perturbações do espetro do autismo

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Faculdade De Psicologia e Ciências Da Educação Universidade de CoimbraRelatório Da unidade de observação e intervenção I Educação especial Faculdade De Psicologia e Ciências Da Educação Universidade de CoimbraRelatório Da unidade de observação e intervenção I Educação especial Perturbações do Espetro do Autismo Etimologicamente, a palavra Autismo tem origem no grego “Autos”, que significa “eu” ou “próprio” e “ismo” que se refere a um estado, compondo assim a palavra “Autismo”, termo elaborado em, 1943, pedopsiquiatra Leo Kanner assim numa breve referência a história do espetro do autismo, podemos relatar que este pedoqsiquiatra, começou-se por estudar um grupo de 11 crianças que apresentavam aparência normal mas um comportamento marcadamente e distintamente diferente da maioria das crianças, intitulado o seu trabalho com as mesmas, de “Austistic Disturbances of Affective Contact”, no ano seguinte em 1944, Hans Asperger, publicou outro trabalho que segue ao mesmo tema, “Autistic Psycopathy in Childhood”. Sendo que o primeiro trabalho foca-se mais no autismo infantil e nas características das crianças, o segundo vai identificar um novo grupo de estudos, o estudo de Asperger, que consistia num grupo de rapazes observados em contexto educativo, que tinham um quociente de inteligência (QI) acima da média mas com fracas ou nenhumas capacidades sociais. Ambos os indivíduos dos estudos têm características em comum como a sua preferência pela rotina Daniela Lopes

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Perturbações Do Espetro Do Autismo

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Faculdade De Psicologia e Cincias Da Educao Universidade de CoimbraRelatrio Da unidade de observao e interveno I Educao especial Faculdade De Psicologia e Cincias Da Educao Universidade de CoimbraRelatrio Da unidade de observao e interveno I Educao especial

Perturbaes do Espetro do Autismo

Etimologicamente, a palavra Autismo tem origem no grego Autos, que significa eu ou prprio e ismo que se refere a um estado, compondo assim a palavra Autismo, termo elaborado em, 1943, pedopsiquiatra Leo Kanner assim numa breve referncia a histria do espetro do autismo, podemos relatar que este pedoqsiquiatra, comeou-se por estudar um grupo de 11 crianas que apresentavam aparncia normal mas um comportamento marcadamente e distintamente diferente da maioria das crianas, intitulado o seu trabalho com as mesmas, de Austistic Disturbances of Affective Contact, no ano seguinte em 1944, Hans Asperger, publicou outro trabalho que segue ao mesmo tema, Autistic Psycopathy in Childhood. Sendo que o primeiro trabalho foca-se mais no autismo infantil e nas caractersticas das crianas, o segundo vai identificar um novo grupo de estudos, o estudo de Asperger, que consistia num grupo de rapazes observados em contexto educativo, que tinham um quociente de inteligncia (QI) acima da mdia mas com fracas ou nenhumas capacidades sociais. Ambos os indivduos dos estudos tm caractersticas em comum como a sua preferncia pela rotina diria, esta semelhana levou a juno de ambas as perturbaes, passando assim a designar-se perturbaes do espetro do autismo (PEA), que gera ainda nos dias de hoje muita investigao e trabalho, pois os dados recolhidos at a data demonstram que embora se possa lidar com as PEA atravs de uma interveno especializada, no existe cura, se uma pessoa tem uma perturbao do espetro do autismo ter para toda a vida, e esta pode manifestar-se em trs nveis segundo a DSM-V(ver anexo 1).Porm as caractersticas dos indivduos que so diagnosticados com Autismo, no apresentam na mesma totalidade as mesmas do sndrome de Asperger (SA), no existe dois indivduos que sejam afetados da mesma maneira e por isso cada um referenciado como tendo PEA, sendo que alguns so referenciados como sendo Sndrome de Asperger, porm com a publicao da DSM-V pela A Associao Psiquitrica Americana, este sndrome acaba por se referir individualmente, sendo diagnosticado como PEA, ou seja os indivduos que antes eram diagnosticados com SA, agora passam a ser includos no grupo das perturbaes se tiverem critrios para tal, tambm designados