pesquisa jovem paulista 2020 sumário executivo

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COORDENADORIA ESTADUAL DE JUVENTUDE SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS PESQUISA JOVEM PAULISTA 2020 SUMÁRIO EXECUTIVO SÃO PAULO JUNHO/2010

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COORDENADORIA ESTADUAL DE JUVENTUDE

SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

PESQUISA JOVEM PAULISTA 2020

SUMÁRIO EXECUTIVO

SÃO PAULO

JUNHO/2010

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ÍNDICE

SUMÁRIO EXECUTIVO - PESQUISA JOVEM 2020 ________________________________ 1

1. METODOLOGIA __________________________________________________________ 4

2. PRINCIPIAS RESULTADOS DA PESQUISA __________________________________ 6

2.1 DEMOGRAFIA ____________________________________________________________ 6

2.2 VIDA E FAMÍLIA __________________________________________________________ 7

2.3 SAÚDE __________________________________________________________________ 8

2.4 EDUCAÇÃO _____________________________________________________________ 10

2.5 TRABALHO E RENDA ______________________________________________________ 12

2.6 SEGURANÇA ____________________________________________________________ 15

2.7 PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E CULTURAL _________________________________ 18

2.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ___________________________________________________ 20

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SUMÁRIO EXECUTIVO - PESQUISA JOVEM 2020

Quando a Secretaria de Relações Institucionais, por meio da Unidade de Programas para a

Juventude, nos procurou para realizar uma pesquisa sobre o Jovem paulista em 2020, não

imaginávamos o desafio que tínhamos pela frente. Aceitar e desenvolver um trabalho com a

temática da juventude é tarefa complexa, que exigiu-nos conhecer o universo juvenil em

suas múltiplas dimensões, captar a diversidade do segmento jovem e analisar tendências

que nos permitisse traçar cenários para a juventude paulista em 2020, sem a pretensão de

prescrever recomendações e fazer previsões.

O primeiro passo foi iniciar o levantamento e consultar artigos, autores e pesquisas sobre o

tema juventude, onde pudemos constatar um número considerável de investigações que

buscam compreender diferentes questões relacionadas aos jovens, como a sua relação com

a escola, com o trabalho, com a cultura, com a política, ou relacionadas à sexualidade, à

violência etc. Entretanto, antes de pensar nas questões que envolvem a juventude, foi

importante entender quem é o jovem e o que é ser jovem.

Seguindo o documento intitulado “As Diretrizes Estudo sobre Juventude Brasileira”

(Brasil, 1998) que definiu que a juventude corresponde à faixa etária entre 15 e 24 anos, ou

seja, dividia-se a categoria em duas faixas, a adolescência, de 15 a 19 anos e a juventude

propriamente dita, dos 20 aos 24 anos. Os Padrões Internacionais (2005), o Plano Nacional

de Juventude da Câmara dos Deputados e o Conselho Nacional da Juventude (2006)

estenderam a categoria juventude para os 29 anos, subdivididos em: jovem-adolescente, na

faixa etária dos 15 aos 17 anos, jovem-jovem, dos 18 aos 24 anos e jovem-adulto, dos 25

aos 29 anos.

As pesquisas e estudos demográficos sobre os jovens são recentes, foi a partir da década de

1990, que se intensificam o debate político e acadêmico sobre o tema da juventude.

(Camarano et al, 2004) . Até então, as políticas que beneficiavam os jovens eram

destinadas a um público mais amplo, não existindo políticas específicas para a juventude.

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Programas e políticas públicas percebiam os jovens como adolescentes ou como adultos, e

não como um segmento destacado da população. As primeiras ações de programas

específicos destinados aos jovens, sobretudo adolescentes, aparecem no interior da área da

saúde, os jovens são o foco dos problemas sociais como gravidez precoce, violência.

Depois, as ações e projetos dirigidos aos jovens seguem a lógica de responder ao aumento

da violência nos centros urbanos, colocando em destaque a criminalidade juvenil. A

sociedade enxergava o jovem sob dois ângulos, um como um segmento vulnerável, onde

são vítimas, pois neste segmento populacional a taxa de desemprego é maior, existe o

subemprego juvenil, sofrem com a violência e por outro lado são os responsáveis pela

violência, trazendo quase sempre uma visão negativa associada a problemas sociais.

Sposito et al (2003) analisam os programas e ações federais observadas no período 1995-

2002, estabelecem a periodização em torno de quatro distintos modelos de políticas de

juventude: a) a ampliação da educação e o uso do tempo livre (entre 1950 e 1980); b) o

controle social de setores juvenis mobilizados (entre 1970 e 1985); c) o enfrentamento da

pobreza e a prevenção do delito (entre 1985 e 2000); e d) a inserção laboral de jovens

excluídos (entre 1990 e 2000).

A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente - o denominado ECA- é um marco

para o estabelecimento das políticas e programas que vêem o público infantil e os

adolescentes como sujeitos de direitos, visão que se estende para os jovens. Em 1993, a Lei

Orgânica de Assistência Social (LOAS) inclui os jovens como beneficiários, além dos

adolescentes. E mais recentemente, a pauta do trabalho e de desemprego é incorporada na

agenda de programas e ações para os jovens.

Conceituar o jovem não é apenas uma questão de faixa etária, é a fase da vida que envolve

a transição para a vida adulta. O ciclo de vida das pessoas não segue mais uma trajetória

linear, o inicio de uma etapa seguida do término da outra, marcada por eventos como

primeiro emprego, casamento, filhos, aposentadoria, morte (Madeira, 2006).

