these people.

Key words: people with disabilities. Social inclusion. Integration.

1- INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo propor uma reflexão a respeito do significado do

termo inclusão das pessoas com deficiência, considerado o tratamento estatal que lhes vem

sendo dispensado hodiernamente.

Para tanto, preliminarmente buscará definir o aludido termo, recorrendo aos conceitos:

filosófico e jurídico, além do gramatical; e com o objetivo de melhor elucidação, buscará indicar

os aspectos em que se carece o melhor desenvolvimento da atuação estatal e da sociedade em

Page 2: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A …fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/yN6SV3TNtbu... · Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado

geral, além de indicar em quais aspectos os profissionais das mais diversificadas áreas podem

contribuir para o atingimento dos fins propugnados para a efetivação da inclusão social.

Na sequência, proceder-se-á o apontamento da existência da salvaguarda dos direitos

vários destas pessoas, salientando a sobressalência dos princípios constitucionais da isonomia e

da dignidade da pessoa humana, que acabam repercutindo no pleno exercício da cidadania.

Por fim, tecerá considerações acerca dos aspectos diferenciadores que compõem os

termos inclusão e integração, posto que largamente utilizados nos textos, isto tudo com o anseio

de lançar aprofundadas reflexões quanto à ineficiência estatal, no cumprimento de seus deveres

afetos à inclusão social das pessoas com deficiência.

2- INCLUSÃO SOCIAL: SINGELA ABORDAGEM DE SUA SIGNIFICÂNCIA

Recorrendo ao Dicionário de Filosofia1, verificamos que o termo “inclusão” é definido

como sendo:

“(...) Na lógica das classes, a relação de I. entre duas classes alfa e beta (demonstrados por seus respectivos símbolos) subsiste quando todos os elementos da classe (alfa) pertencem também à classe (beta), mas não necessariamente o inverso (...) À relação de I. corresponde a relação de implicação entre os conceitos – classe correspondente. Por exº., a classe homem está incluída na classe mortal porque todos os homens são mortais.” (grifos nossos)

No Dicionário Jurídico2, verificamos que:

“(..) Inclusão - 1. Lógica Jurídica. Relação existente entre duas classes que estão na relação de gênero para espécie. 2. Nas linguagens comum e jurídica: a) abrangência de uma coisa dentro de outra; b) admissão; c) ato ou efeito de incluir.”

E finalmente, no Dicionário da Língua Portuguesa3:

“(...) Inclusão ...4. Educ. Esp. O ato de incluir pessoas portadoras de necessidades especiais na plena participação de todo o processo educacional, laboral, de lazer, etc., bem como em atividades comunitárias e domésticas. (...)”

Deste modo, podemos afirmar que incluir concerne em deixar fazer parte de um grupo,

aqueles que possuam características diferenciadas. No dizer de Claudia Werneck4: Incluir é

humanizar caminhos.

A referência ao aludido termo, conduz-nos mesmo que involuntariamente, aos princípios

constitucionais, que em conjunto possibilitam a compreensão da inclusão, como um todo,

abrangidos os aspectos: sociais, econômicos, culturais, arquitetônicos, educacionais, políticos,

1 ABBAGNANO, Nicola. 1ª. ed. coord. e ver. Alfredo Bosi. rev. e trad. dos novos textos Ivone Castilho Benedetti, 4ª. ed.

Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 549. 2 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Vol. II, São Paulo: Saraiva, 1998, p. 806.

3 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa. 3ª. ed. rev.

e ampl. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1999, p. 1093. 4 WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. 2ª. ed., Rio de Janeiro: WVA, 2000, p.

19.

Page 3: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A …fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/yN6SV3TNtbu... · Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado

recreativos, dentre outros, considerados sob um contexto histórico, encontrados no País, para o

qual se dirige a pesquisa pretendida.

Recorrendo-nos do termo oposto, com o objetivo de chegar o mais próximo do adequado

conceito, verificamos que a exclusão, para Márcio Alves Fonseca5, consiste em retirar do

convívio, separar, rejeitar.