na DSM-V, porm quem j tinha sido diagnosticado com SA, mantm-se com esse diagnstico. Para uma melhor compreenso da PEA e como esta afeta o indivduo, devemos estudar a Trade de Incapacidades em maior detalhe, desenvolvida por Wing e Gould (1979), focando-se em trs reas a comunicao, a socializao e a Imaginao. A primeira a comunicao, refere-se ao contedo verbal, como a expresso, o volume a velocidade de discurso, e ao contedo no verbal, tal como o contacto visual, a expresso facial e a linguagem corporal. Vai ainda ao nvel da incapacidade de interpretar, usar e responder apropriadamente comunicao em si, esta dificuldade abrange todos os indivduos tanto os que no falam e no estabelecem contacto visual, como aqueles que fazem monlogos importunos.J a segunda conhecida como a Socializao, onde todos os indivduos em qualquer um dos nveis de gravidade que se encontram sofrem desta incapacidade, caracterizada por tentarem interagir com as pessoas e reagir adequadamente a vrias situaes sociais. Esta incapacidade vai afetar a vida de quem a possui quer no trabalho, na escola, na sociedade, em qualquer situao em que tenha de interagir com outra pessoa.Por fim temos a Imaginao, esta incapacidade refere-se aptido de um indivduo de utilizar a imaginao, quer que seja para fazer de conta, para ser criativo ou mesmo para resolver problemas. Esta incapacidade ir limita-lo na aceitao da mudana de rotina, na aquisio de competncias anteriormente adquiridas e na compreenso das consequncia tanto para bem, como para mal, o que os leva a no ter medo de nada, porque no sabem avaliar a situao mesmo que avaliada e avisada do seu risco eles no entendem uma rigidez de pensamento que os acompanha toda a vida, o que dificulta muito aprendizagem de um aluno que tenha PEA.Alis qualquer uma destas capacidades dificultam a sua aprendizagem e a sua vida acadmica mas se nas duas primeiras como uma interveno especializada, quanto mais cedo melhor, as competncias de socializao e de comunicao pode ser melhorada tornando-se mais capazes nesta ltima no to fcil de progredir, levando a que esta incapacidade faa parte do indivduo faa parte da sua personalidade e da sua vida.Outra caractersticas da perturbao o de que os sintomas so tipicamente reconhecidos cedo, normalmente durante o segundo ano de vida, mas podem ser observados antes dos 12 meses se forem graves, estes sintomas so caracterizados como atrasos do desenvolvimento precoce ou perdas nas habilidade sociais e ou de linguagem. Os primeiros sintomas da PEA envolve maior parte das vezes o desenvolvimento atrasado da linguagem, acompanhado muitas vezes de padres estranhos de brincar falta, de interesse social e padres de comunicao incomum, durante o segundo ano passa haver a existncia de comportamentos estranhos que se tornam repetitivos bem como ausncia de brincadeiras ditas normais. Em suma, refere-se a perturbao do espetro do autismo uma disfuno neurolgica, que clinicamente se manifesta por atraso ou desvio nas aquisies do neurodesenvolvimento e por alteraes do comportamentos a vrios nveis este segundo a American Psychiatric Association's, a PEA um sndrome neuro-comportamental com origem em perturbaes no sistema nervoso central, que afeta o normal desenvolvimento da criana. Os sintomas ocorrem nos primeiros trs anos de vida e persistem durante toda a vida e incluem trs grandes domnios de perturbao: social, comportamental e comunicacional.DSM-IVAt 2013, com a publicao da nova DSM-V apenas era referido o manual de Diagnstico e Estatstica dos Transtornos Mentaisda edio de 2002, correspondente a DSM-4, seguindo os critrios que ele continha para diagnstico do sndrome de Asperger e da perturbao do Espetro do Autismo (TEA). importante ter em conta os critrios usados, para poder comparar com os novos, pois aAssociao Americana de Psiquiatria (APA) garantiu que todas as pessoas j diagnosticadas com autismo ou sndrome de Asperger continuaro com o diagnstico aps o DSM-5.Segunda a DSM-4 os critrios seriam seis caracterizando-se da seguinte forma, o primeiro seria relacionado com os dfices qualitativos na interao social, em que se tinha de manifestar pelo menos dois (ver na tabela 2 em anexo), o segundo seria dos padres de comportamento, atividades