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Os modelos tradicionais de passagem para a vida adulta sofreram profundas alterações, os

eventos que marcam a passagem estão ocorrendo mais tardiamente e de maneira

desconectada (Corrochano, 2008).

Para muitos jovens, já existe a antecipação de características que são próprias da vida

adulta, tais como a inserção no mercado de trabalho, o provimento parcial ou total do seu

sustento e a constituição de família. Ao mesmo tempo, certos jovens podem atingir a idade

adulta sem terem assumido papéis a ela associados: inserção no mercado de trabalho,

autonomia financeira e constituição de família. Em muitos casos, prolongam a sua

permanência na escola e na casa dos pais (Camarano et al, 2004). O importante é entender

essa condição de transitoriedade, como parte de sua condição, mas que o caminhar para a

vida adulta é mais uma etapa dentro de uma sociedade que está em constante

transformação.

O objetivo da pesquisa foi analisar as tendências dos aspectos e questões que envolvem os

jovens, para tanto buscou analisar o seu comportamento de modo a identificar os fatores

que vão influenciar sua situação em 2020, projetar a demanda e oferta de serviços em sete

dimensões, divididas em capítulos: Demografia, Vida e Família, Saúde, Educação,

Trabalho e Renda, Segurança e Participação Política, Social e Cultural.

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1. METODOLOGIA

A metodologia utilizada consistiu na análise de estatísticas públicas e técnicas de coleta e

organização de dados.

As principais fontes de dados foram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), como censos (Censos Populacionais –1991 e 2000) e Pesquisa Nacional

por Amostra de Domicílios (PNAD – de 1998 a 2008). Dados da Fundação Sistema

Estadual de Análises de Dados (SEADE), por meio das projeções populacionais dos

municípios paulistas. Também foram utilizados dados da Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS) e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e dados do Ministério da Educação (MEC),

como Data Escola Brasil e Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Os dados e informações relacionados à saúde e segurança dos jovens foram obtidos junto

ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), como:

Incidência de doenças, Vigitel - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças

crônicas por inquérito telefônico, Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e

Sistema de Informações Hospitalares do SUS. E também, junto ao Ministério da Justiça,

obtidos dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e Conselho

Nacional de Justiça.

Para particularizar a dimensão de segurança utilizamos os dados extraídos do Sistema a de

Informação Criminal Infocrim, um banco de dados informatizado e interligado em rede,

contendo as informações referentes às ocorrências policiais, da Secretaria de Segurança

Pública do Estado de São Paulo.

Para complementar dados e informações, contextualizando os indicadores e a análise dos

mesmos, foi realizado levantamento de pesquisas e relatórios técnicos que pudessem

subsidiar o estudo da juventude. Entre estas, destacamos a Pesquisa Nacional de Saúde do

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Escolar (PeNSE) – 2009, que investiga diversos fatores de risco e proteção à saúde dos

adolescentes, junto aos escolares do 9º ano do ensino fundamental das 26 capitais estaduais

e do Distrito Federal.

A Pesquisa Juventude Brasileira e Democracia, Participação, Esferas e Políticas Públicas-

realizada pelo Instituto Polis (2005), em parceria com o Instituto Brasileiro de Análises

Sociais e Econômicas - Ibase, buscou ouvir diferentes jovens brasileiros(as), de 15 a 24

anos de idade, e provocar o debate sobre as condições e perspectivas com relação à

educação, ao trabalho, à cultura e ao lazer e os limites e as possibilidades da sua

participação em atividades políticas, sociais e comunitárias.

Foi desenvolvida pesquisa qualitativa junto a especialistas - pesquisadores, formadores de

opinião e gestores envolvidos em programas, projetos e organizações relacionadas com a

juventude paulista. A pesquisa qualitativa teve duas etapas, a primeira para levantar e

identificar as instituições relacionadas com programas, projetos e a segunda para a seleção

dos entrevistados. Foram levantadas 33 organizações e selecionados 18 entrevistados.

O roteiro das entrevistas abordou os seguintes tópicos as questões relevantes para as

relações com jovens – demografia, vida e família, saúde, educação, trabalho, segurança e

cultura; em seguida, o entrevistado analisava os fatores críticos para o desenvolvimento da

juventude paulista e por fim perguntava-se sobre os desafios e agenda para os próximos 10

anos. As análises e colocações dos especialistas foram fundamentais para o

desenvolvimento do estudo, no sentido de identificar as tendências, sobretudo, para

compreender o universo juvenil.

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2. PRINCIPIAS RESULTADOS DA PESQUISA

2.1 DEMOGRAFIA

Na demografia foram apresentadas as transformações no ritmo de crescimento e

composição da população, por idade e sexo. A demografia permitiu analisar as tendências e

traçar os cenários que irão influenciar a estrutura familiar, a saúde, educação e o mercado

de trabalho. Observou-se que São Paulo deixou de ser foco migratório, a fecundidade está

diminuindo ao passo que a expectativa de vida está aumentando. Alguns aspectos que

explicam tal comportamento são a probabilidade de morte caindo ao longo dos anos e o

envelhecimento da população.

A estimativa do tamanho da população do Estado de São Paulo, divulgada pela Fundação

Seade, revela que em 2010 o número de habitantes é de aproximadamente 42 milhões.