Assim, resta claro que os fins propugnados pela inclusão social não se concentram no

assistencialismo, simplesmente.

3- ASPECTOS DIFERENCIADORES: INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO

Ainda que possam aparecer como termos sinônimos, a inclusão e a integração carregam

aspectos diferenciadores e que precisam ser esclarecidos, a fim de se evitar equívocos

nominais.

Pois bem, a inclusão compreende a inserção social, numa vida comum, das pessoas com

deficiência, que integram as minorias, que de certo modo sofrem marginalização em seu

convívio social.

A inclusão é um processo, assevera Claudia Werneck que “(...) normalizar uma pessoa

não significa torná-las normal. Significa dar a ela o direito de ser diferente e ter suas

necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade.”

A inclusão consiste em, respeitando as limitações e/ou diferenças de cada um, conceder-

lhes igual teor de possibilidades para o exercício de atividades diversas, como ir à escola,

passear, desfrutar de lazer, se deslocar, etc., trata-se da integração, denominada ainda, por

Claudia Werneck6 como a inserção pelo sistema de cascatas, que é conhecido como

‘mainstream’, corrente através da qual o objetivo é o de proporcionar ao aluno um ambiente

menos restrito possível, que em suma, observadas as necessidades específicas, os alunos têm

o direito de entrar na corrente principal e por ela transitar, como se fosse um sistema de

cascatas.

Ao revés, este sistema é criticado porque tende a segregar, como argumentam pais de

alunos, profissionais e estudiosos que congregam os movimentos em favor da inclusão; posto

que um sistema que admite diversificação de oportunidades não possibilita que os alunos

acompanhem a turma.

Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado por quem defende o sistema

caleidoscópio de inserção, no qual inexiste diversificação de atendimento, é à escola que cabe

5 FONSECA, Márcio Alves. Direito e Exclusão: uma reflexão sobre a noção de deficiência. Direitos da Pessoa

Portadora de Deficiência, Max Limonad, nº. 1, 1997, p. 120. 6 WERNECK, Claudia. Op. cit., p. 52.

7 WERNECK, Claudia. Op. cit., p. 52-3.

Page 4: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A …fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/yN6SV3TNtbu... · Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado

buscar as soluções para incluir o aluno, seja ele carecedor de que necessidade for. Assim, o

caleidoscópico significa um pequeno instrumento que só funciona quando tem todos os pedaços

e com ele forma figuras complexas que nunca se repetem.

A palavra inclusão refere-se à inserção total e incondicional, enquanto a palavra

integração dá idéia de que a inserção é parcial e condicionada às possibilidades de cada

pessoa. Neste contexto, Cláudia Werneck esclarece que o modelo de cascatas corresponde ao

vocábulo integração e ao modelo caleidoscópio, a inclusão.

Isto porque, nas palavras da autora: “Incluir é abandonar estereótipos”.

Há uma linha tênue de diferenciação, entre integração e inclusão, enquanto a palavra

integração concerne ao resultado final, vez que para haver a inclusão é imprescindível a

modificação do sistema (de ensino), envolvendo capacitação de recursos humanos do ensino

regular, redução do número de alunos por sala e implementação de programas complementares

de apoio. Arremata a autora no sentido de que, o aluno com deficiência que está na escola

regular, na classe especial ou até em turma comum, dificilmente é visto como aluno da escola,

mas apenas como aluno da educação especial, portanto a inclusão concerne ao

desenvolvimento de atividades da escola, em comum, senão não há integração e por óbvio não

se atinge a inclusão.

A inclusão, nos últimos tempos, remete às desigualdades sociais, no dizer de Eugênia

Augusta Gonzaga Fávero8, e que anteriormente a luta era pela integração. Para os movimentos

internacionais, integração e inclusão são palavras que representam crenças totalmente distintas,

embora encerrem a mesma idéia. Na integração, é permitida a existência de desigualdades

sociais, e para reduzí-las permite-se a incorporação de pessoas que consigam adaptar-se, por

méritos seus. Já, na inclusão, pressupõe-se que todos fazem parte de uma mesma comunidade

e não de grupos distintos; não se espera a inserção, mas o Poder Público garante a adoção de

ações para evitar a exclusão.