e interesses restritos e estereotipados, caracterizados por uma das caractersticas (ver tabela 2 em anexo), o terceiro refere-se a que o transtorno causa distrbios clinicamente significativos em termos sociais, ocupacionais ou em outras reas de importantes funcionamento, o seguinte critrio d-nos indicao que no h atraso clinicamente significativo na linguagem o quinto revela que tambm no h atraso clinicamente significativo do desenvolvimento cognitivo, de habilidade de autoajuda, de comportamento adaptativo de curiosidade, por fim no h critrios suficientes para o diagnstico de outro transtorno invasivo de desenvolvimento ou mesmo de esquizofrenia. J os critrios para o diagnstico da perturbao autista so seis no mnimo que o indivduo tem de ter para, segundo a DSM IV- TR de 2002, (ver em tabela 3 em anexo), a que ter pelo menos 2 das caractersticas do dfice qualitativo na interao social pelo menos uma caracterstica do dfice qualitativo na comunicao, pelo menos por uma das caractersticas dos padres de comportamento, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados. Bem como ter de ter um atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes reas, com incio antes dos trs anos de idade: (1) interao social, (2) linguagem usada na comunicao social (3), jogo simblico ou imaginativo. Por fim a perturbao no melhor explicada pela presena de uma Perturbao de Rett ou Perturbao Desintegrativa da Segunda Infncia.DSM-VComo j referido com a publicao da DSM-V, deixamos de ter caractersticas do autismo e do asperger e passamos a ter critrios, especificadores de um novo diagnstico agrupando estes dois num, perturbao do espetro do autismo, sendo por isso uma necessidade de rever, consultar e guiar-nos pelo Manual de Diagnstico e Estatstica dos Transtornos Mentais para os novos diagnsticos.Para proceder ao diagnstico desta perturbao, segundo a DSM-V preciso contemplar cinco critrios, o primeiro refere-se a alguns dfices, existentes na comunicao social e interao social transversais a mltiplos contextos, manifestados atualmente ou no passado, tais como: Na reciprocidade social-emocional, por exemplo, na aproximao social anormal e fracasso na conversao normal, a uma partilha reduzida de interesses, emoes ou afetos, a fracassos em iniciar ou responder a interaes sociais. No comportamento comunicativo no verbal usados como interao social, por exemplo, entre uma comunicao pobremente integrada, as anomalias no contacto ocular e uma total falta de expresses faciais. Em desenvolver, manter e compreender relacionamentos, por exemplo, em ajustar o comportamentos ao contexto social e em partilhar jogos imaginativos ou fazer amigos.O segundo critrio refere-se aos padres restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, manifestados, tais como : Nos movimentos motores, uso de objetos e fala estereotipados ou repetitivos, Na insistncia na monotonia, aderncia inflexvel a rotinas ou padres ritualizados de comportamento verbal ou no verbal, nos interesses altamente restritos e fixos, que so anormais na intensidade e foco, e por fim na hipo ou hiperatividade a estmulos sensoriais e interesse incomum por aspetos sensoriais do ambiente.O terceiro critrio que os sintomas tm de estar presentes no incio do perodo de desenvolvimento, apesar de poderem no se tornar logo evidenciados ou poderem ainda ser mascarados at mais tarde na vida por estratgias aprendidas.O quarto critrio de que os sintomas causam prejuzo clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional ou noutras reas importantes do funcionamento atual.O ltimo critrio de que as perturbaes no so mais bem explicadas por incapacidade intelectual ou por atraso global do desenvolvimento. A incapacidade intelectual e a perturbao do espetro do autismo ocorrem muitas vezes, mas para este diagnstico a comunicao social tm de estar abaixo do esperado para o nvel geral de desenvolvimento. H trs nveis de gravidade para a perturbao do espetro do autismo baseados na gravidade das deficincias de comunicao social e nos padres de comportamento restritos e repetitivos, estes nveis representam uma novidade para uma possvel melhoria nas intervenes no contexto educacional, poderemos passar a classificar um indivduo