Destes, 24% estão caracterizados como jovens da faixa etária dos 15 aos 29 anos. Neste

intervalo há uma concentração maior daqueles situados entre 25 a 29 anos, correspondendo

a 9% da população total.

A análise da composição da pirâmide etária projetada para daqui a 10 anos revela uma

população predominantemente adulta, em pleno processo de envelhecimento. A população

idosa, representada pelo contingente com idade superior a 65 anos, é a parcela que mais

aumentará nos próximos anos.

O envelhecimento populacional fica mais explícito ao se comparar a evolução da idade

mediana da população paulista. No ano 2010, a divisão populacional em volumes iguais

está concentrada nas faixas de idade de 25 a 29 anos e 30 a 34 anos. Já em 2020, esse

coorte deverá ser registrado na idade de 35 a 39 anos, que representa justamente o grupo

etário de 25 a 29 anos, 10 anos depois.

O grupo jovem, com idades entre 15 e 29 anos, deverá ser composto por 9.997 mil pessoas

em 2020, volume bastante semelhante ao registrado em 2010, que é de 10.508 mil. Esse

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comportamento deverá manter estável a pressão por novos empregos, no futuro. A maior

queda de crescimento populacional estará concentrada nos jovens dos 25 aos 29 anos, 11%

em 10 anos, passando de 9% para 7% no total da população. A população que se encontra

na faixa dos 20 aos 24 anos deverá ser composta por 3.339 mil pessoas em 2020, volume

bastante semelhante ao projetado para 2010, que é de 3.498 mil pessoas. Este grupo

diminui a sua participação na composição da pirâmide de 8% em 2010 para 7% em 2020.

Os jovens na faixa etária dos 15 aos 19 anos deverão contar com 3.316 mil pessoas em

2020, um crescimento de 0,15% ao ano.

Já a população menor de 15 anos, em 2020, deverá permanecer praticamente inalterada. O

contingente populacional situado na faixa dos 10 a 14 anos diminuirá 3% em 2020 em

relação a 2010 e sua participação no total da população passará de 8% em 2010 para 7% em

2020. A população jovem da faixa etária dos 20 aos 24 anos diminui a sua participação na

composição da pirâmide de 8% em 2010 para 7% em 2020.

2.2 VIDA E FAMÍLIA

As transformações sociais ocorridas nos últimos 20 anos vêm provocando mudanças

intensas na estrutura familiar paulista. A evolução específica dos padrões demográficos

com queda da fecundidade e da mortalidade, aumento de separações e o avanço da

expectativa de vida da população, juntamente com a inserção da mulher no mercado de

trabalho, teve impacto direto no modo de vida das famílias. Foi apresentado o perfil da

família paulista, bem como sua evolução e perspectivas. Dentre os principais resultados

apresentados, pode-se destacar os seguintes. Primeiramente, a crescente inserção da mulher

no mercado de trabalho, principalmente entre os jovens, saindo de 39% em 2001 e, segundo

projeção, chegando a 47% em 2020. Tal percentual começa a se aproximar da proporção de

mulheres na população do Estado de São Paulo, que é um pouco acima dos 50%.

Tal movimento vem sendo acompanhado por uma crescente participação da mulher como

chefe de família. Projeta-se que em 2020, 44% das famílias paulistas serão chefiadas por

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mulheres. Entretanto esta evolução não é homogênea entre as faixas etárias, podendo-se

destacar o maior crescimento nas faixas de 25 a 29 anos e acima dos 30 anos de idade;

sendo esta primeira faixa a com maior representatividade entre as jovens chefes de família.

Vale destacar ainda que em média os homens continuam se casando com mulheres mais

jovens. No entanto, a idade média dos primeiros casamentos é de 29 anos para os homens e

27 anos para as mulheres. A tendência de aumento desta idade média é apontada por

diversos estudos pelo adiamento da formalização matrimonial, podendo ser relacionado

dentre outros fatores, pela maior permanência na escola, sobretudo para as mulheres, assim

como a presença crescente delas no mercado de trabalho.

Quando analisada a composição familiar, observa-se que este aumento da participação da

mulher jovem como chefe de família dá-se por aumento da proporção de famílias em que a

mulher possui um cônjuge. Além disso, observa-se que as famílias em que estas mulheres

não possuem filhos também contribuem para este cenário. Este crescimento das famílias

sem filhos entre os jovens é um indício da postergação do nascimento do primeiro filho.

2.3 SAÚDE

Na dimensão Saúde foram abordadas práticas como nutrição e atividade física, passando

pelo consumo de álcool, fumo e drogas ilícitas e chegando à saúde sexual e reprodutiva

desta parcela da população, comportamentos que expõem os jovens a diversas situações de

risco presente e futuros que vão influenciar a sua vida adulta.

Dentre os resultados apresentados se destacam os seguintes. O aumento da proporção de

pessoas obesas na população também é observado entre os jovens. Entre as pessoas de 10 a

20 anos, aproximadamente 37% dos homens e 17% das mulheres apresentam quadro de

sobrepeso. Isto em parte se deve por padrões alimentares não saudáveis, como por exemplo,

o fato de que por volta de 55% dos homens e 30% das mulheres entre 18 e 24 anos

consomem com rotina carne com excesso de gordura. Além disso, basicamente metade dos

jovens não pratica exercícios físicos e apenas 12% praticam um volume considerado

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suficiente de atividade física. Com isso, fica clara a tendência a uma alimentação não

saudável conciliada com um padrão de sedentarismo. Tal quadro contribui para o

surgimento de doenças na vida adulta como as relacionadas ao sistema circulatório.