De tudo isso, depreende-se que, os princípios de inclusão refletem nada mais, nada

menos, que os princípios democráticos, e a implementação destes princípios de inclusão não se

restringe à atuação estatal (os entes da federação criando métodos de averiguação das

necessidades locais, que se refiram à sua competência federativa, à atuação), mas também às

obrigações da coletividade, como um todo. Uma série de dispositivos foram contemplados na

Constituição Federal, a fim de estabelecer proteção às pessoas portadoras de deficiência e esta

proteção por si só, embora demonstre avanço, não é suficiente, porque carece haver a

efetividade da integração social.

8 FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga. Direitos das Pessoas com Deficiência – garantia de igualdade na diversidade.

Rio de Janeiro: WVA, 2004, p. 37-8.

Page 5: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A …fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/yN6SV3TNtbu... · Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado

É necessária a conscientização de que as pessoas com deficiência não são inválidas e

nem incapazes, merecem tratamento igualitário, inclusive em observância à princípio

constitucionalmente resguardado, salientando-se que, não raras vezes estas pessoas portadoras

de deficiência comprovam deter superioridade intelectual, se comparados com aqueles

considerados “normais”.

Assim, uns possuem maior ou menor afinidade com os esportes, com a leitura, com o

deslocamento de um para outro lugar, com a aprendizagem, com o estado de saúde, etc...,

apreciados os aspectos da função psicológica, fisiológica ou anatômica individualmente.

Com isso, por si só se equiparam as pessoas com deficiência às pessoas em geral, que

não são iguais em sua integralidade, mas portadoras de diferenças e estas diferenças é que

consagram a personalidade de cada um, as dificuldades encontradas para adquirir o pleno

conhecimento por exemplo, devem ser transpostas através de esforços, tanto daquele que

carece, quanto daquele que os rodeia, respeitando estas desigualdades, e é com esta mesma

dedicação que devem ser tratadas as diferenças e dificuldades encontradas pelas pessoas

portadoras de deficiência, que carecedoras de maior ou menor cuidado, requerem tratamento

respeitoso, igualitário, princípios estes que deságuam no preceito que constitui o baluarte

constitucional: a não violação de sua dignidade humana. Estas pessoas não podem ser

consideradas incapazes ou inválidas, por efetivamente não o serem, e tal concepção deve

encontrar-se incutida em cada uma das pessoas deste Estado.

Uma vez já verificado que o Estado se incumbiu de estabelecer diversificados meios de

inclusão, através de uma enorme gama de preceitos legais, tanto na esfera constitucional,

quanto infraconstitucional, é fato que lhe resta a implementação de meios destinados à

fiscalização do cumprimento destas normas, exigindo adaptações que viabilizem o pleno acesso

das pessoas portadoras de deficiência, ou por assim dizer, a inclusão social das mesmas.

Em selecionado artigo, Rossana Teresa Curioni9 define a inclusão social como sendo:

“(...) A inclusão social se fundamenta em princípios éticos de reconhecer e respeitar o preceito de oportunidades iguais perante a diversidade humana, diversidade esta que exige peculiaridade de tratamentos, para não se transformar em desigualdade social.(...)”

Desde meados da década de 70 vem-se desenvolvendo a tese de integração à

sociedade, das pessoas com deficiência, mas somente nos anos atuais é que vem sendo

promovida a inclusão social dos mesmos, não obstante corresponda à triste fala, termos que

admitir, que o País ainda é carecedor de efetivação destes direitos.

9 CURIONI, Rossana Teresa. Pessoas Portadoras de Deficiência: inclusão social no aspecto educacional. Uma

realidade? Direito da Pessoa portadora de Deficiência: uma tarefa a ser completada Bauru: EDITE, 2003, p. 422.