com PEA e com o nvel de gravidade correspondente, se este apresenta um nvel 1 o indivduo requer suporte muito substancial, j no nvel 2 este requer suporte substancial, por fim no nvel 3 requer suporte ( ver tabela 1 em anexo) sendo que cada nvel caracteriza-se especificamente os dfices da comunicao social e as incapacidade e dificuldades dos comportamentos restritos e repetitivos.Nas mudanas mais significativas que podemos apontar aps o aparecimento da DSM-V que na quarta edio do Manual de DSM da Associao Americana de Psiquiatria (APA, 2002) as perturbaes do espetro do autismo incluiam-se no grupo de perturbaes que coletivamente eram designadas por perturbaes globais do desenvolvimento, ou seja, a perturbao autista, a Perturbao de Rett, a Perturbao Desintegrativa da Segunda Infncia, a Perturbao de Asperger, e a Perturbao Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificao.Porm na DSM-5 (APA, 2013), a designao PEA sobrevm s perturbaes globais do desenvolvimento, estas que acabam por desaparecer, assim aplica-se apenas uma categoria de diagnstico, s situaes clnicas que antes eram consideradas como quatro categorias de diagnstico diferentes, aceitando que todas elas partilham um ncleo central de caractersticas e que as suas variaes so sobretudo quantitativas mas com diferentes graus de severidade para um mesmo problema neurodesenvolvimental.Segundo o ltimo Manual de DSM o indivduo ter de apresentar duas as dimenses de caractersticas, a primeira apresentar dfices na comunicao e interao social (esta abrande duas dimenses da verso anterior da DSM), a segunda est relacionada com o comportamento, interesses ou atividades restritivos e repetitivos. Por outro lado, os dfices no desenvolvimento da linguagem deixam de ser um critrio de diagnstico e incluiu-se a diferenciao de nveis de severidade, baseando-se no nvel de apoio que a pessoa necessita.Caractersticas da perturbao do espetro do autismoSeguindo ambos os manuais podemos resumir as principais caractersticas que os indivduos com PEA apresentam, estas so caracterizadas por: Dificuldades quanto ao relacionamento com pessoas; Incapacidade de estabelecer interaes sociais com outras crianas, ou com pares; Incapacidade de ter conscincia dos outros, com seus sentimentos ou emoes ; Dificuldade em estabelecer contacto visual, este normalmente evitado; Intolerncia a contactos fsicos; Comportamentos compulsivos e repetitivos (incluem estereotipias motoras simples, como por exemplo bater as mos agitar os dedos) Hiper ou hipossensibilidade a vrios estmulos sensoriais manifestadas por meio de respostas externas a sons ou a texturas especficas (como por exemplo, cheirar, tocar excessivamente em objetos, fascinao por luzes ou objetos giratrios como a mquina de lavar.); Competncias comunicativas verbais e no-verbais afetadas (padres ritualizados, por exemplo, perguntas repetitivas) Incapacidade para comunicar com gestos ou palavras (por exemplo, o uso de tu quando se refere a ele prprio); Repetio de palavras proferidas por outros (ecolalia); Resistncia a mudana caracterizada pela adeso excessiva a rotinas e padres restritos de comportamento (por exemplo, angstia a pequenas mudanas, insistncia na adeso a regras ou rigidez do pensamento); Interesses altamente restritos e fixados que tendem a ser anormais em intensidade ou foco (por exemplo, preocupao intensa com aspiradores, computadores); Aparentemente intolerncia dor, calor ou frio.As caractersticas essenciais da PEA so o dfice persistente na comunicao social e nos padres restritos e repetitivos de comportamentos, interesse ou atividades, estes sintomas esto presentes desde sempre e limitam ou comprometem o funcionamento dirio destes indivduos, que os ir acompanhar para sempre apesar de muitas poderem sem controladas com uma interveno especializada. As manifestaes da perturbao variam dependendo da gravidade do nvel de desenvolvimento e da idade cronolgica. Se as limitaes na comunicao e interveno social j anteriormente especificadas, so invasivas e mantidas, os padres restritos e repetitivos de comportamento, interesse ou atividades mostram uma variedade de manifestaes consoante a idade e a capacidade bem como a interveno e suportes sociais.

Daniela Lopes