O segundo tópico abordado foi o consumo de bebidas alcoólicas, fumo e drogas ilícitas, em

que alguns fatos foram evidenciados. Com relação ao consumo de bebidas alcoólicas, 29%

dos jovens estudantes do nono ano do ensino fundamental tinham consumido álcool nos

últimos 30 dias anteriores à pesquisa em 2009, e 21% declararam já terem experimentado

algum episódio de embriaguez. Vale ressaltar que tal pesquisa abrange jovens com idade

por volta dos 14-15 anos em sua maioria, e os fatos constatados vem de encontro com a

legislação brasileira que proíbe a venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos de

idade. Analisando-se o hábito de fumar, constata-se que quase 80% das pessoas fumantes e

ex-fumantes iniciaram tal hábito antes dos 20 anos de idade, e aproximadamente 30% dos

jovens entre 18 e 24 anos são fumantes. Já quanto ao uso de drogas ilícitas, observa-se que

10% dos estudantes do nono ano do ensino fundamental já usaram alguma droga ilícita.

Além disso, considerando as internações no SUS por transtornos mentais e

comportamentais devido ao uso de drogas psicoativas (exclusive álcool), percebe-se que,

em 2009, 57% envolveram jovens de 10 a 29 anos de idade.

Com relação ao terceiro tópico, nota-se uma tendência de iniciação sexual cada vez mais

cedo, com quase 30% dos estudantes por volta de 14-15 anos de idade declarando que já

tiveram relação sexual. No entanto, 20% deste grupo declarou não ter usado preservativo

no último relacionamento sexual. Tal comportamento de risco pode ter várias

consequências como, por exemplo, o fato de 7% das mulheres que tiveram filhos nascidos

vivos tinham menos de 18 anos de idade. Vale ressaltar que a tendência de gestantes

adolescentes é de queda nos últimos anos. Isto em parte está correlacionado com o esforço

de conscientização e educação sexual. Estudos apontam que o jovem paulista está cada vez

mais informado sobre sexualidade, prevenção de gravidez e doenças sexualmente

transmissíveis (DST). Constata-se também que apesar das DST se apresentarem

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proporcionalmente cada vez mais em jovens, há um declínio da taxa de incidência de AIDS

entre os jovens.

Dado estas características e tendências da população jovem paulista, foram apresentadas as

projeções para o ano de 2020, destacando-se os seguintes pontos. Há uma suave tendência

de aumento da participação de óbitos de algumas doenças, como algumas doenças

infecciosas e parasitárias e Neoplasias (tumores), e redução da participação relativa de

Causas externas de morbidade e mortalidade. Do ponto de vista das internações no SUS,

observa-se, há tendência de aumento em Transtornos mentais e comportamentais, Doenças

do aparelho respiratório, Doenças do aparelho digestivo e Lesões traumáticas,

envenenamentos e algumas outras consequências das causas externas, tendência de redução

nas internações por Gravidez parto e puerpério. Além disso, pôde-se concluir que em 2020

a cobertura de planos privados de saúde será de pelo menos 50% aproximadamente entre a

população jovem do Estado de São Paulo, destacando-se a cobertura de 64% para a faixa

etária entre 25 e 29 anos.

2.4 EDUCAÇÃO

A Educação, o pilar fundamental para se pensar o desenvolvimento de uma sociedade,

aborda a educação como instrumento de avanço econômico e social, ou seja, de equalização

de oportunidades e justiça social. A universalização do ensino fundamental, mas não com a

qualidade necessária, o alto índice de evasão dos jovens no ensino médio, que abandonam

os cursos antes de sua conclusão, colocam em pauta a construção de competências para o

trabalho e apontam para a complexidade dos desafios da Educação paro os jovens em 2020.

Com a universalização do ensino fundamental a discussão está concentrada na questão da

qualidade. Projeções realizadas, com dados disponibilizados pelo MEC/INEP, revelam

estabilidade na qualidade do ensino. A melhoria desta tendência está diretamente

correlacionada com políticas de qualidade e estrutura curricular.

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Um dado importante a ser observado no ensino fundamental, no Estado de São Paulo, está

na Taxa Líquida de Matrícula (número de pessoas em uma determinada faixa etária que

frequenta escola na série adequada em relação ao total de pessoas da mesma faixa etária)

cujo índice está acima dos 90%.

Já para o ensino médio, cuja taxa de matrícula está estagnada, a projeção para 2020 mostra

crescimento moderado. Este comportamento é, também, observado quando analisamos a

qualidade do ensino. Um dos motivos para o não crescimento dos índices de matrícula no

ensino médio está nos elevados índices de evasão, em que continuar ou não na escola, nesta

fase da vida, já não depende mais tão fortemente dos pais’, mas, sim do próprio jovem, uma

vez que é neste momento que inicia sua independência e autonomia, passando a tomar suas

próprias decisões. Políticas direcionadas à melhoria da qualidade, expansão do sistema

existente, bem como ações voltadas às melhorias no currículo escolar, no sentido de torná-

lo verdadeiramente interessante e significativo aos jovens, para que tenham perspectivas de

realizar projetos de vida, em que o trabalho esteja também inserido, podem suavizar esta

tendência.