Page 6: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A …fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/yN6SV3TNtbu... · Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado

A idéia de inclusão, para Rossana Teresa Curioni10 consiste na preocupação com a

defesa da igualdade de oportunidade para todos, bem como o acesso a bens e serviços

públicos.

Na integração, aqueles que conseguem, adaptam-se. Já, na inclusão, além disso,

garante-se a adoção de ações para evitar a exclusão; exige-se do Poder Público e da sociedade

em geral, que ofereçam as condições necessárias para todos.

4- CONCLUSÕES

A inclusão das pessoas com deficiência é termo que tem como significado a dispensa de

tratamento isonômico, respeitadas as suas diferenças, se comparados com as pessoas

“normais”, conferindo cumprimento à salvaguarda do direito à dignidade da pessoa humana,

constitucionalmente estabelecido, compreendendo diversos aspectos, tais como: sociais,

econômicos, culturais, arquitetônicos, educacionais, políticos, recreativos, dentre outros; tudo

isso com o fim precípuo de preservar os direitos mais íntimos destas pessoas, dada a sua íntima

correlação com as manifestações da personalidade humana.

Diversos movimentos nacionais e internacionais têm buscado o consenso para a

formatação de uma política de inclusão social, que deixou de ser caracterizada por mero

assistencialismo, concentrando sua atenção à consagração do pleno exercício da cidadania

pelas pessoas com deficiência.

Apesar deste extenso rol, verifica-se dia-a-dia, até neste século, violações a estes

direitos, cuja origem advém da ausência de atuação estatal, no desempenho de sua atividade

efetivadora destes direitos.

Constata-se que não existe uma política efetiva de inclusão social que viabilize planos

integrados de urbanização, acessibilidade, saúde, educação, esporte, cultura, entre outros, com

metas e ações, convergindo para a obtenção de um mesmo objetivo: resguardar o direito das

pessoas com deficiência.

Aludida inclusão encerra a idéia de inserção total e incondicional, enquanto a integração

dá idéia de que a inserção é parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa. A

inclusão, portanto, refere-se àquilo que é possível atingir, já a integração seria uma utopia, pois

se há condicionamento às possibilidades de cada pessoa...

Ora, o Estado deve buscar a implementação de métodos que traduzam a plena inserção,

posto que se pretende a eliminação das barreiras, logo a inclusão, e não apenas a adequação

aos limites de cada pessoa, em se considerando os conceitos terminológicos.

10

CURIONI, Rossana Teresa. Pessoas Portadoras de Deficiência: inclusão social no aspecto educacional. Uma realidade? Direito da Pessoa portadora de Deficiência: uma tarefa a ser completada. Op. cit., p. 423.

Page 7: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A …fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/yN6SV3TNtbu... · Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado

Entretanto, é notório que o fim objetivado, que é o do afastamento da marginalização

social, enfrentada por estas pessoas com deficiência, resta inatingido, frente à inércia estatal,

com o que, de nada adianta estabelecer-se diferenciações entre os elementos que compõem os

termos integração e inclusão, face à inexistência de esforço estatal, no cumprimento do

desiderato constitucional, que se constitui num bem muito maior.

Atuação social e do Estado, ainda que verificadas, para a promoção e implementação da

inclusão, através de educadores e pais, por exemplo, demonstram-se ainda insuficientes para a

obtenção do resgate ao respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno

desenvolvimento e acesso a todos os recursos da sociedade.

A inclusão social se constitui processo para a construção de uma sociedade

transformada, enfim é permitir a usufruição do direito à felicidade, que envolve a personalidade

humana, é algo que transcende o dever estatal, toca direito humano, portanto trata-se de

preocupação universal o redimensionamento das prioridades do governo para a efetivação dos

salvaguardados direitos das pessoas com deficiência.