A facilidade do acesso ao ensino superior somado a política de incentivo do governo

federal, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), que concede bolsas de

estudo em instituições privadas àqueles que realizaram o Exame Nacional de Ensino Médio

(ENEM), mostra eficácia no acesso dos jovens ao ensino superior. Em 2008, 23% da

população do estado freqüentava o ensino superior. Este número sobe para 36% em 2020,

mostrando um aumento robusto nesta categoria. Permanecendo esta tendência de

crescimento, projeta-se um crescimento acentuado na fração de jovens entre 25 e 29 anos

que já concluiu o ensino superior. E, a julgar pelo crescimento das matrículas dos últimos

dois anos, esta tendência pode até se aprofundar gradualmente, aproximando o Estado de

São Paulo e o Brasil aos países mais desenvolvidos. Porém, deve-se ressaltar a necessidade

de investimento em educação básica de qualidade, para dar maior significância a estes

dados.

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A pesquisa mostrou, ainda, que entre 2001 e 2009 ocorreram queda, estagnação e elevação

nos índices de matricula no segmento de educação profissional técnica, cujo modelo no

Brasil assemelha-se ao europeu, porém, carece de políticas para elevar seu nível de

qualidade, a fim de que os altos investimentos que demanda tenham efetividade e

atratividade ao jovem.

2.5 TRABALHO E RENDA

Trabalho e Renda é um dos aspectos mais importantes da vida do cidadão, pois refere-se

ao seu posicionamento no mercado de trabalho, bem como seu posicionamento na

sociedade. Para os indivíduos jovens, estas variáveis têm uma importância ainda mais

destacada, pois se encontram no início da vida produtiva, e choques adversos neste estágio

podem ter consequências duradouras, perpetuando-se por todo o ciclo de vida. Percebe-se

que grande parte da população jovem não está mais concentrada no setor da indústria.

Houve um deslocamento destes trabalhadores para os setores de serviços e comércio.

Dados da PNAD revelam que grande parcela destes jovens se encontra na inatividade.

Segundo dados da RAIS de 2008, dos jovens que estão no mercado de trabalho formal,

52% possuíam ensino médio contra 10% que possuíam superior completo.

Analisando a tendência do emprego formal, este estudo mostra uma propensão de

crescimento no número de jovens com carteira assinada. Ao longo dos anos analisados, o

número de jovens com carteira assinada no Estado foi sempre superior ao dos jovens do

país como um todo. Em 2008, 69% das mulheres e 73% dos homens possuíam carteira

assinada no Estado de São Paulo. Os jovens no território nacional apresentavam um

percentual de 53% para as mulheres e 56% para os homens. Com estes resultados fizemos

uma projeção até 2020, 90% dos trabalhadores jovens do sexo masculino devem possuir

carteira assinada, contra 81% das mulheres jovens.

O número de jovens no Estado de São Paulo que possui carteira assinada é maior na faixa

de idade dos 25 aos 29 anos. Este fato é verdadeiro tanto para o Estado de São Paulo quanto

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para todo o território nacional. Em 2008, o Estado possuía 71% dos jovens, nesta faixa de

idade, inseridos no mercado formal, contra 59% em todo o país. O número de adultos com

carteira assinada é maior, 65%, tanto em relação aos jovens no estado como no país.

Projetando o comportamento desta variável, verifica-se que há uma tendência linear de

crescimento no número de jovens com carteira assinada. Isso significa que em 2020, 83%

dos jovens entre 20 e 24 tendem a estar inseridos no mercado formal enquanto para aqueles

concentrados na faixa dos 18 aos 19 anos esta relação é de 79%. Já para os jovens na faixa

etária entre 25 e 29 anos este percentual sobe para 84%.

A escolarização está correlacionada diretamente com mercado de trabalho. Pessoas mais

qualificadas tendem a encontrar-se no mercado formal, obter melhor remuneração, e

trabalhar menos horas. A escolaridade dos jovens foi classificada nas seguintes categorias:

jovens com menos do que o ensino médio (inclui os que estão estudando e os que

abandonaram), com ensino médio completo, com menos que universidade (envolve os que

não concluíram o curso mas estão estudando e aqueles que abandonaram) e com

universidade ou mais.

Para os jovens que concluíram apenas o ensino médio nota-se maior tendência de

crescimento no mercado de trabalho formal. No Brasil, em 2008, 74% dos jovens que

completaram o ensino médio possuíam carteira assinada, enquanto no Estado de São Paulo

esta proporção era de 81%.

Nas três esferas analisadas, quanto maior a escolaridade maior o número de trabalhadores

empregados. Para as três faixas de escolaridade mais elevadas há uma tendência de

crescimento no emprego, com uma elevação maior para os jovens com menos que a

universidade do que os que possuem ensino médio. Para os que possuem menos que o

segundo grau, o número de jovens na força de trabalho está diminuindo gradativamente

com a projeção futura seguindo este mesmo caminho. Uma possível explicação para este

fenômeno é maior frequência destes jovens à escola.

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A taxa de desemprego para os jovens na faixa dos 25 aos 29 anos, para o Estado de São

Paulo e para o Brasil, é menor e apresenta tendência de queda nos períodos posteriores a

2008. A média dos últimos 10 anos, para o estado, é de 11% contra 10% para o Brasil.

Desde 2003, a média da taxa de desempregos para os jovens entre 18 e 19 é de 22%, mas

vem diminuindo gradativamente desde 2005 e segue uma tendência similar. Para o Brasil

esta taxa é de 23%.

Todas as projeções apresentam queda na taxa de desemprego, exceto os jovens de 15 a 17

anos. Isso mostra que estes jovens estão experimentando e analisando a oferta de emprego.

Com isso, a volatilidade no mercado de trabalho para estes jovens é maior. A tendência é de

estabilidade na taxa de desemprego em torno de 33%.

A taxa de desemprego para os jovens com escolaridade inferior ao ensino médio é maior

enquanto para os jovens com universidade ou mais é a menor e mais volátil e segue uma

trajetória de queda ao longo dos períodos subsequentes. Isso mostra que a taxa de

desemprego é mais volátil aos movimentos econômicos para estes jovens mais educados do

que para o restante. Esta volatilidade não é observada para a população adulta e para os

jovens no território nacional a oscilação foi mais branda. Este comportamento revela que o

mercado de trabalho no Estado de São Paulo é mais dinâmico em relação aos outros

estados. Para os anos posteriores a 2008 há uma tendência de queda no desemprego para

estes jovens.

A taxa de desemprego para ensino médio completo é a segunda mais alta, perdendo apenas

para aqueles que não completaram o ensino médio. A oferta de trabalho para estes jovens

tende a ser maior o que explica o declínio da taxa desde 2002 e segue com a tendência de

estabilidade na queda do desemprego. Em nível nacional, cuja média é de 13%, esta

proporção também está diminuindo.

Dados da PNAD de 2008 revelam que os indivíduos que não concluíram o ensino médio no

Estado de São Paulo têm, em média, 31% de chance de ser empregado. Para os que

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possuem o ensino médio este percentual salta para 74%. Para o Brasil estes percentuais são

de 68% e 78%, respectivamente. A média salarial dos que possuem menos que o ensino

médio é de R$ 617 contra R$ 850 para os que possuem o ensino médio completo.

O salário-hora para os jovens nas faixas dos 25 aos 29 anos é superior a todas as outras

faixas. Isso vem ao encontro para o fato de que estes jovens, na sua maioria, possuem maior

nível educacional e ,consequentemente, possuem uma remuneração maior. Jovens nesta

faixa de idade devem estar formados e entram no mercado de trabalho com uma

remuneração maior. Isso também é observado em nível nacional.

Neste segmento, quem possuir maior escolaridade continuará a apresentar maior

probabilidade de empregabilidade. Jovens com mais escolaridade tenderão a continuar com

a média salarial mais alta, resultado do retorno na educação. Maior escolaridade também

tem efeito direto nos salários.

2.6 SEGURANÇA

As altas taxas de mortalidade entre adolescentes e jovens adultos, especialmente por causas

externas- homicídios e acidentes de transporte - continua sendo o maior problema para o

segmento da população jovem. Além das causas externas, existem outras modalidades,

onde os jovens são tanto vítimas como praticantes. Podem ser caracterizadas como

violência contra a pessoa, a econômica (que se refere aos danos causados ao patrimônio),

contra os costumes (que inclui o abuso sexual dos jovens), violência atípica (que inclui o

suicídio) e a violência causada via acidentes de transporte. As manifestações de violência

em contextos e condições diversas como nas escolas, nas vizinhanças, e até mesmo no

ambiente familiar têm uma participação significativa na vida dos jovens, e isso terá um

impacto daqui a 10 anos. Para complementar a análise da violência na população jovem,

foram apresentadas algumas características da população carcerária do Estado. Foi possível

mostrar a evolução histórica do número de adolescentes detentos e as características dos

atos infracionais com os dados disponibilizados pela Fundação Casa.

Page 20: Pesquisa jovem paulista 2020   sumário executivo

16

Até 1999 o Estado de São Paulo acompanhou uma espiral de violência semelhante a que

ocorreu no Brasil. A partir de 1999 o Estado de São Paulo iniciou um processo reverso no

comportamento da taxa de violência. A partir de então o ritmo dos índices de homicídios

caíram aceleradamente. Apesar da diminuição há alguns fatores cujo comportamento

permanece: os jovens continuam sendo vítimas em maior número.

Com esta análise e considerando que em 2020 o número de jovens será em menor

proporção, há uma tendência que queda constante na taxa de homicídio para os jovens no

Estado de São Paulo.

Assim, como os homicídios, as mortes por acidentes de transporte no Estado de São Paulo,

apresentam trajetória de queda, mas com velocidade menor do que a projeção para o resto

da população.

Analisando-se a variação no número de vitimização do jovem da faixa etária dos 14 aos 18

anos, observou-se que houve variação positiva (aumento) em dois tipos de ocorrências:

contra os costumes e de trânsito. No primeiro tipo destacam-se as ocorrências contra

atentado violento ao pudor com crescimento de 66% e estupro consumado com 41%. É

interessante observar que houve uma diminuição no número de ocorrências contra tentativa

de estupro, queda de 21%. A segunda modalidade de violência que apresentou variação

positiva entre os períodos é a de ocorrências de acidentes de trânsito cujo aumento foi de

38%. Neste tipo destaca-se o número de ocorrências com registro com ferimentos leves,

aumento de 65%. Observa-se, também, uma queda generalizada em todos os tipos de

violência dentro da modalidade contra o patrimônio.

Quando são analisadas as características dos crimes cometidos pelos jovens destaca-se que

a maior parte dos crimes são cometidos pela população jovem na faixa dos 14 aos 30 anos.