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, Nicola. 1ª. ed. coord. e ver. Alfredo Bosi. rev. e trad. dos novos textos Ivone Castilho Benedetti, 4ª. ed. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

ALARCÓN, Pietro Lora. Processo, Igualdade e Justiça. Revista Brasileira de Direito Constitucional. São Paulo: Método, nº. 2:165-198, 2003. ANSELMO, José Roberto. A questão da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência. Direito da Pessoa Portadora de Deficiência: uma tarefa a ser completada. Bauru: EDITE, 257-270, 2003. ARAUJO. Luiz Alberto David (coord.). Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. COELHO, Paulo Magalhães da Costa. Fundamentos Filosóficos dos deveres de inclusão. A Proteção da Pessoa Portadora de Deficiência: um instrumento de cidadania. Bauru: EDITE, 09-25, 2006. CURIONI, Rossana Teresa. Pessoas Portadoras de Deficiência: inclusão social no aspecto educacional. Uma realidade? Direito da Pessoa Portadora de Deficiência: uma tarefa a ser completada. Bauru: EDITE, 411-439, 2003. DIAS, Maria Berenice. A Igualdade Desigual. Revista Brasileira de Direito Constitucional. São Paulo: Método, nº. 2:51-68, 2003. DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Vol. II, São Paulo: Saraiva, 1998. FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga. Direitos das Pessoas com Deficiência –Garantia de Igualdade na Diversidade. Rio de Janeiro: WVA, 2004. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa. 3ª. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1999.

Page 8: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A INCLUSÃO SOCIAL E A …fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/yN6SV3TNtbu... · Inclusão é, para Claudia Werneck7, o termo utilizado

FONSECA, Márcio Alves. Direito e Exclusão: uma reflexão sobre a noção de deficiência. Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência. São Paulo: Max Limonad, nº. 1. 117-127, 1997. KALUME, Pedro de Alcântara. Deficientes: ainda um desafio para o governo e para a sociedade: habilitação, reabilitação profissional e reserva de mercado de trabalho. São Paulo: LTR, 2005. KELLOUGH, J. Edward. Understanding Affirmative Action – Politcs, Discrimination and the search for justice. São Paulo: Livraria dos Advogados Editora LTDA, 2006. MARTINS, Flademir Jerônimo Belinati. Dignidade da Pessoa Humana – Princípio Constitucional Fundamental. Curitiba: Juruá, 2003. MATOS, Francisco Gomes de. Fator QF – Quociente de Felicidade – Ciclo de Felicidade no Trabalho. São Paulo: Makron Books, 1997. PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos, 2ª. ed. rev. ampl. e atual., São Paulo: Max Limonad, 2003. POZZOLLI, Lafayette; Assis, Olney Queiroz de. Pessoa Portadora de Deficiência e o dilema do Estado Moderno: Participação ou Exclusão. Revista do Instituto de Pesquisas e Estudos: Divisão Jurídica. Bauru: EDITE, n. 1, 423-435, set./dez. 2003. ______________. Pessoa Portadora de Deficiência – Direitos e Garantias. 2ª. ed., São Paulo: Damásio de Jesus, 2005. RAGAZZI, Marco Antônio. O Transporte e a Inclusão das Pessoas Portadoras de Deficiência. Direito da Pessoa Portadora de Deficiência: uma tarefa a ser completada. Bauru: EDITE, 329-348, 2003. RULLI NETO, Antonio. Direitos do Portador de Necessidades Especiais. São Paulo: Fiuza Editores, 2002. SARLET, Ingo Wolfgang. Trad. Pedro Scherer de Mello Aleixo; Rita Dostal Zanini. Dimensões da Dignidade – Ensaios de Filosofia do Direito e Direito Constitucional. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 13-4. WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. 2ª. ed., Rio de Janeiro: WVA, 2000. BRASIL. Tribunal Regional Federal – 4ª. Região – 4ª. Turma; ACi nº. 2003.72.04.013937-9-SC; Relator: Juiz Federal Márcio Antônio Rocha. 26 de abr. 2006. Boletim AASP – Associação dos Advogados de São Paulo, nº. 2501, p. 1285, 11 a 17 de dez. 2006.