Em 2007 foi registrado, aproximadamente, 397 mil boletins de ocorrências. Destes, 24%

foram caracterizados como “roubo consumado transeunte”, cerca de 94 mil, e desagregados

por idade, 24% foram praticados por jovens situados na faixa etária dos 14 aos 18 anos e

Page 21: Pesquisa jovem paulista 2020   sumário executivo

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66% por jovens no intervalo 19 aos 30 anos. Quase 100% dos atos infracionais são

cometidos por aqueles que estão na idade dos 14 aos 18 anos. Esta é a modalidade com

maior participação desta faixa etária, porque é como se classifica a infração juvenil.

Além dos homicídios, os dados apresentados pela pesquisa PenSE evidenciam que as

manifestações de violência se modificam, atualizando-se de acordo com o contexto

histórico e social. Os resultados da pesquisa permitem colocar a violência como um

fenômeno contemporâneo e relevante nas escolas, na comunidade e no ambiente familiar.

Os resultados mostraram que quase um terço dos alunos 33.4% disse ter sofrido agressões

de seus pares alguma vez. Os dados sobre a violência também revelaram que 12,9% dos

estudantes se envolveram em alguma briga, nos 30 dias anteriores à pesquisa, na qual

alguém foi agredido fisicamente para o Brasil, o percentual para São Paulo foi 13,3%.

Também foi investigada a ocorrência de agressão física por um adulto da família: 9,5% dos

escolares sofreram agressão por algum adulto da família, e 8,9% para São Paulo. A

proporção de adolescentes do sexo feminino é 1% maior para o Brasil, e igual para São

Paulo, neste aspecto a proporção foi maior para as escolas privadas.

Entre 2005 e 2008 o aumento foi de 103%, sendo que 60% da população carcerária do

Estado de São Paulo em 2008 tinham menos de 29 anos. Quando analisamos estes dados

por gênero, observamos que, entre 2005 e 2009 o número de mulheres encarceradas

aumentou 184%, contra um aumento de 101% na população masculina.

O problema está concentrado entre os jovens: na faixa etária dos 18 aos 24 anos houve um

aumento de 345% no número de mulheres encarceradas. Houve nesse período também um

aumento da proporção de condenações por crimes que são tipicamente organizados. As

condenações por tráfico de drogas aumentaram 134% entre 205 e 2009, enquanto a

população carcerária total aumentou 103% no mesmo período.

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O aumento do encarceramento tem efeitos significativos para a sociedade: os gastos com a

administração penitenciária aumentaram 172% entre 2000 e 2009, contra um aumento de

42% nos gastos com a segurança pública.

Dados de detentos na faixa etária dos 12 aos 20 anos, fornecidos pela Fundação Casa,

mostram que houve um aumento de 10% no número de internos no período de 2003 a 2009.

Eram 6286 internos em 2003, passando para 6893 em 2009. O número de adolescentes

internados diminuiu no período de 2003 a 2006 (5083 internos), voltando a crescer após

este período.

Separando estes jovens pelo ato infracional, observa-se que há uma mudança na

característica do crime. Em 2003, 64% dos crimes cometidos eram de ordem patrimonial

contra 11% relacionados a drogas. Em 2009 há uma mudança neste comportamento, houve

uma queda no número de detentos por lesões ao patrimônio e um aumento no número de

jovens cujo ato infracional estava relacionado a drogas.

O aumento da população carcerária desde 1994 a uma taxa média de 13% ao ano acarretará

custos crescentes com o sistema, mesmo que a velocidade de expansão da população

carcerária diminua seu ritmo de crescimento. Com o estoque atual de presos e as projeções

de expansão para a próxima década, o custo do sistema penitenciário será crescente para o

estado e não há indícios de que haverá qualquer diminuição do gasto com o sistema de

atendimento aos menores infratores.

2.7 PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E CULTURAL

A dimensão Participação Política, Social e Cultural surge como tema a ser considerado pela

juventude pois do processo de tomada de decisões surgem conseqüências positivas ou

negativas o que exige dos indivíduos a conscientização crítica. Dalmo Dallari (1983)

conceitua política como a conjugação das ações dos indivíduos e grupos humanos, ou seja,

como tudo que diz respeito às relações sociais, à realidade social global, enfim à sociedade

em geral, dirigindo-as a um fim comum. A história das sociedades muitas vezes mostra que

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19

o jovem exerceu papel preponderante no contexto social, principalmente nos movimentos

sociais que marcaram épocas. O estudo apresentado contextualiza a juventude brasileira,

em especial o jovem paulista, com relação a sua participação política como eleitor,

candidato e agente ativo em movimentos sociais.

Dentre os principais resultados apresentados, pode-se destacar, inicialmente, voltando-se

para o jovem como eleitor, percebe-se que a distribuição deste eleitorado com mais de 18

anos de idade na população é bastante semelhante ao perfil demográfico paulista. Tal fato é

natural, dado que no Brasil o voto é obrigatório. Entretanto quando se analisa o grupo com

16 e 17 anos de idade, a situação é diferente, com a participação no Estado de São Paulo

oscilando entre 20 e 40%, visto que para este grupo o voto é facultativo.

Sendo difícil mensurar o interesse político do jovem apenas observando a participação no

registro de eleitores, buscamos outras maneiras de analisar a participação política. Para

tanto, foi utilizada uma pesquisa realizada pelo IBOPE que mostra que os jovens tendem a

avaliar os deputados e senadores federais com melhores notas do que o resto da população.

Também apresentam um maior percentual de declarações opinando que os parlamentares

trabalham muito ou o suficiente. Além disso, há um grande desconhecimento da população

com relação ao nome do presidente da câmara dos deputados, especialmente pelos jovens

até 24 anos de idade que apresentam percentual de acerto deste nome de apenas 6%, abaixo

da metade dos percentuais das outras faixas etárias.

Com relação ao jovem na carreira política, 18,4% dos candidatos a Vereador no Estado de

São Paulo têm até 34 anos de idade. Sendo a maior participação entre os cargos políticos

elegíveis pelo voto. Vale ressaltar que este é o cargo com a exigência de menor idade

mínima para ingresso, sendo de 18 anos. Desse grupo, a participação feminina é de 23%

que apesar de aparentar ser pequena, é a maior entre todos os cargos da última eleição. Com

relação aos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, a participação dos jovens entre os candidatos

é de 6% e 11%, respectivamente.

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Já no âmbito estadual, a participação de candidatos jovens é de 11% para o cargo de

Deputado Estadual. Apesar da idade mínima para se candidatar ao cargo de Governador ser

de 30 anos, não houve candidatos entre 30 e 34 anos de idade. Entretanto para a faixa etária

de 35 e 44 anos, houve dois candidatos para Governador e quatro para Vice. Por fim, no

âmbito federal, a participação de candidatos jovens para o cargo de Deputado Federal é de

9%.

Considerando a participação do jovem em movimentos pela busca de melhores condições

de vida, 18,5% dos jovens declararam em pesquisa realizada pelo IBASE/POLIS que já

participaram ou participam de algum movimento, destacando-se a faixa etária de 21 a 24

anos com 21,3% de participação. Em geral, a natureza destes movimentos é a busca por

conquista ou melhoria de áreas de lazer/quadras esportivas, seguida por movimentos

relacionados à educação/escola e segurança. Além disso, quando analisado o envolvimento

dos jovens por tipo de entidade, grupo ou movimento, destaca-se a maior participação em

Grupos Religiosos, seguidos por Clubes ou Associações Esportivas. Tal comportamento

também é observado quando a análise é restrita à região metropolitana de São Paulo,

apresentando uma participação em atividades coletivas de 32,4% dos jovens até 24 anos de

idade, e destacando-se as atividades religiosas, esportivas e culturais (música, dança e

teatro).

Por fim, considerando a participação do setor de Artes, Cultura, Esporte e Recreação na

economia, observa-se que este corresponde a apenas 0,5% dos empregos formais, tendo

uma participação de jovens por volta de 38%.

2.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os cenários para os jovens apontam avanços em várias dimensões – educação, saúde,

trabalho e segurança. O Estado de São Paulo atingiu um patamar de desenvolvimento que

em muitas áreas o equipara a de países desenvolvidos. Entretanto, com estes avanços

aumenta a complexidade dos problemas e desafios para o futuro da juventude paulista.

Page 25: Pesquisa jovem paulista 2020   sumário executivo

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A mudança demográfica aconteceu mais rápido em São Paulo – atingiu o bônus

demográfico antes que os outros estados. A transição demográfica irá se acentuar mais nos

próximos 10 anos, a população vai envelhecer e a participação da população jovem irá

diminuir.

O modelo tradicional de família ainda será predominante, combina-se com novos arranjos

familiares. Ampliam-se as uniões, casamentos, divórcios, o número de pessoas que optam

por residir sozinhas. Também temos a postergação do casamento e da maternidade. A

diminuição do número de filhos, muitos optarão por não ter filhos. O papel da mulher

continuará se fortalecendo, como chefe de família, e ainda será maior a sua participação no

mercado de trabalho. Será a segunda e a terceira geração de mulheres inseridas no mercado

de trabalho. Entretanto, ainda não se atingiu a equidade de gênero.

Na área de saúde, a mudança nos padrões de morbimortalidade influencia a demanda dos

serviços de saúde, que exige o atendimento mais caro e complexo. O estilo de vida, os

hábitos dos jovens como alimentação, sedentarismo, iniciação sexual na adolescência,

consumerismo são fatores de riscos para a saúde dos jovens, que exigirão atendimento

diferenciado pela rede de saúde pública. Ocorrerá um aumento na demanda de consultas

médicas e o consequente impacto nos seguros de saúde.

O aumento progressivo da escolaridade, proporcionará melhores empregos e salários. Se a

trajetória de crescimento econômico continuar, aumentará a inserção dos jovens no

mercado de trabalho, em especial os mais qualificados. Os jovens de 15 a 18 anos terão

dificuldades para trabalhar, mas é preciso analisar a relação trabalho e educação, o

significado de emprego, desemprego para este segmento da juventude.

O Estado de São Paulo apresentou quedas significativas na mortalidade por homicídios e

acidentes de transporte, mas a violência ainda será uma fonte de vulnerabilidade social para

a juventude, para controlar os níveis atingidos na área de segurança pública deverá manter

os investimentos e gastos públicos. A pesquisa apontou para o jovem como o grande

agente potencial de transformação política e social, que irá desempenhar papel

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preponderante no contexto social e nos movimentos sociais e culturais para os próximos

anos.

E finalmente, devemos reconhecer as limitações desta pesquisa, quanto a fonte de dados

secundários, pois depende da disponibilidade dos dados, que são estáticos e dificulta as

projeções e análise das tendências. Os indicadores apresentados não captam a

heterogeneidade das condições que afetam a juventude, seriam necessárias novas pesquisas

para captar a diversidade da juventude paulista e aprofundar as análises.